UNIDADE 1 O TERRITÓRIO BRASILEIRO

Nesta Unidade, você estudará aspectos da formação territorial do Brasil e perceberá que as fronteiras que hoje o país apresenta não foram obra da natureza, mas resultado de um longo processo de ocupação humana. Também conhecerá diferentes regionalizações do território brasileiro e os diversos desafios para a conservação ambiental.

Orientações e sugestões didáticas

Sugerimos que sejam retomados os conhecimentos básicos de Cartografia, ministrados no livro do 6º ano: escala, rosa dos ventos, paralelos, meridianos, título, legenda, fonte etcétera

País de dimensões continentais

O território brasileiro apresenta uma área de ..8510345 quilômetros quadrados. Com essa dimensão, o Brasil é o quinto maior país do mundo. Se compararmos sua extensão com a da Oceania, que tem ..8530602 quilômetros quadrados, constataremos que esse continente e nosso país apresentam áreas aproximadas.

Mapa. 
Mapa do Brasil com mapas de outros países encaixados no território brasileiro. Estão representados os territórios dos seguintes países: GRÉCIA, ITÁLIA, POLÔNIA, ANDORRA, ESLOVÁQUIA, BÉLGICA, LIECHTENSTEIN, SAN MARINO, VATICANO, BELARUS, MACEDÔNIA DO NORTE, REPÚBLICA TCHECA, ROMÊNIA, FRANÇA - MÔNACO, ALEMANHA, MALTA, ÁUSTRIA, FINLÂNDIA, NORUEGA, SUÉCIA, LITUÂNIA, ESTÔNIA, PAÍSES BAIXOS, UCRÂNIA, IRLANDA, DINAMARCA, HUNGRIA, ESLOVÊNIA, LETÔNIA, REINO UNIDO, ALBANIA, MOLDÁVIA, ESPANHA, PORTUGAL, BULGÁRIA, CROÁCIA, ISLÂNDIA, SUÍÇA, SÉRVIA, MONTENEGRO, BÓSNIA-HERZEGOVINA, LUXEMBURGO, TURQUIA (PARTE EUROPEIA). Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 410 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 69 e 89.

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Observe o mapa e, por meio do seu raciocínio, interprete e explique o que ele está representando.
  2. O Brasil é um país de dimensão continental. Você concorda com essa afirmação? Por quê?
  3. Você sabe quais são os países mais extensos que o Brasil?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 1

Esta Unidade consiste numa introdução ao estudo da Geografia do Brasil, abordando sua localização e os aspectos históricos que resultaram em sua atual configuração político-territorial. Além disso, nela são discutidas as diversas regionalizações do país, incluindo a que considera seus aspectos morfoclimáticos e os problemas ambientais que afetam cada um deles.

Os principais termos, expressões, conceitos e noções trabalhados na Unidade são: América Latina, América Anglo-saxônica, fusos horários, mercantilismo ou capitalismo comercial, entradas, bandeiras, Tratado de Tordesilhas, capitalismo industrial, regionalização, Regiões de Influência Urbana, Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas, meio técnico-científico-informacional, domínios morfoclimáticos, impactos ambientais, Unidades de Conservação e estereótipo.

A abertura da Unidade 1 apresenta o mapa do Brasil com os países europeus “encaixados” em seu território, para que, de início, os alunos tenham ideia da dimensão continental do nosso país. Realize uma leitura exploratória do mapa e, em seguida, discuta as questões da seção Verifique sua bagagem. Sugerimos que leve para a sala de aula um planisfério político ou projete-o para que os alunos façam a sua leitura e possam responder às questões propostas.

Respostas

  1. O mapa indica que quase todos os territórios dos países europeus (menos a parte europeia da Rússia) cabem na área territorial do Brasil. Esse fato confirma que o Brasil é um país de dimensões continentais. A área territorial da Europa, incluindo parte da Rússia, é de 10.365.670 quilômetros quadrados.
  2. Considerando que a sua área territorial é de 8.510.345 quilômetros quadrados e observando que a área ocupada pela soma do território dos países europeus (com exceção da parte europeia da Rússia) é praticamente equivalente à área do território brasileiro, podemos afirmar que o Brasil é um país de dimensões continentais.
  3. Aproveite a oportunidade para verificar o conhecimento prévio dos alunos sobre os quatro países do mundo mais extensos que o Brasil: Rússia, Canadá, Estados Unidos e China.

PERCURSO 1 LOCALIZAÇÃO E EXTENSÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

1. Como localizar o território brasileiro?

A localização quanto aos hemisférios

O território brasileiro pode ser localizado com base na divisão do mundo em hemisférios. Considerando que no globo terrestre o Meridiano de Greenwich define o leste (ou oriente) e o oeste (ou ocidente) e que a linha equatorial define o norte (ou setentrional) e o sul (ou meridional), observe a localização do Brasil no planisfério.

O Brasil no planisfério

Mapa. O Brasil no planisfério
No planisfério estão representados os cinco continentes, diferenciados por cores: América (verde-claro), Europa (rosa), África (amarelo), Ásia (laranja), Oceania (roxa). O Brasil está destacado, pois há o nome do país escrito e a sua área territorial está representada em verde-escuro. O país está à oeste do Meridiano de Greenwich e o seu território está quase totalmente ao sul da linha do Equador. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.620 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Em relação ao Meridiano de Greenwich e à linha equatorial, em que hemisférios o território brasileiro se localiza?

Orientações e sugestões didáticas

Em relação ao Meridiano de Greenwich, o Brasil se localiza completamente no Hemisfério Oeste ou Ocidental. No que diz respeito à linha do Equador, o país apresenta a maior parte de seu território no Hemisfério Sul ou Meridional e pequena parte no Hemisfério Norte ou Setentrional.

A localização quanto às zonas térmicas

Ao observarmos o mapa A da página seguinte, podemos notar que a maior parte do território brasileiro localiza‑se na Zona Tropical, definida pelos trópicos de Câncer, no Hemisfério Norte, e de Capricórnio, no Hemisfério Sul. Essa zona é a parte do globo mais iluminada e aquecida pelos raios solares; por isso, no Brasil predominam os climas quentes.

O sul do estado de São Paulo, o extremo sul de Mato Grosso do Sul, a maior parte do Paraná e os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul localizam-se na Zona Temperada do Sul, onde as médias de temperatura anuais são inferiores às da Zona Tropical. Trata-se de uma região que, no inverno do Hemisfério Sul, fica sob a ação da massa de ar frio Polar atlântica. Essa massa de ar é responsável por quedas de temperatura, geadas e formação de neve, principalmente nas serras de Santa Catarina.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 1

Neste Percurso, vamos estudar a localização do território brasileiro no mundo e em relação à América e à América do Sul. A extensão do território também será abordada, assim como algumas de suas características gerais, como a diversidade de paisagens naturais e os fusos horários no país.

Para desenvolver melhor o conteúdo, leve para a sala de aula um planisfério físico e político e mapas físicos e políticos da América do Sul e do Brasil. A partir da leitura e da interpretação dos mapas, desenvolva os conteú­dos trabalhando os conceitos de hemisfério, zonas térmicas e latitude e suas relações com as paisagens naturais.

Quanto aos fusos horários, sugerimos que desenvolva atividade para consolidar a compreensão desse conteúdo. Os mapas “Mundo: fusos horários”, na página 18, e “Brasil: fusos horários – limites teórico e prático”, na página 19, poderão servir de suporte para os exercícios sobre esse assunto.

Mundo: zonas térmicas ou climáticas

Mapa. Mundo: zonas térmicas ou climáticas. Planisfério mostrando as zonas térmicas ou climáticas do mundo, que aparecem diferenciadas por cores. Zona Polar (em roxo-claro): compreende as porções ao norte do Círculo Polar Ártico e ao sul do Círculo Polar Antártico. Zona Temperada (em amarelo): compreende as porções entre o Círculo Polar Ártico e o Trópico de Câncer, no hemisfério norte, e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, no hemisfério sul. Zona Tropical (em laranja): compreende a faixa entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.920 quilômetros.

Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 58.

A localização no continente americano

A América é um continente que se estende desde as altas latitudes do Hemisfério Norte até as altas latitudes do Hemisfério Sul (observe o mapa B). Em vista disso, o continente americano foi dividido em América do Norte, América Central e América do Sul.

O Brasil está localizado na América do Sul e ocupa grande parte dessa porção do continente. Suas terras estão, em maior parte, abaixo da linha do Equador.

Localização do Brasil na América

Mapa. Localização do Brasil na América. Mapa do continente americano, cujas terras que se estendem desde o norte do Círculo Polar Ártico até o sul do Trópico de Capricórnio. A divisão regional está representada e diferenciada por tonalidade de cor verde: a América do Norte, a América Central e a América do Sul. Os territórios dos países aparecem delimitados, e o Brasil também está localizado, com indicação do nome sobre o território do país. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.770 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

O continente americano se localiza em quais zonas climáticas?

Orientações e sugestões didáticas

O continente americano se localiza nas três zonas térmicas: polar, temperada e tropical.

Relembre com os alunos o conteúdo estudado no 6º ano. Os raios solares incidem de maneira perpendicular nos trópicos de Câncer e de Capricórnio apenas uma vez por ano em cada hemisfério: no solstício de junho no Trópico de Câncer, quando se inicia o verão no Hemisfério Norte, e no solstício de dezembro no Trópico de Capricórnio, quando tem início o verão no Hemisfério Sul.

Sugerimos que a noção de alta, média e baixa latitude também seja recordada. É importante que os alunos compreendam a ideia dessa divisão, recorrendo às zonas de iluminação e aquecimento da Terra.

A localização na América quanto às línguas oficiais

A partir do início do século dezesseis, a América começou a ser colonizada por povos europeus, que ocuparam as terras que eram habitadas por povos nativos, os indígenas, e impuseram seu modo de vida e sua cultura.

A língua é um dos elementos culturais herdados dos colonizadores. Por isso, existem atualmente no continente americano paí­ses de línguas neolatinasglossário e países de língua inglesa e holandesa como idiomas oficiais, além de línguas indígenas herdadas de grupos que conseguiram sobreviver à conquista e à colonização europeia.

Quanto às línguas oficiais e sua predominância, a América é dividida em:

  • América Latina, formada pelos países de língua neolatina;
  • América Anglo-saxônicaglossário , constituída por países de língua inglesa.

É importante notar que essa divisão, porém, não é rígida: existem países no continente americano que, embora tenham como língua oficial o inglês ou o holandês, devem ser considerados pertencentes à América Latina. É o caso da República da Guiana, da Jamaica e do Suriname, por exemplo, que, por causa de suas características históricas e sociais, assemelham-se mais aos países latino-americanos. Como semelhança histórica, podemos destacar o passado colonial, caracterizado pela exploração, ou seja, organização da produção voltada para atender às necessidades da metrópole; implantação da grande propriedade agrícola e monocultora e da exploração mineral; produção com base no trabalho escravo indígena e do negro africano.

Tendo por base esses aspectos históricos e sociais, o Brasil situa-se na América Latina, formada por todos os países da América, exceto Estados Unidos e Canadá.

América: línguas oficiais

Mapa. América: línguas oficiais. Mapa da América diferenciado por cores, que representam as línguas oficiais faladas nos países no continente. A correspondência entre línguas, cores e países é: Espanhol (rosa): MÉXICO, GUATEMALA, CUBA, EL SALVADOR, HONDURAS, REPÚBLICA DOMINICANA, NICARAGUÁ, COSTA RICA, PANAMÁ, VENEZUELA, PERU, BOLÍVIA, PARAGUAI, COLÔMBIA, CHILE, URUGUAI, ARGENTINA. Francês (verde): CANADÁ, HAITI. Holandês (roxo): SURINAME. Indígena (marrom): PERU, BOLÍVIA, PARAGUAI. Inglês (amarelo): CANADÁ. BELIZE, BAHAMAS, JAMAICA, TRINIDAD E TOBAGO, GUIANA. Português (laranja): BRASIL. Sem língua oficial (multilíngue): ESTADOS UNIDOS (INCLUSIVE ALASCA). A GUIANA FRANCESA, departamento ultramarino pertencente à França, está em roxo, indicando que a língua oficial é o francês. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.070 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Charliê Jác(Organização.). Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012. página 188.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Na América, alguns países têm mais de uma língua oficial. Observe o mapa e identifique-os.

Orientações e sugestões didáticas

O Canadá é um dos países da América que têm mais de uma língua oficial: o francês e o inglês. Os outros países são: Peru, Paraguai e Bolívia, nos quais o espanhol e as línguas indígenas são oficiais.

Aproveite o mapa para trabalhar a extensão e a distribuição das línguas oficiais dos países americanos, como fórma de desenvolver com os alunos dois dos princípios do raciocínio geográfico indicados pela Bê êne cê cê. É possível trabalhar, ainda, o princípio da analogia. Oriente os alunos a comparar esse mapa com um mapa histórico da colonização do continente americano. Eles poderão perceber como a distribuição das línguas está associada ao processo de colonização desse continente.

Como representado no mapa e em sua legenda, esclareça que o inglês não é a língua oficial dos Estados Unidos, que se considera multilíngue, apesar de ele ser a língua oficial da maioria de seus estados e falada por cêrca de 78% de sua população. Nesse país, o espanhol é a segunda língua mais falada (13,4%) e o chinês, a terceira (1,1%). A língua portuguesa é falada por mais de 800 mil habitantes, principalmente nos estados de Massachusetts, Connecticut e Rhode Island, estados do nordeste do país, região que recebeu muitos imigrantes vindos das ilhas da Madeira e dos Açores, de outras regiões de Portugal e de Cabo Verde, nos séculos dezenove e vinte.

2. Extensão do território brasileiro

O território brasileiro apresenta uma área de ..8510345 quilômetros quadrados e ocupa 47% do território da América do Sul. O Brasil faz fronteira terrestre com nove países: Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai, e com a Guiana Francesa, território pertencente à França.

A fronteira terrestre brasileira estende-se por .15719 quilômetros, e seu litoral apresenta .7367 quilômetros de extensão. Essa extensão do litoral brasileiro equivale aproximadamente à distância entre as cidades de Caracas, capital da Venezuela, e Ushuaia, no extremo sul da Argentina. Isso representa grande potencial econômico para os transportes marítimos, para as atividades turística e pesqueira e para a exploração de recursos naturais, como o petróleo.

América do Sul: político

Mapa. América do Sul: político
Mapa político da América do Sul, indicando os países e suas respectivas capitais, além da Guiana Francesa. País: SURINAME. Capital: PARAMARIBO. País: GUIANA. Capital: GEORGETOWN. País: VENEZUELA. Capital: CARACAS. País: COLÔMBIA. Capital: BOGOTÁ. País: EQUADOR. Capital: QUITO. País: PERU. Capital: LIMA. País: BOLÍVIA. Capital: LA PAZ. País: PARAGUAI. Capital: ASSUNÇÃO. País: CHILE. Capital: SANTIAGO. País: ARGENTINA. Capital: BUENOS AIRES. País: URUGUAI. Capital: MONTEVIDÉU. País: BRASIL. Capital: BRASÍLIA.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 630 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 41 e 91.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Quais são os dois países da América do Sul com os quais o Brasil não faz fronteira terrestre?

Orientações e sugestões didáticas

Os países da América do Sul com os quais o Brasil não faz fronteira são Chile e Equador.

Fotografia. Vista de um porto com diversos contêineres, guinchos e grandes navios ancorados. Em alguns navios, também há contêineres. Ao fundo, uma paisagem com aspecto urbano e serras encobertas por vegetação.
Vista do Porto de Santos, no litoral do estado de São Paulo (2019). O transporte dos maiores volumes de mercadoria no mundo ocorre por via marítima, e esse porto brasileiro é o maior porto marítimo da América do Sul.
Fotografia. Plataforma constituída de uma estrutura de ferro sobre quatro pilares no  mar.
Vista de plataforma de exploração de petróleo no litoral do estado do Rio de Janeiro (2020). A maior parte das reservas de petróleo do Brasil está em águas profundas de sua porção marítima. As principais bacias de exploração desse recurso natural são a de Campos, nos estados do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, e a de Santos, que se estende pelo litoral dos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina.
Orientações e sugestões didáticas

Esclareça aos alunos que a Bolívia possui duas capitais: La Paz, a capital administrativa e séde dos poderes Executivo e Legislativo; e Sucre, a capital constitucional e séde do Poder Judiciário. Comente também que isso ocorre em outros países, como a África do Sul, no continente africano, que possui três capitais: Bloemfontein (séde do Judiciário); Cidade do Cabo (séde do Legislativo); e Pretória (séde do Executivo ou administrativa). Se achar oportuno, informe os alunos que no Brasil existem movimentos de políticos e intelectuais para que a cidade do Rio do Janeiro se torne a segunda capital brasileira. Para se aprofundar nesse assunto, consulte o artigo “O movimento de políticos e intelectuais que pede que o Rio volte a ser capital do Brasil”, de Mariana Alvim, da bê bê cê, no seguinte endereço eletrônico: https://oeds.link/6rQr3G; acesso em: 4 maio 2022.

3. Pontos extremos do território brasileiro

Em virtude da vasta área do território brasileiro, as distâncias entre seus pontos extremos são grandes, tanto na direção norte-sul (distância latitudinal) como na leste-oeste (distância longitudinal).

Brasil: distância entre os pontos extremos

Mapa. Brasil: distância entre os pontos extremos.
Mapa do Brasil mostrando uma linha na vertical e uma linha na horizontal, ligando os pontos extremos do país e indicando a distância em quilômetros entre esses pontos. PONTO MAIS SETENTRIONAL: Nascente do Rio Ailã. PONTO MAIS MERIDIONAL: Arroio Chuí. Distância: 4.378,4 quilômetros. PONTO MAIS OCIDENTAL: Nascente do Rio Moa. PONTO MAIS ORIENTAL: Ponta do Seixas. Distância: 4.326,6 quilômetros. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 480 quilômetros.

Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 91.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Qual é a diferença de extensão entre as duas distâncias representadas no mapa?

Orientações e sugestões didáticas

A diferença de extensão entre as duas distâncias representadas no mapa é de apenas 51,8 quilômetros.

4. Latitudes e diversidade de climas e paisagens naturais

Há uma grande diversidade de climas e paisagens naturais no território brasileiro. Isso se deve, entre outros fatores, à sua longa extensão de norte a sul, pois as diferentes latitudes do território influenciam o clima de acordo com a intensidade da energia solar incidente ao longo do ano. O clima e outros fatores geográficos regionais exercem influência sobre os solos, as fórmas de relevo, a hidrografia e as formações vegetais.

Brasil: climas

Mapa. Brasil: climas
Mapa do Brasil representando os climas do país.
Climas sob influência de massas de ar Equatoriais e Tropicais: Equatorial úmido (convergência dos alíseos): abrange o Acre, o Amazonas, Roraima, o Amapá, o extremo norte de Tocantins, o Pará (com exceção da porção sudeste), Rondônia (com exceção da porção sul), uma pequena faixa do oeste do Maranhão e o norte de Mato Grosso. Tropical (verão úmido e inverno seco): se estende por toda a região centro-oeste (com exceção do norte do Mato Grosso), por quase todo território de Tocantins e Maranhão, além de extensas porções do Ceará, do Piauí, da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo. Tropical semiárido (ação irregular das massas de ar): interior de estados da região nordeste, com exceção do Maranhão. Tropical litorâneo úmido (exposto à massa Tropical atlântica): faixa litorânea que se estende do norte de São Paulo ao norte do Rio Grande do Norte. 
Climas sob influência de massas de ar Tropicais e Polares: Tropical de altitude (a altitude acima de 1.000 metros, determina o clima): mancha que se estende pela divisa de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com maior ocorrência em Minas Gerais. Subtropical úmido (domínio da massa Polar atlântica; ao longo da costa influência da massa Tropical atlântica): clima que se estende por toda a Região Sul e pela porção sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 480 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. nota de rodapé 5. ed. São Paulo: Moderna, 2019. página 119.

Orientações e sugestões didáticas

Além de retomar as noções de latitude e longitude, estabeleça uma comparação entre os mapas e identifique com os alunos a posição do Brasil em relação à linha equatorial e às zonas térmicas. Saliente que o clima subtropical predomina ao sul do Trópico de Capricórnio e chame a atenção para a variação climática nas áreas de menor latitude, instigando os alunos a apontar fatores geográficos que interferem nas características do clima. Com o objetivo de desenvolver o raciocínio geográfico dos alunos, solicite a eles que reflitam sobre as variações do clima de leste para oeste, partindo do litoral em direção ao interior do continente nas áreas próximas ao Equador. Oriente-os a localizar a unidade da federação onde vivem e a apontar o tipo ou os tipos de clima que aí ocorre ou ocorrem.

5. Os fusos horários

Os fusos horários são faixas imaginárias, na mesma direção dos meridianos, que dividem a Terra em 24 partes com mesmo horário. Essas faixas foram estabelecidas com base no movimento de rotação da Terra, que demora aproximadamente 24 horas para dar uma volta completa em torno de seu eixo.

Cada fuso mede 15graus da circunferência terrestre. Essa medida corresponde à divisão dos 360graus da circunferência da Terra por 24 (número de horas que a Terra demora para completar o movimento de rotação). Em outras palavras, a cada hora a Terra gira 15graus.

O Meridiano de Greenwich é usado como referência para calcular as horas, sendo considerado o fuso zero. Considerando que a Terra gira em torno de seu eixo imaginário de oeste para leste, estabeleceu-se que, em relação à hora do fuso de Greenwich, as localidades situadas a leste têm uma hora adiantada por fuso horário; as localidades situadas a oeste têm uma hora atrasada por fuso horário.

A delimitação em 15graus de cada fuso horário define o limite teórico das horas. No entanto, cada país tem a liberdade de instituir seu conjunto de horas legais com base em suas particularidades e conveniências, sem a necessidade de respeitar a delimitação teórica, o que permite a criação do limite prático. Observe o planisfério.

Mundo: fusos horários

Mapa. Mundo: fusos horários
Planisfério de fusos horários, com divisão dos limites práticos e teóricos. Algumas cidades estão indicadas com os seus respectivos fusos. 
Na parte superior, partindo do Meridiano de Greenwich, os graus variam de quinze em quinze, tanto à oeste quanto à leste. Abaixo, estão marcados os fusos: o Meridiano de Greenwich é o fuso zero, os meridianos à oeste desta linha apresentam fusos negativos e os meridianos à leste desta linha apresentam fusos positivos. 
Cidades localizadas no fuso zero: Londres, Casablanca e Dacar.
Cidades e seus respectivos fusos localizados à oeste do Meridiano de Greenwich: fuso menos 3 horas – Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires; fuso menos 4 horas – Santiago; fuso menos 5 horas – Montreal, Toronto, Detroit, Nova York, Filadélfia, Havana e Panamá; fuso menos 6 horas – Chicago e Cidade do México; fuso menos 7 horas – Denver; fuso menos 8 horas – São Francisco e Los Angeles; fuso menos 10 horas – Honolulu. 
Cidades e seus respectivos fusos localizados à leste do Meridiano de Greenwich: fuso mais uma hora – Paris, Roma e Lagos; fuso mais duas horas – Cairo e Johanesburgo; fuso mais 3 horas – Nairóbi; fuso mais 4 horas – São Petersburgo e Moscou; fuso mais 7 horas – Jacarta; fuso mais 8 horas – Pequim, Xangai, Hong Kong, Manila e Cingapura; fuso mais 9 horas – Seul e Tóquio; fuso mais 10 horas – Sidnei; fuso mais 12 horas – Auckland; 
Países hora oficial fracionada: Índia, Afeganistão, Irã, Venezuela, algumas ilhas localizadas nos oceanos pacífico e índico, além de porções de Estados Unidos e Austrália.
Nas partes laterais direita e esquerda do planisfério, são mostradas a linhas internacional de mudança de data e as datas segunda-feira (para fusos horários positivos em relação ao Meridiano de Greenwich) e domingo (para fusos horários negativos em relação ao Meridiano de Greenwich).

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 19.

Orientações e sugestões didáticas

No planisfério, chame a atenção dos alunos para a denominada Linha Internacional de Data (a linha tracejada no mapa), traçada sobre o Oceano Pacífico. Explique que ela apresenta uma diferença de cêrca de 12 horas em relação à hora do Meridiano de Greenwich (fuso zero). É assim chamada porque, ao atravessá-la na direção leste-oeste, deve-se corrigir o calendário em mais um dia e, na direção oeste-leste, em menos um dia.

No planisfério, chame a atenção dos alunos para o caso da China. Nesse país, apesar de sua grande extensão territorial na direção leste-oeste, considera-se um único horário nacional, o de Pequim, como pode ser observado. Explique que a diferença de horas entre a China e outros países é grande e pode trazer algumas dificuldades nas relações comerciais, além de acarretar distorções dentro do próprio país. Nas relações comerciais entre China e Brasil, por exemplo, a diferença de 11 horas (ou até 13 horas, se uma pessoa estiver no Acre) faz com que toda a comunicação seja mais demorada. De modo geral, o fim do expediente no Brasil ocorre quando, na China, o horário comercial inicia-se. Esse descompasso de horários pode causar problemas de ordem econômica, como a perda de contratos comerciais, entre outros.

Atividade complementar

Diante das dificuldades que os alunos possam apresentar na compreensão da noção de fuso horário, proponha uma atividade dividindo a sala de aula em diferentes fusos. Com os alunos dispostos em fileiras, escolha um lado que corresponda ao ponto em que o Sol “nasce”, peça à turma que imagine o movimento aparente do Sol e explique como a variação de horário está relacionada ao movimento de rotação da Terra. Se preferir, posicione-se no fundo da sala, ficando na mesma direção que os alunos, e indique a que fuso corresponde uma ou mais fileiras – essa separação pode ser representada na lousa, e os alunos poderão realizar a atividade com base na leitura acompanhada do planisfério. A cada rodada, sugira uma cidade e um horário para uma fileira e solicite que os alunos dos fusos vizinhos calculem o horário do fuso no qual hipoteticamente se localizam. Como alternativa, use uma bola de papel para representar o horário de meio-dia. Ao jogá-la de uma fileira para outra, escolha alguns alunos para que, individualmente, informem o horário em seu fuso, conforme a posição do Sol (representado pela bola).

Ícone. Seção Mochila de ferramentas. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa em pé com uma mochila grande nas costas, segurando uma vara.

Mochila de ferramentas

Como calcular as horas por meio de um mapa de fusos horários

Para muitos viajantes, é importante saber se precisam atrasar ou adiantar a hora do relógio. O planisfério de fusos horários nos permite saber as horas em qualquer localidade do mundo. Vamos aprender a calcular.

Como fazer

  1. Observe novamente o planisfério da página anterior e identifique o fuso zero.
  2. Entre as cidades representadas no planisfério, escolha duas. Neste exemplo, vamos considerar Brasília e Pequim.
  3. Para determinar a diferença no horário entre as duas cidades que você escolheu, basta saber as horas em uma delas e contar os fusos no mapa.

Vamos imaginar então que sejam 9 horas da manhã em Brasília. Contando no planisfério os fusos que separam as duas cidades de oeste para leste, verificamos que existem 11 fusos entre a capital do Brasil e a da China. Como devemos adiantar a hora dos relógios quando caminhamos de oeste para leste, em Pequim serão 20 horas.

No Brasil, adotou-se o limite prático para dividir o território em quatro fusos horários. Um deles abrange as ilhas oceânicas, e três, a porção continental. Observe o mapa.

Brasil: fusos horários – limites teórico e prático

Mapa. Brasil: fusos horários - limites teórico e prático. Mapa do Brasil com a divisão dos fusos horários teórico e prático. O limite teórico está demarcado por três meridianos. O limite prático está demarcado por linhas vermelhas que separam quatro áreas de fusos horários. De leste para oeste, são eles: Fuso menos duas horas: Arquipélago Penedos de São Pedro e São Paulo, Arquipélago de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Ilha de Trindade, Ilha Martin Vaz. Fuso menos três horas: Amapá, Pará, Maranhão, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Suriname, Uruguai e Argentina. Fuso menos quatro horas: Roraima, Amazonas (com exceção da porção sudoeste), Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Guiana, Bolívia, Paraguai, Chile. Fuso menos 5 horas: Acre, sudoeste do Amazonas, Colômbia, Peru. A Venezuela conta com um fuso diferente: menos 4 horas e 30 minutos. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.

Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 91.

  1. Supondo que, em Londres, os relógios estejam marcando 14 horas, calcule as horas para as seguintes localidades: Recife Pernambuco, Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Rio Branco Acre e Porto Velho Rondônia.
  2. A unidade da federação em que você mora se localiza em qual fuso horário? Em relação ao Meridiano de Greenwich, qual é a diferença de horas?
  3. Em grupo, criem duas afirmações sobre os fusos horários do Brasil. Elas podem ser falsas ou verdadeiras. Escrevam-nas em uma folha de papel e entreguem ao professor. Em seguida, ainda no grupo, julguem as afirmativas que os outros grupos criaram, decidindo se são falsas ou verdadeiras. Anotem as respostas do grupo, comparem-nas com as dos outros grupos e identifiquem aquele que fez mais acertos.
Orientações e sugestões didáticas

Os meridianos que correspondem aos limites teóricos são, respectivamente, de leste para oeste: 37,5graus oeste; 52,5graus oeste; 67,5graus oeste.

Respostas

  1. Se em Londres forem 14 horas, serão 11 horas em Recife (Pernambuco) e no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 9 horas em Rio Branco (Acre) e 10 horas em Porto Velho (Rondônia).
  2. Depende da unidade da federação em que o aluno vive.
  3. A atividade proposta usa princípios da gamificação. Neste caso, o objetivo é acertar o maior número de questões. Esse tipo de estratégia promove o engajamento de fórma lúdica, favorece a troca de informações e o trabalho em equipe e cria um ambiente fértil para a ativação da memória. Oriente os estudantes a formularem frases de difícil resolução. Elas devem ser escritas em pedaços de papel avulsos. Recolha todas as folhas, monte pares sortidos e dobre as folhas como se fossem envelopes. Se preferir, para melhor organização, numere os envelopes criados. Ao seu sinal, cada grupo recebe um envelope e inicia a resolução dos desafios. Após certo tempo, faça os envelopes girarem de modo que os grupos tenham acesso a todos os envelopes. Peça que um dos alunos do grupo anote o gabarito com as respostas da equipe, como “envelope 1, questão 1: falsa; questão 2: verdadeira”. Ao final, recolha os gabaritos e faça a conferência para descobrir quem acertou mais.

Interdisciplinaridade

Com os professores de Português e de Inglês, sugerimos explicar abreviações de expressões latinas, como á ponto ême ponto e pi ême, mais comumente usadas na língua inglesa, mas que, nos dias atuais, adquiriram larga divulgação em decorrência dos aparelhos eletrônicos. Elas se referem aos períodos de 12 horas com os quais se divide o dia: á ponto ême ponto (anti meridiem = antes do meio-dia) refere-se ao período que se inicia à meia-noite (00hora00minuto) e termina às 11horas59minutos; e pi ême (poust meridiem = após o meio-dia) indica o período que se inicia ao meio-dia (12horas00minutos) e termina às 23horas59minutos. Com o professor de Ciências, desenvolva projetos sobre: 1) o horário de verão, adotado em vários países, relacionando essa medida com a economia de energia elétrica; 2) os problemas à saúde humana (cansaço, insônia, irritação etcétera) quando, em viagens, as pessoas (pilotos de avião, comissários de bordo e passageiros) são submetidas à mudança brusca de fusos horários, em razão das alterações no relógio biológico. Nesse sentido, é possível explorar os ritmos biológicos como o circadiano (do latim circa = próximo; diem = dia), relacionado a ritmos que se repetem a cada 24 horas, como atividade-repouso, hormonais, temperatura corporal, entre outros.

PERCURSO 2 A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO E A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS GEOGRÁFICOS

1. A formação territorial

Os atuais limites e a extensão do território brasileiro resultaram de uma história que se iniciou nos anos de 1500, com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a se apropriar de territórios indígenas.

A formação territorial inicial do Brasil, como também a formação da sociedade brasileira e, consequentemente, a construção de espaços geográficos não indígenas, realizada por europeus e por luso-brasileirosglossário , ocorreram entre o século dezesseis e a primeira metade do século dezoito, durante o período em que predominou o mercantilismoglossário , também chamado capitalismo comercial.

Assim, no século dezesseis, o território que viria a ser o Brasil foi conquistado pelos portugueses e incorporado ao comércio mundial da época. Os interesses de Portugal orientaram a ocupação do território e a construção inicial de espaços geográficos no Brasil. Os conquistadores portugueses em associação com o Reino de Portugal procuraram explorar produtos que lhes dessem lucros por meio do comércio, de acordo com os princípios mercantilistas.

Gravura. No mar, embarcações de diferentes tamanhos e feitas de madeira estão próximas a uma área portuária, à direita da imagem, onde há pessoas interagindo entre si. Paralelo à área portuária há uma cidade com construções, como castelos, e algumas embarcações na margem do porto. Na parte inferior direita, destaque para duas pessoas de chapéu e roupas com babados. Elas seguram bagagens nas costas. Ao fundo, um imenso sol.
Gravura de 1592 de autoria de teôdór de brí (1528-1598) – ourives, gravador e pintor flamengo (habitante de Flandres, área do território europeu que faz parte dos atuais Bélgica, França e Países Baixos) – representando embarcações partindo de Lisboa (Portugal) para o Brasil.
Orientações e sugestões didáticas

Percurso 2

Este Percurso aborda aspectos históricos da formação territorial brasileira. Empregamos como critério as atividades econômicas desenvolvidas historicamente como “motores” da construção do espaço geográfico. Tenha em mente que os conteúdos abordados neste Percurso serão desdobrados e poderão ser retomados em outros momentos deste livro a fim de contribuir para a aprendizagem de conhecimentos novos pelos alunos sobre a construção de espaços nas Grandes Regiões brasileiras.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete gê ê zero dois
  • ê éfe zero sete gê ê zero três
  • ê éfe zero sete gê ê zero cinco

O Percurso 2 trabalha a formação do território brasileiro e a influência dos fluxos econômicos e populacionais nesse processo, conteúdo preconizado pela habilidade ê éfe zero sete gê ê zero dois.

O texto da seção Cruzando saberes contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três ao apresentar três representações do imaginário da sociedade sobre os indígenas e permitir a problematização do preconceito e da discriminação aos quais os indígenas brasileiros são submetidos ainda nos dias de hoje. Ao enfatizar os direitos de cidadania dos indígenas, a discussão permite ainda que se reconheçam e se valorizem os direitos legais dos indígenas à sua territorialidade, um dos objetivos da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três.

Com base nos temas discutidos no Percurso, poderão ser analisadas e contextualizadas as razões da passagem do mercantilismo para o capitalismo, além das interações entre diferentes sociedades no contexto das Grandes Navegações e distintas interpretações sobre as dinâmicas das sociedades americanas no período colonial, a fim de desenvolver a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero cinco.

Se achar oportuno, comente sobre uma tipologia acerca de distintos espaços durante o mercantilismo: aquele voltado para fóra ou extrovertido (que produziam uma mercadoria ou mais para exportação, como a cana-de-açúcar, metais etcétera); os destinados internamente a abastecer essas zonas exportadoras (como a da pecuária); e os voltados para si próprios, a agricultura de subsistência, espalhados pelo território. Essa tipologia teve por base o livro O regionalismo nordestino, de Rosa Maria Godoy Silveira (São Paulo: Moderna, 1984).

O início: século dezesseis

No início da colonização, os portugueses estabeleceram-se na faixa litorânea, explorando o pau-brasil, árvore nativa da Mata Atlântica. Introduziram a cultura de cana-de-açúcar e a produção do açúcar, a cultura do tabaco e a criação de gado, iniciando a apropriação das terras indígenas (observe o mapa A). Essas atividades econômicas foram responsáveis pela construção dos primeiros espaços geográficos não indígenas no Brasil. Esse processo de construção e reconstrução de espaços geográficos foi contínuo e ocorre até os nossos dias, pois se trata das transformações que a sociedade realiza no espaço em que vive.

Ainda no século dezesseis, os colonizadores organizaram expedições oficiais, conhecidas como entradas, com o propósito de descobrir ouro e pedras preciosas e escravizar indígenas. Partiam de Porto Seguro (sul do atual estado da Bahia) e das imediações de Salvador, levando o povoamento do território para o interior.

Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezesseis

Mapa A. Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezesseis
Mapa do Brasil mostrando as atividades econômicas desenvolvidas no século dezesseis. O limite traçado pelo Tratado de Tordesilhas aparece no mapa, demarcando os domínios espanhol (à oeste) e português (à leste). As atividades estão todas no domínio português:
Área de ocorrência do pau-brasil: faixa litorânea, de São Sebastião do Rio de Janeiro, na costa sudeste, à Igaraçu, na costa nordeste. Na área de ocorrência estão destacadas Salvador e São Cristóvão.
Cana-de-açúcar: manchas esparsas no litoral, permeando áreas de ocorrência de pau-brasil. Destaques para Itanhaém, São Vicente, São Paulo, Santos, São Sebastião do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Nossa Senhora da Vitória, Porto Seguro, Santa Cruz, São Jorge dos Ilhéus, Nossa Senhora das Neves, Igaraçu e Olinda.
Tabaco: duas ocorrências no interior nordestino, uma próxima à Salvador e outra nas imediações de Igaraçu.  
Pecuária: seis ocorrências na porção nordeste, sendo cinco no interior e uma no litoral (entre Olinda e São Cristóvão) e uma ocorrência no interior da porção sudeste, entre Cananeia e São Vicente.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 490 quilômetros.

Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 20; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 102.

Nota: Ao longo da história de ocupação do território brasileiro, os colonizadores empregaram topônimos indígenas para nomear os rios à medida que foram conhecendo o território. Nesta obra, os rios serão representados com os nomes atuais para fins didáticos.

Séculos dezessete e dezoito

O Tratado de Tordesilhas, firmado em 1494, dividiu as terras americanas entre Espanha e Portugal. No século dezessete, porém, os portugueses e seus descendentes nascidos aqui ultrapassaram os limites desse tratado, apropriando-se de terras a oeste que pertenciam à Espanha. O avanço para o interior do continente se deu pelo Rio Amazonas, na busca por drogas do sertãoglossário , coletadas por indígenas escravizados. Além disso, a expansão da pecuária ocorreu em direção ao interior, chegando às terras que se localizavam a oeste do Meridiano do Tratado de Tordesilhas. Consulte o mapa B.

Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezessete

Mapa B. Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezessete
Mapa do Brasil mostrando as atividades econômicas desenvolvidas no século dezessete. O limite traçado pelo Tratado de Tordesilhas aparece no mapa, demarcando os domínios espanhol (à oeste) e português (à leste). A maioria das atividades está no domínio português:
Área de ocorrência do pau-brasil: faixa litorânea, de Santos, na costa sudeste, às imediações de Olinda, na costa nordeste.
Cana-de-açúcar: manchas esparsas no litoral, permeando áreas de ocorrência de pau-brasil. Destaque para São Vicente, Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, São João da Barra, Vitória, Porto Seguro, Ilhéus, Recife, Olinda, Natal, São Luís, Alcântara.
Pecuária: machas que se estendem do litoral nordestino, nas proximidades de São Cristóvão, para o interior, e importantes ocorrências nas proximidades de São Luís, Fortaleza, Natal e Olinda. Na porção centro-sul, a pecuária ocorre nas proximidades de Sorocaba e, no domínio espanhol, Curitiba e interior de áreas que atualmente correspondem ao Rio Grande do Sul.
Tabaco: ocorrências no litoral, nas proximidades de Rio de Janeiro, São Cristóvão, Salvador, Penedo, Natal, São Luís e Belém.  
Mineração: São Paulo, Itanhaém e Cananeia.
Drogas do sertão: estende-se de Belém para o interior da região norte, ocorrendo em extensas áreas sob domínio espanhol.
Fronteiras atuais do território brasileiro: uma linha cinza demarca a fronteira atual do Brasil com os países vizinhos.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 570 quilômetros.

Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: fei , 1991. página 20 e 28; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 102.

Orientações e sugestões didáticas

Explique que a palavra “sertão” referia-se, originalmente, às terras do interior do Brasil, ou seja, ao interior do país, ou ainda a terras distantes de núcleos ou vilas de povoamento.

Interdisciplinaridade

Os conteúdos deste Percurso permitem a realização de um projeto interdisciplinar com o professor de História ao abordar a formação histórico-geográfica do território da América portuguesa, por meio do trabalho com mapas históricos, como previsto na habilidade ê éfe zero sete agá ih um um.

Atividade complementar

Oriente os alunos para que criem uma maquete de um sítio arqueológico que contenha objetos usados por povos indígenas, como artefatos cerâmicos, de pedra, de osso ou de algum tipo de fibra, acessórios de beleza ou usados em rituais.

O professor de Arte e os sites sugeridos mais adiante poderão fornecer dados necessários para o desenvolvimento da atividade. Após a exposição desses elementos para os alunos, divida-os em grupos, ficando cada um deles responsável pela produção de um objeto, que será posteriormente fixado em uma das camadas da maquete do sítio arqueológico.

A maquete pode ser confeccionada com colagem de papel de diferentes cores, representando as camadas, sobre uma folha de isopor.

Indique sites que possam ajudar na pesquisa, como: Povos Indígenas no Brasil mirim – Artes (disponível em: https://oeds.link/aBF01z acesso em: 27 janeiro 2022) e Povos Indígenas no Brasil – Artes (disponível em: https://oeds.link/BBkq4h; acesso em: 27 janeiro 2022).

O bandeirismo

Ao mesmo tempo que ocorria a implantação das atividades econômicas citadas, expedições armadas de colonos e de indígenas já integrados aos conquistadores, conhecidas como bandeiras, partiam da Vila de São Paulo em direção ao interior do território. O objetivo das bandeiras era aprisionar indígenas e vendê-los como escravos. As bandeiras também são conhecidas na nossa história como bandeirismo ou sertanismo apresador. Observe o mapa C.

Bandeirismo apresador – século dezessete

Mapa C. Bandeirismo apresador – século dezessete
Mapa do Brasil mostrando, por meio de setas, a expansão e o deslocamento do bandeirismo apresador pelo território. O limite traçado pelo Tratado de Tordesilhas aparece no mapa, demarcando os domínios espanhol (à oeste) e português (à leste). 
Expansão de São Vicente para São Paulo. 
Expansão nas cercanias de São Paulo, que saíram de áreas próximas à São Paulo e se deslocaram para o interior, chegando no limite do Tratado de Tordesilhas.
Antônio Raposo Tavares, André Fernandes e Fernão Dias Pais, que se deslocaram das proximidades da atual cidade de São Paulo para o interior, chegando às imediações de Tape (domínio espanhol), no atual Rio Grande do Sul.
Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares, que se deslocaram das proximidades da atual cidade de São Paulo para o interior, chegando às imediações de Guairá (domínio espanhol), no atual Paraná.
Antônio Raposo Tavares, que se deslocou das proximidades da cidade de São Paulo para o interior, chegando nos seguintes domínios espanhóis: porção centro-oeste, em Santiago de Xerez e Vila Bela e, desta, para a porção norte, em Gurupá.
Reduções jesuítas: estão localizadas nas proximidades de Rio Grande de São Pedro, Tape, Guaíra, Santiago do Xerez e no caminho de Vila Bela para Gurupá.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 550 quilômetros.

Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 24; DANTAS, José. História do Brasil. São Paulo: Moderna, 1984. página 81.

Outras bandeiras, chamadas bandeirismo ou sertanismo minerador, partiam também da Vila de São Paulo e tinham o objetivo de procurar ouro e pedras preciosas.

Ocorreram, ainda, bandeiras contratadas por donatáriosglossário , que partiam de Salvador, Olinda e Recife para combater e submeter à escravidão os indígenas que se opunham à conquista do interior, além de ter a missão de capturar negros escravizados que tinham fugido das plantações e destruir quilombos (povoações de escravos fugidos). Essa ação recebeu o nome de bandeirismo ou sertanismo de contrato. Observe o avanço dessas bandeiras no mapa D.

Bandeirismo minerador e de contrato – século dezoito

Mapa D. Bandeirismo minerador e de contrato – século dezoito

Mapa do Brasil mostrando, por meio de setas, a expansão e o deslocamento do bandeirismo minerador e de contrato pelo território. O limite traçado pelo Tratado de Tordesilhas aparece no mapa, demarcando os domínios espanhol (à oeste) e português (à leste). 

Sertanismo de contrato
1 Estêvão B. Parente: de Salvador para o interior sul do território, em direção ao Rio Jequitinhonha. 2 Domingos B. Calheiros: de Salvador para o interior noroeste do território, em direção ao Rio São Francisco. 3 Domingos A. Mafreuse: de Salvador para o interior noroeste do território, ultrapassando o Rio São Francisco. 4 Domingos Jorge Velho: de Recife para o interior sul do território, em direção ao Rio São Francisco. 5 Morais Navarro e Bernardo V. de Melo: de Olinda para o interior noroeste do território, em direção ao Rio Parnaíba. 6 Domingos Jorge Velho e M. C. Almeida: de Olinda para o interior norte do território, passando por Paraíba e Natal, em direção ao Rio Parnaíba.

Sertanismo minerador
1 Fernão Dias Pais e Antônio Manuel Borba Gato: da área que atualmente corresponde ao interior do estado de São Paulo, próximo à Sorocaba, em direção ao Rio Jequitinhonha.
2 Bartolomeu Bueno da Silva: da área que atualmente corresponde ao interior do estado de São Paulo, próximo à Sorocaba, à Vila Boa, localizada em domínio espanhol, e ao Rio Araguaia.
3 Silva Braga: das proximidades de Vila Boa em direção à Belém, margeando o Rio Tocantins.
4 Pascoal Moreira Cabral: da área que atualmente corresponde ao interior do estado de São Paulo, próximo à Sorocaba, à Cuiabá, localizada em domínio espanhol.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 480 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 24.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Qual rio facilitou o avanço da bandeira de Silva Braga no território?

Orientações e sugestões didáticas

O rio que facilitou o avanço da bandeira de Silva Braga foi o Tocantins.

Comente com os alunos que, na conquista do território da América do Norte, também ocorreu um brutal massacre das populações indígenas. No Brasil, os bandeirantes que se dedicaram ao apresamento de indígenas fazem lembrar o general estadunidense câster, retratado em muitos filmes de Hollywood. Explique que, enquanto câster buscava indígenas para exterminá-los, a intenção dos bandeirantes era escravizá-los.

Explique que Tape, ao sul, no mapa C, corresponde à região ocupada pelos povos indígenas Tupi-Guarani, atualmente o Rio Grande do Sul.

Chame a atenção dos alunos para os trajetos percorridos pelos bandeirantes. De modo geral, os rios serviram como via de transporte e referencial de localização, além de garantirem o suprimento de água durante as incursões em direção ao interior do território. Eles poderão notar, ainda, que muitos rios constituem limites naturais para o atual território brasileiro, sendo possível distinguir parte do traçado das fronteiras observando mapas históricos, como os que são apresentados nesta página.

No século dezoito, a economia da colônia tinha se interiorizado ainda mais, criando novos espaços geográficos. Podemos observar, no mapa E, que muitos povoados, depois transformados em vilas e cidades, surgiram no interior do território graças à expansão das bandeiras, da atividade mineradora e da pecuária.

Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezoito

Mapa E. Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezoito
Mapa do Brasil mostrando as atividades econômicas desenvolvidas no século dezoito. 
Área de ocorrência do pau-brasil: faixa litorânea, de Guaratinguetá, na costa sudeste, às imediações de Olinda, na costa nordeste.
Cana-de-açúcar: manchas esparsas no litoral, permeando áreas de ocorrência de pau-brasil. Destaque para São Vicente, Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, São João da Barra, Vitória, Porto Seguro, Ilhéus, Recife, Olinda, Natal, São Luís e Alcântara.
Pecuária: extensas manchas nas porções interioranas do nordeste e do centro-sul do território, com destaque para áreas que margeiam os rios São Francisco, Tocantins e Parnaíba e faixas próximas a São Pedro del Rei (Poconé), São Paulo, Sorocaba, Curitiba e ao atual estado do Rio Grande do Sul.
Tabaco: ocorrências no litoral ou próximas à costa, nas proximidades de Rio de Janeiro, São João del Rei, Taubaté, Salvador, São Cristóvão, Alagoas do Sul, Natal, São Luís e Cametá.  
Mineração: extensas faixas nas porções sudeste, abrangendo Sabará, Vila Rica, São João del Rei e São Paulo, e centro-oeste, abrangendo Vila Boa, Cuiabá e imediações de Vila Bela. Na porção nordeste, destacam-se áreas próximas à Jacobina, no interior.
Drogas do sertão: estende-se de Belém para o interior da porção norte do território, ocorrendo em extensas áreas e abrangendo Macapá, Óbidos, Santarém, Borba, Barra do Rio Negro, Barcelos e Olivença.
Fronteiras atuais do território brasileiro: uma linha cinza demarca a fronteira atual do Brasil com os países vizinhos.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 530 quilômetros.

Fontes: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ólAtlas histórico escolar.oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 32; VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 102.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Explique como o processo de expansão da ocupação do território intensificou a produção de espaços geográficos.

Orientações e sugestões didáticas

No processo de expansão da ocupação do território, a mineração e a pecuária expandiram-se para o interior, ampliando o território de domínio português e construindo novos espaços geográficos.

Século dezenove

No século dezenove, três outras atividades econômicas se tornaram “motores” da construção do espaço: a cultura do cacau no sul da Bahia; a cafeicultura no Rio de Janeiro e em São Paulo, que atraiu muitos imigrantes estrangeiros e contribuiu para o povoamento dessas áreas cafeeiras e para o crescimento urbano; e a extração de látex na Amazônia para a fabricação de borracha, que atraiu populações do nordeste do território e estrangeiros (mapa F).

Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezenove

Mapa F. Brasil: economia e construção de espaços geográficos – século dezenove
Mapa do Brasil mostrando as atividades econômicas desenvolvidas no século dezenove. 
Borracha: estende-se de Belém para o interior da região norte, ocorrendo em extensas áreas, inclusive em Manaus, e permeando os rios Amazonas, Madeira, Tapajós, Purus, Negro e Juruá.
Café: Entre o interior norte do atual estado de São Paulo, passando pelo Rio de Janeiro, e o sul do atual território de Minas Gerais. 
Algodão: estreitas faixas no interior do nordeste, próximas à Paraíba e ao Recife.
Tabaco: áreas próximas à Salvador, na porção nordeste, e à Desterro e Porto Alegre, na porção sul. 
Mineração: faixas no interior da atual Minas Gerais, passando por Ouro Preto, na porção centro-oeste, abrangendo Cuiabá e Goiás, e no interior do atual estado da Bahia.
Pecuária: extensas manchas nas porções interioranas do nordeste e do centro-sul do território, com destaque para áreas que margeiam os rios São Francisco, Tocantins e Parnaíba e faixas próximas às áreas mineradoras e de produção de café e tabaco.
Cana-de-açúcar: manchas esparsas no litoral, permeando áreas de ocorrência de pau-brasil. Destaque Rio de Janeiro, Niterói, Vitória, Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, Paraíba e Natal.
Cacau: estreita faixa localizada na costa do atual estado da Bahia. 
Fronteiras atuais do território brasileiro: uma linha cinza demarca a fronteira atual do Brasil com os países vizinhos.
Estradas de ferro: na porção sul, conectam Porto Alegre, no litoral, ao interior, passando por área de pecuária. na porção sudeste, conectam São Paulo, Ouro Preto, Rio de Janeiro e Niterói, ligando áreas produtoras de café e cana-de-açúcar e de mineração. na porção nordeste, conectam os espaços a partir de Salvador (em direção à Aracaju e ao interior baiano, ligando áreas produtoras de cana-de-açúcar e tabaco e que desenvolvem pecuária), e de Recife, Paraíba, Natal e Fortaleza, ligando o litoral ao interior 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 530 quilômetros.

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et al. Atlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 38.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Que atividade econômica, no final do século dezenove, foi responsável pela interiorização do povoamento na bacia do Rio Amazonas? E no Rio de Janeiro e em São Paulo?

Orientações e sugestões didáticas

No final do século dezenove, a atividade econômica responsável pela interiorização do povoamento na bacia do Rio Amazonas foi a extração do látex das seringueiras para a fabricação da borracha e, no Rio de Janeiro e em São Paulo foi a expansão da cafeicultura.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Funai (Fundação Nacional do Índio)

https://oeds.link/dQJvMX

Site dedicado à questão indígena no Brasil, que apresenta, por meio de textos, vídeos, fotografias e mapas, amplo conteúdo sobre as condições atuais dos povos indígenas e sua história.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

KOK, Gloria Porto.

A escravidão no Brasil colonial. São Paulo: Saraiva, 2012.

A obra traz informações sobre a escravidão de negros e índios na América portuguesa, discutindo o aprisionamento de indígenas, a resistência de quilombos e os diferentes conflitos culturais gerados pela mentalidade escravista.

Orientações e sugestões didáticas

Os dois mapas da página permitem trabalhar todos os princípios do raciocínio geográfico indicados na Bê êne cê cê. É possível interpretar os mapas, com base nos princípios, da seguinte maneira:

  • analogia: comparar os fenômenos geográficos e suas mudanças nos séculos dezoito e dezenove;
  • conexão: explorar o fato de que a pecuária, por exemplo, era uma atividade importante por fornecer alimento a regiões cuja produção econômica estava voltada para a mineração;
  • diferenciação: os mapas apresentam diferentes usos do território ao longo dos séculos dezoito e dezenove;
  • distribuição e extensão: analisar a abrangência das diferentes classes das legendas, percebendo variações ao longo do tempo;
  • localização: identificar vilas e cidades presentes nos mapas;
  • ordem: evidenciar as estruturações espaciais do território nos séculos dezoito e dezenove, resultados de arranjos sociais, econômicos e políticos da época.

Chame a atenção dos alunos para o fato de que nos mapas da página 22 a cidade de Salvador é representada como capital do Brasil, ao passo que nos mapas da página 23 representa-se o Rio de Janeiro como capital. Isso se deve à mudança da capital do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763. Sugerimos o podcast a seguir, que destaca esse fato, além de apresentar a música, que homenageia o Rio de Janeiro, Samba do avião, de Tom Jobim, cantada pela família baiana dos Caymmi. A Música do Dia: Em 1763 a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro; disponível em: https://oeds.link/pp8f0M; acesso em: 3 maio 2022. Rádio Câmara: s/d. Apresentação: Luiz Cláudio Canuto. Duração: 7 minutos 4 s.

Séculos vinte e vinte e um: (re)construção de espaços geográficos

Lembramos que, em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, acertando as fronteiras entre as terras portuguesas e espanholas na América do Sul. Como resultado da interiorização da colonização, em 1822 o Brasil já apresentava praticamente a sua configuração territorial atual (mapa G).

Configuração do território brasileiro em 1822 e dos países e colônias vizinhos

Mapa G. Configuração do território brasileiro em 1822 e dos países e colônias vizinhos. Mapa da América Central e da América do Sul mostrando o território dos países e colônias portuguesas e espanholas dessas regiões no ano em que conquistaram suas independências. As fronteiras não são as mesmas verificadas hoje, apesar de guardarem grande semelhança com o período atual. Os países e as colônias representados e os anos de independência são: México. Ano: 1821. Cuba. Ano: 1902. República Dominicana. Ano: 1865. Haiti. Ano: 1804. República Centro-Americana. Ano: 1821. Grã-Colômbia. Ano: 1819. Venezuela. Ano: 1830. Nova Granada. Ano: 1831. Guiana Inglesa. Ano: 1966. Guiana Holandesa. Ano: 1975. Equador. Ano: 1830. Peru. Ano: 1821. Bolívia. Ano: 1825. Paraguai. Ano: 1811. Uruguai. Ano: 1828. Chile. Ano: 1818. Argentina. Ano: 1810. Brasil. Ano: 1822. Guiana Francesa. Em 1946, a Guiana Francesa tornou-se departamento ultramarino da França, passando a fazer parte de sua divisão administrativa, com certa autonomia econômica e política. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.150 quilômetros.

Fonte: CAMPOS, Flávio de; dounicóf, Miriam. Atlas: história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1994. página 23.

No final do século dezenove e início do vinte, os governos brasileiros, por meio de tratados e conversações diplomáticas com países e colônias europeias vizinhos, resolveram pendências de fronteiras que ainda existiam. Assim, em 1904, o território brasileiro assumiu os limites fronteiriços atuais, que podem ser observados no mapa H.

Brasil: unidades político-administrativas – 2022

Mapa H. Brasil: unidades político-administrativas – 2022

Mapa do Brasil mostrando as unidades federativas e as suas respectivas siglas e capitais. O mapa também mostra os países que fazem divisa com o Brasil, indicando o nome de cada um deles.
Unidade federativa: RIO GRANDE DO SUL. CAPITAL: PORTO ALEGRE. Unidade federativa: SANTA CATARINA. CAPITAL: FLORIANÓPOLIS. Unidade federativa: PARANÁ. CAPITAL: CURITIBA. Unidade federativa: SÃO PAULO.  CAPITAL: SÃO PAULO. Unidade federativa: RIO DE JANEIRO. CAPITAL: RIO DE JANEIRO. Unidade federativa: MATO GROSSO DO SUL. CAPITAL: CAMPO GRANDE. Unidade federativa: MINAS GERAIS. CAPITAL: BELO HORIZONTE. Unidade federativa: ESPÍRITO SANTO. CAPITAL: VITÓRIA. Unidade federativa: MATO GROSSO. CAPITAL: CUIABÁ. Unidade federativa: GOIÁS. CAPITAL: GOIÂNIA. Unidade federativa: DISTRITO FEDERAL. CAPITAL: BRASÍLIA. Unidade federativa: BAHIA. CAPITAL: SALVADOR. Unidade federativa: TOCANTINS. CAPITAL: PALMAS. Unidade federativa: SERGIPE. CAPITAL: ARACAJÚ. Unidade federativa: PERNAMBUCO. CAPITAL: RECIFE. Unidade federativa: ALAGOAS. CAPITAL: MACEIÓ. Unidade federativa: PIAUÍ. CAPITAL: TERESINA. Unidade federativa: PARAÍBA. CAPITAL: JOÃO PESSOA. Unidade federativa: RIO GRANDE DO NORTE. CAPITAL: NATAL. Unidade federativa: CEARÁ. CAPITAL: FORTALEZA. Unidade federativa: MARANHÃO. CAPITAL: SÃO LUÍS. Unidade federativa: PARÁ. CAPITAL: BELÉM. Unidade federativa: AMAPÁ. CAPITAL: MACAPÁ. Unidade federativa: RONDÔNIA.  CAPITAL: PORTO VELHO. Unidade federativa: ACRE. CAPITAL: RIO BRANCO. Unidade federativa: AMAZONAS. CAPITAL: MANAUS. Unidade federativa: RORAIMA. CAPITAL: BOA VISTA. 
Países que fazem fronteira com as unidades federativas brasileiras:
Uruguai: Rio Grande do Sul.
Argentina: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Paraguai: Paraná e Mato Grosso do Sul.
Bolívia: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre.
Peru: Acre e Amazonas.
Colômbia: Amazonas.
Venezuela: Amazonas e Roraima.
Guiana: Roraima e Pará.
Suriname: Pará e Amapá.
Unidades federativas com possuem saída para o litoral: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 470 quilômetros.
Entre 1904 e 1988, houve algumas alterações na divisão político-administrativa do Brasil. Por exemplo, em 21 de abril de 1960, ocorreu a inauguração de Brasília como capital federal; em 1962, o Acre, que era território federal, foi elevado à categoria de estado; em 1977, foi criado o estado do Mato Grosso do Sul, com o desmembramento do estado de Mato Grosso; e, em 1988, foi criado o estado de Tocantins, com o desmembramento do estado de Goiás.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 94.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Em que unidade político-administrativa do Brasil você mora? Ela possui litoral? Faz fronteira com algum país da América do Sul? Qual é sua cidade capital?

Orientações e sugestões didáticas

As respostas às questões propostas dependem da unidade político-administrativa do Brasil em que o aluno mora.

Compare com os alunos os mapas G e H, ressaltando as principais alterações nas fronteiras do território brasileiro desde 1822 até os dias atuais. Espera-se que percebam que o Brasil obteve territórios de países vizinhos, como Peru, Bolívia e Paraguai, áreas que atualmente correspondem a trechos dos estados do Acre, de Rondônia, de Mato Grosso do Sul, do Paraná e de Santa Catarina.

Em relação ao mapa H e com base nas informações da nota que o acompanha, informe os alunos que a instalação definitiva do estado de Tocantins ocorreu em 1º de janeiro de 1989.

2. O capitalismo industrial e as transformações do espaço geográfico brasileiro

A partir do século dezoito, desenvolveu-se na Inglaterra uma nova fórma de organização econômica que influenciaria mundialmente a economia e o ordenamento de espaços geográficos: o capitalismo industrial, como ficou conhecido, substituiu a manufatura na produção de mercadorias pela maquinofatura, graças às inovações tecnológicas no processo de produção.

Esse novo sistema econômico, que se propagaria para outros países, alterou a concepção mercantilista de que a riqueza de um Estado se constituía pelo acúmulo de metais preciosos por meio do comércio exterior e defendia que a concentração de riquezas se realizaria pela produção industrial e pela comercialização de mercadorias industrializadas.

A implantação do capitalismo industrial em diferentes países foi acompanhada pela consolidação do trabalho assalariado e pela formação de novas classes sociais: a burguesia industrial, proprietária das indústrias; e o proletariado, formado por trabalhadores assalariados.

Apesar das Revoluções Industriais ocorridas em alguns países europeus, nos Estados Unidos e no Japão, entre os séculos dezoito e vinte, o Brasil, mesmo após a sua independência política de Portugal em 1822, continuou como fornecedor de produtos primáriosglossário para o mercado mundial até meados do século vinte. Interessava ao capitalismo industrial que os países periféricosglossário permanecessem como fornecedores de gêneros alimentícios a baixos preços – garantindo o baixo custo da mão de obra operária na Europa, o que beneficiava os donos das indústrias – e de outros produtos primários, como minérios e petróleo – para abastecer a indústria europeia.

No início do século vinte, o Brasil ainda não havia se industrializado. Os espaços geográficos mais dinâmicos do país – localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro (observe a foto), com a cafeicultura, e em Pernambuco e no litoral de seus estados vizinhos, com a cana-de-açúcar – continuaram sendo espaços fornecedores de produtos primários.

Fotografia em preto e branco. Vista de uma área com diversas pessoas transitando na calçada e na rua. Elas usam roupa social, chapéus e vestidos. À esquerda, há diversos prédios com placas, indicando que são estabelecimentos comerciais.
Vista de estabelecimentos comerciais na Rua São José, no centro da cidade do Rio de Janeiro, RJ, na década de 1920.
Orientações e sugestões didáticas

No livro do 6º ano desta coleção, são abordadas as Revoluções Industriais e suas transformações nas paisagens e na sociedade. Recomendamos que esses assuntos sejam revistos.

Competência

Os aspectos produtivos relacionados às atividades econômicas realizadas no Brasil até a industrialização possibilitam o trabalho com a Competência Específica de Geografia 2: “Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história”.

Nesse sentido, é possível ressaltar que, até meados do século vinte, as atividades de maior destaque na economia do Brasil estiveram relacionadas, sobretudo, ao fornecimento de produtos primários para o mercado externo. Assim, os produtos do extrativismo vegetal, da mineração e da agricultura realizada em larga escala (a exemplo da cana-de-açúcar e do café) abasteciam o mercado europeu e estadunidense e sua valorização interferia na configuração do território brasileiro.

Oriente os alunos a interpretar a fotografia, ressaltando o modo de as pessoas se vestirem à época e a fórma como podem se vestir hoje em dia, chamando a atenção para o fato de que a sociedade e a cultura se modificam com o passar o tempo.

A partir da década de 1930, novos espaços geográficos começaram a ser construídos e outros foram reconstruídos, impulsionados por acontecimentos que transformaram não somente a organização espacial do país, como também sua sociedade. Entre eles, destacam-se:

  • a industrialização brasileira a partir de 1930, que se aprofundou entre as décadas de 1950 e 1970, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e se desdobra até os dias atuais em várias regiões do território;
  • a acelerada urbanização decorrente da industrialização, da modernização agrícola e da migração de pessoas do campo para as cidades;
  • o avanço da fronteira agropecuária, ou seja, do estabelecimento de áreas de cultivo agrícola e de criação de gado no interior do território, criando novos espaços geográficos;
  • o deslocamento da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960.

Analise o mapa, que representa o resultado de cêrca de cinco séculos de ocupação e uso do território brasileiro.

Brasil: uso do território – 2019

Mapa. Brasil: uso do território – 2019. Mapa do Brasil mostrando a hierarquia urbana das cidades brasileiras, as cidades com forte especialização industrial e o grau de uso de máquinas e irrigação nos espaços agrícolas. Hierarquia urbana - Grande metrópole nacional: São Paulo. Metrópoles nacionais: Brasília, Rio de Janeiro. Metrópoles: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Recife, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Belém, Campinas. Capitais regionais: Cuiabá, Campo Grande, São Luís, Teresina, Natal, João Pessoa, Maceió, Aracaju. Centros regionais: concentrados nas regiões sudeste e sul, sobretudo no estado de São Paulo, e dispersos nas outras regiões, principalmente no interior do nordeste. Cidades com forte especialização industrial: encontradas com maior incidência nas regiões sudeste, sobretudo na região metropolitana de São Paulo, e sul, com destaque para áreas próximas à Porto Alegre e Florianópolis. O interior dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, algumas áreas do Paraná, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro e o sudoeste de Minas Gerais também apresentam cidades com especialização industrial; em menor número, estão representadas algumas cidades no nordeste, no norte e nos três estados do centro-oeste. Grau de uso de máquinas e irrigação nos espaços agrícolas - Mais baixo: grandes extensões das regiões nordeste e toda região norte, além de faixas do Mato Grosso, Goiás e de Minas Gerais. Em outras partes do território, também há algumas manchas, entremeadas por áreas com especialização mediana. Médio: manchas localizadas em várias áreas do território, com destaque para os três estados do centro-oeste, entre os estados da Bahia, do Tocantins, do Piauí e de Pernambuco, em várias porções do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do interior paulista, de Minas Gerais e do Espírito Santo. Mais alto: destaque para manchas no Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, em São Paulo, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, além de ocorrências menores no oeste de Pernambuco, no leste de Piauí, no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no norte da Bahia. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.

Fontes: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 147; í bê gê Éponto Regiões de influência das cidades: 2018. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 12.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Baseando-se no mapa, como você classifica o espaço agrícola da unidade da federação onde você mora?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão proposta depende da unidade da federação em que o aluno mora.

Tenha em vista que o conteúdo abordado na seção Cruzando saberes, na próxima página, poderá ser retomado em outros momentos deste livro a fim de contribuir para a aprendizagem dos alunos sobre as questões históricas e atuais relacionadas aos indígenas no Brasil.

Competência

O mapa desta página possibilita o trabalho com a Competência Específica de Ciências Humanas 7: “Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão”.

Ao analisar o mapa, trabalhe a localização das principais cidades e a distância entre elas. Destaque que o uso de máquinas e irrigação nos espaços agrícolas se concentra em determinadas regiões, como nas unidades da federação da Grande Região Centro-Oeste. Comente que a agricultura mecanizada tem avançado em direção à Grande Região Norte. Ressalte que os fenômenos representados no mapa são simultâneos e têm conexão entre si.

Ícone. Seção Cruzando saberes. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa atravessando na faixa de pedestres.

Cruzando saberes

O imaginário social sobre os indígenas

Durante a conquista e a formação territorial do Brasil pelos colonizadores portugueses, ocorreu o extermínio de grande parte da população indígena, a sua aculturação e a apropriação dos seus territórios. Esses processos não se limitaram aos séculos dezesseis a dezenove, continuando nos séculos vinte e vinte e um. Hoje, apesar de no Brasil haver leis de proteção aos direitos dos povos indígenas, eles ainda são constantemente ameaçados e sofrem discriminação e preconceito.

[…] Nosso imaginário social sobre os índios ainda é marcado pelo desconhecimento e por preconceitos advindos e influenciados pela visão de estudiosos, viajantes portugueses e outros europeus, que por aqui se instalaram […]. Alguns religiosos não acreditavam que os nativos compartilhassem uma natureza humana, pois, segundo eles, os indígenas pareciam animais selvagens e por isso deveriam ser escravizados.

Brasil: terras indígenas – 2019

Mapa. Brasil: terras indígenas - 2019 
Mapa do Brasil que mostra a situação jurídica das terras indígenas do país.
 Reservada/homologada (áreas ocupadas e demarcadas, aprovadas pelo Presidente da República e com publicação no Diário Oficial da União): extensas ocorrências na região norte, com destaque para Pará, Amazonas e Roraima. Há faixas no Mato Grosso e no Maranhão e pontos na região sul, em mato grosso do sul, em Goiás, na Bahia, em Alagoas, em Pernambuco, em São Paulo, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Declarada (área demarcada juridicamente de posse permanente dos indígenas): grande predomínio na região norte, sobretudo no Pará e no Amazonas. Há terras menores no Acre, no Maranhão, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo, nos estados da região centro-oeste e em porções do interior do nordeste.
Identificada (área que já possui estudo realizado pela Funai e publicado em decreto federal): áreas menores em relação às terras reservadas e declaradas, localizadas no noroeste do Pará, oeste de Tocantins, leste do Amazonas e do Mato Grosso, nordeste de Sergipe e do Ceará, litorais de São Paulo e Rio Grande do Sul. 
A identificar/Em identificação (áreas reconhecidas pela existência de indígenas, mas não aprovadas pela Funai): áreas representadas por manchas no noroeste do Amazonas e áreas pontuais no Pará, no Amapá, em Rondônia, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, na Bahia, em Alagoas e no Ceará.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 700 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 120.

Dessa visão limitada e discriminatória, que pautou a relação entre índios e brancos no Brasil desde 1500, resultou uma série de ambiguidades e contradições ainda hoje presentes no imaginário da sociedade brasileira […]:

  1. Diz respeito à antiga visão romântica [que] idealiza o índio ligado à natureza, protetor das florestas, ingênuo, pouco capaz ou incapaz de compreender o mundo branco com suas regras e valores. […]
  2. A segunda perspectiva é sustentada pela visão do índio cruel, bárbaro, canibal, animal, selvagem, preguiçoso, traiçoeiro e tantos outros adjetivos e denominações negativos. Essa visão também surgiu desde a chegada dos portugueses, principalmente por meio dos segmentos econômicos, que queriam ver os índios totalmente extintos para se apossarem de suas terras [...]. As denominações e os adjetivos eram para justificar suas práticas de massacre como autodefesa e defesa dos interesses da Coroa. Ainda hoje essa visão continua sendo sustentada por grupos econômicos que têm interesse pelas terras indígenas e pelos recursos naturais nelas existentes.
  3. A terceira perspectiva é sustentada por uma visão mais cidadã [que] concebe os índios como sujeitos de direitos e, portanto, de cidadania. E não se trata de cidadania comum, única e genérica, mas daquela que se baseia em direitos específicos, resultando em uma cidadania diferenciada, ou melhor, plural […].”

CRUZ, A. C. J.; RODRIGUES, T. C.; Barbosa, L. M. A. Apontamentos teóricos para a educação das relações étnico-raciais no Brasil: contextos e conceitos. In: BARBOSA, L. M. A. organização. Relações étnico-raciais em contexto escolar: fundamentos, representações e ações. São Carlos: edufiscar, 2011. página 15 e 16.

 Interprete

1. Qual é a relação entre a visão preconceituosa sobre os indígenas e a disputa pela posse da terra? Use trechos do texto para justificar sua resposta.

 Viaje sem preconceitos

2. Imagine que você tenha sido convidado a defender os direitos de povos indígenas ou de outras minorias. O que você diria?

Orientações e sugestões didáticas

Trabalhe com os alunos a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três, ressaltando que os indígenas são cidadãos brasileiros, que têm direitos legais e territoriais reconhecidos pela Constituição brasileira. Nesse sentido, explore o mapa e a importância do reconhecimento e da demarcação das terras indígenas.

Explique aos alunos que preconceito é o juízo desfavorável formado antecipadamente por um grupo social em relação a outro; discriminação é o ato de excluir pessoas ou grupos, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas.

Destaque a importância de promover e de fazer cumprir as leis e as políticas voltadas à garantia de todos os direitos às pessoas ou a grupos discriminados por motivos étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, contribuindo para a desconstrução de preconceitos e para a promoção da cultura de paz.

Temas contemporâneos transversais

Esta seção trabalha com os temas Educação em Direitos Humanos e Diversidade Cultural. Ressalte a atualidade das questões abordadas, enfatizando os impasses e lutas dos indígenas pelo reconhecimento e demarcação de terras. Sugerimos a seguinte leitura: ROCHA, S. P. Imagens (des)encobertas sobre população negra, povos indígenas e mulheres nos livros didáticos. In: FLORES, E. C.; FERREIRA, L. de F. G.; BARBOSA E MELO, V. de L. (organizador). Educação em Direitos Humanos e educação para os Direitos Humanos. João Pessoa: Méqui/edição Universitária da ú éfe pê bê, 2014. página 151-167.

Interdisciplinaridade

O tema pode ser trabalhado com o professor de História, analisando o processo de exploração do trabalho e aculturação dos povos indígenas; os impactos da conquista europeia da América; a permanência, nos dias atuais, de fórmas de preconceitos e estereótipos sobre as populações indígenas.

Respostas

  1. As denominações e os adjetivos usados pelos conquistadores/colonizadores serviam “para justificar suas práticas de massacre como autodefesa e defesa dos interesses da Coroa” e para se apossar das terras. Isso se mantém até os dias atuais, pois “ainda hoje essa visão continua sendo sustentada por grupos econômicos que têm interesse pelas terras indígenas e pelos recursos naturais nelas existentes”.
  2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos discutam e reflitam sobre as razões que levam muita gente a ter atitudes preconceituosas, discriminatórias e de intolerância, assim como sobre a importância de combater tais atitudes.
Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 1 e 2

Registre em seu caderno.

  1. Em relação à localização do Brasil quanto às zonas térmicas ou climáticas, responda às questões.
    1. É correto afirmar que o Brasil é um país predominantemente tropical? Explique.
    2. Qual é a linha imaginária que delimita a Zona Tropical e a Zona Temperada do Sul? Que porções do território brasileiro estão ao sul dessa linha?
  2. Explique por que nós, brasileiros, somos chamados de sul-americanos e latino-americanos.
  3. Sobre as várias modalidades de bandeirismo, faça o que se pede.
    1. O que foram os bandeirismos apresador, minerador e de contrato?
    2. Qual foi o impacto que as bandeiras tiveram sobre os povos indígenas?
    3. Aponte a relação entre as bandeiras e a construção de espaços geográficos.
  4. Cite os “motores” da construção de espaços geográficos nos séculos dezesseis, dezessete, dezoito e dezenove no Brasil.
  5. Na história oficial do Brasil, os bandeirantes são considerados heróis nacionais. Em sua opinião, os povos indígenas compreendem esses personagens da história da mesma maneira?
  6. Imagine que a seleção brasileira de futebol tenha sido convidada a participar de jogos amistosos. Calcule o horário dos jogos nas cidades indicadas no mapa, sabendo que eles ocorrerão sempre às 12 horas de Brasília Distrito Federal . Desconsidere o horário de verão, se houver.
Mapa. Planisfério de fusos horários, com divisão dos limites práticos e teóricos. Algumas cidades estão indicadas e representadas por bolas de futebol. As cidades e os seus respectivos fusos são:  

Washington: fuso menos 5 horas
Santiago: fuso menos 4 horas
Brasília e Buenos Aires: fuso menos 3 horas
Johanesburgo: fuso mais 2 horas
Moscou: fuso mais 3 horas
Tóquio: fuso mais 9 horas
Sidnei: fuso mais 10 horas

Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.350 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 19.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Sim, porque a maior parte do território brasileiro localiza-se na Zona Tropical.
  2. A linha que delimita é o Trópico de Capricórnio. Localizam-se ao sul dessa linha, na Zona Temperada, o sul do estado de São Paulo, o extremo sul de Mato Grosso do Sul, a maior parte do Paraná e os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
  1. Somos assim chamados porque o Brasil ocupa uma parte da porção sul do continente americano. Também somos chamados de latino-americanos porque o Brasil é um país de língua portuguesa, neolatina.
    1. O bandeirismo apresador tinha como objetivo aprisionar indígenas para comercializá-los. O bandeirismo minerador era motivado pela busca de ouro e pedras preciosas. Já o bandeirismo de contrato objetivava a captura de escravos fugitivos e a destruição de quilombos.
    2. A destruição de aldeias, o massacre e a escravização de indígenas para o trabalho nos engenhos de cana-de-açúcar e outras atividades.
    3. A ampliação do território pelos bandeirantes resultou na expansão de atividades como a pecuária e a mineração. Essas atividades promoveram a ocupação e o povoamento de partes do território e, sobretudo no caso da mineração, o surgimento de vilas e cidades.
  1. No século dezesseis, foram a exploração do pau-brasil, a cultura da cana-de-açúcar e do tabaco e a criação do gado ocupando a faixa litorânea em direção ao interior do território. Nos séculos dezessete e dezoito, as “drogas do sertão” na Amazônia, o avanço da pecuária e a mineração. No século dezenove, a cultura do cacau no sul da Bahia, a cafeicultura no Rio de Janeiro e em São Paulo e a extração de látex na Amazônia.
  2. É muito provável que os indígenas não compreendam da mesma maneira, pois foram desterritorializados, escravizados, e grande parte deles foi morta. Esse processo se prolongou até os dias atuais, pois muitas comunidades indígenas ainda aguardam providências governamentais para demarcar e homologar suas terras.
  3. Os horários serão, no mesmo dia: Washington, D.C., 10 horas; Santiago, 11 horas; Buenos Aires, 12 horas; Barcelona, 16 horas; Johanesburgo, 17 horas; Moscou, 18 horas. Já em Tóquio, 0 hora do dia seguinte e, em Sidnei, uma hora do dia seguinte.
  1. Observe o mapa dos climas do Brasil, na página 17, e responda às questões.
    1. Qual é o tipo de clima que predomina na unidade da federação em que você vive?
    2. Por que podemos afirmar que a variedade de tipos de clima no Brasil se relaciona com a grande extensão do território nacional na direção norte-sul?
  2. Observe o climograma da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia.

Salvador (Bahia): climograma

Gráfico. Salvador (Bahia): climograma
Climograma mostrando as precipitações, por meio de colunas azuis, e temperaturas em graus celsius, por meio de uma linha vermelha. Os valores das precipitações estão no eixo à esquerda, variando de 0 a 500 milímetros; os valores das temperaturas estão no eixo à direita, variando de 0 a 50 graus. No eixo horizontal, estão indicados os meses do ano.
Janeiro: Precipitação 95 milímetros. Temperatura 26 graus celsius
Fevereiro: Precipitação 120 milímetros. Temperatura 26 graus celsius
Março: Precipitação 150 milímetros. Temperatura 26 graus celsius
Abril: Precipitação 330 milímetros. Temperatura 25,5 graus celsius
Maio: Precipitação 335 milímetros. Temperatura 24 graus celsius
Junho: Precipitação 250 milímetros. Temperatura 23,5 graus celsius
Julho: Precipitação 190 milímetros. Temperatura 23 graus celsius
Agosto: Precipitação 140 milímetros. Temperatura 22 graus celsius
Setembro: Precipitação 105 milímetros. Temperatura 23,5 graus celsius
Outubro: Precipitação 105 milímetros. Temperatura 24 graus celsius
Novembro: Precipitação 120 milímetros. Temperatura 25 graus celsius
Dezembro: Precipitação 105 milímetros. Temperatura 26 graus celsius

Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 165.

Identifique os meses do ano mais favoráveis para o desenvolvimento da atividade turística em Salvador e explique por quê.

9. Leia os quadrinhos do personagem Tchárli Bráun e responda às questões.

Quadrinhos. História contada em quatro quadros. Charlie Brown, um menino de boné branco e camiseta amarela, e seu amigo, de cabelos pretos e camiseta vermelha, conversam. Quadro 1: Os dois personagens estão lado a lado. Charlie Brown, com uma feição de preocupação, diz: Hoje foi um dia ruim... Se tiver sorte, amanhã será um dia melhor. Quadro 2: Os dois personagens estão frente a frente e o amigo de Charlie Brown diz: Em algumas partes do mundo, amanhã já é hoje e hoje é ontem.... Quadro 3: Apenas o amigo de Charlie Brown aparece e diz: Se amanhã já é hoje, Charlie Brown, amanhã não pode ser um dia melhor. Os dois personagens estão frente a frente e Charlie Brown diz: Você é muito animador.
  1. O que Lino, amigo de Tchárli Bráun, quer dizer com a frase “Em algumas partes do mundo, amanhã já é hoje e hoje é ontem”? Por que isso acontece?
  2. Se você estivesse em Manaus, capital do estado do Amazonas, e lá fossem 23 horas, no arquipélagoglossário de Fernando de Noronha seria ontem, hoje ou amanhã em relação à sua localização?

10. Busque informações sobre as coordenadas geográficas e as altitudes do município onde você mora. Sabendo que a capital do Brasil, Brasília, localiza-se a quinze graus e quarenta e sete minutos de latitude Sul e a quarenta e sete graus e cinquenta e quatro minutos de longitude Oeste, a .1172 metros de altitude, responda:

  1. Qual é a diferença aproximada, em graus, entre essas coordenadas geográficas? E qual delas está mais próxima da linha equatorial?
  2. Qual é a diferença de altitude entre o seu município e Brasília?
  3. O município em que você vive está no mesmo fuso horário de Brasília ou em outro?
Orientações e sugestões didáticas
    1. A resposta depende da unidade da federação em que o aluno mora.
    2. A grande extensão do Brasil na direção norte-sul influencia a diversidade climática do país, uma vez que seu território abrange diferentes zonas térmicas, fazendo que suas terras recebam maior ou menor intensidade de energia solar.
  1. Para esta atividade, sugerimos que a explicação sobre climograma seja retomada. Esse conteúdo foi estudado no 6º ano desta coleção. A melhor época para a atividade turística em Salvador é durante os meses de verão e de primavera. Nesses meses, a pluviosidade é menor e as temperaturas são mais altas. Nos meses de abril a agosto, chove mais e as temperaturas são mais baixas.
    1. Lino se refere às diferenças de horário que ocorrem no globo. Isso se dá pelo fato de a Terra ser esférica, sendo impossível que o Sol ilumine os dois lados ao mesmo tempo, e pelo movimento de rotação que o planeta realiza em torno de seu eixo de oeste para leste, determinando que a parte a ser iluminada primeiro pelo Sol (no caso, o leste) esteja horas à frente do lado oeste.
    2. Seria amanhã, pois esse arquipélago encontra-se no primeiro fuso do Brasil, e Manaus, no terceiro. Assim, Fernando de Noronha se encontra duas horas adiantado em relação a Manaus. Nesse caso, no arquipélago seria uma hora da manhã do dia seguinte.
    1. Depende do município. Peça aos alunos que consultem o site Apolo 11 (disponível em: https://oeds.link/6WRcap; acesso em: 30 novembro 2021), no qual podem obter as coordenadas geográficas e a altitude do município onde moram. Oriente-os a subtrair a menor latitude da maior. Quanto à longitude, enfatize que todo território brasileiro localiza-se a oeste do Meridiano Principal; assim, toda longitude será Oeste.
    2. Depende do município.
    3. A depender do município, poderá estar no mesmo fuso horário de Brasília ou em outro, com menos uma hora ou duas horas em relação a Brasília.

PERCURSO 3 A REGIONALIZAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO

1. Regionalização e região: o que são?

Regionalização é a divisão de um território em partes ou em unidades territoriais com base em certos critérios ou princípios: de ordem natural ou física fórmas de relevo, tipos de clima e de formações vegetais etcétera – e de ordem humana ou social – culturais, históricos, econômicos, sociais, políticos etcétera –, ou ainda a combinação dessas ordens. Cada uma dessas partes recebe o nome de região e apresenta características comuns.

A regionalização de um território depende dos objetivos ou dos interesses de quem assume essa tarefa ou esse estudo. Observe, por exemplo, no mapa da página 17, uma regionalização cujo critério é de ordem física, o clima.

2. Brasil: regionalização oficial

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), órgão do Governo Federal, com base em uma combinação de aspectos de ordem natural e humana (principalmente a econômica), dividiu o território brasileiro em cinco Grandes Regiões, também chamadas de Macrorregiões. Essa é a regionalização oficial do nosso país. Estudaremos o Brasil com base nessa regionalização a partir da Unidade 4.

Observe que os limites das regiões correspondem às divisas territoriais dos estados brasileiros. O í bê gê Éprocedeu dessa maneira para facilitar os estudos estatísticos oficiais do país que são de sua responsabilidade (número de nascimentos e mortes da população, produção da agricultura e da indústria, vendas do comércio e muitos outros dados). De posse deles, os governos municipais, estaduais, distrital e federal podem planejar e implementar ações no território para atender às necessidades da população.

Brasil: divisão regional oficial – 1988

Mapa. Brasil: divisão regional oficial - 1988
Mapa do Brasil mostrando as unidades federativas que formam as cinco grandes regiões do país, diferenciadas por cores.
Grande Regiões ou Macrorregiões
Região Norte (verde): Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins.
Região Nordeste (laranja): Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia.
Região Centro-Oeste (rosa): Mato Grosso, Mato grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal.
Região Sudeste (amarelo): Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo.
Região Sul (roxo): Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 540 quilômetros.

Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 94.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Em qual dessas Grandes Regiões você vive?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão proposta depende da unidade da federação em que o aluno vive.

Percurso 3

Neste Percurso, será trabalhada a regionalização do Brasil. São apresentadas as regionalizações do í bê gê É, dos Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas e a regionalização segundo o meio técnico-científico-informacional.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero sete gê ê zero nove

O ponto de partida para a regionalização pode ser a cidade ou o município, ou seja, o espaço mais próximo dos alunos. Nesse caso, é interessante trabalhar com a planta do município. Sobre essa base cartográfica, explore os conhecimentos que os alunos possuem desse espaço geográfico. Escolha um critério de regionalização e proceda com a divisão em regiões (se a cidade for grande, por exemplo, trabalhe com a planta do bairro). Uma vez realizado esse trabalho local, aplique-o ao território brasileiro.

Use os mapas deste Percurso para apresentar o conteúdo aos alunos, a fim de trabalhar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero nove, que prevê a interpretação de mapas temáticos e históricos.

3. Regionalizações não oficiais

Existem outras divisões regionais do Brasil elaboradas tanto por geógrafos do í bê gê É como por pesquisadores de universidades. Entre elas destacam-se: as Regiões de Influência Urbana, que consideram os centros urbanos como fatores estruturantes do espaço em decorrência de possuírem um setor de serviços diversificado do qual a população e as outras atividades econômicas dependem.

Os Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas

Outra regionalização do país define três Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.

Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas gaiguer adotou como critério para essa regionalização as características econômicas dos espaços geográficos.

Brasil: Complexos Regionais – 1967

Mapa. Brasil: Complexos Regionais - 1967
Mapa do Brasil mostrando as regiões que fórmam os complexos regionais, diferenciados por cores.
Amazônia (verde): todo o território da região norte (com exceção do sudeste do Tocantins), Mato Grosso (com exceção da porção sul), oeste do Maranhão.
Nordeste (laranja): Piauí, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí (com exceção de um pequeno trecho do sudoeste), Bahia (com exceção da porção oeste), leste do Maranhão, norte de Minas Gerais.
Centro-Sul (roxo): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais (com exceção da porção norte), Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, sudeste do Tocantins, oeste da Bahia, sudoeste do Piauí, sul do Maranhão. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 610 quilômetros.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: IBGE, 2018. página 150.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Que diferença há entre essa regionalização e a feita pelo í bê gê É quanto às divisas das unidades da federação?

Orientações e sugestões didáticas

A regionalização do Brasil em complexos regionais não leva em consideração os limites das unidades da federação.

Regionalização segundo o meio técnico-científico-informacional

Na regionalização do território brasileiro segundo o meio técnico-científico-informacional, as regiões se diferenciam pela densidade de recursos técnicos e informacionais (sistemas computadorizados etcétera) ou pelas redes materiais – rede de transporte, fluxo de mercadorias etcétera – e imateriais – telefonia, internet etcétera –, aplicados às atividades econômicas.

Essa regionalização resulta das grandes transformações pelas quais passou o Brasil nas últimas décadas em consequência da implantação de novos meios técnico-científicos e informacionais aplicados na modernização da agropecuária, da indústria e dos serviços.

Brasil: regionalização segundo o meio técnico-científico-informacional – 1999

Mapa. Brasil: regionalização segundo o meio técnico-científico-informacional – 1999
Mapa do Brasil mostrando a regionalização do país segundo o meio técnico-científico-informacional. As regiões estão diferenciadas por cores.
Região Amazônica (verde): Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá.
Região Nordeste (laranja): Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia.
Região Centro-Oeste (rosa): Tocantins, Mato Grosso, Mato grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal.
Região Concentrada (roxo): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 600 quilômetros.

Fonte: SANTOS, Milton; SILVEIRA, María Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século vinte e um. sétima edição Rio de Janeiro: Record, 2005. página quarenta e quatro.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Aponte a diferença entre essa regionalização e a oficial do í bê gê É, em Macrorregiões.

Orientações e sugestões didáticas

A regionalização segundo o meio técnico-científico-informacional juntou as Grandes Regiões Sudeste e Sul, da divisão oficial do í bê gê É, em apenas uma: a Região Concentrada. O estado do Tocantins integra a Grande Região Centro-Oeste, que na divisão do í bê gê É pertence à Grande Região Norte. Explique que, enquanto a Região Concentrada apresenta grande densidade de redes materiais e imateriais, nas demais regiões do Brasil as redes estão se expandindo em manchas, ou seja, não de fórma contínua como na Região Concentrada. É isso que ocorre, por exemplo, nos estados de Goiás e Mato Grosso, no oeste da Bahia (área de forte agronegócio) e no sul do Maranhão.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

í bê gê É – Portal de mapas

https://oeds.link/a4Dwlx

Nesse portal, você poderá encontrar mapas elaborados com temas diversos, como clima, vegetação, tipo de solo, áreas protegidas, potencial agrícola, divisões territoriais, entre outros. Dessa maneira, terá acesso a diferentes tipos de regionalização do território brasileiro.

Orientações e sugestões didáticas

Apresente a regionalização que divide o Brasil em três Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas (Amazônia, Nordeste, Centro-Sul) e não obedece aos limites dos estados. O norte do estado de Minas Gerais está incluído no Complexo Regional do Nordeste por apresentar características socioeconômicas semelhantes às que existem nessa região. Da mesma maneira, grandes porções dos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão estão incluídas no Complexo Regional da Amazônia. Explique para os alunos que, para fins didáticos, nesse mapa a divisão entre as unidades da federação é a atual (em 1967 ainda não existiam os estados do Tocantins e do Mato Grosso do Sul).

Em 2017, o í bê gê É fez uma nova regionalização do território brasileiro em Regiões Geográficas Imediatas e Intermediárias. Para se informar, acesse a publicação í bê gê É. Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias 2017. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2017.

Oriente os alunos a localizar a unidade da federação onde vivem, segundo os três critérios de regionalização do Brasil apresentados nos mapas desta página e da página anterior.

PERCURSO 4 DOMÍNIOS NATURAIS: AMEAÇAS E CONSERVAÇÃO

1. Os domínios morfoclimáticos

O professor aziz nacib abisáber, renomado geógrafo brasileiro, realizou várias pesquisas sobre as condições naturais do território brasileiro, entre elas as interações que o clima, o relevo e a vegetação de um ecossistema mantêm entre si.

Ele considerou a importância do clima e do relevo na definição das paisagens naturais do território brasileiro, levando em conta que as formações vegetais são o “retrato” das combinações e interações dos elementos naturais. Com base nessas pesquisas, ABISSÁBER regionalizou o território brasileiro em domínios naturais, ou seja, áreas que apresentam características semelhantes de relevo, clima e vegetação. Esses domínios receberam a denominação de domínios morfoclimáticos (do grego, morfe, fórma – relativo a relevo; e climático, clima).

Os domínios morfoclimáticos do Brasil são classificados em:

  • domínios florestados – formados por florestas naturais: o Domínio Amazônico, o Domínio dos Mares de Morros (Mata Atlântica) e o Domínio das Araucárias;
  • domínios das formações vegetais naturais herbáceas e arbustivas – Domínio dos Cerrados, Domínio da Caatinga e Domínio das Pradarias (Campos);
  • faixas de transição – correspondem às áreas de passagem de um domínio morfoclimático para outro. Nessas áreas, as características de um domínio se confundem com as de outro. Por exemplo, entre o Domínio dos Cerrados e o Domínio Amazônico, misturam-se elementos tanto de um como de outro.

Brasil: domínios morfoclimáticos

Mapa. Brasil: domínios morfoclimáticos. Mapa do Brasil mostrando a distribuição dos domínios morfoclimáticos pelo território. Domínio Amazônico (terras baixas florestadas equatoriais): Acre, Amazonas, Amapá, sul de Roraima, Pará (com exceção de uma pequena porção do sudeste), oeste do Maranhão, norte de Rondônia e de Mato Grosso, pequena faixa do norte de Tocantins. Domínio dos Cerrados (chapadões tropicais interiores com cerrados e matas-galeria): ocupa grande parte da região centro-oeste, o centro-noroeste de Minas Gerais, o oeste da Bahia, a maior parte de Tocantins, o sul do Maranhão. Domínio dos Mares de Morros (áreas mamelonares tropical-atlânticas florestadas):  faixa litorânea, do norte do Rio Grande do Sul à Paraíba, porção leste de Minas Gerais, interior do estado de São Paulo. Domínio das Caatingas (depressões intermontanas e interplanálticas semiáridas): interior dos estados da região nordeste, com exceção do Maranhão, chegando ao litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará. Domínio das Araucárias (planaltos subtropicais com araucárias): norte do Rio Grande do Sul, centro de Santa Catarina e grande parte do Paraná. Domínio das Pradarias (coxilhas subtropicais com pradarias mistas): faixa na região centro-sudoeste do Rio Grande do Sul. Faixas de transição: margeiam os domínios morfoclimáticos, ocupando trechos em praticamente todos os estados. Estende-se em uma faixa entre Roraima e Pará e abrange, principalmente e de forma contínua, porções do interior nordestino, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 490 quilômetros.

Fonte: AB’SÁBER, Aziz Nacib. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. página 17.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

A unidade da federação em que você mora se localiza em qual(is) domínio(s) morfoclimático(s)?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão do boxe No seu contexto depende da unidade da federação onde os alunos vivem. É uma oportunidade para levar o aluno a compreender o domínio morfoclimático predominante na unidade da federação, destacando as características do clima, do relevo, da vegetação e suas interações.

Percurso 4

Este Percurso aborda os domínios naturais do Brasil e a ação humana sobre eles. As primeiras páginas apresentam fotos, com o objetivo de ilustrar aspectos físico-naturais desses domínios. Também são introduzidos os temas relativos aos problemas ambientais que ocorrem nesses domínios e a caracterização das Unidades de Conservação (ú cê ésse) existentes no país.

Considere que os conteúdos abordados neste Percurso poderão ser retomados em diferentes momentos deste livro, a fim de contribuir para a aprendizagem dos alunos sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil e os impactos ambientais.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete gê ê zero um
  • ê éfe zero sete gê ê um um
  • ê éfe zero sete gê ê um dois

Após explicar o conceito de domínios morfoclimáticos, contextualize esse estudo com base na realidade próxima dos alunos, procurando caracterizar o domínio morfoclimático segundo o mapa. Dessa maneira, a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um poderá ser trabalhada, conduzindo-se os alunos na caracterização dos componentes físico-naturais do Brasil e do município onde vivem. Na sequência, a habilidade ê éfe zero sete gê ê um dois também poderá ser desenvolvida, atentando-se para as Unidades de Conservação existentes na unidade da federação ou no município em que eles vivem.

Instigue os alunos a refletir sobre os impactos ambientais no domínio morfoclimático local e a verificar se possuem informações e/ou hipóteses sobre suas causas.

A fim de trabalhar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero um, questione-os sobre a criação de estereótipos acerca das paisagens brasileiras, pedindo que pensem sobre as propagandas turísticas que exaltam suas belezas naturais. Incite-os a ter uma postura crítica, perguntando: “Qual é a intenção por trás dessa propaganda?”. Essa habilidade é aprofundada no final deste Percurso, ao falar sobre a criação de estereótipos da mídia e sua influência no nosso imaginário.

Fotografia. Vista de uma área com vegetação densa, com árvores com copas fechadas, e um extenso rio com curvas perpassando a formação vegetal.
Trecho de Floresta Amazônica às margens do Rio Guariba, no município de Novo Aripuanã, Amazonas (2020).
Fotografia. Vista de uma área com vegetação rasteira e árvores esparsadas com galhos retorcidos. Uma dessas árvores está em destaque, em primeiro plano.
Vegetação de Cerrado no Parque Nacional das Emas, no município de Mineiros, Goiás (2020).
Fotografia. Vista de uma área com muitas serras encobertas por vegetação em tons variados de verde. Em primeiro plano, algumas árvores esparsadas de porte médio aparecem.
Mares de Morros na Serra da Mantiqueira, no município de São José dos Campos, São Paulo (2021).
Fotografia. Vista de uma área com vegetação rasteira, predominantemente formada por folhas secas. O solo também apresenta aspecto seco, em tom marrom-claro. Ao fundo, há uma modesta formação rochosa em tom amarelado.
Caatinga no município de Canudos, Bahia (2021).
Fotografia. Muitas árvores altas com troncos finos e galhos compridos e curvos. As árvores estão dispostas em um terreno com declive.
Araucárias no município de São José dos Ausentes, Rio Grande do Sul (2021).
Fotografia. Vista de uma área com vegetação rasteira, com gramíneas de aspecto seco e pequenos arbustos esparsados. O terreno é plano e, ao fundo, há alguns morros.
Pradarias (Campos) do Pampa ou da Campanha Gaúcha, no município de Quaraí, Rio Grande do Sul (2019).
Fotografia. Vista de uma área com diversas palmeiras próximas umas às outras, em terreno com vegetação rasteira e verdejante, semelhante a um gramado.
Mata de Cocais no município de Timon, Maranhão (2021). Vegetação da faixa de transição entre o Domínio Amazônico e a Caatinga.
Fotografia. Vista de uma grande área com vasta vegetação densa, formada por diversas árvores. Há um extenso rio com curvas que margeiam a vegetação e, em primeiro plano, uma estrada que se conecta a uma área mais aberta na parte superior da imagem.
Vista de trecho do Pantanal e do Rio São Lourenço no município de Poconé, Mato Grosso (2021). O Pantanal é uma faixa de transição com espécies típicas dos domínios Amazônico, Cerrado e Caatinga.
Orientações e sugestões didáticas

Explique que a denominação “mares de morros” se deve ao aspecto de relevo de fórmas arredondadas. Ela foi dada pelo geógrafo francês pierre defontêne, que trabalhou no Brasil, e foi consagrada pelo geógrafo brasileiro Aziz Nacib ABI SABER. Pradarias, Campos e Campos da Campanha Gaúcha são termos correspondentes que designam as ricas formações abertas chamadas de Campos.

Interdisciplinaridade

O tema pode ser trabalhado com o professor de Ciências, que poderá contribuir abordando a fisionomia da vegetação dos domínios morfoclimáticos brasileiros; comparando a biodiversidade neles existente e suas principais ameaças (por exemplo, o fogo como fator de alteração ecológica); explicando a adaptação dos seres vivos; e, conforme previsto na habilidade ê éfe zero sete cê ih zero sete desse componente curricular, caracterizando “os principais ecossistemas brasileiros quanto à paisagem, à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz solar, à temperatura etcétera, correlacionando essas características à flora e à fauna específicas”.

2 Impactos ambientais sobre os domínios morfoclimáticos do Brasil

Impacto ambiental deve ser entendido como o resultado de ações que modificam o ambiente, podendo produzir danos, muitas vezes irreversíveis.

Ao longo da história, a ocupação humana dos domínios morfoclimáticos brasileiros provocou impactos ambientais de diversos tipos, entre eles a perda da biodiversidade. Destacaremos alguns desses impactos a seguir.

Impactos ambientais no Domínio Amazônico

O avanço dos projetos agropecuários causa desmatamento e queimadas, com graves consequências para a flora e a fauna, além de erosão do solo e assoreamentoglossário de rios. Podemos destacar ainda os efeitos desse avanço sobre a população local, como a expulsão dos indígenas de suas terras, conflitos de territorialidade e disputas por territórios.

A construção de grandes usinas hidrelétricas causa a inundação de vastas áreas de terras agricultáveis e de floresta, de vilas e cidades, além de terras indígenas.

Impactos ambientais no Domínio do Cerrado

A garimpagem de pedras preciosas e ouro é responsável por desbarrancamento de margens de rios, seguido de assoreamento e contaminação da água por mercúrio, produto usado no garimpo, e por óleo diesel, usado em geradores e barcos. Além disso, o avanço da agropecuária nesse domínio provoca impactos semelhantes aos citados em relação ao Donio Amazônico, com perda de sua biodiversidade.

Fotografia. Na parte central e inferior esquerda, vista de uma extensa área acidentada e com solo exposto, em tons de bege e marrom, e com alguns buracos de tamanho mediano preenchidos por água. Ao redor dessa área, há árvores que, em alguns locais estão próximas e, em outros, mais esparsadas.
Vista de garimpo de ouro no limite da Floresta Nacional do Jamari, no município de Itapuã do Oeste, Rondônia (2020). Observe como a intervenção humana modificou o meio natural.
Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

RODRIGUES, Rosicler Martins.

Vida na Terra: conhecer para proteger. terceira edição São Paulo: Moderna, 2013.

O livro trata da interferência humana na natureza e de suas consequências, abordando também os ecossistemas do Brasil.

CARRARO, Fernando.

A Terra vista do alto. São Paulo: éfe tê dê, 2000.

Rafael e Mariana, em uma viagem com os balonistas Roni e Edu, sobrevoam a Serra do Mar e o interior dos estados de São Paulo e Mato Grosso. Por meio dessa história, o autor apresenta as diferentes paisagens e fórmas de relevo do espaço percorrido.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

Pausa para o cinema

Amazônia

Direção: tierrí ragobér. Brasil: Gullane Filmes, 2013.

Duração: 78 minutos.

O documentário acompanha a história de um macaco-prego que, ao tentar sobreviver na Floresta Amazônica, descobre características de sua rica biodiversidade.

Orientações e sugestões didáticas

Além do documentário indicado no boxe Pausa para o Cinema, se julgar conveniente, trabalhe com um ou mais documentários indicados a seguir: Ser tão velho Cerrado. Direção: André Delia. Brasil, 2018. Duração: 90 minutos.; Planuras. Direção: Maurício Copetti. Brasil, 2014. Duração: 48 minutos.; Mata Atlântica e os ciclos da vida. Direção: Fernão Mesquita e Tulio Schargel. Brasil, 2012. Duração: 53 minutos.; Patrimônios da Caatinga. Direção: Túlio Caldas. Brasil, 2003. Duração: 44 minutos

Atividade complementar

Proponha aos alunos que se organizem em grupos de cinco ou seis integrantes e pesquisem, em livros, revistas e na internet, imagens e informações sobre plantas medicinais (ou que tenham propriedades terapêuticas) encontradas em território brasileiro. Eles devem relacionar cada planta ao domínio morfoclimático em que ela é comumente encontrada e citar os seus principais usos.

Após a pesquisa, cada grupo pode reunir todas as imagens e informações encontradas e montar um glossário sobre as plantas medicinais brasileiras. As plantas devem ser divididas em domínios morfoclimáticos. Na sequência, cada grupo pode montar uma apresentação para compartilhar com os colegas o que aprenderam sobre as plantas medicinais pesquisadas. Proponha que montem as apresentações em cartazes ou por meio de recursos audiovisuais. Ao final, caso considere oportuno, sugira aos alunos que compartilhem em blogs, redes sociais ou sítios eletrônicos da escola o glossário que eles conjuntamente elaboraram sobre as plantas medicinais brasileiras. Essa atividade possibilita destacar a importância da preservação e da conservação dos domínios morfoclimáticos como grandes reservas da biodiversidade.

Impactos ambientais no Domínio da Caatinga

O desmatamento realizado por grupos econômicos e a exploração de lenha para uso doméstico e produção de carvão têm causado a perda de biodiversidade, a erosão do solo e sua “desertificação”. Além disso, a irrigação inadequada tem provocado a salinização do solo.

Impactos ambientais nas faixas de transição: o caso do Pantanal

A garimpagem no Rio Paraguai e em seus afluentes tem gerado os impactos já citados em relação ao Domínio do Cerrado. Além disso, a pecuária extensiva, ao competir com a fauna nativa, provoca desequilíbrio ecológico, e a pesca predatória coloca em risco algumas espécies.

Impactos ambientais no Domínio das Pradarias

A pecuária nesse domínio é caracterizada pelo elevado número de cabeças de gado por hectare. Isso provoca a compactação do solo, dificulta a regeneração das gramíneas e causa erosão e arenizaçãoglossário .

Fotografia. Vista de um espaço dominado por areia e com vegetação rasteira e em tons de verde.
Areal produzido pela degradação do solo arenítico em consequência do uso intenso para pecuária e agricultura no município de Manoel Viana, Rio Grande do Sul (2021).

Impactos ambientais no Domínio das Araucárias

Já intensamente desmatado, esse domínio sofre a ação predatória de cortes ilegais de árvores, que ameaça a fauna que restou, além de provocar a erosão do solo e das vertentes e o consequente assoreamento dos rios.

Impactos ambientais no Domínio dos Mares de Morros

Esse domínio apresenta grande concentração populacional. Assim, encontra-se ameaçado pela expansão urbana – inclusive da faixa litorânea – e industrial, o que acarreta a contaminação do solo e dos rios por resíduos domésticos e industriais, a poluição do ar etcétera

Os impactos sobre os domínios morfoclimáticos brasileiros podem causar a extinção de animais e plantas. Pensando em preservar os recursos naturais e criar alternativas para o uso consciente deles, foram criadas as Unidades de Conservação.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

No seu contexto

Você já observou algum impacto ambiental sobre o domínio morfoclimático do local em que vive?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão do boxe No seu contexto depende da localidade em que o aluno vive.

Para o aprofundamento dos conteúdos do Percurso, sugere-se que o professor explore os temas dos longas apresentados no link a seguir, disponível em: https://oeds.link/4n5zxS; acesso em: 7 fevereiro. 2022. A página conta com um extenso e rico acervo audiovisual que explora características naturais, culturais, socioambientais e econômicas de municípios localizados na Bacia do São Francisco. Esse material pode ser exposto aos alunos para debates e conversas acerca dos domínios Amazônico, do Cerrado e da Caatinga. Pelo menu lateral do site, também é possível organizar uma dinâmica em que os alunos selecionem os assuntos que desejam melhor conhecer e assistam por conta própria aos audiovisuais; nesse caso, deve-se estar atento à classificação etária de cada produção.

Ao abordar os impactos ambientais no Domínio da Caatinga, explique aos alunos que a água subterrânea possui certa quantidade de sais dissolvidos. Quando a evaporação é muito elevada, a água passa do estado líquido para o gasoso e os sais que ela contém se acumulam no solo, podendo gerar um grau de salinidade prejudicial à agricultura. A salinização também pode ser provocada pela ação antrópica, como resultado da aplicação de fertilizantes ricos em sais, que se acumulam no solo e podem ser levados para os rios por meio do escoamento superficial da água.

Atividade complementar

Após os alunos identificarem o domínio morfoclimático em que vivem, peça que pesquisem sobre as modificações e os usos realizados pelos seres humanos em relação a ele. Trata-se de uma atividade de resgate temporal e espacial dos usos dos lugares.

3. As Unidades de Conservação

Todos os domínios morfoclimáticos brasileiros abrigam Unidades de Conservação (ú cê ésse). Uma Unidade de Conservação é um espaço territorial com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo poder público, com limites definidos, destinado à preservação e à manutenção da diversidade biológica. As ú cê ésse foram instituídas por meio do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (isnuqui), criado por lei federal em julho de 2000. Observe, nos mapas, algumas ú cê ésse pelo país.

As Unidades de Conservação podem ser classificadas em dois grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável. Observe o quadro.

Unidades de Conservação: grupos

Unidades de proteção integral

Unidades de uso sustentável

Estação Ecológica
Reserva Biológica
Parque Nacional
Parque Estadual
Parque Municipal
Monumento Natural
Refúgio de Vida Silvestre

Área de Proteção Ambiental
Área de Relevante Interesse Ecológico
Floresta (Nacional, Estadual e Municipal)
Reserva Extrativista
Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Reserva de Fauna
Reserva Particular do Patrimônio Natural

Fonte: BRASIL. Ecoturismo: orientações básicas. segunda edição Brasília: Ministério do Turismo, 2010. página 53-54.

Na unidade de proteção integral o objetivo básico é conservar a natureza por meio do uso indireto dos recursos naturais, como a realização de visitas voltadas para atividades educacionais, científicas e recreativas (é o caso do ecoturismo). A extração e a comercialização de recursos naturais são proibidas.

O objetivo básico da unidade de uso sustentável é conciliar o uso de parte dos seus recursos com a conservação da natureza. Ou seja, é permitido o uso direto dos recursos (extração e comercialização), mas ele deve ser realizado de maneira sustentável, por meio de um plano de manejo.

Além da proteção dos biomas e, consequentemente, da biodiversidade e do patrimônio ambiental brasileiro, as Unidades de Conservação possuem grande importância para povos indígenas e comunidades tradicionais – ribeirinhas, pescadoras, artesanais, seringueiras etcétera –, pois o modo de vida desses grupos sociais tem estreita relação com a natureza e depende dela. O conhecimento do bioma onde vivem contribui para sua preservação.

Brasil: Unidades de Conservação

Mapa. Brasil: unidades de conservação  
Mapa do Brasil mostrando a distribuição das unidades de conservação pelo território e a área que ocupam em hectares.
Estações Ecológicas: ocorrências em todos os estados das regiões norte e sul, além de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. As estações com mais de 500.000 hectares estão no Amazonas, no Pará e no Tocantins. Quase todas as demais possuem menos de 300.001 hectares. 
Monumentos Naturais: duas localidades no Oceano Atlântico com mais de 500.000 hectares (uma à noroeste no Rio Grande do Norte, próxima à linha do equador, e outra à leste do Espírito Santo, próxima ao trópico de capricórnio). Os monumentos com menos 300.001 hectares são poucos, e estão localizados no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em Alagoas.
Parques Nacionais: diversas ocorrências em praticamente todos os estados. Com exceção de Roraima, todos os estados da região norte possuem parques com mais de 500.000 hectares, com destaque para o Amazonas. O Tocantins também apresenta um parque com essas dimensões. Os parques menores estão concentrados em Minas Gerais e na Bahia.
Reservas Biológicas: localizadas no Amazonas, em Rondônia, no Pará, no Amapá, no Maranhão, na Paraíba, em Pernambuco, em Alagoas, no Sergipe, na Bahia, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, no Paraná, em Santa Catarina e no Distrito Federal. As maiores estão no Amazonas e em Rondônia, enquanto as menores concentram-se no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
Refúgios de Vida Silvestre: pouca áreas, que contam menos de 300.001 hectares, localizadas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, em São Paulo, no Espírito Santo e, principalmente, na Bahia.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 620 quilômetros. 

Mapa. Brasil: unidades de conservação  
Mapa do Brasil mostrando a distribuição das unidades de conservação pelo território e a área que ocupam em hectares.
Áreas de proteção ambiental: dispersas em vários estados. As áreas acima de 500.000 hectares estão no Mato Grosso do Sul, em Goiás, no Distrito Federal, no Pará, na Bahia, no Ceará, no Piauí e em duas localidades no Oceano Atlântico (uma à noroeste no Rio Grande do Norte, próxima à linha do equador, e outra à leste do Espírito Santo, próxima ao trópico de capricórnio). Há áreas de proteção ambiental que não ultrapassam os 500.000 hectares, encontradas no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Maranhão e em Alagoas.
Florestais Nacionais: grande concentração de florestas com mais de 500.000 hectares no Amazonas e no Pará. Há ocorrências menores no Amapá, em Minas Gerais e nos estados sulistas e nordestinos.
Áreas de relevante interesse ecológico: áreas com menos de 300.001 hectares localizadas em São Paulo (maior quantidade de ocorrências), no Rio de Janeiro, em Santa Catarina, no Amazonas e no Acre.
Reservas extrativistas: áreas com mais de 500.000 hectares localizadas no Acre e no Pará. Há ocorrências com áreas menores no Amapá, em Rondônia, no Amazonas, no Tocantins, no Maranhão, em Alagoas, na Bahia, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 620 quilômetros.

Fonte: í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 108-110.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Divida os alunos em grupos de cinco ou seis. Solicite a cada grupo que pesquise, em revistas, jornais e na internet, fotos que representem alguns elementos de um domínio morfoclimático (vegetação típica de cada domínio, intervenções humanas etcétera). Eles devem também pesquisar se, nesse domínio, há alguma Unidade de Conservação, identificar a qual grupo ela pertence e, se possível, trazer algumas fotos dela.

Os grupos devem colar as fotos em uma cartolina, elaborar as legendas e pedir a outro grupo que interprete a paisagem e explique o domínio morfoclimático a que pertence. Essa atividade contribui para desenvolver a habilidade ê éfe zero sete gê ê um dois.

4. Paisagens e estereótipos

Você já deve ter observado que os meios de comunicação estão presentes em nossas vidas diariamente e influem, inclusive, no nosso modo de pensar.

As paisagens geográficas mostradas em folhetos e anúncios turísticos, por exemplo, são associadas a mensagens atrativas: “paraíso tropical”, “hospitalidade sem igual”, “povo festeiro e alegre”, “Cerrado de flores exóticas”, “Pantanal, o mais bonito pôr do sol”, “Amazônia, o pulmão do mundo”, além de muitas outras. Em verdade, os folhetos turísticos apresentam apenas um aspecto das paisagens. Não há neles referência à degradação das paisagens causada pela ação humana irresponsável – desmatamento, destruição da biodiversidade etcétera – e às condições de vida da população que nelas vive.

O estereótipo (do grego, istéreos, rígido; e túpos, traço) é uma convicção sobre pessoas ou grupos sociais, sociedades, cidades, regiões, países, paisagens geográficas etcétera que não está apoiada na verdade, e sim em impressões, generalizações ou conceitos que nem sempre possuem fundamentos na realidade. Assim, é preciso ter cuidado com os estereótipos, e, no caso de paisagens geográficas, a melhor fórma de compreendê-las e evitar as visões estereotipadas é estudá-las recorrendo a fontes baseadas em estudos científicos, buscando também mais de uma fonte de informação, para não nos deixarmos enganar pela aparência.

Fotografia. Vista de uma área com vegetação densa e focos de incêndio no meio das árvores. Alguns focos são de chamas grandes. Há muita fumaça.
Queimada em área de Floresta Amazônica para abertura de pastagem ou plantação de grãos, no município de Porto Velho, Rondônia (2020). Embora tenha sido desmentida por muitos cientistas, a ideia de que essa floresta seria o “pulmão do mundo” ainda hoje é divulgada em jornais, sites, comunidades virtuais e blogs. Até 1970, calcula-se que apenas 1% da área da floresta no Brasil havia sido desmatada. Dessa data até nossos dias, o desmatamento atingiu mais de 17% dessa área, o que equivale a pouco mais que a soma das áreas dos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Norte, que ocupam 719.000 quilômetros quadrados.
Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Ísa – Unidades de Conservação no Brasil

https://oeds.link/AiOZ1C

Nesse site do Instituto Socioambiental (Ísa), você poderá obter grande diversidade de informações sobre as Unidades de Conservação do Brasil.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

AMOROSO, Caia.

Violência × tolerância: como semear a paz no mundo. São Paulo: Moderna, 2017. (Coleção Informação e Diálogo).

Os estereótipos muitas vezes geram preconceitos e discriminações que levam à exclusão de grupos sociais ou pessoas e até mesmo à violação dos seus direitos. Essa obra desperta reflexões e aponta caminhos para promovermos a tolerância e o respeito por todos em nosso dia a dia.

FRANCO, Silmara.

Navegando em mares conhecidos: como usar a internet a seu favor. São Paulo: Moderna, 2012. (Coleção Informação e Diálogo).

Por meio da leitura desse livro, você aprenderá sobre os perigos e os riscos relacionados ao uso indevido da internet e sobre como usá-la com segurança, consciência, espírito crítico, evitando divulgar estereótipos, fazendo-se respeitar e respeitando os outros.

Orientações e sugestões didáticas

Oriente os alunos a pesquisar exemplos de estereótipos sobre as paisagens em anúncios publicitários, revistas, jornais, propagandas ou campanhas televisivas, na internet etcétera e a elaborar textos avaliando as representações encontradas. É oportuno também discutir com eles a abrangência dos estereótipos, como os relacionados a gênero, religiões, regiões, culturas, características socioeconômicas, étnicas etcétera

Realize uma reflexão com os alunos sobre a presença e a divulgação de estereótipos nas redes sociais, como também no cotidiano e no convívio escolar, que acabam por influenciar atitudes e por gerar situações de conflito. Para evitá-los ou mediá-los, é essencial questionar os estereótipos e as polarizações que muitas vezes geram preconceitos e discriminações de grupos sociais ou pessoas. Nessa perspectiva, pondere sobre o uso responsável da internet e das redes sociais, como também sobre a postura diante de conflitos na escola, a importância de buscar soluções respeitosas, autênticas e conscientes, visando desenvolver e assegurar uma cultura de paz e de respeito aos direitos humanos.

As algas marinhas são responsáveis por cêrca de 55% do oxigênio lançado na atmosfera, e as florestas, 25%. As florestas influem muito no ciclo da água. Árvores derrubadas, ou que simplesmente morrem, encerrando seu ciclo de vida, ao se decomporem, reemitem grandes quantidades de gás carbônico para a atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. Além disso, pontua-se que, durante a noite, na ausência de luz solar, as árvores absorvem grande parte do oxigênio que produzem durante o dia.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 3 e 4

Registre em seu caderno.

  1. Explique, com suas palavras, o que é regionalizar.
  2. Sobre a atual divisão regional do Brasil em Grandes Regiões ou Macrorregiões do í bê gê É, responda.
    1. Quantas e quais são elas?
    2. Explique por que o í bê gê É considerou como limites das Grandes Regiões as divisas territoriais dos estados brasileiros.
  3. Aponte a importância dos dados estatísticos para os governos dos municípios, das unidades da federação e do país.
  4. Quanto à regionalização do Brasil em Complexos Regionais ou Macrorregiões Geoeconômicas, responda às questões.
    1. Quais são elas?
    2. Qual foi o critério empregado nessa regionalização?
    3. Essa regionalização usa, como a do í bê gê É, as divisas dos estados para delimitar as regiões? Justifique sua resposta e apresente um exemplo de situação que caracteriza essa divisão regional.
  5. Fabiano morava no estado do Amazonas e mudou-se para o sul de Mato Grosso; Augusto morava em uma cidade próxima à divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia e mudou-se para São Paulo. Célia morava no Paraná e mudou-se para o Espírito Santo. Com base em seus conhecimentos sobre a regionalização do Brasil em Macrorregiões Geoeconômicas, responda: para qual ou quais delas eles se mudaram?
  6. No jôgo a seguir (montado como um “jôgo da velha”), foram destacados nove fatores de impactos ambientais, já abordados nesta Unidade, que estão relacionados a dois grupos de domínios morfoclimáticos brasileiros. Copie-o em seu caderno e identifique com “X” os impactos que mais se associam aos domínios florestados e com “O” aqueles mais relacionados aos domínios das formações vegetais naturais herbáceas e arbustivas. Depois, responda às questões.

Avanço da agropecuária sobre florestas

Garimpo de ouro e pedras preciosas

Corte ilegal de árvores

Exploração de lenha

Construção de usinas hidrelétricas

Irrigação inadequada

Expansão urbana e industrial

Elevado número de cabeças de gado por hectare

Barcos e geradores a óleo diesel

  1. No “jôgo da velha” ganha quem conseguir repetir na vertical, na horizontal ou na diagonal uma sequência de mesmos sinais. A que grupo de domínios está associado o “ganhador” nesse caso?
  2. Quais fatores de impacto do grupo “perdedor” estão associados ao Domínio do Cerrado?
  1. Observe os mapas das páginas 32 e 36 e, em seguida, faça o que se pede.
    1. Explique com suas palavras o que são Unidades de Conservação.
    2. Em qual Grande Região e domínio morfoclimático se situam as Unidades de Conservação de maior extensão?
    3. Em qual Grande Região e domínio morfoclimático se situa o maior número de Reservas Extrativistas?
    4. Por que as Reservas Extrativistas são consideradas unidades de uso sustentável?
  2. Os especialistas em clima delimitaram o território brasileiro em partes ou regiões que apresentam características climáticas em comum – critério físico ou natural – e regionalizaram segundo seus tipos. Interprete o mapa de climas do Brasil, na página 17, e, em seguida, responda às questões.
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Regionalizar significa dividir o território em partes ou porções de acordo com características naturais ou socioeconômicas comuns ou, ainda, a combinação de ambas.
    1. São cinco: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
    2. Para facilitar os estudos estatísticos oficiais do país que são de sua responsabilidade (í bê gê É): números de nascimentos e mortes da população, produção agrícola, produção dos vários tipos de indústria, vendas do comércio e outros dados. A correspondência entre os limites das Grandes Regiões e as divisas territoriais dos estados brasileiros facilita o levantamento dos dados estatísticos.
  1. Com esses dados, o poder público pode planejar melhor o destino de verbas e ações para atender às necessidades da população, como o número de vagas nas escolas públicas que devem ser criadas para atender ao crescimento populacional.
    1. Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.
    2. As características econômicas dos espaços geográficos.
    3. Não. Essa regionalização delimita as regiões por semelhanças econômicas, não considerando os limites dos estados. Os alunos podem dar o exemplo da porção norte de Minas Gerais, que está incluída no Complexo Regional do Nordeste por apresentar características socioeconômicas semelhantes às dessa região; ou do estado do Maranhão, que apresenta porções do seu território localizado nas três Macrorregiões Geoeconômicas.
  1. Mudaram-se para a Região Centro-Sul.
  2. Impactos que mais se associam aos domínios florestados (xis): avanço da agropecuária sobre florestas, córte ilegal de árvores, construção de usinas hidrelétricas, expansão urbana e industrial; impactos mais relacionados aos domínios das formações vegetais naturais herbáceas e arbustiva (O): garimpo de ouro e pedras preciosas, exploração de lenha, irrigação inadequada, elevado número de cabeças de gado/hectare, barcos e geradores a óleo diesel.
    1. Domínios florestados.
    2. O garimpo de ouro e de pedras preciosas e os barcos e geradores a óleo diesel estão relacionados ao Domínio do Cerrado.
    1. São espaços territoriais com características naturais relevantes delimitadas pelo poder público, com o objetivo de conservar e preservar a diversidade biológica, assim como os recursos naturais.
    2. No Domínio Amazônico e na Grande Região Norte.
    3. No Domínio Amazônico e na Grande Região Norte.
    4. As Reservas Extrativistas se enquadram na categoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Elas são classificadas dessa fórma porque conciliam o uso de parte de seus recursos com a conservação da natureza; em outras palavras, são permitidas a extração e a comercialização de seus recursos, mas de fórma sustentável, por meio de um plano de manejo.
  1. O Trópico de Capricórnio “passa” por quais tipos de clima existentes no Brasil?
  2. Aponte qual ou quais tipo ou tipos de clima existe ou existem na unidade da federação onde você mora.
  3. O tipo de clima da capital federal do Brasil é o mesmo do da localidade onde você mora?

9. Leia o fragmento de texto a seguir e responda às questões.

“[…] A perda da diversidade biológica, representada pela destruição das florestas tropicais de todo o mundo, pela superexploração de terras agrícolas e pastagens, pelo uso indiscriminado de pesticidas e pela substituição deliberada da diversidade pela uniformidade das plantações, reflorestamentos e criações financiados por agências internacionais, tem aprofundado a crise da biodiversidade e ameaçado a sobrevivência cultural de povos […], sobretudo das comunidades tradicionais. […]”

HELENE, Maria Elisa Marcondes; BICUDO, Marcelo Briza. Cenário mundial: sociedades sustentáveis. São Paulo: Scipione, 1994. página 30.

  1. O texto se refere às florestas tropicais de todo o mundo. No Brasil, quais são as florestas tropicais?
  2. O que é a “crise da biodiversidade”?

10. Leia o fragmento de texto a seguir.

Caatingas: o Domínio dos Sertões Secos

“[…] Independentemente de a estação chuvosa comportar somatórias maiores ou menores de precipitações, o longo período seco caracteriza-se por fortíssima evaporação, que responde, imediatamente, por uma desperenizaçãoglossário generalizada das drenagens autóctonesglossário dos sertões. Entendem-se por autóctones todos os rios, riachos e córregos que nascem e correm no interior do núcleo principal de semiaridez do Nordeste brasileiro […]. Somente os rios que vêm de longe – alimentados por umidade e chuva em suas cabeceiras ou médios vales – mantêm correnteza mesmo durante a longa estação sêca dos sertões. Incluem-se, nesse caso, o São Francisco e pro parte [em parte] o Parnaíba, ainda que o mais típico rio alóctoneglossário a cruzar sertões rústicos seja o ‘Velho Chico’ – um curso d’água que, de resto, comporta-se como um legítimo ‘Nilo caboclo’. ”

ABISSÁBER, Aziz Nacib. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. página 92.

  1. A localidade em que você vive apresenta as características apontadas no texto? Descreva-as.
  2. Pesquise que rio brasileiro é chamado de “Velho Chico” e por que esse rio se comporta como um “Nilo caboclo”.
  1. Vamos criar uma página de internet? Com a ajuda do seu professor, formem um grupo e escolham uma Unidade de Conservação do município ou da unidade da federação onde vivem. Selecionem informações, imagens e vídeos. Organizem e divulguem os dados obtidos.
  2. Em grupo, pesquisem na mídia (jornais, revistas, internet etcétera) exemplos de estereótipos de paisagens da localidade em que vocês moram. Em seguida, organizem o trabalho nas duas etapas a seguir:
    1. Respondam à seguinte pergunta: como são representadas as paisagens da localidade onde vocês moram? Após discuti-las com os seus colegas, elaborem um texto a respeito, argumentando se concordam ou não com as representações encontradas.
    2. Em seguida, ampliem a pesquisa, buscando exemplos de visões estereo­tipadas de outras paisagens brasileiras e, eventualmente, de aspectos da formação territorial do Brasil, tendo como base o texto da seção Cruzando saberes da página 27.
Orientações e sugestões didáticas
  1. Climas litorâneo úmido, tropical de altitude e subtropical úmido.
  2. Depende da unidade da federação onde o aluno mora.
  3. Brasília apresenta clima tropical (verão úmido e inverno seco). Depende da unidade da federação onde o aluno mora.
  1. Floresta Amazônica e Mata Atlântica.
  2. Refere-se ao desaparecimento tanto de espécies vegetais como animais, decorrente de intervenções impróprias ou inadequadas do ser humano sobre os biomas.
  1. A resposta depende da localidade onde o aluno vive.
  2. É o Rio São Francisco. Sua nascente e seus afluentes da margem esquerda localizam-se em áreas bem regadas pelas chuvas, o que permite que esse rio córte o Sertão da Grande Região Nordeste com considerável volume de água, não apresentando trechos em que séca. É o “Nilo caboclo”, pois, assim como ocorre no Rio Nilo, no nordeste da África, ele deposita em suas margens sedimentos que são usados para culturas agrícolas (culturas de vazante); e em razão de o Rio São Francisco atravessar terras interioranas, do sertão nordestino, a expressão “caboclo” refere-se, de modo geral, ao modo de vida, à cultura e aos costumes simples e rústicos de pessoas do campo que vivem no interior do Brasil.
  1. Auxilie os estudantes oferecendo boas fontes de informação e apresentando plataformas gratuitas para a criação de sites. Hoje há várias opções com navegação bastante intuitiva. Incentive-os a usar diferentes linguagens, como fotografias, textos curtos e vídeos, lembrando sempre de citar as fontes e respeitar os direitos autorais. É importante estar atento à correção das informações, sobretudo se a ideia for divulgar o site externamente. Essa atividade favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê um dois.
  2. Oriente os alunos a analisar estereótipos e ideias sem base científica sobre as paisagens da localidade onde moram, tomando como referência uma fonte de informação visual, divulgada em jornais, revistas, internet ou outra mídia. Essa atividade contribui para desenvolver a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero um.
Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa saindo de um ônibus.

Desembarque em outras linguagens

ARAQUÉM ALCÂNTARA:

GEOGRAFIA E FOTOGRAFIA

Fotografia de um homem sentado em uma cadeira de madeira. Ele possui cabelos curtos e grisalhos e utiliza óculos de grau, camiseta azul e colete verde. Ele sorri para foto.

Assim como a pintura e o cinema, a fotografia é uma fórma de arte, além de ser muito usada como registro pela Geografia e por outras ciências.

No Brasil, um dos expoentes da fotografia é Araquém Alcântara. Nascido em Florianópolis em 1951, Araquém Alcântara é considerado o precursor da fotografia de natureza no Brasil. Seu trabalho retrata, entre outros aspectos, a diversidade de povos e paisagens, a fauna e a flora de nosso país, como também as ameaças a eles. Com olhar único sobre o Brasil, o fotógrafo revela a rica diversidade de ecossistemas, muitos desconhecidos pela maioria dos brasileiros, chamando a atenção para a necessidade de preservá-los.

Fotografia de uma coruja em cima de um galho. Ela tem as penas marrons em degradê, bico e olhos amarelos.
Caburé-miudinho, pequena coruja fotografada por Araquém Alcântara no Pantanal de Mato Grosso do Sul (2018).

A função da fotografia de natureza

“Além do amplo atributo de religar o homem ao ambiente natural, a fotografia de natureza possui diversas virtudes de importância para o ser humano e a sociedade:

Conservação – como linguagem universal de comunicação, a fotografia é instrumento de conhecimento que desperta admiração, amor, mobilização da sociedade e engajamento em causas ecológicas, tendo relação direta com a preservação dos hábitats naturais.

Denúncia – desmatamento, queimadas, poluição, vazamentos de óleo, caça, comércio ilegal de animais e plantas, desastres ambientais – imagens de impacto causam forte comoção e sensibilização da opinião pública, levando a ações nas esferas pública e privada.

Ciência – o registro fotográfico da fauna e flora é fundamental para o conhecimento científico, a identificação das espécies, os estudos sobre o comportamento animal, a anatomia, os relatórios de impactos ambientais, a ilustração científica. Imagens podem captar momentos jamais vistos e ser registros únicos numa época de crescentes extinções. reticências

Arte – de seres comuns enfocados com arte a seres incomuns que possuem a arte em si mesmos, a fotografia de natureza tem ocupado lugar de prestígio em galerias, museus e edificações, do simples deleite visual à ampliação dos sentidos que levam o homem ao encontro da beleza e da verdade. [...]”

COLOMBINI, Fabio. Fotografia de natureza brasileira: guia prático. Santa Catarina: Photos, 2009. página 29 e 31.

Orientações e sugestões didáticas

A seção está estreitamente relacionada ao Percurso 4, “Domínios naturais: ameaças e conservação”, ao tratar da fotografia de natureza por meio das lentes do fotógrafo Araquém Alcântara.

O subtítulo “A função da fotografia de natureza” mostra a importância da fotografia de natureza sob vários aspectos, inclusive o geográfico. Esse ponto de vista deve ser discutido, levando os alunos a refletir sobre as outras funções da fotografia de natureza.

Depois da leitura, as questões podem ser debatidas em sala de aula e respondidas de fórma escrita, no caderno, ou oralmente pelos alunos.

Interdisciplinaridade

Esta seção permite o planejamento e desenvolvimento de um projeto interdisciplinar com o professor de Arte, com base no aprendizado de noções básicas e pesquisas sobre fotografia e fotógrafos. Entre outras habilidades do componente curricular Arte, esse projeto poderá contribuir para desenvolver a habilidade ê éfe seis nove á érre zero cinco: “Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, perfórmance etcétera)”.

Temas contemporâneos transversais

O assunto apresentado nesta seção possibilita a abordagem dos temas Educação Ambiental e Educação para o Consumo. Ao trabalhar esses temas, oriente os alunos a usar conhecimentos da linguagem artística para expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos sobre as questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.

Competências

A proposta de levar os alunos a vivenciar a experiência de registrar fotografias que retratem aspectos naturais do lugar de vivência, além de organizar uma mostra virtual desses registros fotográficos, contribui para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica 3 e 5, respectivamente: “Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural”; “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de fórma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”.

Fotografia de uma área de queimada com muita fumaça, galhos de árvores derrubados e terra com manchas escuras. Apenas algumas árvores estão intactas e com as copas com folhas verdes.
Vista de queimada na Floresta Amazônica, fotografada por Araquém Alcântara no município de Anapu, Pará (2019).

 Caixa de informações

  1. No texto, são destacadas algumas “virtudes de importância” da fotografia de natureza. qual ou quais chamou ou chamaram mais a sua atenção? Por quê?
  2. Em que Grandes Regiões do í bê gê É e domínios morfoclimáticos se localizam as paisagens retratadas nas fotografias das páginas 40 e 41?

 Interprete

3. Relacione a foto desta página com, ao menos, uma das “virtudes de importância para o ser humano e a sociedade” citadas no texto.

 Mãos à obra

  1. Agora que você já conhece algumas das virtudes da fotografia de natureza, que tal se inspirar no rico trabalho do fotógrafo Araquém Alcântara e vivenciar um pouco da experiência de produzir suas próprias fotografias de natureza? Por meio dessa expressão artística que é a fotografia, você pode chamar a atenção para aspectos naturais do seu lugar de vivência, destacando elementos da fauna e da flora local, valorizando a biodiversidade e sua riqueza ou denunciando problemas ambientais e riscos relacionados à degradação do meio ambiente.
    1. Em dupla, conversem sobre as virtudes da fotografia de natureza que vocês pretendem explorar na atividade. Combinem a fórma como farão os registros e definam um momento ou período para realizar a captura das fotografias. Lembrem-se de que, para isso, vocês vão precisar de um smartphone ou uma câmera fotográfica.
    2. Posteriormente, na escola, reúnam-se novamente em dupla para fazer a seleção das imagens com o auxílio de algum dispositivo eletrônico (smartphones, tablets ou computadores). Na sequência, elaborem um painel de suas fotografias de natureza e apresentem à sala, explicando a virtude que foi explorada – lembrem-se de compor uma legenda para cada uma das fotografias. Esse é um momento oportuno para debater com seus colegas a importância de preservar a natureza.
    3. Por fim, com o auxílio do professor, cada dupla vai contribuir com suas fotografias na construção de uma mostra virtual. Essa mostra pode ser organizada no sítio eletrônico ou nas redes sociais da escola, ou em alguma plataforma que possibilite a montagem de uma exposição virtual.
Orientações e sugestões didáticas

A proposta da subseção Mãos à obra contribui para o desenvolvimento de noções introdutórias da prática de observação, tomada de notas e construção de relatórios. Na atividade, o aluno deve explorar uma das virtudes da fotografia de natureza destacadas no texto, exercitando a observação e compondo legendas para os registros fotográficos, o que pressupõe a tomada de notas em relação aos lugares onde as fotos foram realizadas, bem como a organização desse conjunto de informações para a produção de um painel, o que pode ser feito com base na confecção de um relatório da atividade de observação.

Respostas

  1. Resposta pessoal. Foram apontadas quatro virtudes: conservação, denúncia, ciência e arte. Todas elas apresentam uma interface com a Geografia. Os alunos podem escolher uma ou mais virtudes e explicar a razão, mas sem perder de vista a relação com a Geografia.
  2. A foto da página anterior, que retrata a pequena coruja no Pantanal do estado de Mato Grosso do Sul, foi registrada na faixa de transição Pantanal, na Grande Região Centro-Oeste. A foto da página 41, que mostra um trecho queimado da Floresta Amazônica no estado do Pará, foi registrada na Grande Região Norte, no Domínio Morfoclimático Amazônico.
  3. Desmatamento no Alto Rio Negro: a reprodução por meio de fotografia dos efeitos do desmatamento está relacionada à denúncia; no entanto, a área desmatada lembra um coração, e isso concede valor artístico à imagem.
  4. Obtidas e selecionadas as imagens, auxilie os alunos na elaboração dos painéis e organize uma sessão de debates com a turma sobre a importância de preservar a natureza. Conceda 15 minutos a cada grupo para discorrer sobre o tema, usando as imagens para ilustrar os argumentos. Em relação à montagem da mostra virtual, previamente você pode explorar algumas das diversas plataformas gratuitas que possibilitam a criação de exposições virtuais, a partir de upload de imagens e vídeos. Há inclusive aplicativos de livre acesso que permitem criar espaços imersivos e interativos em terceira dimensão.

Glossário

Língua neolatina
(Neo: novo; latina: referente ao latim). Idioma que se originou do latim. Havia o latim clássico, usado nas obras literárias, e o vulgar, falado pelo povo (soldados, comerciantes, camponeses etcétera), que deu origem às línguas neolatinas, como português, espanhol, francês, italiano, romeno, entre outras.
Voltar para o texto
Anglo-saxônica
Anglo e saxão são denominações dadas a antigos povos germânicos que colonizaram o norte e o centro da Inglaterra. A língua inglesa derivou desses dois povos, daí a expressão anglo-saxônica.
Voltar para o texto
Luso-brasileiro
Indivíduo descendente de portugueses e brasileiros.
Voltar para o texto
Mercantilismo
Conjunto de princípios que orientou a economia, principalmente a europeia, entre os séculos quinze e dezoito, segundo o qual a riqueza de um Estado se faz pelo acúmulo de metais preciosos obtidos por meio do comércio, da venda de produtos para outros países (exportação) e pela política protecionista, que estabelece um sistema de taxas para produtos importados com o objetivo de proteger e estimular a produção e o comércio nacionais.
Voltar para o texto
Drogas do sertão
Nome dado a elementos extraídos da Floresta Amazônica: castanha, canela, cacau e cipós cujas raízes têm propriedades medicinais.
Voltar para o texto
Donatário
Pessoa a quem se faz uma doação. Nos tempos coloniais, era aquele que recebia terras da Coroa portuguesa para serem povoadas e cultivadas.
Voltar para o texto
Produto primário
Bem ou mercadoria produzido pela agricultura (café, algodão etcétera), pela criação animal (carne, leite, couro etcétera) ou obtido por meio do extrativismo mineral (minério de ferro etcétera), vegetal (castanha-do-pará, borracha etcétera) ou animal (pescado etcétera).
Voltar para o texto
País periférico
País não industrializado e dependente dos centros modernos do capitalismo para a obtenção de produtos industrializados e de tecnologias.
Voltar para o texto
Arquipélago
Agrupamento de ilhas próximas umas das outras em certas áreas dos oceanos.
Voltar para o texto
Assoreamento
Deposição de sedimentos (areia, solo, cascalho etcétera) em um rio ou porto.
Voltar para o texto
Arenização
Afloramento de depósitos arenosos decorrente da lavagem do solo pela água da chuva, que provoca a perda de matéria orgânica e de elementos químicos importantes do solo.
Voltar para o texto
Desperenização
Contrário de perene; que não permanece por longo tempo. No texto, refere-se a rio temporário, que corre apenas na época das chuvas.
Voltar para o texto
Drenagem autóctone
Rede fluvial natural de uma região ou de certo território.
Voltar para o texto
Alóctone
Que não é originário da região.
Voltar para o texto