UNIDADE 3GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

CAPÍTULO 8 ÁFRICA E ÁSIA

Até meados do século vinte, diversas regiões da África e da Ásia, incluindo o Oriente Médio, eram ocupadas e colonizadas por potências estrangeiras.

Após a vitória sobre o nazifascismo, uma onda de liberdade e democracia espalhou-se pela Europa e América. Essa onda chocava-se com a opressão do imperialismo na África e na Ásia e também favorecia a construção de um Estado judaico no Oriente Médio; afinal, os judeus foram as principais vítimas do Holocausto.

Nesse contexto, ganharam fôrça os movimentos que lutavam pela emancipação dos africanos, asiáticos e judeus.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

No mundo atual, que situações sociais você considera incompatíveis com a democracia e a liberdade?

Fotografia em preto e branco. Dois homens, lado a lado, abraçados. O da esquerda, tem cabelos lisos e curtos, veste um paletó claro, uma camisa clara e uma gravata escura. O da direita, é calvo, e está vestindo uma túnica clara e um par de óculos no rosto. Ambos estão sorridentes. No segundo plano, um outro homem observa a cena.
morrâmed alí jiná e dois líderes da independência da Índia em relação ao Reino Unido.Fotografia de 1946.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih um zero
  • ê éfe zero nove agá ih um quatro
  • ê éfe zero nove agá ih três um

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir justificam-se no capítulo em razão dos temas tratados: o fim do colonialismo na Ásia e na África e a consequente emancipação política das populações desses continentes; as ações de resistência ao colonialismo; a organização dos povos recém-emancipados; o apartheid e outras fórmas de racismo durante e após a colonização de territórios africanos; e de assuntos correlatos, como algumas expressões artísticas e os conflitos armados pós-coloniais.

  • Compreender as linhas gerais do processo de descolonização (ou reanimação) da África e da Ásia.
  • Analisar as lógicas de resistência das populações locais diante das pressões colonialistas.
  • Combater o racismo, valorizando as culturas africanas e asiáticas e respeitando a dignidade da pessoa humana.
  • Estudar os conflitos árabes-israelenses e a questão da Palestina.
Fotografia. Um grupo de mulheres reunidas portando cartazes estampados com os rostos de outras mulheres. A maioria delas está usando vestes tradicionais que cobrem pescoço, orelhas e cabelo. Algumas cobrem também parte do rosto.
Protesto ocorrido na Faixa de Gaza contra a prisão de mulheres palestinas por Israel. Fotografia de 2021.
Fotografia. Um grupo de pessoas sobre a carroceria de um pequeno caminhão. Algumas estão com os braços levantados acenando, duas pessoas portam bandeiras da Argélia, que consiste em duas faixas, uma branca e uma verde, e ao centro uma lua crescente e uma estrela de cinco pontas, ambas vermelhas. Em segundo plano, casas e estabelecimentos comerciais.
Argelinos celebram a independência do país na cidade de Argel, Argélia, após 132 anos de conquista e colonização francesa. Fotografia de 1962.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O boxe “Para começar” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá um e cê ê agá um.

Para começar

Resposta pessoal, em parte. O objetivo da atividade é levar o estudante a refletir sobre situações cotidianas que, na prática, contradizem os fundamentos de um Estado democrático. A pobreza extrema e o racismo são exemplos de situações incompatíveis com a democracia e a liberdade. É difícil falar em democracia e liberdade quando existem populações que não têm à sua disposição o mínimo para sobreviver (alimento, moradia, educação etcétera); bem como quando, em certas sociedades, faltam políticos que representem efetivamente os interesses de determinados grupos (como negros e pobres) e que agem de fórma autoritária e negligente com a maioria da população. O desenvolvimento dessa atividade relaciona-se ao estudo do tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos.

Crise do colonialismo

No século dezenove, potências imperialistas controlaram diversas colônias na África e na Ásia. No entanto, após a Segunda Guerra Mundial, a maioria das colônias conquistou sua independência. Esse processo de emancipação está relacionado a vários fatores, entre os quais destacamos:

  • movimentos afro-asiáticos – grupos locais organizaram fórmas de resistência ao imperialismo e lutaram para conquistar sua independência. Muitos desses movimentos construíram seu nacionalismo, valorizando a identidade e a cultura locais;
  • crise econômica e moral na Europa – potências europeias tiveram dificuldade em manter seu domínio colonial durante a crise econômica do pós-guerra. Além disso, muitos europeus argumentavam que era uma contradição defender a democracia na Europa e, ao mesmo tempo, explorar e oprimir povos de outros continentes;
  • Guerra Fria – os governos dos Estados Unidos e da União Soviética defendiam a descolonização, tendo em vista garantir novas áreas de influência;
  • criação da Organização das Nações Unidas (ônu) – seguindo os objetivos de “desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos”, a ônu tornou-se um fórum internacional contra o colonialismo.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Para conquistar a independência, os povos africanos e asiáticos empreenderam uma série de lutas pela valorização de suas identidades e culturas. Em sua opinião, por que essas lutas foram importantes para conquistar a liberdade? Argumente defendendo seu ponto de vista.

Conferência de Bandung

Em 1955, foi realizada a Conferência de Bandung, na Indonésia, que também contribuiu para os movimentos pela independência. Nessa conferência, representantes de 29 países assinaram um documento que proclamava princípios como: condenação do racismo; respeito à dignidade de todo ser humano, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos; reprovação do colonialismo e defesa da autodeterminação dos povos. Além disso, a Conferência de Bandung defendia que os países recém-independentes se unissem para formar o bloco do Terceiro Mundo.

Fotografia em preto e branco. Centenas de pessoas reunidas em um salão de conferências. No primeiro plano, destaque para um homem e uma mulher que estão em pé, ele veste uma camisa branca e um pequeno boné na cabeça, ela tem cabelos escuros, lisos e curtos. No segundo plano, da tribuna, uma plateia acompanha o evento.
jauá-rarlál nêrú (de pé), premiê indiano, na Conferência de Bandung, Indonésia. Fotografia de 1955.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Crise do colonialismo” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um quatro, sobretudo ao abordar as dinâmicas do colonialismo europeu na África.

Para pensar

Esta atividade vincula-se ao tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, ao abordar o racismo e a luta pela sua superação. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que as lutas pela valorização das culturas africanas e asiáticas foram importantes porque combateram o racismo e resgataram séculos de destruição e depreciação. Durante o imperialismo, por exemplo, diversos objetos dos povos dominados foram saqueados ou destruídos, assim como milhões de pessoas foram impedidas de estudar e de se comunicar em suas próprias línguas de origem.

Além disso, é importante destacar que a luta pela valorização das culturas envolve criar saberes próprios, desenvolver a autonomia intelectual e combater a imitação ou reprodução de valores e padrões dos colonizadores. Como a resposta será dada oralmente, oriente os estudantes a anotar seus argumentos por escrito, no caderno, por ordem de importância. Os argumentos mais importantes devem ser apresentados por último, causando impacto de fórma mais eficaz em quem ouve.

Orientação didática

Muitos historiadores se referem ao processo de independência dos países africanos utilizando o termo “descolonização”. No entanto, alguns estudiosos acreditam que o termo esteja relacionado a uma visão do colonizador europeu sobre a história da África. Assim, evitam esse termo e preferem utilizar a palavra reanimação.

Ao utilizar a palavra “reanimação”, os estudiosos defendem que o domínio colonial foi apenas um momento da ampla história africana. Com isso, pretendem enfatizar a busca por uma vida nova na África e, ao mesmo tempo, valorizar as tradições dos povos do continente.

A expressão Terceiro Mundo foi criada para designar os países independentes e subdesenvolvidos que não pertenciam ao Primeiro Mundo (bloco de países capitalistas, liderado pelos Estados Unidos) nem ao Segundo Mundo (bloco de países socialistas, liderado pela União Soviética).

Independências na África

No século vinte, os países africanos conquistaram suas independências por meio de processos que envolveram diferentes grupos da sociedade. A seguir, vamos estudar a emancipação da Argélia, que fez parte do império colonial francês, de Angola, então colônia portuguesa, e o caso da África do Sul, país que foi integrante do Império Britânico.

Observe o mapa que mostra os períodos em que ocorreram as independências das antigas colônias africanas.

Independências na África (século

Mapa. Independências na África (século vinte). Continente africano. Em verde escuro, de 1936 a 1955: Líbia, Egito, Eritreia e Etiópia. Em verde claro, de 1956 a 1957:  Marrocos, Tunísia, Sudão e Gana. Em amarelo claro,  de 1958 a 1960: Mauritânia, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Mali, Níger, Chade, Burkina Fasso, Benin, Togo, Nigéria, República Centro-Africana, Camarões, Zaire, Gabão, Congo, Somália e Madagascar. Em amarelo escuro, de 1961 a 1970: Argélia, Ifni, Gâmbia, Serra Leoa, Bioko, Annobón, Guiné Equatorial, Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Malauí, Zâmbia, Botsuana, África do Sul, Lesoto, Suazilândia e Maurício. Em laranja, de 1971 a 1976: Saara Ocidental, Guiné-Bissau, São Tomé, Príncipe, Angola, Moçambique, Comores e Seychelles. Em vermelho, de 1977 a 1990: Cabo Verde, Namíbia, Zimbábue e Djibuti. Em roxo, 'Territórios dependentes': Ilhas da Madeira (Portugal), Ceuta (Espanha), Melilla (Espanha), Ilhas Canárias (Espanha), Ascensão (Reino Unido), Mayotte (França) e Reunião (França). Em cinza, 'Território não colonizado': Libéria. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 540 quilômetros.
Fonte: Atlas histórico mundial. Madri: Editorial Debate, 1992. página 88.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Em relação ao processo de descolonização da África, é importante enfatizar que os países que se tornavam independentes tiveram as suas fronteiras definidas pelos colonizadores europeus. Os limites territoriais impostos pelo imperialismo dos séculos dezenove e vinte não respeitavam as peculiaridades dos povos africanos. Assim, em um mesmo território, iriam conviver povos de diversas línguas e tradições culturais. Em muitos casos, isso gerou conflitos.

Além disso, como diz o professor estadunidense adam :

reticências dos tempos coloniais para cá, o maior legado que a Europa deixou para a África reticências foi o autoritarismo e o saque. reticências [Mas seria] uma simplificação excessiva culpar o imperialismo europeu pelos problemas todos da África atual: a história é bem mais complicada.”

O fantasma do rei Leopoldo. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. página 312, 315.

Pan-africanismo

Na África, as lutas pela independência foram influenciadas por movimentos como o pan-africanismo. Esse movimento nasceu de trocas culturais entre africanos e afrodescendentes que desejavam transformar a situação das populações negras do mundo.

A partir de 1920, o pan-africanismo ganhou destaque em países como Estados Unidos e França. Nessa época, ativistas e intelectuais negros de várias regiões participaram de conferências, fundaram associações, publicaram livros, revistas e jornais. Entre os principais defensores das teses pan-africanistas estavam o estadunidense Uilian Du buá e o jamaicano Marcus gárvei, que defendia o lema: “A África para os africanos, em casa e no exterior”.

Em 1945, foi realizado no Reino Unido o quinto Congresso Pan-africanista, cujos participantes reivindicaram independência imediata para os países africanos.

Fotografia em preto e branco. Um homem de cabelos curtos, crespos e escuros e bigode fino, vestindo um paletó, colete, gravata e calça escuros, visto de lado, sentado sobre uma cadeira, em frente à uma mesa.
Marcus gárvei, intelectual e ativista político jamaicano, defensor das teses pan-africanistas. Fotografia de 1924.

Negritude

Uma das vertentes do pan-africanismo foi o movimento da negritude, que surgiu na França, na década de 1930. Seus principais representantes foram o martinicano , o guianense e o senegalês sângôr, que desenvolveram ideias favoráveis às independências africanas.

No Brasil, ativistas negros como Solano Trindade e Abdias do Nascimento, ambos artistas e escritores, também se engajaram no pan-africanismo e no movimento da negritude. Solano, que participou dos Congressos Afro-Brasileiros nos anos 1930, fundou o Teatro Popular Brasileiro em 1950. Em 1944, Abdias criou o Teatro Experimental do Negro, que organizou em 1950 o primeiro Congresso do Negro Brasileiro e o Museu de Arte Negra.

Os pan-africanistas atuavam de fórmas diversas, abrindo caminhos para repensar a história africana e combater o racismo. Além disso, influenciaram lideranças do movimento pelos direitos civis dos Estados Unidos, como Mártin Lúter King e Malcolm

Fotografia em preto e branco. Um homem visto de frente, com cabelos curtos e escuros, vestindo uma farda e uma calça, sentado sobre um trono, apoiando suas mãos nos encostos laterais, e com as pernas cruzadas.
Aguinaldo Camargo na peça O imperador Jones, montagem do Teatro Experimental do Negro, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1944.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

leopôld sedár sângôr (1906-2001) foi um político e escritor senegalês que lutou pela independência de seu país e combateu o racismo. sângôr é considerado um dos fundadores do movimento da negritude. Leia o texto a seguir com os estudantes e peça a eles que respondam à questão.

“O que se esquece é que esta terra [a África negra] foi, durante três séculos, entregue à sanguinária cupidez dos ‘negreiros’ esclavagistas; e que, sob a ação mortífera do branco, dez milhões de seus filhos foram deportados para as Américas e outras regiões; que duzentos milhões morreram nas caçadas ao homem. O que se esquece, de um modo geral, é que cada ‘benefício da colonização’ teve seu reverso Deste modo, as usinas, as minas, as estradas de ferro revelaram-se os melhores propagadores de doenças. Falarei também dos camponeses senegaleses que reticências permitem às grandes companhias lucros anuais de centenas de milhões de francos-ouro, sem outros resultados para eles mesmos que não sejam os de empobrecer suas terras e continuarem tão miseráveis quanto há 50 anos.”

Quando a África perguntava: suportar ou escolher. Apud: MENDONÇA, Marina Gusmão de. Histórias da África. São Paulo: éle cê tê ê, 2008. página 165.

Qual é a crítica à colonização apresentada por sângôr?

Resposta: O texto de sângôr descreve as consequências brutais da colonização dos brancos sobre a África negra. Refere-se, por exemplo, aos dez milhões de escravos levados para a América; à propagação de doenças decorrentes das ações dos colonizadores; e à exploração social e econômica dos colonizadores.

Ex-colônias francesas

Em 1960, praticamente todo o império colonial francês na África deixou de existir. Em alguns casos, o govêrno da França tentou negociar fórmas pacíficas de desocupar os territórios que dominava, como Camarões, Senegal, Madagascar, Costa do Marfim e Mauritânia. Em outros, o processo de independência foi marcado pela violência, como na Argélia. A seguir, estudaremos com mais detalhes a independência da Argélia.

Argélia

Desde o início da colonização da Argélia, houve resistência dos povos locais, como os berberes, que não aceitavam perder suas terras nem abandonar seu modo de vida, isto é, sua cultura. Entre as fórmas de resistência adotadas pelos argelinos, destacam-se: associações políticas, publicação de livros, passeatas de protestos e luta armada contra os colonizadores.

Para aliviar os protestos argelinos, o govêrno francês fez reformas superficiais, como, por exemplo, ampliar a participação política de alguns setores da sociedade. No entanto, as insatisfações eram grandes demais. Em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreram graves confrontos pela independência da Argélia. Atos violentos partiram de todas as partes, mas as fôrças militares da França eram muito superiores. Assim, frequentemente, os confrontos vitimavam maior número de argelinos.

Cartaz. Destaque para dois territórios estilizados e separados, sobre um deles, uma estrela vermelha e um objeto circular todo rachado e destruído.
Cartaz de 1957 em defesa da independência da Argélia. O texto da parte superior diz Chega de Argélia francesa! Chega de França!.
Cartão postal. Sobre vias asfaltadas, homens fardados vistos de frente se deslocam a pé ou em veículos militares. Alguns portam armas de fogo enquanto outros portam bandeiras da Argélia. Em segundo plano, edifícios e construções.
Membros do exército de libertação da Argélia, em Argel, durante o processo de independência do país. Fotografia de 1962.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Bem-vindo a Marly-Gomont (França). Direção de , 2016. 96 minutos

Um médico formado no Congo consegue um emprêgo na pequena localidade francesa de marlí gomôn e se muda para lá com sua família. O filme conta uma sucessão de problemas, causados pelo medo que os moradores locais tinham de se consultar com um profissional negro.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Ex-colônias francesas” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três um, uma vez que descreve e avalia os processos de descolonização na África.

Orientação didática

Para ilustrar a posição dos grupos nacionalistas que lutavam pela independência de seus países, analisemos as palavras do líder da Guiné, sêcú turrê(1922-1984), dirigidas ao general chárlis de então primeiro-ministro da França.

“Preferimos a pobreza em liberdade à riqueza em escravidão Não renunciaremos ao nosso direito legítimo de independência. Este anseio de igualdade e de justiça nós temos desde o momento em que fomos submetidos à injustiça e à desigualdade. Temos um primeiro e único objetivo: nossa dignidade. Mas não existe dignidade sem liberdade.”

Discurso ao General em 1958. Apud: REY, Álvares L. . História do mundo contemporâneo. Barcelona: 2005. página 264. [Tradução dos autores].

A Frente de Libertação Nacional

Posteriormente, em 1954, os argelinos organizaram a Frente de Libertação Nacional (éfe éle êne), que reforçou a luta pela independência. Durante as batalhas pela emancipação da Argélia, cêrca de 1 milhão de argelinos foram mortos e 2 milhões ficaram desabrigados.

Em 1961, o presidente francês charle dê gôle (1890-1970) negociou a paz com os líderes da éfe éle êne. No ano seguinte, foi assinado o acôrdo de Évian, que reconheceu a independência argelina e promoveu a volta de mais de um milhão de franceses que viviam na Argélia.

Fotografia. Um grupo de homens, em pé, lado a lado, todos vestindo paletós ou casacos escuros. Em segundo plano, a fachada de uma casa vista parcialmente, contendo entre as paredes janelas e vitrais quadrados.
Delegação da Frente de Libertação Nacional enviada para a assinatura do acôrdo de Évian na cidade de Évian-les-Bains, França. Fotografia de 1961.

Depois da independência, o país passou por importantes transformações. Entre 1961 e 1978, os argelinos formaram governos de inspiração socialista, sob a presidência de améd Ben Bella (1916-2012) e de (1932-1978). No final da década de 1970, o govêrno argelino procurou se aproximar da França e dos Estados Unidos.

Fotografia em preto e branco. Um homem visto de lado, com cabelos curtos e cacheados, vestindo um paletó escuro, camisa clara e gravata escura, com os lábios entreabertos e as mãos apoiadas sobre uma superfície à sua frente.
améd Ben Bella, presidente da Argélia entre 1963 e 1965, discursa na o êne u. Fotografia de 1962.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre como os confrontos pela independência da Argélia foram divulgados no Brasil.

A revolução argelina vista do Brasil (1954-1958)

“Até o início da insurreição, em 10 de novembro de 1954, a Argélia era pouco conhecida do público brasileiro e aparecia nas páginas dos jornais em reportagens sobre riquezas minerais, inovações agrícolas, grandes obras de engenharia ou ainda encontros esportivos. A Argélia existia unicamente através da obra dos colonos. A notícia do levante armado surpreendeu. Durante os primeiros meses os principais jornais foram unânimes em denunciar a ofensiva argelina. As informações que chegavam eram oriundas das agências oficiais de notícias, como a Agence France Presse e a United Press que encaravam o levante como atentados terroristas, atos de banditismo ou, no melhor dos casos, como acontecimentos vinculados à ambição expansionista do presidente do Egito Gamal Abdel Nasser

Uma leitura alternativa dos fatos somente seria publicada pelo jornal [brasileiro] Imprensa Popular, que denunciou o que já era, ao ver de seus editorialistas, uma agressão imperialista. reticências [O jornal] Imprensa Popular, apenas cinco dias após o início da insurreição, posicionou-se a favor dos ‘patriotas da África do Norte’ O jornal publicaria ainda nota oficial exigindo o fim do estado de emergência e da repressão colonial e a normalização das relações entre a França e a Argélia

O correspondente especial do jornal em Paris, ânrí lestá, denunciava os ‘métodos dos fascistas franceses que pretendem salvaguardar seus interesses colonialistas na África do Norte’ e afirmava que ‘de nada adiantarão os crimes praticados contra os nossos irmãos marroquinos e argelinos’

reticências O papel dos jornalistas foi fundamental para forjar uma nova interpretação do conflito, e cabe aqui insistir no desempenho de Paulo de Castro, aliás Francisco Cachapuz, autor de vários livros sobre colonialismo e socialismo, responsável pela coluna semanal ‘Momento Internacional’ no Diário de Notícias. reticências

Sem abandonar suas referências à luta antifascista, Paulo de Castro propunha uma leitura original do conflito. A luta contra o colonialismo era uma extensão do combate contra o fascismo, e nesse sentido citava o deputado francês Piérr frénci, ex-chefe do conselho de ministros, afirmando que ‘o fascismo governa a Argélia’ Passando a ocupar lugar de destaque nos meios jornalísticos brasileiros, cobriria a guerra do início ao fim. Conquistou audiência e renome junto ao corpo diplomático, que lia atentamente seus artigos, muitos dos quais eram reproduzidos nas notas enviadas aos ministros franceses

reticências Paulo de Castro desempenhou papel fundamental na interpretação do conteúdo político da guerra e contribuiu para transformar o modo como eram encarados os militantes nacionalistas [argelinos]. Os que eram até então representados pela imprensa como rebeldes se tornavam revolucionários, e o que era rebelião se tornava revolução.”

ARAUJO, Rodrigo N. de. A voz da Argélia. A propaganda revolucionária da Frente de Libertação Nacional argelina no Brasil. Independência nacional e revolução socialista (1954-1962). Estudos Históricos, Rio de Janeiro, volume 30, número 61, página 407-408, 411, maio/agosto 2017. Disponível em: https://oeds.link/19ToYr. Acesso em: 25 julho 2022.

Ex-colônias portuguesas

Durante os governos de António de Oliveira Salazar e seu sucessor Marcelo Caetano, entre 1933 e 1974, Portugal viveu sob uma ditadura. Nesse período, ocorreram diversos protestos contra o govêrno e também pressões anticolonialistas.

Em abril de 1974, a Revolução dos Cravos levou à implementação da democracia em Portugal e ao fim do colonialismo. Após a Revolução dos Cravos, países como Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola conquistaram sua emancipação.

As últimas regiões da África a conquistar a independência foram aquelas dominadas pelos portugueses.

Angola

Angola enfrentou o domínio português durante 500 anos, desde o século quinze até o século vinte. Os colonizadores constituíam uma elite privilegiada que subjugava a maioria da população local. Porém, os povos angolanos não aceitaram passivamente o processo de colonização.

Em Angola, as guerras pela independência tiveram início em 1961, envolvendo dois grupos principais:

  • Movimento Popular pela Libertação de Angola , formado em 1956, reunindo os quimbundos do norte;
  • União Nacional para a Libertação Total de Angola (unita), criada em 1966 pelos ovimbundos do centro-sul.

Em 1975, os partidários do ême pê éle a declararam a independência unilateralmente, nomeando seu líder, Agostinho Neto (1922-1979), o primeiro presidente do país. O ême pê éle a tinha uma orientação socialista e era apoiado pela União Soviética e por Cuba. Isso desagradava ao govêrno dos Estados Unidos, que eram favoráveis à unita, que também recebia apôio do govêrno da África do Sul.

Fotografia. Destaque para um homem em pé, com cabelos crespos, curtos e escuros, com um bigode, usando um par de óculos sobre o rosto e vestindo um paletó cinza claro, camisa clara e gravata estampada. Em segundo plano, outros dois homens em pé, lado a lado.
O presidente angolano e líder do ême pê éle a Agostinho Neto em Luanda, Angola. Fotografia de 1975. Neto foi um dos integrantes do Centro de Estudos Africanos, grupo formado por estudiosos africanos como Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade e Noémia de Souza. Esse grupo, entre outras coisas, utilizou a poesia para denunciar a opressão colonial.

A unita não aceitou o govêrno do ême pê éle a e os dois grupos entraram em guerra civil. Esse conflito somente terminou em 2002, quando morreu o principal líder da unita, Jonas Savimbi (1934-2002).

Calcula-se que o resultado dessas lutas em Angola, desde a independência até o final da guerra civil, provocou a morte de aproximadamente 1 milhão de pessoas.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Ex-colônias portuguesas” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três um, uma vez que descreve e avalia os processos de descolonização na África. Já o texto “Angola” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um quatro, sobretudo por caracterizar e discutir as lógicas de resistência das populações locais diante das questões internacionais; no caso angolano, formaram-se grupos mais próximos do bloco socialista (ême pê éle a) e do bloco capitalista (unita).

Orientação didática

Depois do fim da guerra civil, a economia angolana apresentou crescimento, com destaque para a produção de petróleo e a extração de diamantes. Porém, a Angola ainda é muito pobre, tendo cêrca de 40% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. O país enfrenta graves problemas sociais, como a desnutrição, a mortalidade infantil e o analfabetismo.

Ex-colônias britânicas

Nas regiões africanas que compunham o Império Britânico, a emancipação deu-se de fórma violenta em países como Nigéria e de fórma relativamente pacífica em países como África do Sul, Gana, Serra Leoa e Gâmbia. Após as independências, porém, esses países foram palco de conflitos ligados à colonização. A seguir, estudaremos o caso da África do Sul devido aos desdobramentos do regime racista do apartheid, que foi oficializado depois da independência.

África do Sul

Na segunda metade do século vinte, a África do Sul era um Estado africano independente. Porém, a emancipação não significou liberdade para a maioria da população do país, que foi submetida a um conjunto de leis racistas e segregacionistas chamado apartheid. Quem violasse essas leis estava sujeito a multas e prisões.

A partir de 1948, com o apartheid, foram tomadas medidas que:

  • proibiam brancos e negros de frequentarem os mesmos espaços públicos;
  • destinavam às crianças negras uma educação de qualidade inferior e mais barata quando comparada à educação das crianças brancas;
  • obrigavam os negros a andarem com um passaporte interno, para controlar a circulação dessas pessoas;
  • autorizavam os negros (aproximadamente 80% da população do país) a adquirir propriedades somente em áreas demarcadas pelo govêrno. Tais áreas correspondiam a apenas 12% do território do país.
Fotografia. Praia com faixa de areia clara, e o mar azul ao fundo, destaque para uma placa contendo textos. Sobre a faixa de areia, algumas pessoas em pé e outras sentadas sobre toalhas.
Placa em praia de Durban, África do Sul, durante a vigência do regime do apartheid, que indicava que o local só podia ser frequentado por pessoas brancas. Fotografia de 1986.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Ex-colônias britânicas” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três um, uma vez que descreve e avalia os processos de descolonização na África.

Lutas contra o apartheid

Populações negras combateram o apartheid criando organizações como o Congresso Nacional Africano realizando passeatas e envolvendo-se em confrontos físicos. Houve também um imenso esfôrço para fortalecer a autoestima dos negros, que eram sistematicamente inferiorizados pelas elites dominantes. Assim, artistas e intelectuais criaram obras para denunciar o racismo, resistir à imposição cultural dos brancos e valorizar as identidades africanas.

As lutas contra o apartheid foram reprimidas por instituições do Estado, como a polícia. Em um episódio conhecido como Massacre de Sharpeville (1960), a polícia disparou tiros em cêrca de 15 mil pessoas desarmadas que protestavam contra o uso do passaporte interno, causando setenta e duas mortes e 186 feridos. Em outro episódio, chamado Massacre de Soweto (1976), uma onda de protestos e greves foi violentamente sufocada por policiais, resultando em 23 mortes e 200 feridos.

Fotografia. Um pequeno monumento marrom, de lados curvos, contendo algumas palavras, posicionado de forma inclinada, sobre um pedestal de cor clara.
Memorial réctor pítersson construído próximo ao local onde ocorreu o Massacre de Soweto como fórma de preservar a memória da luta contra o apartheid, em joanesbúrgo, África do Sul. Fotografia de 2019.

O Estado também perseguiu lideranças importantes, como o advogado Nelson Mandela (1918-2013) e o ativista istív Biko (1946-1977). Em 1962, Mandela, líder do Congresso Nacional Africano, foi preso e condenado à prisão perpétua. Já Biko, que se inspirava nos Panteras Negras estadunidenses, foi preso, torturado e morto pela polícia em 1977.

Fotografia em preto e branco. Destaque para um homem em pé, com cabelos curtos, escuros e crespos, vestindo uma jaqueta e uma calça, portando entre as mãos um cartaz com a imagem de um homem com as mãos algemadas. À direita, uma fila de pessoas vistas parcialmente.
Manifestante carrega retrato de istív Biko, líder estudantil sul-africano e do Movimento da Consciência Negra, durante seu funeral, em King William's Town África do Sul. Fotografia de 1977.

Diante de tantas brutalidades do Estado sul-africano, a opinião pública internacional passou a emitir notas de repúdio ao apartheid. Nesse contexto, a ônu decretou embargo ao fornecimento de armas para a África do Sul e recomendou que seus membros não vendessem petróleo para o país. Em 1962, a delegação sul-africana foi proibida de participar das Olimpíadas.

Fotografia em preto e branco. Quatro mulheres lado a lado, portando folhetos em suas mãos.
Lideranças femininas que atuaram pelo fim do apartheid, em Pretória, África do Sul. Da esquerda para a direita, Rahima Moosa, Lilian Helen Joséf e sofia uíliams de bruín. Fotografia de 1955. Esse registro é uma demonstração de união entre mulheres negras e brancas pelo fim da segregação racial.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Em 27 de abril de 1994, quando Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, ele fez um pronunciamento. Leia para os estudantes uma das frases que marcaram esse momento e, em sequência, peça a eles que escrevam um breve comentário sobre ela.

“Hoje é um dia diferente de todos os outros. Ele marca o amanhecer de nossa liberdade.”

BRENER, Jayme. Jornal do século vinte. São Paulo: Moderna, 1998. página 320.

Os estudantes deverão associar a frase de Mandela, eleito presidente da África do Sul em 1994, a um momento que assinalava o fim de uma época dominada pelo apartheid. A eleição de Mandela marcava o comêço, o “amanhecer”, de uma história de construção da liberdade e igualdade dos negros na África do Sul.

Fim do apartheid

A partir de 1986, por pressões internas e internacionais, a minoria branca sul-africana foi forçada a promover reformas no país até que, em 1991, o apartheid foi oficialmente extinto.

Em 1994, realizaram-se eleições em que concorreram candidatos negros e brancos. O vencedor foi Nelson Mandela, que, após passar 27 anos na prisão, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Por sua luta em prol da liberdade, justiça e democracia, Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1993.

Atualmente, a África do Sul tem uma população de aproximadamente 60 milhões de pessoas (80% de negros e 8% de brancos). Apesar dos avanços econômicos que ocorreram depois do fim do apartheid, o país ainda é marcado por profundas desigualdades sociais. Em média, os brancos ganham salários seis vezes maiores do que os negros, e o desemprego atinge mais a população negra do que a branca.

Fotografia. Dois jogos de arquibancadas repletas de pessoas sentadas em cadeiras, e ao centro, destaque para uma grande faixa contendo um texto em inglês cuja tradução é: Mandela para presidente.
Manifestação popular em apôio à candidatura de Nelson Mandela durante eleições presidenciais sul-africanas, em Rustemburgo, África do Sul. Fotografia de 1994.
Fotografia. Destaque para um homem em pé, com cabelos crespos, curtos e grisalhos, vestindo uma camisa clara, portando um recorte de papel retangular em uma de suas mãos, direcionando-o para uma urna, pequena caixa fechada à sua frente. Ele tem um sorriso no rosto.
Nelson Mandela votando nas eleições de 1994, ocasião em que foi eleito presidente, África do Sul. Fotografia de 1994.
Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que auxilia no estabelecimento de conexões entre esporte e política. No caso, como a África do Sul, após o fim do apartheid, pôde sediar um grande evento esportivo mundial e como isso ajudou a mudar o olhar estrangeiro sobre o país. Trata-se da Copa do Mundo de râguibi, um esporte muito popular nos países de língua inglesa.

Mandela, a África do Sul e a Copa do Mundo de râguibi de 1995

“‘Eu percebi o impacto que aquele esporte poderia causar, tamanha era a importância dele para o país. E principalmente porque o esporte fala uma língua que é entendida por todos, e em todas as partes do mundo’, disse Mandela à época [1995], quando fez com que brancos e negros estivessem juntos pela primeira vez.

A África do Sul ganhou a Copa do Mundo em 1995, em uma final emocionante contra os All Blacks a seleção da Nova Zelândia. Ao lado do capitão com quem contou para alcançar a paz entre negros e brancos, Mandela falou em respeito. Este valor tão presente no râguibi foi passado aos sul-africanos e entendido por eles.

‘A África do Sul era reconhecida pelo racismo, pelos assassinatos, por ser uma nação violenta. Mas o Mandela mudou isso. Ele tirou a raiva do nosso peito e nos ensinou a amar todas as pessoas’, confessou o torcedor que estava presente no estádio no dia da final.”

MOMENTO histórico: em 1995, Mandela usa a Copa do Mundo de râguibi para unir a África do Sul. Disponível em: https://oeds.link/HIaGPW. Acesso em: 15 abril 2022.

Outras Histórias

Literatura e história africanas

Nos países onde houve dominação colonial, as pessoas buscaram fórmas de lidar com seu passado e renovar suas tradições. Artistas e intelectuais africanos que viveram na época da dominação estrangeira criaram obras que fazem reflexões sobre o impacto das lutas pela independência.

O escritor nigeriano de origem iorubá , por exemplo, que recebeu o Nobel de Literatura em 1986, conheceu a dominação colonial inglesa. Ele estudou literatura em Londres e tornou-se um importante dramaturgo e professor nas universidades de Lagos e Ifé. Uma de suas obras mais conhecidas é The man died: prison notes (O homem morreu: notas da prisão, em português), escrita após passar um longo período encarcerado durante a guerra civil na Nigéria no final dos anos 1960.

Fotografia. Um homem visto de frente, com cabelos crespos, grisalhos e volumosos, portando um microfone à frente de seus lábios, vestindo uma camisa azul com listras verticais vermelhas e pretas.
vôle solínca discursa em evento realizado em Ogun, Nigéria. Fotografia de 2019.

Já o historiador, escritor e político Joséf qui zêrbo (1922-2006), nascido em Toma, na atual Burkina Fasso, é considerado um dos mais importantes pensadores da África. Ele escreveu a obra História da África Negra e coordenou um dos oito volumes da coleção História Geral da África, realizada por cêrca de 350 pesquisadores do mundo todo com o objetivo, entre outros, de construir uma história da África do ponto de vista dos próprios africanos.

Fotografia. Um homem visto de frente, vestindo uma camisa clara e uma túnica escura, e um pequeno chapéu branco, sem abas, em formato triangular, sobre o topo de sua cabeça.
Joséf qui zêrbo é condecorado em Estocolmo, na Suécia. Fotografia de 1997.

Hoje, artistas e intelectuais africanos mais jovens, como a escritora nigeriana Chimamanda Nigozi Adichie, produzem obras que discutem aspectos como exclusão social e exploração econômica. Muitas dessas obras são prestigiadas ao redor do mundo.

Fotografia. Uma mulher vista de frente, com cabelos escuros, presos no topo de sua cabeça, trajando um vestido vermelho, em frente a um palanque com dois microfones a frente de seus lábios.
Chimamanda Nigozi Adichie discursa em evento em Berlim, Alemanha. Fotografia de 2021.

Responda no caderno

Atividade

Você conhece o trabalho de artistas, escritores e intelectuais africanos? Em grupo, façam uma pesquisa sobre o tema.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Outras histórias” intitulada “Literatura e história africanas” favorece o desenvolvimento das competências cê gê dois e cê gê três.

Outras histórias

Resposta pessoal. Sugerimos que esta atividade seja realizada em grupo e apresentada em fórma de relatório ou verbete. Além dos nomes citados no texto ( qui zêrbo, Chimamanda os estudantes podem citar: Paulina Chiziane, Chéri Samba, Malick Sidibé,

Independências na Ásia

Na Ásia, 27 países tornaram-se independentes entre 1943 e 1979. A maioria deles estava sob domínio colonial britânico ou francês. Em muitos casos, o processo de emancipação ocorreu em meio a conflitos que tiveram intervenção estadunidense ou soviética.

A seguir, vamos conhecer os processos de independência da Índia e do Vietnã.

Descolonização na Ásia (século

Mapa. Descolonização na Ásia (século vinte). Em amarelo, 'Áreas submetidas ao colonialismo' com nome dos países e as datas de independência de cada um deles: Iêmen (1967), Paquistão (1947), Índia (1947), Paquistão Oriental (1947), Ceilão (1948), Mianmar (1948), Vietnã do Norte e do Sul (1954), Laos (1954), Camboja (1954), Malásia (1957), Coreia (1945), Indonésia (1949), Timor-Leste (1976) e Papua Nova Guiné (1975). No canto inferior, ao centro, rosa dos ventos e escala de 0 a 730 quilômetros.
Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de São Paulo/Times Books 1995. página 273. Nota: Papua Nova Guiné, que ocupa a porção oriental da Ilha Nova Guiné, é considerada um país da Oceania.

Índia

Durante a Primeira Guerra Mundial, o govêrno britânico prometeu aos indianos que, caso eles lutassem contra os alemães, teriam autonomia para governar seu próprio país. Porém, com o fim da guerra, a promessa dos britânicos não foi cumprida. Ao contrário, o Reino Unido passou a reprimir violentamente as lutas pela independência da Índia, lideradas pelos advogados jauá-rarlál nêrú (1889-1964) e Marrátma Gândi (1869-1948).

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Independências na Ásia” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um quatro, sobretudo por caracterizar e discutir as lógicas de resistência das populações locais na Ásia diante das questões internacionais, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih três um, uma vez que descreve e avalia os processos de descolonização na Ásia.

Entre 1920 e 1942, Gândi participou de grandes protestos, transformando-se no principal líder indiano contra a colonização. Ele defendeu e praticou estratégias originais de não violência e desobediência civil. Suas ações incluíam o não pagamento de impostos e o boicote aos produtos industriais do Reino Unido. Além disso, em mais de uma ocasião, fez greve de fome para sensibilizar a população indiana em tôrno de seus ideais.

Em 1930, por exemplo, Gândi organizou uma caminhada de 24 dias em direção ao mar, onde ele estimulou os indianos a produzir seu próprio sal. Com isso, rompeu o monopólio britânico de produção do sal na Índia. O protesto, conhecido como Marcha do Sal, foi duramente reprimido pela polícia, que prendeu milhares de pessoas, incluindo Esse episódio repercutiu pelo mundo, conquistando a simpatia da opinião pública internacional em favor da independência da Índia.

Apesar de sua fôrça política, Gândi não recebia o apôio de todos os indianos. No país, havia, por exemplo, a Liga Muçulmana, que tinha como objetivo fundar um Estado independente e separado dos hindus.

Em 1947, a Índia conquistou sua independência. No entanto, os conflitos na região não terminaram, pois havia grandes divergências entre hindus e muçulmanos. Essas divergências levaram à divisão do país em República da Índia, de maioria hindu, e República do Paquistão (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana. Em 1972, após uma guerra, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental e passou a se chamar Bangladesh.

A Índia contemporânea é o segundo país mais populoso do mundo, com aproximadamente 1,4 bilhão de habitantes. Apesar dos avanços tecnológicos recentes em áreas como informática e produção de vacinas, por exemplo, a maioria da população indiana ainda sofre com a pobreza.

Fotografia em preto e branco. Vistas de cima, centenas de pessoas aglomeradas e dispostas em filas em uma rua, todas trajando vestimentas claras.
Indianos em movimento de desobediência civil contra as autoridades coloniais em Mumbai, Índia. Fotografia de 1930. No caso, o boicote era contra o consumo de produtos industriais britânicos.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir uma breve biografia de

Marrátma Gândi

“Estadista indiano, morrandas caramchând gândi nasceu em Porbandar, cátiavar, a 2 de outubro de 1869 e morreu em Délhi a 30 de janeiro de 1948. Filho de mercadores, casou-se aos 12 anos. Em 1888, depois de proferir votos de castidade e de abstinência de carne e álcool, estudou direito na Inglaterra. Durante alguns meses advogou em Londres (1891) e, após breve estadia na Índia, fixou-se na África do Sul, onde permaneceria de 1893 a 1915.

Na África do Sul, sentindo pessoalmente os efeitos da discriminação contra os hindus, tolerada pelas autoridades britânicas, fundou em 1894 uma seção do Partido do Congresso Indiano, destinada a lutar pelos direitos de seu povo. Em 1904 começa a editar o jornal Indian Opinion (Opinião Indiana), ao mesmo tempo que desenvolvia a política da resistência passiva e da não violência (satiagrárra). reticências

Na Índia, onde seu nome já era bastante conhecido, Gândi pareceu aos ingleses, a princípio, um valioso aliado; mas, já em 1917, tomou a defesa dos trabalhadores nas plantações de Champaran e dos operários de amédrrabád. reticências

Por volta de 1920, Gândi já era respeitado como um dos maiores líderes na luta pela independência do país. Nesse ano, amplia o movimento de não cooperação com os ingleses, através do boicote, e prega um retôrno ao artesanato. Dois anos mais tarde, organiza uma greve contra o aumento de impostos. Em Chauri-Chaura a multidão enfurecida incendeia um pôsto policial, e desgostoso, apesar dos protestos de seus companheiros, condena o movimento. Preso, declarou-se culpado e foi condenado a seis anos de cárcere.

Libertado em 1924, abandonou por alguns anos a atividade política ostensiva. Em 1930, organiza a célebre marcha para o mar, de amédrrabád a Dandi. reticências Em 1932, sua greve da fome chama a atenção do mundo inteiro para a causa da independência da Índia, a que se entregou sem descanso nos anos seguintes.

Logo após a conquista da independência (1947), Gândi procurou evitar a luta entre hindus e muçulmanos, havia muito tempo esperada; mas seus esforços e apelos de nada adiantaram: em Calcutá a luta deixa um saldo de 6 mil mortos. Contra acusado de traição, voltou-se a ira dos fanáticos hindus. Escapou a um primeiro atentado, mas logo depois caiu, vitimado pelas balas de um de seus antigos seguidores.

Projeção. A atividade política do Marrátma (grande alma) esteve sempre em perfeita consonância com seu pensamento filosófico. Entendia ser a não violência o único caminho para a conquista da verdade; opor violência à violência só aumentaria o mal, ainda que aparentemente e a curto prazo os resultados pudessem parecer favoráveis. Por outro lado, a libertação da alma humana, em relação à servidão terrestre, só pode ser alcançada através do altruísmo, de uma rigorosa ascese, do amor entre os irmãos.

Para a simples libertação da Índia, no tocante ao jugo inglês, nada resolveria, se não fosse acompanhada da libertação espiritual do povo; daí sua aversão à sociedade industrial, sua pregação em favor de um retôrno ao artesanato primitivo. Só pode alcançar a liberdade, através da não violência, aquele que cultiva a brâmachária, isto é, a disciplina diária, que, através de jejuns, continência, silêncio e orações, conduz a um completo domínio dos sentidos.”

ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo; Rio de Janeiro: enciclopédia Britannica do Brasil Publicações, 1992. volume 10, página 5104-5105.

Vietnã

A Indochina é uma região da Ásia que, desde a década de 1860, foi controlada pelos franceses. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Indochina foi ocupada por fôrças japonesas. Com a derrota do Japão, o govêrno francês recuperou o domínio da região, mas precisou enfrentar os movimentos locais que lutavam pela independência.

Em 1946, explodiu a Guerra da Indochina, que terminou com a derrota dos franceses na batalha de diên biên fu (1954) e com a assinatura do acôrdo de Genebra (1954), pelo qual a região foi dividida em três países independentes: Laos, Camboja e Vietnã.

Cartaz. Representação de dois homens. Um, vestindo farda militar, está deitado, com semblante de susto, tem o seu corpo parcialmente coberto pela bandeira da França que se caracteriza por três listras verticais, da esquerda para a direita: azul, branca e vermelha. Atrás dele, em pé, um homem trajando bermuda escura, camisa branca de manga curta, porta a bandeira da China que se caracteriza pelo tecido vermelho e ao centro, uma estrela amarela de cinco pontas.
Cartaz de 1946 representando a luta pela independência da Indochina. Um guerrilheiro vietnamita foi representado derrotando um soldado francês.

O Vietnã, por sua vez, ficaria temporariamente dividido em duas partes:

  • República Democrática do Vietnã, ao norte, com capital em Hanói, liderada por rô chi min (1890-1969) e apoiada pelos governos da China e da União Soviética;
  • República do Vietnã, ao sul, com capital em Saigon, liderada por ingô din diên (1901-1963) e apoiada pelo govêrno dos Estados Unidos.

O acôrdo estabelecia que, em 1956, seriam realizadas eleições para a unificação do país. No entanto, o govêrno do Vietnã do Sul impediu as eleições, iniciando as hostilidades contra os vietnamitas do norte.

Em 1960, organizou-se no Vietnã do Sul a Frente de Libertação Nacional , de tendência socialista, que se opunha ao govêrno de Saigon. Os combatentes da éfe éle ênevírgula chamados de viét côngue (de Vietnamese Communists, ou os “Comunistas do Vietnã”; em português: vietcongues), eram apoiados pelos vietnamitas do norte e pelo bloco socialista.

Para defender o govêrno de Saigon, os Estados Unidos resolveram intervir militarmente na região, dando início à Guerra do Vietnã (1964-1975).

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir uma matéria jornalística, publicada em 2014, que faz um balanço sobre a Guerra do Vietnã.

Os 40 anos do fim da Guerra do Vietnã em números

População. A população vietnamita em 2014 era de 92,5 milhões. Mais de dois terços do país nasceram após 1975, com o fim da guerra. Já o número de americanos de origem vietnamita era de 231 mil em 1980, e hoje saltou para mais de 1,3 milhão.

Mortes. Mais de 58 mil soldados americanos acabaram mortos na guerra, seja em território do Vietnã, no Laos ou em Camboja. Por sua vez, três milhões de soldados e civis vietnamitas perderam as vidas. As fôrças do Sul do Vietnã, aliadas dos americanos, têm uma perda de vida estimada em 250 mil.

Ainda há 1 971 americanos desaparecidos desde o fim da guerra, e mais de 700 restos mortais de soldados foram achados desde então.

Gastos com o conflito. Estima-se em duzentos e cinquenta bilhões de dólares o quanto foi gasto entre 1965 e 1975 pelos Estados Unidos com a guerra. Em valores corrigidos pela inflação, trata-se de mais de um trilhão de dólares [na cotação] atual. cento e quarenta e cinco milhões de dólares foram investidos após o fim do conflito.

Entre 5 milhões e 7,8 milhões de bombas americanas foram jogadas em solo vietnamita. O número de bombas e minas não explodidas passou de 800 mil. Até quarenta e duas mil pessoas morreram sem querer ao ativá-las após o fim da guerra.

Doze milhões de galões do herbicida Agente Laranja foram jogados pelos Estados Unidos em cêrca de 10% do Vietnã do Sul entre 1961 e 1971. Com o químico dioxina, que causa câncer, má gestação e vários outros problemas em soldados e gerações de vietnamitas, entre 2,1 milhões e 4,8 milhões de locais foram expostos. 2,4 milhões de soldados americanos também. O país investiu sessenta e cinco milhões de dólares até então para combater o tóxico.

Nos negócios. O valor em exportações pelo Vietnã era de cento e setenta milhões de dólares em 1976 e pulou para cento e trinta e dois bilhões de dólares em 2013.

Em 1995, quando os países normalizaram suas relações, seu comércio bilateral era de menos de quinhentos milhões de dólares. Em 2014, o número passou para nada menos que trinta e cinco bilhões de dólares. Os Estados Unidos são o principal mercado de exportação dos vietnamitas.

Em 2013, 7,6 milhões de turistas estrangeiros estiveram no Vietnã.”

OS 40 ANOS do fim da Guerra do Vietnã em números. O Globo, 30 abril 2015. Disponível em: https://oeds.link/55fcbT. Acesso em: 5 junho 2022.  

Guerra do Vietnã

Durante a guerra, o govêrno dos Estados Unidos enviou mais de 500 mil soldados fortemente armados para o Vietnã. Já os vietcongues, da éfe éle êne, tinham recursos precários e utilizavam táticas de guerrilha. Apesar da disparidade de os vietcongues conseguiram obter várias vitórias, surpreendendo os estadunidenses.

A Guerra do Vietnã alcançou repercussão internacional por meio da imprensa, com a divulgação de cenas violentas do conflito. A opinião pública nos Estados Unidos e no mundo pressionou os governos a buscar o fim da guerra.

Calcula-se que cêrca de 50 mil soldados estadunidenses morreram em combate. Já entre os vietnamitas, as vítimas são estimadas em 1,5 milhão de mortos e 3 milhões de feridos.

Guerra do Vietnã (1967)

Mapa. Guerra do Vietnã (1967). Destaque para o sudeste asiático, o Golfo de Tonkim e os países a oeste do Vietnã: Laos, Camboja e Tailândia. Em roxo, 'Zonas controladas pelos Estados Unidos', envolvendo pequenas áreas ao sul e ao centro do Vietnã. Em listras diagonais verdes, 'Zonas controladas pelos vietcongues', no Laos, compreendendo todo território fronteiriço com o Vietnã. Círculos rosas indicam 'Base dos Estados Unidos', distribuídos pelo centro, sudeste e sul do Vietnã e algumas áreas da Tailândia. Estrelas vermelhas indicam 'Bombardeio dos Estados Unidos', presentes sobretudo ao norte do território do Vietnã. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.
Fonte: Atlas histórico mundial. Madri: Editorial Debate, 1992. página 237.
Fotografia. Uma passeata. Destaque para dois homens jovens portando cartazes com textos diferentes escritos originalmente em inglês. A tradução do texto do cartaz segurado pelo homem da esquerda é: 'A guerra não acabou' e 'Pare a loucura da guerra agora'. A tradução do texto do cartaz segurado pelo homem da direita é: 'Interrupção imediata incondicional de todos os bombardeios dos Estados Unidos" e 'Pare a loucura da guerra agora'.
Manifestantes durante marcha contra a Guerra do Vietnã em Nova iórqueEstados Unidos. Fotografia de 1968.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

O que você entende por “opinião pública”? Discuta com os colegas qual é a importância dela nos debates contemporâneos (políticos, econômicos, ambientais).

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Tema para reflexão e debate. Explique aos alunos que a expressão “opinião pública” geralmente se refere ao conjunto de convicções, valores, julgamentos, preconceitos e crenças que são, de certo modo, compartilhados e expressos pelas pessoas de determinada sociedade. A opinião pública pode ser expressa em meios de comunicação variados, desde os tradicionais jornais impressos até as mídias sociais. Depois de ouvir as respostas dos estudantes, comente que a opinião pública qualificada, ou seja, bem fundamentada e aberta ao diálogo, contribui para o fortalecimento da democracia, pois conscientiza a população sobre os debates do mundo contemporâneo.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto jornalístico sobre o engajamento de alguns ativistas e artistas estadunidenses nos protestos contra a Guerra do Vietnã.

A Guerra do Vietnã, a opinião pública nos Estados Unidos e as Artes

“A guerra do Vietnã foi marcada por uma crescente insatisfação da opinião pública com o conflito. Na década de 1960, o movimento hippie questionou a guerra e promoveu protestos pacifistas. Figuras do movimento negro, como Mártin Lúter King e os Panteras Negras, se opuseram veementemente ao conflito. Músicos, como Rrendrix e bóbi , contestaram a guerra em suas composições. Mais tarde, a desumanização da guerra foi retratada em filmes como Nascido para matar Platoon (Óliver Stôun) e Apocalypse now (F. F. Coppola).”

GUERRA do Vietnã. O Estado de São Paulo. Disponível em: https://oeds.link/N07EVz. Acesso em: 11 abril 2022.

A reunificação do país

Após negociações de paz, em 1973, os soldados dos Estados Unidos se retiraram do país. No entanto, a guerra continuou, com o avanço das fôrças do Vietnã do Norte. A rendição do exército sul-vietnamita ocorreu em 1975.

Apoiados pelo Vietnã do Norte, os líderes da éfe éle êne assumiram o poder e unificaram o país, que passou a se chamar República Socialista do Vietnã. Esse país adotou um regime político semelhante ao da União Soviética.

Fotografia em preto e branco. Diversos pessoas reunidas, próximas umas às outras. Na lateral direita da imagem, um soldado fardado aperta a mão de um homem.
Prisioneiros celebram a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos em Phu Cuong, Vietnã do Sul.Fotografia de 1973.

O desfecho da Guerra do Vietnã abalou o orgulho nacional dos estadunidenses. O govêrno dos Estados Unidos decretou um embargo comercial ao Vietnã, levando esse país a uma longa crise econômica nos anos 1980. Reformas introduzidas a partir do fim da Guerra Fria, na década de 1990, acarretaram o término do embargo e do regime comunista de partido único.

Fotografia. Dois helicópteros militares pousados na pista de um porta-aviões. Algumas pessoas caminham em direção às aeronaves enquanto um grupo de pessoas, no primeiro plano da imagem, observa a cena. Alguns portam máquinas fotográficas.
Porta-aviões u ésse ésse Hancock dos Estados Unidos, durante a Operação Vento Constante. Fotografia de 1975. Essa operação teve como objetivo retirar cidadãos estadunidenses de Saigon quando as fôrças comunistas se preparavam para ocupar a cidade.
Fotografia. Destaque para três homens vistos de frente, sentados à mesa de entrevista com microfones próximos aos seus rostos. Ao centro, um homem de cabelos grisalhos, curtos e lisos, vestindo uma camisa preta.
Ao centro, Le Duc chefe do Comitê Organizador do Partido Comunista do Vietnã, discursa durante uma rodada dos Acordos de Paz de Paris em 23 de janeiro de 1973, em Paris, França, após negociações de paz entre Vietnã do Norte e Estados Unidos. Em 1976, ele se tornou o líder do govêrno vietnamita após a reunificação do território.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Leia com os estudantes um texto sobre a expressão “Oriente Médio”. Depois, peça a eles que respondam à questão.

“A denominação Oriente Médio ganha projeção a partir do período pós-Segunda Guerra. Pode-se dizer que a designação é uma herança colonial, haja vista que esta alcunha fôra estabelecida pelo colonizador europeu. Senão, vejamos: a rigor, países a Léste do sudoeste asiático podem designar esta região como oriente? Para a América, ele é uma distância média? Parece estranho, aos japoneses, que esta região seja chamada de oriente, ou, ainda, de médio.

Hoje difundida como Oriente Médio, esta região já foi conhecida por outras denominações. Até o comêço do século [vinte] era mais usual a expressão Oriente Próximo reticências.”

SILVA, Edilson Adão Cândido da. Oriente Médio: a gênese das fronteiras. São Paulo: Zouk, 2003. página 47.

Segundo o autor, quem estabeleceu a denominação ”Oriente Médio”?

Resposta: O nome foi estabelecido pelos colonizadores europeus, pois tanto a denominação “Próximo” como “Médio” não têm sentido para muitos países asiáticos e para os países da América.

Oriente Médio

O Oriente Médio é uma região localizada no sudoeste da Ásia e compreende 15 países, além da Palestina, Estado que deveria ter sido criado juntamente com o Estado de Israel, como estudaremos em seguida. Ali, desenvolveram-se sociedades como a mesopotâmica, a persa, a bizantina, a árabe e a turca. A seguir, observe o mapa atual do Oriente Médio.

No início do século vinte, boa parte dessa região estava sob domínio colonial dos europeus. Logo após a Segunda Guerra Mundial, os povos locais lutaram pela independência. Porém, novas guerras começaram, como os conflitos árabe-israelenses.

Oriente Médio: divisão política atual

Mapa. Oriente Médio: divisão política atual. Em vermelho, Turquia, capital Ancara, parte asiática; em roxo, Síria, capital Damasco; em marrom, Líbano, capital Beirute; em verde escuro, Israel, capital Tel Aviv; em vermelho claro, Palestina, capital Jerusalém; em vermelho claro, Gaza; em amarelo, Jordânia, capital Amã; em rosa claro, Iraque, capital Bagdá; em verde claro, Arábia Saudita, capital Riad; em marrom, Iêmen, capital Sana; em amarelo, Omã, capital Mascate; em rosa, Emirados Árabes Unidos, capital Abu Dabi; em vermelho, Catar, capital Doha; em roxo, Kuait, capital Al Kuait; em verde, Barein, capital Manama; em laranja claro, Irã, capital Teerã; em verde, Afeganistão, capital Cabul. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 370 quilômetros.
Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 49.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

Que países fazem parte do Oriente Médio?

Conflitos árabe-israelenses

Na Antiguidade, quando os romanos reprimiram uma revolta hebraica na Palestina, os judeus foram obrigados a se dispersar por outros territórios (diáspora). Com essa dispersão, o povo judeu deixou de habitar uma única região, embora tenha preservado sua identidade cultural.

A situação judaica começou a mudar no final do século dezenove, quando grupos de judeus passaram a adquirir terras na Palestina. Esse movimento, conhecido como sionismoglossário , tinha como objetivo criar um Estado judaico na região.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Oriente Médio” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero, pois identifica e relaciona a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, a criação do Estado de Israel e a questão Palestina. Já o boxe “Observando o mapa” favorece o desenvolvimento da competência cê ê cê agá sete, ao promover uma reflexão que visa à análise de linguagem cartográfica.

Observando o mapa

O Oriente Médio é formado por Israel, Jordânia, Arábia Saudita, Iêmen, Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar, Barein, Kuait, Iraque, Síria, Líbano, parte da Turquia, Irã e Afeganistão, além da Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza), que depende de negociações para se tornar um Estado soberano.

Incentivados pelo movimento sionista, milhares de pessoas migraram de vários lugares do mundo para a Palestina. Mais tarde, esse movimento migratório aumentou em função das perseguições nazistas ao povo judeu.

Em 1945, a opinião pública internacional ficou abalada com o Holocausto, que provocou a morte de aproximadamente 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. O impacto do Holocausto contribuiu para que os membros da ônu aprovassem a criação de um Estado judeu na Palestina em 1947. Com base na decisão da ônu, o líder judeu davi bem guriôn (1886-1973) proclamou a criação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948.

A questão Palestina

A decisão da ônu, de 1947, previa também a criação de um Estado palestino na região. Mas isso não se concretizou. Sentindo-se usurpadosglossário pela criação do Estado de Israel, os governos de países vizinhos deram início, em 1948, à Primeira Guerra Árabe-israelense. A guerra terminou em 1949, com a vitória das fôrças de Israel e a ocupação de terras antes destinadas aos palestinos. Diante disso, milhares de palestinos refugiaram-se na Jordânia, na Síria, no Líbano e no Egito e reivindicaram o direito de constituir seu Estado.

A partir daí, ocorreram novos confrontos entre israelenses e povos vizinhos, de maioria muçulmana.

Divisão da Palestina proposta pela ONU (1947)

Mapa. Divisão da Palestina proposta pela ONU (1947). Em roxo, 'Estado israelense', compreendendo cidades como Tel Aviv e Haifa. Em amarelo 'Estado árabe', compreendendo cidades como Gaza e Nazaré. Em verde 'Área internacional', compreendendo Belém e Jerusalém. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 50 quilômetros.
Fontes: quínder, Atlas histórico mundial: de la Revolución Francesa a nuestros días. Madri: Istmo, 1982. página 278; Points chocatlas des conflits dans le monde abre colchetesem localfecha colchete: Edition 1987. página 58.
Fotografia. Um grupo de homens, vistos de frente, lado a lado, sobre algumas pequenas embarcações, portando bandeiras da Palestina. A bandeira da Palestina é retangular, possui um triângulo vermelho à direita e três faixas, uma preta, uma branca e uma verde, de cima para baixo.
Pescadores palestinos em Gaza, território da Palestina, protestam contra a redução da área de pesca para 11 quilômetros da costa, imposta pelo govêrno de Israel. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

A palavra “fundamentalismo” costuma ser utilizada para denominar movimentos religiosos conservadores cujos membros obedecem a determinados mandamentos tidos por eles como inquestionáveis.

Na história contemporânea, pode-se dizer que o fundamentalismo religioso surgiu nos primeiros anos do século vinte, nos Estados Unidos. Nesse caso, o termo foi aplicado a grupos cristãos protestantes que defendiam uma interpretação rigorosa, e até mesmo literal, da Bíblia.

Nas últimas décadas do século vinte, o termo foi utilizado para referir-se a grupos armados islâmicos que defendiam a luta (jirrád) contra a influência ocidental em seus países. Costumes ocidentais, representados por roupas, bebidas alcoólicas, músicas e consumismo, foram considerados contrários aos ensinamentos islâmicos.

Assim como os fundamentalistas cristãos pregam uma interpretação rigorosa da Bíblia, os fundamentalistas muçulmanos defendem interpretações rigorosas das normas inscritas em seu livro sagrado – o Corão.

Criação da ó éle pê

Em 1964, os palestinos fundaram a Organização para a Libertação da Palestina , tendo Yasser Arafat (1929-2004) como um de seus principais líderes.

O líder palestino Arafat e o primeiro-ministro de Israel, itsrrác Rabin (1922-1995), assinaram um primeiro acôrdo de paz em setembro de 1993. Nesse acôrdo, a ó éle pê reconhecia o Estado de Israel, e o govêrno israelense aceitava a formação de um Estado palestino.

Após esse acôrdo, formou-se o primeiro govêrno palestino autônomo (a Autoridade Nacional Palestina), com séde na cidade de rámalá, próxima a Jerusalém. Entretanto, o assassinato de itsrrác Rabin, em 1995, por um judeu fundamentalista fez a negociação retroceder.

Em 2004, Arafat morreu e a Autoridade Nacional Palestina passou a ser presidida por , que retomou o diálogo com os israelenses. Entretanto, as negociações de israelenses e palestinos não avançaram rumo a soluções pacíficas e duradouras.

Um dos pontos principais das desavenças é a situação de Jerusalém, cidade considerada sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos. Os palestinos pretendem transformar a parte oriental de Jerusalém na capital de seu futuro Estado. Já os israelenses não querem abrir mão do contrôle sobre toda a cidade e decretaram que Jerusalém é capital de Israel. Porém, essa decisão não recebeu amplo reconhecimento internacional.

Desde 2008, as fôrças israelenses promovem ataques à Faixa de Gaza, onde hoje vivem cêrca de dois milhões de palestinos. A justificativa para esses ataques são os lançamentos de foguetes palestinos contra localidades ao sul de Israel.

Fotografia. Destaque para um homem vestindo um casaco marrom e um longo lenço branco com linhas pretas sobre sua cabeça e ombro. À sua frente há vários microfones. Ao seu redor, diversos homens, a maioria vestindo ternos escuros.
O líder palestino Yasser Arafat em Washington, Estados Unidos. Fotografia de 1999.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

As mulheres desempenham um papel importante no movimento palestino pela criação de um Estado nacional. O texto a seguir aborda esse papel, que é ao mesmo tempo simbólico, religioso e político.

Mulheres palestinas e suas vestimentas

“A roupa das mulheres transformou seus corpos em verdadeiros emblemas políticos. O uso obrigatório ou livremente consentido do véu e da roupa islâmica indicam a expressão do poder dos grupos islamitas e o enfraquecimento das ideias nacionalistas. reticências A escolha de um tipo de véu, como outrora a escolha dos motivos bordados sobre o longo vestido negro, é um sinal da corrente na qual se situam as mulheres que o ostentam. Véu branco e rosto descoberto, às vezes maquiado, é simplesmente um sinal de religiosidade (particularmente quando as mulheres estão vestidas com calças jeans) ou de submissão a uma coerção exterior. Quando se acrescenta ao véu branco um longo vestido cinza ou violeta, que dissimula as fórmas, trata-se de um uniforme islâmico médio-oriental, geralmente designado ríjab. Quando todo o rosto, com exceção dos olhos, está encoberto por um véu negro e a mulher está inteiramente vestida de negro, incluindo mãos e pernas, sabe-se que estamos diante de uma militante islâmica

. As mulheres e a construção do sentimento nacional palestino. Cadernos Pagu, volume 4, página 179-180, 1995.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Utilize as expressões nos diagramas para preencher, no caderno, os espaços vazios do mapa conceitual a seguir.

Diagrama. Crise do colonialismo na África e na Ásia. Foi motivada por diversos fatores como. Espaço para resposta. Atuaram por meio de. Protestos, discursos, passeatas, valorização das culturas locais, luta armada. Crise do colonialismo na África e na Ásia. Foi motivada por diversos fatores como. Espaço para resposta. Desencadeada por. Prejuízos financeiros do pós-guerra, custos elevados da colonização, contradições entre defender a democracia e oprimir povos de outros continentes. Crise do colonialismo na África e na Ásia. Foi motivada por diversos fatores como. Espaço para resposta. Na qual Estados Unidos e União Soviética. Defendiam as independências de países africanos e asiáticos para conquistar seu apoio. Crise do colonialismo na África e na Ásia. Foi motivada por diversos fatores como. Espaço para resposta. Que tinha como objetivos. Estabelecer relações amistosas entre as nações, defender a igualdade e a autodeterminação dos povos. No canto superior direito, balões contendo diferentes textos: Guerra Fria, Criação da ONU, Movimentos afro-asiáticos e Crise econômica e moral na Europa.

integrar com arte

Interpretar texto e imagem

2. Em 1971, Djón lênon (1940-1980), que fôra integrante do grupo musical The Beatles lançou uma das músicas mais famosas de sua carreira: Imagine. A canção tornou-se um hino para a juventude, que vivia insatisfeita com a situação política daquele momento. Leia a seguir um trecho da canção original em inglês e, depois, sua tradução para o português.

imédgin

“Imagine there’s no countries

It isn’t hard to do

Nothing to kill or die for

And no religion too

Imagine all the people

Living life in peace

You may say

I’m a dreamer

But I’m not the only one

I hope someday

You’ll join us

And the world will be as one […]”

Tradução

“Imagine que não existam países

Não é difícil fazê-lo

Nada pelo que matar ou morrer

E nenhuma religião também

Imagine todas as pessoas

Vivendo a vida em paz

Você pode dizer

Que sou um sonhador

Mas eu não sou o único

Tenho a esperança de que um dia

Você se juntará a nós

E o mundo será um só reticências

IMAGINE Intérprete: Compositores: Yoko Ono. In: IMAGINE Intérprete: Universal Music Publishing ême gê bê Brasil limitada, 1972. 1 compacto simples, lado A. [Tradução dos autores].

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências da Bê êne cê cê:

  • cê gê dois (atividades 2 e 3);
  • cê gê seis (atividade 2);
  • cê gê sete (atividade 3);
  • cê gê oito (atividade 4);
  • cê ê cê agá um (atividades 2 e 3);
  • cê ê cê agá dois (atividade 1);
  • cê ê cê agá três (atividades 2 e 3);
  • cê ê cê agá quatro (atividade 3);
  • cê ê cê agá cinco (atividade 1);
  • cê ê cê agá seis (atividades 2 e 3);
  • cê ê agá um (atividades 2 e 3);
  • cê ê agá dois (atividade 3);
  • cê ê agá quatro (atividade 1);
  • cê ê agá cinco (atividade 1);
  • cê ê agá seis (atividade 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

1. O mapa conceitual deve ser preenchido, da esquerda para a direita, com os seguintes termos: Movimentos afro-asiáticos, Crise econômica e moral na Europa, Guerra Fria e Criação da ônu.

  1. Em que contexto histórico essa música foi criada? Utilize o conteúdo do capítulo como argumentação para a sua resposta.
  2. E você, o que deseja (imagina) para o mundo atual? Crie uma expressão artística sobre o assunto. Pode ser uma fotomontagem, um vídeo, uma letra de música etcétera

3. Em 1930, Marrátma Gândi escreveu uma carta ao vice-rei da Índia britânica. Nela, Gândi anuncia seus planos de desobedecer às leis do sal. A seguir, leia um trecho da carta de Gândi e faça o que se pede.

reticências cada vez mais, cresce em mim a convicção de que somente uma autêntica não violência pode acabar com a violência organizada do govêrno britânico. Muitos pensam que a não violência não é uma fôrça ativa. Minha experiência, embora seja indubitavelmente limitada, mostra que a não violência pode ser uma fôrça intensamente ativa. É meu propósito mobilizar essa fôrça contra o violento domínio britânico e contra os grupos que utilizam violência [que também lutam pela independência da Índia].”

Gândi, Márrátima. 62. To viceroy. M. K. Gandhi: selected letters In: TENDULKAR, D. G. Nova Délhi: Ministry of Information and Broadcasting Government of India 1951. volume três [1930-1934], página 20-27.

  1. Em sua carta, como Gândi caracteriza a estratégia da não violência? O que ele pretendia com essa estratégia?
  2. Você concorda com a visão de Gândi sobre o uso da não violência ativa como fórma de resistência? Debata o assunto com os colegas.

4. Leia o texto a seguir, escrito em 1965 pelo historiador Eric róbisbáum. Depois, responda às questões.

reticências os Estados Unidos desde 1945 têm apostado inteiramente na superioridade de seu poderio industrial, na sua capacidade de usar numa guerra mais máquinas e mais explosivos do que qualquer outro país. Consequentemente, eles ficaram gravemente abalados ao descobrirem que um novo método de ganhar guerras foi desenvolvido em nossa época Trata-se da guerra de guerrilhas, e o número de Golias que tem sido derrubado pelos estilingues dos David já é impressionante: os japoneses na China, os alemães na Iugoslávia os ingleses em Israel, os franceses na Indochina e Argélia.

Atualmente, os próprios Estados Unidos estão sendo submetidos ao mesmo tratamento no Vietnã do Sul. Daí as angustiadas tentativas de lançar bombas e mais bombas contra homens pequenos, escondidos atrás de árvores, ou de descobrir a mágica reticências que permite aos poucos milhares de camponeses mal armados conter o maior poderio militar da Terra. Daí também a simples recusa em acreditar que possa ser assim.”

Eric. O Vietnã e a dinâmica da guerra de guerrilhas. In: Eric. Revolucionários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. página 165-166.

  1. De acôrdo com o texto, qual foi o “novo método de ganhar guerras” desenvolvido na segunda metade do século vinte?
  2. O autor do texto faz referência a Golias e David. Pesquise quem são essas personagens bíblicas e explique o que significa essa referência.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

2. Atividade interdisciplinar com Arte que busca desenvolver a capacidade artística dos estudantes, contribuindo para aumentar o repertório cultural de cada um deles.

  1. A música Imagine, de Djón lênon e Yoko Ono, prega a paz e a união de toda a humanidade. Na época de sua criação, ocorria a Guerra do Vietnã e havia a ameaça de um confronto direto entre Estados Unidos e União Soviética. Esse cenário deixava parte da juventude inconformada, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa. Por isso, a música tornou-se um “hino da juventude” e um símbolo para aqueles que desejavam a harmonia e a paz.
  2. Produção pessoal. Estimule a criatividade e o posicionamento crítico dos estudantes. Depois de criarem suas obras, eles podem apresentá-las aos colegas e, se for conveniente, expô-las na escola.

3. a) Em sua carta, Gândi descreve a estratégia da não violência como uma “fôrça intensamente ativa”. Com essa estratégia, ele pretendia combater a violência (britânica e indiana) e acabar com a colonização. É possível apontar que nem todos os indianos concordavam com a estratégia pacifista de Muitos acreditavam que, para alcançar a independência da Índia, era necessário recorrer à violência.

b) Tema para reflexão e debate. Para estimular o debate, é possível comentar que a estratégia de Gândi foi capaz de reunir diversos grupos religiosos e ideológicos da Índia em favor de uma mesma causa: a independência. Ressalte que ações violentas são amplamente utilizadas para resolver conflitos. Porém, existem outros caminhos, como boicotes, negociações e manifestações pacíficas.

Esta atividade promove a reflexão e a adoção de comportamentos que almejamos para a sociedade como um todo e para a comunidade escolar em particular. Gândi é considerado um exemplo e um expoente da cultura de paz.

4. a) De acôrdo com o texto, o “novo método de ganhar guerras” desenvolvido na segunda metade do século vinte foi a guerra de guerrilhas. Para complementar essa discussão, o professor pode ler o seguinte verbete para os estudantes:

“A guerrilha é um tipo de combate caracterizado pelo choque entre formações irregulares de combatentes e um exército regular. reticências O bom conhecimento do terreno e o apôio da população permitem adotar uma tática que frustra e reduz ao mínimo o número dos ataques maciços dos inimigos e desfecha golpes decisivos sob a fórma de sabotagens e emboscadas contra as unidades isoladas do exército as linhas de comunicação e de fornecimento e as fontes de riqueza do govêrno.”

ATTINÀ, Fulvio. Guerrilha. In: bóbio, Norberto (organizador). Dicionário de política. Brasília; São Paulo: Editora da ú êne bê/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2000. página 577.

b) David e Golias são personagens bíblicas. O primeiro, mais frágil, teria vencido o segundo (um gigante) em combate, usando uma arma simples: uma pedra. A referência a essas personagens significa a vitória de países pobres e subdesenvolvidos sobre potências econômicas e militares. Esse foi o caso do Vietnã sobre os Estados Unidos e o da Argélia sobre a França.

Glossário

Sionismo
: termo de origem latina que se refere ao monte Sião, em Jerusalém, onde ficava o Templo de Salomão.
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Usurpado
: aquele que sofreu usurpação, isto é, teve algo que lhe pertencia retirado de fórma desonesta.
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