UNIDADE 4 DITADURAS, REDEMOCRATIZAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO

CAPÍTULO 11 CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL

A partir da década de 1980, o Brasil passou por um processo de reconstrução da democracia. Esse processo foi marcado por lutas por uma sociedade mais livre, justa e solidária.

As lutas pela democracia poderiam ser resumidas na luta pela cidadania. Na prática, ser cidadão no Brasil significa pertencer efetivamente à sociedade brasileira compartilhando direitos e deveres.

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para começar

Para você, o que significa ser cidadão no Brasil? Dê exemplos de atos de cidadania.

Fotografia. Em uma praça, uma fila de pessoas, homens e mulheres adultos e idosos, ao redor de um coreto, com telhado de cor marrom, grades brancas, jardineiras com plantas roxas e base branca. O telhado é sustentado por uma estrutura marrom em que há uma faixa contendo o texto: 'Eu defendo o SUS. Vacina SIM'. E o desenho de uma ampola e uma seringa, na cor azul. Uma faixa igual está afixada do outro lado do coreto.
No centro do coreto, de costas para a câmera, há três pessoas em pé: uma mulher de avental branco, touca branca e máscara branca sobre o rosto. Ela aplica uma vacina em um homem de cabelos curtos e escuros, que veste camiseta azul. Ao lado dele, há uma mulher de cabelos curtos e grisalhos e blusa estampada.
Ao fundo, casas baixas, árvores, postes de energia e de iluminação pública.
Pessoas fazem fila para receber vacina contra a covid-19 em praça do município de Guarani, Minas Gerais. Fotografia de 2021. Durante as campanhas municipais de vacinação contra a covid-19, diversas prefeituras se manifestaram em favor e defesa do Sistema Único de Saúde (sús).
Fotografia. Em uma sala fechada, de parede amarelo clara e piso verde, ao fundo, há um homem em pé, que veste uma camiseta preta e azul e bermuda jeans. Ele usa um boné preto e uma máscara preta cobrindo a boca e o nariz. 
O homem está com o corpo voltado para a esquerda, próximo a uma cabine de votação disposta sobre uma carteira escolar. A cabine é branca e, nela estão gravados  os textos: 'Justiça eleitoral', na parte superior, o brasão da república no centro, e  'Cabina de votação' na parte inferior. 
A cabine tem uma abertura inferior, que mostra a parte posterior de uma urna eletrônica e sua fiação.
À frente, com um efeito desfocado, há um homem sentado diante de uma mesa. Ele usa uma camiseta cinza, uma máscara cirúrgica azul sobre o nariz e a boca e um 'face shield' branco a frente de seu rosto. 
Sobre a mesa, uma prancheta, uma caneta, uma garrafa de água e um aparelho eletrônico com um teclado numérico.
Sala de votação das eleições municipais da comunidade ribeirinha de Catalão, Manaus, Amazonas. Fotografia de 2020. A urna eletrônica, implementada no país em 1996, garante a confiabilidade do processo eleitoral brasileiro.
Fotografia. Sobre um palco, duas jovens portando microfones e cantando. À esquerda, uma jovem de cabelo castanho, trançado e preso com um turbante colorido, veste uma camiseta azul e uma calça rosa com uma listra lateral azul. Ela está descalça. À direita, uma jovem de cabelos vermelhos, cacheados, soltos, na altura do pescoço. Ela veste uma camiseta preta, um shorts preto e usa um tênis vermelho. À direita delas, diante de uma mesa de som, com dois toca-discos, coberta por um tecido preto, há um homem de barba comprida e grisalha, que veste camiseta preta, usa boné preto e óculos, e observa as duas mulheres sobre o palco. 
No fundo do palco, um painel de cor clara com o texto: 'Slam BR.19'.  'Campeonato Brasileiro de Poesia falada'. 
Na parte inferior da imagem, a frente do palco, um grupo de pessoas assistindo.
Jovens durante uma competição de poesia falada, também conhecida como poetry slam, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. Nessas competições, os jovens expressam sua visão de mundo e debatem questões da atualidade, exercendo sua cidadania.

A luta por democracia

Entre 1979 e 1984, os brasileiros enfrentaram uma grave crise econômica. A inflação era muito alta e as dívidas do govêrno eram maiores do que a arrecadação de impostos. Essa crise se prolongaria pela década de 1980, que, por isso, ficou conhecida como “década perdida”.

Nesse período, líderes de oposição à ditadura lançaram uma campanha pela volta das eleições diretas para presidente da república. A campanha ficou conhecida como Diretas Já! e foi marcada por manifestações populares, que reuniram milhões de pessoas em várias cidades do país.

Para implantar as eleições diretas, era preciso fazer uma emenda à Constituição. Essa emenda foi proposta pelo deputado federal Dante de Oliveira, mas não alcançou votos suficientes para aprovação na Câmara. Um dos principais grupos que se opunham à emenda das eleições diretas era liderado pelo deputado Paulo Maluf.

Contra a vontade da maioria dos brasileiros, a eleição para presidente em 1985 foi indireta, e nela concorreram dois candidatos: Paulo Maluf, pelo pê dê ésse, partido do govêrno, e Tancredo Neves, pela Aliança Democrática. Tancredo Neves venceu, mas não assumiu o cargo, pois faleceu em 21 de abril de 1985. Assim, o vice-presidente José sarnêi assumiu a Presidência. No mesmo ano, instalou-se a Assembleia Nacional Constituinte.

Fotografia. Sob um céu azul, em frente ao Palácio do Congresso Nacional (ao fundo) – um edifício baixo, largo, na cor branca, com colunas nas laterais envidraçadas, um telhado plano de concreto de cor clara e uma cúpula no formato de uma bandeja ovalada, voltada para cima –,  há uma multidão de pessoas em pé, majoritariamente mulheres, com os dois braços elevados para o alto. Há, também, diversas pessoas sentadas na laje do Palácio do Congresso, logo abaixo da cúpula. Na multidão, algumas pessoas seguram cartazes, faixas, estandartes e bandeiras.
Manifestação de mulheres que exigiam eleições diretas, em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 1984.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

SILVEIRA, Marco Antonio. A volta da democracia no Brasil (1984-1992). São Paulo: Saraiva, 2006.

Aborda o período que vai dos comícios pelas Diretas Já! (em 1984) até o impeachment de Fernando cólor de Mello (em 1992). Além das questões políticas, são tratados temas como a economia e a sociedade desse período.

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para pensar

Crie um nome para a década em que você nasceu e justifique a escolha desse nome.

Constituição Cidadã

Em 5 de outubro de 1988, a Assembleia Constituinte promulgou a nova Constituição Federal. Essa Constituição continua em vigor até os dias de hoje e é considerada a mais democrática da história do Brasil. Em função disso, ficou conhecida como Constituição Cidadã. Conheça alguns de seus princípios básicos:

Fotografia. Destaque para três pessoas indígenas, de cabelos pretos, longos e soltos, com cocares contendo penas coloridas, nas cores amarela, azul, verde e vermelho. Sentadas, são vistas por trás,  observando uma assembleia repleta de pessoas em assentos enfileirados.
Indígenas participam de sessão da Assembleia Nacional Constituinte, que debateu durante vinte meses e promulgou a nova Constituição Federal do Brasil, em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 1988.
  • igualdade jurídica: todos são iguais perante a lei. Garante-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;
  • subordinação de todos à lei: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O limite à liberdade de cada pessoa é definido pelas normas jurídicas e não pelo arbítrio ou atitude autoritária de qualquer pessoa;
  • liberdade de pensamento, de crença religiosa, de expressão intelectual, de locomoção, de associação: são livres a manifestação do pensamento (sendo assegurado o direito de resposta), o exercício dos cultos religiosos, a expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, o direito de ir e vir, isto é, a liberdade de locomoção pelo território nacional e o direito de associar-se para fins profissionais, culturais, políticos, esportivos etcétera;
  • garantias da liberdade do cidadão: ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita fundamentada de um juiz, exceto nos casos de crimes militares. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem processo legal.

A Constituição Federal brasileira garante direitos fundamentais aos cidadãos. No entanto, somente quando exercemos esses direitos e quando eles são respeitados é que a cidadania se concretiza na vida social.

Por isso, precisamos entender que a cidadania não é uma doação do Estado. Ela é uma conquista das pessoas e dos grupos sociais. Conquista que exige o protagonismo da sociedade civil, ou seja, a participação ativa das pessoas nas questões do país.

Assim, cada um de nós deve exercer e respeitar a cidadania, individual e coletivamente. É ilusório acreditar que as conquistas estão asseguradas e que podemos cruzar os braços. Faz parte da cidadania a luta permanente pelos nossos direitos.

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para pensar

Em grupo, indiquem um exemplo para um dos itens da Constituição apresentados. Vocês podem mencionar alguma situação que revele o cumprimento ou o descumprimento da lei.

Emancipação de grupos sociais

A Constituição de 1988 garantiu alguns direitos a diversos grupos sociais no enfrentamento de desigualdades que afetam suas vidas. Conheça alguns exemplos:

  • o direito de voto foi conquistado pelos analfabetos e pelos jovens de 16 a 18 anos;
  • o racismo foi considerado crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão;
  • os remanescentes dos quilombos tiveram reconhecida a propriedade definitiva das terras que tradicionalmente ocupam;
  • as manifestações culturais indígenas e afro-brasileiras devem ser protegidas pelo Estado brasileiro;
  • os povos indígenas conquistaram o direito de posse das terras que tradicionalmente ocupam. Foi garantido ainda o direito à diferença dos povos indígenas, sendo reconhecidos seus costumes, línguas, crenças, tradições e organização social.
Fotografia. Sob o céu azul, em um terreno, um grupo de pessoas, adultos e crianças, estão em pé sobre uma porção de terra remexida. À esquerda, há um grupo de meninas, em pé, observando. No centro da imagem, um menino de cabelo escuro e raspado, camiseta regata azul, bermuda jeans e chinelos. Com o corpo flexionado, o menino segura um balde preto com as duas mãos. Atrás dele, há uma menina de cabelos pretos, cacheados presos em um rabo de cavalo, que usa camiseta vermelha e está agachada. À direita, um menino de cabelo curto e preto, que usa camiseta e bermuda, ambas pretas, está com o corpo flexionado e uma das mãos sobre a terra. À direita, um homem de cabelos curtos e grisalhos, que veste camiseta laranja e calça jeans, está com o corpo flexionado, segurando uma enxada. No entorno do terreno, grama, arbustos, árvores e uma cerca, feita de pilastras brancas e tela de arame.
Estudantes plantam em horta da escola no quilombo Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. Fotografia de 2020. Com a promulgação da Constituição de 1988, os remanescentes de comunidades dos quilombos tiveram a posse das terras que ocupavam reconhecida.
Fotografia. Sob um céu azul com nuvens, em um espaço aberto, com chão de terra e árvores ao fundo, um grupo de pessoas indígenas, majoritariamente homens de cabelos curtos, lisos e pretos, estão dispostos dois a dois em uma fila. Os homens à frente da fila usam bermudas, estão sem camisa, e têm faixas de cor clara amarradas em torno da cabeça. Os dois homens atrás deles, usam grandes adereços em formato circular feitos de penas brancas, com a parte central feita de penas vermelhas, e detalhes em amarelo nas pontas ao redor de todo o círculo. Eles também usam, preso ao pescoço, longos adereços coloridos com padrões geométricos; e outros adereços feitos de penas vermelhas amarrados em suas canelas. Atrás deles, há dois homens que usam cocares de penas coloridas e longos adereços coloridos com padrões geométricos no pescoço. Um deles, segura uma lança. Os demais homens em fila não usam cocares. A maior parte deles usa adereços longos, coloridos e com padrões geométricos presos ao pescoço, cobrindo a parte frontal do centro do corpo, além de braceletes na cor vermelha. Atrás deles, uma oca alta, feita de folhas e toras de madeira. Ao lado do grupo de homens, uma pilha de folhas verdes de palmeira.
Indígenas Karajá durante o ritual retorrôqui, que marca a passagem dos meninos para a vida adulta, na aldeia Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, Tocantins. Fotografia de 2012. A Constituição brasileira prevê a proteção das manifestações culturais indígenas e garante a liberdade religiosa de todos os cidadãos.

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Transcrição do áudio

Constituição de 1988 e a liberdade religiosa

[Música instrumental ao fundo]

[Joana]: Olá, queridas e queridos ouvintes! Sejam bem-vindos ao nosso podcast! Eu sou a Joana e junto com o meu colega Antônio vamos levar até vocês um conteúdo muito interessante sobre as práticas e os valores cidadãos no nosso país!

[Antônio]: Olá, pessoal! No episódio de hoje vamos falar sobre a liberdade de religião. Trata-se de um direito garantido pela Constituição de 1988. Ou seja, a partir da Constituição, as pessoas têm assegurada a possibilidade de crença, culto e práticas das mais diversas religiões no Brasil.

[Joana]: Sim, Antônio. A Constituição de 1988, que está vigente até hoje, é um marco muito importante. Ela reconhece o pluralismo de nossa sociedade. E seu texto assegura aos cidadãos brasileiros uma série de direitos, como acesso a saúde, educação, trabalho e moradia, entre outros. A liberdade religiosa é um desses direitos. Por tudo isso, ela é conhecida como Constituição Cidadã.

[Antônio]: É importante lembrar que, juntamente com a liberdade de culto, fica estabelecido que o Brasil é um Estado laico. Ou seja, há a separação entre Estado e religião. Em um Estado laico, sem religião oficial, como o Brasil, as pessoas têm o direito de expressar sua fé, seja ela qual for.

[Joana]: Bem interessante este assunto, Antônio. Recentemente eu estava pesquisando sobre a etnia Karajá. Os Karajás habitam a região do rio Araguaia, entre os estados do Tocantins, Mato Grosso e Goiás. Eles têm um ritual chamado Hetohoky, que pode ser traduzido como Casa Grande. Esse ritual é considerado o maior e mais importante do povo Karajá. Trata-se de uma cerimônia de iniciação pela qual passam os meninos ao chegarem à pré-adolescência. Ela os prepara para receber ensinamentos da vida adulta. A partir de então, eles já podem participar das atividades realizadas pelos homens da aldeia, como a caça e a pesca. Percebi que existe uma relação entre a prática desse ritual e a garantia da liberdade de culto, conforme você mencionou.

[Antônio]: Isso mesmo, Joana! A relação que você traçou entre esse ritual Karajá e o direito de expressão religiosa no Brasil está correta. Os Karajás têm o direito de fazer esse e outros rituais e ninguém pode impedi-los. Além disso, a lei não permite que eles sejam discriminados por essa ou qualquer outra prática religiosa ou cultural.

[Joana]: Infelizmente, não foi sempre assim no Brasil. Aqui há diferentes povos e etnias, cada qual com sua cultura. Há também muitas crenças e modos de expressão. E esse pluralismo cultural já esteve ameaçado por conta de políticas que não visavam reconhecê-lo.

No entanto, esse e outros povos indígenas resistiram, mantendo viva sua cultura, sua religiosidade e sua forma de expressá-la.

[Antônio]: Sim. Afinal, a religião é também uma forma de expressão cultural. Quando há intolerância religiosa, há uma falta de respeito pela cultura do outro. E às vezes essa intolerância se expressa de maneira bem violenta.

[Joana]: É verdade. Eu já li sobre locais de culto da Umbanda e do Candomblé que sofreram ataques.

[Antônio]: Isso me lembra um caso que aconteceu na Bahia, no ano 2000. Os frequentadores do terreiro da Mãe Gilda passaram a sofrer injúrias e ataques. Um jornal religioso havia publicado uma matéria atacando o candomblé, de que constava uma foto da Mãe Gilda. Foi depois disso que começaram agressões físicas e verbais ao seu terreiro e aos frequentadores do local. Com a saúde fragilizada, ela acabou falecendo pouco depois. Por causa desse caso de intolerância, criou-se no Brasil, em 2007, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

[Joana]: As religiões de matrizes africanas são, muitas vezes, alvos de intolerância religiosa.

[Antônio]: Infelizmente, isso é verdade. E essa intolerância normalmente envolve injúrias raciais. Mas o racismo, assim como a discriminação religiosa, é um crime previsto na Constituição Brasileira e no Código Penal.

[Joana]: Vale lembrar que o combate ao racismo e à intolerância religiosa não deve acontecer somente pela punição desses crimes. É necessário conscientizar a sociedade sobre os valores e as práticas de cidadania garantidos por nossa Constituição.

[Antônio]: Muito bem apontado, Joana! E os movimentos sociais têm um papel preponderante quanto a isso, atuando de modo a lutar pela garantia de direitos e pela cidadania. A sociedade civil organiza protestos, atos, denuncia abusos e cobra do poder público ações concretas para resolver essa e outras questões.

[Joana]: Um dos resultados dessa luta, por exemplo, foi o crime de racismo ter sido reconhecido como tal. Outro resultado é a implementação de diferentes ações afirmativas.

[Antônio]: Isso mesmo, Joana. As ações afirmativas pretendem, de modo geral, combater as discriminações e eliminar desigualdades construídas historicamente.

Bem, chegamos ao fim de mais um episódio, pessoal. Até a próxima!

[Joana]: Muito obrigada por nos acompanharem. Até a próxima, pessoal!

[Música instrumental tocando]

Constituição e povos originários

A Constituição de 1988 estabelece que as terras indígenas são bens da União. Isso quer dizer que os povos originários detêm a posse permanente de suas terras e o usufruto exclusivo (direito de usar e desfrutar) das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. Entretanto, não são considerados proprietários dessas terras.

De acôrdo com a Constituição, todas as terras indígenas deveriam estar demarcadas até 1993, o que não ocorreu. Até 2020, conforme dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), quatrocentas e oitenta e oito áreas haviam sido demarcadas.

A demarcação envolve conflitos e polêmicas. Existem vários casos de invasão de terras indígenas por empresas mineradoras e madeireiras, como também por pescadores, caçadores, garimpeiros e posseiros. Além disso, a expansão de pastos e lavouras e a construção de usinas hidrelétricas provocam degradação ambiental no entôrno das terras demarcadas. Tudo isso diminui os recursos naturais e coloca em risco as vidas dos povos originários.

Distribuição das terras indígenas regularizadas por região (2020)

Gráfico de setores. Distribuição das terras indígenas regularizadas por região (2020). Em verde, 'Norte', 54 por cento; em amarelo, 'Centro-Oeste', 19 por cento; em laranja, 'Nordeste', 11 por cento; em rosa, 'Sul', 10 por cento; e em azul, 'Sudeste', 6 por cento.
FONTE: BRASIL. Fundação Nacional do Índio (Funái). Demarcação de terras indígenas, 10 março 2021. Brasília: Fundação Nacional do Índio (Funái), 2021. Disponível em: https://oeds.link/GOmsEM. Acesso em: 6 abril 2022.
Fotografia. Vista aérea. Densa área de floresta, com uma grande clareira no centro. Na clareira, há uma área inundada, lamacenta, e partes expostas de solo rochoso. Acima, uma parte de floresta derrubada, com centenas de troncos de árvores caídos, sobrepostos. No canto inferior esquerdo, telhados azuis de um acampamento.
Vista de área impactada pelo garimpo ilegal em Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Fotografia de 2021. De acôrdo com o relatório da associação rutucára, o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami cresceu 3 350% entre 2016 e 2020, ou seja, mais de 33 vezes.
Ícone. Atividade oral.

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para pensar

  1. Existem terras indígenas na região onde você mora? Elas são regularizadas?
  2. Quais são as três regiões que abrigam o maior percentual de terras indígenas regularizadas do Brasil?

População indígena atual

Por muito tempo, pensava-se que os povos originários desapareceriam, por morte ou assimilação ao restante da sociedade. No entanto, a partir dos anos 1980, a população indígena voltou a crescer. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), em 1991, havia mais de 294 mil indígenas no Brasil. No ano 2000, esse número subiu para mais de 734 mil e, em 2020, para mais de 1 milhão e 108 mil.

A maior parte dos povos originários que vive atualmente no país tem população reduzida. No entanto, existem povos numerosos, sobretudo os que vivem nas fronteiras do país e cujo povo habita também os países vizinhos ao Brasil. Observe o quadro a seguir.

Povo

População

Estados onde vivem

Guarani (2016)

85.255

MS, SP, PR, RS, RJ, ES, PA, SC

Ticuna (2014)

53.544

AM

Kaingang (2014)

45.620

PR, RS, SC, SP

Macuxi (2014)

33.603

RR

Guajajara (2014)

27.616

MA

Terena (2014)

26.065

MS, MT, SP

Yanomami (2019)

26.780

AM, RR

FONTE: INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (í ésse á). Quadro geral dos povos. Povos indígenas no Brasil, 25 janeiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/SnW5mL. Acesso em: 6 abril2022.

Fotografia. Em um palco de fundo escuro e iluminação lilás, um homem de cabelos lisos e pretos, vestindo uma camiseta, uma jaqueta aberta e calças escuras, portando um microfone em uma de suas mãos.  Sua outra mão está elevada, aberta, com a palma voltada para ele. Ao fundo, uma pequena mesa coberta por um tecido escuro e, ao lado, uma cadeira.
Educador e escritor Daniel Munduruku palestrando em Santos, São Paulo. Fotografia de 2019. Indígena da etnia Munduruku, Daniel é um dos principais escritores indígenas brasileiros da atualidade, com obras voltadas para crianças, jovens e educadores.

Outras Histórias

integrar com Geografia

Cartografia social

Os mapas são fórmas de representar situações diferentes em cartografia. Existem representações das linhas de metrô e ônibus, das ruas da cidade, dos pontos turísticos, das condições meteorológicas, dos centros comerciais . Vamos estudar aqui a cartografia social, que tem por objetivo contribuir para o planejamento e a transformação de determinada sociedade.

A cartografia social é um novo modo de fazer mapas, caracterizada pelos seguintes aspectos:

  • o grupo social é o autor dos mapas sociais. Desse modo, todo processo de criação cartográfica ocorre coletivamente. Isso possibilita que o grupo social construa uma autorrepresentação dos elementos de seu território e de suas vivências;
  • o grupo que elabora um mapa social deve participar de uma pesquisa e de uma ação coletiva que exigem: cooperação, troca de saberes e construção da memória a respeito de seu espaço geográfico, socioeconômico e histórico-cultural.

Uma cartografia social pode ser desenvolvida, por exemplo, por uma comunidade indígena que busca mapear direitos ameaçados por invasões às suas terras e pelo desrespeito à sua cultura. Esses mapas, geralmente, utilizam linguagem acessível e apresentam espaços como roçados, casas, rios, unidades de saúde, escolas e outros elementos significativos para a comunidade indígena.

Um exemplo de cartografia social é o Projeto Povos, cujo propósito é dar visibilidade aos territórios, às identidades e às tradições de 64 comunidades indígenas, caiçaras e quilombolas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse projeto é promovido pelo Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (ó tê ésse ésse).

Atividades

Responda no caderno

  1. O entôrno da sua escola pode ser estudado por meio da cartografia social. Nesse caso, que grupos sociais poderiam participar desse estudo?
  2. Organizem-se em grupos e elaborem uma cartografia social dos problemas que afetam o entôrno de sua escola. Para isso, levantem dados que possam ser quantificados. A seguir, observe alguns exemplos.
    1. Há grande fluxo de veículos no entôrno da escola? Quantos carros passam por minuto na frente do edifício escolar?
    2. Há barulho excessivo na região onde a escola se situa? O que provoca esse barulho? Em quais horários os ruídos são mais intensos?
    3. Há serviços públicos próximos à escola? Quantas linhas de ônibus ou outro transporte público atendem à vizinhança? Existem postos de saúde e de vacinação? E há agências de correio ou bancos? O comércio atende às necessidades dos moradores?

Ao final, representem graficamente os dados coletados.

Presidentes e vida política (1985-2022)

Desde 1985 até 2022, oito presidentes da república se sucederam no país. Alguns eram vice-presidentes que chegaram ao cargo por impedimento ou morte dos titulares (José sarnêi, Itamar Franco e Michel têmer); dois foram retirados do poder (Fernando cólor e Dilma russéf) e três foram reeleitos para um segundo mandato (Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma russéf).

A seguir, apresentaremos de fórma sintética as principais características da vida política durante o mandato de cada um desses presidentes.

Governo sarnêi (1985-1990)

A posse de José sarnêi como presidente da república frustrou muitos brasileiros. Isso porque ele era o vice-presidente e, com a morte do presidente Tancredo Neves, sarnêi acabou assumindo o poder. Além disso, ele havia apoiado a ditadura civil-militar e, como líder do pê dê ésse, ajudou a derrotar as Diretas Já!. No entanto, ao ocupar a Presidência, sarnêi prometeu inaugurar uma “Nova República”.

Entre as medidas políticas aprovadas em seu govêrno, estavam:

  • eleições diretas para a Presidência da República, os governos estaduais e todas as prefeituras do país;
  • maior liberdade para a criação de novos partidos políticos, permitindo-se a legalização do Partido Comunista Brasileiro (pê cê bê) e do Partido Comunista do Brasil (pê cê do bê), que tinham sido proibidos durante a ditadura.
Fotografia. Em uma área aberta, gramada, ladeada por edifícios retangulares idênticos, ao fundo, uma multidão de pessoas em manifestação, carregando faixas e bandeiras. 
Há outro grupo, mais à frente, separado por homens com uniformes militares. Nesse grupo, em destaque, no centro, um homem, com cabelos curtos e grisalhos, um bigode escuro no rosto, vestindo terno escuro, camisa branca e gravata escura. À esquerda dele, uma mulher de cabelos médios, castanhos, lisos, usando um vestido branco com detalhes azuis, um colar e um par de brincos. Ao redor deles, dezenas de homens de terno e gravata. À direita da imagem, vistas de costas, duas pessoas com os braços levantados, segurando câmeras fotográficas.
Dia da cerimônia de posse de José (ao centro, sendo fotografado), em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 1985. foi o primeiro presidente civil a governar o país após a ditadura.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Como as pessoas do seu convívio reagem quando os candidatos nos quais votaram não são eleitos? Comente.

govêrnocólor (1990-1992)

Após quase trinta anos sem escolher o presidente da república, os eleitores brasileiros reconquistaram esse direito, exercendo-o em 1989. Nessa eleição, o vitorioso foi Fernando cólor de Mello, que derrotou Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

cólor apresentava-se como um político preocupado em modernizar o Estado, defendendo as privatizaçõesglossário , o combate aos monopólios e a abertura do país à concorrência internacional.

Após dois anos de mandato, ocorreram denúncias de corrupção contra a cúpula do govêrno e a própria família cólor. As denúncias foram investigadas no Congresso Nacional por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (cê pê i). Na época, ocorreram manifestações populares exigindo o impeachment (impedimento) de cólor.

Ao final dos trabalhos da cê pê i, foi aberto o processo de impeachment do presidente, aprovado em setembro de 1992. Em 2 de outubro, o vice-presidente Itamar Franco assumiu a Presidência.

Fotografia. Detalhe de uma multidão de jovens, homens e mulheres, com destaque para seus rostos. Vários deles estão com os rostos pintados com tintas nas cores verde, amarela e preto. Outros estão com o rosto pintado apenas de preto. Alguns, tem a palavra 'FORA', escrita no rosto.
Manifestação pelo impeachment de Fernando cólor em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul. Fotografia de 1992. Em manifestações por todo o país, jovens pintaram seus rostos, parte deles com as cores da bandeira brasileira, e ficaram conhecidos como os “caras-pintadas”.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Biografia de Fernando cólor de Mello

Disponível em: https://oeds.link/PdjvYU. Acesso em: 6 abril 2022.

Verbete com dados biográficos de Fernando cólor de Mello. Informações sobre outras personagens da história republicana podem ser encontradas nessa página, fazendo-se uma busca.

Governo Itamar Franco (1993-1994)

Itamar Franco convidou políticos de diversos partidos para os ministérios. Durante esse govêrno, foi implantado o Plano Real, com o objetivo de deter a inflação e estabilizar a economia. Fazia parte do plano a criação de uma nova moeda: o real.

Em junho de 1994, a inflação mensal era de quase 50% e, no final do mês seguinte, o índice desabou para valores próximos a 4%.

Esses resultados deram impulso à candidatura de Fernando Henrique Cardoso (éfe agá cê) à Presidência da República, que concorreu pela aliança entre o Pê ésse dê bê e o pê éfe éle. Cardoso, que foi ministro da Fazenda durante o início do govêrno de Itamar Franco, era considerado o mentor do Plano Real e venceu as eleições de 1994 no primeiro turno.

Fotografia. Em um ambiente interno, ao lado de um guichê de madeira em que se lê 'Caixa Econômica Federal', em destaque, dois homens lado a lado, em pé, sorrindo, segurando notas de dinheiro em suas mãos. O homem à esquerda é calvo, tem cabelos ralos, curtos e brancos e veste terno escuro, camisa azul e gravata azul. Ele usa relógio e segura notas de um e de dez reais. O homem à direita, de cabelos lisos e brancos, veste um terno escuro, camisa azul clara e gravata escura. Ele usa óculos, um relógio dourado e segura notas de dez reais. Atrás deles, há outros dois homens de terno, sorrindo.
Itamar Franco (à direita) e o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, mostram cédulas de real em uma agência bancária no Palácio do Planalto, em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 1994.

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para pensar

Você sabe quem é o atual ministro da Economia? Sabe quais são suas principais atribuições? Pesquise.

govêrno Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

Fernando Henrique Cardoso tomou posse em janeiro de 1995, anunciando que seu govêrno manteria a estabilidade econômica e combateria a inflação. O quadro mostra a queda do índice de inflação anual nos primeiros anos de seu govêrno.

Inflação brasileira (1994-1996)

Ano

% ao ano

1994

916,5

1995

22,4

1996

9,6


Fonte: í bê gê É. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (i pê cê a): Séries históricas. Rio de Janeiro: í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/19WT3M. Acesso em: 20 junho 2022.

O govêrno federal promoveu reformas como a privatização de empresas estatais. Essas privatizações foram muito questionadas, principalmente quando o govêrno vendeu empresas controladas pelo Estado, como a Companhia Vale do Rio Doce e a telebrás (Telecomunicações Brasileiras).

Fotografia. Em frente a um edifício de cor clara, com colunas e janelas brancas altas com balcão, um grupo de pessoas jovens, meninos e meninas, em uma manifestação. Eles usam camisetas brancas, calças jeans na cor azul clara e acenam bandeiras na cor branca.  À frente do grupo, uma faixa com o texto: 'Se luta porque vale'.
Manifestação contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, no centro da cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 1997. No mesmo ano, a empresa foi privatizada.

Em 1997, o Congresso Nacional aprovou uma emenda à Constituição que permitia a reeleição para presidente da república, governadores de estado e prefeitos. Fernando Henrique empenhou-se nessa causa e foi acusado de beneficiar parlamentares em troca de votos favoráveis ao projeto de reeleição.

Segundo mandato éfe agá cê

Sustentado pelo triunfo no combate à inflação e pela estabilização da economia, éfe agá cê venceu a eleição presidencial de 1998 no primeiro turno e tornou-se o primeiro presidente eleito para exercer dois mandatos consecutivos.

No segundo mandato, a política econômica foi mantida, mas o desempenho da economia piorou. Houve uma grave crise de fornecimento de energia elétrica, que fez a produção de bens diminuir e o desemprêgo aumentar. O “apagão” ocorrido em 1999 e os riscos de que ele ocorresse de novo levaram o govêrno a fazer campanhas de redução no consumo de energia. Além disso, o crescimento da dívida pública comprometeu as finanças do govêrno e o poder de compra do trabalhador assalariado diminuiu.

O clima de insatisfação popular aumentou, convertendo-se em anseio por mudanças. As eleições de 2002 foram vencidas pela oposição: Lula, do pê tê, derrotou José Serra, candidato do Pê ésse dê bê apoiado por éfe agá cê.

Ícone. Atividade oral.

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Governo Lula (2003-2010)

Com a vitória de Lula nas eleições em 2002, pela primeira vez na história brasileira um líder político de origem popular (ex-metalúrgico, ex-líder sindical e um dos fundadores do pê tê) chegava à Presidência da República.

O govêrno preservou a estabilidade da moeda e conteve a inflação, promovendo o crescimento das exportações e diminuindo o desemprêgo. Lula disputou a eleição para presidente em 2006 e foi reeleito.

Para garantir a aprovação de projetos no Congresso Nacional, o govêrno buscou apoios e promoveu alianças com membros de partidos como pê éle, pê pê, pê tê bê e pê ême dê BÊ. A partir de 2005, a fórma como essas alianças eram sustentadas provocou suspeitas sobre a existência de um esquema de corrupção que foi apelidado pela imprensa de “mensalão”. As denúncias eram de que um grupo de parlamentares recebia pagamentos em dinheiro em troca de apôio ao govêrno. O caso foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que, em 2012, condenou vários envolvidos, incluindo políticos, funcionários públicos e pessoas ligadas ao meio publicitário.

Ao final de seu mandato, o presidente Lula alcançava índices de aprovação popular em tôrno de 85%. Isso foi decisivo para a campanha de Dilma russéf, candidata pelo pê tê, nas eleições de 2010.

Fotografia. Na parte inferior da imagem, um homem grisalho de cabelos curtos visto de costas. Ele  veste um terno de cor escura e camisa branca e há uma faixa com as cores verde (nas bordas) e amarela (no centro) cruzando suas costas. Diante dele, no centro de uma rampa de cor cinza coberta por um tapete branco há dois homens em pé.
À esquerda, um homem calvo, com cabelos ralos, curtos e brancos, que veste um terno escuro, camisa branca e gravata escura. À direita, um homem de cabelos cheios, curtos e grisalhos, barba grisalha no rosto, que veste um terno escuro, camisa branca, gravata listrada e broche na lapela. Ele está sorrindo e acena com uma das mãos. 
Os homens estão cercados por ambos os lados por militares trajando fardas brancas, com faixas vermelhas na cintura, botas pretas de cano alto, capacetes dourados em forma de dragão com uma pena vermelha na ponta. Cada um dos militares segura a haste dourada de uma bandeira com duas faixas horizontais, nas cores vermelha e branca. Ao fundo, há uma multidão.
Lula (à direita) subindo a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, Distrito Federal, observado por éfe agá cê, momentos antes da passagem da faixa presidencial. Fotografia de 1º de janeiro de 2003.

Governo Dilma russéf (2011-2016)

Dilma russéf venceu as eleições, encabeçando a chapa pelo pê tê e tendo como vice-presidente Michel têmer, do pê ême dê BÊ. Com a posse, em janeiro de 2011, ela tornou-se a primeira mulher a presidir a república no Brasil.

O novo govêrno preservou as ações do govêrno anterior, como os programas de distribuição de renda, o salário mínimo reajustado acima dos índices da inflação, a destinação de mais recursos à educação, a construção de moradias populares e a diminuição das desigualdades sociais.

Desde 2012, porém, os indicadores econômicos apresentaram problemas, tais como o desequilíbrio da balança comercial (aumento das importações e diminuição das exportações), o aumento na taxa de juros e a diminuição na competitividade das empresas brasileiras. Em reação, o govêrno tomou medidas como a realização de obras de infraestrutura e o início da produção de petróleo da camada do pré-sal. No entanto, as dificuldades continuaram.

Em 2013, em diversas cidades brasileiras, milhares de pessoas foram às ruas para criticar, por exemplo, o aumento nas tarifas dos transportes públicos, a violência policial, os gastos com megaeventos esportivos e a crise no sistema de representação política. Mesmo com a popularidade afetada, Dilma reelegeu-se em 2014 para um novo mandato presidencial.

Fotografia. Vista aérea e noturna de uma avenida. No centro da avenida, duas aberturas circulares permitem ver pistas subterrâneas para veículos, sob a avenida.
Ao longo de toda a via, e em torno das aberturas circulares, uma multidão de pessoas, algumas delas segurando cartazes, faixas e bandeiras, toma os dois sentidos da avenida. Ao redor da via, prédios altos. No centro dela, duas árvores e postes de iluminação pública.
Manifestação durante o govêrno de Dilma russéf, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de junho de 2013.

Segundo mandato de Dilma

Durante o segundo govêrno Dilma, o Ministério Público e a Polícia Federal investigaram esquema de corrupção envolvendo diretores da Petrobrás, empreiteiros do setor privado e políticos de diversos partidos. Essa investigação foi chamada de “Operação Lava Jato”. Sérgio Moro, o juiz que conduziu os julgamentos, tornou-se ministro da Justiça em 2019, no govêrno de Jair Bolsonaro.

A insatisfação culminou com o afastamento de Dilma da Presidência da República em 12 de maio de 2016. Isso se deu por meio de um processo de impeachment promovido por membros da oposição e antigos aliados, que alegavam que o govêrno havia cometido crime de responsabilidade fiscal.

Fotografia. Sob um fundo azul claro, uma mulher de cabelos castanhos e curtos, trajando um vestido claro rendado e usando um par de brincos dourados pequenos. Ela usa uma faixa com as cores verde (nas bordas) e amarela (no centro), e o brasão da república brasileira, cruzando seu torso. A frente dela, um púlpito de material transparente e um microfone.
Dilma russéf discursa no Palácio do Planalto, em Brasília, Distrito Federal, na cerimônia de posse de seu segundo mandato presidencial. Fotografia de 2015. Apesar de sofrer impeachment em 2016, ela não perdeu seus direitos políticos.

govêrno Michel têmer (2016-2018)

Após o impeachment de Dilma russéf, o vice-presidente Michel têmer assumiu a Presidência. Seu govêrno ficou marcado por mudanças constitucionais que, apoiadas pela maioria dos deputados federais e senadores, reduziram as poucas garantias de proteção social até então existentes e restringiram o acesso da população mais pobre aos recursos públicos.

Exemplos disso foram algumas reformas feitas com a justificativa de combater a crise econômica enfrentada pelo país:

  • a Emenda Constitucional nº 95, proposta pelo govêrno e aprovada no Congresso Nacional em 15 de dezembro de 2016, congelou por vinte anos os investimentos públicos, afetando áreas como saúde, educação e assistência social;
  • a aprovação da reforma trabalhista, em julho de 2017, modificou a Consolidação das Leis do Trabalho (cê éle tê) e retirou direitos dos trabalhadores (redução das indenizações por demissão; dificuldade de acesso ao seguro-desemprêgo; diminuição do intervalo para repouso e alimentação durante a jornada de trabalho; permissão para que mulheres grávidas trabalhem em ambientes insalubres etcétera).

Marcado pela impopularidade, pela ampliação da crise econômica e do desemprêgo, o govêrno têmer foi alvo de denúncias de corrupção, e mais de dez ministros eram investigados em ações da polícia ou da Justiça até o final do govêrno.

Governo Jair Bolsonaro (2019-2022)

Jair Messias Bolsonaro venceu as eleições para a Presidência da República em 2018 e tomou posse em janeiro de 2019. Entre as medidas adotadas em seu governo, podemos destacar:

  • a reforma da Previdência Social que, entre outras coisas, aumentou a idade mínima para a aposentadoria dos brasileiros (65 anos para homens e 62 anos para mulheres) e diminuiu valores e número de beneficiados entre os trabalhadores rurais;
  • a facilitação da compra de armas de fogo.

Durante o governo Bolsonaro, houve tensões entre o poder Executivo federal e o poder Judiciário. Isso, de certo modo, prejudicou o harmonia entre os três poderes, que é a base da democracia.

Fotografia. Vista aérea de uma via pública com três faixas largas, separadas por fileiras de árvores. Duas faixas estão completamente tomadas por uma multidão de pessoas, portando faixas, bandeiras e cartazes. Na terceira faixa, há veículos parados diante de uma faixa de pedestres.
Manifestação em protesto ao governo Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021.
Fotografia. Em uma praia, rodeada por prédios altos, uma multidão de pessoas vestindo camisetas amarelas e verdes, portando bandeiras do Brasil. No centro da manifestação há um caminhão de trio elétrico, com pessoas sobre ele.  Ao fundo, no canto esquerdo, o mar.
Manifestação em apoio ao governo Bolsonaro na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021.

Efeitos da pandemia de covid-19 no Brasil

Os primeiros casos de covid-19 foram registrados na China e de lá se expandiram para Europa e outras partes do mundo, como estudaremos no próximo capítulo. A pandemia deu os primeiros sinais no Brasil em março de 2020.

O governo federal brasileiro não se mobilizou rapidamente para a compra ou produção de vacina, tampouco fez amplas campanhas de esclarecimento para o contrôle da pandemia, como a recomendação de usar máscaras, lavar as mãos e evitar aglomerações. Além disso, membros do governo chegaram a recomendar o uso de medicamentos sem eficácia, como a cloroquina.

De modo geral, o governo federal pretendia manter o funcionamento das atividades econômicas e, talvez por isso, menosprezou os danos da pandemia. Diante de um quadro de desemprego, crise econômica e carência de serviços públicos de saúde, a população brasileira foi bastante afetada.

Até abril de 2022, quando o governo federal suspendeu a situação de “emergência sanitária” causada pela pandemia, mais de 660 mil brasileiros haviam morrido em razão da covid-19. Com isso, o Brasil se tornou o segundo país em número de mortes em todo o mundo, superado apenas pelos Estados Unidos.

Fotografia. Vista noturna. Três caminhões em comboio em uma via urbana, larga e pavimentada. O primeiro caminhão é de cor vermelha e em sua carreta, transporta um grande cilindro de cor branca. À frente da carreta, uma bandeira da Venezuela, com faixas verticais nas cores amarela, azul e vermelha, respectivamente, estrelas brancas na faixa central (azul) e um brasão no canto superior esquerdo.
À direita da via, uma faixa de grama com árvores. À esquerda, calçada e edifícios.
Caminhões que saíram da Venezuela levam oxigênio para os hospitais de Manaus, no Amazonas. Fotografia de 2021. A capital amazonense foi uma das cidades mais afetadas pela epidemia de covid-19 no Brasil, e o oxigênio era um dos produtos mais necessários à tentativa de manter vivas as pessoas doentes e hospitalizadas.

Balanço econômico

Desde meados da década de 1980 até as primeiras décadas do século vinte e um, a economia do país oscilou entre períodos de crescimento e de estagnação. O Produto Interno Bruto (PIB)glossário é um dos indicadores mais usados para se avaliar a ampliação ou a retração das atividades econômicas. Observe os dados do quadro a seguir, que apresenta a oscilação do brasileiro de 1996 a 2021.

Brasil: oscilação do Produto Interno Bruto (PIB) – 1996-2021

Ano

Crescimento do PIB (em %)

Ano

Crescimento do PIB (em %)

1996

2,2

2009

−0,1

1997

3,4

2010

7,5

1998

0,3

2011

4,0

1999

0,5

2012

1,9

2000

4,4

2013

3,0

2001

1,4

2014

0,5

2002

3,1

2015

−3,5

2003

1,1

2016

−3,3

2004

5,8

2017

1,3

2005

3,2

2018

1,8

2006

4,0

2019

1,2

2007

6,1

2020

−3,9

2008

5,1

2021

4,6

FONTE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (ésse cê êne tê): Séries históricas. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1º trim. 2022. Disponível em: https://oeds.link/qWUvt1. Acesso em: 6 abril 2022.

integrar com matemática

Responda no caderno

para pensar

Identifique no quadro cada período presidencial e diga qual foi a média de crescimento anual do Píbi em cada mandato. Em que períodos o crescimento foi maior? E em quais ele foi menor?

O crescimento ou a diminuição do Píbi não é suficiente para fazer um balanço econômico do período. Estudaremos, a seguir, aspectos dos principais planos econômicos aplicados desde 1985, todos eles com profundos impactos sociais.

Plano Cruzado

Em meados da década de 1980, a crise econômica prejudicava o cotidiano dos brasileiros, que sofriam com inflação altíssima, desnutrição, falta de moradia e dificuldade de acesso aos serviços básicos de educação e saúde.

Em fevereiro de 1986, a equipe econômica do governo federal de José sarnêi elaborou um pacote econômico de combate à inflação denominado Plano Cruzado. As mudanças de maior impacto foram:

  • a extinção do cruzeiro e a criação de uma nova moeda, o cruzado;
  • o congelamento dos preços das mercadorias e dos salários. Estes últimos seriam reajustados sempre que a inflação chegasse a 20% (gatilho salarial).

Inicialmente, parte da população apoiou o Plano Cruzado, fiscalizando os preços e protestando contra os reajustes, mas o plano fracassou: o congelamento dos preços durou pouco tempo e muitas mercadorias só eram vendidas mediante o pagamento de um acréscimo ao preço tabelado.

Surgiram depois outros planos menos ambiciosos de intervenção na economia, mas nenhum teve sucesso. A crise agravou-se e a equipe econômica não conseguiu diminuir a inflação elevada e o endividamento público. No auge da crise, a inflação chegou a mais de 80% apenas no mês de março de 1990.

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, em um pequeno morro gramado e inclinado, policiais fardados, com capacetes brancos em suas cabeças, portando cassetetes. Alguns policiais sobem o morro. Outros olham para a frente. No pé do morro, em uma extensa área plana, uma grande multidão, com pessoas portando faixas e cartazes. Ao fundo, em uma linha inclinada no horizonte, dez prédios retangulares idênticos. No canto direito da imagem, uma construção retangular baixa.
Manifestantes entram em confronto com a polícia militar durante ato contra um novo pacote econômico – o Plano Cruzado dois – na Esplanada dos Ministérios, Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 1986.

Plano cólor

Nesse plano econômico, o governo de Fernando Collor de Mello tomou medidas para combater a hiperinflação, que chegava a 2 700% ao ano. Em 16 de março de 1990, um dia após sua posse, as autoridades econômicas do governo anunciaram o Plano cólor, que teve enormes consequências sociais. Conheça algumas medidas desse plano:

  • bloqueio de contas e de aplicações financeiras nos bancos;
  • confisco de cêrca de 80% do dinheiro que circulava no país, inclusive o das cadernetas de poupança;
  • extinção da moeda vigente (o cruzado) e restabelecimento do cruzeiro.
Fotografia em preto e branco. Em uma calçada larga, composta de pedras que formam um mosaico, uma fila de pessoas nas laterais de um edifício alto. Há homens e mulheres, que são vistos de costas.
Fila se fórma na reabertura das agências bancárias depois da edição do Plano cólor, em Recife, Pernambuco. Fotografia de 1990.

Plano Real

Editado em 1994, no governo de Itamar Franco, o principal motivo que levou à implantação do plano era controlar a hiperinflação no país (que ultrapassava 5 000% ao ano) e estabilizar a economia. Para isso, foram estabelecidas diversas medidas, entre elas:

  • redução das despesas públicas e aumento da arrecadação do governo;
  • criação de uma espécie de moeda de transição, a Unidade Real de Valor (u érre vê), com o objetivo de evitar medidas bruscas como confisco do dinheiro e garantir o poder de compra dos assalariados;
  • início à circulação de uma nova moeda, o real, usado até hoje no país.

Outras medidas se seguiram, como a privatização de empresas estatais, a criação de um programa de ajuda aos bancos do país e a renegociação de dívidas dos estados e municípios com maior contrôle nos gastos a partir dali.

Fotografia. Em uma sala fechada, os painéis de uma exposição. Nos painéis de fundo escuro com detalhes amarelos e vermelhos, uma linha do tempo marca as datas: 1998, 2010 e 2019. Nos marcos da linha do tempo, há textos não legíveis na cor branca e a reprodução de moedas e notas de real. À frente, no centro da sala, um pequeno mostrador com notas e documentos expostos protegidos por uma redoma de vidro.
Sala da exposição Do réis ao real, no Museu Casa da Moeda do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2019. A exposição contou a história do dinheiro brasileiro.

Balanço social

A partir do início da redemocratização, a sociedade garantiu avanços e conquistas, ainda que o período tenha sido marcado pela perda de direitos sociais, sobretudo nos períodos de crise econômica.

Mesmo quando os direitos estão escritos na lei, seu cumprimento requer ação dos cidadãos, do Estado e das organizações da sociedade. Apresentaremos a seguir algumas das principais medidas adotadas, especialmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Estatuto da Criança e do Adolescente

A Constituição garantiu uma série de conquistas, mas todas elas precisaram ser regulamentadas para terem efeitos concretos. Uma dessas conquistas foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (éca) promulgado em outubro de 1990.

O Estatuto da Criança e do Adolescente tem como objetivo garantir às crianças e aos adolescentes oportunidades para seu desenvolvimento físico, mental, moral e social, com liberdade e dignidade. Isso significa assegurar à criança e ao adolescente direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à convivência familiar e comunitária, entre outros.

Estatuto da Pessoa Idosa

Promulgado em 2003, o Estatuto da Pessoa Idosa aplica-se às pessoas com 60 anos ou mais, em geral mais vulneráveis que pessoas mais jovens. Ele trata de direitos fundamentais à vida humana, envolvendo questões de família, saúde, discriminação e violência.

Pelo Estatuto, entre outras coisas, as pessoas idosas têm direito a:

  • atendimento preferencial nos serviços públicos e privados que atendem à população;
  • fórmas de convívio com as demais gerações;
  • prioridade no atendimento pela própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto aquelas que não tenham condições de manter a própria sobrevivência;
  • prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.
Fotografia. Em uma via pública, um grupo de pessoas, adultos e crianças, em uma manifestação. Vestindo camisetas brancas, portam uma faixa com um catavento colorido e o texto Escola Estadual Professor Waldemar Ribeiro. Marcha por um Brasil sem trabalho infantil. Hashtag Brasil sem trabalho infantil. Primeiro de março de dois mil e vinte.
Manifestação contra o trabalho infantil em Belém, Pará. Fotografia de 2020. Mesmo proibido por lei, o trabalho infantil ainda persiste na atualidade. Diversos movimentos lutam para combatê-lo e para que os direitos das crianças sejam respeitados.
Fotografia. Uma placa azul contendo uma figura de formas humanas na cor branca e o texto, também na cor branca: “60 mais. Idoso”.  A placa está afixada em uma mureta branca.
Placa de estacionamento exclusivo para pessoas idosas em Londrina, Paraná. Fotografia de 2020. Esse é um dos direitos garantidos pelo Estatuto da Pessoa Idosa, que assegura 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados exclusivamente às pessoas com 60 anos ou mais.

O combate à desigualdade

Um dos grandes desafios do governo federal a partir de 2003 foi retomar o crescimento econômico aliado às ações no campo social, especialmente em áreas como educação, saúde e trabalho. Houve uma diminuição dos índices de desigualdade até 2010, com significativa expansão da classe média. Calcula-se que mais de 30 milhões de pessoas deixaram a faixa da pobreza absoluta.

Entre os fatores responsáveis por essa melhoria, é possível mencionar:

  • os programas de transferência de renda como o Bolsa Família, que beneficiaram milhões de famílias pobres no país;
  • a expansão do acesso à educação em todos os níveis, sobretudo nas universidades;
  • as políticas de ação afirmativa para negros, indígenas e estudantes oriundos de escolas públicas;
  • o aumento do salário mínimo acima dos índices de inflação anual;
  • a queda na taxa de desemprego.

Apesar desses avanços, o Brasil permanece até os tempos atuais como um dos campeões mundiais de desigualdade. O Relatório sobre as desigualdades mundiais, elaborado em 2021 pelo World Inequality Lab (Laboratório da Desigualdade Mundial”), traz alguns dados sobre isso:

  • a parcela de brasileiros mais ricos (10% da população) concentra quase 59% de toda a renda nacional;
  • a renda dos brasileiros mais pobres (metade da população) é quase 30 vezes menor do que a renda dos 10% mais ricos;
  • a metade mais pobre dos brasileiros dispõe de apenas cêrca de 1% da riqueza do país;
  • uma pequena parcela entre os mais ricos (1% da população) é dona de quase metade das propriedades privadas existentes no país.
Fotografia. Sobre uma bancada ampla, dezenas de refeições (com arroz, feijão, purê de batatas e carne com molho) dispostas em recipientes redondos e metálicos. 
Ao fundo, à direita, uma jovem mulher com os cabelos presos está em pé, vestindo um avental escuro, camiseta branca, luvas nas mãos, touca branca em sua cabeça e máscara em seu rosto. Ela segura um recipiente azul com alimento preparado em uma das mãos e uma colher na outra mão, montando uma refeição em um recipiente arredondado e metálico.
Ao fundo, no centro da imagem, vistos de costas, uma mulher e um homem vestindo  aventais escuros dispõem alimentos preparados em recipientes metálicos dispostos em uma grande bancada de metal. No canto esquerdo, caixas de vegetais.
Voluntários preparam refeições para distribuir gratuitamente à população carente na favela Paraisópolis, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2021. Muitas vezes, a sociedade civil organiza ações para combater a fome e a desigualdade de modo voluntário, independente do poder público.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

í bê gê Éeduca

Disponível em: https://oeds.link/9rmTBT. Acesso em: 6 abril 2022.

Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com dados sobre o Brasil contemporâneo apresentados em linguagem adequada a jovens.

Painel

Diversificação nas artes e na cultura (1985-2022)

Ao longo dos últimos 40 anos, as artes e a cultura se diversificaram. A música popular e as artes plásticas são expressões importantes e revelam essa diversificação.

A música sertaneja, em geral cantada por duplas de homens e que até os anos 1970 era uma manifestação da vida rural, dividia-se entre os chamados “alienados” e os “engajados”, que compunham canções de apôio ou de contestação ao govêrno.

A música sertaneja passou por mudanças sensíveis nos anos 1990 e 2000. Mulheres também começaram a se destacar nesse setor, e o gênero musical popular no meio rural tornou-se um produto de consumo urbano, estimulado pela indústria cultural de massaglossário . Na condição de entretenimento, as letras das canções tratam de temas como ciúmes, amores desfeitos e ostentação de riqueza. Para muitos estudiosos, um produto da indústria cultural de massa não é considerado arte.

Na música, movimentos como o hip hop também ganharam importância nos últimos anos. Expressão de jovens da periferia das grandes cidades, os artistas desse movimento cantam sobre temas da sua realidade social. O hip hop começou a ser praticado no Brasil a partir dos anos 1980, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, sendo bem conhecido antes em comunidades de imigrantes latinos e de afro-americanos de Nova iórque, Estados Unidos.

O hip hop não se limita à música, abrangendo também o rap (rhytm and poetry, ou “ritmo e poesia” em português), fórmas de dança e grafite. Trata-se, portanto, de uma cultura mais ampla do que apenas musical, envolvendo também fórmas literárias, modos de falar (gírias) e de se vestir. Estimuladas pela cultura do hip hop, cresceram no Brasil nos anos 2000 as competições de poetry slam, batalhas artísticas de poesia falada, avaliadas por um júri, em que os jovens da periferia dos centros urbanos versam sobre as adversidades cotidianas e temas sociais diversos, como racismo, desigualdade social e violência, com a elaboração de poesias autorais que tecem críticas sociais.

Fotografia. No centro de um palco iluminado por canhões de luz que emitem luzes amarelas, há um homem em pé, de cabelos crespos, castanhos e curtos, com uma barba cerrada e escura no rosto. Ele usa um par de óculos sobre o rosto e um ramo de arruda atrás da orelha. Veste uma jaqueta aberta colorida estampada com flores e uma camiseta branca. 
Está de olhos fechados, com a boca aberta, um dos braços erguido para o alto; com o outro braço, flexionado junto ao corpo, segura um microfone na frente de seu rosto.
Show do rapper Emicida durante o Festival Turá, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2022.

O Brasil no cenário internacional

A partir da década de 1990, o Brasil conquistou um papel de liderança na América Latina, sendo detentor do maior Píbi nessa região. No cenário internacional, o país adquiriu influência e consolidou-se entre as dez maiores economias do mundo, destacando-se por sua produção agropecuária, aeronáutica e petroquímica, entre outros setores.

Entre os princípios fundamentais que orientam a política internacional brasileira, segundo a Constituição, destacamos: o respeito pelos direitos humanos (o país é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Organização das Nações Unidas, a Organização das Nações Unidas, em 1948); a solução pacífica dos conflitos; o repúdio ao terrorismo e ao racismo; a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; a concessão de asilo político (acolhimento de cidadãos estrangeiros que fogem de perseguição política) etcétera

Além disso, o Brasil marcou sua presença no cenário internacional por meio da:

  • participação no Mercosul, um bloco intergovernamental fundado em 1991, que visa à integração econômica de países da América do Sul. Entre os membros plenos, estão Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai;
  • participação no gê vinte, grupo formado pelos governos e chefes dos bancos centrais das maiores economias do mundo, criado em 1999 com o objetivo de promover a estabilidade econômica mundial;
  • associação a um grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China, criado em 2009 a fim de estabelecer cooperação econômica, científica e tecnológica entre esses países. Com o ingresso da África do Sul em 2011, o grupo passou a se chamar Brics.
  • liderança da missão da Organização das Nações Unidas no Haiti, com a participação das fôrças armadas na reconstrução do país após o terremoto ali ocorrido em 2010;
  • parceria com governos africanos para possibilitar o uso de novas tecnologias agrícolas naquele continente;
  • implantação de programas que levaram milhares de estudantes de universidades brasileiras ao exterior para estudar, bem como trouxeram estudantes da África e da América Latina para se formarem em universidades brasileiras, até 2016.

Essas ações são exemplos de como a política externa teve efeitos sobre a vida social, cultural e econômica dos brasileiros.

Fotografia. Sobre um palanque azul, três fileiras de pessoas em pé. Elas estão dispostas em duplas e há dezenas de duplas. Cada dupla é composta por uma pessoa usando um uniforme médico, como um avental branco ou um uniforme vermelho de paramédico, e máscara de proteção sobre o rosto, e outra pessoa vestindo terno e gravata, caso da maioria dos homens, ou outro traje formal, caso das mulheres e de alguns homens. Ao fundo, um painel branco com o texto, originalmente em inglês: 'G20. Itália, 2021. Pessoas, Planeta. Prosperidade'. Logo abaixo, dezenas de bandeiras.
Reunião do gê vinte, em Roma, Itália. Fotografia de 2021. Temas econômicos, sociais e climáticos foram discutidos nesse evento.

Violência social e luta por direitos

Ao longo da história do Brasil, vários grupos sociais foram excluídos do poder (político, econômico e ideológico). Entre os excluídos, estão negros, povos originários, mulheres, homossexuais, camponeses e pobres.

Esses grupos sociais sofreram diversos tipos de violência, provocados, em grande medida, por preconceitos e estereótipos relacionados a cor, etnia, gênero, orientação sexual, ocupação e classe social. Além disso, durante muito tempo, foram impedidos de participar da política e usufruir de uma educação de qualidade.

Apesar das dificuldades, grupos historicamente marginalizados lutam pela democratização do poder, buscando por meio de movimentos sociais a superação da violência e a ampliação de seus direitos. Como resultado, os governos têm criado leis e implementado ações afirmativas.

As ações afirmativas são um conjunto de políticas que têm como objetivo combater as discriminações e compensar os danos provocados por injustiças sociais construídas historicamente. Alguns exemplos de ações afirmativas são a demarcação de terras indígenas, a criação de cotas para pessoas negras nas universidades públicas e a criação de cotas para mulheres nas candidaturas partidárias.

Fotografia. Em uma via pública, uma multidão de pessoas em manifestação, portando cartazes e faixas, com destaque para o texto: 'Vidas negras importam'.
Protesto antirracista em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Fotografia de 2020. Em 20 de novembro desse ano, ocorreram protestos antirracistas em muitas cidades brasileiras. O estopim foi o espancamento e morte por asfixia do soldador negro João Alberto Silveira Freitas por seguranças de um supermercado.
Ícone. Ponto seguido de dois arcos inclinados à direita indicando o boxe Dica: internet.

dica internet

Blog do – Instituto Brasileiro de Economia

Disponível em: https://oeds.link/wM1mnp. Acesso em: 6 abril 2022.

Acompanha a retomada da economia mundial após a pandemia de covid-19 e situa o Brasil nesse cenário.

Desafios éticos

De acordo com a Constituição Federal, “todos são iguais perante a lei”. Entretanto, na vida cotidiana observa-se outra realidade. As pessoas são tratadas de fórma diferente dependendo, por exemplo, de sua renda ou de seu poder econômico.

Assim, muitos cidadãos brasileiros não usufruem de direitos fundamentais, como frequentar escolas de qualidade, ter acesso a bons serviços de saúde, moradia, segurança pública e justiça. Além disso, muitos são discriminados por motivos relacionados a cor, orientação sexual ou religião.

A transformação do Brasil em um país mais democrático requer ações em vários níveis. Há tarefas que cabem ao Estado e outras, aos cidadãos. O fato é que também precisamos mudar nossas próprias atitudes em prol da construção do bem coletivo e de uma sociedade mais ética.

Quadrinho em preto e branco. História contada em quatro quadros. Um menino de cabelos escuros, curtos e espetados para o alto, vestindo um avental de mangas compridas com um bolso na lateral, um lápis no bolso, uma camisa branca e uma bermuda escura: Manolito. 
Uma menina de cabelos escuros na altura do ombro, volumosos, enfeitados por um laço no topo da cabeça, trajando um vestido estampado com gola branca e botões: Mafalda.
Quadro 1. Manolito observa dois homens adultos, caminhando lado a lado, vestidos com casacos escuros, camisa clara, gravata, calças compridas. Um deles tem cabelos lisos e curtos, o outro é calvo. Balão de fala do primeiro homem: 'Tomara!', e o outro, também com um balão de fala: 'É, tomara!'. 
Quadro 2. Manolito e Mafalda caminhando lado a lado. Manolito com o balão de fala: 'As pessoas esperam que o ano que está começando seja melhor que o anterior'. 
Quadro 3. Mafalda e o Manolito, caminhando em uma calçada diante de um tapume.
Quadro 4. Mafalda, frente a frente com Manolito. Mafalda com um balão de fala: 'Aposto que o ano que está começando espera que as pessoas é que sejam melhores'.
Mafalda, tirinha de Quino, 1991.
Fotografia. Junto à uma barreira de pedras diante do mar, um grupo de pessoas sobre as rochas, usando luvas de proteção compridas, recolhem o óleo concentrado em uma mancha marrom sobre as águas verdes. Elas depositam o material em baldes de plástico reutilizado. Algumas pessoas usam máscaras sobre seus rostos.
Voluntários recolhem óleo que atingiu a Praia do Janga, em Paulista, Pernambuco. Fotografia de 2019. Essa e outras praias do litoral brasileiro foram atingidas pelo vazamento de um navio petroleiro. A imagem retrata o empenho da população para amenizar os efeitos desse vazamento, considerado um dos maiores desastres ambientais do Brasil.

Outras Histórias

As lutas das mulheres no século vinte e um

Feminismo é o movimento social e político que defende a construção da igualdade entre homens e mulheres. Esse movimento é antigo e, no século vinte e um, ampliou sua influência na luta pela igualdade de gênero. Leia, a seguir, um texto sobre as lutas das mulheres por direitos.

“No fim do século dezenove e início do século vinte reticências, mulheres se juntaram para reivindicar pautas como o direito ao voto. Em geral, eram brancas e de classe alta. Concomitantemente, mulheres trabalhadoras e de etnias não brancas, inicialmente não identificadas como feministas, também se organizavam por direitos, reivindicando pautas ligadas às suas realidades. No decorrer do século vinte, esses grupos tensionaram a agenda dominante do feminismo.

No século vinte e um, o movimento ganhou fôlego renovado em várias partes do mundo, ampliando seu alcance por meio da internet e colocando em prática novas fórmas de mobilização e organização reticências.

Com protestos nas ruas, campanhas nas redes sociais, novos coletivos organizados por mulheres jovens reticências a partir dos anos 2010, muitos têm anunciado a chegada de uma nova onda feminista reticências. Em 2015, as brasileiras foram às ruas em várias cidades brasileiras em um movimento que ficou conhecido como Primavera Feminista.

reticências Desde o surgimento do feminismo moderno, o movimento obteve uma série de conquistas concretas que têm impacto sobre a vida e a autonomia de mulheres ao redor do mundo.

reticências No Brasil, a Lei Maria da Penha, de 2006, de combate à violência doméstica, a Lei do Feminicídio, de 2015, que agrava a pena de assassinatos cometidos com motivação ligada ao gênero, e a Lei de Importunação Sexual, de 2018, que trata do abuso sexual e da divulgação de imagens íntimas, foram resultado de mobilizações históricas do movimento feminista brasileiro reticências.”

LIMA, Juliana Domingos de. Feminismo: origens, conquistas e desafios no século 21. Nexo, 7 março 2020. Disponível em: https://oeds.link/wEk4gt . Acesso em: 12 junho 2022.

Capa de livro. Destaque para o retrato em preto e branco de uma mulher com cabelos escuros, crespos e volumosos. Em uma tarja cor de vinho na lateral da capa, o título: 'Empoderamento'; o nome da coleção 'Feminismos plurai' e o nome da autora 'Joice Berth'.
Capa do livro Empoderamento, de Joice Berth. Nesse livro, a autora reflete sobre o lugar da mulher negra na sociedade brasileira e defende que o empoderamento deve buscar mudanças na estrutura das relações de poder.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

Atividade

Que atitudes cotidianas você toma para promover a igualdade entre homens e mulheres? Debata o assunto com os colegas.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. O que o movimento Diretas Já! representou para o processo de redemocratização do Brasil?
  2. Este capítulo apresenta exemplos de conquistas democráticas da sociedade brasileira, como as promulgações da Constituição Federal de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Estatuto da Pessoa Idosa, além das lutas de indígenas, mulheres e jovens. Formem grupos e escolham um desses temas contemporâneos para elaborar um podcast. O professor vai orientá-los sobre as etapas de produção: roteiro, ensaio, gravação, edição e publicação. 
  3. No debate democrático contemporâneo, são muitos os caminhos apontados para melhorar a distribuição de renda no país. Pesquise o assunto e apresente ideias sobre o tema.

integrar com Língua Portuguesa

4. Na Língua Portuguesa podemos utilizar siglas e abreviaturas para reduzir o tamanho de palavras. Esse recurso é utilizado no cotidiano e também neste livro. Conheça alguns exemplos.

Siglas

Abreviaturas

BR

a.C.

EUA

d.C.

Funai

etc.

IBGE

n. ou

ONG

obs.

ONU

p. ou pág.

Unesco

Prof. ou Profa.

URSS

séc.

  1. Você conhece o significado dessas siglas e abreviaturas? Se não conhece, faça uma pesquisa.
  2. Crie uma frase sobre um dos assuntos abordados no capítulo utilizando uma sigla ou abreviatura.
  3. Reduzir o tamanho de palavras pode nos ajudar a economizar tempo e espaço. Atualmente, esse recurso é muito utilizado por usuários da internet. No seu cotidiano, você costuma reduzir palavras? Em sua opinião, esse recurso facilita a comunicação? Explique.

integrar com Língua Portuguesa e arte

5. Slams são competições ou batalhas de poesias faladas que abordam criticamente temas cotidianos e questões sociais diversas. Agora, organizem-se em grupos e produzam de fórma colaborativa uma poesia slam sobre o tema “Desafios éticos do século vinte e um”. Depois, gravem, se possível, essa produção textual utilizando um gravador ou um smartphone e compartilhem o resultado com os colegas pelas redes sociais, com a supervisão do professor. As poesias também podem ser

apresentadas em sala de aula por meio de uma batalha de slam entre os grupos. Ao final da atividade, debatam a seguinte questão: como promover atitudes éticas e gerar impactos sociais positivos no mundo contemporâneo? No debate, argumentem com base nas questões apresentadas na poesia slam de cada grupo. 

Interpretar texto e imagem

6. Leia um trecho da letra da música Cota não é esmola, da cantora e compositora brasileira Bia Ferreira. Em seguida, responda às questões. Lembre-se de que o objetivo da análise de um texto é compreendê-lo, decifrá-lo, e não necessariamente concordar com sua mensagem.

Cota não é esmola

Existe muita coisa que não te disseram na escola

Cota não é esmola

Experimenta nascer preto na favela, pra você ver

O que rola com preto e pobre não aparece na TV

Opressão, humilhação, preconceito

A gente sabe como termina quando começa desse jeito

Desde pequena fazendo o corre pra ajudar os pais

Cuida de criança, limpa a casa, outras coisas mais

Deu meio-dia, toma banho, vai pra escola a pé

Não tem dinheiro pro busão

Sua mãe usou mais cedo pra correr comprar o pão reticências .

COTA não é esmola. Intérprete: Bia Ferreira. Compositora: Bia Ferreira. [sem local]: Altafonte (Brasil), 2019. Plataformas digitais, faixa 4.

  1. O verso “Existe muita coisa que não te disseram na escola” parece pressupor que a escola só ensina assuntos oficiais, que representam o pensamento dominante, sem desenvolver o senso crítico. Você concorda com essa ideia? Argumente com base nas suas vivências escolares.
  2. Como você interpreta o título da canção: “Cota não é esmola”? Pesquise os efeitos das cotas voltadas para pessoas negras, pobres e indígenas no Brasil, principalmente no acesso à educação pública.
  3. Os versos “Experimenta nascer preto na favela, pra você ver/O que rola com preto e pobre não aparece na TV” estabelecem uma distinção entre o que acontece na realidade com os negros e aquilo que é veiculado pela televisão. Em sua opinião, essa distinção ocorre? Ou você percebe que houve mudanças nos programas de televisão para representar a realidade dos negros no Brasil? Comente.
  4. Com base nos versos “Opressão, humilhação, preconceito/A gente sabe como termina quando começa desse jeito”, dê exemplos de “como as coisas terminam” para muitos negros brasileiros vitimados pelo racismo.

Glossário

Privatização
: processo de venda de uma empresa ou instituição do setor público para o setor privado.
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Produto Interno Bruto (PIB)
: soma de todos os bens e serviços produzidos em um ano por um país, estado ou cidade. Neste caso, os dados referem-se ao Brasil.
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Indústria cultural de massa
: aquela que é produzida em larga escala e promove o lucro por meio dos produtos culturais, muitas vezes manipulando os consumidores.
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