UNIDADE  1 PRIMEIRA GUERRA, REVOLUÇÃO E REPÚBLICA

CAPÍTULO 1 PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E REVOLUÇÃO RUSSA

A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa foram dois grandes acontecimentos que marcaram o comêço do século vinte.

A Primeira Guerra Mundial foi assim chamada por ser um conflito armado que envolveu países de vários continentes. Já a Revolução Russa se distinguiu pelo objetivo de criar o primeiro Estado socialista da história.

Os desdobramentos desses acontecimentos influenciam os debates éticos e políticos até os dias atuais.

Ícone. Balão de fala indicando atividade oral.

responda oralmente

para começar

  1. Em sua interpretação, por que existem guerras? Debata esse assunto com os colegas.
  2. O que é uma revolução? Cite outras revoluções que você já tenha estudado nas aulas de História.
Fotografia. Em frente à entrada de uma estação de trem, uma escultura retrata um grupo de sete homens, vestindo fardas militares, em fila indiana. O primeiro da fila apoia seu corpo sobre duas muletas. Atrás dele, cada homem toca o ombro do indivíduo a sua frente. Eles usam faixas à frente dos olhos. Alguns homens carregam flores vermelhas em suas mãos.
Vitória sobre a cegueira, escultura de iorrâna dômque guiô, 2018, exposta em Manchester, Reino Unido. Fotografia de 2018. O monumento em homenagem às vítimas da Primeira Guerra Mundial exibe sete soldados que ficaram cegos em decorrência dos combates.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih um zero
  • ê éfe zero nove agá ih um um

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão dos temas tratados, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, e de assuntos correlatos, como o estudo das implicações desses processos históricos na vida social, política e econômica das populações envolvidas.

  • Compreender o contexto histórico em que ocorreu a Primeira Guerra Mundial.
  • Conhecer o estopim e as principais fases do conflito.
  • Refletir sobre os impactos da Primeira Guerra Mundial e as medidas tomadas após o confronto, incluindo a assinatura do Tratado de Versalhes e a criação da Liga das Nações.
  • Estudar a situação social, política e econômica do Império Russo pré-Revolução de 1917.
  • Analisar o processo revolucionário russo, desde a derrubada do czar até a ascensão de Josef Stálin.
  • Reconhecer as transformações socioeconômicas que fizeram da União Soviética uma das maiores potências do século vinte.

Para começar

1. Resposta pessoal. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que a devastação causada pelas guerras mundiais levou a reflexões sobre as características do próprio ser humano. Após a Primeira Guerra Mundial, ganhou fôrça a ideia de que não somos movidos apenas por sentimentos de generosidade e amor ao próximo. O psicanalista ciguimûn fróid (1876-1939), por exemplo, considerava a maldade e a agressividade traços inerentes a todos os seres humanos. Ressalte que muitos estudiosos defendem que as características humanas são preponderantemente sociais, podendo, por isso, ser transformadas. Empatia e solidariedade são duas delas, e o estudo de uma situação de guerra generalizada é propício ao exercício dessas características humanas que devem ser estimuladas.

Para complementar essa reflexão, sugerimos a leitura, com a turma, das cartas de ciguimûn fróid(1876-1939) e Álbert Ainstén (1879-1955) que refletem sobre a temática “Por que a guerra?”. Elas podem ser encontradas no livro A dinâmica da agressão.

rocânson, djéqui ê.; megardjí, éduin I. A dinâmica da agressão. São Paulo: ê pê u, 1976.

2. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, explique que, de modo geral, o termo “revolução” se refere a mudanças rápidas e profundas em uma sociedade. Ao longo desta coleção, eles estudaram revoluções, como a Francesa e a Inglesa.

Pintura. No centro da imagem, que retrata uma cidade de construções baixas com telhados cobertos de neve,  há um homem de tamanho desproporcional, maior que os edifícios ao redor. Em pé, ele veste um casaco marrom, uma calça escura e um cachecol ao redor de seu pescoço. Ele segura a haste de uma longa bandeira vermelha que se espalha pela cidade. Nas ruas, abaixo dele, uma multidão preenche as vias urbanas.
O bolchevique, pintura de 1920. A obra apresenta uma alegoria da Revolução Russa: um bolchevique gigantesco segura uma bandeira vermelha, um dos símbolos da revolução, enquanto caminha entre a multidão.
Fotografia. No centro, um grupo de meninos agachados ao redor de um brinquedo com torres verticais coloridas. Em segundo plano, os destroços de uma construção.
Crianças brincam nas ruínas da Praça Drouet-d´Erlon, durante a Primeira Guerra Mundial, em Reims, França. Fotografia de 1917.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

As ações militares ocorridas durante a Primeira Guerra Mundial, concentradas principalmente na Europa, envolveram os impérios coloniais e outras nações da América, da Ásia e da Oceania. Entre as causas desse conflito, destacam-se as disputas econômicas imperialistas e a manipulação ideológica do nacionalismo.

Como toda ação humana, o nacionalismo também é histórico e singular. Isso significa que ele variou conforme a época, a sociedade e as circunstâncias. Sugerimos que, em uma conversa inicial com os estudantes, o tema deste capítulo (Primeira Guerra Mundial) seja introduzido com as questões motivadoras propostas na abertura. É importante que os estudantes sejam orientados a retomar conteúdos anteriores para fazer associações entre neocolonialismo, nacionalismo, capitalismo monopolista e Primeira Guerra Mundial.

Uma análise das transformações do nacionalismo (do final do século dezenove à Primeira Guerra Mundial) pode ser encontrada no livro Nações e nacionalismo desde 1780 (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990) do historiador britânico Eric róbisbáum. O reconhecimento da língua e da etnia era o principal critério que definia o direito de existência de um Estado nacional. Para róbisbáumas ligações entre o racismo e o nacionalismo eram profundas, especialmente em uma época na qual o racismo vinha se impondo como algo que pretendia ser um “discurso científico”. O nacionalismo não desapareceu no decorrer do tempo, podendo ser discutido à luz do tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, na medida em que a pluralidade de culturas não se extingue a partir do momento em que novas fronteiras são criadas em decorrência, por exemplo, de guerras. Conflitos como os que ocorreram recentemente na Europa Oriental (ex-Iugoslávia, Tchechênia e Ucrânia, por exemplo) recolocam a questão do nacionalismo na ordem do dia.

Explique para os estudantes que a Revolução Russa foi um dos acontecimentos históricos mais marcantes do século vinte. Aos olhos de críticos da época, o poder exercido pelo czar parecia um regime anacrônico que cedo ou tarde cairia, mas poucos previam a instalação do socialismo da maneira como ocorreu.

Como se pode ver, a História, certamente, não serve para prever o futuro. Indicações sobre as possibilidades futuras são possíveis a partir do estudo da História, mas sem previsões certeiras nem determinismos.

Assim, a partir do presente vivido pelos habitantes da Rússia e de outros países componentes da extinta União Soviética, podemos analisar o processo histórico da revolução e seus desdobramentos, que deram ao país a condição de superpotência mundial durante grande parte do século vinte.

Clima de tensão na Europa

No início do século vinte, diversos países europeus estavam envolvidos em disputas imperialistas e nacionalistas. Essas disputas foram se agravando e resultaram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Fotografia em preto e branco. Em uma fábrica, três mulheres vestindo macacões escuros estão em pé, inspecionando mísseis que estão suspensos. O chão ao redor delas está coberto por mísseis enfileirados.
Mulheres trabalhando em fábrica de munições no Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial. Fotografia de 1917. Segundo o Museu Imperial da Guerra britânico, o número de funcionárias em fábricas de munição, no Reino Unido, chegou a quase 1 milhão em 1918.

Disputas imperialistas

Desde meados do século dezenove, países europeus disputavam mercados e territórios na África e na Ásia. Entre as principais potências imperialistas da época estavam Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália, Portugal e Espanha. De modo geral, cada um desses países protegia seu mercado consumidor e tentava dificultar o crescimento econômico de seus concorrentes.

Entre 1905 e 1911, por exemplo, os governos da França e da Alemanha quase entraram em guerra pelo domínio do Marrocos. Para evitar o confronto, uma conferência internacional foi convocada em 1906. Nela, estabeleceu-se que o Marrocos continuaria sob domínio francês, mas essa decisão não agradou aos alemães. Para aliviar as tensões, o govêrno da França concedeu parte de seus domínios no Congo para a Alemanha.

Capa de jornal. Capa do 'Le Petit Journal'. No centro, há uma ilustração que representa a chegada de uma delegação a um porto. À direita, um grupo de homens desembarca de um navio. Eles vestem túnicas, capas e capuzes brancos. À frente do grupo, um homem vestindo uma túnica preta e um capuz branco. À esquerda, um homem em pé, vestindo um fraque militar escuro e um chapéu com abas e penas. Ele porta uma espada presa à sua cintura e leva o braço direito ao chapéu, em um cumprimento ao homem de túnica preta. Em segundo plano, no porto, no convés do navio ancorado, marinheiros observam a cena. Ao fundo, a baía, edifícios e casas.
Capa do jornal francês Le Petit Journalmostrando a chegada da delegação de Marrocos à Conferência de Algeciras, na Espanha, na qual seria discutido o status colonial do Marrocos, em 1906. Treze nações participaram da conferência e apenas a delegação da Áustria ficou do lado dos alemães.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Clima de tensão na Europa”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero, ao tratar de conflitos vivenciados na Europa.

Disputas nacionalistas

Além das disputas imperialistas, movimentos nacionalistas aumentaram as tensões na Europa. Entre os principais movimentos nacionalistas do início do século vinte, destacam-se: o pan-eslavismo, que desejava unir os povos eslavos da Europa Oriental com apôio da Rússia e da Sérvia; o pangermanismo, que pretendia anexar à Alemanha regiões da Europa Central (onde viviam povos de origem germânica); e o revanchismo francês, que defendia a recuperação da Alsácia-Lorena, a qual a França foi obrigada a entregar à Alemanha após a derrota na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).

Cartaz. No centro de um mapa ilustrado da Europa, um polvo cinza usando capacete militar preto decorado com uma águia dourada estende seus tentáculos sobre a França e a Rússia. À esquerda dele, sobre o território da França, um soldado vestindo casaco cinza, calça e quepe vermelhos fere o polvo com uma baioneta. À direita do polvo, sobre o território da Rússia, um soldado vestindo calças escuras e casaco vermelho e um capacete preto ergue uma espada para ferir o polvo. No alto do cartaz, está escrito, originalmente em língua francesa: Aqui nós lemos A Revanche. Na parte inferior, lê-se: Em todos os lugares, cinco cêntimos o número.
Aqui lemos – A Revanche, cartaz sobre o revanchismo francês,1886. Na imagem, a Alemanha é representada como um polvo que espalha seus tentáculos por diversos territórios.

O objetivo desses nacionalismos era reunir povos de matrizes culturais semelhantes em um mesmo Estado, o que motivou disputas territoriais. Uma importante disputa territorial nacionalista envolveu o domínio, pela Áustria-Hungria, da região da Bósnia-Herzegovina (1908), onde parte da população era eslava. Essa anexação contrariava o projeto da Sérvia de criar uma grande nação eslava. Em reação, os movimentos nacionalistas sérvios passaram a agir com violência contra a Áustria-Hungria.

Corrida armamentista e política de alianças

Diante do risco de uma guerra, as principais potências da Europa estimularam a produção de armas e ampliaram suas fôrças militares, dando início a uma corrida armamentista.

Além das armas militares, os governos perceberam a necessidade de fortalecer seus veículos de comunicação e propaganda, que se tornaram fundamentais na divulgação das versões dos acontecimentos que interessavam a cada país. A guerra de informações não tinha compromisso com a verdade e se baseava, sobretudo, em notícias falsas. Assim, o cinema, o megafone, a telefonia e o telégrafo serviram como instrumentos militares.

Os governos das potências europeias também fizeram alianças que dividiram a Europa em dois grandes blocos a partir de 1907:

  • Tríplice Aliança – inicialmente formada pelas fôrças da Alemanha, da Áustria e da Itália, apoiadas por turcos e búlgaros;
  • Tríplice Ententeglossário inicialmente formada pelas fôrças da França, do Reino Unido e da Rússia, com o apôio de sérvios, belgas, gregos e romenos.

Durante a Primeira Guerra Mundial, algumas fôrças mudaram de lado, a exemplo da Itália, que passou para o lado da Entente em 1915, depois de receber promessas de compensações territoriais.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o texto do historiador francês Renê Rêmónque promove uma reflexão sobre as dificuldades de identificação das causas dos grandes acontecimentos, como a Primeira Guerra Mundial.

As origens da guerra

“O caso das causas dos grandes acontecimentos é o caso particular de um problema que já encontramos mais de uma vez. Quer se trate de revoluções ou de guerras o problema é o mesmo: como pode algo de novo sair do antigo? Como se passa de um estado a outro, reticências de um estado de paz internacional a um conflito?”

As origens são múltiplas

“Algumas causas são circunstanciais e imediatas. São aquelas que uma análise propriamente cronológica põe em evidência. A conflagração do mês de agosto de 1914 resulta da crise diplomática que estalou no dia 28 de junho de 1914, com o atentado em Saraiêvo. E reconstituir o encadeamento dos acontecimentos que conduz do assassínio do arquiduque Francisco Ferdinando à deflagração de guerra é uma primeira maneira de responder à questão. É a crise do verão de 1914, uma crise militar e diplomática.

Mas não passa de uma resposta provisória, pois, se o acidente de 28 de junho desencadeou tais consequências, foi porque surgiu num contexto portador das virtualidades de guerra. Noutras alturas, o mesmo acidente teria emocionado a opinião pública, mas não teria tido as consequências graves. São as causas preexistentes, as engrenagens e os mecanismos desta máquina infernal que é necessário desmontar.

Para esta questão, que nos faz recuar um pouco mais no passado, propõem-se várias respostas.

Uma é jurídica. Tem a seu favor a vantagem da simplicidade e teve também durante muito tempo a autoridade de um veredito judicial. É a que é caucionada [garantida] pelo Tratado de Versalhes no Artigo. 231, que atribui a responsabilidade da guerra às potências centrais e, em especial, à Alemanha. Explicação simples. Para que procurar mais longe? A causa da guerra reside na vontade de fazer a guerra por parte de uma ou diversas potências que desejam instaurar a sua hegemonia. reticências

A segunda explicação é de origem econômica: a guerra teria resultado da conjuntura e da inadequação das estruturas. O esquema é clássico e vamos ver como se aplica à Alemanha. A economia alemã estava em expansão. Um desenvolvimento contínuo era para ela uma necessidade vital. reticências A sua rentabilidade exigia que a Alemanha encontrasse novos mercados. A sua política comercial estava inteiramente voltada para a conquista dos mercados externos. reticências

Ao mesmo tempo que procura abrir mercados para si, a Alemanha fecha-se ao comércio externo. É o que a distingue da Grã-Bretanha. reticências A Inglaterra renunciou ao protecionismo em 1846 e aboliu, em 1849, o Ato de Navegação. A Alemanha, pelo contrário, conjuga uma política de exportação reticências com uma política de encerramento do seu mercado interno. É uma política reticências que a leva a entrar em conflito com outras potências.”

Qual o valor deste esquema explicativo?

“Todos os trabalhos dos historiadores, nomeadamente reticências P. renuvã, reduzem-lhe o alcance. É demasiado sistemático: reticências nada tornava inevitável o recurso à guerra. Outras possibilidades se lhe ofereciam. Não é verdade que à economia alemã restasse apenas a alternativa da guerra.

É forçoso levar em reticências conta um conjunto de fatores diferentes, políticos, militares, psicológicos. reticências

Vários Estados europeus debateram-se com sérias dificuldades, e é forte a tentação para procurar reticências consolidar as posições mediante sucessos externos: em 1914 raciocina-se com base nas guerras do século dezenove, nas quais os riscos eram limitados. reticências

Ao lado das dificuldades internas, as dificuldades externas. As dificuldades que as nacionalidades suscitam tanto à Áustria-Hungria encontram alimento além-fronteiras.

São estes os aspectos de um fenômeno que foi uma causa determinante do conflito: o movimento das nacionalidades, a aspiração à independência nacional, a reivindicação da unidade ou do separatismo, conforme as situações.

Estes elementos são ainda agravados pela expansão ultramarina e pela corrida aos raros territórios ainda disponíveis

A situação internacional caracteriza-se a partir de 1900 por aquilo a que se chama a ‘paz armada’. A expressão associa dois elementos característicos: os sistemas de alianças e a corrida aos armamentos. reticências

A conjugação dos sistemas de alianças e da corrida aos armamentos faz crescer o mecanismo da generalização do conflito a partir de uma rivalidade limitada. Eis a originalidade da guerra mundial. Houvera guerras no século dezenove, mas sempre limitadas: a de 1914 estendeu-se à Europa e ao mundo em consequência da paz armada.”

Remón, Renê. Introdução à história do nosso tempo. Lisboa: Gradiva, 1994.página 283-286.

Explode o conflito armado

O estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando (1863-1914), herdeiro do trono austríaco, em 28 de junho de 1914, na cidade de saraiêvo. Essa cidade era a capital da Bósnia-Herzegovina, que estava sob o domínio do Império Austro-Húngaro. O autor do crime, que atirou no arquiduque e em sua esposa Sofia, foi o estudante nacionalista sérvio Gavrilo príncip (1894-1918).

Após o assassinato do arquiduque, a Áustria declarou guerra à Sérvia. Pouco tempo depois, as fôrças militares da Tríplice Entente e da Tríplice Aliança entraram em guerra. Tinha início a Primeira Guerra Mundial.

Observe no mapa a localização dos países e suas alianças nesse conflito bélico.

Europa: política de alianças (1914)

Mapa. Europa: política de alianças (1914). Continente europeu dividido territorialmente em países e impérios. Em verde claro, 'Tríplice Aliança (1822) e aliados', compreendendo a Alemanha (capital Berlim), Áustria-Hungria (capital Viena), Bósnia-Herzegovina, Bulgária (capital Sófia) e Império Turco-Otomano (capital Istambul) (Turquia - 1918) . Em amarelo claro, 'Tríplice Entente (1907) e aliados', compreendendo Reino Unido (capital Londres), França (capital Paris), Portugal (capital Lisboa), Sérvia (capital Belgrado), Império Russo (capital São Petersburgo), Romênia (capital Bucareste) e Grécia (capital Atenas). Em amarelo com listras verdes, 'Maio 1915 - Itália entra na guerra, mas do lado da Tríplice Entente', compreendendo a Itália (capital Roma). Em laranja 'Países neutros', compreendendo a Espanha (capital Madri), Islândia (capital Reikjavik), Noruega (capital Cristiânia), Suécia (capital Estocolmo), Dinamarca (capital Copenhague) e Países Baixos (capital Amsterdã). Em verde escuro, 'Países invadidos pelas forças da Alemanha e da Áustria-Hungria', compreendendo a Bélgica (capital Bruxelas), Albânia (capital Durazzo) e Montenegro (capital Cetinje). Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 430 quilômetros.
Fontes: Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartesParis: Larousse, 1987.página 84; ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo/Times Books 1985.página 249.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Quais países faziam parte da Tríplice Aliança e quais faziam parte da Tríplice Entente em 1914? Quais países se mantiveram neutros?

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que apresenta aspectos da Primeira Guerra Mundial, como mudança no ritmo das batalhas, novas armas utilizadas e apôio oferecido pela população europeia a esse confronto.

Uma guerra em impasse

“A guerra começou em agosto de 1914 e acreditava-se que fosse vencida antes do Natal ou logo depois. Quando os alemães e seus aliados, os austro-húngaros, entrechocaram-se com os russos no Léste Europeu, lutando contra os exércitos francês e reticências [britânico] nas planícies do norte da França, e os austríacos lutavam contra os sérvios, a guerra parecia estar caminhando rapidamente para um fim bem próximo. A Alemanha acabou saindo como vencedora precoce, mas as baixas foram enormes.

O poder de fogo das metralhadoras mais modernas e das armas pesadas, puxadas por cavalos, era tão devastador que os soldados que avançavam contra o inimigo eram dizimados aos milhares, e os que os substituíam também acabavam tendo o mesmo destino. No espaço de alguns meses, na maior parte dos campos de batalha, os soldados tinham de cavar centenas de quilômetros de trincheiras e fazer muros de arame farpado para sua própria proteção. As longas trincheiras dos campos de batalha, com profundidade suficiente para um soldado ficar em pé e não ser visto pelo inimigo próximo, eram, na verdade, nada mais que uma fôrma de escudo.

Mas os exércitos inimigos pararam de mover-se rapidamente, como nas guerras passadas, e a guerra, então, tornou-se defensiva. Qualquer tentativa de um exército de deixar o abrigo das trincheiras e movimentar-se para a frente geralmente levava à conquista de uma faixa minúscula de território, até que uma chuva de granadas e balas vindas do lado oposto forçassem uma retirada. Em dias como esses, as mortes eram contadas às dezenas de milhares.

Na maioria das frentes de batalha, nas últimas semanas de 1914, a guerra atingiu um impasse. O que era para ser a Grande Guerra de 1914 tornava-se Grande Guerra de 1914-1915, e, mesmo assim, os meses continuavam a passar. Em abril de 1915, numa tentativa de acabar com o impasse, reticências [britânicos] e franceses, junto com os australianos e os neozelandeses, lançaram uma nova frente nas praias da Turquia, junto a Galípoli, na entrada do Estreito de Dardanelos. Esperavam derrotar a Turquia em poucas semanas, usar o Dardanelos liberado como Róta marítima aos portos do sul da Rússia e, assim, enviar armas e munições que poderiam equipar os enormes exércitos russos; e esperava-se, ainda, que os exércitos russos pressionassem os alemães na frente oriental. Os turcos, porém, cavaram trincheiras como escudo, impediram o progresso desse setor da guerra e forçaram os invasores a se retirar no fim daquele ano.

O impasse militar desafiou as previsões de todos, com exceção de alguns generais de grande talento e de estrategistas teóricos. Nada parecido havia sido visto na história do mundo. É comum os generais, mas, na maioria dos países em guerra, até as mães, esposas e namoradas, inicialmente estavam dando apôio, acreditando que, com a ajuda da propaganda, o eterno derramamento de sangue terminaria milagrosamente com a derrota do inimigo exausto.”

blêini, djóffri. Uma breve história do mundo. São Paulo: Fundamento, 2007. página. 298-300.

Observando o mapa

A Tríplice Aliança era formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Bósnia-Herzegovina, Bulgária e Império Turco-Otomano. Já a Tríplice Entente era composta de Reino Unido, França, Portugal, Grécia, Sérvia, Romênia e Império Russo. Em 1915, a Itália entra na guerra, do lado da Tríplice Entente.

Principais fases do conflito

O início da Primeira Guerra Mundial despertou entusiasmo em muitos europeus. Multidões agitavam bandeiras, assistiam a paradas militares e aplaudiam os soldados embarcando nos trens rumo às batalhas. A maioria acreditava que a guerra seria resolvida em pouco tempo. Porém, a realidade foi outra. A guerra prolongou-se por quatro anos, três meses e 14 dias e mobilizou mais de 60 milhões de combatentes. A euforia inicial transformou-se em desespero diante de tantas mortes provocadas pelos novos armamentos destrutivos.

Os quatro anos da Primeira Guerra Mundial costumam ser divididos em três fases principais:

  • primeira fase (1914-1915) – marcada pela movimentação das fôrças em confronto. Os alemães avançaram sobre os territórios da Bélgica e da França. Os franceses organizaram uma contraofensiva barrando o avanço sobre Paris. A partir daí, nenhum dos lados conseguiu vitórias expressivas, mantendo-se um equilíbrio de fôrças nas frentes de combate;
  • segunda fase (1915-1917) – teve destaque a guerra de trincheirasglossário . Na fronteira entre Bélgica, França e Alemanha, formaram-se linhas de ataque e defesa com trincheiras. Cada lado tentava manter sua posição e evitar que os inimigos avançassem. Essa fase foi penosa e cruel para os soldados. A Batalha do Somme (1916), por exemplo, resultou em mais de 1 milhão de combatentes mortos e feridos, sendo considerada uma das mais sangrentas da guerra;
  • terceira fase (1917-1918) – caracterizada pela entrada dos Estados Unidos no conflito e pela saída da Rússia devido à Revolução de 1917.
Fotografia. Diante de uma parede, quatro soldados de cabelos raspados olham para a câmera. Dois deles estão sentados lado a lado, sobre uma caixa de madeira. Vestem uniformes na cor cáqui e botas. Um deles, à esquerda, usa um chapéu sem abas, de tradição islâmica, na cor vermelha. Há um soldado sentado no chão, vestindo uma camisa branca e uma calça cáqui. Ao lado dele, há um soldado em pé, vestindo uniforme cáqui e botas. Ao fundo armas de fogo; um capacete e uma pá estão encostados na parede.
Soldados senegaleses servindo no exército francês como membros de infantaria descansam em uma sala com armas e equipamentos em Saint-Ulrich na região da Alsácia, França. Fotografia de 1917. A entrada de tropas de países africanos colonizados por europeus aconteceu sobretudo na terceira fase da Primeira Guerra Mundial.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Explode o conflito armado”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero, ao tratar de conflitos mundiais e conflitos vivenciados na Europa. Já o boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Fim da guerra

A marinha alemã, utilizando submarinos, afundou alguns navios estrangeiros alegando que essas embarcações levavam armas e alimentos para seus inimigos. Em 1915, submarinos alemães afundaram o navio Lusitânia, que, navegando pelo Atlântico, transportava pessoas e cargas dos Estados Unidos para o Reino Unido.

Esse episódio, somado a outros naufrágios, levou o govêrno dos Estados Unidos a se aliar à Tríplice Entente em 1917. No mesmo ano, o govêrno do Brasil entrou na guerra após um submarino alemão bombardear o navio mercante brasileiro Paraná, que navegava próximo à França, transportando café; três brasileiros da tripulação morreram.

Com seu poder econômico e militar, a entrada dos Estados Unidos na guerra fortaleceu a Tríplice Entente. A partir de 1918, os alemães ficaram isolados em suas fronteiras, sem condições de sustentar os combates. No dia 11 de novembro de 1918, o govêrno da Alemanha assinou um acôrdo de paz (armistício), o que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de homens e mulheres sorridentes, lado a lado, portando hastes com bandeiras do Reino Unido.
Comemoração do fim da Primeira Guerra Mundial em Londres, Reino Unido. Fotografia de 1918.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

RRAUARDmáikol Primeira Guerra Mundial. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême Editores, 2010.

A obra apresenta o contexto europeu em 1914, o início da guerra, suas principais batalhas e seus impactos ao longo do século vinte.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Leia com a turma os trechos a seguir do livro Nada de novo no front, do escritor alemão éric maria remárque (1898-1970), que participou da Primeira Guerra Mundial quando tinha dezoito anos. Durante o conflito, feriu-se três vezes, uma delas seriamente. Em 1929, ele publicou esse livro, no qual relata suas duras experiências na guerra.

Durante a leitura, destaque os seguintes pontos para os estudantes:

  • as mortes nas linhas de batalha;
  • a insônia desses soldados;
  • a idade dos combatentes.

Trecho 1

“Este livro não pretende ser um libelo nem uma confissão, e menos ainda uma aventura, pois a morte não é uma aventura para aqueles que se deparam face a face com ela. Apenas procura mostrar o que foi uma geração de homens que, mesmo tendo escapado às granadas, foram destruídos pela guerra.”

Trecho 2

“Há quinze dias, tivemos de ir para a linha de frente, para revezamento. O nosso setor estava razoavelmente calmo; por isso, o cozinheiro recebera para o dia da volta a quantidade normal de mantimentos, e tinha-se preparado para alimentar uma companhia de cento e cinquenta homens. Acontece que, justamente no último dia, estivemos sob fogo cerrado da artilharia inglesa, que martelara nossa posição sem cessar, de modo que tivemos muitas baixas, e voltamos com apenas oitenta homens.

Era noite quando chegamos, e logo deitamo-nos para dormir. Porque catínsqui [o líder do grupo] está com a razão: a guerra não seria tão insuportável se a gente pudesse dormir mais. Isto nunca se consegue na linha de frente, e quinze dias representam muitas horas de pouco sono.

Já era meio-dia quando os primeiros começaram a se arrastar para fóra das barracas. Meia hora depois, cada um pegaria a sua marmita e fôra se reunir aos outros, diante do caldeirão de gúlachi [picadinho de carne], que cheirava a gordura. Na ponta, é claro, os mais esfomeados: o pequeno , o mais inteligente de nós, que por isso, já é cabo; míler, o quinto, que ainda carrega livros escolares e sonha com o exame de segunda época; debaixo de fogo cerrado, estuda teoremas de física; lér, que deixou crescer a barba reticências e, em quarto lugar, eu, Todos os quatro com dezenove anos, todos os quatro saídos da mesma turma para a guerra.”

Nada de novo no front. São Paulo: Abril Cultural, 1981.página 7 e 8.

Impactos da guerra

Ao final da Primeira Guerra Mundial, cenas de destruição formavam a paisagem de diversos lugares da Europa. Os danos atingiram fábricas e plantações, casas e edifícios, pontes e estradas. Os dramas humanos foram imensos: calcula-se que houve aproximadamente, entre civis e militares, 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos.

A guerra provocou escassez de alimentos e miséria. A fome espalhou-se amplamente por vários setores da população. Os governos adotaram medidas de racionamento, restringindo a quantidade de alimentos que cada pessoa podia comprar. Produtos como carne, ovos, cereais, leite, manteiga e batata só eram encontrados no mercado clandestino por preços tão altos que apenas os mais ricos podiam comprá-los.

A população pobre enfrentava diariamente longas filas para conseguir um prato de sopa distribuído pelas organizações militares. Vivendo na miséria, muitas pessoas ficaram desnutridas e vulneráveis a doenças como tuberculose, tifo, cólera e gripe, que provocaram milhares de mortes. Aliás, em 1918, logo após o fim da guerra, espalhou-se pelo mundo a pandemia da chamada gripe espanhola (influenzavirus agá um êne um), que provocou milhões de mortes.

Fotografia em preto e branco. Em um  galpão amplo iluminado por pequenas janelas, diversas pessoas estão deitadas em leitos enfileirados lado a lado. Algumas pessoas estão sentadas sobre seus leitos.
No centro do galpão, há um homem em pé vestindo uniforme militar. Em primeiro plano, um homem sentado ao lado de um leito veste um jaleco claro e toma o pulso de um homem deitado.
Pacientes com gripe espanhola em hospital militar, em Kansas, Estados Unidos. Fotografia de cêrca de 1918.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, que pessoas são mais prejudicadas em uma guerra? Converse com os colegas, expondo a eles seus argumentos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento das competências .

Para pensar

Tema para reflexão e debate, com vistas ao estímulo da expressão de empatia por parte dos estudantes. Depois de ouvir as respostas, é possível ressaltar que os combatentes militares e as populações civis são os mais prejudicados em uma guerra. Na população civil, crianças, idosos, pessoas com deficiência e os mais pobres ficam bastante vulneráveis durante uma guerra. A atividade propõe que os estudantes reflitam e ajam (por meio do debate) com autonomia e responsabilidade, baseando-se nos conhecimentos construídos na escola e de acôrdo com princípios democráticos. Nesse debate de ideias, é possível reconhecer a si e ao outro como identidades diferentes. O reconhecimento de percepções diversas, a construção de argumentos para a resolução de divergências e a compreensão do movimento de populações no espaço (no caso, em razão da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa) e seus significados históricos também são derivações possíveis do desenvolvimento da atividade.

Estimativas do número de mortes

Observe o mapa a seguir, que apresenta estimativas do número de soldados mobilizados por país durante a Primeira Guerra Mundial e do número de mortes no decorrer do conflito.

Europa: Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Mapa. Europa: Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Continente europeu dividido territorialmente em países e impérios. Em verde, 'Países da Tríplice Aliança', compreendendo a Alemanha, com 13.250.000 soldados mobilizados e 1.950.000 mortos (estimado); Áustria-Hungria, com 9.000.000 de soldados mobilizados e 1.050.000 mortos (estimado). Em amarelo, 'Países da Tríplice Entente', compreendendo o Império Russo, com 13.000.000 de soldados mobilizados e 1.700.000 mortos (estimado); Sérvia, com 1.000.000 de soldados mobilizados e 322.000 mortos (estimado); França, com 8.200.000 soldados mobilizados e 1.500.000 mortos (estimado); Reino Unido, com 9.500.000 soldados mobilizados e 1.000.000 mortos (estimado); Japão, com 800.000 soldados mobilizados e 2.000 mortos (estimado). Em rosa, 'Países neutros', compreendendo Noruega, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Suíça, Albânia e Espanha. Em lilás, 'Países depois unidos à Tríplice Aliança', compreendendo a Bulgária (1915), com 950.000 soldados mobilizados e 49.000 mortos (estimado); Império Turco-Otomano (1914), com 2.850.000 soldados mobilizados e 325.000 mortos (estimado). Em roxo, 'Países depois unidos à Tríplice Entente' compreendendo Portugal (1916), com 100.000 soldados mobilizados e 7.222 mortos (estimado); Itália (1915), com 5.600.000 soldados mobilizados e 533.000 mortos (estimado); Grécia (1917), com 200.000 soldados mobilizados e 5.000 mortos (estimado); Romênia (1915), com 1.000.000 soldados mobilizados e 158.000 mortos (estimado); Estados Unidos (1917), com 3.800.000 soldados mobilizados e 116.000 mortos (estimado). À direita, rosa dos ventos, na parte inferior escala de 0 a 350 quilômetros.
Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha deSão PauloTimes Books 1995.página 248.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Indique os dois países que tiveram o maior número de mortos durante a Primeira Guerra Mundial.

A luta das mulheres

Durante a guerra, a produção econômica dos países foi direcionada para a fabricação de armas, munições, fardamento, veículos de transporte etcétera Enquanto milhões de homens participavam dos combates, muitas mulheres passaram a trabalhar nas indústrias, especialmente no Reino Unido, na França, na Alemanha e na Itália.

Com o fim do conflito, muitas mulheres continuaram no mercado de trabalho e ampliaram sua luta por direitos. O direito ao voto, por exemplo, foi conquistado pelas mulheres do Reino Unido, da Alemanha e da Áustria em 1918; da Bélgica, em 1919; dos Estados Unidos, em 1920; e do Brasil em 1932.

Fotografia. Cena de filme. Em um espaço aberto, uma multidão de mulheres, lado a lado, a maioria vestindo sobretudos e chapéus com abas. Algumas seguram bandeiras e portam faixas. Elas estão de braços dados, gritando. Ao fundo um policial de bigode, que usa um capacete escuro, observa a multidão.
Cena do filme As sufragistas, dirigido por Sarah gavrôn, 2015. O filme narra a luta das mulheres pelo direito ao voto no início do século vinte no Reino Unido.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Observando o mapa

Os dois países que tiveram o maior número de mortos durante a Primeira Guerra Mundial foram a Alemanha, com cêrca de 1,95 milhão de pessoas, e o Império Russo, com 1,7 milhão de mortos.

Outras indicações

Vídeos com debate entre os professores Felipe Loureiro, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, e João Roberto Martins, professor associado do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos.

  • História: debate Primeira Guerra Mundial parte 1 (Brasil). Universidade Virtual do Estado de São Paulotê vê, 2014. 29minutos. Disponível em: https://oeds.link/O5RedK. Acesso em: 23 março. 2022.
  • História: debate Primeira Guerra Mundial parte 2 (Brasil). Universidade Virtual do Estado de São Paulotê vê, 2014. 30minutos. Disponível em: https://oeds.link/b4Q4ug. Acesso em: 23 março. 2022.

Tratado de Versalhes

Após a rendição da Alemanha, os países vencedores (27 nações) realizaram uma série de conferências entre 1919 e 1920 para discutir as regras de um acôrdo de paz. As decisões tomadas nessas conferências resultaram no Tratado de Versalhes, que considerou a Alemanha a principal responsável pela guerra, obrigando os alemães a:

  • reduzir ao mínimo suas fôrças militares;
  • devolver a região da Alsácia-Lorena à França;
  • ceder alguns territórios aos governos da Bélgica, da Dinamarca e da Polônia;
  • dividir seu império colonial entre franceses e britânicos;
  • pagar uma indenização bilionária aos países vencedores.

As condições impostas pelo Tratado de Versalhes foram consideradas injustas, vingativas e humilhantes por muitos alemães. Para agravar a situação, o país atravessava um período de instabilidade política e econômica.

Pouco antes do fim da guerra, em 1918, o imperador alemão Guilherme segundo renunciou ao trono e políticos social-democratas chegaram ao poder, dando início à República de Weimar (1918-1933). O nome Weimar é uma referência à cidade alemã na qual foi elaborada a Constituição Republicana.

Além disso, o pós-guerra alterou profundamente o mapa político da Europa, desmembrando o território dos impérios vencidos e criando novos países. Observe algumas dessas transformações no mapa a seguir.

Europa: divisão política (1922)

Mapa. Europa: divisão política (1922). Continente europeu dividido territorialmente em países. Em verde, 'Novos países', compreendendo a Finlândia (capital: Helsinki); Estônia (capital: Tallin); Letônia (capital: Riga); Lituânia (capital: Kaunas); Polônia (capital: Varsóvia); Tchecoslováquia (capital: Praga); Áustria (capital: Viena); Hungria (capital: Budapeste) e Iugoslávia (capital: Belgrado). Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.
Fonte: Atlas historique: l’histoire du monde en 317 cartesLarousse página. 92-93.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

ESTADÃO. Especial 100 anos Primeira Guerra Mundial. Disponível em: https://oeds.link/ZodJWx. Acesso em: 9 agosto. 2022.

Série de textos, fotografias, ilustrações e vídeos relacionados ao conflito.

gê um. Entenda a 1ª Guerra Mundial em 20 fotos da época. Disponível em: https://oeds.link/KSz36L. Acesso em: 9 agosto. 2022.

Matéria especial com fotografias que representam acontecimentos significativos do conflito.

MARIUZZO, Patrícia. A Primeira Guerra Mundial pelas lentes do cinema. Ciência e Cultura, São Paulo, volume. 66, número. 2,página 64-65, junho. 2014.

Artigo sobre o uso do cinema como instrumento de propaganda dos países envolvidos na Primeira Guerra.

CORREIA, Sílvia Adriana Barbosa. Cem anos de historiografia da Primeira Guerra Mundial: entre história transnacional e política nacional. Topoi, Rio de Janeiro, volume. 15, número. 29,página 650-673, dezembro. 2014. Disponível em: https://oeds.link/iiJR1x. Acesso em: 9 agosto. 2022.

Artigo que procura analisar as principais tendências historiográficas dos cem anos posteriores ao início da Primeira Guerra Mundial, bem como os debates atuais acerca desse conflito.

Liga das Nações

Em 28 de abril de 1919, os membros da Conferência de Paz de Versalhes aprovaram a criação da Liga das Nações. Esse organismo internacional seria formado por representantes de países de todos os continentes. Sua séde situava-se na cidade de Genebra, na Suíça.

A principal missão da Liga das Nações era buscar a preservação da paz mundial, ideia sugerida por Uodrou Uilsom(1856-1924), presidente dos Estados Unidos à época. No entanto, senadores estadunidenses vetaram a participação do país na Liga das Nações, pois discordavam da fiscalização que os membros dessa entidade poderiam fazer sobre os tratados assinados após a guerra. Assim, os Estados Unidos desligaram-se da Liga das Nações mantendo uma política internacional isolacionista. Além disso, outros países, como a Rússia, afastaram-se da Liga das Nações, enfraquecendo ainda mais o organismo.

Charge. Imagem de um homem em pé, visto de perfil, com cabelos curtos, vestindo terno, gravata e um par de óculos no rosto. Segura um cachimbo com uma das mãos e uma das extremidades do cachimbo toca sua boca. Com a outra mão, ele toca uma bacia contendo um líquido borbulhante e o texto, na lateral, originalmente em inglês, 'Idealismo'. Do cachimbo, surge uma grande bolha de sabão, com o texto originalmente em inglês: 'Liga das Nações'.
Charge sobre a frágil participação de Uodrou Uilsom, então presidente dos Estados Unidos, e do país na Liga das Nações, 1919. Na imagem, Uodrou Uilsomé representado segurando um recipiente cheio de bolhas em que está escrito “idealismo”, enquanto sopra a bolha nomeada “Liga das Nações”.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Leia com a turma trechos de uma carta redigida pelo russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), considerado um dos maiores romancistas da literatura mundial. Durante o governo do czar Nicolau primeiro(1825-1855), Dostoiévski foi condenado à morte junto a outros intelectuais. Porém, próximo à data programada para sua execução, o escritor foi enviado para uma prisão na Sibéria. Nesse dia, Dostoiévski redigiu uma carta, reproduzida a seguir, para seu irmão.

“Fortaleza Pedro e Paulo

22 de dezembro de 1849

mirraíl mirrailovíti DOSTOIÉVSKI

Perspectiva Niévski, do outro lado da rua Griázni, na casa de Neslind.

Irmão, meu amigo precioso! Tudo se resolveu! Fui sentenciado a quatro anos de trabalhos forçados na fortaleza (de Oremburgo, acredito) e, depois, terei de servir como soldado. Hoje, 22 de dezembro, fomos levados para o Campo de Treinamento Semionov. Leram a sentença de morte, mandaram-nos beijar a Cruz, quebraram nossa espada acima de nossa cabeça, lavaram-nos e vestiram-nos (com camisa branca). Depois, amarraram três de nós aos postes de execução. Eu era o sexto. Chamaram três de cada vez; assim, eu estava na segunda leva e tinha apenas um minuto de vida. Lembrei-me de ti, irmão, e só de ti; no último minuto só tu estavas em meu pensamento, e só então me dei conta de como te amo, querido irmão! Também consegui abraçar Pliecheiev e Durov, que estavam perto de mim, e despedir-me deles. Por fim, soou a retirada, os que estavam amarrados aos postes foram soltos e anunciou-se que Sua Majestade Imperial nos concedera a vida. Seguiram-se as atuais sentenças. Só Palm foi perdoado e vai retomar seu antigo posto no Exército.

Disseram-me, querido irmão, que partiremos hoje ou amanhã. Pedi para ver-te. Disseram-me que era impossível; só posso escrever-te esta carta: responde-me o quanto antes. Temo que tomes conhecimento de nossa sentença de morte. A caminho do Campo de Treinamento Semionov vi uma multidão; talvez tivesses recebido a notícia e sofresses por mim. Agora ficarás mais tranquilo no que me diz respeito. Irmão! Não estou desanimado nem deprimido. A vida é a vida em toda parte, a vida está em nós, não no que está fóra de nós. Terei outras pessoas por perto, e ser um homem entre pessoas e continuar sendo um homem para sempre, não esmorecer nem sucumbir a qualquer infortúnio que me atinja – isso é a vida; essa é a tarefa da vida. Eu entendi isso. Essa ideia se incorporou a mim, penetrou em todo o meu ser. Sim, é verdade! A cabeça que criava, que vivia com a nobre vida da arte, que compreendia e aceitava as mais elevadas necessidades do espírito, essa cabeça já me foi arrancada. Restam-me as lembranças e as imagens que concebi mas ainda não formulei. Elas vão me dilacerar, é bem verdade! Mas restam-me o coração e o mesmo ser que também pode amar, sofrer, desejar, recordar, e isso é vida, afinal. reticências

— Teu irmão

Fiódor Dostoiévski”

úcher, shóun (organizador). Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.página 170.

Império Russo

O Império Russo (1721-1917) tinha um imenso território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados, que ocupava parte da Europa e da Ásia. Em 1914, quando o país entrou na Primeira Guerra Mundial, calcula-se que viviam nesse império mais de 150 milhões de pessoas.

No plano político, o Império Russo era uma monarquia absolutista, cujo imperador recebia o título de czar. Em russo, czar significa “césar”, título dos antigos imperadores romanos. Os czares governaram a Rússia do século dezesseis até 1917.

Joia. No alto, uma joia de formato oval, aberta, com o exterior verde, ornamentos dourados e pequenas pedras brilhantes. Diante dessa peça, há uma barra oval de coloração esverdeada com a miniatura de um navio ornamentado também dourado.
Ovo Fabergé, feito com ouro e pedras preciosas, produzido em São pétersbúrgo, Rússia, 1891. Essas joias faziam parte da vida luxuosa dos czares.

No início do século vinte, a economia da Rússia era predominantemente agrícola e 80% de sua população era formada por camponeses (). Até 1861, a maioria dos vivia sob um regime de servidão, que os obrigava a trabalhar em uma propriedade de terra e os impedia de serem proprietários.

A industrialização do país só começou a ser incentivada durante o govêrno do czar Nicolau segundo (1894-1917), com financiamento da França, da Alemanha e da Bélgica. Em centros urbanos populosos, como São pétersbúrgo, Moscou, Odessa e Kiev, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas. Em geral, os operários russos trabalhavam mais de 12 horas por dia, recebiam salários miseráveis, sofriam maus-tratos e viviam em condições precárias.

Fotografia preto e branco. Fotografia colorida posteriormente. Retrato de sete pessoas. No centro, está sentado um homem com cabelos castanhos e curtos, barba e um denso bigode no rosto. Ele veste um traje verde com detalhes dourados e tem as mãos unidas sobre o colo. À esquerda dele, uma mulher, também sentada, tem os cabelos castanhos presos em um coque. Ela usa uma coroa e segura o rosto com uma das mãos. Trajada com um vestido longo e bordado de cor clara, ela usa colares, brincos e pulseiras. Ao redor do casal, há quatro jovens, todas com cabelos castanhos, vestidos bordados e colares. Duas delas estão sentadas e usam os cabelos soltos. As outras duas estão em pé e usam os cabelos presos. Aos pés do homem, sentado no chão, há um menino de cabelos castanhos, curtos e lisos, apoiando suas mãos sobre um de seus joelhos. Ele veste uma camisa branca com detalhes de listras brancas e azuis nos punhos e na gola.
Retrato da família de Nicolau segundo(1868-1918), o último czar russo. Fotografia colorizada de 1913. Nicolau segundo governou de 1894 até a Revolução de 1917.

Extensão máxima do Império Russo (1900)

Mapa. Extensão máxima do Império Russo (1900). Porção norte dos continentes europeu e asiático. Destacado na cor laranja, o território do Império Russo, que se estende do Mar Báltico, a oeste, aos mares do Leste, Okhotsk, Bering e Oceano Pacífico a leste. Ao norte, o território alcança o Oceano Glacial Ártico e se estende até os mares Negro, Cáspio e de Aral, ao Sul. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 880 quilômetros.
Fonte: Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2006.página 149.

Responda no caderno

para pensar

Atualmente, quais são os cinco maiores países do mundo em extensão territorial? Pesquise.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois e cê ê cê agá sete.

Para pensar

Os cinco maiores países em extensão territorial são:

  • Rússia: 17 098 200 Quilômetros quadrados;
  • Canadá: 9 984 170 Quilômetros quadrados;
  • China: 9 572 900 Quilômetros quadrados;
  • Estados Unidos: 9 371 219 Quilômetros quadrados;
  • Brasil: 8 515 767 Quilômetros quadrados.

Se considerar oportuno, comente que a extensão territorial não é determinante para o desenvolvimento econômico, social ou cultural de um país. É possível apontar que mesmo a população não é determinada pelo tamanho de um país. A atual Rússia, por exemplo, embora tenha mais do que o dobro do tamanho, tem uma população menor que a do Brasil.

A respeito desse documento (a carta redigida por Dostoiévski transcrita na página 18), é possível destacar para os estudantes os seguintes pontos:

  • o tipo de documento (uma carta), sua autoria, a quem se dirige, sua data;
  • a violência dos governos dos czares;
  • a reação de Dostoiévski quando teve sua sentença alterada;
  • o objetivo de Dostoiévski ao escrever essa carta para o irmão.
  • obras-primas criadas por Dostoiévski depois de sair da prisão: Crime e castigo (1866), O idiota (1868-1869) e Os irmãos karamázóv (1879-1880).

revóltas populares

Os problemas da população russa aumentavam porque, além da opressão interna, o govêrno czarista envolvia-se em conflitos internacionais, como a guerra contra o Japão (1904). Essa situação agravava as dificuldades econômicas dos mais pobres e gerava revóltas populares.

Em 1905, uma multidão caminhou em direção ao Palácio de Inverno, em São pétersbúrgo, com o objetivo de entregar um abaixo-assinado ao czar reivindicando: reforma agrária, fim da censura e melhores condições de vida. O protesto foi reprimido violentamente pelas tropas czaristas, que mataram centenas de manifestantes. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento.

Posteriormente, no mesmo ano, os marinheiros do encouraçadoglossário pôtenquín se rebelaram contra os maus-tratos e a péssima alimentação que recebiam. Ancorados na cidade de Odessa, os revoltosos pressionaram o czar a assinar o Tratado de Portsmouth, que pôs fim à guerra contra o Japão. O episódio foi representado no cinema, em 1925, pelo diretor russo Isenstím (1898-1948).

As tensões populares voltaram a crescer após a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1917. Esse conflito provocou a morte de aproximadamente 1,7 milhão de militares russos e a destruição de grande parte dos meios de transporte e da produção agrícola do país. Os preços dos alimentos subiram e a maioria da população passava fome.

Em 1917, setores da população organizaram greves e protestos contra o czarismo e a ordem social vigente. Uma parcela do exército se recusou a reprimir os grevistas, em desobediência ao govêrno.

Fotografia em preto e branco. Cena de filme. Sobre o convés, na proa de um navio no mar, vários homens aglomerados. À direita, boa parte dos homens, veste uniformes de marinheiro e quepes na cor branca. Eles correm em direção à proa, onde há um grupo menor de homens acuados próximos à balaustrada. Os homens desse pequeno grupo vestem casacas escuras, calças e quepes brancos. À esquerda da imagem, um grupo de marinheiros vestidos de branco corre e ataca outro pequeno grupo de homens vestidos com casacos escuros e calças brancas. A cena é vista do alto, a partir de um canhão naval instalado no convés.
Cena do filme O encouraçado pôtenquín, dirigido por 1925. A cena mostra a tripulação se rebelando contra seus oficiais superiores.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

. A Revolução Russa. São Paulo: Ática, 1999.

A obra apresenta a sociedade e a economia russas antes da Revolução de 1917, analisando o movimento que levou à queda do czarismo e à ascensão do govêrno social-democrata.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a importância do filme O encouraçado pôtenquín, de sêrguêi ainsênstáin, para a história do cinema.

O encouraçado pôtenquín

“O historiador Eric róbisbáum, em seu livro A era dos extremos, define a sequência da escadaria de Odessa, no clássico O encouraçado pôtenquín (Brônênózês Pötchiôkim), como ‘os seis minutos mais influentes da história do cinema’. Está chovendo no molhado ou repetindo o que o mais anônimo dos críticos não cessa de repetir desde que o cinema tomou consciência de seu valor como arte. pôtenquín é de 1925. Surgiu como uma obra de encomenda, proposta pelo Partido Comunista para comemorar os 20 anos do levante de Odessa, quando marinheiros do encouraçado pôtenquín ganharam o apôio da população da cidade em seu protesto contra as condições insalubres a que os expunha a marinha do czar. O protesto terminou num banho de sangue, mas daquela tragédia germinou a semente que desembocaria na Revolução de 1917 na Rússia.

Eu seu livro Fronteiras do cinema, o crítico Walter da Silveira compara Sergei mrrailovítch Isenstím a Leonardo da vinti e diz que, do ponto de vista da arte, de qualquer arte, sua obra se apresenta como a grande realização do socialismo russo. Não importa se a Revolução de 1917 foi um erro ou um acerto. O fato interessa como uma data na história do homem, um marco de ideologia que se refletiu no cinema aisênstainiâno. O diretor fez do movimento revolucionário russo, antes, durante e depois da tomada do poder pelos trabalhadores, a problemática central, como assunto, de seu cinema. Nem por isso deixou de enfrentar problemas com o novo regime triunfante. Vários de seus filmes foram acusados de desvios ideológicos e ele próprio foi rotulado de ‘decadente’, contribuindo para isso a célebre foto tirada durante as filmagens de Outubro (ókti-ábre), de 1927. O filme também é conhecido como Dez dias que abalaram o mundo, o mesmo título do livro do jornalista e revolucionário americano Djón rid sobre os primórdios da Revolução Russa, culminando com a tomada do Palácio de Inverno, em São pétersbúrgo.

ainsênstáin deixou-se fotografar sentado, displicentemente, no trono que pertencera ao czar Nicolau. Poderia ser uma brincadeira, foi considerada uma provocação contrarrevolucionária. Os problemas prosseguiram no mesmo filme quando ele, fiel à história, quis destacar a importância de Trótsky, Zinoviev e Káminiv no processo revolucionário. Eles já haviam caído em desgraça, sua participação foi eliminada na montagem, e o regime começou a suspeitar das propostas vanguardistas de Isenstím, principalmente de sua ‘montagem de atrações’. A consolidação de Josef Stálin no poder seria acompanhada por décadas de realismo socialista, um tipo de criação artística (no cinema, nas artes em geral) de uma mediocridade verdadeiramente aflitiva. Dentro desse novo quadro, a censura estética e política aplicou em Isenstím os rótulos de ‘formalista’ e ‘burguês’.

Sua obra é constituída por relativamente poucos filmes, dos quais só dois ou três saíram como ele queria. Todos os demais sofreram a interferência da censura. Mas não pode ser avaliado só pelos filmes que fez. Ele deixou o legado de uma extensa produção teórica. Muita coisa do que disse ficou datada, mas seus textos discutindo o significado do cinema e da montagem continuam obras importantes de referência. Foi o representante máximo das vanguardas russas nos anos 1920, um dos grandes construtores da linguagem cinematográfica, tal como a entendemos hoje. dêivid uórk grífit, órson uéls e ele. Sem essa santíssima trindade é possível que o cinema não tivesse evoluído da mesma fórma e no mesmo ritmo.”

MERTEN, Luiz Carlos. Cinema: entre a realidade e o artifício. Pôrto Alegre: Artes e Ofícios, 2005.página 47-49.

Revolução Russa

Em março de 1917, fôrças políticas socialistas e liberais depuseram o czar Nicolau segundo e tomaram o poder. Esse episódio é considerado o marco inicial da Revolução Russa, que costuma ser dividida em três períodos: Revolução Liberal (março de 1917), Revolução Comunista (novembro de 1917) e Guerra Civil (1918-1921).

Revolução Liberal

Na Revolução Liberal, foi instituído um govêrno provisório, com apôio dos mencheviquesglossário e sob a liderança do socialista moderado alêquissânder Kerensky (1881-1970). O govêrno provisório reduziu a jornada de trabalho diária de 12 para 8 horas; anistiou os presos e os exilados políticos; garantiu a liberdade de expressão e de associação. Contudo, o govêrno manteve a participação russa na Primeira Guerra Mundial e não solucionou os problemas da fome e da concentração de terras. Beneficiado pela permissão da volta dos exilados, o líder bolcheviqueglossário Vladimir íliti ulianóv(1870-1924), conhecido como Lênin, regressou à Rússia em 1917 e passou a defender medidas como: o fim do govêrno de Kerensky; a retirada imediata da Rússia da Primeira Guerra Mundial; a nacionalização da propriedade privada dos bens de produçãoglossário e a formação de uma república dos sovietes (conselhos políticos formados por operários, camponeses e soldados).

Revolução Comunista

Em novembro de 1917, os bolcheviques, liderados por Lênin e Leon Trótsky (1879-1940), partiram para o confronto armado e derrubaram o govêrno de Kerensky. Em seguida, Lênin tornou-se chefe do novo govêrno bolchevista e determinou:

  • a retirada dos russos da Primeira Guerra Mundial e a assinatura de um tratado de paz (Brest-Litovski) com a Alemanha;
  • o confisco de propriedades privadas dos nobres e da Igreja e a distribuição de terras aos camponeses;
  • a intervenção na economia, com a nacionalização de grandes bancos e fábricas e o planejamento econômico feito pelo Estado, definindo metas para os diversos setores produtivos.
Fotografia. Destaque para uma mulher idosa, com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma jaqueta marrom, uma boina de mesmo tom e uma máscara de proteção sobre seu nariz e boca. Ao seu lado, um pequeno cartaz retratando a imagem de um homem em pé, vestindo um paletó escuro,camisa branca e gravata  discursando. Abaixo dele, uma bandeira de fundo vermelho.
Apoiadores do Partido Comunista carregam cartazes de Lênin durante as comemorações do 104º aniversário da Revolução de 1917, em Moscou, Rússia. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Revolução Russa”, incluindo seus subitens, contribui para o desenvolvimento da competência cê ê agá quatro e da habilidade ê éfe zero nove agá ih um um, ao identificar as especificidades da Revolução Russa e seu significado histórico.

Guerra Civil (1918-1921)

Em 1918, pessoas ligadas à nobreza russa planejaram uma contrarrevolução para derrubar os bolcheviques do poder. Essas pessoas contaram com o apôio econômico e militar de países como Reino Unido, França e Japão.

Em resposta à contrarrevolução, os bolcheviques organizaram uma fôrça militar chamada Exército Vermelho, formada por operários e camponeses e liderada por Trótsky. O Exército Vermelho lutou contra o Exército Branco, que era comandado pelos generais ligados à antiga monarquia czarista.

Durante a Guerra Civil, o govêrno bolchevique adotou o comunismo de guerra, marcado por medidas radicais como: a execução do czar e de sua família; o confisco da produção econômica (industrial, agrícola e comercial) para o abastecimento; a abolição da liberdade de imprensa; a realização de julgamentos sumários de opositores ao govêrno de Lênin.

Em 1921, o Exército Vermelho venceu a Guerra Civil e o Partido Comunista (antigo Partido Bolchevique) consolidou-se no govêrno da Rússia. A partir daí, os governos dos países ocidentais tentaram isolar a Rússia do cenário internacional. Para os grupos capitalistas, o socialismo soviético representava uma ameaça à propriedade privada.

Pintura. No centro da imagem, um homem calvo, com uma densa barba grisalha e comprida, vestindo blusa e calça alaranjadas. Ele segura a haste de uma bandeira vermelha. À esquerda, um feixe de trigo, e em segundo plano, colunas de fumaça azuladas.
Senhor da terra, pintura de serguêi vasílievíti guerazimóv, 1918. A pintura representa um camponês após a revolução: o vermelho da bandeira simbolizava a adesão aos ideais bolcheviques.
Cartaz. No centro da imagem, a silhueta da locomotiva de um trem, na cor preta. Abaixo dela e subindo no trem, silhuetas de figuras humanas na cor vermelha, algumas portando marretas. Na parte inferior do cartaz, uma inscrição em língua russa, utilizando o alfabeto cirílico.
Cartaz de M. tchêrêminíque conclamando as pessoas a aderir à revolução, cerca de. 1920. No cartaz, está escrito: “Quem é contra a fome e a favor de muito pão, pegue alegremente o martelo de modo que nem uma única locomotiva descanse.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um panfleto de 1917, no qual o soviete (conselho político formado por operários, camponeses e soldados) de Petrogrado fez um apêlo para que a população da cidade se levantasse contra o govêrno czarista e ajudasse a derrubá-lo.

Mobilização em Petrogrado

“O antigo regime conduziu o país à ruína e a população à fome. Era impossível suportá-lo por mais tempo e os habitantes de Petrogrado saíram às ruas para demonstrar seu descontentamento. Foram recebidos a tiro. Em vez de pão, receberam chumbo

Mas os soldados não quiseram agir contra o povo e se voltaram contra o govêrno. Reunidos, apoderaram-se dos arsenais, dos fuzis e de importantes órgãos do poder.

A luta continua e deve ser levada ao fim. O velho poder deve ser vencido para ceder lugar a um govêrno popular. Trata-se da salvação da Rússia.

A fim de ganhar esta luta pela democracia, o povo deve criar seus próprios órgãos de govêrno. Ontem, 27 de fevereiro, formou-se um soviete de deputados operários composto dos representantes das fábricas, das oficinas, dos partidos e organizações democráticos e socialistas. O soviete, instalado na Duma, impôs-se como tarefa essencial organizar as fôrças populares e lutar pela consolidação da liberdade política e do govêrno popular.

O soviete nomeou comissários para estabelecer a autoridade popular nos bairros da capital. Convidamos toda a população a unir-se imediatamente ao soviete, a organizar comitês locais nos bairros e a tomar em mãos a condução dos negócios locais.

Todos juntos, com nossas fôrças unidas, venceremos, para varrer completamente o velho govêrno e para reunir uma Assembleia Constituinte com base no sufrágio universal, igual, secreto e direto.”

O apêlo do soviete de Petrogrado à população da Rússia (27 de fevereiro de 1917). Jornal isvéstia, 15 de março de 1917. Apud: A Revolução Russa de 1917. São Paulo: Perspectiva, 1974.página 105-106.

Construção da União Soviética

Após a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil, a Rússia ficou economicamente arrasada. O govêrno, liderado por Lênin, buscou recuperar a economia e, a partir de março de 1921, adotou um programa chamado Nova Política Econômica (êne ê pê).

Algumas medidas da promoveram um retôrno às práticas de iniciativa privada, como: maior liberdade para a negociação de salários, permissão para o funcionamento de pequenas empresas privadas e autorização para os camponeses venderem sua produção agrícola. De acôrdo com a , cabia ao Estado controlar setores vitais, como o comércio exterior, o sistema bancário e as indústrias de baseglossário .

A obteve alguns resultados satisfatórios. Estimativas feitas a partir de 1925 demonstraram que as áreas cultivadas no país foram ampliadas, o que permitiu maiores safras agrícolas e aumento dos rebanhos. Contudo, a produção industrial continuou estagnada em razão da falta de tecnologias modernas, do declínio do comércio exterior e do isolamento da Rússia no cenário internacional.

Cartaz. No centro da imagem, a figura de homem de grande proporção, maior que as fábricas ao redor, na cor vermelha. Seu corpo está inclinado para a frente e, com uma das mãos, ele segura um porrete atrás de seu corpo, tomando impulso para um golpe. Ao redor dele, sobre um fundo preto, diversas fábricas e indústrias com suas chaminés e janelas destruídas. Na parte superior esquerda há uma inscrição em língua russa em alfabeto cirílico.
Cartaz antibolchevique, criado entre 1918 e 1921, com a representação de um monstro vermelho destruindo fábricas na Rússia.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Construção da União Soviética”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê ê agá um e cê ê agá quatro.

Orientação didática

Com base no conteúdo desenvolvido ao longo do capítulo, de pesquisas feitas pelos estudantes e do acompanhamento das notícias sobre a Rússia atual, promova um debate centrado nas questões a seguir.

  • A Revolução Russa foi um movimento com apôio e participação popular. No entanto, o poder acabou monopolizado pelos líderes de um único partido político, que o exerceram com “mãos de ferro”. Como você analisa a perpetuação de um grupo no poder?
  • Os soviéticos alcançaram um grande desenvolvimento social, militar e tecnológico ao longo da existência da União Soviética. Entretanto, a liberdade política era bastante tolhida no país. Como seria possível conciliar liberdade e desenvolvimento?

O debate incentiva a reflexão dos estudantes a respeito de questões importantes tratadas ao longo do capítulo.

Fundação da União Soviética

Lênin manteve-se como a principal figura do govêrno, apesar de estar gravemente doente desde 1921. Com a piora de sua saúde, ele teve de dividir o poder com outros líderes comunistas, como Trótsky (chefe militar) e Josef Stálin (alto dirigente político). Em abril de 1922, Stálin (1879-1953) foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista, destacando-se por combater as oposições políticas, dentro e fóra do partido. Nesse mesmo ano, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse), também denominada de União Soviética. Observe o mapa a seguir.

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922)

Mapa. União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922). Mapa representando a porção norte da Eurásia. 
No centro, em amarelo, a República Socialista Federativa Soviética da Rússia; estendendo-se do Mar Báltico, a oeste, até os mares do Leste e Okhotsk e o Oceano Pacífico a leste. Ao norte, o território alcança o Oceano Glacial Ártico e se estende, ao Sul, até os mares Negro, Cáspio e de Aral, estabelecendo fronteiras com o  Irã, o Afeganistão, a China e a Mongólia.
À oeste, em verde claro, a República Socialista Soviética da Bielorrússia, estabelecendo fronteiras com República Socialista Federativa Soviética da Rússia, a leste; a Letônia, Lituânia e Polônia, à oeste, e a República Socialista Soviética da Ucrânia, ao sul.
Ao norte do Mar Negro, em rosa, a República Socialista Soviética da Ucrânia, estabelecendo fronteiras com a República Socialista Federativa Soviética da Rússia, a leste.
Ao sul da República Socialista Federativa Soviética da Rússia, em verde, destaca-se a República Federativa Socialista Soviética da Transcaucásia, localizada entre o Mar Negro e o Mar Cáspio.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 660 quilômetros.
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de êti áli. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: 1986.página 131.

Lênin morreu em 1924 e, a partir desse momento, Trótsky e Stálin começaram a disputar o comando da União Soviética. Cada qual tinha planos diferentes para o país. Trótsky e seu grupo defendiam a construção do socialismo em escala internacional, o que exigiria uma revolução permanente da classe proletária do mundo inteiro. Já Stálin e seu grupo defendiam que a revolução socialista deveria se consolidar primeiro em um só país, no caso, a União Soviética.

Ditadura stalinista

Stálin venceu a disputa pela liderança do Partido Comunista e, em dezembro de 1929, passou a controlar outros órgãos de decisão do Estado (burocracia). Suas ordens ditatoriais eram inquestionáveis.

Seguiu-se, então, a perseguição a Trótsky, que perdeu suas funções de chefe militar do govêrno e foi expulso, em 1929, da União Soviética. Em 1940, quando estava exilado no México, Trótsky foi assassinado a mando de Stálin.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir texto sobre a vida do pensador russo Micail Báquitin. Durante a ditadura stalinista, Báquitin foi preso e exilado por um período de seis anos.

Perseguição stalinista a intelectuais – o exílio de Báquitin

(1895-1975) é um teórico da linguagem que, a despeito das mais agudas privações materiais, de doenças crônicas por que foi acometido, de perseguições, prisão e exílio, deixou uma produção intelectual de grande significado para as Ciências Humanas. Suas teorias vêm sendo descobertas, estudadas por diferentes áreas do conhecimento e propagadas pelo mundo, principalmente a partir de 1967, quando Julia cristéva, intelectual búlgara radicada na França, publicou um estudo sobre Dostoiévski e rabelé sob o título: Báquitin, o discurso, o diálogo, o romance. reticências

Báquitin morou e trabalhou em diversas cidades. Em São pírersbârg, concluiu seus estudos no Departamento de Letras Clássicas, formando-se em Letras, História e Filologia. Ao longo de sua vida constituiu um grupo de amigos intelectuais, entre eles o filósofo Matvei Kagan, que o iniciou na filosofia alemã e no pensamento de cânti. Além deste, manteve ainda relações com o pintor chagál, com o poeta e músico volóchinóvi e com o crítico medivídiév, com quem analisaria diversos temas de seu interesse. Este grupo de amigos será ampliado e mais tarde ficará conhecido como o Círculo de Báquitin.

Em 1929 foi preso e condenado por manter ligações com sociedades de caráter filosófico-religiosas que estavam banidas da União Soviética. Devido a sua saúde precária, a pena no campo de concentração foi comutada em exílio, por um período de seis anos na cidade de Kustanai, entre o Cazaquistão e a Sibéria. Findo o exílio, em 1940 apresentou ao Instituto górqui sua tese de doutorado, rabelé e a cultura popular, defendida apenas em 1946, devido à 2ª Grande Guerra. Após diversas polêmicas geradas pelo trabalho, o título de doutor é-lhe negado em 1952. Faleceu em Moscou, em 1975, após longa enfermidade.”

MAGALHÃES, Lucilha de Oliveira. Introdução ao pensamento de Báquitin. In: lócus: Revista de História, Juiz de fóra, volume. 13, número. 1,página 210-215, 2007.

Durante o govêrno de Stálin, a economia foi organizada por meio de planos quinquenais (para cada cinco anos). Esses planos contribuíram para:

  • desenvolver a indústria de base – com destaque para a produção de aço –, que estava associada à exploração das reservas de carvão, ferro e petróleo;
  • transformar as propriedades rurais em terras de uso coletivo (a chamada coletivização do campo), ampliando a rede elétrica e mecanizando a agricultura;
  • promover a educação pública, ampliando o número de estudantes, eliminando o analfabetismo e construindo escolas e universidades.

Dessa fórma, a União Soviética tornou-se uma das maiores potências econômicas do século vinte. Ela influenciou movimentos operários em diversas partes do mundo, inspirou as lutas pela independência de vários países da África e da Ásia, pressionou os países capitalistas a melhorar as condições de vida dos trabalhadores etcétera

O lado negativo do socialismo soviético foi a implantação de uma ditadura de partido único (Partido Comunista), a censura aos meios de comunicação e o contrôle sobre as pessoas. O período mais cruel do regime soviético foi a ditadura stalinista, que perseguiu brutalmente seus opositores.

Entre 1936 e 1938, ocorreram as chamadas depurações stalinistas, cujo objetivo era perseguir pessoas consideradas inimigas do Estado. Durante as depurações, milhares de cidadãos foram presos, torturados ou mortos. No total, estima-se que o terror stalinista matou cêrca de quinhentas mil a 1,2 milhão de pessoas, além de ter prendido e torturado mais de 5 milhões de cidadãos.

Cartaz. No centro da imagem, em destaque, um homem com cabelo e bigode escuros, vestido com um traje militar de gola dobrada e mangas longas. Sobre a cabeça, usa um quepe militar com aba. Ele segura uma roda de leme gravada com as iniciais da União Soviética (em alfabeto cirílico).  À direita, a bandeira da União Soviética hasteada: uma bandeira de cor vermelha, com a imagem de uma foice e um martelo no canto superior esquerdo.
Cartaz de propaganda soviética, 1933. Stálin foi representado segurando o timão, conduzindo a nação com fôrça e direção. À direita, a frase: O capitão do país dos sovietes nos conduz de vitória em vitória. Para fortalecer a autoridade de Stálin, a propaganda oficial promovia o culto de sua personalidade representando-o como “o maior gênio da história”, “amigo e mestre” de todos os trabalhadores.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente você identifica propostas políticas socialistas? Se sim, o que você pensa a respeito delas? Defenda seu ponto de vista com argumentos.

Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livroS

A revolução dos bichos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Romance que denuncia as traições aos princípios bolcheviques cometidas por Stálin. As personagens são animais de uma fazenda que se revoltam contra a dominação a que são submetidos, remetendo a personagens da Revolução Russa.

. A revolução dos bichos. Adaptação e ilustração de Odyr. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Versão do livro de em história em quadrinhos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” da página 25 favorece o desenvolvimento das competências e cê ê agá um.

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. De modo geral, propostas políticas socialistas se fundamentam ou derivam das ideias de autores como sãn simôn (1760-1825), Robert Ôuen (1771-1858) e, principalmente, de cál marcs (1818-1883) e fréderique ênguels(1820-1895). Sobre a presença de ideias socialistas no mundo contemporâneo, recomendamos a leitura do artigo “O socialismo hoje, além dos rótulos”, da Revista Nova Escola (disponível em: https://oeds.link/GAgQQ7; acesso em: 30 junho 2022).

Texto de aprofundamento

Dmitri volcogonóv (1928-1995) foi coronel-general do exército soviético e, posteriormente, integrou uma comissão parlamentar que, entre 1991 e 1993, reviu o sigilo de documentos e arquivos do Partido Comunista. A partir de sua experiência e pesquisa, volcogonóv escreveu o livro Stálin: triunfo e tragédia, do qual extraímos os trechos a seguir.

A personalidade de Stálin

“Todos lembramos de Stálin pelas fotografias, estátuas e monumentos onde ele frequentemente é mostrado com o braço erguido, apontando o caminho, com um sorriso caloroso e olhos cintilantes. Poucos podem imaginar a profundidade de sua crueldade patológica, a ausência de bondade, a astúcia que se escondia por trás daquela fachada. Além dos líderes, políticos e de outros campos, e dos milhões de anônimos que sofreram em suas mãos, os próprios parentes não escaparam a sua insanidade. Um dos mais minuciosos pesquisadores da vida de Stálin, V. V. nefedóv, descobriu muitas coisas acerca do destino da família do tirano. reticências

Stálin foi imparcial na sua crueldade: todos foram tratados igualmente, e ele se desinteressava pela pessoa tão logo ficasse ‘exposta’. É provável que só tenha havido uma exceção. Quando foi informado de que alêquissânder, irmão de sua esposa, fôra sentenciado à morte como espião alemão, vociferou: ‘Vamos esperar que ele peça perdão’. Antes de sua execução, contaram a alêquissânder o que Stálin dissera, ao que replicou: ‘Perdão de quê? Não cometi crime algum’. Foi devidamente fuzilado. Quando Stálin soube da maneira como o amigo de infância e cunhado morrera, disse: ‘Vejam como ele era teimoso: preferiu morrer a pedir perdão’.”

volcogonóv, Dmitri antônovíti. Stálin: triunfo e tragédia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.página 338-340.

Painel

Arte gráfica russa

As artes gráficas tiveram um papel importante na divulgação das ideias revolucionárias na Rússia, alcançando grande apêlo popular. A seguir, observe algumas obras criadas na época.

Precursores

No período entre o final do século dezenove e o comêço do vinte, nota-se uma mescla de estilos, com elementos de Art Nouveau, gravura japonesa e arte popular russa, além de influências visuais de tradição bizantina, características da Igreja . Em geral, os temas presentes nas representações gráficas desse período são as guerras que afligiam o país.

Cartaz. À esquerda, em preto, um navio tripulado, em águas movimentadas. Há marinheiros no convés. Alguns, ajustando correntes; outros, em fila; outros ainda, olhando para o mar. Ao fundo, colunas de fogo e fumaça. À direita, o mar revolto.
Batalha no mar, cartaz de Dimitri isidorocíti mitroquín, 1914. Nesse ano, começou a Primeira Guerra Mundial e a Alemanha declarou guerra à Rússia.

Revolução e Guerra Civil

Durante a Guerra Civil russa, os artistas foram incentivados a produzir cartazes com estrutura gráfica simples e conteúdo político. Os cartazes, em geral impressos por meios rápidos e baratos, alcançavam grande popularidade.

Cartaz. No centro, em destaque, um homem em pé, visto de frente, com traje e boina vermelhos. Ele aponta uma de suas mãos para o observador e, na outra, porta uma arma de fogo. Em segundo plano, fábricas e usinas na cor vermelha rodeadas de colunas de fumaça. Na parte inferior do cartaz, uma inscrição em russo em alfabeto cirílico.
Cartaz de de 1920, em que se lê: “Você já se alistou como voluntário no Exército Vermelho?”. Tratava-se de uma campanha de incentivo para os russos aderirem ao recrutamento e continuarem a defender a revolução dos ataques de seus inimigos internos e externos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “Arte gráfica russa” favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê ê cê agá cinco e cê ê agá quatro.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que analisa artística e historicamente uma pintura revolucionária feita sobre um prato de porcelana, em 1921, pelo artista russo Micail Adamôvique.

Os significados do prato revolucionário russo

“Em 1921, o ano que foi pintado este prato, os bolcheviques tinham imposto à Rússia um novo sistema político baseado em teorias marquicístas sobre as classes e a economia e estavam empenhados na construção de um Novo Mundo. Era uma tarefa hercúlea: o país havia sido miseravelmente derrotado na Primeira Guerra Mundial, e o novo regime estava sob a ameaça de uma invasão estrangeira e de uma guerra civil. Os bolcheviques precisavam motivar e liderar os trabalhadores soviéticos com todos os meios de que dispunham. Um deles era a arte.

O designer se valeu do formato circular do prato para enfatizar o poder simbólico da imagem. No centro, ao longe, há uma fábrica pintada de vermelho – claramente uma fábrica que pertence aos trabalhadores – que solta fumaça branca, indício de uma produtividade saudável, com raios de sol em amarelo e laranja intensos afastando as fôrças sombrias de um passado repressor. Em uma colina em primeiro plano, um homem avança, vindo da esquerda do quadro. Como a fábrica, ele parece brilhar, com uma aura dourada ao seu redor, pintada em uma silhueta vermelha sem nenhum detalhe, mas sabemos que é jovem e que olha com veemência para a frente. Fica claro que não representa um indivíduo, mas todo o proletariado, avançando rumo a um futuro mais brilhante que estão determinados a criar. A seus pés há uma engrenagem industrial e em sua mão, um martelo de trabalhador de fábrica. Com seu passo seguinte, pisará em um pedaço de solo árido, sobre o qual jaz quebrada a palavra KAPITAL, as letras espalhadas sobre as pedras. O prato fôra produzido vinte anos antes, em 1901, e permanecera em branco. O artista que fez o desenho, mirraíl mirrailovíti adamovíti, transformou a peça de porcelana imperial em uma lúcida e eficaz propaganda soviética. reticências

Na Rússia de 1921, o ano do nosso prato, havia uma necessidade premente de mensagens de união e de esperança. O país estava mergulhado na Guerra Civil, em privações, secas e fome: mais de quatro milhões de russos morreram de inanição. Fábricas de propriedade dos trabalhadores, como aquela mostrada em nosso prato, produziam apenas uma fração do que geravam antes da revolução. Eric róbisbáum vê a arte exemplificada pelo prato como um indício de esperança em meio a uma situação aparentemente desesperadora:

Ele foi produzido em uma época em que quase todas as pessoas envolvidas nesse processo passavam fome. Havia fome no vólga, e as pessoas morriam de tifo e de inanição. Era um momento em que se poderia dizer: ‘Este é um país prostrado no chão, como pode se recuperar?’ E creio que é preciso recriar, por meio da nossa imaginação, o ímpeto das pessoas fazendo isso e dizendo: apesar de tudo, ainda estamos construindo esse futuro e aguardamos o futuro com enorme confiança.”

meecgrigor nil. A história do mundo em 100 objetos. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013.página 692-693.

Construtivismo

Na década de 1920, o construtivismo ganhou fôrça nas artes plásticas, privilegiando o uso de fórmas geométricas e fotomontagens. O construtivismo russo propôs uma arte nova e libertária, a serviço da revolução e das questões próximas da vida das pessoas.

Cartaz. Em um círculo de cor escura na parte esquerda da imagem, destaca-se a fotografia do rosto de uma mulher, que é vista de perfil. Ela tem olhos e cabelos  escuros e usa um lenço amarrado à cabeça. Sua boca está aberta e uma de suas mãos ladeia seus lábios, de onde parte um triângulo, nas cores preta, branca e vermelha, com palavras escritas em alfabeto cirílico. O cartaz é circundado por uma moldura retangular nas cores preta, à esquerda, e vermelha, à direita.
Cartaz criado por alêquissânder rotchênco em 1924 para uma editora estatal soviética. A obra retrata a escritora russa Lilya Brik gritando “Livros, por favor! De todos os assuntos!”.

Realismo socialista

Nos anos 1930, passou a vigorar uma estética oficial da União Soviética: o realismo socialista. Essa fórma de arte fazia propaganda política do Estado soviético e combatia os valores burgueses e capitalistas. As obras dessa corrente artística eram figurativas e descritivas, acessíveis ao povo. Suas personagens centrais eram os operários, camponeses, soldados e heróis nacionais, em geral em situações de trabalho, demonstrando vigor e felicidade na construção do Estado. Nesse período, houve forte censura a outras manifestações culturais e perseguição contra os artistas construtivistas.

Cartaz. No centro, uma ilustração retratando uma mulher em pé, rodeada por um círculo, vestindo uma camiseta regata e uma bermuda, ambas brancas. Ela segura um disco branco com uma das mãos. Atrás dela, agachado no solo, um homem vestindo uma camisa e calça cinzas, segura uma arma de fogo com as mãos, próxima ao seu rosto, mirando. Em segundo plano, um grupo de pessoas em pé, próximas entre si, em posição de corrida; atrás delas, um pequeno grupo de ciclistas.
A fórma física, cartaz de alêquissânder Deineka, 1933. Nesse ano, o poeta, escritor e artista gráfico Vladimir Maiakovski cometeu suicídio, entre outros motivos, pela desilusão com os rumos que tomavam a política e a arte soviéticas, com censura e perseguições.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Comente com a turma que, além da arte gráfica, o govêrno soviético realizou propaganda no cinema, na literatura, na música e até em objetos do cotidiano. Um exemplo desses objetos é um prato produzido em 1901 e desenhado em 1921 na cidade de São pétersbúrgo.

Na seção “Oficina de História” deste capítulo há uma atividade de interpretação sobre esse objeto. Para mais informações, sugerimos a leitura do texto “Os significados do prato revolucionário russo”, transcrito nas páginas 26 e 27.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Sobre a Primeira Guerra Mundial, relacione corretamente, no caderno, as expressões da coluna 1 com as frases da coluna 2.

Coluna 1

Coluna 2

a) Impactos da guerra.
b) Tratado de Versalhes (1919-1920).
c) Blocos de países em conflito.
d) Causas gerais da guerra.
e) Nome de um movimento nacionalista.
f) Estopim da guerra.

I. Disputas imperialistas e nacionalistas.
II. Assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando.
III. Pangermanismo.
IV. Dez milhões de mortos e vinte milhões de feridos.
V. Tríplice Aliança e Tríplice Entente.
VI. Os países vencedores estabelecem regras de um acordo de paz.

  1. Em grupo, escrevam com suas palavras um texto sobre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial. Em seu texto, considerem os tópicos: a) os problemas econômicos e sociais; b) as doenças; c) a luta das mulheres; d) as alterações no mapa da Europa; e) a Liga das Nações.
  2. Refletindo sobre o uso militar dos meios de comunicação, procure explicar o sentido da frase: “A primeira vítima da guerra é a verdade”. Ela poderia ser aplicada em outros contextos, no presente, além dos conflitos militares? Em fórma de texto, apresente sua reflexão e seus argumentos sobre o uso dos meios de comunicação para criar propagandas e disseminar notícias falsas, relacionadas tanto à Primeira Guerra Mundial quanto aos dias de hoje e o fenômeno das fake news.
  3. A seguir, identifique as frases incorretas sobre a Revolução Russa. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. No início do século vinte, a Rússia era comandada por um monarca absolutista com o título de czar e tinha uma economia predominantemente agrária, com uma nobreza rural que controlava a população camponesa, sujeita a um sistema de servidão.
    2. A guerra contra o Japão e a participação na Primeira Guerra Mundial contribuíram para amenizar as tensões sociais e políticas na Rússia.
    3. Em 1905, muitos russos se revoltaram contra as opressões que sofriam e foram duramente reprimidos por tropas czaristas em episódios como o Domingo Sangrento e a rebelião do encouraçado pôtenquín.
    4. O govêrno de Kerensky não resolveu os grandes problemas sociais que afligiam os operários e os camponeses russos, como a fome e a concentração de terras.
    5. Após a Guerra Civil, vencida pelo Exército Branco, o govêrno russo expulsou o Partido Comunista e se aliou às potências ocidentais.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividade 3);
  • cê gê dois (atividades 6 e 7);
  • cê gê três (atividade 7);
  • cê gê quatro (atividades 6 e 7);
  • cê gê seis(atividade 3);
  • cê gê sete (atividade 3);
  • cê gê nove (atividade 3);
  • cê gê dez (atividade 3);
  • cê ê cê agá um (atividade 3);
  • cê ê cê agá dois (atividade 1);
  • cê ê cê agá três (atividade 2);
  • cê ê cê agá quatro (atividade 3);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 3);
  • cê ê cê agá seis (atividade 3);
  • cê ê agá dois (atividades 1 e 5);
  • cê ê agá quatro (atividade 2);
  • cê ê agá cinco (atividade 3);
  • cê ê agá seis (atividade 3);
  • cê ê agá sete (atividade 5);
  • (atividades 6 e 7).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. As expressões da coluna 1 devem ser associadas à coluna 2 da seguinte maneira: a) quatro; b) seis; c) cinco; d) um; e) três; f) dois.
  2. Para realizar essa atividade, sugerimos que os estudantes releiam e interpretem o tópico “Impactos da guerra” deste capítulo. Na abertura desse texto, são apontados os dramas humanos, os problemas socioeconômicos e as doenças decorrentes do conflito. O subitem “A luta das mulheres” trata da inserção das mulheres no mercado de trabalho e da conquista feminina do direito ao voto. Finalmente, os subitens “Tratado de Versalhes” e “Liga das Nações” possibilitam analisar as modificações no mapa político da Europa provocadas pelo Tratado de Versalhes e a criação de um organismo internacional (Liga das Nações) destinado à preservação da paz.
  3. A frase “A primeira vítima da guerra é a verdade” denuncia o uso intensivo da comunicação e propaganda pelas partes beligerantes para produzir propaganda e disseminar notícias falsas. Essa prática continua existindo na atualidade, mesmo fóra dos conflitos militares. Em contextos de polarização ideológica, grupos rivais atacam impiedosamente seus adversários, sem o menor apreço pela verdade. Nesses ataques, utilizam, sobretudo, as mídias sociais, recorrendo a mêmes, vídeos e fotografias adulterados, montagens e edições que falsificam o conteúdo original etcétera, propagando as chamadas fake news. Alguns especialistas afirmam que vivemos na era da pós-verdade, que apresenta versões falsas sobre os fatos, apela para a emoção do público e afronta princípios éticos.

A questão suscita uma oportunidade de desenvolver a argumentação e a inferência aplicadas à identificação de mentiras destinadas a interferir nos rumos dos acontecimentos, como ocorre nas notícias falsas. A argumentação, no caso, pressupõe o uso do método científico para distinguir notícias falsas das verdadeiras e possibilita a identificação de falsificações históricas.

4. Estão incorretas as alternativas b e e. Os estudantes poderão reescrevê-las da seguinte fórma:

b) A guerra contra o Japão e a participação na Primeira Guerra Mundial agravaram as tensões sociais e políticas na Rússia.

e) Após a Guerra Civil, vencida pelo Exército Vermelho, o Partido Comunista assumiu o govêrno, o que levou as potências ocidentais a tentarem isolar a Rússia do cenário internacional.

  1. Responda ao questionário a seguir sobre a formação da União Soviética.
    1. Quando a União Soviética foi fundada?
    2. Quem disputou a liderança política da União Soviética após a morte de Lênin em 1924? Quem saiu vitorioso?
    3. Qual era a principal divergência entre Trótsky e Stálin em relação à revolução socialista?
    4. Quais avanços econômicos e sociais ocorreram na União Soviética a partir de 1929?
    5. O que foram as depurações stalinistas?

Interpretar texto e imagem

6. A seguir, leia o depoimento de um tenente britânico que lutou na Primeira Guerra Mundial e responda às questões.

“Ao ouvir alguns gemidos quando eu ia para as trincheiras, olhei para um abrigo reticências ao lado e achei nele um jovem alemão. Ele não podia se mover porque suas pernas estavam quebradas. Implorou-me que lhe desse água, eu corri atrás de alguma coisa e encontrei um pouco de café que logo lhe dei para beber. Ele dizia todo tempo reticências ‘Obrigado, camarada, obrigado, obrigado reticências’. Por mais que eu [os] odeie, reticências a primeira reação que ocorre ao vê-los reticências feridos é sentir pena. reticências Na verdade, gentileza e compaixão com os feridos foram talvez as únicas coisas decentes que vi na guerra. Não é raro ver um soldado inglês e outro alemão lado a lado num mesmo buraco, cuidando um do outro reticências.”

, 16 de setembro de 1916. In: MARQUES, Adhemar Martins êti áli. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1994.página 120.

  1. Quando esse depoimento foi produzido? Quem é seu autor?
  2. Qual é o tema desse depoimento?
  3. Você conhece outros exemplos de solidariedade entre pessoas que vivenciam situações difíceis? Reflita.

integrar com Arte

7. Em 1921, o artista russo Micail Adamôvique criou uma pintura sobre um delicado prato de porcelana branca do período imperial. O objetivo do artista era fazer uma propaganda da Revolução Russa e do socialismo. Sobre essa pintura, responda às questões a seguir.

Pintura. Sobre o centro de um prato redondo com bordas brancas, a silhueta de um homem em pé, visto de costas, em coloração vermelha, segurando uma marreta com uma das mãos. Em segundo plano, diversas usinas e fábricas envoltas em nuvens escuras, chamas e fumaça.  No canto inferior direito, uma palavra em alfabeto cirílico escrita na cor amarela.
Pintura de Micail Adamôvique feita sobre um prato de porcelana imperial russo, 1921.
  1. Em que ano essa pintura foi produzida? Qual era a situação política e econômica da Rússia nessa época?
  2. Essa imagem transmite vigor ou fraqueza? Explique utilizando elementos da pintura.
  3. No centro da imagem observamos uma paisagem urbana ou rural? Justifique.
  4. O jovem que aparece em primeiro plano representa qual classe social? Como você chegou a essa conclusão?
Orientações e sugestões didáticas

5. a) A União Soviética foi fundada em 1922.

  1. Stálin e Trótsky disputaram a liderança política da União Soviética. Nessa disputa, Stálin saiu vitorioso e, além de exilar Trótsky, mandou assassiná-lo no México.
  2. Resumidamente, Trótsky defendia a revolução permanente, ou seja, que o socialismo deveria ser construído simultaneamente em escala internacional como parte da revolução proletária mundial, e não apenas de um país. Já Stálin defendia a tese da construção do socialismo em um só país, ou seja, a consolidação do socialismo na União Soviética.
  3. Entre os avanços econômicos e sociais que ocorreram na União Soviética a partir de 1929, podemos citar: o desenvolvimento da indústria pesada; a exploração de carvão, ferro e petróleo; a mecanização da agricultura; e o desenvolvimento da educação pública. Assim, a partir desse período, a União Soviética se tornou uma das maiores potências econômicas do século vinte.
  4. As depurações stalinistas foram o processo, que ocorreu de 1936 a 1938, de perseguição de todas as oposições à ditadura stalinista. Nessas depurações, milhares de cidadãos foram presos, torturados, condenados ao trabalho em campos de concentração ou assassinados.

Interpretar texto e imagem

6. a) O depoimento foi produzido em 16 de setembro de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, pelo tenente britânico

  1. Esse depoimento tem como tema a solidariedade entre soldados de fôrças rivais durante a Primeira Guerra Mundial.
  2. Resposta pessoal. Comente que a solidariedade é um sentimento de identificação e empatia com os sentimentos dos outros, que leva as pessoas a se ajudarem. Estimule a pesquisa de notícias recentes de casos de solidariedade entre pessoas em momentos difíceis.

7. Atividade interdisciplinar com Arte.

  1. A pintura foi produzida em 1921, quando a Rússia estava em guerra civil e passava por intensas transformações. Houve a execução do czar e de sua família, o confisco da produção econômica, a abolição da liberdade de imprensa e o julgamento sumário de opositores do regime socialista.
  2. A intenção do artista era transmitir vigor, fôrça, esperança. Por isso, ele utilizou cores fortes e vibrantes como o preto, o vermelho e o laranja. Além disso, o homem e a fábrica parecem brilhar, emanando energia.
  3. No centro da imagem, observamos uma paisagem urbana – no caso, uma fábrica, com chaminés soltando fumaça.
  4. O jovem representa o proletariado urbano. Comente que o símbolo da União Soviética representa a união do proletariado urbano (martelo) com o proletariado rural (foice).

Glossário

Entente
: termo que significa acordo ou entendimento entre dois ou mais governos.
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Trincheira
: escavação feita no solo para proteger ou abrigar soldados em combate.
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Encouraçado
: grande navio de guerra fortemente armado e protegido por um revestimento (couraça).
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Menchevique
: em russo, significa “minoria”. Naquele contexto político, designava o grupo que defendia a implantação gradual do socialismo por meio de reformas promovidas com a aliança entre trabalhadores e burguesia liberal.
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Bolchevique
: em russo, significa “maioria”. Naquele contexto político, denominava o grupo que defendia a implantação de um govêrno do proletariado, por meio da luta revolucionária dos trabalhadores.
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Bens de produção
: bens utilizados para produzir bens de consumo. Incluem os instrumentos de produção como máquinas.
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Indústria de base
: setor industrial responsável pela produção de máquinas e transformação de matérias-primas que, posteriormente, são utilizadas por indústrias de bens de consumo. Exemplos de indústria de base: cimento, aço, ferro, alumínio, petróleo, borracha etcétera
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