UNIDADE 7 AGROPECUÁRIA
Nesta Unidade, você aprenderá a identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano por meio da agricultura e da criação de gado. Essas atividades dependem das condições naturais e são importantes, pois fornecem alimentos para o consumo humano. Também aprofundará o estudo sobre os solos – um recurso natural precioso – e estudará as relações entre o uso da terra e a produção agropecuária no mundo e no Brasil.
Todos os seres humanos têm a necessidade básica de alimentar-se, e, de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU), o direito a uma alimentação saudável significa que todo ser humano deve receber alimentos de vários tipos e em quantidade que atenda às suas necessidades nutricionais diárias para a manutenção de sua saúde e de seu bem-estar.
Mas, afinal, você sabe como se alimentar de fórma saudável e adequada? Observe a imagem e reflita sobre seus hábitos alimentares.
Fonte: Ilustração para fins didáticos, elaborada com base em: Filípi, Sônia Tucunduva. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. terceira edição São Paulo: Manole, 2018.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- Você saberia dar exemplos de alimentos in natura e ultraprocessados? Qual deles é a base para uma alimentação saudável? Responda com base nos alimentos representados na imagem.
- De onde vêm os alimentos in natura que você consome? São produzidos no Brasil ou em outros países?
PERCURSO 25 A AGRICULTURA
1. A agricultura e a disseminação de plantas cultivadas
Enquanto o extrativismo vegetal corresponde a um conjunto de atividades por meio das quais o ser humano retira ou extrai recursos da natureza sem participar do processo de sua criação ou reprodução, a agricultura é uma atividade em que o ser humano participa ativamente do processo de reprodução de plantas, pelo plantio de sementes e de mudas.
A prática do extrativismo é historicamente mais antiga que a da agricultura. Desde que o ser humano surgiu, há milhares de anos, ele realiza a caça e a pesca (extrativismo animal) e a coleta de frutas, raízes e folhas (extrativismo vegetal). A agricultura e a criação de animais surgiram por volta de 10 mil anos atrás – admite-se que a criação de animais surgiu antes da domesticação de plantas. Essas duas atividades alteraram as relações entre os seres humanos e o meio geográfico, permitindo que tivessem maior domínio sobre a natureza, que assegurassem fontes de alimento e fixassem-se em certas áreas, construindo habitações e aldeias, o que propiciou o crescimento populacional.
Áreas geográficas de origem da agricultura e da criação de animais
Fonte: Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de sem, 1995. página 38-39.
Identifique as áreas geográficas em que a prática da agricultura é mais antiga. Em seguida, cite os gêneros alimentícios produzidos há mais tempo em cada uma delas.
• A dispersão geográfica de plantas cultivadas
Foi a partir das Grandes Navegações marítimas europeias dos séculos quinze e dezesseis (consulte o mapa da página 153) que ocorreu a maior dispersão geográfica das plantas cultivadas. Considera-se que essas navegações iniciaram o processo de globalização, isto é, de integração entre as sociedades e economias de várias regiões do mundo, principalmente quanto à produção de mercadorias e às trocas culturais e de informações.
Os navegantes europeus chegaram a várias regiões do mundo, até então desconhecidas por eles, e estabeleceram contato com outros povos, o que permitiu a ampliação das trocas culturais e comerciais entre diferentes regiões. Chegaram ao sul da África, a vastas porções da Ásia e, no século dezoito, à Oceania – Austrália, Nova Zelândia e arquipélagos e ilhas do Pacífico.
Ao entrarem em contato com vários povos, os europeus conheceram plantas cultivadas em outros continentes e as levaram para a Europa. Além disso, introduziram espécies europeias nas regiões geográficas que exploravam em outros continentes. Assim, as Grandes Navegações marítimas europeias dos séculos quinze e dezesseis e a incorporação da Oceania ao mundo europeu, no século dezoito, contribuíram significativamente para a dispersão de plantas cultivadas pelo mundo.
Como exemplos, podemos citar as espécies de clima tropical, como a cana-de-açúcar, originária da Índia; o cacau, originário das florestas tropicais e equatoriais da América; o café, de origem africana (Etiópia, antiga Abissínia); a banana, de regiões de clima tropical quente e úmido da Ásia; o chá, a manga e a jaca, da Índia; e o algodão, de áreas tropicais quentes e secas da Ásia e da América.
Mundo: a dispersão do café entre os séculos catorze e dezenove
Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; MARTINS, Ana Luiza. História do café. São Paulo: Contexto, 2009. página 20; MILLIET, Sérgio. Roteiro do café e outros ensaios: contribuição para o estudo da história econômica e social do Brasil. quarta edição São Paulo: Hucitec: i êne éle, 1982. página 23; RODRIGUES, João Antônio. Atlas para estudos sociais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1977. página 26.
Nota: Para fins didáticos, empregamos denominações atuais das áreas geográficas representadas, com exceção de Ceilão, atual Lanka.
Cultivado no Extremo Oriente, o arroz foi levado para regiões do Mar Mediterrâneo europeu e africano e, depois, para a América.
O milho, o feijão, a mandioca e a batata, originários da América, difundiram-se na África, na Ásia e na Europa. A batata, por exemplo, salvou da fome populações europeias, principalmente na Irlanda e na Polônia nos séculos dezenove e vinte. A soja, originária da China, espalhou-se pelo mundo.
Nos territórios que hoje correspondem a áreas dos Estados Unidos, do Canadá, da Austrália, da Nova Zelândia e da Argentina, os colonizadores ingleses e espanhóis introduziram o cultivo de trigo, aveia, centeio e cevada. Na Califórnia, que viria a ser parte dos Estados Unidos, os europeus introduziram a plantação de videiras (arbustos de uva) e frutas cítricas (laranja, limão etcétera).
2. As técnicas agrícolas
Até o século dezoito, os instrumentos de trabalho usados pelos agricultores eram feitos artesanalmente de ferro ou de madeiras resistentes. Com o crescimento populacional, principalmente nas cidades, houve necessidade de aumentar a produção de alimentos. Nesse período, a Revolução Industrial estava em curso na Inglaterra, e a introdução de máquinas na produção de mercadorias substituía gradativamente a manufaturaglossário (que você estudará no Percurso 29).
A Revolução Industrial e a necessidade de aumentar a produção agrícola levaram à invenção de instrumentos agrícolas, entre eles, em 1883, o ceifeiro – máquina colheitadeira puxada por animal. Por volta de 1880, foi inventado o trator a vapor, usado nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.
A invenção do motor de combustãoglossário , em 1866, permitiu a invenção de tratores que, acoplados aos arados, plantadeiras, colheitadeiras etcétera, facilitaram largamente o trabalho na agricultura.
• Irrigação
A irrigação corresponde ao conjunto de técnicas e equipamentos empregados com o objetivo de suprir a necessidade de água para o cultivo de plantas.
Em regiões afetadas por escassez contínua de água, a aplicação artificial de água é essencial, pois somente por meio dela a prática da agricultura torna-se possível; em regiões afetadas por estiagens em períodos específicos do ano, a aplicação suplementar de água é importante nos meses nos quais isso ocorre para que o cultivo agrícola seja viabilizado.
A irrigação em diferentes épocas e lugares
A prática da irrigação remonta à Pré-História e permitiu que tribos nômades pudessem se fixar, irrigando terras férteis e assegurando produtividade suficiente para subsistência. A agricultura irrigada também foi praticada por antigas civilizações que se desenvolveram nas proximidades de grandes rios, como o Nilo, no Egito ( cêrca de 6000 antes de Cristo); o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia ( cêrca de 4000 antes de Cristo); o Amarelo, na China (por volta de 3000 antes de Cristo); e nos vales dos rios Indo e Ganges, na Índia ( cêrca de 2500 antes de Cristo).
Na América, a irrigação também assegurou a produção de alimentos no território que atualmente corresponde aos Estados Unidos, onde a irrigação já era praticada por indígenas da região sudoeste desde 100 antes de Cristo Existem vestígios de obras de irrigação construídas, há mais de .2000 anos, por maias, incas e astecas, em áreas que hoje correspondem a porções do México, do Peru, da Bolívia, do Chile e da Argentina.
Na Espanha e na Itália, ainda existem redes de canais e aquedutos dos tempos dos dominadores árabes (séculos oito a quinze) e do Império Romano (séculos um antes de Cristo a cinco Depois de Cristo); no Irã, túneis com .3000 anos (chamados canate) conduzem água das montanhas para as planícies; no Japão, barragens de terra construídas para irrigar arroz, que datam de .2000 anos, são usadas até hoje.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
élers, Eduardo.
O que é agricultura sustentável. São Paulo: Brasiliense, 2009.
A agricultura é retratada nesse livro dos seus primórdios aos dias atuais, e nele são discutidas questões importantes sobre como praticá-la de fórma sustentável.
No século vinte, houve um grande desenvolvimento das técnicas agrícolas, entre elas as de irrigação. Até os anos 1930, pensava-se que a irrigação poderia ser feita apenas em porções reduzidas de terra; porém, a partir daqueles anos, essa prática adquiriu impulso e alastrou-se. Entre outros fatores, isso ocorreu por causa de obras como barragens de hidrelétricas que, ao mesmo tempo, corrigiam os desníveis de água, facilitando a navegação fluvial, permitindo assim aproveitar as águas de represas para irrigação.
O aperfeiçoamento técnico permitiu que áreas de clima desértico e semiárido se tornassem agricultáveis. É o caso do Deserto de neguev, em Israel, e de áreas da Ásia Centralglossário , da África e de países como Peru, Chile, Estados Unidos e Brasil.
No Brasil, a irrigação teve a sua fase inicial entre o fim do século dezenove e o início do século vinte, nas lavouras de arroz do estado do Rio Grande do Sul, e por meio da construção de açudes públicos nas áreas de clima semiárido da Grande Região Nordeste.
Em 1960, novos polos de irrigação surgiram nos estados de São Paulo, de Minas Gerais, da Bahia e de Santa Catarina. Porém, o grande impulso da irrigação aconteceu a partir da década de 1970, como resultado da expansão dos cultivos para regiões de características físico-climáticas menos favoráveis à agricultura – principalmente nas Grandes Regiões Nordeste e Centro-Oeste –, e em razão das vantagens e dos benefícios observados na prática da irrigação e de iniciativas governamentais (estaduais e federais) dirigidas ao desenvolvimento regional. Nos últimos anos, a prática da irrigação tem se intensificado em áreas de relevo plano do Cerrado, que apresentam condições favoráveis à agricultura mecanizada.
Problemas ambientais decorrentes da irrigação
Atualmente, as preocupações com o uso dos recursos hídricos têm sido crescentes. A prática da agricultura irrigada, quando realizada de maneira não adequada, pode afetar a disponibilidade e a qualidade da água, ocasionando impactos negativos de ordem econômica, social e ambiental. Imagine o que acontece, por exemplo, quando uma área é irrigada em excesso: a água não aproveitada pelas culturas pode retornar aos corpos de água superficiais e subterrâneos, carregando fertilizantes e defensivos agrícolasglossário , causando poluição e comprometendo a qualidade da água para outros usos.
O acúmulo de fertilizantes em rios, lagos e represas provoca o desenvolvimento de algas e bactérias que, por meio da fotossíntese, consomem o oxigênio dissolvido na água. Como consequência, a oxigenação da água diminui, o que coloca em risco a vida de peixes e outros seres que vivem nessa água. Esse fenômeno, chamado eutrofização, causa grande desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos.
Outros impactos ambientais negativos podem ocorrer com a instalação de infraestruturas, como barragens, reservatórios e canais, que causam mudanças no regime de vazão de cursos de água e podem afetar a fauna e a flora.
Além desses problemas, é importante conhecer a eficiência do sistema de irrigação empregado e realizar a manutenção adequada dos equipamentos para evitar perdas ou grande diferença entre o volume de água captado e o volume de água consumido pelas plantas. Conheça, nas páginas seguintes, as vantagens e as desvantagens de alguns dos métodos e sistemas de irrigação mais usados.
• Métodos e sistemas de irrigação
Existem diferentes técnicas de irrigação empregadas para fornecer água aos cultivos agrícolas. Elas variam de acordo com a fórma como a água é aplicada no solo e podem ser agrupadas em quatro métodos principais: irrigação de superfície, irrigação localizada, irrigação subterrânea e irrigação por aspersão.
Para cada método de irrigação existem diversos sistemas de funcionamento, que apresentam vantagens e desvantagens. A escolha por um método exige a avaliação das características socioeconômicas e ambientais da área em que será instalado, considerando-se a disponibilidade da água, a necessidade de cada cultivo, o clima, o relevo, o solo, entre outros fatores.
Fonte das ilustrações: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017: relatório pleno. Brasília: ãna, 2017. página 58.
Fonte das ilustrações: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2017: relatório pleno. Brasília: ãna, 2017. página 58.
Aponte as desvantagens do método de irrigação por aspersão implantado em um local de clima desértico. Justifique sua resposta considerando o uso dos recursos hídricos e sugira o método de irrigação mais adequado para esse caso.
• Rotação de culturas
A rotação de culturas consiste em alternar, periodicamente, o cultivo de espécies vegetais em uma mesma área de terra. As vantagens dessa técnica são variadas: produção diversificada de alimentos e matérias-primas vegetais, melhoria das características do solo e favorecimento do contróle de plantas daninhas, pragas e doenças.
Ao contrário da rotação de culturas, que permite a produção de vários vegetais, a monocultura – cultura de um só vegetal – é apontada por especialistas como prejudicial ao solo. Ao retirar os mesmos nutrientes do solo, a monocultura esgota-o, exigindo que sejam aplicadas quantidades enormes de fertilizantes, fato que aumenta o custo de produção. Além disso, a monocultura reduz a biodiversidade, facilitando a instalação de pragas, e consome grandes quantidades de água e agrotóxicos, que contaminam o solo, a água e os seres vivos.
A rotação de culturas permite a recuperação do solo após a colheita de culturas que demandam grandes quantidades de nutrientes (como trigo e soja), por meio da alternância com culturas que contribuem para o enriquecimento do solo e proporcionam sua aeração – circulação do ar. Segundo alguns estudiosos, é adequado que um cultura não se repita no mesmo campo de cultivo em um período de pelo menos 3 anos.
Exemplo de rotação de culturas em ciclo de 4 anos
Fonte: elaborado com base em franquíni, Julio Cesar êti ól Importância da rotação de culturas para a produção agrícola sustentável no Paraná. Londrina: Soja, 2011. página 17.
NO SEU CONTEXTO
Você sabe se, no município onde você mora, pratica-se policultura ou monocultura?
• Plantio direto
O plantio direto, ou plantio na palha, consiste em usar a palha resultante da colheita para cobrir o solo e protegê-lo da erosão, aproveitando-a também para produzir húmusglossário .
Durante a colheita, os restos da cultura, como a palha, são picados e deixados sobre o solo, protegendo-o contra o impacto das gotas de chuva, diminuindo a erosão. A palha sobre o solo também dificulta o crescimento de plantas invasoras em decorrência da falta de luz, o que resulta em economia de herbicidas e menor poluição. Além disso, a cobertura da palha faz diminuir a evaporação da água contida no solo e retém a umidade do orvalho.
Para a realização de um novo plantio, faz-se uma abertura entre os restos de palha e a semente é colocada nos sulcos abertos no solo. Em caso de necessidade, também é realizada a aplicação de fertilizantes.
• Outras técnicas
A partir da década de 1950, o desenvolvimento científico e tecnológico permitiu grandes avanços na agricultura e na pecuária. Entre esses avanços, é possível destacar: o aperfeiçoamento de tratores e implementos agrícolas (muitos hoje são equipados com instrumentos que realizam análise de solos, umidade etcétera); a criação de sementes geneticamente modificadas, resultantes dos avanços da biotecnologiaglossário ; e o uso de drones, que permitem detectar doenças nas plantações e falhas no plantio, avaliar a irrigação, realizar a contagem dos rebanhos e localizar animais perdidos.
NAVEGAR É PRECISO
Centro de Informação de Biotecnologia ( síbi)
https://oeds.link/b1wDwl
Por meio de infográficos, vídeos e textos, este site apresenta informações sobre as técnicas desenvolvidas pela biotecnologia.
PERCURSO 26 AGRICULTURA E AS CONDIÇÕES NATURAIS
1. A influência das condições naturais sobre a agricultura
Apesar de a agricultura ter se beneficiado de grande desenvolvimento técnico e científico, como estudamos no percurso anterior, ela ainda depende de condições naturais, como o clima, o solo e o relevo.
Vamos analisar, a seguir, como a atividade agrícola se relaciona com essas condições.
• Agricultura e clima
O clima é um fator que influi de fórma decisiva na distribuição espacial das várias plantas cultivadas no mundo. O algodão e o amendoim, por exemplo, desenvolvem-se em clima quente e seco; o cacau, a juta, a cana-de-açúcar e o café, em clima quente, com períodos bem definidos de chuva e seca. O trigo, a aveia, o centeio e a beterraba açucareira desenvolvem-se melhor em clima temperado e em clima frio.
Mundo: algumas plantas cultivadas
Fonte: elaborado com base em Atlas National Geographic: a Terra – o Universo. Portugal: National Geographic Society, 2005. página 56-57.
Com base no mapa, cite duas plantas cultivadas no Brasil.
Quando as chuvas não caem no período certo e na quantidade necessária, a germinação das sementes e o crescimento das mudas ficam prejudicados. Os períodos de secas prolongadas também causam danos à agricultura e às pastagens. Da mesma fórma, quando as chuvas são abundantes e ultrapassam o nível regular, a produção agrícola é afetada. Em todos esses casos, a diminuição da produção leva ao aumento do preço final do produto, prejudicando economicamente tanto o setor produtivo como os consumidores.
NO SEU CONTEXTO
Na zona rural do município onde você mora ocorrem inundações?
• Agricultura e relevo
O relevo pode ser um fator restritivo ou facilitador para a agricultura. Em áreas montanhosas, por exemplo, a prática agrícola torna-se mais difícil, pois a declividade das encostas confere maior poder erosivo à água das chuvas, que podem arrastar o solo e as plantas. Além disso, a inclinação do terreno dificulta o uso de máquinas na produção agrícola.
Há muito tempo, o ser humano vem tentando diminuir as restrições para a prática da agricultura. A agricultura em terraços – córte de encostas na fórma de degraus – é um exemplo disso. Comum em países da Ásia, da América do Sul e da Europa, os terraços evitam a erosão do solo pelas enxurradas (foto A).
Outra maneira de evitar que a água da chuva cause danos aos terrenos com elevada declividade é realizar o cultivo em fileiras que seguem as curvas de nível (foto B).
Em planícies, a prática agrícola é especialmente facilitada. Nas planícies de inundação – chamadas também várzeas –, que são invadidas pelas águas dos rios ou lagos durante certo período do ano, cultivam-se vegetais de crescimento rápido, como o arroz e outras culturas temporáriasglossário .
No seu contexto
No município em que você vive, pratica-se alguma das técnicas de adaptação da agricultura ao relevo (agricultura em terraços, cultivo em curvas de nível e agricultura em várzeas)? Se sim, qual?
• Agricultura e solo
Quanto ao solo, existem também condições naturais favoráveis e desfavoráveis para a agricultura. Em solos férteis, a produção e a produtividade agrícolasglossário são maiores. No entanto, se o solo for ácido e de baixa ou média fertilidade, precisará ser submetido a procedimentos técnicos, como correção do grau de acidez e adubaçãoglossário , para que se obtenha uma boa colheita.
Desde a Antiguidade, o ser humano procurou se fixar em áreas de solos férteis, principalmente aquelas junto às planícies de inundação dos rios, como é o caso das planícies dos vales dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Iraque), iãn sei quian (China) e outros.
O solo não se fórma de um dia para outro; seu tempo de formação, que pode chegar a milhares de anos, o torna um recurso precioso para a humanidade, e, por essa razão, é importante evitar o mau uso desse recurso.
Origem e tipos de solo
O solo se origina da desagregação e decomposição dos minerais que constituem as rochas, isto é, da ação do intemperismo físico, químico ou biológico sobre as rochas, conforme estudamos no Percurso 18.
Quando o solo é formado pelo transporte de detritos ou sedimentos arrancados de certo local e transportados para outro pelos agentes de erosão – água, vento, geleiras e ser humano –, são chamados de solos alóctones, ou seja, solos que não se originaram no local onde se encontram. Um exemplo são os solos de loess, formados por sedimentos amarelados, transportados e depositados pelo vento. São encontrados na China, na França, nos Países Baixos, na Polônia e na Alemanha e são muito férteis para a agricultura.
Os solos autóctones ou residuais resultam da desagregação e da decomposição das rochas no local onde se encontram. Um exemplo desse solo é conhecido popularmente como “terra roxa” (latossolo vermelho) e é encontrado principalmente em São Paulo e no Paraná (consulte a foto A da página 93). Esse tipo de solo origina-se da decomposição de uma rocha chamada basalto.
Perfil de solo
O solo apresenta camadas com características particulares de cor, textura e composição química chamadas horizontes.
Os horizontes podem ser observados quando fazemos um córte vertical em profundidade no terreno. Esse córte, chamado perfil de solo, permite que observemos as várias camadas do solo.
Vivem no solo bactérias, algas, fungos e animais como minhocas, roedores, formigas e tatus, que remexem o solo, facilitando sua aeração e propiciando a deposição de matéria orgânica, por exemplo, com excrementos. As bactérias cumprem uma função importante no solo, pois decompõem a matéria orgânica transformando-a em nutrientes para a vegetação.
Há, portanto, uma grande interação entre os elementos naturais. O rompimento dessa dinâmica resulta na degradação do solo.
Perfil de solo
Fonte: fardon djón. Dicionário escolar da Terra. Porto: Livraria Civilização, 1996. página 131.
Observando o terceiro perfil de solo (solo maduro), a ação do intemperismo foi mais intensa no horizonte A ou no D? Por quê?
Degradação do solo: perda, compactação e erosão
A ação humana inadequada sobre a natureza tem causado a degradação do solo, o que pode afetar a produção de alimentos e de matérias-primas.
Estudos demonstram que em uma floresta, onde chove .1300 milímetros por ano, perdem-se cêrca de 15 centímetros de solo no período de 40 mil anos. Substituindo-se a floresta por pastagens, esse tempo se reduz para 4 mil anos; e, se ela for substituída por agricultura temporária ou anual, a perda de solo cai para apenas 70 anos. Transportados por enxurradas e ventos, calcula-se que milhões de hectares de solos são perdidos a cada ano em todo o mundo.
Mundo: perda do solo
Fonte: cristoferson robert daboliu Geossistemas: uma introdução à Geografia física. sétima edição Porto Alegre: Bookman, 2012. página 582.
Com base na leitura do mapa, podemos afirmar que no Brasil não há perda de solo?
Se, por um lado, as máquinas agrícolas facilitam a prática da agricultura, por outro, compactam o solo, dificultando a infiltração de água da chuva e contribuindo para aumentar o escoamento superficial das águas. A compactação também ocorre nas pastagens pelo pisoteio constante do gado sobre o solo.
Por meio dessas práticas inadequadas, a erosão se intensifica e pode provocar, no solo exposto, o surgimento de sulcosglossário , ravinasglossário e voçorocasglossário .
Estágios de ravinamento em uma encosta
Fonte: elaborada com base em GUERRA, Antônio Teixeira; GUERRA, Antônio José Teixeira. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Bêrtrãn Brasil, 1997. página 514.
Nota: Ilustração artística para fins didáticos. Ela mostra a evolução de uma ravina.
NO SEU CONTEXTO
Em um jardim, uma rua sem pavimentação ou outro local próximo à sua casa, há erosão do solo? Se sim, aponte a causa disso.
Cruzando saberes
Agricultura orgânica e conservação dos solos
“O termo ‘agroecologia’ é geralmente empregado para designar a incorporação de ideias ambientais e sociais aos sistemas de produção. reticênciasMas o seu significado é mais amplo, constituindo-se em uma nova abordagem da agricultura, que integra as diversas descobertas e estudos da natureza e suas inter-relações aos aspectos econômicos, sociais e ambientais da produção de alimentos.
reticências Podemos dizer que a Agroecologia é a base, o alicerce, onde foram construídas as principais vertentes ou ‘correntes’ de uma agricultura sustentável, como: Agricultura Orgânica ou Biológica; Agricultura Biodinâmica; Agricultura Natural e Permaculturaglossário .
A agricultura orgânica é a linha mais difundida da agroecologia. reticênciasSua base técnica está na manutenção da fertilidade do solo e da saúde das plantas por meio da adoção de boas práticas agrícolas, como a diversificação e rotação de culturas, adubação orgânica, manejo ecológicoglossário de pragas e doenças e a preservação ambiental.
reticências A agricultura orgânica é um sistema de produção que se contrapõe ao sistema convencional. reticências
Vários estudos confirmam o melhor desempenho ambiental e qualidade dos produtos orgânicos, quando comparados com os convencionais.
Merecem destaque os resultados de uma pesquisa científica realizada durante 22 anos por Deivid Pimentel, da Universidade cornél, Estados Unidos, comparando o cultivo orgânico de soja e milho com o convencional. Nesse estudo, foram avaliados seus custos e benefícios ambientais, energéticos e econômicos, concluindo-se que:
- O cultivo orgânico utiliza uma média de 30 por cento menos energia fóssil; conserva mais água no solo; induz menos erosão; mantém a qualidade do solo e conserva mais recursos biológicos do que a agricultura convencional.
- Ao longo do tempo os sistemas orgânicos produziram mais; especialmente sob condições de seca.
- A erosão degradou o solo na fazenda convencional, enquanto que o solo das fazendas orgânicas melhorou continuamente em termos de matéria orgânica, umidade, atividade microbiana e outros indicadores de qualidade.”
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. Agricultura sustentável. São Paulo: ésse ême á, 2014. página 26-29. (Cadernos de Educação Ambiental, 13).
Interprete
1. O que são agroecologia e agricultura orgânica?
Argumente
2. Indique um argumento favorável e outro contrário à adoção da agricultura orgânica. Para você, qual deles faz mais sentido? Explique.
Contextualize
3. No seu município, qual sistema de agricultura predomina: o convencional ou o orgânico?
Atividades dos percursos 25 e 26
Registre em seu caderno.
- Qual é a diferença entre o extrativismo vegetal e a agricultura?
- Iniciada no século dezoito, na Inglaterra, a Revolução Industrial caracterizou-se pela introdução de máquinas na produção de mercadorias, com a substituição gradativa da manufatura. De que fórma as máquinas agrícolas contribuíram para o desenvolvimento da agricultura?
- No século vinte, houve grande desenvolvimento das técnicas agrícolas. Cite e explique uma delas, de acordo com o que você estudou.
- Explique por que são empregadas as técnicas de terraceamento e de curvas de nível na agricultura.
- Para compensar as despesas e o trabalho investidos na terra, o agricultor precisa obter boa colheita. No entanto, certas irregularidades de clima podem comprometer a safra. Aponte ao menos dois fenômenos climáticos que podem causar prejuízos ao agricultor.
- Quando ocorrem prejuízos na colheita agrícola, quais são as consequências para os consumidores?
- Para responder às questões, interprete o mapa e o gráfico.
Brasil: polos de concentração e área irrigada (em éctare) – 2017
Fonte: elaborado com base em BRASIL. Agência Nacional de Águas. Manual de usos consuntivos da água no Brasil. Brasília: ãna, 2019. página 56.
Brasil: participação das Grandes Regiões no total da área irrigada (em porcentagem) – 2017
Fonte: elaborado com base em BRASIL. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Atlas irrigação: uso da água na agricultura irrigada. segunda edição Brasília: ãna, 2021. página 29.
- Identifique a localização dos principais polos de irrigação, no Brasil, em 2017.
- É possível reconhecer no mapa as áreas onde a prática de irrigação é mais intensa? Explique.
- Em 2017, havia muitas áreas irrigadas na unidade da federação na qual você mora? Explique.
- Qual era, em 2017, a participação da Grande Região onde você mora no total da área irrigada no Brasil?
- Elabore um croqui que represente a paisagem retratada da plantação de arroz no Vietnã, na página 186. Em seu desenho, identifique os elementos representados e explique a função da técnica empregada no cultivo agrícola.
- A “terra roxa” foi assim chamada por imigrantes italianos por causa de sua coloração avermelhada, pois, em italiano, rossa significa vermelha. Observe, nesta foto, trecho de solo no município de Morro Agudo, São Paulo (2021), e faça o que se pede.
- Explique a origem desse solo.
- Esse solo ocorre principalmente em que unidades da federação?
- Em seu caderno, crie uma legenda explicativa para a foto, descrevendo-a.
10. Leia o texto e faça o que se pede.
“Os solos cultivados com arroz irrigado na região subtropical do Brasil, especificamente nos estados do Rio Grande do Sul ( Rio Grande do Sul) e Santa Catarina ( Santa Catarina), são encontrados, principalmente, nos ecossistemas de várzeas (solos de várzea) formados por planícies de rios, lagoas e lagunas .”
NUNES, José L. da S. Arroz irrigado. agrolinqui. Disponível em: https://oeds.link/jwxyIP. Acesso em: 22 novembro 2022.
- Segundo o texto, onde ocorrem cultivos de arroz irrigado no Brasil?
- Elabore hipóteses sobre as características dos solos e dos ecossistemas onde o cultivo de arroz irrigado é realizado, com base nas informações fornecidas pelo texto.
11. A mecanização facilita a prática da agricultura, mas também pode causar problemas ao solo. Observe a foto e responda às questões.
- Que problema as máquinas agrícolas podem causar ao solo?
- Cite outra atividade não mecanizada que pode causar o mesmo problema mencionado na resposta da questão anterior.
12. Crie um quadro em seu caderno para classificar os alimentos consumidos por você no período de uma semana. Identifique quais são consumidos diretamente da fórma como foram produzidos na natureza (in natura), quais passaram por algum tipo de processamento simples (como lavagem, congelamento, empacotamento e trituração) e quais são aqueles produzidos industrialmente. Em sala, compare com dois colegas as informações que você reuniu e discutam a seguinte questão: seus hábitos alimentares são saudáveis?
Versão adaptada acessível
8. Se você fosse elaborar um croqui da paisagem retratada da plantação de arroz no Vietnã, na página 186, quais elementos representaria? Após descrever textual ou oralmente, explique a função da técnica empregada no cultivo agrícola.
PERCURSO 27 GEOGRAFIA AGRÍCOLA DO BRASIL: SISTEMAS DE PRODUÇÃO E USO DA TERRA
1. Os fatores e os sistemas de produção na agricultura
Além das condições naturais, existem outros fatores que influenciam a prática agrícola. Para a agricultura, devemos considerar três fatores de produção: a terra, o trabalho e o capital.
- A terra é a área de solo onde são cultivadas as plantas. Pode ser de grande, média ou pequena extensão.
- O trabalho é a atividade humana aplicada à produção e varia de acordo com a fórma de organização das atividades em determinado momento e local. A qualidade do trabalho depende, ainda, do conhecimento técnico da mão de obra empregada.
- O capital abrange, além do dinheiro investido, os instrumentos de produção: foices, arados de tração animal, tratores, colheitadeiras, semeadeiras, adubadeiras, fertilizantes, agrotóxicos etcétera
Quando, numa unidade agrícola, a terra é o principal fator de produção, e não o capital, dizemos que se trata de um sistema agrícola de produção extensiva ou agricultura extensiva. Esse tipo de produção se caracteriza pelo uso de técnicas tradicionais e apresenta, geralmente, baixa produtividade por unidade de área cultivada (foto A).
Entretanto, quando o principal fator de produção é o capital, dizemos que se trata de um sistema agrícola de produção intensiva ou agricultura intensiva, caracterizado por intenso uso de máquinas e implementos agrícolas, adubos, equipamentos para irrigação, sementes e mudas selecionadas etcétera, além de elevada produtividade (foto B).
Identifique os instrumentos de trabalho empregados nas duas imagens apresentadas e classifique os diferentes sistemas agrícolas.
2. O uso da terra pela agropecuária
O uso da terra corresponde à fórma como o espaço geográfico é aproveitado pelas sociedades humanas. Podemos distinguir, por exemplo, o uso urbano – com casas, edifícios, ruas, avenidas, indústrias, comércios, escritórios, viadutos etcétera –, o uso rural – por agricultura, criação de gado, silvicultura etcétera –, o uso de áreas de vegetação natural – por extrativismo vegetal, animal etcétera –, além do uso de áreas de mineração e outros.
Mundo: uso da terra pela agropecuária – 2021
Fonte: , Carte à la uneReprésenter l’agriculture et les espaces nourriciers à l’échelle mondiale. Géo Confluences. Ressources de géographie pour les enseignants. Lyon: ENS, 2021. Disponível em: https://oeds.link/NRRezz. Acesso em: 31 janeiro 2022.
Apesar de todo o desenvolvimento científico e tecnológico, a distribuição geográfica das atividades agropecuárias no espaço geográfico mundial ainda depende do clima, do solo e do relevo. Além disso, é importante considerar que o uso da terra para essas atividades depende, também, dos hábitos alimentares regionais da população, do desenvolvimento econômico e tecnológico das sociedades humanas e de sua integração ao mercado mundialglossário , pois, ao longo do tempo, os produtos agropecuários transformaram-se em importantes mercadorias do comércio entre os países. O Brasil, por exemplo, é grande exportador de carne bovina e de galináceos, soja e café, enquanto importa trigo, principalmente da Argentina (país da América do Sul no qual a agricultura comercial de cereais é realizada, cultivando-se, além do trigo, milho e aveia, entre outros).
3. Brasil: o espaço agrário
Se observássemos um mapa do uso da terra no Brasil por volta de 1950, veríamos que ele seria muito diferente do mapa dos dias atuais, como o representado nesta página. Até 1950, não havia ocorrido a expansão da fronteira agropecuáriaglossário para o interior do território brasileiro.
A partir dos anos 1950, a agropecuária expandiu-se no interior do Brasil e formaram-se grandes fazendas de agricultura e pecuária. Isso ocorreu por meio de grandes desmatamentos e queimadas do Cerrado e da Floresta Amazônica, processo que se mantém nos dias atuais. Somam-se a isso conflitos, muitas vezes com a ocorrência de mortes, entre alguns fazendeiros e grupos indígenas, populações ribeirinhasglossário e outros protagonistas sociais que foram expulsos de suas terras.
Em virtude de o território brasileiro estender-se na direção norte-sul, desde as áreas de baixa latitude até as de média latitude, e apresentar variações regionais de precipitação (chuva), são cultivadas no país plantas de clima tropical – como café, cana-de-açúcar, cacau e amendoim – e de clima temperado – aveia, trigo, centeio, maçã, pera etcétera
Na geografia agrícola do Brasil, podemos reconhecer culturas especializadas e grandes culturas comerciais.
Brasil: uso da terra
Fonte: FERREIRA, Graça ême éle Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 64.
Na unidade da federação onde você mora, quais usos da terra predominam?
NO SEU CONTEXTO
Você sabe quais produtos agrícolas e pecuários são produzidos no município em que vive?
• Culturas especializadas
As culturas especializadas são aquelas que, condicionadas principalmente pelo clima e solo, encontram em certas áreas do território a possibilidade de obter maior produção e produtividade (dendê, coco, caju, pera, palmito, pimenta-do-reino, juta, batata etcétera).
As culturas especializadas são importantes tanto do ponto de vista social como do econômico, pois são realizadas, geralmente, com base no trabalho familiar. Representam, assim, fonte de rendimento para famílias de pequenos proprietários de terra e pequenos arrendatáriosglossário .
Brasil: culturas especializadas (principais áreas produtoras)
Fonte: , Neli Aparecida de Melo. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. terceira edição São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. página 161.
Nota: O mapa destaca as principais culturas comerciais e algumas culturas especializadas e as áreas onde a produção delas é superior à média nacional. Considere, portanto, que essas culturas também estão presentes em menor medida em outras áreas do Brasil não destacadas no mapa, e que nele nem todas as existentes estão representadas.
• Grandes culturas comerciais
Ao contrário das culturas especializadas, as grandes culturas comerciais (café, cana-de-açúcar, arroz, feijão, laranja, soja, algodão, milho etcétera) ocorrem em vastas áreas, nas diversas regiões do Brasil, demonstrando o enorme potencial agrícola do país.
Nas últimas quatro décadas, as culturas comerciais se modernizaram. Sua elevada produtividade decorre do uso de tecnologia e técnicas agrícolas avançadas (seleção de sementes e mudas, correção e adubação do solo, mecanização, assistência agronômica etcétera). Como consequência, o Brasil ocupou, em 2021, posições de destaque no mercado mundial: é maior produtor de café, cana-de-açúcar, cítricos e soja.
Para manter a alta produtividade, essas culturas empregam agrotóxicos em larga escala. Se, por um lado, essas substâncias combatem insetos, fungos e outros seres que prejudicam as plantações, por outro, o uso excessivo contamina o solo, as águas e o ar e mata outros seres vivos, podendo também intoxicar o trabalhador rural, caso as aplique sem proteção adequada.
PAUSA PARA O CINEMA
O veneno está na mesa um.
Direção: Silvio tendler. Brasil: êlene pairru, 2011.
Duração: 50 minutos
O veneno está na mesa dois.
Direção: Silvio tendler. Brasil: Maycon Almeida, 2014. Duração: 70 minutos
Os documentários fazem parte da Campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida e discutem o uso indiscriminado desses produtos no Brasil.
Custos ambientais e sociais das atividades agropecuárias
O desempenho alcançado pelo Brasil em algumas culturas comerciais veio acompanhado, em muitos casos, por um elevado custo ambiental.
O avanço da cultura da soja em direção à Amazônia, por exemplo, além da pecuária bovina e da exploração madeireira, tem sido causa de desmatamento na Floresta Amazônica. Enquanto a soja se expande pelo norte do estado de Mato Grosso, a pecuária bovina avança também pelo norte desse estado e pelo sul e sudoeste do Pará.
No caso da cana-de-açúcar, vários estudos apontam problemas sociais e ambientais relacionados à produção de açúcar e álcool no país. Entre os impactos ambientais gerados pelo setor sucroalcooleiro estão a emissão de poluentes, que ameaça os recursos hídricos, a qualidade do ar e a biodiversidade, e o cultivo em áreas de preservação ambiental por parte de alguns produtores.
Um dos problemas sociais do setor sucroalcooleiro refere-se às precárias condições de trabalho e à má remuneração de grande parte dos trabalhadores rurais, em diversas regiões brasileiras.
O avanço da cultura da cana-de-açúcar também resulta, em alguns casos, em ameaças às comunidades indígenas. Isso porque a crescente demanda de matéria-prima pelas usinas de açúcar, etanol e biôdízel tem estimulado a expansão das áreas de cultivo, incluindo as terras indígenas em processo de reconhecimento pelo governo brasileiro. A lentidão do reconhecimento de terras indígenas contribui para a ocorrência de violentos conflitos entre indígenas e produtores rurais.
O trabalho análogo ao de escravoglossário é outro problema presente no campo brasileiro. Em 2021, segundo a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (), do Ministério do Trabalho e Previdência do Brasil, foram libertadas dessa condição um total de .1015 pessoas em vários ramos de atividades, incluindo agricultura e pecuária.
4. A questão da terra no Brasil
Desde a chegada dos portugueses às terras que viriam a ser o Brasil, o acesso à propriedade da terra para cultivar ou criar gado foi muito desigual entre a população. De início, o rei de Portugal era o dono das terras e as doava a quem tivesse prestado relevantes serviços à Coroa portuguesa. Foram doadas, assim, grandes extensões de terras para o cultivo e a criação de gado, as chamadas sesmarias.
Apesar de o regime de sesmarias ter sido interrompido em 1820, a grande propriedade rural foi mantida, pois seus proprietários, com forte influência política, conseguiram aprovar leis que garantiram os seus privilégios de acesso à terra. Essa é a raiz histórica da implantação de extensas propriedades rurais, chamadas latifúndios, que ainda existem no Brasil.
Há que se distinguir, porém, os latifúndios improdutivos – que pouco ou nada produzem –, encontrados principalmente nas Grandes Regiões Nordeste e Norte, dos latifúndios produtivos. Estes são explorados pelas grandes culturas comerciais e pela pecuária moderna e estão integrados ao agronegócioglossário .
• Concentração fundiária
Existe no Brasil uma concentração fundiária (do latim fundus, fundi, fazenda), ou seja, a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários rurais. É uma característica histórica da agropecuária brasileira. Observe no gráfico como se distribuíam os segundo os estabelecimentos agropecuáriosglossário grupos de áreas em 2017.
Pode-se dizer que, no Brasil, muita gente tem pouca terra para cultivar e pouca gente possui muita terra. Trata-se da segunda maior concentração fundiária do mundo, só perdendo para o Paraguai.
Brasil: estrutura fundiária (em porcentagem) – 2017
Fonte: í bê gê É. Atlas do espaço rural brasileiro. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 47.
Nota: Observe que 81,4% dos estabelecimentos agropecuários possuíam até 50 hectares de área e ocupavam apenas 12,8% da área total deles no Brasil. Esse dado indica que muitas pessoas tinham estabelecimentos de pequena dimensão em 2017. Entretanto, 1% dos estabelecimentos com tamanho superior a .1000 hectares ocupava uma área equivalente a 47,6% da área total dos estabelecimentos agropecuários do país. Note que a soma deles é igual a 98,5%; o 1,5% restante e não representado no gráfico corresponde aos “estabelecimentos agropecuários com produtores sem área”.
• Movimentos dos trabalhadores rurais
Diante da dificuldade histórica de acesso à terra por parte de milhões de trabalhadores rurais, surgiram movimentos sociais que reivindicam a reforma agráriaglossário .
Esses movimentos sociais, entre os quais se destaca o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( ême ésse tê), fundado em 1984, realizam acampamentos na beira de estradas, ocupação de terras improdutivas, passeatas, protestos etcétera com a finalidade de pressionar os governos.
Como resultado, assentamentos rurais têm sido realizados. Mas, para que as famílias assentadas tenham condições de trabalhar a terra, elas necessitam de crédito, assistência agronômica, estradas para o escoamento da produção, rede de energia elétrica, além de outras condições básicas. Como na maioria desses assentamentos várias dessas condições não foram implantadas, muitas famílias não obtiveram sucesso no trato da terra.
PAUSA PARA O CINEMA
O tempo e o lugar.
Direção: Eduardo Escorel. Brasil: Videofilmes, 2008. Duração: 104 minutos
Documentário que retrata a vida de Genivaldo Vieira da Silva, ex-integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Aborda a sua carreira política e a sua atuação na organização de comunidades agrícolas.
NO SEU CONTEXTO
Na região e no município em que você vive, há Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra?
PERCURSO 28 A PECUÁRIA
1. As fórmas de criação de gado
A pecuária reúne as atividades relacionadas à criação de gado para fins domésticos ou comerciais. Distinguem-se, pelo menos, duas fórmas principais de criação de gado: o pastoreio, que compreende o nomadismo pastoril e a transumância; e a pecuária de sistema extensivo, semiextensivo ou intensivo.
• O pastoreio
O pastoreio é um modo de vida que se baseia na exploração de pastagens naturais, onde a criação de animais é realizada em áreas sem uso de cercas e sem contrôle da alimentação. Há dois modos de pastoreio: o nomadismo pastoril e a transumância.
O nomadismo pastoril
O nomadismo é o modo de vida em que um grupo humano se desloca de um lugar para outro para manter sua subsistência. No caso do nomadismo pastoril, o grupo humano desloca-se com seu rebanho em busca de pastagens para os animais. É esse o caso de alguns grupos de lapões, povo que vive no extremo norte da Europa (Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia), e do povo nenets – da etnia samoieda –, que habita o norte da Rússia. Esses grupos praticam o pastoreio nômade da rena.
A transumância
O modo de pastoreio que se caracteriza pelo deslocamento periódico de rebanhos de acordo com o clima chama-se transumância. Em geral, esse deslocamento ocorre entre pastagens em regiões montanhosas e pastagens em planícies – no verão, as montanhas tornam-se uma alternativa às planícies, atingidas pela seca, e, no inverno, as planícies constituem melhor área para criação, enquanto as montanhas ficam cobertas pela neve.
Na transumância, apenas os pastores se deslocam com o rebanho. As famílias permanecem em suas casas, dedicando-se à pequena agricultura. No nomadismo pastoril, visto anteriormente, todo o grupo humano se desloca com o rebanho.
A prática dessas modalidades de pastoreio tem sido cada vez mais rara em razão do avanço das atividades econômicas modernas, como a indústria e a mineração. Ao chegar a regiões de pastoreio, essas atividades acabam empregando a população, que, aos poucos, tem abandonado as pastagens.
• A pecuária
A pecuária abrange a criação de animais de grande porte – como bois (bovinos), cavalos (equinos), búfalos (bufalinos), mulas e burros (muares) e asininos (jumentos ou jegues, como são chamados no Nordeste do Brasil) – e animais de pequeno porte – como porcos (suínos), ovelhas (ovinos), cabras (caprinos), aves (avícolas) e abelhas (apícolas).
Vamos estudar mais detalhadamente os sistemas de criação do gado bovino por sua importância no fornecimento de alimentos (carne, leite e derivados) e de matérias-primas para uso industrial. Conheça a seguir cada um desses sistemas.
Os sistemas de criação da pecuária
A pecuária extensiva é praticada, em geral, em regiões de baixa densidade demográfica e com grande disponibilidade de terras. O rebanho é criado solto no campo e se alimenta principalmente de pastagens (naturais, cultivadas ou mistas). Os animais destinam-se aos abatedouros para a produção de carne e há aproveitamento do leite das fêmeas.
A pecuária semiextensiva é uma prática em que se associam as pastagens e o confinamentoglossário para a engorda dos animais. Confinado nos períodos de estiagem, o rebanho se destina, geralmente, a abastecer o mercado de carne.
Quando a terra é um fator de produção de alto preço, pratica-se a pecuária intensiva. Nesse sistema, empregam-se técnicas modernas para aumentar a produtividade mediante, por exemplo, a seleção de raças, o fornecimento de forragens e rações que possam melhorar a alimentação do rebanho e a concentração do maior número possível de animais por unidade de área. Esse sistema é aplicado, principalmente, na criação de gado leiteiro, em que os animais ficam estabulados, isto é, confinados em estábulos.
NAVEGAR É PRECISO
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
https://oeds.link/Zi1Bgs
Neste site são disponibilizadas informações atualizadas, mapas, vídeos, dados, fotografias e textos sobre a agropecuária no Brasil.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
OLIVEIRA, Sales de.
Já pra mesa!: vamos falar sobre alimentação? São Paulo: Moderna, 2017. (Coleção Informação e Diálogo).
Com olhar crítico, a obra trata da questão da alimentação, incentivando o debate sobre comportamentos alimentares e dietas da moda, desperdício de comida e a fome no mundo.
2. A pecuária no Brasil
O Brasil, em 2020, foi detentor do segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia – onde a criação de gado não é voltada para fins comerciais por questões religiosas.
Segundo o í bê gê É, em 2020, no Brasil, a relação entre o número de habitantes e o número de cabeças de gado bovino foi de quase 1 para 1, ou seja, havia aproximadamente uma cabeça de gado bovino para cada habitante (em 2020, a população brasileira foi estimada em cêrca de 213 milhões de habitantes e o rebanho bovino foi de pouco mais de 218 milhões de cabeças).
No Brasil, a pecuária bovina de córte, ou seja, destinada à produção de carne, é realizada predominantemente segundo o sistema extensivo e semiextensivo, com o objetivo de abastecer os mercados interno e externo. Esse sistema é praticado principalmente em grandes propriedades, nas Grandes Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Na Grande Região Norte, a expansão da pecuária tem sido responsável por grandes desmatamentos da Floresta Amazônica, como já assinalamos.
A pecuária intensiva é amplamente praticada nas Grandes Regiões Sudeste e Sul, onde o preço da terra é mais elevado, e visa, sobretudo, à produção de leite.
Além de se destacar na criação de gado bovino, o Brasil possuía, em 2020, o terceiro rebanho mundial de gado suíno, superado apenas pela China e pelos Estados Unidos. A maior criação e produção de suínos é realizada de fórma intensiva, principalmente nos estados de Santa Catarina, do Paraná e do Rio Grande do Sul.
A avicultura de galináceos, em granjas, ocupa posição de destaque no Brasil por abastecer os mercados interno e externo. Os demais rebanhos brasileiros têm importância alimentar regional: os ovinos, criados principalmente no Rio Grande do Sul, fornecem carne e lã; os caprinos, na Grande Região Nordeste, servem à produção de carne, leite e couro.
NAVEGAR É PRECISO
Estação ezalqui 109/2022 – 7 Rotas da Pecuária Brasileira
https://oeds.link/kSveOd
Neste podcast, o pesquisador Alberto Barretto destaca a necessidade de olhar para a diversidade da pecuária, considerando os bons resultados de todos os cenários desse sistema de produção.
NO SEU CONTEXTO
A localidade ou o município onde você vive é uma zona de pecuária? Em caso afirmativo, identifique se é pecuária de grande ou pequeno porte, que animais são criados e, se for gado bovino, qual é o sistema de criação.
Cruzando saberes
Agricultura e pecuária
“ Todos os anos, o fogo rouba partes da Amazônia. Esse é o traço mais marcante do avanço da agricultura (principalmente da soja) e da pecuária. Ambas são atividades econômicas importantes.
As queimadas, que são visíveis mesmo do espaço, reduzem a cinzas tudo o que encontram pelo caminho, inclusive as florestas.
Infelizmente, isso é apenas um aspecto do problema.
Durante a estação seca, que vai de maio a setembro, o Brasil chama a atenção do mundo pelos incêndios florestais.
A queimada é uma prática de manejo agrícola usada para abrir espaço para as plantações de subsistência (a chamada agricultura de corta e queima) e para as pastagens de gado. O fogo destrói as áreas naturais de cerrado e floresta tropical.
Na Amazônia brasileira, as queimadas geralmente se espalham floresta adentro a partir das terras agrícolas adjacentes.
Os produtores de soja aos poucos avançam sobre as terras de produção de gado e empurram a pecuária para novas áreas. Junto com a pecuária, o desmatamento vai tomando espaço da floresta. ”
dáblio dáblio éfe Brasil. Agricultura e pecuária. Disponível em: https://oeds.link/v0CCV8. Acesso em: 21 janeiro 2021.
Amazônia Legal: desmatamento e degradação florestal – julho de 2021
Fonte: FONSECA, A. êti áli. Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (julho de 2021) . Belém: imazon, 2021. página 1. Disponível em: https://oeds.link/Q1zFQf. Acesso em: 21 janeiro 2022.
Notas: Degradação florestal é a perda qualitativa em biodiversidade de uma floresta e também da sua função (proteção do solo à erosão, hábitat de animais, participação no ciclo hidrológico etcétera). é o Sistema de Alerta de Desmatamento do imazon – instituto de pesquisa cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Assentamento rural é um conjunto de lotes ou glebas de terra, independentes entre si, entregues pelo íncra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a uma família, onde originalmente existia um imóvel rural que pertencia a um único proprietário.
Interprete
- O texto aponta três causas das queimadas no Brasil e, particularmente, na Amazônia. Quais são elas?
- Segundo o mapa, quais estados apresentaram desmatamento em julho de 2021?
Argumente
3. No município em que você vive ou em outro que você conhece, há prática de queimada? Ela é benéfica ou prejudicial para o meio ambiente?
Atividades dos percursos 27 e 28
Registre em seu caderno.
- Além das condições naturais, os fatores de produção influenciam a prática agrícola. Explique-os com as suas palavras.
- Releia o texto, consulte novamente o mapa da página 194 e aponte fatores naturais e sociais que influenciam o uso da terra pela agropecuária.
- No comércio internacional, os produtos da agropecuária transformaram-se em importantes mercadorias comercializadas entre os países. Relacione alguns desses produtos de que o Brasil é grande exportador ou importador.
- No Brasil há diversidade de culturas agrícolas. Qual é a relação entre esse fato e a extensão latitudinal do território brasileiro?
- Com base na expansão da cultura da soja e da pecuária no território brasileiro, responda:
- Em que direção e onde tem ocorrido essa expansão?
- Quais são as consequências da expansão dessas atividades para o ambiente?
- Explique a raiz histórica da concentração fundiária no Brasil.
- O Brasil possuía o segundo maior rebanho bovino do mundo em 2020. Aponte a relação entre o número de cabeças de gado bovino e a população brasileira nesse ano.
- Interprete o mapa e o texto e responda às questões.
Brasil: uso de agrotóxicos por estabelecimentos agropecuários (em porcentagem) – 2017
Fonte: í bê gê É. Atlas do espaço rural brasileiro. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 179.
“[No Brasil] O aumento do número de novos registros concedidos a agrotóxicos e afins reticências aponta para a continuidade acelerada dessa tendência. Se, de 2005 a 2015, a média de novos registros por ano ficou em 140,5, a partir de 2016, o número salta para 277 reticências e, em 2017, 2018 e 2019, atinge 405, 449 e, finalmente, 474 novos registros, respectivamente. reticências o principal efeito da ampliação das autorizações tende a ser o barateamento dos agrotóxicos, trazendo, como potencial consequência, o aumento do consumo.
Outra dimensão correlacionada ao aumento das autorizações de agrotóxicos concerne às intoxicações. reticências”
Fonte: VALADARES, Alexandre êti áli. O crescimento do uso de agrotóxicos: uma análise descritiva dos resultados do Censo Agropecuário 2017. número 65. Brasília: ipéa: , abril de 2020. página 7. Disponível em: https://oeds.link/GhMv07. Acesso em: 1º 2022.
- Identifique e descreva o assunto representado no mapa.
- De acordo com o texto, quais são os principais efeitos do aumento das autorizações para uso de agrotóxicos no Brasil? Comente um desses efeitos com base nos conhecimentos adquiridos nesta Unidade.
9. Interprete a charge e responda às questões.
- Que problema rural o primeiro quadrinho denuncia?
- Que problemas urbanos são retratados no segundo quadrinho?
- Explique as frases empregadas pelo autor para relacionar e criticar os problemas do campo e da cidade.
10. Analise o quadro a seguir e faça o que se pede.
Carne |
Rebanho (milhões de cabeças) |
Produção (mil toneladas) |
Exportação (mil toneladas) |
---|---|---|---|
Bovina |
252 |
9.500 |
2.575 |
Suína |
37 |
4.325 |
1.295 |
Galinácea |
s/d* |
14.350 |
4.055 |
*Segundo o í bê gê É, em 2020 o número de cabeças de galináceos foi de quase 1,5 bilhão.
Fonte: United States Department of Agriculture. Livestock and poultry: world markets and trade. 12 outubro 2021. página 4-6, 9-11, 14 e 15. Disponível em: https://oeds.link/gucRcz. Acesso em: 22 janeiro 2022.
- Aponte o tipo de carne que teve a maior produção e exportação no Brasil em 2021.
- Quantas toneladas de carne bovina produzidas no Brasil foram destinadas ao mercado interno brasileiro em 2021?
- Elabore um gráfico de colunas que represente a produção de carnes bovina, suína e galinácea no Brasil em 2021. Lembre-se de identificar a fonte dos dados e dar um título ao gráfico que criou.
11. Em grupos, pesquisem a respeito da produção agrícola no município ou região onde vocês vivem. Por meio de consulta a sites, jornais e outras publicações, identifiquem alguns dos principais produtos cultivados e classifiquem em lavouras permanentes ou temporárias. Por fim, apresentem o resultado da pesquisa para os demais colegas.
Glossário
- Manufatura
- Trabalho ou atividade que se realiza manualmente ou com máquinas simples, que envolve a divisão de tarefas.
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- Motor de combustão
- Máquina em que a energia é fornecida pela queima de um combustível e transformada em energia mecânica, como no automóvel, caminhão etcétera
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- Ásia Central
- Porção central do continente asiático que se estende do Mar Cáspio à China e abrange os seguintes países: Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Quirguistão Turcomenistão, Afeganistão e parte ocidental ou oeste da China.
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- Defensivo agrícola
- Agrotóxico; produto químico que, despejado ou pulverizado sobre as lavouras, controla as pragas e as doenças que atacam as plantas. Entretanto, o uso inadequado pode provocar o envenenamento do trabalhador que o aplica e a contaminação de alimentos, das águas superficiais e subterrâneas e, consequentemente, dos seres vivos que os consomem.
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- Húmus
- Matéria orgânica encontrada na superfície de solos, resultante da decomposição de folhas, gravetos, troncos de vegetais e animais mortos, sob a ação de microrganismos, minhocas, cupins, formigas e outros animais. Fixa sais nutritivos no solo, impedindo que sejam transportados pela água da chuva.
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- Biotecnologia
- Área de estudo que visa promover modificações genéticas em seres vivos com a finalidade de garantir maior produtividade.
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- Cultura temporária
- Diz-se dos vegetais que precisam ser plantados periodicamente para que possam fornecer a safra. É o caso do arroz, do milho, da soja, do feijão e do trigo.
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- Produtividade agrícola
- Quantidade média de colheita obtida em relação à área de terra cultivada.
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- Adubação
- Processo pelo qual se fertiliza a terra, tornando-a própria para o cultivo.
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- Sulco
- Fissura, ranhura; geralmente é o início de erosões mais graves em áreas de declive.
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- Ravina
- Sulco grande na superfície, produzido pela erosão decorrente das chuvas e do escoamento superficial; geralmente surge onde a vegetação é escassa, destruindo terras cultiváveis.
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- Voçoroca
- Escavação ou fenda produzida no terreno pela erosão de águas correntes superficiais e subsuperficiais. Pode atingir muitos metros de largura e de profundidade. A água subsuperficial atua na voçoroca causando desmoronamentos. Ela ocorre principalmente em áreas sem vegetação, nas quais o solo desprotegido torna-se mais suscetível à erosão.
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- Permacultura
- Modelo de agricultura integrada com o ambiente, também conhecida como agricultura permanente, pois usa plantas semipermanentes e permanentes, além da atividade produtiva dos animais, para a manutenção de policultivos.
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- Manejo ecológico
- Ações de intervenção que buscam garantir a conservação da diversidade biológica e a menor alteração no ecossistema; no caso, contrôle biológico que usa espécies vegetais ou animais capazes de atacar pragas e doenças das plantas, sem afetar os seres humanos e outros animais e vegetais.
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- Mercado mundial
- Conjunto de compradores e vendedores de produtos e serviços no mundo.
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- Fronteira agropecuária
- Nome dado à expansão da agricultura e da pecuária em regiões pouco habitadas, visando à produção voltada para comercialização. Também chamada frente pioneira ou fronteira agrícola.
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- Ribeirinho
- Aquele que vive nas margens de rios e sobrevive da pesca, do extrativismo vegetal e animal, de pequenas roças e usa o rio como importante meio de transporte.
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- Arrendatário
- Aquele que usa um imóvel (no caso, a terra rural) por prazo determinado, mediante um pagamento, que pode ser em dinheiro, em produtos cultivados ou em prestação de serviços para o dono da terra.
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- Trabalho análogo ao de escravo
- Atividade em que há condições degradantes de trabalho, com jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida. As condições podem vir juntas ou isoladamente.
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- Agronegócio
- Conjunto de atividades relacionadas à produção agropecuária.
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- Estabelecimento agropecuário
- Terreno de área contínua, subordinado a um único produtor, onde se dá a exploração agropecuária.
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- Reforma agrária
- Processo de redistribuição da propriedade fundiária realizado pelo Estado visando à promoção de justiça social e ao aumento da produção.
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- Confinamento
- Refere-se, neste contexto, ao gado criado em cercados, onde é alimentado com matéria vegetal (feno, forragem verde ) e ração. etcétera
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