UNIDADE 8 INDÚSTRIA, SOCIEDADE, ESPAÇO E URBANIZAÇÃO

Prepare-se para uma viagem no tempo. Você vai descobrir como a atividade industrial se desenvolveu ao longo da história e de que fórma algumas das invenções da humanidade contribuíram para isso.

Nesse trajeto, a produção de mercadorias aumentou, as relações de trabalho mudaram, a urbanização se intensificou e alguns desafios vieram à tona, como a necessidade de minimizar os impactos ambientais.

O avanço das tecnologias e a crescente transformação dos recursos naturais em bens ou produtos no decorrer das revoluções industriais causaram grandes alterações nas sociedades, no espaço geográfico e nas paisagens, inclusive provocando impactos ambientais.

Nesse processo, a urbanização avançou e ocorreram mudanças nas relações de trabalho e no modo como as sociedades se relacionam com o espaço construído ou produzido por elas.

Fotografia. Vista de uma sala ampla com várias telas em uma parede transmitindo imagens das vias de circulação monitoradas. À frente das telas estão diversas pessoas sentadas em mesas com computadores. Elas usam uniformes e observam as telas.
Central de Operações da Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade de São Paulo, São Paulo (2018), onde o monitoramento e a gestão do tráfego urbano são realizados por meio do uso da tecnologia e de câmeras instaladas em vários pontos da cidade.
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Sem o uso da tecnologia, a quantidade de trabalhadores necessária para monitorar o espaço urbano de uma cidade grande, como São Paulo, seria muito grande. Ao observar a fotografia, o que mais chamou a sua atenção?
  2. Cenas e objetos mostrados na fotografia são comuns no lugar onde você vive? O que é semelhante e o que é diferente?

PERCURSO 29 DO ARTESANATO À MANUFATURA E À INDÚSTRIA MODERNA

1. As fórmas de produção

Na história da transformação dos recursos naturais em bens ou produtos que atendem às necessidades humanas, identificam-se três fórmas de produção: o artesanato, a manufatura e a indústria.

O artesanato

O artesanato, desenvolvido nos núcleos familiares, é a fórma mais antiga de transformação dos recursos naturais em objetos para satisfazer as necessidades humanas.

Inicialmente, destinava-se a abastecer a própria família, com a fabricação de panelas, jarros, canecas, roupas, instrumentos de trabalho, entre outros objetos. Com o passar do tempo, porém, permitiu que as famílias trocassem entre si os utensílios excedentes de sua produção.

Com o crescimento da população urbana e, consequentemente, o aumento da procura por produtos ou objetos, o artesanato familiar tornou-se insuficiente. Diante disso, ao longo do século catorze, em algumas cidades europeias começaram a surgir oficinas de artesãos, que deram origem à manufatura.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Em sua opinião, o artesanato desapareceu ou ainda há pessoas que se dedicam a essa atividade? Caso persista, o que é produzido?

A manufatura

Diante da procura crescente por mercadorias do artesanato, alguns artesãos decidiram expandir o negócio, contratando oficiais e aprendizes de ofícioglossário (sapateiros, alfaiates, ferreiros, entre outros).

Assim, a nova fórma de produzir mercadorias deixou de ser individual e passou a ser executada por várias pessoas contratadas, assumindo, a partir de então, a feição de empresa – a manufatura.

A comercialização dos produtos, realizada pelos comerciantes, tornou-se intensa e rentável, levando ao rápido crescimento das manufaturas na Europa. Isso permitiu que muitos proprietários investissem na criação e no desenvolvimento de novas e avançadas técnicas de produção, capazes de aumentar ainda mais a oferta de produtos e o lucro. Desse processo surgiu a indústria.

A indústria

Dá-se o nome de indústria ao conjunto de atividades produtivas que transformam matérias-primas em mercadorias para uso ou consumo tanto doméstico como em todas as atividades econômicas, até mesmo em outras indústrias.

Da indústria moderna – que teve início no século dezoito – até os dias atuais, o desenvolvimento tecnológico foi tão intenso que desencadeou as chamadas “revoluções industriais”.

Primeira Revolução Industrial

Com o investimento em novas técnicas de produção, muitas invenções começaram a surgir por volta de 1750, principalmente na Inglaterra (atual Reino Unido) e, posteriormente, nos países que hoje conhecemos como França, Alemanha, Rússia, Bélgica, Itália, Japão e Estados Unidos. A invenção de máquinas possibilitou ao trabalhador produzir uma quantidade maior de mercadorias em menor tempo, comparando-se à produção da manufatura. Nasceu, assim, a indústria moderna, na qual a produção passou da manufatura para a maquinofatura.

Ilustração. Representação de uma máquina composta por uma grande engrenagem acoplada a uma estrutura de madeira. Há duas vigas de madeira na posição horizontal, no topo de duas outras colunas de madeira que estão na vertical, lado a lado. No meio, entre as duas colunas da vertical, está uma outra madeira com a engrenagem grande e outra pequena. As engrenagens estão presas em cordas. As cordas estão presas nas madeiras. No lado oposto das engrenagens estão objetos cilíndricos presos na mesma corda das engrenagens.
Primeira máquina a vapor, projetada pelo inglês djêimes uót no século dezessete. Por meio do vapor de água, aquecido pela queima de carvão mineral, a energia calorífica é transformada em energia mecânica, movimentando peças e engrenagens.

Segunda Revolução Industrial

Entre as principais invenções desse período, que se estende da primeira metade do século dezenove até meados do século vinte, destacam-se a locomotiva a vapor; o motor de combustão interna, que permitiu o aparecimento do automóvel; o telefone; o rádio; o cinema; a televisão.

Nesse período, também ocorreram a descoberta e o aproveitamento de novas fontes de energia, como o petróleo. Tudo isso revolucionou a produção industrial, os transportes e as comunicações.

Fotografia em preto e branco. Um homem de terno, gravata e chapéu e uma criança pequena. Eles posam para foto dentro de um carro. O carro tem rodas finas, não possui teto e o volante tem a base comprida.
O automóvel é uma invenção da Segunda Revolução Industrial. Na foto, enri fórd, o fundador da indústria de automóveis fórd, com seu filho, na cidade de Detroit, Estados Unidos (1905).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

Pausa para o cinema

Tempos modernos.

Direção: Charles Chaplin. Estados Unidos: Charles Chaplin Productions, 1936. Duração: 87 minutos

Apresenta de fórma divertida e cômica o trabalho de um operário no período da Segunda Revolução Industrial.

Terceira Revolução Industrial

Para alguns estudiosos, a Terceira Revolução Industrial ou Revolução Científica e Tecnológica teve início quando a ciência descobriu a possibilidade de explorar a energia nuclear do átomo. Para outros, caracterizou-se pelas grandes conquistas da eletrônica, no início dos anos 1970, que permitiram os avanços da informática e de novas técnicas de produção, incluindo o uso de robôs (robótica).

É importante lembrar que o processo de industrialização não se desenvolveu de fórma semelhante em todos os países e espaços geográficos e que essa desigualdade ainda é observada atualmente.

Quarta Revolução Industrial

Nessa fase, as indústrias caracterizam-se por empregar elevado nível de automação obtido por meio de uma combinação de recursos tecnoló­gicos, por exemplo, a inteligência artificialglossário , a robótica avançada, a conectividade entre equipamentos e dispositivos (internet das coisas), as redes informacionais, entre outros. Desse modo, a produção industrial torna-se mais autônoma, ágil e competitiva.

Da mesma fórma que o processo de industrialização não ocorreu de maneira semelhante em todos os países do mundo, o mesmo vem acontecendo com a Indústria .40. Países como Alemanha, Finlândia, Estados Unidos e Israel estão na dianteira desse tipo de indústria.

Essa fase da revolução industrial exige mão de obra altamente especializada e qualificada. E aí está o desafio: ou os países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos superam esse obstáculo ou ficarão na rabeira do desenvolvimento científico-tecnológico e dependentes dos centros mais avançados. Percebe-se, assim, a importância de investimentos nos setores de educação e pesquisas científico-tecnológicas para a formação de profissionais tecnicamente cada vez mais capacitados para o trabalho nesse tipo de indústria.

Ícone. Seção No seu contexto.

No seu contexto

No município onde você vive há indústrias? O que elas fabricam?

2. Tipos de indústria

• Classificação de acordo com o destino da produção

Com base no destino dos bens produzidos, as indústrias se classificam em: indústrias de bens de consumo, indústrias de bens intermediários e indústrias de bens de produção.

As indústrias de bens de consumo produzem para consumo ou uso pela população. Abrangem:

Indústria de bens de consumo não duráveis: produz bens usados ou consumidos apenas uma vez ou por pouco tempo, como calçados, roupas, alimentos etcétera

Fotografia. Vista do interior de uma indústria com diversas pessoas vestidas com uniformes. Elas estão distribuídas ao longo de várias bancadas alinhadas paralelamente. Cada bancada está acoplada a uma esteira que é abastecida com diversos itens que descem de um equipamento posicionado na parte superior esquerda.
Funcionários montam pratos em indústria de alimentos prontos na China (2022). Essa é uma indústria de bens de consumo não duráveis.

Indústria de bens de consumo duráveis: produz bens usados por um período relativamente longo, como móveis, eletrodomésticos, computadores, automóveis etcétera

Fotografia. Vista do interior de uma fábrica de caminhões com pessoas manuseando a estrutura de montagem de um caminhão sem rodas. Há muitos fios e peças expostas.
Funcionários trabalham na produção de caminhões em uma fábrica no município de São Bernardo do Campo, São Paulo (2021). Essa é uma indústria de bens de consumo duráveis.

As indústrias de bens intermediários produzem matérias-primas para outros segmentos industriais. É o caso da indústria de extração e transformação de minérios, que produz matéria-prima para as indústrias automobilísticas e químicas, por exemplo.

Fotografia. Vista do interior de uma indústria siderúrgica com diversas pessoas de uniformes, capacetes e óculos de proteção. Elas manuseiam um equipamento que segura um recipiente menor que recebe um material líquido em alta temperatura (aço líquido), de um recipiente maior que está ao lado.
Operários na produção de aço em siderúrgica no Equador (2019). Essa é uma indústria intermediária.

As indústrias de bens de produção, também chamadas de base ou de bens de capital, produzem máquinas e equipamentos destinados a outras indústrias, como as de máquinas têxteis, as de motores e, até mesmo, as usinas de energia elétrica etcétera

Fotografia. Vista do interior de uma fábrica de motores. Destaque para uma pessoa de uniforme e capacete manuseando ferramentas e trabalhando na montagem de um motor. Há muitos fios e peças expostas.
Produção de motores em indústria na Índia (2020). Essa é uma indústria de bens de produção.

• Classificação de acordo com a tecnologia empregada

Em relação à tecnologia que empregam, distinguem-se dois tipos de indústria: a tradicional ou de trabalho intensivo e a moderna ou de tecnologia avançada.

Nas indústrias tradicionais, empregam-se tecnologias antigas e mão de obra numerosa. Esse tipo de indústria é encontrado em vários ramos (bebida, metalurgia, confecção etcétera) e em empresas que, por diversas razões, não investiram na modernização.

Nas indústrias modernas, os progressos científicos e tecnológicos são intensamente aplicados à produção industrial. A mão de obra é altamente especializada, com produção e produtividade elevadas, destacando-se as indústrias de informática, de telecomunicação, aeroespacial e automobilística com o uso de robôs.

3. Trabalho humano e produtos

Um produto é o resultado da atividade humana, física ou mental, isto é, o que fazemos, criamos ou construímos por meio de nosso trabalho.

Para que algo seja um produto, no sentido econômico do termo, é necessário que as pessoas atribuam valor a ele e o comprem para uso ou consumo. Podemos afirmar, portanto, que consumo é o uso de um bem ou serviço por uma pessoa ou por uma empresa. Assim, o objetivo da produção humana é fornecer produtos ou serviços ao mercado de consumoglossário . Conheça alguns exemplos de produtos a seguir.

Quando o ser humano prepara a terra, planta e colhe vegetais, obtém como resultado produtos agrícolas: cana-de-açúcar, milho, arroz, feijão, soja etcétera Assim, dizemos que os produtos agrícolas são o resultado da atividade humana, ou seja, do trabalho do ser humano na agricultura.

Os operários que participam da produção de um automóvel trabalham em diferentes tipos de indústria que fornecem produtos para as montadoras de automóveis. O automóvel é, então, um produto resultante do trabalho humano em diferentes indústrias.

O poeta também realiza um trabalho. O resultado de seu trabalho são os poemas; eles são o produto do trabalho intelectual do poeta. No entanto, esse trabalho só se torna um produto de valor econômico quando, por exemplo, os poemas são publicados em livros, que são distribuídos às livrarias para consumo dos leitores.

Fotografia. Vista de um local com muitos livros em mesas e prateleiras. Nas paredes há alguns cartazes. Algumas pessoas olham os livros.
Livraria na cidade de côrte Madera, estado da Califórnia, Estados Unidos (2021). Observe a quantidade de livros. É necessário o trabalho de muitas pessoas para que um livro esteja disponível aos leitores.
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

A história das coisas.

Direção: . Estados Unidos: Free Range Studios, 2008. Duração: 21 minutos

Documentário que expõe o consumo exagerado de bens materiais e o impacto negativo sobre o meio ambiente. Permite refletir sobre valores e padrões sociais de consumo impostos pela mídia e por grandes empresas.

• Os produtos, a natureza e o trabalho humano

Todos os produtos têm uma “história”, pois encerram em si fatos que não podemos ver diretamente. Além disso, eles são produzidos com matérias-primas fornecidas pela natureza e transformadas pelo trabalho humano.

Vamos considerar o lápis: ao observá-lo, podemos perceber facilmente o seu tamanho, a sua fórma, a sua cor e a sua marca – a empresa que o produziu. No entanto, o lápis é produto de um processo produtivo e tem características que não podemos identificar diretamente. Por exemplo:

  • De onde foram extraídas a grafiteglossário e a madeira que serviram de matérias-primas para a fabricação do lápis? Quais são as condições naturais (clima, relevo, solo etcétera) de onde esses materiais foram extraídos?
  • Quem extraiu a grafite e a madeira da natureza? Quais são as condições de vida das pessoas que realizaram a extração dessas matérias-primas?
  • Que ferramentas e máquinas foram empregadas para extrair a grafite e a madeira (instrumentos técnicos que também encerram em si a natureza e o trabalho humano)?
  • Qual foi o meio de transporte usado para levar a grafite e a madeira até a fábrica? Qual foi e como era o caminho percorrido? Para onde se destinaram? (Considere, ainda, que a via de transporte também guarda uma relação com a natureza e o trabalho, desde sua construção até a conservação necessária para que ela se mantenha em funcionamento.)
  • Que condições de vida apresentam os operários e funcionários que trabalharam na fabricação do lápis? Seus salários são suficientes para assegurar boas condições de vida a si e a seus filhos?
Fotografia. Vista do interior de uma indústria com várias bancadas alinhadas paralelamente. Sobre essas bancadas estão pilhas de lápis. Uma pessoa de uniforme manuseia uma dessas pilhas com as duas mãos.
Interior de indústria de lápis no estado da Baviera, Alemanha (2021).

Além das questões acima, existem muitas outras que se aplicam a todos os produtos que consumimos ou usamos. Elas nos ajudam a compreender como os produtos expressam relações entre o trabalho humano e a natureza. Perceba que podemos estudar Geografia por meio de qualquer produto que observarmos. Isso nos ajuda a avaliar de modo diferente os produtos que consumimos, valorizando-os como resultado da natureza e do trabalho humano. Por isso, é importante poupá-los, zelar por eles e evitar desperdícios, considerando que um grande consumo de produtos também significa uma grande exploração de recursos naturais ou, até mesmo, maior destruição da natureza.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

FRANCO, Silmara.

Você precisa de quê?: a diferença entre consumo e consumismo. São Paulo: Moderna, 2016. (Coleção Informação e Diálogo).

De maneira dinâmica, por meio de ilustrações, fotos e infográficos, a autora leva-nos a refletir sobre a influência da propaganda na vida das pessoas e sobre a adoção de atitudes e hábitos de consumo conscientes.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto Akatu

https://oeds.link/z3u1in

Por meio de vídeos e textos, aprenda sobre a importância do consumo consciente. Nesse site, você poderá realizar um teste de consumo consciente elaborado por uma organização não governamental (ôngui) dedicada a conscientizar pessoas e empresas para que adotem práticas sustentáveis de produção e consumo.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[LOCUTOR] Impactos ambientais na produção do jeans

[♪ Início da trilha sonora ♪]

[Locutor] Quanto custam seus jeans desbotados para o meio ambiente? [Pequena pausa]

[Locutor] [Tom enfático] Difícil encontrar alguém que não tenha uma calça jeans. Essa peça de vestuário, criada por um jovem judeu alemão chamado Levi Strauss, que vivia nos Estados Unidos em meados do século XIX, espalhou-se pelo mundo e chegou a se tornar símbolo de juventude e liberdade.

[Locutor] O tecido para produzir as calças jeans, conhecido como denim, é feito principalmente de algodão. Apesar de ser uma fibra natural, o algodão recebe grande carga de fertilizantes e agrotóxicos, produtos que podem prejudicar a saúde de quem os manuseia e contaminar o solo e a água.

[Locutor] Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, esses aditivos chegam a representar cerca de 25% dos custos do cultivo de algodão em alguns estados como Mato Grosso do Sul e Goiás. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, o Brasil é hoje o segundo maior produtor e o terceiro maior consumidor de denim do mundo. [Em tom enfático]

[Locutor] Os outros impactos podem ser identificados ao longo da produção do jeans: [Tom explicativo] o uso de produtos tóxicos no processo de tingimento do denim e o excesso de água utilizada durante o processo produtivo são dois exemplos.

[Locutor] Em 2017, rejeitos da produção de jeans na cidade pernambucana de Toritama, que possui mais de 2.500 fábricas têxteis, foram despejados sem tratamento no rio Capibaribe, deixando suas águas vermelhas. Os aditivos químicos usados no tingimento das calças são difíceis de serem eliminados do solo e das águas, e as suas toxinas podem causar danos à agropecuária e aos ecossistemas.

[Locutor] Essas práticas produtivas fazem do jeans um grande vilão para o meio ambiente. [Tom de dúvida] Mas o que pode ser feito para diminuir o impacto de sua produção?

[Locutor] A indústria têxtil pode adotar medidas sustentáveis, como utilizar matérias-primas naturais e orgânicas, aumentar a reutilização da água ao longo do processo produtivo e tratar os rejeitos antes do descarte. Além disso, é possível confeccionar acessórios e outras peças de roupa a partir de jeans que seriam descartados, diminuindo a quantidade de produtos destinados ao lixo.

[Locutor] Ao mesmo tempo, nós podemos fazer a nossa parte: aproveitar as nossas roupas por mais tempo, avaliar a necessidade de uma nova compra e refletir sobre o processo de produção de qualquer peça do vestuário, como um bom jeans.

[♪ Fim da trilha sonora ♪]

PERCURSO 30 INDÚSTRIA: TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E ESPACIAIS

1. As mudanças na sociedade e na paisagem

As revoluções industriais provocaram grandes transformações nas sociedades, nos espaços geográficos e nas paisagens da Terra. Agora, você vai conhecer algumas dessas transformações.

• Formação de novas classes sociais

O nascimento da indústria moderna deu origem a duas classes sociais distintas: a burguesia industrial, proprietária das indústrias, que passou a competir com a burguesia comercial pelo poder político e econômico; e o proletariado ou operariado, formado por trabalhadores assalariados.

Fotografia em preto e branco. Diversos homens de terno, gravata e chapéu. Ao fundo, outras pessoas entre homens e mulheres. Ao redor, prédios baixos.
Operários de uma indústria têxtil em Manchester, New Hampshire, Estados Unidos (1909), incluindo crianças e mulheres adultas, na saída da fábrica ao fim da jornada de trabalho.

• Fortalecimento do trabalho assalariado e do capitalismo

Na manufatura, por exemplo, o oficial era um trabalhador assalariado, mas o aprendiz recebia, como pagamento pelo seu trabalho, apenas alimentação, vestuário e alojamento na casa do mestre de ofício.

Com a Revolução Industrial, as relações assalariadas de trabalho se generalizaram e fortaleceram o capitalismoglossário .

• Intensa urbanização

Urbanização é o processo em que o crescimento numérico da população urbana é maior que o da população rural.

Nos países em que ocorreram as revoluções industriais, houve um grande processo de urbanização. Isso aconteceu porque, geralmente, as indústrias se instalam em cidades e, dessa fórma, atraem populações em busca de emprego, provenientes das zonas rurais e de outras cidades.

Devemos considerar também que, em alguns casos, a implantação de indústrias fóra das cidades ocorre por causa da necessidade de proximidade de matérias-primas (minério de ferro e outras), fonte de energia (por exemplo, carvão mineral) e vias de transporte (rios e ferrovias).

Além disso, a implantação de indústrias na zona rural deu origem à formação de novas cidades. E a mão de obra dessas indústrias recém-implantadas provinha do próprio campo, pois as precárias condições de vida do camponês o levavam a se transformar em operário com a esperança de ter vida melhor.

Observe no gráfico o crescimento da população de algumas cidades europeias que se industrializaram no final do século dezoito e durante o século dezenove.

Europa: crescimento populacional de algumas cidades inglesas e francesas – 1700-1950

Gráfico. Europa: crescimento populacional de algumas cidades inglesas e francesas – 1700 a 1950. 
Gráfico de linhas representando a população aproximada das cidades de Londres (Inglaterra), Paris (França), Birmimrrãm (Inglaterra), Manchéster (Inglaterra) e Liom (França) no período. Cada cidade é representada por uma linha de cor específica. 
População de Londres (linha azul): em 1700: 700 mil; em 1800: 800 mil; em 1900: 4,6 milhões; em 1930: 4,2 milhões.  
População de Paris (linha roxa): em 1750: 600 mil; em 1800: 500 mil; em 1850: 1,5 milhões; 1900: 2,7 milhões.  
População de Birmimrrãm (linha laranja): em 1810: 100 mil; em 1840: 500 mil; em 1900: 550 mil; em 1940: 1 milhão. 
População de Manchéster (linha verde): em 1800: 100 mil; 1840: 300 mil; em 1900: 600 mil; em 1940: 800 mil. 
População de Liom (linha azul): em 1800: 100 mil; em 1850: 200 mil; em 1900: 400 mil; em 1920: 500 mil.

Fonte: ispózito, Maria Encarnação B. Capitalismo e urbanização. quarta edição São Paulo: Contexto, 1991. página 52.

Grafismo indicando atividade.

Faça um cálculo aproximado de qual foi o crescimento da população absoluta de Londres entre os anos de 1800 e 1900.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

O menino e o mundo.

Direção: Alê Abreu. Brasil: Filme de Papel, 2014. Duração: 85 minutos

Cuca, um garoto que mora com o pai e a mãe, vive em uma pequena casa no campo, no interior de seu mítico país. Diante da falta de trabalho, o pai dele parte em busca de trabalho na cidade grande. Sentindo-se triste, Cuca pega o trem e vai em busca do pai e passa a descobrir uma sociedade marcada pela pobreza, exploração de trabalhadores e falta de perspectivas.

• Divisão social do trabalho

Com a industrialização e a consequente urbanização, a divisão social do trabalho tornou-se mais diversificada, mais complexa. Algumas pessoas passaram a trabalhar nos sistemas de abastecimento de água, na construção de redes de esgoto, na coleta de lixo, nos transportes urbanos, na pavimentação de ruas; outras, no comércio, nos bancos, em hospitais e escolas, por exemplo.

Além disso, na própria indústria, a divisão do trabalho se acentuou. Cada operário tornou-se responsável por parte do processo­ de fabricação de um produto, com o objetivo de elevar a produção e, com isso, gerar maiores lucros para a indústria.

• Alterações na paisagem urbana

A industrialização alterou o espaço geográfico e a paisagem urbana. O crescimento das cidades provocou desmatamento, ocupação de vales fluviais, desvios e canalização de rios. Foram construídas edificações industriais (galpões e fábricas), estações ferroviárias, surgiram bairros nobres e operários, centros comerciais etcétera Algumas ruas foram abertas e outras foram alargadas para permitir a passagem de automóveis, bondes e outros meios de transporte, alterando profundamente a paisagem urbana que existia até então.

Durante a Primeira Revolução Industrial – aproximadamente entre 1750 e 1840, na Europa –, as condições higiênicas das cidades eram deploráveis: faltavam redes de água e esgoto, coleta de lixo, as moradias de operários eram geralmente pequenas e insalubresglossário e a sujeira nas ruas de terra e lama favorecia a ocorrência de surtos de cóleraglossário .

Essas condições urbanas passaram a atingir os mais ricos e impulsionaram a aprovação de leis sanitárias na segunda metade do século dezenove. Iniciou-se, então, a implantação de redes de água e esgoto, a coleta de lixo, a pavimentação de ruas, entre outras melhorias urbanas.

O crescimento dos bairros centrais das cidades, que concentravam o comércio e grande circulação de pessoas, carruagens e, depois, automóveis e caminhões, resultou no deslocamento das residências de famílias ricas para bairros periféricos construídos para tal fim, com infraestrutura de água, esgoto etcétera

Fotografia em preto e branco. Vista de um espaço aberto de uma cidade. À esquerda aparece parte de uma praça com um monumento em destaque. À direita, uma rua com carroças, bondes e uma sequência de prédios baixos, em torno de quatro andares. Há muitas pessoas circulando na praça e na rua.
Rua movimentada com pessoas e veículos na cidade de Manchester, Inglaterra (1880), uma das mais industrializadas da Europa no final do século dezenove.
Gravura. Representação de um bairro pobre de operários, com diversas construções simples que apresentam um mesmo padrão arquitetônico. Em cada construção, há uma área onde diversas pessoas aparecem realizando serviços domésticos, como pendurando roupas em varais. Ao fundo, um viaduto ferroviário aparece acima das construções, com uma locomotiva despejando fumaça.
Bairro operário da cidade de Londres retratado em 1872 pelo pintor e desenhista francês gustáv dorrê (1832-1883).

• As cidades e a interação humana com a natureza

Com a intensa urbanização e a diversificação da divisão social do trabalho, a interação humana com a natureza alterou-se profundamente. Se antes o ser humano se relacionava diretamente com ela, obtendo da terra o seu sustento, a vida urbana o levou a uma nova situação, marcada por certo distanciamento em relação à natureza, por mudanças nos hábitos e no modo de vida.

Em verdade, campo e cidade se complementam: o campo fornece alimentos e matérias-primas; e as cidades oferecem serviços – saúde, comércio, bancos etcétera –, além de serem, geralmente, local da instalação de indústrias, que fabricam as mercadorias de que tanto os habitantes do campo como os das cidades necessitam.

• Capitalismo e cidade

Com a consolidação do sistema capitalista por meio das revoluções industriais, o espaço geográfico das cidades – formado por lotes, casas etcétera – foi transformado em mercadoria de compra e venda.

Pessoas ou famílias que não possuíam recursos financeiros suficientes para comprar ou alugar melhores parcelas do espaço urbano para morar passaram a buscar casas precárias ou em áreas periféricas das cidades, onde havia pouca infraestrutura urbana. Como resultado, muitas cidades observaram um grande crescimento de suas manchas urbanas.

Até os dias atuais, a influência do valor da terra sobre a ocupação do espaço urbano pode ser percebida. De modo geral, as áreas mais centrais das cidades são mais valorizadas, pois há coleta regular de lixo, redes de água e esgoto, rede elétrica e iluminação e equipamentos de lazer, como praças, parques, cinemas e teatros. Enquanto isso, nas áreas menos valorizadas das cidades, como periferias e áreas de risco, os serviços e a infraestrutura urbana são insuficientes e não atendem satisfatoriamente à população.

• Concentração do poder econômico, financeiro e político

Desde o fim do século dezenove, com a Segunda Revolução Industrial, formaram-se grandes e poderosas empresas industriais, comerciais e financeiras (bancos) nos países que primeiramente se industrializaram. Ao longo do século vinte, outras importantes empresas se desenvolveram. Muitas delas montaram filiais em diferentes países, incluindo o Brasil. Essas empresas, que têm a séde (matriz) em um país e operam em outros, recebem o nome de transnacionais ou multinacionais. Com muito poder e recursos econômicos, tecnologia e conhecimento científico, elas exercem forte influência econômica e política no mundo.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

, o conquistador.

Direção: bili august. Dinamarca: pér rôst fil producsion, 1987. Duração: 150 minutos

Aborda as precárias condições de vida da classe operária durante a Segunda Revolução Industrial na Europa, tendo como linha condutora a vida de um pai e de seu filho.

daens: um grito de justiça.

Direção: stein conix. Bélgica: Favourite Films, 1994. Duração: 138 minutos

Mostra a situação de miséria e abandono dos operários – incluindo crianças – de uma tecelagem na Bélgica, no século dezenove, no contexto da Segunda Revolução Industrial.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 29 e 30

Registre em seu caderno.

  1. Cite um produto industrializado que você usa ou consome no dia a dia. Em seguida, identifique as matérias-primas empregadas para fabricá-lo.
  2. Admitindo que uma bicicleta pode ser usada por muitos anos, a que tipo de indústria, segundo o destino da produção e o uso, ela pertence?
  3. O aparelho de telefone móvel surgiu no contexto de qual Revolução Industrial? O que a diferencia das outras?
  4. Cite algumas alterações no espaço geográfico decorrentes da industrialização.
  5. Considerando que todo produto encerra em si a natureza e o trabalho humano, como você poderia descrever isso na produção de um livro?
  6. Interprete o mapa e responda às questões.

Mundo: regiões industriais

Mapa. Mundo: regiões industriais. 
Planisfério político com a localização e delimitação dos centros e regiões industriais, dos países mais industrializados e dos novos países industrializados. 
Centros industriais: nos Estados Unidos: Chicago, Houston, Los Angeles, Nova York; no México: Cidade do México; no Brasil: São Paulo; no Chile: Santiago; na Argentina: Buenos Aires; na França: Paris; no Reino Unido: Londres; na Rússia: Moscou, Novosibirsk; na África do Sul: Johanesburgo; na China: Pequim, Hong Kong; no Japão: Tóquio; em Taiwan: Taipé; na Coreia do Sul: Seul; na Índia: Calcutá, Mumbai; em Cingapura; na Austrália: Sidnei, 
Regiões industriais: Vale do Rhur, na Alemanha; porção norte da Itália; sul e norte da França; Cooperbelte, na África Central; Donbass, no leste da Ucrânia; região dos Urais, na Rússia; leste da China; além das áreas que se estendem ao redor ou nas proximidades dos centros industriais descritos.  
Países mais industrializados: Canadá, Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Rússia. 
Novos países industrializados: Brasil, México, China, Índia, Cingapura e outros países da Ásia. 
Na parte inferior do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.560 km.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 27.

  1. Cite o nome dos países da América do Norte e da Ásia que estão entre os mais industrializados do mundo.
  2. Indique uma região industrial dos Estados Unidos e da Rússia.
  3. Há regiões industriais na América do Sul? Se sim, indique quais são.
  4. Embora a África não apresente países entre os mais industrializados do mundo, destacam-se regiões industriais e um centro industrial de grande importância. Que centro é esse?

7. Interprete o mapa a seguir e responda.

Brasil: participação das unidades da federação no total de empresas industriais – 2020

Mapa. Brasil: participação das unidades da federação no total de empresas industriais – 2020. Mapa das unidades federativas destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco (laranja claro) para o mais forte (marrom), de acordo com as faixas percentuais de participação de cada unidade da federação no total de empresas que atuam no setor industrial no país
De 0,1 a 0,2: Acre, Roraima, Amapá.  
De 0,5 a 0,9: Rondônia, Amazonas, Tocantins, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe.  
De 1,1 a 2,0: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte. 
De 2,2 a 4,6: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Goiás, Distrito Federal.  
De 9,2 a 9,5: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná. 
12,8: Minas Gerais. 
25,8: São Paulo. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 580 km.

Fonte: elaborado com base em Confederação Nacional da Indústria. Perfil da indústria nos estados. Disponível em: https://oeds.link/ZeIRa0. Acesso em: 3 fevereiro 2022.

  1. Em que unidades da federação se concentraram o maior e o menor percentuais do total de empresas industriais que atuavam no país em 2020?
  2. Aponte o intervalo percentual do total de empresas industriais brasileiras, em 2020, da unidade da federação em que você vive.

8. Leia o texto e, em seguida, responda às questões.

“A Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra no século dezoito , possibilitou uma brutal exploração do trabalho humano. A fôrça de trabalho de mulheres e crianças [até mesmo de 6 e 7 anos] era amplamente comprada por salários menores que os da mão de obra masculina adulta. Houve períodos em que os homens ficavam desempregados e suas esposas e filhos menores iam trabalhar na indústria .”

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 2 Rio de Janeiro: zarrár, 1984. página 191.

  1. Que vantagem o proprietário da fábrica buscava ao contratar crianças e mulheres adultas?
  2. Em sua opinião, ainda existe diferença entre os salários pagos aos trabalhadores do sexo masculino e os pagos às mulheres no Brasil?

9. Observe a foto e faça o que se pede.

Fotografia. Um casal formado por um homem e uma mulher e duas crianças sentados no sofá. Eles olham para a televisão que está a frente deles.
Família reunida em frente à televisão nos Estados Unidos (2021).

Atualmente, muitas campanhas publicitárias associam a ideia de bem-estar e felicidade à aquisição de bens materiais. Com relação a vestimentas, por exemplo, essas campanhas mostram que não basta ter uma roupa, um tênis ou uma mochila; esses produtos têm de ser de determinadas marcas consideradas famosas. Essas propagandas induzem não só ao consumismo e ao desperdício, como também à degradação ambiental. Combine com dois ou três colegas para assistir a diferentes canais de tê vê e analisar as propagandas que tentam induzir ao consumismo. Depois, reúna-se em grupo para produzir uma crítica a essa prática, por meio de texto ou de um quadro-mural. Se possível, exponham suas críticas no mural da escola para que todos leiam e reflitam sobre o consumo consciente.

PERCURSO 31 IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE INDUSTRIAL

1. Indústria e impactos ambientais

A necessidade cada vez maior de matérias-primas minerais, vegetais e animais, decorrente das revoluções industriais, do crescimento da população mundial e do modo de vida com base na sociedade de consumo (ou do desperdício), intensificou a exploração dos recursos naturais.

Esse processo, que já dura cêrca de 250 anos, causou profundas alterações no meio ambiente. Se, por um lado, a industrialização proporcionou inúmeros benefícios, por outro, causou e ainda causa, geralmente, danos ambientais.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Na localidade em que você vive, é possível observar algum impacto ambiental provocado pela atividade industrial? Explique.

• Exploração dos recursos naturais e desmatamento

Para atender ao crescimento populacional e ao intenso consumo e desperdício de produtos, principalmente pelas sociedades dos países desenvolvidos e classes abastadas dos países menos desenvolvidos, tem havido grande exploração de recursos naturais (para a fabricação desses produtos), com ameaça de esgotamento de alguns deles. Tomando como exemplo o desmatamento, observamos que ele tem ocorrido não somente pela expansão da agropecuária, mas também pela atividade industrial. Muitas indústrias, por exemplo, ainda empregam o carvão vegetal como fonte de energia. Entretanto, algumas empresas siderúrgicas exploram florestas plantadas para a produção de carvão vegetal, minimizando o desmatamento.

Fotografia. Vista de uma área a céu aberto, com diversas fileiras de fornos para produção de carvão vegetal. Os fornos são formados por estruturas em parede circular, cobertos por um teto côncavo e posicionados um ao lado do lado do outro. Há fumaça por toda a área, gerada pela queima da madeira. No chão, entre as fileiras de fornos, montes de carvão são acumulados. O chão está preto com os resíduos de carvão.
Fornos queimam madeira de eucalipto plantado para a produção de carvão vegetal voltada à siderurgia, no município de Turmalina, Minas Gerais (2018).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

dáblio dáblio éfe Brasil

https://oeds.link/Ss3EG1

Instituição dedicada à conservação da natureza. No site, há várias informações sobre as atividades realizadas pela instituição e notícias relacionadas ao meio ambiente.

• Mudanças climáticas

Não são apenas os automóveis, os caminhões e as queimadas os fatores responsáveis pela emissão de gases capazes de provocar alterações climáticas. O uso de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) em atividades industriais e as usinas termelétricas, por exemplo, também colaboram para a emissão de gases de efeito estufa, poluindo a atmosfera.

Fotografia. Vista de uma área aberta evidenciando a construção de uma usina termelétrica. Em destaque, as instalações industriais onde ocorre a queima do carvão para geração de eletricidade, duas chaminés de onde são liberados os gases da queima do carvão e quatro torres de onde sai o vapor de água gerado no processo de resfriamento dos equipamentos.
Poluição atmosférica causada pelo uso de carvão na produção de energia na província de djiãn su, China (2021). Quando desprovidas de filtros, as chaminés industriais lançam mais gases poluentes na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa e o comprometimento da saúde humana.

• Poluição do solo e das águas

A atividade industrial pode gerar diversos detritos. Ao escoar com a água da chuva, esses detritos podem se infiltrar no solo e provocar a contaminação de lençóis de água subterrâneos; se são transportados pelas enxurradas, acabam poluindo rios, lagos e mares. Em alguns casos, há indústrias que despejam os resíduos diretamente em córregos ou rios, o que é proibido pela legislação ambiental em muitos países.

Fotografia. Uma pessoa manuseando uma ferramenta formada por uma extensa vara que tem um cesto acoplado em uma da extremidades. Essa pessoa se encontra em meio a um corpo de água com muito lixo e peixes mortos boiando na superfície.
Funcionário recolhe peixes mortos por poluição na Baía de Manila, Filipinas (2019).

• Poluição sonora

O ruído provocado por máquinas de algumas indústrias pode incomodar os moradores vizinhos. Quando o barulho ou a poluição sonora ultrapassa determinado limite, é capaz de provocar danos ao aparelho auditivo, distúrbios nervosos e insônia.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

obeid, César.

Aquecimento global não dá rima com legal. segunda edição São Paulo: Moderna, 2017. (Saber em cordel).

Por meio de estrofes da literatura de cordel, o livro aborda o tema do aquecimento global, suas causas, consequências e soluções, além de outros temas socioambientais.

2. ônguis e meio ambiente

A partir dos anos 1960 e 1970, a degradação ambiental passou a preocupar um número cada vez maior de pessoas­ em todo o mundo. Com isso, surgiram movimentos sociais em prol do meio ambiente – os chamados movimentos ambientalistas.

Muitos desses movimentos deram origem a organizações não governamentais (ônguis), das quais várias pessoas participam voluntariamente em defesa do meio ambiente. Hoje, existem ônguis que lutam por muitas outras causas: justiça social, igualdade de gênero, combate à pobreza, cuidados de saúde a vítimas de crise humanitária, respeito aos direitos humanos, direitos dos portadores de necessidades especiais, entre outras.

Entre as ônguis que lutam pela defesa do meio ambiente destaca-se o Greenpeace (do inglês green, verde; e peace, paz), com atuação em muitos países.

Quando o meio ambiente é agredido ou ameaçado pela ação inadequada de empresas (sejam elas industriais, sejam comerciais ou de serviços), os ativistas dessas ônguis protestam publicamente para que a população tome conhecimento dos desastres ambientais que podem ocorrer. Além disso, essas organizações pressionam os órgãos públicos, como o Ministério do Meio Ambiente, no caso do Brasil, e outras entidades governamentais, para que tomem providências, movendo, até mesmo, ações na justiça contra os agressores.

Graças às pressões das ônguis, leis têm sido elaboradas para a defesa do meio ambiente, visando à proteção de matas, rios, oceanos, mares e da atmosfera, estabelecendo, por exemplo, regras sobre a destinação adequada do lixo. No entanto, mesmo com medidas desse tipo, muito ainda precisa ser feito para evitar os impactos ambientais, a começar pela atitude individual. O respeito ao meio ambiente e os esforços para não destruí-lo devem ser um compromisso de todos para que as gerações futuras recebam um planeta saudável e reconheçam nas nossas atitudes um exemplo do que devem continuar fazendo.

Fotografia. Vista de um prédio histórico com muitas janelas, sacadas e pilares. Em frente ao prédio, diversas pessoas participam de uma manifestação. Muitas delas carregam cartazes com frases de protesto. Na parte inferior da foto, à direita, aparece em destaque um desses cartazes, com a seguinte frase: Basta de ecocídio.
Manifestantes se reúnem em Buenos Aires, Argentina (2022), para protestar contra a exploração de petróleo no Oceano Atlântico, nas proximidades da cidade de Mar del Plata.
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Há alguma ôngui atuando no município em que você mora? Se houver, quais são os objetivos dela?

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Greenpeace Brasil

https://oeds.link/OYSNmK

O site apresenta jogos, fotos, vídeos, textos e notícias sobre o meio ambiente e oferece informações a respeito de ações promovidas pela organização.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Consumo consciente e energia elétrica

Você faz parte do conjunto de pessoas que buscam construir uma sociedade sustentável? E seus familiares?

Leia o texto a seguir e reflita, em grupo, sobre algumas ações que podem auxiliá-los a economizar energia elétrica.

reticências Existem diversas concepções sobre o que vem a ser consumo consciente, a maioria delas relacionadas aos hábitos de compra e, por sua vez, aos possíveis impactos das ações humanas sobre os recursos naturais, além do papel de empresas, governos e suas responsabilidades na preservação do meio ambiente e na promoção do desenvolvimento econômico e social de um país. reticências Entretanto, é observada uma abordagem específica e sistêmica, englobando dimensões relacionadas ao meio ambiente, às questões sociais e ao uso dos recursos financeiros no dia a dia. Assim, o consumo consciente é aqui entendido como: o ato de considerar, durante o processo de compra de um produto, o equilíbrio entre sua satisfação pessoal, as possibilidades ambientais, os impactos de longo prazo e os efeitos sociais e financeiros de sua decisão.

reticências Considerando o uso da luz elétrica, é importante lembrar que a matriz energética brasileira depende, em grande parte, das usinas hidrelétricas, responsáveis pela produção de 67,9% da eletricidade no país em 2017, segundo estimativa do Ministério de Minas e Energia. Apesar de tratar-se de fonte relativamente limpa e renovável, este é também um recurso sujeito às variações do regime de chuvas, todos os anos. Quando os períodos de seca coincidem com o aumento do consumo, cresce o risco de alterações ou comprometimento do sistema, seja encarecendo o valor da conta para o usuário, seja pela possível escassez frente à demanda elevada, com consequências sociais e econômicas que podem ser drásticas.

É fundamental, portanto, que as pessoas reflitam sobre o uso que fazem da energia elétrica em suas casas. No que se refere ao consumidor brasileiro, a pesquisa mostra que as ações conscientes mais praticadas são apagar as luzes de ambientes que não estão sendo utilizados (94,4%), controlar o valor da conta de luz mês a mês visando economizar (89,0%) e optar por lâmpadas fluorescentes na residência, em sua maioria (84,3%). Ao mesmo tempo, a adoção é bem menos significativa no caso de atitudes como tirar da tomada , computador e demais aparelhos elétricos quando não estão sendo usados (60,1%) ou assistir à tê vê na companhia de outros moradores da casa para economizar energia (65,3%). reticências

ésse pê cê BRASIL. Consumo consciente, página 4; 8; 16-17, julho 2017.Disponível em: https://oeds.link/No97Qd. Acesso em: 26 novembro 2021.

Fotografia. Uma pessoa apertando o botão que um interruptor na parede. Há quatro botões para ascender e apagar a luz.
Apagar a lâmpada ao sair de um cômodo onde não há outras pessoas e usar lâmpadas de menor consumo são atitudes que ajudam a economizar energia elétrica.

 Interprete

1. As ações adotadas para a economia de energia pelos consumidores brasileiros são suficientes? Justifique com um trecho do texto.

 Contextualize

2. Que atitudes você e seus familiares podem adotar para diminuir o consumo de energia elétrica? Troque ideias com os colegas sobre isso. Depois, pesquisem sobre o consumo consciente de energia elétrica e de outros recursos energéticos (como combustível) e elaborem uma lista com dicas de como adotá-lo.

PERCURSO 32 URBANIZAÇÃO E PROBLEMAS URBANOS

1. A urbanização nos séculos vinte e vinte e um

A urbanização intensificou-se a partir de 1950, principalmente em decorrência do crescimento populacional mundial, da industrialização em vários países – fato que atraiu populações do campo para as cidades em busca de emprego – e também em virtude de vários problemas nas zonas rurais que provocaram êxodos para as cidades. Observe o quadro.

Mundo: crescimento da população e urbanização – 1950, 2020 e 2050*

Ano

População mundial

População urbana

Percentual da população urbana

1950

2,5 bilhões

750 milhões

30%

2020

7,7 bilhões

4,3 bilhões

56%

2050

9,7 bilhões

6,7 bilhões

69%

*Estimativa

Fontes: ONU. World urbanization prospects: the 2018 revisionDisponível em: https://oeds.link/9mEBiF; BANCO MUNDIAL. The World Bank Data. Disponível em: https://oeds.link/9l36BB; https://oeds.link/JmzeDy; https://oeds.link/ljKssl. Acessos em: 3 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Se a porcentagem da população urbana mundial, em 2020, era de 56%, qual era, então, o percentual da população rural?

Entretanto, com o crescimento populacional, problemas que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas se agravaram: destinação inadequada do lixo, congestionamento do tráfego de veículos, falta de emprego, transporte público precário e sobrecarregado, poluição atmosférica e hídrica em rios que banham as cidades, redes de abastecimento de água e de esgoto insuficientes, pequena quantidade de escolas e hospitais para atender a população etcétera

A urbanização acelerada provocou também a ocupação desordenada no espaço urbano, por exemplo, com a localização de indústrias causadoras da poluição ambiental, incluindo sonora, ao lado de residências. Outro resultado grave foi a formação de bairros sem infraestrutura urbana necessária – redes de água e de esgoto, energia elétrica, pavimentação de ruas, coleta de lixo, escolas etcétera –, além da expansão de moradias precárias em favelas, principalmente em países em que grande parte da população vive em condição de pobreza – no Brasil, em 2021, mais de 17 milhões de pessoas viviam em favelas.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

O município onde você mora passou ou está passando por processo de urbanização? Explique.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Cidades: da aldeia à megalópole.

Produção executiva: : Discovery Network, 1996. Duração: 51 minutos

Discute a evolução das cidades e os problemas da urbanização com base em exemplos de diferentes cidades do mundo.

• As moradias precárias

Embora um grande número de pessoas no mundo viva em moradias precárias, ninguém gosta de morar em habitações sem conforto e higiene, sem redes de abastecimento de água e esgoto, sem espaço suficiente para dormir, cozinhar, fazer refeições, tomar banho, reunir-se etcétera

É importante compreender as moradias precárias como fórma de sobrevivência social, ou seja, não tendo onde morar em condições dignas ou apropriadas, a população de baixa renda constrói moradias em espaços fragilizados ou de risco – encostas de morros, margens de rios e córregos –, em terrenos baldios (terreno não aproveitado) e até mesmo sob viadutos e pontes.

Compreendemos, assim, que há razões sociais, econômicas e políticas que levam o ser humano a morar nessas condições. Entre as razões políticas está a falta de investimento suficiente do poder público – os governos – no desenvolvimento de ações de prevenção e de medidas para retirar essa população da situação em que se encontra.

Fotografia. Vista de uma rua de terra às margens de um córrego poluído. Há diversas moradias construídas de forma precária, algumas delas erguidas com materiais alternativos, como restos de mobília, pedaços de madeiras e plástico. Também há casas feitas com materiais de alvenaria, mas sem acabamento.
Moradias em local de infraestrutura precária na cidade de São Paulo, São Paulo (2020).
Fotografia. Vista de uma área de ocupação humana às margens de um córrego poluído. No primeiro plano, observa-se acúmulo de lixo e uma criança caminhado. No segundo plano, beirando o córrego, há diversas moradias precárias, a maioria erguida com restos de madeira e outros materiais alternativos.
Moradias e condições sanitárias precárias na cidade de Nairóbi, Quênia (2020).

• A organização do espaço urbano

Para ordenar a ocupação e o uso do espaço urbano por residências, estabelecimentos comerciais, indústrias, escritórios, parques públicos etcétera, os poderes Executivo e Legislativo do município, geralmente com participação de seus moradores, têm procurado criar um conjunto de princípios e regras que orientam a ação humana no espaço da cidade.

No Brasil, esses princípios e leis recebem o nome de Plano Diretor, cuja elaboração está prevista na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Cidade (Lei nº.10257/2001). É fundamental que haja a participação da população ao longo das etapas de elaboração do Plano Diretor, cujo objetivo é orientar as ações do poder público a fim de promover a ordenação dos espaços do município, a urbanização e a sustentabilidade, garantindo o direito à cidade e à cidadania de fórma mais justa e a qualidade de vida à população local, tornando possível o desenvolvimento das funções sociais urbanas em sua plenitude, bem como de cada propriedade em particular.

Fotografia. Reprodução de um cartaz com as informações: Venha participar do futuro de Campo Magro. Revisão do plano diretor. Plano diretor da cidade de campo magro. No Centro, vista aérea da cidade e uma mulher sorrindo e apontando com o dedo para uma imagem que representa apenas linha de contorno da área do município de Campo Magro em um mapa.
Cartaz de campanha para a população participar da revisão do Plano Diretor da Prefeitura de Campo Magro, Paraná, publicado em 2021.
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

O município onde você vive possui Plano Diretor? Informe-se e cite alguma restrição quanto ao uso do solo nele estipulado.

Aterramento marítimo

Em algumas cidades do mundo, em virtude de limitações impostas pelo meio físico – relevo montanhoso, rede hidrográfica e solo –, para a cidade crescer e ganhar espaço para acomodar suas construções, entre elas indústrias, vias de tráfego, parques públicos etcétera, as administrações das cidades – prefeituras, no caso do Brasil – usam técnicas de engenharia que possibilitam ocupar terras inundadas por pântanos ou mares. Isso ocorre principalmente naquelas muito povoadas, localizadas junto ao mar e com restrições de território para se expandir, construindo-se o aterramento marítimo ou aterro marítimo.

Trata-se de um processo de depositar areia ou terra em áreas ocupadas pela água do mar, com uso de tecnologia, transformando-as em terras emersas para a agropecuária e para construções residenciais, comerciais, industriais e, até mesmo, para aeroportos, como é o caso do Aeroporto Haneda, no Japão.

Fotografia. Vista do alto das instalações de um aeroporto, mostrando as pistas para pouso e decolagem, as área de manobra das aeronaves e as construções dos terminais de passageiros e de cargas. O aeroporto se encontra em uma ilha, portanto aparece cercado por água.
Vista do Aeroporto Haneda, na cidade de Tóquio, Japão (2020), construído sobre um aterro marítimo.

O recurso do aterro marítimo para ampliar o espaço urbano e as áreas de agricultura tornou-se uma prática realizada por vários países, incluindo o Brasil. Ele foi implantado nos Países Baixos, Emirados Árabes, Coreia do Sul, Cingapura, Nova Zelândia, China, Estados Unidos e outros.

No Brasil, destaca-se o Aterro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro, que permitiu ampliar consideravelmente a faixa de terra litorânea, facilitando a implantação de vias de circulação de veículos e dificultando a invasão das águas do mar por ocasião das ressacasglossário . É nesse aterro que se situa o Parque do Flamengo, importante área de lazer ao ar livre.

Fotografia A. Em preto e branco. À esquerda, vista de uma avenida extensa a beira mar, com diversas construções, destacando-se os sobrados. À direita aparece o mar.
Fotografia B. Vista de uma praia com muitas árvores na sua orla. À esquerda da praia, diversas construções, destacando-se edifícios altos, com vários andares. À direita aparece o mar.
Na foto A, vista da Avenida Beira-Mar, bairro do Flamengo, no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (1905). Na foto B, vista da Avenida Infante Dom Henrique, no Aterro do Flamengo (2019).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Observatório de Favelas

https://oeds.link/8G1Mqg

Neste site da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (ócip), que realiza pesquisas e ações públicas sobre favelas e fenômenos urbanos para afirmar uma agenda de Direitos à Cidade, você pode acessar o acervo e consultar diversas publicações e vídeos.

2. Problemas urbanos

Em maior ou menor intensidade, as cidades brasileiras, como também as de muitos outros países, enfrentam vários problemas. Entre eles, os de saneamento básicoglossário , violência, condições precárias de moradia, má qualidade dos transportes urbanos, congestionamentos de trânsito, poluição atmosférica, sonora, dos rios e de aquíferos, serviços públicos deficientes – limpeza urbana, conservação de vias públicas, falta de escolas e hospitais –, além de outros.

Todos esses problemas precisam ser resolvidos, pois comprometem a qualidade de vida dos moradores e geram inseguranças, como é o caso, principalmente, da violência urbana.

Quanto ao saneamento básico ou ambiental, está estritamente relacionado à saúde da população. A sua falta ou cobertura incompleta é responsável pela ocorrência de várias doenças: febre tifoide, cólera, leptospirose, disenteria bacteriana etcétera

Fotografia. Vista de uma área com muitas moradias construídas de forma precária, algumas delas erguidas com restos de madeira. Também há casas feitas com materiais de alvenaria, mas sem acabamento. As casas estão na beira de um pequeno córrego com muito lixo ao redor.
Moradias precárias e córrego poluído por esgoto na cidade de São Paulo, São Paulo (2021).

O Brasil, de modo geral, teve avanços na implantação de saneamento básico. Entretanto, há disparidades entre domicílios de suas Grandes Regiões, apontadas no quadro.

Brasil e Grandes Regiões: domicílios servidos por saneamento básico (em %) – 2001 e 2019

Brasil e Grandes Regiões

Rede geral de abastecimento de água

Rede coletora de esgoto

Coleta de lixo

2001

2019

2001

2019

2001

2019

Brasil

81,1

88,5

45,4

62,7

83,2

84,4

Norte

63,7

89,0

5,8

19,5

85,3

72,4

Nordeste

69,2

69,0

22,0

41,0

66,3

70,8

Sudeste

90,5

94,8

73,5

86,5

92,3

92,1

Sul

81,7

97,0

22,9

56,2

84,5

89,6

Centro-Oeste

75,5

94,9

30,8

54,3

84,4

87,8

Fontes: í bê gê É. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2001. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2002. Tabela 6.1b; Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua. Tabelas 6732, 6736 e 7192. Disponível em: https://oeds.link/MFiBz0. Acesso em: 29 novembro 2021.

Grafismo indicando atividade.

Em quais Grandes Regiões do Brasil, em 2019, o saneamento básico foi mais precário? Dê exemplos numéricos que justifiquem sua resposta.

Ícone. Seção No seu contexto.

No seu contexto

O município onde você vive apresenta problemas? Organize uma lista dos problemas mais importantes para os menos importantes, de acordo com seu ponto de vista.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 31 e 32

Registre em seu caderno.

  1. Existe relação entre as usinas produtoras de eletricidade por meio de fonte térmica (termelétricas) e os gases do efeito estufa? Se sim, qual?
  2. De que fórma o crescimento populacional mundial influenciou no processo de urbanização?
  3. Por que há muitas pessoas ou famílias que moram em habitações precárias?
  4. Explique o que é aterramento marítimo e por qual razão ele é feito.
  5. É importante assumirmos uma atitude consciente em relação ao consumo de eletricidade. Interprete o mapa a seguir e faça o que se pede.

Brasil: consumo residencial de energia elétrica por Grandes Regiões (em porcentagem) – 2020

Mapa. Brasil: consumo residencial de energia elétrica por Grandes Regiões (em porcentagem) – 2020. 
Região Sul: 16,1%. Região Sudeste: 47,2%. Região Centro-Oeste: 9,0%. Região Nordeste: 20,7%. Região Norte: 7,0%. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 580 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. sétima edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página 94; BRASIL. Empresa de Pesquisa energética. Balanço energético nacional 2021: ano-base 2020. Rio de Janeiro: e pê e, 2021. página 154.

  1. Aponte quais eram, em 2020, as Grandes Regiões do Brasil com maior e menor consumo residencial de energia elétrica.
  2. O que pode explicar a ocorrência de maior consumo residencial de energia elétrica em uma das cinco Grandes Regiões brasileiras?

6. O mapa a seguir indica os países da América com população urbana de mais de 80% do total de sua população, em 2017. Interprete-o e faça o que se pede.

Mapa. Mapa do continente americano indicando os países com população urbana superior à 80%. 
Canadá, Estados Unidos, Barramas, República Dominicana, Porto Rico, Costa Rica, Venezuela, Brasil, Ururguai, Argentina, Chile. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.860 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 69.

  1. Identifique no mapa os países da América que apresentavam população urbana superior a 80% em 2017. Para auxiliá-lo, consulte o planisfério político na página 230.
  2. Dê um título ao mapa.
  1. Em 2020, segundo a British Petroleum (British petroleum), os principais produtores de petróleo, na América do Sul, foram Brasil, Colômbia, Venezuela e Equador; e de carvão mineral foi a Colômbia. Elabore um mapa em seu caderno representando essas informações. Para tanto, procure um mapa da América do Sul em um atlas geográfico e crie uma base cartográfica com a divisão política, aplicando papel de seda ou vegetal sobre o mapa, reproduzindo-o com as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala. Construa uma legenda com cores e aplique-a no mapa, insira o nome dos países, dê um título a ele e cite a fonte das informações.
  2. Observe a foto a seguir e responda.
Fotografia. Vista de uma avenida com cinco faixas de rolamento em cada pista. Há muitos veículos em ambas as direções, em um situação de congestionamento.
Congestionamento de veículos em avenida da cidade de São Paulo, São Paulo (2019).

Você pode estabelecer alguma relação entre o uso cada vez maior de veículos e a ocorrência de problemas urbanos? Explique.

9. Observe os gráficos a seguir e depois faça o que se pede.

Brasil: emissões de gases de efeito estufa (em porcentagem) – 2010 e 2020

Gráfico. Brasil: emissões de gases de efeito estufa (em porcentagem) – 2010 e 2020. 
Emissões de diferentes usos da terra e de florestas (principalmente desmatamento): em 2010, 38,7%; em 2020, 46,2%. 
Emissões da Agropecuária: em 2010, 30,5%; em 2020: 26,7%. 
Emissões dos processos de geração de energia: em 2010, 21,2%; em 2020: 18,2%. 
Emissões dos processos industriais: em 2010, 5,5%; em 2020: 4,6%.  
Emissões do tratamento de resíduos (lixo doméstico, industrial etc.): em 2010, 4,1%; em 2020, 4,3%.

Fonte: ésse ê ê gê. Emissões totais. Disponível em: https://oeds.link/4hiDM3. Acesso em: 29 novembro 2021.

  1. Explique o que é efeito estufa.
  2. Comparando os dois gráficos, aponte as variações percentuais (em porcentagem) da emissão de gases de efeito estufa nos processos industriais e no uso da terra e de florestas.

10. Leia o texto e responda às questões.

“A maioria das cidades de hoje fica sufocada pelo tráfego e mergulhada nos gases do escapamento de carros e caminhões. O ideal seria a existência de um transporte público mais eficiente com ônibus, trens e ônibus elétricos.”

bráit, M. Poluição do tráfego. São Paulo: Melhoramentos, 1997. página24-25.

  1. Que processo natural é potencializado pela emissão dos gases citados no texto? Qual é a principal consequência desse fenômeno?
  2. Em sua opinião, a “eficiência” de outros transportes públicos está relacionada apenas à busca de melhor mobilidade na cidade? Justifique sua resposta.
  3. Na cidade onde você vive, ocorre o que é descrito no texto? Quais são os meios de transporte predominantes nela?
Versão adaptada acessível

7. Em 2020, segundo a British Petroleum (BP), os principais produtores de petróleo, na América do Sul, foram Brasil, Colômbia, Venezuela e Equador; e de carvão mineral foi a Colômbia. Elabore um mapa tátil representando essas informações. Com uso de materiais com diferentes tamanhos, texturas e formas, crie uma base cartográfica com a divisão política, construa uma legenda, aplique-a no mapa, insira o nome dos países, dê um título a ele e cite a fonte das informações.

Ícone. Seção Caminhos digitais.

Caminhos digitais

O uso de geotecnologias na prevenção de desastres naturais

Os desastres naturais ocorrem quando fenômenos naturais extremos ou intensos atingem áreas habitadas pelo ser humano, causando mortes, danos materiais, econômicos e ambientais de grande extensão. Quanto às causas, os desastres podem ser: naturais (terremotos, maremotos, tissunãmis, erupções vulcânicas, tempestades, tornados e furacões etcétera); naturais agravados pela ação humana (deslizamentos de terra, erosão, inundações etcétera); ou resultantes de ações humanas (rompimento de barragens, contaminação de rios etcétera).

Embora ocorram desastres naturais em vários países do mundo, o risco de alguém morrer ou ser afetado por eles é muito maior nos países menos desenvolvidos, que concentram 80% da população mundial. Do total de pessoas afetadas por desastres naturais no mundo, 97,4% vivem nos países menos desenvolvidos. Portanto, o risco de ser afetado por eventos naturais extremos é maior onde as condições socioeconômicas são piores.

Ilustração. Representação de uma pessoa registrando uma fotografia de uma casa no alto de um morro. A casa é simples e tem poucas janelas e uma porta. 
Ilustração. Representação de três pessoas sentadas na frente de um computador. Uma dela é a mesma pessoas que registrou a foto na ilustração anterior. Elas observam uma mapa digital na tela. 
Ilustração. Representação de quatro pessoas olhando para um mapa. Uma delas segura o mapa enquanto outra aponta para ele indicando um local específico e explicando algo. As outras duas pessoas aparecem sentadas com anotações em mãos e atentas à explicação. Essa pessoa que está explicando algo no mapa é a mesma que registrou a foto da casa no alto do morro.

Infelizmente, as ações humanas não conseguem evitar os desastres naturais; porém, elas podem minimizar seus efeitos negativos. Para isso, as geotecnologias são ferramentas muito importantes, pois permitem coletar informações para prevenir os danos causados por desastres naturais.

Os Sistemas de Informações Geográficas (sig) – conjunto de técnicas computacionais que permitem integrar uma grande quantidade de informações geográficas provenientes de diferentes fontes de dados (mapas, imagens, tabelas, gráficos etcétera) – podem ser usados em atendimentos emergenciais, fornecendo a localização e identificação de habitações, do número de habitantes de uma área, dos hospitais e corpos de bombeiros próximos a um local, entre outras informações. As imagens de satélites, por exemplo, são usadas no mapeamento de áreas de risco, na análise de ameaças ambientais, na definição de rotas de evacuação da população e na identificação de locais seguros para planos de emergência. Além dessas técnicas, o Sistema de Posicionamento Global (gê pê ésse) é outra tecnologia muito útil nas operações de busca e salvamento, capaz de fornecer a localização precisa de pessoas mesmo em uma área devastada.

Geralmente, o uso dessas geotecnologias é feito por especialistas, como os profissionais da Defesa Civil e do corpo de bombeiros. Mas, nos últimos anos, algumas iniciativas têm envolvido as pessoas que vivem em áreas que apresentam maior risco de desastres naturais. A Cruz Vermelha, por exemplo, uma ôngui internacional de ajuda humanitária, tem mobilizado comunidades da América Latina situadas em áreas de risco de inundações, deslizamentos de terra e furacões a participar de um mapeamento colaborativo. O projeto une imagens de satélite com as informações trazidas pela comunidade sobre os riscos percebidos na região onde vivem, ou seja, o conhecimento da comunidade passa a ser entendido como importante para a prevenção dos riscos associados aos desastres naturais. Além disso, a disseminação das geotecnologias faz aumentar a participação das populações mais afetadas nas decisões do poder público, fortalecendo a mobilização por mais investimentos na prevenção de desastres naturais.

Dessa fórma, o uso compartilhado e colaborativo das geotecnologias tem um futuro promissor na prevenção de desastres naturais. Poderia até mesmo minimizar a desigual exposição da população mundial a esses eventos.

 Confira

  1. O que são desastres naturais? Cite exemplos.
  2. Por que, de modo geral, os desastres naturais afetam mais as pessoas dos países menos desenvolvidos?
  3. Como as geotecnologias são usadas para prevenir desastres naturais e reduzir os danos por eles gerados?
  4. Por que o texto sugere que o uso das geotecnologias pelas pessoas e comunidades mais frequentemente afetadas por desastres naturais pode ter efeitos benéficos?

 Fique ligado!

  • A internet e as redes sociais têm dado grande impulso à divulgação de informações sobre desastres naturais e crises humanitárias. Você pode ajudar compartilhando notícias e mencionando o trabalho de algumas organizações. Mas lembre: compartilhar informações é coisa séria! Sempre pesquise e confirme se as informações são verdadeiras.
  • Você sabia que muitos recursos das geotecnologias usados no gerenciamento de riscos de desastres naturais estão disponíveis na internet? No Brasil, a Defesa Civil e o Serviço Geológico do Brasil (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – cê pê érre ême) disponibilizam mapas e outros recursos digitais em seus portais na internet. Além de aprender sobre desastres naturais, você pode saber mais sobre os possíveis riscos existentes no lugar onde vive e acompanhar medidas tomadas para reduzi-los.

Glossário

Aprendiz de ofício
Jovem que aprendia o ofício trabalhando durante anos e recebendo do mestre apenas abrigo e alimentação.
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Inteligência artificial
Ramo da ciência da computação que busca construir dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, ou seja, de ser inteligente.
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Mercado de consumo
Conjunto de consumidores, pessoas ou empresas, que compram mercadorias ou serviços.
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Grafite
Mineral constituído por carbono e usado na fabricação de lápis e na lubrificação de dobradiças e fechaduras, por exemplo.
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Capitalismo
Sistema econômico e social de organização das sociedades humanas caracterizado pela propriedade particular dos meios de produção (ferramentas, fábricas, máquinas, fazendas, empresas de prestação de serviços etcétera) e pelo trabalho assalariado. É o sistema em que vivemos no Brasil e na maior parte do mundo.
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Insalubre
Prejudicial à saúde, que causa doença.
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Cólera
Infecção bacteriana aguda do intestino delgado causada pelo vibrio colerae, altamente transmissível, que ocorre pela ingestão de água ou comida contaminadas.
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Ressaca
Grande agitação das águas do mar junto à costa, decorrente de tempestade e ventos fortes, com ondas violentas.
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Saneamento básico
Também chamado saneamento ambiental, é o conjunto de serviços de abastecimento de água, rede de esgoto e seu tratamento, limpeza urbana, drenagem de água das chuvas para evitar inundações e coleta de lixo, com sua destinação adequada.
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