UNIDADE 3GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

CAPÍTULO 9 PERÍODO DEMOCRÁTICO NO BRASIL (1945-1964)

O período de 1945 a 1964 foi extremamente dinâmico na vida brasileira. Trabalhadores ergueram Brasília, a nova capital do país. A bossa nova revolucionou a música popular. A seleção brasileira de futebol ganhou a primeira Copa do Mundo, com craques como Pelé e Garrincha. Foi criada uma das maiores áreas do mundo destinadas aos povos originários, o Parque Indígena do Xingu. E foi fundada a Petrobrás, uma das mais importantes empresas do país.

O cenário político trepidou: um presidente da república cometeu suicídio, outro renunciou ao cargo e, ainda, outro foi deposto por um golpe de Estado.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Qual é a importância da música e do esporte em sua vida? Converse com os colegas sobre o assunto.

Fotografia. Uma catedral contendo vigas curvas e largas na base, convergindo para o centro, formando uma coroa no topo, ao redor de um crucifixo. Entre as vigas, vitrais.
Catedral Metropolitana de Brasília, Distrito Federal, projetada por Oscar Niemáier. Fotografia de 2021.
Fotografia. Vista aérea de uma estação com vários tanques circulares próximos uns aos outros, conectados a uma segunda porção de terra por uma ponte. Esta outra porção de terra, contém diversas usinas e chaminés pelas quais partem colunas de fumaça.
Vista aérea da primeira refinaria nacional de petróleo no Brasil, inaugurada em 1950, em São Francisco do Conde, Bahia. Fotografia de 2021. A defesa da nacionalização do petróleo foi uma das marcas do govêrno Vargas.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens indígenas, de cabelos lisos e curtos, com o peito desnudo. A maioria tem pinturas no rosto, usa braçadeiras de plumas, colar e adereços nas orelhas. Ao centro, sentado, um homem indígena de meia-idade, de cabelos curtos e lisos, com um cocar de penas na cabeça, portando um arco e uma flecha. Ao seu lado, sentados, dois homens não indígenas: um, à esquerda, de camisa branca; e outro, à direita, de camiseta listrada. Ambos usam óculos.
Cláudio (de camisa branca) e Orlando Villas-Bôas (de camiseta) com representantes dos povos originários reunidos no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Fotografia de 1974.

Vida política, econômica e cultural (1946-1950)

Terminado o Estado Novo em 1945, como estudamos no capítulo 6, foram realizadas eleições gerais. No final daquele ano, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente da república. Ele assumiu o poder em 1946, com mandato até janeiro de 1951.

Nessa época, também foram eleitos deputados federais e senadores de partidos como pê ésse dê (Partido Social Democrático), u dê êne (União Democrática Nacional), pê tê bê (Partido Trabalhista Brasileiro) e pê cê bê (Partido Comunista Brasileiro).

Deputados e senadores formaram uma Assembleia Constituinte a partir de 2 de fevereiro de 1946, a fim de elaborar uma nova Constituição Federal, pois a anterior havia sido feita sob a ditadura do Estado Novo. Sete meses depois, a Constituição foi promulgada. Conheça alguns princípios ali contidos:

  • definia o país como uma república democrática, federalista e presidencialista. Os três poderes eram o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, que passaram a funcionar com mais independência do que no período anterior. Foram instituídos os direitos à liberdade de pensamento, crença religiosa, expressão, locomoção e associação de classe, entre outros;
  • estabelecia o direito de voto para os brasileiros de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Continuavam excluídos do direito de votar os analfabetos (cêrca de 50% da população da época) e os militares de baixa patente (cabos e soldados);
  • preservava e ampliava os direitos trabalhistas, oficializados em leis editadas de 1930 a 1945. Era garantido aos trabalhadores o direito de greve. Para exercê-lo, eles dependiam de uma avaliação dos juízes do trabalho. Por outro lado, o govêrno federal mantinha contrôle sobre os sindicatos de trabalhadores.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens aglomerados em um salão, a maioria vestindo paletós escuros. No canto inferior direito, nota-se a presença de uma única mulher, de perfil.
Deputados e senadores na sessão de assinatura e promulgação da Constituição Federal de 1946, na Câmara dos Deputados, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1946.

Tensões e limites da democracia

O contexto global após a Segunda Guerra Mundial foi marcado pelas tensões da Guerra Fria (disputas entre Estados Unidos e União Soviética), como estudamos no capítulo 7. O govêrno brasileiro aliou-se ao bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos. As consequências disso foram o rompimento das relações diplomáticas com os soviéticos, em 1947, e a proibição das atividades do Partido Comunista Brasileiro (pê cê bê). Os parlamentares comunistas que haviam sido eleitos tiveram seus mandatos cassados.

A democratização mostrava seus limites. O govêrno Dutra agia de fórma autoritária também em relação aos trabalhadores. Em nome do combate à inflação, a equipe econômica impedia o reajuste dos salários, o que levou os trabalhadores a realizar greves em várias partes do país. Em reação, o govêrno suspendeu o direito de greve, interveio diretamente em sindicatos e prendeu vários líderes.

Fotografia em preto e branco. Capa de um jornal com a manchete: 'A grandiosa greve do proletariado paulista'. Ao centro, um grupo de homens aglomerados, com os braços e mãos ao alto.
Manchete da primeira página do jornal Voz Operária de 2 de abril de 1953. Na semana anterior, trabalhadores tinham paralisado as indústrias têxteis e metalúrgicas na cidade de São Paulo, São Paulo, naquela que ficou conhecida como Greve dos 300 Mil. O movimento grevista começou em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul, e se espalhou pelo país, desafiando um decreto do presidente Dutra, que tentava impedir o exercício desse direito pelos trabalhadores.

Economia e planejamento

Durante a Segunda Guerra Mundial, as exportações brasileiras foram maiores do que as importações. Isso permitiu acumular moeda estrangeira e possibilitou ao govêrno pagar parte da dívida externa e manter milhões de dólares em seus cofres.

No entanto, a partir de 1946, a situação financeira do Brasil mudou: alinhado aos países capitalistas, o govêrno Dutra “abriu” o país às empresas estrangeiras e à importação de produtos como brinquedos, automóveis, geladeiras e aparelhos de rádio, comprometendo o equilíbrio comercial. Em dois anos, quase 80% das reservas em moeda estrangeira no Brasil foram gastas.

De modo geral, o govêrno adotou uma política econômica de perfil liberal, mas interveio em setores considerados essenciais. Para isso, foi elaborado o Plano Salte, sigla que remetia às palavras “saúde”, “alimentação”, “transporte” e “energia”. A verdade é que não havia recursos suficientes para a execução de todo o plano e apenas algumas medidas foram implementadas, como a conclusão da estrada entre Rio de Janeiro e São Paulo, que recebeu o nome de Rodovia Presidente Dutra.

Painel

Cultura: arte popular

Em 1947, o artista Augusto Rodrigues (1913-1993) organizou uma exposição na cidade do Rio de Janeiro com obras de outros artistas plásticos populares de Pernambuco. Esse evento contribuiu para que a arte popular brasileira ganhasse prestígio em grandes cidades do Brasil e do mundo.

Na arte popular brasileira, destaca-se a bela produção de esculturas, entalhes e modelagens, representando desde cenas do cotidiano até criaturas imaginárias. Por meio de suas obras, os artistas populares expressam seus pontos de vista sobre a realidade e, assim, tornam-se protagonistas de sua própria história.

A seguir, conheça aspectos da vida e das obras de alguns artistas populares brasileiros.

MESTRE VITALINO (1909-1963)

Vitalino Pereira dos Santos nasceu em uma vila perto de Caruaru, Pernambuco. Ainda jovem, começou a modelar argila para vender peças de cerâmica na feira da região. Em 1947, teve suas obras expostas no Rio de Janeiro e conquistou o grande público. Criou um estilo que passou a ser reproduzido por diversos artistas e deu origem à chamada Escola de Caruaru. Por sua habilidade e liderança, foi reconhecido como mestre por outros ceramistas. Apesar da enorme fama que alcançou, morreu pobre. Vitalino transformou-se em um símbolo da arte popular brasileira.

Fotografia em preto e branco. Um homem de cabelos curtos e escuros, vestindo uma camisa clara, com o rosto voltado para suas mãos, uma portando um objeto afilado, e a outra portando uma escultura.
Mestre Vitalino esculpindo uma de suas obras em Caruaru, Pernambuco. Fotografia de 1958.

MESTRE GALDINO (1929-1996)

Manuel Galdino de Freitas nasceu na cidade de São Caetano, perto de Caruaru, Pernambuco. Abandonou o trabalho na construção civil para dedicar-se à modelagem cerâmica. Criou monstros e personagens que parecem ter saído de um sonho. É o caso da peça Lampião-sereia, que representa o temido cangaceiro nordestino como uma doce criatura mitológica. Mestre Galdino dizia que, se Lampião tivesse conhecido o mar, não teria se tornado bravo e cruel.

Fotografia. Vista da fachada central de uma pequena casa, com paredes amarelas, duas entradas laterais marrons, diversas plantas no solo, enfileiradas, e o texto: 'Memorial Mestre Galdino'.
Fachada do Memorial Mestre Galdino, em Caruaru, Pernambuco. Fotografia de 2015.

GERALDO TELES DE OLIVEIRA, o gê tê ó (1913-1990)

Geraldo Teles de Oliveira, mais conhecido como gê tê ó, nasceu em Itapecerica, Minas Gerais. Com mais de 50 anos de idade, depois de ser trabalhador rural, fundidor e vigia noturno, tornou-se escultor, fazendo entalhes em madeira que ficaram famosos. Neles, são representados vários seres humanos, que se repetem em estruturas geométricas, como o retângulo e o círculo.

Escultura em madeira. Uma escultura em formato circular, retratando diversas pessoas vistas de cima, deitadas nas mais diferentes posições, de mãos dadas e braços entrelaçados.
Roda da vida, escultura em madeira de Geraldo Teles de Oliveira (gê tê ó), 1972.

ADALTON FERNANDES LOPES (1938-2005)

Adalton Fernandes Lopes nasceu em Niterói, Rio de Janeiro. Em suas obras representou festas, trabalhadores, casamentos, nascimentos e episódios bíblicos, entre outros temas. Suas peças mais famosas são os bonecos articulados, que parecem ganhar vida quando movimentados por engenhocas mecânicas.

Fotografia. Destaque para um homem, visto de frente, com cabelos lisos, curtos e grisalhos, um bigode no rosto, vestindo uma camiseta amarela e uma calça azul. À sua frente, uma roda feita com dois arcos maiores, azuis, e dois arcos menores, vermelhos, e com hastes de palitos coloridos partindo do centro. Entre os dois arcos maiores, há bonecos de pessoas em miniatura sentados sobre bancos, dispostos em formato circular, representando um passeio de roda-gigante.
Adalton Fernandes Lopes entre suas obras no Rio de Janeiro. Fotografia de 1998.

Nacionalismo e trabalhismo (1951-1954)

Getúlio Vargas venceu as eleições à Presidência da República no final de 1950. Com a volta dele ao poder, foram retomados o nacionalismo e a política trabalhista.

O período foi marcado pelo conflito entre grupos nacionalistas, que apoiavam o govêrno, e grupos que queriam abrir a economia do país ao capital estrangeiro. Esse embate mobilizou vários setores da sociedade, como trabalhadores, estudantes, parlamentares e a imprensa.

Uma das questões mais polêmicas foi a nacionalização do petróleo. Os nacionalistas defendiam que o petróleo fosse extraído por uma empresa estatal brasileira e fizeram campanha usando o lema “O petróleo é nosso”. A campanha obteve sucesso, com a criação da Petrobrás em 1953. Essa empresa estatal monopolizava a extração do petróleo brasileiro e controlava parcialmente o refino.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens lado a lado, com destaque para um deles ao centro, de cabelos curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, com um dos braços a frente e a palma de uma das mãos exposta, coberta com uma substância escura.
Getúlio Vargas com petróleo na palma da mão, em um gesto de defesa da nacionalização do petróleo, durante visita à refinaria Landulpho Alves, a primeira refinaria nacional, em São Francisco do Conde, Bahia. Fotografia de 1952.

Ainda em 1953, o govêrno propôs limitar a remessa ao exterior dos lucros das empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil. A proposta foi barrada no Congresso Nacional por pressão de grupos internacionais.

A política nacionalista brasileira foi combatida pelo govêrno dos Estados Unidos, que apoiava os interesses das empresas estrangeiras sediadas no Brasil, principalmente as estadunidenses.

A política trabalhista também foi alvo de grandes debates. Por sugestão do ministro do Trabalho, João gulár, foi autorizado o aumento de 100% no salário mínimo, em 1954. Essa medida recuperou parte do poder aquisitivo do salário mínimo, mas deixou insatisfeitos os empresários e a oposição ao govêrno.

Em razão das medidas de proteção aos trabalhadores e às riquezas nacionais, a u dê êne (partido da oposição) e setores ligados ao capital estrangeiro passaram a conspirar contra o govêrno Vargas. Um dos principais líderes da u dê êne era Carlos Lacerda, político e diretor do jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro. Lacerda pregava abertamente a destituição de Vargas por qualquer meio.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Qual é o valor atual do salário mínimo? Em sua opinião, ele é suficiente para suprir as necessidades de uma pessoa? Pense em gastos mensais básicos como alimentação, vestuário, moradia, saúde, lazer etcétera, e debata o assunto com os colegas.

Suicídio de Vargas

A campanha contra Getúlio Vargas intensificou-se em 1954. Políticos da u dê êne e jornalistas de oposição atacavam duramente o govêrno, acusando-o, por exemplo, de corrupção. Nesse contexto, em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi vítima de um atentado em frente ao prédio onde morava, na cidade do Rio de Janeiro. Ele saiu ferido com um tiro no pé, e Rubem Vaz, major da aeronáutica que o acompanhava, morreu.

Investigações sobre o crime indicaram que o assassino cumpria ordens de Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial. As notícias sobre o crime deram fôrça aos ataques da oposição, que exigia a renúncia do presidente e, ao mesmo tempo, organizava um golpe para tirá-lo do poder.

Sentindo-se isolado, Vargas escreveu uma carta endereçada ao povo brasileiro e suicidou-se com um tiro no coração em 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete. Um dos trechos da carta dizia:

“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. reticências O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei minha vida. Agora ofereço a minha morte. reticências Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”

CARTA-TESTAMENTO de Getúlio Vargas. In: NETO, Lira. Getúlio. Da volta pela consagração popular ao suicídio (1945-1954). São Paulo: Companhia das Letras, 2014. página. 348.

O suicídio de Vargas comoveu grande parte da população e contribuiu para impedir que os militares tomassem o poder sob a liderança de Lacerda. Nos 17 meses que faltavam para o final do mandato de Vargas, a Presidência foi exercida interinamente por substitutos, até a eleição de um novo presidente da república.

Fotografia em preto e branco. Dois veículos tombados, com as palavras 'O Globo' na lataria, e ao redor, dezenas de pessoas aglomeradas, algumas portando bastões.
Pessoas atacam veículos do jornal O Globo, considerado de oposição a Vargas, no dia do suicídio do presidente, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1954.
Fotografia. Vista de um quarto com chão de madeira, uma cama com cabeceira, também em madeira, tocando a parede ao fundo. Uma pequena mesa redonda com duas cadeiras, uma cômoda, e um lustre pendendo do teto. Na parede, ao fundo e à esquerda, um quadro de moldura dourada, com um retrato de Vargas.
Quarto do presidente Getúlio Vargas em exposição no Museu da República, instalado no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2017. No local, os visitantes podem observar objetos pessoais de Vargas e a sua carta-testamento.

Desenvolvimento e desigualdades (1956-1961)

Nas eleições de 1955, Juscelino cubishéqui de Oliveira (1902-1976), conhecido como Jota Ka, foi eleito presidente da república. Para assumir a Vice-presidência foi eleito João gulár (1918-1976), conhecido como Jango.

Os udenistas (membros da u dê êne) foram derrotados nessas eleições. Liderados por Carlos Lacerda, tentaram dar um golpe para impedir a posse dos eleitos. Alegavam, por exemplo, que os vencedores eram apoiados pelo “comunismo internacional” e não tinham a maioria absoluta dos votos. Porém, militares comandados pelo general Henrique Teixeira Lott (1894-1984) garantiram a posse de Juscelino cubishéqui e João gulár.

Ideal de uma nação moderna

A propaganda do govêrno federal prometia que o Brasil cresceria “50 anos em 5”. Para tanto, foram elaboradas políticas desenvolvimentistas, como o Plano de Metas. Esse plano previa obras de infraestrutura e de estímulo à industrialização.

Entre as principais realizações do govêrno Jota Ka, destacam-se:

  • construção de usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Marias, em Minas Gerais;
  • abertura de 20 mil quilômetros de rodovias, entre elas a Belém-Brasília, ligando o Distrito Federal e os estados de Goiás, Maranhão e Pará;
  • implantação da indústria automobilística;
  • crescimento da produção de petróleo em mais de 150%.

Além disso, o govêrno federal empenhou-se na construção de Brasília, a nova capital do país. As obras seguiram o plano urbanístico de Lúcio Costa (1902-1998) e projetos de arquitetura de Oscar Niemáier (1907-2012).

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, graças ao trabalho de milhares de candangos, nome pelo qual ficaram conhecidos os trabalhadores vindos de todas as partes do país, especialmente do Nordeste, para construir a nova capital.

O govêrno Jota Ka internacionalizou a economia, aumentou a dívida externa e manteve os salários em níveis baixos. Nessa época, grandes empresas multinacionais instalaram filiais no Brasil para produzir eletrodomésticos, automóveis, tratores, artigos químicos e farmacêuticos. Por isso, os grupos defensores do nacionalismo afirmavam que essa política econômica tinha a vantagem de ser modernizadora, mas a desvantagem de ser desnacionalizadora.

Fotografia. Página de revista contendo a imagem de duas mulheres em pé, uma ao fundo, vestindo uma camisa cinza e uma calça rosa, ao lado de um carro amarelo, e outra mais a frente, vestindo uma camisa azul e uma calça amarela, em pé ao lado de um carro vermelho. Ao centro, o texto: 'Novo expoente de classe e beleza na moderna paisagem brasileira'. No canto inferior direito, nome da marca de automóvel: 'Simca Chambord'.
Propaganda de automóvel publicada na revista Manchete em 1960.

Urbanização e desigualdades regionais

As políticas de desenvolvimento nacional provocaram efeitos variados. Entre eles, a concentração das indústrias em algumas regiões do país, o aumento da migração interna e o crescimento das cidades, com o êxodo ruralglossário .

O intenso fluxo migratório do campo para as cidades era um sinal das desigualdades entre as regiões do país, pois os investimentos do Estado e dos empresários foram concentrados no Sudeste.

Entre 1950 e 1960, por exemplo, cêrca de 1 milhão de pessoas que viviam na região Nordeste migraram para a cidade de São Paulo, em busca de emprêgo e melhores condições de vida. Esses migrantes trabalharam em diversos setores da indústria e de serviços e foram fundamentais para o desenvolvimento econômico e cultural de São Paulo.

No entanto, eles enfrentaram preconceitos e foram explorados em suas atividades profissionais. Eram chamados “baianos” ou “paraíbas”, independentemente do estado onde tivessem nascido. Os migrantes eram responsabilizados por vários problemas urbanos, como a expansão de favelas e cortiços e o aumento da criminalidade. Entretanto, sabe-se que não eram os migrantes que causavam esses problemas. Ao contrário, eles sofriam as consequências da falta de investimentos públicos em habitação, educação, saúde e segurança pública.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, sobre uma carroceira coberta com lonas de tecido. Vestem camisas e chapéus com abas.
Migrantes em transporte conhecido como “pau de arara”, que os levava em condições precárias do Nordeste ao Sudeste do país, em uma viagem que durava muitos dias até seu destino. Fotografia de 1960.

“Anos dourados”

Mesmo com tantas desigualdades sociais e regionais, o govêrno Jota Ka costuma ser associado a um clima de prosperidade e otimismo. Por isso, esses anos ficaram conhecidos, romanticamente, como “anos dourados”.

Nesse período, a televisão brasileira expandiu suas transmissões. Porém, a maior parte da população não podia comprar aparelhos de tê vê e os rádios continuaram a fazer grande sucesso.

Os programas de rádio eram diversificados, incluindo apresentação de musicais, novelas e noticiários. Esses programas faziam parte do cotidiano de muitos brasileiros e, de certo modo, mostravam a realidade da “cidade grande” aos migrantes que vinham do campo e das pequenas cidades do interior. Assim, o rádio também funcionava como um meio de integração social das populações recém-chegadas aos grandes centros urbanos.

Na época, as músicas mais tocadas eram as marchinhas e o samba-canção. Além desses gêneros musicais, também eram populares o chorinho, a valsa, o frevo e o baião. Nesses gêneros destacaram-se compositores de grande talento, como Ary Barroso, Lamartine Babo, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, entre outros.

No final dos anos 1950, teve início o movimento musical conhecido como bossa nova, que representou um momento de transformação na canção popular, principalmente no campo da harmoniaglossário . Faziam parte desse movimento Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Carlos Lyra e João Gilberto, entre outros. Uma das canções símbolos da bossa nova foi “Garota de Ipanema”, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Fotografia. Às margens da orla de uma praia, uma estátua de um homem com cabelos curtos, vestindo uma camisa e uma calça, portando um violão com uma das mãos, apoiado sobre um de seus ombros. Em segundo plano, pedestres sobre a calçada e sobre a faixa de areia às margens do mar.
Estátua de Tom Jobim na orla da Praia de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2020. A escultura, feita de bronze, homenageia Jobim e a bossa nova.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

Domênico, Guca. Breve história da bossa nova. São Paulo: Claridade, 2008.

O livro apresenta um panorama do movimento musical da bossa nova e as biografias de seus principais expoentes, como João Gilberto, Tom Jobim, Nara Leão, Vinicius de Moraes e Ronaldo Bôscoli.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Você tem o costume de assistir à televisão ou ouvir rádio? Que programas você gosta de acompanhar?
  2. Você acompanha noticiários jornalísticos? Confia em um único veículo de informação ou procura analisar as notícias em diferentes veículos? Debata com os colegas.

Futebol e Copa do Mundo

O futebol é provavelmente o esporte mais popular do mundo. De origem inglesa, foi introduzido no Brasil, no final do século dezenove, por Charles Miller.

Em 1958, a seleção brasileira de futebol venceu sua primeira Copa do Mundo, na Suécia. Isso contribuiu para o clima de otimismo dos “anos dourados”.

Na seleção brasileira de 1958 jogaram atletas como Garrincha, Pelé e Nílton Santos. Três meses antes da Copa do Mundo, o escritor Nelson Rodrigues (1912-1980) deu a Pelé o apelido de “rei do futebol”, afirmando:

reticências Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. reticências Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros [times] é que tremerão diante de nós.”

RODRIGUES, Nelson. O rei do futebol. In: CALDEIRA, Jorge. Brasil: a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008. página 539, 541.

Gerações de jogadores habilidosos e torcedores apaixonados ajudam a fazer do futebol brasileiro um dos melhores do mundo. Até 2018, a seleção brasileira tinha sido a única a conquistar cinco Copas do Mundo (pentacampeã).

Atualmente, o Brasil também se destaca no futebol feminino. Uma das grandes atletas é Marta Vieira da Silva, considerada cinco vezes seguidas a melhor jogadora de futebol do mundo, um recorde entre mulheres e homens.

Podemos afirmar que o futebol tem uma tradição no Brasil e se tornou parte da identidade cultural brasileira.

Fotografia. Um grupo de homens em um campo gramado, formando duas fileiras, agachados à frente, e em pé atrás. A maioria veste uniformes com camisas amarelas e bermudas azuis. No canto esquerdo, um homem mais velho, em pé, vestindo uma camisa e uma calça azuis. No canto direito, em pé, um homem vestindo uma camisa vermelha.
Seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia. Da esquerda para a direita, em pé: Vicente Feola (técnico), Djalma Santos, Zito, Bellini, Nílton Santos, Orlando e Gilmar (goleiro). Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Paulo Amaral (preparador físico).
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, os jogos masculinos e femininos recebem a mesma atenção dos meios de comunicação? Por que você acha que isso acontece?

Um govêrno curto (1961)

No final do mandato de Juscelino cubishéqui, ocorreram eleições livres. Na época, a legislação eleitoral permitia que fossem eleitos o presidente de uma chapa e o vice-presidente de outra. Foi o que aconteceu: Jânio Quadros elegeu-se presidente pela u dê êne e João gulár venceu como vice-presidente pelo pê tê bê. gulár era adversário de Jânio.

Jânio Quadros iniciou sua carreira política em São Paulo: foi vereador, deputado, prefeito da capital e governador em tempo recorde, de 1947 a 1956. O símbolo de sua campanha eleitoral era uma vassoura com a qual prometia “varrer” a sujeira do país, referindo-se à corrupção.

Jânio era anticomunista e queria que o país continuasse aberto ao capital estrangeiro. Apesar disso, manteve uma política externa independente da pressão das grandes potências.

Em 19 de agosto de 1961, ele concedeu a principal condecoração brasileira (Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul) a Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de Cuba e líder da Revolução Cubana de 1959. Os setores conservadores da sociedade brasileira ficaram furiosos ao ver o presidente da república condecorar um líder socialista.

Apesar do prestígio popular, Jânio não contava com fôrças para sustentá-lo no poder. Sem o apôio do próprio partido (u dê êne), dos grandes empresários e dos grupos que controlavam a imprensa, ele renunciou à Presidência em 25 de agosto de 1961, sete meses após assumir o cargo. Nessa ocasião, enviou uma carta ao Congresso Nacional dizendo que “fôrças terríveis” haviam se levantado contra ele.

Os motivos da renúncia de Jânio nunca foram suficientemente esclarecidos. Uma das hipóteses é que ele queria mais poderes para governar, livre das pressões do Congresso Nacional. Se essa era a intenção, não foi o que aconteceu.

Fotografia. Capa da revista 'Careta', contendo a imagem de dois homens, ambos segurando vassouras. À esquerda, um homem com cabelos curtos e lisos, vestindo uma camiseta branca e uma calça vermelha. À direita, um homem com cabelos escuros e lisos, bigode no rosto, vestindo um paletó vermelho sobre uma camisa branca, uma gravata verde, uma calça azul e um par de óculos. Em segundo plano, pilhas de móveis e objetos descartados, com palavras como: 'Fraudes', 'Politicagem', 'Demagogia', 'Financiamentos', 'Desfalques', 'Subôrno', 'Negociatas' e 'Comissões'. Na parte inferior da capa, texto com um diálogo entre os homens representados na imagem, intitulado 'Uma ideia'. Leandro. Travessão. 'É muita sujeira, seu Jânio, são Cordilheiras!'. Jânio. Travessão. 'Com a industrialização de todo esse lixo, quem sabe seu Leandro se não salvaremos as finanças nacionais?!'
Capa da revista Careta, de 1960, em que Jânio Quadros (à direita) foi representado segurando uma vassoura, o símbolo da sua campanha.

Parque Indígena do Xingu

Durante o govêrno Jânio Quadros, em 1961, foi criado o Parque Indígena do Xingu, localizado no estado de Mato Grosso, numa área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. Entre os principais responsáveis por sua criação estão o marechal Cândido rondôn, o antropólogo darcí Ribeiro e os irmãos sertanistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas.

Fotografia. Crianças indígenas parcialmente submersas em um rio de águas levemente amarronzadas.
Crianças e jovens da etnia Iaualapití nadam no Rio Tuatuari, no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Fotografia de 2018.

Atualmente, o parque tem aproximadamente 2,6 milhões de hectares, onde vivem cêrca de 5 mil indígenas de 16 etnias diferentes. Trata-se de uma das mais bem-sucedidas reservas indígenas. Porém, as regiões vizinhas ao parque passam por acelerados processos de degradação ambiental, devido ao crescimento de cidades e à destruição do meio ambiente tanto pelo garimpo quanto para a implantação de pastos e lavouras.

As lideranças do Xingu têm lutado pela manutenção e ampliação de seu território, que abriga uma rica biodiversidade. Uma de suas maiores preocupações é impedir a poluição das nascentes dos rios que abastecem o parque, situadas fóra da área demarcada.

Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso)

Mapa. Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso). Em amarelo, estado de Mato Grosso. Capital: Cuiabá. Destaque para: Planalto Brasileiro, Planalto do Mato Grosso, Serra do Norte, Serra do Trombador, Serra dos Apiacás, Serra Formosa, Serra do Roncador, Chapada dos Parecis, e para as cidades: Aripunã, Barra do Burges, Cáceres, Poconé, Sorriso, Sinop, Alta Floresta, Rondonópolis e Barra do Garças. Em verde, destaque para o Parque Indígena do Xingu, compreendendo uma porção na área nordeste do estado de Mato Grosso. Na respectiva legenda, o texto: 'A área do Parque Indígena do Xingu é de 2,6 milhões de hectares, equivalente à do estado de Alagoas. Ele está localizado no estado de Mato Grosso, em uma área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica'. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.
Fonte: MENEZES, Maria Lucia Pires. Parque Indígena do Xingu. Efeitos do modo de vida urbano e da urbanização sobre o território indígena. décimo Colóquio Internacional de Geocrítica, maio 2008. Disponível em: https://oeds.link/oSqvLi. Acesso em: 31 março 2022.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Xingu (Brasil). Direção de Cao râmbúrguer, 2012. 130 minutos

Três jovens, os irmãos Villas-Bôas, partem para a região do Rio Xingu, onde conhecem diversos povos e culturas indígenas.

Posse de gulár

Após a renúncia de Jânio Quadros, a Presidência da República deveria ser exercida pelo vice-presidente, João gulár. No entanto, oficiais militares e líderes udenistas tentaram impedir a posse dele, acusando-o de ser um “perigoso comunista”.

O cenário político ficou dividido. De um lado, havia um grupo contra gulár, apoiado por comandantes militares, udenistas e grandes empresários. Do outro, havia um grupo favorável à posse, formado por profissionais liberais, pequenos e médios empresários e grande parte dos trabalhadores. Estes últimos organizaram a Frente Legalista, que pretendia garantir o cumprimento da lei. A Frente Legalista era liderada pelo governador gaúcho Leonel Brizola, cunhado de Jango, e apoiada pelo comandante do terceiro exército, general Machado Lopes.

O confronto entre os grupos parecia encaminhar o país para uma guerra civil. Para evitá-la, chegou-se a um acôrdo de que João gulár assumiria o poder em um sistema parlamentarista. Nessa condição, o presidente da república seria o chefe de Estado, mas haveria um primeiro-ministro que seria o chefe de govêrno, eleito pelo Parlamento (ou Congresso Nacional). Isso significava que Jango assumiria a presidência com poderes limitados.

O parlamentarismo durou pouco. Em 6 de janeiro de 1963, houve um plebiscito no qual cêrca de 82% dos eleitores votaram pelo retôrno do sistema presidencialista.

Capa de jornal em preto e branco. Destaque para a manchete: 'Soberania Popular restaura nas urnas o poder legítimo. O povo disse 'sim' a Jango'. À direita, um homem em pé, sorrindo, vestindo um paletó escuro, com a cabeça levemente abaixada e uma das mãos erguida para cima.
Notícia da vitória do presidencialismo acompanhada da fotografia de João gulár (acenando), publicada no jornal Última Hora, 8 de janeiro de 1963.

Tensões e golpe (1961-1964)

O govêrno de Jango foi marcado por mobilizações sociais, como a dos estudantes ligados à União Nacional dos Estudantes (Úni) e à Juventude Universitária Católica (jota u cê), a dos operários ligados à Central Geral dos Trabalhadores (cê gê tê) e a dos trabalhadores ligados às Ligas Camponesas. Os camponeses, por exemplo, não tinham garantidos seus direitos de cidadãos, como acesso a aposentadoria, escolas e serviços de saúde. O acesso à terra por meio de uma reforma agrária, anseio dos trabalhadores e abolicionistas desde a luta pelo fim da escravidão no século dezenove, nunca aconteceu no Brasil.

Esse clima de reivindicações provocava inquietação e temor aos empresários nacionais e estrangeiros.

Reformas de base e golpe civil-militar

Em 13 de março de 1964, em um grande comício, Jango expôs as dificuldades que o país enfrentava e anunciou um programa conhecido como reformas de base, que incluíam:

  • reforma agrária: facilitaria o acesso de milhões de trabalhadores à terra;
  • reforma educacional: aumentaria o número de escolas públicas e combateria o analfabetismo;
  • reforma eleitoral: estenderia aos analfabetos o direito de voto e de participação na vida pública;
  • reforma tributária: corrigiria desigualdades na distribuição dos deveres entre ricos e pobres, patrões e empregados.

O govêrno também instituiu a Lei de Remessa de Lucros, limitando a quantidade de dólares enviados pelas empresas multinacionais ao exterior, o que provocou a insatisfação dos representantes dessas empresas.

Em defesa do govêrno, setores populares manifestaram-se em apôio às reformas de base. Enquanto isso, as oposições organizaram protestos, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na cidade de São Paulo.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de pessoas aglomeradas em frente a um edifício, portando faixas e cartazes. Destaque para uma faixa, pendurada na fachada do edifício, retratando o rosto de um homem, com o nome: 'Jango'.
Multidão reunida no comício em frente à estação ferroviária Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, em defesa das reformas de base do govêrno João gulár. Fotografia de 1964.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de pessoas reunidas, portando faixas. Em primeiro plano, duas mulheres segurando uma faixa, uma de cada lado, com o texto: 'O Brasil não será uma nova Cuba'. Em segundo plano, árvores e uma torre de igreja com teto triangular e um relógio na fachada.
Manifestantes durante a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 1964.

Em 31 de março de 1964, ocorreu um golpe das fôrças Armadas contra o govêrno federal, incentivado por vários políticos civis de oposição. A movimentação de tropas teve início em Minas Gerais, com apôio do governador Magalhães Pinto, da u dê êne. Rapidamente, unidades militares de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro aderiram aos golpistas. Em 1º de abril de 1964, o presidente João gulár viajou ao Rio Grande do Sul cumprindo sua agenda presidencial. Em Brasília, naquela noite, o presidente da Câmara dos Deputados declarou que a Presidência da República estava vaga. Começava a ditadura civil-militar no Brasil.

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Jango (Brasil). Direção de Silvio Tendler, 1984. 117 minutos

Documentário que busca reconstituir o contexto político e social do Brasil na época em que o golpe derrubou o presidente João gulár e impôs a ditadura civil-militar no país.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. Em 1946, Getúlio Vargas foi candidato e, uma vez eleito, manteve-se na Presidência da República até o fim do mandato.
    2. A Constituição de 1946 ampliou o direito de voto para os brasileiros, pela inclusão das mulheres e dos maiores de 18 anos de idade. Mas os analfabetos continuaram excluídos desse direito.
    3. O plano de desenvolvimento conhecido pela sigla Salte contou com a abundância de recursos e a estabilidade econômica decorrente da Segunda Guerra Mundial, quando os produtos brasileiros foram valorizados no mercado mundial.
    4. A campanha conhecida pelo lema “O petróleo é nosso” fracassou, já que a exploração e o refino do petróleo brasileiro foram entregues a empresas estrangeiras desde 1953.
    5. A u dê êne, partido de apôio ao govêrno Vargas, lutou para combater os ataques aos direitos dos trabalhadores, mas foi derrotada juntamente com o govêrno devido ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
    6. A renúncia de Jânio Quadros da Presidência da República, em 1961, foi seguida por um período de instabilidade que marcou a posse do vice-presidente, João gulár.
  2. Considerando o contexto do govêrno Dutra e da Guerra Fria, responda às questões.
    1. A partir de 1946, o govêrno brasileiro aliou-se a que bloco de países?
    2. Esse alinhamento teve relação com a política econômica do govêrno Dutra? Explique.
  3. Você concorda com a afirmação: O trabalhismo e o nacionalismo foram características importantes do govêrno Vargas (1951-1954)? Justifique sua resposta.
  4. Durante o govêrno de Jota Ka, o Brasil passou por um período conhecido como “desenvolvimentismo”. Que características justificam o uso desse termo?
  5. Explique os motivos que levaram à implantação do parlamentarismo no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.

integrar com Língua Portuguesa

6. No Brasil, diversas produções culturais foram criadas entre 1946 e 1964. Vamos fazer um seminário sobre escritores brasileiros dessa época? Para isso, reúnam-se em grupo e sigam as orientações.

a) Escolham um dos autores listados.

  • Carlos Drumôn de Andrade (1902-1987).
  • João Guimarães Rosa (1908-1967).
  • Carolina Maria de Jesus (1914-1977).
  • Cecília Meireles (1901-1964).

b) Pesquisem informações sobre o autor ou a autora, tais como:

  • em que ano e local ele ou ela nasceu?
  • que acontecimentos marcaram a vida desse ou dessa escritor ou escritora?
  • quais são suas principais obras?
  • que obras foram publicadas entre 1946 e 1964?
  • que temas ô á autor ou autora costumava abordar?
  • qual foi o impacto de sua obra na época em que ela foi produzida?

c. Criem slides (ou cartazes) com imagens e textos sobre a escritora ou o escritor pesquisado e apresentem o seminário aos colegas.

Interpretar texto e imagem

7. Leia a seguir o trecho do depoimento da operária Eunice Longo sobre o seu trabalho em uma fábrica de tecidos na década de 1940. Em seguida, responda às questões.

“O mestre ficava no meio da seção, num lugar bem alto, para controlar. Ele via tudo, porque eram aqueles salões enormes, não tendo nada dividido; na hora do almôço a gente almoçava no meio dos teares e podia ir para outra seção. Mas durante o trabalho era proibido, se você era da flanela não podia ir para o lado da tricoline, não podia sair da sua seção. Dali tinha um corredor e você ia embora. Se te pegavam em outra seção você era suspensa, um dia, dois, conforme.”

DEPOIMENTO de Eunice Longo. In: COSTA, Hélio da. Em busca da memória: comissão de fábrica, partido e sindicato no pós-guerra. São Paulo: Scritta, 1995. página 47.

Fotografia em sépia. Em frente a fachada de uma fábrica, um grupo de pessoas reunidas, enfileiradas lado a lado. À frente, sentadas. E atrás outras duas filas de pessoas em pé.
Operários do Lanifício Gianella, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Fotografia de 1941.
  1. Qual era a função do mestre na fábrica?
  2. Com base na análise do texto, pode-se afirmar que a volta da democracia política no Brasil incluía a democratização das relações dentro dos locais de trabalho?

integrar com ARTE

8. A escultura do artista Bruno Giorgi (1905-1993) na imagem a seguir presta uma homenagem aos cêrca de 80 mil operários que construíram Brasília. Esses trabalhadores, que foram chamados de candangos, vieram de todas as partes do país, sobretudo do Nordeste. Observe a imagem e responda às questões.

Fotografia. Em uma praça, diante de uma construção de janelas envidraçadas, uma escultura retratando dois personagens de aspectos humanos, em pé, com os braços dados, portando uma haste cada um.
Os candangos, escultura de Bruno Giorgi, 1959. Fotografia de 2021. A obra tem 8 metros de altura e está localizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Distrito Federal.
  1. Na escultura, os braços das duas personagens estão unidos. Em sua opinião, o que isso simboliza? Reflita.
  2. Você conhece outros monumentos que homenageiam trabalhadores? Dê exemplos.
  3. Que grupo de profissionais você homenagearia? Por quê? Como você prestaria sua homenagem?

Glossário

Êxodo rural
: nome dado ao movimento de pessoas que deixam as áreas rurais para viver e trabalhar nas áreas urbanas.
Voltar para o texto
Harmonia
: refere-se à parte da música que trata da relação entre sons simultâneos, isto é, dos acordes. Já a melodia é a relação dos sons musicais sucessivos.
Voltar para o texto