UNIDADE 4 REGIÃO NORTE

Nesta Unidade, estudaremos a Região Norte do Brasil e suas principais características naturais, sociais, econômicas e de ocupação humana. Identificaremos ações do governo brasileiro na Amazônia e modelos de desenvolvimento para a região. Estudaremos, também, as principais causas da devastação da Floresta Amazônica e as ameaças às comunidades tradicionais que dela sobrevivem.

Abundância de água e rica biodiversidade

A Região Norte abriga uma das formações vegetais com maior biodiversidade do planeta e o maior complexo fluvial do mundo – a Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas.

De modo geral, a densidade demográfica da região é baixa e a população vive, em sua maioria, ao longo dos principais rios, que constituem importantes vias de transporte de pessoas e de mercadorias.

Fotografia. Vista de frente de um rio. No primeiro plano, há um barco pequeno nas cores branco, azul e rosa passando pelo rio com duas pessoas. No segundo plano, casas de madeira e coloridas na beira do rio. Atrás das casas, muitas árvores.
Comunidade ribeirinha Lago do Catalão, com a Floresta Amazônica ao fundo, no município de Iranduba, estado do Amazonas (2020).
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Que tipo de clima predomina na área da Floresta Amazônica? Quais são as principais características desse tipo de clima?
  2. O que você sabe a respeito dos problemas socioambientais na Amazônia?
  3. Você já ouviu falar do “arco do desmatamento” na Região Norte? Caso sim, explique-o com suas palavras.

PERCURSO 13 REGIÃO NORTE: LOCALIZAÇÃO E MEIO NATURAL

1. Região Norte ou Amazônia?

Com uma área de ..3850516 quilômetros quadrados, a Região Norte do Brasil corresponde a pouco mais de 45por cento do território nacional (observe o mapa). É, portanto, a maior macrorregião brasileira (observe o gráfico na página seguinte). De acordo com o í bê gê É em julho de 2021, a região apresentava uma população estimada em ..18906962 habitantes.

Região Norte: político e vias de circulação

Mapa. Região Norte: político e vias de circulação. Mapa político da Região Norte indicando os estados e suas respectivas capitais, cidades principais, cidades importantes, outras cidades, rodovias pavimentadas e rodovias sem pavimentação. Estado: Acre. Capital: Rio Branco. Outras cidades: Senador Guiomard, Brasileia, Xapuri, Sena Madureira, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do sul. Estado: Amazonas. Capital: Manaus. Outras cidades: Boca do Acre, Humaitá, Lábrea, Pauini, Eirunepé, Benjamin Constant, Tabatinga, Carauari, Santo Antônio do Içá, Tefé, São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Manacapuru, Tapauá, Coari, Codajás, Careiro, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba, Autazes, Maués, Itacoatiara, Urucurituba, Parintins. Estado: Rondônia. Capital: Porto Velho. Outras cidades: Guajará Mirim, Costa Marques, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno, Vilhena, Rolim de Moura, Colorado do Oeste. Estado: Pará. Capital: Belém. Cidade principal: Santarém. Cidades importantes: Castanhal, Marabá. Outras cidades: Almeirim, Oriximiná, Óbidos, Monte Alegre, Alenquer, Breves, Capanema, Bragança, Abaetetuba, Paragominas, Tucuruí, Altamira, Parauapebas, Carajás, São Félix do Xingu, Curionópolis, Xinguara, Redenção, Conceição do Araguaia, Cachimbo, Jacareacanga. Estado: Tocantins. Capital: Palmas. Cidade importante: Araguaína. Outras cidades: Tocantinópolis, Colinas do Tocantins, Guaraí, Miracema do Tocantins, Porto Nacional, Gurupi, Paraíso do Tocantins. Estado: Amapá. Capital: Macapá. Outras cidades: Oiapoque, Amapá, Serra do Navio, Santana, Mazagão, Laranjal do Jari. Estado: Roraima. Capital: Boa Vista. Outras cidades: Caracaraí, Mucajaí, Normandia. Rodovias pavimentadas. No estado do Acre, há a BR-364, que liga cidades como Senador Guiomar, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. No Amazonas, os principais trechos de rodovia não são pavimentados, como a maior parte da BR-319, que liga cidades como Manaus, Careiro e Humaitá, e a Transamazônica. A BR-74 é pavimentada, liga Manaus a Boa Vista e segue em direção a Caracas, na Venezuela. No estado do Pará, os principais trechos de rodovia não são pavimentados, como os da BR-230 e os da BR-163. Há uma rodovia pavimentada ligando cidades como Belém, Marabá e Redenção. Em Tocantins, a BR-153 é pavimentada e liga as principais cidades do estado. Em Rondônia, a BR-364 é pavimentada e atravessa o estado ligando cidades como Porto velho, Ji-Paraná e Vilhena. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 200 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 149.

Grafismo indicando atividade.

Que estados compõem a Região Norte?

Durante muito tempo, a região esteve pouco articulada econômica e politicamente com o restante do país. Salvo alguns fluxos de povoamento não indígena verificados no auge da exploração do látex, entre 1880 e 1912, e de outras atividades econômicas que estudaremos adiante, a Região Norte permaneceu pouco urbanizada e com frágil desenvolvimento comercial e industrial até meados do século vinte. Somente a partir de 1964, com iniciativas do governo federal, passou a apresentar um dinamismo econômico mais intenso e maior número de migrantes que se deslocaram de outras regiões do Brasil.

É comum referir-se à Região Norte como Amazônia; no entanto, a Região Norte constitui, na verdade, parte da Amazônia Continental e da Amazônia Legal (observe o mapa da página seguinte).

Brasil: área das Regiões no total do território brasileiro (em porcentagem)*

Gráfico. Brasil: área das regiões no total do território brasileiro, em porcentagem. Valores arredondados. Gráfico de setores.  
Região Norte, na cor verde: 45 por cento. 
Região Centro-Oeste, na cor rosa: 19 por cento.
Região Nordeste, na cor laranja: 18 por cento. 
Região Sudeste, na cor amarela: 11 por cento. 
Região Sul, na cor lilás: 7 por cento.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-14.

A Amazônia Continental, também chamada Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia, abrange terras de vários países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana e Suriname, além da Guiana Francesa (departamento ultramarino da França). Esse vasto espaço, somando-se às áreas das unidades administrativas nesses países (municípios ou equivalentes), estende-se por cêrca de 7,5 milhões de quilômetros quadrados e compartilha algumas características em comum, como a Floresta Amazônica, o clima equatorial, a Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas e a existência de povos da floresta.

A Amazônia Legal corresponde à área total dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Mato Grosso, Tocantins e parte do Maranhão. Foi instituída pelo governo brasileiro com o objetivo de implantar políticas de desenvolvimento da região. O órgão responsável pelo seu planejamento é a Superintendênciaglossário do Desenvolvimento da Amazônia (sudã).

A extensão territorial da Amazônia Legal corresponde à região ocupada pela Floresta Amazônica, além das áreas de transição da floresta para o Cerrado e para a Caatinga, no sul do Maranhão e do Tocantins. Com uma área de mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, corresponde a 61por cento do território brasileiro. É, portanto, mais ampla que a Região Norte.

Nesta Unidade, será empregado o termo “Amazônia” para se referir à Amazônia Legal.

Amazônia Continental, Amazônia Legal e Região Norte

Mapa. Amazônia Continental, Amazônia Legal e Região Norte. Mapa representando a porção norte, noroeste e oeste da América do Sul e a delimitação da Amazônia Continental (linha verde), da Amazônia Legal (linha azul) e da Região Norte do Brasil (linha vermelha). Região Norte: formada pelos estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins. Amazônia Legal: estende-se pelo território do Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins e parte do Maranhão. Amazônia Continental: no Brasil, abrange parte do território de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins, os estados de Pará, Amapá, Rondônia, Acre, Amazonas e porção sul de Roraima, estendendo-se por outros países da América do Sul: norte da Bolívia, porção leste e norte do Peru, porção leste do Equador, porção sudoeste e sul da Colômbia, porção sul e leste da Venezuela, e Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Abaixo, rosa dos ventos com o norte orientado para cima e escala 0 para 320 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Amazônia: monopólio, expropriação e conflito. quarta edição Campinas: Papirus, 1993. página 10.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Amazônia – Notícia e Informação

https://oeds.link/rROyCZ

O site disponibiliza informações atualizadas sobre a Região Norte e a Amazônia, com enfoque em assuntos regionais.

O Eco Amazônia

https://oeds.link/N10b0Z

A página dessa ôngui traz artigos e reportagens em textos e vídeos, além de infográficos e mapas sobre a Amazônia, suas ameaças ambientais e as ações para a preservação da natureza.

2. Aspectos físicos gerais

• Relevo

Na Região Norte predominam relevo e altitudes de até 200 metros. Essas terras de baixas altitudes acompanham os vales dos rios da Bacia Amazônica, formando extensas planícies (observe o mapa a). As terras de altitudes mais elevadas localizam-se, principalmente, no norte do estado de Roraima e no norte e noroeste do estado do Amazonas, onde se encontra o ponto culminante do Brasil – o Pico da Neblina –, com .2995 metros de altitude, na Serra do Imeri, fronteira com a Venezuela.

Região Norte: físico

Mapa. Região Norte: físico. Representação dos picos mais elevados; das principais represas, dos alagados; além das altitudes e profundidades em metros.
Picos: Neblina: 2.995 metros; 31 de março: 2.974 metros; Roraima: 2.734 metros; Caburaí: 1.456 metros.
Represas: Represa de Samuel, Tucuruí, de Balbina.
Alagados: sobretudo nas proximidades dos rios Branco e Içá, na Ilha do Bananal e na ilha de Marajó.
Altitudes (metros): representação da variação altimétrica do relevo continental da região Norte. A região é composta por uma extensa rede hidrográfica, com muitos rios afluentes dos Rios Solimões, Negro e Amazonas. Estes atravessam toda a região  na direção oeste, leste. As áreas próximas aos rios caracterizam-se pelas baixas altitudes: de 0 a 200 metros. As altitudes mais elevadas estão nas porções norte e sul da região norte. No Acre, está a Serra de Contamana, com altitude na faixa dos 200 metros. Em Rondônia, a Serra dos Pacaás Novos e a Chapada dos Parecis, com altitude na faixa dos 200 metros. No Tocantins, a Chapada das Mangabeiras, a Serra Dourada e a Serra do Estrondo, com altitudes na faixa dos 200 e 500 metros. No Pará, destacam-se a Serra do cachimbo, a dos carajás e a Serra Pelada, com altitudes entre 200 e 500 metros. 
Ao norte dos estados de Roraima e do Amazonas, estão as Serras do Imeri, da Parima, Pacaraima, do Acaraí e Tumucumaque, com atitudes de 500 a 1.200 metros.   
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 280 quilômetros.

Fontes: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 148; í bê gê É. Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 1-26.

Grafismo indicando atividade.

Em quais estados da região se localiza o relevo de maior altitude?

Tanto ao norte como ao sul do vale do Rio Amazonas, as depressões do relevo dominam a paisagem, como pode ser observado no mapa B.

Região Norte: relevo

Mapa. Região norte: relevo.   
Mapa da região norte do Brasil com a distribuição das formas de relevo: planaltos, depressões e planícies. 
Grande parte da porção  oeste, sudoeste, sul e norte da região é composta por depressões, como a Depressão da Amazônia Ocidental, a Depressão Marginal Sul amazônica e a Marginal Norte Amazônica. 
Há planaltos no norte de Roraima e do Amazonas, os Planaltos residuais Norte Amazônicos, no centro e no nordeste do Pará (Planalto da Amazônia oriental) e no sul do Pará (planaltos Residuais Sul Amazônicos).  
As planícies se localizam nas margens dos rios Amazonas, Solimões, Juruá, Purus, Madeira e Guaporé e nas Ilhas do Bananal e de Marajó. Na parte inferior, rosa dos ventos com o norte orientado para cima e escala de 0 a 280 quilômetros.

Fontes: organização. Geografia do Brasil.sexta ediçãoSão Paulo: Edusp, 2011. página 53; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 116.

Grafismo indicando atividade.

Observe o mapa e aponte uma característica da distribuição das depressões na Região Norte.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

PENNAFORTE, Charles.

Amazônia: contrastes e perspectivas. São Paulo: Atual, 2006.

Esta obra lança um olhar sobre a intervenção humana na Amazônia e as consequências ambientais decorrentes dela.

• Clima

Na Região Norte predomina o clima equatorial úmido, caracterizado por elevadas médias de temperatura e de precipitação durante todo o ano, como pode ser observado no climograma.

Manaus (Amazonas): climograma

Gráfico. Manaus (Amazonas): climograma. Gráfico de colunas e de linha para representar a temperatura média e a precipitação média em cada mês do ano na cidade de Manaus. No gráfico, colunas azuis representam a quantidade de chuva e linha vermelha representa a variação de temperatura. No eixo vertical, à esquerda, estão os valores de precipitação em milímetros, de 0 a 500. No eixo vertical, à direita, estão as temperaturas médias em graus celsius, de 0 a 32. No eixo horizontal, está cada mês do ano. Manaus: latitude 3 graus sul; longitude: 60 graus oeste e altitude: 93 metros. Janeiro: Precipitação: 280 milímetros. Temperatura: 27 graus celsius. Fevereiro: Precipitação: 270 milímetros. Temperatura: 27 graus. celsius. Março: Precipitação: 310 milímetros. Temperatura: 27 graus. Abril: Precipitação: 310 milímetros. Temperatura: 27 graus celsius. Maio: Precipitação: 240 milímetros. Temperatura: 27 graus. Junho: Precipitação: 110 milímetros. Temperatura: 27 graus celsius. Julho: Precipitação: 80 milímetros. Temperatura: 27 graus. Agosto: Precipitação: 60 milímetros. Temperatura: 28 graus. Setembro: Precipitação: 85 milímetros. Temperatura: 28 graus Outubro: Precipitação: 100 milímetros. Temperatura: 28 graus. Novembro: Precipitação: 180 milímetros. Temperatura: 28 graus. Dezembro: Precipitação: 210 milímetros. Temperatura: 27 graus celsius.

Fontes: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 154; í bê gê Éponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-7.

Grafismo indicando atividade.

Em que meses do ano ocorrem as maiores médias térmicas e de precipitação?

• Vegetação

Embora a Região Norte abrigue manchas de vegetação de Cerrado e de Campos (como em Roraima, em Rondônia, no Amapá, no Pará e no Amazonas), além de vegetação com influência marinha e/ou fluvial (como no Pará, no Amapá e em Rondônia), a maior parte de sua cobertura vegetal é formada pela Floresta Amazônica, também conhecida como Floresta Tropical Pluvial, Hileia e Floresta Equatorial.

Como as demais formações vegetais do Brasil, na Floresta Amazônica a área antropizada cresce a cada ano, com grandes intervenções humanas predatórias, a exemplo de queimadas e desmatamentos decorrentes da ação de alguns madeireiros, da implantação de fazendas de gado e de agricultura, de empresas de mineração etcétera

De modo geral, são encontrados na Floresta Amazônica dois ecossistemas principais: as matas de terra firme e as matas de inundação.

Região Norte: cobertura vegetal atual

Mapa. Região Norte: cobertura vegetal atual. Mapa com destaque para a Região Norte e a representação por manchas de cores dos tipos de vegetação. As áreas antropizadas estão hachuradas. Floresta Amazônica: presente em grande parte dos estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Roraima e Amapá. Ocupa uma porção do norte de Tocantins. Campos amazônicos ou campinaranas: extensa faixa no norte do estado do Amazonas e em parte de Roraima. Há alguns trechos no sul dos estados de Amazonas, Pará e Rondônia. Cerrado: presente em quase todo o estado de Tocantins. Há pequenas faixas em Roraima, Rondônia, Amapá, Amazonas e Pará. Vegetação litorânea: presente na costa atlântica de Amapá e Pará e em alguns trechos dos rios Negro e Amazonas. Área antropizada: espalhadas em todos os estados da região, com maior incidência na porção leste do estado Pará, no Tocantins e em Rondônia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 300 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em CONTI, José Bueno; FURLAN, Sueli Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: Edusp, 2011. página 204; í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitavaedição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 100.

Grafismo indicando atividade.

A maior extensão de áreas antropizadas da Região Norte ocorre em quais de seus estados?

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Amazônia.

Direção: tierrí ragobér Brasil e França: Imovision e RioFilme, 2014. Duração: 86 minutos

Castanha, um macaco-prego criado em cativeiro, foi parar na Floresta Amazônica depois de sofrer um acidente de avião. O filme retrata os caminhos percorridos pelo pequeno animal para sobreviver na natureza e mostra os ciclos da fauna e da flora da floresta na perspectiva dele.

Matas de terra firme

A biodiversidade da Floresta Amazônica é encontrada, em grande parte, nas matas de terra firme, ou seja, matas que nunca sofrem inundações dos rios. Recobrem 90por cento da Bacia Amazônica e localizam-se nas áreas de altitudes mais elevadas. A altura média das árvores é de 40 métros, firmadas em solos bem drenados. Predominam matas densas, com pouca luz e muita umidade, em virtude de a junção das copas das árvores dificultar a entrada da luz do sol. Nelas são encontradas madeiras nobres, como o cedro, o mogno e os louros.

Matas de inundação

As matas de inundação são aquelas sujeitas à invasão das águas dos rios, com vegetação adaptada para sobreviver por longos períodos de submersão. Dividem-se em:

  • Matas de igapó: o termo “igapó” designa as áreas muito encharcadas, com inundações permanentes. As matas de igapó situam-se nos terrenos mais baixos e permanecem quase sempre inundadas. Nelas a vegetação é baixa, com arbustos, cipós e musgos. Também são encontradas plantas aquáticas, como a vitória-régia, um dos símbolos da Amazônia (observe a foto).
  • Matas de várzea: são aquelas inundadas somente em determinados períodos do ano, durante a cheia dos rios, e situadas em áreas mais elevadas em relação às matas de igapó.
Fotografia. Vista aproximada de um lago com água parada e quase toda coberta por vitórias-régias, plantas em forma de círculo na cor verde. Nas margens e ao fundo, há densa vegetação.
Vitórias-régias em lago no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Guêldi, Belém, Pará (2019).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é a sua atitude e a de seus familiares em relação às plantas? É uma atitude de respeito ou de indiferença? Qual é a importância delas em seu cotidiano?

• Maior complexo fluvial do mundo

A Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas situa-se, predominantemente, na Região Norte. Além do Brasil, banha terras da Bolívia, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Venezuela. Formada pelo Rio Amazonas e seus afluentes, é a maior bacia hidrográfica do mundo, tanto em extensão como em volume de água. Essa bacia detém 11por cento da água doce disponível no mundo e é o maior reservatório de água doce do planeta.

Da fronteira do Peru com o Brasil até a confluência com o Rio Negro, em Manaus, o principal rio dessa bacia recebe o nome de Rio Solimões. Desse ponto até sua foz, no Golfãoglossário Amazônico, é denominado Rio Amazonas (observe a imagem de satélite). O Rio Amazonas é o maior e o mais caudaloso rio do mundo: tem .6580 quilômetros de extensão e representa 20% do volume de água de todos os rios da Terra.

Imagem de satélite. No centro da imagem, faixa de areia. À direita, há o mar em tons de verde próximo à areia e depois azul escuro. No continente, há área de vegetação na cor verde e manchas cinza.
Imagem da foz do Rio Amazonas e do Golfão Amazônico capturada pelo satélite Terra môdis em 3 de agosto de 2020.

A Floresta Amazônica e a Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas fornecem à atmosfera grande quantidade de vapor de água, que volta à superfície terrestre na fórma de chuva, estabelecendo, assim, o ciclo hidrológico ou ciclo da água, com influência não apenas local e regional, mas também global.

• Hidrografia da Região Norte e aspectos socioeconômicos

O Rio Amazonas é navegável desde a foz até a cidade de Nauta, no Peru, em uma extensão de mais de .4000 quilômetros.

Na Região Norte, os maiores fluxos de pessoas e de mercadorias são feitos por meio das hidrovias. Como os rios facilitam o transporte e a comunicação, as maiores densidades demográficas e as áreas mais urbanizadas da Região Norte se concentram nas planícies do Rio Amazonas e de alguns de seus afluentes.

O porto de Manaus, capital do estado do Amazonas, é o maior porto fluvial brasileiro em volume de carga. Grande parte das mercadorias que circulam na Região Norte passa por esse porto.

Fotografia. Vista de cima e de lado de um rio com seis embarcações brancas e azuis pequenas. Elas estão paradas. Entre elas há uma estação flutuante.
O fluxo intenso de embarcações nos rios da Bacia Hidrográfica do Amazonas demandou a instalação de postos de combustíveis flutuantes, como esse situado no Rio Negro, Manaus, Amazonas (2019).
Fotografia. Vista de cima de uma extensa área urbana às margens de um rio. Há um porto com várias embarcações azuis paradas.
Vista do Porto de Manaus (Amazonas) com embarcações atracadas (2021).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

Navegar é preciso

Rios Voadores

https://oeds.link/uuUug6

Neste site, na aba “Educacional”, é possível conhecer o ciclo hidrológico na Amazônia, entre outros assuntos.

Além de sua relevância para o transporte na Região Norte, a Bacia Amazônica apresenta outros usos importantes. Os povos indígenas e as populações tradicionais, por exemplo, dependem dos rios para obter parte de seu sustento pela pesca. Além disso, os rios possuem importância cultural e estão ligados às crenças e ao modo de vida de diferentes povos da floresta – como é o caso das comunidades ribeirinhas, que constroem as suas moradias sobre palafitas às margens dos cursos d'água.

Fotografia. No primeiro plano, rio com coloração marrom e três casas de madeira erguidas sobre estacas. Há pequenos barcos na frente das casas. Ao fundo, muitas árvores.
Moradias sobre palafitas às margens do Rio Amazonas, em Manaus, Amazonas (2019).

Os rios da Bacia Hidrográfica do Amazonas apresentam, também, grande potencial turístico. A praia do Rio Negro (maior afluente do Rio Amazonas) pode ser facilmente confundida com uma praia oceânica. Hotéis e restaurantes recebem turistas que buscam lazer na praia fluvial ou nas ilhas desse rio.

Fotografia. Vista de frente de uma praia. No primeiro plano, rio com coloração marrom escura e algumas pessoas na água. Na faixa de areia, há diversas pessoas, guarda-sóis e cadeiras. Ao fundo, árvores e alguns prédios.
Vista da praia do Rio Negro, Manaus, Amazonas (2019).

• Potencial hidrelétrico e impactos ambientais

No Brasil, em 2020, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (e pê e), 62,5por cento da energia elétrica era obtida por meio de hidrelétricas, sendo a Região Norte a com maior potencial hidrelétrico (consulte o gráfico). Nesse sentido, a Bacia Amazônica é estratégica para o desenvolvimento nacional, pois graças ao Sistema Interligado Nacional (sim), a energia elétrica gerada nas usinas da Região Norte fica disponível para todo o Brasil.

Brasil: potencial de geração de energia hidrelétrica por região (em porcentagem)* – 2020

Gráfico. Brasil: potencial de geração de energia hidrelétrica por região, em porcentagem, 2010. Valores arredondados. 
Gráfico circular; cada região está representada com um tom de azul. Quanto maior a porcentagem, mais escuro o tom de azul. Região Norte: 40 por cento. Região Sudeste: 18 por cento. Região Sul: 17 por cento. Região Centro-Oeste: 16 por cento. Região Nordeste: 9 por cento.

Fonte: BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2021: ano-base 2020. Rio de Janeiro: 2021. página179.

Nos últimos anos, os investimentos em produção de energia hidrelétrica vêm aumentando significativamente no Brasil. Entretanto, apesar de se tratar de uma fonte de energia renovável que apresenta vantagens em comparação às fontes não renováveis, a construção de usinas hidrelétricas gera discussões relacionadas aos impactos socioambientais que elas podem causar, tais como: o desmatamento das áreas alagadas para construção das barragens; diminuição da biodiversidade; alteração nos ecossistemas fluviais; assoreamento dos rios; deslocamento de comunidades inteiras de seus lugares de vivência, ocasionando prejuízos sociais, ambientais, econômicos e culturais a milhares de pessoas.

Em termos regionais, os rios estruturam a organização social e econômica dos povos da Região Norte. São fundamentais para o transporte, o abastecimento e a subsistência da população e influenciam na localização das cidades. Nesse sentido, um dos desafios atuais do Estado brasileiro é conciliar, de maneira sustentável, as questões locais e regionais com as demandas nacionais.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Sistema Interligado Nacional

[Locutor]

Você sabia que, no Brasil, a energia elétrica gerada em um estado da Região Norte pode ajudar a abastecer outras regiões do país? Como isso é possível?

Isso acontece graças ao Sistema Interligado Nacional, o SIN: uma enorme rede de geração e transmissão de energia elétrica que permite a distribuição de eletricidade para quase todo o território brasileiro.

O SIN foi criado para integrar as diversas fontes da matriz elétrica e suprir o fornecimento de energia em todo o país.

Essa complexa malha de transmissão pode ser considerada única no mundo, devido à enorme quantidade de energia gerada e ao seu vasto alcance.

Em 2022, as linhas de transmissão do Sistema Interligado Nacional possuíam mais de 145 mil quilômetros de extensão, o suficiente para dar mais de três voltas ao redor da Terra.

O SIN é composto de quatro subsistemas, que englobam as cinco Grandes Regiões do Brasil: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da Região Norte.

Já pensou na complexidade que é coordenar e operar toda a infraestrutura e logística envolvidas nesse sistema?

Quem assumiu essa tarefa foi o Operador Nacional do Sistema Elétrico, mais conhecido pela sigla ONS, que também gerencia a operação dos sistemas isolados do país. 

O ONS é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel.

Os sistemas isolados são aqueles que ainda não estão integrados ao SIN pela falta de infraestrutura que os incorpore à sua malha de transmissão.

A maior parte desses sistemas isolados se encontra na Região Norte. Nos lugares em que eles operam, a demanda por energia é suprida, principalmente, por usinas térmicas movidas a óleo diesel.

Mas cerca de 65% da energia elétrica que abastece o Sistema Interligado Nacional advêm das usinas hidrelétricas.

Além de ter essa fonte, o Brasil conta com a energia gerada por usinas termelétricas, termonucleares, eólicas, solares e de biomassa.

Com a crescente demanda por eletricidade, o governo tem buscado ampliar a geração de energia aproveitando o potencial existente, por exemplo, nos rios da Bacia Amazônica.

[Som de rio acompanha a fala]

Alguns rios dessa bacia percorrem áreas com desníveis de relevo e possuem um enorme volume de água.

Essa combinação representa um grande potencial hidrelétrico, que, se aproveitado, pode gerar eletricidade para ser consumida em diversos locais do país.

Porém, os problemas socioambientais que podem surgir com a instalação de uma hidrelétrica, como a mudança no regime dos rios, têm provocado controvérsias.

Foi o que ocorreu no caso da Usina de Belo Monte, construída no Pará, em um trecho do Rio Xingu.

As obras dessa usina, que entrou em funcionamento em 2016, foram muito questionadas por vários grupos da sociedade, entre eles os povos indígenas que vivem às margens do Rio Xingu e dependem diretamente dele para praticar atividades como a pesca e o transporte.

[Locutor em tom de proposição]

Agora pense: quantas transformações sociais e espaciais foram necessárias para abastecer sua moradia com a energia elétrica e permitir a realização de várias outras atividades?

Como o Sistema Interligado Nacional integra grande parte do território brasileiro, é possível que essas mudanças aconteçam muito longe do lugar onde você vive!

[Som de choque elétrico após a locução]

[Locutor em tom de conclusão]

Por isso, é importante conhecer a infraestrutura do país e fazer uso consciente da energia elétrica.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Os projetos Ferrogrão (ê éfe-170) e Complexo Hidrelétrico do Tapajós e os indígenas

“Numerosas empresas internacionais estão atuando para tornar possível a controversa linha férrea Ferrogrão (ê éfe-170) e o projeto ‘Complexo Hidrelétrico e Hidrovia do Tapajós’. Isto é demonstrado num relatório publicado reticências pelo Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (síta), Pariri e a Associação para os Povos Ameaçados (Ápa). Os projetos de infraestruturas resultariam em danos ambientais maciços e os direitos indígenas seriam violados. Várias comunidades indígenas da região do Tapajós apelam, portanto, às empresas internacionais para que condicionem o seu financiamento ao respeito dos direitos humanos.

Estão planejados grandes projetos de infraestruturas na região do Tapajós: o projeto Complexo Hidrelétrico e Hidrovia do Tapajós que consiste numa via navegável, sete grandes barragens e 29 pequenas centrais hidroelétricas, e a linha ferroviária Ferrogrão, que tem cêrca de mil quilômetros de comprimento. Os projetos visam ao transporte de mercadorias como a soja e a carne de bovino mais rápido e mais barato. De acordo com um estudo, barragens do projeto Complexo Hidrelétrico e Hidrovia do Tapajós inundaria uma área de mais de 780 quilômetros quadrados, que é agora considerada terra protegida das comunidades indígenas. Além disso, a construção da Ferrogrão exigiria uma alteração dos limites da Reserva Natural de Jamanxim. Isto abriria a área até agora protegida para uso econômico e traria consigo enormes danos ambientais.

reticências

As comunidades indígenas irão sofrer muito com os projetos planejados na região do Tapajós. ‘Estes projetos nada mais trazem do que destruição para nós. Vamos perder tudo: a nossa cultura, a nossa língua, os nossos costumes’, diz mundurukú. Ele é cacique da aldeia de saure muybú e seria diretamente afetado pelo projeto Complexo Hidrelétrico e Hidrovia do Tapajós. O cacique teme que a dragagem do rio destrua o leito do rio e preencha afluentes importantes. O peixe, a fonte alimentar central das comunidades indígenas, seria também ameaçado. ‘E tudo isto apenas para tornar a soja ainda mais barata e para explorar ainda mais a Amazônia’, acrescenta o cacique da aldeia.

ASSOCIAÇÃO dos povos ameaçados . Empresas internacionais tornam possíveis os projetos Ferrogrão (ê éfe-170) e Complexo Hidrelétrico do Tapajós. In: Conselho Indigenista Missionário. 28 setembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/SEMMdy. Acesso em: 4 fevereiro 2022.

Fotografia. Vista de frente e aproximada de um grupo de indígenas em pé segurando faixas e cartazes. Eles estão em uma área aberta e gramada. Ao fundo, prédios com janelas de vidro.
Indígenas Munduruku protestam em Brasília, Distrito Federal (2018), contra a construção de uma barragem no Rio Tapajós.

 Interprete

1. Identifique, no texto, os interesses e preocupações favoráveis ou contrários à construção dos projetos citados.

 Argumente

2. Em grupos, elaborem uma frase que possa representar a defesa do ponto de vista do povo Munduruku. Em seguida, façam o mesmo para representar o ponto de vista das empresas. Com ajuda do professor, reúnam os argumentos elaborados por todos os grupos para criar uma assembleia. Para iniciar as rodadas de debates, destaquem representantes que serão os porta-vozes das ideias de dois grupos – uma equipe deverá defender os argumentos do povo Munduruku e a outra, os argumentos das empresas. Os demais participantes deverão assistir ao debate e avaliar quais são os argumentos mais convincentes.

Ícone. Seção Rotas e encontros.

Rotas e encontros

Belo Monte e os impactos sobre a população do Xingu e de Altamira

“Antônia Melo da Silva (Piripiri, Piauí, 1949) não é um rosto novo na luta pelos direitos humanos e ambientais. Está há mais de duas décadas na linha de frente de uma batalha que não está disposta a perder; a que ela – e centenas, milhares como ela – mantêm contra as barragens de Belo Monte, às margens do Rio Xingu, no reticências Pará, que forçou 30.000 pessoas a abandonar suas terras. Sua tenacidadeglossário e coragem lhe valeram ser reconhecida, aos 68 anos, pelo prêmio anual da Fundação alêquissânder Soros, uma organização destinada a promover os direitos civis, a justiça social e a educação

Diz em uma entrevista reticências que não sente medo. ‘Sei que estou fazendo o certo; luto em defesa dos que menos podem se defender, pelos direitos humanos, pela vida. É um compromisso que está dentro de mim e que me move a não desistir’, afirma. reticências

A ativista dedicou sua vida a batalhar contra uma das 500 barragens que avançam sobre a Amazônia e a ameaçam de morte. ‘Sou filha de camponeses, desde criança aprendi com meus pais o valor da luta pela terra, por nossos direitos’, afirma com orgulho. Militou desde cedo na defesa das políticas públicas, e nos anos oitenta se uniu à causa dos indígenas afetados pela incipiente construção da barragem de Belo Monte. Nessa década os povos originários conseguiram parar o projeto, então nos anos noventa se concentrou mais nos direitos das mulheres e no acesso à saúde. Quando reticências esse projeto voltou a andar em 2003, as comunidades se mobilizaram e criaram o movimento Xingu Vivo para Sempre, com Antônia à frente.

Críticos de Belo Monte definiram a hidrelétrica de várias fórmas, sendo ‘mostruário de crimes ambientais’ uma das mais assertivas. O projeto, pensado na ditadura e executado na democracia, trata da terceira maior hidrelétrica do planeta, depois da de Três Gargantas, na China, e da de Itaipu, na fronteira entre Paraguai e Brasil. reticências Este megaprojeto inundou 500 quilômetros quadrados de selva amazônica e desalojou milhares de pessoas que perderam seu modo tradicional de vida, sua casa, sua alimentação, sua segurança e sua felicidade. ‘Foi feito sem consultar a sociedade local nem os povos indígenas’, denuncia, incansável.

HIERRO, Lola. O Governo e Belo Monte têm uma dívida impagável com a população do Xingu e de Altamira. El PaísMadri, 23 outubro 2017. Disponível em: https://oeds.link/Gwx7pH. Acesso em: 4 fevereiro 2022.

Fotografia. Vista aproximada de uma mulher de cor branca, com cabelos longos e cacheados, vestindo uma camiseta preta e saia longa azul e preta. Ela está parada em uma rua de terra com uma casa térrea de alvenaria ao fundo. Ao lado e atrás da casa há diversas árvores.
Antônia Melo da Silva, em sua casa às margens do Rio Xingu, antes de ser desalojada à fôrça (foto de 2015) para morar na cidade de Altamira Pará. Como outros 30.000 desalojados pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, a ativista luta para conseguir reparação dos danos aos que foram afetados por esse megaprojeto.

 Interprete

1. Identifique e explique o assunto tratado no texto.

 Argumente

2. Pesquise sobre os impactos socioambientais gerados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Após reunir fatos, dados e informações confiáveis, crie um cartaz ou um vídeo curto para divulgar essas informações para a sua comunidade.

 Contextualize

3. Descubra se na região ou localidade onde você vive há movimentos e ativistas sociais que lutam por direitos humanos e ambientais.

PERCURSO 14 REGIÃO NORTE: A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS GEOGRÁFICOS

1. A construção do espaço geográfico – de 1500 a 1930

A ocupação inicial da Amazônia pelos portugueses limitou-se à construção de fortes militares (observe a foto) e às missões religiosas, pois a região não despertava tanto interesse para os colonizadores como o lucrativo Nordeste açucareiro e as Minas Gerais, com sua produção aurífera. Essa ocupação ocorreu em meio a vários conflitos com indígenas.

Desde o século dezessete até quase o final do século dezenove, São Luís (Maranhão) e Belém (Pará) constituíram os dois principais espaços geográficos construídos na Amazônia. Em São Luís e nos arredores, desenvolveram-se culturas de algodão, cana-de-açúcar, arroz e tabaco. Belém, situada na entrada do Golfão Amazônico, transformou-se no principal núcleo urbano regional no século dezessete. Desse local eram exportadas as chamadas drogas do sertão extraídas da floresta, como baunilha, guaraná, urucum, entre outras ervas, frutos e sementes.

A linha ou meridiano do Tratado de Tordesilhas determinava que a porção situada a leste dessa demarcação pertencia a Portugal, e a porção a oeste, à Espanha. De 1580 a 1640, Portugal permaneceu sob o domínio da Espanha. Na América, os colonizadores portugueses aproveitaram esse período para invadir e conquistar os espaços de domínio espanhol e incorporar ao reino de Portugal as terras a oeste do meridiano de Tordesilhas, ampliando consideravelmente o território do que viria a ser o Brasil. Após o fim do domínio espanhol, acordos firmados entre Portugal e Espanha oficializaram a posse dessas terras por parte de Portugal.

Fotografia. Vista de frente da parede de pedras de um forte. O forte tem uma porta de entrada que pode ser acessada por meio de uma ponte de madeira.
Vista do Forte do Presépio de Belém, localizado na Ponta de Maúri, na confluência do Rio Guamá com a Baía do Guajará, dominando a entrada do porto e o canal de navegação que costeia a Ilha das Onças, em Belém, Pará (2020). Construído pelos portugueses em 1616 para conter eventuais ameaças de ingleses e holandeses interessados nas riquezas da região amazônica, guarda intactos os canhões originais.
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.

Região Norte. São Paulo: Harbra, 2009. (Coleção Expedição Brasil).

Fornece uma visão panorâmica da Região Norte, abrangendo aspectos físicos, históricos e culturais, com linguagem acessível e ilustrações esclarecedoras.

• O extrativismo do látex

Por volta de 1870, a região amazônica passou a receber grande número de migrantes, principalmente provenientes da Região Nordeste, por causa da sêca prolongada no Sertão nordestino e do desenvolvimento de atividades extrativas no norte do país, como a extração de castanha-do-pará, de madeira e de látex para a fabricação da borracha.

Nesse período, a borracha já era conhecida no mercado mundial; no entanto, foi somente a partir de 1888, após a invenção do pneu e o aumento da produção automobilística, que a borracha se transformou em um produto de grande valor e de grande procura pelas indústrias.

Em 1910, metade da borracha consumida no mundo saía da Amazônia. A procura por seringueiras nativas levou muitas pessoas, desde o final do século dezenove, a se embrenhar na mata e alcançar a região que constitui hoje o estado do Acre – na época, território pertencente à Bolívia.

O extrativismo do látex e da castanha-do-pará (fim do século dezenove e início do século vinte) foi o motor do processo de produção e organização do espaço regional, estimulando:

  • a atração de migrantes brasileiros de outras regiões e de imigrantes estrangeiros (espanhóis, portugueses, franceses etcétera);
  • a construção dos portos de Belém e de Manaus;
  • a incorporação do Acre ao território brasileiro e a fundação das cidades de Xapuri e Brasileia, nesse estado, pelos seringueiros;
  • a expansão da rede urbana e a modernização dos espaços urbanos, principalmente de Manaus e de Belém;
  • a instalação de pequenas indústrias de bens de consumo, sobretudo em Belém e Manaus;
  • a atração de capitais estrangeiros, por meio da instalação de bancos, empresas de comércio e companhias de navegação inglesas, francesas e estadunidenses.

Além desses impulsos à produção de espaços geográficos, foram implantadas colônias agrícolas na chamada Zona Bragantina, no nordeste do Pará, ocupadas por migrantes nordestinos e estrangeiros que aí desenvolveram a agricultura. Essas colônias foram criadas por iniciativas públicas ou privadas, e os loteamentos foram vendidos a longo prazo ou doados aos interessados em se estabelecer nessa área e desenvolver atividades agrícolas e de criação de animais.

Fotografia. Vista de uma construção de três andares, com pilares, entradas em formato de arco e diversas janelas. Na parte superior há esculturas na parede. No telhado há uma cúpula redonda com pinturas coloridas. Ao redor da construção, ruas e prédios e, ao fundo, um rio.
Inaugurado em 1896, depois de 17 anos de construção, o Teatro Amazonas, na cidade de Manaus (Amazonas), é símbolo da prosperidade e da riqueza alcançadas durante o período de exploração da borracha na região. Foto de 2020.
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

O município em que você mora possui teatro? Você acha importante ir ao teatro? Por quê?

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

FIGUEIREDO, Aldrin Moura de.

No tempo dos seringais. quinta edição São Paulo: Atual, 2008.

O livro mostra diversos aspectos da sociedade amazônica, abordando, especialmente, o período áureo da exploração da borracha no final do século dezenove e também no início do século vinte.

O declínio da produção de borracha

O Brasil foi o maior produtor mundial de borracha entre 1880 e 1912 (a produção da América Central e da África equatorial nesse período era pequena). Nessa época, a produção do país chegou a representar cêrca de 60por cento do total mundial, e a exportação chegou a se igualar, em valor, à do café.

Enquanto a Amazônia dependia da coleta do látex silvestre, sem a preocupação de plantar seringueiras e racionalizar o cultivo, os ingleses, percebendo a importância econômica do produto, transportaram sementes de seringueiras da Amazônia para serem plantadas em suas colônias asiáticas de clima quente e úmido, semelhante ao clima amazônico. O produto foi cultivado primeiro no Ceilão (atual Lanka) e depois em Cingapura e na Índia, espalhando-se para Indonésia, Tailândia, Malásia, entre outros países. Em decorrência disso, na década de 1910, o Brasil perdeu a liderança da produção de borracha natural, cuja procura apresentava aumento crescente em virtude do desenvolvimento da indústria automobilística.

Com a perda de mercado, a Região Norte deixou de receber investimentos e fluxos migratórios e de ser um espaço de atração populacional, desacelerando o processo de construção espacial, retomado apenas a partir da década de 1930 e, principalmente, da década de 1960, por meio de políticas de incentivo do governo federal, como estudaremos adiante.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

O Cineasta da Selva.

Direção: Aurélio miquíles e José de Abreu. Brasil, 1997. Duração: 87 minutos

Conheça a vida de Silvino Santos (1886-1970), um cineasta português que se tornou um dos pioneiros do cinema no Brasil e que registrou em 1913 o seu primeiro documentário de longa-metragem, testemunhando acontecimentos marcantes, como a queda do monopólio da borracha e seus efeitos na sociedade e economia da Amazônia.

2. A construção do espaço geográfico – após 1930

• Produtos agrícolas, minérios e produção do espaço

Após o período áureo da extração do látex e da comercialização da borracha natural (1900-1912), intensificou-se, a partir de 1930, a cultura da pimenta-do-reino, da juta e da malva em algumas localidades da região (observe o mapa), contribuindo para o desenvolvimento da economia e para a construção de espaços geográficos.

A exploração de alguns minérios também promoveu o povoamento da região, como a descoberta do manganêsglossário , nos anos 1940, e sua exploração a partir de 1953 (observe a foto na página seguinte), e a intensificação da exploração da cassiteritaglossário a partir de 1958.

Região Norte: culturas de pimenta-do-reino, juta e malva

Mapa. Região Norte: culturas de pimenta do reino, juta e malva. Mapa da região Norte com a localização das culturas de juta, pimenta do reino e malva. As áreas onde ocorrem essas culturas estão representadas em cores: marrom para juta, verde para pimenta do reino e hachurado roxo para malva.   
Juta: cultivada sobretudo na área central da região, próximo ao rio Amazonas e em seus afluentes principais, nos estados do Amazonas e Pará, nas cidades de Manaus, Parintins e Santarém. Pimenta-do-reino: cultivada na porção leste do Pará, nas cidades de Belém, Capitão Poço, Bragança, Paragominas e Tomé-Açu. 
Malva: cultivada no estado do Pará, entre Parintins e Santarém, e mais ao leste, entre Bragança, Capitão Poço, Paragominas, Tomé-Açu e Belém. 
Na parte inferior do mapa, rosa dos ventos com o norte orientado para cima e escala de 0 a 330 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Geografia do Brasil: Região Norte. Rio de Janeiro: í bê gê É 1977. volume 1, página 349, 353, 370, 371.

Fotografia. Vista de uma extensa área onde há montes de uma espécie de areia com cor marrom escura e preta. Nessa área há uma escavadeira amarela, um tipo de máquina com uma pá comprida. A área está ao lado de uma estrada férrea. Do outro lado da ferrovia, há densa vegetação.
Depósito de manganês junto à Estrada de Ferro Carajás, no município de Marabá, Pará (2019).

• Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (éssepêvéa)

Em 1950, a Amazônia possuía apenas cêrca de 1,8 milhão de habitantes e apresentava pouca integração econômica, social e cultural com as demais regiões do Brasil. Com o objetivo de planejar e promover o desenvolvimento dessa região, em 1953, o governo federal criou a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (éssepêvéa).

A construção de estradas é uma providência importante para a integração e o desenvolvimento regional. Elas facilitam o povoamento e a implantação de fazendas de agricultura e de gado, vilas e cidades ao longo das rodovias, além do desenvolvimento do comércio e da exploração de recursos naturais. Mas, em 1954, com a crise política nacional decorrente do suicídio do presidente Getúlio Vargas, houve atraso na implementação das iniciativas da éssepêvéa, como a implantação de rodovias. Foi retomada no governo do presidente Juscelino cubishéqui (1956-1961), quando foram construídas as rodovias Belém-Brasília (bê érre153) e a Cuiabá-Santarém (bê érre163), o que levou a um maior povoamento e ao início da integração entre o espaço amazônico e o das demais regiões do Brasil.

Fotografia em preto e branco. Diversos homens em cima da carroceria de um pequeno caminhão. Na parte da frente há um homem dentro do caminhão com o braço apoiado na janela do passageiro. Os homens que estão na carroceria olham para a frente. Na porta da frente do caminhão, está escrito: Rodobrás. Rodovia Belém Brasília.
O presidente Juscelino cubishéqui (à janela do veículo) visita as obras da construção da Rodovia Belém-Brasília, em 1958, em um caminhão da éssepêvéa.

• Os governos militares e os novos rumos da colonização da Amazônia (1964-1985)

Em vista da propalada cobiça internacional sobre a Amazônia, os governos militares que se sucederam na presidência da república, a partir de 1964, entendiam que havia a necessidade de realizar maior ocupação humana na região, dinamizar a economia e integrar o espaço amazônico por questão de segurança nacional. Com esse objetivo, o governo militar criou várias iniciativas, que estudaremos a seguir.

A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (sudã)

A Sudam, subordinada ao governo federal, foi criada em 1966, substituindo a éssepêvéa com o objetivo de planejar, inspecionar e conduzir o desenvolvimento da Amazônia e sua integração espacial.

Além do chamado Plano de Integração Nacional, um programa de construção de rodovias para integrar a região, a exemplo da Rodovia Transamazônica (foto A), a sudã lançou também um programa para atrair à região grandes empresas nacionais e estrangeiras. Para que se instalassem na Amazônia, a sudã fornecia empréstimos em dinheiro a longo prazo e a jurosglossário baixos, incentivos fiscais e, ainda, comprometia-se a construir hidrelétricas para fornecimento de energia, estradas, portos e aeroportos, linhas de telefonia etcétera

Fotografia A. Vista de cima de uma extensa área de vegetação verde e densa sendo atravessada por uma longa e vazia estrada de terra.
Trecho da Rodovia Transamazônica no município de Apuí, Amazonas (2020). A Rodovia Transamazônica atravessa sete estados brasileiros e ultrapassa 4 mil quilômetros de extensão, dos quais menos da metade é asfaltada. Nos estados do Pará e do Amazonas, a rodovia apresenta sérios problemas de conservação, além de problemas relacionados às questões indígenas e ambientais.

Algumas empresas se instalaram na região (foto B). Mas muitas terras foram compradas visando à especulação posterior, ou seja, obter lucro com sua venda futura. Houve, ainda, pessoas que receberam empréstimos e os aplicaram em suas empresas localizadas em outras regiões do Brasil, que criaram empresas de fachadaglossário ou que praticaram desvios de recursos públicos da sudã, causando prejuízos não só para a Amazônia, mas também para toda a sociedade brasileira. Esses recursos que foram mal aplicados e desviados, como também muitos incentivos fiscais concedidos, não beneficiaram na totalidade nem a Amazônia nem o Brasil. Grande parte desse dinheiro poderia ter sido concedida aos pequenos e médios produtores regionais ou aplicada na implantação de hospitais, escolas, saneamento básico etcétera

Fotografia B. Vista de cima de uma extensa área verde mais ao fundo. Na parte inferior da foto, há um rio. Próximo ao rio, há áreas abertas, de terra, algumas estradas de terra, alguns galpões e a chaminé de uma fábrica com fumaça saindo. Há uma embarcação no rio.
Minas de extração de bauxita (minério do qual se obtém o alumínio) às margens do Rio Trombetas, no estado do Pará, em 1983. A mineração da bauxita no Vale do Rio Trombetas teve início em 1962.

Além de tudo isso, por falta de atuação eficaz de órgãos públicos de fiscalização, a implantação de empresas e a migração de pessoas e famílias para a região (fazendeiros, madeireiros, garimpeiros, posseiros etcétera) intensificaram os desmatamentos e os conflitos pela posse da terra, fato que ainda ocorre nos dias de hoje, como estudaremos no próximo Percurso.

A população da Amazônia, em 1960, era de cêrca de 2,6 milhões de habitantes. Dez anos depois, a população aumentou para 4,2 milhões. Houve, assim, grande crescimento populacional, graças, sobretudo, aos fluxos migratórios (observe a foto na página seguinte).

Fotografia em preto e branco. Vista de diversas pessoas no meio de diversos troncos de árvores cortados no chão. Ao fundo, outras árvores. Uma das pessoas segura um machado, ferramenta para cortar madeira.
Para garantir mão de obra barata nas frentes de trabalho (desmatamentos, aberturas de estradas, formação de pastagens para o gado e outras atividades), o governo estimulou fluxos migratórios para a Amazônia, principalmente da Região Nordeste, cuja população do Sertão passava por problemas decorrentes da sêca e da sua condição de pobreza. Na foto, trabalhadores desmatam área para implantação de pista de pouso no Pará (1972).

• Núcleos ou projetos de colonização

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (íncra), órgão do governo federal, criou, após 1964, os núcleos ou projetos de colonização. Neles, a área de terra pública foi dividida em lotes e distribuída a famílias cadastradas interessadas em cultivá-la. Vários núcleos foram instalados nos anos 1970, como indica o mapa.

Nem todos os núcleos de colonização tiveram êxito. A falta de assistência médica e escolar, a grande distância dos centros urbanos, a falta de orientação técnica para lidar com o manejo do solo, a assistência financeira insuficiente, entre outros fatores, contribuíram para o insucesso de vários desses núcleos.

Amazônia Legal: núcleos ou projetos de colonização – 1970

Mapa. Amazônia legal: núcleos ou projetos de colonização, 1970.  
Mapa da porção norte do Brasil com destaque para a área ocupada pela Amazônia legal até 1979: Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia,  Tocantins, Mato Grosso e parte do estado de Goiás.
No mapa, os núcleos ou projetos de colonização oficiais estão representados por círculos cujo tamanho varia em função da área em hectares dos projetos.  
Núcleos ou projetos de colonização oficiais: 31 nos estados de Mato Grosso e de Rondônia, dos quais 3 com áreas de 500.000 hectares; os demais ocupando áreas menores. No Pará, 7 núcleos ou projetos de colonização oficiais ocupando extensas áreas: o de Altamira, 700.000 hectares e o de Tucumã 500.000 hectares. 
Núcleos ou projetos de colonização oficiais. 
Acre: Boa esperança e Pedro Peixoto. 
Rondônia: Marechal Dutra,  
Machadinho, Buareiro, Bom Princípio, Padre A Roul, Ouro Preto, Urupuá, Pê A Ribeiro, Ji-Paraná.
Mato Grosso: Núcleo Azul, Coloniza, Juruena, Juína, Apiacás, Paranaíta, Alta Floresta, Terra Nova I e II, Gleba Arinos, Sorriso, Sinop, Santa Felicidade, Mutum, São Manuel, Carapu II, Canarana, Tangaru I e II, Serra Dourada, Água Boa, Carapu I, Areões, Xavantina. 
Pará: Monte Alegre, Itaituba, Altamira, Marabá, Carajás I, Carajás II e Monte Alegre. 
Maranhão: barra do Corda. 
Roraima: Amauá.
Amazonas: Antonieta Ataíde, Tabatinga e Bela Vista.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em béquer, Berta K. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990. página 34.

Grafismo indicando atividade.

Que estados concentraram os núcleos ou projetos de colonização? Cite um exemplo de projeto de colonização oficial que abrange a área de 700.000 hectares.

• A Zona Franca de Manaus

Buscando incentivar a industrialização de Manaus, o governo federal criou, em 1967, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (sufrâma), que disponibilizou infraestrutura e vantagens financeiras para atrair as indústrias para a região.

Assim, a sufrâma implantou o Distrito Industrial de Manaus e ofereceu isenção de impostos para a importação de matérias-primas e de componentes industriais, além de empréstimos e de incentivos fiscais às empresas nacionais e estrangeiras que ali se instalaram. Houve investimentos, sobretudo, no setor de eletroeletrônicos.

Com isso, outros setores da economia local e regional foram beneficiados, como o comércio, os transportes urbanos e o setor de turismo e hotelaria.

O município de Manaus tornou-se área de atração de população, concentrando pouco mais da metade dos ..4269995 habitantes do estado, em º de julho de 2021.

No entanto, apesar dos benefícios trazidos pela sufrâma, a população de Manaus enfrenta ainda graves problemas urbanos, como o favelamento e o saneamento básico deficiente.

• O Projeto Grande Carajás

Com a descoberta de jazidas de minérios de ferro e de manganês, ouro, cassiterita, bauxita, níquel e cobre na Serra dos Carajás, no Pará, por volta de 1967, o governo federal criou o Projeto Grande Carajás, que envolvia não só a exploração dos recursos minerais, mas também da floresta, além do aproveitamento dos rios para a produção de energia elétrica (caso da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins) e a construção da Estrada de Ferro Carajás para o transporte dos recursos minerais até o porto de Itaqui, no Maranhão, de onde são exportados. Observe o mapa.

O projeto atraiu trabalhadores de várias partes do Brasil, o que estimulou a fundação de cidades. Ainda hoje o Projeto Grande Carajás tem papel importante na produção de espaços geográficos na Amazônia Legal.

Projeto Grande Carajás – 1980

Mapa. Projeto Grande Carajás - 1980. Mapa do norte do território do Brasil com a delimitação da área do Projeto Grande Carajás, representada pela cor verde. O projeto ocupava o norte do estado do Pará e do Maranhão, estendendo-se por cidades como Belém, Altamira, Tucuruí, Marabá, Carajás, Tocantinópolis, Imperatriz, Paragominas, Vila do Conde e São Luís. As reservas de minério na área estão representadas por símbolos na cor preta. Ferro: em Carajás, no Pará. Manganês: em Marabá, no Pará. Cobre: próximo a Marabá, no Pará. Níquel: próximo a Carajá, no Pará. Bauxita: próximo a Belém e a Carajás, no Pará. Fábrica: Alunorte, próximo a Belém; Alumar, próximo a São Luís e Albrás, próximo a Tucuruí. Exportação: de Belém e de São Luís, pelo Oceano Atlântico, na direção norte. Hidrovia: Rio Amazonas em direção ao Oceano Atlântico, passando pela Ilha de Marajó até chegar ao porto de Itaqui, em São Luís. Usina hidrelétrica: ao norte, próximo a Tucuruí. Área das jazidas minerais: faixa no estado do Pará, próximo ao rio Xingu. Rodovia pavimentada: pequeno trecho ligando Belém a Tocantinópolis, à Rodovia Belém-Brasília, à Rodovia Transamazônica e a São Luís. Rodovia sem pavimentação: trechos da Rodovia Cuiabá-Santarém e da Rodovia Transamazônica. Ferrovia: estrada de ferro Carajás ligando Carajás ao porto de Itaquí, em São Luís. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 250 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em béquer, Berta K. Amazônia. São Paulo: Ática, 1990. página 66.

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PAUSA PARA O CINEMA

Peleja do povo contra o dragão de ferro.

Direção: Murilo Santos. Brasil: Seminário Internacional Carajás 30 anos: mobilizações e resistências frente a projetos de desenvolvimentos na Amazônia Oriental, 2014. Duração: 70 minutos

Com depoimentos de moradores das comunidades localizadas ao longo da Estrada de Ferro Carajás, o filme revela os impactos da ferrovia e da mineração nas vidas das pessoas.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

BRUSTOLIN, Cindia (Organização.).

Liberdade caça jeito: a história de todos na história de cada um. São Luís: edúfima, 2019.

Por meio de relatos, fotografias, poemas e desenhos cheios de vida e emoção, o livro apresenta um registro das lutas dos povos e comunidades tradicionais afetados e situados ao longo da Estrada de Ferro Carajás (ê éfe cê), no Maranhão.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas.

Mochila de ferramentas

Aprendendo a fazer um mapa pictórico

O que é um mapa pictórico? Comecemos pelo termo “pictórico”, que se relaciona com pintura: é aquilo que foi pintado, desenhado, ilustrado.

Logo, mapa pictórico é aquele que contém fatos ilustrados que destacam as características escolhidas, tornando-o mais atraente e instrutivo. É um recurso muito usado pela publicidade turística.

Observe o exemplo do mapa pictórico a seguir. Ele ressalta as principais vias e traz aspectos turísticos, de fórma pictórica e em associação a uma legenda numerada, e ainda apresenta a rosa dos ventos para direcionar espacialmente os leitores. Em geral, esses mapas não fornecem todas as informações cartográficas convencionais, como a escala, mas cumprem com sua função de facilitar o acesso à informação, divulgando-a de fórma mais simples.

Com base nesse exemplo, acompanhe com atenção os procedimentos indicados a seguir. A produção da tarefa deve ocorrer em grupo.

Mapa pictórico de Belém: turístico

Mapa. Mapa pictórico de Belém: turístico. 
Mapa da cidade de Belém do Pará com a localização de locais turísticos. Há ilustrações em roxo de algumas atividades que podem ser feitas: surfe, natação, navegação e vela na baía do Guajará,  jet ski no rio Guamá, tomar sol e caminhar em áreas verdes, ir a cachoeiras e escalar montanhas. 
Símbolo de avião representa a localização do aeroporto Val-de-Cans, na rodovia Artur Bernardes. 
Logradouros históricos:   Forte do Presépio, na beira mar. Mercado Ver-o-Peso, na beira mar. 
Museus. Museu Paraense Emílio Goeldi, na Avenida Magalhães barata. Museu de Arte de Belém, na Cidade Velha, próximo ao mar. 
Igrejas: Nossa Senhora das Graças, Catedral da Sé, na Cidade velha, próximo ao mar. 
Teatros: 
Teatro da Paz, no reduto. 
Praças e parques. Praça Batista Campos, na avenida Assis de Vasconcelos.  
Terminal rodoviário de Belém: na Avenida Magalhães Barata.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1,5 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em COMPANHIA PARAENSE DE TURISMO. Belém do Pará. Belém: Paratur, 2012. 1 mapa.

Como fazer

  1. Desenhe o contorno de seu bairro ou de sua cidade em uma folha de papel.
  2. Represente os pontos mais importantes dele ou dela, de acordo com a sua escolha. Eles podem ser turísticos, de serviços (como hospitais, postos de combustível, mercados), de problemas (como enchentes ou deslizamentos) ou econômicos.
  3. Além dos pontos importantes, faça uma pesquisa e uma lista prévia do que pretende destacar em seu mapa.
  4. Represente as vias principais (ruas, rodovias, ferrovias).
  5. Faça ilustrações para representar os seus destaques. Se desejar, adicione pontos importantes, relacionando-os a uma legenda numerada que os explique. Não se preocupe com as escalas, pois os desenhos podem ocupar grande parte do mapa.
  6. Pinte seu mapa e insira a rosa dos ventos.
Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 13 e 14

Registre em seu caderno.

  1. Explique por que a maior parte da população da Região Norte distribui-se ao longo dos vales fluviais.
  2. Em relação à Região Norte, entre o fim do século dezenove e o início do século vinte, responda às questões.
    1. Que atividades econômicas impulsionaram seu desenvolvimento?
    2. Dê exemplos de transformações no espaço geográfico resultantes das atividades econômicas mencionadas na questão anterior.
  3. Os governos militares no Brasil, a partir de 1964, entenderam que havia a necessidade de promover maior povoamento na Amazônia e dinamizar a economia da região. Cite ao menos três iniciativas desses governos para atingir tal finalidade.
  4. Consulte o mapa A da página 113 e localize o pico culminante do Brasil. Depois, responda às questões.
    1. Qual é o nome desse pico?
    2. Qual é a altitude dele?
    3. Em que estado se localiza e da fronteira de qual país está mais próximo?
  5. Elabore um mapa da divisão política da Região Norte do Brasil aplicando papel vegetal sobre o mapa da página 111. Aplique as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala e cole-o em seu caderno. Depois, interprete o quadro a seguir e crie símbolos cartográficos que representem as principais substâncias minerais (observe o mapa da página 126, como exemplo). Aplique os símbolos corretamente no seu mapa, construa a legenda, insira as siglas dos estados, dê um título ao mapa e cite a fonte.
Região Norte: principais substâncias minerais por estado – 2020

Substância mineral

Sigla(s) do(s) estado(s)

Alumínio

PA

Cobre

PA

Estanho

AM, PA, RO

Ferro

AP, PA

Manganês

PA, RO

Níquel

PA

Ouro

AP, PA

Zinco

PA

Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Mineração. Anuário mineral brasileiro: principais substâncias metálicas 2021 (ano base 2020). Brasília: 2021. página 4.

6. Observe o mapa a seguir e responda às questões.

Brasil: climas

Mapa. Brasil: climas 
Mapa de parte da América do sul com destaque para o Brasil e seus climas.
Climas sob influência de massas de ar Equatoriais e Tropicais. 
Equatorial úmido: predomina nos estados de Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. Presente também no norte de Mato Grosso e no de Tocantins. 
Tropical: predomina no sul de Rondônia, no Maranhão, norte e oeste do Piauí, Tocantins, sul de Mato Grosso, Mato Grosso do sul, Goiás, maior parte do estado de São Paulo, porções norte e oeste de Minas gerais e sul da Bahia.  
Tropical semiárido: estende-se por faixa no  interior dos estados da região nordeste. 
Tropical litorâneo úmido: estende-se por toda a costa atlântica, do litoral do Rio Grande do Norte até o do Rio de Janeiro. 
Climas sob influência de massas de ar Tropicais e Polares. 
Tropical de altitude: estende-se pelo centro-sul de Minas Gerais.
Subtropical úmido: predomina no sul do estado de São Paulo e no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 560 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 119.

  1. Em que estados da Região Norte predomina o clima equatorial úmido?
  2. Cite os estados dessa região em que ocorrem dois tipos de clima.
Versão adaptada acessível

5. Retome as informações do quadro "Região Norte: principais substâncias minerais por estado, 2020" e elabore um mapa tátil da Região Norte do Brasil para representar as principais substâncias minerais em cada um de seus estados. Para isso, materiais como tipos de papéis, tecidos e linhas de diferentes espessuras podem ser utilizados para a representação da Região Norte e de sua divisão política. Já para representar as substâncias minerais, sugere-se o uso de grãos e sementes. Construa sua legenda e disponha os elementos que representam cada substância em seus respectivos estados.

7. Observe a representação a seguir.

Província petrolífera do Rio Urucu

Mapa. Província petrolífera do rio Urucu. Mapa da província do Urucu e de seu entorno. O mapa destaca os rios da região e a localização de algumas cidades. A representação é feita por meio de pequenas ilustrações. Na parte superior direita do mapa, localiza-se a cidade de Manaus, representada com ilustrações de prédios, e a Refinaria do Amazonas, a Reman. Manaus está à beira do rio Negro com o Solimões. A província do Urucu está às margens do rio Urucu, um afluente do rio Solimões, e é representada com o símbolo de uma fábrica. Ligando a província do Urucu ao Terminal de Solimões, no rio Solimões, há a representação de um duto. No mapa estão representadas as cidades de Carauari, nas margens do rio Juruá, Tefé, às margens do Solimões, e Coari, na foz do rio Urucu com o Solimões. No Rio Solimões há a ilustração de um barco em direção a Manaus. No canto inferior esquerdo do mapa, consta o texto: Parte da produção é transformada em gás liquefeito (gás de cozinha) no próprio local de exploração, de onde é transportado por poliduto (duto que transporta produtos diversos) até o terminal portuário no rio Solimões. Acima, rosa dos ventos e abaixo escala de 0 a 120 quilômetros.

Fonte: vanderlei FILHO, Joaquim R.; CARNEIRO, Fernando A. C. do Amaral. Amazônia, a floresta e o futuro 2. Scientific American Brasil. São Paulo: Duetto Editorial, 2008. página 88.

  1. Consulte mapa B, da página 113, e verifique em que unidade do relevo se localiza a província petrolífera de Urucu.
  2. De acordo com a representação, que meio de transporte é empregado para levar o gás liquefeito do terminal até Manaus?
  3. Em sua opinião, a extração de petróleo e gás natural na Floresta Amazônica pode provocar impactos socioambientais? Por quê?

8. São Gabriel da Cachoeira é um município do Amazonas situado na latitude grau. Uruguaiana é um município do Rio Grande do Sul e está localizado na latitude graus Sul. Observe os climogramas e responda.

São Gabriel da Cachoeira (Amazonas): climograma

Gráfico. São Gabriel da Cachoeira (Amazonas): climograma. Climograma representando a precipitação média em milímetros e a temperatura média em graus celsius em cada mês do ano na cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. No eixo vertical à esquerda, estão os valores de precipitação, de 0 a 400 milímetros. No eixo vertical à direita, estão os valores de temperatura em graus celsius. No eixo horizontal, os meses do ano. Colunas azuis representam dados de precipitação e linha vermelha representa a variação da temperatura. Janeiro: Precipitação: 240 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Fevereiro: Precipitação: 220 milímetros. Temperatura: 25 graus. Março: Precipitação: 280 milímetros. Temperatura: 25 graus. Abril: Precipitação: 330 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Maio: Precipitação: 370 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Junho: Precipitação: 330 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Julho: Precipitação: 310 milímetros. Temperatura: 24 graus celsius. Agosto: Precipitação: 250 milímetros. Temperatura: 24 graus celsius. Setembro: Precipitação: 220 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Outubro: Precipitação: 220 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Novembro: Precipitação: 210 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Dezembro: Precipitação: 220 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius.

Uruguaiana (Rio Grande do Sul): climograma

Gráfico. Uruguaiana (Rio Grande do Sul): climograma. Climograma representando a precipitação média em milímetros e a temperatura média em graus celsius em cada mês do ano na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. No eixo vertical à esquerda, estão os valores de precipitação, de 0 a 400 milímetros. No eixo vertical à direita, estão os valores de temperatura em graus celsius. No eixo horizontal, os meses do ano. Colunas azuis representam dados de precipitação e linha vermelha representa a variação da temperatura. Janeiro: Precipitação: 140 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius. Fevereiro: Precipitação: 170 milímetros. Temperatura: 24 graus celsius. Março: Precipitação: 160 milímetros. Temperatura: 23 graus celsius. Abril: Precipitação: 250 milímetros. Temperatura: 19 graus celsius. Maio: Precipitação: 130 milímetros. Temperatura: 16 graus celsius. Junho: Precipitação: 70 milímetros. Temperatura: 14 graus celsius. Julho: Precipitação: 80 milímetros. Temperatura: 13 graus celsius. Agosto: Precipitação: 70 milímetros. Temperatura: 15 graus celsius. Setembro: Precipitação: 110 milímetros. Temperatura: 16 graus celsius. Outubro: Precipitação: 160 milímetros. Temperatura: 18 graus celsius. Novembro: Precipitação: 120 milímetros. Temperatura: 20 graus celsius. Dezembro: Precipitação: 125 milímetros. Temperatura: 25 graus celsius.

Fonte dos gráficos: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 153 e 180.

  1. Qual climograma apresenta menor variação de temperatura média? Por quê?
  2. Em qual dos municípios há maior média de precipitação durante o ano? Explique sua resposta.
  3. Consulte o mapa da atividade 6, na página anterior, e aponte seus respectivos tipos de clima.

9. A foto mostra um hotel na Floresta Amazônica, no município de Tefé, Amazonas (2017).

Fotografia. No primeiro plano, vista de um rio com duas edificações flutuantes construídas em madeira, cobertas com telhado vermelho e com varandas ao redor acompanhadas de parapeitos em azul. No segundo plano, na parte de trás das construções, vegetação verde e densa.
  1. Que atividade econômica é responsável por esse tipo de obra?
  2. Em sua opinião, para que essa atividade não seja prejudicial ao ambiente, que ações sustentáveis podem ser realizadas?

PERCURSO 15 AMAZÔNIA: CONFLITOS, DESMATAMENTO E BIODIVERSIDADE

1. A entrada do grande capital na Amazônia Legal em tempos recentes

Diante das dificuldades apresentadas pelos núcleos ou projetos de colonização implantados na Amazônia, o governo federal, a partir de 1974, alterou a política de ocupação e desenvolvimento econômico da região. Iniciando um novo processo, deu preferência ao grande capital, ou seja, às grandes empresas agropecuárias e de mineração nacionais e estrangeiras, que se instalaram na região em áreas gigantescas, às vezes maiores que alguns estados brasileiros e que muitos países.

Nesse novo processo, acentuaram-se os conflitos de interesses e de territorialidade, isto é, a disputa por territórios entre os grupos ou protagonistas sociais da Amazônia, desfavorecendo, geralmente, os de menor poder político e econômico, como os povos da floresta (indígenas, ribeirinhos, seringueiros, castanheiros, pequenos agricultores etcétera).

Fotografia. Vista de uma área industrial. Ocupando a maior parte da imagem, ao fundo, duas construções redondas ligadas por uma pequena torre. Conectada à torre, há uma estrutura de concreto semelhante a um túnel. À esquerda, outras construções industriais. À frente dessas estruturas, há grandes montes de um material marrom (semelhante a montes de terra), além de uma construção baixa, pessoas, alguns caminhões e carros e uma área alagada.
Indústria de processamento da bauxita para a produção de alumínio no município de Barcarena, Pará (2018).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Tudo sobre desmatamento zero – Folha de sem

https://oeds.link/1GElpG

Com mapas, fotos e infográficos, essa página eletrônica mostra que zerar a devastação florestal da Amazônia pode ser bom negócio para todos.

• Os protagonistas sociais

Com a entrada do grande capital, o garimpeiro foi vencido pela empresa de mineração e o pequeno agricultor foi suplantado pela grande empresa rural ou pelo agronegócio. O trabalhador sem-terra foi submetido, muitas vezes, à condição de servidão, e o posseiro foi expulso de sua pequena roça. Grupos indígenas perderam suas terras ou aguardam até hoje a demarcação e a legalização delas. Madeireiros ilegais entraram em conflito com indígenas, posseiros, pequenos agricultores e povos da floresta. Grileiros ocuparam terras públicas, onde poderiam ser assentadas famílias de sem-terra. Interessados nas terras chegavam

a contratar pistoleiros para assassinar quem se opunha a seus interesses. A atividade de compra e venda de terras tanto enriqueceu pessoas como ocasionou o desmatamento de várias áreas, com a consequente perda de biodiversidade, acompanhada de desequilíbrios ecológicos e destruição de ecossistemas.

As intervenções humanas na Amazônia, como em qualquer meio natural, não podem ser realizadas de fórma irresponsável e predatória. É preciso planejá-las considerando os possíveis impactos ambientais. Há também a necessidade de os governos estaduais e federal resolverem a questão da posse da terra entre os vários protagonistas sociais. Especialistas sugerem como solução para a exploração econômica da região a prática do desenvolvimento sustentável. E, para minimizar os conflitos sociais, apontam a urgência da aplicação de uma política fundiária ou de terras que contemple democraticamente todos os envolvidos na questão.

Fotografia. Vista de um extenso rio com diversas construções baixas ao longo de seu curso, dispostas no sentido horizontal. Há alguns barcos parados na frente das construções. Nas margens direita e esquerda do rio, vegetação densa.
Barcaças de dragagem operadas por garimpeiros ilegais convergem no Rio Madeira, um dos afluentes do Rio Amazonas, em busca de ouro, no município de Autazes, Amazonas (2021).

2. O desmatamento na Amazônia

Entre as causas históricas do desmatamento na Amazônia, podemos destacar a expansão urbana, a exploração madeireira e a expansão da fronteira agropecuária. Calcula-se que, desde a década de 1960 até 2021, foram desmatados em torno de 830 mil quilômetros quadrados da Amazônia, cêrca de 16por cento de sua cobertura florestal. Isso corres­ponde a uma área quase equivalente à dos estados do Maranhão, do Piauí e do Ceará juntos.

Fotografia. Diversos troncos de árvores cortados e amontoados no chão. Há dois homens medindo e manuseando os troncos. Eles usam uniforme com a sigla nas costas: IBAMA. Ao fundo, vasta vegetação.
Além das madeireiras legais, que extraem o produto de acordo com as normas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (ibâma), existem as madeireiras clandestinas. Na foto, agentes do ibâma medem madeira cortada ilegalmente da Terra Indígena Cachoeira sêca, no estado do Pará (2018).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

LESSA, Ricardo.

Amazônia: as raízes da destruição. décima edição São Paulo: Atual, 2019.

O livro aborda assuntos que ainda são muito atuais na realidade amazônica, como as questões ambientais e os conflitos por terras, além da resistência indígena e dos projetos agropecuários e suas consequências.

• O arco do desmatamento

Na Amazônia Legal, o desmatamento é intenso em vários estados. No entanto, cerca de 75% da degradação ambiental se concentra historicamente em uma vasta área denominada arco do desmatamentoglossário (observe o mapa e o gráfico).

Amazônia Legal: o arco do desmatamento – 2016 a 2022

Mapa. Amazônia Legal: o arco do desmatamento – 2016 a 2022
Mapa com destaque para a Amazônia Legal, mostrando os avisos de desmatamento entre agosto de 2016 e fevereiro de 2022, a hidrografia e as capitais dos estados da região. Os avisos estão localizados em todos os estados da região norte, no centro-oeste do Maranhão e no Mato Grosso. As maiores concentrações de avisos estão no Pará e em uma área que abrange o sul do Amazonas, o leste do Acre e o noroeste de Rondônia, além de diversas manchas do norte mato-grossense e de Roraima. Duas setas indicam o avanço da ocupação na região. Elas saem de Rio Branco, capital do Acre, e se direcionam para o oeste do estado e o nordeste, sobre território amazonense.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 280 quilômetros.

Fonte: BRASIL. Terra Brasilis. Avisos de desmatamento 2016 – 2022. detér Disponível em: https://oeds.link/ISgoLI. Acesso em: 13 fevereiro 2022.

Estados da Amazônia Legal: parte do desmatamento no total da área desmatada – 1988-2021

Gráfico. Estados da Amazônia Legal: parte do desmatamento no total da área desmatada – de 1988 a 2021
Gráfico de setores mostrando a participação dos estados da Amazônia Legal no desmatamento total da região, entre 1988 e 2021. Os dados de 2021 foram computados até novembro do mesmo ano.
Pará 34,6 por cento. Mato Grosso 31,9 por cento. Rondônia 13,7 por cento. Amazonas 6,5 por cento. Maranhão 5,5 por cento. Acre 3,6 por cento. Roraima 1,9 por cento. Tocantins 1,9 por cento. Amapá 0,4 por cento.

Fonte: BRASIL. Terra Brasilis. Taxas de desmatamento. PRODES. Disponível em: https://oeds.link/2dtowM. Acesso em: 13 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Liste os estados que compõem o arco do desmatamento em ordem decrescente, de acordo com seu percentual de participação.

• Desmatamento e problemas ambientais

O desmatamento da Floresta Amazônica é preocupante pelos danos ambientais que provoca, como a extinção de espécies vegetais e animais, a erosão do solo, o assoreamento dos rios e a emissão de gases de efeito estufa.

A devastação também afeta a precipitação. Calcula-se que a evapotranspiração na Amazônia é responsável por mais de 50por cento das chuvas que ocorrem nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Com a cessação da evapotranspiração, países mais distantes também seriam afetados, causando prejuízos para a agricultura e para a produção de alimentos.

• Expansão da pecuária

A abertura de pastagens para a pecuária na Amazônia é responsável por 75por cento das áreas desmatadas, muitas delas de fórma ilegal. Para combater esse problema, são realizadas campanhas e ações a fim de evitar a comercialização de gado oriundo de áreas desmatadas ilegalmente e aumentar a consciência da população sobre esse grave problema.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Campanha Carne Legal: por um consumo sustentável e consciente

Embora desperte extrema preocupação dos órgãos de contrôle, o abate clandestino de animais já foi uma atividade ainda mais corriqueira no passado. Em 2012, por exemplo, 20por cento de carne clandestina era vendida no Brasil. Esse foi um dos motivos que levaram o Ministério Público Federal (ême pê éfe) a lançar, no ano seguinte, a campanha Carne Legal. A fôrça-tarefa liderada pelo procurador Daniel Azeredo começou a exigir a obediência a critérios rígidos de frigoríficos e supermercados na hora de comprar carne em abatedouros da Amazônia.

Azeredo lembra que a criação de gado para abate sem qualquer tipo de critério estava causando enorme devastação de florestas. ‘A gente percebeu que parte da carne produzida na região [estado do Pará] e que abastecia o Brasil inteiro vinha de fazendas em que se tinha trabalho escravo e nenhuma inspeção sanitária’, contou.

Para frear a comercialização de proteína animal sem procedência, o ême pê éfe firmou Termo de Ajustamento de Conduta (tác) com mais de 100 empresas dos ramos atacadista e varejista, em que elas se comprometeram a negociar somente com abatedouros legalizados. ‘Os acordos resultaram, entre 2010 e 2020, em redução de mais de 60por cento no desmatamento para pasto na Amazônia, porque quem operava na irregularidade não tinha mais para quem vender’, destacou o procurador.

Com o aumento do preço da carne formal atualmente [2021] e a consequente migração para a aquisição de produtos sem origem, Azeredo não descarta ampliar o programa para outras regiões do país. ‘O abate clandestino nos leva a um cenário sério, em que se coloca em risco a vida do consumidor e compromete questões socioambientais. Temos analisado a possibilidade de fazer o Carne Legal chegar a outros estados’, pontuou.

ARAÚJO, Saulo. Na pandemia, uma expressiva parcela da população passou a comprar carne vermelha sem procedência e recheada de riscos. Metrópoles. 24 outubro 2021. Disponível em: https://oeds.link/vcFQea. Acesso em: 13 fevereiro 2022.

Cartaz. A imagem mostra o cartaz de uma campanha chamada CARNE LEGAL. Ao fundo, fotografia de uma carne cozida com pedaços fatiados e uns vegetais, que aparecem desfocados. Na parte inferior, logos e siglas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e do Ministério Público Federal, além do seguinte texto: Saiba a origem da carne antes de comprá-la. 
À esquerda, à frente da foto, pequenos quadros com as seguintes informações.
Quadro 1. O que é carne legal? É a que vem do gado criado em fazendas que respeitam as leis, sob os pontos de vista ambiental, social, trabalhista e fundiário. Quadro 2. Por que é importante a legalização da pecuária? Até 2009, quase toda a pecuária da Amazônia desrespeitava as exigências legais. Era recordista em desmatamento e trabalho escravo. Em 2009, com as ações do Ministério Público Federal no Pará, começa a mudança. Quadro 3. Como é a legalização na prática? Frigoríficos assumiram o compromisso com o Ministério Público Federal de comprar carne apenas de fazendas legalizadas, e vários supermercados aceitaram a recomendação do Ministério Público Federal de só comprar carne desses frigoríficos. Quadro 4. Toda carne vendida nos mercados já é legal? Ainda não. Mas essa é a meta do Ministério Público Federal. Por isso foram assinados acordos com os fornecedores, que preveem várias etapas (em andamento). Uma das exigências, desde fevereiro de 2010, é o Cadastro Ambiental Rural. Quadro 5. Como posso colaborar? Não fique constrangido. Pergunte sempre ao gerente do supermercado se ele garante que a carne comercializada não vem de fazendas que desmatam, exploram trabalho escravo ou são usadas para lavagem de dinheiro ou outras irregularidades. Os consumidores têm direito à informação. Questionar é uma forma de pressionar por mudanças que tornem o consumo mais sustentável.
Material de divulgação da campanha Carne Legal, do Ministério Público Federal.

 Interprete

1. O texto apresenta uma estratégia que tenta solucionar um problema. Identifique o problema, suas causas e consequências.

 Contextualize

2. No dia a dia, caso sejam consumidores de carne, quais atitudes de consumo consciente você e seus familiares podem praticar para ajudar a resolver o problema?

3. A biodiversidade da Amazônia

O Brasil apresenta grande biodiversidade, isto é, variedade biológica em suas fauna e flora, e está entre os chamados “países megadiversos”, pois estima-se que 20por cento de todos os animais e vegetais vivos do planeta estejam em território brasileiro.

A Amazônia contribui bastante para essa megadiversidade: tem cêrca de .21000 espécies ve­getais – .2500 de árvores –, .1400 espécies de peixes, 300 espécies de mamíferos e .1300 espécies de pássaros, além de milhares de insetos e micro-organismos. Várias dessas espécies são endêmicasglossário .

A biodiversidade da Floresta Amazônica, como também a de outros domínios morfoclimáticos brasileiros, constitui grande riqueza e pode fornecer, entre outros, substâncias usadas como matérias-primas de medicamentos para tratamento de várias enfermidades.

O uso de plantas para a elaboração de medicamentos é uma prática antiga. Porém, com o desenvolvimento da ciência, esse fato se acentuou. Os denominados produtos fitoterápicosglossário ganharam muita importância e suas vendas aumentam em todo o mundo. Compreende-se, então, a corrida dos laboratórios farmacêuticos, sobretudo estrangeiros, para pesquisar plantas, animais e micro-organismos na Amazônia.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

https://oeds.link/W3ldS3

Essa página eletrônica traz informações, notícias e projetos sobre a biodiversidade e os recursos naturais da Amazônia e de outras regiões do país.

• A biopirataria

A biopirataria consiste no roubo de animais, plantas e conhecimentos tradicionais (principalmente das culturas indígenas) para fins de exploração comercial, sem o consentimento ou contrôle do país de origem e das comunidades locais.

Para evitar que o Brasil perca os direitos sobre sua biodiversidade ou sobre os resultados das pesquisas realizadas por empresas estrangeiras, bem como para proteger a diversidade de plantas e animais (observe a foto), o governo brasileiro colocou em prática, em junho de 2000, o acordo conhecido como Convenção da Biodiversidade.

Esse documento foi assinado, em 1993, por representantes de 160 países que atestam a necessidade de preservação da biodiversidade, a exploração dos recursos naturais de fórma sustentável e a divisão justa dos benefícios obtidos com a pesquisa científica.

Fotografia. Vista de caixa branca de plástico com água e pequenos peixes escuros. As mãos de duas pessoas aparecem manuseando os peixes, um mostrando alguns deles na mão e outro passando os peixes de um saco plástico para a caixa com água.
Peixes acaris-zebras, espécie endêmica do Rio Xingu e ameaçada de extinção, são encontrados dentro de malas e apreendidos no Aeroporto de Manaus, Amazonas (2017).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Amazônia Sociedade Anônima.

Direção: Estêvão Ciavatta Brasil: Pindorama Filmes, 2019. Duração: 72 minutos

O longa mostra como indígenas e ribeirinhos se organizam para combater a ação de grileiros e madeireiros e proteger a Floresta Amazônica.

PERCURSO 16 AMAZÔNIA: O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

1. Organização não governamental (ôngui)

Entre as décadas de 1950 e 1970, houve um período de grande desenvolvimento econômico, tanto nos países desenvolvidos como nos países de industrialização tardia, como é o caso do Brasil. A industrialização e a urbanização se intensificaram e ocorreu também grande crescimento populacional. Esses eventos foram acompanhados de intervenções humanas, na maioria das vezes prejudiciais ao meio ambiente. A exploração dos recursos naturais aumentou consideravelmente para atender às novas necessidades humanas, criadas pela chamada sociedade de consumo.

A fim de combater a crescente destruição ambiental, causada por esse modelo de desenvolvimento predatório, a sociedade se organizou em grupos, dando origem aos movimentos ambientalistas.

Desses movimentos, nasceram as organizações não governamentais , caracterizadas como organizações formadas por pessoas da sociedade civilglossário , sem a participação dos governos dos países onde elas atuam. Os objetivos das ônguis são amplos, e cada uma delas se dedica a determinada área de atuação. Por exemplo, combate à destruição do meio ambiente, defesa dos direitos da mulher, das minorias étnicas culturais, da criança e do adolescente, do idoso etcétera Isso demonstra a dificuldade dos governos de cuidar desses assuntos de fórma eficiente, mesmo em países de grande desenvolvimento econômico.

Fotografia. Destaque para uma cadeira de praia, um guarda sol, três baldinhos de plástico, uma bóia, além de uma placa amarela em que está escrito: BRASIL MANCHADO DE ÓLEO. Esses objetos estão sobre uma área de concreto em que foi depositada areia e um líquido preto que encobre parcialmente os elementos. Ao fundo, uma grade e, atrás dela, pessoas vestidas com ternos pretos e algumas construções.
Protesto organizado pelo Greenpeace em Brasília, Distrito Federal (2019), contra políticas governamentais antiambientais, simulando praia poluída por vazamento de petróleo. O Greenpeace é uma ôngui que atua em defesa do meio ambiente.
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

OLIVEIRA, Alan.

Amazônia. terceira edição São Paulo: Saraiva, 2019.

Ficção que narra a história de um menino chamado Caco e de seu padrinho . David, que mora nos Estados Unidos. Depois de se perderem na Floresta Amazônica, eles buscam trilhas para sair dela. Nessa caminhada acabam conhecendo vários aspectos da floresta, como flora, fauna e diferentes povos.

2. O desenvolvimento sustentável na Amazônia

A atuação das ônguis contribuiu para aumentar a consciência social ecológica das populações, fazendo com que as questões ambientais passassem a ser discutidas em reuniões internacionais.

Em 1972, a Organização das Nações Unidasglossário realizou a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, em que alertou governos, grupos econômicos e toda a sociedade sobre os graves riscos a que o planeta e as populações estão sujeitos em razão da destruição ambiental e da intensa exploração dos recursos naturais.

Foi nessa conferência de 1972 que nasceu a ideia do desenvolvimento ecologicamente sustentável, que visa à exploração dos recursos naturais de fórma racional, sem desperdício e sem a degradação ambiental, de modo que as gerações futuras possam também se beneficiar deles.

Nos últimos anos, têm ocorrido alguns progressos na questão ambiental: leis severas foram criadas para proteger o meio ambiente e procuram-se novos caminhos para o desenvolvimento econômico e social. A consciência social ecológica, no entanto, ainda está muito aquém das reais necessidades.

Estudos realizados na Amazônia Legal mostram que vastas áreas da região apresentam solos impróprios para a prática da agricultura, por serem arenosos e rasos. Quanto à floresta, ela “vive por si só”, isto é, ela mesma alimenta o solo por meio da decomposição de troncos, galhos e folhas, que caem e formam uma espessa camada de solo orgânico – o húmus. Por causa disso, se retirada, a vegetação de floresta teria poucas chances de se recompor, ainda que ficasse intocada por muitos anos, aumentando a possibilidade de desertificação na região. Assim, existe na Amazônia – como também em outras regiões e em todas as atividades humanas – a necessidade de aplicação do desenvolvimento ecologicamente sustentável.

Na Amazônia, muitas comunidades e empresas já praticam a exploração de recursos da floresta de acordo com os princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável. É o caso do extrativismo do látex, da castanha-do-pará, do jambo, do açaí, de fibras vegetais para a confecção de diversos artefatos, gomas para a fabricação de chicletes etcétera sem causar a degradação ambiental. Atualmente, além de coletados, são também cultivados o guaraná, o cupuaçu, o bacuri, a pupunha e o açaí, usados na indústria de refrigerantes e de alimentos ou vendidos in naturaglossário .

Fotografia. Um homem aparece de costas andando em uma área com muita vegetação. Ele carrega nas costas, segurando com as mãos na altura do ombro, um grande cacho com frutos pequenos, redondos e com tonalidade escura.
Coleta de açaí na Comunidade de Pupuaí, no município de Carauari, Amazonas (2021).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No município onde você vive há aplicação dos princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável na exploração florestal, na ocupação do solo pela agricultura e pela pecuária, no turismo, na indústria ou em outras atividades?

3. As reservas extrativistas

Desde a década de 1970, seringueiros e castanheiros se opõem à fórma como a Amazônia vem sendo ocupada. Com o avanço da colonização na região, eles têm sido expulsos das áreas onde praticavam o extrativismo vegetal. Diante disso, decidiram se organizar e pressionar o governo federal para a criação de reservas extrativistas. Estas devem ser entendidas como Unidades de Conservação , legalmente instituídas pelo poder público para serem utilizadas por populações extrativistas tradicionais.

Nas reservas extrativistas, além de os recursos da floresta serem explorados de fórma sustentável, praticam-se a agricultura de subsistência e a criação de animais de pequeno porte, assegurando os meios de vida das populações tradicionais. São ainda garantia de proteção contra a invasão dessas terras e contra o desmatamento e a destruição de ecossistemas.

Na criação das reservas extrativistas, destacou-se a atuação do seringueiro e líder sindicalglossário Chico Mendes, que lutou por essa causa e foi assassinado em 1988 por aqueles que se opunham à criação das reservas, pois elas contrariavam seus interesses.

Fotografia em preto e branco. Um homem de camisa xadrez e calça. Ele segura e olha para um pedaço de madeira. Ao redor dele, diversos troncos de árvores no chão e, ao fundo, pequeno trecho de árvores em pé.
Francisco Alves Mendes Filho, ou Chico Mendes (1944-1988), em Xapuri, Acre (1988). Como seringueiro, líder sindical e ambientalista, defendeu os povos da floresta e organizou vários movimentos contra o avanço das madeireiras e das fazendas de pecuária na Amazônia, além de propor fórmas de desenvolvimento sustentável na região.

A primeira reserva extrativista foi criada pelo poder público em 7 de março de 1990, após a morte de Chico Mendes. Essa reserva localiza-se no município de Xapuri, no estado do Acre, onde o líder sindical vivia (observe a foto). Posteriormente, foram criadas outras reservas extrativistas na Região Norte e em outras regiões do Brasil (observe o mapa).

Brasil: reservas extrativistas

Mapa. Brasil: reservas extrativistas  
Mapa do Brasil mostrando a localização das reservas extrativistas do país. As maiores estão concentradas nas porções leste e oeste do Acre, em manchas no centro-oeste do Amazonas e no centro-norte do Pará. Também há reservas no sul do Amapá, no oeste de Rondônia, no litoral e interior do Maranhão, na costa do Ceará, nos litorais da Bahia e do Rio de Janeiro e nas divisas de Goiás com o Mato Grosso e com a Bahia.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 470 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar: ensino fundamental do 6º ao 9º ano. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2015. página 21.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Chico Mendes: o preço da floresta.

Direção: Rodrigo Astiz. Brasil: érre tê dois á Produções Cinematográficas limitadavírgula 2008. Duração: 43 minutos

Mais do que um filme sobre a vida e o legado de Chico Mendes, o documentário enfoca as experiências extrativistas e de manejo sustentável no Acre.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 15 e 16

Registre em seu caderno.

  1. Sobre a ocupação da Amazônia em tempos recentes, faça o que se pede.
    1. Explique o que são conflitos de territorialidade e quais são os protagonistas sociais envolvidos.
    2. Quais são as consequências ambientais e sociais decorrentes desses conflitos?
  2. O que é o “arco do desmatamento”?
  3. Qual é a relação existente entre o desmatamento da Floresta Amazônica e o clima na produção de alimentos em outras regiões do país?
  4. Sobre a biopirataria:
    1. Explique o que é.
    2. Comente sobre a convenção que combate os casos de biopirataria no Brasil e no mundo.
  5. Explique o que é e como atua uma organização não governamental .
  6. Sobre as reservas extrativistas, responda:
    1. O que são?
    2. Você acredita que a criação de reservas extrativistas no Brasil é uma iniciativa importante? Por quê?
  7. Observe o mapa e responda às questões.
Mapa. O mapa destaca a Amazônia Legal, mostrando os frigoríficos localizados na região, as áreas de florestas, não florestas e desmatadas, além das principais rodovias que cruzam os estados. A maioria dos frigoríficos estão ao longo das rodovias e das áreas desmatadas, distribuídos nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Pará e, em menor quantidade, no Tocantins, no Maranhão, no Acre, no Amazonas e em Roraima. As áreas de floresta ocupam grande parte dos estados na região, com destaque para o Amazonas, o Acre, as porções oeste e norte do Pará e o oeste de Roraima e do Amapá. As áreas não florestadas estão na faixa sul da Amazônia Legal, se estendo do centro-sul e leste do Mato Grosso ao sul do Maranhão, passando por Tocantins. Há manchas menores no Amapá, em Roraima, no Amazonas e no Pará. As áreas desmatadas estão em uma faixa que margeia, ao norte, as áreas não florestadas, percorrendo extensas áreas de Rondônia, Mato Grosso, Pará e Maranhão. Há manchas menores de desmatamento em todos os outros estados da Amazônia Legal. As principais rodovias cruzam todos os estados, ocorrendo em áreas de floresta, não florestadas e desmatadas. A maioria delas está no Pará e no Mato Grosso. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 420 quilômetros.

Fonte: imazon. Como melhorar a eficácia dos acordos contra o desmatamento associado à pecuária na Amazônia? Disponível em: https://oeds.link/vPZbkg. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

  1. Em que área da Amazônia Legal há predomínio de frigoríficos? A que fator de ordem econômica isso está relacionado?
  2. De que fórma essa atividade econômica está, nesse caso, ligada a problemas ambientais de ordem global?
  3. Com base em seus conhecimentos e no que você estudou, dê um título a esse mapa.

8. Na tirinha a seguir, o personagem Papa-Capim, menino indígena integrado à natureza e à sua comunidade, com seu amigo Kava, usa a palavra “caraíba”, que significa “homem branco”, segundo a língua tupi antiga. Interprete a tirinha e responda às questões.

Tirinha. Dois meninos indígenas com cabelos curtos e lisos, com franja e usando um pano na região na cintura. Quadro 1: os dois personagens estão lado a lado, caminhando, em uma área aberta em que estão representados o céu, a lua, uma árvore, um arbusto e uma cobra. Sorrindo e apontando para o céu e para a cobra, um dos meninos diz: EI, KAVA! VOCÊ SABIA QUE OS CARAÍBAS CHAMAM JACI DE LUA... E A ÊMI BOI DE COBRA? Quadro 2: os dois personagens estão lado a lado e ao fundo é possível ver o céu. O outro menino, apontando para frente, diz: E AQUILO PAPA-CAPIM? COMO OS CARAÍBAS CHAMAM AQUILO? Quadro 3: os dois personagens estão lado a lado sobre um terreno elevado e, abaixo, está uma área com vários troncos de árvores cortados quase até a base. Olhando com feição espantada, Papa-Capim responde: PROGRESSO!
  1. Que elementos do primeiro quadrinho representam a harmonia entre os personagens e a natureza?
  2. Por que Papa-Capim e Kava mudaram de fisionomia no segundo e no terceiro quadrinhos?
  3. Qual é a contradição ou incoerência entre o progresso e a cena do terceiro quadrinho?
  4. Aponte alguns danos ambientais provocados pelo desmatamento da Floresta Amazônica.

9. O carbono (C) é um elemento químico fundamental na composição dos organismos vivos da Terra. É o gás carbônico , por exemplo, que possibilita a obtenção de energia pelas plantas. Observe a representação do ciclo do carbono a seguir e responda às questões.

Ilustração. A imagem mostra uma paisagem com um estrada e um caminhão soltando fumaça ao centro, uma faixa de areia, o oceano e várias árvores à direita, uma área com uma indústria soltando fumaça e algumas árvores e vacas à esquerda e, ao fundo, serras e céu com nuvens, onde está escrito ‘Atmosfera’. Em algumas partes da ilustração estão textos, números e setas para cima e para baixo. Abaixo da ilustração, legenda: Valores em bilhões de toneladas de carbono. Seta para cima: emissões para a atmosfera. Seta para baixo: absorção por oceanos, vegetação e solo. Sobre o oceano: seta para cima 90 bilhões de toneladas de carbono. Seta para baixo: 92 bilhões de toneladas de carbono. Sobre a vegetação terrestre: seta para cima 60 bilhões de toneladas de carbono. Seta para baixo: 61 bilhões de toneladas de carbono. Queima de combustíveis fósseis sobre o caminhão e a indústria: seta para cima 5,5 bilhões de toneladas de carbono. Mudança no uso do solo sobre a área com vacas e árvores: seta para cima: 0,5 bilhões de toneladas de carbono. Seta para baixo: 0,5 bilhões de toneladas de carbono.

Fonte: elaborado com base em formádiipãÍsa Clima e desmatamento no Xingu: contribuição científica para a preservação e valorização do meio ambiente e sociedade nas cabeceiras do Xingu. ipã, Boletim númeropágina 2009.


  1. Que situação representada na figura gera apenas emissão de gás carbônico para a atmosfera? Dê exemplos.
  2. Explique a importância da vegetação e do oceano no ciclo do carbono.

10. Leia esta frase.

“A floresta em pé protege a biodiversidade, assegura estoques de recursos naturais, regula o clima, mantém a oferta de recursos hídricos

INSTITUTO Socioambiental. Almanaque Brasil Socioambiental 2008. São Paulo: Instituto Socioambiental , 2007. página 267.

Explique a frase relacionando os elementos naturais nela mencionados com o contexto da Floresta Amazônica.

  1. Você já pensou sobre como a Região Norte é representada nos meios de comunicação? Pesquise cinco reportagens sobre essa região, com fotos, e responda:
    1. Qual é o tema de cada reportagem? Escreva no caderno o título de cada uma delas.
    2. Que características da região as fotos retratam? Exemplos: atividades econômicas, aspectos naturais, urbanos, rurais, problemas ambientais etcétera
    3. O conjunto de textos e imagens representa a diversidade da Região Norte? Explique.
    4. De maneira geral, que aspectos da Região Norte poderiam ser abordados pelos meios de comunicação para valorizar a sua diversidade?
  2. Os objetivos das ônguis são amplos e cada uma delas se empenha em uma área de atuação, como na defesa dos direitos da mulher, das minorias étnicas e culturais, da criança e do adolescente, do idoso etcétera Em grupo, procurem se informar sobre a existência de alguma ôngui na localidade onde vocês moram. Se houver, qual é seu objetivo? Ela é bem atuante? Se não houver, que tal criar uma ôngui na própria escola? Sugestões de objetivos para uma ôngui na escola: manter limpo o ambiente escolar, combater o bullying, criar ações para a conscientização ambiental, realizar a coleta seletiva para reciclagem ou outros.

Ícone. Seção Caminhos digitais. Composto por uma placa amarela com o desenho de um celular com duas setas na tela.

Caminhos digitais

Na Amazônia, indígenas usam mapeamento colaborativo em defesa da floresta e de seus direitos

Em janeiro de 2016, um grupo de trinta pessoas de povos e comunidades tradicionais da Amazônia concluiu um curso de informática e geotecnologias oferecido em Porto Velho, capital de Rondônia. O curso reuniu indígenas, quilombolas, seringueiros e ribeirinhos, que receberam orientações sobre o uso de imagens de satélite, de dispositivos gê pê ésse (Sistema de Posicionamento Global) e de aplicativos de smartphone ou tablet para fins de mapea­mento colaborativo em meio digital: mapas elaborados coletivamente por meio do compartilhamento de dados e arquivos georreferenciados, ou seja, com informações sobre localização pelo sistema de coordenadas geográficas, que podem ser disponibilizados em diversas ferramentas digitais.

O principal objetivo dos participantes era aprender mais sobre geotecnologias e mapeamento colaborativo para que essas tecnologias pudessem ajudá-los a proteger seus territórios do avanço de madeireiros, garimpeiros e outros protagonistas sociais que invadem áreas florestais demarcadas e protegidas por lei. Com esses recursos e aprendizados, foi possível, por exemplo, determinar as coordenadas geográficas de atividades ilegais na floresta, mapeá-las em uma plataforma digital colaborativa e informar as autoridades a fim de combatê-las ou punir os responsáveis.

Esse projeto começou em 2007 por iniciativa de Almir Suruí, líder da etnia indígena Paíter Suruí, cujas comunidades vivem nos estados de Rondônia e Mato Grosso. Almir procurava um meio que permitisse aos Paíter Suruí denunciar o desmatamento na Terra Indígena Sete de Setembro Rondônia.

Fotografia. Mulheres e homens indígenas enfileirados e de braços dados. A maioria deles utiliza adereços coloridos na cabeça, no pescoço, na cintura, nos braços e nas pernas. Dois deles estão utilizando um longo instrumento de sopro. Ao fundo, densa vegetação formada por árvores.
Indígenas da etnia Paíter Suruí apresentando ritual de cânticos na Aldeia Jaqueira, município de Porto Seguro, Bahia (2019).

Atualmente, há várias iniciativas relacionadas a geotecnologias e mapeamento colaborativo na Amazônia envolvendo diferentes associações e ônguis que lutam em defesa de causas socioambientais. Novas possibilidades têm surgido com a ampliação do uso do mapeamento colaborativo entre os povos indígenas, como o biomonitoramentoglossário e a etnocartografiaglossário .

Esse exemplo evidencia que o uso das tecnologias da informação e das geotecnologias tem se mostrado bastante proveitoso para os indígenas e outros povos e comunidades tradicionais.

O uso da etnocartografia pelos povos indígenas tem facilitado o engajamento social e a preservação de sua cultura, seus saberes e seus conhecimentos.

Este mapa foi elaborado pelo povo indígena Ashaninka, que habita a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, localizada no Alto Juruá, no Acre. Nele, seis espécies de animais para caça foram representadas por símbolos na cor preta. O fluxo dos deslocamentos dessas espécies foi representado por setas coloridas, permitindo aos indígenas identificarem áreas de caça e áreas de refúgio, isto é, áreas onde as espécies se reproduzem e que se situam distantes da comunidade. De modo geral, a maior parte do território é vista pelos indígenas como área de refúgio.

Mapa. O mapa mostra o fluxo de caça da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia. Estão representas as aldeias, as moradias individuais, os marcos para a delimitação da terra indígena, os rios, os limites internacionais e os lagos. Há também ícones que representam os seguintes animais: anta, arara, macaco preto, mutum, jundiaçu e queixada. Além disso, setas indicam os fluxos que esses animais fazem pelo território. A Terra Indígena está limitada pela Reserva Extrativista do Alto Juruá, à leste; pela Terra Indígena Arara do Rio Amônia, à nordeste; e pelo Peru, à sul, oeste e noroeste. São duas aldeias, uma ao norte da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia e outra no Peru; e quatro moradias individuais, duas à nordeste e duas ao sul do território indígena em questão. Os limites internacionais delimitam a fronteira da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia com o Peru, enquanto os marcos estão representados por pontos pretos tanto nessa fronteira quanto no limite dessa terra indígena com a Terra Indígena Arara do Rio Amônia. Os rios percorrem grande parte da área representada, com destaque para o Rio Amônia que corta verticalmente a Terra Indígena Kampa do Rio na porção central do território; os lagos estão justamente às margens desse extenso rio principal. Quanto aos animais, eles estão dispersos pela terra indígena representada em destaque e se deslocam tanto do Peru para dentro do território indígena, quanto entre áreas desse mesmo território. Algumas poucas setas indicam que há deslocamento de animais da terra indígena para o Peru. Na parte esquerda, rosa dos ventos e escala um para 187 mil.

Fonte: GAVAZZI, Renato Antonio (organizador). Etnomapeamento da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia: o mundo visto de cima. Rio Branco: 2012. página 64.

 Confira

  1. O que é mapeamento colaborativo em meio digital?
  2. De acordo com o texto, quais problemas os indígenas e outros povos e comunidades tradicionais da Amazônia têm enfrentado em seus territórios? E o que pode mudar com o uso das geotecnologias?
  3. Cite e explique quais usos de mapeamento colaborativo estão sendo feitos pelos povos indígenas.
  4. De acordo com o texto, como se dá a relação dos indígenas com a tecnologia?
  5. De que maneira a manutenção das terras indígenas pode ser útil para toda a sociedade?

 Fique ligado!

  • Por meio das geotecnologias podemos tanto receber como enviar informações com base na localização geográfica dos usuários. Mas, para que isso seja útil a todos, as informações precisam ser verdadeiras, atuais e precisas. Quando usar aplicativos ou outras ferramentas digitais para colaborar com outros usuários, não forneça informações falsas e certifique-se de que as recebidas por você são confiáveis.
  • O comprometimento com a relevância das informações fornecidas sobre um local é outro princípio de boas práticas. Antes de colaborar em qualquer plataforma digital, fornecendo informações sobre um lugar, avalie se elas serão importantes para os outros usuários e se estão descritas e organizadas de maneira compreensível.
  • Ao divulgar informações georreferenciadas, como postar fotos em redes sociais com a localização geográfica, evite expor outras pessoas e você mesmo. Lembre-se de que, uma vez divulgadas, as informações podem ter grande repercussão.

Glossário

Superintendência
Órgão de empresa pública ou privada destinado a superintender, ou seja, supervisionar, dirigir e inspecionar atividades sob sua responsabilidade, como também planejar ações que devem ser tomadas.
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Golfão
Ampla reentrância da costa litorânea em direção ao continente. O Golfão Amazônico apresenta uma particularidade: não é totalmente aberto para o mar, pois nele estão localizadas a Ilha do Marajó e outras ilhas menores.
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Tenacidade
Grande persistência; perseverança; afinco; resistência.
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Manganês
Minério muito importante para a siderurgia, usado na fabricação do aço.
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Cassiterita
Principal minério do qual se extrai o estanho. Esse foi um dos primeiros metais usados pela humanidade em utensílios diversos há quase três mil anos.
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Juro
Quantia paga por um devedor para remunerar o credor pelo uso de seu dinheiro durante um período determinado.
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Empresa de fachada
Aquela que mescla práticas financeiras ilegais, como emissão de notas fiscais falsas e contratos fictícios, e legais.
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Arco do desmatamento
Área composta de 256 municípios que se estende do oeste do Maranhão e sul do Pará em direção a oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre, e que teve início a partir da década de 1960, com as rodovias Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho. O arco se expandiu no decorrer das décadas seguintes, passando a abranger, em anos recentes, outras dezenas de municípios que formam uma nova zona de expansão do desmatamento na Amazônia Legal.
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Endêmica
Espécie nativa de planta ou animal que ocorre somente em uma região específica, pois depende das condições particulares de clima e de solo dessa região.
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Fitoterapia
Tratamento de doenças por meio de plantas, frescas ou dessecadas, e por seus extratos naturais.
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Sociedade civil
Compreende a rede das relações entre pessoas, grupos e classes sociais que ocorre à margem das relações de poder manifestadas nas estruturas do Estado.
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Organização das Nações Unidas (ONU)
Organização que reúne 193 países-membros e tem como objetivos manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais dos indivíduos e promover o desenvolvimento dos países.
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Aquilo que se apresenta em estado natural.
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Líder sindical
Pessoa que dirige um sindicato – associação de indivíduos da mesma categoria ou profissão que defende interesses profissionais, econômicos, políticos ou sociais.
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Biomonitoramento
Mapeamento da biodiversidade de uma área, permitindo sua preservação e gestão dos recursos naturais.
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Etnocartografia
Mapeamento da cultura, da história ou de aspectos relevantes para a garantia do modo de vida de um povo ou etnia. Ela tem contribuído para que povos indígenas registrem e compartilhem informações sobre sua cultura e suas atividades diárias, localizando-as nos territórios que tradicionalmente ocupam. Esse tipo de representação pode ser feito por meio de desenhos livres, imagens de satélite, croquis, entre outros.
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