UNIDADE 3GUERRA FRIA, DESCOLONIZAÇÃO E DEMOCRATIZAÇÃO

CAPÍTULO 9 PERÍODO DEMOCRÁTICO NO BRASIL (1945-1964)

O período de 1945 a 1964 foi extremamente dinâmico na vida brasileira. Trabalhadores ergueram Brasília, a nova capital do país. A bossa nova revolucionou a música popular. A seleção brasileira de futebol ganhou a primeira Copa do Mundo, com craques como Pelé e Garrincha. Foi criada uma das maiores áreas do mundo destinadas aos povos originários, o Parque Indígena do Xingu. E foi fundada a Petrobrás, uma das mais importantes empresas do país.

O cenário político trepidou: um presidente da república cometeu suicídio, outro renunciou ao cargo e, ainda, outro foi deposto por um golpe de Estado.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Qual é a importância da música e do esporte em sua vida? Converse com os colegas sobre o assunto.

Fotografia. Uma catedral contendo vigas curvas e largas na base, convergindo para o centro, formando uma coroa no topo, ao redor de um crucifixo. Entre as vigas, vitrais.
Catedral Metropolitana de Brasília, Distrito Federal, projetada por Oscar Niemáier. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih zero dois
  • ê éfe zero nove agá ih zero seis
  • ê éfe zero nove agá ih zero sete
  • ê éfe zero nove agá ih um sete
  • ê éfe zero nove agá ih um oito

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam em função dos temas tratados no capítulo: aspectos da economia, política e cultura do período recortado; as ideias e práticas do nacionalismo e do trabalhismo; o desenvolvimento econômico e a perpetuação das desigualdades; as tensões e o golpe contra um govêrno eleito; e de assuntos correlatos, como as noções de modernidade e desenvolvimento, episódios da política que tiveram consequências imprevisíveis na época, fórmas de expressão artística e políticas indigenistas.

  • Compreender as consequências internas da política externa do Brasil durante a Guerra Fria.
  • Refletir sobre o govêrno Vargas (1951-1954), destacando o nacionalismo econômico, o trabalhismo e a crise política.
  • Analisar algumas características do govêrno de Juscelino cubishéqui, destacando a modernização, a internacionalização econômica e a democracia liberal.
  • Estudar o contexto político que precedeu o golpe civil-militar de 1964.
  • Valorizar a democracia na política e no convívio social tendo como base o respeito aos direitos fundamentais do ser humano.

Para começar

Resposta pessoal. A música e o esporte são atividades importantes que despertam fascínio e admiração de muitas pessoas. Há aquelas que se dedicam a essas atividades como hobby e outras que as praticam de fórma profissional. Além disso, em geral, essas atividades contribuem para o bem-estar físico, social e emocional. Se considerar pertinente, estimule os estudantes a refletir sobre a escolha de hobbies e profissões.

Fotografia. Vista aérea de uma estação com vários tanques circulares próximos uns aos outros, conectados a uma segunda porção de terra por uma ponte. Esta outra porção de terra, contém diversas usinas e chaminés pelas quais partem colunas de fumaça.
Vista aérea da primeira refinaria nacional de petróleo no Brasil, inaugurada em 1950, em São Francisco do Conde, Bahia. Fotografia de 2021. A defesa da nacionalização do petróleo foi uma das marcas do govêrno Vargas.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens indígenas, de cabelos lisos e curtos, com o peito desnudo. A maioria tem pinturas no rosto, usa braçadeiras de plumas, colar e adereços nas orelhas. Ao centro, sentado, um homem indígena de meia-idade, de cabelos curtos e lisos, com um cocar de penas na cabeça, portando um arco e uma flecha. Ao seu lado, sentados, dois homens não indígenas: um, à esquerda, de camisa branca; e outro, à direita, de camiseta listrada. Ambos usam óculos.
Cláudio (de camisa branca) e Orlando Villas-Bôas (de camiseta) com representantes dos povos originários reunidos no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Fotografia de 1974.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Após o fim do Estado Novo, o país entrou num período de eleições regulares. Nesse período, podemos destacar o suicídio de um presidente (Getúlio Vargas, 1954) e a derrubada do poder de outro (João gulár, 1964). Vamos ressaltar neste capítulo as questões sociais e políticas mais relevantes de 1954 a 1964, de modo a identificar e analisar as raízes do golpe civil-militar de 1964.

Em um primeiro momento, sugerimos levantar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre a noção de democracia. Para isso, pergunte o que eles entendem por democracia e peça que registrem as respostas em seus cadernos. Em seguida, destaque a diversidade de significados presentes nessa noção e explore o fato de que, para alguns, a democracia é, em sua definição clássica, “govêrno do povo, para o povo, pelo povo”. É interessante discutir os significados mais recentes que apontam a democracia como um valor fundamental que deve permear as relações sociais, econômicas, políticas e culturais de uma sociedade.

Vida política, econômica e cultural (1946-1950)

Terminado o Estado Novo em 1945, como estudamos no capítulo 6, foram realizadas eleições gerais. No final daquele ano, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente da república. Ele assumiu o poder em 1946, com mandato até janeiro de 1951.

Nessa época, também foram eleitos deputados federais e senadores de partidos como pê ésse dê (Partido Social Democrático), u dê êne (União Democrática Nacional), pê tê bê (Partido Trabalhista Brasileiro) e pê cê bê (Partido Comunista Brasileiro).

Deputados e senadores formaram uma Assembleia Constituinte a partir de 2 de fevereiro de 1946, a fim de elaborar uma nova Constituição Federal, pois a anterior havia sido feita sob a ditadura do Estado Novo. Sete meses depois, a Constituição foi promulgada. Conheça alguns princípios ali contidos:

  • definia o país como uma república democrática, federalista e presidencialista. Os três poderes eram o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, que passaram a funcionar com mais independência do que no período anterior. Foram instituídos os direitos à liberdade de pensamento, crença religiosa, expressão, locomoção e associação de classe, entre outros;
  • estabelecia o direito de voto para os brasileiros de ambos os sexos e maiores de 18 anos. Continuavam excluídos do direito de votar os analfabetos (cêrca de 50% da população da época) e os militares de baixa patente (cabos e soldados);
  • preservava e ampliava os direitos trabalhistas, oficializados em leis editadas de 1930 a 1945. Era garantido aos trabalhadores o direito de greve. Para exercê-lo, eles dependiam de uma avaliação dos juízes do trabalho. Por outro lado, o govêrno federal mantinha contrôle sobre os sindicatos de trabalhadores.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens aglomerados em um salão, a maioria vestindo paletós escuros. No canto inferior direito, nota-se a presença de uma única mulher, de perfil.
Deputados e senadores na sessão de assinatura e promulgação da Constituição Federal de 1946, na Câmara dos Deputados, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1946.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Vida política, econômica e cultural (1946-1950)”, incluindo seus subitens, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih zero dois, ao caracterizar um ciclo da história republicana.

Texto de aprofundamento

O trecho a seguir destaca a tentativa de diminuir as diferenças regionais por meio de uma tributação mais equilibrada e distributiva na Constituição de 1946.

Igualdade regional na Constituição de 1946

“Com o retôrno do regime democrático, nova Constituição foi escrita, a de 1946. reticências. A Constituição de 1946 introduziu o primeiro mecanismo de transferências intergovernamentais da esfera federal para as municipais, excluídos os estados, na tentativa de diminuir os desequilíbrios verticais de receita reticências. A questão dos desequilíbrios horizontais também foi parcialmente introduzida pela destinação de recursos federais para as regiões economicamente mais pobres. Essas medidas, no entanto, tiveram efeito reduzido devido ao crescimento das atividades federais, ao aumento do número de novos municípios, à inflação e ao não pagamento das quotas federais aos municípios reticências. Seus dispositivos [da Constituição de 1946] e o regime democrático por ela regulado sobreviveram a várias crises políticas: suicídio de [Getúlio] Vargas, renúncia de Jânio Quadros e posse de João gulár. No entanto, não foi capaz de sobreviver à crise econômica e política iniciada em meados dos anos 1960.”

SOUZA, Celina. Federalismo, desenho constitucional e instituições federativas no Brasil pós-1988. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, número 24, página 108, junho 2005.

Tensões e limites da democracia

O contexto global após a Segunda Guerra Mundial foi marcado pelas tensões da Guerra Fria (disputas entre Estados Unidos e União Soviética), como estudamos no capítulo 7. O govêrno brasileiro aliou-se ao bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos. As consequências disso foram o rompimento das relações diplomáticas com os soviéticos, em 1947, e a proibição das atividades do Partido Comunista Brasileiro (pê cê bê). Os parlamentares comunistas que haviam sido eleitos tiveram seus mandatos cassados.

A democratização mostrava seus limites. O govêrno Dutra agia de fórma autoritária também em relação aos trabalhadores. Em nome do combate à inflação, a equipe econômica impedia o reajuste dos salários, o que levou os trabalhadores a realizar greves em várias partes do país. Em reação, o govêrno suspendeu o direito de greve, interveio diretamente em sindicatos e prendeu vários líderes.

Fotografia em preto e branco. Capa de um jornal com a manchete: 'A grandiosa greve do proletariado paulista'. Ao centro, um grupo de homens aglomerados, com os braços e mãos ao alto.
Manchete da primeira página do jornal Voz Operária de 2 de abril de 1953. Na semana anterior, trabalhadores tinham paralisado as indústrias têxteis e metalúrgicas na cidade de São Paulo, São Paulo, naquela que ficou conhecida como Greve dos 300 Mil. O movimento grevista começou em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul, e se espalhou pelo país, desafiando um decreto do presidente Dutra, que tentava impedir o exercício desse direito pelos trabalhadores.

Economia e planejamento

Durante a Segunda Guerra Mundial, as exportações brasileiras foram maiores do que as importações. Isso permitiu acumular moeda estrangeira e possibilitou ao govêrno pagar parte da dívida externa e manter milhões de dólares em seus cofres.

No entanto, a partir de 1946, a situação financeira do Brasil mudou: alinhado aos países capitalistas, o govêrno Dutra “abriu” o país às empresas estrangeiras e à importação de produtos como brinquedos, automóveis, geladeiras e aparelhos de rádio, comprometendo o equilíbrio comercial. Em dois anos, quase 80% das reservas em moeda estrangeira no Brasil foram gastas.

De modo geral, o govêrno adotou uma política econômica de perfil liberal, mas interveio em setores considerados essenciais. Para isso, foi elaborado o Plano Salte, sigla que remetia às palavras “saúde”, “alimentação”, “transporte” e “energia”. A verdade é que não havia recursos suficientes para a execução de todo o plano e apenas algumas medidas foram implementadas, como a conclusão da estrada entre Rio de Janeiro e São Paulo, que recebeu o nome de Rodovia Presidente Dutra.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

O Plano Salte, embora não tenha conseguido alcançar os resultados que previa, é considerado um dos primeiros planejamentos de govêrno feito no Brasil. Ele foi elaborado por funcionários governamentais e entrou em vigor a partir de sua votação no Congresso Nacional. Leia, a seguir, um trecho da análise sobre esse plano.

Planejamento econômico: Plano Salte

“Os técnicos governamentais iniciaram os estudos preparatórios do Plano Salte utilizando trabalhos e projetos herdados do período anterior, ainda no Estado Novo, como: Plano Ferroviário Nacional, Plano Nacional de Viação, Rodoviário e Plano Nacional de Eletrificação reticências.

O Plano Salte e o Plano de Metas, de 1956, foram considerados como as duas primeiras tentativas reais de planejamento econômico elaboradas no Brasil reticências.

‘O govêrno Dutra entendia ser imprescindível que os poderes públicos exercessem vigorosa e perseverante política de valorização do homem brasileiro, começando por curar suas moléstias, facilitar recursos e instrumentos de trabalho que habilitassem o trabalhador a produzir maior quantidade e melhor qualidade de gêneros alimentícios, para o seu próprio consumo e para o comércio, de modo geral; e para conceder meios de transporte reclamados por todos, para o integral povoamento e compensatória exploração do solo’ (Salte, 1950).”

LONGO, Riolando. Avaliação da política energética e da política industrial no Brasil: do plano Salte ao Plano Brasil para Todos. 2009. Tese (Doutorado em Energia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. página. 49-50.

Texto de aprofundamento

A Greve dos 300 Mil tinha por objetivo incluir as reivindicações dos trabalhadores nas disputas políticas, tendo sido amplamente noticiada pela imprensa da época. Leia o trecho a seguir, que explica as demandas dos operários e a mobilização que o movimento conseguiu realizar.

Greve dos 300 Mil

“Comandada pelo Partido Comunista Brasileiro, contando com filiados do pê ésse dê, pê tê bê, pê ésse pê e pê ésse dê, a Greve dos 300 Mil se iniciou com a assembleia geral dos tecelões e teve a gradativa adesão de outras categorias do setor têxtil, como marceneiros, carpinteiros, operários do setor de calçados, gráficos, madeireiros e vidreiros. O aumento do salário mínimo, em 60%, era a principal reivindicação dos trabalhadores, mas reticências o movimento ‘assumiu também um conteúdo de desafio à legislação restritiva do direito à greve’ reticências. No dia 18 de março daquele ano, uma passeata chamada de ‘Panela Vazia’ reuniu 60 mil pessoas, que caminharam da Praça da Sé até o Palácio Campos Elísios, então séde do govêrno do estado, exigindo reajuste salarial reticências.

Uma semana depois, cêrca de trezentas mil pessoas paralisaram suas atividades laborais reticências.”

PADOVANI, Patrícia Ribeiro dos Reis. Última Hora: uma tribuna do govêrno e dos trabalhadores. Uma análise sobre a contribuição do jornal para o legado político do trabalhismo. 2016. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais) – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2016. página 90-92.

Painel

Cultura: arte popular

Em 1947, o artista Augusto Rodrigues (1913-1993) organizou uma exposição na cidade do Rio de Janeiro com obras de outros artistas plásticos populares de Pernambuco. Esse evento contribuiu para que a arte popular brasileira ganhasse prestígio em grandes cidades do Brasil e do mundo.

Na arte popular brasileira, destaca-se a bela produção de esculturas, entalhes e modelagens, representando desde cenas do cotidiano até criaturas imaginárias. Por meio de suas obras, os artistas populares expressam seus pontos de vista sobre a realidade e, assim, tornam-se protagonistas de sua própria história.

A seguir, conheça aspectos da vida e das obras de alguns artistas populares brasileiros.

MESTRE VITALINO (1909-1963)

Vitalino Pereira dos Santos nasceu em uma vila perto de Caruaru, Pernambuco. Ainda jovem, começou a modelar argila para vender peças de cerâmica na feira da região. Em 1947, teve suas obras expostas no Rio de Janeiro e conquistou o grande público. Criou um estilo que passou a ser reproduzido por diversos artistas e deu origem à chamada Escola de Caruaru. Por sua habilidade e liderança, foi reconhecido como mestre por outros ceramistas. Apesar da enorme fama que alcançou, morreu pobre. Vitalino transformou-se em um símbolo da arte popular brasileira.

Fotografia em preto e branco. Um homem de cabelos curtos e escuros, vestindo uma camisa clara, com o rosto voltado para suas mãos, uma portando um objeto afilado, e a outra portando uma escultura.
Mestre Vitalino esculpindo uma de suas obras em Caruaru, Pernambuco. Fotografia de 1958.

MESTRE GALDINO (1929-1996)

Manuel Galdino de Freitas nasceu na cidade de São Caetano, perto de Caruaru, Pernambuco. Abandonou o trabalho na construção civil para dedicar-se à modelagem cerâmica. Criou monstros e personagens que parecem ter saído de um sonho. É o caso da peça Lampião-sereia, que representa o temido cangaceiro nordestino como uma doce criatura mitológica. Mestre Galdino dizia que, se Lampião tivesse conhecido o mar, não teria se tornado bravo e cruel.

Fotografia. Vista da fachada central de uma pequena casa, com paredes amarelas, duas entradas laterais marrons, diversas plantas no solo, enfileiradas, e o texto: 'Memorial Mestre Galdino'.
Fachada do Memorial Mestre Galdino, em Caruaru, Pernambuco. Fotografia de 2015.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “Cultura: arte popular” favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê gê quatro, cê gê seis, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê cê agá três, cê ê cê agá quatro, cê ê agá três e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um sete, ao analisar processos sociais e culturais do Brasil a partir de 1946.

Texto de aprofundamento

O conceito de cultura popular, utilizado desde o século dezoito, tem mobilizado historiadores de diferentes filiações teóricas. A seguir, apresentamos dois textos acerca do conceito.

Texto 1

O historiador francês Rogê Cartiê trouxe uma contribuição importante sobre a definição de cultura popular.

Cultura popular: diferentes interpretações

“Assumindo o risco de simplificar ao extremo, é possível reduzir as inúmeras definições da cultura popular a dois grandes modelos de descrição e interpretação. O primeiro reticências concebe a cultura popular como um sistema simbólico coerente e autônomo reticências e irredutível à da cultura letrada. O segundo reticências percebe a cultura popular em suas dependências e carências em relação à cultura dos dominantes. Temos, então, de um lado, uma cultura popular que constitui um mundo à parte reticências e, de outro, uma cultura popular inteiramente definida pela sua distância da legitimidade cultural da qual ela é privada reticências.”

Cartiê, Rogê. “Cultura popular”: revisitando um conceito historiográfico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, volume 8, número 16, página 179-180, 1995.

Texto 2

O historiador britânico éduard P. tompison estudou o tema da cultura popular, para pensar fórmas de resistência à dominação.

Cultura popular como resistência

reticências as práticas e as normas [culturais] se reproduzem ao longo das gerações na atmosfera lentamente diversificada dos costumes. As tradições se perpetuam em grande parte mediante a transmissão oral, com seu repertório de anedotas e narrativas reticências. Sempre que a tradição oral é suplementada pela alfabetização crescente, os produtos impressos de maior circulação reticências tendem a se sujeitar a expectativas da cultura oral reticências.

Essa cultura se transmite com vigor – e possivelmente também gera – desempenhos ritualísticos ou estilizados, na recreação ou em fórmas de protesto reticências.”

Tômpsan, Éduard P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. páginaponto 18.

GERALDO TELES DE OLIVEIRA, o gê tê ó (1913-1990)

Geraldo Teles de Oliveira, mais conhecido como gê tê ó, nasceu em Itapecerica, Minas Gerais. Com mais de 50 anos de idade, depois de ser trabalhador rural, fundidor e vigia noturno, tornou-se escultor, fazendo entalhes em madeira que ficaram famosos. Neles, são representados vários seres humanos, que se repetem em estruturas geométricas, como o retângulo e o círculo.

Escultura em madeira. Uma escultura em formato circular, retratando diversas pessoas vistas de cima, deitadas nas mais diferentes posições, de mãos dadas e braços entrelaçados.
Roda da vida, escultura em madeira de Geraldo Teles de Oliveira (gê tê ó), 1972.

ADALTON FERNANDES LOPES (1938-2005)

Adalton Fernandes Lopes nasceu em Niterói, Rio de Janeiro. Em suas obras representou festas, trabalhadores, casamentos, nascimentos e episódios bíblicos, entre outros temas. Suas peças mais famosas são os bonecos articulados, que parecem ganhar vida quando movimentados por engenhocas mecânicas.

Fotografia. Destaque para um homem, visto de frente, com cabelos lisos, curtos e grisalhos, um bigode no rosto, vestindo uma camiseta amarela e uma calça azul. À sua frente, uma roda feita com dois arcos maiores, azuis, e dois arcos menores, vermelhos, e com hastes de palitos coloridos partindo do centro. Entre os dois arcos maiores, há bonecos de pessoas em miniatura sentados sobre bancos, dispostos em formato circular, representando um passeio de roda-gigante.
Adalton Fernandes Lopes entre suas obras no Rio de Janeiro. Fotografia de 1998.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Os artistas mencionados na seção “Painel” atuaram em que regiões do Brasil? Que materiais eles utilizaram para produzir suas obras? Eles sempre viveram de seu trabalho como artistas?

Resposta: O texto menciona artistas de Pernambuco (Mestre Vitalino e Mestre Galdino), Minas Gerais (Geraldo Teles de Oliveira, o gê tê ó) e Rio de Janeiro (Adalton Fernandes Lopes). Eles criaram suas obras a partir de materiais como argila e madeira. Antes de se dedicarem ao trabalho como artistas, alguns deles trabalharam na construção civil e em atividades rurais, além de terem exercido as funções de fundidor e vigia noturno.

Outras indicações

Mestre Vitalino. Enciclopédia Itaú Cultural, 20 maio 2022. Disponível em: https://oeds.link/7P0hgD. Acesso em: 2 abril 2022.

Página dedicada ao Mestre Vitalino com textos, reproduções de obras e relação das exposições do artista.

gê tê ó (Geraldo Teles de Oliveira). Museu Afro Brasil. Disponível em: https://oeds.link/zFv4z4. Acesso em: 2 abril 2022.

A biografia do escultor é apresentada em conjunto com sua produção artística.

Museu Casa do Pontal. Disponível em: https://oeds.link/ywwBcU. Acesso em: 2 abril 2022.

Página do Museu Casa do Pontal, onde artistas como Adalton Fernandes Lopes e gê tê ó têm obras expostas.

Texto de aprofundamento

O texto a seguir aborda a importância dos trabalhos de Mestre Galdino e Mestre Vitalino e a influência de ambos na arte ceramista, em especial, em Caruaru, Pernambuco.

Mestre Galdino e Mestre Vitalino

“Mestre Galdino foi poeta, violeiro e ceramista. Viveu no bairro do Alto do Moura, localizado em Caruaru, Pernambuco, local onde se nota a significação e a importância de suas cerâmicas. Logo na entrada do bairro nos deparamos com uma homenagem aos dois ceramistas responsáveis pela tradição do núcleo de ceramistas de Caruaru: Mestre Galdino e Mestre Vitalino reticências.”

VITORINO, Rosângela Ferreira de Oliveira. Mestre Galdino: o ceramista poeta de Caruaru – Pernambuco. 2013. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, São Paulo, 2013. página 9.

Nacionalismo e trabalhismo (1951-1954)

Getúlio Vargas venceu as eleições à Presidência da República no final de 1950. Com a volta dele ao poder, foram retomados o nacionalismo e a política trabalhista.

O período foi marcado pelo conflito entre grupos nacionalistas, que apoiavam o govêrno, e grupos que queriam abrir a economia do país ao capital estrangeiro. Esse embate mobilizou vários setores da sociedade, como trabalhadores, estudantes, parlamentares e a imprensa.

Uma das questões mais polêmicas foi a nacionalização do petróleo. Os nacionalistas defendiam que o petróleo fosse extraído por uma empresa estatal brasileira e fizeram campanha usando o lema “O petróleo é nosso”. A campanha obteve sucesso, com a criação da Petrobrás em 1953. Essa empresa estatal monopolizava a extração do petróleo brasileiro e controlava parcialmente o refino.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de homens lado a lado, com destaque para um deles ao centro, de cabelos curtos e lisos, vestindo um paletó escuro, com um dos braços a frente e a palma de uma das mãos exposta, coberta com uma substância escura.
Getúlio Vargas com petróleo na palma da mão, em um gesto de defesa da nacionalização do petróleo, durante visita à refinaria Landulpho Alves, a primeira refinaria nacional, em São Francisco do Conde, Bahia. Fotografia de 1952.

Ainda em 1953, o govêrno propôs limitar a remessa ao exterior dos lucros das empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil. A proposta foi barrada no Congresso Nacional por pressão de grupos internacionais.

A política nacionalista brasileira foi combatida pelo govêrno dos Estados Unidos, que apoiava os interesses das empresas estrangeiras sediadas no Brasil, principalmente as estadunidenses.

A política trabalhista também foi alvo de grandes debates. Por sugestão do ministro do Trabalho, João gulár, foi autorizado o aumento de 100% no salário mínimo, em 1954. Essa medida recuperou parte do poder aquisitivo do salário mínimo, mas deixou insatisfeitos os empresários e a oposição ao govêrno.

Em razão das medidas de proteção aos trabalhadores e às riquezas nacionais, a u dê êne (partido da oposição) e setores ligados ao capital estrangeiro passaram a conspirar contra o govêrno Vargas. Um dos principais líderes da u dê êne era Carlos Lacerda, político e diretor do jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro. Lacerda pregava abertamente a destituição de Vargas por qualquer meio.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Qual é o valor atual do salário mínimo? Em sua opinião, ele é suficiente para suprir as necessidades de uma pessoa? Pense em gastos mensais básicos como alimentação, vestuário, moradia, saúde, lazer etcétera, e debata o assunto com os colegas.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Nacionalismo e trabalhismo (1951-1954)” favorece o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê seis, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá cinco, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá três e cê ê agá quatro, bem como das habilidades ê éfe zero nove agá ih zero seis e ê éfe zero nove agá ih um sete, pois discute o papel do trabalhismo no Brasil e analisa processos sociais, econômicos, culturais e políticos do país.

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. Em julho de 2022, o valor do salário mínimo era de R$ 1 212,00mil duzentos e doze reais. Espera-se que os estudantes percebam, que dependendo do local, esse valor é insuficiente para suprir as necessidades de uma pessoa com moradia, alimentação, vestuário, saúde, lazer etcétera

Durante a atividade, eles podem, por exem­plo, pensar em seus próprios gastos semanais ou mensais; pesquisar qual é o valor médio da conta de supermercado, luz, água e alu­guel de sua família, entre outros gastos básicos mensais que uma pessoa ou uma família costumam ter. Os valores apresentados podem ser estimados. Essa atividade possibilita o trabalho com o tema contemporâneo transversal Educação financeira e colabora para ampliar a reflexão dos estudantes sobre custos de vida. Além disso, permite que eles reflitam sobre a importância de um salário mínimo que garanta condições dignas de vida.

Suicídio de Vargas

A campanha contra Getúlio Vargas intensificou-se em 1954. Políticos da u dê êne e jornalistas de oposição atacavam duramente o govêrno, acusando-o, por exemplo, de corrupção. Nesse contexto, em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi vítima de um atentado em frente ao prédio onde morava, na cidade do Rio de Janeiro. Ele saiu ferido com um tiro no pé, e Rubem Vaz, major da aeronáutica que o acompanhava, morreu.

Investigações sobre o crime indicaram que o assassino cumpria ordens de Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial. As notícias sobre o crime deram fôrça aos ataques da oposição, que exigia a renúncia do presidente e, ao mesmo tempo, organizava um golpe para tirá-lo do poder.

Sentindo-se isolado, Vargas escreveu uma carta endereçada ao povo brasileiro e suicidou-se com um tiro no coração em 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete. Um dos trechos da carta dizia:

“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. reticências O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei minha vida. Agora ofereço a minha morte. reticências Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”

CARTA-TESTAMENTO de Getúlio Vargas. In: NETO, Lira. Getúlio. Da volta pela consagração popular ao suicídio (1945-1954). São Paulo: Companhia das Letras, 2014. página. 348.

O suicídio de Vargas comoveu grande parte da população e contribuiu para impedir que os militares tomassem o poder sob a liderança de Lacerda. Nos 17 meses que faltavam para o final do mandato de Vargas, a Presidência foi exercida interinamente por substitutos, até a eleição de um novo presidente da república.

Fotografia em preto e branco. Dois veículos tombados, com as palavras 'O Globo' na lataria, e ao redor, dezenas de pessoas aglomeradas, algumas portando bastões.
Pessoas atacam veículos do jornal O Globo, considerado de oposição a Vargas, no dia do suicídio do presidente, na cidade do Rio de Janeiro. Fotografia de 1954.
Fotografia. Vista de um quarto com chão de madeira, uma cama com cabeceira, também em madeira, tocando a parede ao fundo. Uma pequena mesa redonda com duas cadeiras, uma cômoda, e um lustre pendendo do teto. Na parede, ao fundo e à esquerda, um quadro de moldura dourada, com um retrato de Vargas.
Quarto do presidente Getúlio Vargas em exposição no Museu da República, instalado no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2017. No local, os visitantes podem observar objetos pessoais de Vargas e a sua carta-testamento.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Como aprofundamento da temática abordada no Para pensar da página 174, sugerimos a aplicação desta atividade complementar.

Em grupos, escolham no bairro onde vivem, na escola ou em seu meio familiar, uma pessoa para ser entrevistada. Na ocasião da entrevista, perguntem ao entrevistado acerca de sua renda mensal e, sem causar constrangimento e se ele se sentir à vontade, quanto (em termos percentuais) é gasto em despesas como moradia, alimentação, transporte, lazer e vestuário. Caso o entrevistado seja responsável por outras pessoas, como filhos, perguntem qual percentual da renda mensal é destinado, por exemplo, com educação e assistência médica para essas pessoas. Os dados colhidos pelos grupos podem ser comparados. Para isso, apresentem os resultados em uma apresentação oral e, em seguida, anotem os valores levantados na lousa. Ao final da atividade, estabeleçam uma relação entre renda e despesas, refletindo sobre a importância de compor um salário mínimo que permita condições dignas de sobrevivência aos cidadãos.

Desenvolvimento e desigualdades (1956-1961)

Nas eleições de 1955, Juscelino cubishéqui de Oliveira (1902-1976), conhecido como Jota Ka, foi eleito presidente da república. Para assumir a Vice-presidência foi eleito João gulár (1918-1976), conhecido como Jango.

Os udenistas (membros da u dê êne) foram derrotados nessas eleições. Liderados por Carlos Lacerda, tentaram dar um golpe para impedir a posse dos eleitos. Alegavam, por exemplo, que os vencedores eram apoiados pelo “comunismo internacional” e não tinham a maioria absoluta dos votos. Porém, militares comandados pelo general Henrique Teixeira Lott (1894-1984) garantiram a posse de Juscelino cubishéqui e João gulár.

Ideal de uma nação moderna

A propaganda do govêrno federal prometia que o Brasil cresceria “50 anos em 5”. Para tanto, foram elaboradas políticas desenvolvimentistas, como o Plano de Metas. Esse plano previa obras de infraestrutura e de estímulo à industrialização.

Entre as principais realizações do govêrno Jota Ka, destacam-se:

  • construção de usinas hidrelétricas, como Furnas e Três Marias, em Minas Gerais;
  • abertura de 20 mil quilômetros de rodovias, entre elas a Belém-Brasília, ligando o Distrito Federal e os estados de Goiás, Maranhão e Pará;
  • implantação da indústria automobilística;
  • crescimento da produção de petróleo em mais de 150%.

Além disso, o govêrno federal empenhou-se na construção de Brasília, a nova capital do país. As obras seguiram o plano urbanístico de Lúcio Costa (1902-1998) e projetos de arquitetura de Oscar Niemáier (1907-2012).

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, graças ao trabalho de milhares de candangos, nome pelo qual ficaram conhecidos os trabalhadores vindos de todas as partes do país, especialmente do Nordeste, para construir a nova capital.

O govêrno Jota Ka internacionalizou a economia, aumentou a dívida externa e manteve os salários em níveis baixos. Nessa época, grandes empresas multinacionais instalaram filiais no Brasil para produzir eletrodomésticos, automóveis, tratores, artigos químicos e farmacêuticos. Por isso, os grupos defensores do nacionalismo afirmavam que essa política econômica tinha a vantagem de ser modernizadora, mas a desvantagem de ser desnacionalizadora.

Fotografia. Página de revista contendo a imagem de duas mulheres em pé, uma ao fundo, vestindo uma camisa cinza e uma calça rosa, ao lado de um carro amarelo, e outra mais a frente, vestindo uma camisa azul e uma calça amarela, em pé ao lado de um carro vermelho. Ao centro, o texto: 'Novo expoente de classe e beleza na moderna paisagem brasileira'. No canto inferior direito, nome da marca de automóvel: 'Simca Chambord'.
Propaganda de automóvel publicada na revista Manchete em 1960.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Os textos Desenvolvimento e desigualdades (1956-1961) e Urbanização e desigualdades regionais” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê seis, cê gê nove, cê ê cê agá um, cê ê cê agá quatro e cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih um oito, pois analisam as relações entre a ideia de desenvolvimento, as transformações urbanas e seus impactos na cultura brasileira e na produção das desigualdades regionais e sociais.

Atividade complementar

Problematize a questão da transferência da capital brasileira do Rio de Janeiro para Brasília com base na leitura do texto a seguir.

Os significados da construção de Brasília

“Interiorizar a capital do Brasil era uma ideia que circulava nos meios políticos brasileiros desde o século dezenove, mas só ganhou fôrça em meados do século vinte, em plena Guerra Fria. Nesse período, os argumentos em defesa da construção da nova capital eram muitos.

Alguns diziam que a cidade do Rio de Janeiro era um local inadequado para ser séde do govêrno porque havia muitas aglomerações humanas e frequentes ‘agitações sociais’. reticências No Planalto Central haveria mais ‘tranquilidade’ para governar, por estar distante das ‘pressões’ mais comuns na capital litorânea. Dizia-se também que a existência de muitas favelas e de mendigos no Rio de Janeiro era algo considerado impróprio para uma capital federal. Além disso, acreditava-se que a cidade, por ser litorânea, estava mais sujeita a ataques de fôrças armadas estrangeiras em caso de guerra e mais próxima às influências externas pela sua posição. Outro fator apontado pelos defensores da construção de uma nova capital dizia respeito à presença, no Rio de Janeiro, de ‘misturas de gentes indistintas’, ao inverso do que ocorreria na nova capital, onde o contrôle das habitações e tipos de bairros deveria ser mais rigoroso.

Já o presidente Juscelino cubishéqui não costumava usar argumentos desse tipo. Em resposta à pergunta sobre como nasceu Brasília, ele dizia:

‘A resposta é simples. Como todas as grandes iniciativas, surgiu quase de um nada reticências. Coube a mim levar a efeito a audaciosa tarefa’.”

VESENTINI, José Uilian. A capital da geopolítica. São Paulo: Ática, 1986. página 82-89.

Resposta: Espera-se que os estudantes percebam que grande parte dos argumentos contrários à capital no Rio de Janeiro era fruto de preconceitos. Sobre o argumento de Jota Ka, problematize que construir uma cidade não é tarefa para um homem só. O papel da coletividade na História é mais importante do que o de uma única pessoa.

Urbanização e desigualdades regionais

As políticas de desenvolvimento nacional provocaram efeitos variados. Entre eles, a concentração das indústrias em algumas regiões do país, o aumento da migração interna e o crescimento das cidades, com o êxodo ruralglossário .

O intenso fluxo migratório do campo para as cidades era um sinal das desigualdades entre as regiões do país, pois os investimentos do Estado e dos empresários foram concentrados no Sudeste.

Entre 1950 e 1960, por exemplo, cêrca de 1 milhão de pessoas que viviam na região Nordeste migraram para a cidade de São Paulo, em busca de emprêgo e melhores condições de vida. Esses migrantes trabalharam em diversos setores da indústria e de serviços e foram fundamentais para o desenvolvimento econômico e cultural de São Paulo.

No entanto, eles enfrentaram preconceitos e foram explorados em suas atividades profissionais. Eram chamados “baianos” ou “paraíbas”, independentemente do estado onde tivessem nascido. Os migrantes eram responsabilizados por vários problemas urbanos, como a expansão de favelas e cortiços e o aumento da criminalidade. Entretanto, sabe-se que não eram os migrantes que causavam esses problemas. Ao contrário, eles sofriam as consequências da falta de investimentos públicos em habitação, educação, saúde e segurança pública.

Fotografia em preto e branco. Um grupo de pessoas, entre homens, mulheres e crianças, sobre uma carroceira coberta com lonas de tecido. Vestem camisas e chapéus com abas.
Migrantes em transporte conhecido como “pau de arara”, que os levava em condições precárias do Nordeste ao Sudeste do país, em uma viagem que durava muitos dias até seu destino. Fotografia de 1960.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia o trecho de uma entrevista do historiador Paulo Fontes, especialista no tema da grande migração de pessoas do Nordeste para o Sudeste do país. O texto permite o aprofundamento do tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, ao tratar dos preconceitos relacionados às migrações de brasileiros do Nordeste para o Sudeste.

Migração e construção da ideia de “nordestino”

“Primeiramente, tentei desconstruir reticências uma certa ideia naturalizada do que é o ‘nordestino’ reticências. A própria palavra ‘nordestino’ reticências é absolutamente naturalizada até hoje no nosso cotidiano. As pessoas nascidas, por exemplo, em São Paulo, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, não se consideram ‘sudestinos’, pois esta identidade regional não existe.

No entanto, a identidade regional nordestina existe, ou pelo menos foi inventada, no sentido de que é fruto de um processo histórico, e, portanto, não existe o nordestino em si, as pessoas se tornam nordestinas. Óbvio que isso é diferente em 2017 do que era em 1950 – período que eu estudo –, pois ali estava sendo forjada essa ideia. Hoje, ela está muito mais naturalizada e pode ser que as pessoas até incorporem essa ‘nordestinidade’ mais facilmente reticências.

No caso de São Paulo, é necessário recordar que isto foi um processo intenso se tomarmos os números por referência. No Brasil, entre as décadas de 1940 e 1980, os dados mais conservadores dizem que 30 milhões de pessoas deixaram o campo e foram para a cidade reticências.

São Paulo já havia sofrido um processo migratório intenso nas décadas anteriores, especialmente a migração europeia, o que tornou a cidade mais branca – fenômeno no qual os paulistas se referenciam com orgulho até os dias de hoje. Mas, ‘de repente’, temos essa leva de pessoas vindo do interior do país, não apenas, mas sobretudo do Nordeste. Assim, não podemos nos esquecer de um fator importante, a presença de ‘pessoas de pele escura’ neste grupo. Este aspecto é importante porque há um impacto racial forte que forja relações tensas e ambíguas em relação a este migrante recém-chegado por parte dos já estabelecidos.”

ENTREVISTA de Paulo Fontes concedida a Julia Chequer. Mosaico, volume 8, número 13, página 502-503, novembro 2017.

“Anos dourados”

Mesmo com tantas desigualdades sociais e regionais, o govêrno Jota Ka costuma ser associado a um clima de prosperidade e otimismo. Por isso, esses anos ficaram conhecidos, romanticamente, como “anos dourados”.

Nesse período, a televisão brasileira expandiu suas transmissões. Porém, a maior parte da população não podia comprar aparelhos de tê vê e os rádios continuaram a fazer grande sucesso.

Os programas de rádio eram diversificados, incluindo apresentação de musicais, novelas e noticiários. Esses programas faziam parte do cotidiano de muitos brasileiros e, de certo modo, mostravam a realidade da “cidade grande” aos migrantes que vinham do campo e das pequenas cidades do interior. Assim, o rádio também funcionava como um meio de integração social das populações recém-chegadas aos grandes centros urbanos.

Na época, as músicas mais tocadas eram as marchinhas e o samba-canção. Além desses gêneros musicais, também eram populares o chorinho, a valsa, o frevo e o baião. Nesses gêneros destacaram-se compositores de grande talento, como Ary Barroso, Lamartine Babo, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, entre outros.

No final dos anos 1950, teve início o movimento musical conhecido como bossa nova, que representou um momento de transformação na canção popular, principalmente no campo da harmoniaglossário . Faziam parte desse movimento Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Carlos Lyra e João Gilberto, entre outros. Uma das canções símbolos da bossa nova foi “Garota de Ipanema”, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Fotografia. Às margens da orla de uma praia, uma estátua de um homem com cabelos curtos, vestindo uma camisa e uma calça, portando um violão com uma das mãos, apoiado sobre um de seus ombros. Em segundo plano, pedestres sobre a calçada e sobre a faixa de areia às margens do mar.
Estátua de Tom Jobim na orla da Praia de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2020. A escultura, feita de bronze, homenageia Jobim e a bossa nova.
Ícone. Livro aberto indicando o boxe Dica: livro

dica livro

Domênico, Guca. Breve história da bossa nova. São Paulo: Claridade, 2008.

O livro apresenta um panorama do movimento musical da bossa nova e as biografias de seus principais expoentes, como João Gilberto, Tom Jobim, Nara Leão, Vinicius de Moraes e Ronaldo Bôscoli.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Você tem o costume de assistir à televisão ou ouvir rádio? Que programas você gosta de acompanhar?
  2. Você acompanha noticiários jornalísticos? Confia em um único veículo de informação ou procura analisar as notícias em diferentes veículos? Debata com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Os textos “‘Anos dourados’” e “Futebol e Copa do Mundo” favorecem o desenvolvimento das competências cê gê um, cê gê três, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá quatro, cê ê agá um e cê ê agá três. Além disso, o texto “‘Anos dourados” também contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um oito, já que analisa as relações entre as transformações urbanas e seus impactos na cultura brasileira.

Para pensar

  1. Resposta pessoal. Os estudantes podem responder que costumam assistir pela televisão ou ouvir pelo rádio programas jornalísticos, documentários, desenhos animados, séries, novelas, filmes, entre outros.
  2. Resposta pessoal. Todas as informações transmitidas pelos meios de comunicação (televisão, rádio, jornal, livro, internet) devem ser problematizadas, questionadas, comparadas entre diferentes veículos e verificadas. Antes de ler uma notícia, é fundamental conferir, por exemplo, a data da publicação, a editora, o autor etcétera Essa postura auxilia na contextualização das informações e, também, ajuda os leitores a se protegerem contra notícias falsas (fake news).

Orientação didática

Proponha a análise comparativa entre a bossa nova e músicas que foram estudadas em outros capítulos sobre o período Vargas. A produção artística, desde que considerada fruto de seu tempo, poderá revelar muito a respeito dos anseios de uma época e para isso podemos utilizar a análise de letras de canções e de gestos e comportamentos de artistas como Tom Jobim, João Gilberto e Vinicius de Moraes.

Selecionamos, a seguir, trechos de artigos úteis no encaminhamento da proposta.

Texto 1

A bossa nova

“Em 1968, Augusto de Campos reuniu no livro Balanço da bossa, uma série de artigos reticências que analisam reticências a tropicália, o estilo desenvolvido pelos bossa-novistas. reticências Eles são unânimes em atribuir a João Gilberto uma postura que valoriza a contenção, contrária ao emocionalismo excessivo da música popular das décadas de mil novecentos e quarenta e mil novecentos e cinquenta. [A] reticências bossa nova harmonizar-se-ia com o ideário de racionalidade, despojamento e funcionalismo que teria caracterizado várias manifestações culturais do período. reticências. Assim, reticências os músicos da bossa nova reticências pautariam o seu trabalho pela rejeição dos sambas-canções e dos boleros melodramáticos do período anterior, e da maneira operística de interpretar estas canções, ao estilo de Dalva de Oliveira e outros cantores do período.”

NAVES, Santuza Cambraia. Da bossa nova à tropicália: contenção e excesso na música popular. Revista Brasileira de Ciências Sociais, volume 15, número 43, página 35, junho 2000.

Texto 2

Samba e bossa nova

“‘Morro’, ‘favela’, ‘barracão’ aparecem em muitas letras de sambas e de outros gêneros de canções brasileiras. reticências Em certas canções elas têm o fito de propagar os valores éticos das ‘comunidades’ e concorrer para elevar o mérito artístico das músicas.

reticências No início dos anos mil novecentos e sessenta reticências o tema da ocupação ilegal para moradia transbordou das letras de canções e ganhou tons de radicalização e de conflito público de ideias entre os compositores e cantores.

O samba O morro não tem vez de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes se destaca reticências. O samba tem sido gravado e regravado em diferentes épocas e em diferentes situações reticências.

mêrí, Silvio Augusto. Letra, melodia, arranjo: componentes em tensão em O morro não tem vez de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes. per músi, número 22, página 92-93, julho a dezembro 2010.

Futebol e Copa do Mundo

O futebol é provavelmente o esporte mais popular do mundo. De origem inglesa, foi introduzido no Brasil, no final do século dezenove, por Charles Miller.

Em 1958, a seleção brasileira de futebol venceu sua primeira Copa do Mundo, na Suécia. Isso contribuiu para o clima de otimismo dos “anos dourados”.

Na seleção brasileira de 1958 jogaram atletas como Garrincha, Pelé e Nílton Santos. Três meses antes da Copa do Mundo, o escritor Nelson Rodrigues (1912-1980) deu a Pelé o apelido de “rei do futebol”, afirmando:

reticências Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. reticências Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros [times] é que tremerão diante de nós.”

RODRIGUES, Nelson. O rei do futebol. In: CALDEIRA, Jorge. Brasil: a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008. página 539, 541.

Gerações de jogadores habilidosos e torcedores apaixonados ajudam a fazer do futebol brasileiro um dos melhores do mundo. Até 2018, a seleção brasileira tinha sido a única a conquistar cinco Copas do Mundo (pentacampeã).

Atualmente, o Brasil também se destaca no futebol feminino. Uma das grandes atletas é Marta Vieira da Silva, considerada cinco vezes seguidas a melhor jogadora de futebol do mundo, um recorde entre mulheres e homens.

Podemos afirmar que o futebol tem uma tradição no Brasil e se tornou parte da identidade cultural brasileira.

Fotografia. Um grupo de homens em um campo gramado, formando duas fileiras, agachados à frente, e em pé atrás. A maioria veste uniformes com camisas amarelas e bermudas azuis. No canto esquerdo, um homem mais velho, em pé, vestindo uma camisa e uma calça azuis. No canto direito, em pé, um homem vestindo uma camisa vermelha.
Seleção brasileira na Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia. Da esquerda para a direita, em pé: Vicente Feola (técnico), Djalma Santos, Zito, Bellini, Nílton Santos, Orlando e Gilmar (goleiro). Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Paulo Amaral (preparador físico).
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Em sua opinião, os jogos masculinos e femininos recebem a mesma atenção dos meios de comunicação? Por que você acha que isso acontece?

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal, em parte. A atividade visa estimular a reflexão dos estudantes sobre o tratamento que as grandes mídias conferem aos diversos assuntos culturais. Para responder às questões, os estudantes podem escolher um meio de comunicação e observar o tempo concedido às transmissões de jogos esportivos masculinos e femininos.

Um govêrno curto (1961)

No final do mandato de Juscelino cubishéqui, ocorreram eleições livres. Na época, a legislação eleitoral permitia que fossem eleitos o presidente de uma chapa e o vice-presidente de outra. Foi o que aconteceu: Jânio Quadros elegeu-se presidente pela u dê êne e João gulár venceu como vice-presidente pelo pê tê bê. gulár era adversário de Jânio.

Jânio Quadros iniciou sua carreira política em São Paulo: foi vereador, deputado, prefeito da capital e governador em tempo recorde, de 1947 a 1956. O símbolo de sua campanha eleitoral era uma vassoura com a qual prometia “varrer” a sujeira do país, referindo-se à corrupção.

Jânio era anticomunista e queria que o país continuasse aberto ao capital estrangeiro. Apesar disso, manteve uma política externa independente da pressão das grandes potências.

Em 19 de agosto de 1961, ele concedeu a principal condecoração brasileira (Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul) a Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de Cuba e líder da Revolução Cubana de 1959. Os setores conservadores da sociedade brasileira ficaram furiosos ao ver o presidente da república condecorar um líder socialista.

Apesar do prestígio popular, Jânio não contava com fôrças para sustentá-lo no poder. Sem o apôio do próprio partido (u dê êne), dos grandes empresários e dos grupos que controlavam a imprensa, ele renunciou à Presidência em 25 de agosto de 1961, sete meses após assumir o cargo. Nessa ocasião, enviou uma carta ao Congresso Nacional dizendo que “fôrças terríveis” haviam se levantado contra ele.

Os motivos da renúncia de Jânio nunca foram suficientemente esclarecidos. Uma das hipóteses é que ele queria mais poderes para governar, livre das pressões do Congresso Nacional. Se essa era a intenção, não foi o que aconteceu.

Fotografia. Capa da revista 'Careta', contendo a imagem de dois homens, ambos segurando vassouras. À esquerda, um homem com cabelos curtos e lisos, vestindo uma camiseta branca e uma calça vermelha. À direita, um homem com cabelos escuros e lisos, bigode no rosto, vestindo um paletó vermelho sobre uma camisa branca, uma gravata verde, uma calça azul e um par de óculos. Em segundo plano, pilhas de móveis e objetos descartados, com palavras como: 'Fraudes', 'Politicagem', 'Demagogia', 'Financiamentos', 'Desfalques', 'Subôrno', 'Negociatas' e 'Comissões'. Na parte inferior da capa, texto com um diálogo entre os homens representados na imagem, intitulado 'Uma ideia'. Leandro. Travessão. 'É muita sujeira, seu Jânio, são Cordilheiras!'. Jânio. Travessão. 'Com a industrialização de todo esse lixo, quem sabe seu Leandro se não salvaremos as finanças nacionais?!'
Capa da revista Careta, de 1960, em que Jânio Quadros (à direita) foi representado segurando uma vassoura, o símbolo da sua campanha.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

A figura de Jânio Quadros é controversa. Para subsidiar o debate sobre esse tema em sala de aula, leia o trecho a seguir, que foi selecionado do artigo de um especialista no tema, cujo objetivo foi identificar a maneira pela qual se costuma definir o presidente Jânio Quadros e, sobretudo, entender seu comportamento “excêntrico” como estratégia de campanha e de atração dos eleitores.

Candidatura e política de Jânio Quadros

“Quando surge nas páginas da imprensa ou na historiografia nos dias de hoje, muitas vezes a figura de Jânio Quadros [jota quê] é invocada com o intuito de rechear o anedotário da política nacional com os atos de um político tido como demagogo, prestidigitador e excêntrico. Alguém que, como presidente da república, proibiu o uso do biquíni nas praias brasileiras e as brigas de galo, para renunciar depois de oito meses de mandato, é tomado frequentemente como uma pessoa desequilibrada. No entanto, pouco ou quase nada se questiona o quanto tais assertivas podem ter sido construídas por seus adversários políticos durante aquele período. Ademais, seria possível vislumbrar alguma fórma de participação política entre aqueles que contribuíram para a ascensão dessa liderança? reticências

Ainda que o personalismo de jota quê possa ter sido um importante instrumento para a mobilização do eleitorado, é preciso destacar que ele serviu-se de projetos políticos e instituições partidárias para consolidar sua fôrça política. A atuação de partidos em sua candidatura contou com a participação de membros de grande parte das agremiações existentes, destacando-se o papel de integrantes da União Democrática Nacional (u dê êne), que aderiu à coligação janista notadamente sob o entusiasmo do grupo vinculado a Carlos Lacerda.

As atividades da campanha janista também receberam apôio e recursos de muitos empresários, muitos deles ligados ao capital estrangeiro, com especial destaque para o Conselho Nacional das Classes Produtoras (conclápi) reticências.

No entanto, tais vínculos foram constantemente negados ou minimizados tanto por jota quê quanto por sua equipe em público. Tendo como um de seus propósitos o de apresentar a candidatura janista como dissociada de partidos e políticos profissionais, simpatizantes de jota quê criaram o Movimento Popular Jânio Quadros (ême pê jota quê). A imagem pública dessa instituição foi apresentada do seguinte modo pelo seu então presidente, Castilho Cabral, em panfleto intitulado ‘Não é instrumento de nenhum partido o ême pê jota quê’: ‘o ême pê jota quê nasceu do idealismo de modestos funcionários, cresceu com a adesão de estudantes, de trabalhadores, velhos combatentes de alguns partidos, gente inconformada de todas as procedências reticências’.

Suas características e funções seriam a de ‘organização apartidária’, atuando no ‘agrupamento do eleitorado independente, na multiplicação de comitês, contínua propaganda através de todos os meios de divulgação, organização de comícios, contribuição aos planos de campanha reticências’. Por mais que tal movimento pudesse estar associado a determinadas fórmas de expressão política da população, dissociá-lo completamente de legendas partidárias era uma evidente tática eleitoral da equipe janista, baseando-se no pressuposto de que a rotulação da candidatura de jota quê por esta ou aquela legenda lhe seria danosa.”

QUELER, Jefferson José. Quando o eleitor faz a propaganda política: o engajamento popular na campanha eleitoral de Jânio Quadros (1959-1960). Tempo, Niterói, volume 14, número. 28, página 60-61, 65-66, junho 2010.

Parque Indígena do Xingu

Durante o govêrno Jânio Quadros, em 1961, foi criado o Parque Indígena do Xingu, localizado no estado de Mato Grosso, numa área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. Entre os principais responsáveis por sua criação estão o marechal Cândido rondôn, o antropólogo darcí Ribeiro e os irmãos sertanistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas.

Fotografia. Crianças indígenas parcialmente submersas em um rio de águas levemente amarronzadas.
Crianças e jovens da etnia Iaualapití nadam no Rio Tuatuari, no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso. Fotografia de 2018.

Atualmente, o parque tem aproximadamente 2,6 milhões de hectares, onde vivem cêrca de 5 mil indígenas de 16 etnias diferentes. Trata-se de uma das mais bem-sucedidas reservas indígenas. Porém, as regiões vizinhas ao parque passam por acelerados processos de degradação ambiental, devido ao crescimento de cidades e à destruição do meio ambiente tanto pelo garimpo quanto para a implantação de pastos e lavouras.

As lideranças do Xingu têm lutado pela manutenção e ampliação de seu território, que abriga uma rica biodiversidade. Uma de suas maiores preocupações é impedir a poluição das nascentes dos rios que abastecem o parque, situadas fóra da área demarcada.

Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso)

Mapa. Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso). Em amarelo, estado de Mato Grosso. Capital: Cuiabá. Destaque para: Planalto Brasileiro, Planalto do Mato Grosso, Serra do Norte, Serra do Trombador, Serra dos Apiacás, Serra Formosa, Serra do Roncador, Chapada dos Parecis, e para as cidades: Aripunã, Barra do Burges, Cáceres, Poconé, Sorriso, Sinop, Alta Floresta, Rondonópolis e Barra do Garças. Em verde, destaque para o Parque Indígena do Xingu, compreendendo uma porção na área nordeste do estado de Mato Grosso. Na respectiva legenda, o texto: 'A área do Parque Indígena do Xingu é de 2,6 milhões de hectares, equivalente à do estado de Alagoas. Ele está localizado no estado de Mato Grosso, em uma área de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica'. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.
Fonte: MENEZES, Maria Lucia Pires. Parque Indígena do Xingu. Efeitos do modo de vida urbano e da urbanização sobre o território indígena. décimo Colóquio Internacional de Geocrítica, maio 2008. Disponível em: https://oeds.link/oSqvLi. Acesso em: 31 março 2022.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Xingu (Brasil). Direção de Cao râmbúrguer, 2012. 130 minutos

Três jovens, os irmãos Villas-Bôas, partem para a região do Rio Xingu, onde conhecem diversos povos e culturas indígenas.

Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Desde 1965, a Universidade Federal de São Paulo vem compondo importante acervo de objetos indígenas do Parque Indígena do Xingu. Esse acervo pode ser consultado virtualmente. Para isso, acesse o link https://oeds.link/JdjYLA, depois a aba “Acervo” e, em seguida, “Galerias” (acesso em: 27 julho 2022). Nele, é possível visualizar a galeria de fotos de alguns dos objetos coletados ao longo desses anos. Trata-se de peças feitas em materiais como madeira, pedra, pluma, cerâmica, cabaça e dente de animal. O conjunto dá uma boa ideia da diversidade e da qualidade das produções artesanais indígenas do Xingu.

Se considerar pertinente, visite a página mencionada na internet e, a partir da projeção das imagens, peça aos estudantes que identifiquem os usos utilitário ou decorativo desses objetos. A atividade permite refletir sobre a produção artesanal dos povos do Xingu e estabelecer semelhanças e diferenças entre os objetos de uso cotidiano nas cidades. Além disso, dialoga com o tema contemporâneo transversal Diversidade cul­tural, ao lidar com as políticas indigenistas e com a produção de cultura material pelos povos originários.

Alerta ao professor

O texto “Parque Indígena do Xingu” favorece o desenvolvimento das competências cê gê três, cê ê cê agá um, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá seis, cê ê cê agá sete, cê ê agá um, cê ê agá dois, cê ê agá três e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih zero sete, na medida em que aborda pautas dos povos indígenas que vivem no Brasil.

Posse de gulár

Após a renúncia de Jânio Quadros, a Presidência da República deveria ser exercida pelo vice-presidente, João gulár. No entanto, oficiais militares e líderes udenistas tentaram impedir a posse dele, acusando-o de ser um “perigoso comunista”.

O cenário político ficou dividido. De um lado, havia um grupo contra gulár, apoiado por comandantes militares, udenistas e grandes empresários. Do outro, havia um grupo favorável à posse, formado por profissionais liberais, pequenos e médios empresários e grande parte dos trabalhadores. Estes últimos organizaram a Frente Legalista, que pretendia garantir o cumprimento da lei. A Frente Legalista era liderada pelo governador gaúcho Leonel Brizola, cunhado de Jango, e apoiada pelo comandante do terceiro exército, general Machado Lopes.

O confronto entre os grupos parecia encaminhar o país para uma guerra civil. Para evitá-la, chegou-se a um acôrdo de que João gulár assumiria o poder em um sistema parlamentarista. Nessa condição, o presidente da república seria o chefe de Estado, mas haveria um primeiro-ministro que seria o chefe de govêrno, eleito pelo Parlamento (ou Congresso Nacional). Isso significava que Jango assumiria a presidência com poderes limitados.

O parlamentarismo durou pouco. Em 6 de janeiro de 1963, houve um plebiscito no qual cêrca de 82% dos eleitores votaram pelo retôrno do sistema presidencialista.

Capa de jornal em preto e branco. Destaque para a manchete: 'Soberania Popular restaura nas urnas o poder legítimo. O povo disse 'sim' a Jango'. À direita, um homem em pé, sorrindo, vestindo um paletó escuro, com a cabeça levemente abaixada e uma das mãos erguida para cima.
Notícia da vitória do presidencialismo acompanhada da fotografia de João gulár (acenando), publicada no jornal Última Hora, 8 de janeiro de 1963.

Tensões e golpe (1961-1964)

O govêrno de Jango foi marcado por mobilizações sociais, como a dos estudantes ligados à União Nacional dos Estudantes (Úni) e à Juventude Universitária Católica (jota u cê), a dos operários ligados à Central Geral dos Trabalhadores (cê gê tê) e a dos trabalhadores ligados às Ligas Camponesas. Os camponeses, por exemplo, não tinham garantidos seus direitos de cidadãos, como acesso a aposentadoria, escolas e serviços de saúde. O acesso à terra por meio de uma reforma agrária, anseio dos trabalhadores e abolicionistas desde a luta pelo fim da escravidão no século dezenove, nunca aconteceu no Brasil.

Esse clima de reivindicações provocava inquietação e temor aos empresários nacionais e estrangeiros.

Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Por razões diferentes das que envolvem o govêrno de Jânio Quadros, o govêrno de João gulár também é visto de fórma controversa pelos estudiosos. Se há certa unanimidade em definir o govêrno de Jânio Quadros como conservador, o mesmo não pode ser dito sobre Jango e seu govêrno. O texto a seguir ajuda a compreender os debates sobre o significado dos acontecimentos no Brasil entre 1961 e 1964.

Aspectos do govêrno João gulár

“A rigor, o govêrno de gulár se inicia em janeiro de 1963, após a contundente derrota do regime parlamentarista. Com o apôio de amplos setores empresariais, e dos setores políticos nacionalistas e conservadores, a campanha para o retôrno ao presidencialismo foi vitoriosa. reticências

Assumindo o govêrno no regime presidencialista, a grande indagação que se fazia era: conseguiria gulár superar a crise econômico-financeira, atenuar as graves tensões sociais e afastar as crises políticas que havia dois anos desgastavam o Executivo federal? reticências

Nesse sentido, é importante assinalar reticências que o período de gulár foi ideologicamente muito significativo, pois nele se processaram intensos debates – com as orientações teóricas mais diversas (monetaristas, estruturalistas, nacional-desenvolvimentistas) – sobre os rumos e as direções que deveriam orientar a economia e o Estado brasileiros.

Como era previsível, o Executivo anunciou que seu plano de govêrno tinha condições de resolver em profundidade os impasses e as dificuldades enfrentados pelo conjunto da sociedade brasileira. Essa ambiciosa proposta, denominada Plano Trienal de desenvolvimento econômico-social: 1963-1965, foi elaborada pelo renomado e respeitado economista Celso Furtado (Ministro do Planejamento), com a colaboração do jurista e professor San Thiago Dantas (Ministro da Fazenda) reticências.

Inicialmente, os empresários industriais saudaram a proposta governamental; mas esta sofreria os seus primeiros (e fortes) abalos com os protestos vindos dos setores sindicais e das organizações nacionalistas e de esquerda. Logo nos primeiros dias de fevereiro, a [Central Geral dos Trabalhadores] cê gê tê difundia um manifesto em que se denunciava o ‘caráter reacionário’ do plano do govêrno gulár reticências.

Ao findar o ano de 1963, o malogro do Plano Trienal era reconhecido por todos: não ocorreu nem desaceleração da inflação nem aceleração do crescimento. Houve, sim, inflação sem crescimento.

Tão logo se esboçou o fracasso do plano – antes mesmo da conclusão do primeiro semestre de 1963 –, o govêrno gulár passou a empunhar de fórma mais enérgica a bandeira das reformas de base (agrária, bancária, fiscal, eleitoral etcétera). reticências Concomitantemente, os setores da esquerda nacionalista erigiam as reformas como condições indispensáveis à ampliação e fortalecimento da democracia política no país. Sem as reformas sociais e econômicas que poderiam promover uma melhor distribuição da renda e menor desigualdade regional, a democracia capitalista continuaria sendo – afirmavam os documentos das esquerdas – um mero formalismo, pois distante das necessidades e demandas das classes populares e trabalhadoras.”

TOLEDO, Caio Navarro de. 1964: o golpe contra as reformas e a democracia. Revista Brasileira de História, São Paulo, volume 24, número 47, página 15-17, julho 2004.

Reformas de base e golpe civil-militar

Em 13 de março de 1964, em um grande comício, Jango expôs as dificuldades que o país enfrentava e anunciou um programa conhecido como reformas de base, que incluíam:

  • reforma agrária: facilitaria o acesso de milhões de trabalhadores à terra;
  • reforma educacional: aumentaria o número de escolas públicas e combateria o analfabetismo;
  • reforma eleitoral: estenderia aos analfabetos o direito de voto e de participação na vida pública;
  • reforma tributária: corrigiria desigualdades na distribuição dos deveres entre ricos e pobres, patrões e empregados.

O govêrno também instituiu a Lei de Remessa de Lucros, limitando a quantidade de dólares enviados pelas empresas multinacionais ao exterior, o que provocou a insatisfação dos representantes dessas empresas.

Em defesa do govêrno, setores populares manifestaram-se em apôio às reformas de base. Enquanto isso, as oposições organizaram protestos, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na cidade de São Paulo.

Fotografia em preto e branco. Uma multidão de pessoas aglomeradas em frente a um edifício, portando faixas e cartazes. Destaque para uma faixa, pendurada na fachada do edifício, retratando o rosto de um homem, com o nome: 'Jango'.
Multidão reunida no comício em frente à estação ferroviária Central do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, em defesa das reformas de base do govêrno João gulár. Fotografia de 1964.
Fotografia em preto e branco. Um grupo de pessoas reunidas, portando faixas. Em primeiro plano, duas mulheres segurando uma faixa, uma de cada lado, com o texto: 'O Brasil não será uma nova Cuba'. Em segundo plano, árvores e uma torre de igreja com teto triangular e um relógio na fachada.
Manifestantes durante a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 1964.

Em 31 de março de 1964, ocorreu um golpe das fôrças Armadas contra o govêrno federal, incentivado por vários políticos civis de oposição. A movimentação de tropas teve início em Minas Gerais, com apôio do governador Magalhães Pinto, da u dê êne. Rapidamente, unidades militares de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro aderiram aos golpistas. Em 1º de abril de 1964, o presidente João gulár viajou ao Rio Grande do Sul cumprindo sua agenda presidencial. Em Brasília, naquela noite, o presidente da Câmara dos Deputados declarou que a Presidência da República estava vaga. Começava a ditadura civil-militar no Brasil.

Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

Jango (Brasil). Direção de Silvio Tendler, 1984. 117 minutos

Documentário que busca reconstituir o contexto político e social do Brasil na época em que o golpe derrubou o presidente João gulár e impôs a ditadura civil-militar no país.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

  1. Identifique as frases incorretas. Depois, reescreva-as de fórma correta no caderno.
    1. Em 1946, Getúlio Vargas foi candidato e, uma vez eleito, manteve-se na Presidência da República até o fim do mandato.
    2. A Constituição de 1946 ampliou o direito de voto para os brasileiros, pela inclusão das mulheres e dos maiores de 18 anos de idade. Mas os analfabetos continuaram excluídos desse direito.
    3. O plano de desenvolvimento conhecido pela sigla Salte contou com a abundância de recursos e a estabilidade econômica decorrente da Segunda Guerra Mundial, quando os produtos brasileiros foram valorizados no mercado mundial.
    4. A campanha conhecida pelo lema “O petróleo é nosso” fracassou, já que a exploração e o refino do petróleo brasileiro foram entregues a empresas estrangeiras desde 1953.
    5. A u dê êne, partido de apôio ao govêrno Vargas, lutou para combater os ataques aos direitos dos trabalhadores, mas foi derrotada juntamente com o govêrno devido ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
    6. A renúncia de Jânio Quadros da Presidência da República, em 1961, foi seguida por um período de instabilidade que marcou a posse do vice-presidente, João gulár.
  2. Considerando o contexto do govêrno Dutra e da Guerra Fria, responda às questões.
    1. A partir de 1946, o govêrno brasileiro aliou-se a que bloco de países?
    2. Esse alinhamento teve relação com a política econômica do govêrno Dutra? Explique.
  3. Você concorda com a afirmação: O trabalhismo e o nacionalismo foram características importantes do govêrno Vargas (1951-1954)? Justifique sua resposta.
  4. Durante o govêrno de Jota Ka, o Brasil passou por um período conhecido como “desenvolvimentismo”. Que características justificam o uso desse termo?
  5. Explique os motivos que levaram à implantação do parlamentarismo no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961.

integrar com Língua Portuguesa

6. No Brasil, diversas produções culturais foram criadas entre 1946 e 1964. Vamos fazer um seminário sobre escritores brasileiros dessa época? Para isso, reúnam-se em grupo e sigam as orientações.

a) Escolham um dos autores listados.

  • Carlos Drumôn de Andrade (1902-1987).
  • João Guimarães Rosa (1908-1967).
  • Carolina Maria de Jesus (1914-1977).
  • Cecília Meireles (1901-1964).

b) Pesquisem informações sobre o autor ou a autora, tais como:

  • em que ano e local ele ou ela nasceu?
  • que acontecimentos marcaram a vida desse ou dessa escritor ou escritora?
  • quais são suas principais obras?
  • que obras foram publicadas entre 1946 e 1964?
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e a habilidade da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividade 6);
  • cê gê três (atividades 6 e 8);
  • cê gê quatro (atividade 7);
  • cê gê seis (atividades 7 e 8);
  • cê gê nove (atividade 7);
  • cê ê cê agá um (atividades 7 e 8);
  • cê ê cê agá dois (atividade 8);
  • cê ê cê agá três (atividade 8);
  • cê ê agá dois (atividades 2, 3, 4 e 5);
  • cê ê agá três (atividades 6, 7 e 8);
  • ê éfe zero nove agá ih zero seis (atividade 3).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. Estão incorretas as alternativas a, c, d e e. Elas podem ser corrigidas da seguinte maneira:
  1. Em 1946, Eurico Gaspar Dutra foi candidato e eleito para a Presidência da República.
  1. O plano de desenvolvimento conhecido pela sigla Salte não contava com recursos suficientes para a sua execução e o Brasil enfrentava um cenário de desequilíbrio comercial no período.
  2. A campanha conhecida pelo lema “O petróleo é nosso” obteve sucesso com a criação da empresa estatal Petrobrás em 1953.
  3. A u dê êne, partido de oposição ao govêrno Vargas, era contrária às medidas de proteção aos trabalhadores e às riquezas nacionais, e junto a setores ligados ao capital estrangeiro passou a conspirar contra o govêrno Vargas.

2. a) O Brasil aliou-se ao bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos.

b) Sim. A aliança com os países capitalistas influiu na política econômica do governo Dutra, que “abriu” o país às empresas estrangeiras, à importação de bens de consumo etcétera

  1. Trabalhismo e nacionalismo foram marcas do govêrno Vargas entre 1951 e 1954. No que diz respeito ao trabalhismo, o govêrno teve uma política que visava conquistar a simpatia dos trabalhadores (com a criação de diversas leis trabalhistas) e, ao mesmo tempo, controlar seus sindicatos. Teve uma política nacionalista, pois protegeu a indústria nacional e criou empresas estatais nos setores siderúrgico e de mineração. Para responder à questão com mais propriedade, os estudantes devem retomar conteúdos do capítulo 6, sobre a Era Vargas.
  2. Durante o govêrno de Juscelino cubishéqui, a instalação de grandes empresas multinacionais modernizou a economia, mas a desnacionalizou. As decisões do govêrno para manter o desenvolvimento acabaram por tornar a situação econômico-financeira da população bastante difícil, em decorrência do aumento da dívida externa, dos grandes gastos com obras públicas, do crescimento da inflação e da política de manutenção de baixos salários.
  3. A implantação do parlamentarismo foi a solução política encontrada para solucionar a crise advinda da renúncia de Jânio Quadros. O então vice-presidente João gulár era acusado de ser comunista e enfrentava forte oposição por isso, tanto de udenistas como de militares e empresários. Por outro lado, era apoiado por profissionais liberais, pequenos e médios empresários e trabalhadores. Diante da divisão social, o parlamentarismo foi a solução possível. O sistema persistiu até janeiro de 1963.
  • que temas ô á autor ou autora costumava abordar?
  • qual foi o impacto de sua obra na época em que ela foi produzida?

c. Criem slides (ou cartazes) com imagens e textos sobre a escritora ou o escritor pesquisado e apresentem o seminário aos colegas.

Interpretar texto e imagem

7. Leia a seguir o trecho do depoimento da operária Eunice Longo sobre o seu trabalho em uma fábrica de tecidos na década de 1940. Em seguida, responda às questões.

“O mestre ficava no meio da seção, num lugar bem alto, para controlar. Ele via tudo, porque eram aqueles salões enormes, não tendo nada dividido; na hora do almôço a gente almoçava no meio dos teares e podia ir para outra seção. Mas durante o trabalho era proibido, se você era da flanela não podia ir para o lado da tricoline, não podia sair da sua seção. Dali tinha um corredor e você ia embora. Se te pegavam em outra seção você era suspensa, um dia, dois, conforme.”

DEPOIMENTO de Eunice Longo. In: COSTA, Hélio da. Em busca da memória: comissão de fábrica, partido e sindicato no pós-guerra. São Paulo: Scritta, 1995. página 47.

Fotografia em sépia. Em frente a fachada de uma fábrica, um grupo de pessoas reunidas, enfileiradas lado a lado. À frente, sentadas. E atrás outras duas filas de pessoas em pé.
Operários do Lanifício Gianella, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. Fotografia de 1941.
  1. Qual era a função do mestre na fábrica?
  2. Com base na análise do texto, pode-se afirmar que a volta da democracia política no Brasil incluía a democratização das relações dentro dos locais de trabalho?

integrar com ARTE

8. A escultura do artista Bruno Giorgi (1905-1993) na imagem a seguir presta uma homenagem aos cêrca de 80 mil operários que construíram Brasília. Esses trabalhadores, que foram chamados de candangos, vieram de todas as partes do país, sobretudo do Nordeste. Observe a imagem e responda às questões.

Fotografia. Em uma praça, diante de uma construção de janelas envidraçadas, uma escultura retratando dois personagens de aspectos humanos, em pé, com os braços dados, portando uma haste cada um.
Os candangos, escultura de Bruno Giorgi, 1959. Fotografia de 2021. A obra tem 8 metros de altura e está localizada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Distrito Federal.
  1. Na escultura, os braços das duas personagens estão unidos. Em sua opinião, o que isso simboliza? Reflita.
  2. Você conhece outros monumentos que homenageiam trabalhadores? Dê exemplos.
  3. Que grupo de profissionais você homenagearia? Por quê? Como você prestaria sua homenagem?
Orientações e sugestões didáticas

6. Atividade interdisciplinar com Língua Portuguesa. Resposta pessoal. Os grupos poderão apresentar os resultados das pesquisas, se possível, com gravações de canções, leitura de poemas, exibição de fotografias e trechos de filmes etcétera

Interpretar texto e imagem

    1. A função do mestre na fábrica, segundo o texto, era controlar os operários.
  1. Tema para reflexão. A volta da democracia política não foi sentida nas relações no interior das fábricas, já que o contrôle sobre os trabalhadores continuou a ser opressivo.
  1. Atividade interdisciplinar com Arte.
  1. Uma interpretação possível seria a de que os braços unidos representariam a fôrça e a perseverança dos candangos. Os trabalhadores que ajudaram na construção de Brasília provinham de diferentes regiões do Brasil. Durante a migração, esses trabalhadores tiveram que deixar parte de seus familiares ou mesmo toda a família. Para superar a sensação de isolamento, muitos candangos criaram novos laços de convivência e solidariedade. Esses laços teriam sido representados na escultura.
  2. Resposta pessoal. A atividade visa estimular o estudo do espaço social.
  3. Resposta pessoal. Provavelmente pessoas que tenham proximidade com os estudantes e desempenhem funções profissionais com as quais eles se identifiquem e/ou de que se orgulhem.

A atividade está em diálogo com o tema contemporâneo transversal Trabalho, ao propor a valorização do trabalhador e mencionar a questão das migrações internas na segunda metade do século vinte, com repercussões atuais.

Glossário

Êxodo rural
: nome dado ao movimento de pessoas que deixam as áreas rurais para viver e trabalhar nas áreas urbanas.
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Harmonia
: refere-se à parte da música que trata da relação entre sons simultâneos, isto é, dos acordes. Já a melodia é a relação dos sons musicais sucessivos.
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