UNIDADE 7 REGIÃO SUL

Nesta Unidade, conheceremos as características do meio natural e o processo de construção de espaços geográficos na Região Sul.

Vamos conhecer, também, alguns impactos ambientais decorrentes do processo de construção e reconstrução espacial, finalizando com aspectos populacionais e da economia dessa região.

A Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé é uma Unidade de Conservação de uso sustentável criada em 20 de maio de 1992, em uma região do litoral do estado de Santa Catarina, pleiteada pelos pescadores artesanais da região com o intuito de proteger manguezais e áreas marítimas de seus .1712 hectares.

Foi a primeira reserva extrativista marinha criada no Brasil. Sua exploração é autossustentável, e o principal recurso explorado na reserva é o berbigão, um pequeno molusco extraído nos bancos arenosos e lamosos da Baía Sul.

Atualmente, essa reserva encontra-se ameaçada em razão do processo de urbanização, do desmatamento do ecossistema costeiro, da pesca desordenada e do despejo de rejeitos e esgoto.

Fotografia. Vista do alto mostrando uma parte da ilha de Santa Catarina, com muita vegetação e algumas construções esparsas. Na parte de cima da fotografia aparece o mar (a Baia Sul). Ao fundo, na parte de cima, vista do continente com alguns morros em destaque.
Vista da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, na Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, Santa Catarina (2014). Essa reserva abrange manguezais que abrigam outros animais além do berbigão, como caranguejos, aves e jacarés. A conservação dos manguezais é importante, pois garante não só a preservação das espécies, como o sustento de muitas famílias que vivem do extrativismo nessa região.
Ícone. Seção Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. O que você sabe sobre as reservas extrativistas?
  2. O que é uma exploração autossustentável?
  3. Qual é a importância da delimitação da reserva para os pescadores artesanais do Pirajubaé?
  4. No município onde você reside ou em seu entorno, há reserva extrativista ou reservas extrativistas? Que riscos ambientais ?

PERCURSO 25 REGIÃO SUL: O MEIO NATURAL

1.  Apresentação

Das regiões do Brasil, a Região Sul é a que apresenta menor área territorial e é a segunda em densidade demográfica, com aproximadamente 52,7 habitantes por quilômetro quadrado. Segundo estimativas de 1º de julho de 2021, seus estados somavam ..30402587 habitantes, distribuídos por .576736 quilômetros quadrados.

Até meados do século dezoito, a região revelava um povoamento luso-brasileiro escasso e bastante disperso. A partir da segunda metade do século dezenove, a região passou a receber fluxos imigratórios, principalmente de ilhéus açorianosglossário , italianos, alemães e poloneses, que contribuíram para seu povoamento e desenvolvimento econômico.

Região Sul: político e vias de circulação

Mapa. Região Sul: político e vias de circulação.  
Mapa político da Região Sul, indicando os estados e suas respectivas capitais, além das cidades principais, cidades importantes, rodovias pavimentadas, rodovias sem pavimentação e ferrovias. 
Estado: Paraná. Capital: Curitiba. Cidades principais: PARANÁ: PATO BRANCO, GUARAPUAVA, MARINGÁ, UMUARAMA, LONDRINA, APUCARANA, PONTO GROSSA. Cidades importantes: IRATI, FRANCISCO BELTRÃO, TOLEDO, GOIOERÊ, CAMPO MOURÃO, CLANORTE, NOVA ESPERANÇA, IVAIPORÃ, IRATI, IBATI, CORNÓPIO PROCÓPIO, JANDAIA DO SUL.
Estado: Santa Catarina. Capital: Florianópolis. Cidades principais: BLUMENAU, JOINVILLE, CHAPECÓ, CRICIÚMA, TUBARÃO. Cidades importantes: RIO NEGRO, MAFIA, JARAGUÁ, BLUMENAU, CONCÓRDIA, SÃO MIGUEL DO OESTE, XANXERÊ. Estado: Rio Grande do Sul. Capital: Porto Alegre. Cidades principais: RIO GRANDE, PELOTAS, BAGÉ, SANTANA DO LIVRAMENTO, URUGUAIANA, SANTA ROSA, SANTO ÂNGELO, IJUÍ, ERECHIM, PASSO FUNDO, CAXIAS DO SUL, SANTA CRUZ DO SUL. 
Cidades importantes: CACHOEIRA DO SUL, ESTRELA, TAQUARA, GONÇALVES, VACARIA, LAGOA VERMELHA, SÃO GABRIEL, SÃO BORJA, TRÊS PASSOS, FREDERICOCO WETPHALEN, TRÊS PASSOS, VACARIA.
Rodovias pavimentadas: diversas rodovias interligando os três estados da Região Sul, além de outros estados brasileiros e países vizinhos. Principais rodovias: BR 101, BR 116 e BR 153, caminhos para São Paulo; BR 376, caminho para o Mato Grosso do Sul; BR 369 e BR 277, caminho para o Paraguai e a Argentina; BR 285, caminho para a Argentina; BR 116 e BR 153, na direção sul, caminhos para o Uruguai. 
Rodovias sem pavimentação: trechos de rodovias sem pavimentação na ligação entre a BR 153 e a BR 376, na porção leste do Paraná.  
Ferrovias: concentradas no interior, com diversos ramais que conectam os três estados e a faixa litorânea.  
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 80 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 155.

Grafismo indicando atividade.

A Região Sul do Brasil faz fronteira com quais países?

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.

Região Sul. São Paulo: Harbra, 2009. (Coleção Expedição Brasil).

Apresenta uma visão ampla da Região Sul, abordando aspectos físicos, históricos, populacionais, culturais, entre outros, em uma linguagem acessível.

2. Aspectos do meio natural

A Região Sul conta com grande diversidade paisagística. A seguir, conheceremos as características de seu quadro natural.

Relevo e vegetação

As terras altas (de maiores altitudes) da Região Sul são encontradas nas porções norte e nordeste do Rio Grande do Sul e se prolongam para os estados de Santa Catarina e Paraná (observe o mapa). Formam diversas serras, entre elas a Serra do Mar e a Serra Geral, onde as massas de ar úmidas, vindas do oceano, provocam chuvas orográficas ao encontrar suas encostas.

Região Sul: físico

Mapa. Região Sul: físico. Representação dos picos mais elevados, das principais represas e áreas alagadas, dos rios principais; além das altitudes e profundidades em metros.
Picos: Boa Vista, 1.827 metros; Paraná; 1.922 metros; Capão Doce, 1.340 metros.
Represas: Segredo, Salto Santiago, Salto Osório, Passo Fundo, Capivara, Rosaria, Rosana, Itaipú.
Rios principais: Rio Paraná, Rio Iguaçu, Rio Ribeira de Iguápe, Rio Itajaí, Rio Uruguai, Rio Quaraí, Rio Guaíba, Ibicuí, Rio Jacuí, Canal São Gonçalo. O Rio Iguaçu está localizado na porção nordeste da Região Sul.
Altitudes (em metros): representação da variação altimétrica do relevo continental da Região Sul. Predomínio de terras baixas, com altitudes inferiores a 100 metros, ao longo da faixa litorânea, nos arredores das Lagoas dos Patos e Mirim e no interior do Rio Grande do Sul, destacando-se a faixa central que atravessa o estado de leste até o extremo oeste, compreendendo os vales dos rios Jacuí e Ibicuí e a margem do Rio Uruguai, ao longo da fronteira com a Argentina. As áreas alagadas se formam justamente em porções dessas terras baixas. As áreas de altitudes mais elevadas, que podem passar de 1.200 metros, abrange as porções norte e nordeste do Rio Grande do Sul e a maior parte dos estados de Santa Catarina e Paraná, compreendendo um conjunto de formações montanhosas da Serra Geral. Além dessas, há outros conjuntos de serras, destacando-se a Serra da Apucarana, a Serra da Fartura, a Serra do Mar e os Campos Gerais. 
Profundidades (em metros): representação das profundidades do relevo oceânico da Região Sul; na faixa oceânica próxima ao continente, as profundidades variam entre 0 e 200 metros, como nas áreas onde se localiza a Ilha de São Francisco, a Ilha de Santa Catarina e a Ilha do Mel. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 80 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 154.

Grafismo indicando atividade.

Qual estado da Região Sul apresenta a maior extensão de terras baixas entre 0 e 100 metros?

Nessas serras e em outras da região, há remanescentes da Mata Atlântica e da Mata dos Pinhais, como estudaremos no Percurso 27.

É na Serra Geral, no estado de Santa Catarina, que se localiza São Joaquim, a .1354 metros de altitude. Esse município é um dos mais frios do país. Por causa de sua altitude elevada e por estar sujeito às incursões da massa Polar atlântica, fria, já registrou temperatura de 10 graus Célsius e queda de neve no inverno.

Fotografia. Vista de um trem com vagões de passageiros se deslocando por uma região montanhosa, com terreno acidentando com declividades acentuadas. À esquerda do trem, um grande abismo.
Turistas observam a paisagem vista do Trem da Serra do Mar Paranaense, Curitiba-Morretes, Paraná (2018).

As terras baixas são encontradas ao longo do litoral, onde formam planícies litorâneas ou costeiras. Nelas estão situadas importantes cidades turísticas, como Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Na porção centro-sul do Rio Grande do Sul, as terras baixas acompanham os vales dos rios Ibicuí, Santa Maria, Jacuí, Sinos e do Lago Guaíba, onde formam planícies fluviais. A cidade de Porto Alegre está situada na margem esquerda do Lago Guaíba, próximo à foz do Rio Jacuí (foto A).

É nessas terras de baixas altitudes do Rio Grande do Sul que se encontram os Campos, vegetação com predominância de gramíneas, dominando o sul e o sudeste do estado. Essa formação varia conforme as características de solo e clima.

A área campestre mais típica é a do sudoeste do Rio Grande do Sul, conhecida como Campanha Gaúcha ou Pampa, que se prolonga para o território do Uruguai e da Argentina. Seu relevo é geralmente plano, entrecortado por pequenos e baixos morros (cerros). Observe a foto B.

No século dezessete, iniciou-se nos Campos a criação de bovinos e equinos e, posteriormente, a de ovinos, aproveitando as condições naturais favoráveis da região.

Fotografia A. Vista do alto de uma cidade. Na parte de baixo da imagem, uma área com vegetação e um pequeno lago; no centro, ocupando a maior parte da fotografia, muitos edifícios altos de vários andares; na parte de cima, ao fundo, vista de um extenso corpo de água.
Vista aérea de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul (2018). No primeiro plano, parte do Parque Farroupilha e, ao fundo, o Lago Guaíba.
Fotografia B. Vista de uma área ampla, com duas elevações no terreno em uma paisagem de relevo predominantemente plano e com vegetação rasteira, formada por gramíneas. Há muitos espécimes de gado bovino pastando. No centro, um pequeno açude e alguns desses animais na água.
Criação de bovinos em área do Pampa, no município de Alegrete, Rio Grande do Sul (2020).

As unidades de relevo

O mapa mostra as unidades do relevo da Região Sul:

  • os planaltos da porção leste, que fazem parte dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, representados pela Serra Geral e pela Serra do Mar;
  • em direção a oeste, o relevo perde altitude, dando lugar à Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná;
  • ultrapassada a depressão, surgem outras grandes áreas de planalto até o vale do Rio Paraná e em direção sul – são os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.

Observe, no mapa, as outras unidades do relevo dessa região.

Região Sul: relevo

Mapa. Região Sul: relevo. Representação das unidades de relevo da região: planaltos, depressões e planícies. 
Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste: compreende a faixa litorânea do Paraná e a maior parte da faixa litorânea de Santa Catarina. 
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná: maior faixa, abrangendo desde o oeste e o norte do Rio Grande do Sul até a faixa central e todo o oeste dos estados de Santa Catarina e do Paraná. 
Planalto Sul-Rio-Grandense: porção no sul do Rio Grande do Sul, à oeste da faixa litorânea. 
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná: estreita faixa de terras que se estende pelo interior do Paraná e de Santa Catarina, imediatamente a oeste dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste.
Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense: faixa de terras que estende por uma área encaixada entre que os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e o Planalto Sul-Rio-Grandense. 
Planícies das Lagoas dos Patos e Mirim: faixa litorânea que se estende do extremo sul do Rio Grande do Sul até a porção sul do litoral catarinense.  
Na parte de baixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.

Fontes: Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 53; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 116.

Grafismo indicando atividade.

Quais unidades do relevo da Região Sul não foram citadas no texto?

As lagoas costeiras

Nas bordas litorâneas do Rio Grande do Sul surgem três grandes lagoas costeiras parcialmente separadas do mar por extensos cordões litorâneos – as restingas. A Lagoa dos Patos (foto), com cêrca de .10000 quilômetros quadrados, alimentada pelas águas do Lago Guaíba e dos rios Jacuí e Caí; e a Lagoa Mirim, com aproximadamente .4000 quilômetros quadrados, onde deságua o Rio Jaguarão, são ligadas pelo Canal de São Gonçalo. A Lagoa Mangueira, de área menor, encontra-se entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico. Localize-as no mapa.

Fotografia. Vista de algumas embarcações de pesca na água e ancoradas próximas a um pier. Ao fundo, algumas construções feitas de madeira.
Barcos de pesca artesanal ancorados junto à vila de pescadores à margem da Lagoa dos Patos no município de São José do Norte, Rio Grande do Sul (2020). As lagoas costeiras são importantes criadouros de muitos animais marinhos, como tainha, camarão etcétera

Clima

Observe no mapa que o Trópico de Capricórnio atravessa a porção norte do estado do Paraná. Assim, a maior parte da Região Sul está localizada na zona temperada; isso significa que, por causa da esfericidade da Terra, os raios solares incidem menos inclinados em relação à superfície da Terra que na zona tropical.

A massa de ar Polar atlântica

A região está submetida a uma ação mais intensa da massa de ar Polar atlântica, originada no extremo sul do continente americano. Os ramos de entrada dessa massa de ar, ao se deslocarem na direção norte, passam pela Argentina e pelo Uruguai, onde provocam invernos frios. Ao chegarem à Região Sul do Brasil, seguem pelas áreas de menores altitudes: um de seus ramos avança pelo litoral, pelas planícies litorâneas, e o outro avança sobre o território do Brasil pelo interior (observe o mapa).

Deslocamento da massa de ar Polar atlântica

Mapa. Deslocamento da massa de ar Polar atlântica. Mapa representando a variação altimétrica do relevo continental da Região Sul, dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e de parte dos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. O mapa também mostra os ramos de entrada da massa Polar atlântica na Região Sul, representadas por setas que indicam a direção dos ventos e a área afetada no deslocamento dessa massa de ar. A massa de ar Polar atlântica adentra a região sul pelo Uruguai, e avança pela faixa litorânea e pelo interior na direção Sudoeste-Nordeste, chegando ao estado de São Paulo, até a divisa com Minas Gerais, e também ao Rio de Janeiro. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 220 quilômetros.

Fonte: manhóli, Demétrio; arbéquis José; OLIC, Nelson Bacic. Conhecendo o Brasil: Região Sul. São Paulo: Moderna, 1996. página 10.

Grafismo indicando atividade.

Após atingir a Região Sul, que outra região do Brasil representada no mapa é alcançada pela massa Polar atlântica?

No outono e no inverno, essa massa de ar atua com maior intensidade. fórma as denominadas frentes frias, que provocam quedas de temperatura e invernos mais rigorosos no Sul.

Fotografia. Vista de uma área de vegetação rasteira, formada por gramíneas e pequenos arbustos, coberta por gelo e neve. Há também um lago com a superfície congelada.
Lago parcialmente congelado e vegetação coberta por neve no Morro das Torres, município de Urupema, Santa Catarina (2021).

O clima subtropical

Como estudamos, a maior porção do território da Região Sul localiza-se na zona temperada, ao sul do Trópico de Capricórnio. Essa região é dominada pelo clima subtropical. De modo geral, esse tipo de clima se caracteriza por temperaturas médias anuais entre graus Célsius e graus Célsius. Entretanto, no extremo sul do Rio Grande do Sul, as médias térmicas anuais são inferiores a graus Célsius.

Quanto à precipitação total anual, há variação entre .1500 e .2000 milímetros, sendo bem distribuída no decorrer do ano, o que favorece a prática da agricultura e da pecuária. Observe o climograma de Porto Alegre, onde o clima é subtropical úmido.

Porto Alegre climograma

Gráfico. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: Precipitação: 100 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius.
Fevereiro: Precipitação: 101milímetros; Temperatura: 24 graus celsius.
Março: Precipitação: 100 milímetros; Temperatura: 22 graus celsius.
Abril: Precipitação: 99 milímetros; Temperatura: 21 graus celsius.
Maio: Precipitação: 99 milímetros; Temperatura: 18 graus celsius.
Junho: Precipitação: 120 milímetros; Temperatura: 14 graus celsius.
Julho: Precipitação: 130 milímetros; Temperatura: 14 graus celsius.
Agosto: Precipitação: 125 milímetros; Temperatura: 15 graus celsius.
Setembro: Precipitação: 130 milímetros; Temperatura: 18 graus celsius.
Outubro: Precipitação: 110 milímetros; Temperatura: 19 graus celsius.
Novembro: Precipitação: 100 milímetros; Temperatura: 22 graus celsius.
Dezembro: Precipitação: 105 milímetros; Temperatura: 23 graus celsius.
Acima do gráfico, uma quadro com a indicação da latitude: 30 graus sul; da longitude: 51 graus oeste; e da altitude: 2,8 metros.

Fontes: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 179; í bê gê Éponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-7.

Grafismo indicando atividade.

Identifique os meses com temperaturas mais frias e comente a distribuição de chuvas ao longo do ano em Porto Alegre.

Hidrografia

A Região Sul conta com rios caudalososglossário e extensos que correm em áreas planálticas e apresentam quedas-d’água aproveitadas para a produção de energia elétrica. É o caso do Rio Paranapanema, na divisa de São Paulo e Paraná; do Rio Paraná, na divisa dos estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul, que corre na fronteira do estado do Paraná com o Paraguai; do Rio Iguaçu, que separa, em parte, os estados do Paraná e de Santa Catarina. É nesse rio que se encontram as famosas Cataratas do Iguaçu, na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, trecho em que sua largura é reduzida de .4000 metros para 100 metros. Localize, no mapa da página 204, os rios citados acima.

Em todos esses rios foram construídas usinas hidrelétricas a fim de garantir a produção de energia para a região. Entre as usinas, destaca-se a Itaipu Binacional, uma das maiores do mundo, localizada no Rio Paraná, na fronteira com o Paraguai, construída em associação com esse país fronteiriço.

Fotografia. Vista do alto de um rio represado por uma grande barragem que forma um extenso paredão de concreto. Ao fundo, acima da barragem, vista parcial da represa.
Vista aérea parcial da Itaipu Binacional, no município de Foz do Iguaçu, Paraná (2021).

Destaca-se também o Rio Uruguai, que nasce na Serra Geral com o nome de Rio Pelotas e, após receber as águas do Rio Canoas, passa a ser denominado Rio Uruguai. Esse rio faz a divisa entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e determina a fronteira deste estado com a Argentina.

O Aquífero Guarani

Além das águas superficiais, nessa região se localiza parte de um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo: o Aquífero Guarani. Esse nome é uma homenagem da comunidade científica aos povos que habitavam a região do aquífero. Atualmente, sua denominação é Sistema Aquífero Guarani.

Como podemos observar no mapa, parte dele se localiza também nos territórios da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. Em 2010, para ampliar a cooperação para um maior conhecimento científico e a gestão responsável de seus recursos hídricos, baseando-se em “critérios de uso racional e sustentável”, o Brasil e esses três países assinaram o Acordo sobre o Sistema Aquífero Guarani.

Ratificado em 2017 pelo Congresso Nacional do Brasil, o acordo estabelece uma série de normas para o desenvolvimento de ações de conservação e aproveitamento sustentável dos recursos hídricos do Sistema Aquífero Guarani, respeitando o domínio territorial de cada país sobre as porções desse aquífero.

O Brasil abriga cêrca de do Aquífero Guarani. A água armazenada nos poros das rochas sedimentares abastece muitos municípios por meio de poços artesianosglossário .

Aquífero Guarani

Mapa. Aquífero Guarani. Delimitação da área de abrangência do aquífero nos territórios do Brasil, do Uruguai, da Argentina e do Paraguai. 
No Brasil: abrange a maior parte do Rio Grande do Sul, à exceção da porção que compreende o Planalto Sul-Rio-Grandense; estende-se por uma longa faixa a oeste dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais; compreende o sul de Goiás, a porção sudeste do Mato Grosso e a maior parte do Mato Grosso do Sul, à exceção do extremo oeste. 
No Uruguai: engloba a porção noroeste, em uma faixa que se estende desde o Rio Grande do Sul.
No Argentina: acolhe a porção nordeste e parte do norte, até a fronteira com o Paraguai. 
No Paraguai: engloba uma estreita faixa ao sul e uma porção maior no sudeste do país, além de uma faixa que se estende desde o Mato Grosso do Sul e Paraná. 
Na parte inferior do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 400 quilômetros.

Fonte: Organization of American States (OAS). Guarani Aquifer: strategic action program. Acuífero Guaraní: programa estatégico de acción. Bilingual edition: Brazil; Argentina; Paraguay; Uruguay: Organization of American States (OAS), janeiro 2009. página 97.

Grafismo indicando atividade.

Além dos três estados da Região Sul, que outros estados do Brasil têm parte do Aquífero Guarani em seu subsolo?

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Aquífero Guarani

Água é vida. O século vinte e um é o século em que devemos nos preocupar com sua escassez. A água é uma questão socioambiental de suma importância, pois, de muitas reservas hídricas superficiais e subterrâneas, extrai-se um volume de água maior do que o que é reposto pela natureza.

O volume de água armazenada no subsolo é muito maior do que o das águas de rios e lagos, mas seu período de renovação é mais prolongado. No ciclo hidrológico, a função natural da água subterrânea é a de alimentar o fluxo de baseglossário dos rios. Há, portanto, uma íntima relação entre as águas de superfície e as águas subterrâneas.

Os terrenos ou formações geológicas que armazenam as águas subterrâneas são chamados aquíferos. Há duas matrizes de terrenos: os aquíferos granulares ou sedimentares, onde a água circula entre os poros, como se fosse uma esponja; e os aquíferos fraturados, geralmente rochas duras onde a água circula por fendas, fissuras, fraturas. Os terrenos granulares, arenosos, contêm maior potencial de água.

Os recursos hídricos subterrâneos são largamente explotadosglossário em todo o território, principalmente no abastecimento público, por poços tubulares. Centenas de cidades, pequenas e médias, são inteiramente abastecidas por água subterrânea.

A bacia sedimentar do Paraná abriga o maior manancial de água subterrânea do mundo, denominado Aquífero Guarani. Ele se estende pelos territórios do Brasil (.840000 quilômetros quadrados), Uruguai (.58500 quilômetros quadrados), Argentina (.355000 quilômetros quadrados) e Paraguai (.58500 quilômetros quadrados) – uma área equivalente à dos territórios da Inglaterra, França e Espanha, juntos.

Os recursos hídricos são em geral de excelente qualidade e prestam-se para todos os fins em quase toda a área. Atualmente, a maior parte da água extraída é utilizada no abastecimento público de centenas de cidades de médio e grande porte, por meio de poços de profundidade variada.

ROCHA, Gerôncio Albuquerque. Um copo São Leopoldo Unisinos, 2002. página 25 e 27.

Ilustração. Bloco diagrama mostrando parte da superfície, com um rio, algumas áreas de pastagens e animais de criação, poucas árvores esparsas e uma formação rochosa identificada como área de afloramento do aquífero. O bloco diagrama também representa camadas do subsolo, sendo uma delas composta por rochas com propriedades aquíferas, que podem armazenar água. Essa camada é formada pelo mesmo tipo de rocha que aparece no afloramento do aquífero na superfície. Sobre essa área, foi reproduzida uma chuva para caracterizar a recarga direta do aquífero a partir das chuvas.

Fonte: MACHADO, José Luiz Flores. A redescoberta do Aquífero Guarani. Scientific American Brasil, Reportagem. Disponível em: https://oeds.link/w6opgn. Acesso em: 9 fevereiro 2022.

Nota: Ilustração artística para fins didáticos.

 Interprete

1. O Aquífero Guarani localiza-se apenas no território brasileiro ou se estende por outros países?

 Argumente

2. Por que o Aquífero Guarani contribui para a prática da agricultura?

 Contextualize

3. Qual é sua atitude e a de seus familiares em relação ao consumo de água? O que vocês fazem para evitar o desperdício?

PERCURSO 26 REGIÃO SUL: A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS GEOGRÁFICOS

1. Ocupação europeia da Região Sul

Durante todo o século dezesseis, Portugal demonstrou pouco interesse pelas terras que hoje correspondem à Região Sul. Várias expedições de outros países visitaram-na em busca, principalmente, de pau-brasil, sem, contudo, estabelecer núcleos permanentes de povoamento.

As reduções jesuíticas e o bandeirismo

O povoamento europeu do Sul iniciou-se no século dezessete, em virtude de iniciativas como a implantação de reduções jesuíticasglossário por padres espanhóis, nas terras que hoje pertencem ao Rio Grande do Sul e ao Paraná (observe o mapa), onde catequizavam os indígenas e praticavam a agricultura e a pecuária bovina.

As reduções, também chamadas missões, foram sistematicamente invadidas por bandeirantes paulistas, que se dedicavam ao apresamento de indígenas com o objetivo de escravizá-los. Apesar disso, contribuíram para a formação de cidades localizadas no atual estado do Rio Grande do Sul, como Santo Ângelo, São Borja, São Luiz Gonzaga, São Nicolau e São Miguel das Missões (foto na página seguinte).

As bandeiras que partiram de São Vicente São Paulo e da Vila de São Paulo, em busca de ouro e do apresamento de indígenas, encontraram o metal precioso onde hoje ficam as cidades de Paranaguá, no litoral, e de Curitiba (observe a gravura na página seguinte), ambas no Paraná.

Região Sul: reduções jesuíticas – séculos dezessete e dezoito

Mapa. Região Sul: reduções jesuíticas, entre os séculos dezessete e dezoito. Mapa localizando as missões espanholas, os territórios dos Sete Povos das Missões e o Vice-Reinado do Rio da Prata, em 1776. Destaque para os limites estaduais atuais, bem como a fronteira internacional atual. 
Atual estado do Paraná: concentrou as missões espanholas, especialmente nas porções central e norte, próximo ao limite com o atual estado de São Paulo; Missões: NOSSA SENHORA DO LORETO, SANTO INÁCIO, SÃO FRANCISCO XAVIER, SÃO TOMÁS, OS ANJOS, CONCEIÇÃO, SÃO JOSÉ, SÃO PEDRO, SANTA MARIA, ENCARNAÇÃO, SÃO MIGUEL, SÃO PAULO, JESUS MARIA. 
Atual estado de Santa Catarina: recebeu uma única missão espanhola, no limite com o atual estado do Rio Grande do Sul; Missão: SANTA TEREZA.
Atual estado do Rio Grande do Sul: abrigou os Sete Povos das Missões, distribuídos na porção oeste do estado: SÃO LUIZ, SÃO NICOLAU, SANTO ÂNGELO, SÃO JOÃO BATISTA, SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, SÃO BORJA, GONZAGA, SÃO LOURENÇO. 
Localização do Porto dos Casais, onde atualmente se encontra a cidade de Porto Alegre. 
À direita do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 140 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de ponto Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 24 e 30.


Nota: As divisas dos estados foram traçadas para facilitar o reconhecimento da área representada. Na época das reduções jesuíticas, esses territórios estavam em disputa entre portugueses e espanhóis.

Fotografia. Vista da ruínas de uma construção alta com pilares, janelas e grandes portas. À frente, um grande espaço com gramado.
Ruínas da Igreja de São Miguel das Missões, no Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, município de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (2019).

No entanto, por falta de conhecimentos técnicos, essa exploração foi de curta duração, levando a população dessas localidades a se dedicar à agricultura e à criação de gado bovino, com o objetivo de abastecer a região das Minas Gerais.

Quanto às terras que hoje pertencem a Santa Catarina, continuaram pouco povoadas por portugueses e luso-brasileiros na primeira metade do século A primeira povoação estável foi fundada no litoral em 1658, com o nome de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, atual São Francisco do Sul. Em seguida, em 1675, a Ilha de Santa Catarina foi povoada com a fundação da Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. E, em 1676, foi fundada Laguna (localize-a no mapa da página 203).

Pintura. Paisagem representada em três planos. No primeiro, na parte de baixo, representação de diversos pedaços de pedra de grande dimensão; sobre elas, algumas ferramentas; à esquerda, um homem negro sem camisa manuseia um pedaço de pedra com uma ferramenta pontiaguda nas extremidades, semelhante à uma picareta. No segundo plano, no centro da pintura, diversas construções de tamanhos variados e algumas árvores. No terceiro plano, ao fundo, um espaço amplo com vegetação e alguns morros.
Coritiba, cêrca de 1827. A cidade de Curitiba, após 134 anos de sua fundação (1693), retratada na obra de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), pintor e desenhista francês que viveu no Brasil entre 1816 e 1831.

Açorianos

O maior povoamento da Região Sul teve início com a chegada de ilhéus açorianos. Em 1742, casais vindos dos Açores fundaram a Vila do Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, e se fixaram no vale de vários rios, como o Gravataí, o Sinos e o Jacuí, onde deram origem a diversas cidades.

Em Santa Catarina, entre 1748 e 1756, desembarcaram cêrca de 5 mil açorianos, iniciando o povoamento de trechos do litoral e da Vila de Nossa Senhora do Desterro, que deu origem à cidade de Florianópolis.

A articulação do Sul com as Minas Gerais

No final do século dezessete e início do século dezoito, a necessidade de couro e de carne para a região mineradora das Minas Gerais incentivou o deslocamento de paulistas para os campos do Sul em busca de gado. Inicialmente, o objetivo foi aproveitar o rebanho bravio, disperso na área, resultante da destruição das missões. Posteriormente, em decorrência do crescimento populacional da região da mineração, o fornecimento de gado por meio da caça tornou-se insuficiente. Iniciou-se, então, a formação de estâncias na vegetação nativa dos Campos.

Isso ocorreu inicialmente no litoral, em Rio Grande e Pelotas, e depois avançou para o interior, pela região de Bagé, o que estimulou a instalação de charqueadasglossário nessa região (localize-as no mapa da página 203).

A mão de obra para a expansão da criação de gado no Rio Grande do Sul contou com a participação de africanos escravizados e açorianos. Com indígenas e espanhóis, esses grupos deram origem à cultura gaúcha. Deve-se em grande parte a eles a manutenção das fronteiras do Brasil com o Uruguai e a Argentina.

As tropas e a produção de espaços geográficos

Para escoar o charque e o couro para os mercados compradores, entre eles a região das Minas, os tropeirosglossário deslocavam-se por grandes distâncias, do sul para o norte, transportando suas mercadorias em lombos de mulas e burros. Ao longo do trajeto, paravam para descansar, pernoitar e tratar dos animais.

Alguns pousos dos tropeiros e caminhos de gado deram origem a cidades como: Osório, São Gabriel, Vacaria e Viamão, no Rio Grande do Sul; São Joaquim, Mafra, Porto União, em Santa Catarina; Castro e Lapa, no Paraná (localize essas cidades no mapa da página seguinte).

O relevo mais plano das depressões facilitou os deslocamentos sul-norte dos tropeiros, que chegavam a durar três meses.

Pintura. No primeiro plano, um homem negro de chapéu, camisa e calças longas e largas, calçando botas e segurando uma vara. Ele aparece montado em um cavalo. No segundo plano, ao fundo, outras pessoas montadas em cavalos.
Detalhe de tropeiro na gravura Escravo negro conduzindo tropas na Província do Rio Grande, 1823. Obra de Jean-Baptiste Debret

Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense

Mapa. Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. Representação das unidades de relevo da Região Sul, do estado de São Paulo e de parte do estado de Minas Gerais, além da localização das capitais e de algumas cidades importantes da Região Sul nas áreas de planaltos, depressões e planícies. 
Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste: Florianópolis e São Francisco do Sul, em Santa Catarina; Lapa, Paranaguá e Curitiba, no Paraná. 
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná: São Gabriel e Vacaria, no Rio Grande do Sul; Porto União, em Santa Catarina; Londrina e Maringá, no Paraná. 
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná: Mafra, em Santa Catarina; Castro, no Paraná. 
Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense: Bagé, no Rio Grande do Sul. 
Planícies das Lagoas dos Patos e Mirim: Pelotas, Rio Grande, Viamão, Osório e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 
Na parte de baixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 170 quilômetros.

Fontes: organização. Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 53; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 120 e 161.

Grafismo indicando atividade.

As cidades de Castro e Mafra localizam-se em qual unidade do relevo da Região Sul?

A imigração e a produção de espaços no Sul

O século dezenove marca um novo período da ocupação das terras e de produção de espaços na Região Sul. Além da maior ocupação do litoral, o povoamento do interior intensificou-se com a imigração europeia, o que acentuou a apropriação das terras indígenas.

Após a vinda do príncipe dona João para o Brasil, em 1808, a Coroa portuguesa tomou várias providências para povoar mais o sul da colônia. Para atrair imigrantes, dona João assinou um decreto permitindo que estrangeiros se tornassem proprietários de terras no Brasil, custeou as despesas de transporte para os imigrantes, disponibilizou empréstimos para a compra de instrumentos agrícolas e de animais de transporte, além de oferecer outras facilidades.

Como o clima da porção sul do Brasil não era adequado para a produção de gêneros tropicais, como a cana-de-açúcar, estabeleceu-se na região uma agricultura em pequenos lotes de terra. Isso deu origem, na região, à pequena propriedade rural, diferentemente do ocorrido com a cultura da cana-de-açúcar no Nordeste, com a cafeicultura no Sudeste e com a pecuária nos campos do Rio Grande do Sul, que se estabeleceram em grandes propriedades, os latifúndios.

Conheça, agora, os principais fluxos imigratórios que se dirigiram para a Região Sul.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Legado italiano.

Direção: Marcia Monteiro Brasil: Camisa Listrada/ Globo Filmes, News, 2020. Duração: 84 minutos.

O documentário retrata o fluxo migratório de italianos para o Brasil e o legado da imigração italiana nos diversos segmentos sociais, econômicos e culturais do estado do Rio Grande do Sul.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Portal Amigos da Tradição

https://oeds.link/on9qOc

Este site apresenta elementos da cultura gaúcha, como o vocabulário, suas lendas e mitos e as características da alimentação regional, relacionadas à vida no campo e à pecuária.

Portugueses açorianos

Aproveitando as vantagens oferecidas em 1808, a corrente de colonos portugueses, vindos principalmente das Ilhas dos Açores, intensificou-se. Deu-se preferência aos imigrantes que formassem grupos familiares, o que constituiu exceção na história da ocupação da colônia até aquele momento. As .1500 famílias de açorianos que imigraram para o Brasil nesse período fixaram-se no litoral do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, dedicando-se principalmente à pesca e à agricultura de subsistência.

Fotografia A. Vista de uma rua estreita e dois casarios antigos à direita, com janelas amplas, portas junto a rua e telhados inclinados para frente. Ao fundo, no final da rua, uma igreja com uma cruz no topo do telhado.
Casarios coloniais no centro histórico do bairro Santo Antônio de Lisboa (2019), uma das primeiras comunidades fundadas por imigrantes açorianos em Florianópolis, em meados do século dezoito.

Alemães

Os imigrantes alemães deram importante contribuição à ocupação do sul do Brasil: em 1824, dona Pedro primeiro iniciou a imigração alemã para o Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, nas mesmas bases da imigração açoriana; em 1827, 600 imigrantes alemães fixaram-se em Rio Negro, no Paraná; em 1850, famílias alemãs fundaram Blumenau, em Santa Catarina, hoje importante centro industrial e comercial; em 1851, foi fundada a colônia de Dona Francisca, em Santa Catarina, que deu origem à cidade de Joinville, hoje também importante centro comercial e industrial (localize essas cidades no mapa da página 203).

Além desses núcleos urbanos, os alemães fundaram muitos outros no sul do Brasil. Muitos deles tornaram-se importantes cidades, como é o caso de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

Fotografia B. Vista de uma praça com várias construções no entorno, com paredes erguidas com vigas de madeira em posições horizontais, verticais ou inclinadas, com os vãos preenchidos com material de alvenaria.
Construção típica alemã de estilo enxaimel (caibros de madeira usados na armação das paredes) em Blumenau, Santa Catarina (2019).

Italianos, poloneses e ucranianos

No Rio Grande do Sul, os imigrantes italianos dedicaram-se principalmente à cultura da uva (vinicultura) e à sua industrialização. Muitos de seus núcleos iniciais transformaram-se em cidades importantes, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Viver no Brasil falando Hunsrückisch.

Direção: Gabriel Chimíti e Ana vinquelman Brasil: Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração/ 2018. Duração: 37 minutos.

Depois de quase dois séculos de imigração alemã, o Hunsrückisch é um dialeto alemão falado por mais de 1 milhão de pessoas no Brasil. O documentário retrata o cotidiano, a cultura e os problemas enfrentados pelos falantes dessa língua nos estados da Região Sul do país.

Em Santa Catarina, os italianos dedicaram-se a uma agricultura variada e também fundaram importantes cidades, como Nova Trento, Urussanga e Nova Veneza.

A partir de 1878, houve a imigração de poloneses e ucranianos para a região, que se fixaram em Curitiba e nas proximidades de Ponta Grossa, Castro, Lapa e Ivaí, no Paraná.

Todos esses imigrantes dedicaram-se à agricultura e à pecuária. Com o tempo, houve diversificação da atividade econômica. O artesanato doméstico, por exemplo, deu origem a indústrias de grande porte voltadas, por exemplo, para a tecelagem, a confecção de roupas e a produção de cristais, motores elétricos, tintas etcétera

Japoneses

A partir de 1908, iniciou-se a chegada de imigrantes japoneses ao Brasil, que se dedicaram, principalmente, à cafeicultura no Sudeste. Posteriormente, com a expansão do café para o norte do Paraná, por volta de 1930, imigrantes japoneses deslocaram-se para a região, fixando-se nos municípios de Londrina e Maringá. Também no norte do Paraná fundaram as cidades de Uraí e Assaí.

Fotografia em preto e branco. Três mulheres de vestido, usando chapéu e um laço que contorna o rosto e o queixo. Elas estão sorrindo e sentadas em um tronco de árvore que está no chão. Há vegetação na parte de traz de onde elas se encontram.
Imigrantes japonesas em momento de descontração após árduo trabalho na lavoura, no município de Assaí, no norte do estado do Paraná (década de 1930).

A atual organização do espaço na Região Sul

Como em todas as demais regiões do Brasil, a organização espacial (obseve o mapa) e a construção do espaço geográfico na Região Sul são resultado da atuação histórica da sociedade sobre o meio natural.

Região Sul: organização do espaço

Mapa. Região Sul: organização do espaço. Representação das metrópoles, centros regionais e outros centros, das regiões urbanas e industriais importantes, das áreas de agropecuária mais e menos modernizadas, além das rodovias principais. 
Metrópoles: Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre. 
Centros regionais: Maringá, Londrina, Cascavel, Joinville, Chapecó, Passo Fundo, Caxias do Sul. 
Outros centros: Paranavaí, Umuarama, Apucarana, Ponta Grossa, Irati, Guarapuava, Foz do Iguaçu, União da Vitória, Pato Branco, Joaçaba, Blumenau, Lages, Tubarão, Criciúma, Erechim, Ijuí, Santa Rosa, Santo Ângelo, Cruz Alta, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Uruguaiana, Santana do Livramento, Bagé Pelotas, Rio Grande. 
Regiões urbanas e industriais importantes: áreas que englobam as cidades e o entorno dos municípios de Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Maringá, Londrina, Cascavel, Joinville, Tubarão e Criciúma. 
Áreas de agropecuária mais modernizadas: faixa de terras a oeste dos três estados da região, além porções ao sul do Paraná, leste de Santa Catarina e maior parte do Rio Grande do Sul. 
Áreas de agropecuária menos modernizadas: porções ao sul, oeste e nordeste do Rio Grande do Sul; faixa de terras na porção central e ao sul de Santa Catarina; maior parte do estado do Paraná. 
Rodovias principais: BR 116, BR 101 e BR 277, que interligam os três estados na região, além de outros estados brasileiros e países vizinhos. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 200 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 151; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 147; í bê gê Éponto Regiões de influência das cidades 2018. í bê gê É Rio de Janeiro, 2020. página 12; í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 134.

Grafismo indicando atividade.

As áreas mais urbanizadas e industrializadas da Região Sul do Brasil se encontram entre quais municípios?

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

TOLEDO, Edilene; CANO, Jefferson.

Imigrantes no Brasil do século dezenove. São Paulo: Atual, 2003.

Ao discorrerem sobre a imigração para o Brasil, os autores dão especial atenção à Região Sul.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 25 e 26

Registre em seu caderno.

  1. Por que na Região Sul predomina o clima subtropical? Explique e caracterize-o.
  2. Apesar de distantes geograficamente, Rio Grande do Sul e Minas Gerais se articularam economicamente no final do século dezessete e início do dezoito. Com base nisso, responda às questões.
    1. Que atividades econômicas estimularam a articulação entre os dois estados?
    2. Por que o tropeiro era peça fundamental nessa articulação?
    3. Por qual unidade do relevo se deu a articulação do Sul com Minas Gerais? Por que nessa área o deslocamento era facilitado?
  3. Aponte a relação entre o clima da Região Sul e o surgimento da pequena propriedade rural.
  4. Enquanto a imigração alemã dirigiu-se principalmente para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para que estado da Região Sul se dirigiu a imigração japonesa?
  5. Observe o mapa da página 216, sobre a atual organização do espaço geográfico da Região Sul, e faça o que se pede.
    1. Identifique as metrópoles.
    2. As metrópoles exercem maior ou menor influência em relação aos centros regionais dos estados da Região Sul?
  6. Compare estes mapas com o mapa da página 204 e responda às questões.

Rio Grande do Sul: médias de temperaturas no verão e no inverno

Mapa. Rio Grande do Sul: médias de temperaturas no verão. Caracterização das temperaturas médias no estado durante os meses de verão, delimitando as áreas mais e menos quentes.
Temperaturas de 24 a 26 graus celsius: no extremo oeste, à margem do Rio Uruguai, ao longo da fronteira com a Argentina; na borda norte da Lagoa dos Patos. 
Temperaturas de 22 a 24 graus celsius: na borda oeste da Lagoa dos Patos; na faixa central que atravessa o estado de leste a oeste. 
Temperaturas de 20 a 22 graus celsius: na faixa litorânea a leste da Lagoa Mirim; na porção correspondente ao Planalto Sul-Rio-Grandense; na porção norte do estado.
Temperaturas de 16 a 20 graus celsius: concentrada na porção nordeste do estado. 
Temperaturas de 14 a 16 graus celsius: no limite com Santa Catarina, em um área estrita de altitudes mais elevadas, que podem passar de 1.200 metros. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 120 quilômetros.
Mapa. Rio Grande do Sul: médias de temperaturas no inverno. Caracterização das temperaturas médias no estado durante os meses de inverno, delimitando as áreas mais e menos frias.
Temperaturas de 8 a 12 graus celsius: concentrada na porção nordeste do estado e em áreas restritas no Planalto Sul-Rio-Grandense
Temperaturas de 12 a 14 graus celsius: na maior parte do estado, sendo uma extensa área ao norte e outra ao sul. 
Temperaturas de 14 a 16 graus celsius: na faixa central que atravessa o estado de leste a oeste; no extremo oeste, à margem do Rio Uruguai, ao longo da fronteira com a Argentina. 
Temperaturas de 16 a 18 graus celsius: em uma área estrita no interior da Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense, na faixa central do estado.  
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 120 quilômetros.

Fonte dos mapas: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/A6UaYz. Acesso em: 10 fevereiro 2022.

  1. As porções do território com maiores temperaturas durante o verão localizam-se em terras altas ou baixas?
  2. As baixas temperaturas registradas durante o inverno no Rio Grande do Sul estão associadas ao relevo da região? Explique.
  3. Calcule a amplitude térmica anual no vale do Rio Jacuí, com base nas temperaturas médias no verão e no inverno.

7. Perfil longitudinal de um rio é a representação gráfica de sua inclinação ao longo de seu curso, desde a nascente até a foz. Observe o perfil longitudinal do Rio Iguaçu e responda às questões.

Perfil longitudinal do Rio Iguaçu

Gráfico. Perfil longitudinal do Rio Iguaçu. Gráfico mostrando a variação altitudinal ao longo do curso do rio. No eixo vertical, à esquerda, indicação dos intervalos das cotas de altitudes, de zero (ao nível do mar) a mil metros. No eixo a horizontal, indicação da extensão do rio, em quilômetros. 
Variação altitudinal ao longo da extensão:
Nascente, quilômetro 0; altitude: 920 metros. 
Quilômetro 100; altitude:  800 metros.
Quilômetro 200; altitude:  790 metros.  São Mateus.
Quilômetro 380; altitude:  720 metros. Salto Grande.
Quilômetro 500; altitude:  580 metros.
Quilômetro 630; altitude:  400 metros. Salto Santiago.
Quilômetro 700; altitude:  320 metros. Salto Osório.
Quilômetro 790; altitude:  220 metros. Caxias.
Quilômetro 850; altitude:  210 metros. Capanema.
Quilômetro 900; altitude:  200 metros. 
Quilômetro 1.000; altitude: 200 metros. Cataratas do Iguaçu. Linha do gráfico em sentido descendente, altitude de 160 metros.

Fonte: í bê gê Éponto Geografia do Brasil: Região Sul. Rio de Janeiro: í bê gê É 1997. volume 5, página 115.

  1. Indique a extensão, a altitude da nascente e a altitude da foz do Rio Iguaçu com valores aproximados.
  2. Localize no mapa da página 204 o Rio Iguaçu e, observando o mapa da página 206, aponte por quais unidades de relevo ele corre.
  3. Qual é a queda mais acentuada do Rio Iguaçu?

8. Leia o texto, observe a foto e faça o que se pede.

“Foi o contato reticências do tropeiro de Sorocaba São Paulo, dos Campos Gerais Paraná e do Rio Grande do Sul que conseguiu aproximar os gaúchos do resto do Brasil, impedindo que os mesmos se tornassem castelhanos. reticênciasO território gaúcho, situado numa região onde as fronteiras entre a colônia lusa e as terras castelhanas eram indecisas, sofria grande influência espanhola

vachóvitch, rui cristóvam História do Paraná. sexta edição Curitiba: Gráfica Vicentina, 1988. página 105-106.

Mural. Mosaico feito em um muro curvado representando a passagem de tropeiros e sua tropa de mulas. À esquerda, um homem de chapéu, usando um manto vermelho e montado em um cavalo. Atrás dele, uma fileira de quatro animais representando as mulas usadas para o transporte de cargas. À direita, mais um homem montado em um cavalo, ele está de chapéu e usa um manto azul.
Monumento aos tropeiros (1966), do artista Potí Lazarôto (1924-1998), na cidade de Lapa, estado do Paraná, em foto de 2022. A obra ressalta a importância da localidade na passagem de tropas entre Viamão Rio Grande do Sul e Sorocaba São Paulo.
  1. De acordo com o texto, o que foi fundamental para a integração da Região Sul com o Sudeste e as demais regiões do país?
  2. À miscigenação de quais povos se refere o termo “gaúcho”?
  3. De que modo as características do relevo favoreceram o surgimento do município de Lapa, no Paraná?

PERCURSO 27 REGIÃO SUL: PROBLEMAS AMBIENTAIS

1. A produção de espaços geográficos e a natureza

No processo histórico-geográfico de produção de espaços, as transformações do espaço natural em espaço geográfico pelas sociedades humanas têm deixado saldos negativos na natureza e na sociedade.

Sabemos que, para a construção de espaços geográficos, são necessárias intervenções humanas no meio natural. No entanto, o que é questionável é se existe a necessidade de ocorrer intervenções profundas a ponto de prejudicar o solo, a vegetação nativa, a atmosfera, os cursos de água e o equilíbrio ecológico.

Essas atitudes prejudiciais ao meio ambiente são resultado, entre outros fatores, do desconhecimento da necessidade de preservar o equilíbrio ecológico. Daí a importância da criação de uma consciência ecológica por parte de toda a sociedade. Outro fator significativo é o desejo de ganhar muito dinheiro sem se importar com a natureza, entendendo-a apenas como fonte de lucro e não como fonte de vida.

Fotografia. Vista de uma encosta com uma grande área de escorregamento ao lado de uma via de circulação. Há muita terra e lama sobre a via. Dois tratores e um caminhão trabalham na remoção da terra para liberação total do fluxo. Na baixa de baixo, um carro passa ao lado do monte de terra.
Deslizamento de terra em encosta provocado pelas chuvas, no município de Florianópolis, Santa Catarina (2021).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

RODRIGUES, Rosicler Martins.

O mundo das plantas. terceira edição São Paulo: Moderna, 2013.

Livro que explica ao leitor vários aspectos das plantas (como se reproduzem, como crescem etcétera) e suas relações com o clima, despertando o interesse e o respeito pela natureza.

2. Região Sul: desmatamento

A cobertura vegetal é importante para o equilíbrio ecológico, pois protege a nascente dos rios, regula o clima e os mananciais que abastecem as cidades, influi na fertilidade do solo e o protege da erosão, cria beleza paisagística e é fonte de vida para as comunidades que dela dependem diretamente, como é o caso dos indígenas, dos caiçaras e dos ribeirinhos.

Mata Atlântica

Assim como no Nordeste e no Sudeste, a Mata Atlântica da Região Sul foi intensamente desmatada com a marcha do povoamento. As áreas não desmatadas ocupam trechos de difícil acesso da Serra do Mar e da Serra Geral, além de trechos do vale do Rio Ribeira de Iguape, entre os estados do Paraná e de São Paulo – o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do país.

Fotografia. Vista do alto mostrando uma área  litorânea. Na parte inferior, da esquerda para a direita, a água do mar, a faixa de areia e algumas construções de frente para a praia. Na parte de cima, atrás da praia, relevo montanhoso com vegetação densa.
Vista da Mata Atlântica no município de Governador Celso Ramos, Santa Catarina (2022).

Entretanto, apesar da fiscalização do ibâma, o desmatamento continua ocorrendo (observe o mapa). São desmatamentos de áreas menores, não detectados nas imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ínpi). Mas eles ocorrem e criam uma fragmentação florestal que dificulta a sobrevivência de vegetais e animais da região.

Uma das causas atuais do desmatamento da Mata Atlântica na Região Sul é a substituição dessa vegetação nativa pela silvicultura de pínus, usado como matéria-prima na indústria de papel e celulose.

Região Sul: vegetação nativa e devastação

Mapa. Região Sul: vegetação nativa e devastação. Mapa da Região Sul com destaque para a as principais formações vegetais da região e área devastada.
Mata Atlântica: no Paraná, ocorre nos porções norte e oeste; em Santa Catarina, ocorre em um trecho do oeste do estado; no Rio Grande do Sul, ocorre no noroeste, na faixa central e leste, e em porções dos extremos oeste e sul. 
Cerrado: ocorre em um trecho na porção leste do Paraná 
Mata dos Pinhais ou de Araucárias: ocorre nas áreas ao centro, sul e leste do Paraná; na maior parte de Santa Catarina e se estende pelo nordeste do Rio Grande do Sul. 
Campos: ocorre na maior parte do oeste e sul do Rio Grande do Sul.  
Vegetação litorânea: ocorre na faixa do litoral que bordeia as Lagoas Mangueira, Mirim e dos Patos. 
Área devastada: quase totalidade dos estados da Região Sul, sendo a vegetação nativa menos devastado os campos. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em CONTI, José Bueno; FURLAN, Sueli Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: . organização. Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 204; í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 100.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Rede de ônguis da Mata Atlântica

https://oeds.link/tcQsfl

Nesse portal pode-se conhecer melhor a distribuição da Mata Atlântica por todo o Brasil e os desafios para sua preservação, por meio de mapas, notícias e outros materiais disponíveis na rede.

A Mata de Araucárias

A Mata de Araucárias ou dos Pinhais cobria uma vasta extensão de terras – cêrca de .185000 quilômetros quadrados –, estendendo-se desde as terras altas do sul do estado de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, prolongando-se, ainda, pelo extremo nordeste da Argentina. Não era uma floresta homogênea; abrigava muitas outras espécies vegetais, como angico, tamboril, imbuia, cedro, gameleira, canela etcétera

No processo de produção de espaços geográficos da Região Sul, essa floresta foi amplamente desmatada, a exemplo do que ocorreu com a Mata Atlântica. De início, a extração da madeira do pinheiro, o pinho, atendia ao mercado interno. Por oferecer madeira mole, ideal para a construção de casas, para a fabricação de móveis e para a confecção de tábuas, essa floresta passou a ser explorada de modo intenso. Posteriormente, com o fluxo imigratório alemão, italiano e polonês, muitas de suas áreas foram desmatadas para ceder lugar à prática da agricultura.

O grande desmatamento da Mata dos Pinhais ocorreu entre 1915 e 1960 (fotos A e B), pois, nesse período, tornou-se grande a procura por madeira mole no mercado internacional. Por falta de fiscalização governamental, serrarias clandestinas se espalharam na Região Sul, promovendo intensa destruição florestal.

Fotografia A em preto e branco. Vista de uma área formada por mata de araucárias, com árvores altas, de troncos longos e copas largas. Há diversos homens realizando a derrubada das árvores. Na imagem aparece uma araucária derrubada.
Fotografia B em preto e branco. Vista de pessoas no interior de um galpão manuseando pequenas máquinas onde estão madeiras.
Na foto A, córte de araucária no município de Três Barras, Santa Catarina (1918); na foto B, fábrica de cabos de vassoura feitos com madeira de pinho, em Itapeva, São Paulo (1938).

Após 150 anos de intervenção humana, restaram apenas 5% dessa mata. O que sobrou foi transformado em áreas de preservação ambiental sob os cuidados dos estados e do governo federal (foto C).

Fotografia C.  Vista de uma mata com muitas araucárias em uma área de relevo acidentado, com declividade acentuada.
Araucárias no município de Rio Rufino, Santa Catarina (2020).

Especialistas mostram que esse ecossistema está quase extinto. Roedores, aves e insetos que se alimentavam do pinhão, ou que aí encontravam o seu hábitat, morreram ou estão ameaçados de extinção.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

 [LOCUTORA - título]: A devastação da Mata de Araucárias

[Locutora]: A Mata de Araucárias, ou dos Pinhais, nativa do Sul do Brasil, está ameaçada de extinção.

[Locutora]: Estima-se que, entre 1930 e 1990, aproximadamente 100 milhões de pinheiros tenham sido derrubados.

[Locutora]: Atualmente, menos de 1% da floresta guarda áreas pouco exploradas.

[Locutora]: A Mata de Araucárias pertence ao bioma de Mata Atlântica e apresenta um ecossistema bastante rico, que abriga espécies raras e únicas, o que aumenta a necessidade de ações para a sua preservação. Ela é encontrada nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e em alguns pontos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

[Locutora]: O desmatamento da Mata de Araucárias começou no século XIX, com a chegada de imigrantes europeus à Região Sul.

[Locutora]: Nas primeiras décadas do século XX, a devastação se intensificou. Os colonos derrubaram árvores para abrir espaço para a agricultura e utilizaram a madeira para a produção de lenha e a construção de casas e móveis.

[Locutora]: Assim como ocorreu com outras formações vegetais brasileiras, o desmatamento da Mata de Araucárias esteve associado à expansão de atividades econômicas pelo território, processo que se mantém até os dias de hoje.

[Locutora]: Além da ação humana, a fragmentação do ecossistema que forma a Mata dos Pinhais ocasiona a diminuição da diversidade biológica, o enfraquecimento das araucárias e, consequentemente, amplia as possibilidades de extinção, já que a troca de material genético entre indivíduos de diferentes populações é reduzida.

[Locutora]: Outro fator que interfere na conservação das araucárias envolve a legislação ambiental vigente. Segundo ela, agricultores que possuem pinheiros em suas propriedades não podem cortá-los.

[Locutora]: Por causa disso, muitos desses agricultores arrancam as mudas das araucárias antes que elas cresçam e ocupem um espaço que poderia ser destinado à plantação, à pecuária, à construção, entre outros usos.

[Locutora]: Como consequência, o número de exemplares de araucária diminui e há menor dispersão das sementes pelos animais, o que representa mais um fator que compromete a variabilidade genética da espécie e enfraquece o ecossistema.

[Locutora]: Para os órgãos ambientais, a legislação, além de proibir o corte indiscriminado da espécie, deveria estimular o plantio de novas árvores e seu manejo sustentável, gerando valor para os produtores e incentivando o reflorestamento.

[Locutora]: Ainda que isso ocorra, a situação da Mata de Araucárias é bastante crítica, sendo a exploração ilegal da madeira e a conversão da floresta em áreas agropecuárias os grandes entraves relacionados à conservação de sua fauna e flora.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Os faxinais e a preservação

Os faxinais são sistemas originais de produção agrossilvipastorilglossário . No Brasil, eles são legalmente reconhecidos como comunidades tradicionais. Surgiram há pouco mais de 100 anos, com a chegada dos imigrantes europeus à Região Sul, especialmente ao Paraná.

Embora contribuam para preservar a Mata de Araucária, atualmente os faxinais correm risco de extinção. Observe como funciona o sistema faxinal.

Ilustração. Representação do funcionamento do sistema faxinal. À esquerda, área com três casas espaçadas entre elas, identificadas como casa da família A, casa da família B e casa da família C; em frente as três casas, uma área com alguns animais de criação: três aves, dois porcos, dois cavalos e uma vaca. Na parte de cima, uma área de vegetação com diversas espécies de árvores, entre elas muitas araucárias. Texto explicativo: As famílias vivem em uma área comum, de campo e floresta, sem cercas entre as casas. Nessa área, chamada faxinal, são permitidas pequenas hortas e pomares. Uma das atividades praticadas é o extrativismo florestal de baixo impacto, com o manejo da erva-mate e da araucária. À direita, espaço destinada à produção agrícola, com três áreas de cultivo identificadas como lavoura da família A, lavoura da família B e lavoura da família C. Texto explicativo: Do lado de fora do faxinal, cada família planta várias culturas destinadas ao comércio local e à subsistência, por exemplo, feijão e milho. Na parte de baixo, ao lado desse espaço de plantio, um caminhão sendo carregado com sacas de grãos por dois homens. A frente do caminhão aparece uma caminhonete com um homem de pé ao lado. Texto explicativo: Boa parte da produção agrícola é vendida para comerciantes locais. A produção pecuária se destina ao consumo familiar e, ocasionalmente, também é comercializada.

Fonte: elaborado com base em COUTO, Clarice. Terra em transe. Globo Rural, edição 299, setembro 2010. Disponível em: https://oeds.link/JZqymU. Acesso em: 6 maio 2022.

 Interprete

1. Por que é possível afirmar que as atividades em um faxinal contribuem para a preservação da vegetação?

 Argumente

2. A união de famílias em uma área comum foi uma das maneiras encontradas pelos imigrantes na Região Sul para promover seu desenvolvimento. Como isso ocorre nos faxinais?

3. Principais problemas ambientais

Na Região Sul, o estado do Paraná foi o que perdeu maior parte de sua vegetação nativa com a devastação da Mata Atlântica e da Mata dos Pinhais. A ação humana também criou alguns problemas ambientais nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Há algum lago ou rio no município onde você vive? É possível identificar ações humanas que causam impactos ambientais nele?

As bacias hidrográficas e os problemas ambientais no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, podemos identificar a degradação ambiental por meio da observação das bacias hidrográficas do estado (consulte o mapa). Com o conhecimento desses problemas, a sociedade e o Estado conseguem definir qual é a melhor estratégia para solucioná-los.

Rio Grande do Sul: bacias hidrográficas

Mapa. Rio Grande do Sul: bacias hidrográficas. Delimitação da área de abrangência das bacias hidrográficas do Uruguai, do Guaíba e Litorânea. Bacia Hidrográfica do Uruguai: bacia de maior extensão, abrangendo a faixa norte e as porções centro oeste e sudoeste do estado. Bacia Hidrográfica do Guaíba: compreende a porção nordeste e uma extensa área na parte central e a leste do estado, até o limite com a faixa litorânea. Bacia Hidrográfica Litorânea: abarca toda a faixa litorânea e a porção sul do Rio Grande do Sul, se estendendo a oeste até o limite com a bacia hidrográfica do Uruguai. Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/js65j2. Acesso em: 6 janeiro 2022.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma plantação de folhagens baixas. Um homem passa pelas fileiras da plantação. Ele carrega nas costas um pequeno reservatório ligado por uma mangueira que ele segura nas mãos na direção da plantação. O homem usa luvas e boné. No segundo plano, algumas construção em meio a uma ampla área de cultivo.
Pulverização de agrotóxicos em plantação na zona rural do município de Arroio do Tigre Rio Grande do Sul (2017), que pertence à Bacia Hidrográfica do Guaíba.

Bacia Hidrográfica do Guaíba

Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos cursos de água.

Despejo de efluentes industriais e agroindustriais nos cursos de água.

Poluição do ar por fontes fixas e por veículos resultantes da alta concentração industrial e urbana.

Produção de grandes volumes de resíduos sólidos urbanos e industriais e manejo inadequado, principalmente em relação à disposição final.

Ocupação urbana em áreas de risco.

Desmatamentos, alteração de cursos de água, remoção de camadas de solo
e desagregação de material rochoso por atividades mineradoras.

Erosão do solo agrícola pela ausência de práticas de conservação.

Assoreamento dos cursos de água.

Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos.

Enchentes periódicas.

Transporte de cargas perigosas.

efluentesglossário

Fotografia. Vista de uma área rural com vegetação predominantemente rasteira, formada por gramíneas. No centro, um córrego com a margem desmoronando, formando um longo barranco. Há uma cerca derrubada próxima à área de desmoronamento. Acima do córrego, o relevo apresenta uma suave elevação, formando uma colina.
Voçoroca no município de Manoel Viana, Rio Grande do Sul (2020), que pertence à Bacia Hidrográfica do Uruguai.

banhadosglossário

Bacia Hidrográfica do Uruguai

Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos cursos de água.

Despejo de efluentes agroindustriais nos cursos de água, originados principalmente da suinocultura e da avicultura.

Manejo inadequado de resíduos sólidos urbanos e industriais, principalmente em relação à disposição final.

Drenagem de áreas de banhados e de cursos de água pela lavoura irrigada, prejudicando outros usos.

Desmatamentos, remoção de camadas de solo, desagregação de material rochoso e alteração de características físicas e químicas do solo e da água por atividades mineradoras.

Exploração indiscriminada de água de subsolo.

Erosão e compactação do solo agrícola pela ausência de práticas de conservação.

Assoreamento dos cursos de água.

Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos.

Desmatamento das áreas remanescentes de mata nativa, principalmente ao longo dos cursos de água.

Processo intenso de arenização (assunto abordado na página seguinte).

Enchentes e estiagens periódicas.

banhadosglossário

Fotografia. No primeiro plano, vista da margem de um lago, com lixo acumulado próximo ao corpo de água. No segundo plano, o lago e uma embarcação ao fundo.
Lixo acumulado às margens da Lagoa dos Patos, no município de São José do Norte, Rio Grande do Sul (2018), que pertence à Bacia Hidrográfica Litorânea.
Bacia Hidrográfica Litorânea

Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos corpos de água, afetando as condições de balneabilidade do mar e das lagoas costeiras.

Despejo de efluentes industriais e agroindustriais, principalmente nos cursos de água.

Poluição do ar por fontes fixas.

Manejo inadequado de resíduos sólidos urbanos e industriais, principalmente em relação
à disposição final.

Expansão de monocultivos florestais.

Desmatamentos, alteração de cursos de água, remoção de camadas de solo e desagregação de material rochoso por atividades mineradoras.

Alteração da morfologia litorânea por práticas
de eliminação de dunas móveis e fixas pela ocupação urbana ou atividade mineradora de areia.

Desmatamento de áreas remanescentes de mata nativa, principalmente ao longo dos cursos de água.

Drenagem das áreas de banhados e de cursos de água pela lavoura irrigada, prejudicando outros usos.

Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos.

Enchentes e estiagens periódicas.

Transporte de cargas perigosas.

Fonte: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/F2tYtr. Acesso em: 6 maio 2022.

Arenização na Campanha Gaúcha

Desde o século dezoito, os solos da Campanha Gaúcha são usados para a criação de gado. Em decorrência disso, eles vêm sofrendo:

  • compactação pelo pisoteio constante de animais;
  • rarefação das gramíneas (pastagens), decorrente do número excessivo de gado por área, que, ao deixar o solo sem cobertura vegetal, causa a erosão e o assoreamento de rios e córregos;
  • queimadas, provocadas para eliminar as sobras sêcas de pastagens durante o inverno e facilitar a rebrota das gramíneas; esse procedimento mata os micro-organismos importantes para o solo.

Esses fatos têm afetado seriamente o solo da Campanha Gaúcha, causando a arenização, ou seja, o afloramento de depósitos arenosos resultantes da lavagem do solo pela água da chuva, que, além de retirar a cobertura vegetal, provoca a perda de matéria orgânica e de elementos químicos importantes na constituição do solo. Observe, no mapa, as áreas de ocorrência de areais no Rio Grande do Sul.

Fotografia. Vista de um espaço rural, de relevo aplainado, usado para pastagens. No primeiro plano, uma extensa área coberta com areia, com alguns poucos arbustos descobertos. No segundo plano, vista de uma área verde de pastagens.
Arenização do solo em área usada para pecuária no município Manoel Viana, Rio Grande do Sul (2021).

Rio Grande do Sul: área de ocorrência de areais

Mapa. Rio Grande do Sul: área de ocorrência de areais. Delimitação da área sujeita a esse processo, compreendendo a porção sudoeste do estado, entre os rios Ibicuí, Quaraí e Uruguai, até as fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Alguns dos municípios mais afetados pela ocorrência dos areais são: Itaqui, Manoel Viana, Uruguaiana, Quaraí, Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Dom Pedrito, São Gabriel, Rosário do Sul, Cacequi e São Pedro do Sul. Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 90 quilômetros.

Fonte: Dirce. Deserto Grande do Sul: controvérsia. Porto Alegre: u éfe érre gê ésse, 1992. página 16.

Degradação ambiental em Santa Catarina

Na zona costeira, a implantação de balneários sem a devida infraestrutura de rede coletora de esgoto tem provocado a poluição de rios, córregos e vales e o despejo de dejetos no mar. Tal situação, além de ser responsável pela contaminação ambiental, compromete a atividade turística.

Na região carbonífera do sul do estado, que compreende os municípios de Criciúma, Tubarão e Imbituba, a exploração do carvão mineral a céu aberto ou em galerias arrasa paisagens e contamina as águas de superfície e subterrâneas. Além disso, o carvão mineral trazido à superfície, em contato com o oxigênio e a umidade do ar, dá origem ao ácido sulfúrico, substância tóxica e corrosiva que pode provocar chuvas ácidas.

Somam-se a esses problemas outros impactos causados pelas atividades agropecuárias: a erosão do solo, o assoreamento de rios e a contaminação das águas provocada pelo uso de agrotóxicos, assim como a contaminação de cursos de água pelos excrementos de aves e suínos criados em sistema intensivo no oeste catarinense.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Conservação da natureza na Ilha de Santa Catarina

Preservar a diversidade de ecossistemas contribui para assegurar a disponibilidade de recursos hídricos, proteger as espécies animais, manter o equilíbrio do clima, além de favorecer o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis, por exemplo o ecoturismo.

A urbanização na Ilha de Santa Catarina levou à ocupação desordenada do espaço natural, comprometendo a rica diversidade de ecossistemas da ilha. Contudo, ainda hoje, uma grande variedade de meios naturais se encontra preservada. Contribuem para isso as diversas Unidades de Conservação que foram criadas na ilha ao longo dos anos.

Mapa. No canto superior, à esquerda, mapa do Brasil em neutro com os limites das unidades federativas; destaque em verde apenas no território de Santa Catarina. À direita, mapa ampliado destacando o estado de Santa Catarina. No litoral, quadro vermelho ressaltando a Ilha de Santa Catarina.
Atualmente, na Ilha de Santa Catarina, existem 15 Unidades de Conservação. Juntas, elas ocupam uma área de 101,4 quilômetros quadrados ou da área total da ilha (426,1 quilômetros quadrados).

Conheça, a seguir, algumas dessas Unidades de Conservação.

Parque Natural Municipal do Morro da Cruz

Nesse parque, alguns trechos de formações vegetais apresentam diferentes estágios de regeneração. Nele, predomina a vegetação de Mata Atlântica.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área de vegetação densa. No segundo plano, vista do alto de uma cidade, com muitos edifícios; no mesmo plano, vista do mar à esquerda e à direita. No terceiro plano, vista de um relevo montanhoso e o céu ao fundo.
Vista do Parque Natural Municipal do Morro da Cruz (2020).

Estação Ecológica de Carijós

Dividida em duas áreas: a menor situa-se no Manguezal do Saco Grande, e, a maior, na Foz do Rio Ratones. Essa unidade conserva áreas de manguezais, banhados, mata ciliar e restinga.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área de relevo aplainado, com um rio e vegetação nas margens. No segundo plano, vista de construções e morros com vegetação; há construções também na parte de baixo de um dos morros, à esquerda, em uma área de declividade acentuada.
Vista da Estação Ecológica de Carijós (2018).

Parque Municipal da Lagoa do Peri

Esse parque abriga uma vegetação composta de floresta densa, além de faixas de restinga, dunas e lagoas.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área de vegetação densa concentrada à esquerda; à direita, um corpo de água e uma estrita faixa de areia. No segundo plano, área de morros com vegetação.
Vista do Parque Municipal da Lagoa do Peri (2018).

Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição

Esse parque natural é formado por ambientes costeiros, com dunas, restingas e lagoas.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área extensa formada por dunas entremeadas por uma faixa de restinga; no segundo plano, à direita, uma vista do mar; no terceiro plano, vista de uma área de morros.
Vista do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição (2021).

Ilha de Santa Catarina

Mapa. Delimitação das 15 unidades de conservação existentes na Ilha de Santa Catarina, cada uma acompanhada de uma ilustração que representa características específicas da paisagem, como morros, costões rochosos, lagoas, dunas, restingas, manguezais, matas ciliares e algumas espécies de aves e crustáceos.
1. Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho. 
2. Reserva Particular do Patrimônio Natural Morro das Aranhas. 
3. Estação Ecológica de Carijós. 
4. Reserva Particular do Patrimônio Natural do Rio Vermelho. 
5. Parque Estadual do Rio Vermelho. 
6. Monumento Natural Municipal da Galheta.
7. Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi.
8. Parque Natural Municipal do Morro da Cruz.
9. Reserva Particular do Patrimônio Natural Menino de Deus.
10. Parque Municipal do Maciço da Costeira.
11. Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição.
12. Reserva Extrativista do Pirajubaé.
13. Parque Municipal da Lagoa do Peri.
14. Parque Natural Municipal da Lagoinha do Leste.
15. Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. 
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 4 quilômetros.
1. Parque Natural Municipal Lagoa do Jacaré das Dunas do Santinho 2. Reserva Particular do Patrimônio Natural Morro das Aranhas 3. Estação Ecológica de Carijós 4. Reserva Particular do Patrimônio Natural do Rio Vermelho 5. Parque Estadual do Rio Vermelho 6. Monumento Natural Municipal da Galheta 7. Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi 8. Parque Natural Municipal do Morro da Cruz 9. Reserva Particular do Patrimônio Natural Menino de Deus 10. Parque Municipal do Maciço da Costeira 11. Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição 12. Reserva Extrativista do Pirajubaé 13. Parque Municipal da Lagoa do Peri 14. Parque Natural Municipal da Lagoinha do Leste 15. Parque Estadual da Serra do Tabuleiro

Fontes: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Geoprocessamento. Disponível em: https://oeds.link/K3utEO; FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente. Disponível em: https://oeds.link/syc4Rh; OBSERVATÓRIO de Áreas Protegidas. Disponível em: https://oeds.link/STSaKD. Acessos em: 11 fevereiro 2022.

 Interprete

  1. Qual é a importância da criação e manutenção das Unidades de Conservação na Ilha de Santa Catarina?
  2. Explique a relação entre o processo de urbanização e a degradação dos meios naturais.

 Argumente

  1. Em sua opinião, como as Unidades de Conservação contribuem para a manutenção da biodiversidade e da qualidade dos recursos naturais?
  2. Em dupla, compare a sua resposta à atividade 3 com a do seu colega. Em seguida, escrevam uma nova resposta contemplando os dois pontos de vista.
  3. Una sua dupla a outra, formando um quarteto. Comparem as respostas e construam uma nova redação, com base nas perspectivas apresentadas pelo quarteto.

PERCURSO 28 REGIÃO SUL: POPULAÇÃO E ECONOMIA

1. População

Entre as regiões brasileiras, a Região Sul é a que apresenta a menor área territorial e o menor número de estados. Dos três estados que a compõem, o Rio Grande do Sul é o de maior área territorial, abrigando a segunda maior população absoluta. Consulte o quadro.

Região Sul: população absoluta estimada, área territorial e densidade demográfica – 2021

Estado

População (hab.)

Área (km²)*

Densidade demográfica (hab./km²)

Paraná

11.597.484

199.299

58,2

Santa Catarina

7.338.473

95.731

76,6

Rio Grande do Sul

11.466.630

281.707

40,7

Região Sul

30.402.587

576.737

52,7

* Valores arredondados.

Fontes: í bê gê Éponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-14; Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 7 janeiro 2022.

Entre as capitais dos estados da Região Sul, a mais populosa é Curitiba, que, assim como Florianópolis e Porto Alegre, é uma das metrópoles dessa região (observe o gráfico).

Região Sul: população estimada das capitais – 2021

Gráfico. Região Sul: população estimada das capitais – 2021. Gráfico de colunas, posicionadas uma ao lado da outra, representando a população estimada de Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis. No eixo vertical, à esquerda, número de habitantes, em intervalos de 500.000, 1.000.000, 1.500.000 e 2.000.000; no eixo horizontal, as três capitais. Curitiba: Número de Habitantes: 1.963.726. Porto Alegre: Número de Habitantes: 1.492.530. Florianópolis: 516.524.

Fonte: í bê gê Éponto Estimativas da população residente no Brasil e Unidades da Federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 7 jan. 2022.

Florianópolis tinha .516524 habitantes em 1º de julho de 2021. Contudo, o município mais populoso do estado de Santa Catarina é Joinville, que, na mesma data, abrigava .604708 habitantes, além de ser o município mais industrializado do estado.

Fotografia. Vista do alto de algumas quadras de uma cidade, com ruas se cruzando e uma concentração de edifícios altos, de vários andares.
Vista de Joinville, cuja origem está ligada à imigração alemã que ocorreu em Santa Catarina (2018).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul

https://oeds.link/JXfpmB

Esse atlas apresenta inúmeros aspectos socioeconômicos e ambientais do Rio Grande do Sul por meio de textos, mapas, tabelas e gráficos.

A Região Sul apresenta bons indicadores sociais se comparada às demais regiões do Brasil. A menor taxa de mortalidade infantil do país foi registrada nessa região; e em relação à esperança de vida ao nascer (observe o mapa), assim como outras unidades da federação ( Rio de Janeiro e Distrito Federal), as maiores taxas do país são registradas em Santa Catarina, seguida pelos estados do Rio Grande do Sul e Paraná.

Entretanto, como as demais regiões do Brasil, a Região Sul mostra sérios problemas sociais, como desemprego, violência urbana, grandes desigualdades de renda entre as classes sociais, bolsões de pobreza nas periferias das principais cidades etcétera

Brasil: esperança de vida ao nascer (em anos) – 2019

Mapa. Brasil: esperança de vida ao nascer, em anos – 2019. Mapa das unidades federativas destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco para o mais forte de acordo com as faixas de esperança de vida ao nascer, em anos de idade, indicadas na legenda. 
Faixa de 71,4 a 73,4: Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará, Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe.
Faixa de 74,1 a 76,3: Acre, Amapá, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, 
Faixa de 76,4 a 78,5: Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte.
Faixa de 78,9 a 79,9: Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Distrito Federal. 
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.

Fontes: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 94; Tábua completa de mortalidade para o Brasil 2019: breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Rio de Janeiro: í bê gê É 2020. página 13.

Grafismo indicando atividade.

A unidade da federação onde você mora está inserida em qual intervalo de esperança de vida ao nascer?

2. Economia

Entre as Grandes Regiões brasileiras, a Região Sul, depois da Sudeste, é a mais industrializada e a que apresenta maior Estudaremos, a seguir, aspectos de sua economia.

Agricultura

A Região Sul apresenta, de modo geral, uma agricultura moderna. Destaca-se, no Brasil, como grande produtora de grãos: soja, milho, arroz, feijão e trigo. Sobressai, também, na produção de aveia, centeio e cevada, em virtude das características favoráveis do clima subtropical. Destaca-se, ainda, na cultura do sorgo, da uva, da erva-mate e do tabaco, no Rio Grande do Sul; da maçã, em Santa Catarina; e da mandioca e do café, no Paraná.

Diferentemente de outras regiões brasileiras, na Região Sul a atividade agrícola assenta-se predominantemente nas pequenas propriedades de base familiar – herança do processo de colonização aí implantado desde o século como estudamos anteriormente.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto paranaense de desenvolvimento econômico e social (ipardes)

https://oeds.link/7mIWnh

A página conta com dados, indicadores e publicações econômicas, sociais e estatísticas do estado do Paraná.

As exceções são os latifúndios nos Campos da Campanha Gaúcha, no norte do Paraná, nas proximidades das cidades de Londrina e Maringá, e no município de Lages, em Santa Catarina.

Tanto a pequena como a grande propriedade estão integradas à agroindústria alimentícia, que produz vinho, geleias, café solúvel, farinha de trigo, soja, milho, entre outros produtos.

Fotografia. Vista do alto de uma área de produção de uva, com várias fileiras de videiras uma ao lado da outra, dispostas paralelamente. Na parte de baixo da fotografia, um trator com uma carreta engatada na parte de trás, carregada com caixotes de cachos de uvas. Ao lado da carroceria, um homem segura um desses caixotes.
Colheita de uva no município de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul (2019).

Norte do Paraná: do café à soja e o impacto social

Vinda do estado de São Paulo, a cafeicultura avançou para o norte do Paraná na primeira metade do século vinte. Entre o final dos anos 1950 e 1975, o Paraná foi o maior produtor de café do Brasil. A cafeicultura impulsionou o desenvolvimento desse estado, onde estão as cidades de Maringá e Londrina.

Fotografia. Vista do alto de algumas quadras de uma cidade, com ruas e avenidas se cruzando e uma concentração de edifícios altos, de vários andares, na parte de cima da imagem. Na parte de baixo, em destaque, uma estação de tratamento de água, com alguns prédios e tanques usados para o tratamento da água. Muitas árvores no estorno da estação de tratamento de água.
Vista de parte da cidade de Londrina, Paraná (2019). Em 2021, a população estimada do município era de 581 mil habitantes.

Por volta dos anos 1960, no entanto, a cafeicultura começou a ser substituída por outras culturas. As geadas, a perda da fertilidade do solo e a queda do preço do café no mercado internacional levaram muitos agricultores a substituir os cafezais por outras culturas, por exemplo algodão, cana-de-açúcar e soja, e, também, pela pecuária.

Como o café era cultivado e colhido sem o uso de máquinas, diferentemente da soja, que é uma cultura mecanizada, essa substituição provocou uma crise social, representada por desemprego e migração de famílias do campo para as cidades. Algumas pessoas empregaram-se na construção civil, no comércio e em outros setores, mas muitas estabeleceram-se na periferia de cidades e tornaram-se boias-frias, dedicando-se ao córte de cana no estado de São Paulo e no norte do Paraná.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma máquina agrícola em uma área de plantio. No segundo plano, vista de um silo, uma estrutura de metal usada para armazenagem de grãos.
Colheita mecanizada de soja no município de Itambé, Paraná (2022).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No município onde você vive existem boias-frias? Se sim, em que atividade a mão de obra deles é empregada?

A pecuária

A Região Sul tem longa tradição na pecuária. Como estudamos, desde os séculos dezesseis e dezessete a criação de gado foi aí introduzida pelos colonizadores espanhóis e portugueses.

Em 2020, a região abrigava cêrca de do rebanho bovino brasileiro, do rebanho ovino, do suíno e, aproximadamente, do efetivo de galináceos. Amparados nessa criação, desenvolveram-se grandes frigoríficos em Santa Catarina, além de laticínios, curtumesglossário e lanifíciosglossário , abastecidos pela lã da pecuária ovina.

Na cadeia produtiva da avicultura sulina, os grandes abatedouros e frigoríficos articulam-se com os pequenos produtores para garantir a produção avícola da região e viabilizar seu próprio negócio.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área de pastagem com diversos espécimes de ovinos soltos. No segundo plano, vista de colinas amplas e suaves com muitas árvores.
A pecuária é uma atividade econômica importante na Região Sul. Na foto, criação de ovinos no município de Santana do Livramento, Rio Grande do Sul (2020).

O extrativismo mineral

A Região Sul dispõe de diversos recursos minerais, com destaque para o carvão mineral (observe o mapa A).

Região Sul: principais recursos minerais

Mapa. Região Sul: principais recursos minerais. Identificação com símbolos e localização dos principais recursos minerais encontrados nos estados da região.
Carvão mineral: norte e leste do Paraná; sul de Santa Catarina; nordeste, leste e sul do Rio Grande do Sul.  
Chumbo: nordeste do Paraná e parte central do Rio Grande do Sul. 
Cobre: parte central do Rio Grande do Sul.
Ouro: sudeste do Paraná, nordeste de Santa Catarina, sudeste do Rio Grande do Sul: 
Calcário: leste de Santa Catarina; sul do Rio Grande do Sul.  
Tungstênio: leste de Santa Catarina.
Urânio: norte do Paraná. 
Zinco: parte central do Rio Grande do Sul. 
Prata: leste do Paraná. 
Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página117.

Na Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná, encontra-se uma faixa de terra que se convencionou chamar de Cinturão Carbonífero do Sul do Brasil (observe o mapa B).

Brasil: Cinturão Carbonífero do Sul

Mapa. Localização da faixa de terras do Cinturão Carbonífero do Sul. Essa formação se estende ao longo das seguintes unidades de relevo: a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No Rio Grande do Sul, abarca as áreas próximas às cidades de Bagé, Hulha Negra, São Jerônimo, Charqueadas e Porto Alegre. Em Santa Catarina, abrange as cidades de Criciúma, Siderópolis, Lauro Míler, Taió e Mafra. No Paraná, a faixa avança pelo centro do estado, contornando as cidades de Curitiba e Ponta Grossa. Na parte de baixo, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 130 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em TEIXEIRA, Wilson ponto Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. página 474; í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 175-177.

Grafismo indicando atividade.

Cite dois municípios de Santa Catarina situados no Cinturão Carbonífero.

O carvão mineral extraído de Santa Catarina destina-se principalmente ao mercado nacional, abastecendo as siderúrgicas dos estados de São Paulo e Minas Gerais e do município de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, entre outras. Transportado por ferrovias até os portos de Imbituba e Laguna, em Santa Catarina, segue daí por navios cargueiros até Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em direção àquelas siderúrgicas.

Já o carvão mineral extraído no Rio Grande do Sul e no Paraná não é considerado adequado para a siderurgia, sendo usado pelas usinas termelétricas regionais. No passado, o carvão aí extraído era empregado como combustível para locomotivas a vapor.

A extração do carvão mineral a céu aberto ou em galerias causa danos à paisagem e os entulhos colocados na superfície contaminam as águas com seus sais e ácidos.

Fotografia. Vista do alto de um monte de britas de carvão mineral. Na base do monte, uma esteira usada para o carregamento das britas que serão transportadas. Ao redor, poças de água. Ao fundo, atrás do monte, um trator e caminhões.
Depósito de carvão mineral no município de Siderópolis, Santa Catarina (2021).

A atividade industrial

Dois fatores foram extremamente importantes para a industrialização da Região Sul: a imigração estrangeira e a organização de uma economia voltada para abastecer, de início, o mercado regional.

Muitos dos imigrantes que se dirigiram para o sul, principalmente italianos, alemães, poloneses e ucranianos, tinham conhecimentos técnicos de fabricação de produtos de vários ramos industriais – de vinhos, tecidos, porcelanas, cristais, máquinas, vestuário, móveis, carroças, produtos alimentícios etcétera

Esses grupos iniciaram o processo de fabricação com base no artesanato familiar, em seus próprios domicílios, no fundo do quintal, ou em pequenos barracões e oficinas. Com o passar do tempo, algumas dessas manufaturas transformaram-se em indústrias de grande porte.

A partir da década de 1960, com a maior integração rodoviária das sub-regiões do Sul, e destas com o Sudeste e outras regiões do Brasil, as indústrias sulistas, que antes se limitavam a atender ao mercado regional, passaram também a vender seus produtos para todo o país e para o exterior. Assim, a atividade industrial da Região Sul cresceu de fórma considerável, tornando-a a segunda região mais industrializada do Brasil.

Com o processo de desconcentração industrial em curso no Brasil, empresas de grande porte têm se instalado na Região Sul. Entre elas, merecem destaque as indústrias automobilísticas instaladas em São José dos Pinhais – município da Região Metropolitana de Curitiba – e em Gravataí – município da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Outro fator que impulsionou o desenvolvimento econômico da Região Sul foi a criação do Mercado Comum do Sul, o Mercosúl.

O Mercosúl

Em 1991, representantes dos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, reunidos em Assunção, capital do Paraguai, criaram o Mercosúl: tratado assinado por esses países com o objetivo de eliminar as tarifas alfandegáriasglossário e outros obstáculos que dificultassem as relações comerciais entre eles.

A criação do Mercosúl dinamizou as trocas comerciais entre os países-membros de fórma considerável. Por causa da proximidade com o Uruguai, a Argentina e o Paraguai, a Região Sul foi beneficiada com a criação dessa organização internacional. Tal proximidade facilita o transporte de mercadorias do Sul para os países vizinhos, reduzindo os custos das empresas.

Fotografia. No primeiro plano, vista do alto de parte de uma cidade com prédios, árvores e uma rotatória conectada a uma ponte que atravessa um rio caudaloso. No segundo plano, vista da outra margem do rio, a partir de onde se estende uma vasta área de relevo aplainado.
Ponte Internacional Getúlio Vargas-Agustín Pedro Justo, sobre o Rio Uruguai, que liga Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, a Paso de Los Libres, na Argentina (2019).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Mercosúl – Página Oficial

https://oeds.link/SqLF9g

O site conta com o Estatuto do Mercosúl, além de estatísticas, mapas, notícias e o “Espaço Cidadão” com informações sobre como viajar, estudar, trabalhar e residir nos países do Mercosúl.

Os desafios do Mercosúl em suas políticas de meio ambiente e transporte

https://oeds.link/TI1gTM

Nesse podcast, a geógrafa Tatiana de Souza Leite Garcia fala de seu estudo sobre transporte e meio ambiente no Mercosúl.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 27 e 28

Registre em seu caderno.

  1. Indique pelo menos duas razões que levam o ser humano ou a sociedade a agir de fórma desastrosa na natureza ou no espaço natural.
  2. Por que a cobertura vegetal – florestal, herbácea ou arbustiva – é importante para o equilíbrio do meio ambiente?
  3. Sobre a Campanha Gaúcha, faça o que se pede.
    1. Explique o que ela é.
    2. Os Campos da Campanha Gaúcha vêm apresentando um sério problema ambiental. Aponte esse problema e explique suas prováveis causas.
  4. A exploração do carvão mineral em Santa Catarina é responsável por impactos ambientais. Cite dois exemplos.
  5. Explique o que é o Mercosúl e por que ele influi no desenvolvimento econômico da Região Sul.
  6. Observe o mapa da página 220 e faça o que se pede.
    1. Redija um pequeno texto interpretativo dessa representação.
    2. Qual foi a atividade econômica responsável pelo grande desmatamento da Mata Atlântica no norte do Paraná?
    3. Que atividade econômica foi responsável pela alteração dos Campos do Rio Grande do Sul?
  7. Elabore um mapa da divisão política da Grande Região Sul do Brasil, aplicando papel vegetal sobre o mapa da página 203. Aplique as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala e, depois, cole-o em seu caderno. Com base no que você aprendeu na seção Mochila de ferramentas da Unidade 3, página 127, aplique, sobre o mapa elaborado, desenhos (símbolos pictóricos) que representem aspectos da economia agrícola dessa Região, em 2020, de acordo com o quadro a seguir.
Estados da Região Sul: maiores produtores nacionais (em toneladas) – 2020

Paraná

Centeio, cevada, feijão, trigo.

Santa Catarina

Cebola, pera.

Rio Grande do Sul

Arroz, aveia, maçã, uva.

Fontes: í bê gê É. Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Disponível em: https://oeds.link/Enk8xZ. Acesso em: 10 janeiro 2022.

8. De penas azuis e pretas, a gralha-azul é um pássaro que vive na Mata Atlântica e na Mata dos Pinhais, podendo ser encontrada em florestas dos estados de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Alimenta-se de insetos, de frutos e da semente da araucária, o pinhão. Acredita-se que, entre outras aves, a gralha-azul contribua para a manutenção da Mata dos Pinhais, pois, ao esconder o pinhão na terra como meio de guardar alimentos, favorece o surgimento de novas árvores. Com base nessas informações, responda.

Fotografia. No primeiro plano, um pássaro com penas azuis claro no corpo e o peito, cabeça e extremidade das asas com penugem preta; ele está pousado sobre um telhado. No segundo plano, galhos de árvores.
Gralha-azul, no município de Cambará do Sul, Rio Grande do Sul (2018).
  1. Em quais formações vegetais a gralha-azul vive?
  2. O que acontecerá com a gralha-azul se a mata for extinta?
Versão adaptada acessível

7. Elabore um mapa tátil da Grande Região Sul do Brasil para representar aspectos de sua economia agrícola. Para isso, materiais como cartolina, papel pardo, barbantes e linhas de diferentes espessuras podem ser utilizados para a representação da Grande Região e de sua divisão política. Construa a legenda do mapa utilizando materiais como grãos, sementes e botões. Considere os seguintes dados sobre os maiores produtores nacionais (em toneladas), em 2020. Paraná: centeio, cevada, feijão, trigo; Santa Catariana: cebola, pera; Rio Grande do Sul: arroz, aveia, maçã, uva. Em seguida, aplique sobre o mapa o elemento que representa cada produto agrícola em seu respectivo estado.

  1. A regionalização dos problemas ambientais no Rio Grande do Sul pode ser feita por meio de suas três bacias hidrográficas. Escolha uma delas e apresente ao menos dois desses problemas.
  2. Leia o texto, interprete os mapas e, em seguida, responda às questões.

“Pesquisadores de universidades brasileiras e americanas mediram a variação da expectativa de vida no Brasil entre 2019 e 2020 para avaliar, entre outros, o impacto da pandemia de covíd-19 em seu primeiro ano. reticências

A expectativa de vida ao nascer indica o tempo médio que um bebê nascido em determinado ano sobreviveria, considerando a taxa de mortalidade desse mesmo ano. Entre 2019 e 2020, o estudo estima uma redução de 1,3 ano na expectativa média de vida no Brasil. A diminuição leva o país ao índice mais baixo desde 2014, interrompendo a tendência de aumento da expectativa de vida no país, que ocorre desde 2000.

Fonte: SALES, Gabriela; GOMES, Lucas. Expectativa de vida ao nascer dos brasileiros caiu em 2020. Nexo, 1º julho 2021. Disponível em: https://oeds.link/49MCY2. Acesso em: 16 fevereiro 2022.

Brasil: declínio na expectativa de vida ao nascer em 2020, em relação a 2019, por unidades da federação (em anos)

Mapa. Brasil: declínio na expectativa de vida ao nascer em 2020, em relação a 2019, por unidades da federação (em anos). Mapa das unidades federativas destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco para o mais forte de acordo com as faixas de declínio da expectativa de vida ao nascer em anos, indicadas na legenda. 
Faixa de menos de 0: Rio Grande do Sul.
Faixa de 0 a 1,5: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba. 
Faixa de 1,5 a 2,7: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Roraima, Rondônia, Acre. 
Faixa de 2,7 a 3,5: Distrito Federal, Mato Grosso, Amazonas, Pará, Amapá.  
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 680 quilômetros.

Fonte: SALES, Gabriela; GOMES, Lucas. Expectativa de vida ao nascer dos brasileiros caiu em 2020. néquisso, 1º julho 2021. Disponível em: https://oeds.link/49MCY2. Acesso em: 10 maio 2022.

Brasil: mortes por covíd-19 a cada 100 mil habitantes por unidades da federação – 2020

Mapa. Brasil: mortes por Covid-19 a cada 100 mil
habitantes por unidades da federação – 2020. Mapa das unidades federativas destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco para o mais forte de acordo com as faixas de número de mortes a cada 100 mil habitantes, indicadas na legenda. 
Faixa de menos de 65: Minas Gerais, Maranhão.
Faixa de 65 a 79,9: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia.
Faixa de 80 a 94,9: Acre, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba. 
Faixa de 95 a 119,9: Rondônia, Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco, Alagoas. 
Faixa de 120 ou mais: Amazonas, Roraima, Amapá, Mato Grosso, Ceará, Rio de Janeiro. 
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 610 quilômetros.

Fonte: CASTRO, M. C.; GURZENDA, S.; TURRA, C. M. êti ólReduction in life expectancy in Brazil after Covid-19. Nature Medicine, número 27, página 1629-1635, 29 junho 2021.

  1. Quais unidades da federação apresentaram maior declínio na expectativa de vida ao nascer?
  2. Descreva a situação das unidades da federação da Região Sul em relação ao declínio na expectativa de vida ao nascer em 2020 em relação a 2019, e mortes por covíd-19, em 2020.
  1. Como a Região Sul é representada nos meios de comunicação? Pesquise cinco reportagens sobre essa região, com fotos, e responda.
    1. Qual é o tema de cada reportagem? Escreva o título, o autor e o veículo de comunicação de cada uma delas.
    2. Que características da Grande Região as fotos retratam? Exemplos: atividades econômicas, aspectos naturais, urbanos, rurais, problemas ambientais etcétera
    3. O conjunto de textos e imagens representa a diversidade da Região Sul? Explique.
    4. De maneira geral, que aspectos da Região Sul poderiam ser abordados pelos meios de comunicação para valorizar a sua diversidade?

Glossário

Ilhéu açoriano
Originário das Ilhas dos Açores, arquipélago português situado a latitude norte e longitude oeste, no Oceano Atlântico.
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Caudaloso
Que apresenta grande fluxo de água.
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Poço artesiano
Perfuração tubular profunda e perpendicular ao solo para fins de extração de água de um aquífero que, ao atingi-lo, escoa a água com pressão suficiente para que ela suba e jorre à superfície.
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Fluxo de base
Fluxo de água alimentado por nascente.
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Explotado
De que foi tirado proveito econômico.
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Redução jesuítica
Povoação na qual os jesuítas reuniam os indígenas, no século dezessete, para assegurar influência duradoura na sua evangelização, com o intuito de convertê-los ao cristianismo.
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Charqueada
Estabelecimento onde se faz o charque – carne bovina salgada, sêca ao sol e cortada em mantas, que pode ser conservada durante um longo período.
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Tropeiro
Condutor de tropas de animais.
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Agrossilvipastoril
Relativo à agricultura, à cultura de árvores florestais e à criação de gado.
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Efluente
Resíduo ou rejeito que sai de esgotos sanitários domésticos ou que é despejado pelas atividades industriais e agroindustriais em cursos de água.
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Banhado
Área permanente ou temporariamente alagada.
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Curtume
Estabelecimento onde o couro é curtido (colocado de molho em produto químico para conter sua deterioração e amaciá-lo).
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Lanifício
Fábrica que produz fios ou tecidos de lã.
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Tarifa alfandegária
Conjunto de impostos ou tributos aplicado nas importações e exportações de mercadorias.
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