UNIDADE 1 ESPAÇO, PAISAGEM, LUGAR E TERRITÓRIO

Prepare-se! Aqui começa a primeira Unidade desta fantástica viagem pelo planeta. Você vai descobrir alguns dos conceitos-chave da Geografia: espaço natural, espaço geográfico, paisagem geográfica, lugar e território. Isso é fundamental para seguir em seus estudos. Agora, não perca tempo. Aqueça os motores e boa viagem!

Durante dois anos, oito meses e treze dias, o cicloviajante e fotógrafo brasileiro Beto Ambrosio pedalou .25160 quilômetros. Com a sua bicicleta, que chamou de Princesa, percorreu territórios de 17 países, conhecendo paisagens, lugares e pessoas de diferentes culturas.

Para realizar esse projeto, ele superou vários desafios: economizou dinheiro, lidou com as próprias emoções em diferentes situações e resolveu problemas de saúde, com a bicicleta e com outras pessoas. Observe uma foto dessa incrível cicloviagem e, no mapa, o trajeto percorrido.

Fotografia de Beto Ambrósio, homem de pele clara e barba. Ele veste uma jaqueta, calça e capacete na cabeça. Suas pernas estão fora do chão e dobradas em posição de meditação. Suas mãos estão próximas aos pés. À frente, malas sobre uma bicicleta. Ao fundo, uma grande montanha coberta de neve no topo. Ao redor da montanha vasto espaço aberto com vegetação baixa e céu azul.
Beto Ambrosio e sua bicicleta no Deserto do Atacama, Chile (2011).

América Latina: trajeto da cicloviagem de Beto Ambrosio

Mapa. América Latina: trajeto da cicloviagem de beto Ambrosio. Destaque para os países: México, Belize, República Dominicana, Cuba, Honduras, Nicarágua, Panamá, costa rica, Guatemala, El Salvador, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, Venezuela. No mapa, linha azul representando despacho marítimo no norte do Brasil e, também, no litoral do Panamá, próximo à Colômbia. Trecho percorrido por bicicleta: contorna o litoral do Brasil, passa por Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, seguindo por países da América Central: Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e Belize, passando pelo México. Trajeto percorrido por avião: México, Cuba, República Dominicana, Venezuela, Colômbia e Brasil.  À direita, oceano atlântico. À esquerda, oceano pacífico. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.100 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em AMBROSIO, Beto. Fé Latina: uma volta de bicicleta pela América Latina. segunda edição

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Para você, o que são paisagem, espaço natural e espaço geográfico? Como você relacionaria esses conceitos com os elementos retratados na foto?
  2. O que território significa para você? Em sua resposta, considere o mapa.
  3. Com base no mapa, converse com os colegas e o professor sobre as possíveis dificuldades enfrentadas pelo cicloviajante. Como você as resolveria?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 1

Entre os temas trabalhados nesta Unidade estão os conceitos de espaço natural e espaço geográfico, paisagem, lugar e território e os processos atuantes em sua transformação. Consideram-se também as distintas escalas geográficas e a organização político-administrativa do território brasileiro.

Respostas

  1. Investigue os conhecimentos prévios dos alunos sobre paisagem, espaço natural e espaço geográfico. Explore com eles a foto e sua legenda e questione que elementos retratados são naturais ou culturais (construídos pelos seres humanos por meio do trabalho). Na foto, a íntegra do que está nela retratado é a paisagem geográfica, ou seja, tudo aquilo que nossa visão alcança, que está presente no espaço e pode ser observado por meio dos nossos sentidos, contendo elementos naturais e culturais. Na superfície terrestre, denomina-se espaço natural o que não apresenta intervenção humana, mas apenas a natureza original, formada por solo, rochas, vegetação, fauna, rios, clima, entre outros elementos (na foto, a cordilheira ao fundo, por exemplo). O espaço geográfico corresponde ao espaço construído ou produzido pelas sociedades humanas (na foto, a estrada, as placas de sinalização de trânsito e a grade de proteção).
  2. Pergunte o que os alunos sabem a respeito do conceito de território, direcionando a atenção deles para a leitura e interpretação do mapa com o trajeto da cicloviagem. Conduza a discussão de modo que pouco a pouco associem esse conceito aos nomes dos países e às fronteiras que os delimitam. Território é uma área na qual um povo, geralmente por meio do Estado, exerce poder.
  3. Resposta pessoal. Com base no mapa e demais informações fornecidas sobre a cicloviagem de Beto Ambrosio, incentive a imaginação dos alunos. Comente as dificuldades de uma viagem de bicicleta por vários países, enfocando o planejamento de gastos, o saber lidar com emoções em diferentes situações, o preparo físico e os cuidados com a saúde, além da empatia para encontrar e conviver com diferentes pessoas e culturas. Leve-os a refletir sobre a experiência de vida de outras pessoas e sobre como reagiriam diante de situações difíceis ou adversas, lidando com suas emoções e pensamentos e também com diferentes culturas. Respeitando a faixa etária e o contexto sociocultural e econômico no qual se encontram, sugira uma reflexão sobre os seus projetos de vida, as suas motivações e os conhecimentos, valores, atitudes e habilidades que consideram importantes para construí-los. Oportunize o debate sobre algumas competências socioemocionais (empatia, diálogo, resolução de conflitos e cooperação), conforme preconizado nas Competências Gerais da Educação Básica 8 e 9. Caso problematize e estime com os alunos os custos da cicloviagem, a mesma questão também permite abordar o tema contemporâneo transversal Educação para o Consumo (orçamento doméstico, comportamento poupador versus consumista).

PERCURSO 1 ESPAÇO NATURAL E ESPAÇO GEOGRÁFICO

1. O espaço e as pessoas

Quando você pensa em uma viagem, logo imagina os lugares e as pessoas que vai conhecer. No entanto, você já parou para pensar na relação que existe entre determinado lugar e as pessoas que vivem nele? Será que elas sempre estiveram ali? Será que esse lugar se modificou muito desde que essas pessoas passaram a habitá-lo?

Para entender melhor a relação entre o espaço e as pessoas, a Geografia distingue dois tipos de espaço: o espaço natural e o espaço geográfico.

• O espaço natural

A localidade onde você mora ocupa determinado espaço da superfície terrestre. Há milhares de anos, porém, esse espaço não era habitado por seres humanos; havia apenas a natureza original, formada por solo, rochas, vegetação, faunaglossário , rios, clima, entre outros elementos. Havia ali um espaço natural.

Atualmente, porém, há pouquíssimos espaços naturais na Terra, já que quase todos sofreram forte intervenção humana. A Antártida, por exemplo, é um desses raros espaços naturais. Esse continente ainda está quase inalterado, embora abrigue bases científicas de alguns países, inclusive do Brasil, e venha apresentando, nos últimos anos, alterações em seu meio natural, em razão das ações humanas que afetam o clima global.

Fotografia de um grande espaço aberto com vasto trecho de água e pequenos espaços de terra sem vegetação. Ao fundo, superfície coberta por grossa camada de gêlo e céu azul com raios de sol refletindo sobre as águas.
Vista de geleira na Ilha Rei George, Antártida (2020).
Orientações e sugestões didáticas

Percurso 1

O objetivo do Percurso 1 é levar o aluno a compreender dois conceitos fundamentais da Geografia: espaço natural e espaço geográfico.

Para que ele consolide o aprendizado sobre espaço geográfico, cabe considerar o espaço de sua vivência, ou seja, a localidade onde ocorre a sua vida cotidiana, levando-o a pensar em como seria, no passado, o espaço natural hoje transformado em espaço geográfico. Sugerimos, assim, que explore o espaço vivido pelo aluno para desenvolver o raciocínio espaço-temporal, conforme preconiza a Bê êne cê cê para a área de Ciências Humanas.

Neste e nos demais Percursos, valorize o boxe No seu contexto, pois seu objetivo é articular os conhecimentos desenvolvidos e adquiridos por meio do livro com o espaço de vivência dos alunos e, de acordo com a Bê êne cê cê, sempre que oportuno, também contemplar princípios do raciocínio geográfico, a multiescalaridade, as competências socioemocionais e os temas contemporâneos transversais. Esperamos, assim, que as atividades propostas no boxe favoreçam o desenvolvimento desses princípios pedagógicos que norteiam a coleção.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis gê ê zero um
  • ê éfe zero seis gê ê zero dois

O Percurso 1 enfoca o processo de construção do espaço geográfico por meio do trabalho humano. O espaço geográfico é compreendido como resultado da interação do ser humano com o meio natural. Essa inter-relação promove modificações nas paisagens, nos lugares e no espaço ao longo da história. O trabalho com essa noção, por meio da utilização de exemplos e fotografias, respeitando o vocabulário, a faixa etária e o contexto dos alunos, fornece subsídios para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis gê ê zero um e ê éfe zero seis gê ê zero dois, que podem ser consultadas na página oito do Manual do Professor.

• O espaço geográfico

Quando os portugueses e outros povos europeus chegaram às terras conhecidas hoje como Brasil, o espaço onde você vive era ainda natural, se considerarmos que os povos indígenas que aqui viviam à época pouco alteravam o espaço que habitavam.

Os europeus e os grupos indígenas tinham costumes diferentes. As técnicas de produção e os instrumentos de trabalho que os portugueses usavam, por exemplo, eram mais aperfeiçoados. Com isso, tinham maior poder de atuação sobre a natureza e, consequentemente, maior capacidade de transformá-la ou modificá-la. Tendo em vista que o principal objetivo da ocupação portuguesa era explorar as terras e comercializar os produtos delas obtidos, como pau-brasil, animais e pedras preciosas, a transformação do espaço e da paisagem passou a ser mais intensa.

Novos usos da terra e novas técnicas agrícolas foram introduzidos, a derrubada das matas intensificou-se e a madeira obtida serviu à construção de pontes, casas, móveis, entre outros. Mais tarde, represou-se a água de rios para a irrigação de terras destinadas ao cultivo agrícola e à criação de animais. Construíram-se estradas e fundaram-se vilas, que cresceram ao longo dos anos e se transformaram em cidades. O espaço, que exibia as marcas das culturasglossário indígenas, passou a apresentar também traços de outras culturas. Esse espaço construído ou produzido pelas sociedades é o que se denomina espaço geográfico.

A localidade em que você vive é, dessa fórma, um espaço geográfico resultado do trabalho de todas as gerações que nele viveram e vivem, pois o espaço geográfico está em contínua transformação.

É importante destacar que, no processo de transformação dos espaços geográficos, os seres humanos têm causado diversos impactos na natureza, como a poluição dos rios e da atmosfera, a derrubada indiscriminada da vegetação e a contaminação dos solos pelo uso excessivo de fertilizantes e agrotóxicosglossário .

Fotografia A.  Em preto e branco. Vista de uma rua de terra com poucas construções, como casas com telhados triangulares, e vegetação nas margens. Na rua há diversas pessoas. 
Fotografia B. Vista da rua asfaltada, com muitas construções, como pequenos prédios, lojas , poucas árvores, placas de trânsito e veículos estacionados em um lado da rua. No centro uma rua com asfalto e placas de trânsito.
Na foto A, vista da Rua do Príncipe, na colônia Dona Francisca, província de Santa Catarina, em 1866. Na foto B, vista da mesma rua no centro de Joinville, nome atual da cidade que se desenvolveu a partir daquela colônia, no estado de Santa Catarina, em 2017.
Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

É possível observar alterações no espaço geográfico retratado nas fotos A e B? Se sim, quais?

Orientações e sugestões didáticas

Ao observar as fotos A e B, é possível perceber a urbanização da antiga colônia ao longo do tempo, por meio da pavimentação de ruas e avenidas e da construção de novas edificações.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Aponte transformações ocorridas no município em que você mora ao longo do tempo.

Orientações e sugestões didáticas

Para realizar o exercício do boxe No seu contexto, oriente os alunos a refletir sobre as transformações decorrentes da ação humana. Após aplicar o exercício em sala de aula, incentive os alunos a conversar sobre o assunto em casa, com familiares, ou no bairro onde residem, com pessoas mais velhas. Oriente-os a elaborar um desenho extraclasse.

A comparação das fotos A e B permite que os alunos desenvolvam sua capacidade de observar semelhanças e diferenças. Peça a eles que descrevam o que identificam nas fotografias. Registre na lousa o que for dito a respeito de cada uma delas.

Convém discutir que cada fotografia representa tempos distintos da mesma porção do espaço geográfico. A percepção desses diferentes tempos pode ocorrer identificando-se as fórmas e a quantidade das construções, das vias, dos meios de transporte etcétera

O boxe No seu contexto permite considerar o que os alunos sabem sobre as transformações ocorridas em seu espaço de vivência. Com base nas respostas dadas, chame a atenção dos alunos para as características naturais desse espaço. Peça que identifiquem os impactos das ações humanas. Promova uma conversa sobre as alterações que eles próprios causam nos seus espaços de vivência. Eles devem notar que também são agentes de transformações espaciais.

PERCURSO 2  PAISAGEM GEOGRÁFICA

1. O que é paisagem geográfica?

Quando se fala em paisagem, muitas vezes o que vem à mente é a vista dos elementos da natureza céu, rio, vegetação, montanha, animais etcétera –, de uma cidade, de campos de cultivo ou, ainda, de outros ambientes, como se veem em fotografias, gravuras e pinturas.

Pintura. Vista de uma grande faixa de água com montanhas ao fundo e um pequeno barco sobre as águas. Ao redor, vegetação com árvores e algumas rochas.
Lagoa Rodrigo de Freitas, de 1828. A representação da lagoa, situada na cidade do Rio de Janeiro, foi produzida pelo pintor francês féliquis êmíl tôné (1795-1881), que foi professor da Academia Imperial de Belas Artes do Brasil.

Para a Geografia, o conceito de paisagem tem um significado mais amplo. Segundo o geógrafo Milton Santos, paisagem geográfica é tudo aquilo que a nossa visão alcança, ou seja, tudo o que está presente no espaço e pode ser observado. Assim, a paisagem pode conter tanto elementos naturais aqueles formados pela natureza (montanha, vegetação natural, rio etcétera) quanto elementos culturais aqueles construídos pelos seres humanos por meio do trabalho (estradas, cidades, campos de cultivo etcétera).

Esse mesmo geógrafo chama a atenção para o fato de que a paisagem geográfica não é formada apenas por volumes (montanhas, vegetação, cidades etcétera), mas também por cores, movimentos, odores, sons etcétera

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Descreva a paisagem que você vê ao sair de sua casa, considerando que a paisagem, além de volumes, é composta de cores, sons, movimentos, odores etcétera

Orientações e sugestões didáticas

Ao realizar o exercício do boxe No seu contexto, espera-se que os alunos comecem a olhar mais atentamente o seu entorno e a reconhecer elementos que antes poderiam passar despercebidos. Ao longo dos estudos, a tendência é que desenvolvam uma leitura mais consciente e crítica do espaço em que vivem.

2. Mudanças e permanências na paisagem geográfica

Depois de ter estudado os conceitos de espaço natural, espaço geográfico e paisagem geográfica e aprendido que paisagem geográfica é a parcela visível do espaço, devemos considerar que o espaço natural e o espaço geográfico estão submetidos a forças, nem sempre visíveis, capazes de transformá-los. Essas forças podem ser naturais ou sociais.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 2

Entre os temas tratados no Percurso 2 estão as mudanças e as permanências na paisagem; a diversidade de paisagens na Terra, em razão da variedade de elementos naturais e culturais que as compõem; algumas paisagens protegidas; a relação entre paisagens e desigualdades sociais (a fim de estimular o aluno a observar as paisagens do lugar em que vive para que perceba, assim, possíveis contradições socioespaciais); a influência da posição do observador no modo como a paisagem é vista; e paisagens e povos originários e tradicionais no Brasil.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis gê ê zero um
  • ê éfe zero seis gê ê zero dois

Paisagem geográfica é mais um conceito-chave da Geografia. Este Percurso, além de conceituá-la, apresenta diversas possibilidades para sua abordagem, remetendo especialmente às modificações ao longo do tempo, colaborando, assim, para desenvolver a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero um.

Além disso, o Percurso busca desenvolver a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero dois ao destacar a diversidade de povos indígenas no Brasil e a particular relação dessas populações com o meio em que vivem.

As forças naturais, como a ação das águas, dos ventos, dos terremotos, das erupções vulcânicas etcétera, transformam o espaço e, consequentemente, a paisagem.

Fotografia A. Ao fundo, vista de uma grande montanha coberta de neve em alguns pontos e o céu azul. Ao redor, vasta vegetação. À frente, grandes árvores.
Fotografia B. Ao fundo, vista de uma grande montanha com topo destruído, céu com nuvens. À frente, vasto espaço sem vegetação.
Vulcão Santa Helena (Saint Helens), no estado de Washington, noroeste dos Estados Unidos. Na foto A, paisagem um dia antes da erupção de 17 de maio de 1980; na foto B, paisagem posterior à erupção, em setembro do mesmo ano. A lava, misturada a fragmentos de rochas, gases e poeira, devastou mais de 10 milhões de árvores, modificando a paisagem.
Grafismo indicando atividade.

Após a erupção do vulcão Santa Helena, quais alterações na paisagem você percebe?

Orientações e sugestões didáticas

Após a erupção do vulcão Santa Helena, além da alteração da cratera do vulcão, ocorreu a devastação da floresta próxima a ele.

As forças sociais decorrem das ações humanas e também transformam o espaço e modificam a paisagem. É o caso da construção de indústrias, rodovias, aeroportos, usinas hidrelétricas, pontes e prédios ou da criação e da ampliação de campos de cultivo e pastagens, entre outros exemplos.

Fotografia C. Em preto e branco. Vista de uma extensa avenida asfaltada, com veículos circulando e várias árvores nas margens. Há alguns prédios elevados e diversas casas nas laterais da avenida. 
Fotografia D. Vista de uma extensa avenida com uma ciclovia no centro dividindo os sentidos da via. Nas laterais há diversos prédios elevados, alguns com antenas grandes no tôpo, e há algumas árvores ao longo da avenida. Não há veículos circulando e há diversas pessoas andando pelos dois sentidos da avenida.
Dois momentos da transformação da paisagem na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo. Na foto C, a Avenida Paulista em 1957. Na foto D, a Avenida Paulista em um domingo de 2021, dia em que o tráfego de veículos é proibido e as pessoas aproveitam a avenida para o lazer.
Grafismo indicando atividade.

Observando as duas paisagens do mesmo local, quais mudanças e permanências podem ser percebidas?

Orientações e sugestões didáticas

Ao observar as fotos C e D, espera-se que os alunos apontem as seguintes mudanças: na foto de 2021, percebem-se a concentração de grandes edifícios; a diminuição significativa no número de árvores que antes existiam na avenida; o alargamento da avenida; e o aumento no tráfego de veículos. A permanência a ser destacada é a existência da própria avenida.

As mudanças nas paisagens podem ocorrer lenta ou rapidamente. A erupção do vulcão Santa Helena, por exemplo, provocou uma mudança rápida da paisagem.

Entretanto, uma construção pode permanecer durante muitos anos na paisagem urbanaglossário , representando, até mesmo, a história da localidade. Nesse caso, essa construção é uma permanência da paisagem, mesmo que seu entorno tenha sido mudado ou alterado.

Orientações e sugestões didáticas

Ressaltamos que as relações de pertencimento e identidade são indissociáveis do desenvolvimento do sentido de alteridade. Assim, ao observar imagens de distintos espaços e épocas, os alunos estarão também se relacionando com o outro, conhecendo mais sobre si e sobre o seu espaço de vivência no mundo.

Aconselhamos explorar as fotografias e as respectivas questões orais sistemáticas, que também deverão ser ampliadas. Note que as fotografias A e B apresentadas para trabalhar as forças naturais representam paisagens menos transformadas pela ação humana, enquanto as fotografias C e D são disponibilizadas para explicar as forças sociais, pois representam paisagens bastante alteradas pela ação antrópica. Convém chamar a atenção dos alunos para o fato de que as paisagens muito alteradas pela ação do ser humano sofrem constantemente a influência de forças naturais. Paralelamente, as paisagens com predomínio de aspectos naturais são vulneráveis à influência da ação antrópica. As duas forças, portanto, atuam constantemente, mesmo que não sejam explícitas, com maior ou menor intensidade, em contextos espaciais e épocas específicas.

Atividade complementar

Os alunos podem apresentar dificuldades em perceber as mudanças e as permanências na paisagem geográfica. Estimule-os a observar as transformações na paisagem do lugar onde vivem. Peça a eles que procurem em livros, jornais, revistas ou na internet fotografias que retratam o município em que vivem. Converse sobre as possíveis causas das mudanças paisagísticas, levando em conta o que foi discutido sobre forças naturais e sociais. Esse tipo de atividade colabora para que os alunos conheçam o lugar de vivência, construindo, assim, uma identidade e aprendendo a valorizar as memórias e as marcas do passado presentes na paisagem.

3. Algumas paisagens são protegidas

Tanto as paisagens naturais como as culturais podem ser protegidas por lei, ou seja, não podem sofrer alterações pela ação humana.

Para serem protegidas, as paisagens precisam possuir certa importância. São protegidas, por exemplo, paisagens naturais que apresentam grande biodiversidadeglossário , como também valor cênicoglossário , e paisagens culturais que representam a memória de um povo, como construções históricas, ou que têm beleza arquitetônica.

Fotografia. Vista de diversas construções grandes e com muitas janelas. As construções são casarões e igrejas e estão posicionadas na parte alta e baixa de morros com muita vegetação. Ao fundo, grandes montanhas com vegetação.
Vista da cidade de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais (2020). Fundada no século dezoito com o nome de Vila Rica, durante a exploração de ouro e pedras preciosas, a cidade atualmente constitui uma paisagem cultural protegida.
Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – ifãn

https://oeds.link/U1Pz5C

Ao acessar este portal você poderá conhecer aspectos culturais da paisagem, assim como áreas e edificações protegidas por lei no Brasil.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No município em que você vive, há paisagens protegidas por lei? Você acha que existe alguma paisagem que deveria ser protegida? Por quê?

Orientações e sugestões didáticas

Para responder às perguntas do boxe No seu contexto, espera-se que os alunos se informem sobre a existência de alguma paisagem natural ou cultural protegida por lei. Isso pode ser feito por meio da internet ou na prefeitura. Incentive-os a apontar paisagens do espaço de vivência deles que devam ser protegidas por lei e o porquê, despertando neles um olhar mais atento à preservação e à conservação ambiental e patrimonial da localidade em que vivem.

4. Paisagem e desigualdades sociais

Nas grandes cidades, é comum encontrarmos paisagens que revelam desigualdades sociais.

Podemos observar bairros com residências e prédios comerciais luxuosos, servidos de abastecimento de água, rede de esgoto, coleta de lixo, iluminação elétrica, vias asfaltadas, postos de saúde públicos, escolas, transporte urbano etcétera e, próximo a eles ou ainda na periferia, favelas ou bairros com moradias precárias destituídas desses serviços básicos.

A diferença de rendimentos entre os habitantes influi na ocupação do espaço urbano e, consequentemente, dá origem a paisagens que retratam as desigualdades sociais.

Fotografia. Vista de área urbana. Do lado esquerdo da imagem, parte de uma favela com muitas construções baixas, feitas de alvenaria, sem acabamento, e com padrão irregular. Do lado direito, diversos prédios altos, de elevado padrão de construção e com vegetação no entorno. No primeiro plano, à direita, um prédio com diversos terraços com piscina. Ao fundo, vegetação, construções e céu azul.
Vista de prédios modernos, à direita e ao fundo, e da favela de Paraisópolis, à esquerda, na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo (2019).
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a relação paisagem e desigualdades de renda entre os moradores de uma cidade, tenha em mente desenvolver a criticidade dos alunos, discutindo com eles o fato de que muitos residentes de bairros precários ou favelas são trabalhadores, mas nem sempre o trabalho que exercem é valorizado pela sociedade em geral, além de conviverem com condições de vida e infraestrutura precárias em razão da ausência ou insuficiência de políticas públicas consistentes, da qual decorre, entre outros fatores, a reprodução da desigualdade social.

Comente com os alunos que a renda corresponde ao ganho em dinheiro proveniente de qualquer atividade profissional por determinado período ou ainda a ganhos resultantes do trabalho assalariado.

Atividade complementar

Aborde a degradação das paisagens promovendo, por exemplo, uma discussão sobre o descarte e a destinação de resíduos. Por meio dela, tenha em vista desenvolver a consciência e práticas de consumo conscientes junto aos alunos relacionadas ao tema contemporâneo transversal Educação para o Consumo. Inicialmente, por meio de fotos, diferencie para os alunos os lixões a céu aberto, um exemplo de paisagem degradada pela ação humana, dos aterros sanitários, que são mais adequados para receber os resíduos sólidos. Comente que grande parte do que o ser humano produz e consome gera resíduos que provocam poluição no meio ambiente. Espera-se que os alunos compreendam que também são responsáveis pela transformação da paisagem, por isso, peça que reflitam sobre a quantidade de lixo que produzem diariamente. Pergunte: “O que é feito desse lixo?”; “Que problemas decorrem da destinação inadequada do lixo?”; e “O que podemos fazer para a diminuição do lixo?”. Aprofunde explicações sobre as diferenças entre aterros sanitários, lixões, terrenos baldios etcétera Instigue-os a refletir sobre reciclagem e aproveitamento de materiais. Forneça explicações a respeito da importância da separação de diferentes tipos de resíduo. Sugerimos, como suporte de informações, a pesquisa sobre o Programa Nacional Lixão Zero, no portal do Ministério do Meio Ambiente.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa em pé com uma mochila grande nas costas, segurando uma vara.

Mochila de ferramentas

Leitura de paisagem

A leitura de uma paisagem leva em conta todos os seus elementos, dos mais próximos aos mais distantes em relação ao observador. Para isso, costuma-se dividi-la em partes, chamadas de planos de paisagem. Na foto abaixo, esses planos foram delimitados pelas linhas brancas.

Fotografia. Fotografia de uma paisagem dividida em quatro planos. Primeiro plano: área com árvores ao redor de uma grande plantação. Segundo plano: um lago cercado por área de terra com vegetação baixa, muitas árvores e algumas casas. Terceiro plano: grande área de plantação. Quarto plano: diversas montanhas e vales com vegetação baixa e árvores.
Propriedade com plantação de soja na zona rural do município de Ortigueira, no estado do Paraná (2016).

Como fazer

1. Observe e descreva

Primeiro plano: árvores e plantação de soja. Segundo plano: corpo de água (represa ou rio), séde da fazenda com construções e árvores. Terceiro plano: grande área de plantação de soja. Quarto plano: morros com áreas desmatadas, bosques esparsos e céu. A cor predominante na paisagem é o verde.

2. Investigue a história do lugar

O que havia nesse lugar? Talvez fosse ocupado por floresta. Observam-se algumas construções, áreas desmatadas para o cultivo e que o espaço foi construído com a participação do trabalho de várias pessoas.

3. Identifique as atividades humanas

Pratica-se agricultura e é possível ver a cultura de soja no primeiro e no terceiro planos da paisagem. Observam-se também algumas construções na séde da fazenda com vegetação rasteira e mais clara entre elas.

  1. O que se observa na paisagem é um espaço geográfico ou um espaço natural? Por quê?
  2. Essa paisagem ainda pode ser modificada? De que maneira? Há algum elemento natural de destaque que pode ser alvo de futura ação humana? Por quê?
  3. Se você estivesse nas áreas de plantio de soja retratadas, veria a mesma paisagem que vê agora? Por quê?
Versão adaptada acessível

3. Se você estivesse nas áreas de plantio de soja retratadas, perceberia a paisagem da mesma forma que percebe agora? Por quê?

Orientação para acessibilidade

Reforce que a percepção da paisagem não ocorre apenas por meio da visão. A audição, o olfato e o tato também são sentidos que permitem a realização da atividade, o aluno pode se imaginar na área da plantação e indicar como perceberia a paisagem. Peça para que indique quais cores, movimentos, odores ou sons seriam semelhantes ou diferentes comparando-se esse ângulo aos planos da paisagem representados na foto.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. É um espaço geográfico. Na paisagem estão presentes elementos culturais, resultantes das ações humanas, como plantações, casas etcétera Essa intervenção humana no meio natural é responsável pela construção do espaço geográfico.
  2. Verifique se os alunos compreendem que todas as paisagens estão em constante processo de modificação, tanto pela ação humana (construindo ou demolindo edificações, por exemplo) como pela ação da natureza (pela ação da água da chuva ou dos rios, por exemplo). Na foto, é possível identificar áreas de vegetação que poderiam sofrer devastação, corpos de água passíveis de ser poluídos e fórmas de relevo que poderiam ser modificadas. Vale ressaltar que o lago retratado pode ter sido criado pela ação humana, por meio do represamento de um rio ou da construção de um açude.
  3. Não, pois a paisagem muda de acordo com a posição do observador. Espera-se que o aluno reconheça que a posição do observador é um dado importante para o reconhecimento da paisagem. Ou seja, a posição do observador influencia a maneira como ele vê a paisagem, e o seu estudo pode necessitar de diferentes ângulos ou pontos de observação. Caso os alunos tenham dificuldade em responder ao enunciado da questão com base na foto, apresente o exemplo de uma pessoa no alto de um edifício e como ela vê a paisagem de fórma diferente de outra pessoa que esteja na rua. No primeiro caso, a paisagem observada será bem mais extensa do que aquela vista pela pessoa que está no plano da rua. Portanto, ao observar determinada paisagem, é importante considerar a posição do observador em relação a ela.

5. Paisagens e povos originários e tradicionais no Brasil

No mundo há diferentes sociedades, que criam maneiras distintas de viver e se relacionar com seus lugares e, assim, transformam o espaço geográfico de diversas fórmas ao longo do tempo. Há povos que vivem em desertos, há os que vivem em grandes cidades, em áreas montanhosas, no litoral ou em ilhas nos oceanos.

Há uma grande diversidade de povos indígenas no Brasil, considerados povos originários ou seja, autóctones, da própria terra, nativos , que vivem em diferentes localidades. Apenas para citar alguns exemplos, há povos indígenas vivendo no litoral (os Pataxó, na Bahia) ou no interior do país (os Kaingang, em estados das Grandes Regiões Sul e Sudeste), em florestas (os caxinauá, na Floresta Amazônica), em áreas isoladas (os Kanoê, de Rondônia) e nas cidades ou próximos a elas (os Tapeba, em Caucaia, município vizinho de Fortaleza, e os Pankararu, etniaglossário com muitos representantes vivendo na cidade de São Paulo).

De modo geral, em nosso país, os valores e as práticas culturais, sociais e econômicas dos povos indígenas e também dos demais povos e comunidades tradicionaisglossário colaboram para a manutenção da biodiversidade, das paisagens naturais e do equilíbrio ecológicoglossário nos espaços que habitam.

Por terem uma relação de dependência com os recursos naturais que mantêm a sua sobrevivência física, cultural, econômica e política, ao longo do tempo, muitos desses povos e comunidades desenvolveram conhecimentos e técnicas menos predatórios, apropriando-se dos recursos naturais de maneira respeitosa, harmônica e sustentávelglossário .

No caso dos indígenas e de alguns outros povos, por exemplo, a terra tem valor sagrado e a natureza é tida como fonte de vida. Eles usam os recursos da natureza apenas para obter os meios de sobrevivência, por meio da caça e pesca, do plantio de roças rotativas, da extração de produtos vegetais etcétera, respeitando o que a natureza oferece e seus ritmos. Tal fato contribui para a preservação de paisagens geográficas e para uma menor interferência no meio natural.

Fotografia. Vista de uma grande área aberta coberta por vegetação verde. No primeiro plano, um círculo de  construções indígenas longas, uma ao lado da outra. As construções têm telhado de palha. No centro, um grande círculo de terra batida com uma construção indígena.
Vista aérea da aldeia da etnia enauenê nauê no município de Juína, estado de Mato Grosso (2020). A aldeia é circular, com casas comunais circundando uma área limpa de vegetação.
Grafismo indicando atividade.

Aponte as diferenças que você observa ao comparar essa paisagem com aquela retratada na página 17, que mostra a favela de Paraisópolis e prédios modernos na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo.

Orientações e sugestões didáticas

Ao compararem as paisagens, espera-se que os alunos identifiquem a maior alteração dos elementos naturais da paisagem na fotografia da página 17, além de observar, na fotografia desta página, a ausência de elementos que indiquem degradação ambiental e desigualdade social. Ainda poderão ser apontados as casas comunais da aldeia enauenê nauê e o seu contraste em relação ao uso desigual do solo urbano de acordo com a renda dos habitantes da cidade.

Com base no texto e nos seus conhecimentos, selecione e apresente argumentos que conscientizem os alunos sobre as territorialidades étnico-culturais de indígenas, como também de outras comunidades e povos tradicionais (remanescentes de quilombos, povos das florestas e do cerrado, ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade). Ressalte princípios dos Direitos Humanos como: igualdade de direitos, promoção das diversidades e dignidade humana.

No caso dos povos indígenas originários, considere a foto e explique que a aldeia e as terras que a circundam constituem um território indígena, fonte de subsistência por meio da caça, da pesca e do plantio. Esse território é impregnado de ancestralidade, tradições e crenças e é foco de movimentos sociais indígenas, que lutam por direitos, contrapondo-se muitas vezes a interesses econômicos que representam uma ameaça ao modo de vida indígena.

Comente com os alunos que povos originários são os povos autóctones, nativos, da própria terra. No Brasil, refere-se à diversidade dos povos indígenas que constituíam a população que vivia no território que atualmente corresponde ao país e aos descendentes desses povos, que sobreviveram ao processo de colonização instituído pelos povos europeus.

Interdisciplinaridade

Pondere com os alunos que cada etnia indígena constrói e manifesta sua cultura de acordo com os recursos naturais disponíveis no ambiente em que vive e do qual recebe influência, produzindo paisagens. Com base nesse enfoque, considere articular o seu trabalho com o do professor de História, que poderá contribuir desenvolvendo a habilidade ê éfe zero seis agá ih zero cinco desse componente curricular, descrevendo e analisando as modificações na natureza e na paisagem causadas por diferentes sociedades, em particular a dos povos originários.

Com o professor de História, também sugerimos desenvolver um projeto para ampliar a abordagem do tópico desta página, o que poderá conscientizar e motivar os alunos a se engajarem em relação à diversidade cultural da sociedade brasileira e aos grupos minoritários, como indígenas e quilombolas, percebendo sua relevância histórica, condições de vida e luta por direitos nos dias atuais. O professor de Arte também poderá contribuir desenvolvendo a habilidade ê éfe seis nove á érre três quatro desse componente curricular, trazendo a discussão sobre patrimônio cultural brasileiro, material e imaterial, considerando suas matrizes indígenas, africanas e europeias de diferentes épocas.

Atualmente, em nosso país e em outros, muitas pessoas e sociedades adotam o modelo de vida predominante no mundo, ou seja, baseiam seus estilos de vida no consumo, interpretando a natureza e toda a sua biodiversidade como fonte de lucro, como recursos naturais a serem transformados em mercadoria, comercializados e valorizados de acordo com a sua utilidade imediata. Desse modo, as paisagens naturais são modificadas, por exemplo, com a devastação de florestas, que são substituídas por pastagens, cultivos agrícolas ou áreas de mineração.

Tal fato contribui para um rápido processo de transformação do meio natural e das paisagens e, consequentemente, afeta os meios de vida e as culturas dos povos originários e das comunidades tradicionais. Isso acontece porque o aumento da exploração dos recursos naturais e a degradação ambiental colocam em risco ecossistemasglossário pouco modificados nos ambientes em que geralmente essas populações vivem.

Fotografia. Multidão de pessoas aglomeradas, entre elas, muitas mulheres. As pessoas usam máscaras de proteção sobre a boca e o nariz, cocares de penas coloridas na cabeça, pintura no rosto e seguram cartazes com frases.
Mulheres indígenas em manifestação na cidade de Brasília, Distrito Federal (2021), pela demarcação das terras que ocupam tradicionalmente.
Fotografia. Vista de uma imensa hidrelétrica. À frente, um grande espaço de água. No meio, um  paredão de concreto, que vai de uma margem a outra. Na parte inferior do paredão estão diversos vãos por onde passam as águas. Ao fundo, uma grande faixa de rio cercado por vegetação.
Vista da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no município de Vitória do Xingu, estado do Pará (2018). Essa obra causou profundas alterações na paisagem e um conjunto de desastres sociais e ambientais que afetaram a vida de povos indígenas, pescadores, pequenos agricultores e moradores de cidades da região, como Altamira, no estado do Pará.
Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

Belo Monte: depois da inundação.

Direção: Tód . Brasil: Tód , 2016. Duração: 51 minutos

O documentário discute os impactos socioambientais da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no estado do Pará.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você já pensou que a fabricação de alguns produtos que consome no dia a dia pode contribuir para a destruição de paisagens e do modo de vida de outros povos?

Orientações e sugestões didáticas

A questão do boxe No seu contexto oportuniza refletir com os alunos sobre o tema contemporâneo transversal Educação para o Consumo, estimulando-os a propor ações no seu dia a dia para a resolução de questões socioambientais em âmbito regional, nacional e global e a posicionar-se com base em princípios éticos e sustentáveis. Motive-os a refletir sobre as matérias-primas e os recursos naturais usados para fabricar produtos industrializados como a madeira para móveis, o couro para roupas, o aço para carros, a carne e a soja como alimentos e o ouro para os circuitos eletrônicos de computadores e smartphones, entre outros.

Por meio do boxe No seu contexto, desenvolva o princípio da conexão, fundamental ao raciocínio geográfico. Leve o aluno a perceber que suas ações não são isoladas ou separadas, mas, sim, ligadas a outras ações, envolvendo contextos mais amplos, que provocam impactos na natureza, nas paisagens e em outras sociedades em diferentes escalas. Busque desenvolver o raciocínio geográfico explorando o trabalho com escalas geográficas (multiescalaridade). A proposta também permite que os alunos mobilizem a Competência Específica de Geografia 7: “Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários”.

Temas contemporâneos transversais

A discussão proposta na página permite abordar o tema contemporâneo transversal Educação para o Consumo. Explore as imagens e a sugestão de audiovisual no boxe Pausa para o cinema para discutir, com base em um caso concreto, as consequências espaciais do consumismo, tanto para paisagens como para outros modos de vida. Tal reflexão permite identificar com criticidade o apelo ao consumo exacerbado e as diferenças de acesso aos bens de consumo em nossa sociedade.

A essa discussão associa-se outro tema contemporâneo transversal: a Educação Ambiental. Ser crítico ao modelo de consumo atual implica preocupar-se com os problemas humanos, sociais e ambientais. A preservação do meio ambiente, por exemplo, exige a criação de novos comportamentos, responsáveis do ponto de vista da relação com o outro e com o meio ambiente.

Ícone. Seção Rotas e encontros. Composto por uma placa amarela com o desenho de duas mãos se cumprimentando.

Rotas e encontros

O RÓ para os povos da etnia auê xavante-Xavante

Leia o depoimento de um ancião da etnia auê xavante-Xavante, no qual ele descreve a importância da preservação das paisagens naturais para seu povo, que habita áreas do estado de Mato Grosso.

“O auê xavante-Xavante depende do cerrado e o cerrado depende do auê xavante-Xavante. Os animais dependem do cerrado, e o cerrado depende dos animais. Os animais dependem do auê xavante-Xavante, e o auê xavante-Xavante depende dos animais. Isso é o RÓ. RÓ significa tudo para os caçadores auê xavante-Xavante: o cerrado, os animais, os frutos, as flores, as ervas, o rio e tudo mais. Nós queremos preservar o RÓ. Através do RÓ garantiremos o futuro das novas gerações: a comida, os casamentos, os rituais e a fôrça de ser auê xavante-Xavante. Se estiver tudo bem com RÓ, continuaremos a ser auê xavante-Xavante. O caçador anda no RÓ e aprende a amá-lo. reticências Antigamente o RÓ era assim: havia a aldeia, em volta a roça, em volta as frutas, em volta a caça junto com os espíritos, em volta mais caça e mais caça sempre junto com os espíritos. Os espíritos ajudavam a descobrir os segredos que o RÓ escondia: onde estava a fôrça do caçador, onde estava a caça, onde tinha cobra e outros segredos. Os caçadores iam pegar a caça mais longe da aldeia, assim os animais fugiam em direção à aldeia. Depois os caçadores iam a outro lugar longe da aldeia. Assim os filhotes iam crescendo sempre e esqueciam a tragédia da caçada. Mais longe que isto só estavam o céu e a outra aldeia onde moram os mortos. Mas hoje os rapazes não estão aprendendo a amar o RÓ, nunca andaram, caçaram, nem sabem cuidar dele, querem plantar arroz e soja. Hoje as novas gerações querem comprar comida de fóra, esqueceram que a comida vem do RÓ, não da cidade.”

MIRANDA, Xanda. Educação indígena: uma visão a partir do meio ambiente. In: MELLO, Soraia Silva de; , raquel (coordenação). Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação/Ministério do Meio Ambiente/Unesco, 2007. página 191-192.

Fotografia. Família composta por vinte crianças e sete adultos, sendo dois mais velhos. As crianças e os adultos homens estão sem camisas, descalços e tem cabelos lisos e pretos, apenas um tem cabelos brancos. As mulheres usam blusa e têm cabelos lisos e pretos. Todos eles estão em um lugar com chão de terra batida. Atrás, uma construção com telhado de palha.
Família indígena da etnia Xavante na Aldeia São José, Terra Indígena Parabubure, no município de Campinápolis, estado de Mato Grosso (2021).

 Interprete

1. O que significa o RÓ na cultura da etnia auê xavante-Xavante?

 Argumente

2. Imagine que você tenha que explicar para uma pessoa a relação de povos indígenas com a terra, a natureza e os lugares onde vivem. Quais fatos e ideias apresentados no texto poderiam ajudá-lo?

 Viaje sem preconceitos

3. Quando você conhece pessoas de culturas diferentes da sua, procura compreendê-las por meio do diálogo, buscando o que têm em comum, ou costuma julgá-las apenas de acordo com a sua cultura?

Orientações e sugestões didáticas

Competências

A seção aborda a diversidade cultural e a preservação do meio ambiente, atentando para a noção de sustentabilidade, para o valor atribuído à natureza pelas diferentes gerações dos e pelas distintas sociedades humanas. O tema mobiliza as Competências Gerais da Educação Básica 7 e 9, as Competências Específicas de Ciências Humanas 1 e 4 e a Competência Específica de Geografia 6, definidas pela Bê êne cê cê (ver quadros das competências nas páginas cinco a sete deste manual).

Respostas

1. O RÓ abrange “o cerrado, os animais, os frutos, as flores, as ervas, o rio e tudo o mais”. Está relacionado com a sobrevivência física dos , mas também com a preservação e a continuidade de suas tradições culturais e simbólicas.

O depoimento do ancião da etnia pode ser analisado como um documento histórico, uma vez que se trata de um testemunho que fornece vestígios da visão de mundo, da linguagem e das características do período e do local onde viveu determinado povo ou sociedade. Para a Geografia, o trabalho com esse tipo de fonte histórica contribui para análise das mudanças nos espaços geográficos e para a compreensão da relação das pessoas com o lugar onde vivem. Ao analisar o depoimento, nota-se uma mudança de comportamento dos integrantes da etnia em relação à valorização do RÓ, indicando que essa crença pode sofrer mudanças geracionais, fato que reforça a importância desse registro para a transmissão da história e da memória dessa etnia.

  1. O espaço geográfico é sagrado para os indígenas, fonte de vida, e não fonte de lucro ou capital, mas, sim, sua morada. Explique que a sociodiversidade e a biodiversidade são inseparáveis e que o meio ambiente é um espaço relacional, no qual nem sempre a presença humana é intrusa ou degradante. Isso poderá contribuir para que os alunos valorizem e reconheçam os conhecimentos e os saberes dos povos indígenas e de outras comunidades como extrativistas, quilombolas, ribeirinhos etcétera
  2. Discuta com os alunos que preconceito é um juízo desfavorável, formado antecipadamente por um grupo social em relação a outro com base em características étnicas, culturais, religiosas etcétera Reflita sobre discriminação e intolerância, destacando a tendência que as pessoas têm de criar ou reproduzir conceitos e preconceitos no encontro de culturas, bem como a importância de fazer uma análise crítica de sua própria cultura por intermédio do olhar externo.
Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 1 e 2

Registre em seu caderno.

  1. Retome a leitura do texto “O espaço natural”, da página 13, e responda: você vive em um espaço natural? Explique sua resposta.
  2. Por que há poucos espaços naturais na Terra? Você sabe de algum?
  3. Ao derrubar uma floresta natural para desenvolver a agricultura ou a pecuária, que tipo de espaço o ser humano constrói? Por quê?
  4. Explique com suas palavras o que é paisagem geográfica e aponte elementos que ela pode conter.
  5. A paisagem geográfica e o espaço geográfico podem ser modificados por forças sociais? Explique o que são essas forças e em que se diferenciam das forças naturais, dando exemplos.
  6. Quem são os povos originários brasileiros? Explique por que esses povos promovem poucas alterações na paisagem geográfica.

7. Leia o texto, analise o mapa e responda às questões.

reticências Terra Indígena (tê Í) é uma porção do território nacional, de propriedade da União [Estado brasileiro], habitada por um ou mais povos indígenas, por ele ou elesutilizada para suas atividades produtivas, imprescindível à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e necessária à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

góv. Governo demarca 232,5 mil hectares de terras indígenas. Governo do Brasil, 18 abril2015. Disponível em: https://oeds.link/1sMLQm. Acesso em: 22 abril 2022.

Brasil: reservas e terras indígenas – 2017

Mapa. Brasil: reservas e terras indígenas 2017. Mapa do Brasil com destaque para reservas e terras indígenas, de acordo com a fase em que se encontram nos estados: regularizadas, homologadas, declaradas.  Estados com reservas e terras indígenas regularizadas: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Maranhão. Estado com reservas e terras indígenas homologadas: São Paulo, Bahia, Pará, Amazonas, Acre, Mato Grosso. Estados com reservas e terras indígenas declaradas: Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Maranhão.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 107.

  1. A quem pertencem as terras indígenas?
  2. Na unidade da federação onde você vive, há reservas ou terras indígenas? De acordo com o mapa, em que situação elas se encontram?
  3. Algumas pessoas demonstram preconceito em relação aos indígenas e se opõem ao direito de acesso dos grupos indígenas à terra. Na sua opinião, como é possível combater esse preconceito?
Orientações e sugestões didáticas

Em relação à atividade 7, explique aos alunos o que é a legenda do mapa, assunto que trataremos no Percurso 7, da Unidade 2.

Respostas

  1. A atividade propõe uma leitura inferencial, solicitando ao aluno que articule seus conhecimentos pessoais sobre o espaço onde vive com as informações do texto, de modo que crie significado para o conceito de espaço natural. Espera-se que ele conclua que vive em um espaço que é produto das ações humanas sobre a natureza: o espaço geográfico.
  2. Porque quase todos os espaços naturais da Terra sofreram a ação das sociedades humanas. Os alunos podem citar a maior parte da Antártida, trechos da Floresta Amazônica, trechos do Deserto do Saara etcétera
  3. Constrói espaço geográfico, pois ele resulta da ação humana sobre a natureza.
  4. Paisagem geográfica é aquilo que, no espaço, pode ser apreendido pelos sentidos. Ela contém elementos naturais e elementos culturais.
  5. Sim, as forças sociais podem modificar tanto a paisagem como o espaço geográfico. As forças sociais decorrem das ações das sociedades humanas sobre o espaço ou a paisagem, por exemplo, a prática da agricultura e da pecuária, a construção de hidrelétricas, indústrias, aeroportos etcétera As forças sociais diferenciam-se das forças naturais, pois estas decorrem de ações da própria natureza, como a ação das águas, dos ventos, dos terremotos e erupções vulcânicas etcétera
  6. Povos originários são os nativos da própria terra, como os indígenas no Brasil. O modo como esses povos vivem causa poucas alterações no meio natural e, logo, nas paisagens, pois eles têm relação íntima com a natureza e a terra que ocupam, delas dependendo a sua sobrevivência.
    1. As terras indígenas pertencem à União.
    2. Resposta pessoal. Oriente a leitura do mapa e esclareça que as tê Ís (Terras Indígenas) são áreas criadas pelo Estado e destinadas a grupos indígenas de origens e culturas diversas e não correspondem, necessariamente, às áreas tradicionalmente ocupadas por esses grupos, podendo ser doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União. Ajude-os a identificar a presença e a situação das tê Ís. O processo de demarcação de tê Ís evolui a partir da etapa de estudo para as de delimitação, declaração, homologação e regularização (e interdição nos casos em que se busca proteger povos indígenas isolados). As tê Ís declaradas correspondem às áreas reservadas para uso exclusivo dos povos indígenas, que receberam autorização para serem demarcadas fisicamente; as tê Ís homologadas têm limites demarcados fisicamente, georreferenciados, com reconhecimento homologado por decreto presidencial; as tê Ís regularizadas são aquelas que, após homologação, já se encontram registradas em cartório em nome da União.
    3. Preconceito é combatido com conhecimento. Os indígenas têm uma relação íntima com a terra. Essa relação garante a sociodiversidade, a biodiversidade e a sustentabilidade, beneficiando a todos. Promova uma roda de conversa para que os alunos exponham suas opiniões a respeito do assunto.

8. Leia o texto, observe a foto e responda às questões.

Projetada pelo próprio morador, a mansão construída em 1935 na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, abrigou a família do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo até meados de 1980.

Restaurada, a mansão foi transformada em espaço cultural no ano de 1991 e, atualmente, a construção abriga o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, um museu onde está o acervo das obras do poeta. Nesse espaço, também acontecem apresentações e oficinas literárias, saraus, exposições ligadas à literatura, entre outras atividades.

Fotografia. Vista de um sobrado com varanda, muitos detalhes na fachada, com várias janelas e portas. Ao lado e em frente ao sobrado há um grande jardim com várias plantas.
Fachada do Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, na cidade de São Paulo, no estado de São Paulo, em 2021.
  1. Originalmente, qual era a função da construção conhecida hoje como Espaço Haroldo de Campos?
  2. Com o passar do tempo, essa função mudou? Justifique sua resposta.
  3. Essa construção pode ser considerada uma permanência na paisagem da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo? Explique.
  4. No bairro onde você vive, há elementos que permaneceram na paisagem com o passar do tempo? A função deles ainda é a mesma? Se não, qual é a atual função? Pesquise sobre isso com familiares e moradores mais antigos do bairro, redija um pequeno texto sobre o assunto e ilustre-o com uma foto ou um desenho com esses elementos.

9. Compare estas paisagens e responda às questões.

Fotografia A. Vista de uma área com um rio muita vegetação  e algumas moradias com cobertura de palha e uma faixa de rio entre a vegetação.
Vista da Aldeia apiútcha, etnia Ashaninka, à margem do Rio Amônia, município de Marechal Thaumaturgo, no estado do Acre (2021).
Fotografia B. Vista de uma área com muitos prédios de tamanhos e formas variadas, com ruas asfaltadas, muitos carros e poucas árvores.
Vista de parte da cidade de São Luís, no estado do Maranhão (2021).
  1. Descreva as paisagens A e B. Em qual delas a natureza foi mais alterada?
  2. O modo de vida das sociedades que habitam os espaços mostrados nas paisagens A e B é o mesmo? Em sua opinião, de que maneira isso influencia a maior ou menor transformação da natureza?

10. Leia o fragmento de texto.

“Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança é a paisagem . Não apenas formada de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etcétera

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. página 61.

Com base no trecho lido, solte a imaginação e visualize uma paisagem. Descreva-a e indique as cores, os sons, os odores, os movimentos e os volumes que nela existem. Depois, desenhe-a.

Versão adaptada acessível

10 Leia o fragmento de texto.

“Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança é a paisagem […]. Não apenas formada de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons etc.”

SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. p. 61.

Com base no trecho lido, imagine uma paisagem. Descreva-a e indique as cores, os sons, os odores, os movimentos e os volumes que nela existem. Depois, represente-a.

Orientação para acessibilidade

O aluno pode apresentar oralmente a sua descrição da paisagem aos colegas. Estimule-o a detalhar os aspectos selecionados para desenvolver a habilidade de descrição.

Orientações e sugestões didáticas
  1. Nesta atividade, os alunos desenvolvem a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero um da Bê êne cê cê: Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
    1. Era a moradia da família do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo.
    2. Sim, a função da construção mudou ao longo do tempo: de moradia, que era, passou a ser um espaço cultural, um museu.
    3. Sim, essa construção pode ser considerada uma permanência na paisagem, pois, embora tenha mudado de função, a construção, enquanto elemento da paisagem, passou por poucas alterações ao longo do tempo.
    4. Respostas pessoais. Peça aos alunos que contem o que descobriram em suas pesquisas. Pergunte quais elementos do bairro mudaram de função e quais continuam com a mesma. Se julgar conveniente, peça que os alunos organizem os textos em uma pasta e, se possível, exponham-na na biblioteca da escola para que a comunidade possa folheá-la e conhecer o trabalho realizado.
  2. Nesta atividade, os alunos desenvolvem a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero dois da Bê êne cê cê: Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários.
    1. Na foto A, trata-se de uma paisagem na qual predominam elementos naturais como matas, bosques, florestas, rios; já na paisagem da foto B, predominam elementos culturais: ruas, prédios, veículos etcétera A natureza foi mais alterada na paisagem mostrada na foto B.
    2. Não, os modos de vida das pessoas que habitam os espaços retratados nas duas fotos são diferentes. As respostas dos alunos devem refletir a compreensão de que as diferentes sociedades atuam sobre a natureza transformando-a, em maior ou menor grau, de acordo com seu modo de vida, suas necessidades e seus interesses, percebendo que, comparativamente, os povos originários pouco alteram a natureza em função do seu modo de vida.
  3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos mencionem uma paisagem e seus elementos naturais, culturais, além das cores de objetos ou lugares, sons de pássaros ou de carros, entre outros.

PERCURSO 3 LUGAR GEOGRÁFICO

1. O que é lugar?

Para a Geografia, lugar é uma parte ou porção do espaço geográfico que assume grande significado por ser nosso espaço de vivência. Isto é, no lugar, construímos as relações que mantemos com as pessoas no dia a dia e, além de conhecermos a paisagem, dela fazemos parte e com ela interagimos. É na relação com o lugar que os seres humanos ou as sociedades constroem ou produzem o espaço geográfico.

Geralmente, os lugares não se encontram isolados, uma vez que se relacionam com outros lugares próximos e distantes e podem influenciar ou ser influenciados por eles. Atualmente, isso ocorre mais intensamente do que no passado, em razão do grande desenvolvimento dos meios de comunicação telefonia, jornais, revistas, televisão, internet etcétera e de transporte rodoviário, aeroviário etcétera

Um fato ocorrido em um lugar distante é transmitido instantaneamente ao lugar em que vivemos, podendo alterar as nossas ideias e os nossos hábitos e costumes. Reflita, por exemplo, sobre a moda, divulgada não só nos desfiles, mas também em jornais, revistas, novelas e filmes. Muitos espectadores de novelas e filmes, ao se identificar com as personagens, passam a imitar seu modo de vestir, seus gestos e suas expressões.

Observe as fotos A e B.

Fotografia A. Vista de uma rua asfaltada com pedras irregulares. Nas laterais das ruas estão diversos casarões com janelas e portas grandes. Nas ruas há algumas pessoas caminhando.  
Fotografia B. Vista de uma praia, com algumas pessoas com guarda-sol na areia. No primeiro plano, vegetação baixa. Ao fundo, o mar em tons de verde e ondas. Entre o mar e a faixa da areia estão diversas rochas de tamanhos variados.
Na foto A, pessoas caminham na cidade histórica de Tiradentes, no estado de Minas Gerais (2018). Na foto B, banhistas na Praia de Tambaba, município de Conde, no estado da Paraíba (2019). Os lugares retratados são frequentados por moradores locais e turistas. Geralmente, moradores possuem identidade e vínculos afetivos com o lugar onde vivem; enquanto os turistas geralmente estabelecem laços momentâneos com esses locais.
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Descreva o lugar onde você mora e o seu sentimento com relação a ele.

Orientações e sugestões didáticas

Espera-se que o aluno descreva sua casa e sua rua. Indo mais longe, poderá descrever as relações com as pessoas (vizinhos, amigos, colegas, comerciantes etcétera) e mostrar ou não afeição pelo lugar em que vive. Sugerimos ao professor a seguinte leitura: fu én uai a éf il. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: Eduel, 2012.

Percurso 3

No Percurso 3, o lugar, outro conceito-chave da Geografia, é apresentado. Para isso, são discutidas as variadas dimensões ou escalas do espaço geográfico: do lugar à superfície terrestre e, entre eles, os espaços intermediários (do bairro à cidade, município, região, estado, país, continente, até a totalidade do planeta). O desenvolvimento das noções mencionadas relaciona-se com o princípio de conexão, elementar ao raciocínio geográfico. É importante que os alunos desenvolvam a capacidade de compreender que os fenômenos que ocorrem no lugar interagem com outros em lugares próximos ou distantes.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero seis gê ê zero um

O conteúdo trabalhado oferece condições para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis gê ê zero um, pois a definição e a compreensão do lugar como espaço vivido, apreendido, sentido, inserido no mundo e mesmo como expressão desse mundo fornecem subsídios para que o aluno compare suas modificações paisagísticas e seus usos em distintos tempos.

Atividades complementares

Procure sites que disponibilizem imagens de satélite. Imprima uma imagem de satélite correspondente à área da escola, identificando pontos de referência próximos. Leve para a sala de aula e mostre aos alunos. Em conjunto, peça que identifiquem, na imagem, locais que conhecem. Promova uma discussão explorando noções de “perto” e “longe”, por exemplo, pedindo que localizem pontos conhecidos que estejam a diferentes distâncias da escola. Por fim, peça-lhes que identifiquem construções, parques e outros elementos da paisagem. Permita que expressem o modo como se relacionam com esse lugar, destacando aquilo de que gostam e do que não gostam, justificando suas opiniões.

Caso considere pertinente, em outra atividade, valeria analisar com os alunos as desigualdades de acesso à internet no Brasil, abordando, inclusive, dados e informações relativos à pandemia mundial da Covid-19, no início da década de 2020. Nesse sentido, converse a respeito das lembranças e vivências dos alunos durante a pandemia, debatendo como ela afetou ou modificou a vida familiar, social e pessoal deles. Sugerimos problematizar, sobretudo, quais foram as mudanças relacionadas à vida escolar e de estudos dos alunos, principalmente no que se refere ao uso das tecnologias de informação e comunicação (tíc). Para contribuir com a ampliação dessa temática, consulte: í cê tê. Painel tíc: Pesquisa web sobre o uso da internet no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto Bê érre. primeira edição São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2021; CENTRO REGIONAL DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (cetíc.Bê érre). tíc Domicílios. Disponível em: https://oeds.link/K076O0; CENTRO REGIONAL DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (cetíc.Bê érre). tíc Domicílios 2020: lançamento dos resultados. Disponível em: https://oeds.link/WIrbPM. Acessos em: 25 abril 2022.

• O lugar geográfico, a menor dimensão do espaço geográfico

Ao estudar Geografia, você entrará em contato com várias dimensões ou escalas do espaço geográfico. A superfície terrestre corresponde à maior dimensão do espaço geográfico; o lugar corresponde à menor dimensão do espaço geográfico.

Tanto a superfície terrestre como os lugares são constituídos por elementos naturais relevo, clima, rios, vegetação, solo etcétera e elementos culturais ou humanos casas, ruas, campos de cultivo, estradas, indústrias etcétera , construídos pelas sociedades que neles vivem.

Cabe, assim, à Geografia compreender as interaçõesglossário entre os elementos naturais e culturais no processo de criação do espaço geográfico pelas sociedades humanas. Além disso, também é papel dessa ciência estudar como o espaço geográfico está organizado, se essa organização beneficia muitas pessoas e se há necessidade de modificá-la para o bem coletivo (fotos A e B).

Fotografia A. Vista de uma rua de terra, com muita vegetação baixa, pôças de água e entulhos. Nas laterais, algumas construções.
Fotografia B. Vista de uma rua asfaltada, com faixa de pedestres, semáforo, árvores no canteiro central e carros nas ruas.
Exemplo de contrastes do espaço geográfico. Na foto A, vista de um bairro da cidade de Teresina, capital do estado do Piauí (2019), desprovido de serviços básicos. Na foto B, vista de outro bairro de Teresina (2021), provido de serviços básicos, como rede elétrica e iluminação pública, placas de sinalização de trânsito, asfaltamento e rede de saneamento básico.
Grafismo indicando atividade.

Na localidade em que você vive, existem contrastes como esses?

Orientações e sugestões didáticas

Em relação aos contrastes representados nas fotos A e B, espera-se que o aluno, com seu senso de observação, aponte a provável existência desses contrastes e que identifique, no seu espaço de vivência, onde eles ocorrem bairro, rua etcétera

Vale ainda lembrar que, entre o espaço de maior dimensão a superfície terrestre e o de menor dimensão o lugar , existem espaços de dimensões ou escalas intermediárias.

Se pensarmos no exemplo de uma cidade no Brasil, considerando os elementos e as dimensões do espaço, do menor para o maior, existem, entre outros, a casa, a rua, o bairro, o município, o estado, o país, o continente e toda a superfície terrestre.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

O lugar onde você vive tem conexão com a internet? Se você já visitou’’ virtualmente outros lugares por meio dessa tecnologia, descreva-os.

Orientações e sugestões didáticas

As respostas do boxe No seu contexto são pessoais. Discuta com os alunos como a evolução dos meios de comunicação possibilitou que as pessoas ampliassem seus vínculos com pessoas e aspectos de localidades distantes.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Lugar em transformação

[narração – Rosiete]: Meu nome é Rosiete Marcos Santana, sou geógrafa e moro em Belém do Pará.

[narração – Rosiete]: Belém, a capital do estado do Pará, no norte do Brasil, foi fundada em ‎12 de janeiro de 1616. Campina e Reduto são dois de seus bairros mais antigos.

O bairro da Campina, mais conhecido como bairro do Comércio, teve sua ocupação iniciada nos séculos dezessete e dezoito e é uma área comercial e de serviços muito antiga de Belém, com inúmeras lojas, armarinhos, escritórios, cartórios e bancos.

Esse bairro passou por uma grande reforma urbana no período do final do século dezenove e início do século vinte, quando ocorreu a implantação de bondes, o alargamento de ruas, a arborização da cidade com mangueiras e a construção de praças.

Ainda hoje, encontramos edificações desse período, como o Teatro da Paz, de 1878, do período áureo da exploração da borracha, quando ocorreu um grande crescimento econômico na região amazônica; e o Cinema Olympia, hoje chamado de Espaço Municipal Cine Olympia.

Porém outras edificações desapareceram, dando lugar às novas, como a do Grande Hotel, que foi demolido para a construção de outro estabelecimento; e o Café da Paz, onde hoje está a sede de um banco.

Em Campina, há também um antigo porto fluvial que se transformou, no ano 2000, em um complexo turístico de Belém: a Estação das Docas, cujos armazéns abrigam atualmente restaurantes, lojas e espaços para eventos.

Atualmente, esse bairro vivencia o processo de construção de grandes edificações iniciado nessa área da cidade nas décadas de 1940 e 1950.

[narração – Rosiete]: O bairro do Reduto teve seu processo de ocupação iniciado nos séculos dezenove e vinte. Era um bairro industrial e também passou por uma grande reforma urbana.

Atualmente, algumas das antigas fábricas e vilas de operários desapareceram. Outras ainda existem, mas com novos usos. E novas edificações foram construídas, como bares, shopping center e inúmeros edifícios.

Desse modo, os edifícios antigos desses dois bairros centrais de Belém misturam-se às novas construções, de arquitetura moderna, criando nuances únicas na paisagem da capital paraense.

 

Orientações e sugestões didáticas

Explique que, por meio da internet e da informática em geral, crianças e adolescentes podem acessar uma variada gama de conteúdos para fins de aprendizado, pesquisa, como também para entretenimento e comunicação. No entanto, como na vida real, as maneiras virtuais de “estarmos no mundo” exigem prevenção, e há várias atitudes comportamentais e “cuidados” tecnológicos que permitem preservar nossa segurança. Sempre que oportuno, converse com os alunos a respeito dessa temática. Para trabalhar esse objetivo, você poderá encontrar subsídios interessantes na Cartilha de segurança para internet. Disponível em: https://oeds.link/xEJXf8. Acesso em: 25 abril 2022.

PERCURSO 4 TERRITÓRIO

1. Território: parte do espaço geográfico

O planisfério políticoglossário desta página mostra que os continentes, exceto a Antártida, estão divididos em vários países ou Estadosglossário .

Planisfério político

Mapa. Planisfério político. À esquerda Oceano Pacífico e os países do continente americano com os seguintes países identificados: Canadá, Estados Unidos, México, Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai, Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina. No centro do mapa, países europeus e africanos com os seguintes países identificados: Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Turquia, Argélia, Egito, Nigéria, Etiópia, Angola, África do Sul e Madagascar. À direita da África, o Oceano Índico. À direita, no mapa, países da Ásia e Oceania, com os seguintes países identificados: Rússia, Irã, Índia, China, Japão, Indonésia, Austrália e o Oceano Pacífico à direita. na parte inferior: Antártida. Na parte direita inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.290 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32.

Grafismo indicando atividade.

Cite o nome de dois países ou Estados que fazem fronteira com o território nacional do Brasil.

Orientações e sugestões didáticas

Os países ou Estados que fazem fronteira com o território nacional do Brasil são: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai (a Guiana Francesa não é um país ou Estado nacional, mas um departamento da França).

Atualmente, existem no mundo mais de 190 países ou Estados, que são delimitados por fronteiras limites do território de um Estado , como as representadas no planisfério político por linhas de cor cinza. O espaço territorial de um país é denominado território nacional.

Devemos, então, entender que o território nacional é o espaço da superfície terrestre sobre o qual um povo, por meio do Estado, exerce poder ou soberania, ou seja, o seu poder está acima do poder das demais entidades existentes no território empresas industriais, de serviços, comerciais, familiares e outras instituições (igrejas, partidos políticos, sindicatos etcétera).

Observe também no planisfério político que o território do Brasil é bem maior, ou mais extenso, do que o de seus vizinhos aqueles com os quais o Brasil faz fronteira.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 4

Neste Percurso, abordamos o conceito de território em suas várias dimensões, contemplando, portanto, outro conceito-chave da Geografia. Explicamos que existem territórios de menor dimensão que a de um país, exemplificando a questão da divisão político-administrativa do Brasil em estados e, em seguida, em municípios.

Para fins didáticos, faça uma analogia entre o conceito de território e o terreno no qual a escola está construída e delimitada. Sugerimos orientar os alunos a verificarem as divisas do terreno ocupado pela escola, se possível, com as medições dele. Nessa ocasião, já podem ser apresentados alguns conceitos de Cartografia, que constam da Unidade 2, como o de escala, caso deseje representar graficamente esse terreno.

A relação entre território e poder é ainda uma abstração para o aluno do 6º ano; entretanto, procuramos iniciá-lo nesse estudo por meio da exemplificação do poder que uma família exerce sobre o território ocupado por sua residência, relacionando-o com o poder exercido pelo Estado sobre o seu território. A noção de territorialidade será trabalhada nos anos posteriores.

No Percurso 4, os mapas são apresentados para desenvolver princípios de localização e extensão. Considere os conhecimentos cartográficos dos alunos e oriente-os na leitura desses materiais. Examine com eles o planisfério político. Na sequência, direcione-os na observação das linhas imaginárias, da rosa dos ventos e da escala, questionando-os a respeito dos seus significados. No Percurso 5, abordamos a rosa dos ventos e, no Percurso 7, a escala.

Fotografia. Vista de uma ponte com a base em fórma de arco sobre um rio extenso e largo. As margens têm vegetação. Após essa vegetação há diversas construções em  ambas as margens.
Fronteira entre o Brasil e o Paraguai cuja demarcação é o Rio Paraná. A Ponte da Amizade liga Ciudad del Este, no Paraguai (à direita), a Foz do Iguaçu (à esquerda), no Brasil (2019).
Fotografia. Vista de uma praça com várias árvores e  um grande monumento vertical de concreto no centro. Em frente há dois mastros, um ao lado do outro. No mastro à esquerda está a  bandeira do Brasil; no mastro à direita, a bandeira do Uruguai. Em frente, uma rua asfaltada com uma pessoa de bicicleta.
Fronteira entre o Brasil e o Uruguai: de um lado, a bandeira do Brasil, na cidade de Santana do Livramento, no estado do Rio Grande do Sul; de outro, a bandeira do Uruguai, na cidade de Rivera (2020).

• Territórios e unidades político-administrativas

Para facilitar a administração ou o governo de um país, o seu território é dividido em porções ou partes menores. O território nacional do Brasil, por exemplo, foi dividido em estados palavra escrita com inicial minúscula; o termo “Estado”, escrito com inicial maiúscula, é empregado para designar país.

Assim, o nosso território nacional foi dividido em 27 unidades político-administrativas ou unidades da federação, sendo 26 estados e o Distrito Federal.

Brasil: divisão política

Mapa. Brasil: divisão política. Mapa do Brasil com destaque para as unidades da federação e respectivas capitais. Estado: Rio Grande Do Sul. Capital: Porto Alegre. Estado: Santa Catarina. Capital: Florianópolis. Estado: Paraná. Capital: Curitiba. Estado: São Paulo. Capital: São Paulo. Estado: Rio De Janeiro. Capital: Rio De Janeiro. Estado: Mato Grosso Do Sul. Capital: Campo Grande. Estado: Minas Gerais. Capital: Belo Horizonte. Estado: Espírito Santo. Capital: Vitória. Estado: Mato Grosso. Capital: Cuiabá. Estado: Goiás. Capital: Goiânia. Distrito Federal. Capital: Brasília. Estado: Bahia. Capital: Salvador. Estado: Tocantins. Capital: Palmas. Estado: Sergipe. Capital: Aracajú. Estado: Pernambuco. Capital: Recife. Estado: Alagoas. Capital: Maceió. Estado: Piauí. Capital: Teresina. Estado: Paraíba. Capital: João Pessoa. Estado: Rio Grande Do Norte. Estado: Natal. Estado: Ceará. Capital: Fortaleza. Estado: Maranhão. Capital: São Luís. Estado: Pará. Capital: Belém. Estado Amapá. Capital: Macapá. Estado: Rondônia. Capital: Porto Velho. Estado: Acre. Capital: Rio Branco. Estado: Amazonas. Capital: Manaus. Estado: Roraima. Capital: Boa Vista. A distância entre as capitais Salvador e Manaus, em linha reta, é de 5,8 centímetros aproximadamente. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 430 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 90.

Ícone. Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Xingu Cariri Caruaru carioca.

Direção: béf . Brasil: 2015. Duração: 92 minutos

Documentário que retrata a diversidade cultural brasileira ao registrar a viagem do músico Carlos Malta por diversas unidades da federação em busca de músicos tocadores de pífano (ou pife, pequena flauta).

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

da federação faz ou fazem divisa (delimitação entre duas unidades da federação) com aquela em que você mora?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à pergunta do boxe No seu contexto depende da unidade da federação em que o aluno mora.

Trabalhe a interpretação do mapa da divisão política do Brasil com os alunos. Direcione a atenção deles para a legenda, o título, as linhas imaginárias, a rosa dos ventos e a escala. Faça perguntas que estimulem o raciocínio geográfico com o intuito de contribuir com o desenvolvimento dos princípios de extensão e localização. Pergunte, por exemplo: “Qual é o estado brasileiro de maior extensão e onde ele se localiza?”. A resposta remete ao Amazonas, localizado na fronteira com a Venezuela, a Colômbia e o Peru. Os alunos podem utilizar outras referências para responder sobre a localização. Permita que se manifestem e discuta as respostas com a classe.

Comente a indicação do boxe Pausa para o cinema relacionando o mapa da divisão política do Brasil com aspectos do território brasileiro. Explique que esse território se caracteriza pela diversidade cultural e natural. Além disso, faça relações com o que foi discutido anteriormente, destacando a ri­queza de paisagens e de povos presentes no Brasil. Chame a atenção dos alunos também para as desigualdades existentes no território brasileiro e reproduzidas nos estados e municípios. Promova uma roda de conversa sobre o que os alunos sabem a respeito das unidades da federação e de suas características culturais e econômicas, por exemplo.

Por sua vez, o espaço territorial dos estados do Brasil foi dividido em espaços territoriais menores, que correspondem aos municípios. Nesse sentido, tanto os estados como os municípios têm seus territórios demarcados. As divisas determinam os territórios dos estados e do Distrito Federal, ao passo que a abrangência territorial dos municípios é delimitada pelos chamados limites.

Além da divisão do território nacional em porções menores denominadas estados como se faz no Brasil, nos Estados Unidos e no México, por exemplo –, há países que dividem o seu território em províncias Argentina e Equador, entre outros , em departamentos Bolívia, Paraguai, Uruguai, França etcétera ou em porções com outras denominações.

Lembramos que a expressão “território” também é usada para designar área ou porção do espaço ocupada por:

  • grupos indígenas;
  • povos que ainda não se constituíram em Estado – povos sem Estado , como os curdos, que ocupam territórios da Turquia, da Síria, da Armênia, do Irã e do Iraque;
  • grupos de animais, que nela demarcam extensão por meio de substâncias excretadas – fezes, urina ou ainda, no caso de pássaros, pelo canto.

Roraima: divisão política

Mapa. Roraima: divisão política. Mapa do estado de Roraima com destaque para a capital de Roraima: boa vista e as sedes de município: Uiramutã, Pacaraima, Normandia, Amajari, Alto Alegre, Bonfim, Mucajaí, Cantá, Iracema, Caracaraí, São Luiz, Rorainópolis, São João da Baliza, Caroebe. Na parte superior esquerda de Roraima, a Venezuela. À direita de Roraima, a Guiana.
Abaixo de Roraima, os estados do Amazonas e para. Abaixo, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 80 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Mapa político do Estado de Roraima. Disponível em: https://oeds.link/fYZUKt. Acesso em: 22 abril 2022.

2. Território e poder

Da mesma fórma que um Estado exerce poder ou soberania sobre o seu território, nós também exercemos poder sobre o nosso território, ou seja, sobre o espaço ocupado por nossa habitação: a arrumamos da nossa maneira; recebemos nela pessoas que desejamos; a pintamos com a nossa cor preferida etcétera

Toda propriedade urbana ou rural casa, edifício, fazenda, sítio, fábrica, estabelecimento comercial etcétera é demarcada por divisas ou limites. O documento que assegura a propriedade a uma pessoa ou entidade chama-se escritura pública. Nela constam as dimensões, as divisas ou os limites do território da propriedade.

Assim, uma pessoa, um grupo de pessoas ou uma empresa, ao adquirir uma porção do espaço, considera essa porção seu território e sobre ela exerce poder.

Orientações e sugestões didáticas

O mapa da divisão político-administrativa de Roraima também deve ser explorado com questões que estimulem a observação e permitam aprofundar os princípios de extensão e localização. Ele pode ser usado como exemplo para explicar que os estados são divididos em municípios, os quais também podem ser considerados territórios. Comente que o município é uma unidade administrativa cuja séde ou instância do poder público que atende às suas necessidades específicas, é a cidade. Ressalte aos alunos que as linhas brancas no mapa da divisão político-administrativa do estado de Roraima representam os limites entre os seus municípios.

No que se refere à demarcação territorial realizada pelos animais citada no texto, explique aos alunos que a Zoogeografia (Geografia dos animais) é o ramo da Geografia que estuda as causas e as consequências da distribuição geográfica de comunidades animais e suas inter-relações com o meio ambiente.

Para aprofundar o tema território e poder, apresentado no tópico 2, consulte: rafestân, Clôd. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

Ícone. Seção Cruzando saberes. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa atravessando  na faixa de pedestres.

Cruzando saberes

Quilombolas e direitos territoriais coletivos

“A lógica predatória e imediatista do conquistador instaurou-se desde sua chegada às terras brasileiras, subjugando a natureza, bem como os povos originários e posteriormente os negros escravizados. reticências

Contudo, enquanto a conquista e consequente consumo dos recursos naturais avançava, transformando drasticamente as paisagens naturais, os povos que resistiam a serem explorados ou literalmente escravizados, no processo de desenvolvimento que se instalava, buscavam refúgio em áreas afastadas, sobretudo florestas, as quais consistiam em abrigo e possibilidade de vida em liberdade.

Os indígenas, como conhecedores e muitas vezes como parte da própria natureza reticências, buscavam quando possível esse distanciamento. A eles juntaram-se mestiços marginalizados e também negros que fugiam da escravização.

Desta fórma, pode-se afirmar que a história do negro no Brasil não se constitui somente de submissão, houve também diversas fórmas de resistência à escravização, como revoltas, fugas, assassinato de senhores reticências e a formação de quilombos reticências. Podemos dizer que os quilombos foram uma das primeiras fórmas de defesa dos negros, contra não só a escravização, mas também contra a discriminação racial e o preconceito que se estenderam para além da abolição da escravatura.

reticências

Atualmente, muitas são as comunidades quilombolas no Brasil que lutam pela permanência ou reconquista de seus territórios ancestrais, e via de regra estas entram em choque com os mais diversos interesses, sejam eles do poder público ou privado, pois seus territórios continuam a ser vistos ou como áreas disponíveis à expansão de atividades econômicas, ou como reservas intocáveis destinadas à preservação ambiental. reticências

SILVA, Simone Rezende da; NASCIMENTO, Lisangela Kati do. Negros e territórios quilombolas no Brasil. Cadernos Cedem, São Paulo, volume 3, número 1, página 23-24, 2012. Disponível em: https://oeds.link/RRTZX3. Acesso em: 18 outubro 2021.

Fotografia. Fotografia de diversas pessoas, sendo a maioria crianças. Elas usam roupas com estampas coloridas, lenços na cabeça e tocam tambores amarrados na cintura. Elas olham para um homem que está na frente delas. Ele usa um apito na boca e segura uma baqueta de madeira nas mãos. Ao fundo, outras crianças e adultos observam.
Inauguração de escola na comunidade quilombola de Sobara, no município de Araruama, estado do Rio de Janeiro (2019).

 Interprete

1. Por quais razões as comunidades quilombolas foram formadas?

 Argumente

  1. O que poderia ser feito para valorizar e respeitar a identidade de quilombolas e afrodescendentes na atual sociedade brasileira?
  2. Considere as informações do texto e crie um vídeo de um minuto argumentando sobre a importância da preservação das terras quilombolas.

 Viaje sem preconceitos

4. Você já sofreu ou presenciou situações de discriminação contra pessoas negras? Liste atitudes que ajudariam a combater essa fórma de violação dos Direitos Humanos.

Orientações e sugestões didáticas

Temas contemporâneos transversais

A seção Cruzando saberes trata da luta dos povos quilombolas por seus direitos e permite desenvolver os temas contemporâneos transversais Diversidade Cultural e Educação em Direitos Humanos. Considere que comunidades quilombolas são:

“grupos com trajetória histórica própria, cuja origem se refere a diferentes situações, a exemplo de doações de terras realizadas a partir da desagregação de monoculturas; reticências ou áreas ocupadas no processo de resistência ao sistema escravista. reticências O território é a base da reprodução física, social, econômica e cultural da coletividade reticências”.

BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Comunidades Quilombolas. Disponível em: https://oeds.link/NDfmIO. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Ao abordar os direitos territoriais dos quilombolas, retome os conhecimentos prévios dos alunos sobre as comunidades tradicionais do Brasil. O tema foi desenvolvido no Percurso 2 desta Unidade.

Sugerimos explicar que os princípios de igualdade e da não discriminação estão consagrados no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”, sendo obrigação dos Estados proteger as minorias e grupos vulneráveis a tratamentos desiguais.

Respostas

  1. As comunidades quilombolas foram formadas com o objetivo de defender os negros da escravização e da discriminação racial e do preconceito que se perpetuaram na sociedade brasileira mesmo depois da abolição da escravatura.
  2. A valorização dos quilombolas e o respeito a essas comunidades passam pelo reconhecimento social e legal de seus territórios, fundamentais à sua reprodução. Discuta os avanços legais, como a Constituição de 1988 ou o artigo 68 das Disposições Constitucionais Transitórias, e outros elementos para a valorização da identidade quilombola e de afrodescendentes.
  3. A atividade favorece a seleção e a organização de informações com base na leitura inferencial do texto e, também, a argumentação em defesa da proteção das terras de remanescentes de quilombos. A criação de um vídeo se aproxima do universo do aluno, além de contribuir para seu letramento midiático.
  4. Resposta pessoal. A discriminação ocorre quando pessoas são impedidas de exercer seus direitos de cidadania por pertencer a um grupo ou apresentar características ligadas a religião, gênero, língua, idade, deficiência, etnia etcétera Combater os preconceitos e a discriminação é fundamental para a promoção de uma cultura de paz e de garantia de Direitos Humanos na sociedade.
Ícone. Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 3 e 4

Registre em seu caderno.

  1. O conceito de lugar, para a Geografia, é muito importante. Explique-o e cite ao menos dois exemplos do seu espaço de vivência.
  2. O espaço geográfico apresenta várias dimensões ou escalas. Com base no lugar onde você mora, aponte-as da menor para a maior dimensão.
  3. Solte a sua imaginação e crie um texto sobre um lugar ideal em que você gostaria de viver. Lembre-se de apontar tanto os aspectos físicos como os humanos e sociais desse lugar.
  4. Explique, com suas palavras, o que significa território nacional.
  5. Explique por que o território brasileiro, assim como o de outros países, foi dividido em porções menores – unidades da federação e municípios.

6. O mapa representa as fronteiras do território brasileiro com os países sul-americanos e com a Guiana Francesa, no passado e no presente. Por meio de acordos diplomáticos entre o Brasil e seus países vizinhos, a consolidação de nossas fronteiras e, portanto, de nosso território ocorreu em 1905. Com base nessas informações, responda às questões.

Brasil: ganhos e perdas territoriais

Mapa. Brasil: ganhos e perdas territoriais. Mapa representando o atual território do Brasil na América do Sul, fazendo fronteira com os países Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa (França). O Chile faz fronteira com o Peru, Bolívia e a Argentina. Destaque para ganhos territoriais do Brasil: em 1859 e 1905, da Venezuela; em 1904 e 1907, da Colômbia; em 1867 e 1903, do Peru e da Bolívia; em 1872, do Paraguai; em 1851, do Uruguai. 
Perdas territoriais do Brasil para a Bolívia em 1903. As datas correspondem ao ano de troca de soberania territorial. Abaixo, rosa dos ventos e escala 0 a 470 quilômetros.

Fonte: bonifássi, pascál (). Atlas des relations internationales. Paris: Hatier, 2013. página 137.

  1. Com que país representado no mapa o Brasil não faz fronteira?
  2. Em que ano o Brasil teve perda territorial? Para que país?
  3. Em 1872, o Brasil definiu a sua fronteira com que país da América do Sul?
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Lugar é uma porção ou parte do espaço geográfico. Deve ser entendido como o espaço de nossa vivência, onde nos relacionamos com as outras pessoas e interagimos com a paisagem e seus elementos naturais e culturais. Como exemplos, o aluno pode mencionar a rua e o bairro onde vive, a praça, os lugares pelos quais costuma passear, entre outros.
  2. O de menor dimensão é o lugar (que pode ser a rua, a praça, o bairro, por exemplo); o de maior dimensão ou escala é a superfície terrestre.
  3. Trata-se de uma fórma de trabalhar o conceito de lugar geográfico e também de exercitar a imaginação, expressando até mesmo os desejos de viver em um lugar diferente daquele em que o aluno vive.
  4. É o espaço da superfície terrestre sobre o qual um povo, por meio do Estado, exerce poder ou soberania.
  5. O território brasileiro foi dividido em estados e municípios para facilitar sua administração pública ou de governo.
  6. a) Chile.
    1. Em 1903 para a Bolívia.
    2. Com o Paraguai.

7. O mapa apresenta as divisas entre os territórios das unidades da federação brasileira, ou seja, estados e Distrito Federal, e entre as cinco Grandes Regiões. Analise-o e faça o que se pede.

Brasil: Grandes Regiões – 2022

Mapa. Brasil: grandes regiões 2022. Destaque para as cinco regiões do brasil. Região Norte: Tocantins, Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia. Região Nordeste: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão. Região Centro-Oeste: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal. Região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais. Região Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná. A Região Sul do Brasil faz divisa com as Regiões Sudeste e Centro-Oeste; a Região Sudeste faz divisa com as Regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste; a Região Centro-Oeste faz divisa com as Regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte; a Região Nordeste faz divisa com as Regiões Sudeste, Centro-Oeste E Norte; a Região Norte faz divisa com as Regiões Centro-Oeste e Nordeste.
Na lateral, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 620 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 94.

  1. Cite a Grande Região do Brasil em que você mora.
  2. Quais unidades da federação compõem essa Grande Região?
  3. Identifique as Grandes Regiões que fazem divisa com a Grande Região em que você mora.
  4. Que relação existe entre a rosa dos ventos e o nome de cada uma das cinco Grandes Regiões?

8. Leia o fragmento de texto e responda às questões.

o lugar também se associa ao sentimento de pertencer a determinado espaço, de identificação pessoal com uma dada área. Cada localidade possui características próprias que, em conjunto, conferem ao lugar uma identidade própria e cada indivíduo que convive com o lugar com ele se identifica.

LISBOA, Severina Sarah. A importância dos conceitos da Geografia para a aprendizagem de conteúdos geográficos escolares. Ponto de Vista, volume 4, página 30, 2007. Disponível em: https://oeds.link/VFA3XO. Acesso em: 12 maio 2022.

  1. Você se identifica com o lugar em que vive?
  2. Aponte algumas características do lugar onde vive que lhe conferem identidade própria.

9. O lugar, da mesma fórma que o espaço geográfico, possui uma história, ou seja, é construído e usado no decorrer do tempo pelas gerações que nele viveram e vivem. Agora, você vai descobrir como o seu lugar de vivência era no tempo dos seus avós. Com a ajuda do professor, siga estes passos.

  1. Criação de hipóteses: escreva, em uma pequena folha avulsa, uma frase respondendo à questão “como eu imagino o lugar em que eu vivo no tempo dos meus avós?”.
  2. Organização das hipóteses em categorias: com a ajuda da turma, leia todas as respostas, identifique as que são semelhantes entre si, organizando-as em categorias.
  3. Verificação das hipóteses: agora é o momento de entrevistar antigos moradores e verificar se eles confirmam ou não as hipóteses criadas pela turma.
  4. Socialização dos resultados: forme grupo com colegas que moram no mesmo bairro. Vocês vão criar cartazes contando a história do lugar onde vivem. Com a ajuda do professor, espalhem os cartazes pela escola, divulgando para a comunidade o que descobriram sobre o lugar de vivência.
Orientações e sugestões didáticas
    1. Depende de onde o aluno mora.
    2. Depende de onde o aluno mora.
    3. Depende de onde o aluno mora.
    4. A denominação das cinco Grandes Regiões brasileiras foi determinada com base no posicionamento geográfico delas em relação aos pontos cardeais indicados pela rosa dos ventos. Caso os alunos apresentem dificuldades para relacionar essas informações, solicite que imaginem a rosa dos ventos posicionada, aproximadamente, no centro do mapa da atividade.
    1. O aluno deve refletir se ele se identifica com o lugar de sua vivência. Poderá criticar o lugar em vista de problemas que apresenta e/ou exaltar as características positivas.
    2. O aluno deve apontar o que lhe chama a atenção e o que lhe agrada, como boas relações de vizinhança, limpeza pública, escolas e postos de saúde, amizades, recreação etcétera
  1. A atividade desenvolve a habilidade ê éfe zero seis gê ê zero um e explora as potencialidades do pensamento científico, convidando os alunos a criarem hipóteses que serão testadas durante uma pesquisa de campo. Paralelamente, estimula-se uma postura ativa na construção do conhecimento, articulando os saberes escolares àqueles compartilhados por integrantes da comunidade. Inicie a atividade distribuindo notas autoadesivas aos alunos. Oriente-os a realizar o item um. Na sequência, ajude-os a organizar as hipóteses em categorias, agrupando as notas adesivas de acordo com o que têm em comum. Esse processo simula o procedimento de brainstorm. Com as categorias criadas, escreva em conjunto com a turma alguns enunciados, isto é, afirmações que deverão servir como hipóteses a serem contestadas ou confirmadas na pesquisa de campo. Organize a pesquisa de campo solicitando permissão aos familiares para que os alunos entrevistem outros adultos. Para a entrevista, oriente os alunos a priorizar pessoas da família e a formular, previamente, perguntas que ajudem a conduzir a conversa com o entrevistado e a coletar evidências que sustentem sua pesquisa: fotos antigas e depoimentos gravados são excelentes materiais. Ao final, os alunos devem organizar os relatos e fotos para contar a história do lugar de vivência. Se julgar conveniente, peça-lhes que criem uma página na internet contando a história do lugar de vivência, divulgando as descobertas para toda a comunidade. Sendo possível, compartilhe as informações em uma página de internet. Há ferramentas gratuitas que podem auxiliar nesse processo.
Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa saindo de um ônibus.

Desembarque em outras linguagens

Stíven uiltxãr:

GEOGRAFIA E DESENHO DE PAISAGENS

Fotografia. Um homem negro usando blusa cinza e calça jeans. Ele está sentado com a mão no queixo e cotovelo apoiado na perna. Ao fundo, diversos quadros na parede.

Stíven uiltxãr nasceu em Londres, no Reino Unido, em 24 de abril de 1974.

Ele é um artista que desenha paisagens urbanas muito detalhadas. Aos 3 anos de idade, foi diagnosticado com autismo conjunto de sintomas que afeta a comunicação, a interação social e a imaginação e se manifesta principalmente pelo isolamento da pessoa em relação ao que ocorre à sua volta. Aos 5 anos, Stiven ainda não se comunicava pela fala e passou a frequentar uma escola onde perceberam que ele se expressava por meio de desenhos. Somente aos 9 anos passou a falar a primeira palavra que disse foi “papel” e começou a desenhar edifícios da paisagem urbana de Londres.

Posteriormente, com o reconhecimento público de suas reproduções detalhadas de paisagens urbanas feitas com base em sua memória, passou a viajar pelo mundo: conheceu Nova iórque (Estados Unidos), Roma e Veneza (Itália), Amsterdã (Holanda), Leningrado e Moscou (Rússia), Tóquio (Japão), Hong Kong (China), além de outras cidades.

Uma habilidade incomum

Óliver Séquis (1933-2015) foi um médico e escritor britânico. Publicou várias obras relativas à sua especialidade com linguagem acessível ao grande público. Conheceu Stiven ainda criança e seus laços com ele se aprofundaram ao longo do tempo. Leia um trecho em que se refere a Stiven .

Em junho de 1987, recebi um grande pacote de um editor inglês. Estava cheio de desenhos, desenhos que me deram o maior prazer, porque retratavam muitos dos lugares da minha infância em Londres: edifícios monumentais como a catedral de Pôl , a , o álbert róu, o Museu de História Natural; e outros, excêntricos, por vezes remotos, mas estimados e familiares, como o pagodeglossário em quil gardens. Eram muito precisos, mas nem um pouco mecânicos ao contrário, estavam repletos de energia, espontaneidade, singularidade e vida.

Desenho. Vista de uma área com um rio e muitas construções às margens dele, como prédios, torres e uma grande roda gigante. Sobre o rio há diversas pontes.
Desenho da vista aérea de Londres, na Inglaterra, criado por Stíven uiltxãr (2019).
Orientações e sugestões didáticas

Os conhecimentos prévios dos alunos sobre o conceito de paisagem, apresentado no Percurso 2 desta Unidade, serão aplicados nesta seção, que relaciona a obra do artista com a temática da Geografia.

Competências

Esta seção contribui para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica 3, 5 e 9, respectivamente: “Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural”; ‘’Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de fórma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”; e “Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”. Abordamos especialmente os direitos das pessoas com deficiência e os temas contemporâneos transversais Vida Familiar e Social e Educação em Direitos Humanos, levando em conta a história de Stíven uiltxãr, um desenhista londrino autista.

Para subsidiar a discussão, destacamos o Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que estabelece que “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. Designa como princípios o respeito à dignidade, a promoção de autonomia e a não discriminação. A educação tem papel fundamental no cumprimento desses princípios e direitos. Sugerimos consulta ao Parecer cê êne Ê/séb nº 11/2010, que visa à promoção da inclusão, à melhoria de condições de acesso aos alunos com deficiência etcétera Vale discutir o fato de o respeito à pessoa deficiente ser um aspecto do reconhecimento da diversidade humana.

Interdisciplinaridade

Visando à Educação Inclusiva, um projeto interdisciplinar poderá ser planejado e desenvolvido com o professor de Ciências, com o propósito de conscientizar os alunos sobre o público-alvo do Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (a ê ê). O outro professor poderá contribuir por meio das habilidades desse componente curricular, por exemplo, a ê éfe zero seis cê ih zero sete: “Justificar o papel do sistema nervoso na coordenação das ações motoras e sensoriais do corpo, com base na análise de suas estruturas básicas e respectivas funções”.

No pacote, encontrei uma carta do editor: o artista, Stíven uiltxãr, era autista e mostrara capacidades savãn [que possui habilidade particular e incomum que outros não têm] desde pequeno. Seu Alfabeto londrino, uma série de 26 desenhos, foi feito quando tinha dez anos . Um dos desenhos era uma cena imaginária da catedral de Saint pól envolvida em chamas durante o grande incêndio de Londres. Stiven não era apenas um savãn, mas um prodígio. Sessenta dos seus desenhos, apenas uma fração do que havia feito, seriam publicados, segundo a carta; o artista tinha apenas treze anos.

Os desenhos de Stiven me lembraram, em vários aspectos, os do meu paciente José ‘O artista autista’ que conheci e sobre quem escrevi anos antes com um talento e um olho extraordinários. Embora José e Stiven viessem de meios tão diferentes, a semelhança de seus desenhos era assombrosa, a ponto de me levar a perguntar se não existiriam uma fórma de percepção e uma arte especificamente ‘autistas’.

. Um antropólogo em Marte: sete histórias paradoxais. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 206-207.

Fotografia. Um homem  visto de perfil da cintura para cima. Ele é negro, usa camisa azul, fone nos ouvidos e desenha as construções de uma cidade em um painel.
Stíven uiltxãr desenha uma vista panorâmica da Cidade do México, no México (2016).

 Caixa de informações

1. No texto, o médico neurologista Óliver Séquis compara Stiven a outro artista e, diante da capacidade de se expressarem pelo desenho, faz qual indagação?

 Interprete

2. O que lhe chama a atenção na foto que retrata Stiven desenhando a paisagem da Cidade do México?

 Viaje sem preconceitos

3. Na sociedade e na escola, a inclusão de pessoas com deficiência (física, intelectual, mental ou sensorial) e com habilidades extraordinárias fundamenta-se no direito à diferença e na dignidade merecida por todos os seres humanos. Converse com o seu professor a respeito, discutindo as suas atitudes e as de seus colegas em situações que envolvem pessoas com deficiência ou necessidades especiais.

 Mãos à obra

4. Inspire-se nas ilustrações criadas pelo artista Stíven uiltxãr para elaborar desenhos de paisagens do lugar onde você vive. Escolha uma área nas proximidades da escola ou de sua moradia, faça uma observação atenta do lugar e a reproduza em uma folha em branco. Lembre-se de assinar o seu desenho, inserindo o local e a data em que ele foi produzido. Na escola, em grupos, fotografem as ilustrações das paisagens e, com a ajuda do professor, organizem pastas virtuais, em smartphones, tablets ou computadores, que possam ser compartilhadas em blogs, redes sociais ou sítios eletrônicos da escola. Não se esqueçam de criar um nome para a exposição virtual dos desenhos da turma e de divulgá-la em sua comunidade escolar.

Versão adaptada acessível

4. Inspire-se nas ilustrações criadas pelo artista Stephen Wiltshire para elaborar representações de paisagens do lugar onde você vive. Escolha uma área nas proximidades da escola ou de sua moradia, perceba as suas características e as represente com os materiais: caneta ou lápis, prancheta de madeira, um pedaço de tela do tipo mosquiteira ou de outro material com textura semelhante, fita adesiva e papel sulfite.

Orientação para acessibilidade

Os desenhos da paisagem podem considerar os sentidos auditivo, tátil e olfativo. Para elaborar a representação, prenda o pedaço de tela na prancheta, de modo que fique bem esticado, e fixe-o com a fita. Sobreponha o papel à tela e deixe-o fixo ao prendedor da prancheta. Com o lápis ou a caneta, incentive os estudantes na produção do desenho, orientando-os quanto à pressão aplicada sobre a folha para que ela não rasgue. Caso julgue necessário, disponibilize materiais com diferentes formatos (retangular, circular, quadrangular etc.) para que eles tracem os contornos para representar diferentes elementos da paisagem. Por fim, eles devem virar a folha e notar a formação das linhas em alto-relevo.

Orientações e sugestões didáticas

Oriente os alunos, por exemplo, a consultar o artigo 208 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que trata da inclusão educacional das pessoas com deficiência; o Decreto nº .3298/1999, que define a educação especial como modalidade transversal a todos os níveis, etapas e modalidades; e a Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, adotada pela ONU e aprovada em 2006 e que foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008 e do Decreto nº 6.949/2009.

Respostas

  1. O médico neurologista indaga “se não existiriam uma fórma de percepção e uma arte especificamente ‘autistas’”. Comente com os alunos que a Neurociência ainda pesquisa tal possibilidade.
  2. Resposta pessoal. É possível que os alunos destaquem a capacidade de ele desenhar os detalhes da Cidade do México de memória, demonstrando ter percepção e memória incomuns.
  3. A questão visa ampliar a sensibilidade e a consciência dos alunos para os direitos e as condições de vida da pessoa com deficiência, permitindo refletir e discutir com eles sobre atitudes que possam contribuir para a efetiva participação e inclusão de pessoas na sociedade e no contexto escolar. Também destaca a importância da cooperação e da empatia entre integrantes da comunidade escolar, bem como valoriza pessoas que apresentam diferentes perfis comportamentais e de aprendizagem.
  4. Incentive os alunos a criar desenhos de paisagens dos seus lugares de vivência. Peça-lhes que observem e ilustrem os espaços com a maior riqueza de detalhes possível. Auxilie-os nas etapas de fotografar e organizar as fotografias em pastas virtuais. Para isso, recorra a computadores, smartphones ou tablets que estejam à disposição da escola. Se necessário, crie um blog para expor virtualmente os desenhos elaborados pelos alunos caso a escola não possua canais de comunicação e divulgação das atividades escolares. Também pode-se organizar uma exposição na escola para apresentar os trabalhos dos alunos à comunidade escolar. Ao levar os alunos a experimentar diferentes fórmas de expressão artística, por exemplo o desenho e a fotografia, conforme preconiza a habilidade ê éfe seis nove á érre zero cinco, a atividade pode ser trabalhada de fórma interdisciplinar com o professor de Arte.

Glossário

Fauna
Conjunto dos seres vivos que compõem a diversidade animal de uma região.
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Cultura
Conjunto de costumes, conhecimentos e valores sociais, políticos e religiosos que distingue um grupo social.
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Agrotóxico
Produto usado no combate e no contrôle de pragas agrícolas.
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Urbano
Do latim urbanus: da cidade, que pertence à cidade.
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Biodiversidade
Variedade de espécies animais e vegetais em determinado lugar.
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Cênico
Relativo a cena, belo.
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Etnia
Conjunto de indivíduos identificados por aspectos socioculturais em comum, como origem histórica, língua, crenças e maneiras de agir.
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Povos e comunidades tradicionais
Populações que têm fortes laços com o lugar que habitam historicamente e dele dependem diretamente para sua subsistência. No Brasil, são representados por quilombolas, caiçaras, comunidades indígenas, núcleos de colonização imigrante, agricultores familiares, pescadores tradicionais, entre outros.
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Ecológico
Relativo à Ecologia, estudo científico das relações recíprocas entre plantas e animais e seu ambiente.
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Sustentável
Capaz de ser mantido e preservado a longo prazo.
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Ecossistema
Nome que se dá ao conjunto de interações desenvolvidas pelos componentes vivos (animais e vegetais) e não vivos (água, ar, luz solar etcétera) que existem em um ambiente.
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Interação
Influência recíproca, ou seja, ação que os elementos naturais e culturais exercem uns sobre os outros.
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Planisfério político
Mapa que representa, em um plano, o globo terrestre com as divisões político-administrativas, ou seja, com os países do mundo.
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Estado
Agrupamento de indivíduos estabelecido e fixado em um território determinado e submetido à autoridade máxima de um poder público.
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Pagode
Templo budista.
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