UNIDADE 5 REGIÃO NORDESTE
Nesta Unidade, além dos aspectos históricos que ajudam a explicar a produção de espaços geográficos na Região Nordeste, você conhecerá suas características naturais e suas recentes mudanças econômicas e sociais.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- Você associaria a imagem desta abertura à Região Nordeste? Por quê?
- Condições naturais extremas, por exemplo a estiagem, são, necessariamente, um impedimento ao desenvolvimento social e econômico de determinada região? O que você pensa sobre isso?
PERCURSO 17 REGIÃO NORDESTE: O MEIO NATURAL E A ZONA DA MATA
1. A diversidade no Nordeste
O litoral da Região Nordeste do Brasil, cuja atual divisão política está representada no mapa, foi a primeira área a ser ocupada e explorada economicamente pelos portugueses, a partir do século dezesseis, caracterizando-a como a área de produção e organização do espaço mais antiga do país, tomando-se como referência a chegada dos europeus.
Em 1º de julho de 2021, a população estimada do Nordeste era de ..57667842 habitantes, superada apenas pela da Região Sudeste.
Região Nordeste: político e vias de circulação
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 151.
Cite os estados do Brasil que compõem a Região Nordeste.
Em virtude das características hidrográficas, da variação altimétrica do relevo (observe o mapa da página seguinte) e da variedade de climas, solos e tipos de vegetação, essa região apresenta diversas paisagens naturais.
PAUSA PARA O CINEMA
Viva São João!
Direção: Andrucha uódintôn. Brasil: Conspiração Filmes, Estúdios Mega, Gege Produções, MegaColor, 2002. Duração: 90 minutos
O documentário retrata uma das turnês do cantor Gilberto Gil pelas festas juninas do Nordeste. Apresenta entrevistas com vários personagens, músicos e pessoas do público local em cidades da Bahia, Pernambuco e Ceará, revelando a história das festas de São João e a sua importância para as comunidades locais.
Região Nordeste: físico
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 150.
O Rio São Francisco corre em que altitudes nas terras da Região Nordeste?
Como em todas as regiões do Brasil, contrastes sociais e econômicos também ocorrem na Região Nordeste, não porque o seu território seja pobre em recursos naturais, mas porque, historicamente, nessa região foi construída uma sociedade marcada por desigualdades sociais decorrentes da indiferença das elites dirigentes.
No litoral, bairros modernos de algumas cidades e praias procuradas por turistas de todo o mundo contrastam com bairros de infraestrutura precária. No interior, terras irrigadas com culturas produtivas se contrapõem às de pequenos produtores rurais com poucos recursos para melhorar suas plantações e obter maior rendimento familiar.
Também é grande a diversidade cultural dessa região. Os hábitos alimentares, a música (frevo, baião, maracatu etcétera, as manifestações folclóricas e o artesanato variam no seu espaço geográfico, enriquecendo a cultura brasileira.
2. As sub-regiões do Nordeste
Tendo por base as condições naturais, principalmente o clima, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões (observe o mapa): a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte. Neste Percurso, estudaremos a primeira delas, a Zona da Mata.
Região Nordeste: sub-regiões naturais
Fonte: ANDRADE, M. C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página 34.
Nota: ao estudar esta Unidade, sempre que for necessário, retorne a este mapa para localizar as sub-regiões do Nordeste.
3. A Zona da Mata: localização e condições naturais
• Localização
Chamada também de litoral oriental do Nordeste, a Zona da Mata compreende uma faixa de terras que acompanha o litoral desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia.
• Clima
Na Zona da Mata ocorre o clima tropical litorâneo úmido. A temperatura média anual oscila entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius, e a precipitação total anual é superior a .1200 milímetros – em algumas áreas, esse número supera os .2000 milímetros. As chuvas se concentram no período entre abril e julho.
Essas características climáticas são influenciadas pelas massas de ar úmidas provenientes do Oceano Atlântico, principalmente a barlaventoglossário do Planalto da Borborema e da Serra Geral, no sul da Bahia, onde ocorrem chuvas orográficas (observe a ilustração). Já na sotaventoglossário a umidade diminui, o que contribui para a formação das paisagens semiáridas que caracterizam parte do Agreste e o Sertão. Consulte os tipos de clima da região no mapa da página seguinte.
Chuva orográfica
Fonte: elaborado com base em ANTUNES, Celso. O ar e o tempo. São Paulo: Scipione, 1995. página 43.
Nota: Representação artística, sem escala, para fins didáticos.
Região Nordeste: climas
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página119.
Qual das capitais de estados da Região Nordeste localiza-se em menor latitude? E em maior latitude? Como você sabe?
• Relevo e vegetação
O relevo da Zona da Mata é formado, principalmente, por planícies, onde se localizam praias e tabuleirosglossário litorâneos. Observe o perfil de relevo, que apresenta uma visão do relevo da Região Nordeste.
Nordeste: perfil do relevo
Fonte: elaborado com base em Rós, Geografia do Brasil. sexta ediçãoSão Paulo: êduspi, 2011. página 55.
Essa sub-região foi ocupada, no passado, pela Mata Atlântica, o que explica o nome Zona da Mata (observe a foto da página seguinte). No decorrer dos mais de cinco séculos de ocupação humana dessa sub-região, a Mata Atlântica foi retirada em quase toda a sua extensão.
No Nordeste, o desmatamento iniciou-se no século dezesseis com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a explorar o pau-brasil. Mas foi com a expansão da cultura da cana-de-açúcar e da fabricação de açúcar na Zona da Mata – atividades responsáveis pela organização inicial do espaço dessa sub-região – que seu desmatamento se acelerou, ainda no século dezesseis
Por séculos, contribuíram para o desmatamento da Mata Atlântica a cultura do tabaco no Recôncavoglossário Baiano (realizada desde o século dezesseis), a criação de gado, o uso da lenha nos lares e nas caldeiras dos engenhos para a fabricação de açúcar e o processo de urbanização.
No litoral da Zona da Mata, as vegetações costeiras encontram-se bastante alteradas em decorrência da exploração de petróleo, especulação imobiliária, urbanização, das atividades portuárias e do turismo.
4. Zona da Mata: as metrópoles
A Zona da Mata é a sub-região mais populosa do Nordeste. Nela se situam seis capitais de estados: Salvador Bahia , Aracaju Sergipe, Maceió Alagoas , Recife Pernambuco, João Pessoa Paraíba e Natal Rio Grande do Norte.
Entre essas capitais, duas são classificadas pelo í bê gê É como metrópoles: Salvador e Recife (Fortaleza, que está localizada no Sertão, também é uma metrópole). Elas exercem ampla influência no espaço nordestino por oferecerem serviços diversificados, como comerciais, portuários, médico-hospitalares, educacionais, culturais, turísticos etcétera atendendo habitantes do Agreste e do Sertão. As capitais dos demais estados nordestinos são capitais regionais importantes, mas suas áreas de influência são menores que as das metrópoles.
Salvador é a capital mais populosa, seguida por Fortaleza, como observamos no quadro.
Como ocorre em outras cidades do Brasil, as metrópoles do Nordeste apresentam graves problemas: deficiência em saneamento básico, habitações precárias, poluição de córregos e rios, desigualdade de rendimento entre seus habitantes (observe a foto da página seguinte), entre outros.
Capitais |
População (habitantes) |
---|---|
Salvador |
2.900.319 |
Fortaleza |
2.703.391 |
Recife |
1.661.017 |
São Luís |
1.115.932 |
Maceió |
1.031.597 |
Natal |
896.708 |
Teresina |
871.126 |
João Pessoa |
825.796 |
Aracaju |
672.614 |
*Estimativas.
Fonte: í bê gê É ponto Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 5 maio 2022.
5. Zona da Mata: aspectos gerais da economia
Na Zona da Mata podemos identificar três porções do espaço geográfico que se individualizam segundo a sua produção tradicional: Zona da Mata açucareira, Zona da Mata cacaueira e Recôncavo Baiano.
• A Zona da Mata açucareira
Estende-se desde o Rio Grande do Norte até as proximidades do município de Salvador, na Bahia. O espaço é ocupado por latifúndios monocultores de cana-de-açúcar e por usinas produtoras de açúcar e álcool. Aí também se localizam as regiões urbanas e industriais importantes de Salvador e do Recife (observe o mapa).
Região Nordeste: organização do espaço
Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 151; í bê gê É ponto Regiões de influência das cidades: 2007. Rio de Janeiro: í bê gê É 2008. página 12.
Na Região Metropolitana do Recife (municípios de Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e outros), a partir dos anos de 1960, estruturou-se uma importante e diversificada área industrial. Depois da Região Metropolitana de Salvador, a do Recife apresenta a maior produção em valor industrial do Nordeste.
• A Zona da Mata cacaueira
Situa-se no sul da Bahia, e nela se destacam os municípios de Itabuna e Ilhéus, cujas economias giram em torno do comércio e da exportação de cacau. Atualmente a sua produção encontra-se em recuperação, após a praga “vassoura-de-bruxa“ ter destruído muitas plantações.
No caso de Ilhéus, o fluxo de turistas e o polo industrial do setor eletroeletrônico (equipamentos para comunicação e informática) mantiveram a economia aquecida.
• O Recôncavo Baiano
Abrange vários municípios no entorno de Salvador e, além de ser uma tradicional e importante área produtora de tabaco, apresenta um polo industrial importante. Desde a descoberta de petróleo, em 1939, no Recôncavo Baiano, e da construção da refinaria de petróleo em Mataripe (observe a foto), a economia começou a ser dinamizada. Na década de 1970, com a implantação do polo petroquímicoglossário de Camaçari, no município de mesmo nome, o crescimento econômico se acelerou e o processo de industrialização promoveu grande transformação socioeconômica. Esse polo estimulou a instalação de outras indústrias na Região Metropolitana de Salvador e o desenvolvimento do comércio e do setor de serviços. Aí são encontradas indústrias dos ramos químico, metalomecânico, madeireiro, têxtil, farmacêutico, eletroeletrônico, além de indústrias de artefatos de plástico e borracha, de fertilizantes, bebidas, móveis, automóveis, entre outros.
Outro importante complexo industrial do Recôncavo Baiano é o de Aratu. Localizado nos municípios de Simões Filho e Candeias, destaca-se nos setores químico, têxtil, mineral, plástico, eletroeletrônico, de fertilizantes, bebidas e móveis.
NAVEGAR É PRECISO
Cacau: tudo que você precisa saber do principal ingrediente do chocolate
https://oeds.link/1kDpft
Podcast com entrevista de um cacauicultor que explica todo o processo de fabricação do chocolate a partir do cacau, entre outros assuntos relacionados a esse fruto.
Rotas e encontros
As pescadoras artesanais da praia de Suape () Pernambuco
Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial
“Edinilda de Ponto dos Carvalhos, com pouco mais de cinquenta anos, é marisqueira, ou pescadora artesanal, da praia de Suape desde muito jovem. Recentemente, segundo ela, seu trabalho vem se tornando mais duro.
‘Existem produtos químicos na água. Não possuem cheiro, mas matam todas as coisas’ diz Edinilda. Ela acredita que a poluição vem do complexo portuário [Porto de Suape] no litoral sul de Pernambuco, estado no Nordeste do Brasil, considerada uma região de desenvolvimento econômico central.
Outra marisqueira, Valéria Maria de Alcântara, diz: ‘O barro produz coceiras por causa do óleo e dos dejetos, restos que ficam na água do mar. Isto queima a pele.’
De acordo com um programa de treinamento do estado, as mulheres compreendem 5.200 dos 8.700 pescadores daquela comunidade pesqueira. Elas trabalham duro para pescar mariscos na água ou no manguezal do entorno.
reticências Edinilda e mais 20 outras marisqueiras resolveram falar sobre a crise em suas vidas devido à poluição e depredação dos manguezais. ‘Pescadoras que antes retiravam de 20 a 30 quilos de conchas, agora, durante toda uma semana, chegam a 3 quilos’, diz Valéria sentada em uma cadeira de metal em seu terraço.
Centenas, se não milhares, de outras pescadoras ao longo da costa de Pernambuco dividem essa experiência. Tradicionalmente, o pescado das marisqueiras dava para o sustento de suas famílias, e qualquer excedente era comercializado em mercadinhos locais, complementando a renda familiar. Valéria diz que agora ela precisa trabalhar nas cozinhas dos bares locais nos finais de semana para complementar a renda por conta da queda em sua produção.
‘Na história da pesca no Brasil, a atividade das mulheres tem sido invisibilizada’, diz Laurineide Santana. ‘O que essas mulheres produzem não entra na estatística oficial da pesca.’
Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial. tradução úlda istáditler Conselho Pastoral dos Pescadores, Artigos Destacados, Notícias, 7 março2014. Disponível em: https://oeds.link/baLnPM. Acesso em: 25 abril 2022.
Interprete
- Como a poluição das águas interfere na captura de mariscos em Suape?
- Por que mulheres pescadoras ou marisqueiras se dedicam a essa atividade?
Argumente
3. Dê sua opinião sobre a seguinte afirmação: é possível conciliar as atividades pesqueiras e industriais sem causar danos ao meio ambiente.
PERCURSO 18 O AGRESTE
1. O Agreste: localização e condições naturais
• Localização
A sub-região do Nordeste denominada Agreste estende-se do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, entre as sub-regiões da Zona da Mata e do Sertão (consulte o mapa da página 145).
• Vegetação
Em decorrência de sua localização, o Agreste apresenta diversas paisagens. Nos trechos mais úmidos, restam fragmentos da Mata Tropical (observe a foto A), que foi desmatada para a prática da agricultura e da pecuária. Nas áreas mais sêcas, a Caatinga (observe a foto B), transformada pela ação humana, domina a paisagem.
NAVEGAR É PRECISO
Enciclopédia Itaú Cultural – Artes Visuais
https://oeds.link/15avCG
Ao acessar o portal e digitar “Mestre Vitalino” no campo “buscar” você pode conhecer a biografia e as obras desse importante artista de Caruaru, no Agreste pernambucano. Além disso, você pode encontrar materiais sobre diversas manifestações culturais brasileiras, pessoas, conceitos e muito mais.
• O relevo e o clima
O Planalto da Borborema é a fórma de relevo que caracteriza o Agreste na sua porção norte. O Agreste ocupa a fachada leste desse planalto; já a porção oeste corresponde ao Sertão. A fachada leste do Planalto da Borborema está sujeita ao que resta de umidade dos ventos que sopram de sudeste, que não precipita na Zona da Mata. Assim, no Agreste encontramos áreas úmidas semelhantes às da Zona da Mata ilhadas por áreas sêcas, com médias de temperatura mais baixas em virtude das suas altitudes mais elevadas. Essas áreas mais úmidas no Nordeste recebem o nome de brejos, e nelas não há sêca. Possuem, inclusive, pequenos rios permanentes.
Um exemplo de brejo é o de Garanhuns, situado no Agreste pernambucano, no Planalto da Borborema. Aí se desenvolveu a cidade de mesmo nome, Garanhuns, a 822 metros de altitude, com chuvas de 869 milímetros anuais e temperatura média anual de 21 . graus Célsius
Em virtude dessas características climáticas, a cidade, que possuía .141347 habitantes em 1º de julho de 2021, atrai turistas do Nordeste e de outras regiões, principalmente nos meses de junho e julho, quando as médias de temperatura são mais baixas, em torno de 18 graus CélsiusGaranhuns é um verdadeiro oásis no meio da paisagem semiárida do Agreste, contrariando a ideia geral de que no interior do Nordeste há apenas clima quente e seco.
2. As cidades do Agreste
Os primeiros povoadores do Agreste foram os criadores de gado vindos da Zona da Mata, que também introduziram a agricultura para abastecer de alimentos aquela sub-região. A expansão da atividade agrícola no Agreste estimulou a interiorização da criação de gado em direção ao Sertão e ao vale do Rio São Francisco, como estudaremos no Percurso 19.
Entre os séculos dezesseis e dezoito, a criação de gado, a agricultura, a mineração e as missões jesuítas e de outras congregações religiosas foram responsáveis pela fundação de vilas que, ao longo do tempo, se transformaram em cidades.
No Agreste encontram-se cidades importantes, como Campina Grande, na Paraíba; Caruaru (observe a foto A, na página seguinte) e Garanhuns, em Pernambuco; Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia.
Nessas cidades, que atraem migrantes de vários municípios, principalmente do Sertão, a vida comercial é bastante ativa e o setor de serviços é mais desenvolvido que em cidades menores da rede urbana do Nordeste.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.
Região Nordeste. São Paulo: Harbra, 2009. ( Coleção Expedição Brasil).
Apresenta uma visão ampla da Região Nordeste, destacando aspectos físicos, históricos, populacionais e culturais, entre outros.
3. Agreste: economia
Desde o período colonial, o Agreste assumiu, dentro da divisão territorial da produção, a função de fornecer gêneros agrícolas de subsistência (alimentos), carne, couro, leite e animais (bovinos, equinos, asininosglossário , caprinos ) para a Zona da Mata açucareira. Vê-se, então, que o espaço geográfico do Agreste foi construído e reconstruído em função da Zona da Mata açucareira. etcétera
Atualmente, o Agreste continua sendo um espaço de policultura, que se destaca na produção de milho, arroz, feijão, mandioca, algodão, café, frutas tropicais e agaveglossário . Continua sendo também uma zona de criação de gado bovino para abastecer de leite e derivados as cidades da Zona da Mata e outros mercados.
No período de córte da cana-de-açúcar (período de safra), muitos trabalhadores do Agreste deixam seus minifúndiosglossário e se empregam como temporários nas usinas de cana-de-açúcar da Zona da Mata. Aqueles que permanecem nos minifúndios cuidam da escassa produção.
Os centros urbanos do Agreste se destacam na atividade comercial e em vários outros setores de prestação de serviços (observe a foto B), além de apresentarem certo desenvolvimento industrial, fruto do processo de desconcentração dessa atividade em curso no Brasil.
Atividades dos percursos 17 e 18
Registre em seu caderno.
- Por que podemos dizer que existem “vários Nordestes” na Região Nordeste do Brasil?
- Que atividades econômicas contribuíram para o grande desmatamento da Mata Atlântica na Região Nordeste?
- Quais são e onde estão localizadas as três porções do espaço geográfico da Zona da Mata que se individualizam por sua produção econômica?
- Uma geógrafa, um biólogo e uma historiadora partiram juntos de Vitória da Conquista com destino a Fortaleza, para uma viagem científica de 30 dias pela Região Nordeste. Após alguns dias, cada um seguiu um roteiro diferente. Observe, no mapa, a localização dos pesquisadores no décimo quinto dia da viagem e as principais cidades visitadas ao final, representadas pelas letras de A a G. Depois, responda às questões.
Fonte: elaborado com base em ANDRADE, M. C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página 34.
- Aponte o nome da sub-região em que se encontra cada um dos pesquisadores no décimo quinto dia da viagem.
- Sabe-se que A é a capital mais populosa da Região Nordeste e uma das três metrópoles dessa região. Quais são as três metrópoles nordestinas? Qual é a metrópole A?
- No décimo quinto dia da viagem, qual foi a metrópole visitada? Qual dos três pesquisadores a visitou nesse dia?
- Qual das sub-regiões do Nordeste não estava no roteiro dos viajantes?
- A geógrafa, no décimo quinto dia, encontra-se no vale de um rio importante do Nordeste. Qual é o nome desse rio?
5. Elabore um mapa da divisão política da Grande Região Nordeste do Brasil, aplicando papel vegetal sobre o mapa da página 143. Aplique as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala e depois cole-o em seu caderno. Com base no quadro a seguir, crie a legenda para representar a produção (em toneladas) de cana-de-açúcar por estado, em 2020, considerando cinco intervalos de produção: de 500 mil a 1 milhão; de 1 milhão e um a 5 milhões; de 5 milhões e um a 10 milhões; de 10 milhões e um a 15 milhões; e mais de 15 milhões. Em seguida, insira as siglas dos estados, aplique a legenda, dê um título ao mapa e cite a fonte.
Estado |
Produção (em toneladas) |
---|---|
Maranhão |
2.877.606 |
Piauí |
1.002.464 |
Ceará |
588.084 |
Rio Grande do Norte |
5.749.885 |
Paraíba |
5.737.572 |
Pernambuco |
13.803.259 |
Alagoas |
15.241.840 |
Sergipe |
2.066.705 |
Bahia |
5.150.000 |
Fonte: í bê gê É ponto Anuário Estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 3-19.
Versão adaptada acessível
5. Elabore um mapa tátil da Grande Região Nordeste do Brasil com a divisão política entre seus estados. Para isso, materiais como tipos de papéis, tecidos e linhas de diferentes espessuras podem ser utilizados para a representação dos limites da Grande Região e das divisas entre seus estados. Crie uma legenda para representar a produção (em toneladas) de cana-de-açúcar por estado, em 2020, considerando cinco intervalos de produção: de 500 mil a 1 milhão; de 1 milhão e um a 5 milhões; de 5 milhões e um a 10 milhões; de 10 milhões e um a 15 milhões; e mais de 15 milhões. Materiais circulares, como botões de diferentes tamanhos, podem ser utilizados para a representação dos intervalos.
6. Leia o excerto a seguir e responda às questões.
“A organização inicial do espaço agrário litorâneo, a exemplo do que ocorreu em toda a fachada oriental do Nordeste, baseou-se na produção açucareira destinada ao mercado externo, na divisão de terras em grandes unidades produtivas conhecidas por engenho e trabalho escravo.
MOREIRA, Emilia; TARGINO, Ivan. Capítulos de geografia agrária da Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/ 1997. página 33.
- A que sub-região do Nordeste os autores se referem? Como você sabe?
- Identifique os três elementos que constituíam o pilar da produção açucareira nordestina do século dezesseis ao final do
7. Leia o texto sobre as praias da Região Nordeste, observe a foto e responda às questões.
Essas praias exibem paisagens extremamente diversificadas – coqueirais, dunas, falésias, manguezais, recifes, piscinas naturais etcétera –, que possibilitam passeios inusitados (como, por exemplo, pelas dunas, a bordo de bugues) como também prática de variados esportes náuticos
ARBEX JÚNIOR, José; OLIC, Nelson Bacic. O Brasil em regiões: Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. página 43.
- Identifique e caracterize o relevo retratado.
- Quais paisagens indicadas no texto não são identificadas na foto?
- Que atividades turísticas típicas do litoral nordestino estão indicadas no texto?
8. Observe o climograma de Campina Grande, cidade do Agreste nordestino, localizada na borda leste do Planalto da Borborema, e responda às questões.
Campina Grande Paraíba: climograma
Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 165.
- Como você caracterizaria o clima de Campina Grande?
- De que maneira a localização de Campina Grande na borda leste do Planalto da Borborema influencia o clima do município?
9. Em duplas, pesquisem sobre a existência de populações tradicionais do Nordeste que estejam sendo afetadas pela degradação ambiental. Com a ajuda do professor, organizem e apresentem as informações pesquisadas à turma e discutam com seus colegas a importância da preservação ambiental.
PERCURSO 19 O SERTÃO
1. O Sertão: localização e condições naturais
• Localização
O Sertão é a sub-região mais extensa do Nordeste. Localiza-se entre o Agreste e o Meio-Norte e se estende até o litoral setentrional do Nordeste, chegando às praias do Ceará e do Rio Grande do Norte (consulte o mapa da página 145). Nesse litoral de solo arenoso, o cajueiro, cuja exploração mantém muitas famílias, encontra o seu hábitat.
• Clima
Predomina, no Sertão, o clima tropical semiárido com 6 a 8 meses secos por ano, como pode ser observado no mapa. Entretanto, existem áreas onde a semiaridez é mais acentuada, com 9 a 11 meses secos. É esse o caso de parte do Sertão da Paraíba, onde se localiza Cabaceiras, município brasileiro de menor média anual de chuva (278 milímetros).
Região Nordeste: diversidade climática
Fonte: . í bê gê É Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: , í bê gê É 2018. página 96, 164 e 166.
Em que estados do Nordeste o clima semiárido é mais seco?
No clima tropical semiárido do Sertão, além de escassas, as chuvas são irregulares e mal distribuídas no decorrer do ano.
Quixeramobim climograma
Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 162.
PAUSA PARA O CINEMA
Vidas sêcas.
Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. Duração: 105 minutos
História de uma família de retirantes do Sertão nordestino que migra em busca da superação das dificuldades impostas pela sêca. Filme realizado com base na obra literária homônima de Graciliano Ramos.
Nem todo o Sertão é seco
Assim como ocorre no Agreste, o Sertão também possui áreas úmidas: os brejos. O principal deles é o do Cariri (observe o mapa), localizado no sul do Ceará, na base da encosta norte da Chapada do Araripe.
O Cariri possui fontes de água que possibilitam o desenvolvimento da agricultura e da criação de gado no ambiente da Caatinga. No Cariri, desenvolveram-se cidades importantes, como Crato e Juazeiro do Norte, cuja área de influência se estende a vários municípios.
Em virtude de suas condições naturais favoráveis, o Cariri é a segunda porção mais povoada do território do Ceará, atrás apenas da Região Metropolitana de Fortaleza. Considerando-se o Sertão, o Cariri é a área que tem a maior densidade demográfica.
O Cariri
Fonte: MAGNOLI, Demétrio; arbéquis José; Nelson Conhecendo o Brasil: Região Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. página 45. (Coleção Desafios).
• Vegetação e relevo
A vegetação nativa do Sertão é a Caatinga, que na língua tupi significa “mata branca” (repare as fotos A e B). Ela se encontra bastante modificada pela ocupação humana, iniciada na segunda metade do século dezesseis, com a criação de gado.
O relevo apresenta diversas altitudes, com chapadas e depressões, destacando-se a Depressão Sertaneja e do São Francisco, por onde corre o importante Rio São Francisco, o grande rio permanente ou perene (que não séca) que atravessa o Sertão.
2. O Rio São Francisco
O Rio São Francisco, com .2700 quilômetros de extensão, nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a mais de .1000 metros de altitude, e deságua no Oceano Atlântico, marcando a divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe.
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 150-153.
Por ser um rio de planalto, apresenta em seu curso várias quedas-d’água, que são aproveitadas para a produção de energia elétrica. Ao longo de seu curso estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho e Xingó. O Rio São Francisco é navegável de Pirapora Minas Gerais até Juazeiro Bahia e Petrolina Pernambuco, onde serve de limite entre essas duas cidades.
Destaca-se, também, sua importância para a pesca, a irrigação de terras e a agricultura de vazante, realizada sobre os sedimentos depositados pelo rio em suas margens na época de cheia. Desde o período colonial, o Rio São Francisco tem importante papel na comunicação e no transporte, possibilitando o intercâmbio entre Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Foi primordial para a criação de gado, servindo de via para o transporte de alimentos (milho, carne- sêca, feijão, farinha), para o abastecimento da região das minas, e por ele seguiam escravos e garimpeiros vindos de outras regiões.
Diferentemente de grande parte dos rios do Sertão, que são intermitentes ou temporários, isto é, secam no período de estiagem, o Rio São Francisco é perene (ou permanente). Apesar da baixa pluviosidade e da grande evaporação de suas águas no semiárido, e do fato de seus afluentes da margem direita serem temporários, esse rio não séca porque sua nascente é alimentada pelas chuvas que caem na Serra da Canastra Minas Gerais, e seus afluentes situados em território mineiro também estão em áreas bem regadas por chuvas.
Esse rio tem sido secularmente alterado pela ação humana. Além da poluição da água por resíduos industriais, domésticos e de garimpo, o desmatamento das margens tem causado seu assoreamento.
• A transposição das águas do Rio São Francisco
A ideia de desviar parte das águas do Rio São Francisco para irrigar o Sertão surgiu em 1858. Após essa data, ela foi debatida algumas vezes, sem ter se concretizado.
Em 2004, foi aprovado um projeto para a transposição do Rio São Francisco, e as obras foram iniciadas em 2008. Parte das águas do rio será bombeada para áreas de altitudes mais elevadas, em direção a dois eixos, onde correrão por aquedutos e canais para outros rios, reservatórios e açudes, abastecendo a população do Sertão. Observe alguns aspectos do projeto de transposição no esquema e no mapa desta página.
Rio São Francisco: a engenharia da transposição
Fonte: elaborado com base em Revista Nossa História, número 18. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional/São Paulo: Vera Cruz, abril 2005. página 24.
A transposição das águas do Rio São Francisco gerou polêmicas. Ambientalistas ainda temem pelos impactos ambientais e sociais que a obra poderá acarretar – entre eles, a diminuição do seu volume de água.
Considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do país, com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), essa transposição objetiva a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
Eixos do projeto
Fonte: BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional: Relatório de Impacto Ambiental – ríma. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2004. página57.
3. Sertão: economia
Desde o período da economia colonial, desenvolveu-se no Sertão a criação de gado bovino vindo do Agreste. As seguintes cidades, entre outras, tiveram sua origem ligada a essa atividade: Brotas de Macaúbas, Brumado, Jaguaquara, Jequié, Morro do Chapéu e São Felipe, localizadas na Bahia; Oeiras e Paulistana, no Piauí; e Pastos Bons, no Maranhão. A expansão da criação de gado para o interior do Nordeste ocorreu a partir de Olinda e Recife, em Pernambuco, e de Salvador, na Bahia (observe o mapa).
Os principais produtos cultivados no Sertão são: milho, feijão, arroz, mandioca, algodão e frutas.
Nordeste: deslocamento e expansão da criação de gado bovino – século dezoito
Fonte: GANCHO, Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Lúcia Vilhena de. Caminhos do boi: pecuária bovina no Brasil. quinta edição São Paulo: Moderna, 1993. página 16.
A fruticultura desenvolveu-se com sucesso no Sertão graças ao uso de técnicas de irrigação implantadas a partir dos anos 1980. Duas áreas se destacam: a do vale do Rio Açu, no Rio Grande do Norte, e a do vale submédio do Rio São Francisco, onde se localizam dois centros urbanos muito importantes: os municípios de Petrolina Pernambuco e Juazeiro Bahia . Ali são cultivados uva, manga, melão, abacaxi, mamão e outras frutas, que são vendidas aos mercados interno e externo. As áreas irrigadas permitem até quatro safras anuais, dependendo da fruta cultivada.
Essas áreas irrigadas, entretanto, são insuficientes para atender todos os agricultores da região. Desse modo, convivem no vale submédio do Rio São Francisco uma agricultura agroexportadora em escala internacional, com forte tendência à concentração da propriedade da terra, e outra baseada em minifúndios que não dispõem de sistemas de irrigação. As famílias proprietárias dos minifúndios constituem a mão de obra assalariada empregada nas grandes propriedades das áreas irrigadas.
Cruzando saberes
Desmatamento silencioso da Caatinga tem intensificado a desertificação do semiárido brasileiro
“Mais de 50% das áreas do semiárido brasileiro já ‘estão com processo de desertificaçãoglossário acentuado’, e cêrca de 10 a 15% do território enfrenta uma situação de desertificação severa reticências informa Iêdo Bezerra de Sá
De acordo com o engenheiro florestal, no Brasil a desertificação no semiárido tem se agravado por causa do desmatamento na Caatinga. ‘Ao desmatar a Caatinga, os solos ficam completamente expostos a todas as intempéries’, frisa. Além do desmatamento, Bezerra de Sá enfatiza que a irregularidade das chuvas contribui para que a degradação seja ainda mais acentuada em algumas regiões. ‘Há locais, por exemplo, aqui onde estou agora, em Petrolina – que é no extremo oeste de Pernambuco –, em que chove 450 a 500 milímetros por ano. O grande problema é essa irregularidade das chuvas: elas caem de fórma muito concentrada, chove muito em pouco tempo, ou seja, os 500 milímetros se concentram em apenas dois, três meses e, às vezes, 20%, 30% da chuva do ano cai em apenas um dia’.
Ele informa ainda que o maior polo de produção de gesso do país, localizado em Araripe, no Ceará, responsável pela produção de 95% de todo o gesso produzido no país, utiliza energia de biomassa, mas aproximadamente ‘50% dessa energia é oriunda de desmatamentos ilegais e clandestinos. O governo sabe disso, as autoridades sabem disso e estamos com um trabalho muito importante de conscientização dessas empresas que utilizam biomassa na sua matriz energética’. Entre as soluções para tentar reduzir a desertificação, o pesquisador chama atenção para a necessidade de investir em planos de manejo florestal sustentável para a Caatinga, de modo a utilizar o bioma de contínua e sustentável’ e recuperar as áreas degradadas, que levam de 30 a 40 anos para serem regeneradas.
faquin, Patrícia; CHAVES, Leslie. Desmatamento silencioso da Caatinga tem intensificado a desertificação do semiárido brasileiro. í agá ú On-Line, 28 julho 2015. Disponível em: https://oeds.link/JbSwt5. Acesso em: 25 abril 2022.
Região Nordeste: bioma Caatinga
Fonte: elaborado com base em . Manual para recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga. Seropédica: Agrobiologia, 2010. página 4.
Interprete
1. A desertificação no semiárido do Nordeste está relacionada a que intervenção humana no bioma Caatinga?
Argumente
2. De que fórma o desmatamento e o clima do semiárido influenciam no processo de desertificação?
Contextualize
3. A localidade em que você vive apresenta clima semelhante ou diferente do existente no semiárido do Nordeste do Brasil? Descreva-o.
4. As questões sociais e políticas da sêca
As sêcas prolongadas são um problema antigo no Nordeste – há referências a elas desde o século dezesseis –, e suas implicações sociais e políticas marcam a história da região.
• A indústria da sêca
Muitas famílias que habitam o semiárido enfrentam dificuldades durante os períodos de sêca prolongada. Para minimizar esse problema, os governos federal e estaduais repassam verbas (dinheiro) aos municípios mais afetados pela falta de chuva para socorrer as vítimas e construir obras emergenciais, como açudes. Entretanto, nem sempre o dinheiro é aplicado de maneira correta. Muitas vezes, parte dessa verba é desviada por maus políticos que se aproveitam do problema para fazer benfeitorias em suas propriedades. Esse tipo de prática recebe o nome de “indústria da sêca”. Por essa razão, iniciativas da sociedade civil organizada buscam desenvolver outras soluções e romper com a lógica assistencialista do “combate à sêca” e seus problemas, como é o caso da Articulação Semiárido Brasileiro ( ása).
• Pobreza, migrações e sêca
A sêca tem sido considerada, de maneira incorreta, a principal causa da condição de pobreza em que vive uma parcela da população do Nordeste, da migração de seus habitantes para outras regiões do Brasil ou da existência de famílias de retirantesglossário .
Em verdade, as principais causas são de natureza social e política – os problemas ocasionados pelas sêcas poderiam ter sido superados se tivesse havido, historicamente, mais preocupação dos governos federal e estaduais em combatê-los, uma vez que existem, desde muito tempo, recursos técnicos disponíveis para isso, como a irrigação de terras.
Cabe ainda lembrar que as sêcas ocorrem no Sertão e não na Zona da Mata; porém, nesta última sub-região, por causa da pobreza de boa parte de sua população, muitos também migram para outras regiões do Brasil em busca de melhores condições de vida.
PAUSA PARA O CINEMA
Central do Brasil.
Direção: Walter Salles. Brasil: Audiovisual Development Bureau MinC, 1998. Duração: 111 minutos
Na Central do Brasil, famosa estação de trens do Rio de Janeiro, a personagem Dora trabalha escrevendo cartas para migrantes analfabetos, que assim mantêm laços com parentes distantes.
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Rotas e encontros
Parque Nacional Serra da Capivara
Parque Nacional
“O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em 1979, para preservar vestígios arqueológicos da mais remota presença do homem na América do Sul.
Com uma área de aproximadamente 130 mil hectares, [o parque] está localizado no sudeste do estado do Piauí e ocupa parte dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias.
Situado no domínio morfoclimático das caatingas, em uma região fronteiriça de duas grandes formações geológicas – a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do Rio São Francisco –, com vegetação e relevo diversificado e paisagens de beleza surpreendente, possui pontos de observação privilegiados de vales, serras e planícies. Apresenta também um dos conjuntos de sítios arqueológicos mais relevantes das Américas, que têm fornecido dados e vestígios importantes para uma revisão geral das teorias estabelecidas sobre a entrada do homem no continente americano.
Patrimônio
A criação do parque possibilitou a segurança dos sítios arqueológicos que representam o testemunho da antiguidade da presença humana na América do Sul.
O Parque Nacional da Serra da Capivara apresenta vestígios do testemunho da vida de grupos culturais que, há dezenas de milênios, ocuparam a região, estabelecendo fórmas de vida adaptadas ao meio ambiente e desenvolvendo uma cultura rica e complexa. Os registros rupestres são evidência tangível da riqueza das culturas dos povos do passado pré-colonial brasileiro.
O conjunto de sítios arqueológicos oferece datações recuadas temporalmente, que revolucionaram as teorias clássicas das rotas de entrada do homem nas Américas pelo estreito de béringui. Segundo estudos produzidos, toda a área do parque foi ocupada por grupos de caçadores-coletores e, posteriormente, por ceramistas-agricultores. As descobertas realizadas no Sítio Arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, por exemplo, levantaram a hipótese de que o homem poderia ter vivido, nesse local, há 60 mil anos.”
ifân Parque Nacional Serra da Capivara. Disponível em: https://oeds.link/3hRYlI. Acesso em: 25 abril 2022.
Interprete
- Aponte o motivo da criação do Parque Nacional Serra da Capivara.
- Em dupla, produzam um infográfico sintetizando as informações do texto.
Argumente
3. Em sua opinião, por que o Parque Nacional Serra da Capivara é importante para a arqueologia e para a humanidade?
PERCURSO 20 O MEIO-NORTE
1. O Meio-Norte: localização e condições naturais
• Localização
A sub-região do Nordeste denominada Meio-Norte ou Nordeste Ocidental compreende parte do estado do Piauí e todo o estado do Maranhão (localize-a no mapa da página 145).
• Vegetação
O Meio-Norte é uma sub-região de transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia úmida (clima equatorial úmido).
Na sua porção oeste predomina a Floresta Amazônica, bastante desmatada pela ocupação humana; na porção sul predomina o Cerrado (foto A); na porção leste predomina a Caatinga; e na porção centro-norte, a Mata dos Cocais (foto B). Em algumas áreas essas paisagens vegetais se misturam.
• Relevo e hidrografia
O Meio-Norte possui terras predominantemente em altitudes baixas (entre 0 e 200 metros); apenas na porção mais ao sul as terras situam-se em altitudes mais elevadas (entre 200 e 500 metros) e, em pequenos trechos, em altitudes entre 500 e 800 metros, onde nascem vários rios que formam a rica rede hidrográfica do Meio-Norte.
Destaca-se nessa sub-região o Rio Parnaíba, com extensão de .1414 quilômetros (observe a foto). Ele faz a divisa entre os estados do Piauí e Maranhão e deságua no Oceano Atlântico. Sua foz, em fórma de delta, localiza-se no município de Parnaíba, onde se encontra o principal porto do estado do Piauí.
Em seu alto curso e em parte do curso médio, é um típico rio de planalto, com várias corredeiras. Nele, foram construídas a barragem e a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança. O rio é navegável em sua porção de planície, sobretudo entre Teresina, capital do Piauí, e Parnaíba, no litoral do estado.
• Clima
No Meio-Norte predomina o clima tropical com verão úmido e inverno seco. No extremo oeste do Maranhão, o clima é equatorial úmido. As médias térmicas anuais situam-se entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius e a precipitação total anual varia, conforme a área considerada, de .1000 milímetros a mais de .2000 Em São Luís, capital do Maranhão, que se localiza em área litorânea, a precipitação é elevada (.2200 milímetros anuais) (observe o climograma). Em Teresina, no Piauí, a única capital da Região Nordeste que não se localiza no litoral, a precipitação é menor (.1678 milímetros anuais).
São Luís climograma
Fontes: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 159; . í bê gê É Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: , í bê gê É 2021. página 1-7.
Em que estações do ano ocorrem as maiores precipitações na cidade de São Luís?
NAVEGAR É PRECISO
– Meio-Norte
https://oeds.link/0yERfw
Ao visitar este portal, você pode assistir ao vídeo “Sisteminha : produção sustentável e integrada de alimentos” e conhecer como é possível uma família obter boa parte de seu sustento alimentar no quintal de sua casa.
2. Meio-Norte: construção inicial do espaço
A construção inicial do espaço geográfico do Meio-Norte está relacionada a quatro acontecimentos:
- a fundação da cidade de São Luís, em 1612, pelos franceses, que pretendiam ali se fixar, mas que, em 1615, foram expulsos por tropas formadas por soldados e colonos portugueses e luso-brasileiros. Após a expulsão, os colonos iniciaram o plantio de cana-de-açúcar e a produção de açúcar nas imediações de São Luís (observe o mapa);
- o povoamento inicial do Piauí, diferentemente de outras porções do território brasileiro, foi realizado do interior para o litoral. Vaqueiros vindos dos currais do Rio São Francisco entraram em terras que hoje correspondem ao Piauí e, ao encontrar pastagens naturais, iniciaram o povoamento daquela área;
- as expedições de apresamento de indígenas, com o objetivo de transformá-los em mão de obra escrava nos engenhos de açúcar de São Luís e de Pernambuco, favoreceram o surgimento de povoados;
- os aldeamentos indígenas realizados pelos padres jesuítas e de outras congregações transformaram-se em cidades.
Nordeste: economia – século dezessete
Fonte: MELLO, Neli A. de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. segunda edição São Paulo: êduspi/Imprensa Oficial, 2014. página 37.
Na segunda metade do século dezoito e no século dezenove, o Maranhão teve maior desenvolvimento e povoamento por causa da introdução do cultivo de algodão e sua exportação. Data desse período a modernização da cidade de São Luís. Com o dinheiro obtido com a exportação desse produto, grandes plantadores e comerciantes construíram casarões que podem ser observados ainda hoje.
3. As capitais regionais e outras cidades
As duas capitais regionais do Meio-Norte são Teresina Piauí e São Luís Em 1º de julho de 2021, segundo estimativas do í bê gê É possuíam respectivamente .871126 e ..1115932 habitantes. Considerando a rede urbana do Meio-Norte, outras cidades se destacam, como Imperatriz, Codó, Caxias e São José de Ribamar, no Maranhão, e Parnaíba, no Piauí. O município de Alcântara, situado na baía de São Marcos, sobressai pela arquitetura antiga (sua fundação data de 1755) e por possuir um centro de lançamento de foguetes espaciais.
Essas cidades, assim como muitas outras no Brasil, apresentam carência de infraestrutura urbana, que se estende desde a questão habitacional até a precariedade de saneamento básico.
4. Meio-Norte: economia
Até aproximadamente 1960, a economia do Meio-Norte assentava-se na criação de gado, cultura do algodão, extração do babaçu, produção de açúcar, plantio e beneficiamento de arroz e extração da cera de carnaúba. Era uma economia, portanto, de base agropecuária.
A partir dos anos 1970, iniciou-se, na região, um processo de modernização econômica. Investimentos foram realizados na agropecuária, principalmente por fazendeiros originários da Região Sul, e no extrativismo vegetal e mineral. O Maranhão passou a ser o escoadouro das riquezas minerais da Serra dos Carajás, no estado do Pará. Para tanto, foi construída a Estrada de Ferro Carajás, ligando as jazidas minerais ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Esse porto foi equipado para exportar minério de ferro e receber navios de grande capacidade de transporte.
• A Ferrovia Norte-Sul
Espera-se que outro grande impulso à economia do Meio-Norte seja dado com a conclusão da construção da Ferrovia Norte-Sul (observe o mapa). Essa ferrovia faz entroncamento com a Estrada de Ferro Carajás em Açailândia Maranhão , permitindo acesso ao Porto de Itaqui, em São Luís De Açailândia ela segue em direção a Araguaína Tocantins. Em sua extensão total, a ferrovia ligará o município de Rio Grande Rio Grande do Sul a Belém em um percurso total de .4200 quilômetros.
A produção agropecuária do sul do Maranhão, Piauí e Tocantins (soja, carne etcétera, atualmente com dificuldades de escoamento, deverá se dinamizar com a maior facilidade de acesso ao Porto de Itaqui, que, por sua localização, facilita a exportação para Europa, Estados Unidos e Canal do Panamá, por onde se pode chegar até a Ásia. Além disso, a facilidade de transporte por essa ferrovia deverá estimular a ocupação de novas terras e o aumento da produção, criando uma nova fronteira agrícola no Brasil e a reorganização do espaço. A ampliação e a modernização da infraestrutura do transporte ferroviário promoverão mais avanços econômicos, integração nacional e competitividade global.
Brasil: Ferrovia Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás – 2021
Fonte: valéqui. Mapa das ferrovias Disponível em: https://oeds.link/4b5PVL. Acesso em: 25 abril 2022.
Observe o mapa e aponte o nome da ferrovia que escoa o minério de ferro de Carajás Pará até o Porto de Itaqui, em São Luís Maranhão.
NO SEU CONTEXTO
O município em que você mora é servido por ferrovia? Você acha importante um território, um país ou um município ser “cortado” por ferrovias? Por quê?
Cruzando saberes
A luta dos remanescentes de quilombos em Alcântara () Maranhão
Localizada a cêrca de 70 quilômetros da séde do município de Alcântara – ao qual a fórma mais rápida de chegar, vindo de São Luís, é a travessia de 22 quilômetros de barco pela baía de São Marcos –, Itamatatiua é o principal povoado de uma rede de 42 comunidades que, para os moradores, são ‘terras de Santa Teresa’.
Há mais de 30 anos as comunidades quilombolas estão envolvidas na luta por 62 mil dos 85 mil hectares identificados como pertencentes ao território tradicional. Essas terras foram desapropriadas pelo governo do estado do Maranhão para a construção do Centro de Lançamento de Alcântara da fôrça Aérea Brasileira , onde o governo federal desenvolve o programa aeroespacial com foguetes.
Para implantar o cê éle á em 1983, o governo deslocou 312 famílias quilombolas de suas terras sem consultá-las, sem pagar indenizações ou reparar os danos sociais, culturais, políticos e econômicos a elas. A violação de direitos dessas famílias foi denunciada, em 2008, na Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, na Suíça.
Aproximadamente 70% dos 22 mil habitantes de Alcântara vivem na área rural, boa parte em comunidades quilombolas. De acordo com a Fundação Palmares, reticências o município concentra o maior número dessas comunidades certificadas no Brasil: são 156.
A Comunidade Itamatatiua foi certificada em 2006, mas até agora as terras não foram tituladas, etapa final do processo de regularização – por sinal, nenhum dos 39 títulos já expedidos no Maranhão foi para Alcântara. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ( íncra) é o responsável pela titulação das comunidades quilombolas.
Paulo. A luta dos remanescentes de quilombos em Alcântara Maranhão . Brasil de Fato, 5 janeiro 2017. Disponível em: https://oeds.link/EFqyKA. Acesso em: 25 abril 2022.
Interprete
- Explique o que é o
- Por que essas comunidades quilombolas foram deslocadas de suas terras para outras?
Argumente
3. Na sua opinião, quais direitos deveriam ser garantidos às comunidades quilombolas em relação à terra em que habitavam?
Atividades dos percursos 19 e 20
Registre em seu caderno.
- Leia as questões a seguir e indique em seu caderno as afirmativas corretas. Em seguida, explique as incorreções das demais.
- O Sertão:
- é a segunda maior sub-região do Nordeste e localiza-se entre o Agreste e o Meio-Norte.
- é a sub-região do Nordeste “cortada” pelo Rio São Francisco, que no período de longas estiagens torna-se um rio temporário, ou seja, . séca
- é a sub-região mais extensa do Nordeste e caracteriza-se pelo predomínio do clima semiárido, com ocorrência de algumas áreas úmidas.
- O Meio-Norte:
- é uma zona de transição entre o Sertão e a Amazônia, com predomínio do clima tropical.
- tem São Luís como a cidade mais populosa da Região, que se localiza no delta do Rio Parnaíba.
- terá sua produção agropecuária ampliada com a conclusão da construção da Ferrovia Norte-Sul.
- é uma zona de transição entre o Sertão e a Amazônia, com apenas dois tipos de vegetação: Mata dos Cocais e Cerrado.
- O Sertão:
- A construção inicial de espaços geográficos no Meio-Norte está relacionada a que fatos históricos? Explique-os, resumidamente.
- Podemos afirmar que a sêca que ocorre de tempos em tempos no Nordeste é a única causa das migrações internas dessa região do Brasil para as demais?
- Nos últimos anos, o oeste da Bahia tem apresentado grande desenvolvimento agrícola e atraído investimentos de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Observe o mapa e responda às questões.
Principais municípios do oeste baiano
Fonte: . í bê gê É Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: , í bê gê É 2018. página 170.
- Consulte o mapa da página 156 e aponte o tipo de clima predominante no oeste baiano.
- Que fator hidrográfico, aliado ao clima, permite ao oeste do estado da Bahia apresentar grande desenvolvimento agroindustrial?
5. A Região Nordeste passou por mudanças significativas nas últimas décadas, com desenvolvimento socioeconômico e inclusão social. Uma situação bem diferente da vivenciada na primeira metade do século passado. A partir disso, observe, na página seguinte, o quadro Retirantes, de 1944, do pintor brasileiro Candido Torquato Portinari (1903-1962), e responda às questões.
- A paisagem representava qual sub-região nordestina? Justifique.
- Que características da família demonstravam a dificuldade de sobrevivência dessa população?
- Que características você identifica nessa sub-região atualmente?
6. Observe o climograma de dois municípios e identifique a sub-região na qual eles se localizam. Explique como você chegou a essa conclusão.
Petrolina Pernambuco: climograma
Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 163.
Propriá Sergipe: climograma
Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 165.
- Até 1930, os senhores de engenho ou coronéis, como eram chamados os fazendeiros mais ricos da Região Nordeste, influenciaram e controlaram eleições por meio de currais eleitorais e voto de cabresto. Pesquise o significado de curral eleitoral e voto de cabresto e elabore um texto que responda às seguintes questões.
- Em sua opinião, por que essas práticas eram possíveis?
- Há alguma relação entre os “coronéis”, a indústria da sêca e os fluxos migratórios do Nordeste para outras regiões, principalmente entre 1940 e 1990?
- Você já pensou sobre como a Região Nordeste é representada nos meios de comunicação? Pesquise cinco reportagens sobre essa região, com fotos, e responda.
- Qual é o tema de cada reportagem? Escreva no caderno o título de cada uma delas.
- Que características da região as fotos retratam? Exemplos: atividades econômicas, aspectos naturais, urbanos, rurais, problemas ambientais etcétera
- O conjunto de textos e imagens representa a diversidade da Região Nordeste? Explique.
- De maneira geral, que aspectos da Região Nordeste poderiam ser abordados pelos meios de comunicação para valorizar a sua diversidade?
Desembarque em outras linguagens
Moraes Moreira:
GEOGRAFIA NA MÚSICA
Antônio Carlos Moreira Pires, mais conhecido como Moraes Moreira (na foto, em 2012), nasceu em Ituaçu, na Bahia, em 1947, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2020. Cantor, compositor e músico, começou a carreira tocando sanfona de doze baixos em festas de São João.
Durante os anos 1970, integrou o conjunto Novos Baianos, que marcou a música popular brasileira ao combinar elementos de diferentes ritmos, como samba, bossa nova, rock e frevo. A partir de 1975 iniciou carreira solo e lançou mais de vinte álbuns.
Conheça, agora, a canção do compositor dedicada ao Rio São Francisco, também chamado de “rio da integração nacional” por conectar o estado de Minas Gerais, na Região Sudeste do Brasil, a estados da Região Nordeste.
São Francisco
“O meu caminho eu escolho
Tirando o cisco do olho
Enxergo longe, me arrisco
Sou como o Rio São Francisco
Faço no tempo viagens
No espaço da noite e do dia,
Indo, fluindo às margens
De Pernambuco e Bahia
Andando por todos os lados
Sincretizandoglossário os Estados
Arrematando as costuras
Na integração das culturas
Assim como o rio promovo
O abraço que a gente precisa
Em busca do que é mais novo
Sim ultrapasso a divisa
Fazendo a ponte, sem medo
Antonio sou brasileiro
João, Geraldo Azevedo
Petrolina e Juazeiro
Por essas águas tão boas
Sou navegante feliz
Sergipes e Alagoas
Minas, imensos brasis
Quem pode parar a planície,
Os rios e os oceanos?
Ah meu amor, acredite
Também assim sem limite
É o sonho dos seres humanos
Quem pode parar o planeta?
E o movimento que há?
Ah meu amor, com certeza
As forças da natureza
O vento quem pode parar?
Lavam na beira do rio
As lavadeiras de Deus
A alma dos pecadores
E o coração dos ateus”
MOREIRA, Moraes. São Francisco. In: MOREIRA, Moraes. Estados. Virgin Brasil/ 1996.
Região Hidrográfica do São Francisco
Fonte: elaborado com base em í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 105.
Caixa de informações
- Quais estados brasileiros mantêm relações com as águas do Rio São Francisco?
- O Rio São Francisco é chamado de “rio da integração nacional”. Em que versos da canção essa ideia aparece?
Interprete
- Que relação o compositor estabelece entre a fórma como ele conduz a própria vida e o curso do rio?
- Segundo a canção, não se pode parar a planície, os ventos, os rios e os oceanos. Você concorda com essa afirmação? Por quê?
Mãos à obra
5. Inspire-se na composição do artista Moraes Moreira para criar poemas visuais que expressem a sua relação com os elementos da natureza – o formato do relevo, os rios, a vegetação etcétera Primeiro, escolha um tema para o seu poema. Na sequência, elabore o contorno do elemento que será representado em um papel ou em um editor de textos e imagens no computador. Contorne ou preencha o desenho usando a sequência de palavras escolhidas. Use a criatividade para relacionar o poema à fórma da ilustração, associando a linguagem verbal e a linguagem não verbal. Com a ajuda e a orientação do professor, o conjunto de poemas elaborados pela turma poderá dar origem a um livro artesanal ou a um livro digital. Para isso, todos os alunos deverão adotar um padrão para a orientação das páginas – horizontal ou vertical. Lembrem-se de criar um título para a coletânea de poemas e uma capa que represente o trabalho de todos os autores. As capas podem ser ilustradas por meio de elementos gráficos obtidos em programas digitais de criação de desenhos ou recortes de revistas e jornais e ilustrações criadas pelos próprios alunos.
Versão adaptada acessível
5. Inspire-se na composição do artista Moraes Moreira para criar um poema que expresse a sua relação com os elementos da natureza – o formato do relevo, os rios, a vegetação etc. Primeiro, escolha o tema para o seu poema e utilize a sua criatividade para expressar em palavras como você percebe esse elemento, mobilizando o que você sente e conhece sobre ele.
Glossário
- Barlavento
- Encosta de morro, serra ou planalto voltada para o vento.
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- Sotavento
- Encosta protegida do vento.
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- Tabuleiro
- fórma de terreno que se assemelha ao planalto e termina geralmente de fórma abrupta.
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- Recôncavo
- Concavidade do litoral que fórma uma enseada ou baía, ou seja, reentrância da costa, bem aberta, em contato com o mar.
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- Petroquímico
- Relativo a produtos químicos derivados do petróleo.
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- Asinino
- Referente a jumentos, burros, asnos e mulas. Esses animais são muito resistentes e se adaptam bem às condições naturais do Agreste e do Sertão.
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- Agave
- Planta da qual se extrai uma fibra vegetal usada na fabricação de cordas, bolsas, tapetes, sacos e outros produtos.
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- Minifúndio
- Propriedade rural de pequena dimensão que, dependendo das técnicas empregadas e das características do solo e do clima, não é suficiente para manter uma família.
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- Desertificação
- Processo de transformação de uma região em deserto, decorrente tanto de fatores naturais (clima) como da ação humana (queimadas, persistência de culturas que exaurem o solo, pastoreio excessivo ). etcétera
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- Retirante
- Aquele que, sozinho ou em grupo, emigra em busca de melhores condições de vida. Nesse caso, fugindo da sêca do Sertão nordestino.
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- Sincretizar
- Integrar elementos diferentes.
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