UNIDADE 3 GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

CAPÍTULO 7 GUERRA FRIA E CRISE DO SOCIALISMO

Após a Segunda Guerra Mundial, teve início a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Os Estados Unidos lideravam o bloco capitalista e a União Soviética, o bloco socialista. O nome “Guerra Fria” foi dado porque essas superpotências não entraram em conflito direto. Elas mantiveram conflitos indiretos, apoiando lados opostos em guerras regionais, como ocorreu em Cuba e no Vietnã. Além disso, durante mais de 40 anos, as duas superpotências mantiveram rivalidades ideológicas, tecnológicas e econômicas.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

O que você entende pela expressão “Guerra Fria”? Explique.

Fotografia. Cena de um filme retratando um homem visto de costas, com o tronco desnudo, cabelos escuros, lisos e curtos. Seu rosto está voltado para um grande cartaz em segundo plano, de fundo vermelho, com a fotografia de um homem de peito desnudo, com cabelos loiros, curtos e lisos, e dois símbolos idênticos, um de cada lado, retratando uma foice, um martelo e uma estrela de cinco pontas. Entre eles, pessoas aglomeradas, civis e uma banda militar.
Cena do filme róqui quatro, dirigido e estrelado por silvéster istalône, 1985. O personagem estadunidense róqui Balboa (silvéster istalône) observa a imagem de Ivan Drago (dôlf lénd-grên), entre os símbolos soviéticos da foice e do martelo, antes de se enfrentarem em uma luta de boxe marcada pela rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih um cinco
  • ê éfe zero nove agá ih um seis
  • ê éfe zero nove agá ih dois oito

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir justificam-se no capítulo em razão dos temas abordados: o início e as consequências da Guerra Fria; a criação da Organização das Nações Unidas (o êne u); a formação dos blocos socialista e capitalista; a divisão e a reunificação da Alemanha; os numerosos conflitos armados em diferentes lugares do mundo em função das divisões na Guerra Fria; o fim da União Soviética; as transformações na China e em Cuba no pós-guerra; e de assuntos correlatos, como a instituição de parâmetros de direitos humanos em nível mundial e o uso do esporte como instrumento político.

  • Analisar aspectos centrais do período conhecido como Guerra Fria.
  • Refletir sobre o contexto de criação e a importância da Organização das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
  • Analisar os principais acontecimentos ocorridos na União Soviética, desde sua reconstrução no pós-Segunda Guerra Mundial até seu fim, em 1991.
  • Compreender acontecimentos políticos e sociais da Europa Oriental, da instalação do socialismo à abertura político-econômica.
  • Estudar a ascensão do Partido Comunista na China, bem como os desdobramentos do socialismo chinês, da era pós-Mao tsé tungui até os dias atuais.
  • Conhecer a Revolução Cubana e seus desdobramentos, com destaque para os conflitos com os Estados Unidos.
Charge. Um grande urso de pelagem marrom, com um quepe verde em sua cabeça, com a imagem de uma estrela vermelha de cinco pontas. Seus braços e suas patas com garras à mostra envolvem uma cidadela, com o texto 'Berlim', repleta de casas e três bandeiras dos seguintes países: Reino Unido, Estados Unidos e França. Uma estrada de terra conecta a cidadela aos territórios externos, sobre a qual há alguns automóveis.
Berlim na Guerra Fria, charge de D. R. fítz pétric, 1948. Na imagem é representada a intenção da União Soviética, indicada pelo urso usando quepe com a estrela vermelha, de controlar Berlim, excluindo outros países que também ocupavam o território alemão: Estados Unidos, França e Reino Unido.
Fotografia. Duas pessoas vestindo trajes de astronautas, de coloração branca, cobrindo todas as partes de seus corpos e capacetes. Estão em pé, sobre um solo terroso e acinzentado, e entre eles há uma haste vertical com uma bandeira dos Estados Unidos da América.
Tripulantes da nave Apollo 11, os astronautas estadunidenses Nil Armstrong e bâz Aldrin fixam a bandeira dos Estados Unidos em solo lunar. Fotografia de 1969. A chamada conquista do espaço foi um dos episódios da Guerra Fria.
Orientações e sugestões didáticas

Para começar

Resposta pessoal, em parte. O objetivo da atividade é sondar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre a expressão “Guerra Fria”. Depois de ouvi-los, explique que o termo foi criado pelo escritor britânico Diórdi Or uél em um ensaio intitulado Você e a bomba atômica, publicado em outubro de 1945. Nesse texto, ôr-uél criou a metáfora “Guerra Fria” para se referir ao mundo pós-Segunda Guerra Mundial, marcado por confrontos ideológicos intensos e pela ameaça de guerra nuclear.

Guerra Fria: início e desdobramentos

Em fevereiro de 1945, antes mesmo da rendição alemã na Segunda Guerra Mundial, os governantes das três principais potências aliadas (Reino Unido, Estados Unidos e União Soviética) reuniram-se na Conferência de Yalta, na União Soviética.

Fotografia. Três homens vistos de frente, sentados lado a lado em um banco. Da esquerda para a direita: um homem calvo, vestindo um casaco marrom, um homem com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma jaqueta escura sobre um traje cinza, e um homem com um bigode grisalho, vestindo um uniforme militar e um quepe. Atrás do banco, vários homens vestindo ternos escuros, todos em pé. Em segundo plano, fachada de um edifício visto parcialmente, com pilastras verticais unidas em arcos.
Da esquerda para a direita, líderes representantes do Reino Unido, dos Estados Unidos e da União Soviética durante a Conferência de Yalta: tchârtchil, Rusevélt e Stálin, sentados; atrás deles, em pé, estão seus ministros de Relações Exteriores: Eden, istetínius e Molotov. Fotografia de 1945.

Essa conferência definiu as bases da futura Organização das Nações Unidas (ônu) e as condições que seriam impostas aos derrotados na Segunda Guerra Mundial, especialmente alemães e japoneses.

Em julho de 1945, após a rendição da Alemanha, os líderes das potências vitoriosas se reuniram nesse país para a Conferência de Potsdam. Ali, foram estabelecidas:

  • a divisão da Alemanha – consolidação das quatro zonas de ocupação do território alemão: francesa, britânica, estadunidense e soviética;
  • a desnazificação da Áustria e da Alemanha – destruição de símbolos, cartazes, monumentos e veículos de imprensa nazistas;
  • a criação do Tribunal de Nuremberg – tribunal militar internacional para julgar os crimes contra a humanidade cometidos pelos líderes nazistas.

Apesar desses acordos, ficou claro que havia divergências entre a União Soviética e as potências capitalistas. O govêrno dos Estados Unidos temia que os soviéticos expandissem o socialismo para outras regiões do mundo, já que a União Soviética controlava grande parte da Europa Oriental. Assim, começaram as rivalidades da Guerra Fria.

Organização das Nações Unidas (ônu)

A imensa destruição causada pela Segunda Guerra Mundial produziu um consenso de que as divergências entre países não seriam resolvidas pela violência da guerra. Foi com essa motivação que representantes de 51 países, incluindo o Brasil, fundaram, em 24 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas (ônu), com séde em Nova iórque.

A Organização das Nações Unidas tem como princípio promover a paz, a segurança e a cooperação internacionais por meio de desenvolvimento econômico, social e cultural, bem como do respeito aos direitos humanos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Guerra Fria: início e desdobramentos” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois e cê ê agá um, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois oito, na medida em que identifica e analisa aspectos da Guerra Fria, seus principais conflitos e as tensões geopolíticas no interior dos blocos liderados por soviéticos e estadunidenses. Já o texto “Organização das Nações Unidas (o êne u)” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um cinco, pois discute as motivações que levaram à criação da Organização das Nações Unidas no contexto do pós-guerra e os propósitos dessa organização, ao passo que o texto “Direitos humanos” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá seis e cê ê agá um, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um seis, pois relaciona a Carta dos Direitos Humanos ao processo de afirmação dos direitos fundamentais e de defesa da dignidade humana.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o texto que apresenta um panorama do início da Guerra Fria.

Pós-Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria

“Em março de 1946, ao visitar os Estados Unidos, uinstãn tchãrtchil, que fôra o primeiro-ministro britânico durante a Segunda Guerra, fez um longo discurso, alertando para a crescente ameaça soviética à Europa, que tentava se recuperar da guerra: ‘Desde Stettin, no Báltico, até Trieste, no Adriático’, declarou, ‘uma cortina de ferro baixou sobre o continente’; a Léste dessa linha ficavam domínios soviéticos. Dias depois, veio a resposta de Stálin, associando o ex-primeiro ministro a Rítler: ‘O senhor tchârtchil agora se encontra na posição de um agitador da guerra’.

A troca de farpas verbais entre tchârtchil e Stálin assinalou o início da Guerra Fria, uma batalha entre ideologias irreconciliáveis que definiria por quase meio século as relações internacionais. reticências

Nos cinco principais cenários – Europa, Ásia, Oriente Médio, norte da África e Américas –, a batalha foi travada em várias frentes: diplomática, econômica, científica, tecnológica e, secretamente, nas áreas de espionagem e contraespionagem. Esse jogo de xadrez às vezes virou guerra explícita – mas era raro que as superpotências se defrontassem diretamente. O mais frequente, como ocorreu na Coreia, no Afeganistão e em outros lugares, era que um lado lutasse contra o outro por intermédio de fôrças locais. Ainda assim, sempre havia o risco de um erro de cálculo desencadear uma tempestade de armas nucleares da qual ninguém sairia vitorioso.”

déniels, Patricia S.;ráisloup, Istíven G. Atlas da história do mundo. São Paulo: Abril/National Geographic, 2004. página 306.

Atualmente, a ônu divide-se em diversos órgãos para implementar seus objetivos. Observe o organograma de alguns de seus principais órgãos.

Esquema. No topo do esquema: Assembleia Geral. Órgão fundamental da ONU, composto dos atuais 193 Estados-membros da organização. Na parte inferior à esquerda, ligado ao topo por uma seta: Secretariado. Entidade que cuida da administração
da própria ONU. Na parte inferior, no centro, ligado ao topo por uma seta: Corte Internacional de Justiça. Órgão encarregado de decidir as questões jurídicas internacionais que são levadas à apreciação da ONU. Na parte inferior à direita, ligado ao topo por uma seta: Conselho de Segurança. Órgão encarregado de promover a paz no mundo. Entre os Estados-membros do Conselho de Segurança, cinco são permanentes: Estados Unidos, França, Reino Unido, República Popular da China e Rússia. Os membros permanentes são os únicos com poder de vetar medidas no Conselho e, assim, conseguem impor seus interesses sobre a maioria das nações.
Fotografia. Fachada de um edifício alto, à sua frente, bandeiras hasteadas de diversos países.
Edifício séde da ônu, projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemáier e pelo francês , na cidade de Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de 2019.

Direitos humanos

Em 1948, a Assembleia Geral da ônu aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essa declaração serviu de base para outros documentos que tratam dos direitos humanos, incluindo normas constitucionais de alguns países. A Constituição Federal do Brasil de 1988, por exemplo, incorporou alguns artigos inspirados nessa declaração.

Apesar de os direitos humanos serem reconhecidos na legislação dos países integrantes da ônu, observamos na vida cotidiana várias violações à dignidade humana. Elas se manifestam, por exemplo, no racismo, nas prisões arbitrárias, nos atos de tortura etcétera Por isso, cabe aos cidadãos lutar para que os direitos humanos sejam efetivamente cumpridos, valorizando instituições voltadas para a defesa desses direitos, como a Anistia Internacional.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Para enriquecer os estudos sobre Guerra Fria, leia com a turma o discurso proferido por uinstãn tchãrtchil em 1946, reproduzido no “Texto de aprofundamento” desta página. Ao apresentar essa fonte documental histórica, sugerimos destacar os seguintes pontos:

  • o temor da expansão do comunismo;
  • o papel que tchârtchil esperava da Organização das Nações Unidas;
  • a contradição de tchârtchil ao defender intransigentemente a liberdade e, ao mesmo tempo, omitir o domínio britânico sobre diversas colônias na África e na Ásia.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o discurso de uinstãn tchãrtchil a respeito da expansão soviética pela Europa pronunciado no Westminster College, nos Estados Unidos, em 1946.

Discurso de tchârtchil (1946)

“Uma sombra caiu sobre as cenas tão recentemente iluminadas pela vitória aliada. Ninguém sabe o que a Rússia Soviética e a sua Organização Comunista Internacional pretendem fazer em futuro imediato, ou quais são os limites de suas tendências expansionistas e proselitistas.

De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu através do continente. Além daquela linha ficam as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia, todas essas cidades famosas e as populações adjacentes estão sujeitas à influência soviética e ao crescente contrôle de Moscou.

Os partidos comunistas, que eram muito pequenos em todos esses países da Europa Oriental, foram colocados em preeminência e poder muito além de seu número e estão procurando obter, em toda frente, o contrôle totalitário.

Eu não acredito que a Rússia Soviética deseje a guerra. O que eles querem são os frutos da guerra e uma indefinida expansão do seu poder e doutrinas. Mas o que devemos considerar aqui, hoje, enquanto há tempo, é uma permanente prevenção contra a guerra e o estabelecimento de condições de liberdade tão rapidamente quanto possível em todos os países. Isto só pode ser conseguido agora, em 1946, através de entendimentos sobre todos os pontos com a Rússia e sob a autoridade geral da Organização das Nações Unidas.”

govêrno do Estado de São Paulo. Coletânea de Documentos Históricos para o nota de rodapé 1º grau – 5ª a 8ª séries. São Paulo: Secretaria da Educação, Coordenação de Estudos e Normas Pedagógicas, 1979. página 95-96.

Outras Histórias

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Leia alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.

Artigo 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.

Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 9º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 18. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; reticências

Artigo 19. Todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão .”

ASSEMBLEIA GERAL DA ônu. Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Disponível em: https://oeds.link/jFCPER. Acesso em: 8 abril 2022.

Fotografia. Amplo salão com mesas longas e retangulares ocupadas por muitas pessoas trajando roupa social. Ao fundo, na parede, há representação de dezenas de bandeiras de diferentes países. No centro dessa parede, uma escultura com o brasão que simboliza a Organização Geral das Nações Unidas: uma projeção cartográfica azimutal do mapa mundo centrada no Polo Norte rodeada de ramos de oliveira.
Reunião da Assembleia Geral da ônu em que foi adotada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em Paris, França. Fotografia de 1948.

Responda no caderno

Atividade

Por que os artigos citados acima representam uma reação aos regimes totalitários?

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Declaração Universal dos Direitos Humanos” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê nove, cê gê dez, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá seis e cê ê agá um, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um seis, na medida em que relaciona a Carta dos Direitos Humanos ao processo de afirmação dos direitos fundamentais e de defesa da dignidade humana. Já o boxe Observando o mapa”, na página 131, contribui para o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete.

Outras histórias

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um documento formado por um preâmbulo e 30 artigos que estabelecem direitos e princípios diametralmente opostos aos discursos e às práticas dos regimes totalitários. Conhecê-lo é parte da abordagem do tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos. Esses regimes são caracterizados pelo fim da liberdade individual, pela imposição da submissão de todos ao Estado, pela distinção entre grupos considerados “superiores” e “inferiores” e pela prática da tortura e de castigos cruéis. Desse modo, o estudante deve observar que os artigos da declaração representam uma reação aos regimes totalitários.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir trechos de uma entrevista com Jurema Vernéqui, ativista brasileira pelos direitos humanos e diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil. O texto está em diálogo com o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos.

Crise do clima e direitos humanos

Por que a crise climática também é uma crise de direitos humanos?

Por diferentes razões. Primeiro que, de imediato, viver em um ambiente saudável já é um direito humano. Quando isso não acontece, portanto, já há uma violação. O ser humano precisa de um ambiente adequado para viver, pois, do contrário, há consequências.

Quando a gente olha para a crise do clima, em particular, a gente vê que essas consequências se aprofundam muito mais. São muitos os impactos que a atual crise climática provoca na vida das pessoas. E é na vida de todos, pois todo mundo está enfrentando esses eventos climáticos extremos – ondas de calor que provocam mortes, incêndios, inundações, mudanças no regime de chuvas, sêcas, frio intenso, inclusive em diversos lugares do Brasil.

O problema não são só esses eventos, mas também a consequência para a saúde das pessoas. A estiagem afeta a produção dos alimentos, e no Brasil hoje há milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. Particularmente as populações mais vulneráveis, por conta das desigualdades, acabam pagando uma conta mais alta. Muitas vezes, inclusive, quando moram em localizações mais precárias, perto de encostas, mais suscetíveis a deslizamentos quando chove em demasia. reticências

Estamos falando [do] reticências direito à moradia, à alimentação, à saúde, ao meio ambiente. Então, quando se vê essa situação acontecendo e não se faz nada para resolver, muitos direitos são violados, o que acaba gerando também uma crise de direitos humanos.

Quando falamos em crise do clima, muitas pessoas ainda pensam que as consequências virão apenas no futuro, mas muitas delas já sentimos no presente. Já não deveríamos estar falando muito mais em adaptação e nos planejando para essas mudanças, principalmente pensando nas populações mais vulneráveis?

Justamente é central que façamos isso. Por justiça, devemos priorizar aqueles que estão mais expostos. Essa destruição ambiental, essa destruição de modos de vida é muito grave. Nós sabemos que os indígenas estão mais vulneráveis a essa crise, assim como os quilombolas e as pessoas que moram nas favelas. Isso é o caso do Brasil, mas essa crise atinge todo o mundo, os seres humanos de todos os lugares.

Eu, por exemplo, tenho uma amiga que mora nas Ilhas Fiji. Lá, já faz alguns anos, eles fazem diversos treinamentos para escapar da subida do mar. Eles já perderam parte do território, já teve certo comprometimento da produção de alimentos, já impactou violentamente na vida das pessoas, principalmente das mulheres, que cuidam da maioria da sociedade.

Ou seja, a crise de direitos humanos é a outra face da crise climática. É a negligência com os direitos dessas pessoas, o desrespeito aos meios de vida dessas populações. E isso é no mundo inteiro.”

Vernéqui, Jurema. A crise de direitos humanos é a outra face da crise climática, afirma Jurema Vernéqui. [Entrevista cedida a] Mathias Boni. Jornal da Universidade, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 23 setembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/mVIk8M. Acesso em: 14 abril 2022.

Europa dividida

Entre 1948 e 1951, países da Europa Ocidental como Reino Unido, França, Itália e Alemanha Ocidental receberam ajuda financeira dos Estados Unidos para recuperar suas economias abaladas pela Segunda Guerra Mundial. Conhecida como Plano Marshall, a ajuda visava tornar esses países uma espécie de modêlo de reconstrução econômica capitalista e impedir o avanço do socialismo na Europa.

Já na Europa Oriental, vigorou o socialismo soviético. Para controlar a região, o govêrno da União Soviética apoiou a instalação de governos dirigidos por partidos comunistas únicos. Esse processo atingiu Polônia, Alemanha Oriental, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária, Romênia e Albânia.

Durante a Guerra Fria, também foram construídas alianças militares que dividiram os blocos rivais. Observe a seguir.

  • Bloco capitalista – a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi formada em 1949, sob a liderança dos Estados Unidos.
  • Bloco socialista – a aliança militar conhecida como Pacto de Varsóvia foi formada em 1955, sob a liderança da União Soviética.

Otan e Pacto de Varsóvia (1949-1989)

Mapa. Otan e Pacto de Varsóvia (de 1949 a 1989). Representação do continente europeu. Em laranja, 'Membros do Pacto de Varsóvia de 1955 a 1989 (influência da União Soviética)', compreendendo os seguintes países: União Soviética, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Albânia e Bulgária. Em amarelo, 'Membros da Otan de 1949 a 1989 (influência dos Estados Unidos)', compreendendo os seguintes países: Turquia, Grécia, Noruega, Luxemburgo, Alemanha Ocidental, Itália, Países Baixos, Bélgica, França, Espanha, Portugal, Reino Unido e Islândia. Em verde, 'Estados que não pertenciam a nenhuma das alianças militares', compreendendo os seguintes países: Suécia, Finlândia, Áustria, Iugoslávia, Suíça e Irlanda. No canto superior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.
Fonte: guílbert, êidrien. Enciclopédia das guerras: conflitos mundiais através dos tempos. São Paulo: M. Books, 2005. página 289.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Na Europa, entre quais países havia fronteira terrestre separando membros da Otan e do Pacto de Varsóvia?

Orientações e sugestões didáticas

Observando o mapa

Entre Noruega e União Soviética; Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental; Alemanha Ocidental e Tchecoslováquia; Grécia e Albânia; Grécia e Bulgária; Turquia e Bulgária. Professor, informe aos estudantes que essa fronteira também existia entre Turquia e União Soviética.

Alemanha dividida

Em 1949, as potências ocidentais (Estados Unidos, Reino Unido e França) unificaram suas zonas de ocupação na Alemanha, fundando um novo país chamado República Federal Alemã (érre éfe a), ou Alemanha Ocidental, com capital em Bonn e sob influência dos Estados Unidos. Já os soviéticos fundaram a República Democrática Alemã (érre dê a), ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim e sob influência da União Soviética.

A cidade de Berlim também foi dividida em duas partes. A parte ocidental da cidade era controlada pela érre éfe a, enquanto a parte oriental era controlada pela érre dê a.

Entre 1948 e 1952, Berlim Ocidental foi reconstruída com o apôio econômico dos Estados Unidos. A cidade prosperava e atraía os moradores da parte oriental, onde a reconstrução era lenta. Entre 1949 e 1961, aproximadamente 2,5 milhões de pessoas mudaram-se do lado oriental para o lado ocidental de Berlim.

Para impedir essa migração em massa, em agosto de 1961 o govêrno da Alemanha Oriental ergueu uma cêrca de arame farpado de 150 quilômetros, separando os dois lados de Berlim. A partir de 1962, a cêrca foi substituída por um muro de concreto, que depois recebeu torres de vigilância. O Muro de Berlim tornou-se um símbolo da bipolaridade mundial entre os blocos capitalista e socialista.

Fotografia. Um grupo de pessoas vistas de costas, em pé sobre muretas e escadas, observa o que há para além de um muro de tijolos. Em segundo plano, uma construção com uma cúpula de formato arredondado.
Pessoas do lado ocidental do Muro de Berlim olham para o lado oriental da cidade. Fotografia da década de 1960.

Divisão da Alemanha (1961-1989)

Mapa. Divisão da Alemanha (de 1961 a 1989). Território da Alemanha, dividido em 4 setores diferentes. Em amarelo, setor estadunidense, área que engloba a porção sul e sudoeste do território e abrange as cidades de Munique e de Frankfurt; em verde, setor francês, área que engloba a porção sudoeste do território e abrange a cidade de Mainz; em roxo, setor britânico, área que engloba porção norte e nordeste do território e abrange as cidades de Kiel, Hamburgo, Düsseldorf e Bonn. Nesse território, há uma pequena área do setor estadunidense que abrange a cidade de Bremen. Em vermelho, setor soviético, área que engloba a porção leste e nordeste do território e abrange as cidades de Dresden, Berlim e Schewerin. À direita, mapa ampliado de Berlim, separada em Berlim Oriental, totalmente vermelha, e Berlim Ocidental, dividida nos seguintes setores, de cima para baixo, verde, francês, roxo, britânico, amarelo, estadunidense. Identificado por uma linha vermelha, 'Muro de Berlim (1961)', dividindo o território entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 100 quilômetros. No mapa ampliado de Berlim, escala de 0 a 10 quilômetros.
Fontes: Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2006. página 103; REUNIFICAÇÃO alemã – 15 anos. Folha de São Paulo, 30 setembro 2005. Caderno Especial.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Alemanha dividida” favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco, ao passo que o boxe “Para pensar” contribui para o desenvolvimento da competência cê gê dois.

Corridas armamentista e espacial

A chamada corrida armamentista levou ao rápido desenvolvimento de armas nucleares. Estados Unidos e União Soviética aceleraram a produção de armas de destruição em massa e, em 1950, as duas superpotências já possuíam bombas atômicas. Conscientes da catástrofe que resultaria de uma guerra nuclear, movimentos pacifistas se organizaram pelo mundo.

Outro exemplo da disputa técnico-científica entre Estados Unidos e União Soviética foi a corrida espacial. Um de seus marcos foi o lançamento pelos soviéticos do primeiro satélite artificial do mundo, em outubro de 1957: o Sputnik um (em russo, a palavra “sputnik” significa “satélite” ). Em 1961, o astronauta soviético Yuri Gagarin (1934-1968) foi o primeiro ser humano a fazer um voo espacial em tôrno da Terra. Nesse voo, Gagarin disse, impressionado: “A Terra é azul”.

Fotografia. Retrato de uma mulher de olhos claros, vestindo capacete e traje laranja de astronauta em uma nave espacial.
Valentina Tereshkova, astronauta da União Soviética. Fotografia de 1963. Tripulante da nave Vostok 6, lançada em junho de 1963, realizou uma viagem de 71 horas no espaço. Posteriormente, algumas mulheres estadunidenses fizeram parte do programa espacial da Nasa, como séli crísten ráid.

Em julho de 1969, os Estados Unidos enviaram a nave Apollo 11 à Lua. O astronauta Nil Armstrong (1930-2012) foi o primeiro ser humano a pisar em solo lunar. Ao dar os primeiros passos na Lua, armstrông afirmou: “Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”.

A partir da década de 1970, os conhecimentos adquiridos durante a corrida espacial foram aplicados em diversas áreas, como telecomunicação e meteorologia, além do aprimoramento de armas militares.

Além disso, foi durante a Guerra Fria, na década de 1960, que cientistas e militares desenvolveram uma rede de comunicações chamada Arpanet. Mais tarde, a Arpanet originou a internet, que hoje conecta milhões de pessoas ao redor do mundo.

Fotografia. Foguete espacial em uma estação  no momento de seu lançamento, expelindo jatos de gás aquecido e fogo pela sua base, ladeada pela fumaça resultante desse processo.
Lançamento da nave Apollo 11 à Lua do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, Estados Unidos. Fotografia de 16 de julho de 1969.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Como você interpreta a frase do astronauta Nil Armstrong? Em sua opinião, qual foi o “grande salto” a que ele se referiu?

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Comente que a corrida armamentista e espacial contribuiu para o desenvolvimento tecnológico e científico mundial. Entre as principais invenções da época, além da Arpanet, estão: os aparelhos automáticos para medir pressão arterial (que derivam de equipamentos desenvolvidos para astronautas, os quais precisavam de sistemas práticos para avaliar a saúde no espaço), os macacões antichamas usados pelos pilotos de Fórmula 1 (também originados dos trajes usados pelos astronautas), os detectores de fumaça e de vazamento de gás, o forno de micro-ondas, a asa delta (que foi criada para guiar as espaçonaves em sua reentrada na atmosfera) e o Global Positioning System(gê pê ésse), termo em inglês que significa Sistema de Posicionamento Global (criado originalmente para orientar mísseis e tropas).

Para pensar

A frase de Nil Armstrong indica que o ato simples de um homem (“um pequeno passo”) representa um ato grandioso para a humanidade (“um grande salto”). O “grande salto” pode se referir ao avanço tecnológico necessário para fazer o primeiro ser humano pisar na Lua e à importância desse feito para a exploração espacial.

Painel

Jogos Olímpicos na Guerra Fria

Durante a Guerra Fria, os Jogos Olímpicos também foram palco da rivalidade entre os blocos socialista e capitalista. Por meio de competições esportivas, cada bloco queria demonstrar ao mundo sua superioridade.

A ucraniana Larissa latínia é considerada um ícone da ginástica artística mundial. Ela representou a União Soviética nos jogos de 1956, 1960 e 1964, nos quais conquistou 18 medalhas, sendo 9 de ouro.

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vestindo um maiô cavado escuro, de mangas compridas, em pé sobre uma trave, com os braços esticados lateralmente e o tronco inclinado diagonalmente para trás. Em segundo plano, uma plateia em arquibancada a observa.
Larissa latínia nas Olimpíadas de Tóquio, Japão. Fotografia de 1964.

O estadunidense tômi smíf destacou-se nas Olimpíadas de 1968 por ter batido o recorde mundial e ganhado a medalha de ouro na prova dos 200 metros rasos. No pódio, ao receber a medalha, tômi fez uma saudação do movimento negro (Black Power), acompanhado por seu colega Djón Carlos, que havia recebido medalha de bronze na mesma prova. A atitude dos atletas era um protesto contra o racismo e a segregação racial nos Estados Unidos. Porém, o gesto causou uma enorme controvérsia por seu caráter político, e os atletas foram banidos dos jogos pelo Comitê Olímpico Internacional.

Fotografia. Um pódio com três posições sobre um campo gramado, cada uma das posições é ocupada por um homem. No primeiro e no terceiro lugar, dois homens negros, vestindo jaquetas escuras, ambos com um dos braços levantados para cima, com luvas, e os punhos fechados.
No pódio, tômi smíf (ao centro) e Djón Carlos (à direita) fazem a saudação do movimento Black Power, com os punhos cerrados e os braços erguidos, nas Olimpíadas da Cidade do México, México. Fotografia de 1968.
Quadro de medalhas olímpicas (1952-1988)

Jogos Olímpicos

Total de medalhas

Estados Unidos

União Soviética

Helsinque, Finlândia (1952)

76

71

Melbourne, Austrália (1956)

74

98

Roma, Itália (1960)

103

71

Tóquio, Japão (1964)

90

96

Cidade do México, México (1968)

107

91

Munique, Alemanha (1972)

99

94

Montreal, Canadá (1976)

94

125

Moscou, União Soviética (1980)

*

195

Los Angeles, Estados Unidos (1984)

174

**

Seul, Coreia do Sul (1988)

94

132


Fonte: HISTÓRICO olímpico em gráficos. Estadão, 2016. Disponível em: https://oeds.link/HjGJOi. Acesso em: 9 junho 2022.

asteriscoOs Estados Unidos e outros países do bloco capitalista boicotaram as Olimpíadas de 1980 em protesto contra a invasão do Afeganistão pelos soviéticos.

dois asteriscos A União Soviética e outros países do bloco socialista boicotaram as Olimpíadas de 1984 em retaliação ao boicote promovido pelos Estados Unidos aos jogos anteriores e às ações militares estadunidenses.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O govêrno brasileiro foi pressionado a aderir ao boicote proposto pelo govêrno dos Estados Unidos para que as delegações olímpicas não comparecessem aos Jogos Olímpicos de Moscou. Mesmo alinhado ao bloco estadunidense, o governo brasileiro resistiu às pressões. Leia o texto a seguir, que indica a posição adotada pelo Comitê Olímpico Brasileiro em 1980.

O Brasil e o boicote aos Jogos Olímpicos

“A campanha pelo não comparecimento aos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, era um dos itens de movimento maior de boicotes e embargos propostos pelos Estados Unidos com direcionamento para a União Soviética, sendo a razão instantânea das represálias à invasão soviética do Afeganistão. reticências

Diante de um delicado quadro interno e da possibilidade concreta de estabelecer relações comerciais de grande porte com a União Soviética, foi difícil considerar a hipótese de participação no embargo proposto pelo presidente [dos Estados Unidos] Dimi Carter, mesmo que a posição oficial do govêrno brasileiro fosse contrária ao ato de invasão soviético. reticências

Havia ainda a consequência positiva desse processo que caminhava para que, nos Jogos de 1980, parte significativa dos atletas de elite do esporte mundial estivesse ausente, o que naturalmente aumentava as chances de países como o Brasil de obter resultados significativos, inclusive figurando entre os ganhadores de medalhas. reticências

Aos 20 de janeiro de 1980 é publicado o primeiro posicionamento do Comitê Olímpico Brasileiro [cób], então presidido pelo Major Sylvio de Magalhães Padilha reticências, um defensor pertinaz dos valores olímpicos, o que faria de qualquer posicionamento levemente a favor do boicote algo contraditório. reticências

As decisões brasileiras foram positivamente recebidas pelos soviéticos, que através de sua embaixada no país manifestaram-se.  Se de um lado havia perdas inevitáveis nas questões econômicas que envolviam os Estados Unidos da América, as relações com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se estreitaram e alguns outros acordos além da venda de cereais passaram a ser fechados, como no caso da vacina antipólio. reticências

Por fim, a assembleia do Comitê Olímpico do Brasil definiu pelo envio de atletas e a delegação brasileira dirigiu-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas maior do que inicialmente fôra imaginado.”

LICO, Flávio de Almeida Andrade. O boicote aos jogos olímpicos de Moscou – 1980: uma análise da reação do movimento olímpico brasileiro e internacional. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. página 125-137.

União Soviética: da reconstrução ao fim do socialismo

Depois da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética ficou arrasada. Mais de 20 milhões de pessoas morreram e outras 25 milhões ficaram desabrigadas. Diante disso, o govêrno de Stálin promoveu a reconstrução do país, investindo no abastecimento da população e em obras de infraestrutura.

Em meio a intensa repressão e perseguição aos opositores, a reconstrução da União Soviética envolveu reparos à indústria pesada, aos transportes, às comunicações e ao fornecimento de energia elétrica, bem como esforços para mecanizar a agricultura, expandir as áreas de cultivo, construir grandes usinas hidrelétricas, instalar uma moderna indústria bélicaglossário e ampliar a educação pública.

A partir de meados do século vinte, o socialismo expandiu-se, chegando ao Léste Europeu, à China, à Coreia do Norte, ao Vietnã do Norte e a Cuba. Nos anos 1970, cêrca de um terço da população mundial vivia sob governos socialistas. Ao final do século vinte, os países socialistas passaram por transformações e a União Soviética se desfez.

Era crushóv

Stálin exerceu o poder por 29 anos e, em março de 1953, morreu em decorrência de um derrame cerebral. Após sua morte, houve um período de transição até ter início o govêrno de Nikita crushóv.

Em 1956, crushóv denunciou os crimes stalinistas no vinte Congresso do Partido Comunista. Ali, relatou as perseguições, as prisões e os assassinatos em massa. Essas denúncias repercutiram no mundo inteiro.

No plano internacional, o govêrno de crushóv defendeu a coexistência pacífica entre os blocos socialista e capitalista. Com isso, pretendia evitar uma guerra nuclear. A política de coexistência pacífica e o antistalinismo de crushóv levaram a desentendimentos com os dirigentes da China comunista, que se mantinham fiéis aos princípios stalinistas.

Fotografia em preto e branco. No centro da imagem, dois homens foram retratados dando as mãos. À esquerda, com cabelos curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, camisa clara e gravata, e à direita, em menor estatura, calvo, também vestindo um paletó escuro, camisa clara e gravata. Eles estão rodeados por outros homens que também trajam roupa social.
Nikita crushóv (à direita), primeiro-secretário do Partido Comunista, cumprimenta Djón kenedí (à esquerda), presidente dos Estados Unidos, em Viena, Áustria. Fotografia de 1961.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia o texto do escritor soviético ília êrenbúrg sobre a morte de Stálin.

Memórias sobre a morte de Stálin

“O depoimento médico falava de leucócitos, de colapso, de arritmia acelerada. Mas nós havíamos esquecido reticências que Stálin era um homem. Ele havia se transformado num deus onipotente e misterioso. E eis que o deus morreu de um derrame cerebral. reticências

A divinização de Stálin não ocorreu do dia para a noite reticências. Stálin organizou-a por longo tempo e de maneira regularmente planejada: por sua ordem, compunha-se uma história legendária, na qual ele tinha um papel que não correspondia à realidade: os pintores faziam telas enormes, dedicadas às vésperas da Revolução [Russa], a outubro, aos primeiros dias da república soviética, e em cada um desses quadros Stálin aparecia ao lado de Lênin; nos jornais caluniavam-se os demais bolcheviques, que em vida de Lênin foram seus auxiliares mais chegados. reticências A exemplo de milhões de compatriotas, ao ler os materiais do vinte Congresso [do Partido Comunista da União Soviética], senti que me tiraram uma pedra do coração. reticências Nosso povo e toda a humanidade deveriam tomar conhecimento da verdade amarga – isto era exigido pela razão e pela consciência. Tivemos conhecimento dos erros do passado. Nesse passado há muitos feitos e vitórias do povo soviético, mas, falando deles, talvez seja mais correto dizermos não ‘graças a Stálin’, mas ‘apesar de Stálin’.”

êrenbúrg, ília. Memórias: no entardecer da vida (1945-1953). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. página 323-331.

Liberalização política e modernização econômica

A desestalinização promovida pelo govêrno crushóv não foi suficiente para acabar com o socialismo autoritário existente na União Soviética. Até 1985, havia um único partido no país: o Partido Comunista, que se manteve no poder durante os governos Brejnev (1964-1982), Andropov (1982-1984) e Tchernenko (1984-1985).

Além das restrições à liberdade, o país enfrentou uma crise econômica. A produção de alimentos e outros bens de consumo era insuficiente para atender às necessidades da população. As pessoas permaneciam em longas filas para comprar produtos de uso cotidiano. Ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços públicos piorava e a corrupção dos governantes aumentava.

Entre 1985 e 1991, Micail gorbatchóv tornou-se o dirigente soviético. Nesse período, o govêrno implementou reformas econômicas e políticas. A reforma econômica, denominada perestroika (do russo, “reconstrução”), procurou modernizar a economia da União Soviética. Já a reforma política, chamada glasnost (do russo, “transparência”), buscou ampliar a liberdade de expressão no país.

Fim da União Soviética

Durante o governo de gorbatchóv, as fôrças políticas se dividiram. Alguns grupos conservadores se opunham às reformas, outros desejavam mudanças rápidas e profundas. Nesse contexto, em agosto de 1991, gorbatchóv foi deposto por um golpe promovido pelos conservadores. Porém, houve resistência dos reformistas liberais liderados por Boris Ieltsin (1931-2007), que era presidente da Federação Russa.

Três dias depois do golpe, as fôrças lideradas por Ieltsin derrotaram os golpistas e gorbatchóv retornou ao govêrno, mas, enfraquecido, não conseguiu impedir a independência de diversas repúblicas que compunham a União Soviética, levando ao seu desmembramento. Em 25 de dezembro de 1991, renunciou ao poder. Era o fim da União Soviética, que existiu por 69 anos.

Em paralelo ao fim da União Soviética, sociedades da Europa Oriental lutavam por democratização e por uma economia aberta. Surgiram repúblicas independentes, como Polônia, Hungria e Romênia.

Fotografia. Destaque para dois homens em pé se cumprimentando com aperto de mão. Um está à esquerda, com cabelos castanhos, curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, o outro está à direita, com cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo um paletó escuro. Em segundo plano, duas bandeiras, lado a lado, à esquerda a dos Estados Unidos, e à direita, a da União Soviética.
Os presidentes Diórdi Bûchi (à esquerda) e Micail gorbatchóv (à direita) na Cúpula de Paz, em Moscou, União Soviética. Fotografia de 1991.

Responda no caderno

para pensar

fiódor Dostoiévski (1821-1881), Lev Tolstói (1828-1910) e Anton Tchékhov (1860-1904) foram importantes escritores russos. Você já ouviu falar em algum deles? Já leu alguma de suas obras? Em grupo, pesquisem e transcrevam um pequeno texto de autores russos que tenham chamado a atenção de vocês.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento da competência cê gê três, ao passo que o texto “Queda do Muro de Berlim”, na página 137, contribui para o desenvolvimento das competências cê ê agá um e cê ê agá cinco.

Para pensar

Resposta pessoal. O objetivo desta atividade é estimular os estudantes a construir repertório literário e cultural. Incentive-os a procurar e ler obras desses e de outros autores. Sugerimos a leitura com a turma do trecho da biografia de Dostoiévski, apresentada em “Texto de aprofundamento”. Eles também podem pesquisar outras informações sobre as vidas de Dostoiévski, de Tolstói e de Tchékhov. Além disso, recomende a leitura de obras curtas desses autores, como Noites brancas, de Dostoiévski; Histórias de Bulka, de Tolstói; e os contos de Tchékhov.

Atividade complementar

A crise do socialismo teve como um dos marcos o ano de 1989, quando o Muro de Berlim foi destruído, depois de décadas separando os habitantes da Alemanha e dividindo simbolicamente os países capitalista e socialista.

Ao estudar a crise do socialismo, solicite aos estudantes que pesquisem sobre a repercussão desse fato nos meios de comunicação, incluindo artigos sobre a queda do Muro de Berlim. As informações obtidas podem servir de ponto de partida para a discussão sobre o socialismo implantado na Europa Oriental, na China, em Cuba e em outras partes do mundo.

Durante décadas, o socialismo constituiu o anseio de gerações, especialmente dos jovens, quando se tratava de pensar o futuro. Assim, é interessante promover um debate sobre a crise do socialismo tendo como questões centrais: quais são os anseios dos jovens hoje? Que esperanças eles têm com relação ao mundo que desejam construir? Com base no debate, os estudantes podem expressar suas opiniões sobre essas questões e confrontá-las com os anseios de algumas gerações que os antecederam.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um trecho da biografia do escritor russo fiódor Dostoiévski.

Dostoiévski

“Romancista russo, fiódor mrrailovítch Dostoiévski nasceu em Moscou em reticências 1821 e morreu em São pétersbúrgo em reticências 1881. Educado numa escola militar de engenharia, entregou-se febrilmente à leitura .

Envolvido na conspiração do revolucionário Petrachevski, Dostoiévski foi preso, condenado à morte e só no último momento reticências a pena foi comutada em deportação. Passou cinco anos na Sibéria, sujeito ao regime de trabalhos forçados na companhia de criminosos comuns, e mais outros cinco anos como soldado raso num batalhão siberiano. Anistiado em 1859, [tornou-se um] homem totalmente transformado pela dura experiência que descreveu na autobiografia zapísqui is mertvôgo dôma (1862; Recordações da casa dos mortos).

Dostoiévski é reticências um intelectual proletarizado que na Sibéria, entre os criminosos, teve o primeiro contato com o povo. reticências Nenhum dos problemas russos parecia-lhe capaz de ser resolvido pela ocidentalização do país. Acreditava, ao contrário, na solução dos problemas da Rússia pela ingênua fé do povo e pelo amor fraternal de todos os eslavos.”

ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo, Rio de Janeiro: enciclopédia Britannica do Brasil Publicações, 1992. volume 7, página 3498-3499.

Queda do Muro de Berlim

A partir de 1985, quando começaram as mudanças no govêrno soviético, o sistema político da Alemanha Oriental começou a passar por reformas aceleradas. Nessa época, a mobilização popular ajudou a diminuir o contrôle do Estado sobre a sociedade civil.

Um dos momentos mais marcantes dessa liberalização ocorreu no final do ano de 1989, com o anúncio da abertura das fronteiras entre Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. A decisão contribuiu para a queda do Muro de Berlim (1989) e a reunificação das duas Alemanhas (1990). A partir de então, os alemães passaram a viver em um único país: a República Federal Alemã.

Fotografia. Em uma via, um muro extenso, repleto de grafites coloridos. Em segundo plano, prédios com vários andares, com sacadas e janelas distribuídas de forma homogênea pela fachada de paredes brancas.
East Side Gallery, em Berlim, Alemanha. Fotografia de 2020. Os trechos do Muro de Berlim que não foram demolidos tornaram-se atrações turísticas, sendo East Side Gallery o trecho mais conhecido. Ele é composto de uma galeria a céu aberto com 1,3 quilômetro de extensão e 101 obras de vários artistas de diferentes países, recebendo cêrca de 3 milhões de visitantes por ano.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Adeus, Lenin! (Alemanha). Direção de Vôlfigan Béquer, 2003. 118 minutos

Pouco antes da queda do Muro de Berlim, em 1989, uma mulher entra em coma. Ao despertar, percebe que a antiga Berlim Oriental está bastante modificada.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia no texto a seguir os comentários de dírrk brênguêlmán, embaixador da República Federal da Alemanha, sobre as comemorações ocorridas em 2014, celebrando os 25 anos da queda do Muro de Berlim.

25 anos sem o Muro de Berlim

“Eu mesmo me lembro bem do 9 de novembro de 1989: inicialmente a gente nem podia acreditar no que estava acontecendo. reticências Ao mesmo tempo, eram momentos de grande alegria e de satisfação ao constatar que finalmente a divisão alemã reticências havia sido superada, uma divisão que por décadas havia separado cidadãos, amigos e famílias de ambas as partes da Alemanha. reticências

A queda do Muro de Berlim foi resultado de uma revolução popular pacífica com o lema ‘nós somos o povo’, posteriormente ‘nós somos um povo’. reticências

Os primeiros anos da Unidade Alemã foram um árduo caminho a galgar. Até hoje a ‘construção do Léste’ continua sendo um desafio para toda a Alemanha. Todavia, muito se alcançou nos últimos 25 anos: em muitas áreas reticências pode-se constatar poucas diferenças entre a Alemanha Ocidental e a Oriental.

Para as gerações mais jovens, que não têm uma lembrança da divisão alemã, não se questiona mais se o Léste e o oeste cresceram juntos. Para eles, a Alemanha reunificada é natural. reticências

A queda do Muro de Berlim foi muito mais do que um acontecimento puramente alemão: ele aplainou o caminho para o final do conflito Léste-oeste, que marcou o mundo após a Segunda Guerra Mundial.”

, . Os 25 anos da queda do Muro de Berlim. Folha de São Paulo, São Paulo, ano 94, número 31.266, 9 novembro 2014. Opinião, página A três.

China comunista

Em 1911, um movimento liberal liderado por Sun Yatsen (1866-1925) proclamou a república na China. Com isso, chegou ao fim o milenar Império Chinês, que durante séculos foi governado pela mesma dinastia Manchu. A nova República Chinesa não teve estabilidade política, passando por sucessivas intervenções estrangeiras e uma disputa interna pelo poder. Em 1930, havia na China dois grupos rivais:

  • as fôrças do cuomintâng (partido conservador), comandadas pelo general Chiang Kai-shek (1887-1975);
  • as fôrças comunistas, lideradas por Mao tsé tungui (1893-1976).

Os dois grupos enfrentaram-se em uma guerra civil interrompida em 1937, quando ocorreu o ataque japonês à China. Na ocasião, comunistas e conservadores firmaram uma aliança até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando houve a expulsão das fôrças japonesas. Em seguida, recomeçaram as lutas internas pelo contrôle do Estado. Em outubro de 1949, os comunistas venceram e, então, criaram a República Popular da China, liderada por Mao tsé tungui.

Apoiados pelo governo dos Estados Unidos, chiân cái chéqui e seus seguidores fugiram para a Ilha de Formosa (taiuã), onde fundaram a República da China ou China Nacionalista. Essa divisão política se mantém até hoje e o governo da China considera taiuã uma província rebelde.

Além da separação de taiuã, outra questão polêmica envolvendo a China diz respeito ao Tibete. Até 1950, o Tibete era um país independente, de maioria budista. No entanto, fôrças do regime comunista chinês ocuparam o país naquele ano. Liderados por Dalai-Lama, líder espiritual e chefe de Estado do país, os budistas tibetanos opunham-se à ocupação chinesa. Essa oposição foi duramente esmagada pelos comunistas em 1959, obrigando o Dalai-Lama, Tenzin Gyatso, a exilar-se no norte da Índia.

Fotografia. Um homem visto de frente, calvo, com cabelo ralo, grisalho, vestindo uma túnica vermelha e um par de óculos. Ele está com um microfone próximo aos seus lábios, e a mão direita próxima de seu queixo.
Dalai-Lama responde às perguntas de participantes durante um evento em Tóquio, Japão. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o texto que sintetiza alguns dos principais momentos da história da China desde a chegada ao poder do Partido Comunista Chinês (pê cê cê).

A China sob o Partido Comunista Chinês

“Do ponto de vista do pê cê cê, diversamente do povo chinês, os primeiros oito anos da República Popular da China – de outubro de 1949 ao final de 1957 – foram um período criativo de reconstrução, crescimento e inovações. A esse começo promissor seguiram-se reticências o Grande Salto Para Frente de 1958 a 1960 [período desastroso], seguido de anos de recuperação econômica de 1961 e 1965; reticências a Revolução Cultural de 1966 até a morte de Mao [tsé tungui] reticências em 1976 [período de grande conturbação]. Nessa sequência de fases, durante a primeira e terceira houve um progresso econômico sob a liderança de competentes organizadores e administradores do pê cê cê. reticências

A partir de 1958, a população de trabalhadores da agricultura foi organizada em um sistema de produção que duraria vinte anos até depois da morte de Mao. Os excessos violentos da Revolução Cultural reticências alienaram os setores principais da sociedade chinesa de modo tão grave que [esse período ficou conhecido] reticências como ‘os dez anos perdidos’.

Nos anos 1970, as universidades reabriram gradualmente e um período de consolidação e desenvolvimento, sob o slogan das Quatro Modernizações (na Agricultura, na Indústria, na Ciência e Tecnologia e na Defesa) começaria quando dãn chiáo pín assumiu o poder no final de 1978. A era pós-Mao inicia-se com um período de reformas econômicas e abertura para o mundo exterior estimulado por um extraordinário crescimento econômico. Nas duas últimas décadas do século vinte, a economia chinesa cresceu cêrca de 9% ao ano e a China passou gradualmente de uma economia baseada na agricultura para uma economia industrial moderna e de serviços segundo padrões dos seus vizinhos asiáticos. reticências

No final do século vinte, a China parecia estar a caminho da realização do sonho dos reformadores que desde o final do século dezenove desejavam transformá-la em um país ‘rico e poderoso’ e recuperar sua grandeza nacional, mas, todavia, questionava-se se seus líderes seriam capazes de levar a China a seu destino sem mudanças na sua estrutura política.”

.China: uma nova história. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême, 2008. página 317-318.

Versão chinesa do comunismo

Os comunistas chineses liderados por Mao tsé tungui se aliaram aos dirigentes da União Soviética. Contudo, depois da morte de Stálin, em 1953, o relacionamento entre os governantes chineses e soviéticos se enfraqueceu.

Mao tsé tungui discordou do novo líder soviético Nikita crushóv em relação à política de coexistência pacífica entre capitalismo e comunismo. Mao tsé tungui preferia a ideologia stalinista da separação em dois blocos rivais. Além disso, crushóv se recusou a colaborar com o programa atômico chinês. Assim que a China fabricou suas primeiras bombas atômicas, nos anos 1960, tornou-se importante líder no bloco comunista, desafiando a supremacia da União Soviética.

Com a ambição de transformar a China em uma potência industrial, Mao tsé tungui lançou o programa Grande Salto para a Frente (1958-1960). Milhões de camponeses foram forçados a se reunir em comunidades rurais com até 20 mil famílias, onde seriam instaladas escolas, comércios, pequenas fábricas e hospitais. Ao mesmo tempo, pretendia-se instalar indústrias pesadas, como usinas siderúrgicas, em diversas regiões do país.

Esse plano teve resultados desastrosos, provocando fome e morte de milhões de chineses. Com o fracasso do Grande Salto, Mao tsé tungui perdeu poder dentro do Partido Comunista Chinês. Outros líderes comunistas, como dãn chiáo pín (1904-1997), defendiam o programa Quatro Grandes Modernizações, que atingiriam a agricultura, a indústria, as fôrças armadas e a tecnologia.

Em 1966, reagindo a seus opositores, Mao tsé tungui mobilizou a juventude e o exército na chamada Revolução Cultural, um movimento de cunho autoritário com o objetivo de doutrinar os chineses nas teses maoístas. Por todo o país, estimulou-se o culto a Mao tsé tungui e o combate à chamada “influência burguesa ocidental”. Os adversários de Mao tsé tungui foram banidos da cena política.

Cartaz. Dois homens, lado a lado, vistos de lado, ambos estão sorridentes e com o braço esquerdo levantado um livro de capa vermelha. O homem da esquerda, veste camisa azul escuro, porta um rifle nas costas e uma chave de grifo na mão direita. O homem da direita veste uma camisa verde escuro e segura uma foice.  Em segundo plano, edifícios e casas.
Cartaz de 1970 de propaganda da Revolução Cultural chinesa com os dizeres: Celebre os anos de 1970 com novas vitórias da revolução e da produção.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Moda, roupas e postura ao se vestir estão intimamente ligados à história e à política. No caso chinês, a questão feminina ao longo das importantes transformações ocorridas nos séculos vinte e vinte e um é um exemplo importante dessa conexão. Leia o texto a seguir, que aborda a questão das roupas femininas e do papel das mulheres nas transformações revolucionárias.

Mudanças nos papéis femininos na China

“A emancipação das mulheres na China começou na sequência da Revolução reticências de 1911 e seu status começou a melhorar desde então, mas o golpe decisivo e fatal para as fôrças conservadoras da tradição reticências aconteceu durante a vitória comunista em 1949. reticências

De acordo com a ideologia comunista chinesa, as novas mulheres revolucionárias são educadas para servir ao país, no lugar de servir de fórma submissa aos homens, pai, marido, filhos, no espaço da vida privada familiar. Durante o governo de Mao [tsé tungui], a comunicação visual refletia essa imagem revolucionária, que apela à igualdade dos sexos através de uma desfeminização da roupa feminina, e as mulheres chinesas foram retratadas como ‘mulheres de ferro’ reticências. reticências

É possível encontrar, na moda ocidental, grandes influências da vestimenta revolucionária. Com seus córtes retos, discretos e sem volume, essas roupas redefiniram o caráter de traje feminino, que, assim como o masculino, poderia ser, portanto, minimalista, confortável e em tons neutros.”

DANTAS, Valná Souza; MENDES Júnior., Walcler de Lima. Mulher revolucionária, representações conflitantes: discursos sobre a mulher chinesa na Revolução Cultural. terceira Jornada Avia, número 3, volume 1. página 2-3, novembro 2018.

China contemporânea

Após a morte de Mao tsé tungui, em 1976, iniciou-se o processo de “desmaoização” da China. Os novos dirigentes chineses, em especial dãn chiáo pín, retomaram o programa das Quatro Grandes Modernizações e promoveram uma abertura econômica para o mundo capitalista.

Esse programa implementou no país o chamado socialismo de mercado, que consiste, basicamente, na combinação entre forte contrôle estatal e livre mercado à iniciativa privada. Esse modêlo contribuiu para acelerar a produção industrial chinesa.

Apesar do desenvolvimento econômico, a China continuou sob o domínio autoritário do Partido Comunista. Exemplo desse autoritarismo foi o Massacre na Praça da Paz Celestial, em Pequim, no ano de 1989, quando uma manifestação popular, que pedia democracia, terminou sob a mira de tanques de guerra, causando a morte de centenas de pessoas.

No século vinte e um, o govêrno chinês continua impondo obstáculos à livre circulação de informações, censurando a internet e a imprensa no país. Apesar dessas restrições, há sinais de ampliação do espaço de liberdade pessoal, em função das mudanças na economia, como o intenso comércio internacional.

Fotografia. Destaque para uma pessoa em pé, vista de costas, sobre uma via asfaltada, à frente de quatro tanques de guerra com canhões, enfileirados.
Homem diante de uma fileira de tanques de guerra na Praça da Paz Celestial, em Pequim, China. Fotografia de 1989. Em abril de 1998, a revista Times incluiu o homem fotografado entre as cem pessoas mais influentes do século vinte.
Fotografia. Destaque para uma etiqueta com diversas informações, entre elas 'Made in China'.
Componente eletrônico usado na fabricação de notebooks. A grande quantidade de produtos comercializados e consumidos que apresentam a etiqueta made in China indica a crescente participação da economia chinesa em escala mundial atualmente.

Responda no caderno

para pensar

Você usa produtos fabricados na China? Faça uma lista indicando quantos e quais são esses produtos.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para pensar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê ê cê agá dois, cê ê agá um e cê ê agá cinco.

Para pensar

O objetivo desta atividade é contextualizar o desenvolvimento econômico chinês atual a partir do cotidiano dos estudantes. Atualmente, a China exporta diversos produtos, sobretudo eletroeletrônicos e artigos de vestuário, para diversos países, incluindo o Brasil. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, esclareça que o govêrno chinês tem passado por um processo de liberalização econômica. Motivados pela baixa remuneração paga aos trabalhadores na China, investidores estrangeiros são atraídos para o país, onde instalam empresas exportadoras altamente competitivas.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir o texto da historiadora merl goldmân, especialista em história chinesa contemporânea, sobre as transformações da China pós-Mao

A China pós-Mao tsé tungui

“Após Mao [tsé tungui], a China converteu-se de um país isolado, pobre, rural e turbulento em una nação relativamente aberta, estável, urbanizada e modernizada. Com a economia se expandindo em uma média de 9% ao ano nas últimas duas décadas do século vinte e nos anos iniciais do século vinte e um, a economia chinesa é a que cresce com mais rapidez no mundo. reticências No início do século vinte e um, a China possui a segunda maior economia do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos em termos de Paridade do Poder de Compra (pê pê cê).* reticências

O que provocou essa transformação? Os sobreviventes da Longa Marcha do Partido Comunista da China reticências, em especial dãn chiáo pín reticências, introduziram e moldaram as reformas que possibilitaram essa extraordinária mudança econômica. reticências

As fôrças desencadeadas pela abertura e pelas reformas econômicas realizadas por dãn mudaram não apenas o comando da economia chinesa, mas também a situação do Partido Comunista da China e seus valores oficiais reticências

dãn e seus aliados deliberadamente afastaram a autoridade do partido de muitas esferas da atividade. Em contraste com os anos de Mao, quando o partido detinha contrôle sobre quase todos os aspectos da vida cotidiana, agora dãn e seus companheiros reformistas reticências diminuíam o contrôle do partido na vida pessoal, social e cultural, assim como nas atividades econômicas. reticências

A ascensão da China, somada à contínua produção de bens tecnológicos avançados por parte da Índia e do Japão, podem significar uma mudança gradual do poder mundial no século vinte e um do Ocidente para a Ásia.”

. China – Uma nova história. Pôrto Alegre: Ele e Pê ême, 2008. página 372, 374-375, 420-421.

* Nota dos autores desta coleção: segundo cálculos do Fundo Monetário Internacional (éfe ême í), em 2021, a China era a segunda economia do mundo, estando em primeiro lugar os Estados Unidos e, em terceiro, o Japão.

Revolução Cubana

Desde sua independência, em 1898, Cuba estava subordinada ao govêrno dos Estados Unidos. Um exemplo dessa subordinação foi a instalação de uma base militar estadunidense em território cubano, na Baía de Guantánamo. A subordinação manteve-se até a ditadura de Fulgêncio Batista, que governou a ilha de 1933 a 1959. O govêrno de Batista era corrupto e autoritário e reprimia violentamente seus adversários.

Reagindo a essa situação, em 1956, guerrilheiros cubanos comandados por Fidel Castro e Ernesto Che Guevara formaram um grupo armado para derrubar a ditadura de Batista. Em 1959, esse grupo de guerrilheiros assumiu o poder em Cuba e instituiu o primeiro Estado socialista do continente americano, inspirado no regime soviético. Esse episódio e seus desdobramentos ficaram conhecidos como Revolução Cubana.

Fotografia em sépia. Dois homens em pé, lado a lado, vistos de frente. O da esquerda está vestindo calça, camisa e casaco, tem cabelos cacheados e curtos, e uma densa barba no rosto, portando um chapéu com uma das mãos. O da direita veste farda militar, coturno, tem cabelos curtos e lisos, uma barba curta e um bigode.
Fidel Castro (à esquerda) e Ernesto TiêGuevara (à direita) fotografados durante a Revolução Cubana, Cuba. Fotografia de 1959.

Entre as principais medidas do govêrno socialista estavam a reforma agrária e o confisco de propriedades particulares, incluindo aquelas que pertenciam a estadunidenses. Além disso, o novo govêrno cubano passou a reivindicar a desocupação da Baía de Guantánamo pelas fôrças militares dos Estados Unidos. Posteriormente, os Estados Unidos criaram nessa base militar uma prisão para suspeitos de terrorismo.

Cuba: centros urbanos atuais

Mapa. Cuba: centros urbanos atuais. Território de Cuba, ilha no mar do Caribe. Capital: Havana. Cidades importantes: Pinar del Río, Matanzas, Santa Clara, Cienfuegos, Camagüey, Holguín, Santiago de Cuba e Guantánamo. No canto esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 10 quilômetros.
Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 39.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Pesquise a letra da música Base de Guantánamo, faixa do álbum Zii e Zie, de 2009, do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso. Depois, responda à questão, em sintonia com o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos.

Qual é a denúncia expressa na letra da canção? Debata com os colegas.

Resposta: A letra denuncia as violações dos direitos humanos praticadas na prisão militar que o govêrno dos Estados Unidos mantém em Guantánamo, situada ao sul de Cuba.

Conflitos com os Estados Unidos

Após a Revolução Cubana, diversas empresas estadunidenses tiveram suas propriedades estatizadas. Havia repressão àqueles que discordavam do govêrno de Fidel Castro com perseguições e assassinatos. Nesse contexto, muitos cubanos emigraram para os Estados Unidos. Ocorreram, então, conflitos entre o governo de Fidel Castro e o dos Estados Unidos, como:

  • Invasão da Baía dos Porcos – em 1961, uma tropa militar composta de exilados cubanos desembarcou na Baía dos Porcos na tentativa de derrubar o govêrno do país. Essa tropa havia sido treinada e financiada pelo govêrno dos Estados Unidos. As fôrças leais a Fidel Castro derrotaram os invasores e o govêrno cubano reforçou sua adesão ao bloco socialista;
  • Bloqueio a Cuba – o govêrno dos Estados Unidos pressionou os países americanos para que apoiassem a decisão de suspender Cuba da Organização dos Estados Americanos (ô ê á), o que ocorreu em 1962. Além disso, os Estados Unidos impuseram um bloqueio econômico, proibindo o comércio com a ilha;
  • Crise dos Mísseis – a aproximação dos cubanos com a União Soviética levou à decisão de instalar em Cuba mísseis nucleares soviéticos com capacidade para atingir os Estados Unidos. Para impedir que os mísseis chegassem a Cuba, o presidente dos Estados Unidos Djón kenedí (1917-1963) ordenou que a marinha do país bloqueasse a ilha cubana. Esse foi um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, pois havia o risco de um confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética. Buscando evitar o confronto, os líderes desses países fizeram um acôrdo para que os mísseis soviéticos não fossem instalados em Cuba e os mísseis estadunidenses, que ameaçavam a União Soviética, fossem retirados da Turquia.
Fotografia. Dois navios, lado a lado, vistos de lado, em alto mar. O primeiro, tem o casco acinzentado, o segundo é maior e tem o casco vermelho e preto.
Navio militar dos Estados Unidos (à esquerda) intercepta navio da União Soviética (à direita) que transportava mísseis para Cuba. Fotografia de 1962.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir a matéria jornalística sobre as dificuldades dos governos dos Estados Unidos de fechar a prisão de Guantánamo.

Prisão de Guantánamo

“Se toda guerra deixa suas cicatrizes, a chamada ‘Guerra ao terror’, declarada pelos Estados Unidos como revide ao ataque ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, deixou uma incômoda marca que figura alheia a tratados internacionais e ao respeito aos direitos humanos. Trata-se do Campo de Detenção da Baía de Guantánamo, mais conhecido simplesmente como Prisão de Guantánamo.

Encravado em uma base militar americana na baía homônima na ilha de Cuba, no Caribe, o complexo penitenciário foi criado na administração djêordji W. búch em 10 de outubro de 2002, com 598 prisioneiros – talibãs ou membros da .

O centro é visto por parte dos críticos (a Anistia Internacional já se referiu à prisão como a ‘gulag de nossos tempos’) como uma maneira de americanos conseguirem punir acusados sem precisar obedecer aos ritos da lei. reticências

Quatro presidentes

Sob pressão de organismos internacionais, três presidentes americanos já declararam a necessidade do fechamento da prisão. O próprio republicano búch manifestou essa intenção. reticências

Seu sucessor, o democrata Barack Obama apresentou o fechamento como promessa de campanha e, no primeiro ano de seu govêrno, chegou a emitir uma ordem para o fechamento. Diante do fracasso para aprovar a medida, na véspera de deixar a presidência, Obama mandou uma carta ao Congresso americano. reticências

Quando presidente dos Estados Unidos, dônald tramp foi defensor da manutenção de Guantánamo como prisão para aqueles acusados de terrorismo. No início de 2018, ele assinou uma ordem executiva que, na prática, revertia a política do govêrno Obama, prevendo mais transferências de encarcerados para a ilha caribenha. reticências

Também democrata, o atual presidente jou baiden, por meio de sua equipe, já deixou claro que gostaria de fechar Guantánamo. Mas, segundo fontes ouvidas pela cê êne êne, deve adotar outra estratégia: sem grandes mobilizações, sem anúncios formais e de fórma gradual, justamente para não provocar reações difíceis de serem contornadas na oposição.”

VEIGA, Edison. Sob quatro presidentes, prisão de Guantánamo segue ativa e como símbolo do onze de setembro. cê êne êne Brasil, 11 setembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/bQtVRH. Acesso em: 18 abril 2022.

Cuba contemporânea

Durante a Guerra Fria, Cuba foi favorecida pelas relações comerciais com a União Soviética, que comprava cêrca de 60% do açúcar produzido na ilha. Além disso, os soviéticos forneciam aos cubanos uma série de produtos subsidiados, como petróleo, veículos e equipamentos militares. Porém, a partir de 1991, com o fim da União Soviética, a situação econômica de Cuba passou a apresentar dificuldades.

Em busca de alternativas, o govêrno cubano passou a investir na agroecologia e no turismo, e as praias e o patrimônio histórico da ilha passaram a ser as principais atrações. Também foram intensificadas as relações comerciais com a China, a Venezuela e outros países da América Latina.

Depois de décadas no poder, o govêrno cubano conquistou êxitos no campo social, como a eliminação do analfabetismo, a ampliação do acesso à saúde pública e a redução da taxa de mortalidade infantil. Entretanto, o país permanece sob o contrôle do Partido Comunista, com um govêrno ditatorial e personalista, além de enfrentar o sucateamento das instituições e a liberdade política restrita. Fidel Castro ficou à frente do govêrno por 49 anos. Em fevereiro de 2008, transferiu o poder ao seu irmão, o general Raúl Castro (1931). Fidel Castro morreu em novembro de 2016, aos 90 anos de idade.

Raúl Castro exerceu a presidência de Cuba por 10 anos. Durante seu govêrno, reduziu o número de funcionários públicos e promoveu abertura econômica parcial, autorizando os cidadãos a trabalhar em lojas particulares e a abrir pequenos negócios, criando zonas de desenvolvimento para a instalação de empresas estrangeiras. Em dezembro de 2014, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos na época, e Raúl Castro anunciaram a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, depois de 53 anos de afastamento entre as duas nações.

Em 2018, Raúl Castro transferiu o cargo de presidente de Cuba para Miguel Díaz-Canel. Depois, em 2021, ao completar 90 anos de idade, Raúl Castro também lhe entregou o comando do Partido Comunista.

Fotografia. Dois homens se cumprimentando com um aperto de mãos. O da esquerda, tem cabelos curtos e grisalhos, veste um terno escuro e uma gravata azul. O da direita, tem cabelos curtos, lisos e grisalhos, e veste um terno cinza. Em segundo plano, duas bandeiras, uma de Cuba e uma dos Estados Unidos.
O então presidente cubano Raúl Castro (à direita) cumprimenta o então presidente estadunidense Barack Obama (à esquerda) em Havana, Cuba. Fotografia de 2016.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aborda as transformações na cultura ocorridas em Cuba após a Revolução.

A cultura em Cuba pós-Revolução

“Os teóricos que analisaram as políticas culturais em Cuba enfatizaram a efervescência dos anos 1960 como um momento de enorme produção intelectual, enquanto a década de 1970 reticências foi vista como um período de endurecimento, marcado por grande repressão e pelo estabelecimento de normas rígidas, que cercearam a conduta dos intelectuais e a elaboração de suas obras. reticências Apesar das mudanças no campo cultural que vêm se desenvolvendo desde meados dos anos 1980, elas não são acompanhadas por amplas reformas políticas, o que impede que a liberdade de criação e expressão em Cuba seja plena.

A Revolução Cubana trouxe muitos benefícios e conquistas para a maioria da população, ao diminuir as desigualdades sociais que existiam na ilha, acabar com o analfabetismo e dar acesso à educação e à saúde para a maioria da população. Mas, infelizmente, não conseguiu garantir os direitos civis e a liberdade plena dos indivíduos reticências. A ampla liberdade de criação, expressão e de associação política segue sendo uma questão não resolvida pela política oficial em Cuba.”

MISKULIN, Sílvia Cezar. A política cultural na Revolução Cubana: as disputas intelectuais nos anos 1960 e 1970. Cadernos cê érre agávírgula volume 32, número 87, página 546, 2019.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Realizem um debate sobre as rivalidades na Guerra Fria. Para isso, organizem-se em três grupos. Cada grupo terá um dos seguintes papéis:

  • grupo 1 – defender os interesses do bloco capitalista;
  • grupo 2 – defender os interesses do bloco socialista;
  • grupo 3 – analisar e avaliar os argumentos construídos pelos grupos 1 e 2.

Todos os grupos deverão apoiar suas falas em argumentos históricos. No fim, o grupo 3 deverá escolher os argumentos que considerou mais consistentes e justificar suas escolhas.

Interpretar texto e imagem

integrar com arte

2. As disputas entre Estados Unidos e União Soviética tornaram-se temas de filmes, livros e histórias em quadrinhos. Um exemplo é o personagem de quadrinhos Capitão América, criado por djôe sáimon e djéqui cârbi, em 1941. Esse personagem é representado como um herói patriota e defensor da liberdade. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando a história foi criada, o Capitão América lutava contra alemães e japoneses. Posteriormente, no contexto da Guerra Fria, os vilões do Capitão América passaram a ser os soviéticos. Analise a reprodução da capa da história em quadrinhos e responda às questões.

Capa de revista em quadrinhos. Representação de dois super-heróis lutando contra vários vilões. Destaque para o herói que aparece em primeiro plano vestindo um macacão azul com uma estrela branca com cinco pontas no peito, e listras verticais vermelhas e brancas em seu abdômen, um capacete contendo a letra 'A', luvas e botas vermelhas, além de um escudo circular. Ao seu redor, sobre um convés, homens com armas de fogo e boinas nas cabeças.
Capa da revista de história em quadrinhos Capitão América publicada em 1954. Nela, está escrito: “Capitão América: combatendo os soviéticos!”.
  1. O que inspirou a criação do uniforme e do escudo do Capitão América?
  2. Como os personagens soviéticos foram representados?
  3. Qual é a mensagem expressa pela imagem?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção contribui para o desenvolvimento das seguintes competências e habilidade da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 1 e 2);
  • cê gê três (atividades 2 e 4);
  • cê ê cê agá dois (atividade 1);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 1);
  • cê ê agá um (atividades 1, 2 e 3);
  • cê ê agá três (atividades 1, 2, 3 e 4);
  • cê ê agá quatro (atividade 1);
  • ê éfe zero nove agá ih dois oito (atividades 1, 2 e 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. Esta atividade visa desenvolver a capacidade de argumentação dos estudantes, e não exatamente sua convicção pessoal sobre o assunto. Por isso, sugerimos inverter os papéis dos grupos 1 e 2: quem estiver defendendo o bloco capitalista deverá, posteriormente, defender o bloco socialista, e vice-versa. Entre os argumentos favoráveis ao bloco capitalista, podem ser citados, por exemplo: liberdade (individual, empresarial, religiosa), pluripartidarismo, eleições democráticas, estímulo à livre iniciativa e ao mercado privado. Já entre os argumentos favoráveis ao bloco socialista estão, por exemplo: combate às desigualdades sociais, amplo acesso à educação básica, erradicação do analfabetismo e investimentos no sistema público de saúde.

Interpretar texto e imagem

2. Pode-se retomar que a Guerra Fria se caracterizava por evitar o conflito direto entre Estados Unidos e União Soviética. Por isso mesmo, uma das principais armas utilizadas nessa guerra foi a propaganda ideológica, e não as armas militares convencionais.

  1. O uniforme e o escudo do Capitão América foram criados tendo como inspiração a bandeira dos Estados Unidos.
  2. Os personagens soviéticos foram representados como vilões. Aponte que um deles usa quepe com o símbolo da bandeira da União Soviética: a foice e o martelo.
  3. A imagem mostra um herói, que representa os Estados Unidos, derrotando vilões, que representam a União Soviética. É possível afirmar que a capa desta história em quadrinhos é uma fórma de propaganda ideológica que procura retratar os estadunidenses como mais fortes e justos do que os soviéticos.

3. Em 1959, os soviéticos pousaram o primeiro foguete não tripulado na superfície lunar, onde fixaram um estandarte da União Soviética. Poucos dias depois, o líder soviético Nikita crushóv visitou duáit aizênrráuer, presidente dos Estados Unidos. Leia, a seguir, trechos do discurso que crushóv fez durante essa visita. Depois, responda às questões.

“Justamente antes de meu encontro convosco, Senhor Presidente, os homens de ciência reticências e trabalhadores soviéticos encheram nossos corações de alegria enviando um foguete à Lua.

Não duvidamos um instante que os notáveis cientistas reticências e trabalhadores dos Estados Unidos, que trabalham na conquista do espaço, conseguirão, por sua vez, plantar seu estandarte na Lua. O estandarte soviético que, naquele momento, será um velho habitante da Lua, receberá o vosso [estadunidense], e os dois viverão em paz e amizade como nós dois deveríamos [viver], juntos em paz e amizade sobre a terra.”

govêrno do Estado de São Paulo. Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: Secretaria de Educação, Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, 1979. página 97.

  1. Qual trecho do discurso expressa a defesa de Nikita crushóv da coexistência pacífica?
  2. Qual é o humor presente no discurso de crushóv em relação à corrida espacial?

integrar com arte

  1. A queda do Muro de Berlim tornou-se um dos eventos que simbolizaram o fim do socialismo e a transição para o sistema capitalista na Alemanha Oriental. Sob a orientação do professor, reúnam-se em grupos e assistam ao filme Adeus, Lenin!, do diretor Vôlfigan Béquer (confira mais informações no boxe “Dica” na página 137). Em seguida, façam o que se pede.
    1. Elaborem uma ficha técnica do filme com os seguintes dados: título do filme, país e ano de produção, diretor, atores principais, gênero (drama, comédia, suspense, ficção científica etcétera) e época em que a história se passa.
    2. Pesquisem informações sobre o diretor do filme, como: nacionalidade e outros trabalhos cinematográficos.
    3. Escrevam uma sinopse do enredo do filme.
    4. Criem uma resenha do filme com base nas cenas. Para isso, considerem as perguntas a seguir.
      • O fim do socialismo é abordado de uma maneira cômica, dramática ou mesclando esses gêneros?
      • Como o filme aborda as mudanças no cotidiano das pessoas que viviam na Alemanha Oriental após a queda do Muro de Berlim?
      • De qual aspecto do filme vocês mais gostaram (trilha sonora, atuação, roteiro, figurino, fotografia etcétera)?

e) Escolham e analisem outro filme com temática histórica utilizando os elementos propostos nesta atividade.

Orientações e sugestões didáticas

3. A resolução desta atividade relaciona-se ao tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia.

  1. Ao comentar que a União Soviética havia enviado um foguete à Lua, Nikita crushóv afirmou em visita aos Estados Unidos: “O estandarte soviético que, naquele momento, será um velho habitante da Lua, receberá o vosso [estadunidense], e os dois viverão em paz e amizade como nós dois deveríamos [viver], juntos em paz e amizade sobre a terra”.
  2. Em seu discurso, crushóv ironiza as futuras viagens espaciais dos Estados Unidos dizendo que, quando o estandarte estadunidense for fixado na Lua, o soviético “será um velho habitante” do solo lunar. Ressalte que o foguete soviético não tripulado foi enviado à Lua em 1959, enquanto o dos estadunidenses era tripulado e fixou o estandarte do país na Lua em 1969.

4. Atividade interdisciplinar com Arte que trabalha o pensamento computacional, com destaque para a decomposição, a abstração, o reconhecimento de padrões e a criação de algoritmos.

a. Elementos básicos de uma ficha técnica para filmes:

Título: Adeus, Lenin!/Alemanha, 2003/Atores: Daniel brúl (Alex); Katrin sás (mãe) e (Lara)/Gênero: comédia dramática/Época em que a história se passa: na queda do Muro de Berlim. Podem ser incluídos elementos como o local das filmagens, se o roteiro é original ou baseado em um livro.

  1. O diretor Vôlfigan Béquer nasceu na Alemanha em 1954. Estudou História e trabalhou como roteirista e ator. Seu filme mais conhecido é Adeus, Lenin!, tendo dirigido ainda A vida é tudo que temos e Eu e Kaminski.
  2. Sinopse sugerida: Em 1989, Alex participa de protesto contra o regime e sua mãe entra em coma ao ver o filho ser preso. Ao acordar, o socialismo acabara. Temendo que a mãe sofresse, Alex esconde as transformações usando vários truques.
  3. Abordagem cômica e dramática sobre o fim do socialismo. Exemplo de mudanças no cotidiano: os novos líderes, a substituição dos produtos e a entrada de novas empresas no país. Na resenha, os estudantes podem se posicionar criticamente sobre o filme, comentando a interpretação dos atores ou a trilha sonora.
  4. Pode-se solicitar aos estudantes que escolham outro filme para ser analisado utilizando a sequência de passos (algoritmo) proposta aqui.

Glossário

Indústria bélica
: indústria voltada para a produção de armamentos.
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