UNIDADE 2  TOTALITARISMO, SEGUNDA GUERRA E GETULISMO

CAPÍTULO 5 SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o maior conflito armado da história. Essa guerra deixou cerca de 55 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e levou ao desenvolvimento de armas nucleares.

Os horrores e a violência da guerra estão presentes na memória de vários povos até os dias de hoje.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

integrar com Geografia

para começar

O final da Segunda Guerra inaugurou a era das armas de destruição em massa. Você sabe quais países detêm armas nucleares nos dias atuais? Comente e pesquise.

Fotografia. Vista de um memorial com diversos monumentos escuros, retangulares, de diferentes alturas, e ao centro, várias coroas de flores coloridas.
Vista do Memorial do Holocausto, em Berlim, Alemanha, criado para homenagear os judeus mortos no Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. Fotografia de 2022. Memorial é um espaço arquitetônico destinado a promover a memória de acontecimentos, personagens ou fatos históricos.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih um zero
  • ê éfe zero nove agá ih um três

Objetivos do capítulo

Os seguintes objetivos se justificam no capítulo em razão de seu tema, a Segunda Guerra Mundial, e de assuntos correlatos, como a expansão do totalitarismo, o estopim do conflito, sua ampliação para várias regiões do mundo e seus diferentes momentos, as fórmas de resistência ao nazifascismo, o Holocausto, as bombas atômicas e outros impactos.

  • Analisar o contexto histórico em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial.
  • Estudar momentos marcantes da guerra, como a invasão da Polônia, a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no confronto, a Batalha de Stalingrado, o Dia D e a utilização de armas atômicas.
  • Refletir sobre crimes contra a humanidade como o genocídio de judeus, eslavos, ciganos, comunistas, homossexuais, pessoas com deficiência, artistas e intelectuais.
  • Destacar exemplos de resistência ao nazismo e a importância da preservação de memórias.
  • Conhecer aspectos da rendição do Japão e seu processo de recuperação socioeconômica.

Para começar

Atividade interdisciplinar com Geografia cujo objetivo é estabelecer uma relação passado-presente, pois armas nucleares desenvolvidas desde a Segunda Guerra Mundial representam uma das maiores ameaças à existência da vida no planeta. Segundo a Federação dos Cientistas Americanos, em 2022, detinham armas nucleares os seguintes países: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

Fotografia. Vista aérea de uma zona urbana em ruínas, coberta de destroços, com raras construções em pé. Ao centro, um rio corta a cidade.
Destruição provocada pela bomba atômica lançada pelos Estados Unidos na cidade de Hiroshima, Japão, no final da Segunda Guerra Mundial. Fotografia de 1945.
Fotografia. Uma imensa pilha de sapatos desgastados amontoados.
Pilha de sapatos de pessoas assassinadas no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, exposta no Memorial e Museu Auschwitz Birkenau. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Outras indicações

A vida é bela (Itália). Direção de Roberto benínhi, 1997. 116 minutos

Um judeu italiano é levado com seu filho para um campo de concentração e, ali, tenta evitar o sofrimento da criança, que desconhece os horrores da guerra e a situação de seus semelhantes.

O império do sol (Estados Unidos). Direção de istíven , 1987. 154 minutos

Um menino britânico, que se perde de seus pais durante a ocupação japonesa na China, em 1941, desenvolve estratégias de sobrevivência.

Atividade complementar

A Segunda Guerra Mundial é um dos temas mais recorrentes na produção cinematográfica. Filmes sobre esse confronto foram produzidos em vários países, abordando diferentes aspectos – desde os horrores das batalhas até a vida cotidiana dos prisioneiros ou das pessoas que não estavam envolvidas diretamente nos conflitos.

Estabeleça comparações entre o filme A vida é bela e O império do sol. Um bom exercício seria estimular os estudantes a se colocarem no lugar das crianças que protagonizam essas histórias e a imaginarem como seriam suas reações durante uma guerra. Esta atividade de exercício da empatia possibilita desenvolver a competência cê gê nove.

Totalitarismo e expansão

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os países vencedores impuseram duras punições aos países derrotados. Essas medidas, estabelecidas no Tratado de Versalhes, foram consideradas humilhantes e penalizaram sobretudo a Alemanha.

Nessa época, como você estudou no capítulo anterior, a Alemanha passou por uma grave crise econômica e social, o que favoreceu a ascensão de ádolf rítler ao poder. Para muitos historiadores, Rítler e o Partido Nazista são os principais responsáveis pela Segunda Guerra Mundial.

Durante a década de 1930, os governos totalitários de Alemanha, Itália e Japão desejavam expandir seus territórios, fortalecer suas economias e controlar suas populações. Conheça, a seguir, alguns episódios que marcaram a política externa adotada pelos governos desses países.

Cartum. Imagem representando um homem fardado, vestindo um capacete na cabeça, portando uma arma de fogo direcionada para um mapa a sua frente, com um risco sobre um território contendo a palavra: 'China'. O homem porta várias bandeirinhas, com a estampa de um disco vermelho, no canto superior direito, circulado de vários raios vermelhos. Essas bandeiras simbolizam as forças armadas do Japão. Sobre o território, há quatro dessas mesmas bandeiras pela extensão.
Peça por peça, cartum de déniel róbert fítz-pétric, 1937, satirizando o expansionismo japonês sobre a China.

Expansões japonesa e italiana

Em 1931, o Japão, com o objetivo de expandir seus domínios na Ásia, invadiu a Manchúria, ao norte da China. Depois, em 1937, os japoneses atacaram a China novamente. Os membros da Liga das Nações condenaram o expansionismo japonês. Mas essa condenação formal não chegou a evitar os conflitos asiáticos.

Em 1935, as tropas italianas invadiram a Etiópia, na África. A capital etíope, ádis abêba, foi ocupada em maio do ano seguinte. Essa invasão também foi condenada pela Liga das Nações. No entanto, dando continuidade à política expansionista, o govêrno de Mussolini ocupou a Albânia, na Europa, anexando-a ao território italiano em abril de 1939.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de pessoas portando armas de fogo, aglomerados lado a lado, a grande maioria vestindo trajes claros. Ao centro, um homem sobre o dorso de um cavalo.
Tropas etíopes organizadas para resistir à invasão do país pelas fôrças italianas, em ádis abêba, Etiópia. Fotografia de 1935.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Totalitarismo e expansão”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco e das habilidades ê éfe zero nove agá ih um zero e ê éfe zero nove agá ih um três, pois relaciona a crise econômica e social da Alemanha com a Segunda Guerra Mundial, bem como descreve e contextualiza a consolidação dos estados totalitários.

Texto de aprofundamento

Leia o texto a seguir sobre a invasão italiana da Etiópia.

A invasão da Etiópia

“A Itália já havia tentado ocupar o país africano, em 1896, sem êxito. Os italianos não se resignavam ao fato de que a França e reticências [o Reino Unido] possuíam colônias africanas prósperas, ou pelo menos de onde obtinham recursos apreciáveis reticências. Em suma, a Itália frustrara-se com o que obtivera durante a Primeira Guerra Mundial [apesar de ter lutado ao lado de franceses e britânicos] reticências.

A conquista da Etiópia correspondia reticências às concepções geopolíticas dominantes na Itália, que vislumbravam, no continente africano, o prolongamento da Europa para o Sul. A África ofereceria aos países europeus, superpovoados, o espaço para abrigar milhões de seus habitantes.

Enquanto a Itália acelerava os preparativos para a invasão da Etiópia reticências, a diplomacia italiana obtinha dos governos da França, Dinamarca, Bélgica, Tchecoslováquia e outros a proibição da remessa de material bélico para o exército etíope, armado de fuzis e metralhadoras. reticências

Em 3 de outubro de 1935, sem declaração de guerra, a Itália invade a Etiópia.reticências No dia 5 de maio de 1936, não sem encontrar durante a campanha dura resistência, o general [Pietro] badólio tomava a capital da Etiópia, ádis abêba, após o imperador selaziê abandonar o país. No mesmo dia Mussolini anunciava a vitória da civilização contra a barbárie!”

SALINAS, Samuel Sérgio. Antes da tormenta: origens da Segunda Guerra Mundial, 1918-1939. Campinas: Editora da unicâmpi, 1996. página 71-74.

Expansão alemã

Inspirado na doutrina do espaço vital, o govêrno de Rítler planejou a expansão territorial da Alemanha. Em março de 1936, violando determinações do Tratado de Versalhes, Rítler autorizou que seu exército ocupasse a Renânia, região da Alemanha que faz fronteira com a França e deveria se manter desmilitarizada.

Em março de 1938, o govêrno nazista anexou a Áustria, praticamente sem esfôrço militar, porque os membros do Partido Nazista austríaco haviam preparado o caminho político para esta anexação, também chamada de Anschluss (união). Os nazistas da Áustria fizeram uma campanha alegando que alemães e austríacos faziam parte do mesmo povo germânico. O próprio Rítler era austríaco. O Anschluss foi confirmado por um plebiscito realizado na Áustria em abril de 1938.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de mulheres aglomeradas, com uma das mãos para frente, e os dedos esticados. No centro, um soldado vestindo uma farda e um capacete na cabeça.
Mulheres austríacas fazem saudação para soldado nazista durante a Anschluss, em Salzburgo, Áustria. Fotografia de 1938.

Depois da Áustria, o govêrno de Rítler buscou dominar os Sudetos, região pertencente à Tchecoslováquia, onde vivia uma minoria de origem alemã, composta de aproximadamente 3 milhões de pessoas. Diante dessa pretensão nazista, líderes europeus reuniram-se na Conferência de Munique (1938), onde autoridades francesas e britânicas concordaram com a anexação dos Sudetos ao território da Alemanha.

Nesse momento, os governos da França e do Reino Unido insistiram em manter uma política de apaziguamento, imaginando que seria a última reivindicação territorial de Rítler. Assim, em outubro de 1938, o exército alemão ocupou os Sudetos. Posteriormente, ocupou toda a Tchecoslováquia, desrespeitando o que havia sido combinado na Conferência de Munique.

Expansão nazista (1935-1939)

Mapa. Expansão nazista (1935-1939). Em amarelo, Alemanha em 1935, compreendendo um território um pouco maior do que o atual território alemão à leste, incluindo uma área descontínua na fronteira com a Lituânia e a Polônia, além das cidades de Berlim, Nuremberg e Munique. Em laranja, Zona da Renânia militarizada, compreendendo uma pequena porção de território à oeste da Alemanha, incluindo Sarre. Em verde, Anexações alemãs, compreendendo a Áustria (incluindo a cidade de Viena), e a Tchecoslováquia (incluindo as cidades de Praga e Teschen e a região dos Sudetos). Em rosa Anexações da Hungria, compreendendo o sul da Eslováquia, incluindo a cidade de Bratislava. Áreas com riscos diagonais indicam Região dos Sudetos, compreendendo toda a região da Tchecoslováquia fronteiriça com a Alemanha. Áreas delimitadas por uma linha vermelha indicam Tchecoslováquia antes de 1938, compreendendo os territórios das atuais República Tcheca (incluindo a região dos Sudetos e as cidades de Praga e Teschen), da Eslováquia (incluindo a cidade de Bratislava) e uma pequena porção da Ucrânia. Uma linha roxa indica Limites da Alemanha em 1939, compreendendo todo o território alemão anterior a 1935, a Renânia, a Áustria, a porção oeste da Tchecoslováquia, incluindo a região dos Sudetos, e uma porção descontínua à leste da Alemanha atual, incluindo a cidade de Danzig. Uma seta vermelha indica Ofensiva nazista (1939), partindo do leste da Alemanha em direção à Polônia. No canto direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 190 quilômetros.
Fonte: dubí jórj. Atlas histórico mundial. Madri: Editorial Debate, 1992. página 93.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

A política de apaziguamento representou uma fórma de tolerância em relação às ambições nazistas. Posteriormente, ao criticar os regimes totalitários, o filósofo carl Popper defendeu que não devemos tolerar o intolerante nas sociedades democráticas. Por que não devemos tolerar o intolerante? Argumente em favor dessa ideia.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Depois de ouvir as argumentações dos estudantes, explique que essa ideia foi desenvolvida pelo filósofo austríaco carl Popper em A sociedade aberta e seus inimigos, de 1945. Na obra, Popper formulou o chamado paradoxo da intolerância, apontando que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da própria tolerância. Ele argumentou que, quando o intolerante foge do debate racional e recorre à fôrça para impor suas ideias, as instituições democráticas e a tolerância estão sob ameaça de serem extintas. Para Popper, nas democracias, essa intolerância radical deve ser considerada criminosa. Porém, o filósofo defende que, enquanto estiver assegurada a liberdade política e a segurança para refutar discursos intolerantes, devemos combatê-los na opinião pública, e não censurá-los e persegui-los por meio da fôrça. Afinal, todas as pessoas podem errar e devem estar abertas ao diálogo e ao aprendizado. No caso do nazismo, por exemplo, os intolerantes recorriam à fôrça antes e depois de assumirem o poder. É justamente contra movimentos totalitários como o nazismo que Popper argumentou e concluiu: “Não devemos tolerar o intolerante”.

Estopim da guerra

Diante dos ataques nazistas, as autoridades francesas e britânicas protestavam verbalmente, procurando evitar um confronto militar direto. No entanto, os seguidores do Führer, sentindo-se livres para agir, planejavam seus próximos passos.

Em 23 de agosto de 1939, representantes dos governos de Rítler e de Stálin assinaram um pacto de não agressão e decidiram ocupar e dividir a Polônia. Menos de uma semana depois, em 1º de setembro de 1939, tropas alemãs invadiram o território polonês pelo oeste. No dia 17 de setembro, tropas soviéticas invadiram a Polônia pelo Léste.

Dois dias depois do ataque nazista à Polônia, os governos do Reino Unido e da França declararam guerra à Alemanha, iniciando a Segunda Guerra Mundial.

Charge. Representação de um homem de proporções gigantescas, com cabelos castanhos, curtos e lisos, e um bigode no rosto, deitado sobre uma grande extensão de terra, rodeado de diversos homens pequeninos entre montanhas, rios e cidadelas. Sobre uma de suas mãos, está um homem sentado.
A nova lilipút, charge de alóis Derso e êmeri quélen, 1938. Os artistas representaram Rítler como um gigante deitado sobre a Europa, manipulando os chefes de Estado como se fossem bonecos na Conferência de Munique.

Ataques nazistas

Nos primeiros anos da guerra, os nazistas avançaram rapidamente sobre as defesas adversárias. Essa ofensiva era chamada de guerra-relâmpago (Blitzkrieg) e consistia no rápido ataque dos tanques blindados (Panzers), apoiados pela aviação militar. Em seguida, chegavam as tropas de ocupação (infantaria) para consolidar a vitória.

Com essa nova estratégia militar, os nazistas dominaram a Polônia e, até maio de 1940, já haviam conquistado outros países, como Dinamarca, Holanda, Bélgica, Noruega e França. A Itália, governada por Mussolini, aliou-se ao govêrno de Rítler. Outras nações ficaram neutras, como Portugal, Espanha e Irlanda.

O Reino Unido foi bombardeado dia e noite pelos nazistas. Mas os britânicos resistiram aos ataques, e os alemães não conseguiram conquistar a região. Após várias tentativas de invasão, a fôrça aérea militar britânica (Royal Air Force ) conseguiu neutralizar as ofensivas da fôrça aérea alemã (Luftwaffe).

Fotografia. Vista aérea de uma cidade com prédios e edificações destruídos.
Danos provocados por ataque aéreo alemão na cidade de Londres, Reino Unido. Fotografia de 1940.

Em 1940, uinstãn tchãrtchil (1874-1965) tornou-se o primeiro-ministro do Reino Unido. Ao assumir o govêrno, ele declarou: “Só tenho para oferecer sangue, trabalho, suor e lágrimas. Temos perante nós longos meses de luta e sofrimento”. tchârtchil foi considerado um grande orador e estadista que liderou o Reino Unido na luta contra o nazismo.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir mais trechos da declaração de uinstãn tchãrtchilquando assumiu a chefia do govêrno como primeiro-ministro do Reino Unido em 1940.

Discurso de uinstãn tchãrtchil – 13 de maio de 1940

“Nesta crise espero ser perdoado se hoje não dirigir-me de fórma breve à Câmara [dos Comuns]. reticências Eu diria à Câmara, assim como disse aos que entraram neste govêrno: ‘Não tenho nada a lhes oferecer senão sangue, labuta, suor e lágrimas’. Temos diante de nós uma provação do tipo mais atroz. Temos muitos meses longos de luta e sofrimento pela frente. Vocês perguntam, qual é nosso plano de ação? Eu posso dizer: É empreender guerra por mar, terra e ar com todo o nosso vigor e com toda a fôrça que Deus nos der; empreender guerra contra uma tirania monstruosa sem precedentes no rol sombrio e lamentável de crimes humanos. É esse nosso plano de ação. Vocês perguntam, qual é nosso objetivo? Posso responder em uma palavra: A vitória, a vitória a qualquer preço, a vitória apesar de todo o terror, a vitória por mais longo e duro que seja o caminho; pois sem vitória não há sobrevivência. É preciso perceber o seguinte: sem a sobrevivência do Império Britânico, sem a sobrevivência de tudo o que o Império Britânico defende, sem a sobrevivência do estímulo e do impulso das eras, esse gênero de seres humanos irá em frente rumo à sua meta. Mas eu assumo minha tarefa com animação e esperança. Tenho certeza de que nossa causa não fracassará entre os homens. Neste momento sinto-me autorizado a reivindicar a ajuda de todos e digo: ‘Então venham, vamos juntos em frente com nossa fôrça unida.

tchârtchil, uínston . In: édis, fârdi. Discursos que mudaram a História. São Paulo: Prumo, 2012. E-book.

Resistência aos nazistas

Durante a guerra, a população dos países invadidos pelos nazistas organizou fórmas de resistência. Entre os principais objetivos estavam conter o avanço dos nazistas e retomar áreas invadidas por eles.

Os membros da resistência atuaram em diferentes frentes, que iam desde manifestações pacíficas e espontâneas até a formação de milícias armadas para lutar contra os nazistas. Além dessas ações, eles buscaram desestruturar a organização militar nazista, por exemplo, descarrilando trens e destruindo pontes para impedir o abastecimento das tropas.

Muitas vezes, a resistência armada agia na clandestinidade, tentando destruir instalações alemãs por meio de sabotagem e guerrilhas. Essas ações eram descontínuas, realizadas por pequenas tropas, que promoviam emboscadas contra seus inimigos.

Fotografia. Destaque para uma mulher em pé, com cabelos ruivos, longos e cacheados, vestindo uma camisa branca com detalhes pretos, uma saia azul e um pequeno chapéu sem abas em sua cabeça. Porta uma arma de fogo, vista pela metade, apoiada sobre um de seus ombros por uma alça.
Simone sêguãn, francesa de 18 anos de idade que se destacou por participar da resistência armada no país. Fotografia de 1944.

Na França, por exemplo, formou-se a organização França Livre, liderada pelo general charle dê gôle(1890-1970). Na época, o general estava exilado no Reino Unido e, de lá, conclamava os franceses, por meio da rádio britânica BBCglossário , a lutar contra a ocupação nazista. Além disso, charle dê gôle reuniu fôrças militares francesas sediadas no exterior, como a Legião Estrangeira, para participar de algumas batalhas.

Fotografia. Um homem de cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo uma farda verde escuro, à frente de uma mesa contendo um microfone. Segura folhas de papel em suas mãos, voltadas para seu rosto.
General charle dê gôleprofere discurso no estúdio da bê bê cê, em Londres, Reino Unido, convocando o povo francês a lutar contra a ocupação nazista. Fotografia de junho de 1940.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia, a seguir, trechos do discurso do general charle dê gôle, que convoca os franceses a lutarem contra a ocupação nazista.

Discurso de charle dê gôle – 18 junho 1940

Os líderes que, durante muitos anos, estiveram à frente das fôrças Armadas francesas montaram um govêrno. Alegando a derrota de nossos exércitos, esse govêrno entrou em negociações com o inimigo visando ao fim das hostilidades. Mas será que a última palavra foi dita? Devemos abandonar toda a esperança? Nossa derrota é definitiva e irremediável? A essas perguntas eu respondo com um não! Falando com pleno conhecimento dos fatos, peço que vocês acreditem em mim quando digo que a causa da França não está perdida. Os próprios fatores que causaram nossa derrota podem um dia nos levar à vitória. Pois, lembrem bem disso, a França não está sozinha nem isolada. Em sua retaguarda há um vasto império, e ela pode somar fôrças com o Império Britânico, que comanda os mares e continua lutando. Assim como a Inglaterra, ela pode recorrer sem reserva aos imensos recursos industriais dos Estados Unidos. Hoje estamos esmagados pelo mero pêso da fôrça mecanizada lançada contra nós, mas ainda podemos contar com um futuro no qual uma fôrça mecanizada ainda maior nos trará a vitória. O destino do mundo está em jogo. Eu, general dê gôle, agora em Londres, apélo a todos os militares e civis franceses que estão atualmente em solo britânico, ou possam estar no futuro, com ou sem suas armas; eu apélo a todos os engenheiros e operários especializados das fábricas de armamentos que estão atualmente em solo britânico, ou possam estar no futuro, que entrem em contato comigo. Aconteça o que acontecer, a chama da resistência francesa não pode nem deve morrer.”

dê gôle, charle. In: , fêrdi. Discursos que mudaram a História. São Paulo: Prumo, 2012. E-book

Ofensiva dos Aliados (1942-1945)

A guerra tomaria outros rumos com a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no conflito. Em junho de 1941, Rítler determinou a invasão da União Soviética, rompendo o acôrdo de não agressão que havia assinado antes da guerra. Assim, a União Soviética declarou guerra à Alemanha. No caso dos Estados Unidos, a entrada no conflito ocorreu após o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, no Havaí (Oceano Pacífico), em dezembro de 1941.

Segunda Guerra Mundial: a luta na Europa, no Norte da África e no Oriente Médio (1939-1942)

Mapa. Segunda Guerra Mundial: a luta na Europa, no Norte da África e no Oriente Médio (1939-1942). Em amarelo 'Território alemão em 1939', compreendendo a Alemanha, a Prússia (porção descontínua do território à leste) e os territórios anexados da Renânia, Áustria e parte da Tchecoslováquia. Em bege, 'Território italiano em 1939', compreendendo a Itália e a Albânia, no continente europeu, e a Líbia, na África. Em laranja, 'Estados aliados do Eixo Roma-Berlim', compreendendo Finlândia, Tchecoslováquia, Romênia, Hungria e Bulgária. Em lilás, 'Estados neutros', compreendendo Portugal, Espanha, Suíça, Irlanda, Suécia e Turquia. Em rosa, 'Territórios sob controle britânico', compreendendo o Reino Unido, na Europa; o Egito, na África; e Palestina, Transjordânia, Líbano, Síria e Iraque, no Oriente Médio. Em marrom, 'Territórios ocupados pelo Eixo em 1939', compreendendo parte da Polônia. Em verde, 'Territórios ocupados pelo Eixo em 1940', compreendendo Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e a maior parte da França. Em vermelho, 'Territórios ocupados pelo Eixo em 1941', compreendendo Iugoslávia, Grécia, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e parte do oeste da União Soviética, aproximando-se da cidade de Moscou. Em roxo,'Territórios ocupados pelo Eixo em 1942', compreendendo o sul da França, na Europa; a Tunísia, na África; e parte da União Soviética à leste da área conquistada em 1941, aproximando-se da cidade de Stalingrado. Uma seta rosa indica 'Avanço dos Aliados', pela 'Frente Ocidental', partindo da região da Normandia, na França, em direção às cidades francesas de Brest e Paris, a Roterdã, nos Países Baixos e a Hamburgo, na Alemanha, e da costa do Mar Mediterrâneo em direção à França, incluindo a cidade de Vichy, à Áustria e à Itália, incluindo as cidades de Tarento, Nápoles, Milão e Trieste. No continente africano, os aliados também avançam pela frente ocidental em direção à cidade de Trípoli, na Líbia. Uma seta roxa indica 'Avanço dos Aliados', pela 'Frente Oriental (soviéticos)', partindo do interior da União Soviética, em direção às cidades soviéticas de Kursk, Odessa, Kiev e Minsk, ocupadas pelo Eixo em 1941, avançando para a Finlândia, a Lituânia, a Prússia, a Polônia, incluindo as cidades de Varsóvia e Cracóvia, a Romênia, incluindo a cidade de Bucareste, a Iugoslávia, a Hungria, incluindo a cidade de Budapeste, e a Alemanha, incluindo a cidade de Berlim. No canto superior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.
Fontes: Atlas histórico mundial: de la Revolución Francesa a nuestros díasMadri: Istmo, 1982. página 234-236; ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo/Times Books, 1995. página 268-269.

Frente Ocidental

Na Frente Ocidental, os Aliados organizaram diversos ataques militares para combater os nazistas. Nesse sentido, foi decisiva a participação dos Estados Unidos, que utilizaram seu poderoso parque industrial para fabricar navios de guerra, tanques, aviões e muitos outros armamentos.

A partir de 1942, cidades e instalações militares alemãs começaram a sofrer os bombardeios de aviões britânicos e estadunidenses. No mesmo ano, o general britânico Montgomery contra-atacou as tropas do general alemão Rommel no norte da África. Em 13 de maio de 1943, Rommel foi cercado e aproximadamente 252 mil soldados alemães e italianos acabaram se rendendo.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Ofensiva dos Aliados (1942-1945)”, incluindo seus subitens e mapas, favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Em 6 de junho de 1944, cerca de 300 mil soldados das tropas aliadas desembarcaram na região francesa da Normandia e atacaram as forças alemãs. Essa data ficou conhecida como Dia D (do inglês Decision Day, ou "Dia da Decisão"). Depois de controlar a Normandia, as tropas aliadas avançaram para o interior do território francês até libertar Paris, em 25 de agosto de 1944. Vitoriosos, os Aliados seguiram em direção à fronteira com a Alemanha.

Frente Oriental europeia e lutas na Ásia

Na Europa Oriental, ocorreram confrontos decisivos entre a Alemanha nazista e a União Soviética. Para combater os soviéticos, os alemães concentraram cerca de 65% de seu exército, seus melhores equipamentos militares e suas tropas de elite.

Nos anos de 1941 e 1942, os alemães e seus aliados avançaram rapidamente pelo território soviético, chegando perto de Moscou. Entretanto, os soviéticos resistiram aos invasores. Em setembro de 1942, as tropas alemãs invadiram a cidade de Stalingrado, onde foi travada uma das batalhas mais violentas da guerra. Em fevereiro de 1943, os soviéticos derrotaram os nazistas em Stalingrado, e, pela primeira vez na guerra, um general alemão e seu exército se renderam. A Batalha de Stalingrado acabou com a crença na invencibilidade nazista.

Depois dessa batalha, os soviéticos passaram da defesa para o ataque, conquistando os territórios controlados pelos nazistas. Na luta contra os nazistas, calcula-se que morreram mais de 20 milhões de pessoas da União Soviética, desse total cerca de 13,6 milhões eram militares.

A Segunda Guerra Mundial também foi marcada por lutas na Ásia, onde o Japão ocupou vastas regiões da China (em 1937) e da Indochina (em 1940). Observe o mapa a seguir.

Segunda Guerra Mundial: a luta na Ásia (1942)

Mapa. Segunda Guerra Mundial: a luta na Ásia (1942). Em verde, 'Império japonês', compreendendo o Japão, incluindo as cidades de Hiroshima, Nagasaki e Tóquio, a Coreia, incluindo a cidade de Seul, a ilha de Formosa, atual Taiwan, as ilhas Curilas e parte da Ilha Sacalina, ambas no extremo oriente da União Soviética. Em rosa, 'Protetorado japonês', compreendendo a Manchúria, região localizada no leste asiático, entre a Coreia e a União Soviética. Em amarelo, 'Território ocupado', compreendendo o leste da China, incluindo as cidades de Pequim, Nanquim, Xangai e Hong Kong, e a Indochina, incluindo as cidades de Hanói e Saigon. Em laranja, 'Estado aliado', compreendendo região da Malásia e Sião, incluindo a cidade de Bangcoc. Uma linha vermelha indica 'Limites máximos da expansão japonesa (1942)', compreendendo diversas ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico, desde a Ilha Sacalina até áreas de Nova Guiné e da costa da Birmânia (atual Miamar), já no Oceano Índico. Setas azuis indicam 'Incursões japonesas' partindo de Formosa em direção à Malásia, Ilha Sumatra, Ilha Borneo e Oceano Índico;  do Oceano Pacífico em direção a Port Darwin, na Austrália; das Ilhas Curilas em direção a leste; do território japonês em direção a leste, incluindo as Ilhas Marianas, Midway,  até chegar a Pearl Harbor, no Havaí. Setas roxas indicam 'Ofensiva aliada', partindo do Havaí em direção às ilhas Gilbert, Marshall, Guam, Iwojima, Molucas, Filipinas, Okinawa e à cidade de Nagasaki; partindo da União Soviética e da Mongólia em direção à Manchúria e a Coreia, e partindo o Oceano Pacífico em direção às Ilhas Curilas. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 950 quilômetros.
FONTES: Atlas histórico mundial: de la Revolución Francesa a nuestros días. Madri: Istmo, 1982. página 238; ALBUQUERQUE, Manoel M. de . Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1986. página 157.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia, a seguir, um texto do historiador Antonio Pedro sobre a Batalha de Stalingrado.

Batalha de Stalingrado

No dia 5 de outubro Stálin emitiu a seguinte ordem: ‘Exijo que tomem as medidas para defender Stalingrado... Stalingrado não deve render-se ao inimigo, e a parte que dela foi capturada pelo inimigo deve ser libertada’. Lutava-se desesperadamente em ambos os lados, pois as ordens de Rítler também eram incisivas: tomar Stalingrado a qualquer custo.

O testemunho de um tenente do exército alemão serve para visualizar a violência das batalhas:

‘Para tomarmos uma única casa lutamos quinze dias, lançando mão de morteiros, granadas, metralhadoras e baionetas. Já no terceiro dia, 54 cadáveres de soldados alemães estavam espalhados pelos portões, pelos patamares e pelas escadas. Nossa frente é um corredor ao longo de quartos incendiados... Pelas chaminés e escadas de incêndio das casas vizinhas é que chegam reforços. A luta não cessa nunca. De um andar para o outro, rostos enegrecidos pelo suor, nós nos bombardeamos uns aos outros com granadas, em meio a explosões, nuvens de poeiras e fumaça, montes de argamassa, em meio ao dilúvio de sangue, aos destroços de mobiliário e de seres humanos. Perguntem a qualquer soldado o que significa meia hora de luta corpo a corpo numa peleja deste tipo. Depois imaginem Stalingrado oitenta dias e oitenta noites só de luta corpo a corpo. As ruas já não se medem por metros, mas por cadáveresreticências Stalingrado já não é mais uma cidadereticências quando chega a noitereticências causticante de sangue e de gemidos, os cães lançam-se às águas do vólga e nadam desesperadamente à outra margemreticências Só os homens resistem.’ (alã clárc, Stalingrado Século vinte.)

Diz-se que nesta batalha o quilômetro como medida de distância foi substituído pelo centímetro, e o mapa da frente de batalha era a planta da cidade. ‘A conquista de uma única rua custava aos alemães tanto tempo e sangue quanto eles haviam gasto até então na conquista de países inteiros na Europa’.

No dia 19 de novembro os alemães receberam ordens de lançar o ataque final sobre Stalingrado. Neste mesmo dia Stálin determinou a seus generais que se iniciasse a contraofensiva. A ideia básica de Stálin e seus mais íntimos colaboradores militares era bastante simples: aproveitar a arrogância e o atrevimento de Rítler ao avaliar que o Exército Vermelho estava destroçado.

reticências no campo de batalha a situação se redefinia: os alemães que estavam até aquele momento sitiando Stalingrado passaram a ser sitiados. Stálin ordenou que não se atacassem os exércitos sitiados de von Paulus [general alemão, comandante do sexto Exército, encarregado de tomar a cidade de Stalingrado], mas que zucóv [general russo] dirigisse suas fôrças contra as tropas que estavam fóra do cêrco, afastando-as para além do Rio Don, que corre do lado do vólga reticências.

O chefe do estado-maior alemão, general záitssel, pediu permissão a Rítler para autorizar a rendição como única saída para salvar mais de 200 mil homens. Rítler foi incisivo: ‘Não deixarei o vólga’, ordenando pessoalmente para que von Paulus resistisse. reticências

Terminara uma das maiores batalhas da História. Dos 250 mil soldados restavam cêrca de 100 mil em péssimas condições de saúde. E pela primeira vez um marechal-de-campo do exército alemão caiu prisioneiro. A Batalha de Stalingrado significou o ponto mais alto da Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo que significou a virada definitiva da maré. Daí por diante as iniciativas passariam definitivamente para as mãos do exército soviético. Esta batalha, juntamente com as atividades no Ocidente e na África, significou o início do fim do Reich reticências.”

PEDRO, Antonio. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Atual, 1987. página 32-36.

Outras Histórias

fôrça Expedicionária Brasileira

Entre setembro de 1944 e junho de 1945, mais de 25 mil brasileiros da fôrça Expedicionária Brasileira (Féb) foram enviados para lutar contra o fascismo, na Itália. Desse total, quase 3 mil se feriram e 465 morreram em combate.

Os soldados brasileiros, chamados pracinhas, escolheram como símbolo da Féb uma cobra fumando cachimbo. Era uma resposta àqueles que diziam ser mais fácil uma cobra fumar do que os brasileiros conseguirem combater os bem treinados soldados nazistas.

O primeiro combate com a participação dos soldados da fôrça Expedicionária Brasileira ocorreu em setembro de 1944. A última ação foi em abril do ano seguinte. A batalha mais conhecida foi a de Monte Castello, vencida pelos Aliados e que contou com a participação dos pracinhas.

Ilustração. Um símbolo de oito lados, contendo, no centro, a imagem de uma cobra verde, e em sua boca um cachimbo vermelho com fumaça. No canto superior, a palavra 'BRASIL' em uma faixa horizontal azul.
A cobra fumando, símbolo dos pracinhas da fôrça Expedicionária Brasileira na campanha da Itália, entre 1944 e 1945.
Fotografia. Destaque para um monumento cinza, representando um grupo de soldados sobre um rochedo irregular, direcionados a um mastro com a bandeira brasileira.
Monumento aos pracinhas na cidade de Petrolina, Pernambuco. Fotografia de 2016.

Responda no caderno

Atividade

No Brasil, o período do Estado Novo (1937-1945) foi uma ditadura chefiada por Getúlio Vargas que se caracterizou pela censura aos meios de comunicação, repressão política e defesa do nacionalismo. A vitória sobre o nazifascismo influenciou, de algum modo, o fim do Estado Novo, liderado por Vargas? Pesquise.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “fôrça Expedicionária Brasileira” favorece o desenvolvimento da competência cê gê um.

Outras histórias

Espera-se que os estudantes percebam que a derrota do nazifascismo na Europa, em 1945, contribuiu para o enfraquecimento de outros regimes autoritários no mundo ocidental. Como será explicado no capítulo 6, “Era Vargas”, deste livro, a guerra e a vitória contra o nazifascismo foram aproveitadas pelos grupos de oposição ao govêrno Vargas para combater também o “fascismo interno”, representado pela ditadura do Estado Novo.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre o Holocausto, tema tratado na página 97.

Auschwitz e os crimes contra a humanidade

Durante a Segunda Guerra Mundial, , principal comandante da ésse ésse, foi um dos grandes responsáveis pelo plano nazista chamado de “solução final”. A sigla ésse ésse designa a organização paramilitar do Partido Nazista, subordinada a Rítler, que se expandiu ao ponto de contar com um exército próprio, além dos serviços de inteligência e dos grupos especiais de extermínio.

O plano nazista tinha o objetivo de exterminar todos os judeus. Assim, milhares de crianças, idosos, mulheres ou homens foram perseguidos e mortos sistematicamente pelos agentes alemães. Esse brutal crime contra a humanidade ficou conhecido como Holocausto.

Inaugurado pela ésse ésse em junho de 1940, no sul da Polônia, o campo de concentração de Auschwitz tornou-se, a partir de 1942, um dos maiores campos de extermínio de judeus e também de poloneses, ciganos etcétera Milhares de judeus, que haviam sido capturados em vários países da Europa, eram enviados, em trens lotados, para o campo. Quando lá chegavam, os prisioneiros passavam por um rápido exame médico. Os mais debilitados eram condenados à morte nas câmaras de gás e seus corpos eram cremados nos fornos do campo. Aqueles que tinham saúde eram obrigados a trabalhar duramente para os nazistas, submetidos a fome, doenças infecciosas, torturas etcétera

Em 27 de janeiro de 1945, os soldados do exército soviético libertaram os prisioneiros que sobreviviam no campo de Auschwitz. Antes de abandonar o campo, os soldados da ésse ésse, para ocultar seus crimes bárbaros, destruíram o maior número possível de provas sobre o que se passava em Auschwitz.

Não se sabe o número exato das vítimas de Auschwitz. Os cálculos mais recentes estimam que cêrca de 1,3 milhão de pessoas tenham sido mortas nesse campo nazista.

Texto elaborado pelos autores.

Vítimas do nazismo

Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas promoveram o genocídio de milhões de judeus, eslavos, ciganos, comunistas, homossexuais, pessoas com deficiência física, artistas e intelectuais. O extermínio desses grupos ficou conhecido como Holocausto. Os judeus se referem a esse acontecimento de que foram vítimas com o termo hebraico Shoah, que significa “catástrofe”.

O Holocausto ocorreu principalmente nos campos de concentração e de extermínio nazistas. Um dos principais campos de extermínio ficava em Auschwitz, no sul da Polônia.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de pessoas aglomeradas sobre uma passarela. À frente da multidão, homens fardados.
Judeus húngaros chegam ao campo de concentração de Auschwitz, Polônia. Fotografia de 1944. Alguns deles eram executados imediatamente, enquanto outros eram organizados para a realização de trabalhos forçados.

Os cálculos sobre o número de vítimas do Holocausto variam muito. Em relação aos judeus, calcula-se que cêrca de 6 milhões tenham morrido em campos de extermínio ou em áreas sob ocupação nazista. Em relação aos outros grupos, estima-se que morreram aproximadamente 4 milhões de pessoas.

O Holocausto fez parte da política de violência programada e racionalizada do Estado nazista, considerado um dos mais bárbaros crimes cometidos contra a humanidade. Além das execuções em massa, o nazismo também submeteu milhares de pessoas a maus-tratos e tortura. Toda essa violência foi impulsionada pelo ódio ao outro, ao diferente.

Fotografia. Poucas pessoas sobre uma estrada de terra coberta de neve nas laterais. Destaque para um portal de entrada, de ferro, com a frase 'O trabalho liberta', escrita em alemão. Atrás do portal, lado a lado, diversos galpões de tijolos, com janelas nas fachadas.
Sobreviventes do Holocausto na entrada do campo de concentração e de extermínio de Auschwitz, Polônia. Fotografia de 2015. Os relatos dos sobreviventes mostram como suas vidas foram marcadas por perseguição, preconceito, violência e ódio durante a Segunda Guerra Mundial.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

O menino do pijama listrado (Estados Unidos/Reino Unido). Direção de marqui , 2008. 94 minutos

Um oficial nazista trabalha em um campo de concentração nas proximidades de Berlim, na Alemanha. Seu filho, um menino de oito anos, faz amizade com um garoto diferente: ele vive do outro lado de uma cêrca eletrificada e sempre usa um pijama listrado.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Vítimas do nazismo”, incluindo seu subitem, favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três, pois descreve e contextualiza as práticas de extermínio (como o Holocausto) realizadas durante o regime nazista.

Atividade complementar

Assista ao filme A menina que roubava livros (Estados Unidos/ Alemanha, 2013, 131 minutos), dirigido por Braian . O filme conta a história de uma jovem alemã chamada lízel que perde a mãe e é adotada por um casal pobre no contexto da Segunda Guerra Mundial. Diante da censura nazista, a jovem se arrisca para aprender a ler e descobrir o mundo dos livros. Em seguida, reúna-se com os colegas e faça o que se pede.

1. Como a protagonista lízel aprendeu a ler e a escrever? Quem a ajudou?

Resposta: Ao chegar à escola, lízel revela que não sabia escrever o próprio nome. Depois disso, ela aprende a ler e a escrever com a ajuda de seu padrasto. No porão de casa, ele cria um lugar para lízel estudar.

2. rúdi é apaixonado por atletismo. Quem é seu ídolo? Por que ele é advertido de que não poderia ser fã desse atleta?

Resposta: O ídolo de rúdi é o atleta djéss ôuens (1913-1980), que ganhou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1936 em Berlim. No contexto do nazismo, rúdi é advertido pelo seu pai de que não poderia ser fã de um atleta negro. O regime nazista defendia a superioridade da raça ariana. Essa atividade é uma oportunidade para combater o preconceito racial.

3. Como o aniversário de Rítler é comemorado na cidade onde vive lízel? Por que a população é forçada a queimar livros? Relacione esse ato a características da ideologia nazista abordadas no capítulo 4.

Resposta: O aniversário de Rítler é comemorado com bandeiras, desfiles, um discurso do prefeito e a queima de livros proibidos. O govêrno de Rítler julgava a educação uma de suas prioridades, pois as crianças deviam aprender, desde cedo, os valores do nazismo. Durante essa comemoração, é possível perceber várias características do nazismo, como o culto à personalidade de Rítler, a censura, o nacionalismo e a propaganda.

Perseguição aos judeus em Varsóvia

Na Polônia, os nazistas confinaram mais de 380 mil judeus no chamado Guetoglossário de Varsóvia. Ali, os judeus estavam sujeitos a diversas fórmas de violência e sofriam com a falta de alimentos, água limpa e medicamentos, o que facilitava a propagação de doenças.

Em 1940, a polonesa Irena sêndler (1910-2008), que era assistente social, teve permissão para entrar no Gueto. Diante daquela situação precária, ela e seus colaboradores decidiram resgatar milhares de crianças judias para que elas não morressem. Além do resgate, a assistente social escrevia uma lista com os dados das crianças judias e procurava famílias que pudessem adotá-las.

Fotografia. Destaque para o rosto de uma mulher em idade avançada, com cabelos grisalhos, vestindo uma camisa escura e um arco de mesmo tom sobre o topo de sua cabeça.
A assistente social Irena sêndler, em Varsóvia, Polônia. Fotografia de 2008.

Depois de três anos frequentando o Gueto de Varsóvia, Irena foi descoberta e presa pelos nazistas. Mesmo sob tortura, ela não delatou seus colaboradores. Quando Irena ia ser executada, um grupo da resistência judaico-polonesa conseguiu libertá-la.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Irena entregou a lista com os nomes das crianças a representantes do Comitê de Salvação dos judeus sobreviventes. Sua intenção era que as famílias judias pudessem se reunir novamente, mas, infelizmente, muitas dessas famílias haviam sido mortas nos campos de extermínio.

Em 2007, Irena foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz e considerada uma heroína da guerra. Calcula-se que ela tenha ajudado a resgatar cêrca de 2 500 bebês e crianças judias durante o regime nazista.

Fotografia em preto e branco. Sobre uma via, à direita, alguns homens vestindo fardas e capacetes. Na frente deles, à esquerda, um grupo de homens reunidos, vestindo casacos.
Oficiais nazistas (à direita, usando uniforme) interrogam judeus após o Levante do Gueto de Varsóvia. Fotografia de 1943. O levante, organizado pela resistência judaica, tinha como objetivo impedir que os nazistas enviassem o restante da população do gueto para campos de extermínio.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir traz informações sobre o cotidiano em guetos ou bairros isolados, criados pelos nazistas para segregar pessoas que eles consideravam inferiores e perigosas. O maior de todos esses guetos ficava em Varsóvia, na Polônia, mas esse não foi o único.

A vida nos guetos

A vida nos guetos era insuportável. Havia superpopulação, e várias famílias eram obrigadas a dividir uma mesma residência. Os sistemas de esgoto eram destruídos pelos nazistas, e os dejetos humanos tinham que ser jogados nas ruas juntamente com o lixo. Não havia comida, as pessoas viviam famintas. Para manter estas condições subumanas, estender o sofrimento dos judeus ao máximo, os alemães permitiam que os residentes comprassem uma pequena quantidade de pão, batatas e gordura, praticamente insuficiente para sobrevivência, e nada mais. Alguns moradores que possuíam dinheiro guardado ou pertences valiosos conseguiam trocá-los por qualquer comida que entrasse clandestinamente nos guetos. Outros tinham que mendigar ou roubar para sobreviver. Durante os longos e severos invernos europeus, não se conseguia combustíveis para aquecimento das casas, e a maioria das pessoas não possuía roupas adequadas ao frio. Elas ficavam cada vez mais fracas por causa da fome, dos maus-tratos a que eram submetidas, e a exposição ao frio fazia com que ficassem extremamente suscetíveis a diversas doenças. Dezenas de milhares de seres humanos judeus morreram de fome, frio e doenças nos guetos. Muitos indivíduos desesperados se suicidavam.

Todos os dias havia um número crescente de crianças órfãs, e elas tinham que cuidar de suas irmãs e irmãos mais novos. Os órfãos normalmente viviam nas ruas mendigando restos de pão de pessoas que tinham muito pouco ou nada para compartilhar. Muitas crianças morreram congeladas e com fome durante o inverno.

Para sobreviverem, as crianças tinham que se tornar habilidosas e úteis. Às vezes, crianças pequenas do Gueto de Varsóvia ajudavam a contrabandear comida para suas famílias e amigos arrastando-se por pequenos buracos nos muros dos guetos. Isto era muito arriscado, já que os contrabandistas capturados eram severamente punidos, mesmo que fossem crianças.

Em muitos guetos, vários jovens tentavam continuar seus estudos, participando de aulas organizadas por adultos. Como as aulas eram ministradas em segredo, os alunos aprendiam a esconder os livros que conseguiam embaixo das roupas para não serem capturados.

Embora sofrimento e morte fizessem parte do cotidiano das crianças, elas não deixaram de brincar. Algumas tinham bonecas ou caminhõezinhos que levaram consigo quando foram capturadas e enviadas como prisioneiras nos guetos. As crianças também construíam brinquedos usando pedaços de madeira e tecidos que encontravam. No gueto de Lodz, na Polônia, as crianças transformavam a parte de cima de caixas de cigarros em cartas de jogos infantis.

ENCICLOPÉDIA do Holocausto. A vida nos guetos. Disponível em: https://oeds.link/fIfdzk. Acesso em: 29 maio 2022.

Fim da guerra

Em julho de 1943, as tropas aliadas desembarcaram na Sicília e iniciaram a invasão da Itália. Mussolini foi preso e afastado do poder. As tropas nazistas, porém, ocuparam Roma e libertaram Mussolini, que fundou uma república. Mais tarde, em 1945, Mussolini voltou a ser preso pela resistência e foi imediatamente executado. Em 2 de maio de 1945, efetivou-se a rendição definitiva da Itália.

Fotografia. Soldados fardados, com água do mar até a altura dos joelhos, carregando armas, equipamentos e munição. Em segundo plano, sobre as águas, um navio de guerra de casco acinzentado.
Desembarque de tropa aliada na Sicília, Itália. Fotografia de 1943 colorizada digitalmente.

Em 25 de abril de 1945, a capital alemã estava cercada pelas tropas soviéticas. Alguns dias depois, Rítler e o ministro iôzef guêbels cometeram suicídio para não serem presos e responder por seus crimes. No dia 9 de maio, entrou em vigor a rendição incondicional da Alemanha, encerrando definitivamente a guerra na Europa.

Entre 1945 e 1946, foi instalado na cidade alemã de Nuremberg um tribunal militar internacional para julgar os principais líderes nazistas, que foram condenados por crimes contra a humanidade. Onze deles foram sentenciados à morte por enforcamento.

Fotografia. Um grupo de homens, alguns fardados, outros vestindo paletós escuros, sentados em cadeiras e palanques de madeira, com mesas à frente, e diversas folhas de papel espalhadas.
Julgamento de lideranças nazistas no Tribunal de Nuremberg, Alemanha. Fotografia de 1945.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

O médico alemão (Argentina). Direção de Lucía Puenzo, 2013. 93 minutos

Filme baseado em fatos reais. Depois da Segunda Guerra Mundial, o cientista nazista iôzef mênguele foge para a Argentina, onde havia uma comunidade alemã. Sem revelar sua verdadeira identidade, mênguele convive com uma das famílias locais e continua realizando seus experimentos com seres humanos.

Bomba atômica

Na Ásia, os combates prosseguiram até a rendição japonesa, ocorrida em setembro de 1945. Desde o ataque a Pearl Harbor, em 1941, as fôrças dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Austrália vinham combatendo o Japão.

Em agosto de 1945 ocorreu o ataque decisivo contra os japoneses. Em uma demonstração de poder militar, os Estados Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre o território japonês. A primeira atingiu a cidade de Hiroshima, em 6 de agosto, e a segunda caiu sobre Nagasaki, em 9 de agosto.

Há estimativas de que as bombas atômicas provocaram a morte instantânea de mais de 160 mil pessoas nas duas cidades. Nos anos que se seguiram, outros milhares de pessoas morreram de sequelasglossário incuráveis provocadas pelas radiações nucleares, principalmente queimaduras graves e câncer.

Fotografia em preto e branco. Vista aérea de uma grande coluna de fumaça, de base mais estreita do que o topo, se espalhando pela atmosfera.
Vista aérea da coluna de fumaça provocada pela bomba atômica lançada sobre Hiroshima, Japão. Fotografia de 1945.
Fotografia. Crianças e alguns adultos com os olhos voltados para uma bomba em formato cilíndrico, sobre a superfície de uma mesa.
Família observa a miniatura da bomba atômica lançada sobre Hiroshima no Museu Memorial da Paz de Hiroshima, Japão. Fotografia de 2019.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir trechos do depoimento do feirante chín-djí Mukai, que sobreviveu à bomba atômica de Hiroshima e, mais tarde, mudou-se para a cidade de São Paulo.

Uma vítima fala da tragédia

“Eu tinha 15 anos quando a bomba caiu. Trabalhava numa fábrica de espoletas e bombas navais, a três quilômetros do centro de Hiroshima reticências. Em casa só moravam meus pais, eu e meu irmão mais velho, chô-djí, que na época tinha 18 anos. reticências

No dia 6 de agosto de 1945, eu e chô-djí saímos para trabalhar, por volta das 7 horas reticências. Lembro-me da hora do estouro. Estava tudo tranquilo, como todos os dias. De repente, ouvi um barulho grande, que não sabia se era de bomba ou da fábrica desabando. Lembro-me de que fui arremessado a vários metros, mas só percebi isso ao acordar, tempos depois. Só tive fôrças para gritar. Um pouco mais tarde, quatro trabalhadores que estavam fóra da fábrica na hora da explosão me encontraram e me arrastaram para fóra. Estava com três costelas quebradas. Minha roupa estava coberta de sangue – é que a máquina em que trabalhava tinha tombado sobre meu companheiro, esmagando-o. O sangue era dele.

Quando saí dos escombros, pensei que tinha morrido. Não conseguia entender nada, a fumaça cobria tudo e havia um cheiro forte que nunca tinha sentido. O centro da cidade era uma imensa fogueira. Ainda pensei em meus pais, mas logo entendi que nunca mais os encontraria. Meus companheiros queriam fugir, mas ninguém sabia em que direção, por causa da fumaça. Então alguém se lembrou dos trilhos do bonde. Seguindo por eles, uns quatro ou cinco quilômetros, a gente saía num campo de treinamento militar, próximo do mar, onde também havia o hospital militar.

Fomos seguindo os trilhos. Já estávamos quase chegando quando uma chuva preta começou a cair. Parecia pólvora de granada molhada, com cheiro muito forte. Quando chegamos ao campo, havia mais de 5 mil pessoas feridas espalhadas, muitas pessoas quase mortas. Soube depois que, dos 2 mil operários da fábrica onde trabalhava, mais de 1,7 mil morreram na hora da explosão.

No campo, encontrei meu irmão chô-djí. Ficamos lá até as 4 horas da tarde. Ninguém queria ficar muito tempo ali – achávamos que os americanos iriam jogar outra bomba. Foi dada ordem para que permanecessem só os feridos. Os outros deveriam ir para um lugar mais seguro, para os lados de Kabe, um povoado a 30 quilômetros.

Eu e meu irmão não queríamos abandonar a cidade sem saber o que acontecera a nossos pais e decidimos tentar chegar até nossa casa. Mas, a quase três quilômetros do local da explosão, compreendi que não havia esperanças: num raio de mais de dois quilômetros encontrei milhares de corpos, todos carbonizados, não dava para reconhecer ninguém. O Rio Ohta, que passava perto de casa, estava cheio de entulho. Chegamos bem perto de onde era nossa casa. Só restaram algumas coisas que eram de ferro. Por perto encontrei uns quatro ou cinco corpos carbonizados. Acho que meus pais estavam entre eles.”

MUKAI, chín-djí. In: MARQUES, A. M.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 1999. página 173-174.

Orientação didática

As bombas nucleares, a partir de quantidades relativamente pequenas de matéria, liberam enormes quantidades de energia. Essas bombas têm uma grande fôrça destrutiva derivada de reações nucleares de seus elementos radioativos (urânio, plutônio etcétera). Uma guerra nuclear poderia provocar a devastação da vida no planeta Terra.

Lugares da memória

As duas bombas atômicas que explodiram sobre o Japão em 1945 são marcos do fim da Segunda Guerra Mundial. As bombas atômicas tornaram-se um símbolo da destrutividade humana. Hiroshima e Nagasaki, as duas cidades bombardeadas, são lugares de memória dessa destruição nuclear.

Em Hiroshima, o Memorial da Paz, também chamado Cúpula da Bomba Atômica, é o único edifício que restou perto do local onde explodiu a primeira bomba. Ele foi preservado no estado em que ficou após o bombardeio de 6 de agosto de 1945. Hoje é considerado patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).

Em Nagasaki, o Museu da Bomba Atômica cria uma sensação incômoda para os visitantes, com um ambiente escuro, barulho de aviões e objetos derretidos pelo calor da explosão. Imensos murais expõem fotos das pessoas que morreram naquele dia. A ideia é defender que eventos como os que ocorreram em Hiroshima e Nagasaki jamais voltem a se repetir.

Fotografia. Uma cúpula esférica sobre uma torre em ruínas, com paredes destruídas, entre árvores e arbustos.
Cúpula da Bomba Atômica em Hiroshima, Japão. Fotografia de 2020. O Memorial da Paz foi construído na área ocupada por uma das únicas estruturas da cidade que resistiram ao impacto da bomba atômica.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Existe algum memorial no estado onde você mora? Por que é importante criá-los?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Lugares da memória”, incluindo o boxe “Para pensar” que o acompanha, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá três.

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. Estimule os estudantes a pesquisar e a visitar memoriais localizados no estado onde moram. É possível sugerir que visitem a página do musêus bê érre (disponível em: https://oeds.link/D8IGgC; acesso em: 3 abril 2022) e procurem por museus com o termo “memorial”. Para obter mais orientações sobre a visita a um memorial, leia o tópico 5.6, “Estudo do espaço social”, deste manual. Ressalte que a função do memorial é preservar histórias, fazendo-nos lembrar aquilo que poderia ser esquecido.

Japão: da derrota à recuperação

Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, os japoneses viveram momentos difíceis. Oficializada a rendição, tropas dos Estados Unidos ocuparam o Japão e passaram a comandar sua recuperação econômica e social. Entre 1945 e 1952, houve grandes investimentos no país e a elaboração de uma nova Constituição, inspirada na dos Estados Unidos. De inimigos derrotados, os japoneses transformaram-se no mais importante aliado dos Estados Unidos na Ásia.

Fotografia em preto e branco. Um homem fardado, usando um capacete, em pé, sobre um palanque, em uma via asfaltada, com ambos os braços esticados para lados contrários, portando um apito entre seus lábios. Em segundo plano, um edifício com diversas janelas retangulares na fachada.
Soldado estadunidense controla o trânsito em avenida de Tóquio, Japão. Fotografia de 1946. As tropas de ocupação assumiram diversas responsabilidades na manutenção da ordem no Japão após o final da Segunda Guerra Mundial.

Nos 30 anos seguintes, o crescimento econômico foi rápido e ficou conhecido como “milagre japonês”, em que se destacaram os setores eletrônico, automobilístico e naval. O Japão tornou-se o principal centro capitalista asiático, influenciando as economias de outros países, como Coreia do Sul, taiuã, Cingapura, Tailândia e Filipinas. Mas o “milagre japonês” também provocou alterações nas tradições culturais do país, que se tornaram mais abertas ao estilo de vida das sociedades europeia e estadunidense.

Fotografia. Um grupo de pessoas sentadas, vistas de costas, com seus rostos voltados para um segundo grupo de pessoas em pé, lado a lado. A maioria das pessoas em pé veste ternos escuros, exceto uma mulher, à esquerda, que veste um quimono tradicional japonês. Em segundo plano, uma vitrine transparente, com letreiros no topo, em caligrafia japonesa.
Bolsa de Valores de Tóquio, Japão. Fotografia de 2019. Essa cidade é um dos principais centros financeiros do mundo contemporâneo.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

O filme O grande ditador (Estados Unidos, 1940, 125 minutos), dirigido e protagonizado por Tcharls Tcháplin, é uma importante crítica às violências da Segunda Guerra Mundial e das guerras em geral. Ao final desse filme, o barbeiro judeu confundido com o ditador rínquel faz um discurso que critica o totalitarismo e a guerra. Esse discurso pode ser utilizado em sala de aula para aprofundar a discussão proposta no boxe “Para pensar” da página 103. A sugestão é exibir o filme e ler com a turma os seguintes trechos desse discurso:

“Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. reticências

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... reticências Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos, nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade, Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apêlo eloquente à bondade do homemreticências um apêlo à fraternidade universalreticências à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo aforareticências milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhasreticências vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir, eu digo: ‘Não desespereis!’. A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. reticências

Soldados! Não vos entregueis a esses brutaisreticências que vos desprezamreticências que vos escravizamreticências que arregimentam as vossas vidasreticências que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que utilizam como carne para canhão! Não sóis máquinas! Homens é que sóis! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amarreticências os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! reticências Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e belareticências de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novoreticências um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!”

SANCHES, Everton Luis. O pensamento humanitário de Tcharls Tcháplin: os interlocutores não excluídos. 2008. Tese (Doutorado em Direito) – Unésp, Franca, 2008. página 280-283.

O negócio das armas

A Segunda Guerra Mundial provocou um impressionante saldo de vítimas e destruição. Nesse confronto, armas tradicionais foram usadas ao lado de novos tanques blindados, foguetes, radares, aviões, navios, porta-aviões e bombas atômicas. Com esses recursos, atacaram-se alvos militares e civis. Isso sem mencionar outros métodos de extermínio, como fuzilamentos e câmaras de gás nos campos de concentração nazistas, que também provocaram milhares de mortes.

O impacto das mortes e a extensão da tragédia despertaram reflexões profundas sobre os horrores produzidos pela guerra. No entanto, nada disso conseguiu deter o ritmo insano de produção da indústria de armamentos, que continuou crescendo como negócio promissor. Novas armas tão poderosas quanto destrutivas foram vendidas aos governos de vários países. Porém, os esforços pela paz continuam. Os movimentos pacifistas ganham vigor em diversas partes do mundo.

Fotografia. Um grupo de pessoas de diferentes idades, caminhando sobre uma via de calçamento de pedra, portando faixas e bandeiras.
Protesto em Bremen, Alemanha, contra a decisão dos Estados Unidos de abandonar o Tratado de fôrças Nucleares de Alcance Intermediário. Fotografia de 2019. Com a decisão estadunidense, há risco de que as nações passem a ampliar seus investimentos para a formação de arsenais nucleares.
Fotografia. Sentadas sobre uma escadaria, um grupo de pessoas portando cartazes, com textos em oposição a uma guerra contra o Irã.
Protesto em Londres, Reino Unido, contra a possibilidade de um ataque ao Irã pelos Estados Unidos. Fotografia de 2020. No início daquele ano, as tensões entre os dois países estavam elevadas e havia temor da comunidade internacional quanto a um ataque estadunidense sob o pretexto de destruir o possível arsenal nuclear iraniano.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Atualmente, vivemos períodos de guerras localizadas em diferentes partes do mundo, mas não de guerra generalizada. No entanto, falta muito para que prevaleça em nossa sociedade uma cultura da paz. Procure explicar o que significa cultura da paz.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “O negócio das armas”, incluindo o boxe “Para pensar” que o acompanha, favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê dois, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá três, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um e cê ê agá quatro.

Para pensar

Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que a cultura da paz diz respeito à construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Uma sociedade que reduza, ao máximo, a violência do ser humano contra si mesmo, os outros e a natureza. Assim, devemos pensar a violência como toda ofensa e desrespeito causadas por indivíduos, grupos, instituições ou sistemas políticos. As violências podem ser brutais (assaltos, homicídios, guerras, torturas) ou opressivas, que são muitas vezes silenciadas, interiorizadas e disfarçadas, instituídas por sistemas socioeconômicos baseados na exploração humana.

Responda no caderno

Oficina de história

Conferir e refletir

  1. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta em seu caderno.
    1. A princípio, diante da expansão territorial alemã, os governos da França e do Reino Unido insistiram em manter uma política de apaziguamento.
    2. O ataque nazista à região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, em 1938, é o marco inicial da Segunda Guerra Mundial.
    3. Nações como Portugal, Espanha e Irlanda permaneceram neutras durante a guerra, não aderindo às potências do Eixo ou às potências Aliadas.
    4. A Batalha de Stalingrado (1942-1943) acabou com o mito da invencibilidade nazista.
    5. Depois da rendição incondicional da Alemanha em 9 de maio de 1945, a Itália permaneceu na guerra até setembro.
  2. Sob a orientação do professor, organizem-se em grupos. Façam uma pesquisa sobre a bomba atômica utilizando jornais, revistas e internet. Em seguida, façam o que se pede.
    1. Citem alguns países que detêm bombas nucleares na atualidade.
    2. O físico nuclear fílip mórisson afirmou, em dezembro de 1945, que “A bomba atômica não é apenas uma nova arma, é uma revolução na guerra”. Procurem explicar por que a bomba atômica representou uma revolução na guerra.

Interpretar texto e imagem

integrar com Língua Portuguesa

3. Durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem judia de 13 anos chamada Anne Frank (1929-1945) foi obrigada a se esconder dos nazistas na Holanda. Em seu esconderijo, ela escreveu um diário no qual narrou o terror vivido pelos judeus naquele período.

Em 1944, Anne Frank e sua família foram descobertas e capturadas. A jovem judia morreu no inverno de 1944-1945, em um campo de concentração na Alemanha. A seguir, leia um trecho do diário de Anne Frank.

“Depois de maio de 1940 os bons tempos foram poucos e muito espaçados: primeiro veio a guerra, depois a capitulação, e em seguida a chegada dos alemães, e foi então que começaram os problemas para os judeus.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidade da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 1, 2 e 4);
  • cê gê dois (atividades 1 e 3);
  • cê gê três (atividades 3 e 4);
  • cê gê nove (atividades 1, 2 e 3);
  • cê gê dez (atividades 1, 2 e 4);
  • cê ê cê agá um (atividades 3 e 4);
  • cê ê cê agá dois (atividades 1, 2 e 4);
  • cê ê cê agá quatro (atividades 3 e 4);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 2);
  • cê ê agá um (atividades 1, 2 e 4);
  • cê ê agá três (atividade 4);
  • cê ê agá quatro (atividades 3 e 4);
  • ê éfe zero nove agá ih um três (atividade 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Estão incorretas as frases b e ê, que podem ser corrigidas da seguinte fórma:

b) O ataque nazista à Polônia, em 1939, é o marco inicial da Segunda Guerra Mundial.

e) Depois da rendição incondicional da Alemanha em 9 de maio de 1945, o Japão permaneceu na guerra até setembro.

2. a) Atualmente, os países que têm bombas atômicas são os Estados Unidos, a Rússia, o Reino Unido, a China, a França, a Índia, o Paquistão e a Coreia do Norte. É importante ressaltar que bombas atômicas são artefatos explosivos de sofisticada tecnologia produzidos com conhecimentos científicos no campo da Química e da Física. Seu poder destrutivo é imenso. Em guerras, só foram utilizadas bombas atômicas duas vezes – ambas em 1945, contra o Japão, lançadas por fôrças militares dos Estados Unidos.

b) Há vários motivos pelos quais a bomba atômica representou uma revolução na guerra. Por exemplo, a bomba atômica destrói uma área com tanta rapidez que inviabiliza qualquer defesa; ao ser detonada, a bomba emite grande quantidade de radiação capaz de matar todas as pessoas no seu raio de ação, além de provocar consequências altamente nocivas a médio e longo prazos aos sobreviventes.

Nossa liberdade foi seriamente restringida com uma série de decretos antissemitas: os judeus deveriam usar uma estrela amarela; os judeus eram proibidos de andar nos bondes; os judeus eram proibidos de andar de carro, mesmo que fossem carros deles; os judeus deveriam fazer suas compras entre três e cinco horas da tarde; os judeus só deveriam frequentar barbearias e salões de beleza de proprietários judeus; os judeus eram proibidos de sair às ruas entre oito da noite e seis da manhã; os judeus eram proibidos de comparecer a teatros, cinemas ou qualquer outra fórma de diversão; os judeus eram proibidos de frequentar piscinas, quadras de tênis, campos de hóquei ou qualquer outro campo de atletismo; os judeus eram proibidos de ficar em seus jardins ou nos de amigos depois das oito da noite; os judeus eram proibidos de visitar casas de cristãos; os judeus deveriam frequentar escolas judias etcétera

Você não podia fazer isso nem aquilo, mas a vida continuava. jáque sempre me dizia: ‘Eu não ouso fazer mais nada, porque tenho medo de que não seja permitido’.

FRANKAnne. O diário de Anne Frank. Rio de Janeiro: Record, 2000. página 17-18.

  1. Em sua interpretação, como era possível viver com tantas proibições? Reflita.
  2. Você tem um diário pessoal? Você acha importante registrar suas memórias?

4. Leia, a seguir, trechos de um texto escrito por Takashi Nagai (1908-1951). Ele era médico e estava em Nagasaki no dia em que a bomba atômica foi lançada de um avião estadunidense. Mesmo ferido, Takashi participou do atendimento aos sobreviventes da explosão. Observe também a imagem.

“A pressão imediata foi tamanha que, no raio de um quilômetro, todo ser humano que se encontrava do lado de fóra, ou num local aberto, morreu instantaneamente ou dentro de poucos minutos. reticências

O calor chegou a tal violência que, a quinhentos metros, os rostos foram atingidos a ponto de ficarem irreconhecíveis. A um quilômetro, as queimaduras atômicas tinham dilacerado a pele, reticências deixando à vista a carne sangrenta.

A primeira impressão não foi, segundo parece, a de calor, mas a de dor intensa, seguida de frio excessivo. A pele levantada era frágil e saía facilmente. A maioria das vítimas morria com rapidez.”

DEPOIMENTO de Takashi (Paulo) Nagai (1910-1951). Os sinos de Nagasaki. In: DIAS Júnior, José Augusto; rubicéqui, Rafael. O brilho de mil sóis: história da bomba atômica. São Paulo: Ática, 1994. página 48-49.

Capa de animação. Imagem representando um menino visto de frente, com cabelos curtos, lisos e escuros, descalço, em posição de corrida, com gotas de suor sobre sua face, o olhar sisudo e os lábios fechados. Veste uma camiseta branca, uma camisa branca e azul aberta e uma bermuda azul. Em segundo plano, uma cidade destruída, com árvores secas e prédios em ruínas, tomada por uma grande nuvem de fumaça escura e avermelhada.
Capa da animação guên – Pés descalços, de 1983, baseada no mangá homônimo, escrito e ilustrado por quêiji , publicado entre 1973 e 1987. quêiji morava em Hiroshima e sobreviveu ao bombardeio atômico de 1945. Como desenhista, decidiu fazer seu relato na fórma de história em quadrinhos.
  1. Observe a imagem. Por quem foi produzida? Que cidade japonesa está sendo retratada?
  2. Quem é o autor do relato? De que maneira esse relato foi feito?
  3. Descreva sua sensação ao observar os dois documentos apresentados nesta atividade. Escreva um pequeno texto sobre o assunto e troque-o com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

  1. A atividade permite o trabalho interdisciplinar com Língua Portuguesa ao apresentar o gênero textual diário.
  1. Resposta pessoal, em parte. O objetivo dessa atividade é levar os estudantes a se colocar no lugar do outro, neste caso, dos grupos perseguidos pelo regime nazista. Anne Frank era uma adolescente quando escreveu seu diário, uma fórma de registro de suas vivências que faz parte da cultura juvenil desde muito tempo e que ainda hoje é comum entre os jovens, o que remete ao tema contemporâneo transversal Saúde. No caso dela, assim como de outros jovens que adotam essa prática, isso pode ser entendido como um exercício de promoção da saúde mental. én talvez tenha aliviado o pêso da situação dolorosa vivida por ela e pela família por meio da expressão escrita de seus sentimentos em um diário. Comente que viver em uma situação com tantas restrições foi bastante doloroso e difícil para os judeus. Ressalte que a frase “Você não podia fazer isso nem aquilo, mas a vida continuava” nos leva a refletir sobre a capacidade de resistência das pessoas e sobre a importância da vida. Se considerar conveniente, retome a noção de regime totalitário, abordada no capítulo anterior. Explique que os regimes totalitários procuravam ter um contrôle “total” sobre a vida de seus cidadãos. Esta atividade e as orientações para sua resolução foram elaboradas no intuito de ensinar estudantes com perfis diversos (de comportamento e de aprendizagem, sobretudo) a desenvolver atitudes de empatia e cooperação.
  2. Resposta pessoal. Um diário é o suporte no qual uma pessoa registra acontecimentos, pensamentos e sentimentos de seu cotidiano. Para algumas pessoas, manter um diário ajudar a refletir sobre si mesmo, os outros e o mundo, além de ser um exercício de escrita.

Pode-se desenvolver a atividade aplicando uma estratégia para lidar com turmas grandes e estimular a criação. O professor pode pedir que a resposta ao item a seja apresentada oralmente pelos estudantes e a resolução do item b seja formulada em grupos por escrito, como resultado dos debates entre os componentes de cada grupo.

4. a) A imagem é a capa da animação guên Pés descalços (Japão, 1983, 85 minutos), baseado no mangá criado por quêiji , que foi um sobrevivente da bomba atômica lançada na cidade de Hiroshima em 1945. Na capa da animação, é possível observar um garoto descalço correndo e, ao fundo, prédios e árvores destruídos sob uma fumaça escura e avermelhada. Explique que na capa está escrito em inglês, na parte inferior esquerda, “O bombardeio de Hiroshima visto pelos olhos de um corajoso jovem!” e, na parte superior, “Uma das mais importantes animações já feitas!”.

b) O texto é um relato de Takashi Nagai, que era um médico que estava em Nagasaki durante o bombardeio atômico de 1945. Em seu relato, Nagai descreve o horror provocado pela bomba atômica em Nagasaki, que matou com rapidez e violência milhares de pessoas.

c) A intenção é que os estudantes se expressem como pessoas capazes de se colocar no lugar dos outros, sem necessariamente sentir a mesma dor e a mesma perda que os japoneses atingidos pela bomba. Ressalte que tanto a capa da animação quanto o depoimento são documentos históricos.

Glossário

: sigla de British Broadcasting Corporation, que, em português, significa Empresa Britânica de Radiodifusão.
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Gueto
: no contexto, espécie de bairro onde os judeus eram obrigados a morar.
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Sequela
: no contexto, moléstia decorrente de um dano à saúde.
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