UNIDADE 3 BRASIL: INDUSTRIALIZAÇÃO, CONSUMO E O ESPAÇO DAS REDES
Nesta Unidade, você estudará a atividade industrial no Brasil e conhecerá os principais parques científicos e tecnológicos do país. Juntos, refletiremos sobre as relações entre desenvolvimento industrial e consumo, a influência da propaganda em nossa vida e a importância de sermos consumidores conscientes para evitar o desperdício e o consumismo, atitudes que prejudicam tanto a vida financeira de famílias e pessoas como o meio ambiente.
Além disso, você aprenderá sobre as redes de transporte e de comunicação no Brasil e compreenderá o papel que desempenham na integração do território.
A integração do território brasileiro
A expansão das redes de transporte e de comunicação no Brasil contribuiu para a integração econômica, política e cultural do território brasileiro.
As ferrovias, rodovias, aquavias e aerovias e os meios de comunicação foram fundamentais para o desenvolvimento urbano-industrial e agropecuário do país, pois possibilitaram maiores fluxos de matérias-primas, mercadorias, informações e pessoas entre municípios, unidades da federação e regiões.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- O que você sabe sobre a distribuição territorial das redes de transporte e de comunicação no município onde vive?
- Você acredita que as redes de transporte e de comunicação estão relacionadas com o desenvolvimento industrial de um país? Explique.
- O que você sabe sobre o setor industrial brasileiro nos dias de hoje?
PERCURSO 9 A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
1. Do século vinte ao : fases da indústria no Brasil vinte e um
Até o início do século vinte, o Brasil ainda não havia se industrializado, a agropecuária respondia por 45% do PIBglossário brasileiro e a produção de café para exportação era a principal atividade do país.
A maioria dos produtos industrializados que eram comercializados no Brasil ainda vinha da Europa, quando a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiu. O conflito provocou a diminuição da oferta de mercadorias dos países europeus e as tornou mais caras. Nesse período, novas fábricas surgiram no Brasil, substituindo as importações de alguns produtos estrangeiros. Na década de 1920, parte dos ganhos obtidos com a venda de café passou a ser investida na criação de bancos e indústrias.
Em 1929, uma crise econômica começou nos Estados Unidos e afetou outros países. O preço internacional do café despencou e muitos cafeicultores faliram em nosso país. Com isso, o governo e os investidores se voltaram para a criação de indústrias, e, a partir da década de 1930, o Brasil intensificou sua industrialização. Por essa razão, foi chamado de “país de industrialização tardia”, quando comparado à Inglaterra, à França ou aos Estados Unidos.
Na década de 1940, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o desenvolvimento da indústria nacional foi novamente estimulado pela substituição de produtos importados por nacionais. Esse foi um período de muitos investimentos estatais na produção de energia, aço e máquinas, sem os quais outras indústrias dificilmente surgiriam.
Na década de 1960, visando modernizar a indústria, o governo de Juscelino cubishéqui, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, estabeleceu o Plano de Metas, com especial atenção para as áreas de energia, transporte e indústrias de base (química, siderúrgica, elétrica etcétera.).
Na década de 1980, dificuldades de a indústria nacional obter novos equipamentos e crédito do governo marcaram o período conhecido como a “década perdida” para a economia do Brasil. A partir de 1990, com a economia mais estável, alguns segmentos industriais voltaram a crescer. Outros, porém, tiveram dificuldade para superar a concorrência dos produtos importados após a abertura comercial desse período.
O setor industrial brasileiro no século vinte e um depende cada vez mais do desenvolvimento tecnológico para melhorar seu desempenho. Apesar de os investimentos em ciência e tecnologia serem crescentes, ainda não têm sido suficientes para tornar o Brasil independente tecnologicamente.
PAUSA PARA O CINEMA
Os anos Jota Ka: uma trajetória política.
Direção: Silvio Tendler. Brasil: Terra Filmes, 1980. Duração: 110 minutos
O documentário apresenta fatos que marcaram a vida política brasileira, tendo como personagem central o presidente Juscelino cubishéqui.
2. Concentração e relativa desconcentração industrial
Desde o início, a industrialização do Brasil concentrou-se na Grande Região Sudeste, principalmente nas Regiões Metropolitanasglossário de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na metrópole paulista, essa concentração ocorreu no chamado “”, que reúne os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema. A Rodovia Anchieta, que liga esses municípios ao Porto de Santos, a disponibilidade de energia elétrica e a proximidade do mercado consumidor foram fatores determinantes para a escolha dessa localização industrial. a bê cê dê
A partir da década de 1950, intensificou-se a implantação de indústrias ao longo de quatro principais eixos rodoviários paulistas: a Rodovia Presidente Dutra, a Rodovia Presidente Castelo Branco, o Sistema Anchieta-Imigrantes e o Sistema Bandeirantes-Anhanguera- uóshinton Luís, como podemos ver no mapa.
A instalação de indústrias nesses eixos rodoviários mostra a desconcentração industrial em relação à Região Metropolitana de São Paulo. Entretanto, esse processo vem ocorrendo também em âmbito nacional.
Assim, há um declínio relativo na atividade industrial do estado de São Paulo e da Grande Região Sudeste. Em outras palavras, a industrialização do estado de São Paulo e da Grande Região Sudeste está crescendo em um ritmo mais lento do que o de outros estados e regiões do Brasil, produzindo, assim, uma nova distribuição espacial das indústrias.
São Paulo: eixos de industrialização – 1973
Fonte: elaborado com base em SÃO PAULO. Secretaria de Economia e Planejamento. Diagnóstico do estado de São Paulo. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1973.
Localize no mapa as cidades de São Paulo e de Marília e calcule a distância em linha reta entre elas, em quilômetros.
PAUSA PARA O CINEMA
Mauá, o imperador e o rei.
Direção: Sérgio Rezende.Brasil: Lagoa Cultura e Esportiva limitada, 1999.Duração: 50 minutos.
O filme relata a iniciativa do empresário Irineu Evangelista de Souza, que, no século dezenove fundou várias empresas no Brasil. Defensor da industrialização, enfrentou muitos adversários, até mesmo o governo da época, para alcançar seus objetivos.
• A desconcentração industrial e suas causas
Apesar da relativa desconcentração industrial em curso, a Grande Região Sudeste, sobretudo o estado de São Paulo e as Regiões Metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, continua sendo a principal área industrial do Brasil. Porém, é importante destacar os fatores que estão levando a essa desconcentração. Estudaremos, a seguir, quais são eles.
Política industrial do governo militar
Durante o governo militar, no período de 1964 a 1985, instituíram-se diversas políticas de industrialização e planos econômicos de desenvolvimento dirigidos à descentralização industrial no país. Foram realizados investimentos em infraestrutura essenciais para a criação de polos industriais. Destacam-se a exploração de minérios em Carajás Pará, Trombetas Pará, Caraíba Bahia e Patos Minas Gerais; os portos de Itaqui Maranhão e Tubarão Espírito Santo ; as petroquímicas de Camaçari Bahia , Paulínia São Paulo e Canoas Rio Grande do Sul; a indústria automobilística em Betim Minas Gerais; além de outros.
Elevação dos custos de produção
Ao longo do tempo, a Grande Região Sudeste, sobretudo a Região Metropolitana de São Paulo, perdeu vantagens na produção industrial para outras unidades da federação e regiões do Brasil. Isso porque passou a apresentar altos custos produtivos resultantes de um conjunto de fatores, como congestionamento de trânsito e impostos e salários mais altos.
Brasil: número de empresas industriais – 2019
Fonte: elaborado com base em í bê gê É ponto Pesquisa industrial anual: empresa. Disponível em: https://oeds.link/fSimDT. Acesso em: 29 janeiro 2022.
Cite uma unidade da federação cujo número de empresas industriais se situa em torno de 20.000. Depois, responda: com base nesse mapa, é possível concluir qual é a região mais industrializada do Brasil?
NO SEU CONTEXTO
No município onde você mora há indústrias? Você sabe que produtos são fabricados nelas?
A guerra fiscal
Principalmente a partir da década de 1990, vem ocorrendo a atração de indústrias para fóra da Grande Região Sudeste em razão da intensificação de vantagens fiscais oferecidas por governos estaduais, distrital ou municipais de outras regiões do Brasil. Exemplos dessas vantagens são: incentivo fiscalglossário , doação de terrenos com infraestrutura de saneamento básico, de transporte, de comunicação etcétera. A chamada guerra fiscal, somada às outras causas da desconcentração industrial apresentadas, ajuda a explicar a atual distribuição das indústrias no Brasil e a participação desse setor da economia em cada região do país.
3. Indústria, inovação tecnológica e transformações socioeconômicas do território
Durante o século dezenove e parte do século vinte um dos fatores que diferenciavam os países do mundo em desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento era o nível de industrialização por eles alcançado. As técnicas de produção, que impulsionaram a industrialização nesses séculos, assumiram, por volta da década de 1970, uma nova etapa graças à Terceira Revolução Industrial. Também conhecido como Revolução Técnico-Científico-Informacional, tal processo caracteriza-se pela intensa aplicação de conhecimentos científicos à produção e pelo desenvolvimento tecnológico em diversas áreas, como a informática – com o amplo uso de computadores e de redes de comunicação, como a internet; as telecomunicações – satélites artificiais; a robótica – uso de robôs no processo de produção; além de outras. Certos países já se encontram na Quarta Revolução Industrial, chamada também de Indústria 4.0, que se caracteriza pelo aperfeiçoamento das máquinas e dos equipamentos.
Economia do conhecimento
A atividade industrial, considerada o “motor” do desenvolvimento econômico e social dos países durante os séculos dezenove e vinte, passou a disputar importância, de alguns anos atrás para os dias atuais, com a produção de conhecimento sobre as técnicas; daí se falar, hoje, em economia do conhecimento.
O “saber fazer” tornou-se uma valiosa mercadoria, sendo produzida e comercializada em escala global, beneficiando países, instituições e pessoas que produzem conhecimento e desenvolvem novas tecnologias.
No início da década de 1950, algumas empresas de tecnologia se estabeleceram no Vale do Silício (Silicon Valley), no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, região onde há universidades importantes, como Stanford e Berkeley. Logo, a região transformou-se em importante polo de tecnologia avançada nos setores de eletrônica, informática e
comunicação. O elemento químico silício inspirou o nome dado à região por ser a matéria-prima usada na produção de grande parte dos pequenos circuitos eletrônicos (chips).
Várias empresas de tecnologia dinamizaram e promoveram uma reorganização do território na região. Elas atraíram pessoas de outras áreas dos Estados Unidos e do mundo, induziram o crescimento urbano, a construção de infraestruturas, o desenvolvimento do comércio e de indústrias etcétera Não tardou para que surgissem polos de tecnologia avançada em outros países, como França, Alemanha, Japão, Reino Unido, Coreia do Sul e Países Baixos.
O Brasil e a economia do conhecimento
A inserção do Brasil na economia do conhecimento ainda é modesta se comparada à dos grandes centros mundiais de produção científica e tecnológica. No país, as pesquisas são realizadas principalmente em universidades e instituições governamentais e, em menor proporção, em empresas do setor privadoglossário – diferentemente dos Estados Unidos, onde a maior quantidade de pesquisadores trabalha em empresas privadas.
No Brasil, os pesquisadores de instituições governamentais enfrentam diversos problemas, entre eles a escassez de recursos financeiros, a ineficiência dos órgãos públicos para autorizar a aquisição de materiais e substâncias necessárias para a realização de pesquisas, além de outros.
Parques científicos e tecnológicos no Brasil
Um parque tecnológico corresponde a uma concentração geográfica de instituições dedicadas a atividades de pesquisa e desenvolvimento e envolvidas na produção de bens e serviços, como universidades, centros de pesquisa, laboratórios e empresas.
A instalação de um parque científico e tecnológico exige investimentos em infraestrutura e mão de obra qualificada. Porém, pode estimular a economia e integrar territórios com os espaços nacional e internacional. Analise a distribuição de parques científicos e tecnológicos no mapa e no gráfico.
Brasil: distribuição espacial de parques científicos e tecnológicos por unidade da federação – 2019
Fonte: BRASIL. Estudo de projetos de alta complexidade: indicadores de parques tecnológicos, fase 2. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, 2019. página. 16.
Distribuição de parques científicos e tecnológicos por Grande Região – 2019
Fonte: BRASIL. Estudo de projetos de alta complexidade: indicadores de parques tecnológicos, fase 2. Brasília: Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, 2019. página. 69.
Parques científicos e tecnológicos e reorganização espacial
Além de atrair populações e empresas, os parques científicos e tecnológicos dinamizam a economia e estimulam o crescimento do setor terciário (comércio e serviços), favorecendo, assim, as comunidades locais. Têm, nesse sentido, uma função de reorganização do espaço geográfico. De modo geral, atraem e criam demanda por empreendimentos, como agências bancárias, hotéis, centros de convenção, lojas, lanchonetes, hospitais, entre outros. Além disso, quando são implantados, geram a necessidade de infraestrutura básica (como a criação de vias de circulação, energia, saneamento e telecomunicações); fomentam a construção civil por meio de edificações para a instalação de empresas, laboratórios e outros espaços de trabalho e favorecem o surgimento de empresas de serviços (limpeza, segurança, alimentação, entre outras) para atender à sua estrutura administrativa.
Por exemplo, a implantação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica ( íta) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( ínpi), respectivamente nos anos de 1950 e 1971, no município de São José dos Campos, no estado de São Paulo, reorganizou o território do município e de suas proximidades.
Em 1960, a população de São José dos Campos somava 40 mil habitantes e sua economia era predominantemente de base agrícola. Em 2021, sua população chegou a 730 mil habitantes e sua economia passou a ser de base industrial. O município conta com várias universidades e faculdades, atraindo estudantes de todo o Brasil e do exterior.
Rotas e encontros
Brasileira é promessa da nova geração de cientistas
“Nadia aiádi ainda se lembra de quando seu pai a ensinou a andar de patins. Foi um dos muitos exemplos de aprendizado científico da família, já que ele mesmo nunca tinha colocado um par nos pés. ‘É pura física’, dizia. reticências Sua família compartilha o interesse científico: tanto os pais quanto o irmão são pesquisadores, caminho que a carioca formada em Engenharia de Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia ( íme) também deseja seguir, assim como dar aulas.
reticências fazendo doutorado em Bioengenharia na Universidade da Califórnia (2017-2023), em Berkeley, ela estampou manchetes ao vencer um concurso mundial reticências sobre aplicação de grafeno. À base de carbono, o grafeno é o material mais fino e mais forte já criado, além de ser transparente e um excelente condutor de calor. Em resumo, promete revoluções – e uma delas pode ter a assinatura de Nadia. reticências ela pesquisou as propriedades do grafeno e avanços recentes até ter seu insightglossário : usá-lo em um sistema de filtragem e dessalinização de água para reciclá-la e, assim, combater a escassez em regiões áridas e semiáridas. reticências
Durante a infância, Nadia cansou de ver o pai trabalhar à noite ou em fins de semana para checar um experimento. ‘Eu via como meus pais e outros cientistas próximos a eles não eram valorizados e, de certa maneira, trabalhavam principalmente por amor.’ Foi a mesma razão que a fez escolher a carreira acadêmica em vez de áreas mais financeiramente recompensadoras. ‘Eu gostaria de tentar contribuir para a ciência e para a humanidade tanto com minha pesquisa quanto com divulgação científica, ajudando as futuras gerações de cientistas do país’, explica.
reticências
A falta de conhecimento e interesse popular pela ciência tem aspectos perversos. Desestimula jovens a seguirem a carreira tanto diretamente – eles optam por carreiras mais lucrativas, por exemplo – quanto indiretamente, ao não mostrar que ela é possível para todos e não só para privilegiados.
Nadia tem consciência de sua responsabilidade em relação a isso. Ela integra uma estatística dupla faz parte das apenas 5,5% de mulheres negras bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( cê ene pê quê), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e que tem por objetivo fomentar o tema no país.
Durante seus estudos em instituições de ponta, ela encontrou poucos outros alunos negros, apesar de o país ter a maior população negra fóra da África, mas espera que sua história ‘sirva de inspiração e motivação para essas meninas seguirem e brilharem em seus sonhos de serem cientistas’.”
PINHO, Ana. Brasileira é promessa da nova geração de cientistas. na prática ponto orgui 14 março 2018. Disponível em: https://oeds.link/RxLiH1. Acesso em: 29 janeiro 2022.
Interprete
1. De acordo com o texto, o que se pode afirmar sobre a participação de mulheres negras na ciência brasileira?
Argumente
2. O que pode ser feito, por meio de ações individuais e coletivas, para a eliminação da discriminação e a concretização da igualdade de gênero e étnico-racial? De acordo com a sua resposta, combine imagens e uma frase curta para elaborar uma postagem para conscientizar os usuários das redes sociais.
Versão adaptada acessível
2. O que pode ser feito, por meio de ações individuais e coletivas, para a eliminação da discriminação e a concretização da igualdade de gênero e étnico-racial? De acordo com a sua resposta, elabore uma frase ou texto para ser publicado em forma de post ou uma apresentação oral para conscientizar os usuários das redes sociais.
PERCURSO 10 A SOCIEDADE DE CONSUMO E O MEIO AMBIENTE
1. A sociedade de consumo e do desperdício
A partir de 1950, aproximadamente, houve uma grande expansão da atividade industrial nos Estados Unidos, em alguns países europeus e também no Brasil. Aqui se instalaram muitas indústrias, e grande parte delas eram transnacionais.
O desenvolvimento industrial, principalmente de bens de consumo duráveis e não duráveis, criou um novo estilo de vida. A noção do que é “necessário” alterou-se, passando a incluir produtos lançados no mercado pelas indústrias e pelo comércio e diversos serviços divulgados intensamente pela publicidade de acordo com estratégias de marketingglossário .
Passamos, assim, para o consumo exacerbado, com graves consequências para o meio ambiente, como estudaremos adiante.
Esse novo modo de vida, tendo por base “necessidades criadas” e o elevado consumo de bens e serviços, fez nascer a sociedade de consumo. Nesse tipo de sociedade, o consumo de certos produtos e serviços passou a ser entendido como sinal de poder, prestígio ou status socialglossário .
A sociedade de consumo é uma sociedade de desigualdades e de contrastes. Enquanto uma parcela da população tem acesso a vários produtos, grande parte vive em condição de pobreza, não tendo acesso à educação, a boas condições de moradia e, até mesmo, à alimentação que assegure boa qualidade de vida.
NO SEU CONTEXTO
No lugar onde você vive, existem pessoas ou famílias que passam privações de acesso à moradia, à alimentação, à assistência de saúde e a outros bens e serviços?
QUEM LÊ VIAJA MAIS
AIDAR, Flávia.
Educação financeira: um guia de valor. São Paulo: Moderna, 2017. (Coleção Informação e Diálogo).
Como lidar com o dinheiro de maneira consciente e crítica para que possamos promover o bem de cada um e da nossa sociedade? Por se basear em situações do dia a dia, a leitura desse livro poderá contribuir para a sua vida financeira e a de sua família.
2. Sociedade de consumo, desperdício e impactos ambientais
Consumir é uma necessidade. Entretanto, o ser humano, estimulado pelas empresas e pela publicidade, cria necessidades que não são verdadeiramente essenciais. Consumindo por desejo ou por impulso, os indivíduos podem se tornar consumistas exagerados.
Assim como o consumo exagerado, o consumo ostentatório – realizado com o propósito de mostrar a riqueza que se possui – tem levado ao desperdício, ao uso irracional de recursos naturais, à destruição da natureza e a sérios impactos ambientais.
A sociedade de consumo estimula, por exemplo, o uso de muitos produtos descartáveis. Isso causa a produção dos chamados resíduos sólidosglossário urbanos, um dos principais problemas em praticamente todas as grandes cidades do mundo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (), em 2021 foram gerados mais de 225 mil toneladas diárias de resíduos sólidos no Brasil, dos quais 30 abrélpe por cento a 40 por cento poderiam ser reaproveitados ou reciclados. No entanto, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento cêrca de apenas 2,1 por cento desses resíduos são reciclados, pois esse setor é ainda pouco desenvolvido no país.
No dia a dia, boa parte dos resíduos sólidos tem sua origem no descarte de embalagens (metal, vidro, plástico, papel etcétera que acabam misturadas aos dejetos orgânicosglossário no lixo doméstico. Daí a necessidade de praticarmos atitudes conscientes que contribuam para a solução dos problemas relacionados com o lixo, o desperdício e o uso excessivo de recursos naturais, como reduzir o consumo de produtos (preferindo aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade), reutilizar embalagens e reciclar.
Em 2008, ocorreu uma mobilização em 33 países com o objetivo de despertar a consciência das pessoas para os problemas ambientais decorrentes de padrões insustentáveis de produção e do consumo excessivo. A partir de então, reforçou-se a importância de adotar coletivamente a prática do consumo consciente, que consiste na aquisição somente daquilo que é necessário para viver, considerando os impactos ambientais e o risco do esgotamento dos recursos naturais.
NO SEU CONTEXTO
Muitos anúncios comerciais nos induzem ou nos levam ao consumismo exagerado e ao desperdício. Você e sua família são muito ou pouco influenciados por eles?
• Sociedade de consumo versus recursos naturais
Os recursos naturais correspondem a tudo que é fornecido pela natureza e usado pelas sociedades para atender a necessidades produtivas e, até mesmo, culturais. São exemplos de recursos naturais: ferro, cobre, petróleo, gás natural, carvão mineral, alguns tipos de vegetais e solos, a energia solar e o vento.
Estudiosos de diversas áreas de conhecimento (Economia, Geografia, Ciências Ambientais, entre outras) têm alertado que nosso planeta não suportará mais três ou quatro sociedades com o mesmo nível de consumo dos Estados Unidos, do Japão e de alguns países europeus, em que o alto rendimento da população permite realizar elevados gastos com a aquisição de bens e serviços.
Considerando que todo produto exige trabalho humano e uso de recursos naturais em sua produção, o elevado consumo compromete a natureza e, consequentemente, a disponibilidade de alguns recursos naturais. Logo, se a população de todo o planeta consumisse como as sociedades citadas, a Terra e os seus recursos não suportariam tamanha pressão e o intenso consumo levaria ao esgotamento de muitos recursos naturais não renováveis, como deve acontecer futuramente com os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural).
O consumismo cria problemas ambientais que vão desde a elevada produção e a destinação inadequada do lixo até o aumento do consumo de água, energia elétrica, combustíveis fósseis etcétera Tais fatores contribuem para a intensificação do efeito estufa, para o aumento da poluição atmosférica e visual e do desmatamento e para o esgotamento de recursos naturais não renováveis.
• Impactos do consumismo sobre o espaço urbano
O espaço urbano sofreu muitas alterações com a influência da sociedade de consumo. Entre os principais exemplos dessas alterações, é possível destacar a construção de grandes centros de compras (shopping centers) e supermercados em diversos países.
A construção de condomínios fechados também pode ser entendida como consequência do elevado padrão de consumo e das desigualdades sociais. Diante da insegurança vivida no Brasil, por exemplo, esses locais tornaram-se enclaves fortificados, ou seja, territórios com segurança privada, enclausurados no território urbano.
3. Desenvolvimento ecologicamente sustentável
Há algumas décadas, o modo de vida com base na sociedade de consumo vem sendo questionado. Em 1972, quando ocorreu a Conferência sobre Meio Ambiente Humano, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, na Suécia, ressaltou-se a importância de um modelo de desenvolvimento que levasse em consideração a preservação ambiental, o risco de esgotamento dos recursos naturais e a importância da superação das injustiças sociais. Surgiu assim a noção de desenvolvimento ecologicamente sustentável, baseada no objetivo de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade da Terra de atender às necessidades das gerações futuras. Em outras palavras, um modelo voltado para a produção de bens e serviços por meio da exploração racional dos recursos naturais, a preservação do meio ambiente e o combate às desigualdades sociais.
Em vários países do mundo, inclusive no Brasil, diversas empresas adotaram os princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável, praticando o reaproveitamento de águas, a reciclagem do lixo sólido, a reutilização de sobras de matéria-prima, o reflorestamento, a extração legal de madeira, entre outras iniciativas (observe a foto).
Entretanto, além da incorporação de práticas sustentáveis nos processos produtivos, que contribui para a conservação dos recursos naturais, é importante que os indivíduos também evitem o consumo exagerado e o desperdício (consulte mais sobre o desenvolvimento ecologicamente sustentável no Percurso 16).
QUEM LÊ VIAJA MAIS
MARTINS, Maria Helena Pires.
O prazer das compras: o consumismo no mundo contemporâneo. São Paulo: Moderna, 2007.
A autora aborda o consumismo de fórma crítica, como também o seu impacto sobre os recursos naturais.
NO SEU CONTEXTO
Muitas empresas informam aos consumidores que estão agindo de acordo com os princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável. Você sabe informar se algum produto que você consome ou usa segue o princípio desse modelo?
4. Consumo consciente e educação financeira
Diariamente, temos contato com propagandas de diversos produtos, como roupas, sapatos, brinquedos, aparelhos eletrônicos etcétera Muitos desses anúncios têm o objetivo de levar os consumidores a acreditar que as mercadorias divulgadas por eles são realmente necessárias ou proporcionarão grande bem-estar aos seus usuários. Mas será que tudo o que compramos é realmente essencial? Atentar-se para as próprias escolhas, consumir com consciência e saber administrar os recursos financeiros são estratégias importantes para que possamos realizar sonhos e planejar um futuro financeiro saudável e seguro. Leia algumas dicas.
NO SEU CONTEXTO
O que é consumo colaborativo? Você acredita que ele possa ajudar a você e a outras pessoas? Explique.
Atividades dos percursos 9 e 10
Registre em seu caderno.
- Aponte as relações entre cafeicultura, Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e industrialização do Brasil, particularmente da Grande Região Sudeste, nas primeiras décadas do século vinte.
- Explique por que o Brasil é considerado um país de industrialização tardia ou retardatária.
- Por que o declínio na atividade industrial da Grande Região Sudeste e do estado de São Paulo pode ser considerado “relativo”?
- A partir, aproximadamente, de 1970, as técnicas de produção de mercadorias e serviços sofreram um intenso processo de inovação, processo que ficou conhecido como Revolução Técnico-Científico-Informacional. Explique o que foi essa revolução e dê exemplos de atividades e de áreas do conhecimento que foram beneficiadas por ela.
- Cite exemplos das transformações ocorridas no espaço geográfico com a implantação de polos de tecnologia ou parques científicos e tecnológicos.
- Cite um parque científico e tecnológico do Brasil e aponte, pelo menos, uma dificuldade que os pesquisadores de instituições governamentais enfrentam no país.
- Explique a diferença entre consumo consciente e consumo ostentatório.
- Aponte a relação entre consumismo exagerado e meio ambiente.
- O que é desenvolvimento economicamente sustentável?
- O quadro apresenta a distribuição das unidades industriais ligadas a uma associação do setor automotivo no Brasil, responsável pela produção de veículos, máquinas agrícolas e rodoviárias, motores, autopeças, acessórios para veículos, entre outros produtos. Elabore um mapa de acordo com os dados apresentados no quadro, usando como base cartográfica o mapa político do Brasil presente na página 24. Copie o mapa em um papel de seda ou vegetal, reproduzindo-o no caderno com as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala. Construa uma legenda de cores estabelecendo intervalos considerando os dados do quadro e aplique as cores no mapa. Insira as siglas das unidades da federação, dê um título a ele e lembre-se de citar a fonte dos dados apresentados. Depois, compartilhe com a turma o resultado de seu trabalho.
Unidade da federação |
Número de unidades industriais |
---|---|
Bahia |
1 |
Ceará |
1 |
Pernambuco |
1 |
Goiás |
2 |
Minas Gerais |
4 |
Rio de Janeiro |
5 |
São Paulo |
26 |
Paraná |
12 |
Rio Grande do Sul |
7 |
Santa Catarina |
2 |
Fonte: ânfavéa. Anuário da indústria automobilística brasileira 2021. São Paulo: ânfavéa, 2021. página 28.
Versão adaptada acessível
10. Elabore um mapa tátil com base nos dados apresentados no quadro, que mostra a distribuição das unidades industriais ligadas a uma associação do setor automotivo no Brasil, responsável pela produção de veículos, máquinas agrícolas e rodoviárias, motores, autopeças, acessórios para veículos, entre outros produtos. Para isso, pode-se utilizar materiais como cartolina, papel pardo, barbantes e linhas de diferentes espessuras para a representação dos limites do Brasil e das divisas entre suas unidades da federação. Crie a legenda estabelecendo intervalos a partir dos dados do quadro e utilize materiais circulares, como botões de diferentes tamanhos, para representar o intervalo correspondente a cada unidade da federação. Depois, compartilhe com a turma o resultado de seu trabalho.
11. Leia o texto, observe os gráficos e faça o que se pede.
As mudanças de localização de atividades industriais são às vezes precedidas de uma acirrada competição entre estados e municípios pela instalação de novas fábricas e, mesmo, pela transferência das já existentes. A indústria do automóvel e das peças é emblemática de tal situação.
A política territorial das corporações automobilísticas, que até recentemente buscava as benessesglossário das localizações metropolitanas, a estas acrescenta hoje ações de descentralização industrial e coloniza novas porções do território.
SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século vinte e um 7. edição Rio de Janeiro: Record, 2005. página 112.
Brasil: produção de autoveículos por unidade da federação – 1990
Fonte: ânfavéa. Anuário da indústria automobilística brasileira 2021. São Paulo: ânfavéa, 2021. página 50. Disponível em: https://oeds.link/TAdAEN. Acesso em: 14 abril 2022.
Brasil: produção de autoveículos por unidade da federação – 2020
Fonte: ânfavéa. Anuário da indústria automobilística brasileira 2021. São Paulo: ânfavéa, 2021. página 50. Disponível em: https://oeds.link/TAdAEN. Acesso em: 14 abril 2022.
- Que tema é abordado no texto?
- Com base nos gráficos, compare a produção de veículos em 1990 e 2020. Quais estados aumentaram sua participação na produção nacional de autoveículos nesse período? E quais estados diminuíram sua participação?
- Cite os estados que se tornaram produtores de veículos entre 1990 e 2020.
- Relacione o conteúdo do texto à mudança na participação dos estados do Sudeste na produção nacional de veículos.
PERCURSO 11 REDES DE TRANSPORTE NO BRASIL
1. Redes e espaço geográfico
A palavra “rede” nos remete a ligação. Ligação de pontos, lugares, pessoas, países, empresas, governos etcétera Seu uso é amplo: rede de água, rede coletora de esgoto, rede de energia elétrica, rede urbana, rede de comunicação (rádio, televisão, telefonia, internet), rede de transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo, dutosglossário ). etcétera Rede é, portanto, um sistema integrado de fluxos – de pessoas, mercadorias, informações, mensagens, abastecimento de água, entre outros.
No mundo atual, encontramos áreas de maior e menor concentração de redes. Dessa fórma, os espaços geográficos se diferenciam não somente quanto às características naturais (relevo, clima, solo etcétera), mas também pelas redes que apresentam (observe o mapa).
Brasil: ligações interurbanas contempladas pela aviação comercial – 2018
Fonte: BRASIL. Plano Aeroviário Nacional: objetivos, necessidades e investimentos 2018-2038. Brasília: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, 2018. página 71.
O mapa representa a rede de aeroportos do Brasil e as ligações interurbanas comerciais entre eles. Em que unidade da federação estão situados os aeroportos com mais voos regulares? Como você sabe?
Os espaços geográficos que dispõem de redes densas, modernas e eficientes apresentam vantagens econômicas em relação àqueles onde as redes são inexistentes ou pouco desenvolvidas. Ou seja, de modo geral, os lugares e as localidades que têm um conjunto de redes instalado atrai populações, investimentosglossário e empresas.
Ao planejarem se instalar em determinado lugar, as empresas procuram saber se há infraestrutura de redes que possam servir para comunicação, transporte de matérias-primas e de mercadorias e para o acesso de seus funcionários e consumidores. Se essas redes são deficientes, as empresas evitam instalar-se ali, pois isso poderia prejudicar seu funcionamento e reduzir sua eficiência comercial, científica, tecnológica etcétera
• O papel das redes de transporte e de comunicação na configuração do território brasileiro
Quando, em Geografia, nos referimos à “configuração territorial”, ela corresponde ao conjunto e à distribuição espacial das criações humanas ou da sociedade que foram incorporados ao quadro físico ou natural de um espaço geográfico. Por exemplo, os campos de cultivo, indústrias, redes de transporte e de comunicação etcétera De maneira geral, a distribuição desses elementos reflete a concentração populacional, a concentração de renda e o dinamismo econômico de algumas regiões.
Historicamente, é importante salientar que até os anos 1950 o espaço geográfico brasileiro se configurava como um verdadeiro “arquipélago econômico”, ou seja, predominavam “ilhas” ou porções do espaço com maior dinamismo econômico e outras de baixa atividade econômica. Entre elas havia, de modo geral, pouca articulação ou integração.
As redes rodoviária e ferroviária, por exemplo, estavam concentradas em regiões de maior dinamismo econômico, como é o caso principalmente da Grande Região Sudeste. Com as políticas públicas de integração do território, a partir da década de 1950 ocorreu uma expansão expressiva da rede rodoviária. Quanto às ferrovias, cuja extensão nessa época era muito modesta em relação à área territorial do Brasil, elas permaneceram estagnadas praticamente de 1950 a 1990; daí em diante foi retomado o seu desenvolvimento. Neste Percurso, além do estudo dessas duas redes, serão abordadas as características dos transportes aquaviário e aéreo no Brasil.
Em relação às modernas redes de comunicação (telefonia fixa e móvel, internet etcétera), elas passaram a ter importante papel no processo de configuração do território também a partir dos anos 1990, como será mostrado no Percurso 12.
NO SEU CONTEXTO
A localidade onde você vive é bem servida por redes de transporte e de comunicação? Há ausência ou precariedade de alguma ou algumas? Se há, aponte qual ou quais.
2. Rede rodoviária
Em 1950, o Brasil possuía apenas 968 quilômetros de rodovias federais, distritais e estaduais pavimentadas – o que corresponde, aproximadamente, à distância percorrida em uma viagem de ida e volta entre a cidade do Rio de Janeiro e a cidade de São Paulo –, uma pequena extensão para um imenso território. Para agravar a situação, as poucas rodovias pavimentadas se concentravam nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Como estudaremos adiante, as rodovias e as ferrovias existentes até então não integravam grande parte do território brasileiro, o que constituía um sério problema para o país e para o desenvolvimento das regiões.
• A integração territorial por rodovias
Foi somente a partir de 1956, durante o governo do presidente Juscelino cubishéqui (1956-1961), que começou a haver maior empenho com a integração rodoviária das Grandes Regiões Norte e Centro-Oeste com as demais regiões do Brasil. Até então, elas encontravam-se isoladas do ponto de vista rodoviário.
Além da construção das rodovias Belém-Brasília ( bê érre010) e Cuiabá-Porto Velho-Rio Branco bê érre364) – localize-as no mapa –, Juscelino cubishéqui determinou a construção de Brasília e a mudança da capital federal para a nova cidade com o objetivo de dinamizar a economia e levar o povoamento ao interior do Brasil.
As administrações federais posteriores, principalmente as dos governos militares, entre 1964 e 1985, mantiveram a política de ampliação das redes de transporte com base em rodovias, também com o objetivo de integrar as Grandes Regiões Norte e Centro-Oeste. Assim, foram construídas as rodovias Transamazônica bê érre230), com cêrca de 4 mil quilômetros, dos quais menos da metade é asfaltada atualmente; Cuiabá-Santarém bê érre163); Perimetral-Norte bê érre210); Manaus-Porto Velho bê érre319) – localize-as no mapa –; além de outras na Amazônia e em outras regiões do Brasil. Estava em curso, assim, o processo de configuração do território por meio do sistema rodoviário.
Quanto à implementação das ferrovias e dos meios de comunicação modernos (telefonia fixa e móvel, internet etcétera) e suas contribuições na configuração territorial, isso ocorreria mais tarde, sobretudo a partir dos anos 1990, como estudaremos adiante neste Percurso e também no Percurso 12.
A integração rodoviária da Amazônia e do Centro-Oeste aos territórios das demais regiões brasileiras causou impactos ambientais e sociais: desmatamentos e desterritorializaçãoglossário de povos indígenas, pequenos agricultores, quilombolas, povos da floresta (castanheiros, seringueiros etcétera), além de provocar conflitos com povos indígenas que se opunham a perder seus territórios ou vê-los invadidos.
Brasil: rede rodoviária federal – 2021
Fontes: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 66; Pesquisa cê êne tê de Rodovias 2021. Disponível em: https://oeds.link/Otaqpl. Acesso em: 4 maio 2022.
Aponte uma ou mais rodovias federais presentes na unidade da federação onde você mora.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
PORTELA, Fernando; míndlin, béti.
A questão do índio. décima terceira edição São Paulo: Ática, 2008.
O livro apresenta uma história ficcional baseada na realidade indígena e uma síntese geográfica sobre a questão indígena no Brasil.
• O rodoviarismo
Os brasileiros nascidos após 1950 cresceram em um Brasil rodoviário, isto é, em um país que deu maior importância às rodovias do que às ferrovias e à navegação fluvial.
Quando da instalação das primeiras montadoras de automóveis no Brasil, o governo brasileiro se comprometeu a construir mais rodovias. E isso ocorreu, incentivando o uso de automóveis, de ônibus e de caminhões pela população e pelas empresas, assegurando, assim, as vendas de veículos produzidos pelas montadoras.
Nesse contexto, a integração territorial brasileira foi beneficiada pela ampliação da rede rodoviária. Entretanto, o desenvolvimento de ferrovias e hidrovias ficou em segundo plano.
Observe os dados do gráfico. Note a predominância de rodovias no Brasil para o transporte de carga em comparação com outros países de grande extensão territorial e, também, com a União Europeia ( u ê).
Deslocamento de carga por modalidade de transporte (em porcentagem) – 2019
Fonte: Elaborado com base em ALVARENGA, H. Matriz de transportes do Brasil à espera dos investimentos. Disponível em: https://oeds.link/baX61P. Acesso em: 27 janeiro 2022.
Identifique em que país ou bloco se destaca cada um dos modais de transporte apresentados no gráfico.
Problemas da rede rodoviária
A rede rodoviária brasileira apresenta muitos problemas: falta de pavimentação em muitas rodovias; má conservação, com o consequente perigo de acidentes para os motoristas; sinalização deficiente; mau escoamento da água da chuva; além da baixa densidade rodoviária para um país de imensa dimensão territorial, como é o caso do Brasil (consulte o quadro).
Países |
Quilômetros pavimentados por mil quilômetros quadrados do território nacional |
---|---|
Estados Unidos |
437,8 |
China |
421,6 |
México |
70,0 |
Rússia |
54,3 |
Uruguai |
43,9 |
Brasil |
25,1 |
Fonte: Atlas cê êne tê do Transporte: sistema rodoviário. segunda edição Brasília: cê êne tê, sem data Disponível em: https://oeds.link/WvA29H. Acesso em: 14 dezembro. 2021.
Aponte a diferença entre os Estados Unidos e o Brasil quanto à densidade de rodovias pavimentadas em cada país.
PAUSA PARA O CINEMA
báiques Carros.
Direção: frédrique guérten. Suécia: dáblio gê filmi, 2015. Duração: 90 minutos
O documentário discute a mobilidade urbana e a influência da indústria automobilística sobre as políticas públicas dos países e de grandes cidades em prol dos carros. Retrata o uso de bicicletas e de carros em algumas cidades do mundo e como ciclistas buscam mudanças na mobilidade de grandes cidades.
3. Rede ferroviária
No ano de 1954 – ou seja, dois anos antes da implantação de grandes indústrias montadoras de automóveis no país –, a extensão da rede ferroviária brasileira era de cêrca de 38 mil quilômetros (observe o mapa). A Argentina, com área territorial que corresponde a cêrca de um terço do território brasileiro, possuía 42 mil quilômetros de ferrovias, e os Estados Unidos, com área semelhante à do Brasil, possuíam mais de 320 mil quilômetros de vias férreas e já tinham realizado, desde o final do século dezenove e início do vinte, a ligação ferroviária do litoral do Oceano Atlântico até a costa do Oceano Pacífico, integrando o território de leste a oeste.
Brasil: rede ferroviária – 1954
Fonte: í bê gê É ponto Centenário das ferrovias brasileiras. Rio de Janeiro: í bê gê É 1954. página 7.
Nota: Para fins didáticos, o mapa representa a atual divisão político-administrativa do Brasil, que não era a mesma em 1954, pois somente em 21 de abril de 1960 ocorreu a inauguração de Brasília, a capital federal; em 1962 o Acre foi elevado à categoria de estado, deixando de ser território federal; em 1977 foi criado o estado de Mato Grosso do Sul, com o desmembramento do estado de Mato Grosso; e em 1988 foi criado o estado de Tocantins, com o desmembramento do estado de Goiás.
Além da pequena extensão ferroviária, as linhas férreas brasileiras eram periféricas, concentradas espacialmente e não integravam todo o território. Considerando que, nessa época, a economia brasileira tinha por base a exportação de bens primários (produtos agrícolas, minérios etcétera), as ferrovias foram construídas com o objetivo de ligar áreas de produção e escoar produtos até os portos marítimos, de onde eram exportados (portos de Santos, Rio de Janeiro, Vitória etcétera). Fazia exceção a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, hoje denominada Ferrovia Novoeste, que já ligava os municípios de Bauru São Paulo e Corumbá Mato Grosso do Sul, na fronteira com a Bolívia.
NAVEGAR É PRECISO
Mobilize – Mobilidade Urbana Sustentável
https://oeds.link/PeXVBc
O site apresenta vídeos, notícias e estudos sobre mobilidade urbana sustentável (transportes urbanos sobre trilhos, ônibus não poluentes, ciclovias etcétera), contribuindo para a reflexão sobre iniciativas voltadas a superar o predomínio dos automóveis como meio de locomoção.
• As ferrovias nos dias atuais
O Brasil chegou ao ano de 2021 com cêrca de 31 mil quilômetros de ferrovias, extensão menor que em 1954, pois desde então foram desativadas várias linhas que perderam importância econômica ou que davam prejuízos em virtude da falta de modernização, da morosidade no transporte e da concorrência das rodovias.
Somente nos anos de 1990 a atenção governamental voltou-se para as ferrovias. Isso ocorreu por causa da necessidade de transportar produtos agrícolas (soja, milho, algodão etcétera) e minérios em decorrência da expansão das fronteiras agropecuária e mineral em direção às Grandes Regiões Centro-Oeste e Norte e ao estado do Maranhão. Observe o mapa e, na página seguinte, a foto da Ferrovia Norte-Sul.
Apesar dos avanços nos últimos anos, o Brasil ainda apresenta baixa densidade de rede ferroviária em relação ao território: 3,6 quilômetros de linha férrea por mil quilômetros quadrados de território; enquanto outros países apresentam redes ferroviárias mais densas, a exemplo da Argentina, com 12; França, com 60; Japão, com 62; Alemanha, com 130; e Estados Unidos, com 34 quilômetros de linha férrea por mil quilômetros quadrados de território.
Percebe-se assim que, no Brasil, a densidade ferroviária é baixa e a rede ferroviária não integra completamente o território nacional.
Brasil: rede ferroviária – 2021
Fonte: valéqui. Ferrovias. Mapa das ferrovias. Disponível em: https://oeds.link/00QnuZ. Acesso em: 15 dezembro 2021.
Compare este mapa com o mapa da página anterior. Que diferenças você observa?
NO SEU CONTEXTO
O município onde você mora é servido por ferrovia? Se sim, qual é o nome da ferrovia e o que ela transporta?
QUEM LÊ VIAJA MAIS
TOLEDO, Vera Vilhena; BRANCATELLI, Maria Odete; LOPES, Helena.
A riqueza nos trilhos: história das ferrovias no Brasil. São Paulo: Moderna, 1998. (Coleção Desafios).
O livro oferece um panorama histórico do desenvolvimento ferroviário no Brasil, desde a primeira ferrovia até a privatização dos anos de 1990, e o papel desempenhado no transporte de carga.
4. Rede aquaviária
As aquavias ou hidrovias, isto é, os rios, lagos, mares e oceanos, também representam um importante papel na integração do território por meio do transporte de passageiros e cargas.
De modo geral, para o transporte de cargas, a rede aquaviária tem o menor custo, pois com um litro de óleo diesel transporta-se uma carga de 575 toneladas por um quilômetro, enquanto, na ferrovia, esse volume de combustível transporta 125 toneladas de carga e, na rodovia, apenas 30 toneladas. É por essa razão que muitos países do mundo têm investido na adaptação de suas vias fluviais para torná-las navegáveis, por meio da construção de canais, desvios de cursos de água, barragens, eclusasglossário , além de outras medidas (observe, na página 256, a representação de uma eclusa e a explicação sobre seu funcionamento).
NAVEGAR É PRECISO
Ministério da Infraestrutura
https://oeds.link/nqRjO0
Esse site apresenta dados, vídeos, mapas, infográficos e outros recursos sobre a infraestrutura das diferentes modalidades de transporte no Brasil.
Agência Nacional de Transportes Terrestres ( á êne tê tê)
https://oeds.link/pBRQbW
Além de vídeos, essa página apresenta diversas informações sobre o transporte de cargas e passageiros no Brasil.
• Aquavias interiores
A rede hidrográfica brasileira tem 63 mil quilômetros de extensão. Entretanto, menos de 20 mil quilômetros são economicamente navegáveis, ou seja, podem ser usados para o transporte de cargas e de passageiros. Essas hidrovias estão distribuídas pelo território conforme mostra o mapa.
Brasil: rede aquaviária navegável – 2021
Fontes: í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 141; FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 66; Atlas de infraestrutura aquaviária. Brasília: janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/opJjMI. Acesso em: 8 fevereiro 2021.
Com base na escala do mapa e considerando que a milha náutica corresponde a 1.852 metros, calcule aproximadamente a distância, em linha reta, em quilômetro, entre os portos marítimos de Maceió ( Alagoas) e Salvador ( Bahia) e, depois, converta-a em milhas náuticas, apontando a distância nessa unidade de medida.
cêrca de 80 por cento das hidrovias (ou aquavias) navegáveis localizam-se na Bacia Amazônica, onde predominam rios de planície – o que facilita a navegação. Essa bacia ocupa grande parte da Grande Região Norte, que tem a menor rede de rodovias e ferrovias. Assim, o desenvolvimento econômico regional depende das hidrovias e da criação e manutenção de portos fluviais (observe a foto e o quadro da página seguinte).
Especialistas em transporte têm defendido que o transporte realizado por mais de uma modalidade – intermodal, combinando dois ou mais modais de transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo ou dutoviário) – deveria ser ampliado na Amazônia e em outras regiões do Brasil, como já é realizado na Grande Região Centro-Oeste e largamente em outros países. Assim, ocorreria efetivamente uma integração espacial e territorial, beneficiando a circulação de pessoas (com incentivo ao turismo) e de produtos (soja, milho, algodão, minérios, mercadorias industriais etcétera).
Região Hidrográfica |
VEN 2010/2011 (km) |
VEN 2013 (km) |
VEN 2016 (km) |
VEN 2018 (km) |
---|---|---|---|---|
Paraguai |
592 |
591 |
591 |
591 |
Paraná |
1.495 |
1.359 |
1.035 |
1.267 |
São Francisco |
576 |
576 |
0 |
0 |
Amazônica |
16.797 |
17.651 |
16.049 |
15.014 |
Atlântico Sul |
514 |
500 |
417 |
406 |
Tocantins/ Araguaia |
982 |
1.360 |
1.371 |
1.338 |
Total |
20.956 |
22.037 |
19.464 |
18.616 |
Fontes: BRASIL. Aspectos gerais da navegação interior no Brasil: cadernos hidroviário. Brasília: cê êne tê 2019. volume 1. página 40; Vias Economicamente Navegáveis: 2018. Brasília: ântác, 2019. página 8.
Nota: A Região Hidrográfica do São Francisco não apresentou transporte comercial de passageiros ou de mercadorias entre 2016 e 2018.
• Transporte marítimo
O litoral do Brasil é vasto: possui .7367 quilômetros de extensão. Se considerarmos as saliências e reentrâncias do litoral, como cabosglossário , golfosglossário etcétera ele se estende por mais de 9 mil quilômetros.
Esse vasto litoral possibilita a instalação de portos e o transporte de produtos e pessoas.
A navegação marítima é classificada em: navegação de cabotagem ou costeira, realizada de um porto marítimo para outro porto marítimo de um mesmo país, podendo, em alguns casos, se integrar às vias fluviais quando no percurso são incluídos trechos de rios navegáveis ou lagos; e navegação de longo curso, entre portos marítimos de diferentes países.
Por meio dos portos marítimos, o Brasil realiza a maior parte do comércio internacional (exportação e importação).
Vale ressaltar que a navegação, fluvial ou marítima, é a modalidade de transporte mais indicada para cargas pesadas e a granelglossário . Analise o gráfico da página seguinte para conhecer os principais produtos transportados pelo sistema aquaviário no Brasil.
Brasil: transporte aquaviário por grupo de mercadoria – 2020
Fonte: BRASIL. Anuário estatístico aquaviário 2020: apresentação. Brasília: ântác, 2021. Disponível em: https://oeds.link/Y6j7LN. Acesso em: 5 maio 2022.
5. Rede aérea
Apesar de a primeira empresa brasileira de aviação comercial ter sido fundada em 1927, foi somente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que a aviação comercial se desenvolveu no Brasil. Aviões usados durante essa guerra foram comprados por pilotos brasileiros, dando origem a empresas de aviação comercial.
No Brasil, por causa de sua enorme extensão territorial, a aviação comercial (ou civil) assume grande importância na logística de transporteglossário , graças à velocidade e à possibilidade de alcançar porções do território com poucas rodovias e ferrovias.
Observe, no mapa, a distribuição espacial dos principais aeroportos do Brasil.
Brasil: principais aeroportos – 2020
Fonte: BRASIL. Anuário estatístico: mapa aeroviário. Brasília: Ministério da Infraestrutura, julho 2020. Disponível em: https://oeds.link/Ej8qQs. Acesso em: 16 dezembro 2021.
Identifique uma capital de unidade da federação que tem aeroporto com voos internacionais.
O modal aéreo está entre os meios de transporte mais caros, sendo mais usado para o deslocamento de passageiros e de cargas frágeis e de alto valor. No Brasil, o setor aéreo observou grande crescimento nas últimas décadas. Contudo, devem-se considerar as restrições de circulação impostas pela pandemia de covíd-19, que afetaram consideravelmente o fluxo aéreo nacional e internacional a partir de março de 2020. Em outubro de 2021, por exemplo, foram transportados em voos domésticos 6,3 milhões de passageiros, o que representou uma queda de quase 24 por cento em relação a outubro de 2019.
Observe os gráficos que mostram o número de passageiros em voos domésticos e internacionais e os principais aeroportos brasileiros com maior fluxo de passageiros em voos domésticos em 2020.
Brasil: passageiros transportados em voos domésticos e internacionais com bilhetes pagos – 2015-2020
Fonte: BRASIL. Anuário estatístico de transportes 2010-2020. Brasília: Ministério da Infraestrutura, 42.
Calcule o total de passageiros que viajaram de avião no Brasil em 2015 e 2020. Em seguida, compare os dados encontrados e identifique se houve aumento ou diminuição no número de passageiros transportados.
Brasil: passageiros transportados, em embarque e desembarque doméstico, nos principais aeroportos (em porcentagem) – 2020
Fonte: BRASIL. Anuário estatístico de transportes 2010-2020. Brasília: Ministério da Infraestrutura, 44.
A soma dos percentuais de passageiros transportados nos principais aeroportos do Brasil corresponde a 55,7%. Com base nas informações do gráfico, calcule esse valor em números absolutos.
NO SEU CONTEXTO
O município onde você mora possui aeroporto? Se sim, em que porção do município ele se localiza (zona norte, leste, sul ou oeste)? Ele permite o pouso de aeronaves de qual porte? Se não há aeroporto, comente se a população do município sente a ausência dessa infraestrutura de transporte e por quê.
PERCURSO 12 REDES DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL
1. O que é comunicação
No decorrer da história da humanidade, sempre houve comunicação entre os seres humanos e mesmo entre os animais. A palavra comunicação vem do latim comunicáchio e significa “troca de mensagem, ação de transmitir ou receber alguma coisa”.
• A comunicação verbal entre pessoas
A comunicação é parte da vida e faz parte de nosso dia a dia. É por meio dela que nos relacionamos com as pessoas e conseguimos transmitir informações, ideias, desejos, expressar respeito ao próximo, questionamentos, afetividades e muitas outras manifestações. Saber se comunicar de fórma eficiente, com clareza e objetividade, com boa articulação entre o pensamento e as palavras e de fórma educada é importante, pois facilita o contato entre as pessoas e promove um bom relacionamento.
Para tanto, precisamos ter clareza e conhecimento das ideias que desejamos transmitir por meio das palavras e mesmo dos gestos de nosso corpo. Quem não se comunica de fórma eficiente e educada corre o risco de ser mal compreendido por um conjunto ou círculo de pessoas com o qual busca interagir, seja na escola, seja na comunidade em que vive, seja no trabalho, seja no convívio familiar.
NO SEU CONTEXTO
Já observou de que modo ou maneira você se comunica com outras pessoas? É de modo educado, com clareza de ideias e palavras?
• As redes de comunicação e a integração do espaço geográfico
Há uma diversidade de redes de comunicação, que englobam a telefonia (fixa e móvel), o rádio, a televisão, a internet, entre outras. Todos os meios de comunicação são capazes de nos influenciar com suas mensagens. Influenciam nossa visão do mundo, a formação de valores sociais, nosso modo de vestir e pensar e até mesmo a formação de estereótipos e preconceitos. Daí a importância de possuirmos conhecimentos para podermos discernir o que é verdadeiro ou falso, bom ou ruim.
Da mesma fórma que as redes de transporte integram o território de um país, estado, região ou município, algumas redes de comunicação exercem a mesma função. Porém, enquanto as redes de transporte locomovem pessoas e mercadorias, as redes de comunicação transportam informações, sons e imagens.
No passado, a comunicação era feita por mensageiros, cartas, livros, entre outros meios que dependiam diretamente das redes de transporte. Atualmente, com a evolução técnica dos meios de comunicação, existem redes exclusivas para a transmissão de informações e dados. No caso da internet, do rádio, da telefonia e da televisão, a comunicação se faz em “tempo real”, ou seja, quase instantaneamente. Desse modo, uma pessoa ou empresa de um município do Rio Grande do Sul pode se comunicar, em “tempo real”, com outra pessoa ou empresa no estado do Amapá ou com pessoas em outros países, desde que possuam infraestrutura de comunicação.
No conjunto das redes de comunicação, destacam-se as redes de telefonia fixa e móvel, os satélites de comunicação e a rede mundial de computadores (internet), que permitem a integração do espaço brasileiro, assim como a interação com outros países.
Pessoas, empresas, universidades, centros de pesquisa etcétera se beneficiaram amplamente com a Revolução Técnico-Científico-Informacional (abordada no Percurso 9). Esse processo tornou possível, por exemplo, a comunicação em “tempo real” entre pesquisadores sobre determinado estudo, permitindo trocas de ideias. O mesmo ocorre entre órgãos públicos e empresas para decidir sobre um assunto. Da mesma você pode entrar em contato com um colega distante e trocar ideias instantaneamente sobre um trabalho escolar, convidá-lo para uma festa etcétera
Entretanto, o acesso às redes de comunicação exige alguns cuidados. Da mesma fórma que muitos de seus conteúdos são esclarecedores, outros são enganosos e muitas vezes difamatórios, preconceituosos e publicados de maneira irresponsável.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
QUEIROZ, Renato da Silva.
Não vi e não gostei: o fenômeno do preconceito. segunda edição São Paulo: Moderna, 1995.
O livro aborda a questão do preconceito de fórma crítica, mostrando que muitos conflitos entre grupos sociais têm aí a sua origem e que a sua existência é um obstáculo a relações harmoniosas.
NAVEGAR É PRECISO
Portal Internet Bê érre
https://oeds.link/6nOtvO
O site apresenta materiais e jogos que ensinam a não correr riscos na internet e nas redes sociais; a comunicar-se com liberdade de expressão e responsabilidade, sem causar danos à imagem e à reputação das pessoas; e a evitar atitudes que podem ser consideradas crimes (calúnia, difamação, injúria, racismo, entre outras).
• Algumas redes de comunicação no Brasil
Estudamos, no Percurso 11, que existe uma desigual distribuição espacial das redes de transporte no Brasil, o que dificulta o desenvolvimento econômico e social de algumas localidades, sub-regiões e até mesmo regiões. Isso também ocorre com as redes de comunicação.
A falta de infraestrutura de comunicação – rede de cabos, torres de transmissão de televisão, rádio, telefonia móvel, internet etcétera – dificulta contatos e compromete o desenvolvimento econômico. Em certas localidades, por exemplo, a dificuldade de comunicação com fornecedores e clientes pode impedir empresas e pessoas de iniciar negócios. Da mesma fórma, a população de localidades que não contam com serviços de comunicação eficientes pode ter dificuldades em obter atendimento médico em casos de emergência.
Mas, além de problemas decorrentes da falta de infraestrutura de comunicação, devemos levar em conta o rendimento das famílias. O fato de alguns serviços de telecomunicação serem pagos limita o acesso da população de pouco rendimento a eles.
As redes de comunicação são formadas por estruturas diversas – como cabos, aparelhos telefônicos, antenas e estações de transmissão, entre outras. Uma fórma de identificar a densidade dessas redes é avaliar o percentual de domicílios atendidos por elas no país. Observe e interprete os mapas A, B e C.
Brasil: domicílios com uso de internet (em porcentagem) – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: tabelas 2019. Rio de Janeiro: í bê gê É 2020. Tabela 7.308.
Que unidades da federação apresentam os maiores percentuais de domicílios com uso de internet?
Brasil: domicílios com telefone fixo convencional (em porcentagem) – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: tabelas 2019. Rio de Janeiro: í bê gê É 2020. Tabela 7.304.
Indique as unidades da federação nas quais, de 100 domicílios existentes, pelo menos 38 têm linha de telefone fixo instalada.
Brasil: domicílios com telefone móvel (em porcentagem) – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: tabelas 2019. Rio de Janeiro: , 20 í bê gê É20. Tabela 7.304.
Cite as unidades da federação com maior e menor percentual de domicílios com telefone móvel.
Atividades dos percursos 11 e 12
Registre em seu caderno.
- Com base no que você estudou, explique como a distribuição de redes de transporte e de comunicação influencia a distribuição de atividades econômicas.
- Durante muito tempo, as Grandes Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil estiveram relativamente isoladas das demais em virtude da ausência de rodovias que estabelecessem ligações entre elas. Quando a integração rodoviária do país se ampliou, chegando a essas Grandes Regiões?
- Se, por um lado, a construção de rodovias favorece a integração territorial, por outro, causa impactos ambientais e sociais. Cite exemplos de alguns desses impactos no Brasil.
- Podemos afirmar que no Brasil há predominância do modal rodoviário no transporte de cargas em relação a outras modalidades de transporte? Explique.
- Descreva a distribuição da rede ferroviária brasileira em meados do século vinte e no século vinte e um
- O Brasil possui menos de 20 mil quilômetros de extensão de hidrovias navegáveis. Desse total, cêrca de 80 por cento ou 16 mil quilômetros localizam-se na Região Hidrográfica Amazônica. Por que essa região apresenta a maior extensão de rios navegáveis?
- O que é transporte intermodal?
- Explique a diferença entre navegação de longo curso e de cabotagem ou costeira.
- Interprete os mapas e responda às questões.
Brasil: domicílios com tê vê por assinatura (em porcentagem) – 2019
Brasil: rendimento médio mensal domiciliar per cápita – 2019
Fontes dos mapas: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua anual 2019. Tabela 7290. Disponível em: https://oeds.link/RPx6Qj í bê gê É. Síntese de indicadores sociais. Tabelas 2020 - Rendimento. Tabela 2.2 ú éfe. Disponível em: https://oeds.link/1544a4. Acessos em: 17 maio 2022.
- Com suas palavras, descreva o que o mapa A representa.
- Que unidades da federação tinham, em 2019, o maior percentual de domicílios com acesso a tê vê por assinatura?
- Com base no mapa B, aponte a classe de rendimento médio mensal domiciliar per cápita predominante nas unidades da federação em 2019.
- Em que unidade da federação observa-se a menor diferença entre a quantidade de domicílios com rendimento per cápita de até 1 salário mínimo e a de domicílios com rendimento per cápita de mais de 5 salários mínimos em 2019. E em que unidade da federação essa diferença é mais acentuada?
- Aponte as unidades da federação que apresentaram o menor percentual de domicílios com acesso a tê vê por assinatura em 2019. Em sua opinião, o mapa B fornece ao leitor informações que contribuem para a interpretação dos dados mostrados no mapa A?
10. Observe o gráfico e faça o que se pede.
Brasil: movimento de cargas nos principais portos (toneladas) – 2019
Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Estatístico aquaviário. Disponível em: https://oeds.link/4Cg0b7. Acesso em: 2 junho 2022.
- Aponte os três portos do Brasil de maior movimento de cargas para exportação e os três de maior movimentação para importação em 2019.
- Indique o porto que teve maior quantidade de cargas importadas, em milhões de toneladas, do que exportadas, em 2019.
- Consulte o mapa da página 100 e aponte em quais unidades da federação se localizam os portos mencionados nas respostas dos itens anteriores.
Glossário
- O Produto Interno Bruto () é a soma dos bens produzidos e serviços realizados em um país no período de um ano. Em geral, seu valor é expresso em dólar, mas pode ser expresso em moeda nacional. Píbi
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- Região Metropolitana
- Região constituída pelo agrupamento de municípios limítrofes, com o objetivo de integrar as administrações municipais e possibilitar a implantação de políticas públicas de interesse comum (construção de ruas e vias expressas, integração do transporte coletivo ). etcétera
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- Incentivo fiscal
- Renúncia dos governos ao recebimento de parte dos impostos que deveriam ser recolhidos das empresas em troca de que elas invistam em setores da economia.
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- Setor privado
- Conjunto de instituições particulares cujo controle é de pessoas ou empresas não estatais, e não dos governos federal, estadual, distrital ou municipal.
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- Termo da língua inglesa que corresponde a uma ideia repentina; revelação súbita que esclarece determinada questão.
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- Termo em inglês que corresponde ao conjunto de estudos e medidas adotado por uma empresa com a finalidade de garantir o sucesso de vendas de um produto.
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- Status social
- Posição ocupada por alguém na sociedade em que vive.
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- Resíduo sólido
- Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade; quando originado em cidades, é chamado de resíduo sólido urbano.
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- Dejeto orgânico
- Material proveniente de seres vivos, restos de vegetais, comida etcétera
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- Benesse
- Benefício, privilégio, vantagem.
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- Duto
- Tubo por onde certos líquidos e materiais orgânicos são transportados; por exemplo, oleoduto (tubulação para transporte de petróleo e seus derivados) e gasoduto (tubulação para o transporte de gás natural).
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- Investimento
- Toda aplicação de dinheiro com expectativa de lucro.
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- Desterritorialização
- Saída de pessoas ou de um grupo do território por eles ocupado.
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- Eclusa
- Obra de engenharia instalada entre dois planos de água de níveis diferentes para permitir a passagem de embarcações de um a outro nível, graças à manobra de comportas e a outros equipamentos.
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- Cabo
- Parte saliente da costa ou litoral que avança em direção ao mar (exemplo, Cabo de Santo Agostinho, no litoral do estado de Pernambuco).
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- Golfo
- Abertura larga na costa, na qual o mar penetra em profundidade (exemplo, Golfão Amazônico, onde se localiza a Ilha de Marajó e onde o Rio Amazonas desemboca no Oceano Atlântico).
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- Granel
- Carga transportada sem embalagem ou acondicionamento.
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- Logística de transporte
- Conjunto de estratégias de seleção e de organização das modalidades de transporte, considerando a eficiência de deslocamento de mercadorias de acordo com a quantidade a ser transportada, o custo e o tempo de deslocamento.
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