UNIDADE 7 REGIÃO SUL
Nesta Unidade, conheceremos as características do meio natural e o processo de construção de espaços geográficos na Região Sul.
Vamos conhecer, também, alguns impactos ambientais decorrentes do processo de construção e reconstrução espacial, finalizando com aspectos populacionais e da economia dessa região.
A Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé é uma Unidade de Conservação de uso sustentável criada em 20 de maio de 1992, em uma região do litoral do estado de Santa Catarina, pleiteada pelos pescadores artesanais da região com o intuito de proteger manguezais e áreas marítimas de seus .1712 hectares.
Foi a primeira reserva extrativista marinha criada no Brasil. Sua exploração é autossustentável, e o principal recurso explorado na reserva é o berbigão, um pequeno molusco extraído nos bancos arenosos e lamosos da Baía Sul.
Atualmente, essa reserva encontra-se ameaçada em razão do processo de urbanização, do desmatamento do ecossistema costeiro, da pesca desordenada e do despejo de rejeitos e esgoto.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- O que você sabe sobre as reservas extrativistas?
- O que é uma exploração autossustentável?
- Qual é a importância da delimitação da reserva para os pescadores artesanais do Pirajubaé?
- No município onde você reside ou em seu entorno, há reserva extrativista ou reservas extrativistas? Que riscos ambientais ?
PERCURSO 25 REGIÃO SUL: O MEIO NATURAL
1. Apresentação
Das regiões do Brasil, a Região Sul é a que apresenta menor área territorial e é a segunda em densidade demográfica, com aproximadamente 52,7 habitantes por quilômetro quadrado. Segundo estimativas de 1º de julho de 2021, seus estados somavam ..30402587 habitantes, distribuídos por .576736 quilômetros quadrados.
Até meados do século , a região revelava um povoamento luso-brasileiro escasso e bastante disperso. A partir da segunda metade do século dezoito , a região passou a receber fluxos imigratórios, principalmente de dezenove ilhéus açorianosglossário , italianos, alemães e poloneses, que contribuíram para seu povoamento e desenvolvimento econômico.
Região Sul: político e vias de circulação
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 155.
A Região Sul do Brasil faz fronteira com quais países?
QUEM LÊ VIAJA MAIS
MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.
Região Sul. São Paulo: Harbra, 2009. ( Coleção Expedição Brasil).
Apresenta uma visão ampla da Região Sul, abordando aspectos físicos, históricos, populacionais, culturais, entre outros, em uma linguagem acessível.
2. Aspectos do meio natural
A Região Sul conta com grande diversidade paisagística. A seguir, conheceremos as características de seu quadro natural.
• Relevo e vegetação
As terras altas (de maiores altitudes) da Região Sul são encontradas nas porções norte e nordeste do Rio Grande do Sul e se prolongam para os estados de Santa Catarina e Paraná (observe o mapa). Formam diversas serras, entre elas a Serra do Mar e a Serra Geral, onde as massas de ar úmidas, vindas do oceano, provocam chuvas orográficas ao encontrar suas encostas.
Região Sul: físico
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 154.
Qual estado da Região Sul apresenta a maior extensão de terras baixas entre 0 e 100 metros?
Nessas serras e em outras da região, há remanescentes da Mata Atlântica e da Mata dos Pinhais, como estudaremos no Percurso 27.
É na Serra Geral, no estado de Santa Catarina, que se localiza São Joaquim, a .1354 metros de altitude. Esse município é um dos mais frios do país. Por causa de sua altitude elevada e por estar sujeito às incursões da massa Polar atlântica, fria, já registrou temperatura de 10 graus Célsius e queda de neve no inverno.
As terras baixas são encontradas ao longo do litoral, onde formam planícies litorâneas ou costeiras. Nelas estão situadas importantes cidades turísticas, como Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Na porção centro-sul do Rio Grande do Sul, as terras baixas acompanham os vales dos rios Ibicuí, Santa Maria, Jacuí, Sinos e do Lago Guaíba, onde formam planícies fluviais. A cidade de Porto Alegre está situada na margem esquerda do Lago Guaíba, próximo à foz do Rio Jacuí (foto A).
É nessas terras de baixas altitudes do Rio Grande do Sul que se encontram os Campos, vegetação com predominância de gramíneas, dominando o sul e o sudeste do estado. Essa formação varia conforme as características de solo e clima.
A área campestre mais típica é a do sudoeste do Rio Grande do Sul, conhecida como Campanha Gaúcha ou Pampa, que se prolonga para o território do Uruguai e da Argentina. Seu relevo é geralmente plano, entrecortado por pequenos e baixos morros (cerros). Observe a foto B.
No século dezessete, iniciou-se nos Campos a criação de bovinos e equinos e, posteriormente, a de ovinos, aproveitando as condições naturais favoráveis da região.
As unidades de relevo
O mapa mostra as unidades do relevo da Região Sul:
- os planaltos da porção leste, que fazem parte dos Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, representados pela Serra Geral e pela Serra do Mar;
- em direção a oeste, o relevo perde altitude, dando lugar à Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná;
- ultrapassada a depressão, surgem outras grandes áreas de planalto até o vale do Rio Paraná e em direção sul – são os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.
Observe, no mapa, as outras unidades do relevo dessa região.
Região Sul: relevo
Fontes: Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 53; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 116.
Quais unidades do relevo da Região Sul não foram citadas no texto?
As lagoas costeiras
Nas bordas litorâneas do Rio Grande do Sul surgem três grandes lagoas costeiras parcialmente separadas do mar por extensos cordões litorâneos – as restingas. A Lagoa dos Patos (foto), com cêrca de .10000 quilômetros quadrados, alimentada pelas águas do Lago Guaíba e dos rios Jacuí e Caí; e a Lagoa Mirim, com aproximadamente .4000 quilômetros quadrados, onde deságua o Rio Jaguarão, são ligadas pelo Canal de São Gonçalo. A Lagoa Mangueira, de área menor, encontra-se entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico. Localize-as no mapa.
• Clima
Observe no mapa que o Trópico de Capricórnio atravessa a porção norte do estado do Paraná. Assim, a maior parte da Região Sul está localizada na zona temperada; isso significa que, por causa da esfericidade da Terra, os raios solares incidem menos inclinados em relação à superfície da Terra que na zona tropical.
A massa de ar Polar atlântica
A região está submetida a uma ação mais intensa da massa de ar Polar atlântica, originada no extremo sul do continente americano. Os ramos de entrada dessa massa de ar, ao se deslocarem na direção norte, passam pela Argentina e pelo Uruguai, onde provocam invernos frios. Ao chegarem à Região Sul do Brasil, seguem pelas áreas de menores altitudes: um de seus ramos avança pelo litoral, pelas planícies litorâneas, e o outro avança sobre o território do Brasil pelo interior (observe o mapa).
Deslocamento da massa de ar Polar atlântica
Fonte: manhóli, Demétrio; arbéquis José; OLIC, Nelson Bacic. Conhecendo o Brasil: Região Sul. São Paulo: Moderna, 1996. página 10.
Após atingir a Região Sul, que outra região do Brasil representada no mapa é alcançada pela massa Polar atlântica?
No outono e no inverno, essa massa de ar atua com maior intensidade. fórma as denominadas frentes frias, que provocam quedas de temperatura e invernos mais rigorosos no Sul.
O clima subtropical
Como estudamos, a maior porção do território da Região Sul localiza-se na zona temperada, ao sul do Trópico de Capricórnio. Essa região é dominada pelo clima subtropical. De modo geral, esse tipo de clima se caracteriza por temperaturas médias anuais entre graus Célsius e graus Célsius. Entretanto, no extremo sul do Rio Grande do Sul, as médias térmicas anuais são inferiores a graus Célsius.
Quanto à precipitação total anual, há variação entre .1500 e .2000 milímetros, sendo bem distribuída no decorrer do ano, o que favorece a prática da agricultura e da pecuária. Observe o climograma de Porto Alegre, onde o clima é subtropical úmido.
Porto Alegre climograma
Fontes: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 179; í bê gê É ponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-7.
Identifique os meses com temperaturas mais frias e comente a distribuição de chuvas ao longo do ano em Porto Alegre.
• Hidrografia
A Região Sul conta com rios caudalososglossário e extensos que correm em áreas planálticas e apresentam quedas-d’água aproveitadas para a produção de energia elétrica. É o caso do Rio Paranapanema, na divisa de São Paulo e Paraná; do Rio Paraná, na divisa dos estados do Paraná e de Mato Grosso do Sul, que corre na fronteira do estado do Paraná com o Paraguai; do Rio Iguaçu, que separa, em parte, os estados do Paraná e de Santa Catarina. É nesse rio que se encontram as famosas Cataratas do Iguaçu, na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, trecho em que sua largura é reduzida de .4000 metros para 100 metros. Localize, no mapa da página 204, os rios citados acima.
Em todos esses rios foram construídas usinas hidrelétricas a fim de garantir a produção de energia para a região. Entre as usinas, destaca-se a Itaipu Binacional, uma das maiores do mundo, localizada no Rio Paraná, na fronteira com o Paraguai, construída em associação com esse país fronteiriço.
Destaca-se também o Rio Uruguai, que nasce na Serra Geral com o nome de Rio Pelotas e, após receber as águas do Rio Canoas, passa a ser denominado Rio Uruguai. Esse rio faz a divisa entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e determina a fronteira deste estado com a Argentina.
O Aquífero Guarani
Além das águas superficiais, nessa região se localiza parte de um dos maiores reservatórios de águas subterrâneas do mundo: o Aquífero Guarani. Esse nome é uma homenagem da comunidade científica aos povos que habitavam a região do aquífero. Atualmente, sua denominação é Sistema Aquífero Guarani.
Como podemos observar no mapa, parte dele se localiza também nos territórios da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. Em 2010, para ampliar a cooperação para um maior conhecimento científico e a gestão responsável de seus recursos hídricos, baseando-se em “critérios de uso racional e sustentável”, o Brasil e esses três países assinaram o Acordo sobre o Sistema Aquífero Guarani.
Ratificado em 2017 pelo Congresso Nacional do Brasil, o acordo estabelece uma série de normas para o desenvolvimento de ações de conservação e aproveitamento sustentável dos recursos hídricos do Sistema Aquífero Guarani, respeitando o domínio territorial de cada país sobre as porções desse aquífero.
O Brasil abriga cêrca de do Aquífero Guarani. A água armazenada nos poros das rochas sedimentares abastece muitos municípios por meio de poços artesianosglossário .
Aquífero Guarani
Fonte: Organization of American States (OAS). Guarani Aquifer: strategic action program. Acuífero Guaraní: programa estatégico de acción. Bilingual edition: Brazil; Argentina; Paraguay; Uruguay: Organization of American States (OAS), janeiro 2009. página 97.
Além dos três estados da Região Sul, que outros estados do Brasil têm parte do Aquífero Guarani em seu subsolo?
Cruzando saberes
Aquífero Guarani
Água é vida. O século vinte e um é o século em que devemos nos preocupar com sua escassez. A água é uma questão socioambiental de suma importância, pois, de muitas reservas hídricas superficiais e subterrâneas, extrai-se um volume de água maior do que o que é reposto pela natureza.
O volume de água armazenada no subsolo é muito maior do que o das águas de rios e lagos, mas seu período de renovação é mais prolongado. No ciclo hidrológico, a função natural da água subterrânea é a de alimentar o fluxo de baseglossário dos rios. Há, portanto, uma íntima relação entre as águas de superfície e as águas subterrâneas.
Os terrenos ou formações geológicas que armazenam as águas subterrâneas são chamados aquíferos. Há duas matrizes de terrenos: os aquíferos granulares ou sedimentares, onde a água circula entre os poros, como se fosse uma esponja; e os aquíferos fraturados, geralmente rochas duras onde a água circula por fendas, fissuras, fraturas. Os terrenos granulares, arenosos, contêm maior potencial de água.
Os recursos hídricos subterrâneos são largamente explotadosglossário em todo o território, principalmente no abastecimento público, por poços tubulares. Centenas de cidades, pequenas e médias, são inteiramente abastecidas por água subterrânea.
A bacia sedimentar do Paraná abriga o maior manancial de água subterrânea do mundo, denominado Aquífero Guarani. Ele se estende pelos territórios do Brasil (.840000 quilômetros quadrados), Uruguai (.58500 quilômetros quadrados), Argentina (.355000 quilômetros quadrados) e Paraguai (.58500 quilômetros quadrados) – uma área equivalente à dos territórios da Inglaterra, França e Espanha, juntos.
Os recursos hídricos são em geral de excelente qualidade e prestam-se para todos os fins em quase toda a área. Atualmente, a maior parte da água extraída é utilizada no abastecimento público de centenas de cidades de médio e grande porte, por meio de poços de profundidade variada.
ROCHA, Gerôncio Albuquerque. Um copo São Leopoldo Unisinos, 2002. página 25 e 27.
Fonte: MACHADO, José Luiz Flores. A redescoberta do Aquífero Guarani. Scientific American Brasil, Reportagem. Disponível em: https://oeds.link/w6opgn. Acesso em: 9 fevereiro 2022.
Nota: Ilustração artística para fins didáticos.
Interprete
1. O Aquífero Guarani localiza-se apenas no território brasileiro ou se estende por outros países?
Argumente
2. Por que o Aquífero Guarani contribui para a prática da agricultura?
Contextualize
3. Qual é sua atitude e a de seus familiares em relação ao consumo de água? O que vocês fazem para evitar o desperdício?
PERCURSO 26 REGIÃO SUL: A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS GEOGRÁFICOS
1. Ocupação europeia da Região Sul
Durante todo o século , dezesseis Portugal demonstrou pouco interesse pelas terras que hoje correspondem à Região Sul. Várias expedições de outros países visitaram-na em busca, principalmente, de pau-brasil, sem, contudo, estabelecer núcleos permanentes de povoamento.
• As reduções jesuíticas e o bandeirismo
O povoamento europeu do Sul iniciou-se no século , em virtude de iniciativas como a implantação de dezessete reduções jesuíticasglossário por padres espanhóis, nas terras que hoje pertencem ao Rio Grande do Sul e ao Paraná (observe o mapa), onde catequizavam os indígenas e praticavam a agricultura e a pecuária bovina.
As reduções, também chamadas missões, foram sistematicamente invadidas por bandeirantes paulistas, que se dedicavam ao apresamento de indígenas com o objetivo de escravizá-los. Apesar disso, contribuíram para a formação de cidades localizadas no atual estado do Rio Grande do Sul, como Santo Ângelo, São Borja, São Luiz Gonzaga, São Nicolau e São Miguel das Missões (foto na página seguinte).
As bandeiras que partiram de São Vicente São Paulo e da Vila de São Paulo, em busca de ouro e do apresamento de indígenas, encontraram o metal precioso onde hoje ficam as cidades de Paranaguá, no litoral, e de Curitiba (observe a gravura na página seguinte), ambas no Paraná.
Região Sul: reduções jesuíticas – séculos dezessete e dezoito
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de ponto Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 24 e 30.
Nota: As divisas dos estados foram traçadas para facilitar o reconhecimento da área representada. Na época das reduções jesuíticas, esses territórios estavam em disputa entre portugueses e espanhóis.
No entanto, por falta de conhecimentos técnicos, essa exploração foi de curta duração, levando a população dessas localidades a se dedicar à agricultura e à criação de gado bovino, com o objetivo de abastecer a região das Minas Gerais.
Quanto às terras que hoje pertencem a Santa Catarina, continuaram pouco povoadas por portugueses e luso-brasileiros na primeira metade do século A primeira povoação estável foi fundada no litoral em 1658, com o nome de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, atual São Francisco do Sul. Em seguida, em 1675, a Ilha de Santa Catarina foi povoada com a fundação da Vila de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis. E, em 1676, foi fundada Laguna (localize-a no mapa da página 203).
• Açorianos
O maior povoamento da Região Sul teve início com a chegada de ilhéus açorianos. Em 1742, casais vindos dos Açores fundaram a Vila do Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, e se fixaram no vale de vários rios, como o Gravataí, o Sinos e o Jacuí, onde deram origem a diversas cidades.
Em Santa Catarina, entre 1748 e 1756, desembarcaram cêrca de 5 mil açorianos, iniciando o povoamento de trechos do litoral e da Vila de Nossa Senhora do Desterro, que deu origem à cidade de Florianópolis.
• A articulação do Sul com as Minas Gerais
No final do século dezessete e início do século , dezoito a necessidade de couro e de carne para a região mineradora das Minas Gerais incentivou o deslocamento de paulistas para os campos do Sul em busca de gado. Inicialmente, o objetivo foi aproveitar o rebanho bravio, disperso na área, resultante da destruição das missões. Posteriormente, em decorrência do crescimento populacional da região da mineração, o fornecimento de gado por meio da caça tornou-se insuficiente. Iniciou-se, então, a formação de estâncias na vegetação nativa dos Campos.
Isso ocorreu inicialmente no litoral, em Rio Grande e Pelotas, e depois avançou para o interior, pela região de Bagé, o que estimulou a instalação de charqueadasglossário nessa região (localize-as no mapa da página 203).
A mão de obra para a expansão da criação de gado no Rio Grande do Sul contou com a participação de africanos escravizados e açorianos. Com indígenas e espanhóis, esses grupos deram origem à cultura gaúcha. Deve-se em grande parte a eles a manutenção das fronteiras do Brasil com o Uruguai e a Argentina.
• As tropas e a produção de espaços geográficos
Para escoar o charque e o couro para os mercados compradores, entre eles a região das Minas, os tropeirosglossário deslocavam-se por grandes distâncias, do sul para o norte, transportando suas mercadorias em lombos de mulas e burros. Ao longo do trajeto, paravam para descansar, pernoitar e tratar dos animais.
Alguns pousos dos tropeiros e caminhos de gado deram origem a cidades como: Osório, São Gabriel, Vacaria e Viamão, no Rio Grande do Sul; São Joaquim, Mafra, Porto União, em Santa Catarina; Castro e Lapa, no Paraná (localize essas cidades no mapa da página seguinte).
O relevo mais plano das depressões facilitou os deslocamentos sul-norte dos tropeiros, que chegavam a durar três meses.
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná e Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense
Fontes: organização. Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 53; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 120 e 161.
As cidades de Castro e Mafra localizam-se em qual unidade do relevo da Região Sul?
• A imigração e a produção de espaços no Sul
O século dezenove marca um novo período da ocupação das terras e de produção de espaços na Região Sul. Além da maior ocupação do litoral, o povoamento do interior intensificou-se com a imigração europeia, o que acentuou a apropriação das terras indígenas.
Após a vinda do príncipe dona João para o Brasil, em 1808, a Coroa portuguesa tomou várias providências para povoar mais o sul da colônia. Para atrair imigrantes, dona João assinou um decreto permitindo que estrangeiros se tornassem proprietários de terras no Brasil, custeou as despesas de transporte para os imigrantes, disponibilizou empréstimos para a compra de instrumentos agrícolas e de animais de transporte, além de oferecer outras facilidades.
Como o clima da porção sul do Brasil não era adequado para a produção de gêneros tropicais, como a cana-de-açúcar, estabeleceu-se na região uma agricultura em pequenos lotes de terra. Isso deu origem, na região, à pequena propriedade rural, diferentemente do ocorrido com a cultura da cana-de-açúcar no Nordeste, com a cafeicultura no Sudeste e com a pecuária nos campos do Rio Grande do Sul, que se estabeleceram em grandes propriedades, os latifúndios.
Conheça, agora, os principais fluxos imigratórios que se dirigiram para a Região Sul.
PAUSA PARA O CINEMA
Legado italiano.
Direção: Marcia Monteiro Brasil: Camisa Listrada/ Globo Filmes, News, 2020. Duração: 84 minutos.
O documentário retrata o fluxo migratório de italianos para o Brasil e o legado da imigração italiana nos diversos segmentos sociais, econômicos e culturais do estado do Rio Grande do Sul.
NAVEGAR É PRECISO
Portal Amigos da Tradição
https://oeds.link/on9qOc
Este site apresenta elementos da cultura gaúcha, como o vocabulário, suas lendas e mitos e as características da alimentação regional, relacionadas à vida no campo e à pecuária.
Portugueses açorianos
Aproveitando as vantagens oferecidas em 1808, a corrente de colonos portugueses, vindos principalmente das Ilhas dos Açores, intensificou-se. Deu-se preferência aos imigrantes que formassem grupos familiares, o que constituiu exceção na história da ocupação da colônia até aquele momento. As .1500 famílias de açorianos que imigraram para o Brasil nesse período fixaram-se no litoral do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, dedicando-se principalmente à pesca e à agricultura de subsistência.
Alemães
Os imigrantes alemães deram importante contribuição à ocupação do sul do Brasil: em 1824, dona Pedro primeiro iniciou a imigração alemã para o Rio Grande do Sul, em São Leopoldo, nas mesmas bases da imigração açoriana; em 1827, 600 imigrantes alemães fixaram-se em Rio Negro, no Paraná; em 1850, famílias alemãs fundaram Blumenau, em Santa Catarina, hoje importante centro industrial e comercial; em 1851, foi fundada a colônia de Dona Francisca, em Santa Catarina, que deu origem à cidade de Joinville, hoje também importante centro comercial e industrial (localize essas cidades no mapa da página 203).
Além desses núcleos urbanos, os alemães fundaram muitos outros no sul do Brasil. Muitos deles tornaram-se importantes cidades, como é o caso de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Italianos, poloneses e ucranianos
No Rio Grande do Sul, os imigrantes italianos dedicaram-se principalmente à cultura da uva (vinicultura) e à sua industrialização. Muitos de seus núcleos iniciais transformaram-se em cidades importantes, como Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul.
PAUSA PARA O CINEMA
Viver no Brasil falando Hunsrückisch.
Direção: Gabriel Chimíti e Ana vinquelman Brasil: Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração/ 2018. Duração: 37 minutos.
Depois de quase dois séculos de imigração alemã, o Hunsrückisch é um dialeto alemão falado por mais de 1 milhão de pessoas no Brasil. O documentário retrata o cotidiano, a cultura e os problemas enfrentados pelos falantes dessa língua nos estados da Região Sul do país.
Em Santa Catarina, os italianos dedicaram-se a uma agricultura variada e também fundaram importantes cidades, como Nova Trento, Urussanga e Nova Veneza.
A partir de 1878, houve a imigração de poloneses e ucranianos para a região, que se fixaram em Curitiba e nas proximidades de Ponta Grossa, Castro, Lapa e Ivaí, no Paraná.
Todos esses imigrantes dedicaram-se à agricultura e à pecuária. Com o tempo, houve diversificação da atividade econômica. O artesanato doméstico, por exemplo, deu origem a indústrias de grande porte voltadas, por exemplo, para a tecelagem, a confecção de roupas e a produção de cristais, motores elétricos, tintas etcétera
Japoneses
A partir de 1908, iniciou-se a chegada de imigrantes japoneses ao Brasil, que se dedicaram, principalmente, à cafeicultura no Sudeste. Posteriormente, com a expansão do café para o norte do Paraná, por volta de 1930, imigrantes japoneses deslocaram-se para a região, fixando-se nos municípios de Londrina e Maringá. Também no norte do Paraná fundaram as cidades de Uraí e Assaí.
• A atual organização do espaço na Região Sul
Como em todas as demais regiões do Brasil, a organização espacial (obseve o mapa) e a construção do espaço geográfico na Região Sul são resultado da atuação histórica da sociedade sobre o meio natural.
Região Sul: organização do espaço
Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 151; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 147; í bê gê É ponto Regiões de influência das cidades 2018. í bê gê É Rio de Janeiro, 2020. página 12; í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 134.
As áreas mais urbanizadas e industrializadas da Região Sul do Brasil se encontram entre quais municípios?
QUEM LÊ VIAJA MAIS
TOLEDO, Edilene; CANO, Jefferson.
Imigrantes no Brasil do século dezenove. São Paulo: Atual, 2003.
Ao discorrerem sobre a imigração para o Brasil, os autores dão especial atenção à Região Sul.
Atividades dos percursos 25 e 26
Registre em seu caderno.
- Por que na Região Sul predomina o clima subtropical? Explique e caracterize-o.
- Apesar de distantes geograficamente, Rio Grande do Sul e Minas Gerais se articularam economicamente no final do século dezessete e início do dezoito. Com base nisso, responda às questões.
- Que atividades econômicas estimularam a articulação entre os dois estados?
- Por que o tropeiro era peça fundamental nessa articulação?
- Por qual unidade do relevo se deu a articulação do Sul com Minas Gerais? Por que nessa área o deslocamento era facilitado?
- Aponte a relação entre o clima da Região Sul e o surgimento da pequena propriedade rural.
- Enquanto a imigração alemã dirigiu-se principalmente para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para que estado da Região Sul se dirigiu a imigração japonesa?
- Observe o mapa da página 216, sobre a atual organização do espaço geográfico da Região Sul, e faça o que se pede.
- Identifique as metrópoles.
- As metrópoles exercem maior ou menor influência em relação aos centros regionais dos estados da Região Sul?
- Compare estes mapas com o mapa da página 204 e responda às questões.
Rio Grande do Sul: médias de temperaturas no verão e no inverno
Fonte dos mapas: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/A6UaYz. Acesso em: 10 fevereiro 2022.
- As porções do território com maiores temperaturas durante o verão localizam-se em terras altas ou baixas?
- As baixas temperaturas registradas durante o inverno no Rio Grande do Sul estão associadas ao relevo da região? Explique.
- Calcule a amplitude térmica anual no vale do Rio Jacuí, com base nas temperaturas médias no verão e no inverno.
7. Perfil longitudinal de um rio é a representação gráfica de sua inclinação ao longo de seu curso, desde a nascente até a foz. Observe o perfil longitudinal do Rio Iguaçu e responda às questões.
Perfil longitudinal do Rio Iguaçu
Fonte: í bê gê É ponto Geografia do Brasil: Região Sul. Rio de Janeiro: í bê gê É 1997. volume 5, página 115.
- Indique a extensão, a altitude da nascente e a altitude da foz do Rio Iguaçu com valores aproximados.
- Localize no mapa da página 204 o Rio Iguaçu e, observando o mapa da página 206, aponte por quais unidades de relevo ele corre.
- Qual é a queda mais acentuada do Rio Iguaçu?
8. Leia o texto, observe a foto e faça o que se pede.
“Foi o contato reticências do tropeiro de Sorocaba São Paulo, dos Campos Gerais Paraná e do Rio Grande do Sul que conseguiu aproximar os gaúchos do resto do Brasil, impedindo que os mesmos se tornassem castelhanos. reticênciasO território gaúcho, situado numa região onde as fronteiras entre a colônia lusa e as terras castelhanas eram indecisas, sofria grande influência espanhola
vachóvitch, rui cristóvam História do Paraná. sexta edição Curitiba: Gráfica Vicentina, 1988. página 105-106.
- De acordo com o texto, o que foi fundamental para a integração da Região Sul com o Sudeste e as demais regiões do país?
- À miscigenação de quais povos se refere o termo “gaúcho”?
- De que modo as características do relevo favoreceram o surgimento do município de Lapa, no Paraná?
PERCURSO 27 REGIÃO SUL: PROBLEMAS AMBIENTAIS
1. A produção de espaços geográficos e a natureza
No processo histórico-geográfico de produção de espaços, as transformações do espaço natural em espaço geográfico pelas sociedades humanas têm deixado saldos negativos na natureza e na sociedade.
Sabemos que, para a construção de espaços geográficos, são necessárias intervenções humanas no meio natural. No entanto, o que é questionável é se existe a necessidade de ocorrer intervenções profundas a ponto de prejudicar o solo, a vegetação nativa, a atmosfera, os cursos de água e o equilíbrio ecológico.
Essas atitudes prejudiciais ao meio ambiente são resultado, entre outros fatores, do desconhecimento da necessidade de preservar o equilíbrio ecológico. Daí a importância da criação de uma consciência ecológica por parte de toda a sociedade. Outro fator significativo é o desejo de ganhar muito dinheiro sem se importar com a natureza, entendendo-a apenas como fonte de lucro e não como fonte de vida.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
RODRIGUES, Rosicler Martins.
O mundo das plantas. terceira edição São Paulo: Moderna, 2013.
Livro que explica ao leitor vários aspectos das plantas (como se reproduzem, como crescem etcétera) e suas relações com o clima, despertando o interesse e o respeito pela natureza.
2. Região Sul: desmatamento
A cobertura vegetal é importante para o equilíbrio ecológico, pois protege a nascente dos rios, regula o clima e os mananciais que abastecem as cidades, influi na fertilidade do solo e o protege da erosão, cria beleza paisagística e é fonte de vida para as comunidades que dela dependem diretamente, como é o caso dos indígenas, dos caiçaras e dos ribeirinhos.
• Mata Atlântica
Assim como no Nordeste e no Sudeste, a Mata Atlântica da Região Sul foi intensamente desmatada com a marcha do povoamento. As áreas não desmatadas ocupam trechos de difícil acesso da Serra do Mar e da Serra Geral, além de trechos do vale do Rio Ribeira de Iguape, entre os estados do Paraná e de São Paulo – o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica do país.
Entretanto, apesar da fiscalização do ibâma, o desmatamento continua ocorrendo (observe o mapa). São desmatamentos de áreas menores, não detectados nas imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( ínpi). Mas eles ocorrem e criam uma fragmentação florestal que dificulta a sobrevivência de vegetais e animais da região.
Uma das causas atuais do desmatamento da Mata Atlântica na Região Sul é a substituição dessa vegetação nativa pela silvicultura de pínus, usado como matéria-prima na indústria de papel e celulose.
Região Sul: vegetação nativa e devastação
Fontes: elaborado com base em CONTI, José Bueno; FURLAN, Sueli Angelo. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: . organização. Geografia do Brasil. sexta edição São Paulo: êduspi, 2011. página 204; í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 100.
NAVEGAR É PRECISO
Rede de ônguis da Mata Atlântica
https://oeds.link/tcQsfl
Nesse portal pode-se conhecer melhor a distribuição da Mata Atlântica por todo o Brasil e os desafios para sua preservação, por meio de mapas, notícias e outros materiais disponíveis na rede.
• A Mata de Araucárias
A Mata de Araucárias ou dos Pinhais cobria uma vasta extensão de terras – cêrca de .185000 quilômetros quadrados –, estendendo-se desde as terras altas do sul do estado de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, prolongando-se, ainda, pelo extremo nordeste da Argentina. Não era uma floresta homogênea; abrigava muitas outras espécies vegetais, como angico, tamboril, imbuia, cedro, gameleira, canela etcétera
No processo de produção de espaços geográficos da Região Sul, essa floresta foi amplamente desmatada, a exemplo do que ocorreu com a Mata Atlântica. De início, a extração da madeira do pinheiro, o pinho, atendia ao mercado interno. Por oferecer madeira mole, ideal para a construção de casas, para a fabricação de móveis e para a confecção de tábuas, essa floresta passou a ser explorada de modo intenso. Posteriormente, com o fluxo imigratório alemão, italiano e polonês, muitas de suas áreas foram desmatadas para ceder lugar à prática da agricultura.
O grande desmatamento da Mata dos Pinhais ocorreu entre 1915 e 1960 (fotos A e B), pois, nesse período, tornou-se grande a procura por madeira mole no mercado internacional. Por falta de fiscalização governamental, serrarias clandestinas se espalharam na Região Sul, promovendo intensa destruição florestal.
Após 150 anos de intervenção humana, restaram apenas 5% dessa mata. O que sobrou foi transformado em áreas de preservação ambiental sob os cuidados dos estados e do governo federal (foto C).
Especialistas mostram que esse ecossistema está quase extinto. Roedores, aves e insetos que se alimentavam do pinhão, ou que aí encontravam o seu hábitat, morreram ou estão ameaçados de extinção.
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Transcrição do áudio
[LOCUTORA - título]: A devastação da Mata de Araucárias
[Locutora]: A Mata de Araucárias, ou dos Pinhais, nativa do Sul do Brasil, está ameaçada de extinção.
[Locutora]: Estima-se que, entre 1930 e 1990, aproximadamente 100 milhões de pinheiros tenham sido derrubados.
[Locutora]: Atualmente, menos de 1% da floresta guarda áreas pouco exploradas.
[Locutora]: A Mata de Araucárias pertence ao bioma de Mata Atlântica e apresenta um ecossistema bastante rico, que abriga espécies raras e únicas, o que aumenta a necessidade de ações para a sua preservação. Ela é encontrada nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e em alguns pontos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
[Locutora]: O desmatamento da Mata de Araucárias começou no século XIX, com a chegada de imigrantes europeus à Região Sul.
[Locutora]: Nas primeiras décadas do século XX, a devastação se intensificou. Os colonos derrubaram árvores para abrir espaço para a agricultura e utilizaram a madeira para a produção de lenha e a construção de casas e móveis.
[Locutora]: Assim como ocorreu com outras formações vegetais brasileiras, o desmatamento da Mata de Araucárias esteve associado à expansão de atividades econômicas pelo território, processo que se mantém até os dias de hoje.
[Locutora]: Além da ação humana, a fragmentação do ecossistema que forma a Mata dos Pinhais ocasiona a diminuição da diversidade biológica, o enfraquecimento das araucárias e, consequentemente, amplia as possibilidades de extinção, já que a troca de material genético entre indivíduos de diferentes populações é reduzida.
[Locutora]: Outro fator que interfere na conservação das araucárias envolve a legislação ambiental vigente. Segundo ela, agricultores que possuem pinheiros em suas propriedades não podem cortá-los.
[Locutora]: Por causa disso, muitos desses agricultores arrancam as mudas das araucárias antes que elas cresçam e ocupem um espaço que poderia ser destinado à plantação, à pecuária, à construção, entre outros usos.
[Locutora]: Como consequência, o número de exemplares de araucária diminui e há menor dispersão das sementes pelos animais, o que representa mais um fator que compromete a variabilidade genética da espécie e enfraquece o ecossistema.
[Locutora]: Para os órgãos ambientais, a legislação, além de proibir o corte indiscriminado da espécie, deveria estimular o plantio de novas árvores e seu manejo sustentável, gerando valor para os produtores e incentivando o reflorestamento.
[Locutora]: Ainda que isso ocorra, a situação da Mata de Araucárias é bastante crítica, sendo a exploração ilegal da madeira e a conversão da floresta em áreas agropecuárias os grandes entraves relacionados à conservação de sua fauna e flora.
Cruzando saberes
Os faxinais e a preservação
Os faxinais são sistemas originais de produção agrossilvipastorilglossário . No Brasil, eles são legalmente reconhecidos como comunidades tradicionais. Surgiram há pouco mais de 100 anos, com a chegada dos imigrantes europeus à Região Sul, especialmente ao Paraná.
Embora contribuam para preservar a Mata de Araucária, atualmente os faxinais correm risco de extinção. Observe como funciona o sistema faxinal.
Fonte: elaborado com base em COUTO, Clarice. Terra em transe. Globo Rural, edição 299, setembro 2010. Disponível em: https://oeds.link/JZqymU. Acesso em: 6 maio 2022.
Interprete
1. Por que é possível afirmar que as atividades em um faxinal contribuem para a preservação da vegetação?
Argumente
2. A união de famílias em uma área comum foi uma das maneiras encontradas pelos imigrantes na Região Sul para promover seu desenvolvimento. Como isso ocorre nos faxinais?
3. Principais problemas ambientais
Na Região Sul, o estado do Paraná foi o que perdeu maior parte de sua vegetação nativa com a devastação da Mata Atlântica e da Mata dos Pinhais. A ação humana também criou alguns problemas ambientais nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
NO SEU CONTEXTO
Há algum lago ou rio no município onde você vive? É possível identificar ações humanas que causam impactos ambientais nele?
• As bacias hidrográficas e os problemas ambientais no Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, podemos identificar a degradação ambiental por meio da observação das bacias hidrográficas do estado (consulte o mapa). Com o conhecimento desses problemas, a sociedade e o Estado conseguem definir qual é a melhor estratégia para solucioná-los.
Rio Grande do Sul: bacias hidrográficas
Fonte: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/js65j2. Acesso em: 6 janeiro 2022.
Bacia Hidrográfica do Guaíba
Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos cursos de água. |
Despejo de efluentes industriais e agroindustriais nos cursos de água. |
Poluição do ar por fontes fixas e por veículos resultantes da alta concentração industrial e urbana. |
Produção de grandes volumes de resíduos sólidos urbanos e industriais e manejo inadequado, principalmente em relação à disposição final. |
Ocupação urbana em áreas de risco. |
Desmatamentos, alteração de cursos de água, remoção de camadas de solo |
Erosão do solo agrícola pela ausência de práticas de conservação. |
Assoreamento dos cursos de água. |
Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos. |
Enchentes periódicas. |
Transporte de cargas perigosas. |
Bacia Hidrográfica do Uruguai
Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos cursos de água. |
Despejo de efluentes agroindustriais nos cursos de água, originados principalmente da suinocultura e da avicultura. |
Manejo inadequado de resíduos sólidos urbanos e industriais, principalmente em relação à disposição final. |
Drenagem de áreas de banhados e de cursos de água pela lavoura irrigada, prejudicando outros usos. |
Desmatamentos, remoção de camadas de solo, desagregação de material rochoso e alteração de características físicas e químicas do solo e da água por atividades mineradoras. |
Exploração indiscriminada de água de subsolo. |
Erosão e compactação do solo agrícola pela ausência de práticas de conservação. |
Assoreamento dos cursos de água. |
Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos. |
Desmatamento das áreas remanescentes de mata nativa, principalmente ao longo dos cursos de água. |
Processo intenso de arenização (assunto abordado na página seguinte). |
Enchentes e estiagens periódicas. |
banhadosglossário
Despejo de efluentes domésticos sem tratamento nos corpos de água, afetando as condições de balneabilidade do mar e das lagoas costeiras. |
Despejo de efluentes industriais e agroindustriais, principalmente nos cursos de água. |
Poluição do ar por fontes fixas. |
Manejo inadequado de resíduos sólidos urbanos e industriais, principalmente em relação |
Expansão de monocultivos florestais. |
Desmatamentos, alteração de cursos de água, remoção de camadas de solo e desagregação de material rochoso por atividades mineradoras. |
Alteração da morfologia litorânea por práticas |
Desmatamento de áreas remanescentes de mata nativa, principalmente ao longo dos cursos de água. |
Drenagem das áreas de banhados e de cursos de água pela lavoura irrigada, prejudicando outros usos. |
Contaminação do solo e da água por agrotóxicos e insumos químicos. |
Enchentes e estiagens periódicas. |
Transporte de cargas perigosas. |
Fonte: Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://oeds.link/F2tYtr. Acesso em: 6 maio 2022.
• Arenização na Campanha Gaúcha
Desde o século dezoito, os solos da Campanha Gaúcha são usados para a criação de gado. Em decorrência disso, eles vêm sofrendo:
- compactação pelo pisoteio constante de animais;
- rarefação das gramíneas (pastagens), decorrente do número excessivo de gado por área, que, ao deixar o solo sem cobertura vegetal, causa a erosão e o assoreamento de rios e córregos;
- queimadas, provocadas para eliminar as sobras sêcas de pastagens durante o inverno e facilitar a rebrota das gramíneas; esse procedimento mata os micro-organismos importantes para o solo.
Esses fatos têm afetado seriamente o solo da Campanha Gaúcha, causando a arenização, ou seja, o afloramento de depósitos arenosos resultantes da lavagem do solo pela água da chuva, que, além de retirar a cobertura vegetal, provoca a perda de matéria orgânica e de elementos químicos importantes na constituição do solo. Observe, no mapa, as áreas de ocorrência de areais no Rio Grande do Sul.
Rio Grande do Sul: área de ocorrência de areais
Fonte: Dirce. Deserto Grande do Sul: controvérsia. Porto Alegre: u éfe érre gê ésse, 1992. página 16.
• Degradação ambiental em Santa Catarina
Na zona costeira, a implantação de balneários sem a devida infraestrutura de rede coletora de esgoto tem provocado a poluição de rios, córregos e vales e o despejo de dejetos no mar. Tal situação, além de ser responsável pela contaminação ambiental, compromete a atividade turística.
Na região carbonífera do sul do estado, que compreende os municípios de Criciúma, Tubarão e Imbituba, a exploração do carvão mineral a céu aberto ou em galerias arrasa paisagens e contamina as águas de superfície e subterrâneas. Além disso, o carvão mineral trazido à superfície, em contato com o oxigênio e a umidade do ar, dá origem ao ácido sulfúrico, substância tóxica e corrosiva que pode provocar chuvas ácidas.
Somam-se a esses problemas outros impactos causados pelas atividades agropecuárias: a erosão do solo, o assoreamento de rios e a contaminação das águas provocada pelo uso de agrotóxicos, assim como a contaminação de cursos de água pelos excrementos de aves e suínos criados em sistema intensivo no oeste catarinense.
Cruzando saberes
Conservação da natureza na Ilha de Santa Catarina
Preservar a diversidade de ecossistemas contribui para assegurar a disponibilidade de recursos hídricos, proteger as espécies animais, manter o equilíbrio do clima, além de favorecer o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis, por exemplo o ecoturismo.
A urbanização na Ilha de Santa Catarina levou à ocupação desordenada do espaço natural, comprometendo a rica diversidade de ecossistemas da ilha. Contudo, ainda hoje, uma grande variedade de meios naturais se encontra preservada. Contribuem para isso as diversas Unidades de Conservação que foram criadas na ilha ao longo dos anos.
Conheça, a seguir, algumas dessas Unidades de Conservação.
Parque Natural Municipal do Morro da Cruz
Nesse parque, alguns trechos de formações vegetais apresentam diferentes estágios de regeneração. Nele, predomina a vegetação de Mata Atlântica.
Estação Ecológica de Carijós
Dividida em duas áreas: a menor situa-se no Manguezal do Saco Grande, e, a maior, na Foz do Rio Ratones. Essa unidade conserva áreas de manguezais, banhados, mata ciliar e restinga.
Parque Municipal da Lagoa do Peri
Esse parque abriga uma vegetação composta de floresta densa, além de faixas de restinga, dunas e lagoas.
Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição
Esse parque natural é formado por ambientes costeiros, com dunas, restingas e lagoas.
Ilha de Santa Catarina
Fontes: PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS. Geoprocessamento. Disponível em: https://oeds.link/K3utEO; FLORAM – Fundação Municipal do Meio Ambiente. Disponível em: https://oeds.link/syc4Rh; OBSERVATÓRIO de Áreas Protegidas. Disponível em: https://oeds.link/STSaKD. Acessos em: 11 fevereiro 2022.
Interprete
- Qual é a importância da criação e manutenção das Unidades de Conservação na Ilha de Santa Catarina?
- Explique a relação entre o processo de urbanização e a degradação dos meios naturais.
Argumente
- Em sua opinião, como as Unidades de Conservação contribuem para a manutenção da biodiversidade e da qualidade dos recursos naturais?
- Em dupla, compare a sua resposta à atividade 3 com a do seu colega. Em seguida, escrevam uma nova resposta contemplando os dois pontos de vista.
- Una sua dupla a outra, formando um quarteto. Comparem as respostas e construam uma nova redação, com base nas perspectivas apresentadas pelo quarteto.
PERCURSO 28 REGIÃO SUL: POPULAÇÃO E ECONOMIA
1. População
Entre as regiões brasileiras, a Região Sul é a que apresenta a menor área territorial e o menor número de estados. Dos três estados que a compõem, o Rio Grande do Sul é o de maior área territorial, abrigando a segunda maior população absoluta. Consulte o quadro.
Estado |
População (hab.) |
Área (km²)* |
Densidade demográfica (hab./km²) |
---|---|---|---|
Paraná |
11.597.484 |
199.299 |
58,2 |
Santa Catarina |
7.338.473 |
95.731 |
76,6 |
Rio Grande do Sul |
11.466.630 |
281.707 |
40,7 |
Região Sul |
30.402.587 |
576.737 |
52,7 |
* Valores arredondados.
Fontes: í bê gê É ponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 1-14; Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 7 janeiro 2022.
Entre as capitais dos estados da Região Sul, a mais populosa é Curitiba, que, assim como Florianópolis e Porto Alegre, é uma das metrópoles dessa região (observe o gráfico).
Região Sul: população estimada das capitais – 2021
Fonte: í bê gê É ponto Estimativas da população residente no Brasil e Unidades da Federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 7 jan. 2022.
Florianópolis tinha .516524 habitantes em 1º de julho de 2021. Contudo, o município mais populoso do estado de Santa Catarina é Joinville, que, na mesma data, abrigava .604708 habitantes, além de ser o município mais industrializado do estado.
NAVEGAR É PRECISO
Atlas socioeconômico do Rio Grande do Sul
https://oeds.link/JXfpmB
Esse atlas apresenta inúmeros aspectos socioeconômicos e ambientais do Rio Grande do Sul por meio de textos, mapas, tabelas e gráficos.
A Região Sul apresenta bons indicadores sociais se comparada às demais regiões do Brasil. A menor taxa de mortalidade infantil do país foi registrada nessa região; e em relação à esperança de vida ao nascer (observe o mapa), assim como outras unidades da federação ( Rio de Janeiro e Distrito Federal), as maiores taxas do país são registradas em Santa Catarina, seguida pelos estados do Rio Grande do Sul e Paraná.
Entretanto, como as demais regiões do Brasil, a Região Sul mostra sérios problemas sociais, como desemprego, violência urbana, grandes desigualdades de renda entre as classes sociais, bolsões de pobreza nas periferias das principais cidades etcétera
Brasil: esperança de vida ao nascer (em anos) – 2019
Fontes: í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 94; Tábua completa de mortalidade para o Brasil 2019: breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Rio de Janeiro: í bê gê É 2020. página 13.
A unidade da federação onde você mora está inserida em qual intervalo de esperança de vida ao nascer?
2. Economia
Entre as Grandes Regiões brasileiras, a Região Sul, depois da Sudeste, é a mais industrializada e a que apresenta maior Estudaremos, a seguir, aspectos de sua economia.
• Agricultura
A Região Sul apresenta, de modo geral, uma agricultura moderna. Destaca-se, no Brasil, como grande produtora de grãos: soja, milho, arroz, feijão e trigo. Sobressai, também, na produção de aveia, centeio e cevada, em virtude das características favoráveis do clima subtropical. Destaca-se, ainda, na cultura do sorgo, da uva, da erva-mate e do tabaco, no Rio Grande do Sul; da maçã, em Santa Catarina; e da mandioca e do café, no Paraná.
Diferentemente de outras regiões brasileiras, na Região Sul a atividade agrícola assenta-se predominantemente nas pequenas propriedades de base familiar – herança do processo de colonização aí implantado desde o século como estudamos anteriormente.
NAVEGAR É PRECISO
Instituto paranaense de desenvolvimento econômico e social ( ipardes)
https://oeds.link/7mIWnh
A página conta com dados, indicadores e publicações econômicas, sociais e estatísticas do estado do Paraná.
As exceções são os latifúndios nos Campos da Campanha Gaúcha, no norte do Paraná, nas proximidades das cidades de Londrina e Maringá, e no município de Lages, em Santa Catarina.
Tanto a pequena como a grande propriedade estão integradas à agroindústria alimentícia, que produz vinho, geleias, café solúvel, farinha de trigo, soja, milho, entre outros produtos.
Norte do Paraná: do café à soja e o impacto social
Vinda do estado de São Paulo, a cafeicultura avançou para o norte do Paraná na primeira metade do século vinte. Entre o final dos anos 1950 e 1975, o Paraná foi o maior produtor de café do Brasil. A cafeicultura impulsionou o desenvolvimento desse estado, onde estão as cidades de Maringá e Londrina.
Por volta dos anos 1960, no entanto, a cafeicultura começou a ser substituída por outras culturas. As geadas, a perda da fertilidade do solo e a queda do preço do café no mercado internacional levaram muitos agricultores a substituir os cafezais por outras culturas, por exemplo algodão, cana-de-açúcar e soja, e, também, pela pecuária.
Como o café era cultivado e colhido sem o uso de máquinas, diferentemente da soja, que é uma cultura mecanizada, essa substituição provocou uma crise social, representada por desemprego e migração de famílias do campo para as cidades. Algumas pessoas empregaram-se na construção civil, no comércio e em outros setores, mas muitas estabeleceram-se na periferia de cidades e tornaram-se boias-frias, dedicando-se ao córte de cana no estado de São Paulo e no norte do Paraná.
NO SEU CONTEXTO
No município onde você vive existem boias-frias? Se sim, em que atividade a mão de obra deles é empregada?
• A pecuária
A Região Sul tem longa tradição na pecuária. Como estudamos, desde os séculos dezesseis e dezessete a criação de gado foi aí introduzida pelos colonizadores espanhóis e portugueses.
Em 2020, a região abrigava cêrca de do rebanho bovino brasileiro, do rebanho ovino, do suíno e, aproximadamente, do efetivo de galináceos. Amparados nessa criação, desenvolveram-se grandes frigoríficos em Santa Catarina, além de laticínios, curtumesglossário e lanifíciosglossário , abastecidos pela lã da pecuária ovina.
Na cadeia produtiva da avicultura sulina, os grandes abatedouros e frigoríficos articulam-se com os pequenos produtores para garantir a produção avícola da região e viabilizar seu próprio negócio.
• O extrativismo mineral
A Região Sul dispõe de diversos recursos minerais, com destaque para o carvão mineral (observe o mapa A).
Região Sul: principais recursos minerais
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página117.
Na Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná, encontra-se uma faixa de terra que se convencionou chamar de Cinturão Carbonífero do Sul do Brasil (observe o mapa B).
Brasil: Cinturão Carbonífero do Sul
Fontes: elaborado com base em TEIXEIRA, Wilson ponto Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. página 474; í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 175-177.
Cite dois municípios de Santa Catarina situados no Cinturão Carbonífero.
O carvão mineral extraído de Santa Catarina destina-se principalmente ao mercado nacional, abastecendo as siderúrgicas dos estados de São Paulo e Minas Gerais e do município de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, entre outras. Transportado por ferrovias até os portos de Imbituba e Laguna, em Santa Catarina, segue daí por navios cargueiros até Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, em direção àquelas siderúrgicas.
Já o carvão mineral extraído no Rio Grande do Sul e no Paraná não é considerado adequado para a siderurgia, sendo usado pelas usinas termelétricas regionais. No passado, o carvão aí extraído era empregado como combustível para locomotivas a vapor.
A extração do carvão mineral a céu aberto ou em galerias causa danos à paisagem e os entulhos colocados na superfície contaminam as águas com seus sais e ácidos.
• A atividade industrial
Dois fatores foram extremamente importantes para a industrialização da Região Sul: a imigração estrangeira e a organização de uma economia voltada para abastecer, de início, o mercado regional.
Muitos dos imigrantes que se dirigiram para o sul, principalmente italianos, alemães, poloneses e ucranianos, tinham conhecimentos técnicos de fabricação de produtos de vários ramos industriais – de vinhos, tecidos, porcelanas, cristais, máquinas, vestuário, móveis, carroças, produtos alimentícios etcétera
Esses grupos iniciaram o processo de fabricação com base no artesanato familiar, em seus próprios domicílios, no fundo do quintal, ou em pequenos barracões e oficinas. Com o passar do tempo, algumas dessas manufaturas transformaram-se em indústrias de grande porte.
A partir da década de 1960, com a maior integração rodoviária das sub-regiões do Sul, e destas com o Sudeste e outras regiões do Brasil, as indústrias sulistas, que antes se limitavam a atender ao mercado regional, passaram também a vender seus produtos para todo o país e para o exterior. Assim, a atividade industrial da Região Sul cresceu de fórma considerável, tornando-a a segunda região mais industrializada do Brasil.
Com o processo de desconcentração industrial em curso no Brasil, empresas de grande porte têm se instalado na Região Sul. Entre elas, merecem destaque as indústrias automobilísticas instaladas em São José dos Pinhais – município da Região Metropolitana de Curitiba – e em Gravataí – município da Região Metropolitana de Porto Alegre.
Outro fator que impulsionou o desenvolvimento econômico da Região Sul foi a criação do Mercado Comum do Sul, o Mercosúl.
• O Mercosúl
Em 1991, representantes dos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, reunidos em Assunção, capital do Paraguai, criaram o : tratado assinado por esses países com o objetivo de eliminar as Mercosúl tarifas alfandegáriasglossário e outros obstáculos que dificultassem as relações comerciais entre eles.
A criação do Mercosúl dinamizou as trocas comerciais entre os países-membros de fórma considerável. Por causa da proximidade com o Uruguai, a Argentina e o Paraguai, a Região Sul foi beneficiada com a criação dessa organização internacional. Tal proximidade facilita o transporte de mercadorias do Sul para os países vizinhos, reduzindo os custos das empresas.
NAVEGAR É PRECISO
Mercosúl – Página Oficial
https://oeds.link/SqLF9g
O site conta com o Estatuto do Mercosúl, além de estatísticas, mapas, notícias e o “Espaço Cidadão” com informações sobre como viajar, estudar, trabalhar e residir nos países do Mercosúl.
Os desafios do Mercosúl em suas políticas de meio ambiente e transporte
https://oeds.link/TI1gTM
Nesse podcast, a geógrafa Tatiana de Souza Leite Garcia fala de seu estudo sobre transporte e meio ambiente no Mercosúl.
Atividades dos percursos 27 e 28
Registre em seu caderno.
- Indique pelo menos duas razões que levam o ser humano ou a sociedade a agir de fórma desastrosa na natureza ou no espaço natural.
- Por que a cobertura vegetal – florestal, herbácea ou arbustiva – é importante para o equilíbrio do meio ambiente?
- Sobre a Campanha Gaúcha, faça o que se pede.
- Explique o que ela é.
- Os Campos da Campanha Gaúcha vêm apresentando um sério problema ambiental. Aponte esse problema e explique suas prováveis causas.
- A exploração do carvão mineral em Santa Catarina é responsável por impactos ambientais. Cite dois exemplos.
- Explique o que é o Mercosúl e por que ele influi no desenvolvimento econômico da Região Sul.
- Observe o mapa da página 220 e faça o que se pede.
- Redija um pequeno texto interpretativo dessa representação.
- Qual foi a atividade econômica responsável pelo grande desmatamento da Mata Atlântica no norte do Paraná?
- Que atividade econômica foi responsável pela alteração dos Campos do Rio Grande do Sul?
- Elabore um mapa da divisão política da Grande Região Sul do Brasil, aplicando papel vegetal sobre o mapa da página 203. Aplique as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala e, depois, cole-o em seu caderno. Com base no que você aprendeu na seção Mochila de ferramentas da Unidade 3, página 127, aplique, sobre o mapa elaborado, desenhos (símbolos pictóricos) que representem aspectos da economia agrícola dessa Região, em 2020, de acordo com o quadro a seguir.
Paraná |
Centeio, cevada, feijão, trigo. |
---|---|
Santa Catarina |
Cebola, pera. |
Rio Grande do Sul |
Arroz, aveia, maçã, uva. |
Fontes: . í bê gê É Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: , í bê gê É 2021. Disponível em: https://oeds.link/Enk8xZ. Acesso em: 10 janeiro 2022.
8. De penas azuis e pretas, a gralha-azul é um pássaro que vive na Mata Atlântica e na Mata dos Pinhais, podendo ser encontrada em florestas dos estados de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Alimenta-se de insetos, de frutos e da semente da araucária, o pinhão. Acredita-se que, entre outras aves, a gralha-azul contribua para a manutenção da Mata dos Pinhais, pois, ao esconder o pinhão na terra como meio de guardar alimentos, favorece o surgimento de novas árvores. Com base nessas informações, responda.
- Em quais formações vegetais a gralha-azul vive?
- O que acontecerá com a gralha-azul se a mata for extinta?
Versão adaptada acessível
7. Elabore um mapa tátil da Grande Região Sul do Brasil para representar aspectos de sua economia agrícola. Para isso, materiais como cartolina, papel pardo, barbantes e linhas de diferentes espessuras podem ser utilizados para a representação da Grande Região e de sua divisão política. Construa a legenda do mapa utilizando materiais como grãos, sementes e botões. Considere os seguintes dados sobre os maiores produtores nacionais (em toneladas), em 2020. Paraná: centeio, cevada, feijão, trigo; Santa Catariana: cebola, pera; Rio Grande do Sul: arroz, aveia, maçã, uva. Em seguida, aplique sobre o mapa o elemento que representa cada produto agrícola em seu respectivo estado.
- A regionalização dos problemas ambientais no Rio Grande do Sul pode ser feita por meio de suas três bacias hidrográficas. Escolha uma delas e apresente ao menos dois desses problemas.
- Leia o texto, interprete os mapas e, em seguida, responda às questões.
“Pesquisadores de universidades brasileiras e americanas mediram a variação da expectativa de vida no Brasil entre 2019 e 2020 para avaliar, entre outros, o impacto da pandemia de covíd-19 em seu primeiro ano. reticências
A expectativa de vida ao nascer indica o tempo médio que um bebê nascido em determinado ano sobreviveria, considerando a taxa de mortalidade desse mesmo ano. Entre 2019 e 2020, o estudo estima uma redução de 1,3 ano na expectativa média de vida no Brasil. A diminuição leva o país ao índice mais baixo desde 2014, interrompendo a tendência de aumento da expectativa de vida no país, que ocorre desde 2000.
Fonte: SALES, Gabriela; GOMES, Lucas. Expectativa de vida ao nascer dos brasileiros caiu em 2020. Nexo, 1º julho 2021. Disponível em: https://oeds.link/49MCY2. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
Brasil: declínio na expectativa de vida ao nascer em 2020, em relação a 2019, por unidades da federação (em anos)
Fonte: SALES, Gabriela; GOMES, Lucas. Expectativa de vida ao nascer dos brasileiros caiu em 2020. néquisso, 1º julho 2021. Disponível em: https://oeds.link/49MCY2. Acesso em: 10 maio 2022.
Brasil: mortes por covíd-19 a cada 100 mil habitantes por unidades da federação – 2020
Fonte: CASTRO, M. C.; GURZENDA, S.; TURRA, C. M. êti ólReduction in life expectancy in Brazil after Covid-19. Nature Medicine, número 27, página 1629-1635, 29 junho 2021.
- Quais unidades da federação apresentaram maior declínio na expectativa de vida ao nascer?
- Descreva a situação das unidades da federação da Região Sul em relação ao declínio na expectativa de vida ao nascer em 2020 em relação a 2019, e mortes por covíd-19, em 2020.
- Como a Região Sul é representada nos meios de comunicação? Pesquise cinco reportagens sobre essa região, com fotos, e responda.
- Qual é o tema de cada reportagem? Escreva o título, o autor e o veículo de comunicação de cada uma delas.
- Que características da Grande Região as fotos retratam? Exemplos: atividades econômicas, aspectos naturais, urbanos, rurais, problemas ambientais etcétera
- O conjunto de textos e imagens representa a diversidade da Região Sul? Explique.
- De maneira geral, que aspectos da Região Sul poderiam ser abordados pelos meios de comunicação para valorizar a sua diversidade?
Glossário
- Ilhéu açoriano
- Originário das Ilhas dos Açores, arquipélago português situado a latitude norte e longitude , no Oceano Atlântico. oeste
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- Caudaloso
- Que apresenta grande fluxo de água.
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- Poço artesiano
- Perfuração tubular profunda e perpendicular ao solo para fins de extração de água de um aquífero que, ao atingi-lo, escoa a água com pressão suficiente para que ela suba e jorre à superfície.
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- Fluxo de base
- Fluxo de água alimentado por nascente.
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- Explotado
- De que foi tirado proveito econômico.
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- Redução jesuítica
- Povoação na qual os jesuítas reuniam os indígenas, no século , para assegurar influência duradoura na sua evangelização, com o intuito de convertê-los ao cristianismo. dezessete
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- Charqueada
- Estabelecimento onde se faz o charque – carne bovina salgada, sêca ao sol e cortada em mantas, que pode ser conservada durante um longo período.
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- Tropeiro
- Condutor de tropas de animais.
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- Agrossilvipastoril
- Relativo à agricultura, à cultura de árvores florestais e à criação de gado.
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- Efluente
- Resíduo ou rejeito que sai de esgotos sanitários domésticos ou que é despejado pelas atividades industriais e agroindustriais em cursos de água.
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- Banhado
- Área permanente ou temporariamente alagada.
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- Curtume
- Estabelecimento onde o couro é curtido (colocado de molho em produto químico para conter sua deterioração e amaciá-lo).
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- Lanifício
- Fábrica que produz fios ou tecidos de lã.
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- Tarifa alfandegária
- Conjunto de impostos ou tributos aplicado nas importações e exportações de mercadorias.
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