UNIDADE 4  DITADURAS, REDEMOCRATIZAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO

CAPÍTULO 12 FACES DA GLOBALIZAÇÃO

O mundo atual caracteriza-se pelo processo de globalização, que apresenta uma intensa interligação econômica, social e cultural do mundo.

O planeta tornou-se uma “aldeia global”, na qual a velocidade das comunicações, por meio da internet, modificou a conexão das pessoas consigo mesmas, com os outros e com a natureza.

Além disso, a globalização gerou novas divisões sociais de “incluídos” e “excluídos” dos benefícios do capitalismo.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para começar

Em sua opinião, quem são os incluídos e os excluídos na sociedade em que você vive? Por quê? Exponha seu ponto de vista por meio de argumentos.

Fotografia. Em uma via pública, um grupo de pessoas, mulheres e homens, seguram cartazes com os textos, originalmente em inglês:  'Enfrente o racismo', 'Migrantes e refugiados são bem-vindos aqui','Culpe a austeridade, não os migrantes', 'Vidas negras importam', entre outros. No centro da imagem, uma mulher de cabelo preto, trançado, na altura dos ombros,  veste uma blusa preta e segura um alto-falante diante da boca.
Manifestação contra o racismo e a favor do acolhimento de migrantes que buscam refúgio na Europa, em Londres, Reino Unido. Fotografia de 2022. Nas últimas décadas, a perseguição aos refugiados tornou-se um dos grandes problemas na Europa, exigindo a adoção de políticas de combate à violência e ao preconceito.
Orientações e sugestões didáticas

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove agá ih três dois
  • ê éfe zero nove agá ih três três
  • ê éfe zero nove agá ih três cinco
  • ê éfe zero nove agá ih três seis

Objetivos do capítulo

Os objetivos a seguir se justificam no capítulo em razão dos temas tratados: as interconexões mundiais na contemporaneidade; os conflitos entre identidades globais e locais; as gran­des transformações nos meios de comunicação; os fluxos financeiros; a formação de blocos econômicos; a concentração da riqueza; e a pre­carização do trabalho, entre outros.

  • Analisar o processo de globalização, destacando a influência das transformações tecnológicas.
  • Refletir sobre os impactos sociais, econômicos, políticos e ambientais da globalização.
  • Valorizar as diversidades identitárias no mundo contemporâneo e combater a xenofobia e o racismo.
  • Destacar fórmas de resistência à homogeneização cultural promovida pela globalização, com destaque para os povos indígenas.
  • Estudar o fenômeno do terrorismo contemporâneo em suas diversas manifestações.
  • Conhecer procedimentos e valores relacionados ao uso da internet.

Alerta ao professor

O boxe “Para começar” favorece o desenvolvimento das competências cê gê nove, cê ê cê agá dois, cê ê cê agá seis e cê ê agá um.

Para começar

Tema para reflexão e debate. Depois de ouvir as respostas, é possível explicar que, no mundo globalizado, são considerados “incluídos” aqueles que têm mais riqueza, tecnologia, influência política, cultura, e “excluídos”, aqueles que são mais pobres e, por isso, não têm acesso a serviços básicos de saúde, educação, lazer. Comente que a maioria da população mundial é considerada, portanto, “excluída”.

Fotografia. Em uma via pública, com prédios altos, ônibus e carros desfocados ao fundo, à esquerda, em primeiro plano, uma mulher de cabelo cacheado loiro na altura dos ombros, vestindo blusa rendada e blazer branco, está segurando um celular ao lado de seu rosto. O olhar dela está voltado para à esquerda e os lábios entreabertos. À direita, está um homem de cabelo crespo preto, vestindo uma camisa de cor clara; usa um relógio prateado no punho e um anel no dedo anelar de uma das mãos. Ele está segurando um tablet com uma das mãos e tocando a tela do aparelho com a outra. Seu olhar está voltado para a tela do aparelho.
Jovens utilizando smartphone e tablet como recurso de trabalho na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. As novas tecnologias favorecem a interligação econômica e cultural do mundo.
Fotografia. Em uma praia, de costas para a câmera, uma mulher de cabelo médio castanho, preso em um rabo de cavalo, veste um vestido médio com estampa colorida e leva uma mochila preta nas costas. Ela está descalça e segura um celular apontado em direção a dois meninos encostados em um muro. O muro é composto de cilindros paralelos pintados de cor clara. Nos vãos entre os cilindros é possível divisar, à esquerda, o mar, e à direita, a areia da praia. Os cilindros servem de suporte para pinturas em preto e branco, retratando o rosto de três homens e duas mulheres. À esquerda, há também um grande quadro afixado ao muro por uma corda. No quadro, que tem uma moldura marrom, a pintura de uma mulher vestindo túnica vermelha e véu verde. Ela tem as mãos unidas na frente do corpo em posição de oração; asas e o rosto de um anjo de cabelos escuros aos seus pés. Os dois meninos estão logo abaixo do quadro. Eles têm cabelo curto e castanho, vestem camisetas vermelhas com estampas e bermudas jeans azuis, e estão descalços.
Mexicana fotografa seus filhos em frente à imagem da Virgem de Guadalupe, fixada no muro que divide o México dos Estados Unidos, em Tijuana, México. Fotografia de 2020. O muro foi construído pelo govêrno estadunidense para impedir a entrada de imigrantes ilegais.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Ao iniciar o estudo sobre a globalização, estimule uma discussão com os estudantes em tôrno da questão problematizadora da abertura. É possível perguntar se eles se consideram “incluídos” no mundo globalizado. Eles poderão apontar alguns efeitos da globalização em seu cotidiano.

Mundo interligado

Globalização é o processo histórico de interligação econômica, social e cultural do mundo. Podemos dizer que esse processo tem raízes antigas, relacionando-se às Grandes Navegações europeias, entre os séculos quinze e dezesseis, e às Revoluções Industriais, que, a partir do século dezoito, trouxeram inovações nos transportes, nas comunicações e na produção de mercadorias. No entanto, foi a partir da década de 1980 que a globalização se intensificou.

Um dos motivos para a grande interligação mundial foi o desenvolvimento de tecnologias de informação, como a internet.

A internet vem transformando o modo de vida das pessoas. Antes dela, por exemplo, era impossível conversar ou fazer negócios de fórma instantânea com pessoas de diferentes partes do mundo. Hoje, é comum alguém falar com seus amigos por videoconferência ou comprar um produto fabricado em um país estrangeiro por meio de um site e receber sua mercadoria em casa.

Apesar das conquistas, a globalização também acarreta problemas, como o aumento das desigualdades sociais e dos choques culturais.

Fotografia. Multidão de pessoas reunidas em um pavilhão. No centro da imagem, acima de um palco em que há um púlpito, câmeras de televisão e um grupo de pessoas sentadas em uma arquibancada, há três grandes telas, dispostas horizontalmente, que apresentam a imagem de um homem de cabelo curto grisalho, vestindo camisa branca, paletó escuro e gravata vermelha. À esquerda e à direita da tela central, sob um fundo azul, há o texto, originalmente em inglês, 'Juventude pelo clima'.
Na parte superior da imagem, fixado no teto do pavilhão, há um círculo azul com detalhes nas cores branca e verde, representando o planeta Terra.
Na parte inferior da imagem, um grupo de pessoas sentadas, assistindo à apresentação.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ônu) António Guterres, discursa por videoconferência durante a Reunião Ministerial da 26ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ônu (Pré-cópi vinte e seis), em Milão, Itália. Fotografia de 2021. O uso de videoconferências é cada vez mais difundido no mundo.
Cena de desenho animado. À esquerda, uma mulher de cabelo curto ruivo, veste vestido roxo e meia-calça roxa. Ela está sentada de pernas cruzadas, sobre uma cadeira vermelha, em frente a uma televisão, em que há a imagem de um homem de cabelo curto e ruivo, vestindo camisa branca, acenando com uma das mãos. Em uma de suas mãos, a mulher segura um controle com diversos botões. Na outra, um copo com uma bebida de cor clara e um canudo azul. Em frente à cadeira, há um cachorro cinza de coleira verde, deitado em uma caminha amarela e vermelha, em que está escrito 'Astro'. O braço mecânico azul de um robô em formato de carrinho, com uma antena na parte posterior, segura a caminha do cachorro.
Cena de um episódio do desenho animado Os Jetsons, exibido entre 1962 e 1963. O desenho retratava as aventuras de uma família do futuro, com carros voadores, robôs e outras tecnologias tidas como ficção científica. Na imagem, djêine conversa com seu marido, djórdji jétssôn, por meio de uma videochamada.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Mundo interligado” favorece o desenvolvimento da competência cê ê agá cinco, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih três dois, sobretudo por analisar mudanças associadas ao processo de globalização. Já o texto “Revolução dos transportes e da comunicação” contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três três, pois analisa as transformações nas relações políticas locais e globais geradas pelo desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir trecho de entrevista com o neurocientista francês michél demiurgê, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França. De acôrdo com demiurgê, os dispositivos digitais estão afetando o desenvolvimento neural de crianças e jovens.

Dispositivos digitais e desenvolvimento neural de crianças e jovens

bê bê cê News Mundo: E o que está causando essa diminuição no quê i?

demiurgê: Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, incluindo, por exemplo, a poluição (especialmente a exposição precoce a pesticidas) ou a exposição a telas. O que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu quê i. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame aumenta, o quê i e o desenvolvimento cognitivo diminuem.

Os principais alicerces da nossa inteligência são afetados: linguagem, concentração, memória, cultura (definida como um corpo de conhecimento que nos ajuda a organizar e compreender o mundo). Em última análise, esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho acadêmico.

bê bê cê News Mundo: E por que o uso de dispositivos digitais causa tudo isso?

demiurgê: As causas também são claramente identificadas: diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura etcéteraponto); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzido e qualitativamente degradado; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral. reticências

bê bê cê News Mundo: Todas as telas são igualmente prejudiciais?

demiurgê: Ninguém diz que a ‘revolução digital’ é ruim e deve ser interrompida. Eu próprio passo boa parte do meu dia de trabalho com ferramentas digitais. E, quando minha filha entrou na escola primária, comecei a ensiná-la a usar alguns softwares de escritório e a pesquisar informações na internet.

Os alunos devem aprender habilidades e ferramentas básicas de informática? Claro. Da mesma fórma, pode a tecnologia digital ser uma ferramenta relevante no arsenal pedagógico dos professores? Claro, se faz parte de um projeto educacional estruturado e se o uso de um determinado software promove efetivamente a transmissão do conhecimento.

Porém, quando uma tela é colocada nas mãos de uma criança ou adolescente, quase sempre prevalecem os usos recreativos mais empobrecedores. Isso inclui, em ordem de importância: televisão, que continua sendo a tela número um de todas as idades (filmes, séries, clipes etcétera); depois os videogames (principalmente de ação e violentos) e, finalmente, na adolescência, um frenesi de autoexposição inútil nas redes sociais.”

VELASCO, Irene Hernández. Geração digital: por que, pela 1ª vez, filhos têm quê i inferior ao dos pais. bê bê cê News Mundo, 30 outubro2020. Disponível em: https://oeds.link/VRsbnf. Acesso em: 12 abril 2022.

Revolução dos transportes e da comunicação

O processo de globalização ocorreu a partir do aumento da velocidade dos meios de transporte e de comunicação.

Surgiram meios de transporte marítimos (navios cargueiros, transatlânticos), aéreos (aviões de passageiros e cargas) e terrestres (trens-bala, caminhões, automóveis de passeio) que permitiram uma maior e mais rápida circulação de pessoas e mercadorias.

O transporte também foi beneficiado pela geolocalização de informações, que contribuiu para a melhoria do traçado de rótas, bem como pela nanotecnologia, que permitiu a redução do tamanho e do peso de vários produtos, facilitando a entrega aos consumidores e diminuindo os custos com logística.

O aumento na velocidade das comunicações foi provocado pelo surgimento de invenções como imprensa, telégrafo, telefone, rádio, cinema, televisão e internet. A internet possibilita que pessoas e aparelhos compartilhem informações por meio de conexões em rede. Porém, o excesso de informações disponíveis elevou os casos de ansiedade, hiperatividade e déficit de atenção.

Com a internet, desenvolveram-se culturas digitais, que constituem um modo singular de ser e viver, com linguagens e fórmas de interação próprias. Em geral, as novas gerações dominam mais as novas tecnologias do que as gerações anteriores, e elas serão determinantes na construção do futuro.

Ao pensar sobre o uso da internet, podemos distinguir dois aspectos: o domínio dos meios tecnológicos e a reflexão sobre os fins dessa tecnologia. Em outras palavras, devemos refletir sobre como e para que usar a internet.

Fotografia. Vista de lado, uma jovem de cabelo longo, liso e preto, com adornos indígenas, como: uma flor feita de penas azuis, próxima à orelha; um adereço circular, feito de penas nas cores azul e amarela em torno de sua cabeça; enfeites feitos de penas azuis amarrados ao redor dos dois braços; um colar de miçangas coloridas, nas cores preta, laranja, amarela e azul;  um colar comprido de miçangas pretas, com um pingente de penas; um bracelete de miçangas verdes, amarelas e cor de laranja; pulseiras finas de miçangas de cor preta.  
Ela veste uma blusa de alças feita de crochê na cor marrom, com detalhes de grafismos pretos no busto, e está com um dos braços estendidos à frente, segurando um celular em direção ao seu rosto.
A jovem sorri e olha para a tela do aparelho.
No plano de fundo desfocado, sob um fundo vermelho, há uma pintura com a figura de um homem indígena usando adornos amarelos e pretos, com um dos braços levantando, segurando um maracá na cor amarela.
A ativista digital Samela aivá faz vídeo para postar em suas redes sociais durante o Acampamento Terra Livre, em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 2022. A cultura digital tem auxiliado jovens indígenas a promover a tradição de seus ancestrais e a garantir os direitos de sua comunidade.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

Você já ouviu falar em analfabetismo digital? O que isso significa? Quais são as consequências dessa fórma de analfabetismo?

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Segundo o historiador Rogê Cartiê, surgiu em nossa sociedade o analfabetismo digital, que se caracteriza basicamente pela impossibilidade de usar um computador para ler, escrever ou realizar tarefas simples. Atualmente, essa fórma de analfabetismo pode ter como consequência a dificuldade de obter informações (distinguindo-as de notícias falsas) e acessar serviços variados para resolver problemas (solicitar documentos, registrar denúncias, realizar operações financeiras etcétera).

Painel

História da internet

A partir da década de 1990, a internet começou a se popularizar. Atualmente, ela está bastante difundida; porém, a distribuição de usuários por continente é desigual. Na África, apenas um terço da população possui acesso à internet, enquanto na Europa, 90% da população está conectada à rede, segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ônu) em 2021.

Ainda de acôrdo com dados da ônu, em 2021, 4,9 bilhões de pessoas usaram a internet. No entanto, 2,9 bilhões de pessoas (37% da população mundial) nunca acessaram a rede.

Fotografia. Em uma sala fechada, ao fundo, à esquerda, estantes com livros azuis, vermelhos, amarelos e brancos. À direita, uma máquina mais alta que um homem, retangular, feita de metal, com uma porta aberta exibindo seus mecanismos internos, no centro dela, três retângulos verticais e paralelos, feitos de metal; abaixo deles, um painel metálico com botões. Na parte interna da porta aberta, dois conjuntos de circuitos dispostos sobre placas amareladas, com componentes arrendondados de cores escuras conectados por fios vermelhos. Um feixe de fios pretos e grossos sai das placas. 
À frente da máquina, um homem de cabelo curto grisalho, vestindo camisa azul, paletó xadrez de cor escura e gravata escura estampada. Com uma das mãos, ele está segurando um objeto ao lado de sua orelha. O objeto tem uma haste dourada fina, que se estende até a frente do rosto do homem, terminando em uma extremidade arredondada e preta, à frente da boca dele. Há um fio preto conectado ao objeto. 
Com a outra mão, ele segura cabos telefônicos na cor preta, enrolados em espirais, à frente de seu corpo.
O homem olha para a câmera, tem as sobrancelhas levantadas, a testa enrugada e a cabeça virada para o lado.
O cientista da computação lênârd demonstra como foi feita a primeira comunicação por meio da rede Arpanet, mecanismo que deu origem à internet em 1969, em sala da Universidade da Califórnia em lôs Angêlis (UCLA), Estados Unidos. Fotografia de 2007.
Linha do tempo. 1969: No contexto da Guerra Fria, começa a funcionar uma rede chamada Arpanet, conectando computadores de quatro universidades dos Estados Unidos. 1972: O engenheiro Raymond Tomlinson cria um programa para receber e enviar mensagens eletrônicas (e-mails) através da Arpanet. 1983: Arpanet passa a ser chamada internet. Abaixo, ilustração. Globo terrestre com linhas brilhantes entrecruzadas e pontos brilhantes.
Representação ilustrativa de redes de conexão. A imagem mostra que, atualmente, boa parte do mundo está conectada pela internet.

As distâncias entre as datas, na linha do tempo, estão fóra de escala.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

A seção “Painel” intitulada “História da internet” favorece o desenvolvimento das competências cê gê cinco e cê ê agá sete.

Linha do tempo. 1989: O cientista Timothy Berners-Lee e o engenheiro Robert Cailliau desenvolvem o serviço World Wide Web (também chamada de www ou Web) com base nas linguagens HTTP e HTML, permitindo vincular páginas e recursos multimídia por meio de hiperlinks na internet. 1992: É lançado o primeiro navegador de internet com acesso à World Wide Web. 1993: Cerca de um milhão de computadores estão conectados à internet. 1994: É lançado nos Estados Unidos o primeiro aparelho celular com acesso à internet, via rede 2G (segunda geração tecnológica de redes móveis). 1997: É lançada na internet a primeira rede social, que permitia a seus membros criar perfis, manter listas de amigos e trocar mensagens. 2001: É lançada no Japão a rede 3G, que aumentou significativamente a velocidade do acesso à internet nos dispositivos móveis. Acima, fotografia. Aparelho celular. Aparelho retangular na cor preta com uma antena de mesma cor. No centro do aparelho, uma tela central de cor clara, em que há uma representação pontilhada de um teclado de telefone.
Ao lado da imagem do aparelho, a legenda, Smartphone é um aparelho que combina telefonia móvel, funções de computação e acesso à internet. O primeiro smartphone do mundo foi lançado em 1994.
Linha do tempo. 2005: A internet atinge a marca de um bilhão de usuários. 2009: É lançada na Suécia a rede 4G, que tornou o acesso à internet por celulares até cem vezes mais rápido do que as redes 3G. 2013: Ocorre o vazamento de dados sobre operações secretas de vigilância eletrônica promovidas pelo governo dos Estados Unidos, que incluíam a espionagem de empresas e autoridades brasileiras. 2014: Entra em vigor no Brasil o Marco civil da internet, lei que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da rede no país. 2017: Brasil se torna o quarto país do mundo com mais usuários na internet, atrás dos Estados Unidos, da China e da Índia. 2018: Coreia do Sul se torna o primeiro país do mundo a adotar a rede 5G, mais veloz do que a rede 4G. Acima, capa de livro. Palavras embaralhadas e sobrepostas nas cores azul claro, azul escuro, verde e amarelo. Na parte superior, sobre um retângulo branco centralizado, o título Marco civil da internet. Na parte inferior, à esquerda, sobre um retângulo branco, o brasão da república brasileira.  À direita da capa do livro, a legenda, O Marco civil da internet pode ser acessado no site da Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. Disponível em: https://oeds.link/Bubksb. Acesso em: 20 de abril de 2022.
Fotografia. Uma praça com árvores formando um corredor onde há bancos e pessoas caminhando. Em primeiro plano, uma placa na cor branca, com o texto em azul claro: WiFi. Acima do texto, em azul claro, sobre o ponto de um i, há três arcos inclinados à direita.
Usuários acessam rede de internet sem fio disponível gratuitamente em praça de Fortaleza, Ceará. Fotografia de 2018. O acesso à internet vem se expandindo cada vez mais.
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Leia com os estudantes trechos do texto de Pôl Saffo, professor estadunidense especializado em tecnologias digitais. Com base nessa leitura, peça a eles que elaborem uma redação com o seguinte tema: “A internet não destronou a palavra escrita”.

Com a palavra

Scripta – a palavra escrita permanece, profetizou Horácio na Roma antiga de quase 2 mil anos atrás. O espantoso é que, às vésperas do terceiro milênio, com a revolução digital em plena ebulição, a palavra escrita continua de pé, revigorada pela nova tecnologia. Apesar das várias roupagens inovadoras que a mídia vem experimentando, a palavra escrita não foi destronada da posição central que ocupa em nossas vidas. Fala-se com arroubo sobre os inesgotáveis recursos de novas tecnologias, como o vídeo ou a realidade virtual, mas qualquer reflexão sobre o tema invariavelmente orbita em tôrno da matéria-prima desta página – o texto.

Na verdade, a palavra escrita não apenas permanece – ela floresce como trepadeira nas fronteiras da revolução digital. A explosão de mensagens via correio eletrônico constitui o maior surto de correspondência já visto desde o século dezoito. reticências

Para o cidadão comum, que felizmente não precisa se atormentar com as minúcias do jargão informático, a explosão do texto passa despercebida, pois ela não usa papel. Vagas nuvens de elétrons viajando em alta velocidade substituíram o produto de árvores cortadas entregue por carteiros. Tal revolução não se limita apenas a agradar os ecologistas ou a diminuir o tamanho dos lixões nas metrópoles. Ela marca a maior mudança ocorrida nos meios de comunicação: as palavras foram desacopladas do papel.”

SAFFO, Pôl . Com a palavra. Veja 25 anos. São Paulo: Abril, 1993. página 157-158.

Resposta: Produção pessoal. O objetivo desta atividade é aprimorar a escrita e o posicionamento crítico dos estudantes. Nas redações, eles podem abordar suas relações cotidianas com a escrita em novos suportes tecnológicos. Estimule-os com perguntas como: você costuma ler e escrever pelo computador, celular ou tablet? Sobre quais assuntos? Com quais finalidades? Em sua opinião, fotografias e vídeos podem substituir textos escritos? Por quê? Existe uma linguagem própria dos suportes digitais? Você está habituado a ela? Dê exemplos.

Os estudantes podem discordar do texto de Pôl Saffo e do tema proposto, mas é importante que justifiquem de fórma coerente e consistente suas posições.

Produção mundializada

No mundo globalizado, as decisões tomadas por governos de países ricos ou por empresários influentes são sentidas em diferentes regiões do planeta. Assim, por exemplo, operários de uma indústria automobilística instalada no Brasil podem perder seus empregos se na matriz da empresa (por exemplo, nos Estados Unidos) for decidido que é mais lucrativo fechar a fábrica. Esse exemplo fica mais claro quando sabemos que a maior parte da produção e do comércio mundiais é controlada por glossário empresas multinacionaisglossário .

Essas empresas desenvolvem uma produção mundializada. O que isso significa? Uma indústria de smartphones, por exemplo, pode projetar os aparelhos no Japão e montá-los no Brasil com peças fabricadas na China. A contabilidade dessa indústria pode estar na Malásia, sua administração, na Finlândia, e a central de telemarketing, na Índia.

Para instalar sua operação mundo afora, as direções das grandes empresas se aproveitam de situações locais como: baixa remuneração dos trabalhadores, quantidade e qualidade da mão de obra, incentivos tributários do govêrno, existência de infraestrutura (estradas, portos, aeroportos, usinas elétricas) etcétera

Cartaz. Sobre um plano de fundo branco, há três pessoas vestindo jaquetas azuis e calças jeans, olhando para a frente: à esquerda, uma mulher de cabelo curto loiro claro, com as mãos nos bolsos da jaqueta. No centro, um homem de cabelo curto preto, com as mãos nos bolsos da jaqueta. À direita, um homem calvo de cavanhaque grisalho, com as mãos atrás do corpo. No alto, o texto em preto, originalmente em língua inglesa 'Um filme de Steven Bognar e Julia Reichert'. No centro, na parte superior, o título, originalmente em língua inglesa: em caracteres vermelhos, a palavra 'American'; em caracteres azuis, a palavra 'Factory'. Logo abaixo, o título em caracteres chineses, na cor azul. Na parte inferior da imagem, em branco, frisos ao redor da palavra 'sundance'; mais abaixo, há texto ilegível, escrito em caracteres brancos.
Cartaz do documentário Indústria americana, dirigido por Julia ráiquêrt e istíven Bognar, 2019. O documentário mostra o contraste entre o modo de trabalho dos chineses e dos estadunidenses.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto sobre como o cartão de crédito revolucionou as transações econômicas nacionais e internacionais, tornando-se a expressão contemporânea do dinheiro.

Cartão de crédito no mundo contemporâneo

“Se perguntássemos às pessoas qual das invenções do século vinte exerceu maior impacto sobre seu dia a dia hoje, as primeiras respostas provavelmente seriam o celular e o computador: poucos se lembrariam de mencionar antes o pequeno retângulo de plástico encontrado nas suas carteiras e bolsas. Contudo, desde que surgiram no fim dos anos 1950, os cartões de crédito e produtos afins tornaram-se parte integrante da vida moderna. Pela primeira vez na história, o crédito bancário não era um privilégio exclusivo da elite, e – talvez como consequência disso – questões éticas e religiosas, havia muito esquecidas, em relação ao uso e abuso do dinheiro, ressurgiram diante deste supremo símbolo da liberdade econômica para milhões de pessoas – como alguns o considerariam, ou, para outros, diante da triunfante cultura consumista anglo-americana. reticências

O cartão de crédito moderno é uma criação americana, o sucessor dos sistemas de crédito para vendas a varejo introduzidos no início do século vinte. Após o término da Segunda Guerra Mundial, quando ocorreram as restrições ao empréstimo de dinheiro, teve início a grande expansão do crédito. reticências

reticências Enquanto todas as notas e moedas que examinamos até agora tinham marcas de reis e países, nosso cartão não reconhece nenhum governante ou nação como seu criador e nenhum limite para o seu alcance, a não ser o da data de validade. Esse novo dinheiro é supranacional e parece ter conquistado o mundo. Ainda assim, mesmo nos cartões de crédito permanece um eco do dinheiro tradicional: o cartão que está contando nossa história faz questão de se apresentar como um Gold Card – um cartão de ouro. reticências

Alguns aspectos do cartão de crédito não exigem descrição. Por convenção internacional, todos os cartões de crédito do mundo possuem os mesmos tamanhos e formatos para que sejam aceitos em todas as máquinas que hoje fazem parte do nosso mundo urbano. Em certo aspecto, os cartões são como as tradicionais moedas e cédulas. Têm dois lados, cada um apresentando informações importantes. Ao virarmos o cartão, o verso mostra uma tarja magnética, parte de um sistema de verificação eletrônica que nos permite deslocar dinheiro ao redor do mundo com relativa segurança, nos concedendo comunicação, transações e gratificação imediatas. Muitos cartões incorporam agora um dispositivo eletrônico ainda mais sofisticado, um chip. É essa microtecnologia, uma das grandes realizações globais da última geração, que tornou possível a existência do cartão de crédito internacional – e, com ele, dos bancos de atuação internacional. Essa pequena faixa preta é a heroína – ou a vilã – deste capítulo. Tudo o mais é mera consequência dela.

reticências Não há muita dúvida de que pagar tantas coisas com cartões de crédito aumenta de fato a disposição dos clientes para gastar – às vezes além de suas possibilidades. Portanto, esse é um domínio do mundo financeiro que rapidamente conduz a debates ligados à ética e à religião.”

meecgrigor nil. A história do mundo em 100 objetos. Rio Janeiro: Intrínseca, 2013. página 711-714.

Fluxo financeiro

Todos os dias bilhões de dólares circulam pelos bancos, bolsas de valores e mercados de investimentos do mundo. É o chamado capital especulativo, que se diferencia do capital produtivo. Confira as principais diferenças entre eles:

  • capital especulativo: caracteriza-se pela aplicação de dinheiro no mercado financeiro que busca mais dinheiro. Não se aplica dinheiro para criar empresas e empregos, mas, sim, para obter lucros financeiros;
  • capital produtivo: caracteriza-se pela aplicação de dinheiro em empresas dos mais diferentes setores da produção (agricultura, indústria, serviços). Pode gerar empregos no país.

De modo geral, o capital especulativo circula mais pelo mundo do que o capital produtivo. O capital especulativo é aplicado em um país para gerar lucros rápidos e, logo em seguida, ser retirado desse país. O capital produtivo exige implantação de empresas, produção de bens ou serviços, e os lucros podem retornar a médio ou a longo prazo.

Blocos econômicos

A interligação econômica mundial foi favorecida por meio de organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (ó ême ésse), e de blocos regionais, como:

  • Mercosul – criado em 1991 na América do Sul. É formado por Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Venezuela, além de outros países associados;
  • União Europeia – criada em 1993, na Europa. Abrange quase todos os países da Europa Ocidental e boa parte dos países da Europa Oriental, totalizando 27 países-membros em 2022. Desses 27 países, 19 adotam como moeda o euro. Em 2020, o Reino Unido deixou o bloco, no episódio conhecido como Brexit – termo formado pela junção das palavras Britain (Grã-Bretanha) e exit” (saída);
Fotografia. Diversas capas de jornais dispostas umas sobre as outras, originalmente em língua inglesa. Há manchetes como: 'Nossa hora chegou!', 'Sim, nós fizemos!', 'É hora de nos unirmos!', 'Um novo amanhecer para a Grã-Bretanha', entre outras.
Jornais britânicos noticiam a saída do Reino Unido do bloco econômico europeu. Fotografia de 2020. O resultado dividiu a população: 48% queriam a permanência, mas 52% votaram pela saída do país da União Europeia.
  • u ésse ême cê á – sigla, em inglês, para acôrdo entre os Estados Unidos, México e Canadá, criado em 2018 para cooperação comercial, em substituição ao náfta (sigla, em inglês, para Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio);
  • ésse a dê cê – criada em 1992, na África. Formada por 16 países-membros africanos da África Austral.

Multipolarização econômica

Além desses blocos, observa-se uma multipolarização no mundo globalizado, que se expressa, no século vinte e um, pelo protagonismo de vários países, como mostra o gráfico, que apresenta o Produto Interno Bruto (Píbi) das maiores economias do mundo em 2021. O Píbi indicado é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país ao longo de um ano.

das maiores economias do mundo (2021)

Gráfico de barras. PIB das maiores economias do mundo (2021). 
Ranking: Primeiro. Ícone da bandeira. País: Estados Unidos. PIB: 25,35 (trilhões de dólares). 
Ranking: Segundo. Ícone da bandeira. País: China. PIB: 19,91 (trilhões de dólares). 
Ranking: Terceiro. Ícone da bandeira. País: Japão. PIB: 4,91 (trilhões de dólares). 
Ranking: Quarto. Ícone da bandeira. País: Alemanha. PIB: 4,26 (trilhões de dólares). 
Ranking: Quinto. Ícone da bandeira. País: Índia. PIB: 3,53 (trilhões de dólares). 
Ranking: Sexto. Ícone da bandeira. País: Reino Unido. PIB: 3,38 (trilhões de dólares). 
Ranking: Sétimo. Ícone da bandeira. País: França. PIB: 2,94 (trilhões de dólares). 
Ranking: Oitavo. Ícone da bandeira. País: Canadá. PIB: 2,22 (trilhões de dólares). 
Ranking: Nono. Ícone da bandeira. País: Itália. PIB: 2,06 (trilhões de dólares). 
Ranking: Décimo. Linha destacada na cor amarela. Ícone da bandeira. País: Brasil. PIB: 1,83 (trilhões de dólares). 
Ranking: Décimo primeiro. Ícone da bandeira. País: Rússia. PIB: 1,83 (trilhões de dólares). Ranking: Décimo segundo. País: Coreia do Sul. PIB: 1,80 (trilhões de dólares). 
Ranking: Décimo terceiro. Ícone da bandeira. País: Austrália. PIB: 1,75 (trilhões de dólares).
FONTE: BRASIL volta ao tóp 10 no ranking de maiores economias do mundo. Poder 360, 2 junho 2022. Disponível em: https://oeds.link/5qfkAE. Acesso em: 2 agosto 2022.

Trabalho: desemprêgo e precarização

O processo de globalização impactou o mundo do trabalho. De um lado, surgiram empregos relacionados às novas tecnologias digitais. De outro lado, cresceu o desemprêgo em vários setores tradicionais da economia. O desemprêgo contemporâneo pode ser classificado em:

  • estrutural – decorre principalmente da substituição da mão de obra humana por máquinas automatizadas ou robôs. Assim, por exemplo, máquinas agrícolas substituem agricultores, porteiros são substituídos por câmeras de vigilância, bancários são trocados por serviços de internet banking;
  • conjuntural – decorre de crises que afetam setores da economia. Às vezes, é provocado por demissões feitas por empresas locais que não conseguem competir com empresas globais. Assim, por exemplo, o trabalhador de uma fábrica de automóveis no Brasil pode perder seu emprêgo se a matriz nos Estados Unidos decidir fechar sua filial brasileira.

Além do desemprêgo, a produção mundializada agravou a precarização do trabalho. Tal precarização se reflete na baixa remuneração e na perda de direitos trabalhistas. Isso mostra uma tendência geral de queda no valor do trabalho e no padrão de vida da maioria das pessoas.

Fotografia. Caixa térmica usada por motoboy, coberta por uma capa laranja. Há um megafone colocado sobre ela. Na caixa, há um cartaz colado com fita, com o texto: 'Arriscando a minha vida pra matar a sua fome e a minha!'. O texto está em preto, somente a palavra 'vida' está destacada em vermelho. Há um recipiente de álcool em gel encostado ao lado da caixa.
Cartaz colado em mochila de entregador de empresas de aplicativos, em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul. Fotografia de 2020. Nesse ano, os entregadores fizeram uma paralisação protestando contra suas condições de trabalho durante a pandemia de covid-19.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Trabalho: desemprêgo e precarização” favorece o desenvolvimento do tema contemporâneo transversal Trabalho, pois aborda os impactos da globalização e das novas tecnologias no mundo do trabalho.

Concentração de riquezas

Nas últimas décadas, havia uma expectativa de que os avanços tecnológicos melhorassem a qualidade de vida da maioria da população e reduzissem as desigualdades sociais. No entanto, desde os anos 1980, observa-se um aumento contínuo da concentração de riquezas. Segundo o historiador iuvel rarari, em 2018, metade da riqueza mundial estava nas mãos de 1% da população mais rica. E, dentro desse 1%, há um grupo super-restrito de 100 bilionários que detêm mais riqueza do que a metade mais pobre da população mundial, isto é, cêrca de 4 bilhões de pessoas.

O mundo globalizado é marcado por imensos contrastes. Uma pequena parcela da população (os “incluídos”) tem acesso a: comidas e roupas sofisticadas, aeroportos, hotéis luxuosos, serviços de saúde avançados, aparelhos eletrônicos de ponta etcétera Já a maioria da população mundial (os “excluídos”) enfrenta dificuldades para adquirir bens e serviços básicos, como comida, água potável, moradia digna, assistência de saúde e educação de qualidade.

De modo geral, as políticas neoliberais, adotadas na globalização, favoreceram a concentração do capital nas mãos de poucos. Isso ocorreu porque o neoliberalismo contribuiu para ampliar o mercado privado em detrimento de políticas públicas relativas à promoção de direitos sociais. São direitos sociais, por exemplo, educação, saúde, trabalho, previdência e assistência aos desamparados.

Fotografia. Em uma via pública cercada de prédios baixos, uma multidão de pessoas caminha segurando faixas e cartazes. Em destaque, à frente, um grupo de homens e mulheres jovens segura uma faixa com o texto, originalmente em inglês:  'Educação gratuita agora. Taxem os ricos'. Uma mulher jovem de cabelos longos e escuros, que usa um par de óculos, segura um megafone diante de seu rosto. Há diversas pessoas segurando cartazes com o mesmo texto da faixa.
Manifestação a favor da educação gratuita e da maior cobrança de impostos para os mais ricos, em Londres, Reino Unido. Fotografia de 2017. Na bandeira, lê-se “Educação gratuita agora. Taxem os ricos”.
Orientações e sugestões didáticas

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto do geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001), que formulou argumentos críticos a respeito das políticas globais, utilizando dados do final do século vinte. Segundo ele, o processo de globalização acentuou os contrastes sociais por todo o mundo.

A perversidade sistêmica

reticências a realidade [social na atualidade] pode ser vista como uma fábrica de perversidade. A fome deixa de ser um fato isolado ou ocasional e passa a ser um dado generalizado e permanente. Ela atinge 800 milhões de pessoas espalhadas por todos os continentes, sem exceção. Quando os progressos da Medicina e da informação deviam autorizar uma redução substancial dos problemas de saúde, sabemos que 14 milhões de pessoas morrem, todos os dias, antes do quinto ano de vida.

Dois bilhões de pessoas sobrevivem sem água potável. Nunca na história houve um tão grande número de deslocados e refugiados. O fenômeno dos sem-teto, curiosidade na primeira metade do século vinte, hoje é um fato banal, presente em todas as grandes cidades do mundo. O desemprêgo é algo tornado comum. reticências A pobreza também aumenta. No fim do século vinte havia mais 600 milhões de pobres do que em 1960; e 1,4 bilhão de pessoas ganham menos de um dólar por dia. reticências O fato reticências é que a pobreza tanto quanto o desemprêgo agora é considerado como algo ‘natural’ reticências. Junto ao desemprêgo e à pobreza absoluta, registre-se o empobrecimento relativo de camadas cada vez maiores graças à deterioração do valor do trabalho. reticências Vivemos num mundo de exclusões, agravadas pela desproteção social, apanágio do modêlo neoliberal, que é também criador de insegurança.

Na verdade, a perversidade deixa de se manifestar por fatos isolados, atribuídos a distorções da personalidade, para se estabelecer como um sistema. A nosso ver, a causa essencial da perversidade sistêmica é a instituição, por lei geral da vida social, da competitividade como regra absoluta, uma competitividade que escorre sobre todo o edifício social. O outro, seja ele empresa, instituição ou indivíduo, aparece como um obstáculo à realização dos fins de cada um e deve ser removido, por isso sendo considerado uma coisa. Decorrem daí a celebração dos egoísmos, o alastramento dos narcisismos, a banalização da guerra de todos contra todos, com a utilização de qualquer reticências meio para obter o fim colimado, isto é, competir e, se possível, vencer. Daí a difusão, também generalizada, de outro subproduto da competitividade, isto é, a corrupção.

Esse sistema da perversidade inclui a morte da Política (com um P maiúsculo), já que a condução do processo político passa a ser atributo das grandes empresas. Junte-se a isso o processo de conformação da opinião pelas mídias, um dado importante no movimento de alienação trazido com a substituição do debate civilizatório pelo discurso único do mercado. reticências

Para tudo isso, também contribui o estabelecimento do império do consumo, dentro do qual se instalam consumidores mais que perfeitos (M. Santos, O espaço do cidadão, 1988), levados à negligência em relação à cidadania reticências. reticências [Isso] é um dos fermentos da quebra da solidariedade entre pessoas, classes e regiões. Incluam-se também, nessa lista reticências, a ampliação das desigualdades de todo gênero: interpessoais, de classes, regionais, internacionais. Às antigas desigualdades, somam-se novas.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2006. página 58-61.

Outras indicações

Sugestão de material para conhecer mais o tema da concentração de riquezas e desigualdades sociais no mundo.

O NOVO mapa da desigualdade global. Outras Palavras, 31 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/SDz3t7. Acesso em: 13 abril 2022.

Orientação didática

O dado sobre a concentração mundial de riquezas foi extraído da obra: Rarári, Iuvel. vinte e uma lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Países desenvolvidos

É comum os países serem classificados de acôrdo com o seu nível de desenvolvimento. Entre os desenvolvidos estão um reduzido grupo de países, como Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha, França, Reino Unido e outras nações da Europa Ocidental. Esses países apresentam economias industrializadas, têm um grande desempenho científico e tecnológico e controlam aproximadamente 45% da produção econômica mundial.

Os países mais desenvolvidos possuem bons indicadores sociais, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)glossário . A qualidade de vida de suas populações pode ser observada com base em fatores como: baixa mortalidade infantil, elevada expectativa de vida, alta escolaridade, ampla rede de saneamento básico e acesso a modernos meios de transporte e de comunicação. Além disso, predominam nos países desenvolvidos os regimes democráticos, com ampla participação da sociedade civil na vida pública. De modo geral, constituem sociedades com menor desigualdade entre os grupos sociais, se comparadas com as dos países menos desenvolvidos.

Mundo: IDH (2019)

Mapa. Mundo: IDH (2019). Mapa-múndi indicando diferentes escalas representadas por gradações da cor verde. 
Em tons de verde escuro, IDH muito elevado; entre 1 e 0,8. 
Na América: Canadá, Estados Unidos, Panamá, Bahamas, Barbados, Costa Rica, Chile, Argentina e Uruguai.
Na África: Ilhas Maurício.
Na Europa: Noruega, Irlanda, Suíça, Islândia, Alemanha, Suécia, Países Baixos, Dinamarca, Finlândia, Reino Unido, Bélgica, Áustria, Liechtenstein, Eslovênia, Luxemburgo, Espanha, França, República Tcheca, Malta, Estônia, Itália, Grécia, Chipre, Lituânia, Polônia, Andorra, Letônia, Portugal, Eslováquia, Hungria, Croácia, Montenegro, Romênia, Rússia, Belarus, Turquia, Bulgária, Geórgia e Sérvia. 
Na Ásia: Hong Kong, Cingapura, Israel, Japão, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Barein, Catar, Brunei, Cazaquistão, Omã, Kuait, Malásia, Rússia e Turquia.
Na Oceania: Austrália, Nova Zelândia e Palau.
Em tons de verde escuro a verde médio. IDH elevado e médio; entre 0,8 e 0,5.
Na América: México, Cuba, Antígua e Barbuda, Granada, Santa Lúcia, Dominica, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Neves, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Belize, El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Suriname, Jamaica, Honduras, Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia, Brasil, Equador, Paraguai. 
Na África: Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Marrocos, África do Sul, Botsuana, Namíbia, Gabão, Gana, Guiné Equatorial, Zâmbia, Congo, Camarões, Comores, Quênia, Angola, Cabo Verde, Essuatíni, São Tomé e Príncipe, Seychelles e Zimbábue.
Na Europa: Bósnia-Herzegovina, Macedônia do Norte, Albânia, Armênia, Ucrânia e Moldávia. 
Na Ásia: Palestina, Jordânia, Líbano, Irã, Iraque, Síria, Turcomenistão, Uzbequistão, Quirguistão, Azerbaijão, Tadjiquistão, Mongólia, China, Butão, Filipinas, Maldivas, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Índia, Paquistão, Timor-Leste, Laos, Camboja, Vietnã, Mianmar, Tailândia e Indonésia.
Na Oceania: Ilhas Marshall, Samoa, Fiji, Vanuatu, Estados Federados da Micronésia, Kiribati, Tonga, Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné.
De cinza a verde claro. IDH baixo; entre 0,5 e 0,1.
Na América: Haiti.
Na África: Mauritânia, Benim, Uganda, Ruanda, Nigéria, Costa do Marfim, Tanzânia, Madagascar, Lesoto, Djibouti, Togo, Senegal, Sudão, Gâmbia, Etiópia, Malauí, República Democrática do Congo, Guiné-Bissau, Libéria, Guiné, Eritreia, Moçambique, Burkina Fasso, Serra Leoa, Mali, Burundi, Sudão do Sul, Chade, República Centro-Africana e Níger.
Na Ásia: Afeganistão e Iêmen.
Sem informação: Coreia do Norte, Mônaco, São Marino, Somália e Tuvalu.
Na parte inferior esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.680 quilômetros.
FONTES: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; penúdi. Human development report tuêni tuêni. Nova iórque: ônu, 2020. página 343-346.

Responda no caderno

Ícone. Lupa indicando o boxe Observando o mapa.

observando o mapa

De acôrdo com o mapa, onde se concentram os países com maiores e menores índices de desenvolvimento humano?

Orientações e sugestões didáticas

Observando o mapa

Esclareça aos alunos que, no mapa, os tons de verde mais escuros identificam os países com Índice de Desenvolvimento Humano mais elevado. As maiores concentrações de países de elevado í dê agá estão na América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e na Europa. Também se destacam Austrália e Nova Zelândia (na Oceania), Japão e Coreia do Sul (na Ásia). As maiores concentrações de países com baixo í dê agá estão no continente africano e nas porções sul e sudeste da Ásia.

Orientação didática

Comente com os estudantes que, no í dê agá de 2019, os países foram classificados em quatro grupos: países com í dê agá muito elevado (igual ou superior a 0,800zero reais e oitenta centavos); países com í dê agá elevado (entre 0,700zero reais e setenta centavos e 0,799zero reais e oitenta centavos); países com í dê agá médio (entre 0,550zero reais e cinquenta e cinco centavos e 0,699zero reais e setenta centavos); e países com í dê agá baixo (menor que 0,550zero reais e cinquenta e cinco centavos). Enfatize ainda que, quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento apresentado pelo país.

Países subdesenvolvidos

A maioria dos países do mundo é considerada subdesenvolvida ou em vias de desenvolvimento. Esses países estão localizados, sobretudo, na África, na Ásia, na Europa Oriental e na América Latina.

Apesar das diferentes situações sociais, políticas, econômicas e culturais, pode-se dizer que os países subdesenvolvidos possuem economias mais instáveis, com índices de industrialização baixos ou moderados. Esses países também apresentam elevada concentração de renda. Quanto aos regimes políticos, suas instituições demonstram certa fragilidade, havendo, frequentemente, pouca participação da sociedade civil nas decisões públicas.

Além da expressão “subdesenvolvido”, existem outras relacionadas a esses países. Conheça algumas delas:

  • países em desenvolvimento – termo que procura destacar o esfôrço de grande parte das nações para sair do subdesenvolvimento;
  • países emergentes – termo que destaca, entre os países subdesenvolvidos, as nações que têm avançado nos processos de industrialização, diversificação produtiva e crescimento de suas economias, como Brasil, México, Indonésia e África do Sul;
Fotografia. Vista aérea de uma cidade. No canto esquerdo da imagem, uma longa avenida. À esquerda da avenida, construções baixas, algumas com telhados cor de terracota; à direita da avenida, prédios altos e áreas de vegetação. Ao fundo, uma montanha e o céu com nuvens.
Vista aérea de Jacarta, capital da Indonésia. Fotografia de 2022. Assim como ocorre em outros países emergentes, o crescimento da economia não traz melhorias para a qualidade de vida de toda a população da Indonésia.

bríquis – dentro do conjunto dos países emergentes, há alguns que, por seu tamanho territorial e disponibilidade de recursos, apresentam significativo potencial de crescimento econômico e exercem influência no equilíbrio da economia globalizada. É o caso do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, conhecido pela sigla bríquis.

Fotografia. No centro da imagem, um homem de cabelo curto e preto, vestindo terno escuro, camisa branca e gravata azul. Ele está em frente a um púlpito azul, onde há a inscrição com o ano '2021' e caracteres chineses. Sobre o púlpito, há um microfone preto. Ao fundo, as bandeiras do Brasil, da Rússia, da China, da Índia e da África do Sul.
O ministro da Indústria e da Tecnologia da Informação da China discursa durante fórum que reuniu líderes dos bríquis em Xiamen, China. Fotografia de 2021.

Identidade local versus padrão global

No mundo globalizado, os países desenvolvidos exportam seus padrões culturais (atitudes, idiomas, alimentos, vestimentas etcétera) para outras regiões. Porém, pessoas e sociedades se recusam a adotar essa padronização – ou massificação cultural – e continuam lutando para preservar seus modos de ser e de viver, isto é, suas identidades.

Identidade é um conjunto de características que permitem a uma pessoa reconhecer a si própria. Já alteridade é um conjunto de características que permitem o reconhecimento do outro. A identidade e a alteridade estão entrelaçadas e dependem uma da outra.

A identidade é formada por elementos como nacionalidade, religião, profissão, lazer e gênero. Assim, a identidade de uma pessoa ou de um povo tem várias dimensões. Isso quer dizer que a pessoa não tem apenas uma característica que define sua identidade. Confira um exemplo: uma pessoa pode ser um brasileiro do Nordeste, ter uma religião cristã, trabalhar no setor de saúde etcétera

Fotografia. Duas meninas dançando e, ao fundo, uma multidão de crianças observando. Em primeiro plano, à esquerda, uma jovem de cabelos longos e castanhos, preso em um rabo de cavalo, vestindo blusa escura e estampada de alças e uma saia rodada verde e amarela. Ela segura a barra da saia com as mãos, tem os braços flexionados na altura da cintura. À direita, menina de cabelos longos e castanhos, vestindo camiseta branca de uniforme escolar e saia rodada, vermelha e branca. Ela segura a barra de sua saia com as mãos e está descalça.
Ao fundo, as crianças que observam as meninas dançando estão vestidas com uniformes escolares nas cores azul e branco. Algumas delas batem palmas.
Estudantes de comunidade ribeirinha dançam carimbó, dança típica da Região Norte do Brasil, em Santarém, Pará. Fotografia de 2017.
Fotografia. Vista de multidão. Sob uma luz azulada, as pessoas, vistas de costas, estão com as mãos para cima segurando celulares com as câmeras ligadas.
Público grava espetáculo com smartphones, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. A massificação cultural impõe padrões de atitudes e de consumo, muitas vezes disseminados por meio de postagens em redes sociais.
Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

  1. Que características compõem sua identidade?
  2. Em sua interpretação, por que identidade e alteridade estão entrelaçadas? Desenvolva seu ponto de vista por meio de argumentos.
Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

  1. Os estudantes podem apontar várias características, entre elas a aparência (cor da pele, cor do cabelo), a ancestralidade, a origem social, a religião e o gênero, por exemplo. A apresentação das características identitárias, em sintonia com o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, é uma oportunidade para fomentar a valorização da diversidade como uma riqueza do Brasil e do mundo.
  2. Ambas estão entrelaçadas por tratarem do reconhecimento, seja de si mesmo, seja do outro. Isso significa que não é possível estabelecer uma identidade (eu) sem distingui-la da alteridade (outro). Além disso, o desenvolvimento da identidade é um processo social e, portanto, depende do convívio com o outro. A argumentação dos estudantes deve ser valorizada, ressaltando a importância do diálogo e da tolerância.

Povos indígenas no século vinte e um

Nos dias atuais, mais de 50 milhões de pessoas no continente americano se consideram indígenas. Embora essa população seja heterogênea, é possível dizer que os indígenas lutam:

  • pela preservação de suas culturas;
  • pelo direito às terras que tradicionalmente ocupam;
  • por autodeterminação, que significa assumir o contrôle de suas vidas;
  • por saúde, educação e trabalho;
  • e pela representação política, que significa votar e ser eleito.

Entre o final do século vinte e o início do século vinte e um, as pautas dos povos indígenas alcançaram repercussão regional, nacional e internacional. Em 1992, a líder indígena (Guatemala), por exemplo, recebeu o prêmio Nobel da Paz por defender seu povo. Em 2007, a ônu aprovou a Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Fotografia. Em um espaço aberto, sob um céu azul com nuvens, no centro da imagem há um globo terrestre grande, com os oceanos representados em azul e a América do Sul em verde. À frente, um grupo de homens indígenas com corpos pintados e adereços, como colares e cocares, seguram e sustentam esse globo.
Indígenas na 18ª edição do Acampamento Terra Livre, em Brasília, Distrito Federal. Fotografia de 2022. Trata-se da maior assembleia dos povos e organizações indígenas do Brasil, que discute desde a preservação ambiental até a defesa dos direitos dos povos indígenas.

Observe, no quadro a seguir, a população indígena de alguns países da América, incluindo descendentes e membros de povos nativos.

População de indígenas na América (2017)

País

População (aprox.)

México

16.933.283

Estados Unidos

6.600.000

Guatemala

6.000.000

Peru

4.000.000

Bolívia*

2.800.000

Chile

1.565.915

Colômbia

1.500.000

Canadá

1.400.685

Equador

1.100.000

Brasil

896.917

Venezuela

840.000

Argentina

600.329

asterisco Pessoas com mais de 15 anos.

Fonte: Katrine B.; Pamela L. The indigenous world. Copenhague: The International Work Group for Indigenous Affairs (i dáblio gê i a), 2017. página 94; 103; 116; 127; 168; 179; 203; 212; 222; 233; 246; 259.

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Povos indígenas no século vinte e um” favorece o desenvolvimento das competências cê ê cê agá um e cê ê agá quatro, bem como da habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis, pois identifica e discute as pautas dos povos indígenas no século vinte e um e suas fórmas de inserção no debate local, regional, nacional e internacional.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir alguns artigos da Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas. Essa declaração assume como pressuposto que “reticênciastodas as doutrinas, políticas e práticas baseadas na superioridade de determinados povos ou indivíduos, ou que a defendem alegando razões de origem nacional ou diferenças raciais, religiosas, étnicas ou culturais, são racistas, cientificamente falsas, juridicamente inválidas, moralmente condenáveis e socialmente injustas reticências”.

Aspectos da Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas

“Artigo 1º

Os indígenas têm direito, a título coletivo ou individual, ao pleno desfrute de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos pela Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o direito internacional dos direitos humanos.

Artigo 2º

Os povos e pessoas indígenas são livres e iguais a todos os demais povos e indivíduos e têm o direito de não serem submetidos a nenhuma fórma de discriminação no exercício de seus direitos, que esteja fundada, em particular, em sua origem ou identidade indígena.

Artigo 3º

Os povos indígenas têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito determinam livremente sua condição política e buscam livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.

Artigo 4º

Os povos indígenas, no exercício do seu direito à autodeterminação, têm direito à autonomia ou ao autogoverno nas questões relacionadas a seus assuntos internos e locais, assim como a disporem dos meios para financiar suas funções autônomas. reticências

Artigo 6º

Todo indígena tem direito a uma nacionalidade.

Artigo 7º

1. Os indígenas têm direito à vida, à integridade física e mental, à liberdade e à segurança pessoal.

2. Os povos indígenas têm o direito coletivo de viver em liberdade, paz e segurança, como povos distintos, e não serão submetidos a qualquer ato de genocídio ou a qualquer outro ato de violência, incluída a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.

Artigo 8º

1. Os povos e pessoas indígenas têm direito a não sofrer assimilação forçada ou a destruição de sua cultura.

2. Os Estados estabelecerão mecanismos eficazes para a prevenção e a reparação de:

a) Todo ato que tenha por objetivo ou consequência privar os povos e as pessoas indígenas de sua integridade como povos distintos, ou de seus valores culturais, ou de sua identidade étnica.

b) Todo ato que tenha por objetivo ou consequência subtrair-lhes suas terras, territórios ou recursos.

c) Toda fórma de transferência forçada de população que tenha por objetivo ou consequência a violação ou a diminuição de qualquer dos seus direitos.

d) Toda fórma de assimilação ou integração forçadas.

e) Toda fórma de propaganda que tenha por finalidade promover ou incitar a discriminação racial ou étnica dirigida contra eles.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ônu). Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas. Rio de Janeiro: ônu, 2008. página 6-8. Disponível em: https://oeds.link/Ior2pe. Acesso em: 12 abril 2022.

Xenofobia e racismo

Segundo a ônu, em 2020, quase 281 milhões de pessoas estavam fóra de seus países de origem, ou seja, eram migrantes. Em geral, as migrações ocorrem em razão de guerras, perseguições (políticas ou religiosas), busca por trabalho e melhores condições de vida. Ao se deslocarem, os migrantes enfrentam vários problemas, como a xenofobia e o racismo.

A palavra xenofobia (do grego, xeno = estrangeiro e fobia = medo) remete a uma espécie de medo e aversão que moradores de um país têm em relação a estrangeiros. Diversos motivos podem gerar essa aversão: a aparência física, o idioma diferente, os hábitos de comer ou vestir. Em muitos casos, a xenofobia manifesta-se por meio de perseguições, violências e condutas racistas.

Nas últimas décadas, a xenofobia e o racismo tornaram-se comuns em várias partes do mundo. Na Europa, ocorreram casos de perseguição aos imigrantes turcos, especialmente na Alemanha, por parte de neonazistas. Na França, milhões de imigrantes vindos da África não são considerados cidadãos plenos.

Além de imigrantes, as principais vítimas das condutas de aversão ao outro são pessoas pobres, indígenas, negros, homossexuais, mulheres, idosos etcétera No mundo contemporâneo, o exercício da cidadania exige combate à violência, aos estereótipos e aos preconceitos. Afinal, sem respeito aos outros não desenvolvemos uma sociedade justa, livre e solidária. Enfim, uma sociedade baseada na cultura da paz.

Fotografia. Sob o fundo de um tecido estampado com padrões geométricos em preto e branco, há, à direita, um homem de cabelo crespo, curto e preto. Ele usa barba e relógio e veste uma blusa de mangas compridas e uma calça na cor branca, ambas com grandes bordados coloridos nas cores vermelho, laranja, amarelo e azul. O homem está com o corpo voltado para a esquerda, com as mãos sobre um manequim de cor preta onde está exposto um vestido longo com estampas em tons de branco, preto, laranja e vermelho. Com uma das mãos, o homem ajeita um colar com contas laranjas e um pingente redondo no pescoço do manequim.
O estilista , imigrante do Benim, em seu ateliê na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2018.
Charge. No canto superior esquerdo da imagem, um balão apresenta o texto 'Mochila suspeita...'. No centro da imagem, a figura do tio Sam, um homem de cabelos compridos e grisalhos, vestido com colete azul, camisa branca, calça listrada vermelha e branca e uma cartola com listras vermelhas e brancas, com a base azul com estrelas brancas. Com as pernas  flexionadas, as costas encurvadas e os olhos esbugalhados, ele está carregando uma mochila desproporcionalmente grande, na cor azul. Nela está escrito: 'Política de medo e ódio'.
Charge de rógers sobre a xenofobia contra os muçulmanos durante o govêrno de dônald tramp nos Estados Unidos, 2015. Na charge, a frase Política de medo e ódio faz referência ao govêrno trãmp, marcado, entre outros aspectos, pelo endurecimento da política migratória e por discursos e ações xenofóbicos.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Os textos “Xenofobia e racismo” e “Terrorismo contemporâneo” favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três cinco, pois analisam aspectos relacionados ao fenômeno do terrorismo na contemporaneidade, incluindo os movimentos migratórios e os choques entre diferentes grupos e culturas.

Terrorismo contemporâneo

Com frequência, ficamos sabendo de notícias assustadoras sobre atentados terroristas em diversas regiões do mundo. Eles assumem fórmas tão diferentes que se tornou difícil até mesmo definir o que é terrorismo.

Pode-se dizer que terrorismo é uma ação criminosa, geralmente planejada, cujo objetivo é provocar um estado de medo e terror em pessoas de determinada nacionalidade, religião ou posição política. Praticadas em nome de supostas convicções ideológicas ou religiosas, as ações terroristas costumam causar danos ou mortes, implicando graves violações aos direitos humanos.

Entre as organizações terroristas atuantes do século vinte e um estão Al Caeda, Talibã e Estado Islâmico. Além dessas organizações fundamentalistas islâmicas, grupos racistas ou supremacistas brancos também são considerados terroristas, como apontou o presidente dos Estados Unidos, djou Báiden. Em 2021, em seu primeiro discurso como presidente eleito, ele afirmou: A ameaça terrorista mais letal à pátria hoje é o terrorismo da supremacia branca.

O combate ao terrorismo exige a cooperação da comunidade internacional, com o apôio da ônu. Porém, esse combate não pode causar violações aos direitos humanos, como ocorreu em muitos casos. Exemplo disso são as detenções arbitrárias de imigrantes, a tortura de prisioneiros e a espionagem via internet, direcionada contra pessoas e governos.

Fotografia. Sob o fundo desfocado de uma multidão, há duas mulheres em primeiro plano. À esquerda, uma mulher de cabelo preso, castanho e cacheado, vestindo uma jaqueta aberta, estampada nas cores roxa, rosa, azul e vermelha e uma camiseta preta. Ela usa uma máscara branca sobre a boca e o nariz com o texto, em vermelho, originalmente em inglês 'Não'. Com uma mão, ela toca o braço de uma mulher à direita, que a abraça. À direita, uma mulher com os cabelos cobertos por uma touca de tricô vermelha, vestindo uma jaqueta fechada, estampada nas cores vermelha e branca. Sobre o nariz e a boca, ela usa uma máscara preta com faixas verticais em tom de arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Ela está abraçada a mulher de jaqueta roxa ao seu lado.
Manifestação contra o ódio dirigido à população asiática na Califórnia, Estados Unidos. Fotografia de 2021. Após a pandemia de covid-19, cresceu a intolerância praticada por supremacistas brancos estadunidenses, que culpavam os asiáticos de espalharem o vírus da doença, uma vez que os primeiros casos foram registrados na China.

Atentados de 11 de setembro de 2001

Um dos principais atentados terroristas do século vinte e um ocorreu em 11 de setembro de 2001. Nesse dia, quatro aviões de passageiros foram sequestrados pelo grupo terrorista Al Caeda, com o objetivo de atacar símbolos de poder nos Estados Unidos. Duas aeronaves se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova iórque. Um terceiro avião colidiu com o prédio do Pentágono, séde do Departamento de Defesa, em Washington. O quarto avião caiu em um campo aberto, antes de atingir seu alvo, provavelmente, o Capitólio ou a Casa Branca.

Fotografia. Sob o fundo de um céu azul sem nuvens, o topo de dois prédios retangulares, em cores claras e iguais. Eles são muito mais altos que os demais prédios ao redor deles. No prédio à esquerda, acima da linha do topo dos prédios vizinhos, uma grande explosão. Há fumaça cinza, estilhaços e chamas vermelhas, laranjas e amarelas saindo do prédio. No prédio à direita, uma grande quantidade de fumaça preta é expelida em uma coluna que se dirige à esquerda, a partir do topo da construção.
A torre sul do World Trade Center é atingida durante o ataque terrorista ocorrido em Nova iórque, Estados Unidos. Fotografia de 11 de setembro de 2001.

Os atentados de 2001 resultaram em cêrca de 3 mil mortos e 6 mil feridos, abalando profundamente o govêrno e a opinião pública dos Estados Unidos. O então presidente, djêordji W. búch, responsabilizou o líder da Al Caeda Osama Bin Laden pelos ataques e iniciou uma “guerra contra o terror”. Tropas estadunidenses bombardearam e invadiram o Afeganistão. Em dois meses, derrubaram o regime talibã, que tinha ligações com a Al Caeda e, desde 1996, governava o país. Em 2011, após intensas buscas, Bin Laden foi capturado e morto no Paquistão por fôrças dos Estados Unidos.

Fotografia. Em uma sala de aula, no centro da imagem há dois homens. À direita, um homem de cabelo curto e escuro, vestindo terno escuro, camisa azul e gravata vermelha, está sentado em uma cadeira e tem as mãos cruzadas sobre o colo. Ao lado dele, um homem de cabelo curto grisalho, vestindo um terno escuro, camisa branca e gravata estampada, está com o corpo curvado, têm as mãos cruzadas na frente do corpo, e está falando ao lado do ouvido do outro homem. Ao fundo, uma pequena lousa e uma prateleira com cestos e caixas. Na parte inferior da imagem, algumas crianças vistas de costas.
djêordji W. búch (sentado), então presidente dos Estados Unidos, durante visita a uma escola quando recebe a notícia dos atentados terroristas contra o país. Fotografia de 11 de setembro de 2001.
Orientações e sugestões didáticas

Orientação didática

Comente com os estudantes que, em 2013, o ex-agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (cía) éduard isnôuden vazou documentos confidenciais a respeito de programas de vigilância eletrônica desenvolvidos pelo govêrno estadunidense.

Segundo o ex-agente, esses programas, a princípio voltados para o combate ao terrorismo, foram utilizados para espionar cidadãos e governos ao redor do mundo, com a colaboração de grandes empresas privadas de tecnologia sediadas nos Estados Unidos.

Os documentos confidenciais vazados mostram que, além do alegado uso militar de combate ao terrorismo, os programas de vigilância eletrônica também foram usados para obter vantagens políticas e econômicas, bem como violar a privacidade de cidadãos.

A abordagem desse assunto favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três três, pois analisa transformações nas relações políticas locais e globais decorrentes do desenvolvimento das tecnologias digitais de informações e comunicação.

Texto de aprofundamento

Leia a seguir um texto que está dividido em três partes: a) breve contextualização sobre Osama Bin Laden; b) fragmentos do discurso que ele pronunciou um mês após o ataque de 11 de setembro de 2001 ao World Trade Center, em Nova iórque; c) as consequências desencadeadas pelos Estados Unidos conhecidas como “guerra contra o terror”.

Os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos

“Osama Bin Laden (1957-2011)

Osama Bin Laden foi um terrorista inusitado. Homem que esteve no topo da lista dos procurados pelos Estados Unidos durante uma década, ele era o décimo sétimo filho de um empreiteiro iemenita milionário que vivia na Arábia Saudita.

Na década de 1980, porém, Bin Laden abandonou as distrações mundanas para lutar contra os invasores soviéticos no Afeganistão. Com o apôio da cía, entre outros, ele montou um campo de treinamento para guerreiros islâmicos nas províncias fronteiriças do Paquistão. Esse campo era chamado de ‘a base’, ou, em árabe, .

A guerra santa, ou jirrád, no Afeganistão teve um êxito retumbante, e Bin Laden buscou um novo alvo para sua ira presumidamente divina. Quando tropas norte-americanas ‘infiéis’ montaram bases no solo sagrado da Arábia Saudita antes da primeira Guerra do Golfo de 1991, os Estados Unidos viraram o alvo perfeito.

Ao longo do fim da década de 1990, Bin Laden lançou uma série de denúncias violentas reticências contra os reticências americanos. Mas somente em 2001, com o ataque devastador de 11 de setembro ao World Trade Centerem Nova iórque, ele ganhou notoriedade mundial.

O discurso

‘O que os Estados Unidos sentem hoje é uma coisa ínfima em comparação com o que sentimos há dezenas de anos. reticências

Quanto aos Estados Unidos, tenho poucas palavras para dizer a esse país e a seu povo: eu juro por Deus Todo-Poderoso, que ergueu os céus sem pilares, que nem os Estados Unidos nem quem vive nos Estados Unidos estarão em segurança antes que ela seja uma realidade na Palestina e antes que todos os exércitos infiéis saiam da terra de Maomé.’ reticências

As consequências

Essa mensagem foi transmitida pelo canal de notícias árabe Al Jazira um mês após a queda das Torres Gêmeas. reticências

Duas semanas antes, djêordji W. búch dissera: ‘Ou vocês estão conosco ou estão com os terroristas’. Bin Laden expressa a mesma opinião ao contrário quando separa o mundo em ‘duas regiões’, assim estabelecendo o palco para um confronto global. reticências

Anteriormente, suas palavras poderiam ser tomadas como ameaças vazias. Mas, com o 11 de Setembro, ele provou que podia cumprir o que dizia e realizar sua ambição sanguinária de uma guerra implacável contra o Ocidente. reticências

A resposta reticências [do govêrno dos Estados Unidos] foi a guerra ao terror – que reticências ainda vigora.”

ADDIS, fêrdi. Discursos que mudaram a história. São Paulo: Prumo, 2012. página 204-207.

Crise ambiental e sanitária

Em um mundo cada vez mais interligado, os problemas ambientais se tornaram alarmantes. Os seres humanos ocupam cêrca de 83% do planeta, gerando poluição e danos irreversíveis.

A devastação de uma grande floresta, por exemplo, não gera impacto apenas no país que sofreu com o desmatamento. Vários países de uma região vizinha também podem ser afetados pela perda de área florestal, com alterações nos regimes de chuvas e processos de desertificação.

Além dos problemas da devastação ambiental, ainda ocorre a propagação de doenças que se alastram pelo planeta, como foi o caso da pandemia de covid-19.

Aquecimento global

A partir do século dezenove, a Revolução Industrial acelerou a exploração dos recursos naturais do planeta em uma velocidade maior do que a capacidade de renovação desses recursos. Tal exploração intensificou a poluição dos rios e solos, o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo, óleo e gás natural). Tudo isso contribuiu para aumentar a concentração de dióxido de carbono (cê ódois) na atmosfera, intensificado o efeito estufa e elevando a temperatura média da superfície terrestre. Esse fenômeno é chamado aquecimento global.

O aquecimento global provoca ondas de calor, incêndios florestais, inundações, derretimento das geleiras, além da extinção de espécies animais e vegetais etcétera Esses problemas afetam as sociedades humanas por meio, por exemplo, de crises econômicas e migrações causadas pela escassez de água e alimentos e pelo surgimento de doenças infecciosas.

Fotografia. Na empena de um prédio, lateral da construção em que não há janelas, está pintada a figura de um homem vestido com um uniforme composto de casaco cinza com uma listra clara e calça cinza. Ele usa um cinto com um par de luvas preso à ele, botas de cano alto, óculos de proteção sobre a testa e uma espécie de gorro, uma balaclava que protege seu pescoço e cabeça. O homem segura um abafador de incêndios florestais com uma mão, e olha para o lado esquerdo. No fundo da figura, há fumaça sobre um terreno em escombros, com restos de árvores cortadas e queimadas e toras de madeira sobre as carretas de caminhões enfileirados. 
Sob os pés da figura do homem, o esqueleto de um animal, o toco de uma  árvore cortada, um inseto e uma ampulheta.
Na frente do prédio, diante dos pés da figura, há um grupo de pessoas em um guindaste azul. Proporcionalmente, a figura do homem é imensa e o grupo no guindaste minúsculo.
Grafite de Mundano, artista e ativista brasileiro, na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2021. Em sua obra, Mundano utilizou cinzas de incêndios na Floresta Amazônica, no Pantanal e na Mata Atlântica para denunciar a devastação ambiental no Brasil.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Aquecimento global” está em consonância com o tema contemporâneo transversal Educação ambiental, pois aborda danos ao meio ambiente provocados pela ação humana.

Acordos sobre o clima

Buscando reduzir os impactos ambientais, a ônu e diversos países têm feito acordos sobre o clima, como o Protocolo de Kyoto (1997) e o acôrdo de Paris (2015). Em 1992, foi realizada no Rio de Janeiro uma importante Conferência sobre clima, que ficou conhecida como Rio-92. Nessa conferência, os governos de cêrca de 170 países estabeleceram metas para reduzir a emissão de gases que provocam o aquecimento global e outras medidas ambientais para garantir a sobrevivência das gerações futuras.

Fotografia. Homem idoso de cabelo médio grisalho, vestindo camisa xadrez vermelha e preta. Ele usa um bracelete de padrão geométrico feito de miçangas brancas e pretas e um anel dourado no dedo anelar. Segura um microfone com uma das mãos e está com a boca entreaberta.
O escritor e ativista ambiental Ailton Krenak, da etnia Krenak, discursa em evento na cidade de São Paulo, São Paulo. Fotografia de 2019. Nesse seminário, Krenak criticou o descaso do Estado em relação à proteção dos direitos indígenas.
Fotografia. No fundo desfocado da imagem, há três pessoas – dois homens e uma mulher. Eles estão agachados sobre a areia de uma praia. Em primeiro plano, sobre a areia, há centenas de filhotes de tartarugas indo em direção ao mar.
Ribeirinhos das comunidades da Reserva Extrativista do Médio Juruá soltam tartarugas-da-amazônia no projeto de preservação ambiental em Carauari, Amazonas. Fotografia de 2021. Além de acordos internacionais, medidas locais e mudanças de hábitos cotidianos contribuem para a preservação ambiental.
Ícone. Câmera filmadora indicando o boxe Dica: filme.

dica filme

O sal da terra (França). Direção de Juliano Ribeiro Salgado e Vim Venders, 2014. 110 minutos

Documentário sobre a trajetória do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que realizou projetos prestigiados internacionalmente, como Trabalhadores (1993), Êxodos (2000) e Gênesis (2013). Nesse último projeto, Salgado procurou registrar as belezas do mundo natural e a importância de sua preservação.

Ícone. Atividade oral.

responda oralmente

para pensar

De que maneira você pode contribuir para preservar o meio ambiente? Explique.

Orientações e sugestões didáticas

Para pensar

Resposta pessoal. Tema para debate e reflexão. O objetivo desta atividade é levar o estudante a refletir sobre problemas ambientais por meio de aspectos de seu cotidiano. Para auxiliar a turma na atividade, é possível lançar perguntas como:

  • Você se preocupa com a preservação do meio ambiente? Por quê?
  • Você procura controlar ou reduzir seu consumo? Como?
  • Você tem o hábito de reutilizar produtos? Quais?
  • Você separa materiais para serem reciclados?

Pandemia de covid-19

Em 12 de dezembro de 2019, na cidade chinesa de urran, as autoridades de saúde se surpreenderam com pacientes que tinham adoecido por uma nova pneumonia viral. Logo se notou que o vírus causador dessa doença (sárs cóv dois) era extremamente contagioso. No final de dezembro, a Organização Mundial da Saúde (ó ême ésse) foi informada pelos chineses sobre o surto dessa nova doença, que ficou conhecida como covid-19.

Em poucas semanas, a doença se espalhou em ritmo alarmante por vários países. Diante disso, em 11 de março de 2020, a ó ême ésse declarou oficialmente a pandemia de coronavírus.

Uma pandemia ocorre quando uma doença alcança difusão mundial sendo transmitida de uma pessoa para outra. No Brasil, o primeiro caso da doença ocorreu no final de fevereiro de 2020, segundo o Ministério da Saúde.

A pandemia da covid-19 mudou a vida das pessoas em diversos países do mundo. Provocou consequências como: milhões de mortes, superlotação de hospitais, restrições à locomoção pessoal e corrida por vacinas. A fórma como se deu a propagação da covid-19 ilustra características da globalização:

  • circulação de pessoas – o vírus espalhou-se devido à grande movimentação de pessoas pelo mundo através dos modernos meios de transporte;
  • velocidade das informações – as notícias sobre a evolução da covid-19 foram acompanhadas em tempo real por diversos veículos de comunicação, que divulgaram os protocolos científicos contra a doença, que incluíam o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social; também circularam informações falsas que negavam a gravidade da doença e as recomendações científicas. Essa conduta negacionista estimulou muitas pessoas a não cumprir os protocolos de saúde;
  • produção de vacinas – o combate à pandemia levou os grandes centros de pesquisa do mundo a promover uma verdadeira corrida para a criação de vacinas contra a covid-19. A produção de enormes quantidades de vacinas exigiu um esfôrço de trabalho globalizado. Alguns locais faziam pesquisas; outros produziam insumos, embalagens etcétera

A pandemia provocou transformações no estilo de vida das pessoas de todo o mundo, com o aumento do home office(“trabalho em casa”), da educação virtual por meio de lives etcétera Vários setores econômicos foram prejudicados, tais como turismo, bares e restaurantes, eventos esportivos e de lazer. E outros setores foram beneficiados pelo aumento da necessidade do uso da internet, como o comércio e o marketing digitais e serviços de delivery, videoconferência e streaming.

Fotografia. Em um espaço interno com paredes pintadas de azul, e algumas cadeiras e carteiras escolares, há três pessoas: à esquerda, um homem de cabelo curto e preto, vestindo camiseta branca com estampa e bermuda cinza. Ele usa uma máscara branca cobrindo a boca e o nariz, uma mochila às costas, e está sentado em uma cadeira, segurando documentos em suas mãos. No centro, sentada em uma cadeira, com as pernas cruzadas, uma menina de cabelo longo castanho, vestindo regata branca estampada, shorts azul e tênis rosa. Ela usa uma máscara preta sobre o nariz e a boca e tem um um dos braços flexionados à frente do corpo. À direita, em pé, com as costas curvadas, uma mulher de cabelo curto cacheado castanho, vestindo jaleco branco, calça jeans e usando uma máscara branca cobrindo o nariz e a boca. Ela aplica uma vacina na menina.
Criança recebe vacina para combater a côvid dezenóve na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Fotografia de 2021.
Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

O texto “Pandemia de covid-19” está em sintonia com o tema contemporâneo transversal Saúde, pois aborda questões ligadas a uma crise de saúde pública.

Oficina de história

Responda no caderno

Conferir e refletir

1. Construa um quadro apresentando aspectos positivos e negativos da globalização. Depois, elabore um texto fazendo um balanço sobre ela.

Versão adaptada acessível

1. Elabore um texto, produza um áudio ou um quadro tátil apresentando aspectos positivos e negativos da globalização. Caso produza um quadro, produza um texto ou faça uma apresentação oral fazendo um balanço sobre o tema.

Orientação para acessibilidade

Caso a opção seja a da construção de um quadro tátil e não pela exposição textual ou oral, destaque a necessidade de ele apresentar categorias fixas nas linhas e colunas dessa representação, que pode ser feito por meio do uso de materiais emborrachados, papéis com diferentes texturas e espessuras, além de linhas, palitos, botões etcétera. A base do quadro, por exemplo, pode ser feita com o material emborrachado ou um papel de gramatura mais pesada e, sobre a base, podem ser dispostos materiais distintos que representam as diferentes categorias fixas escolhidas (pontos positivos e pontos negativos da globalização).

  1. Em grupo, escolham uma empresa “gigante da internet” e respondam às questões a seguir.
    • Onde está localizada a séde dessa empresa?
    • Quando ela foi fundada?
    • Que serviços ela presta?
    • Quem são seus fundadores? Qual é a nacionalidade deles?
    • Qual é o valor de mercado dessa empresa?

Depois, redijam um pequeno texto argumentativo discutindo o poder dessa empresa no mundo globalizado.

  1. Organizem-se em grupos de modo que todos participem desta atividade. Cada grupo, com a supervisão do professor, deve escolher uma pessoa pública que tenha um perfil oficial em mídias sociais. Essa figura pública pode exercer atividades no campo das artes, dos esportes, da política, do humor etcétera O grupo deve fazer uma análise do perfil dessa pessoa considerando aspectos como: 
    • construção da imagem – que mensagens ela transmite, o que defende, o que critica, o que exibe em suas postagens;
    • formato das postagens – que recursos digitais são utilizados para conquistar o público (fotografias, vídeos, músicas, links, anúncios publicitários etcétera);
    • público-alvo – que tipo de pessoa essas postagens pretendem conquistar, que conteúdos são veiculados nas postagens para despertar sintonia com o público;
    • reações do público – qual é a repercussão das postagens (curtidas, comentários e compartilhamentos do público).

Por fim, apresentem os elementos de sua análise em um seminário. Nessa apresentação, utilizem slides para mostrar: a) a figura pública escolhida; b) a rede social utilizada; c) a construção da imagem dessa personalidade; d) o público-alvo; e) número e engajamento dos seguidores revertidos em curtidas ou likes, comentários e compartilhamentos.

Interpretar texto e imagem

4. Leia atentamente o texto seguinte e responda às perguntas.

reticências a internet e o computador são mais do que meios de comunicação e instrumentos de trabalho, são também meios de interação e organização essenciais para a sociedade contemporânea reticências. Computadores conectados à internet estão presentes em boa parte dos lares de classe média e alta, em escolas particulares e públicas e em grande número de empresas reticências. A circulação das informações na rede e o reticências impacto

Orientações e sugestões didáticas

Alerta ao professor

Esta seção favorece o desenvolvimento das seguintes competências e habilidades da Bê êne cê cê:

  • cê gê um (atividades 1 e 4);
  • cê gê dois (atividades 1 e 2);
  • cê gê três (atividade 6);
  • cê gê cinco (atividade 3);
  • cê ê cê agá dois (atividades 1, 2 e 3);
  • cê ê agá um (atividades 1 e 2);
  • cê ê agá três (atividade 6);
  • cê ê agá sete (atividade 3);
  • ê éfe zero nove agá ih três dois (atividades 1 e 6);
  • ê éfe zero nove agá ih três cinco (atividade 5).

Oficina de História

Conferir e refletir

  1. Ao preencher o quadro, os estudantes podem citar os seguintes aspectos positivos: facilidade em disseminar informações e conhecimento; amplo desenvolvimento tecnológico; aumento da produção de bens e serviços; aumento da circulação de pessoas e mercadorias; criação de empregos novos que valorizam a inovação e a criatividade; e os seguintes aspectos negativos: massificação ou padronização cultural; aumento das desigualdades sociais e econômicas; precarização do trabalho e aumento do desemprêgo; devastação ambiental; choque cultural, o que pode levar, em casos extremos, à xenofobia e ao racismo.
  2. Atividade de pesquisa. Oriente os estudantes a elaborar o texto com base nos dados coletados por eles durante a pesquisa. Finalizada a elaboração, estimule-os a refletir sobre a influência das empresas “gigantes da internet”, por exemplo, no desenvolvimento de programas utilizados em âmbito mundial para conversas e trocas de informações. Também é interessante que eles observem se conhecem a empresa pesquisada e se são usuários dos serviços por ela prestados.
  3. Esta atividade desenvolve noções introdutórias para análise de mídias sociais (métrica das mídias e sensibilização para análise de discurso multimodal). Ela deve ser realizada pelos estudantes com a supervisão do professor, por meio de computador, smartphone ou tablet. Seu objetivo é levá-los a utilizar tecnologias digitais de modo crítico e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos sociais e o impacto dos influenciadores digitais. Explique que muitas figuras públicas profissionalizaram seus perfis contratando especialistas em marketing digital e publicitários. Assim, geralmente, interações que parecem espontâneas e naturais são, na verdade, patrocinadas e planejadas. Após a apresentação, o professor pode promover um debate sobre os impactos das mídias sociais em nossas escolhas, valores e atitudes, enfim, sobre nossa visão de mundo. No debate, é possível mencionar os bons e os maus usos das mídias sociais. Um fenômeno danoso que ocorre nessas mídias é a chamada “cultura do cancelamento”, que promove linchamentos virtuais de pessoas julgadas sumariamente. Já um fenômeno produtivo consiste na visibilidade de certas pautas sociais e políticas.

sobre reticências a economia em geral fazem com que a influência da internet abranja, praticamente, toda a sociedade.”

SILVEIRA, Marcelo D. P. da. Efeitos da globalização e da sociedade em rede via internet na formação de identidades contemporâneas. Psicologia, Ciência e Profissão, Brasília, volume 24, número 4, página 46, dezembro 2004.

  1. Com base no texto, por que a internet e o computador são mais do que meios de comunicação e de trabalho?
  2. Cite exemplos atuais de interação e organização entre pessoas por meio do uso do computador e da internet.
  3. De acôrdo com o texto, em quais lugares os computadores conectados à internet estão presentes? Além desses lugares, cite outros mais específicos.

5. Com base no texto do historiador israelense iuvel rarari, identifique e reescreva no caderno as alternativas incorretas, corrigindo-as.

reticências o terrorismo é uma estratégia militar que espera mudar a situação política pelo medo, mais do que por danos materiais. reticências No terrorismo, o medo é a narrativa principal, e há uma espantosa desproporção entre a fôrça efetiva dos terroristas e o medo que eles conseguem inspirar.”

Rarári, Iuvel. vinte e uma lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. página 147.

  1. O terrorismo é uma estratégia que busca mudar uma situação política por meio do medo.
  2. A estratégia do terrorismo é provocar principalmente danos materiais nos inimigos.
  3. O medo das ações terroristas é maior do que sua fôrça efetiva para causar danos materiais.
  4. A fôrça efetiva dos terroristas é bem maior do que o medo provocado por eles.

6. As charges a seguir apresentam críticas em relação à globalização. Que críticas são essas? Comente.

Charge 1. No topo da imagem, o texto 'Jogos Olímpicos podem trazer vinte novos tipos de vírus ao Brasil'. Logo abaixo, em destaque, dois mosquitos pretos e brancos sobrevoando um terreno coberto por lixo. Ao fundo a silhueta de prédios altos e muitos mosquitos. No balão de fala do mosquito à esquerda o texto: 'É a globalização viralizando!'.
Jogos Olímpicos podem trazer vinte novos tipos de vírus ao Brasil, charge de Lute, 2016. Na imagem, o mosquito à esquerda diz: “É a globalização viralizando!”.
Charge 2. Três quadros sequenciais. Quadro 1. Sob um fundo preto, o globo terrestre, com os oceanos em azul e os continentes em verde e, ao lado dele, uma pequena bolinha vermelha com tracinhos ao redor dela. Quadro 2. Sob um fundo preto, o globo terrestre, com os oceanos em azul e os continentes em verde, e várias bolinhas vermelhas com tracinhos ao redor de todo o globo. Quadro 3. Sob um fundo preto, o globo terrestre, todo em vermelho, com tracinhos ao redor dele.
Charge de Schot, 2020, sobre a pandemia de covid-19, que teve início em 2020, e sua propagação mundial.
Orientações e sugestões didáticas

Interpretar texto e imagem

    1. De acôrdo com o texto, a internet e o computador são mais do que meios de comunicação e de trabalho, pois são também meios de interação e organização social.
  1. Existem diversos exemplos atuais de interação e de organização social, entre os quais destacamos: o trabalho remoto (home office), a educação híbrida, as compras on-line, o acesso a conteúdos (filmes, jogos, entrevistas) pela internet e as conversas virtuais.
  2. De acôrdo com o texto, os computadores conectados à internet estão presentes em boa parte dos lares de classe média e alta, em escolas particulares e públicas e em grande número de empresas. Além desses casos, as pessoas utilizam dispositivos móveis como smartphones, tablets e notebooks e acessam a internet por meio de redes wi-fi disponíveis em restaurantes, metrôs, lojas etcétera
  1. Estão incorretas as frases b e d. Elas podem ser reescritas da seguinte fórma:
  1. A estratégia do terrorismo é provocar principalmente medo nos inimigos;

d. A fôrça efetiva dos terroristas é muito menor do que o medo provocado por eles.

6. As charges 1 e 2 criticam os efeitos da globalização na área da saúde. Neste mundo interligado, as doenças podem se propagar com maior facilidade e velocidade. A charge 1 faz referência à possibilidade de novos vírus chegarem ao Brasil em razão da intensa circulação de pessoas durante os Jogos Olímpicos de 2016, sediados no Rio de Janeiro. Apesar de ter outro contexto de produção, a charge 2 também critica a relação entre globalização e saúde ao abordar a pandemia de covid-19 e sua propagação mundial, ocorrida em 2020, exigindo a cooperação entre os governos de todos os países para conter o avanço da doença.

Glossário

Empresa multinacional
: empresa que tem negócios em vários países. Também chamada empresa transnacional.
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Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
: Utilizado pela ônu, tem por objetivo avaliar o nível de bem-estar de uma sociedade, considerando as realizações médias em três dimensões básicas: uma vida longa e saudável, o nível de escolaridade e um padrão de vida digno. A escala do í dê agá varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, melhor a qualidade de vida.
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