UNIDADE 6 OS RECURSOS HÍDRICOS E SEUS USOS

Nesta Unidade, vamos estudar como a água está distribuída no planeta Terra e os principais usos dos recursos hídricos no Brasil e no mundo. Você vai conhecer problemas relacionados à disponibilidade e ao consumo desse precioso recurso natural e compreender a importância em adotar ações, no dia a dia, para valorizar e garantir o consumo sustentável de água.

Você saberia dizer a quantidade de água gasta para produzir alguns alimentos? Para estimar essa quantidade foi criado um indicador: a pegada hídrica, também chamada água virtual ou água invisível. Ela corresponde ao volume de água doce usada direta e indiretamente durante o processo de produção de uma mercadoria ou em uma atividade humana.

Confira alguns exemplos nos quadros a seguir.

Processo produtivo

Quantidade de água gasta

Tabela Descrição gerada automaticamente 1 quilograma de chocolate

17.100 litros

Imagem de um pedaço de carne. 1 quilograma de carne bovina

15.500 litros

Imagem de um pedaço de queijo. 1 quilograma de queijo

3.100 litros

Tabela Descrição gerada automaticamente 1 litro de leite

1.020 litros

Fonte: WATER FOOTPRINT NETWORK. Disponível em: https://oeds.link/tHTDZM. Acesso em: 26 março 2022.

Atividade do dia a dia

Quantidade de água gasta

Imagem de chuveiro ligado. Tomar banho de ducha com o registro meio aberto (15 minutos)

135 litros

Imagem de torneira aberta molhando escova de dentes com pasta. Escovar os dentes com a torneira meio aberta (5 minutos)

12 litros

Imagem de torneira aberta lavando talher e prato. Lavar a louça com a torneira meio aberta (15 minutos)

117 litros

Imagem de máquina de lavar roupas ligada. Lavar a roupa em máquina (capacidade de 5 quilogramas)

135 litros

Fonte: Sabésp. Dicas e testes. Disponível em: https://oeds.link/O8Hj2S. Acesso em: 20 julho 2022.

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Qual é a importância de conhecer a pegada hídrica dos produtos que consumimos?
  2. Crie uma lista das atividades que exigem o consumo direto de água em sua moradia.
  3. Você conhece ações de economia de água no dia a dia? Se sim, quais? Por que elas são importantes?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 6

Nesta Unidade são abordados o conceito de hidrosfera e a distribuição de água no planeta, a importância dos rios para as atividades humanas, as condições de formação de uma bacia hidrográfica e a relação entre o consumo dos recursos hídricos e o uso da terra. Ao tratar a apropriação ou uso dos recursos hídricos, no decorrer dos percursos são desenvolvidas as habilidades ê éfe zero seis gê ê um zero e ê éfe zero seis gê ê um dois.

Competência

No decorrer da Unidade, explore mapas, gráficos e indicações de leitura e filmes para respaldar as explicações e assegurar que os alunos compreendam e usem distintas linguagens, aprimorando a Competência Específica de Geografia 4, que consiste em: “Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas”.

Temas contemporâneos transversais

A leitura do texto e dos quadros e a discussão sobre as questões propostas motivam os alunos a refletir sobre práticas de consumo consciente, despertando a sensibilidade deles para a preservação do meio ambiente, relacionada aos temas Educação para o Consumo e Educação Ambiental.

Respostas

  1. Conhecer a quantidade de água empregada ao longo do processo produtivo de um bem evidencia sua importância como recurso essencial à vida e estimula a reflexão sobre os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas. Essa consciência pode mobilizar as pessoas a evitar o desperdício e o consumo excessivo.
  2. Resposta pessoal. Chame a atenção dos alunos para o grande conjunto de atividades que demandam o consumo direto de água em uma moradia, sejam aquelas realizadas diretamente pelos alunos, sejam aquelas empreendidas por outros familiares e pessoas, como alimentação, hábitos de higiene pessoal e atividades de limpeza.
  3. Resposta pessoal. Chame a atenção dos alunos para a importância da economia de água para garantir a disponibilidade desse recurso às gerações futuras. É possível abordar como economizar água nas atividades citadas no quadro dando alguns exemplos: ao escovar os dentes, se molhamos a escova, fechamos a torneira durante a escovação e enxaguamos a boca com um copo de água, o gasto será de meio litro (e não 12). Se reduzimos o tempo no banho para cinco minutos e fechamos o chuveiro enquanto nos ensaboamos, o gasto de água é de 45 litros, economizando 90 litros. Para economizar água na lavagem da roupa, é importante usar a máquina de lavar apenas quando ela estiver com sua capacidade total.

PERCURSO 21 A HIDROSFERA E A DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS OCEÂNICAS E CONTINENTAIS

1. As esferas terrestres

Imagina-se que, no início de sua formação, há cêrca de 4,6 bilhões de anos, a Terra era uma imensa massa incandescente formada por magma. Com o passar do tempo, o planeta começou a resfriar-se, o que possibilitou que muitos minerais se solidificassem, formando uma camada rochosa na superfície da Terra chamada litosfera.

No processo de resfriamento dos minerais, gases e vapores foram liberados e originaram uma “esfera de vapor”, a atmosfera. Um de seus principais componentes era o vapor de água, que, ao continuar se resfriando, se precipitou em fórma de chuva. Parte dessa água evaporou novamente para formar outras nuvens e outra parte foi se depositando nas depressões da crosta terrestre. Após um longo período de repetição desses eventos, surgiram os antigos oceanos e a chamada hidrosfera, uma “esfera de água” formada por toda a água do planeta.

O registro mais antigo de vida no planeta foi encontrado nos primeiros oceanos. Acredita-se que, aos poucos, os primeiros organismos primitivos deram origem a outras fórmas de vida nas águas e nas terras emersas peixes, anfíbios, répteis, insetos, aves e mamíferos , que, há milhões de anos, vêm se diversificando. O conjunto dessas fórmas de vida deu origem à biosfera, que abrange as porções onde se encontram os seres vivos da hidrosfera, da litosfera e da atmosfera.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

; MORAES, Roberto Paulo.

A história da Terra. São Paulo: Harbra, 1997.

O livro explora os vários aspectos geológicos da história da Terra, apresentando o interior do planeta e as principais características de rochas, minerais e eras geológicas.

2. A hidrosfera

A hidrosfera (do grego, abre parênteses oestefecha parênteses: água; e : esfera) é composta de água em seus três estados físicos: líquido, nos oceanos, mares, rios, lagos e lençóis de água subterrâneos; sólido, nas geleiras e sob a fórma de granizo (precipitação sólida de gotas de chuva congeladas e grânulos de neve); e gasoso, na atmosfera.

A distribuição da água oceânica na Terra

A água dos oceanos está desigualmente distribuída nos hemisférios Sul e Norte da Terra. No Hemisfério Sul, a água oceânica é dominante em relação às terras emersas (continentes e ilhas) daí nos referirmos a ele como hemisfério das águas. No Hemisfério Norte localiza-se a maior parte dos continentes é o hemisfério das terras. Observe isso no planisfério da página seguinte.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 21

O conteúdo deste Percurso aborda a distribuição de água no mundo e aprofunda a habilidade de descrever e compreender o ciclo da água. O enfoque situa a hidrosfera (abre parênteses oestefecha parênteses-, água, e , esfera: “esfera de água”) no contexto do planeta, evidenciando interações com a atmosfera (do grego, abre parênteses oestefecha parênteses-, vapor, e , esfera: “esfera de vapor”), a litosfera (do grego, abre parênteses oestefecha parênteses-, pedra, e , esfera: “esfera de pedra ou rocha”) e a biosfera (do grego, bio, vida, , esfera: “esfera de vida”). Tenha em mente que a retomada dos conhecimentos dos alunos sobre o ciclo da água, assunto trabalhado na Unidade 5, poderá auxiliar na apreensão do conceito de hidrosfera, que envolve a análise da distribuição da água em escala global.

Competências

Os temas trabalhados no Percurso possibilitam avançar na Competência Específica de Geografia 1: “Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas”. A discussão proposta sobre teorias da origem da vida na Terra trabalha a Competência Geral da Educação Básica 2: “Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginacão e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas”.

Interdisciplinaridade

Com o professor de Ciências, discuta como surgiu a vida na Terra. Na sondagem inicial, deixem que os alunos expressem respeitosamente suas hipóteses e escutem as dos colegas. Expliquem as etapas do método científico (observação, hipótese, experiência, lei, teoria). Essas etapas visam elaborar respostas a uma questão ou problema. A questão apresentada sempre instigou os seres humanos a realizar pesquisas das quais surgiram várias teorias. Obtenha mais subsídios para a atividade consultando o seguinte artigo, disponível no portal da Revista de Ensino de Biologia: ANDRADE, E.; FONSECA, L. Planejamento de uma sequência didática problematizadora para o ensino de origem da vida e evolução biológica. Revista da ésse bê ê êne bio, número 9, página 916-924, 2016.

Os hemisférios das águas e das terras

Mapa. Os hemisférios das águas e das terras. Planisfério mostrando a divisão da superfície continental do planeta. 
Terras do Hemisfério Norte ou Setentrional ou Boreal: norte da américa do Sul, toda américa central e norte. Norte da África, hemisfério norte, Europa, Ásia. Terras do Hemisfério Sul ou Meridional ou Austral: América do Sul, Hemisfério sul, Antártida, sul da África do Sul e Oceania.  
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.500 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

Grafismo indicando atividade.

Que continente se localiza totalmente no Hemisfério Norte?

Orientações e sugestões didáticas

A Europa se localiza totalmente no Hemisfério Norte.

A área da superfície terrestre é de aproximadamente ..511000000 quilômetros quadrados. Desse total, cêrca de 71% são cobertos de água. O restante, cêrca de 29%, corresponde às terras que estão acima do nível do mar as terras emersas.

Os oceanos se interconectam, por isso é impossível fixar as áreas de cada um com exatidão. Há, na realidade, apenas um oceano; entretanto, historicamente, considera-se a existência de quatro: Atlântico, Pacífico, Índico e Glacial Ártico.

Consequências da distribuição das terras emersas e dos oceanos

A concentração das terras emersas no Hemisfério Norte e a maior proximidade entre elas exercem influência sobre alguns fenômenos, tanto de ordem física como de ordem cultural. Entre os fenômenos de ordem física, destaca-se a dispersão de espécies vegetais e animais. Sabemos que a dispersão de vegetais pode ocorrer pelo vento, pelas correntes marítimas, pelos animais e pela ação do ser humano. Isso explica, em parte, a maior semelhança da flora e da fauna no Hemisfério Norte, quando comparada à existente no Hemisfério Sul.

No aspecto cultural, destacam-se as migrações dos povos. No Hemisfério Norte, as migrações, os contatos culturais e a dominação territorial de alguns povos sobre outros foram facilitados pela proximidade das terras emersas e pela presença do Mar Mediterrâneo, navegado desde a Antiguidade. Civilizações do passado serviram-se, portanto, dessas facilidades para ampliar seu horizonte e sua dominação territorial.

Os povos que viviam nas terras do Hemisfério Sul levaram mais tempo para entrar em contato com povos de outros continentes. Esse contato só foi possível com o aperfeiçoamento de embarcações e instrumentos de navegação, que possibilitaram a incorporação de terras do Hemisfério Sul ao horizonte geográfico europeu nos séculos quinze e dezesseis (sul da África e América) e no século dezoito (Austrália) período da história conhecido como o das Grandes Navegações, iniciado por portugueses e espanhóis e seguido por ingleses, franceses e holandeses. Consulte o mapa da página seguinte.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Planeta água.

Direção: , 2012. Duração: 93 minutos

Com imagens impactantes, o documentário retrata a riqueza dos oceanos, fonte de vida no planeta Terra, e a poluição de suas águas causada pelas atividades humanas. Assim, leva-nos a refletir sobre a relação entre sociedade e natureza e sobre a importância da preservação ambiental em escala global.

Orientações e sugestões didáticas

Enfatize as características da hidrosfera. Discuta a distribuição das águas dos oceanos a partir da observação do planisfério. Destaque as terras emersas nos hemisférios, comparando-os. Questione quais são as possíveis consequências de cada uma dessas características nos respectivos hemisférios. Oralmente, permita que os alunos levantem hipóteses e converse sobre a pertinência delas.

Para fins didáticos, no mapa estão representados seis continentes, de acordo com o critério histórico-cultural, o mais utilizado. Entretanto, explique aos alunos que há o critério geográfico-geológico, que considera a existência de quatro continentes – Euro-Afro-Asiático, Americano, Oceania e Antártico –, pois leva em conta a distribuição das massas continentais na Terra.

Examine com os alunos a área dos oceanos: Pacífico ..179650000 quilômetros quadrados; Atlântico ..92040000 quilômetros quadrados; Índico – ..74900000 quilômetros quadrados; Glacial Ártico ..14060000 quilômetros quadrados. Ressalte as dificuldades de delimitação dos oceanos. Cite, por exemplo, que o Oceano Glacial Ártico é considerado por muitos geógrafos e cartógrafos um mar do Oceano Atlântico, sendo chamado de “Mar Glacial Ártico”. Quando o Oceano Glacial Ártico é incluído no Oceano Atlântico, este passa a ter área correspondente a ..106100000 quilômetros quadrados.

Comente que em 8 de junho de 2021, no Dia Mundial dos Oceanos, a National Geographic Society – organização científica e educativa que desde 1915 cartografa as terras emersas e os oceanos do planeta Terra – reconheceu o quinto oceano, o Oceano Austral. Para essa organização e para diversas ônguis dedicadas ao meio ambiente, o reconhecimento desse oceano é importante para fins educativos, científicos e, sobretudo, de conservação. Contudo, ressalte que não há consenso a esse respeito entre a comunidade científica internacional. Até o término da edição dos livros desta coleção, a Organização Hidrográfica Internacional (i agá ó), que rastreia e mapeia os mares e oceanos do mundo, não reconhecia a existência do Oceano Austral. Se julgar oportuno, no momento em que estiver abordando os conteúdos neste e nos demais livros desta coleção, atualize essa informação, consultando: https://oeds.link/MWYUjJ. Acesso em: 28 março 2022.

Expansão marítimo-comercial europeia – séculos quinze-dezesseis

Mapa. Expansão marítimo-comercial europeia – séculos quinze e dezesseis.
Planisfério com as rotas feitas por navegadores a serviço de Portugal e da Espanha entre os séculos quinze e dezesseis. As rotas estão representadas por setas em cores diferentes e indicam as datas em que as navegações ocorreram.
Rotas dos navegadores a serviço de Portugal. 
Primeiras viagens (marrom): De Sevilha para destinos que contornaram a costa africana: Ceuta (1415), Guiné (1434-1462), Congo (1482-1485) e sul da África, próximo ao Cabo da Boa Esperança (1488). Neste último trajeto, há o nome de Bartolomeu Dias.
Vasco da Gama (azul): saindo da costa oeste da África, próximo à Cabo Verde (1456), contornou o Cabo da Boa Esperança, passou por áreas próximas à Moçambique e Melinde e chegou à costa sudoeste da Índia.
Pedro Álvares Cabral (amarelo): de Portugal à Porto Seguro (1500), no Brasil, e, daí contornou o Cabo da Boa Esperança, passou por Moçambique e Melinde e chegou à costa oeste da Índia, próximo à Goa e Calicute (1498). 
Primeira viagem até o Japão (vermelho): do sul da Índia, próximo à Cochim, passando por Málaca, no sudeste asiático, por Macau e Pequim, na costa da China e chegando em Cipango, no Japão. 
Rotas dos navegadores a serviço da Espanha. 
Cristóvão Colombo (laranja): de Portugal, passou por Madeira (1419) e Açores (1431), no Oceano Atlântico, e chegou em Guanaani (1492), na costa leste da América Central.
Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano (primeira viagem de circum-navegação) (verde): Fernão de Magalhães saiu do sul da Europa em direção à costa leste da América, em Porto Seguro (1500) e, em seguida, contornou a América pela porção sul da região, cruzou o Oceano Pacífico (1519-1521) e chegou às proximidades de Filipinas. Após a morte do navegador, em 1521, Sebastião Elcano deu continuidade à rota, passando por ilhas do sudeste asiático, cruzando o Oceano Índico (1522) e contornando o Cabo da Boa Esperança em direção ao Oceano Atlântico, na costa africana.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.340 quilômetros.

Fonte: ARRUDA, José J. de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1993. página 19.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

As viagens de Américo Vespúcio: descobertas no antigo Novo Mundo. São Paulo: Atual, 2012.

O livro possibilita ao leitor compreender a expansão marítimo-comercial europeia durante o período das Grandes Navegações.

A distribuição da água doce

A água doce é aquela que contém menos de .1000 miligramas por litro de sólidos dissolvidos. Em outras palavras, é a água que não possui grande concentração de sais dissolvidos, como as águas oceânicas.

Apenas 2,8% do total de água da Terra é doce em rios, lagos, água subterrânea, geleiras etcétera e 97,2%, é água salgada em oceanos e mares. Tanto a água salgada como a doce participam do ciclo da água, que tem importância fundamental para a vida na Terra.

Do total de água doce no mundo, a maior quantidade é de águas superficiais (77,78%), ou seja, as que estão na superfície da Terra, em rios, lagos, geleiras e mantos de gelo geleiras continentais contínuas que cobrem a Antártida e a Groenlândia. Observe, nos gráficos, a distribuição da água doce no mundo.

Mundo: disponibilidade de água doce

Gráfico. Mundo: disponibilidade de água doce.
Três gráficos de setores mostrando a distribuição da água total, da água doce e da água superficial no mundo, em por cento.  
Toda a água: 100 por cento. Salgada 97,2 por cento e Doce 2,8 por cento. 
Água doce: 2,8 por cento do total mundial. Superfície 77,78 por cento. Lençol freático 11,02 por cento. Lençol freático profundo 11,02 por cento. Umidade do solo 0,18 por cento. 
Distribuição da água superficial. Manto de gelo e geleiras 99,357 por cento. Lagos 0,61 por cento. Atmosfera 0,03 por cento. Rios e correntes de água (apenas água superficial) 0,003 por cento. 
Lençol freático refere-se à água confinada e acumulada em uma camada entre zonas subterrâneas em que os poros de solos e ou rochas estão preenchidos por água e ar ou totalmente preenchidos por água.

Fonte: Geossistemas: uma introdução à Geografia Física. nona edição Porto Alegre: Bookman, 2017. página 226.

Orientações e sugestões didáticas

Enfatize a pequena proporção de água doce do mundo e informe que parte significativa dessa água está congelada em geleiras e mantos de gelo. Faça relações com a disponibilidade de água para o consumo humano. Remeta os alunos aos gráficos no decorrer da discussão e peça que os examinem e manifestem-se sobre os dados informados. Que informações chamam mais a atenção? A resposta a essa questão é útil para o desenvolvimento da aula.

Interdisciplinaridade

Promova com o professor de Ciências um projeto interdisciplinar que leve os alunos a reconhecer a importância da água para o clima, a preservação do solo, a qualidade do ar atmosférico e o equilíbrio dos ecossistemas, como também para as atividades agrícolas, a geração de energia elétrica e o provimento de água potável. Durante a realização desse projeto, os dois componentes curriculares poderão contribuir para a identificação dos principais usos da água nas atividades cotidianas, discutindo problemas decorrentes deles e propostas sobre fórmas sustentáveis de uso desse recurso. Registre as hipóteses iniciais dos alunos. Após as discussões, eles devem retomá-las, examinando-as de modo autocrítico.

Atividade complementar

Promova a reflexão com os alunos sobre o papel dos oceanos e mares em possibilitar o contato entre diferentes povos e culturas. Explique que eles foram, durante muito tempo, um importante fator histórico-geográfico que permitiu o povoamento de várias regiões da Terra. Instigue-os a buscar as causas disso. Eles devem também considerar que os oceanos e mares são fontes de alimentos ou ainda que o desenvolvimento de técnicas de navegação ao longo da história possibilitou as trocas comerciais entre regiões distantes: os produtos eram transportados em embarcações de um porto a outro, permitindo a fixação humana nas porções litorâneas de continentes e ilhas. É importante que os alunos argumentem com base em fatos e informações geográficas a fim de defender seus pontos de vista. Além disso, convém estimular os debates sobre o assunto, possibilitando que se expressem para compartilhar conhecimentos e opiniões, fazer-se compreender, bem como exercitar a capacidade de ouvir os colegas com respeito e empatia.

Comente o boxe Quem lê viaja mais. Ele permite contato com o conteúdo estudado em um contexto extraescolar.

PERCURSO 22 OS RECURSOS HÍDRICOS

1. Recursos hídricos e clima

Os recursos hídricos correspondem às águas superficiais e subterrâneas disponíveis em uma região ou bacia hidrográfica, que podem ser obtidas para uso nas atividades humanas. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), essas águas correspondem a menos de 1% do total das águas do planeta Terra.

Existe estreita relação entre recursos hídricos e vários fenômenos que ocorrem no planeta, sobretudo aqueles associados ao clima. A precipitação na fórma de chuva, granizo e neve e a temperatura relacionada com a energia solar e a irradiação de calor pela Terra , assim como os ventos e a cobertura vegetal, são fatores que exercem grande influência na distribuição dos recursos hídricos e, por esse motivo, são considerados nos estudos da hidrologiaglossário .

Nas regiões onde predominam os climas desértico e semiárido, dificilmente chove e a água é escassa. Nas regiões de clima equatorial e tropical, as temperaturas são elevadas e as chuvas são frequentes no decorrer de todo o ano; as águas superficiais e subterrâneas são abundantes. Nas regiões frias e polares, a população usa a água do degelo da neve e das geleiras em atividades cotidianas.

Analise o mapa a seguir, que representa a disponibilidade de recursos hídricos por habitante em cada país.

Mundo: recursos em água – 2018

Mapa. Mundo: recursos em água – 2018
Planisfério mostrando a disponibilidade de água por habitante, em métros cúbicos. São oito categorias, diferenciadas por cores que variam do marrom (situação crítica) ao verde escuro (de 40.001 a 520.000 metros cúbicos por habitante)  
Recursos em água por habitantes por ano (em metros cúbicos). Um metros cúbico é igual a mil litros.
Menos de 500 (situação crítica): a maioria dos países do Norte da África e do Oriente Médio, além de Somália, Quênia, Paquistão e Turcomenistão.
De 500 a 1.000 (penúria crônica): África do Sul, Zimbábue, Malauí, Eritreia, Burkina Fasso e Marrocos, na África; Uzbequistão, Azerbaijão e Bangladesh, na Ásia; Hungria, na Europa; e Haiti, na América.
De 1.001 a 1.700 (estresse hídrico): concentrado em alguns países do norte e do leste da África, do centro-leste da Europa e do sul da Ásia, como a Índia.
De 1.701 a 2.500 (vulnerabilidade hídrica): Sudão do Sul e Senegal, na África; China e Armênia, na Ásia; Espanha, Reino Unido, Eslováquia e Romênia, na Europa.
Países com suficiência ou abundância em água 
De 2.501 a 5.000: Países da América Central, do oeste e do sul da África, da Europa Ocidental e da Ásia, com destaque para o sudeste do continente. 
De 5.001 a 10.000: Argentina e Estados Unidos, na América; Angola e Zâmbia, na África; países da Ásia Central e, principalmente, do sudeste asiático.
De 10.001 a 40.000: a maior dos países da América Sul, entre eles o Brasil, países da África Central, Oceania, Rússia, países do leste asiático e do norte da Europa.
De 40.001 a 520.000: Canadá, Chile, Peru, Colômbia, Guiana e Suriname, na América; países da costa oeste africana e do leste da Oceania; Islândia e Noruega, na Europa.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.020 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 27.

Nota: É importante observar que as diferenças internas de cada país não estão representadas no mapa. A Austrália, por exemplo, em sua porção centro-oeste, possui clima desértico e semiárido, e, no entanto, é considerada um país abundante em água. Isso ocorre porque o total dos recursos em água divididos pela população (25,7 milhões de habitantes, em 2021) resulta em uma média elevada. Da mesma fórma, no Brasil, a Grande Região Nordeste possui uma sub-região – o Sertão – com clima semiárido que apresenta escassez de água.

Grafismo indicando atividade.

Considerando o Brasil e o grupo de países do norte da África, qual apresenta maior disponibilidade anual de água por habitante?

Orientações e sugestões didáticas

De acordo com o mapa, o Brasil apresenta maior disponibilidade anual de água por habitante do que o grupo de países do norte da África. No Brasil, a disponibilidade anual de recursos hídricos é de .10001 a .40000 métros cúbicos por habitante. Nos países do norte da África, em sua maioria, a população vive em situação crítica de água, com menos de 500 métros cúbicos anuais por habitante.

Percurso 22

Nesta etapa dos estudos, a relação entre recursos hídricos e consumo e as transformações decorrentes serão examinadas tomando-se como referência a escala mundial. A escala do território brasileiro é trabalhada especialmente nas atividades propostas no encerramento do Percurso.

Explique a estreita relação entre recursos hídricos e vários fenômenos que ocorrem em nosso planeta, sobretudo aqueles associados ao clima. Certifique-se de que os alunos examinem o mapa desta página, considerando os dados da legenda e o que sabem sobre os padrões climáticos mundiais. Se necessário, retome o mapa da página 98, que mostra os climas do mundo. Proponha mais questões referentes ao mapa desta página, estimulando comparações e analogias e, assim, avançando no desenvolvimento do raciocínio geográfico.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero seis gê ê um dois

No conteúdo do Percurso 22, destaque que, ao usar os recursos hídricos, o ser humano promove transformações no espaço geográfico. Discuta os impactos negativos da exploração desses recursos, mas evidencie sua importância para a realização de atividades humanas. Ressalte que o uso consciente e responsável dos recursos hídricos deve ser prioridade de todos.

Explore os mapas, blocos-diagrama e indicações de leitura presentes no boxe Quem lê viaja mais. Eles colaboram para a compreensão e o uso de distintas linguagens, a fim de expressar e compartilhar informações referentes ao pensamento espacial, conforme a Competência Geral da Educação Básica 4, a Competência Específica de Ciências Humanas 7 e a Competência Específica de Geografia 4.

2. A água subterrânea

A água subterrânea é a água que existe abaixo da superfície terrestre, além da zona de raízes da vegetação. As reservas subterrâneas se formam por meio da infiltração da água das chuvas pelos poros do solo e das rochas. Observe a ilustração.

A água subterrânea

Ilustração. A água subterrânea. 
Bloco-diagrama mostrando, na superfície, uma área com vegetação baixa e seis árvores e, no subsolo, duas zonas com cores e texturas diferentes. Um poço atravessa as duas zonas, chegando até a superfície, onde há uma estrutura para retirar a água. As duas zonas são:
Zona não saturada: chamada também zona de aeração, é a camada em que os poros de solos e rochas se encontram preenchidos por ar e água. Há um destaque na ilustração mostrando os poros das rochas com ar e água parcialmente preenchidos.
Zona saturada: encontra-se abaixo da zona não saturada e representa a camada onde os poros das rochas ficam totalmente preenchidos por água. Há um destaque na ilustração mostrando os poros das rochas com ar e água totalmente preenchidos.
O lençol freático é a camada que se forma no limite entre as duas zonas. Na ilustração, esse limite está demarcado com uma linha azul e com a seguinte informação: nível de água do lençol freático.

Fonte: PEREIRA, Sueli Y. O caminho das águas. Ciência Hoje na Escola, Geologia. São Paulo: Global e ésse bê pê cê, volume 10, página 54, 2000.

Nota: Ilustração para fins didáticos. Não apresenta proporcionalidade entre os elementos representados.


Os aquíferos

Quando a água se acumula em grande quantidade abaixo da superfície, originam-se aquíferos, ou seja, formações geológicas que armazenam água e constituem grandes reservatórios naturais desse recurso.

No mundo, os aquíferos constituem o maior depósito de água doce em estado líquido, superando o volume de água de todos os rios e lagos. Eles abastecem os rios e as nascentes e, em razão disso, muitos rios mantêm suas águas ao longo de todo o ano e não secam mesmo durante os períodos de estiagem. Os recursos hídricos disponíveis nos aquíferos são muito explorados para o abastecimento de populações de cidades, para a irrigação agrícola e para uso industrial.

As áreas da superfície nas quais a água da chuva infiltra e reabastece os aquíferos são chamadas áreas de recarga. Nessas áreas, é importante evitar a construção de edificações que provoquem a impermeabilização do solo e atividades que causem a contaminação das águas subterrâneas.

A legislação de muitos países, incluindo o Brasil, considera áreas de proteção máxima as áreas de recarga dos aquíferos, o que restringe a sua ocupação para alguns usos.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

A dinâmica das águas que infiltram no solo e que podem originar os aquíferos representa um conteúdo de difícil assimilação, uma vez que exige certo grau de abstração dos alunos. No intento de facilitar a compreensão desse conteúdo, realize uma demonstração para explicar os conceitos e o modelo físico do fluxo de águas subterrâneas. Para isso, use: uma caixa retangular transparente; cascalho; areia; papel-toalha; canudos; fita adesiva; borrifador; água.

Faça vários orifícios em uma extremidade da caixa transparente. O cascalho e a areia representam os sedimentos e rochas, e a superfície terrestre é representada pelo papel-toalha. Organize-os na caixa de modo que remetam a um terreno com declive, no qual a parte mais baixa corresponde à extremidade da caixa com furos. Coloque os cascalhos primeiro, abaixo da areia, apesar de ser importante alguma mistura desses materiais. Os canudos representam poços e devem ser fixados na parede da caixa com a fita adesiva a uma distância de 5 centímetros entre cada um deles. Na parte superior desse “relevo”, cubra com um papel-toalha dobrado, de aproximadamente 5 centímetros.

Borrife o papel-toalha com água para representar o fluxo. A água passa do papel-toalha para a areia, infiltrando-se até sair pelos furos na outra extremidade. Os alunos devem relatar o que acontece no decorrer do tempo com os canudos e com a cor dos materiais usados, que partes ficam mais ou menos encharcadas etcétera.

Aquíferos: usos e riscos de contaminação

Fossa séptica ou tanque sépticoglossário

Bacia ou lago de decantaçãoglossário

Fontes: elaborado com base em , Tom. Para entender a Terra. sexta edição Porto Alegre: Bookman, 2013. página 496; GIRALDI, Alice. A água que ninguém vê. Unesp Ciência, edição 41, página 20-21, maio 2013.

Nota: Ilustração para fins didáticos. Não apresenta proporcionalidade entre os elementos representados.

Grafismo indicando atividade.

Identifique as fontes superficiais de contaminação do aquífero, na ilustração.

Orientações e sugestões didáticas

Na ilustração, são fontes superficiais de contaminação do aquífero a bacia ou lago de decantação, a pilha de resíduos, a fossa ou o tanque séptico, o poço artesanal, o tanque de combustíveis (gasolina, diesel, etanol) ou de produtos químicos.

Superexploração de aquíferos e suas consequências

Além da contaminação de aquíferos por microrganismosglossário originários de fossas sépticas, por vazamentos em redes de esgoto, lixões a céu aberto, aterros sanitários, pela extração mineral e por produtos químicos usados na agricultura e nas indústrias, muitos reservatórios subterrâneos estão ameaçados pela exploração excessiva. Países como México, Estados Unidos, Índia, Arábia Saudita, Kuait, Omã e Emirados Árabes Unidos enfrentam a redução da disponibilidade de recursos hídricos em decorrência da superexploração de seus aquíferos. Como em muitos casos o ritmo de exploração é mais acelerado que o de reposição, vários aquíferos que se formaram durante milhões de anos estão secando.

Na Arábia Saudita e em países vizinhos, o problema se agrava, pois o clima é desértico. Há alguns anos o país obtém água doce por meio de um processo industrial de dessalinização da água do mar.

Diante disso, especialistas em recursos hídricos alertam que a escassez de água poderá se agravar, colocando em risco a produção agrícola, assim como o abastecimento humano, animal e da vegetação natural, além de causar conflitos pela disputa por água entre países.

Entre os impactos decorrentes da superexploração dos aquíferos está o rebaixamento da superfície do relevo, chamado subsidência. Quando se faz o bombeamento de água do aquífero, o ar preenche os poros da rocha. O ar, sendo comprimível, não suporta a grande massa situada acima do aquífero, podendo ocorrer, então, o afundamento do relevo com consequências graves, como rachaduras e desabamento de edificações construídas sobre os aquíferos.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

Água: precisamos falar sobre isso. São Paulo: Moderna, 2018.

Com base na leitura dessa obra, é possível conhecer a situação de abundância e escassez desse recurso natural em diversas regiões do Brasil e do mundo.

Orientações e sugestões didáticas

Ao interpretar e comentar a ilustração com os alunos, de maneira complementar, aborde outra causa de contaminação e degradação de aquíferos: o processo conhecido como intrusão marinha ou intrusão da cunha salina, em zonas costeiras. Isso ocorre em situações de superexploração de aquíferos, quando há um desequilíbrio entre a quantidade de água subterrânea extraída pelas atividades humanas e a recarga natural produzida pelas águas da chuva. Esse desequilíbrio pode movimentar a água salgada do mar no sentido do continente para a zona de água doce do aquífero. A água salgada do mar, por ser mais densa, permanece embaixo da água doce, produzindo a salinização do aquífero. Isso ocorre em muitas cidades litorâneas do mundo que usam de fórma intensiva as águas subterrâneas para o abastecimento público; e no Brasil há riscos desse tipo de degradação de aquíferos em cidades densamente povoadas, como Fortaleza, Maceió, Recife e Rio de Janeiro.

Explique aos alunos o que é subsidência: processo de rebaixamento ou afundamento da superfície de um terreno em relação às áreas circunvizinhas, de fórma gradual ou repentina, ocasionado por causas tectônicas – terremotos, vulcanismo, falhamentos verticais etcétera. –; causas não tectônicas – como dissolução de camadas sedimentares de sais e de calcários subterrâneos com abatimento das camadas acima das dissolvidas –; ações humanas – como exploração intensa dos recursos do subsolo.

Na Cidade do México, capital do México, há anos ocorre o rebaixamento do solo, resultante da superexploração de água.

Quando a subsidência acontece nas cidades, as redes subterrâneas, como tubulações de água e esgoto, se rompem, podendo causar contaminação do aquífero e problemas para a população urbana.

3. Intervenções humanas sobre o meio natural

A natureza apresenta certo equilíbrio entre seus elementos que, uma vez rompido, provoca consequências. A estrutura geológica, o relevo, o solo, os rios, a água subterrânea, o clima, a vegetação, os animais interagem entre si, formando uma rede de relações interdependentes: se ocorre mudança em um dos elementos, todo o conjunto é alterado.

Um exemplo: os vegetais retiram água do solo e, por meio de suas folhas, realizam a transpiração, transferindo água para a atmosfera. Da mesma fórma, o vento e o calor provocam a evaporação da água presente na superfície terrestre. O vapor de água é colocado em suspensão na atmosfera, dando origem às nuvens, que formam a chuva.

Ocorrendo o desmatamento, o processo de evapotranspiração é interrompido e, como consequência, as chuvas são reduzidas e o clima, alterado. O desmatamento é capaz de alterar, ainda, o solo, a recarga dos aquíferos, o abastecimento dos rios, a dinâmica do relevo e a vida dos animais, pois a modificação do hábitat ambiente onde vivem adaptados pode provocar migrações e, até mesmo, extinção.

Para evitar prejuízos ao meio ambiente pelas ações humanas, é necessário esclarecer a população por meio de programas educativos, visto que, muitas vezes, o ser humano age de modo inadequado sobre o meio natural por desconhecer os resultados ambientais de suas ações.

Interdependência entre os elementos naturais e o ser humano

Esquema. Interdependência entre os elementos naturais e o ser humano
No centro do esquema, em um quadro rosa: Ser humano. Ao redor, sete quadros amarelos ligados a esse termo e interligados entre si, de cima para baixo e em sentido horário: Solo; Rios, oceanos e lagos; Clima, Formas de relevo; Animais; Vegetação; Estrutura geológica (rochas).
As forças naturais (chuva, intemperismo, vulcanismo, terremotos etcétera) e o ser humano são responsáveis pelas alterações do quadro natural: as forças naturais advêm no “tempo longo” da natureza, e a ação antrópica ocorre no “tempo curto” ou histórico que corresponde à história da humanidade. A ilustração busca representar que o ser humano interage com todos os elementos naturais e deles recebe influências.

Fonte: elaborado com base em Géographie: les hommes et la Terre: Bordas, 1996. página 109.

Orientações e sugestões didáticas

Temas contemporâneos transversais

Destaque a importância da existência de programas educativos para esclarecer as pessoas sobre as ações que podem gerar impactos socioambientais negativos. Pensando na importância da Educação Ambiental como tema contemporâneo transversal na formação cidadã, questione os alunos se no município onde moram há campanhas educativas sobre o que deve ser feito para não prejudicar o meio ambiente. Caso existam, o que ensinam a respeito? Se não há, como essas campanhas poderiam ser realizadas? E quais seriam os assuntos mais importantes a serem discutidos para que os problemas ambientais existentes no município fossem resolvidos?

Atividade complementar

Promova uma atividade que permita introduzir temas relacionados à geopolítica da água. Oriente os alunos a pesquisar sobre conflitos e disputas relacionados aos recursos hídricos. A pesquisa pode ser feita de modo que se privilegiem os materiais midiáticos, a fim de que os alunos avaliem como o tema é explorado nesses meios de comunicação. Convém que a atividade se realize em grupos e que cada um deles escolha um conflito para o aprofundamento da investigação. Informações sobre localização e fatos ocorridos são fundamentais. A atividade pode gerar a produção coletiva de um planisfério, em que cada grupo localizará e sistematizará, com a ajuda de imagens e esquemas, os resultados da pesquisa. Promova um momento de conversa sobre as informações recolhidas, discutindo o papel estratégico da água no mundo.

Em relação ao Brasil, indique o documentário A lei da água (direção: André delia. Brasil: Cinedelia/ó dois Filmes, 2015. Duração: 78 minutos), em que é retratada a importância das florestas para a conservação dos recursos hídricos no país e no qual se discute como o Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº .12651/12), aprovado pelo Congresso Nacional em 2012, compromete a disponibilidade de água para consumo.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 21 e 22

Registre em seu caderno.

  1. A Terra começou a se formar há cêrca de 4,6 bilhões de anos; assim, ao longo do tempo, constituíram-se as quatro esferas terrestres. Quais são essas esferas?
  2. As terras emersas e a água dos oceanos estão desigualmente distribuídas nos hemisférios da Terra. Descreva essa distribuição, mencionando quais são os continentes e oceanos do globo terrestre.
  3. Por que, no passado, o deslocamento de povos foi facilitado no Hemisfério Norte, em comparação ao Hemisfério Sul?
  4. O que são os aquíferos? Qual é a importância deles?
  5. Dê exemplos de como as ações humanas podem causar desequilíbrios no ambiente.
  6. Interprete o mapa e, em seguida, responda às questões.

Brasil: índice de qualidade de água* – 2019

Mapa. Brasil: índice de qualidade de água – 2019.
O índice de qualidade das águas avalia a condição de utilização da água para fins de abastecimento público, considerando um tratamento convencional. O índice categoriza a qualidade da água em péssima, ruim, regular, boa ou ótima, sendo que a maior parte do país enquadra-se na categoria boa. Segundo o mapa, algumas unidades da federação não possuem nenhuma categorização: Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Tocantins, Piauí, Maranhão, Alagoas Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Péssima: capitais dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, além de regiões do interior paulista, do norte do Espírito Santos, do sul da Bahia e do nordeste de Pernambuco. 
Ruim: concentrado em Curitiba, nas porções leste e norte do estado de São Paulo, no litoral norte do Rio de Janeiro, nas faixas leste e central de Minas Gerais e, no nordeste, algumas ocorrências na Bahia e na divisa de Pernambuco e Paraíba. Em Mato Grosso do Sul, há uma única ocorrência, na porção central do estado.
Regular: pontos esparsados em praticamente todos os estados representados com índice, com destaque para as porções central e norte de São Paulo e as diversas ocorrências em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Com menos ocorrência estão os estados de Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Boa: ocorrência em todas as unidades da federação representadas com o índice, com grande concentração na região sudeste e na Bahia. Há vários pontos em Pernambuco, no Ceará, no Rio Grande do Norte, no Distrito Federal, em Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso. Com menos ocorrência, aparecem pontos nos estados de Goiás, Paraná e Sergipe.
Ótima: diversas ocorrências nas unidades federativas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. Há alguns pontos nos estados de Mato Grosso do Sul e nas seguintes divisas estaduais: São Paulo e Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, Bahia e Pernambuco, Bahia e Sergipe, Pernambuco e Paraíba. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 580 quilômetros.
*O Índice de Qualidade das Águas (i quê a) avalia a condição de utilização da água para fins de abastecimento público, considerando um tratamento convencional.

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2020: relatório pleno. Brasília: ãna, 2020. página 29.

  1. Qual é o assunto abordado no mapa?
  2. O que é o i quê a e qual era a situação, em 2019, da unidade da federação em que você vive, de acordo com o mapa?

7. Considerando os conceitos de esferas terrestres, quais delas você identifica na fotografia?

Fotografia. Uma pessoa no fundo do mar. Ela usa roupas de mergulho, nadadeira nos pés e uma lanterna em uma das mãos. Ao redor da pessoa, há grandes rochas submersas de ambos os lados no sentido vertical e de diferentes tamanhos.
Mergulhador no Parque Nacional de thinvelir, Islândia (2017), observa a fenda de Silfra, uma falha profunda entre as placas tectônicas norte-americana e euro-asiática.
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera.
  2. O Hemisfério Norte concentra as terras, e o Sul, as águas. Os continentes são: África, América, Antártida, Ásia, Europa e Oceania; mas, segundo o critério geográfico-geológico, pode-se considerar o bloco de terras Euro-Afro-Asiático um só continente. Historicamente, os oceanos são: Atlântico, Pacífico, Índico e Glacial Ártico.
  3. Porque no Hemisfério Norte há maior concentração e proximidade de terras emersas. No Sul, as grandes distâncias entre as terras prejudicaram os deslocamentos.
  4. São formações geológicas que armazenam grande quantidade de água abaixo da superfície terrestre. Os aquíferos alimentam rios e fontes e podem abastecer as populações, a irrigação agrícola, as indústrias etcétera.
  5. A exploração irresponsável dos aquíferos pode causar escassez de água ou promover subsidência, por exemplo. Discuta outros desequilíbrios citados pelos alunos.
    1. O assunto abordado no mapa é o Índice de Qualidade das Águas (i quê a), para todas as unidades da federação, em 2019.
    2. É um índice usado para avaliar a condição de uso da água para abastecimento público. Na análise da situação da unidade da federação do aluno, certifique-se do uso correto da legenda para a formulação da resposta.
  6. Na foto, observam-se as rochas, correspondentes à litosfera; o mergulhador, correspondente à biosfera; e a água, correspondente à hidrosfera.

8. Observe o gráfico a seguir e identifique o setor de atividade humana responsável pelo maior consumo ou uso de água no mundo e o seu percentual.

Mundo: uso de água por setor de atividade humana

Ilustração. Mundo: uso de água por setor de atividade humana.
A ilustração tem o formato de uma gota de chuva e mostra três divisões: Parte superior da gota: Abastecimento urbano 12 por cento. Parte central da gota: Industrial e energético 19 por cento. Parte inferior da gota: Agropecuário e equicultura 69 por cento.

Fonte: unêsco. Rapport mondial des Nations Unies sur la mise en valeur des ressources en eau 2021. Paris: ONU, 2021. página 14. Disponível em: https://oeds.link/ZqUlXX. Acesso em: 28 janeiro 2022.

9. Interprete o fragmento de texto e, em seguida, faça o que se pede.

Em termos globais o Brasil possui grande oferta de água. Esse recurso natural, entretanto, encontra-se distribuído de maneira heterogênea no território nacional.

No semiárido, por exemplo, na maioria dos rios só é possível garantir uma oferta contínua de água com o uso de açudes/reservatórios, já que esses rios naturalmente secam durante os meses de estiagem.

BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: informe 2016. Brasília: ãna, 2016. página 23.

  1. Observe novamente o mapa da página 154 e explique por que a afirmação presente no primeiro parágrafo do texto não pode ser observada no mapa.
  2. De acordo com o texto, que importante método de armazenagem é usado nas regiões semiáridas do Brasil para garantir o abastecimento de água nos períodos de falta de chuvas?

10. Analise a representação a seguir e responda às questões.

Mundo: distribuição da água

Ilustração. Mundo: distribuição da água
Ilustração de um globo terrestre com o seguinte dado ao lado: 97,2 por cento de toda a água da Terra é salgada (oceanos). Abaixo, ilustração de uma gota com o seguinte dado ao lado: 2,8 por cento de toda a água da Terra é doce.  Em seguida, está ilustrado um gráfico de setor que representa como estão distribuídos esses 2,8 por cento de água doce da Terra: 
Manto de gelo e geleiras 77,2 por cento. Água subterrânea 22,2 por cento. Lagos, rios e reservatórios 0,6 por cento.

Fonte: elaborado com base em Geossistemas: uma introdução à Geografia Física. nona edição Porto Alegre: Bookman, 2017. página 226.


  1. O que predomina no mundo: água doce ou salgada?
  2. Com base no gráfico, identifique onde estão as maiores concentrações de água doce.
  3. Em sua opinião, como é possível evitar o desperdício de água no dia a dia?

11. Descubra se o município onde você mora é abastecido por algum aquífero. Se for, procure saber quais são as condições em que ele se encontra. Caso o município não seja abastecido por um aquífero, investigue qual é o meio de abastecimento de água empregado. No caderno, elabore um texto que explique como a sua moradia é abastecida por água.

Orientações e sugestões didáticas
  1. O setor agropecuário e de aquicultura responde pela maior parcela do consumo de água no mundo, sendo responsável por 69% do uso de recursos hídricos. Explique aos alunos que, na agricultura, a irrigação é a atividade que mais consome água, seguida pela pecuária e a aquicultura. Em alguns países, o consumo de água nesse setor pode chegar a 95%.
    1. A informação de que a água se encontra distribuída de maneira heterogênea no território nacional não pode ser constatada no mapa por causa da pequena escala usada, que generaliza as informações, fornecendo um valor para cada país como um todo.
    2. Açudes e reservatórios.
    1. A água salgada, que representa 97,2% de toda a água existente no planeta.
    2. Nos mantos de gelo e nos glaciares (geleiras), depósitos que concentram 77,2% da água doce da Terra.
    3. Resposta pessoal. Trabalhe com os alunos algumas atitudes importantes para a economia de água, como: banhos com duração de cêrca de cinco minutos; ensaboar louças e escovar os dentes com a torneira fechada; não usar a água da mangueira para remover resíduos do chão ou lavar o automóvel – nesse caso, é mais econômico usar balde e esponja.
  2. Oriente as pesquisas. Aproveite a oportunidade para debater em sala de aula a importância da preservação não apenas desse recurso natural, como também do meio ambiente.

Atividade complementar

O trabalho a partir do enunciado c da atividade 10 pode ser enriquecido solicitando-se aos alunos que, em dupla, criem uma história em quadrinhos sobre a necessidade de combatermos o desperdício de água. Isso contribuirá para que elaborem uma narrativa com base nas informações que dispõem sobre o tema, favorecendo e ampliando sua compreensão. Ao mesmo tempo, a proposta propicia o exercício da argumentação, já que os estudantes deverão defender o combate ao desperdício de água.

Estimule-os a explorar fórmas de desperdício que ocorram dentro e fóra do ambiente doméstico. Há plataformas on-line em que é possível criar histórias em quadrinhos gratuitamente.

PERCURSO 23 AS GRANDES BACIAS HIDROGRÁFICAS DO MUNDO

1. A importância dos rios

Os rios são cursos naturais e superficiais de água doce, fundamentais para a vida na Terra. Importantes para espécies animais e vegetais, os rios exercem grande influência na distribuição geográfica da população. A maioria das cidades está situada às margens de um rio.

Os rios participam ativamente do ciclo da água. Eles transportam de volta aos oceanos não só boa parte da água da chuva que cai na Terra, como também grande parte dos sedimentos produzidos pela erosão continental.

Além disso, as águas dos rios (fluviais) permitem:

  • o abastecimento de populações urbanas e rurais;
  • a navegação transporte de pessoas e mercadorias;
  • a irrigação de terras para a agricultura;
  • o fornecimento de alimentos pela pesca;
  • a produção de eletricidade pelas usinas hidrelétricas;
  • a refrigeração de materiais usados em atividades industriais.
Fotografia. Em primeiro plano, há uma usina hidrelétrica, na qual é possível observar a barragem, outras estruturas de concreto e parte de um curso de água represado. Em segundo plano, em uma área mais elevada e ligado à usina, extenso rio margeado por um morro que ocupa a maior parte do lado direito da fotografia.
Vista da Usina Hidrelétrica de Furnas, no Rio Grande, município de São José da Barra, Minas Gerais (2020).

Representação de uma usina hidrelétrica

Ilustração. Representação de uma usina hidrelétrica
A imagem mostra uma usina hidrelétrica em primeiro plano e, ao fundo, uma área com vegetação baixa, morros, prédios de tamanhos variados, postes de distribuição de energia elétrica e estradas. A ilustração está numerada em alguns pontos da usina hidrelétrica e, ao lado, há uma legenda indicando o que cada número representa:
1: Lago ou represa. 2: Barragem de concreto para represamento da água do lago. 3: Saída de água para movimentar ou girar as pás da turbina. 4: Saída da água para o rio, que está logo após a barragem e a usina. 5: Gerador, ou seja, lugar onde é “gerada” ou “produzida” a energia elétrica. 6: Torres de rede de transmissão de energia elétrica. 7: Estação de distribuição de energia elétrica. 8: Chegada da energia elétrica para consumo.

Fonte: elaborado com base em gref. Leitura de Física: eletromagnetismo. São Paulo: Instituto de Física da úspi, 1998. página 86.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 23

Este Percurso apresenta temas que ampliam a habilidade de identificar como as relações entre recurso hídrico e consumo transformam os ambientes. Para isso, os conteúdos trabalhados demonstram a importância dos rios para as atividades humanas e enfatizam as condições de formação de uma bacia hidrográfica. Após essas explicações, a distribuição e alguns tipos de uso das principais bacias hidrográficas do mundo são mapeados.

Destaque os efeitos do aproveitamento dos rios. Explique, apoiando-se na ilustração, o funcionamento de uma usina hidrelétrica, ressaltando seus inúmeros impactos socioambientais. Cite o deslocamento forçado de pessoas para que haja o represamento da água; a luta por direitos realizada por movimentos sociais, como, no Brasil, o Movimento de Atingidos por Barragens; a mudança do microclima; o desaparecimento de peixes, o apodrecimento de madeira e de outros materiais submersos etcétera.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero seis gê ê um dois

As fotos, o esquema, o bloco-diagrama e o mapa no decorrer do Percurso auxiliam nas discussões e explicações sobre o conteúdo. Explore esses recursos didáticos para ilustrar o funcionamento de uma usina hidrelétrica, para evidenciar as relações entre relevo e cursos de água e para identificar a localização das principais bacias hidrográficas no mundo.

Explore o princípio de conexão, chamando a atenção dos alunos para o fato de que os fenômenos geográficos estão em constante interação. Aborde também o princípio de extensão, destacando os fatores que limitam as bacias hidrográficas e o espaço abrangido por elas. Faça analogias entre bacias distintas, permitindo aos alunos compreender que os fenômenos geográficos são comparáveis, ainda que em localizações distintas. Tais ações propiciam um trabalho que instiga e exercita o pensamento espacial por meio do raciocínio geográfico.

2. A formação de bacias hidrográficas

Quando chove sobre uma área, a água da chuva escorre conforme a declividade do relevo. Por causa de seu poder de erosão, a água transporta em sua trajetória detritos arrancados do solo e das rochas e deposita-os em porções mais baixas do relevo.

A água da chuva, ao escorrer sobre a superfície, abre, inicialmente, pequenos sulcos no solo. Nas áreas de maior altitude e declividade, a fôrça erosiva da água é maior e abre canais de escoamento mais profundos, formando torrentes.

A cada período de chuvas, a erosão vai aprofundando o canal de escoamento. Quando o canal atinge a zona de saturação permanente da água subterrânea, ele passa a receber água das camadas subterrâneas, dando origem a um rio.

Esse processo, que ocorre em variadas áreas da superfície terrestre, fórma uma rede hidrográficaglossário e uma bacia hidrográfica, que corresponde ao conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Há, então, um rio maior que recebe as águas de seus afluentes e estes, dos seus subafluentes, até que, sob ação da gravidade, as águas por eles transportadas sejam despejadas nos oceanos. As elevações do relevo, sejam as de pequena altitude, sejam as de grande altitude, formam divisores de águas entre bacias hidrográficas.

Bacias hidrográficas

Ilustração. Bacias hidrográficas. 
Para mostrar os elementos que compõem uma bacia hidrográfica, a imagem mostra uma área acidentada com três terrenos mais elevados e dois vales. No vale localizado à esquerda, está descrita a bacia hidrográfica do rio A, no qual, ao longo do curso, estão indicados da parte superior do rio para a inferior os seguintes elementos: bacia de recepção, rede de drenagem do rio A, canais de escoamento, detritos e cone de dejequição. No vale localizado à esquerda, está descrita a bacia hidrográfica do rio B, no qual, ao longo do curso, estão indicados da parte superior do rio para a inferior os seguintes elementos. bacias de recepção, rede de drenagem do rio B e canais de escoamento. Sobre o terreno mais elevado do meio da ilustração, entre os dois vales, há uma demarcação em vermelho relacionada ao seguinte texto: Os pontos mais elevados do terreno, capazes de influenciar a direção da água que se precipita, são chamados divisores de águas e servem de marcos para a delimitação das bacias hidrográficas.

Fonte: , Tom. Para entender a Terra. sexta edição Porto Alegre: Bookman, 2013. página 510.


Lembramos, entretanto, que há rios que se formam das águas do degelo das geleiras situadas nas montanhas de altitudes elevadas. No Chile, por exemplo, parte do abastecimento de água para a população é feita com o degelo das geleiras de montanha.

Orientações e sugestões didáticas

Certifique-se de que os alunos compreendam a diferença entre rede hidrográfica e bacia hidrográfica. Rede hidrográfica refere-se ao traçado dos rios e de seus vales. Já bacia hidrográfica é mais abrangente, pois corresponde à área de captação natural da água de precipitação da chuva que converge os escoamentos para um leito único no ponto de saída, denominado exutório. É composta de um conjunto de superfícies vertentes constituídas pela superfície do solo e de uma rede de drenagem formada pelos cursos da água que confluem até chegar ao exutório.

Tenha em mente que os conhecimentos prévios obtidos no estudo dos agentes externos de formação do relevo (assunto estudado no Percurso 18 da Unidade 5) podem ser revisitados para dar suporte à compreensão das redes de drenagem e dos divisores de águas. Desse modo, chame a atenção dos alunos para a água como agente externo de modelagem do relevo. Se necessário, faça as explicações para sanar dúvidas sobre o papel “destruidor”, isto é, erosivo, e “construtor”, isto é, promotor de sedimentação, que a água apresenta em interação com o relevo.

3. As grandes bacias hidrográficas do mundo e seus usos

Observe o mapa a seguir e identifique as principais bacias hidrográficas do mundo. Como estudamos no Percurso 22, todos os elementos naturais da paisagem apresentam interdependência. Note, por exemplo, que uma extensa área do norte do continente africano não apresenta importantes bacias hidrográficas, pois os climas ali predominantes são o desértico Deserto do Saara e o semiárido. O mesmo ocorre na porção centro-ocidental da Austrália e na Península Arábica, áreas que também apresentam climas desértico e semiárido.

Em contrapartida, nas regiões de clima equatorial úmido, as chuvas abundantes alimentam cursos de água volumosos, como é o caso das bacias do Rio Amazonas, na América do Sul, e do Rio Congo, na África.

Principais bacias hidrográficas do mundo

Mapa. Principais bacias hidrográficas do mundo
O planisfério delimita as principais bacias hidrográficas e indica os seus respectivos nomes e principais usos. 
Bacias da América do Norte:  
1. Bacia do Rio Iucon (Canadá e Alasca). Principal uso: Pesca. 
2. Bacia do Rio Maquenzi (Canadá). Principais usos: Pesca, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
3. Bacia do Rio Nelson (Canadá). Principais usos: Pesca, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
4. Bacia dos rios Colúmbia-Isneique (Canadá e Estados Unidos). Principais usos: Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
5. Bacia do Rio Colorado (Estados Unidos e México). Principais usos: Irrigação, Produção de energia elétrica. 
6. Bacia do Rio Mississipi (Estados Unidos). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
7. Bacia do Rio São Lourenço (Canadá e Estados Unidos). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água. 
8. Bacia do Rio Grande ou Bravo (Estados Unidos e México). Principais usos: Pesca, Irrigação. 
Bacias da América do Sul
9. Bacia do Rio Orinoco (Venezuela). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
10. Bacia do Rio Amazonas (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela). Principais usos: Navegação, Pesca, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
11. Bacia do Rio São Francisco (Brasil). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
12. Bacia do Rio Paraná (Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
Bacias da África
13. Bacia do Rio Níger (Guiné, Mali, Níger, Benine e Nigéria). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
14. Bacia do Rio Nilo (Uganda, Sudão do Sul, Sudão, Etiópia e Egito). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
15. Bacia do Rio Congo (Zâmbia, República Democrática do Congo, Congo e Angola). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
16. Bacia do Rio Orange (Namíbia e África do Sul). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
17. Bacia do Rio Zambéze (República Democrática do Congo, Zâmbia, Angola, Zimbábue e Moçambique). Principais usos: Navegação, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
Bacias da Europa
18. Bacia do Rio Volga (parte europeia da Rússia, banha a capital Moscou). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
19. Bacia do Rio Reno (Europa Ocidental: Suíça, França, Áustria, Alemanha, Países Baixos e Lichenstain). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
20. Bacia do Rio Danúbio (Europa Central: Áustria, Alemanha, Bulgária, Hungria, Croácia, Moldávia, Romênia, Sérvia, Eslováquia e Ucrânia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
Bacias da Ásia
21. Bacia do Rio Ob (Rússia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
22. Bacia do Rio Ienessei (Rússia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
23. Bacia do Rio Lena (Rússia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
24. Bacia do Rio Amur (Rússia, China e Mongólia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
25. Bacia do Rio Ruangui-Rô ou Amarelo (China). Principais usos: Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
26. Bacia do Rio Iangui Tisé-Quiangui ou Azul (China). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
27. Bacia dos rios Tigre e Eufrates (Turquia, Síria e Iraque). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
28. Bacia do Rio Indo (Tibete, Paquistão e Índia). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
29. Bacia do Rio Ganges (Tibete, Índia e Bangladéchi). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
30. Bacia do Rio Mecongui (Tibete, China, Miamar, Laos, Tailândia e Vietnã). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
Bacia da Oceania
31. Bacia dos rios Murrai e Darlin (Austrália). Principais usos: Navegação, Pesca, Irrigação, Abastecimento de água, Produção de energia elétrica. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.350 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Le Grand atlas du XXIe siècle. Gallimard, 2013. página dezesseis e dezessete.

Grafismo indicando atividade.

Em sua opinião, que impactos ambientais podem ser gerados pelos principais usos dos cursos fluviais?

Orientações e sugestões didáticas

Na resposta à atividade proposta, espera-se que os alunos reconheçam os impactos dos principais usos dos cursos fluviais à fauna, à vegetação e à própria qualidade das águas dos rios, em decorrência da poluição. Atente às respostas dos alunos e corrija eventuais equívocos.

A questão das principais bacias hidrográficas do mundo é um conteúdo que pode suscitar dificuldades de entendimento dos alunos. Ao analisar o mapa, sugira a eles que o comparem ao mapa “Mundo: físico”, na página 137. Destaque a presença de importantes divisores de águas, como cadeias montanhosas e áreas de serras em planaltos. Faça um exercício de localização, pedindo aos alunos que comparem legenda e mapa e, assim, deem referências de coordenadas geográficas. Esse exercício não precisa ser respondido com precisão, mas pretende relembrar e treinar temas relevantes do raciocínio geográfico já trabalhados.

Atividade complementar

Proponha um trabalho de pesquisa sobre as grandes bacias hidrográficas do mundo. Divida a turma em grupos. Cada grupo deve escolher uma bacia distinta. Oriente os alunos a pesquisar informações que lhes permitam responder: “Qual é o rio principal e quais são os rios afluentes que compõem a bacia escolhida?”; “Onde os rios nascem e deságuam?”; “Quais são as cidades mais importantes localizadas na área da bacia?”; “Quais são as principais fórmas de uso dos recursos hídricos da bacia?”; “Quais são as consequências socioambientais desses usos?”. Colabore na busca pelas informações indicando sites, livros e outros materiais e fontes que julgar pertinentes. Peça aos grupos que montem cartazes com ilustrações, informações e reflexões resultantes de suas pesquisas. Os cartazes devem ser colocados em um mural na escola e servir de mote para uma discussão conjunta dos resultados alcançados.

Os grandes rios do mundo são aproveitados de diversas fórmas pelas sociedades. Conheça, a seguir, alguns dos usos mais comuns dos cursos fluviais, realizados na maioria das grandes bacias hidrográficas do mundo.

Navegação

Desde tempos remotos, os rios servem de vias de transporte para os grupos humanos. Nos rios de planície, as condições de navegação são facilitadas pela ausência de desníveis e de grandes quedas-d’água. Atualmente, a construção de eclusas e a melhoria das condições de navegabilidade por meio da dragagem possibilitam que maiores trechos dos cursos de água se tornem navegáveis e sejam aproveitados para o escoamento de mercadorias.

Pesca

Os rios também fornecem alimento às populações humanas, seja pela pesca, seja por meio da aquicultura. Enquanto a criação em cativeiro vem crescendo em muitos países, a atividade pesqueira tem sido ameaçada em decorrência da poluição e da pesca intensiva, que reduzem a disponibilidade de peixes e causam desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos.

Fotografia. Um homem usando camiseta, bermuda, chinelo e boné está sobre um pequeno barco amarelo. Ele segura uma rede de pesca que está dentro de um rio, que ocupa a maior parte da imagem. Ao fundo, uma densa vegetação.
Pesca no Rio São Francisco, município de Lagoa Grande, Pernambuco (2021).

Irrigação

Os rios representam uma fonte direta de água para os cultivos agrícolas. No Brasil, as águas do Rio São Francisco, por exemplo, permitem o cultivo irrigado em áreas de clima semiárido, onde as chuvas são escassas.

Na irrigação, o retorno desse recurso para rios, represas ou lagos de onde foi retirado é pequeno, pois grande parte da água utilizada é retida pelas plantas, evapora ou se infiltra no solo. Estima-se que cêrca de 60% da água utilizada em projetos de irrigação é perdida por fenômenos como a evaporação.

Abastecimento de água

Como estudamos, a água doce é um recurso essencial à vida. Por essa razão, as populações humanas buscam situar-se nas proximidades de rios e de outras fontes de água doce. Ao longo do tempo, os grupos humanos desenvolveram técnicas de distribuição e tratamento de água para abastecer cidades e garantir a qualidade da água consumida pela população (assunto que será estudado no Percurso 24).

Produção de energia elétrica

Muitos rios com desníveis ao longo de seu curso são aproveitados para a produção de energia elétrica. É o caso dos rios Paraná e São Francisco, no Brasil, e do Rio iãn sei quian, na China. Embora a crescente demanda por energia exija a construção de novas usinas hidrelétricas, deve-se considerar os impactos causados pelo represamento da água dos rios por barragens, como as mudanças na vazão dos rios e no deslocamento de peixes ao longo do curso fluvial.

Orientações e sugestões didáticas

Entre os diversos impactos gerados por esses usos dos cursos fluviais, apresente aos alunos mais detalhes. Em relação à pesca intensiva, destaque que essa prática reduz a disponibilidade de peixes e causa desequilíbrios nos ecossistemas aquáticos. Quanto à irrigação, pontue que o retorno da água para rios, represas ou lagos de onde foi retirada é pequeno, pois grande parte da água usada é retida pelas plantas, evapora ou se infiltra no solo. Estima-se que cêrca de 60% da água usada em projetos de irrigação é perdida por fenômenos como a evaporação. Mencione também que a construção de barragens para abastecimento ou funcionamento de hidrelétricas é responsável por causar mudanças na vazão dos rios e no deslocamento de peixes ao longo do curso fluvial, além de alagar extensas áreas que poderiam ser destinadas a outras atividades, como a agricultura.

PERCURSO 24 BRASIL: RECURSOS HÍDRICOS, USOS E PROBLEMAS

1. Brasil: país de grandes recursos hídricos

Aproximadamente 12% de toda a água doce superficial disponível no planeta concentra-se em território brasileiro.

Essa reserva considerável de água deve-se, entre outros fatores, a um clima que assegura chuvas abundantes e regulares em quase todo o país, com exceção de certas áreas da Grande Região Nordeste do Brasil, que apresentam clima tropical semiárido.

Brasil: hidrografia

Mapa. Brasil: hidrografia
O mapa mostra a distribuição hidrográfica brasileira, indicando a localização e o nome de rios e represas. Na legenda e no mapa, estão diferenciados: os rios perenes, que ocorrem em todo o território nacional, mas com maior concentração nas regiões norte e sudeste; os rios temporários, concentrados na região nordeste; e uma área alagada, que abrange o oeste da região centro-oeste e uma porção do leste da Bolívia.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 127.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 24

Neste Percurso, a escala do território brasileiro é privilegiada para trabalhar articuladamente a questão do consumo dos recursos hídricos e do uso da terra, especialmente no contexto urbano.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero seis gê ê um zero
  • ê éfe zero seis gê ê um dois

Neste Percurso, trabalhe as águas superficiais recorrendo ao mapeamento dos principais rios do país. Sobre as reservas de águas subterrâneas, destaque a importância dos aquíferos Alter do Chão e Guarani, ressaltando a necessidade do uso racional desses recursos.

Use os gráficos, os esquemas e as indicações de sites nos boxes Navegar é preciso para elucidar as características do consumo de água no Brasil. Explique, com base nos esquemas, os sistemas de tratamento, distribuição e produção da água nas cidades brasileiras.

2. Os aquíferos e a necessidade do uso racional da água

Além de ser rico em águas superficiais, o Brasil apresenta grande volume de águas subterrâneas: os aquíferos, que são responsáveis pelo abastecimento de poços, nascentes e, consequentemente, de moradias, no campo e nas cidades. No Brasil, destacam-se os aquíferos Alter do Chão e Guarani, considerados os maiores do mundo.

Aquíferos Alter do Chão e Guarani

Mapa. Aquífero Alter do Chão e Guarani. 
Mapa do Brasil localizando os aquíferos Alter do Chão, que se estende das porções central do estado do Pará e sul do Amapá até o leste do estado do Amazonas, e Guarani, que abrange parte dos estados Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás,Minas Gerais e São Paulo, além de porções de Paraguai, Argentina e Uruguai. Dois textos apresentam informações sobre os aquíferos:
Alter do Chão: a extensão superficial do Alter do Chão é menor que a do Aquífero Guarani, mas tem maior volume de água. Dados preliminares apontam um volume de água superior a 86 mil quilômetros cúbicos no Aquífero Alter do Chão. A capacidade do Aquífero Guarani é de aproximadamente 45 mil quilômetros cúbicos.
Aquífero Guarani: no caso do Aquífero guarani, sua grande extensão superficial ultrapassa, chegando a outros países. O Aquífero Alter do Chão é exclusivamente nacional – pertence aos estados do Pará, do Amazonas e do Amapá -, o que facilita sua gestão.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 490 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em NAIME, Roberto. Aquífero Alter do Chão. EcoDebate, 27 outubro 2015. Disponível em: https://oeds.link/LfEAhI. Acesso em: 21 janeiro 2022; ô ê á. Aquífero Guarani: programa estratégico de ação. ô ê á: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, janeiro 2009. página 98.


Apesar de todo o potencial de recursos hídricos superficiais e subterrâneos, ainda existe no Brasil má gestão ou má administração deles, bem como a falta de consciência por parte da população sobre a necessidade de seu uso racional, a fim de evitar desperdício e sua poluição.

Em algumas regiões do Brasil e do mundo, a extração de água subterrânea é superior ao volume de reposição natural ou de reabastecimento pela infiltração das águas das chuvas, colocando em risco os aquíferos (por exemplo, como estudamos, a existência de construções e pavimentações em zonas de recarga dos aquíferos impede sua realimentação).

Como política de gestão das águas, especialistas apontam ainda a necessidade de reúso e de melhor aproveitamento das águas das chuvas em sistemas de captação em residências, prédios de habitação coletiva, na indústria e na própria atividade agrícola, que é a responsável, como estudaremos a seguir, pelo maior consumo da água.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Associação Brasileira de Águas Subterrâneas

https://oeds.link/gHO0jT

Na área do site dedicada à educação, aprenda mais sobre as águas subterrâneas, sua importância e disponibilidade.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é sua atitude e a de seus familiares em relação à necessidade do uso racional e sem desperdício de água?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão do boxe No seu contexto é pessoal. É importante que os alunos pensem sobre seus hábitos de consumo e se há algo que podem fazer em seu cotidiano para reduzir o desperdício de água. Reforce a ideia de que atos simples, como escovar os dentes com a torneira fechada, contribuem para melhor uso e conservação desse recurso.

As relações entre crescimento urbano e apropriação dos recursos hídricos também compõem os conteúdos aqui estudados. Enfatize especialmente os problemas de poluição hídrica, de canalização e de impermeabilização. Tais elementos, conjuntamente, são capazes de alterar as dinâmicas naturais das bacias hidrográficas e de tornar a água escassa. Por fim, apresente o que são as regiões hidrográficas brasileiras, caracterizando-as.

No livro do 7º ano, nos Percursos dedicados ao estudo das regiões brasileiras, serão tratados outros assuntos importantes e relativos aos rios brasileiros e ao seu aproveitamento.

Sugira aos alunos que façam a leitura dos mapas da página anterior e desta, localizando os principais rios e aquíferos do país. Pergunte: “Que conexões é possível estabelecer entre os mapas?”; “O que sabem a respeito das características naturais das áreas dos aquíferos?”. Promova esse debate, ressaltando a importância da interação entre fenômenos geográficos.

Tema contemporâneo transversal

O boxe No seu contexto enseja aprofundamento da discussão sobre Educação Ambiental. Aproveite essa oportunidade para promover atitudes sociais de conscientização dos alunos. Explique que, apesar de o Brasil ser um país de grandes reservas de água doce, há necessidade de usá-la de fórma parcimoniosa. Enfatize também a questão do desperdício de água, que ocorre tanto em residências como em empresas, e que é preciso implementar atitudes pessoais e iniciativas coletivas sustentáveis para combatê-lo, o que requer o engajamento de todos nós.

3. O consumo de água no Brasil

No Brasil, os principais usos da água, em termos de quantidade consumida, correspondem às atividades agropecuárias de irrigação e de abastecimento animal. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), do total de água disponível para as atividades humanas no mundo, cêrca de 69% são usados para projetos de irrigação.

A demanda por água no Brasil é crescente e está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e ao processo de urbanização do país. Nas duas últimas décadas, ocorreu um aumento de aproximadamente 80% no total retirado de água para consumo e a previsão é de que, até 2030, a retirada aumente 24%. Tal fato exige o uso responsável e consciente da água pela população e por meio da implantação de políticas públicas eficientes que possam contribuir para evitar o desperdício desse importante recurso.

Brasil: consumo de água (média anual) – 2019

Gráfico. Brasil: consumo de água (média anual) – 2019. 
O Gráfico circular mostra, em porcentagem, que o consumo de água médio no Brasil se deu por atividades econômicas e para o abastecimento de diferentes áreas. De cima para baixo, em sentido horário, as atividades e as áreas abastecidas, bem como as suas respectivas porcentagens, são:
Irrigação: 66,1 por cento. Abastecimento animal: 11,6 por cento. Indústria: 9,7 por cento. Abastecimento urbano: 9,0 por cento. Abastecimento urbano: 9,0 por cento. Mineração: 0,9 por cento. Termelétricas: 0,3 por cento. Parte central do gráfico: Total de consumo: 1.125 metros cúbicos por segundo.

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2020: informe anual. Brasília: ANA, 2020. pê ponto 32.


Tratamento e redes de distribuição de água

Do total de água consumida anualmente no Brasil, em média 9% destinam-se para o abastecimento urbano. Para que a água possa ser consumida pelas pessoas, é necessário torná-la potável, pois nem toda a água presente na natureza está em condições para consumo imediato e, quando não tratada, pode causar graves doenças.

O tratamento de água destinada ao consumo é realizado por meio da retirada da água de mananciaisglossário , transportando-a para estações de tratamento e, em seguida, distribuindo-a para residências, estabelecimentos comerciais etcétera.

Processo de tratamento e distribuição de água

Ilustração. Processo de tratamento e distribuição de água.
A ilustração mostra, em primeiro plano, uma grande área com água represada e as etapas de tratamento antes chegar às residências, que se encontram ao fundo da imagem. Essas etapas estão indicadas por números:
Etapas um (represa de acumulação), dois (Represa de captação de água) e três (Adutora de água bruta): estão localizadas na parte esquerda da imagem e mostram os primeiros processos de tratamento da água feito por uma indústria, localizada na parte superior da ilustração. A etapa três é representada por um tubo metálico que liga a água captada à estação de tratamento de água (eta).
Etapas quatro (Pré-tratamento), cinco (Floculação), seis (Decantação), sete (Filtração) e oito (Reservatório de água tratada): essas etapas compõem a estação de tratamento de água (eta) e estão representadas na ilustração na parte inferior, por meio de reservatórios paralelos conectados por tubos em que a água é transferida. Na etapa sete ocorre a filtração de carvão, areia e cascalho, para que em seguida a água seja direcionada para um canal em que será tratada por meio dos processos de desinfecção e fluoretação. Só então a água chega ao reservatório de água tratada.
Etapas nove (rede) e dez (rede de distribuição): estão localizadas na parte direita e central da imagem e mostram que, ligado ao reservatório de água tratada, há um extenso tubo que representa a rede por onde a água passa até chegar a várias outras redes que se conectam às casas e aos prédios.

Fonte: elaborado com base em Jundiaí. Relatório anual de qualidade da água. Jundiaí: ésse á – Água e Esgoto, 2014. Disponível em: https://oeds.link/4SL6Fz. Acesso em: 26 março 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Solicite aos alunos que leiam e interpretem o gráfico oralmente. Chame a atenção para os distintos ramos de atividades econômicas. Peça a eles que identifiquem que produtos de seu uso cotidiano essas atividades fornecem. Ouça os exemplos e discuta com eles que direta e indiretamente todos contribuem para esses percentuais de consumo. É importante avaliar com eles os dados e as causas dos desperdícios de água. Com base nos problemas apontados e nos conhecimentos geográficos dos alunos, instigue-os a refletir sobre possíveis soluções ou mitigações desses problemas. Após a discussão, os alunos deverão organizar as ideias apresentadas em um cartaz a ser fixado no mural da classe ou da escola para que todos tenham acesso às sugestões e possam colocá-las em prática.

Chame a atenção dos alunos para o precário sistema de saneamento básico em nosso país: de acordo com os dados de 2019 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério do Desenvolvimento Regional, apenas 54,4% da população (cêrca de 110 milhões) foi atendida totalmente com esgotamento sanitário; de todo esgoto gerado, apenas 49,1% foram tratados. Para mais informações, sugerimos consultar a página eletrônica do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério do Desenvolvimento Regional. Destaque, ainda, que os órgãos encarregados pelo abastecimento de água nos municípios brasileiros desperdiçam cêrca de 39,2% da água destinada para consumo domiciliar, o que ocorre principalmente em decorrência dos vazamentos em tubulações.

Comente com os alunos o significado dos termos seguintes, que aparecem na ilustração sobre as etapas de tratamento da água.

Floculação/coagulação: coagula as partículas (sujeiras) formando flocos pesados, para auxiliar na decantação.

Desinfecção/cloração: elimina os micro-organismos prejudiciais (patógenos) ou não, garantindo o padrão de potabilidade da água que será distribuída.

Fluoretação: atua na redução da incidência de cáries, atendendo às legislações específicas expedidas pelo Ministério da Saúde.

Sistemas de produção de água

As estações de tratamento de água fazem parte dos chamados sistemas de produção de água. No Brasil, há dois deles: os sistemas integrados, que atendem a mais de um município a partir do mesmo manancial, e os sistemas isolados, que abastecem apenas um município.

A maioria dos municípios brasileiros é abastecida por sistemas isolados. Os sistemas integrados são empregados no abastecimento dos maiores aglomerados urbanos do país, que demandam quantidades de água superiores às disponibilidades hídricas locais.

Brasil: sistemas de produção de água

Ilustração. Brasil: sistemas de produção de água
Ilustração esquemática mostrando as etapas dos sistemas isolado e integrado de captação de água até chegar a um município hipotético. As etapas estão interligadas entre si e representadas por pequenos ícones ilustrados. Abaixo da ilustração, há a definição de alguns termos que auxiliam no entendimento dos processos apresentados. São eles:
Adução de água: condução da água, por meio de tubulação, do ponto de captação no manancial até a Estação de Tratamento de Água e desta até os reservatórios de distribuição.
Captação: coleta de modo adequado da água do manancial, também chamada de água bruta.
Estação de Tratamento de Água (ETA): unidade responsável pela purificação da água bruta coletada no manancial, seguindo critérios de qualidade especificados na legislação.
Estação Elevatória (EE): conjunto das instalações e equipamentos de bombeamento de água, que a transportam até pontos mais distantes ou mais elevados.
Reservatório: edificações, geralmente de concreto, nas quais a água é mantida após tratamento.
Rede de distribuição: tubulações e encanamentos por meio dos quais a água tratada é distribuída para a população.
A descrição da ilustração é a seguinte:
Sistema isolado. Conta com sete etapas: Captação de água bruta, Estação Elevatória de água bruta, Adução de água bruta, Estação de Tratamento de Água, Estação Elevatória de água tratada. Adução de água tratada e Reservatório de água tratada. Desse reservatório, a água chega ao município um.  
Sistema integrado. Conta com três tipos de captação de água bruta: barragem, fio de água e poço.
Captação por barragem. Etapas: captação de tratamento de água e adução de água tratado. Em seguida, chega ao município um, garantindo 70 por cento de sua demanda.
Captação por fio de água: Etapas: estação elevatória de água bruta, adução de água bruta, estação de tratamento de água, estação elevatória de água tratada, adução de água tratada, reservatório de água tratada. Em seguida, chega ao município dois, garantindo 100 por cento de sua demanda. Ao chegar na estação de tratamento de água, a captação por fio de água faz um desvio e chega ao município um, complementando os 30% de sua demanda.
Captação por poço. Etapas. Adução de água bruta, tratamento e adução de água tratada. Em seguida, chega ao município três, garantindo 10 por cento de sua demanda. Os 90 por cento restantes são garantidos por meio da captação por meio de fio de água, após passar pelo reservatório de água tratada.

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas. Atlas Brasil: abastecimento urbano de água – panorama nacional. Brasília: ãna, 2010. volume 1, página 37.

Orientações e sugestões didáticas

Competência

A análise dos sistemas de produção de água é oportuna para que os alunos desenvolvam a Competência Específica de Geografia 2: “Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história”. Peça que avaliem as vantagens e as desvantagens desses sistemas. Destaque como benefício a capacidade de transformação da água bruta em água potável, apropriada para consumo humano. Como desvantagem, mencione o desperdício nas tubulações.

4. Bacias hidrográficas e cidades

Nas cidades, à medida que aumenta a população e que novas áreas são ocupadas, intensifica-se o adensamento urbano e os limites das cidades são expandidos. Quando isso ocorre sem planejamento, um conjunto de impactos altera a qualidade e a quantidade das águas em bacias hidrográficas urbanas. Entre os principais impactos do crescimento urbano sobre as bacias hidrográficas, destacam-se:

  • a poluição de córregos e rios pelo despejo direto de esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos sólidos e pela chamada poluição difusa, resultante do contato da água com materiais presentes na superfície urbana (como lixo, fezes de animais, fuligem etcétera);
  • as obras de canalização, que envolvem a construção de canais artificiais de escoamento da água e, ao permitirem um escoamento mais rápido das águas, reduzem o tempo de permanência delas nas bacias hidrográficas;
  • a impermeabilização do solo ocasionada pela pavimentação, que reduz drasticamente a infiltração da água das chuvas no solo. Isso provoca um escoamento superficial mais rápido das águas precipitadas para as redes de drenagem urbana, rios e córregos, podendo ocasionar inundações e alagamentos (como estudamos na página 125 do Percurso 17).

Insegurança hídrica: estudo de caso

A Região Metropolitana de São Paulo (érre ême ésse pê), localizada na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, enfrentou, entre 2014 e 2015, uma das mais graves crises hídricas de sua história. Com 39 municípios e aproximadamente 21 milhões de habitantes, a érre ême ésse pê tem disponibilidade anual média de 150 mil litros de água por pessoa cêrca de um décimo da recomendada pela ONU para satisfação das necessidades básicas. Para garantir o abastecimento dessa que é uma das maiores aglomerações urbanas do mundo, a érre ême ésse pê conta com uma complexa infraestrutura hídrica, formada por um sistema integrado de abastecimento que conta com dez sistemas produtores de água.

Fotografia. No centro, há uma área alta com vegetação e algumas construções. Ligada a essa área, em suas margens um pouco mais abaixo, há uma extensa faixa com solo exposto e seco, em tonalidade laranja e bege. Rodeando essa área, há um curso de água que ocupa praticamente toda a parte superior da fotografia.
Vista aérea de parte da represa Jaguari, no município de Joanópolis (São Paulo), que integra o Sistema Cantareira, durante a crise hídrica em 2014.

fóra dos períodos de crise, os sistemas produtores de água que abastecem a érre ême ésse pê são capazes de produzir, juntos, 6,5 bilhões de litros diários de água para abastecimento (75,8 métros). O maior deles, o Sistema Cantareira, é responsável por quase metade do fornecimento da érre ême ésse pê. Mas, por causa da crise hídrica, a produção de água do Cantareira teve uma queda de 56% entre janeiro de 2014 e março de 2015.

érre ême ésse pê: volume total de água disponível dos mananciais – 2010-2020

Gráfico. Região metropolitana de São Paulo: volume total de água disponível dos mananciais – 2010-2020.  
Gráfico de barras mostrando o volume total de água disponível dos mananciais da Região metropolitana de São Paulo. Os anos estão no eixo vertical e as porcentagens no eixo horizontal. Todas as barras estão na cor verde, com exceção das que demarcam os valores dos anos 2014 e 2015, que estão em laranja, por serem os menores em todo o período representado.
2010: 75 por cento 
2011: 62 por cento  
2012: 49 por cento  
2013: 42 por cento  
2014: 1 por cento 
2015: 25 por cento  
2016: 51 por cento  
2017: 48 por cento  
2018: 49 por cento 
2019: 57 por cento 
2020: 47 por cento

Fonte: Sabésp. Relatório de sustentabilidade 2020. página 56. Disponível em: https://oeds.link/MY0uuc. Acesso em: 25 janeiro 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Explique aos alunos a complexidade da crise hídrica que afetou a Região Metropolitana de São Paulo entre os anos de 2014 e 2015. Comente que se trata de um problema oriundo de uma combinação de diversos fatores: irregularidade climática, tendência global de mudanças no clima, ocupação e alta densidade demográfica, problemas de gestão dos recursos na região etcétera.

Explique aos alunos que o fenômeno da conurbação (do latim, con-, com, + -, cidade, + -ation, ação), ou seja, a unificação da área urbana de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento horizontal, levou os governos estaduais a criar as Regiões Metropolitanas – regiões constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar as administrações municipais e possibilitar a implantação de políticas públicas de interesse comum (construção de ruas e vias expressas, integração do transporte coletivo etcétera).

Temas contemporâneos transversais

A explicação sobre a crise hídrica possibilita abordar alguns temas: a) Saúde – discuta sobre problemas relacionados ao saneamento básico no Brasil (como as doenças transmitidas pela água) e explique que, entre outras funções, a água atua no organismo humano como veículo para a troca de substâncias e para a manutenção da temperatura corporal; b) Educação para o Consumo – forneça elementos para que reflitam sobre a importância da redução do desperdício de água no dia a dia e nos sistemas de abastecimento; c) Educação Ambiental – comente a necessidade de preservar as matas ciliares, evitar a ocupação de várzeas de rios e áreas de mananciais; d) Educação em Direitos Humanos – comente as desigualdades de acesso à água potável no mundo e explique que o saneamento e o acesso à água limpa e segura são considerados pela ONU um direito humano essencial; e) Educação Financeira e Fiscal – oriente-os a consultar uma conta de água da escola ou das residências onde moram e peça que calculem quanto é gasto, em média, diariamente com o consumo de água.

Além da limitada disponibilidade natural de água, existem outros fatores que contribuíram para a crise hídrica na érre ême ésse pê entre 2014 e 2015, como os altos índices de desperdício, a ocupação irregular do solo, a degradação ambiental e a poluição dos recursos hídricos. Esses problemas ainda hoje representam um risco à garantia de abastecimento de água nessa região metropolitana.

Desperdício

Em 2020, em relação ao volume total de água produzida pelo sistema integrado de abastecimento da érre ême ésse pê, 27% se perderam antes de chegar ao destino. Parte das perdas é registrada por causa de vazamentos; o restante deve-se a instalações irregulares (“gatos”), fraudes ou imprecisão na medição dos hidrômetros.

Fotografia. Vista de uma rua com destaque para um vazamento de água sobre o asfalto. No local do vazamento está um toco fino de madeira com um saco plástico amarrado. Ao fundo, além do restante do trecho da rua, há casas com tijolos expostos, muros, postes de energia elétrica e uma pequena árvore.
Vazamento de água em rua do município de São Paulo, São Paulo (2021).

Mananciais ocupados

A ocupação urbana em áreas de mananciais, especialmente de fórma acelerada e irregular, prejudica a qualidade das águas. Essa fórma de ocupação eleva a quantidade de esgoto bruto (sem tratamento) e de lixo que é lançada na água. Ao redor da Represa de Guarapiranga, por exemplo, que é um dos principais mananciais de abastecimento da érre ême ésse pê, vivem mais de 1 milhão de pessoas parte delas em condições irregulares.

Fotografia. Vista de uma imensa área com predomínio de moradias de alvenaria, simples e bastante agrupadas, rodeada por um extenso curso de água. Entre a área com as moradias e o curso de água, há faixas de vegetação rasteira.
Vista aérea de ocupação urbana às margens da Represa Billings, no município de São Paulo, São Paulo (2019).

Menos vegetação, menos água

Com a retirada da vegetação das margens das represas para a construção de casas, os sedimentos são arrastados para dentro desses reservatórios, ocasionando perda em sua capacidade de armazenar água. O desmatamento também diminui a capacidade do solo de reter umidade e garantir a recarga da represa.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

A escassez de água desponta como um dos principais problemas da humanidade. Como você pode contribuir individualmente para a redução do consumo de água no dia a dia?

Orientações e sugestões didáticas

Na resposta à questão do boxe No seu contexto, os alunos podem citar algumas práticas para a redução do consumo de água: diminuição do tempo de banho, enxágue da escovação de dentes com copo de água, armazenamento de água em baldes para reúso.

Atividade complementar

Contextualize a discussão sobre a relação entre dinâmica urbana e transformações nas bacias hidrográficas. Proponha aos alunos que identifiquem em que bacia hidrográfica brasileira se localiza o município em que vivem. Solicite que pesquisem o crescimento populacional do município, enfatizando, se possível, o crescimento da cidade. Oriente-os a usar dados do Censo 2010 e a compará-los com estimativas populacionais mais atuais. Para isso, indique consulta ao site do í bê gê É (disponível em: https://oeds.link/JOX77t; acesso em: 27 maio 2022). Informe que, segundo a Organização das Nações Unidas, uma pessoa precisa de cêrca de 110 litros de água por dia para suas necessidades higiênicas e de alimentação, entre outras. Com esse dado, peça que calculem quantos litros de água foram aumentados em decorrência do crescimento populacional. Por fim, solicite que reflitam sobre os impactos do incremento do consumo de água. Na página eletrônica da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ãna), a seguinte publicação pode oferecer mais informações, dados estatísticos e outros subsídios para complementar ou aprofundar a atividade: Atlas Águas: segurança hídrica do abastecimento urbano. Brasília: ãna, 2021.

5. Regiões hidrográficas do Brasil

Em 2003, o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, publicou a Divisão Hidrográfica Nacional, estabelecendo doze regiões hidrográficas no país, cada uma formada por uma bacia hidrográfica, ou por um grupo delas, com características naturais, sociais e econômicas semelhantes. Essa divisão foi elaborada para orientar o aproveitamento dos recursos hídricos do Brasil, assegurando o uso racional da água e seu gerenciamento.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Agência Nacional de Águas (ãna)

https://oeds.link/AmbCdX

Navegue por este site, indo em "Assuntos", depois "Gestão das águas" e, em seguida, "Panorama das águas". Clique, então, sobre “As Regiões Hidrográficas” e conheça mais sobre elas.

Brasil: regiões hidrográficas

Mapa. Brasil: regiões hidrográficas.  
Mapa do Brasil com a delimitação da área territorial e os principais rios das bacias hidrográficas do país, diferenciadas por cores. Na página em que o mapa está e na página seguinte há quadros com textos que apresentam as principais características das bacias. Esses quadros servem de legenda para o mapa, já que apresentam as mesmas cores do mapa.

Região Hidrográfica Amazônica
Área (no Brasil): 3.869.953 quilômetros 
Principais rios: Amazonas, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, Negro e Trombetas.
A bacia abrange cerca de 45 por cento do território brasileiro e se estende por países vizinhos (Bolívia, Equador, Peru, Colômbia e Venezuela). Seus rios são fonte de alimentos, principalmente para a população ribeirinha. Apresenta também grande potencial hidrelétrico, tendo várias usinas hidrelétricas, e é largamente usada para navegação.

Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Área (no Brasil): 918.822 quilômetros
Principais rios: Tocantins, Araguaia e Rio das Mortes.
Apresenta rios de grande extensão: o Tocantins tem 2.700 quilômetros e o Araguaia, 2.600 quilômetros. Essa região tem grande potencial hidrelétrico. No curso inferior do Rio Tocantins, foi construída a Usina Hidrelétrica Tucuruí, que abastece a atividade mineradora da região. No curso do Rio Araguaia, encontra-se a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal. É usada também para navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
Área: 274.301 quilômetros
Principais rios: Gurupi, Itapecuru, Mearim, Munim e Pericumã.
Os rios dessa região são caudalosos, pois recebem grandes quantidades de chuva. Em seus vales, é cultivado arroz e, em seus interflúvios – isto é, pequenas ondulações do terreno que separam um vale fluvial do outro –, pratica-se a criação de gado bovino. Abastecem de água várias cidades.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental
Área: 286.802 quilômetros
Principais rios: Acaraú, Capibaribe, Curimataú, Jaguaribe, Mundaú, Paraíba, Piranhas-Açu e Una.
Os rios Paraíba (no estado de mesmo nome), Ipojuca, Capibaribe e Beberibe (em Pernambuco) e Mundaú (em Alagoas) tiveram seus vales aproveitados para o plantio da cana-de-açúcar desde o século dezesseis. Em vales de rios temporários no Ceará e no Rio Grande do Norte, existem carnaubais nativos, explorados pela população. Usos principais: navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica do Parnaíba
Área: 333.056 quilômetros
Principais rios: Parnaíba, Balsas, Gurgueia e Poti.
O Rio Parnaíba, com 1.414 quilômetros de extensão, é a divisa natural entre os estados do Maranhão e Piauí. Em seu curso, foi construída a Usina Hidrelétrica Boa Esperança. Recebe, pela margem direita, afluentes de regime temporário, como é o caso dos rios Gurgueia e Uruçui Preto, vindos do Sertão nordestino. É navegável entre Teresina e Parnaíba. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica do São Francisco
Área: 638.576 quilômetros
Principais rios: São Francisco, Grande, Carinhanha, Rio das Velhas, Corrente e Verde.
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e percorre 3.160 quilômetros até despejar suas águas no Oceano Atlântico. É um típico rio de planalto, apresentando várias quedas de água, aproveitadas para a geração de energia por várias usinas hidrelétricas (Sobradinho, Paulo Afonso etecétera). Suas águas são também usadas para a navegação e a irrigação.

Região Hidrográfica do Paraguai
Área: 363.446 quilômetros
Principais rios: Paraguai, Correntes, Taquari, São Lourenço e Sepotuba.
O Rio Paraguai, com 2.500 quilômetros de extensão, é um rio de planície, navegável. Corta o Pantanal Mato-Grossense e deságua no Rio Paraná, em território argentino. Em seu vale destacam-se a criação de gado bovino e o escoamento de minérios de ferro e manganês. Usos principais: navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica Atlântico Leste
Área: 388.160 quilômetros
Principais rios: Jequitinhonha, Contas, Itapecuru, Mucuri, Pardo, Paraguaçu e Vaza-barris.
Os rios dessa região, que ocupa cerca de 4,5 porcento do território brasileiro, desembocam no Oceano Atlântico e são importantes para as populações locais. Parte dos rios apresenta regime temporário. Uso principal: abastecimento de água.

Região Hidrográfica do Paraná
Área: 879.873 quilômetros
Principais rios: Paraná, Grande, Verde, Paranapanema, Iguaçu, Tietê e Paranaíba.
O Rio Paraná e seus principais afluentes atravessam áreas de relevo de planalto, o que lhes confere grande potencial hidrelétrico. Existem, nessa região, várias usinas hidrelétricas instaladas que abastecem as Grandes Regiões Sul e Sudeste, as mais industrializadas e urbanizadas do país. Usos principais: navegação, irrigação e abastecimento de água.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
Área: 214.629 quilômetros
Principais rios: Doce, Paraíba do Sul, Ribeira do Iguape e São Mateus.
O Rio Doce corta os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Seu vale é rico em jazidas minerais e pedras preciosas. O Rio Paraíba do Sul atravessa os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. No seu vale desenvolveu-se a cafeicultura, no século dezenove, e, atualmente, existem muitas cidades industriais em seu entorno que se abastecem de suas águas.

Região Hidrográfica do Uruguai
Área: 174.533 quilômetros
Principais rios: Uruguai, Quaraí, Ijuí, Ibicuí e Negro.
O curso do Rio Uruguai atinge 2.129 quilômetros, atravessando terras do Brasil e fazendo fronteira entre a Argentina e o Uruguai e entre o Brasil e a Argentina. Sua foz é no estuário do Rio da Prata. No Brasil, faz divisa entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. É navegável num trecho de 670 quilômetros, em território do Rio Grande do Sul. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica Atlântico Sul
Área: 187.522 quilômetros
Principais rios: Canaquã, Capivari, Itajaí, Jacuí e Guaíba.
O Rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, atravessa municípios importantes do estado (Passo Fundo, Cruz Alta etecétera). Em seu vale há culturas de soja e arroz. O Rio Itajaí atravessa o estado de Santa Catarina e passa por cidades importantes, como Blumenau e Itajaí. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Águas. As regiões hidrográficas. Disponível em: https://oeds.link/l7EZOq. Acesso em: 21 janeiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Em que região hidrográfica está situada a localidade em que você mora?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão proposta depende da localidade onde os alunos vivem.

Quadros.

Região Hidrográfica Amazônica
Área (no Brasil): 3.869.953 quilômetros 
Principais rios: Amazonas, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, Negro e Trombetas.
A bacia abrange cerca de 45 por cento do território brasileiro e se estende por países vizinhos (Bolívia, Equador, Peru, Colômbia e Venezuela). Seus rios são fonte de alimentos, principalmente para a população ribeirinha. Apresenta também grande potencial hidrelétrico, tendo várias usinas hidrelétricas, e é largamente usada para navegação.

Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Área (no Brasil): 918.822 quilômetros
Principais rios: Tocantins, Araguaia e Rio das Mortes.
Apresenta rios de grande extensão: o Tocantins tem 2.700 quilômetros e o Araguaia, 2.600 quilômetros. Essa região tem grande potencial hidrelétrico. No curso inferior do Rio Tocantins, foi construída a Usina Hidrelétrica Tucuruí, que abastece a atividade mineradora da região. No curso do Rio Araguaia, encontra-se a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal. É usada também para navegação e abastecimento de água.
Orientações e sugestões didáticas

Explique aos alunos que a divisão do território brasileiro em regiões hidrográficas tem por objetivo instrumentalizar e orientar a administração pública no manejo dos recursos hídricos, servindo, portanto, ao planejamento. Promova a leitura e a interpretação do mapa e das informações sobre cada região hidrográfica. Converse com os alunos sobre o que eles conhecem a respeito dos elementos físico-naturais de cada uma dessas regiões. Permita que exponham seus conhecimentos; verifique se têm dúvidas e faça os esclarecimentos que avaliar adequados.

Região Hidrográfica Amazônica
Área (no Brasil): 3.869.953 quilômetros 
Principais rios: Amazonas, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, Negro e Trombetas.
A bacia abrange cerca de 45 por cento do território brasileiro e se estende por países vizinhos (Bolívia, Equador, Peru, Colômbia e Venezuela). Seus rios são fonte de alimentos, principalmente para a população ribeirinha. Apresenta também grande potencial hidrelétrico, tendo várias usinas hidrelétricas, e é largamente usada para navegação.

Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Área (no Brasil): 918.822 quilômetros
Principais rios: Tocantins, Araguaia e Rio das Mortes.
Apresenta rios de grande extensão: o Tocantins tem 2.700 quilômetros e o Araguaia, 2.600 quilômetros. Essa região tem grande potencial hidrelétrico. No curso inferior do Rio Tocantins, foi construída a Usina Hidrelétrica Tucuruí, que abastece a atividade mineradora da região. No curso do Rio Araguaia, encontra-se a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal. É usada também para navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental
Área: 274.301 quilômetros
Principais rios: Gurupi, Itapecuru, Mearim, Munim e Pericumã.
Os rios dessa região são caudalosos, pois recebem grandes quantidades de chuva. Em seus vales, é cultivado arroz e, em seus interflúvios – isto é, pequenas ondulações do terreno que separam um vale fluvial do outro –, pratica-se a criação de gado bovino. Abastecem de água várias cidades.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental
Área: 286.802 quilômetros
Principais rios: Acaraú, Capibaribe, Curimataú, Jaguaribe, Mundaú, Paraíba, Piranhas-Açu e Una.
Os rios Paraíba (no estado de mesmo nome), Ipojuca, Capibaribe e Beberibe (em Pernambuco) e Mundaú (em Alagoas) tiveram seus vales aproveitados para o plantio da cana-de-açúcar desde o século dezesseis. Em vales de rios temporários no Ceará e no Rio Grande do Norte, existem carnaubais nativos, explorados pela população. Usos principais: navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica do Parnaíba
Área: 333.056 quilômetros
Principais rios: Parnaíba, Balsas, Gurgueia e Poti.
O Rio Parnaíba, com 1.414 quilômetros de extensão, é a divisa natural entre os estados do Maranhão e Piauí. Em seu curso, foi construída a Usina Hidrelétrica Boa Esperança. Recebe, pela margem direita, afluentes de regime temporário, como é o caso dos rios Gurgueia e Uruçui Preto, vindos do Sertão nordestino. É navegável entre Teresina e Parnaíba. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica do São Francisco
Área: 638.576 quilômetros
Principais rios: São Francisco, Grande, Carinhanha, Rio das Velhas, Corrente e Verde.
O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e percorre 3.160 quilômetros até despejar suas águas no Oceano Atlântico. É um típico rio de planalto, apresentando várias quedas de água, aproveitadas para a geração de energia por várias usinas hidrelétricas (Sobradinho, Paulo Afonso etecétera). Suas águas são também usadas para a navegação e a irrigação.

Região Hidrográfica do Paraguai
Área: 363.446 quilômetros
Principais rios: Paraguai, Correntes, Taquari, São Lourenço e Sepotuba.
O Rio Paraguai, com 2.500 quilômetros de extensão, é um rio de planície, navegável. Corta o Pantanal Mato-Grossense e deságua no Rio Paraná, em território argentino. Em seu vale destacam-se a criação de gado bovino e o escoamento de minérios de ferro e manganês. Usos principais: navegação e abastecimento de água.

Região Hidrográfica Atlântico Leste
Área: 388.160 quilômetros
Principais rios: Jequitinhonha, Contas, Itapecuru, Mucuri, Pardo, Paraguaçu e Vaza-barris.
Os rios dessa região, que ocupa cerca de 4,5 porcento do território brasileiro, desembocam no Oceano Atlântico e são importantes para as populações locais. Parte dos rios apresenta regime temporário. Uso principal: abastecimento de água.

Região Hidrográfica do Paraná
Área: 879.873 quilômetros
Principais rios: Paraná, Grande, Verde, Paranapanema, Iguaçu, Tietê e Paranaíba.
O Rio Paraná e seus principais afluentes atravessam áreas de relevo de planalto, o que lhes confere grande potencial hidrelétrico. Existem, nessa região, várias usinas hidrelétricas instaladas que abastecem as Grandes Regiões Sul e Sudeste, as mais industrializadas e urbanizadas do país. Usos principais: navegação, irrigação e abastecimento de água.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
Área: 214.629 quilômetros
Principais rios: Doce, Paraíba do Sul, Ribeira do Iguape e São Mateus.
O Rio Doce corta os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Seu vale é rico em jazidas minerais e pedras preciosas. O Rio Paraíba do Sul atravessa os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. No seu vale desenvolveu-se a cafeicultura, no século dezenove, e, atualmente, existem muitas cidades industriais em seu entorno que se abastecem de suas águas.

Região Hidrográfica do Uruguai
Área: 174.533 quilômetros
Principais rios: Uruguai, Quaraí, Ijuí, Ibicuí e Negro.
O curso do Rio Uruguai atinge 2.129 quilômetros, atravessando terras do Brasil e fazendo fronteira entre a Argentina e o Uruguai e entre o Brasil e a Argentina. Sua foz é no estuário do Rio da Prata. No Brasil, faz divisa entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. É navegável num trecho de 670 quilômetros, em território do Rio Grande do Sul. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

quadros.

Região Hidrográfica Atlântico Sul
Área: 187.522 quilômetros
Principais rios: Canaquã, Capivari, Itajaí, Jacuí e Guaíba.
O Rio Jacuí, no Rio Grande do Sul, atravessa municípios importantes do estado (Passo Fundo, Cruz Alta etecétera). Em seu vale há culturas de soja e arroz. O Rio Itajaí atravessa o estado de Santa Catarina e passa por cidades importantes, como Blumenau e Itajaí. Usos principais: irrigação e abastecimento de água.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

 [LOCUTOR - título]: Bacia do Rio Paraná

[Som de água corrente]

[Locutora]: [Continua o som de água corrente] [Tom de questionamento] Você sabia que o Brasil concentra um grande volume de água doce?

[Locutora]: O predomínio dos climas tropical e equatorial no país, que favorece a ocorrência de chuvas frequentes em várias regiões, ajuda a explicar a abundância de águas superficiais e subterrâneas.

[Fim do som de água corrente]

[Locutora]: [Tom explicativo] Para gerenciar e assegurar o uso racional das águas, o território brasileiro foi dividido em regiões hidrográficas.

[Locutora]: Ao todo, são 12 regiões no território nacional, cada uma formada por uma bacia hidrográfica, ou por um grupo delas.

[Locutora]: Uma região hidrográfica [Tom enfático] muito importante para o Brasil é a do Rio Paraná. Ela abrange importantes áreas industrializadas e urbanizadas do país, sendo utilizada para diversos fins.

[Locutora]: [Tom pensativo] Mas, afinal de contas, que uso se dá às águas dos rios?

[Locutora]: [Som de torneira aberta acompanha a fala da locutora] Muitas tarefas cotidianas envolvem o uso da água: nós a utilizamos no banho, para escovar os dentes, lavar, cozinhar e, claro, beber! [Fim do som de torneira aberta]

[Locutora]: Além dos usos domésticos, a água possui outros usos fundamentais [Tom de entusiasmo] para a nossa sociedade!

[Locutora]: Por exemplo, a energia elétrica brasileira é quase toda produzida com usinas hidrelétricas que, por meio da força das águas, movem enormes turbinas e geram eletricidade.

[Locutora]: E, nesse ponto, o Rio Paraná se destaca. Por ser um rio que flui em um relevo de planalto, ele apresenta quedas d’água ao longo do seu curso, que propiciam a movimentação da água com força suficiente para movimentar [Tom enfático] grandes turbinas nas usinas, gerando eletricidade para [Tom enfático] diversas regiões brasileiras.

[Locutora]: A usina que mais gera energia em nosso país fica no curso do Rio Paraná. É a usina hidrelétrica de Itaipu, localizada na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

[Locutora]: Além disso, quando são navegáveis, os rios funcionam como vias de transporte, as chamadas hidrovias.

[Locutora]: A hidrovia Tietê-Paraná, por exemplo, permite que a produção agrícola dos estados da Região Centro-Oeste, de Tocantins, de Rondônia e de parte de Minas Gerais chegue até os portos para ser exportada.

[Locutora]: Esse modal de transporte constitui vias de grande extensão, não gera resíduos poluidores e possui custo operacional menor em relação a outros modais, como o rodoviário.

[Locutora]: As embarcações ainda permitem o deslocamento de pessoas e mercadorias dentro do território nacional e entre o Brasil e países vizinhos, como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, o que favorece a integração econômica com esses países.

[Locutora]: [Tom explicativo] Com o aumento da população e a expansão das cidades nas últimas décadas, as águas dos rios da Bacia do Paraná estão sendo cada vez mais exigidas e consumidas, tanto em residências quanto em indústrias e plantações.

[Locutora]: [Tom desapontado] Nas cidades, muito lixo e esgoto geralmente são despejados de maneira imprópria nos rios, deixando-os poluídos e tornando suas águas impróprias para uso.

[Locutora]: Na Bacia do Paraná, isso ocorre, por exemplo, ao longo do Rio Tietê, que, ao cruzar grandes áreas urbanas, como as encontradas em São Paulo, recebe grande quantidade de dejetos.

[Locutora]: A atenção sobre essa temática [Tom enfático] é urgente e merece a participação [Tom enfático] de toda a sociedade.

[Locutora]: [Tom de aconselhamento] É importante que o consumo doméstico de água seja consciente e que as atividades econômicas adotem práticas sustentáveis de produção.

[Locutora]: [Tom de esperança] Ao cuidarmos da água, preservamos o presente e permitimos um futuro digno para as próximas gerações!

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Proponha uma pesquisa de caracterização das regiões hidrográficas brasileiras. Divida a turma em grupos e peça que escolham uma ou mais regiões. Cuide para que todas as regiões sejam contempladas. Os alunos devem: 1) pesquisar imagens dos rios da região; 2) destacar os principais usos dos recursos hídricos; 3) identificar os principais desafios e temas da gestão dos recursos.

Proponha que façam cartazes para sistematizar as informações. Exponha os cartazes e promova um debate sobre os resultados. O documento intitulado Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2021, disponível na página eletrônica da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ãna), pode fornecer mais subsídios para a realização da atividade.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 23 e 24

Registre em seu caderno.

  1. Explique a afirmação a seguir, indicando se é verdadeira ou falsa: “Cursos naturais e superficiais de água doce, os rios são fundamentais para a vida”.
  2. De toda a água doce superficial disponível no planeta, cêrca de 12% concentram-se em território brasileiro. O que explica isso?
  3. O que são os divisores de águas? Cite um exemplo.
  4. Observe novamente o mapa da página 170. De todas as regiões hidrográficas do Brasil, qual delas abrange a maior área do país? Como você sabe?
  5. Em 2003, o Ministério do Meio Ambiente publicou a Divisão Hidrográfica Nacional para orientar o aproveitamento dos recursos hídricos do Brasil, assegurando o uso racional da água e seu gerenciamento. Copie o texto a seguir no caderno, substituindo cada uma das letras maiúsculas entre parênteses pela palavra correta. A Divisão Hidrográfica Nacional estabeleceu (A) regiões hidrográficas no país, cada uma delas formada por uma bacia (B) ou um grupo delas. Em uma região de grande potencial hidrelétrico, no curso inferior do Rio (C), foi construída a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que abastece a atividade (D) da região. Na Região Hidrográfica do (E), rio de planície navegável que corta o Pantanal Mato-Grossense e deságua no Rio Paraná, em território (F), há criação de gado (G) e por seu curso realiza-se o escoamento de minérios de (H) e manganês.
  6. A fotografia a seguir retrata um rio seco do Sertão do Nordeste brasileiro. Observe-a e, depois, responda às questões.
Fotografia. Em primeiro plano, no centro, área com solo seco e com pequenos pedregulhos e, nas margens, algumas árvores secas de porte mediano em um terreno um pouco mais elevado e igualmente árido. Ao fundo, uma caminhonete cinza sobre uma ponte de concreto.
Leito seco do Rio Chacabuco no período de seca, no município de Petrolina, Pernambuco (2021).
  1. Trata-se de um rio temporário ou permanente? Explique.
  2. Quais são as consequências da situação retratada na fotografia para a população?

7. Interprete o mapa a seguir e faça o que se pede.

Brasil: disponibilidade de água nos aquíferos 2018

Mapa. Brasil: disponibilidade de água nos aquíferos – 2018.
Mapa do Brasil mostrando a parte da água dos aquíferos no total da água disponível para consumo no país.
Menos de 0,1 por cento: ocorrências na região nordeste, sobretudo no litoral e no interior do Ceará, de Pernambuco e do Maranhão.
De 0,1 a 0,5 por cento: pequenas faixas na região nordeste, sobretudo no Maranhão e no Piauí, no interior, além de Rio Grande do Norte e Bahia, no litoral. 
De 0,6% a 7 por cento: Aquífero Guarani, que abrange parte dos estados Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo; Alter do Chão, que se estende das porções central do estado do Pará e sul do Amapá até o leste do estado do Amazonas; por fim, pequena faixa no noroeste de Roraima e porções que se estendem do centro de Minas Gerais ao norte e ao oeste do Maranhão, passando por Bahia, Tocantins e Piauí.
De 10 a 20 por cento: Aquífero Parecis, nas faixas oeste e central do Mato Grosso; áreas que se sobrepõem ao aquífero guarani, em extensas porções do norte e do oeste do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo, além da faixa leste de Mato Grosso do Sul, sudeste de Goiás e oeste de Minas Gerais. Nessa região, encontram-se os aquíferos Serra Geral e Bauru-Caiuá.
21,9 por cento: Aquífero Solimões, que abrange o sudoeste do Amazonas, todo o estado do Acre e uma estreita porção do oeste de Rondônia. 
Na parte lateral esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 630 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 122.


  1. Identifique o aquífero que possui a maior porcentagem de água subterrânea no total do país.
  2. Em que da federação o aquífero indicado na resposta do item anterior se localiza?
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. A afirmação é verdadeira. Além de participar ativamente do ciclo da água, os rios transportam de volta aos oceanos boa parte da água da chuva que se precipita em continentes e ilhas. Os rios possibilitam: o abastecimento de populações urbanas e rurais; a navegação para o transporte de pessoas e mercadorias; a irrigação de terras para a agricultura; o fornecimento de alimentos pela pesca; a produção de energia pelas usinas hidrelétricas; a refrigeração de atividades industriais etcétera.
  2. Essa reserva considerável de água doce se deve, entre outros fatores, a um clima que assegura chuvas abundantes e regulares em quase todo o país, com exceção de certas áreas da Grande Região Nordeste do Brasil, que apresenta clima tropical semiárido.
  3. Divisores de água são elevações do relevo, sejam as de pequena altitude, sejam as de elevada altitude, que se formam entre os rios ou entre as bacias hidrográficas, individualizando-os. No Brasil, a Serra do Espinhaço (Minas Gerais) é o divisor de águas entre a Bacia do Rio São Francisco e as bacias costeiras do nordeste ocidental, formadas pelos rios Jequitinhonha, Mucuri, Doce, entre outros.
  4. A Região Hidrográfica Amazônica. A observação do mapa permite que se perceba a extensão das regiões hidrográficas. Outro modo para se chegar a essa conclusão é usando a escala do mapa.
  5. A: doze; B: hidrográfica; C: Tocantins; D: mineradora; E: Paraguai; F: argentino; G: bovino; H: ferro.
    1. Trata-se de um rio temporário, ou seja, que seca durante o período de seca prolongada. Por estar situado na região de clima semiárido do Brasil, onde as chuvas são escassas, de distribuição irregular e de grande evaporação, os rios chegam a secar completamente.
    2. Para os sertanejos, principalmente, representa perda de plantações e de animais e extremo racionamento de água nas cidades e nas áreas rurais.
    1. Aquífero Solimões.
    2. No Acre, no Amazonas e, de maneira menos expressiva, em Rondônia.

8. Em certas regiões hidrográficas do Brasil ainda não houve a exploração total da capacidade de produzir energia por meio de usinas hidrelétricas (potencial hidrelétrico), como pode ser observado no gráfico a seguir. Com base nessa informação e na interpretação do gráfico, responda às questões.

Brasil: potencial hidrelétrico de regiões hidrográficas – 2017

Gráfico. Brasil: potencial hidrelétrico de regiões hidrográficas – 2017. 
Gráfico de barras mostrando o potencial total e em operação das regiões hidrográficas brasileiras. No eixo vertical, o nome das regiões hidrográficas e, no eixo horizontal, os valores em mil megawatts.
Amazônica: Total: 95 mil megawatts. Em operação: 5 mil megawatts. 
Paraná: Total: 62 mil megawatts. Em operação: 42 mil megawatts. 
Tocantins: Total: 26 mil megawatts. Em operação: 12 mil megawatts. 
São Francisco: Total: 21 mil megawatts. Em operação: 10 mil megawatts. 
Atlântico Leste: Total: 14 mil megawatts. Em operação: 4 mil megawatts. 
Uruguai: Total: 12 mil megawatts. Em operação: 5 mil megawatts. 
Atlântico Sudeste: Total: 10 mil megawatts. Em operação: 3 mil megawatts.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 123.

  1. Aponte a região hidrográfica com maior potencial hidrelétrico.
  2. Qual das regiões apresentou a maior exploração de seu potencial hidrelétrico em 2017?
  3. Qual foi a potência aproximada de hidreletricidade produzida na Região Hidrográfica do São Francisco em 2017?

9. Leia o texto a seguir e faça o que se pede.

“Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (ú éfe pê á) apresentou um estudo reticências que aponta o Aquífero Alter do Chão como o de maior volume de água potável do mundo. A reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá e tem volume de 86 mil quilômetros cúbicos de água doce, o que seria suficiente para abastecer a população mundial em cêrca de 100 vezes, ainda de acordo com a pesquisa. reticências

Em termos comparativos, a reserva Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água potável que o Aquífero Guarani – com 45 mil quilômetros cúbicos de volume –, até então [2010] considerado o maior do país e que passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai. reticências

ARAÚJO, Glauco. Aquífero na Amazônia pode ser o maior do mundo, dizem geólogos. gê um, São Paulo, 25 agosto2011. Disponível em: https://oeds.link/dWKP3s. Acesso em: 21 janeiro 2022.

  1. Pesquise os aquíferos citados no texto e descubra de que fórma essas reservas têm sido usadas.
  2. Elabore uma lista de atitudes ou atividades que causam a contaminação desse tipo de reserva, especificando de que maneira você pode contribuir para evitar que isso aconteça.
  3. Forme grupo com dois colegas e conversem sobre o que descobriram. Em seguida, anotem no caderno as conclusões a que chegaram.
Orientações e sugestões didáticas
    1. A Região Hidrográfica Amazônica.
    2. A Região Hidrográfica do Paraná.
    3. 10 mil mégavats (dez mil megawatts).
  1. Oriente os alunos a pesquisar em sites governamentais a respeito do uso dessas águas e das fórmas de contaminação dessas reservas, como o uso de agrotóxicos e fertilizantes, o manejo indevido do lixo etcétera. É importante que eles percebam que tanto as reservas de água doce superficiais como as subterrâneas precisam ser preservadas, pois estas últimas também estão sujeitas à deterioração, caso não sejam adequadamente exploradas.

Glossário

Hidrologia
Ciência que estuda a água presente na superfície terrestre e nas camadas subterrâneas.
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Fossa séptica ou tanque séptico
Cavidade subterrânea com a finalidade de coletar matéria fecal (fezes) de habitações e instalações industriais, entre outras, e que não está conectada à rede de esgoto.
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Bacia ou lago de decantação
Reservatório para tratamento de águas residuais – porção líquida das fossas, dos esgotos e dos resíduos domésticos e industriais – antes do despejo em rios, por exemplo.
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Microrganismo
Organismo miscroscópico (bactérias, vírus, fungos etcétera) que vive no ar, na água, no solo e em outros seres vivos.
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Rede hidrográfica
Também chamada rede fluvial, corresponde à maneira como se apresenta o traçado dos rios e dos seus vales. Existe grande variedade de fórmas de redes hidrográficas.
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Manancial
Fonte de água superficial ou subterrânea usada para abastecimento humano.
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