UNIDADE 2  TOTALITARISMO, SEGUNDA GUERRA E GETULISMO

CAPÍTULO 4 CRISE CAPITALISTA E TOTALITARISMO

Culturas são os modos de ser e viver construídos pelas sociedades. Mas as culturas são dinâmicas, pois mudam ao longo do tempo. A cultura dos Estados Unidos, por exemplo, teve um momento de brilho na década de 1920 e, posteriormente, na década de 1930, passou por uma grave crise socioeconômica. Em reação a essa crise, surgiram na Europa movimentos totalitários, que visavam ao fortalecimento do Estado e ao combate à pluralidade cultural.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

O que podemos fazer para combater as violências e as discriminações sociais? Debata em grupo.

Escultura. Representação de cinco homens enfileirados, um a frente do outro, todos vestindo paletós e chapéus com abas sobre suas cabeças. O homem à frente da fila tem os braços cruzados sobre seu peito, os demais têm as mãos no interior dos bolsos de suas vestimentas. Todos estão cabisbaixos e com expressão de tristeza.
A fila de pão na Grande Depressão, escultura de djórdji sígâl, 1999. A escultura representa as dificuldades enfrentadas pelos estadunidenses na crise econômica que assolou o país em 1929 e que teve repercussão cultural.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih um zero
  • ê éfe zero nove agá ih um dois
  • ê éfe zero nove agá ih um três

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir justificam-se no capítulo em razão dos temas tratados, a crise do capitalismo nos Estados Unidos e na Europa e os regimes totalitários europeus das décadas de 1920 e 1930, e de assuntos correlatos, como a produção artística do período, o racismo e as transformações nos costumes ocorridas nesse período.

  • Estudar aspectos sociais, culturais e econômicos dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século vinte.
  • Refletir sobre a crise econômica de 1929 e seus desdobramentos mundiais.
  • Analisar o desenvolvimento do totalitarismo na Itália (fascismo) e na Alemanha (nazismo), bem como a ascensão de ditaduras na Península Ibérica.
  • Valorizar a liberdade de expressão, a democracia e os direitos humanos.
  • Combater o racismo, o preconceito e qualquer outra fórma de discriminação.
Fotografia. Um grupo de homens, mulheres e crianças, todos próximos. A maioria está em pé. Ao centro, uma mulher e um menino sentados sobre sacos com as mãos apoiando a cabeça. Ao fundo, um muro com pregos nas extremidades e construções altas.
Ciganos detidos pelo govêrno nazista para deportação em Asperg, Alemanha. Fotografia de 1940. Dois anos antes, o chefe da polícia alemã ráinrróich rímlerinstituiu o Decreto da “Luta contra a praga cigana”, no qual os ciganos eram considerados “inimigos biológicos” e deviam ser deportados para campos de concentração.
Fotografia. Um mural de superfície vermelha e textura simulando flores. Ao lado, o texto: '25 ABRIL 1974', escritos em relevo sobre a parede.
Exposição permanente no Museu do Aljube, em Lisboa, Portugal. Fotografia de 2015. A exposição tem como tema a reconquista da democracia portuguesa, ocorrida em 25 de abril de 1974, na chamada Revolução dos Cravos.
Orientações e sugestões didáticas

Para começar

Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que existem diversos tipos de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial, moral etcétera.) e de discriminação (étnico-racial, sexual, religiosa, ideológica, econômica etcétera.). Para combatê-las, é importante estimular uma cultura da paz, que valorize o diálogo como instrumento de resolução de conflitos. Além disso, devemos denunciar e criticar atos de violência, buscar redes de apoio e órgãos competentes para investigar, julgar e punir os responsáveis. Atitudes como essas podem ser tomadas individualmente ou articuladas de fórma colaborativa, por meio da organização de coletivos ou de abaixo-assinados on-line por exemplo. Existem plataformas na internet nas quais se faz um cadastro para, em seguida, definir o tema, dar um título à petição (documento pelo qual se reivindica a solução de um problema) e indicar quem são as pessoas ou instituições capazes de solucionar o problema.

Estados Unidos nos anos 1920 e 1930

Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia dos Estados Unidos expandiu devido ao grande desenvolvimento agrícola e industrial. Em 1920, os Estados Unidos eram responsáveis por quase 50% da produção mundial, tornando-se um dos países mais ricos do planeta.

A prosperidade econômica gerou um clima de otimismo na sociedade e a década de 1920 foi chamada de “anos felizes”. Nessa época, aumentou o consumo de produtos como eletrodomésticos, automóveis etcétera. Tornou-se popular a ideia de que “viver bem era sinônimo de consumir mais”. Essa ideia caracterizava o American way of life, ou seja, o “estilo de vida americano”.

Apesar da euforia consumista, a maioria da população realizava suas compras a prazo e por meio de empréstimos bancários. A publicidade e a concessão de crédito foram importantes ferramentas para o sucesso do American way of life.Enquanto a publicidade incentivava as pessoas a comprar, a concessão de crédito sustentava o consumo. Em 1927, por exemplo, seis em cada dez automóveis foram comprados por meio de financiamento.

Fotografia. Página de uma revista contendo a ilustração de um carro ao fundo, de coloração verde e marrom, quatro rodas e vidros transparentes. Ao lado do veículo, duas mulheres próximas, uma com cabelos loiros e lisos, trajando um longo vestido laranja, e a outra com cabelos castanhos e lisos, vestindo um casaco branco com detalhes coloridos. No canto esquerdo, uma sequência de textos, e na parte inferior da página, uma sequência de pequenos carros semelhantes, de diferentes cores.
Propaganda de automóveis de luxo produzidos em Detroit, Estados Unidos, publicada na revista Ladies‘ Home Journal, voltada ao público feminino, em 1927. A propaganda exalta o “estilo de vida americano” ao aliar bem-estar a consumismo.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Em sua opinião, para viver bem, precisamos sempre consumir mais? Argumente com os colegas e conheça o ponto de vista deles sobre a questão.
  2. Quais são os problemas ocasionados pelo consumismo? Reflita.
  3. O que você sabe sobre educação financeira? Comente e converse com os colegas sobre o assunto.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Estados Unidos nos anos 1920 e 1930”, incluindo seus subitens e o boxe “Para pensar” que o acompanha, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê três, cê gê seis, cê gê sete, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco, cê ê cê agá seis, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá quatro e cê ê agá cinco, bem como das habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero e ê éfe zero nove agá ih um dois, pois apresenta o contexto econômico e cultural dos Estados Unidos no período, identifica e relaciona as dinâmicas do capitalismo e suas crises, analisa a crise capitalista de 1929 e seus desdobramentos em relação à economia global, da mesma fórma que estimula a reflexão sobre o consumismo.

Para pensar

  1. Resposta pessoal. Tema para reflexão e debate que lida com os temas contemporâneos transversais Educação para o consumo e Educação financeira. Depois de ouvir as respostas, comente que, no mundo em que vivemos, predomina uma ideia de que viver bem é o mesmo que consumir mais. Esse vínculo é criado com o objetivo de estimular o consumo, de modo semelhante ao que já ocorria nos Estados Unidos na década de 1920. Para incentivar o senso crítico, solicite aos estudantes que selecionem e analisem um anúncio publicitário na internet, na televisão, em revistas ou em jornais. Ressalte que, em muitos desses anúncios, procura-se estabelecer uma relação entre o produto e uma vida feliz.
  2. O consumismo é o hábito, o desejo ou a tendência de consumir em excesso. O consumismo estimula ter mais, e não ser mais. Esse fenômeno pode provocar:
  • problemas ambientais, pois o consumismo aumenta a demanda de matéria-prima, produz mais lixo, consome mais energia elétrica e água etcétera.;
  • problemas sociais, pois o consumismo contribui para a diferenciação entre as pessoas que têm ou não acesso a determinado produto. Além disso, muitas vezes o custo mais acessível de um produto está relacionado a fórmas de exploração de pessoas;
  • problemas psicológicos, pois o consumismo associa o consumo ao sucesso, gera ansiedade, provoca prejuízos financeiros etcétera.

3. Resposta pessoal. Tema para reflexão e debate. Depois de ouvir as respostas, comente que a educação financeira abrange conhecimentos matemáticos e a noção de quando, quanto e por que devemos gastar. Para aprofundar a discussão, consulte o material didático voltado aos anos finais do Ensino Fundamental e preparado por órgãos do govêrno federal (disponível em: https://oeds.link/tO6gS7; acesso em: 16 agosto. 2022).

A cultura nos “anos felizes”

A prosperidade econômica dos anos 1920 impulsionou a produção cultural nos Estados Unidos. Nessa época, o cinema e o jazz se popularizaram.

Durante os “anos felizes”, vários estúdios cinematográficos se instalaram em Hollywood, região da cidade de Los Angeles. Ali, artistas como a sueca Greta Garbo (1905-1990) e o britânico Tcharls Tcháplin (1889-1977) ficaram mundialmente conhecidos por seus trabalhos. Os filmes produzidos nos Estados Unidos conquistavam o imaginário das pessoas e, muitas vezes, faziam propaganda do “estilo de vida americano”.

Cena de filme em preto e branco. Destaque para um casal elegantemente vestido. O homem de cabelos escuros, curtos e lisos, e um fino bigode, veste um paletó escuro. À sua frente, uma mulher de cabelos escuros, médios e encaracolados, usa um vestido claro de tecido brilhoso e um casaco de pele sobre seus ombros.
Greta Garbo e cônrad nêidjêlem cena do filme A dama misteriosa, dirigido por Fred Niblo, 1928.

Na mesma época, os afro-estadunidenses desenvolveram o jazz, uma fórma musical que mescla a harmonia europeia com ritmos africanos. Aos poucos, o jazz atraiu admiradores pelo mundo, incluindo o compositor russo de música erudita Igor Stravinsky. A cidade de Nova Orleans tornou-se um fervoroso centro criativo de jazz. Entre os principais nomes desse estilo musical, estão o trompetista Lúis Ármistrong(1901-1971) e a cantora Bíli Rólidei(1915-1959).

Fotografia em preto e branco. Uma banda formada por diversos homens e uma mulher, cada um portando um instrumento musical diferente, como trompete, piano, flauta, bateria etc. Os homens vestem terno e gravata borboleta. A mulher usa um vestido longo. No centro da imagem, a mulher toca piano e um homem, abaixado, toca trompete.
Lúis Ármistrong (no centro, abaixado), considerado um dos maiores instrumentistas da história do diéz, e a criôl djéz béndem Chicago, Estados Unidos. Fotografia de 1923.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

chivártzman Sheila. O modo americano de viver: a vida no tempo das máquinas. São Paulo: Atual, 2004. (Coleção A vida no tempo).

Nessa obra, a autora explica como o modo de vida dos estadunidenses se formou e se espalhou pelo mundo, impulsionado principalmente pelos meios de comunicação de massa.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Leia a seguir um artigo escrito por enri fórd em 1926 sobre a produção em massa. Depois, responda às questões.

enri fórd responde às críticas

“A produção em massa foi estudada reticências no tocante ao que foi chamado de monotonia do trabalho repetitivo. Essa monotonia existe menos nas fábricas do que na mente dos teóricos e reformadores livrescos [neste caso, proveniente dos livros, e não da experiência real (termo empregado de modo pejorativo)]. A produção em massa torna o trabalho mais leve, embora aumente a sua capacidade repetitiva. Nisto ele é o oposto do ideal medieval de artesanato, em que o artesão executava todas as operações, desde o preparo da matéria-prima até a sua fórma final. reticências Nas fábricas modernas, bem gerenciadas, a tendência à monotonia é combatida por frequentes mudanças de tarefa.

A crítica à produção em massa como meio de reduzir o emprêgo há muito já foi descartada. reticências em toda parte onde o número de homens nas operações de produção foi reduzido, criaram-se mais empregos. reticências Talvez o fato mais amplamente compreendido acerca da produção em massa seja que ela resultou em salários mais elevados que qualquer outro método de trabalho.”

fórd, rênri. Produção em massa. In: fédiman, Clifton editor. O tesouro da Enciclopédia Britânica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. página. 93-94.

1. Quem é o autor do documento e quando foi escrito? Qual é a ideia central nele contida?

Resposta: O autor do documento é enri fórd, fundador de uma conhecida fábrica de automóveis nos Estados Unidos. O texto foi escrito em 1926 e procura responder às críticas de que o sistema fabril moderno exigia um esfôrço repetitivo, argumentando que o sistema de produção em massa era bom também para os operários das fábricas.

2. O que você entende por “monotonia do trabalho repetitivo”? Qual é a opinião de enri fórdsobre essa “monotonia”?

Resposta pessoal. fórd afirmava que a monotonia existia mais na cabeça dos críticos do que nas fábricas. E que nas fábricas bem gerenciadas a tendência à monotonia era combatida pelas frequentes mudanças de tarefas.

3. Que argumentos fórd usou para afirmar que o sistema de produção em massa era o mais adequado?

Resposta: Para ele, o trabalho em série era mais leve do que o do artesão medieval, que tinha de cumprir todas as tarefas. Além disso, ele defendia que tudo era uma questão de gerenciamento, que o número de empregos não tinha diminuído e os salários tinham aumentado com o novo sistema.

Crise econômica de 1929

A crise econômica de 1929 nos Estados Unidos está relacionada a diversas condições, entre as quais destacamos:

  • desigualdade social – apesar da prosperidade dos “anos felizes”, os Estados Unidos eram um país desigual em termos de renda. A pobreza atingia, sobretudo, os afro-estadunidenses e imigrantes, muitos dos quais não tinham acesso a trabalhos qualificados e salários dignos;
  • superprodução econômica – as exportações estadunidenses cresceram, principalmente, durante a Primeira Guerra Mundial. À medida que os países europeus recuperavam suas economias, os Estados Unidos foram perdendo mercado consumidor. Apesar dessas perdas, muitos empresários estadunidenses continuaram a produzir no mesmo ritmo. Com isso, começaram a sobrar produtos no mercado. Sem ter compradores, vários desses produtos ficaram estocados. Ocorreu, então, uma superprodução de bens, isto é, a quantidade de produtos à venda tornou-se superior ao número de consumidores. Assim, em uma espécie de efeito dominó, os preços dos produtos despencaram, as vendas caíram e os empresários demitiram milhões de trabalhadores;
  • especulação financeira – investidores estadunidenses e estrangeiros passaram a comprar ações de empresas que eram negociadas na Bolsa de Valores de Nova iórque. Em 1929, no entanto, muitos investidores perceberam que o valor das ações não correspondia ao valor real das empresas. Por isso, decidiram vender rapidamente suas ações, o que derrubou os preços desses títulos financeiros. No dia 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova iórque perdeu sua estabilidade e “quebrou”, isto é, entrou em colapso. De acôrdo com historiadores, a quebra da Bolsa foi o principal marco da crise econômica dos Estados Unidos, que ficou conhecida como o período da Grande Depressão.
Capa de jornal. Destaque para uma ilustração que toma quase toda a página, representando uma multidão de pessoas aglomeradas, muitas com as mãos voltadas para a cabeça, ou para o alto, olhos arregalados ou expressão desesperada. No canto esquerdo da ilustração, dois homens em pé sobre um palanque, a frente de um painel com textos. Na parte inferior, uma mulher desmaiada é segurada por dois homens. Em segundo plano, paredes com janelas e vidraças.
Primeira página doIlustrazione del Popolosuplemento semanal do jornal italiano Gazzetta del Popolo, ilustração de Alfredo Ortelli, 1929. A publicação representa a quebra da Bolsa de Valores de Nova iórque e a reação de desespero dos investidores.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia o texto a seguir, que compara as crises econômicas de 1929 e 2008, apontando semelhanças e diferenças. Em 2008 e nos anos posteriores, as dificuldades enfrentadas em 1929 foram relembradas e novamente estudadas pelos especialistas, para compreender os motivos das crises cíclicas do capitalismo.

Comparando as crises de 1929 e de 2008

“A profundidade da crise que assola parte significativa do sistema financeiro mundial provocará reticências impactos sobre produção, investimento, emprêgo etcétera. Já se torna evidente que a economia mundial ingressou em uma fase de desaceleração ou recessão, cujo desfecho é ainda desconhecido. reticências É inevitável, neste contexto de elevada incerteza, que surjam comparações entre o momento atual e a experiência dramática da Grande Depressão, que subverteu o mundo, sobretudo entre 1929 e 1933

Seguramente, o pêso da riqueza a sofisticação reticências das operações financeiras e a interligação entre os vários segmentos dos mercados em escala global são hoje infinitamente maiores do que no final da década de 1920. A dimensão recente alcançada pela riqueza financeira (duzentos e vinte e nove vírgula sete trilhões de dólares em dezembro de 2007, mais de quatro vezes superior ao Píbi mundial) e a escala real reticências das perdas reticências sugerem que estamos diante de um processo monumental de desvalorização de ativos [investimentos tais como títulos de dívidas ou ações], muitas vezes superior ao que se assistiu há quase oitenta anos Segundo o Banco da Inglaterra, os bancos ingleses registraram perdas reticências da ordem de dez bilhões de libras ao mês, entre maio e outubro de 2008, somando cento e vinte e dois vírgula seis bilhões de libras. Nos Estados Unidos, Reino Unido e área do euro, as perdas reticências podem atingir dois vírgula oito trilhões de dólares. A conclusão que daí poderia advir é que o curso dos acontecimentos será, em consequência, mais dramático e doloroso do que em 1929-1933.”

mazuquéli, Frederico. A crise em perspectiva: 1929 e 2008. Novos Estudos , São Paulo, volume. 82, página. 57-58, novembro. 2008.

Outras Histórias

Lei sêca

Em 1920, foi aprovada nos Estados Unidos a chamada Lei sêca, que proibia a fabricação, a venda e o consumo de bebidas alcoólicas. Essa lei vigorou por 13 anos, mas não teve os efeitos esperados. Ao contrário, acabou estimulando a falsificação e o contrabandoglossário de bebidas, e não acarretou a diminuição do consumo de álcool. Além de burlar a Lei sêca, ganguesglossário exploravam a prostituição e o jôgo clandestino. A gangue mais conhecida da época era a de Al Capone, que atuava na região de Chicago.

Fotografia em preto e branco. Destaque para dois homens à esquerda, em pé, com as mãos sobre a borda de um barril, despejando um líquido sobre um bueiro no solo. À direita, dois homens em pé, lado a lado, observando a cena.
Policiais supervisionam o despêjo de bebida alcoólica no esgoto durante a Lei sêca em Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de 1921.
Fotografia em preto e branco. Uma longa fila de pessoas, direcionadas para as portas de um estabelecimento.
Distribuição de refeição para desempregados durante a Grande Depressão, em um estabelecimento fundado por Al Capone, em Chicago, Estados Unidos. Fotografia de 1931. As ações beneficentes eram uma tentativa de melhorar sua imagem pública e mascarar as atividades clandestinas.

Responda no caderno

Atividades

  1. Pesquise os principais malefícios causados pelo abuso de bebidas alcoólicas.
  2. Você sabe em que situações as leis brasileiras proíbem o consumo de bebida alcoólica? Pesquise.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Lei sêca” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê sete, cê gê oito, cê gê dez, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá três.

Outras histórias

  1. O consumo abusivo de álcool pode causar dependência, danos à saúde de quem consome e graves danos sociais, que afetam as relações familiares e de trabalho, o trânsito de veículos etcétera.
  2. No Brasil, existem normas jurídicas que proíbem dirigir veículos no caso de consumo de bebidas alcoólicas e a venda ou fornecimento de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos.

Quebra da Bolsa e seus desdobramentos

O crack ou crash (do inglês, “quebra, “desastre”) da Bolsa de Valores de Nova York afetou diversos setores da economia. Entre 1929 e 1932, a produção industrial nos Estados Unidos diminuiu 54%. Ao longo dos anos 1930, cerca de 5 mil bancos estadunidenses faliram. O número de homens e mulheres desempregados chegou a mais de 15 milhões.

Nesse período, surgiram favelas nas periferias de cidades dos Estados Unidos e milhares de pessoas sofreram com a fome. Ao contrário dos “anos felizes” que marcaram a década de 1920, os anos 1930 ficaram conhecidos como “tempos difíceis”.

Fotografia. Um homem em pé, vestindo um paletó e calça marrons, e um chapéu com abas sobre a cabeça, ao lado de um automóvel de carroceria azulada, e uma placa branca contendo um texto.
Homem vendendo carro por apenas 100 dólares após perder tudo na quebra da Bolsa de Valores em Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de 1929.

A crise se espalhou por vários países, onde gerou desemprego, falência de empresas e escassez de gêneros básicos, como alimentos, roupas etc. Cafeicultores brasileiros, por exemplo, perderam vendas em larga escala, devido à redução das exportações para os Estados Unidos. Essa grave crise econômica levou a uma descrença no liberalismo capitalista.

Fotografia em preto e branco. Vista aérea de uma zona urbana com diversos casebres lado a lado, amontoados sobre um grande terreno. Em segundo plano, fábricas e usinas, com chaminés expelindo fumaça.
Habitações improvisadas (rúver-víls) construídas em terreno baldio na cidade de Seattle, Estados Unidos. Fotografia de 1933. Com o desemprego, milhares de trabalhadores não conseguiram mais pagar os aluguéis das casas onde moravam e tiveram de ir morar em habitações improvisadas como essas.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir explica a atuação de uma agência federal criada nos Estados Unidos para tentar minimizar os efeitos da crise de 1929 em uma das regiões mais pobres do país. O tema deixa claro que a intervenção econômica estatal ocorre mesmo em países que valorizam a iniciativa privada como mecanismo para regular o mercado, como é o caso estadunidense.

A Autoridade do Vale do Tennessee

“A Tennessee Valley Authority é uma corporação de propriedade federal que é a maior empresa pública de energia dos Estados Unidos. A [tê vê a] fornece energia para seus clientes usando usinas que geram energia a partir de uma variedade de fontes, incluindo combustíveis fósseis, nucleares e fontes renováveis, como água e energia solar. Além de fornecer energia aos seus clientes, a [tê vê a] também é responsável pelo desenvolvimento da região do Vale do Tennessee, evitando inundações, garantindo a qualidade da água e mantendo a navegação do quinto maior sistema fluvial dos Estados Unidos da América.

O Vale do Tennessee foi duramente atingido pela Grande Depressão, que começou em 1929. As terras no vale foram devastadas pela super agricultura, inundações e desmatamento, que corroeu a camada superficial do solo e diminuiu a produção e a renda das colheitas em uma região que dependia da agricultura. Isso levou o Congresso dos Estados Unidos a estabelecer a reticências [tê vê a] em 1933 para combater as condições de vida precárias que muitas pessoas na região viviam. O objetivo da reticências [tê vê a] era modernizar a região por meio do fornecimento de eletricidade, reduzindo os danos das enchentes, melhorando a navegação e promovendo o desenvolvimento econômico.

A Grande Depressão inspirou a criação da tê vê a], mas provou ser uma agência eficaz muito além do fim da Depressão. Durante a Segunda Guerra Mundial, criou a energia necessária para produzir aviões e bombas para ajudar o país. Ao longo dos anos, sua eficácia também é demonstrada no desenvolvimento econômico contínuo do Vale do Tennessee. A tê vê a tem evoluído ao longo do tempo para aumentar sua produtividade e eficiência e, como resultado, realiza o valioso trabalho de estabilizar os preços da energia em tempos de crise e flutuação.

Embora haja um debate nos Estados Unidos sobre a eficácia das indústrias de propriedade federal, a reticências [tê vê a] continuou a sobreviver. Apesar de suas origens como uma empresa apoiada pelo govêrno federal, a tê vê a não recebe mais nenhum dólar de impostos dos Estados Unidos para financiar seus esforços de contrôle de enchentes, navegação, proteção ambiental e gestão de terras. A tê vê a ainda mantém essas atividades, mas os custos operacionais são cobertos pela receita obtida com a venda de energia

O QUE é a Autoridade do Vale do Tennessee?. Spiegato. Disponível em: https://oeds.link/daGuJF. Acesso em: 8 abril. 2022.

New Deal: um programa para superar a crise

No comêço da crise, os governantes dos Estados Unidos não interferiram na economia, mantendo a política liberal da década de 1920. Isso mudou com a eleição de Frânclin Rúsvelt para a Presidência do país. Durante seu govêrno, que durou de 1933 a 1945, foi executado um programa de reformas conhecido como New Deal (do inglês, “novo acôrdo”).

O New Deal se inspirava nas ideias do economista britânico John (1883-1946). Para ele, era necessário equilibrar as intervenções estatais com as iniciativas privadas. Entre as principais medidas do New Deal, estavam:

  • contrôle de preços de diversos produtos agrícolas e industriais;
  • concessão de empréstimos a empresários endividados para que pagassem suas contas e reorganizassem a produção;
  • realização de obras públicas para oferecer trabalho a milhões de pessoas;
  • regulamentação de direitos trabalhistas, como salário mínimo e seguro-desemprego, pois o acesso à renda ajudava a manter o consumo e impulsionava as atividades econômicas.

O New Deal não alcançou todo o sucesso planejado, mas contribuiu para amenizar a crise. A partir de 1935, a economia do país voltou a crescer e, gradativamente, foram controlados vários problemas que afetavam o trabalho e a produção.

Cartaz. Imagem representando uma mão humana, portando uma folha de cheque com textos. Em segundo plano, uma grande construção, de paredes brancas, fachada com colunas, e uma cúpula central.
Um cheque mensal para você, cartaz da campanha pela inscrição no Comitê de Seguridade Social, 1935. Esse sistema de seguro social foi criado durante o New Deal, nos Estados Unidos, e oferecia um pagamento mensal com início aos 65 anos de idade.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Sugerimos a leitura do texto a seguir, que apresenta sumariamente o pensamento de Djon Mainardi Queines e parte de sua influência no pensamento econômico brasileiro. O trabalho desse economista britânico inspirou estudos e planos para que vários Estados ocidentais tentassem enfrentar crises.

quêines e o Brasil

“O queinezianísmo é uma doutrina ativista, que preconiza a ação do Estado na promoção e sustentação do pleno emprêgo em economias empresariais. Ele dialoga, mas não se confunde com outras doutrinas, que se apoiam em princípios teóricos e prioridades políticas diferentes. Por outro lado, a teoria queineziâna reticências tem como objeto o mundo real, de modo a ter bem claro que a construção de conceitos e modelos não é, de modo algum, um fim em si mesmo, mas um instrumento de pesquisa empírica e derivação de políticas de ação. Como todo instrumento, conceitos e modelos tendem a tornar-se obsoletos com o tempo, e têm de ser modernizados para que sua eficiência deva ser mantida. O queinezianísmo reticências é principalmente uma visão, mais do que um instrumento de análise. reticências

No Brasil, um dos primeiros expoentes do pensamento queineziâno reticências foi Celso Furtado. Nessa direção, talvez sua obra mais influente tenha sido a Formação Econômica do Brasil, trabalho brilhante e seminal, de leitura fluente e impactante até o presente, imediatamente reconhecida como uma aplicação da abordagem macroeconômica proposta por quêines à historiografia econômica.”

CARVALHO, Fernando J. Cardim de. quêines e o Brasil. Economia e Sociedade, Campinas, volume. 17, página. 571, dezembro. 2008. Disponível em: https://oeds.link/L1myMf. Acesso em: 8 abril. 2022.

Totalitarismo na Europa

A devastação da Primeira Guerra Mundial e, depois, a quebra da Bolsa de Nova iórque provocaram um estado de crise em diversas sociedades europeias. A maioria da população enfrentava desemprego, inflação e pobreza. Em vários países, havia um clima de incertezas e protestos. Alguns setores sociais passaram a acreditar na ilusão de que somente um líder antidemocrático poderia resolver os graves problemas da época.

Esse cenário de insegurança social favoreceu a implantação de regimes políticos totalitários. O objetivo dos regimes totalitários era criar um Estado forte (ou “total”) capaz de controlar os indivíduos e as instituições. O totalitarismo considerava que a vontade do Estado estaria acima dos direitos fundamentais dos cidadãos, como o direito à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança.

O Estado totalitário só permitia a existência de um único partido político e promovia o culto à personalidade de seu líder. Eram proibidas críticas, oposições e manifestações de pessoas consideradas “diferentes”. Os adversários eram vigiados e punidos por órgãos especiais do Estado. Além disso, os meios de comunicação sofriam censura e eram obrigados a divulgar a ideologia oficial do regime totalitário.

Entre os principais exemplos de regimes totalitários estão o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha. As ditaduras de Francisco Franco, na Espanha, e de António de Oliveira Salazar, em Portugal, também apresentavam características do totalitarismo. Diversos historiadores também incluem o stalinismo, na União Soviética, como um exemplo de regime totalitário, mesmo considerando que ele tinha uma ideologia diferente do nazifascismo.

Cena de filme em preto e branco. Um homem com pequeno bigode, fardado, sentado sobre a superfície de uma mesa, portando um globo terrestre sobre suas mãos. Ainda sobre a mesa, a estátua do busto de um homem. Em segundo plano, um armário com várias e pequenas gavetas.
Tcharls Tcháplin em cena do filme O grande ditador, de 1940, que ironiza a ambição de contrôle total presente na ideologia dos regimes totalitários.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

O grande ditador (Estados Unidos). Direção de Tcharls Tcháplin, 1940. 128 minutos.

Tcharls Tcháplin é o diretor do filme e o protagonista da obra, na qual, vive dois papéis: um ditador, claramente inspirado em ádolf rítler (chefe nazista que estudaremos adiante), e um barbeiro judeu que acaba sendo confundido com o líder autoritário.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Totalitarismo na Europa”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três, sobretudo por descrever e contextualizar os processos de emergência e consolidação do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha, além das ditaduras de Franco na Espanha e de Salazar em Portugal, e as práticas de extermínio na Alemanha sob o govêrno de

Fascismo na Itália

A Primeira Guerra Mundial teve resultados desastrosos para os italianos. Calcula-se que setecentas mil pessoas morreram e quinhentas mil ficaram feridas. Nesse momento de insatisfação, Benito Mussolini (1883-1945) fundou na Itália o Partido Nacional Fascista.

Os fascistas diziam, de fórma categórica, que a crise italiana tinha solução, e propunham medidas para o crescimento do país. Pessoas de diferentes condições sociais (empresários, desempregados, desiludidos com a situação do país) acreditaram nas propostas fascistas e contribuíram para que Mussolini conquistasse o poder em 1922.

Na primeira fase de seu govêrno (1922-1924), Mussolini estruturou o Estado autoritário, controlando a imprensa e organizando milícias fascistas (tropas militarizadas). O fascismo estimulava o ultranacionalismo e menosprezava as culturas estrangeiras (xenofobia).

Na segunda fase do govêrno de Mussolini (1925-1939), os fascistas conseguiram alcançar poder suficiente para implantar uma ditadura na Itália. Mussolini tornou-se chefe supremo do Estado, sendo conhecido como Il Duce (em italiano, “o condutor”, “o líder”). Reprimiu violentamente protestos dos adversários, usando a polícia política fascista conhecida pela sigla Ovra. Além disso, aprovou reformas trabalhistas da Carta do Trabalho, que regulava as relações entre patrões e empregados.

O govêrno fascista também impunha sua doutrina por meio da educação pública. Entre as ações no campo da educação, Mussolini incluiu a militarização da vida escolar e o lançamento, em 1929, de um livro didático unificado para os estudantes das escolas elementares. Um dos lemas fascistas era: “Crer, obedecer e combater”.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem à esquerda, apoiado no parapeito de uma sacada, vestindo uma farda e uma boina sobre sua cabeça. Ao seu lado, um mastro e uma bandeira. Em segundo plano, uma imensa multidão de pessoas aglomeradas.
Benito Mussolini é aplaudido por milhares de italianos no Palazzo Venezia, em Roma, Itália. Fotografia de 1936. A propaganda pessoal do líder fascista Mussolini incluía manifestações públicas de grande impacto.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Costuma-se atribuir à sigla Ovra, que designa a polícia secreta e política fascista italiana, diferentes significados: Órgão Voluntário de Repressão Antifascista, Órgão de Vigilância de Reações Antiestado, entre outros.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto do pensador italiano Umberto Eco (1932-2016), no qual ele traça alguns aspectos do fascismo italiano e de suas contradições.

As contradições do fascismo

“O fascismo foi uma ditadura, mas não era completamente totalitário, nem tanto por sua brandura, quanto pela debilidade filosófica de sua ideologia. Ao contrário do que se pensa comumente, o fascismo italiano não tinha uma filosofia própria. reticências Mussolini não tinha qualquer filosofia: tinha apenas uma retórica. Começou como ateu militante, para depois firmar a concordata com a Igreja e confraternizar com os bispos que benziam os galhardetes fascistas. Em seus primeiros anos anticlericais, segundo uma lenda plausível, pediu certa vez a Deus que o fulminasse ali mesmo para provar sua existência. Deus estava, evidentemente, distraído. Nos anos seguintes, em seus discursos, Mussolini citava sempre o nome de Deus e não desdenhava o epíteto ‘homem da Providência’. Pode-se dizer que o fascismo italiano foi a primeira ditadura de direita que dominou um país europeu e que, em seguida, todos os movimentos análogos encontraram uma espécie de arquétipo comum no regime de Mussolini. O fascismo italiano foi o primeiro a criar uma liturgia militar, um folclore e até mesmo um modo de vestir-se – conseguindo mais sucesso no exterior que Armani, Benetton ou Versace. Foi somente nos anos [1930] que surgiram movimentos fascistas na Inglaterra, [...] Letônia, Estônia, Lituânia, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Grécia, Iugoslávia, Espanha, Portugal, Noruega, e até na América do Sul, para não falar na Alemanha. Foi o fascismo italiano que convenceu muito líderes europeus de que o novo regime estava realizando interessantes reformas sociais, capazes de fornecer uma alternativa moderadamente revolucionária à ameaça comunista. reticências

O fascismo era um totalitarismo fuzzy [confuso, impreciso, desfocado]. O fascismo não era uma ideologia monolítica, mas uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas, um alveário [enxame] de contradições. É possível conceber um movimento totalitário que consiga juntar monarquia e revolução, exército real e milícia pessoal de Mussolini, os privilégios concedidos à Igreja e uma educação estatal que exaltava a violência e o livre mercado? O Partido Fascista nasceu proclamando sua nova ordem revolucionária, mas era financiado pelos proprietários de terras mais conservadores, que esperavam uma contrarrevolução. O fascismo do comêço era republicano e sobreviveu durante vinte anos proclamando sua lealdade à família real, permitindo que um duce puxasse as cordinhas de um ‘rei’, a quem ofereceu o título de ‘imperador.

ECO, Umberto. Cinco escritos morais. Rio de Janeiro: Record, 1998. página. 36-38.

Nazismo na Alemanha

Assim como na Itália, ao longo da década de 1920, a população alemã enfrentou graves dificuldades. As consequências da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial e as duras condições impostas pelo Tratado de Versalhes geraram um clima de humilhação social. Além disso, havia desemprego elevado, baixa produção industrial e altas taxas de inflação.

Nesse contexto, uma parcela da elite alemã, com medo da expansão do socialismo entre os trabalhadores, apoiou a criação de um partido autoritário denominado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou Partido Nazista, em 1919. A partir de 1921, o Partido Nazista foi comandado por ádolf rítler (1889-1945).

Quando se tornou líder supremo do Partido Nazista, Rítler utilizou vários meios de propaganda para influenciar a opinião pública e conquistar apôio das massas, incluindo a população pobre. Entre os meios de propaganda nazista, estavam jornais, cartazes, discursos, grandes espetáculos e desfiles militares que transmitiam ordem, disciplina e fervor patriótico.

Doutrina nazista

Após uma tentativa frustrada de tomar o poder na Alemanha, em 1923, Rítler foi preso. Enquanto esteve na cadeia, escreveu parte do livro Mein Kampf(do alemão, “Minha luta”), que se tornou a obra fundamental do nazismo. Nele, divulgava ideias como:

  • racismo – defendia a existência de uma suposta “raça ariana”, que seria uma “raça pura,” da qual descendiam os povos germânicos, e superior a todos os outros povos (judeus, eslavos, negros, ciganos etcétera.). Por isso, defendia a perseguição e o extermínio dessas populações;
  • antissemitismo – declarava que o povo judeu (semita) formava uma “raça inferior”, capaz de corromper e destruir a “pureza germânica”. Embora os judeus representassem menos de 1% da população do país, eles foram considerados “inimigos da Alemanha”. Assim, o nazismo proibiu, por meio das Leis de Nuremberg, o casamento entre judeus e alemães, retirou o direito à cidadania dos judeus e restringiu a participação deles nas funções públicas;
  • totalitarismo – defendia a submissão total do indivíduo à autoridade do Estado, personificado na figura do Führer (do alemão, “chefe”);
  • expansionismo – afirmava que o govêrno alemão tinha o dever de expandir seu território sobre outros países (espaço vitalglossário ), mesmo que fosse por meio da guerra.
Fotografia. Soldados enfileirados, portando hastes com cartazes vermelhos com textos e símbolos de uma suástica.
Desfile de tropa do Partido Nazista, em Nuremberg, Alemanha. Fotografia de 1933. No estandarte, o símbolo da suástica nazista e a expressão Deutschland erwache (em português, Desperta, Alemanha).
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o racismo promovido pelo Estado nazista.

O racismo como política de Estado

“O nazismo é uma ideologia nacionalista, anticomunista e antissemita. Em seu livro Mein Kampf Minha luta –, Rítler conta que um dos objetivos da doutrina seria a constituição de um Estado racista, cuja maior prioridade estaria na conservação e no progresso do sangue ariano. De acôrdo com ele, a humanidade seria composta por diferentes raças, umas superiores às outras, e a miscigenação conduziria as raças superiores a um ‘rebaixamento’ na escala evolutiva da humanidade. As raças superiores teriam o dever de dominar e subjugar as inferiores e, com isso, teriam mais chances de sobrevivência e evolução. O contrário em sua visão seria contra a natureza e o próprio Deus. Os judeus, por sua vez, eram considerados os maiores inimigos do sangue ariano, por serem vistos como degenerados, indesejáveis, corruptores da superioridade racial alemã. reticências

Em 1º de janeiro de 1934, começou a vigorar a Lei de Esterilização que previa a castração forçada de pessoas com doenças hereditárias sob o argumento de que elas não poderiam gerar filhos que fossem um ‘fardo’ para a sociedade e para o Estado. Argumentava-se, sob o ponto de vista econômico, que o governo gastava muito para cuidar de pessoas doentes, inclusive com atividades escolares para crianças e jovens que pediam cálculos da quantidade de dinheiro gasto pelo governo com pessoas doentes

AZEVEDO, A. P. de; coéler, C. B. G. Eugenia na Alemanha nazista: o racismo como política de estado. Scientarium Historia, Rio de Janeiro, volume. 1, página. 2-3, 2021. Disponível em: https://oeds.link/H3uZXw. Acesso em: 8 abril. 2022.

Atividade complementar

Leia para os estudantes o texto de aprofundamento O racismo como política de Estado, que aborda a instituição da Lei de Esterilização. Em sequência, pergunte aos estudantes, em formato de aula invertida, como eles avaliam o argumento usado para esterilizar pessoas com doenças hereditárias. Peça a alguém que disserte sobre a expressão fake news e seus usos políticos. Fomente o diálogo com base na noção de crueldade, explicitando ser esse um tema sensível, e avalie, em conjunto com os estudantes, como esse é um exemplo cruel do uso de mentiras para distorcer a realidade e executar um projeto político autoritário e de ataque à democracia.

Painel

Propaganda nazista

Os nazistas utilizaram a propaganda como verdadeira arma para conquistar adeptos. Difundiram suas doutrinas pelos mais variados veículos: fotografia, cinema, rádio, cartazes e espetáculos públicos. Por meio da propaganda, enfatizavam noções de ordem e fidelidade a Rítler.

Fotografia. Inúmeras fileiras de soldados, com os corpos voltados em direção a um palanque, centralizado e ao fundo, contendo três faixas verticais idênticas, com fundos vermelhos e o símbolo da suástica.
Parada militar em comício do Partido Nazista, em Nuremberg, Alemanha. Fotografia colorizada de 1936. Esse e outros eventos eram organizados como grandes espetáculos.

No regime nazista, todos deviam obedecer a Rítler, o chefe supremo da Alemanha. A juventude alemã, por exemplo, era obrigada a repetir frases como: “Führer, ordena-nos! Nós lhe obedecemos”.

Os espetáculos nazistas eram organizados para provocar fortes emoções. Eles causavam impacto pelo amplo uso de bandeiras e símbolos nazistas (como as suásticas). Também se valiam de músicas, discursos eufóricos dos chefes e palavras de ordem que eram repetidas pela multidão.

Os cartazes nazistas geralmente utilizavam imagens agressivas com a finalidade de ofender quem eles consideravam inimigos, como comunistas, judeus etcétera. O cartaz a seguir, por exemplo, representa a figura estereotipada de um judeu, com “cara de mau”, tendo à frente as bandeiras do Reino Unido, dos Estados Unidos e da União Soviética. Esse cartaz sugere que os judeus conspiravam com os países adversários contra a Alemanha nazista. Nele, há uma frase escrita em alemão, que pode ser traduzida como: “Quem está por trás das fôrças inimigas: o judeu”.

Fotografia em preto e branco. Um homem à esquerda, fardado, com cabelos curtos, escuros e lisos, e um pequeno bigode. Está cercado de homens e mulheres. Uma das mulheres, à direita, tem cabelos curtos, escuros e ondulados, e está sorridente.
ádolf rítler e a cineasta Leni rífenchitál (à direita) durante as gravações de um documentário cujo objetivo era fazer propaganda do nazismo, em Nuremberg, Alemanha. Fotografia de 1934.
Cartaz. Representação de um homem em pé, visto parcialmente, vestindo um paletó e um chapéu escuros, e uma corrente pendendo na lateral de seu peito, com um pingente de uma estrela de seis pontas. Seu corpo e rosto estão parcialmente cobertos pelas bandeiras do Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética. A parte do rosto à mostra tem expressão carrancuda.
Atrás das potências inimigas, o judeu, cartaz de Bruno ráních, cêrca de 1940.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “Propaganda nazista” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá dois, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três, pois apresenta as estratégias artístico-culturais (comícios, desfiles, cartazes, filmes) que os nazistas utilizaram para difundir sua ideologia entre a juventude e toda a população alemã.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre a máquina de propaganda nazista e seus pressupostos.

Nazismo e propaganda

“A propaganda exerceu um papel fundamental no processo de consolidação política do reticências Partido Nazista, na Alemanha. Para ádolf rítler, em sua obra autobiográfica Minha luta Mein Kampf reticências a propaganda deveria ser simples, emotiva e popular Afinal, segundo ele, a faculdade de assimilação das massas é muito limitada, sua compreensão muito modesta e é grande a sua falta de memória. Dessa fórma, toda propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente pela ação de fórmas estereotipadas, até que o último dos ouvintes estivesse em condições de assimilar a ideia. O essencial da propaganda era atingir o coração das massas Essa seria uma das razões do êxito da propaganda nazista em relação às massas alemãs: predomínio da imagem sobre a explicação, do sensível sobre o racional.

reticências Desde o início, ádolf rítler e iôzef guêbels, o ministro da propaganda do terceiro Reich, tiveram percepção da dimensão do impacto que o cinema poderia conseguir na veiculação das mensagens político-ideológicas do Partido Nazista.

PEREIRA, Wagner Pinheiro. O triunfo do Reich de Mil Anos: cinema e propaganda política na Alemanha nazista (1933-1945). In: CAPELATO, M. H. êti ólHistória e cinema. São Paulo: Alameda, 2007. página. 256-257, 260.

Conquista do poder

Em 1923, Rítler comandou um grupo armado nazista pretendendo derrubar o governo da Baviera (um estado da Alemanha). O golpe fracassou e Rítler foi preso em 8 de novembro de 1923, permanecendo na prisão até 20 de dezembro de 1924. Na época, a Alemanha ainda não tinha conseguido superar as dificuldades socioeconômicas. Posteriormente, a situação se agravou com os desdobramentos da quebra da Bolsa de Nova iórque, em 1929.

Nesse contexto de crise, o Partido Nazista conseguiu eleger a maior bancada do Parlamento alemão (quase 38% dos deputados) em julho de 1932. A vitória foi acompanhada da violência de milícias nazistas contra adversários políticos.

Em 30 de janeiro de 1933, Rítler foi nomeado chanceler (chefe de governo) da Alemanha. Alguns acreditavam que a nomeação de Rítler seria capaz de conter suas ambições de poder. No entanto, poucos meses após assumir o cargo de chanceler, Rítler instalou uma ditadura no país.

Ditadura nazista

A ditadura nazista concretizou-se com a decretação de um estado de emergência, a censura à imprensa e a proibição das atividades políticas de partidos rivais. Além disso, uma poderosa máquina de propaganda foi construída para difundir a ideologia nazista.

O govêrno de Rítler impôs o nazismo às artes plásticas, à música, à literatura, ao cinema e até mesmo à pesquisa científica. No plano econômico, estimulou a agricultura e a industrialização. Nessa área, destacou-se a produção de armamentos militares.

No setor educacional, o govêrno obrigava os professores a aprender e ensinar princípios nazistas. Muitos professores foram obrigados a se inscrever em uma liga nazista de educação e a jurar fidelidade ao Führer. A doutrina nazista era também difundida por associações como a juventude ritlerísta, que organizava competições esportivas, reuniões políticas e exercícios de preparação.

Foi criada a Gestapo (polícia secreta do Estado), que vigiava os alemães e perseguia possíveis adversários. Os membros da Gestapo prendiam e matavam os suspeitos de deslealdade ao govêrno.

Em dezembro de 1933, o Partido Nazista tornou-se o partido único na Alemanha. Em agosto de 1934, Rítler ampliou seus poderes ao assumir também a Presidência da República. Tornou-se chefe absoluto do país.

Fotografia. À esquerda, um homem de bigode pequeno, fardado, com um dos braços esticado para frente. À direita, uma sequência de meninos lado a lado, todos vestindo fardas, com brasões sobre seus peitos.
Rítler condecorando participantes da juventude ritlerísta em Berlim, Alemanha. Fotografia colorizada e originalmente publicada na última transmissão de noticiário nazista em 1945.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Abaixo, transcrevemos um texto com informações sobre a criação e as fórmas de ação da Gestapo.

Gestapo

“Quarta-feira, 26 de abril de 1933. Criada por um decreto do ministro do Interior da Prússia, rérman guêrin, a Gestapo surgiu da necessidade de o regime nazista controlar (e eliminar) seus adversários políticos. reticências

guêrin, que dirigia a fôrça policial da Prússia desde fevereiro, já havia dispensado centenas de funcionários não alinhados com o ideário nazista. Eles foram substituídos reticências por integrantes das tropas paramilitares do partido, as ésse áe

O quartel-general, em Berlim, em breve teria jurisdição sobre todo o país, absorvendo outros serviços de inteligência de cada estado, que também passaram por expurgos internos. Em novembro, uma lei isentou a polícia secreta da jurisdição do Ministério do Interior e deu aos agentes uma liberdade de ação inédita. reticências

A Gestapo reunia os investigadores de elite, encarregados de fazer valer as leis e os decretos que o regime considerava mais importantes: aqueles sobre raça e oposição política.

As primeiras vítimas foram os comunistas, socialdemocratas e demais adversários políticos Os nazistas ergueram trinta campos de concentração para os inimigos. Antes que o mês de abril [de 1933] terminasse, mais de 5 mil pessoas já estavam em detenção preventiva. Em 25 de maio, a polícia da Baviera informou que o Partido Comunista e todos os seus afiliados haviam deixado de existir. reticências

Desde o início da Segunda Guerra, membros da Gestapo passaram a integrar, ao lado da tropa paramilitar, esquadrões da morte que seguiam o exército nos países ocupados, eliminando quem bem quisessem – principalmente os judeus. reticências

Em 1946, o Tribunal de Nuremberg julgou os vinte e dois criminosos de guerra mais importantes da Alemanha. Doze foram condenados à morte. A Gestapo foi definida como uma organização criminosa e a côrte resolveu que os responsáveis pagariam por seus crimes.”

isclárz, Eduardo. Terror e paranoia: Gestapo, a polícia secreta do Terceiro Reich. Aventuras na História, 25 maio 2020. Disponível em: https://oeds.link/3SJo1u. Acesso em: 8 abril. 2022.

Outras Histórias

Diversidade e igualdade

As antigas classificações das “raças humanas” perderam o sentido em função das recentes pesquisas biológicas. Essas pesquisas afirmam que todos os seres humanos fazem parte de uma única espécie. Ainda assim, o racismo não desapareceu.

Durante o nazismo, houve perseguição e extermínio de judeus, eslavos, negros, ciganos. Esses são exemplos extremos de racismo. Contudo, em nossos dias, observamos a persistência de atitudes racistas em vários países do mundo. Nesse sentido, a socióloga francesa clodíne harrôche afirmou:

“Direitos humanos, liberdades e até o Estado democrático, nada está garantido para sempre. reticências Temos que lutar diariamente por tudo isso, sem tréguas”.

harrôche, clodíne. Apud: GALANI, Luan. Males que nunca acabam. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, 28 novembro. 2011. Disponível em: https://oeds.link/Am0rq7. Acesso em: 29 maio 2022.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 considera o racismo um crime inafiançável e imprescritível. Além disso, o Estatuto da Igualdade Racial (2010) estabelece políticas públicas de valorização da população negra.

Fotografia. Um grupo de pessoas reunidas sobre a escadaria de um edifício, portando faixas e cartazes. Destaque para o texto: 'Nem bala, nem fome e nem covid. O povo preto quer viver!'.
Pessoas protestando contra o racismo e a violência policial no centro da cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021. Os manifestantes criticavam a ação policial ocorrida em 6 de maio daquele ano na comunidade do Jacarezinho, em que 29 pessoas (quase todos jovens negros) foram assassinadas.

Responda no caderno

Atividade

Analisando o contexto brasileiro atual, cite exemplos de:

  1. situações que demonstram o racismo estrutural;
  2. lutas em favor dos direitos humanos e das liberdades democráticas.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Diversidade e igualdade” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê sete, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro, cê ê cê agá seis, cê ê agá um e cê ê agá quatro.

Outras histórias

a) A despeito de algumas melhorias sociais, até hoje, no Brasil, as pessoas negras enfrentam situações como:

  • depreciação de suas características físicas. Desse modo, muitas pessoas se sentem obrigadas, por exemplo, a alisar seus cabelos ou a deixá-los curtos para atender a padrões de beleza estabelecidos pela população branca;
  • desvalorização das culturas de origem africana. Diversas manifestações culturais africanas foram inferiorizadas e até “demonizadas”, como foi o caso das religiosidades africanas;
  • marginalização social. De modo geral, no Brasil, a maioria da população pobre se autodeclara preta ou parda. Nesse contexto, a população negra e pobre enfrenta dificuldades para estudar, morar em bairros com mais infraestrutrura, conseguir empregos bem remunerados etcétera.

A condição desfavorável vivenciada pela população negra pode ser explicada pela história do Brasil. No país, o regime escravocrata durou mais de 350 anos. E, após a abolição, o govêrno brasileiro não promoveu políticas de inclusão social da população negra. Além disso, durante o século dezenove e início do vinte, houve intensa divulgação de ideias racistas, defesa de políticas de branqueamento e proibição de algumas manifestações culturais afro-brasileiras.

b. O objetivo dessa atividade é estimular os estudantes a identificar movimentos que lutam contra o racismo no Brasil, promovendo solidariedade e convívio democrático. Para se aprofundar nesse assunto, sugerimos a leitura do livro Superando o racismo na escola, organizado pelo antropólogo (disponível em: https://oeds.link/e6zW5V; acesso em: 29 março. 2022).

Espanha: ditadura de Franco

Na Espanha, o general Francisco Franco (1892-1975) lutou pela conquista do poder em uma guerra civil contra grupos republicanos. A sangrenta Guerra Civil Espanhola começou em 1936 e terminou em 1939, com a vitória das tropas de Franco (franquistas), que contaram com o apôio dos nazistas.

Não se sabe o número exato de vítimas da Guerra Civil Espanhola, mas calcula-se que tenham morrido entre quatrocentas mil e 1 milhão de pessoas.

Ao assumir o govêrno, Franco impôs uma ditadura na Espanha que era apoiada por um partido político chamado Falange. Inspirados no fascismo, os falangistas controlavam a sociedade de fórma autoritária, interferindo na educação e nos meios de comunicação.

O regime ditatorial de Franco manteve-se até sua morte, em novembro de 1975. Depois disso, a monarquia parlamentar foi restaurada e ocorreram eleições democráticas, disputadas por diversos partidos.

Pintura em preto, branco e cinza. Imagem representando diversas pessoas de forma desproporcional. À esquerda, uma mulher segura uma criança no colo. No chão, um homem caído, de braços abertos segurando uma espada partida. À direita, uma mulher se deslocando e um homem com os braços levantados para o alto. Acima da mulher, um grande rosto saindo de uma janela. A maioria das pessoas tem os olhos arregalados, as bocas abertas e expressões de desespero. Um touro, um cavalo e lâmpadas também foram representados.
Guernica, pintura de Pablo Picasso, 1937. Guernica é também o nome de uma cidade espanhola bombardeada pelos nazistas, os quais apoiavam Franco e seus seguidores. Nesse quadro, Picasso procurou retratar os horrores da guerra enfrentados pela população civil.

Portugal: ditadura de Salazar

Em Portugal, António de Oliveira Salazar (1889-1970) assumiu a Presidência do Conselho de Ministros em 1932. A partir desse momento, governou o país até 1968.

Salazar implantou uma ditadura em Portugal, que ficou conhecida como Estado Novo. O govêrno adotou uma política nacionalista e conservadora que tinha como lema: “Deus, pátria e família”.

A ditadura de Salazar era apoiada por um partido único chamado União Nacional. Durante a ditadura, as oposições comunistas foram combatidas com a violência da polícia política e a censura dos meios de comunicação.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto do historiador Piérr Vilar, que promove uma reflexão sobre o fato e a representação em História. Essa reflexão foi realizada com base na análise do ataque à cidade de Guernica e da pintura de Picasso.

História e representação

“[Em] 1937, menos de um ano depois do início da guerra civil na Espanha, a Legião Condor, a legião dos alemães nazistas posta à disposição do general Franco, bombardeou a pequena cidade basca de Guernica, destruindo-a completamente. Este prenúncio daquilo que deveria ocorrer tão tragicamente nos anos seguintes deixou, evidentemente, nos homens que o vivenciaram e naqueles que o viram acontecer, uma lembrança inesquecível. Quando do cinquentenário deste fato, em 1987, fui ver em Guernica como se celebrava esta lembrança e como as pessoas representavam este episódio. reticências

Quando voltei a Paris, acatei a sugestão de um de meus colegas de falar sobre esse assunto a alguns alunos que convidaríamos. Durante minha exposição perguntei: ‘Para vocês, o que é Guernica?’. Eles me responderam, rápida e brevemente: ‘Guernica é um quadro!’.

Efetivamente, a representação de Guernica – no espírito de muita gente que não tem mais o cuidado de saber exatamente de onde isto surgiu – é um quadro de Picasso. Observei, em Paris, a fórma como Picasso foi solicitado a dar explicações sobre sua obra e, depois, vi o nome ‘Guernica’ aparecendo seguidamente na imaginação das pessoas. Guernica tornou-se a representação de um fato preciso. O fato preciso está esquecido, a representação continua. reticências esses jovens, que sabiam que Guernica é um quadro de Picasso, não conheciam o fato político que o gerou. Ora, trata-se da primeira manifestação daquilo que foi o grande drama da Europa dos anos [1930 e 1940].

Conta-se que Picasso, durante a ocupação alemã em Paris, foi interrogado por um oficial alemão, que lhe perguntou: ‘Foi você que fez Guernica?’; ao que ele respondeu: ‘Não, foram vocês!’. Não se sabe ao certo se a anedota é exata, mas, de qualquer maneira, ela é muito pertinente. É evidente que há a representação, mas não se pode esquecer o fato.”

VILAR, Piérr. História e representação. In: D’ALESSIO, Marcia Manson. Reflexões sobre o saber histórico. São Paulo: Fundação Editora ,1998. página. 29-30.

Após o afastamento de Salazar por motivo de saúde, em setembro de 1968, seu estilo de govêrno durou mais quase seis anos, sob o comando de Marcello Caetano. Somente em abril de 1974 os portugueses reconquistaram a democracia com a Revolução dos Cravos.

Nos anos finais da ditadura salazarista, os povos das colônias portuguesas na África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) iniciaram sua luta pela independência (esse assunto será tratado no capítulo 8 deste volume).

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem de terno escuro, à esquerda, acompanhado de alguns homens fardados, caminhando em frente a uma fileira de soldados. Ao fundo, galpões com tetos triangulares.
Salazar (de terno, à esquerda) durante revista de tropas em Lisboa, Portugal. Fotografia de 1940.
Fotografia. Soldados lado a lado, vestindo fardas e bonés, portando armas de fogo com flores vermelhas e brancas nas pontas.
Soldados participantes da Revolução dos Cravos, em Lisboa, Portugal. Fotografia de 1974. No dia 25 de abril desse ano, a população saiu às ruas para comemorar o fim da ditadura e distribuiu cravos vermelhos, a flor nacional, aos soldados rebeldes que tinham iniciado a revolução para depor a ditadura no país.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

As produções artísticas podem ser apropriadas por regimes totalitários para divulgar seus ideais. O texto a seguir aprofunda o estudo dessa prática (que já notamos associada ao nazismo), trazendo para a cena o exemplo da ditadura salazarista, em Portugal, e o uso feito por ela do cinema como instrumento de propaganda ideológica estatal.

O cinema em Portugal salazarista

“Desde o início, António de Oliveira Salazar compreendeu que não poderia abdicar desse veículo para impor a sua doutrina política. Afirmava que o cinema seria importante para ‘informar’ primeiro e para ‘formar’ depois. Salazar criou em 26 de outubro de 1933 o Secretariado de Propaganda Nacional (ésse pê êne), nomeando como diretor António Ferro, um intelectual modernista que se interessava pelo cinema e que, por isso, buscou mobilizar esse veículo como um instrumento de propaganda do regime salazarista. reticências O salazarismo valorizou o cinema como instrumento de propaganda do regime, sobretudo a ‘informação’. Em 1935, o ésse pê êne realizou a primeira sessão dos ‘cinemas ambulantes’, que percorreria o país exibindo filmes de propaganda nacionalista. António Ferro chamou-lhes as ‘caravanas de imagens’. No entanto, é necessário ressaltar que a censura foi vigilante: os filmes, quer fossem portugueses ou estrangeiros, eram visados pela Inspeção Geral dos Espetáculos.

Em 1938, teve início a produção de um cinejornal, o Jornal Português, que reticências foi o responsável por apresentar aos portugueses a imagem oficial dos acontecimentos políticos, culturais ou cotidianos. reticências

O maior empreendimento do ésse pê êne, em termos da propaganda do nacionalismo e sobretudo do anticomunismo no cinema, foi o patrocínio de longas-metragens. reticências O feitiço do império (1940), de António Lopes Ribeiro, foi um filme de apologia da colonização portuguesa na África. reticências

Cabe ressaltar que o cinema de ficção reticências tinha sempre presente alguns valores ideológicos do regime: seja na mensagem populista, ruralista e de conciliação de classes na afirmação de um cinema de conversão religiosa no clima de conversão social já na década de 1950 reticências ou mesmo no cinema histórico

PEREIRA, Wagner Pinheiro. Cinema e propaganda política no fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo. História: Questões e Debates, Curitiba, número. 38, página. 117-122, 2003.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.

  1. A prosperidade econômica da década de 1920 beneficiou igualmente toda a população estadunidense. Por isso, essa época é chamada de “anos felizes”.
  2. A crise econômica que abalou os Estados Unidos nos anos 1930 está relacionada a três condições principais: desigualdade social, crise de superprodução e especulação financeira.
  3. A quebra da Bolsa de Valores de Nova iórque é considerada o principal marco da crise de 1929.
  4. O New Deal, programa de recuperação econômica, buscava equilibrar a intervenção do Estado com a iniciativa privada.
  5. Em todo o século vinte, as populações afro-estadunidenses tinham mais direitos que a população branca nos Estados Unidos.

integrar com Arte

  1. Organize um seminário sobre jazz. Para isso, reúnam-se em grupo e sigam as orientações.
    1. Escolham um dos artistas a seguir:
      • duque élinton;
      • Lúis Ármistrong
      • Bíli Rólidei
      • Éla Fitsdiérald
    1. Pesquisem informações sobre esses artistas, como:
      • ano e local de nascimento e falecimento;
      • acontecimentos mais marcantes de sua vida;
      • músicas mais famosas de sua carreira.

c) Apresentem o seminário com base nas informações pesquisadas. Em suas apresentações, utilizem cartazes, slides, sons e vídeos. Após a apresentação, se possível, postem os resultados de suas pesquisas em uma série na rede social de sua escolha, sob a supervisão do professor, focando um artista por vez em cada postagem. O resultado pode ser uma série de podcasts ou de imagens e textos relacionados. Voltem à plataforma em que vocês postaram sua série depois de um mês e façam um relatório informando quantos acessos o material teve e qual foi o teor geral dos comentários dos usuários.

  1. Em dupla, façam uma comparação entre fascismo (Itália), nazismo (Alemanha) e stalinismo (União Soviética), este último estudado no capítulo 1. Destaquem semelhanças e diferenças entre esses regimes.
  2. Os fascistas e os nazistas defendiam a completa submissão do indivíduo à autoridade do Estado. Diante disso, o que aconteceu com as liberdades individuais nos regimes totalitários?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 3, 4, 5, 6 e 7);
  • cê gê três (atividades 2, 5 e 6);
  • cê ê cê agá cinco (atividades 1, 3 e 4);
  • cê ê agá um (atividades 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7);
  • cê ê agá dois (atividades 1, 3 e 4);
  • cê ê agá três (atividades 1, 2, 4, 5, 6 e 7);
  • cê ê agá quatro (atividade 2);
  • ê éfe zero nove agá ih um zero (atividades 1 e 5);
  • ê éfe zero nove agá ih um dois (atividades 1, 4 e 5);
  • ê éfe zero nove agá ih um três (atividades 3, 4, 6 e 7).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Estão incorretas as frases a e ê, que podem ser reescritas da seguinte fórma:

a) A prosperidade econômica da década de 1920 não beneficiou igualmente toda a população estadunidense. Apesar disso, essa época é chamada de “anos felizes”.

e) Ao longo do século vinte, as populações afro-estadunidenses foram conquistando direitos que antes eram restritos à população branca nos Estados Unidos.

2. a., b. e c. Atividade interdisciplinar com Arte, que busca desenvolver a criatividade e ampliar o repertório cultural dos estudantes. O jazz é um gênero musical conhecido como símbolo da cultura afro-estadunidense e, assim, também pode ser interpretado como expressão de resistência dos negros nos Estados Unidos. Esse gênero consolidou-se durante as primeiras décadas do século vinte, sobretudo na cidade de Nova Orleans. O jazz foi influenciado por dois outros gêneros: o blues e o ragtime, também de origem afro-estadunidense. O jazz foi difundido pelo mundo e influenciou a criação de outros gêneros, como a bossa nova no Brasil. Em 2011, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco) proclamou o dia 30 de abril como o Dia Internacional do Jazz. Sugerimos que os estudantes assistam ao vídeo História do jazz, produzido pela tê vê (disponível em: https://oeds.link/ppbPzQ; acesso em: 16 agosto. 2022).

A atividade lança mão de metodologias ativas, ao propor pesquisa, organização dos dados, apresentação de seminário e postagem em redes sociais, se possível, que podem ser em formato de texto e imagem associados ou de podcast, dependendo da plataforma e da escolha dos estudantes. A atividade pode ser dividida em partes e desenvolvida preferencialmente em equipes, considerando a distribuição de tarefas entre grupos grandes de estudantes com habilidades variadas e que devem ser valorizadas nesta oportunidade.

  1. No fascismo, no nazismo e no stalinismo havia a figura do líder que era reverenciado e temido, além da existência de um único partido político. Os três regimes perseguiam adversários políticos e faziam uso da tortura e da censura contra seus opositores. O fascismo e o nazismo defendiam o sistema capitalista. Em contraste, o stalinismo representava o sistema socialista – fim da propriedade privada e contrôle da economia pelo Estado (representante dos trabalhadores).
  2. Se considerar oportuno, realize essa atividade oralmente, com a participação de todos os estudantes. Anote as respostas na lousa; ao final da atividade, eles poderão redigir uma conclusão. Espera-se que expressem que, tanto no fascismo quanto no nazismo, o regime democrático foi extinto, os órgãos de repressão estatais foram fortalecidos, os direitos fundamentais dos cidadãos foram restringidos e as liberdades públicas foram destruídas.

Interpretar texto e imagem

5. Observe a imagem e responda às questões a seguir.

Fotografia em preto e branco. Homens, mulheres e crianças, na maioria negros, em fila. Alguns seguram sacolas e cestos vazios nas mãos. Em segundo plano, um grande cartaz representando um homem, uma mulher e duas crianças, todos brancos, sorridentes, com um cachorro no interior de um carro. No topo e na lateral do cartaz, há textos em inglês.
Vítimas de uma enchente aguardam por doações em fila na cidade de Louisville, Estados Unidos. Fotografia de 1937. Ao fundo, cartaz de propaganda com a frase: O mais alto padrão de vida do mundo. Não há estilo como o estilo americano.
  1. Descreva a imagem.
  2. Que relação é possível estabelecer entre a imagem e a situação socio- econômica dos Estados Unidos na década de 1930?
Versão adaptada acessível

5.  Com base na descrição da imagem a seguir, e em sua legenda, responda às questões.

Fotografia em preto e branco. Homens, mulheres e crianças, na maioria negros, em fila. Alguns seguram sacolas e cestos vazios nas mãos. Em segundo plano, um grande cartaz representando um homem, uma mulher e duas crianças, todos brancos, sorridentes, com um cachorro no interior de um carro. No topo e na lateral do cartaz, há textos em inglês.
Vítimas de uma enchente aguardam por doações em fila na cidade de Louisville, Estados Unidos. Fotografia de 1937. Ao fundo, cartaz de propaganda com a frase: O mais alto padrão de vida do mundo. Não há estilo como o estilo americano.

a) Que evento é registrado na fotografia?

b) Que pessoas participam desse evento? O que elas estão fazendo?

c) O que está representado no cartaz ao fundo da fotografia?

d) Que relação é possível estabelecer entre a imagem e a situação socioeconômica dos Estados Unidos na década de 1930?

Orientação para acessibilidade

5. A audiodescrição é um recurso de tecnologia assistiva que consiste na tradução de uma imagem em palavras. Essa ferramenta é utilizada para garantir maior acessibilidade a pessoas com deficiência visual. Oriente os estudantes a ouvirem com atenção a descrição da fotografia e as informações apresentadas em sua respectiva legenda para responder às questões. Desse modo, eles poderão chegar às seguintes respostas.

a) A fotografia registra uma fila de vítimas de uma enchente à espera de doações na cidade de Louisville, nos Estados Unidos, em 1937.

b) Participam homens, mulheres e crianças, na maioria negros. Eles estão enfileirados, alguns seguram sacolas e cestos nas mãos.

c) No cartaz estão representados um casal, seus filhos e seu cachorro sorridentes dentro de um carro, em alusão ao ideal de família feliz estadunidense. Nele, está escrito em inglês: “O mais alto padrão de vida do mundo. Não há estilo como o estilo americano”.

d) A imagem revela as contradições vividas pelos estadunidenses durante a década de 1930 — à frente do cartaz de propaganda enaltecendo o “estilo de vida americano” há uma fila de vítimas de uma enchente à espera de doações.

Explique que a fotografia foi realizada em Louisville, Kentucky, após a inundação do Rio Ohio, que provocou danos materiais e imateriais a cerca de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos, aprofundando a Grande Depressão iniciada pela crise de 1929.

integrar com Arte

6. Observe a imagem, produzida pelo pintor e desenhista alemão djêordji (1893-1959), e faça o que se pede.

Pintura. Em primeiro plano, em frente a um muro de tijolos, um homem de terno, gravata e chapéu, carregando uma pasta, caminha com olhar indiferente. Atrás dele, caminhando para o outro lado, um homem vestindo farda militar e chapéu, apoiando-se sobre uma bengala, com expressão carrancuda. Ao fundo, um terceiro homem, sem rosto definido e representado em tamanho menor, veste roupas cinzas e caminha segurando uma pá sobre os ombros. Em segundo plano, fábricas com chaminés exalando fumaça escura.
Dia cinzento, pintura de gueórg gróz, 1921.
  1. Descreva a imagem e registre suas impressões a respeito da obra.
  2. Qual é a data de produção dessa obra? Relacione a pintura com a situação da Alemanha naquela época.
  3. Em sua interpretação, a pintura expressa uma crítica à sociedade alemã? Explique.
Versão adaptada acessível

6.  A imagem a seguir foi produzida pelo pintor e desenhista alemão George Grosz (1893-1959). Com base na descrição da imagem, faça o que se pede.

Pintura. Em primeiro plano, em frente a um muro de tijolos, um homem de terno, gravata e chapéu, carregando uma pasta, caminha com olhar indiferente. Atrás dele, caminhando para o outro lado, um homem vestindo farda militar e chapéu, apoiando-se sobre uma bengala, com expressão carrancuda. Ao fundo, um terceiro homem, sem rosto definido e representado em tamanho menor, veste roupas cinzas e caminha segurando uma pá sobre os ombros. Em segundo plano, fábricas com chaminés exalando fumaça escura.
Dia cinzento, pintura de gueórg gróz, 1921.

a) Identifique os personagens e o cenário representados. A seguir, registre suas impressões sobre a obra.

b) Qual é a data de produção dessa obra? Relacione a pintura com a situação da Alemanha naquela época.

c) Em sua interpretação, a pintura expressa uma crítica à sociedade alemã? Explique.

Orientação para acessibilidade

6. Para responder a versão adaptada acessível da atividade, os estudantes precisam acessar a audiodescrição da imagem a fim de compreender as características da obra de Geoge Grosz e analisá-las. A utilização da audiodescrição, uma ferramenta de tecnologia assistiva que consiste na tradução de uma imagem em palavras, permite ao estudante ouvir o que não pode ser visto e assim receber as informações necessárias para a realização da atividade. Desse modo, eles poderão chegar às respostas a seguir.

a) A obra representa, em primeiro plano, um homem vestindo terno, gravata e chapéu e carregando uma pasta, com uma expressão facial de indiferença. Essas características sugerem que esse homem é um burguês. Atrás dele, há um homem com farda militar e chapéu, caminhando com o auxílio de uma bengala. Essas características sugerem que esse homem é um soldado ferido em guerra. Ao fundo, um homem sem rosto vestido de cinza caminha segurando uma pá. Essas características sugerem que esse homem é um trabalhador. No cenário, há um muro de tijolos e chaminés soltando uma fumaça escura. Essas chaminés caracterizam a existência de fábricas. Incentive os estudantes a expressarem suas impressões sobre a obra. Se julgar conveniente, a atividade pode ser realizada oralmente, para que os estudantes compartilhem suas impressões com os colegas.

b) A obra é de 1921. Levando em conta o título da obra e o fato de ter sido realizada por um artista alemão, podemos concluir que se trata de uma crítica à situação social e econômica da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, o que estimulou o surgimento do nazismo.

c) Sim, a pintura expressa uma crítica ao mostrar a indiferença do burguês, as feridas da guerra e o anonimato do trabalhador, imersos em uma sociedade industrial, sem áreas verdes e com fumaças escuras.

integrar com Arte

7. O nazismo, assim como outros regimes totalitários, usou a arte para difundir sua ideologia. Observe a reprodução de uma obra do pintor alemão (1894-1973), considerado um dos artistas oficiais do regime nazista. Em seguida, responda às questões.

Pintura. Uma família ao redor de uma mesa. Todos os membros da família são brancos, loiros, têm as bochechas rosadas e vestem roupas recatadas. Um homem de cabelos curtos, loiros e lisos, veste um paletó escuro. À sua frente, uma mulher, também de cabelos loiros, longos e lisos, traja um vestido azul marinho. Estão próximos de três crianças, duas meninas, nas laterais, e um menino, no centro da imagem. Uma das meninas, vestindo uma blusa de manga longa bege, desenha em um papel sobre a mesa, a outra, com blusa de mangas curtas e babados branca, está no colo de sua mãe. O menino, com blusa de mangas longas bege, olha para frente, na direção do espectador, e segura um cavalo de brinquedo. À direita, uma mulher em idade avançada, de vestido escuro, próxima de uma xícara e de um pires brancos. Ao fundo, folhagens e um campo verde e o céu azul claro com nuvens brancas, representados durante o dia.
Família de agricultores de Kalenberg, pintura de ádolf físsel, 1939.
  1. Como o artista retratou o menino em sua obra?
  2. Como essa obra se relaciona aos valores nazistas?
Versão adaptada acessível

7. O nazismo, assim como outros regimes totalitários, usou a arte para difundir sua ideologia. O pintor alemão Adolf Wissel (1894-1973) é considerado um dos artistas oficiais do regime nazista. Com base na descrição de uma obra desse artista, responda às questões.

Pintura. Uma família ao redor de uma mesa. Todos os membros da família são brancos, loiros, têm as bochechas rosadas e vestem roupas recatadas. Um homem de cabelos curtos, loiros e lisos, veste um paletó escuro. À sua frente, uma mulher, também de cabelos loiros, longos e lisos, traja um vestido azul marinho. Estão próximos de três crianças, duas meninas, nas laterais, e um menino, no centro da imagem. Uma das meninas, vestindo uma blusa de manga longa bege, desenha em um papel sobre a mesa, a outra, com blusa de mangas curtas e babados branca, está no colo de sua mãe. O menino, com blusa de mangas longas bege, olha para frente, na direção do espectador, e segura um cavalo de brinquedo. À direita, uma mulher em idade avançada, de vestido escuro, próxima de uma xícara e de um pires brancos. Ao fundo, folhagens e um campo verde e o céu azul claro com nuvens brancas, representados durante o dia.
Família de agricultores de Kalenberg, pintura de ádolf físsel, 1939.

a) Qual é a posição ocupada pelo menino na cena representada pelo artista? Que brinquedo ele carrega? O que essas características sugerem?

b) Como essa obra se relaciona aos valores nazistas?

Orientação para acessibilidade

Para a realização da atividade adaptada acessível, os estudantes precisam acessar a audiodescrição da imagem de Adolf Wissel. A utilização da audiodescrição, uma ferramenta de tecnologia assistiva que consiste na tradução de uma imagem em palavras, permite ao estudante ouvir o que não pode ser visto e assim receber as informações necessárias para responder às questões.

Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

5. a) A fotografia mostra uma fila de vítimas de uma enchente à espera de doações na cidade de Louisville, nos Estados Unidos, em 1937. Essa fila é formada por homens, mulheres e crianças, em sua maioria negros, com sacolas e cestos nas mãos. Ao fundo, há um cartaz representando o ideal de família feliz estadunidense: um casal, seus filhos e seu cachorro sorriem dentro de um carro. No cartaz, escrito em inglês, lê-se: “O mais alto padrão de vida do mundo. Não há estilo como o estilo americano”.

b) A imagem revela as contradições vividas pelos estadunidenses durante a década de 1930 — à frente do cartaz de propaganda enaltecendo o “estilo de vida americano” há uma fila de vítimas de uma enchente à espera de doações. Explique que a fotografia foi realizada em Louisville, Kentucky, após a inundação do Rio Ohio, que provocou danos materiais e imateriais a cêrca de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos, aprofundando a Grande Depressão iniciada pela crise de 1929.

  1. Atividade interdisciplinar com Arte.
  1. Resposta pessoal, em parte. A obra representa, em primeiro plano, um homem burguês com uma expressão facial de indiferença. Atrás dele, há um soldado ferido em guerra caminhando pela rua e, ao fundo, um trabalhador sem rosto vestido de cinza segurando uma pá. No cenário, há uma parede de tijolos e também chaminés de fábricas soltando uma fumaça escura.
  2. A obra é de 1921. Levando em conta o título da obra e o fato de ter sido realizada por um artista alemão, podemos concluir que se trata de uma crítica à situação social e econômica da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, o que estimulou o surgimento do nazismo.
  3. Sim, a pintura expressa uma crítica ao mostrar a indiferença do burguês, as feridas da guerra e o anonimato do trabalhador, imersos em uma sociedade industrial, sem áreas verdes e com fumaças escuras.
  1. Atividade interdisciplinar com Arte.
  1. O menino foi representado ao centro, sendo o único que olha para o espectador. Seu brinquedo é um cavalo. Essas características sugerem que ele estará um dia no comando da família.
  2. A pintura representa pessoas reunidas em um encontro familiar durante o dia, no ambiente do campo. É uma representação do ideal nazista da família alemã: brancos, loiros, saudáveis e vestidos de fórma recatada.

Glossário

Contrabando
: ato de comercializar mercadorias proibidas.
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Gangue
: grupo de pessoas que se unem para cometer atos ilegais.
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Espaço vital
: conceito incorporado pelos nazistas que se referia à necessidade de expansão territorial para conseguir oferecer condições plenas de vida para o povo alemão.
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