UNIDADE 7 AGROPECUÁRIA

Nesta Unidade, você aprenderá a identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano por meio da agricultura e da criação de gado. Essas atividades dependem das condições naturais e são importantes, pois fornecem alimentos para o consumo humano. Também aprofundará o estudo sobre os solos – um recurso natural precioso – e estudará as relações entre o uso da terra e a produção agropecuária no mundo e no Brasil.

Todos os seres humanos têm a necessidade básica de alimentar-se, e, de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU), o direito a uma alimentação saudável significa que todo ser humano deve receber alimentos de vários tipos e em quantidade que atenda às suas necessidades nutricionais diárias para a manutenção de sua saúde e de seu bem-estar.

Mas, afinal, você sabe como se alimentar de fórma saudável e adequada? Observe a imagem e reflita sobre seus hábitos alimentares.

Ilustração. Três círculos de diferentes tamanhos, um dentro do outro. No círculo maior há ilustrações de: farinha de trigo, biscoitos e bolachas, manteiga, queijo, geleia, milho, grãos, chocolates, coco, pera, laranja, pizza, esfirra e quibe, abóbora, pepino, cenoura, alface, bananas, suco, hambúrguer e batata frita, ervilha e milho enlatados, diferentes tipos de pães. No círculo intermediário há ilustrações de: macarrão e molho de tomate, azeite, frasco de pimenta, mamão, manga e maçã, abacaxi, melancia, cacho de uvas, repolho, cebola, batata doce, coxa de frango, linguiça e bife, leite e refrigerantes. Na círculo interno há: batata, mandioca e feijões, ovos, tomate, couve e brócolis in natura.

Fonte: Ilustração para fins didáticos, elaborada com base em: Filípi, Sônia Tucunduva. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. terceira edição São Paulo: Manole, 2018.

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VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Você saberia dar exemplos de alimentos in natura e ultraprocessados? Qual deles é a base para uma alimentação saudável? Responda com base nos alimentos representados na imagem.
  2. De onde vêm os alimentos in natura que você consome? São produzidos no Brasil ou em outros países?

PERCURSO 25 A AGRICULTURA

1. A agricultura e a disseminação de plantas cultivadas

Enquanto o extrativismo vegetal corresponde a um conjunto de atividades por meio das quais o ser humano retira ou extrai recursos da natureza sem participar do processo de sua criação ou reprodução, a agricultura é uma atividade em que o ser humano participa ativamente do processo de reprodução de plantas, pelo plantio de sementes e de mudas.

A prática do extrativismo é historicamente mais antiga que a da agricultura. Desde que o ser humano surgiu, há milhares de anos, ele realiza a caça e a pesca (extrativismo animal) e a coleta de frutas, raízes e folhas (extrativismo vegetal). A agricultura e a criação de animais surgiram por volta de 10 mil anos atrás – admite-se que a criação de animais surgiu antes da domesticação de plantas. Essas duas atividades alteraram as relações entre os seres humanos e o meio geográfico, permitindo que tivessem maior domínio sobre a natureza, que assegurassem fontes de alimento e fixassem-se em certas áreas, construindo habitações e aldeias, o que propiciou o crescimento populacional.

Áreas geográficas de origem da agricultura e da criação de animais

Mapa Áreas geográficas de origem da agricultura e da criação de animais. Planisfério com todos os continentes representados na cor amarelo claro neutro. Em cada continente, símbolos representam os alimentos que começaram a ser cultivados e os animais que começaram a ser criados neles. Junto a cada símbolo está escrito o ano aproximado em que o cultivo e a criação se iniciaram. Na América do Norte, o cultivo de girassol originou-se mil duzentos e cinquenta anos antes de Cristo e o de abóbora dois mil e quinhentos anos antes de Cristo. Na América Central, o abacate começou a ser cultivado  mil e oitocentos anos antes de Cristo, o cacau 500 anos antes de Cristo, o milho cinco mil anos antes de Cristo, o feijão-da-espanha mil e oitocentos anos antes de Cristo, a abóbora sete mil e quinhentos anos antes de Cristo, o feijão fava três mil anos antes de Cristo e o tomate começou a ser cultivado em data desconhecida. Na América Central originou-se a criação de perus quinhentos anos antes de Cristo.  
Na América do Sul, na planície da América do Sul, o abacaxi começou a ser cultivado duzentos anos antes de Cristo, o inhame três mil anos antes de Cristo e a mandioca cinco mil anos antes de Cristo. Na América do Sul, nos Andes, algodão começou a ser cultivado três mil e trezentos anos antes de Cristo, a abóbora oito mil anos antes de Cristo, o feijão-de-lima sete mil anos antes de Cristo, o amendoim dois mil e quinhentos anos antes de Cristo, o pimentão três mil anos antes de Cristo, a batata oito mil anos antes de Cristo, a batata doce dois mil e quinhentos anos antes de cristo. Nos Andes, a lhama começou a ser criada quatro mil anos antes de Cristo, o porco da Índia dois mil e quinhentos anos antes de Cristo e a alpaca quatro mil anos antes de Cristo.   
Na Eurásia, na Europa do Sul, a criação de gado bovino se originou 6.500 anos antes de cristo e a de porcos 7.000 anos antes de Cristo. Também na Europa do Sul, o cultivo da videira começou a ser realizado 3.200 anos antes de Cristo, o de aveia 6.500 anos antes de Cristo, a oliveira 3.000 anos antes de Cristo, e o centeio 7.000 anos antes de cristo. No noroeste da Eurásia iniciou-se a criação da rena recente. Nas Estepes do Sudoeste, o cavalo começou a ser criado 3500 anos antes de cristo. No Oriente Próximo,  o carneiro começou a ser criado 8.000 anos antes de cristo, a cabra 7.500 anos antes de cristo, e o burro 3.000 anos antes de cristo. No oriente próximo, o trigo começou a ser cultivado 8.000 anos antes de cristo, a lentilha 7.000 anos antes de cristo e a ervilha 7.000 anos antes de cristo. Na área dos hindus, o ganso começou a ser criado 6.000 anos antes de cristo e o algodão começou a ser cultivado 4.500 anos antes de cristo. No himalaia, o iaque começou a ser criado em data desconhecida. Na Ásia Central, a alfafa começou a ser cultivada 700 anos antes de cristo e o cânhamo 5.500 anos antes de cristo. O camelo bactriano começou a ser criado na Ásia central 500 anos antes de cristo. No sudeste da Ásia, o zebu começou a ser criado 2.500 anos antes de Cristo, o porco 7.000 anos antes de cristo e o búfalo d´água 1.000 anos antes de cristo. No sudeste da Ásia, a banana e o pepino começaram a ser cultivados em data desconhecida, o arroz 3.500 anos antes de cristo e o inhame 7.000 anos antes de cristo. A galinha começou a ser criada na china 6000 anos antes de cristo. Na China, o arroz começou a ser cultivado 5.000 anos antes de cristo, o painço alemão 6.000 anos antes de cristo e a soja 1.200 anos antes de cristo. No sul do pacífico, o coco, a fruta pão e o sagu começaram a ser cultivados em data desconhecida. Na África ocidental, o Inhame começou a ser cultivado em data desconhecida, e o Arroz africano 200 anos antes de cristo. No Nordeste da África, o Painço italiano começou a ser cultivado 3.000 anos antes de cristo, o sorgo 4.000 anos antes de cristo e a cevada 8.000 anos antes de cristo. 
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.750 quilômetros.

Fonte: Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de sem, 1995. página 38-39.

Grafismo indicando atividade.

Identifique as áreas geográficas em que a prática da agricultura é mais antiga. Em seguida, cite os gêneros alimentícios produzidos há mais tempo em cada uma delas.

• A dispersão geográfica de plantas cultivadas

Foi a partir das Grandes Navegações marítimas europeias dos séculos quinze e dezesseis (consulte o mapa da página 153) que ocorreu a maior dispersão geográfica das plantas cultivadas. Considera-se que essas navegações iniciaram o processo de globalização, isto é, de integração entre as sociedades e economias de várias regiões do mundo, principalmente quanto à produção de mercadorias e às trocas culturais e de informações.

Os navegantes europeus chegaram a várias regiões do mundo, até então desconhecidas por eles, e estabeleceram contato com outros povos, o que permitiu a ampliação das trocas culturais e comerciais entre diferentes regiões. Chegaram ao sul da África, a vastas porções da Ásia e, no século dezoito, à Oceania – Austrália, Nova Zelândia e arquipélagos e ilhas do Pacífico.

Ao entrarem em contato com vários povos, os europeus conheceram plantas cultivadas em outros continentes e as levaram para a Europa. Além disso, introduziram espécies europeias nas regiões geográficas que exploravam em outros continentes. Assim, as Grandes Navegações marítimas europeias dos séculos quinze e dezesseis e a incorporação da Oceania ao mundo europeu, no século dezoito, contribuíram significativamente para a dispersão de plantas cultivadas pelo mundo.

Como exemplos, podemos citar as espécies de clima tropical, como a cana-de-açúcar, originária da Índia; o cacau, originário das florestas tropicais e equatoriais da América; o café, de origem africana (Etiópia, antiga Abissínia); a banana, de regiões de clima tropical quente e úmido da Ásia; o chá, a manga e a jaca, da Índia; e o algodão, de áreas tropicais quentes e secas da Ásia e da América.

Mundo: a dispersão do café entre os séculos catorze e dezenove

Mapa. Mundo: A dispersão do café entre os séculos 14 e 19. Planisfério que representa a região de origem do café, as áreas de dispersão e a época em que essa dispersão ocorreu. A origem provável do café foi no área onde hoje está a Etiópia, país localizado no leste da África. No século 14, ele foi levado da Etiópia para a Arábia. No século dezenove, ele foi levado da etiópia para o oeste da África. Da etiópia ele também foi levado para as áreas onde hoje se localizam Itália, França, países baixos e reino unido e para o Ceilão, na Ásia.  Do Ceilão, o café foi para a índia e, no século 18, para a Malásia e a Indonésia. Da Malásia, foi para Filipinas e china. 
No século 18, o café foi levado pelos franceses para o Haiti e, em 1706, foi levado pelos holandeses para Caiena, na guiana francesa. Em 1727, o café foi levado de caiena para Belém, no atual Brasil, e depois para Salvador. O café chegou no Rio de janeiro em 1760 e em são paulo em 1836. Do Haiti, o café foi levado para a américa central e a costa oeste da américa do sul.  No mapa, abaixo, há rosa dos ventos e escala de 0 a 2.280 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; MARTINS, Ana Luiza. História do café. São Paulo: Contexto, 2009. página 20; MILLIET, Sérgio. Roteiro do café e outros ensaios: contribuição para o estudo da história econômica e social do Brasil. quarta edição São Paulo: Hucitec: i êne éle, 1982. página 23; RODRIGUES, João Antônio. Atlas para estudos sociais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977. página 26.

Nota: Para fins didáticos, empregamos denominações atuais das áreas geográficas representadas, com exceção de Ceilão, atual Lanka.

Cultivado no Extremo Oriente, o arroz foi levado para regiões do Mar Mediterrâneo europeu e africano e, depois, para a América.

O milho, o feijão, a mandioca e a batata, originários da América, difundiram-se na África, na Ásia e na Europa. A batata, por exemplo, salvou da fome populações europeias, principalmente na Irlanda e na Polônia nos séculos dezenove e vinte. A soja, originária da China, espalhou-se pelo mundo.

Nos territórios que hoje correspondem a áreas dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia e da Argentina, os colonizadores ingleses e espanhóis introduziram o cultivo de trigo, aveia, centeio e cevada. Na Califórnia, que viria a ser parte dos Estados Unidos, os europeus introduziram a plantação de videiras (arbustos de uva) e frutas cítricas (laranja, limão etcétera).

Fotografia. Vista frontal de uma paisagem rural. No primeiro plano, vê-se  uma pessoa de chapéu abaixada próximo ao chão colhendo batatas. Ao fundo, vê-se um vasto campo aberto, duas casas com as paredes vermelhas e, atrás das casas, três montanhas.
A batata é originária dos Andes e foi introduzida na Europa por volta de 1534, para, depois, ser cultivada em todo o mundo. Na foto, agricultores colhendo batatas nos Andes, Bolívia (2019).

2. As técnicas agrícolas

Até o século dezoito, os instrumentos de trabalho usados pelos agricultores eram feitos artesanalmente de ferro ou de madeiras resistentes. Com o crescimento populacional, principalmente nas cidades, houve necessidade de aumentar a produção de alimentos. Nesse período, a Revolução Industrial estava em curso na Inglaterra, e a introdução de máquinas na produção de mercadorias substituía gradativamente a manufaturaglossário (que você estudará no Percurso 29).

A Revolução Industrial e a necessidade de aumentar a produção agrícola levaram à invenção de instrumentos agrícolas, entre eles, em 1883, o ceifeiro – máquina colheitadeira puxada por animal. Por volta de 1880, foi inventado o trator a vapor, usado nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

A invenção do motor de combustãoglossário , em 1866, permitiu a invenção de tratores que, acoplados aos arados, plantadeiras, colheitadeiras etcétera, facilitaram largamente o trabalho na agricultura.

Fotografia em preto e branco. Vista de frente de uma paisagem do campo com um trator com arado do início do século vinte sendo conduzido por uma mulher vestida com uma saia longa, blusa de manga comprida e chapéu. Do volante do trator saem diversos cabos que estão ligados a duas grandes rodas na frente. Abaixo do banco onde a pessoa está sentada, há duas fileiras de rodas com dentes para abrir buracos no solo. Ao fundo, árvores e uma casa.
Mulher dirigindo um trator com arado no estado de Massachusetts, Estados Unidos (1917).

• Irrigação

A irrigação corresponde ao conjunto de técnicas e equipamentos empregados com o objetivo de suprir a necessidade de água para o cultivo de plantas.

Em regiões afetadas por escassez contínua de água, a aplicação artificial de água é essencial, pois somente por meio dela a prática da agricultura torna-se possível; em regiões afetadas por estiagens em períodos específicos do ano, a aplicação suplementar de água é importante nos meses nos quais isso ocorre para que o cultivo agrícola seja viabilizado.

A irrigação em diferentes épocas e lugares

A prática da irrigação remonta à Pré-História e permitiu que tribos nômades pudessem se fixar, irrigando terras férteis e assegurando produtividade suficiente para subsistência. A agricultura irrigada também foi praticada por antigas civilizações que se desenvolveram nas proximidades de grandes rios, como o Nilo, no Egito (cêrca de 6000 antes de Cristo); o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia (cêrca de 4000 antes de Cristo); o Amarelo, na China (por volta de 3000 antes de Cristo); e nos vales dos rios Indo e Ganges, na Índia (cêrca de 2500 antes de Cristo).

Pintura. Na parte inferior, vê-se o solo com plantações e dois canais de irrigação. No solo, três homens trabalham a terra e atrás de cada um há uma mulher. Um dos homens utiliza um arado puxado por um boi para arar a terra. As mulheres e os homens estão vestidos com roupas brancas.
Detalhe de pintura feita por artesãos egípcios no interior da tumba de um faraó, na vila de dirr él mêdína, na cidade de lúcsor, Egito. A pintura data de 1200 antes de Cristo e representa os canais de irrigação e a agricultura que se desenvolvia ao longo do Rio Nilo.

Na América, a irrigação também assegurou a produção de alimentos no território que atualmente corresponde aos Estados Unidos, onde a irrigação já era praticada por indígenas da região sudoeste desde 100 antes de Cristo Existem vestígios de obras de irrigação construídas, há mais de .2000 anos, por maias, incas e astecas, em áreas que hoje correspondem a porções do México, do Peru, da Bolívia, do Chile e da Argentina.

Fotografia. Vista de uma área gramada com algumas estruturas de pedra. Há uma elevação onde estão pedras que formam pequenos corredores por onde escorre água.
Sistema de irrigação inca, em Cusco, no Peru (2020).

Na Espanha e na Itália, ainda existem redes de canais e aquedutos dos tempos dos dominadores árabes (séculos oito a quinze) e do Império Romano (séculos um antes de Cristo a cinco Depois de Cristo); no Irã, túneis com .3000 anos (chamados canate) conduzem água das montanhas para as planícies; no Japão, barragens de terra construídas para irrigar arroz, que datam de .2000 anos, são usadas até hoje.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

élers, Eduardo.

O que é agricultura sustentável. São Paulo: Brasiliense, 2009.

A agricultura é retratada nesse livro dos seus primórdios aos dias atuais, e nele são discutidas questões importantes sobre como praticá-la de fórma sustentável.

No século vinte, houve um grande desenvolvimento das técnicas agrícolas, entre elas as de irrigação. Até os anos 1930, pensava-se que a irrigação poderia ser feita apenas em porções reduzidas de terra; porém, a partir daqueles anos, essa prática adquiriu impulso e alastrou-se. Entre outros fatores, isso ocorreu por causa de obras como barragens de hidrelétricas que, ao mesmo tempo, corrigiam os desníveis de água, facilitando a navegação fluvial, permitindo assim aproveitar as águas de represas para irrigação.

O aperfeiçoamento técnico permitiu que áreas de clima desértico e semiárido se tornassem agricultáveis. É o caso do Deserto de neguev, em Israel, e de áreas da Ásia Centralglossário , da África e de países como Peru, Chile, Estados Unidos e Brasil.

Fotografia. Vista de uma área com plantação. A plantação está distribuída em fileiras no solo e as plantas estão cobertas com um plástico. No primeiro plano vê-se um cano de irrigação.
Cultivo de melões em fazenda nas proximidades do Mar Morto, em Israel (2021). As plantas, cultivadas em fileiras, são protegidas por capas plásticas. Apesar do solo pedregoso, da ausência severa de chuvas e da existência de um único rio perene, o Jordão, a irrigação e a aplicação de modernas técnicas que propiciam o uso econômico da água permitem a prática agrícola em Israel, que chega a exportar cereais e frutas.

No Brasil, a irrigação teve a sua fase inicial entre o fim do século dezenove e o início do século vinte, nas lavouras de arroz do estado do Rio Grande do Sul, e por meio da construção de açudes públicos nas áreas de clima semiárido da Grande Região Nordeste.

Em 1960, novos polos de irrigação surgiram nos estados de São Paulo, de Minas Gerais, da Bahia e de Santa Catarina. Porém, o grande impulso da irrigação aconteceu a partir da década de 1970, como resultado da expansão dos cultivos para regiões de características físico-climáticas menos favoráveis à agricultura – principalmente nas Grandes Regiões Nordeste e Centro-Oeste –, e em razão das vantagens e dos benefícios observados na prática da irrigação e de iniciativas governamentais (estaduais e federais) dirigidas ao desenvolvimento regional. Nos últimos anos, a prática da irrigação tem se intensificado em áreas de relevo plano do Cerrado, que apresentam condições favoráveis à agricultura mecanizada.

Problemas ambientais decorrentes da irrigação

Atualmente, as preocupações com o uso dos recursos hídricos têm sido crescentes. A prática da agricultura irrigada, quando realizada de maneira não adequada, pode afetar a disponibilidade e a qualidade da água, ocasionando impactos negativos de ordem econômica, social e ambiental. Imagine o que acontece, por exemplo, quando uma área é irrigada em excesso: a água não aproveitada pelas culturas pode retornar aos corpos de água superficiais e subterrâneos, carregando fertilizantes e defensivos agrícolasglossário , causando poluição e comprometendo a qualidade da água para outros usos.

O acúmulo de fertilizantes em rios, lagos e represas provoca o desenvolvimento de algas e bactérias que, por meio da fotossíntese, consomem o oxigênio dissolvido na água. Como consequência, a oxigenação da água diminui, o que coloca em risco a vida de peixes e outros seres que vivem nessa água. Esse fenômeno, chamado eutrofização, causa grande desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos.

Fotografia. Vista de um rio com águas turvas e densas, com uma substância de cor verde na água. Ao fundo, barcos, lanchas e árvores.
Proliferação de algas no Parque Estadual da Baía Maumee, no Lago Eire, no estado de Ohio, Estados Unidos (2017). Apesar de o governo estadunidense fornecer apoio financeiro aos agricultores para que evitem o escoamento de fertilizantes para os corpos de água, a eutrofização é frequente em muitas hidrovias do país.

Outros impactos ambientais negativos podem ocorrer com a instalação de infraestruturas, como barragens, reservatórios e canais, que causam mudanças no regime de vazão de cursos de água e podem afetar a fauna e a flora.

Além desses problemas, é importante conhecer a eficiência do sistema de irrigação empregado e realizar a manutenção adequada dos equipamentos para evitar perdas ou grande diferença entre o volume de água captado e o volume de água consumido pelas plantas. Conheça, nas páginas seguintes, as vantagens e as desvantagens de alguns dos métodos e sistemas de irrigação mais usados.

• Métodos e sistemas de irrigação

Existem diferentes técnicas de irrigação empregadas para fornecer água aos cultivos agrícolas. Elas variam de acordo com a fórma como a água é aplicada no solo e podem ser agrupadas em quatro métodos principais: irrigação de superfície, irrigação localizada, irrigação subterrânea e irrigação por aspersão.

Para cada método de irrigação existem diversos sistemas de funcionamento, que apresentam vantagens e desvantagens. A escolha por um método exige a avaliação das características socioeconômicas e ambientais da área em que será instalado, considerando-se a disponibilidade da água, a necessidade de cada cultivo, o clima, o relevo, o solo, entre outros fatores.

Ilustração. Irrigação de superfície. A água é distribuída pela superfície do solo, atingindo o cultivo por meio de canais ou do alagamento de determinadas áreas, tendo o seu nível controlado de acordo com a necessidade de cada planta.
Vantagens: baixo custo de implantação, baixa demanda de tecnologia e manutenção e não sofre interferência do vento. Desvantagens: uso de grandes volumes de água, exige adaptação do terreno e não é ideal para terrenos íngremes ou com boa infiltração.
Em um solo com plantação há a ilustração de três formas de irrigação. Na irrigação por politubo, há um tubo grande com alguns pequenos furos de onde escorre água para o solo. Na irrigação por sulcos, ao redor da plantação e nas fileiras entre elas há caminhos por onde a água escorre. Na irrigação por inundação, as plantas ficam parcialmente cobertas por água.
Ilustração. Irrigação localizada. Também chamada microirrigação, ocorre por meio da aplicação de água em pequenas quantidades, mas com bastante frequência e apenas nas áreas
ocupadas pelas plantas. Vantagens:  não perde muita água, ajuda na aplicação de fertilizantes e não é prejudicada pelo vento e pelo declive do terreno. Desvantagens: alto custo de instalação e exige manutenção frequente.
Em uma plantação, há a ilustração de duas formas de irrigação. Na irrigação por microaspersão, na plantação há tubos entre as fileiras de plantas. Em cada tubo, há diversos aparelhos redondos colocados em intervalos. Esse aparelho jorra para cima a água que está dentro dos tubos. À direita, há a ilustração da irrigação por gotejamento. Nesse sistema, há tubos entre as fileiras da plantação. Nesses tubos estão pequenos furos por onde saem gotas de água.

Fonte das ilustrações: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017: relatório pleno. Brasília: ãna, 2017. página 58.

Ilustração. Irrigação subterrânea. A água é aplicada diretamente na área das raízes das plantas, abaixo da superfície do solo, para controlar o nível do lençol freático. Nos sistemas hidropônicos, o cultivo é realizado em meio aquoso enriquecido com nutrientes, sem uso de solo. Vantagens: a tubulação de água fica protegida sob o solo, reduz o risco de erosão e do escoamento superficial e aplicação uniforme de água. Desvantagens: alto custo de instalação e exige manutenção frequente.
À esquerda, há a ilustração do sistema hidropônico. O cultivo de plantas está em uma superfície suspensa, que se assemelha a uma mesa com vários tubos. Nos tubos, há pequenos buracos, cada um com uma planta dentro. Dentro dos tubos há água e as raízes das plantas. Uma pessoa está de costas manuseando as plantas. À direita, há a ilustração do sistema de elevação do lençol freático. Nela há um solo com plantas em crescimento e em parte cobertas com água. Em uma espécie de buraco no solo, há sementes, terra e água. Na ilustração do gotejamento subsuperficial, há uma plantação em crescimento e um tubo dentro do solo com furos de onde saem gotas de água.
Ilustração. Irrigação por aspersão. A água é aplicada na forma de uma chuva artificial, e o cultivo é regado por meio de válvulas, aspersores e orifícios nas tubulações em estruturas móveis, como os pivôs mecanizados, que irrigam extensas áreas. Vantagens: Baixo custo de implantação e aplicação eficiente em áreas extensas. Desvantagens: perda de água por evaporação, pivôs exigem terrenos planos, e não é adequada para regiões com ventos fortes.
Em uma área de plantação são ilustrados dois tipos de irrigação. No tipo  aspersão convencional, entre as fileiras da plantação há tubos na horizontal e de cada um desses tubos saem tubos na vertical. Esses tubos verticais têm um aparelho na ponta que jorra água por cima da plantação. Na ilustração do tipo pivô central, há um tubo suspenso por rodinhas na base, que circulam nos corredores laterais e regam a plantação por cima.

Fonte das ilustrações: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017: relatório pleno. Brasília: ãna, 2017. página 58.

Grafismo indicando atividade.

Aponte as desvantagens do método de irrigação por aspersão implantado em um local de clima desértico. Justifique sua resposta considerando o uso dos recursos hídricos e sugira o método de irrigação mais adequado para esse caso.

• Rotação de culturas

A rotação de culturas consiste em alternar, periodicamente, o cultivo de espécies vegetais em uma mesma área de terra. As vantagens dessa técnica são variadas: produção diversificada de alimentos e matérias-primas vegetais, melhoria das características do solo e favorecimento do contróle de plantas daninhas, pragas e doenças.

Ao contrário da rotação de culturas, que permite a produção de vários vegetais, a monocultura – cultura de um só vegetal – é apontada por especialistas como prejudicial ao solo. Ao retirar os mesmos nutrientes do solo, a monocultura esgota-o, exigindo que sejam aplicadas quantidades enormes de fertilizantes, fato que aumenta o custo de produção. Além disso, a monocultura reduz a biodiversidade, facilitando a instalação de pragas, e consome grandes quantidades de água e agrotóxicos, que contaminam o solo, a água e os seres vivos.

A rotação de culturas permite a recuperação do solo após a colheita de culturas que demandam grandes quantidades de nutrientes (como trigo e soja), por meio da alternância com culturas que contribuem para o enriquecimento do solo e proporcionam sua aeração – circulação do ar. Segundo alguns estudiosos, é adequado que um cultura não se repita no mesmo campo de cultivo em um período de pelo menos 3 anos.

Exemplo de rotação de culturas em ciclo de 4 anos

Esquema. Exemplo de rotação de culturas em ciclo de 4 anos. O esquema é composto por quatro quadros, cada um com a ilustração de dois produtos cultivados: um cultivo de verão e um cultivo de inverno. Cada quadro representa o cultivo em 1 ano e há setas que indicam a sequência dos anos. No ano 1, cultiva-se o milho o no verão e o tremoço no inverno. No ano 2, cultiva-se a soja no verão e a aveia no inverno. No ano 3, cultiva-se a soja no verão e o trigo cultivado no inverno. No ano 4, cultiva-se a soja no verão e o trigo no inverno.

Fonte: elaborado com base em franquíni, Julio Cesar êti ól Importância da rotação de culturas para a produção agrícola sustentável no Paraná. Londrina: Soja, 2011. página 17.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe se, no município onde você mora, pratica-se policultura ou monocultura?

• Plantio direto

O plantio direto, ou plantio na palha, consiste em usar a palha resultante da colheita para cobrir o solo e protegê-lo da erosão, aproveitando-a também para produzir húmusglossário .

Durante a colheita, os restos da cultura, como a palha, são picados e deixados sobre o solo, protegendo-o contra o impacto das gotas de chuva, diminuindo a erosão. A palha sobre o solo também dificulta o crescimento de plantas invasoras em decorrência da falta de luz, o que resulta em economia de herbicidas e menor poluição. Além disso, a cobertura da palha faz diminuir a evaporação da água contida no solo e retém a umidade do orvalho.

Para a realização de um novo plantio, faz-se uma abertura entre os restos de palha e a semente é colocada nos sulcos abertos no solo. Em caso de necessidade, também é realizada a aplicação de fertilizantes.

Fotografia. Vista de uma extensa área de plantação na qual há um trator passando e abrindo sulcos em fileiras no solo.
Plantio mecanizado de milho em solo com restos de palha no município de Santo Antônio do Leste, Mato Grosso (2020).

• Outras técnicas

A partir da década de 1950, o desenvolvimento científico e tecnológico permitiu grandes avanços na agricultura e na pecuária. Entre esses avanços, é possível destacar: o aperfeiçoamento de tratores e implementos agrícolas (muitos hoje são equipados com instrumentos que realizam análise de solos, umidade etcétera); a criação de sementes geneticamente modificadas, resultantes dos avanços da biotecnologiaglossário ; e o uso de drones, que permitem detectar doenças nas plantações e falhas no plantio, avaliar a irrigação, realizar a contagem dos rebanhos e localizar animais perdidos.

Fotografia. Vista de uma área de plantação em primeiro plano e, ao fundo, árvores e morro. Um drone com várias hélices sobrevoa a plantação de perto, pulverizando agrotóxico. à direita, três pessoas observam o drone, e uma delas segura o controle remoto do aparelho.
Agricultores observam a aplicação de agrotóxico com uso de drone em campo de cultivo em rudjô, província de zirãtiã, China (2021).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Centro de Informação de Biotecnologia (síbi)

https://oeds.link/b1wDwl

Por meio de infográficos, vídeos e textos, este site apresenta informações sobre as técnicas desenvolvidas pela biotecnologia.

PERCURSO 26 AGRICULTURA E AS CONDIÇÕES NATURAIS

1. A influência das condições naturais sobre a agricultura

Apesar de a agricultura ter se beneficiado de grande desenvolvimento técnico e científico, como estudamos no percurso anterior, ela ainda depende de condições naturais, como o clima, o solo e o relevo.

Vamos analisar, a seguir, como a atividade agrícola se relaciona com essas condições.

• Agricultura e clima

O clima é um fator que influi de fórma decisiva na distribuição espacial das várias plantas cultivadas no mundo. O algodão e o amendoim, por exemplo, desenvolvem-se em clima quente e seco; o cacau, a juta, a cana-de-açúcar e o café, em clima quente, com períodos bem definidos de chuva e seca. O trigo, a aveia, o centeio e a beterraba açucareira desenvolvem-se melhor em clima temperado e em clima frio.

Mundo: algumas plantas cultivadas

Mapa. Mundo: algumas plantas cultivadas. Planisfério político com todos os continentes representados na cor amarelo claro neutro. Há símbolos para representar onde se cultivam algumas plantas. Na América do norte, na costa oeste, ocorre o cultivo de produtos florestais no Canadá e nos Estados unidos. Na costa oeste dos estados unidos também cultivam-se citrinos, uva e batata. Na costa leste do Canadá, cultivam-se produtos florestais, batata e soja. Na área central do Canadá, aveia, cevada e trigo. Na costa oeste do Canadá, cultivam-se produtos florestais e batata. Na costa leste dos Estados unidos e nas suas proximidades, cultivam-se tabaco, citrinos, cana de açúcar, produtos florestais, milho, arroz, soja, milho e trigo. No México ocorre o cultivo de milho e cana de açúcar. Na América Central, há o cultivo de café e de cana-de-açúcar. Na América do Sul, no peru, ocorre o cultivo da uva. Na argentina, há o cultivo de cana de açúcar, milho e trigo. No Paraguai e no Uruguai há plantação de soja, chá e mandioca. No Brasil: soja, citrinos, cana-de-açúcar, milho, café, tabaco e mandioca. Na Europa, há cultivos de batata, uva, beterraba açucareira, produtos florestais, trigo, milho, aveia e painço. Na África, na porção que compreende a Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Nigéria e Camarões, ocorre o cultivo de mandioca e de painço. Na África do Sul, citrinos e milho. Em Moçambique, cana de açúcar, e em Moçambique e no Malauí, tabaco. Na porção leste do continente, ocorre o cultivo de mandioca, chá e café. Na África do Norte, ocorrem os cultivos de uva, trigo, milho e arroz. Na Ásia central, há o cultivo de produtos florestais, aveia, painço e trigo. No oriente médio, uva, trigo, chá e tabaco. No sudeste da Ásia, ocorre o cultivo de chá, arroz, mandioca e cana de açúcar. No sul da Ásia: chá, cana-de-açúcar, mandioca, produtos florestais, arroz, milho e trigo. No leste da Ásia, citrinos, batata, soja, painço, tabaco, aveia, arroz e milho. Na Oceania, ocorre o cultivo de cana-de-açúcar, trigo e aveia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.190 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Atlas National Geographic: a Terra – o Universo. Portugal: National Geographic Society, 2005. página 56-57.

Grafismo indicando atividade.

Com base no mapa, cite duas plantas cultivadas no Brasil.

Quando as chuvas não caem no período certo e na quantidade necessária, a germinação das sementes e o crescimento das mudas ficam prejudicados. Os períodos de secas prolongadas também causam danos à agricultura e às pastagens. Da mesma fórma, quando as chuvas são abundantes e ultrapassam o nível regular, a produção agrícola é afetada. Em todos esses casos, a diminuição da produção leva ao aumento do preço final do produto, prejudicando economicamente tanto o setor produtivo como os consumidores.

Fotografia. Duas pessoas em uma plantação alagada. Uma delas está com a água na altura do joelho e outra na altura da cintura. Uma das pessoas está cortando as plantas com uma foice.
O excesso de chuvas e a ocorrência de inundações podem prejudicar a produção agrícola. Na foto, plantação de arroz inundada na província de Achém, Indonésia (2022).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Na zona rural do município onde você mora ocorrem inundações?

• Agricultura e relevo

O relevo pode ser um fator restritivo ou facilitador para a agricultura. Em áreas montanhosas, por exemplo, a prática agrícola torna-se mais difícil, pois a declividade das encostas confere maior poder erosivo à água das chuvas, que podem arrastar o solo e as plantas. Além disso, a inclinação do terreno dificulta o uso de máquinas na produção agrícola.

Há muito tempo, o ser humano vem tentando diminuir as restrições para a prática da agricultura. A agricultura em terraços – córte de encostas na fórma de degraus – é um exemplo disso. Comum em países da Ásia, da América do Sul e da Europa, os terraços evitam a erosão do solo pelas enxurradas (foto A).

Fotografia. A. Vista de três morros e suas encostas possuem plantações em degraus. Na parte de baixo de dois morros, há duas pequenas construções de madeira.
Plantação de arroz em terraços, no Vietnã (2019).

Outra maneira de evitar que a água da chuva cause danos aos terrenos com elevada declividade é realizar o cultivo em fileiras que seguem as curvas de nível (foto B).

Fotografia. B. Vista de uma extensa área de plantação com linhas dispostas em curvas. Ao fundo, existem algumas construções e muitas árvores.
Cultivo em curvas de nível no município de Martinópolis, São Paulo (2021).

Em planícies, a prática agrícola é especialmente facilitada. Nas planícies de inundação – chamadas também várzeas –, que são invadidas pelas águas dos rios ou lagos durante certo período do ano, cultivam-se vegetais de crescimento rápido, como o arroz e outras culturas temporáriasglossário .

Fotografia. Vista frontal de uma plantação alagada, na qual há duas pessoas; uma com água na altura do joelho e outra na do calcanhar. As duas pessoas usam chapéu e manuseiam a plantação.
Pessoas trabalhando em cultivo alagado de arroz, na Tailândia (2020).
Ícone. Seção No seu contexto.

No seu contexto

No município em que você vive, pratica-se alguma das técnicas de adaptação da agricultura ao relevo (agricultura em terraços, cultivo em curvas de nível e agricultura em várzeas)? Se sim, qual?

• Agricultura e solo

Quanto ao solo, existem também condições naturais favoráveis e desfavoráveis para a agricultura. Em solos férteis, a produção e a produtividade agrícolasglossário são maiores. No entanto, se o solo for ácido e de baixa ou média fertilidade, precisará ser submetido a procedimentos técnicos, como correção do grau de acidez e adubaçãoglossário , para que se obtenha uma boa colheita.

Fotografia. Vista de cima de uma área de terra no primeiro plano. Parte dessa área está com o solo branco e outra parte não. Um trator despeja a areia branca no solo. Ao fundo, área de vegetação densa, algumas clareiras e uma montanha.
Aplicação de calcário no solo, antes do plantio para a correção da acidez, município de Portelândia, Goiás (2021). Esse processo é chamado calagem.

Desde a Antiguidade, o ser humano procurou se fixar em áreas de solos férteis, principalmente aquelas junto às planícies de inundação dos rios, como é o caso das planícies dos vales dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Iraque), iãn sei quian (China) e outros.

O solo não se fórma de um dia para outro; seu tempo de formação, que pode chegar a milhares de anos, o torna um recurso precioso para a humanidade, e, por essa razão, é importante evitar o mau uso desse recurso.

Origem e tipos de solo

O solo se origina da desagregação e decomposição dos minerais que constituem as rochas, isto é, da ação do intemperismo físico, químico ou biológico sobre as rochas, conforme estudamos no Percurso 18.

Quando o solo é formado pelo transporte de detritos ou sedimentos arrancados de certo local e transportados para outro pelos agentes de erosão – água, vento, geleiras e ser humano –, são chamados de solos alóctones, ou seja, solos que não se originaram no local onde se encontram. Um exemplo são os solos de loess, formados por sedimentos amarelados, transportados e depositados pelo vento. São encontrados na China, na França, nos Países Baixos, na Polônia e na Alemanha e são muito férteis para a agricultura.

Os solos autóctones ou residuais resultam da desagregação e da decomposição das rochas no local onde se encontram. Um exemplo desse solo é conhecido popularmente como “terra roxa” (latossolo vermelho) e é encontrado principalmente em São Paulo e no Paraná (consulte a foto A da página 93). Esse tipo de solo origina-se da decomposição de uma rocha chamada basalto.

Perfil de solo

O solo apresenta camadas com características particulares de cor, textura e composição química chamadas horizontes.

Os horizontes podem ser observados quando fazemos um córte vertical em profundidade no terreno. Esse córte, chamado perfil de solo, permite que observemos as várias camadas do solo.

Vivem no solo bactérias, algas, fungos e animais como minhocas, roedores, formigas e tatus, que remexem o solo, facilitando sua aeração e propiciando a deposição de matéria orgânica, por exemplo, com excrementos. As bactérias cumprem uma função importante no solo, pois decompõem a matéria orgânica transformando-a em nutrientes para a vegetação.

Há, portanto, uma grande interação entre os elementos naturais. O rompimento dessa dinâmica resulta na degradação do solo.

Perfil de solo

Ilustração. Perfil de solo. Ilustração de 3 perfis de solo. 1 Regolito. Na superfície, há algumas rochas e área gramada. Na camada mais superficial do solo, há algumas rochas pequenas, médias e grandes entremeadas por terra. Na camada mais profunda do solo, apenas rochas. Essa camada se chama Rocha subjacente.   2 Solo imaturo. Na superfície há grama e plantas esparsas. Na parte próxima à superfície, há uma fina camada de solo escuro, pois começa a se formar uma camada de matéria orgânica. Abaixo, há uma camada de solo com terra e rochas pequenas. Mais abaixo, outra camada com terra e rochas de tamanho maior. Na camada mais profunda do solo, apenas rochas grandes. 3 Solo maduro. Na superfície, há plantas de médio porte, uma árvore e um coelho. A fina camada de matéria orgânica logo abaixo é chamada de horizonte zero e é composta de húmus. Na camada abaixo, há terra, raízes de plantas e a toca de um tatu com ele dentro. Esta camada é chamada de horizonte A: solo arável. Abaixo, há uma terceira camada formada por terra e alguns fragmentos de rocha. É o horizonte B: subsolo. Abaixo, uma quarta camada é composta de terra e rochas médias, é o  horizonte C, composto de fragmentos de rocha. A camada mais profunda do solo é o horizonte D: Rocha de origem, formado por rochas de tamanho grande. Nota: ilustrações artísticas para fins didáticos.

Fonte: fardon djón. Dicionário escolar da Terra. Porto: Livraria Civilização, 1996. página 131.

Grafismo indicando atividade.

Observando o terceiro perfil de solo (solo maduro), a ação do intemperismo foi mais intensa no horizonte A ou no D? Por quê?

Degradação do solo: perda, compactação e erosão

A ação humana inadequada sobre a natureza tem causado a degradação do solo, o que pode afetar a produção de alimentos e de matérias-primas.

Estudos demonstram que em uma floresta, onde chove .1300 milímetros por ano, perdem-se cêrca de 15 centímetros de solo no período de 40 mil anos. Substituindo-se a floresta por pastagens, esse tempo se reduz para 4 mil anos; e, se ela for substituída por agricultura temporária ou anual, a perda de solo cai para apenas 70 anos. Transportados por enxurradas e ventos, calcula-se que milhões de hectares de solos são perdidos a cada ano em todo o mundo.

Mundo: perda do solo

Mapa. Mundo: perda do solo. Planisfério representando no mundo áreas de grande preocupação, áreas com alguma preocupação, terrenos estáveis e terras não vegetadas. Na Groenlândia, predominam terras não vegetadas. No Alasca e no Canadá, as terras são consideradas estáveis. Nos estados unidos, predominam as áreas com alguma preocupação e há áreas de grande preocupação sobretudo na porção central do país. No norte do México, predominam áreas com terras não vegetadas e, na porção mais ao sul, áreas de grande preocupação. Na América Central, predominam áreas de grande preocupação. Na Colômbia e na Venezuela, há áreas de grande preocupação, áreas com alguma preocupação e terrenos estáveis. No Equador, as áreas são de alguma preocupação. No Peru, predominam áreas de grande preocupação e, no Chile, há terras não vegetadas e áreas de grande preocupação. No sul da América do sul, predominam áreas com alguma preocupação e há terrenos estáveis. No Brasil, na maior parte da faixa litorânea e em porções do Brasil central predominam áreas de grande preocupação. No restante do país, predominam áreas com alguma preocupação.  
Na Europa, predominam áreas com alguma preocupação. As porções com algumas áreas de grande preocupação estão no sul da Espanha, norte da Itália e no leste europeu. Na Península Escandinava, predominam terrenos estáveis e áreas com alguma preocupação. Na Ásia, na porção onde estão a Federação Russa, o Cazaquistão, a Mongólia, o Japão e o norte da china, os terrenos são estáveis. No sudeste asiático, predominam áreas de grande preocupação e áreas com alguma preocupação. No sul da Ásia, há áreas de grande preocupação, com alguma preocupação e terrenos estáveis. No oriente médio, ocorrem áreas com alguma preocupação e de grande preocupação. Na Península Arábica, onde estão situados Omã e Iêmen, há áreas de terras não vegetadas. Na Oceania, há predomínio de áreas com alguma preocupação e terrenos estáveis. Na África, no norte do continente, próximo ao mar mediterrâneo, predominam áreas de grande preocupação, havendo no interior áreas com alguma preocupação. Na porção onde estão o Deserto do Saara e o da Núbia, predominam terras não vegetadas. Na África subsaariana, há áreas de grande preocupação, com alguma preocupação e terrenos estáveis. Na porção do extremo sul da África e em Madagascar, há o predomínio de áreas de grande preocupação. 
Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.160 km.

Fonte: cristoferson robert daboliu Geossistemas: uma introdução à Geografia física. sétima edição Porto Alegre: Bookman, 2012. página 582.

Grafismo indicando atividade.

Com base na leitura do mapa, podemos afirmar que no Brasil não há perda de solo?

Se, por um lado, as máquinas agrícolas facilitam a prática da agricultura, por outro, compactam o solo, dificultando a infiltração de água da chuva e contribuindo para aumentar o escoamento superficial das águas. A compactação também ocorre nas pastagens pelo pisoteio constante do gado sobre o solo.

Por meio dessas práticas inadequadas, a erosão se intensifica e pode provocar, no solo exposto, o surgimento de sulcosglossário , ravinasglossário e voçorocasglossário .

Estágios de ravinamento em uma encosta

Ilustração. Estágios de ravinamento em uma encosta. Ilustração de um morro com vegetação rasteira e com os quatro principais estágios de formação de uma ravina. 1. Há uma rachadura no solo não muito grande no comprimento e na largura O solo está exposto dentro dessa rachadura.  2. a rachadura está maior no comprimento e na largura. 3. Estágio intermediário de ravinamento: a rachadura no solo está bem maior em comprimento e mais larga que a do número 2. 4. Evolução da ravina para a formação de voçoroca: há uma grande rachadura no solo, larga e comprida, e uma parte do solo das laterais da rachadura desmoronou dentro dela.

Fonte: elaborada com base em GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antônio José Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Bêrtrãn Brasil, 1997. página 514.

Nota: Ilustração artística para fins didáticos. Ela mostra a evolução de uma ravina.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Em um jardim, uma rua sem pavimentação ou outro local próximo à sua casa, há erosão do solo? Se sim, aponte a causa disso.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Agricultura orgânica e conservação dos solos

“O termo ‘agroecologia’ é geralmente empregado para designar a incorporação de ideias ambientais e sociais aos sistemas de produção. reticênciasMas o seu significado é mais amplo, constituindo-se em uma nova abordagem da agricultura, que integra as diversas descobertas e estudos da natureza e suas inter-relações aos aspectos econômicos, sociais e ambientais da produção de alimentos.

reticências Podemos dizer que a Agroecologia é a base, o alicerce, onde foram construídas as principais vertentes ou ‘correntes’ de uma agricultura sustentável, como: Agricultura Orgânica ou Biológica; Agricultura Biodinâmica; Agricultura Natural e Permaculturaglossário .

A agricultura orgânica é a linha mais difundida da agroecologia. reticênciasSua base técnica está na manutenção da fertilidade do solo e da saúde das plantas por meio da adoção de boas práticas agrícolas, como a diversificação e rotação de culturas, adubação orgânica, manejo ecológicoglossário de pragas e doenças e a preservação ambiental.

reticências A agricultura orgânica é um sistema de produção que se contrapõe ao sistema convencional. reticências

Vários estudos confirmam o melhor desempenho ambiental e quali­dade dos produtos orgânicos, quando comparados com os convencionais.

Merecem destaque os resultados de uma pesquisa científica realizada durante 22 anos por Deivid Pimentel, da Universidade cornél, Estados Unidos, comparando o cultivo orgânico de soja e milho com o convencional. Nesse estudo, foram avaliados seus custos e benefícios ambientais, energéticos e econômicos, concluindo-se que:

  1. O cultivo orgânico utiliza uma média de 30 por cento menos energia fóssil; conserva mais água no solo; induz menos erosão; mantém a qualidade do solo e conserva mais recursos biológicos do que a agricultura convencional.
  2. Ao longo do tempo os sistemas orgânicos produziram mais; especialmente sob condições de seca.
  3. A erosão degradou o solo na fazenda convencional, enquanto que o solo das fazendas orgânicas melhorou continuamente em termos de matéria orgânica, umidade, atividade microbiana e outros indicadores de qualidade.”

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Agricultura sustentável. São Paulo: ésse ême á, 2014. página 26-29. (Cadernos de Educação Ambiental, 13).

Fotografia. Vista frontal de uma plantação. Nela há uma pessoa de bermuda e camisa na cor azul e chapéu caminhando. À frente, dois caixotes com verduras. Ao fundo, árvores.
Plantação orgânica de hortaliças no município de Paulínia, São Paulo (2021).

 Interprete

1. O que são agroecologia e agricultura orgânica?

 Argumente

2. Indique um argumento favorável e outro contrário à adoção da agricultura orgânica. Para você, qual deles faz mais sentido? Explique.

 Contextualize

3. No seu município, qual sistema de agricultura predomina: o convencional ou o orgânico?

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 25 e 26

Registre em seu caderno.

  1. Qual é a diferença entre o extrativismo vegetal e a agricultura?
  2. Iniciada no século dezoito, na Inglaterra, a Revolução Industrial caracterizou-se pela introdução de máquinas na produção de mercadorias, com a substituição gradativa da manufatura. De que fórma as máquinas agrícolas contribuíram para o desenvolvimento da agricultura?
  3. No século vinte, houve grande desenvolvimento das técnicas agrícolas. Cite e explique uma delas, de acordo com o que você estudou.
  4. Explique por que são empregadas as técnicas de terraceamento e de curvas de nível na agricultura.
  5. Para compensar as despesas e o trabalho investidos na terra, o agricultor precisa obter boa colheita. No entanto, certas irregularidades de clima podem comprometer a safra. Aponte ao menos dois fenômenos climáticos que podem causar prejuízos ao agricultor.
  6. Quando ocorrem prejuízos na colheita agrícola, quais são as consequências para os consumidores?
  7. Para responder às questões, interprete o mapa e o gráfico.

Brasil: polos de concentração e área irrigada (em éctare) – 2017

Mapa. Brasil: polos de concentração e área irrigada em hectare, em 2017. Mapa com a divisão política do Brasil e a representação das áreas irrigadas em hectares e dos principais polos de concentração. Nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, amapá, pará e maranhão, há apenas algumas poucas áreas irrigadas de 500 hectares. No Piauí, Ceará, rio grande do norte, paraíba, Pernambuco, alagoas e Sergipe, predominam áreas sem irrigação e há algumas porções de áreas de 500 hectares irrigadas. No rio grande do norte e em Pernambuco, próximo à divisa com a Bahia, há um polo de concentração de fruticultura. No litoral do estado de alagoas, há um polo de concentração de cana de açúcar. Na porção oeste do estado da bahia, existem áreas irrigadas de 4 mil hectares e uma área irrigada com mais de 30 mil hectares. Nesta porção destacam-se os pivôs centrais. Mais próximo ao litoral, há poucas áreas irrigadas. No tocantins, próximo à divisa com o mato grosso, há um polo de concentração de arroz inundado e áreas irrigadas de 4 mil e de mais de 30 mil hectares. Na porção central do mato grosso, há um polo de concentração de pivôs e outros métodos em grãos e em áreas irrigadas com 4 mil e mais de 30 mil hectares. Na porção sudeste do mato grosso também há áreas irrigadas com 4 mil e mais de 30 mil hectares. em grande parte do estado de goiás, predominam áreas irrigadas com 4 mil, mais de 4 mil, e com mais de 30 mil hectares, havendo polos de concentração de pivôs centrais e diversificado com cana de açúcar, pivôs, café e eucalipto. Na porção central e no sul do estado do Mato grosso do sul, existem áreas irrigadas com 4 mil e com mais de 4 mil hectares e há um polo diversificado: cana de açúcar, pivôs e localizada. Em minas gerais, na porção oeste predominam áreas com mais de 4 mil hectares e há diversas áreas irrigadas de 500 hectares. Na porção leste do estado de minas gerais há poucas áreas irrigadas. No espírito santo, existem áreas irrigadas com mais de 4 mil hectares e há um polo de concentração diversificado: cana de açúcar, pivôs, café e eucalipto. A maior parte do estado de são Paulo é ocupada por áreas irrigadas com mais de 4 mil hectares, havendo um polo de concentração de pivôs centrais. No paraná e em santa catarina, há algumas poucas áreas irrigadas com 500 hectares e no sul do estado do rio grande do sul há áreas irrigadas de 4 mil, mais de 4 mil e mais de 30 mil hectares, havendo um polo de concentração de arroz inundado e um polo de concentração de pivôs centrais. 
Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 530 km.

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Agência Nacional de Águas. Manual de usos consuntivos da água no Brasil. Brasília: ãna, 2019. página 56.

Brasil: participação das Grandes Regiões no total da área irrigada (em porcentagem) – 2017

Gráfico. Brasil: participação das Grandes Regiões no total da área irrigada, em porcentagem – 2017. Gráfico circular de setores, sendo que cada setor representa uma Grande Região do Brasil. 
Sudeste: 39,7 por cento, Sul: 25,0 por cento, Nordeste: 18,8 por cento, Centro-Oeste: 10,9 por cento, Norte: 5,6 por cento.

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Atlas irrigação: uso da água na agricultura irrigada. segunda edição Brasília: ãna, 2021. página 29.


  1. Identifique a localização dos principais polos de irrigação, no Brasil, em 2017.
  2. É possível reconhecer no mapa as áreas onde a prática de irrigação é mais intensa? Explique.
  3. Em 2017, havia muitas áreas irrigadas na unidade da federação na qual você mora? Explique.
  4. Qual era, em 2017, a participação da Grande Região onde você mora no total da área irrigada no Brasil?
  1. Elabore um croqui que represente a paisagem retratada da plantação de arroz no Vietnã, na página 186. Em seu desenho, identifique os elementos representados e explique a função da técnica empregada no cultivo agrícola.
  2. A “terra roxa” foi assim chamada por imigrantes italianos por causa de sua coloração avermelhada, pois, em italiano, rossa significa vermelha. Observe, nesta foto, trecho de solo no município de Morro Agudo, São Paulo (2021), e faça o que se pede.
Fotografia. Vista de uma extensa área de plantação rasteira. O solo tem uma coloração muito avermelhada.
  1. Explique a origem desse solo.
  2. Esse solo ocorre principalmente em que unidades da federação?
  3. Em seu caderno, crie uma legenda explicativa para a foto, descrevendo-a.

10. Leia o texto e faça o que se pede.

“Os solos cultivados com arroz irrigado na região subtropical do Brasil, especificamente nos estados do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul) e Santa Catarina (Santa Catarina), são encontrados, principalmente, nos ecossistemas de várzeas (solos de várzea) formados por planícies de rios, lagoas e lagunas .”

NUNES, José L. da S. Arroz irrigado. agrolinqui. Disponível em: https://oeds.link/jwxyIP. Acesso em: 22 novembro 2022.

  1. Segundo o texto, onde ocorrem cultivos de arroz irrigado no Brasil?
  2. Elabore hipóteses sobre as características dos solos e dos ecossistemas onde o cultivo de arroz irrigado é realizado, com base nas informações fornecidas pelo texto.

11. A mecanização facilita a prática da agricultura, mas também pode causar problemas ao solo. Observe a foto e responda às questões.

Fotografia. Vista de uma extensa área de plantação. Nela há uma colheitadeira vermelha, máquina de grande porte.
Colheita mecanizada de arroz no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul (2021).
  1. Que problema as máquinas agrícolas podem causar ao solo?
  2. Cite outra atividade não mecanizada que pode causar o mesmo problema mencionado na resposta da questão anterior.

12. Crie um quadro em seu caderno para classificar os alimentos consumidos por você no período de uma semana. Identifique quais são consumidos diretamente da fórma como foram produzidos na natureza (in natura), quais passaram por algum tipo de processamento simples (como lavagem, congelamento, empacotamento e trituração) e quais são aqueles produzidos industrialmente. Em sala, compare com dois colegas as informações que você reuniu e discutam a seguinte questão: seus hábitos alimentares são saudáveis?

Versão adaptada acessível

8. Se você fosse elaborar um croqui da paisagem retratada da plantação de arroz no Vietnã, na página 186, quais elementos representaria? Após descrever textual ou oralmente, explique a função da técnica empregada no cultivo agrícola.

PERCURSO 27 GEOGRAFIA AGRÍCOLA DO BRASIL: SISTEMAS DE PRODUÇÃO E USO DA TERRA

1. Os fatores e os sistemas de produção na agricultura

Além das condições naturais, existem outros fatores que influenciam a prática agrícola. Para a agricultura, devemos considerar três fatores de produção: a terra, o trabalho e o capital.

  • A terra é a área de solo onde são cultivadas as plantas. Pode ser de grande, média ou pequena extensão.
  • O trabalho é a atividade humana aplicada à produção e varia de acordo com a fórma de organização das atividades em determinado momento e local. A qualidade do trabalho depende, ainda, do conhecimento técnico da mão de obra empregada.
  • O capital abrange, além do dinheiro investido, os instrumentos de produção: foices, arados de tração animal, tratores, colheitadeiras, semeadeiras, adubadeiras, fertilizantes, agrotóxicos etcétera

Quando, numa unidade agrícola, a terra é o principal fator de produção, e não o capital, dizemos que se trata de um sistema agrícola de produção extensiva ou agricultura extensiva. Esse tipo de produção se caracteriza pelo uso de técnicas tradicionais e apresenta, geralmente, baixa produtividade por unidade de área cultivada (foto A).

Fotografia. Vista do alto de uma área rural, com terra exposta, sendo preparada para plantio. Quatro bois estão presos em duplas para arar a terra. Eles levam troncos nas costas e são puxados por uma pessoa que está na frente deles. Atrás dos bois, duas pessoas manuseiam a terra com ferramentas.
Lavradores cultivam a terra com arado manual e tração animal no município de Abadiânia, Goiás (2021).

Entretanto, quando o principal fator de produção é o capital, dizemos que se trata de um sistema agrícola de produção intensiva ou agricultura intensiva, caracterizado por intenso uso de máquinas e implementos agrícolas, adubos, equipamentos para irrigação, sementes e mudas selecionadas etcétera, além de elevada produtividade (foto B).

Fotografia. Vista de uma paisagem rural. No centro da imagem, dois tratores com equipamentos de plantio acoplados na parte de traz, chamados de semeadeiras, estão passando sobre a terra. Ao fundo, área de vegetação nativa.
Tratores puxam máquinas semeadeiras no município de Cruzília, Minas Gerais (2021).
Grafismo indicando atividade.

Identifique os instrumentos de trabalho empregados nas duas imagens apresentadas e classifique os diferentes sistemas agrícolas.

2. O uso da terra pela agropecuária

O uso da terra corresponde à fórma como o espaço geográfico é aproveitado pelas sociedades humanas. Podemos distinguir, por exemplo, o uso urbano – com casas, edifícios, ruas, avenidas, indústrias, comércios, escritórios, viadutos etcétera –, o uso rural – por agricultura, criação de gado, silvicultura etcétera –, o uso de áreas de vegetação natural – por extrativismo vegetal, animal etcétera –, além do uso de áreas de mineração e outros.

Mundo: uso da terra pela agropecuária – 2021

Mapa. Mundo: uso da terra pela agropecuária – 2021. 
Mapa representando as principais áreas de uso rural e de vegetação natural nos continentes. 
Terras aráveis com agricultura irrigada ou não, inclusive associada com a pecuária ou com outros usos: porção ao sul do Canadá e extensa faixa no meio leste do Estados Unidos; porção central do México e norte da Venezuela; centro-oeste e sul do Brasil; sul do Uruguai e faixa oeste da Argentina; vale do Rio Nilo, no Egito; porções a oeste e leste da África; sul e leste da Ásia; cota leste da Austrália; sul da Rússia e faixa central da Europa. 
Sistemas mediterrâneos intensivos de tipo huerta, com irrigação e estufas, especializados em horticultura e fruticultura: faixa litorânea a oeste dos Estados Unidos; porções no norte da África e ao sul da Europa; faixas litorâneas no Oriente Médio.  
Plantações com monocultura comercial e muito especializada (palma, seringueira, coco etc.): porção na faixa litorânea do Nordeste e na Ilha de Marajó, no Brasil; ilhas do sudeste asiático, destacando a Indonésia.
Sistemas agrícolas periurbanos com cinturões leiteiros ou de horticultura para abastecimento urbano: porções nos arredores de grandes centros urbanos do mundo, destacando-se algumas áreas próximas a Nova Iorque (Estados Unidos); Cidade do México (México); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Buenos Aires (Argentina); Paris (França); Londres (Reino Unido); porção oeste da Alemanha; extensa área ao longo do vale do Rio Ganges, de Nova Déli à Calcutá, além de porções de Mumbai e Cochim (Índia); faixa litorânea da China; faixa litorânea ao sul do Japão; Jacarta (Indonésia). 
Grandes áreas irrigadas do mundo: meio leste e meio oeste dos Estados Unidos; Centro-Oeste do Brasil; oeste da África, ao sul do Deserto do Saara; vale do Rio Nilo, no Egito; sul da Espanha; oriente médio; região do Cáucaso; sul do Paquistão; porções ao norte e sul da Índia; oeste e faixa central da China; sudeste asiático; sul da Ilha Bornéu, na Indonésia. 
Cobertura florestal superior a 75% com usos diversificados (caça, pesca em água doce, extrativismo vegetal em sistemas agroflorestais ou plantações): regiões de floresta tropical e equatorial; regiões de floresta de coníferas (norte do Canadá, norte da Europa e norte da Rússia); faixa litorânea oeste da Austrália. 
Savanas com diversidade de espaços naturais, usos agrícolas e pastoris, inclusive em áreas densamente povoadas: porção central da América do Sul (no Brasil, corresponde às áreas de cerrado e caatinga); faixa central da África, de leste a oeste, compreendendo a Ilha de Madagascar; 
Criação extensiva de animais (gado etc.), permanente ou temporária, em Campos e Estepes, em alguns casos na forma de ranchos: faixa de norte a sul da Argentina; centro-oeste do Brasil; meio oeste dos Estados Unidos e norte do México; na África, faixa central de leste a oeste e extensa área ao sul; centro da Eurásia; extensa faixa ao redor da Austrália, abarcando o litoral oeste.   
Desertos com povoamento baixo e localizado, ausência de agricultura fora dos oásis, criação de animais rara ou limitada ao nomadismo pastoril: desertos de Gobi, Tár e Arábia, na Ásia; desertos do Saara e Namíbia, na África; deserto do Atacama, na América do Sul; grande bacia desértica à oeste da América do Norte. 
Montanhas com altas altitudes, sem agricultura, criação de animais e população permanente: faixa oeste na América do Sul e oeste da América do Norte. Pequenos pontos no norte da África, sul da Europa e sul da Eurásia.  
Meios árticos pouco povoados, com a presença de caça e pastoreio (ovinos, renas etc.): extremo norte do planisfério. 
Grandes biomas úmidos pouco povoados com a presença de parques naturais: porção correspondente ao pantanal, no centro oeste do Brasil.
Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.920 quilômetros.

Fonte: , Carte à la uneReprésenter l’agriculture et les espaces nourriciers à l’échelle mondiale. Géo Confluences. Ressources de géographie pour les enseignants. Lyon: ENS, 2021. Disponível em: https://oeds.link/NRRezz. Acesso em: 31 janeiro 2022.


Apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico, a distribuição geográfica das atividades agropecuárias no espaço geográfico mundial ainda depende do clima, do solo e do relevo. Além disso, é importante considerar que o uso da terra para essas atividades depende, também, dos hábitos alimentares regionais da população, do desenvolvimento econômico e tecnológico das sociedades humanas e de sua integração ao mercado mundialglossário , pois, ao longo do tempo, os produtos agropecuários transformaram-se em importantes mercadorias do comércio entre os países. O Brasil, por exemplo, é grande exportador de carne bovina e de galináceos, soja e café, enquanto importa trigo, principalmente da Argentina (país da América do Sul no qual a agricultura comercial de cereais é realizada, cultivando-se, além do trigo, milho e aveia, entre outros).

3. Brasil: o espaço agrário

Se observássemos um mapa do uso da terra no Brasil por volta de 1950, veríamos que ele seria muito diferente do mapa dos dias atuais, como o representado nesta página. Até 1950, não havia ocorrido a expansão da fronteira agropecuáriaglossário para o interior do território brasileiro.

A partir dos anos 1950, a agropecuária expandiu-se no interior do Brasil e formaram-se grandes fazendas de agricultura e pecuária. Isso ocorreu por meio de grandes desmatamentos e queimadas do Cerrado e da Floresta Amazônica, processo que se mantém nos dias atuais. Somam-se a isso conflitos, muitas vezes com a ocorrência de mortes, entre alguns fazendeiros e grupos indígenas, populações ribeirinhasglossário e outros protagonistas sociais que foram expulsos de suas terras.

Em virtude de o território brasileiro estender-se na direção norte-sul, desde as áreas de baixa latitude até as de média latitude, e apresentar variações regionais de precipitação (chuva), são cultivadas no país plantas de clima tropical – como café, cana-de-açúcar, cacau e amendoim – e de clima temperado – aveia, trigo, centeio, maçã, pera etcétera

Na geografia agrícola do Brasil, podemos reconhecer culturas especializadas e grandes culturas comerciais.

Brasil: uso da terra

Mapa. Brasil: uso da terra. Mapa representando as principais áreas de uso rural e de extrativismo vegetal do Brasil. 
Grande agricultura comercial: porções extensas dos estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste; além de faixas que abarcam o centro e o sul dos estados de Rondônia e Tocantins. 
Pequena agricultura comercial e de subsistência: pequenas porções dos estados das regiões Sul, Sudeste e Nordeste; áreas estritas no oeste do Mato Grosso do Sul, sul de Goiás, centro e sul dos estados de Rondônia e Tocantins; além de porções nos arredores dos principais rios da bacia amazônica, nos estados do Pará e Amazonas.  
Pecuária semiextensiva: faixa litorânea do Nordeste; porções extensas dos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste; faixa que abarca o centro e o sul de Rondônia. 
Pecuária tradicional (extensiva): faixa a oeste do Mato Grosso do Sul; porções extensas do Mato Grosso e de Tocantins; interior da região Nordeste e áreas estritas do Acre, Amazonas, Pará, Amapá e Roraima. 
Extrativismo vegetal: porções no interior da região Sul; faixa litorânea do estado de São Paulo; áreas estritas no Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia; extensa faixa no norte do Mato Grosso; porções a oeste do Maranhão, nordeste do Piauí e norte do Ceará; maior parte dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 380 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça ême éle Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 64.

Grafismo indicando atividade.

Na unidade da federação onde você mora, quais usos da terra predominam?

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe quais produtos agrícolas e pecuários são produzidos no município em que vive?

• Culturas especializadas

As culturas especializadas são aquelas que, condicionadas principalmente pelo clima e solo, encontram em certas áreas do território a possibilidade de obter maior produção e produtividade (dendê, coco, caju, pera, palmito, pimenta-do-reino, juta, batata etcétera).

As culturas especializadas são importantes tanto do ponto de vista social como do econômico, pois são realizadas, geralmente, com base no trabalho familiar. Representam, assim, fonte de rendimento para famílias de pequenos proprietários de terra e pequenos arrendatáriosglossário .

Brasil: culturas especializadas (principais áreas produtoras)

Mapa. Brasil: culturas especializadas (principais áreas produtoras)
Mapa do Brasil representando as principais culturas agrícolas e áreas produtoras do país. Os valores estão em toneladas e alguns municípios estão destacados na legenda.
Soja e milho: cultivos amplamente desenvolvidos nos estados da região centro-oeste, sobretudo em Mato Grosso, e da região sul, com diversas ocorrências na porção oeste. Também há plantações no oeste da Bahia, no sul do Piauí e do Maranhão, em áreas do Tocantins, no oeste de Minas Gerais e no sudeste de Rondônia.
Cana-de-açúcar: destaque para cultivos localizados no estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e do Mato Grosso do Sul e áreas de Goiás. Outras ocorrências estão em Mato Grosso, no litoral de Alagoas e de Pernambuco, no Tocantins e no norte do Paraná.
Café: as maiores produções ocorrem nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Há plantações no norte do Paraná e em quatro estados nordestinos: Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Laranja: cultivo concentrado quase exclusivamente em São Paulo. Há ocorrências no sul de Minas Gerais, no sudoeste de Tocantins e no nordeste da Bahia.
Mandioca: apesar de a produção em toneladas não ser tão expressiva, está distribuída em diversos estados do país, com destaque para os da região norte (Pará e Acre, principalmente) e nordeste (concentração no Maranhão), além dos três estados sulistas (com destaque para o Paraná), de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.
Dendê: áreas produtoras no nordeste do Pará.
Coco: as principais áreas produtoras estão no litoral na Bahia, sobretudo no litoral, e no nordeste do Pará. Há produções menores no litoral do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Alagoas, no interior de Pernambuco e no nordeste de Goiás.
Banana: produção modesta, que ocorre em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande no Norte e Ceará.
Arroz: os cultivos estão nas porções sul e leste do Rio Grande do Sul.
Uva: produções concentradas no leste do estado de São Paulo, na divisa entre Paraná e Santa Catarina, na porção litorânea, e no nordeste do Rio Grande do Sul.  
Trigo: as produções ocorrem no oeste dos estados sulistas, com destaque para Paraná e Rio Grande do Sul. Há áreas produtoras no sul de São Paulo e no sudoeste de Minas Gerais.
Maça: áreas produtoras em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Principais culturas (em toneladas). 
6.790.663: Alto Teles Pires (Mato Grosso). 
2.683.442: Barreitas (Bahia).
1.264.889: Paranatinga (Mato Grosso). 
620.827: Cassilândia (Mato Grosso do Sul).
193.436: Porecatu (Paraná). 
Cana-de-açúcar (em toneladas).
33.327.655: São José do Rio Preto (São Paulo). 
25.194.124: Presidente Prudente (São Paulo). 
16.741.645: Uberaba (Minas Gerais.) 
7.139.950: Vale do Rio dos Bois (Goiás). 
3.264.308: Nova Andradina (Mato Grosso do Sul). 
Na parte inferior do mapa, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 610 quilômetros.

Fonte: , Neli Aparecida de Melo. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. terceira edição São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. página 161.

Nota: O mapa destaca as principais culturas comerciais e algumas culturas especializadas e as áreas onde a produção delas é superior à média nacional. Considere, portanto, que essas culturas também estão presentes em menor medida em outras áreas do Brasil não destacadas no mapa, e que nele nem todas as existentes estão representadas.


• Grandes culturas comerciais

Ao contrário das culturas especializadas, as grandes culturas comerciais (café, cana-de-açúcar, arroz, feijão, laranja, soja, algodão, milho etcétera) ocorrem em vastas áreas, nas diversas regiões do Brasil, demonstrando o enorme potencial agrícola do país.

Nas últimas quatro décadas, as culturas comerciais se modernizaram. Sua elevada produtividade decorre do uso de tecnologia e técnicas agrícolas avançadas (seleção de sementes e mudas, correção e adubação do solo, mecanização, assistência agronômica etcétera). Como consequência, o Brasil ocupou, em 2021, posições de destaque no mercado mundial: é maior produtor de café, cana-de-açúcar, cítricos e soja.

Para manter a alta produtividade, essas culturas empregam agrotóxicos em larga escala. Se, por um lado, essas substâncias combatem insetos, fungos e outros seres que prejudicam as plantações, por outro, o uso excessivo contamina o solo, as águas e o ar e mata outros seres vivos, podendo também intoxicar o trabalhador rural, caso as aplique sem proteção adequada.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

O veneno está na mesa um.

Direção: Silvio tendler. Brasil: êlene pairru, 2011.

Duração: 50 minutos

O veneno está na mesa dois.

Direção: Silvio tendler. Brasil: Maycon Almeida, 2014. Duração: 70 minutos

Os documentários fazem parte da Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida e discutem o uso indiscriminado desses produtos no Brasil.

Custos ambientais e sociais das atividades agropecuárias

O desempenho alcançado pelo Brasil em algumas culturas comerciais veio acompanhado, em muitos casos, por um elevado custo ambiental.

O avanço da cultura da soja em direção à Amazônia, por exemplo, além da pecuária bovina e da exploração madeireira, tem sido causa de desmatamento na Floresta Amazônica. Enquanto a soja se expande pelo norte do estado de Mato Grosso, a pecuária bovina avança também pelo norte desse estado e pelo sul e sudoeste do Pará.

No caso da cana-de-açúcar, vários estudos apontam problemas sociais e ambientais relacionados à produção de açúcar e álcool no país. Entre os impactos ambientais gerados pelo setor sucroalcooleiro estão a emissão de poluentes, que ameaça os recursos hídricos, a qualidade do ar e a biodiversidade, e o cultivo em áreas de preservação ambiental por parte de alguns produtores.

Um dos problemas sociais do setor sucroalcooleiro refere-se às precárias condições de trabalho e à má remuneração de grande parte dos trabalhadores rurais, em diversas regiões brasileiras.

Fotografia. Duas pessoas cortando cana-de-açúcar em uma plantação. Há grande pilha de cana-de-açúcar cortada no chão.
Colheita manual de cana-de-açúcar no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro (2019). Os trabalhadores agrícolas envolvidos na colheita da cana-de-açúcar geralmente enfrentam longas jornadas de trabalho, sob condições desgastantes e arriscadas.

O avanço da cultura da cana-de-açúcar também resulta, em alguns casos, em ameaças às comunidades indígenas. Isso porque a crescente demanda de matéria-prima pelas usinas de açúcar, etanol e biôdízel tem estimulado a expansão das áreas de cultivo, incluindo as terras indígenas em processo de reconhecimento pelo governo brasileiro. A lentidão do reconhecimento de terras indígenas contribui para a ocorrência de violentos conflitos entre indígenas e produtores rurais.

O trabalho análogo ao de escravoglossário é outro problema presente no campo brasileiro. Em 2021, segundo a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (), do Ministério do Trabalho e Previdência do Brasil, foram libertadas dessa condição um total de .1015 pessoas em vários ramos de atividades, incluindo agricultura e pecuária.

4. A questão da terra no Brasil

Desde a chegada dos portugueses às terras que viriam a ser o Brasil, o acesso à propriedade da terra para cultivar ou criar gado foi muito desigual entre a população. De início, o rei de Portugal era o dono das terras e as doava a quem tivesse prestado relevantes serviços à Coroa portuguesa. Foram doadas, assim, grandes extensões de terras para o cultivo e a criação de gado, as chamadas sesmarias.

Apesar de o regime de sesmarias ter sido interrompido em 1820, a grande propriedade rural foi mantida, pois seus proprietários, com forte influência política, conseguiram aprovar leis que garantiram os seus privilégios de acesso à terra. Essa é a raiz histórica da implantação de extensas propriedades rurais, chamadas latifúndios, que ainda existem no Brasil.

Há que se distinguir, porém, os latifúndios improdutivos – que pouco ou nada produzem –, encontrados principalmente nas Grandes Regiões Nordeste e Norte, dos latifúndios produtivos. Estes são explorados pelas grandes culturas comerciais e pela pecuária moderna e estão integrados ao agronegócioglossário .

• Concentração fundiária

Existe no Brasil uma concentração fundiária (do latim fundus, fundi, fazenda), ou seja, a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários rurais. É uma característica histórica da agropecuária brasileira. Observe no gráfico como se distribuíam os segundo os estabelecimentos agropecuáriosglossário grupos de áreas em 2017.

Pode-se dizer que, no Brasil, muita gente tem pouca terra para cultivar e pouca gente possui muita terra. Trata-se da segunda maior concentração fundiária do mundo, só perdendo para o Paraguai.

Brasil: estrutura fundiária (em porcentagem) – 2017

Gráfico. Brasil: estrutura fundiária, em porcentagem – 2017. Gráfico de colunas, posicionadas uma ao lado da outra, representando os percentuais da área ocupada (colunas de cor verde) e do total de estabelecimentos rurais (colunas de cor laranja), em cinco categorias de estabelecimentos agropecuários. 
Até 50 hectares: área, 12,8%; estabelecimentos, 81,4%.
De 50 até 500 hectares: área, 28,8%; estabelecimentos, 15%.
De 500 a menos de 1.000 hectares: área, 10,8%; estabelecimentos, 1,1%.
De 1.000 a menos de 2.500 hectares: área, 14,8%; estabelecimentos, 0,7%.
Mais de 2.500 hectares: área, 32,8%; estabelecimentos, 0,3%.

Fonte: í bê gê É. Atlas do espaço rural brasileiro. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 47.

Nota: Observe que 81,4% dos estabelecimentos agropecuários possuíam até 50 hectares de área e ocupavam apenas 12,8% da área total deles no Brasil. Esse dado indica que muitas pessoas tinham estabelecimentos de pequena dimensão em 2017. Entretanto, 1% dos estabelecimentos com tamanho superior a .1000 hectares ocupava uma área equivalente a 47,6% da área total dos estabelecimentos agropecuários do país. Note que a soma deles é igual a 98,5%; o 1,5% restante e não representado no gráfico corresponde aos “estabelecimentos agropecuários com produtores sem área”.

• Movimentos dos trabalhadores rurais

Diante da dificuldade histórica de acesso à terra por parte de milhões de trabalhadores rurais, surgiram movimentos sociais que reivindicam a reforma agráriaglossário .

Esses movimentos sociais, entre os quais se destaca o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (ême ésse tê), fundado em 1984, realizam acampamentos na beira de estradas, ocupação de terras improdutivas, passeatas, protestos etcétera com a finalidade de pressionar os governos.

Como resultado, assentamentos rurais têm sido realizados. Mas, para que as famílias assentadas tenham condições de trabalhar a terra, elas necessitam de crédito, assistência agronômica, estradas para o escoamento da produção, rede de energia elétrica, além de outras condições básicas. Como na maioria desses assentamentos várias dessas condições não foram implantadas, muitas famílias não obtiveram sucesso no trato da terra.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

O tempo e o lugar.

Direção: Eduardo Escorel. Brasil: Videofilmes, 2008. Duração: 104 minutos

Documentário que retrata a vida de Genivaldo Vieira da Silva, ex-integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Aborda a sua carreira política e a sua atuação na organização de comunidades agrícolas.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Na região e no município em que você vive, há Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra?

PERCURSO 28 A PECUÁRIA

1. As fórmas de criação de gado

A pecuária reúne as atividades relacionadas à criação de gado para fins domésticos ou comerciais. Distinguem-se, pelo menos, duas fórmas principais de criação de gado: o pastoreio, que compreende o nomadismo pastoril e a transumância; e a pecuária de sistema extensivo, semiextensivo ou intensivo.

• O pastoreio

O pastoreio é um modo de vida que se baseia na exploração de pastagens naturais, onde a criação de animais é realizada em áreas sem uso de cercas e sem contrôle da alimentação. Há dois modos de pastoreio: o nomadismo pastoril e a transumância.

O nomadismo pastoril

O nomadismo é o modo de vida em que um grupo humano se desloca de um lugar para outro para manter sua subsistência. No caso do nomadismo pastoril, o grupo humano desloca-se com seu rebanho em busca de pastagens para os animais. É esse o caso de alguns grupos de lapões, povo que vive no extremo norte da Europa (Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia), e do povo nenets – da etnia samoieda –, que habita o norte da Rússia. Esses grupos praticam o pastoreio nômade da rena.

Fotografia. Vista de uma área de pasto com neve no chão e renas. À frente, uma pessoa de costas usando calça, um manto longo de frio e botas. pretas.
Pastoreio nômade de renas na Lapônia, Finlândia (2021).

A transumância

O modo de pastoreio que se caracteriza pelo deslocamento perió­dico de rebanhos de acordo com o clima chama-se transumância. Em geral, esse deslocamento ocorre entre pastagens em regiões montanhosas e pastagens em planícies – no verão, as montanhas tornam-se uma alternativa às planícies, atingidas pela seca, e, no inverno, as planícies constituem melhor área para criação, enquanto as montanhas ficam cobertas pela neve.

Na transumância, apenas os pastores se deslocam com o rebanho. As famílias permanecem em suas casas, dedicando-se à pequena agricultura. No nomadismo pastoril, visto anteriormente, todo o grupo humano se desloca com o rebanho.

Fotografia. Vista de uma paisagem rural onde há uma encosta com neve no chão. Há um rebanho de renas e quatro pessoas ao redor. Três delas estão montadas em cavalos. Ao fundo, árvores.
Pastores deslocam-se em transumância com rebanho de renas durante o inverno, na Mongólia (2020).

A prática dessas modalidades de pastoreio tem sido cada vez mais rara em razão do avanço das atividades econômicas modernas, como a indústria e a mineração. Ao chegar a regiões de pastoreio, essas atividades acabam empregando a população, que, aos poucos, tem abandonado as pastagens.

• A pecuária

A pecuária abrange a criação de animais de grande porte – como bois (bovinos), cavalos (equinos), búfalos (bufalinos), mulas e burros (mua­res) e asininos (jumentos ou jegues, como são chamados no Nordeste do Brasil) – e animais de pequeno porte – como porcos (suínos), ovelhas (ovinos), cabras (caprinos), aves (avícolas) e abelhas (apícolas).

Vamos estudar mais detalhadamente os sistemas de criação do gado bovino por sua importância no fornecimento de alimentos (carne, leite e derivados) e de matérias-primas para uso industrial. Conheça a seguir cada um desses sistemas.

Os sistemas de criação da pecuária

A pecuária extensiva é praticada, em geral, em regiões de baixa densidade demográfica e com grande disponibilidade de terras. O rebanho é criado solto no campo e se alimenta principalmente de pastagens (naturais, cultivadas ou mistas). Os animais destinam-se aos abatedouros para a produção de carne e há aproveitamento do leite das fêmeas.

Fotografia. Vista de cima de uma extensa área de pasto com um grande rebanho de gado bovino.
Pecuária bovina extensiva no município de Poconé, Mato Grosso (2021).

A pecuária semiextensiva é uma prática em que se associam as pastagens e o confinamentoglossário para a engorda dos animais. Confinado nos períodos de estiagem, o rebanho se destina, geralmente, a abastecer o mercado de carne.

Fotografia. Um rebanho de gado bovino está dentro de uma área aberta cercada. Muitos estão se alimentando em um comedouro.
Gado bovino confinado em fazenda no município de Rio Verde, Goiás (2018).

Quando a terra é um fator de produção de alto preço, pratica-se a pecuária intensiva. Nesse sistema, empregam-se técnicas modernas para aumentar a produtividade mediante, por exemplo, a seleção de raças, o fornecimento de forragens e rações que possam melhorar a alimentação do rebanho e a concentração do maior número possível de animais por unidade de área. Esse sistema é aplicado, principalmente, na criação de gado leiteiro, em que os animais ficam estabulados, isto é, confinados em estábulos.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

https://oeds.link/Zi1Bgs

Neste site são disponibilizadas informações atualizadas, mapas, vídeos, dados, fotografias e textos sobre a agropecuária no Brasil.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

OLIVEIRA, Sales de.

Já pra mesa!: vamos falar sobre alimentação? São Paulo: Moderna, 2017. (Coleção Informação e Diálogo).

Com olhar crítico, a obra trata da questão da alimentação, incentivando o debate sobre comportamentos alimentares e dietas da moda, desperdício de comida e a fome no mundo.

2. A pecuária no Brasil

O Brasil, em 2020, foi detentor do segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia – onde a criação de gado não é voltada para fins comerciais por questões religiosas.

Segundo o í bê gê É, em 2020, no Brasil, a relação entre o número de habitantes e o número de cabeças de gado bovino foi de quase 1 para 1, ou seja, havia aproximadamente uma cabeça de gado bovino para cada habitante (em 2020, a população brasileira foi estimada em cêrca de 213 milhões de habitantes e o rebanho bovino foi de pouco mais de 218 milhões de cabeças).

No Brasil, a pecuária bovina de córte, ou seja, destinada à produção de carne, é realizada predominantemente segundo o sistema extensivo e semiextensivo, com o objetivo de abastecer os mercados interno e externo. Esse sistema é praticado principalmente em grandes propriedades, nas Grandes Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Na Grande Região Norte, a expansão da pecuária tem sido responsável por grandes desmatamentos da Floresta Amazônica, como já assinalamos.

A pecuária intensiva é amplamente praticada nas Grandes Regiões Sudeste e Sul, onde o preço da terra é mais elevado, e visa, sobretudo, à produção de leite.

Além de se destacar na criação de gado bovino, o Brasil possuía, em 2020, o terceiro rebanho mundial de gado suíno, superado apenas pela China e pelos Estados Unidos. A maior criação e produção de suínos é realizada de fórma intensiva, principalmente nos estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul.

A avicultura de galináceos, em granjas, ocupa posição de destaque no Brasil por abastecer os mercados interno e externo. Os demais rebanhos brasileiros têm importância alimentar regional: os ovinos, criados principalmente no Rio Grande do Sul, fornecem carne e lã; os caprinos, na Grande Região Nordeste, servem à produção de carne, leite e couro.

Fotografia. Vista de uma pequena área cercada com galhos de árvore e com chão de terra. À direita, um homem de calça, botas, jaquetas e um chapéu de couro. À frente do homem, um rebanho de caprinos, animais de porte pequeno com chifres. O homem observa os animais. Ao fundo, área com vegetação.
Criação de caprinos no município de Taperoá, Paraíba (2020).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Estação ezalqui 109/2022 – 7 Rotas da Pecuária Brasileira

https://oeds.link/kSveOd

Neste podcast, o pesquisador Alberto Barretto destaca a necessidade de olhar para a diversidade da pecuária, considerando os bons resultados de todos os cenários desse sistema de produção.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

A localidade ou o município onde você vive é uma zona de pecuária? Em caso afirmativo, identifique se é pecuária de grande ou pequeno porte, que animais são criados e, se for gado bovino, qual é o sistema de criação.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Agricultura e pecuária

Todos os anos, o fogo rouba partes da Amazônia. Esse é o traço mais marcante do avanço da agricultura (principalmente da soja) e da pecuária. Ambas são atividades econômicas importantes.

As queimadas, que são visíveis mesmo do espaço, reduzem a cinzas tudo o que encontram pelo caminho, inclusive as florestas.

Infelizmente, isso é apenas um aspecto do problema.

Durante a estação seca, que vai de maio a setembro, o Brasil chama a atenção do mundo pelos incêndios florestais.

A queimada é uma prática de manejo agrícola usada para abrir espaço para as plantações de subsistência (a chamada agricultura de corta e queima) e para as pastagens de gado. O fogo destrói as áreas naturais de cerrado e floresta tropical.

Na Amazônia brasileira, as queimadas geralmente se espalham floresta adentro a partir das terras agrícolas adjacentes.

Os produtores de soja aos poucos avançam sobre as terras de produção de gado e empurram a pecuária para novas áreas. Junto com a pecuária, o desmatamento vai tomando espaço da floresta.

dáblio dáblio éfe Brasil. Agricultura e pecuária. Disponível em: https://oeds.link/v0CCV8. Acesso em: 21 janeiro 2021.

Amazônia Legal: desmatamento e degradação florestal – julho de 2021

Mapa. Amazônia Legal: desmatamento e degradação florestal, julho de 2021. Mapa da Amazônia com destaque
para o limite do Bioma Amazônia, que passa pela área central do Mato Grosso, segue abrangendo parte ocidental do Maranhão; limite Amazônia Legal: passa pela divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por Tocantins na divisa com Goiás e Bahia e passa pela divisa entre Maranhão e Piauí; pontos de desmatamento de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento de julho de 2021: muitos pontos concentrados nos estados do Acre, Rondônia, Pará, Maranhão, parte de Mato Grosso, Amazonas, Roraima e Alguns pontos no Amapá; degradação de acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento de julho de 2021: pontos de degradação nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas,  Pará e Mato Grosso; terras indígenas: nos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão; unidades de conservação: nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso; assentamentos: nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão; municípios críticos: Feijó, no estado do Acre; Candeias do Jamari, no estado de Rondônia; Apuí, Lábrea e Humaitá, no estado do Amazonas; Itaituba, Altamira, São Félix do Xingu e Novo Progresso, no estado do Pará.
Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 280 quilômetros.

Fonte: FONSECA, A. êti áli. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (julho de 2021) . Belém: imazon, 2021. página 1. Disponível em: https://oeds.link/Q1zFQf. Acesso em: 21 janeiro 2022.

Notas: Degradação florestal é a perda qualitativa em biodiversidade de uma floresta e também da sua função (proteção do solo à erosão, hábitat de animais, participação no ciclo hidrológico etcétera). é o Sistema de Alerta de Desmatamento do imazon – instituto de pesquisa cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Assentamento rural é um conjunto de lotes ou glebas de terra, independentes entre si, entregues pelo íncra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a uma família, onde originalmente existia um imóvel rural que pertencia a um único proprietário.


 Interprete

  1. O texto aponta três causas das queimadas no Brasil e, particularmente, na Amazônia. Quais são elas?
  2. Segundo o mapa, quais estados apresentaram desmatamento em julho de 2021?

 Argumente

3. No município em que você vive ou em outro que você conhece, há prática de queimada? Ela é benéfica ou prejudicial para o meio ambiente?

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 27 e 28

Registre em seu caderno.

  1. Além das condições naturais, os fatores de produção influenciam a prática agrícola. Explique-os com as suas palavras.
  2. Releia o texto, consulte novamente o mapa da página 194 e aponte fatores naturais e sociais que influenciam o uso da terra pela agropecuária.
  3. No comércio internacional, os produtos da agropecuária transformaram-se em importantes mercadorias comercializadas entre os países. Relacione alguns desses produtos de que o Brasil é grande exportador ou importador.
  4. No Brasil há diversidade de culturas agrícolas. Qual é a relação entre esse fato e a extensão latitudinal do território brasileiro?
  5. Com base na expansão da cultura da soja e da pecuária no território brasileiro, responda:
    1. Em que direção e onde tem ocorrido essa expansão?
    2. Quais são as consequências da expansão dessas atividades para o ambiente?
  6. Explique a raiz histórica da concentração fundiária no Brasil.
  7. O Brasil possuía o segundo maior rebanho bovino do mundo em 2020. Aponte a relação entre o número de cabeças de gado bovino e a população brasileira nesse ano.
  8. Interprete o mapa e o texto e responda às questões.

Brasil: uso de agrotóxicos por estabelecimentos agropecuários (em porcentagem) – 2017

Mapa. Brasil: uso de agrotóxicos por estabelecimentos agropecuários, em porcentagem, em 2017.  Até 20 por cento de estabelecimentos com uso de agrotóxico: espalhados pelo país com maior ocorrência no Amazonas, Roraima, Amapá, Acre, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. 
De 20 a 40 por cento de estabelecimentos com uso de agrotóxico: espalhado pelo país, com maiores ocorrências nos estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia, Maranhão.
De 40 a 60 por cento de estabelecimentos com uso de agrotóxico: espalhado pelo país, com maiores ocorrências nos estados de Mato Grosso,Rondônia, Maranhão, São Paulo.
De 60 a 80 por cento de estabelecimentos com uso de agrotóxico: espalhado pelo país, com maiores ocorrências nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Ceará, Paraíba, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais,Paraná, Santa Catarina. 
De 80 a 100 por cento de estabelecimentos com uso de agrotóxico: maior ocorrência no estado do Rio Grande do Sul, com pontos de ocorrência nos estados de Santa Catarina,  Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 440 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas do espaço rural brasileiro. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 179.

“[No Brasil] O aumento do número de novos registros concedidos a agrotóxicos e afins reticências aponta para a continuidade acelerada dessa tendência. Se, de 2005 a 2015, a média de novos registros por ano ficou em 140,5, a partir de 2016, o número salta para 277 reticências e, em 2017, 2018 e 2019, atinge 405, 449 e, finalmente, 474 novos registros, respectivamente. reticências o principal efeito da ampliação das autorizações tende a ser o baratea­mento dos agrotóxicos, trazendo, como potencial consequência, o aumento do consumo.

Outra dimensão correlacionada ao aumento das autorizações de agrotóxicos concerne às intoxicações. reticências

Fonte: VALADARES, Alexandre êti áli. O crescimento do uso de agrotóxicos: uma análise descritiva dos resultados do Censo Agropecuário 2017. número 65. Brasília: ipéa: , abril de 2020. página 7. Disponível em: https://oeds.link/GhMv07. Acesso em: 1º 2022.

  1. Identifique e descreva o assunto representado no mapa.
  2. De acordo com o texto, quais são os principais efeitos do aumento das autorizações para uso de agrotóxicos no Brasil? Comente um desses efeitos com base nos conhecimentos adquiridos nesta Unidade.

9. Interprete a charge e responda às questões.

Charge. Enxadas paradas. Charge mostrando uma enxada fincada na terra. Há uma teia de aranha entre o cabo da enxada e a terra. Ao lado, uma placa com a informação: Latifúndio. Ao fundo, montanhas com muita vegetação.
Charge. Inchadas paradas. Charge mostrando uma área urbana. À frente, muitas pessoas aglomeradas. Elas estão tristes. No meio das pessoas uma placa com a informação: Ouro compro. Ao fundo, ruas com muito carros, prédios e barulhos: FOM, FOM, BIII, FOM FOM, BIII. Ao redor das construções, fumaça dos carros.
  1. Que problema rural o primeiro quadrinho denuncia?
  2. Que problemas urbanos são retratados no segundo quadrinho?
  3. Explique as frases empregadas pelo autor para relacionar e criticar os problemas do campo e da cidade.

10. Analise o quadro a seguir e faça o que se pede.

Brasil: carne bovina, suína e galinácea – 2021

Carne

Rebanho (milhões de cabeças)

Produção (mil toneladas)

Exportação (mil toneladas)

Bovina

252

9.500

2.575

Suína

37

4.325

1.295

Galinácea

s/d*

14.350

4.055

*Segundo o í bê gê É, em 2020 o número de cabeças de galináceos foi de quase 1,5 bilhão.

Fonte: United States Department of Agriculture. Livestock and poultry: world markets and trade. 12 outubro 2021. página 4-6, 9-11, 14 e 15. Disponível em: https://oeds.link/gucRcz. Acesso em: 22 janeiro 2022.


  1. Aponte o tipo de carne que teve a maior produção e exportação no Brasil em 2021.
  2. Quantas toneladas de carne bovina produzidas no Brasil foram destinadas ao mercado interno brasileiro em 2021?
  3. Elabore um gráfico de colunas que represente a produção de carnes bovina, suína e galinácea no Brasil em 2021. Lembre-se de identificar a fonte dos dados e dar um título ao gráfico que criou.

11. Em grupos, pesquisem a respeito da produção agrícola no município ou região onde vocês vivem. Por meio de consulta a sites, jornais e outras publicações, identifiquem alguns dos principais produtos cultivados e classifiquem em lavouras permanentes ou temporárias. Por fim, apresentem o resultado da pesquisa para os demais colegas.

Glossário

Manufatura
Trabalho ou atividade que se realiza manualmente ou com máquinas simples, que envolve a divisão de tarefas.
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Motor de combustão
Máquina em que a energia é fornecida pela queima de um combustível e transformada em energia mecânica, como no automóvel, caminhão etcétera
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Ásia Central
Porção central do continente asiático que se estende do Mar Cáspio à China e abrange os seguintes países: Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Quirguistão Turcomenistão, Afeganistão e parte ocidental ou oeste da China.
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Defensivo agrícola
Agrotóxico; produto químico que, despejado ou pulverizado sobre as lavouras, controla as pragas e as doenças que atacam as plantas. Entretanto, o uso inadequado pode provocar o envenenamento do trabalhador que o aplica e a contaminação de alimentos, das águas superficiais e subterrâneas e, consequentemente, dos seres vivos que os consomem.
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Húmus
Matéria orgânica encontrada na superfície de solos, resultante da decomposição de folhas, gravetos, troncos de vegetais e animais mortos, sob a ação de microrganismos, minhocas, cupins, formigas e outros animais. Fixa sais nutritivos no solo, impedindo que sejam transportados pela água da chuva.
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Biotecnologia
Área de estudo que visa promover modificações genéticas em seres vivos com a finalidade de garantir maior produtividade.
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Cultura temporária
Diz-se dos vegetais que precisam ser plantados periodicamente para que possam fornecer a safra. É o caso do arroz, do milho, da soja, do feijão e do trigo.
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Produtividade agrícola
Quantidade média de colheita obtida em relação à área de terra cultivada.
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Adubação
Processo pelo qual se fertiliza a terra, tornando-a própria para o cultivo.
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Sulco
Fissura, ranhura; geralmente é o início de erosões mais graves em áreas de declive.
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Ravina
Sulco grande na superfície, produzido pela erosão decorrente das chuvas e do escoamento superficial; geralmente surge onde a vegetação é escassa, destruindo terras cultiváveis.
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Voçoroca
Escavação ou fenda produzida no terreno pela erosão de águas correntes superficiais e subsuperficiais. Pode atingir muitos metros de largura e de profundidade. A água subsuperficial atua na voçoroca causando desmoronamentos. Ela ocorre principalmente em áreas sem vegetação, nas quais o solo desprotegido torna-se mais suscetível à erosão.
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Permacultura
Modelo de agricultura integrada com o ambiente, também conhecida como agricultura permanente, pois usa plantas semipermanentes e permanentes, além da atividade produtiva dos animais, para a manutenção de policultivos.
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Manejo ecológico
Ações de intervenção que buscam garantir a conservação da diversidade biológica e a menor alteração no ecossistema; no caso, contrôle biológico que usa espécies vegetais ou animais capazes de atacar pragas e doenças das plantas, sem afetar os seres humanos e outros animais e vegetais.
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Mercado mundial
Conjunto de compradores e vendedores de produtos e serviços no mundo.
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Fronteira agropecuária
Nome dado à expansão da agricultura e da pecuária em regiões pouco habitadas, visando à produção voltada para comercialização. Também chamada frente pioneira ou fronteira agrícola.
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Ribeirinho
Aquele que vive nas margens de rios e sobrevive da pesca, do extrativismo vegetal e animal, de pequenas roças e usa o rio como importante meio de transporte.
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Arrendatário
Aquele que usa um imóvel (no caso, a terra rural) por prazo determinado, mediante um pagamento, que pode ser em dinheiro, em produtos cultivados ou em prestação de serviços para o dono da terra.
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Trabalho análogo ao de escravo
Atividade em que há condições degradantes de trabalho, com jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida. As condições podem vir juntas ou isoladamente.
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Agronegócio
Conjunto de atividades relacionadas à produção agropecuária.
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Estabelecimento agropecuário
Terreno de área contínua, subordinado a um único produtor, onde se dá a exploração agropecuária.
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Reforma agrária
Processo de redistribuição da propriedade fundiária realizado pelo Estado visando à promoção de justiça social e ao aumento da produção.
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Confinamento
Refere-se, neste contexto, ao gado criado em cercados, onde é alimentado com matéria vegetal (feno, forragem verde etcétera) e ração.
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