UNIDADE 2 A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Saber quem somos, quantos somos, como e onde vivemos é um passo importante para melhor compreender nosso país.
Nesta Unidade, você estudará como a população do Brasil está distribuída no território, os grupos que a formam, as migrações internas, além das desigualdades que ainda existem no mercado de trabalho do país como também nos rendimentos da população.
A foto desta abertura de Unidade mostra uma multidão de pessoas nas comemorações da Festa Anual do Círio de Nazaré, na cidade de Belém, no estado do Pará.
Nela, há brasileiros que habitam em Belém, em cidades vizinhas e também em outras regiões do país. Cada um desses habitantes tem suas características físicas, seu modo de falar, suas tradições. Cada um tem uma história.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- O que você sabe sobre a população brasileira?
- Que aspectos da população de um país você acha importante conhecer? Por quê?
- Você sabe o que é recenseamento ou censo demográfico?
Orientações e sugestões didáticas
Unidade 2
Esta Unidade tem o objetivo de apresentar aos alunos alguns aspectos importantes da população brasileira, abordando os principais conceitos demográficos.
Respostas
- Resposta pessoal. Liste, na lousa, os conhecimentos citados pelos alunos e peça que copiem no caderno. Ao final do estudo desta Unidade, retome a lista e peça que eles a atualizem com os novos conhecimentos adquiridos.
- Resposta pessoal. Com base nas respostas dos alunos é possível levantar o conhecimento prévio que eles têm a respeito do assunto. Aspectos como o quantitativo absoluto; a composição por sexo, idade, cor ou raça; distribuição espacial; as taxas de crescimento, mortalidade, fecundidade, natalidade, mortalidade infantil; e a esperança de vida provavelmente serão citados pelos alunos. No entanto, há muitos outros aspectos sobre uma população que devem ser conhecidos, por exemplo: nível de escolaridade; características das moradias que a população habita; identificação étnico-racial; tipos de núcleo familiar; quantitativo de pessoas com deficiência; religiões praticadas; migrações internas e internacional; tipo de trabalho principal e rendimentos; taxa de desemprego; entre outros. Ao conhecerem os aspectos demográficos, os governantes podem compreender melhor a realidade do país, elaborar políticas públicas e planejar ações com o intuito de melhorar as condições de vida e de trabalho da população, entre outras medidas.
- O recenseamento ou censo demográfico é a contagem da população de um país, região, unidade da federação ou município, além do levantamento de outras características, como idade, nível de escolaridade e rendimento dessa população.
Atividade complementar
Pergunte aos alunos qual aspecto da população brasileira eles gostariam de conhecer e peça que anotem a resposta no caderno. Questione-os sobre como fariam para conhecer tal aspecto e peça que façam a pesquisa. Em data combinada, liste, na lousa, os aspectos pesquisados organizando-os por temas. Reúna os alunos em grupos de acordo com esses temas. Com base nos resultados das pesquisas, os grupos devem elaborar um episódio de podcast apresentando, em poucos minutos, cada um desses aspectos da população brasileira para toda a turma. Essa atividade contribui para o protagonismo dos alunos em seu processo de aprendizagem. Posteriormente, os episódios podem ser reunidos e disponibilizados para a comunidade escolar no site da escola, por exemplo, ou em algum agregador de podcasts.
PERCURSO 5 BRASIL: DISTRIBUIÇÃO E CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
1. Brasil: país populoso e pouco povoado
O Brasil apresenta uma população numerosa: em 2010, eram ..190755799 habitantes, segundo os dados publicados pelo í bê gê É; em 1º de julho de 2021, a estimativa era de ..213317639 habitantes. Com a 5ª maior população do mundo, é um país populoso, pois sua população absoluta – isto é, a soma de todos os seus habitantes – é elevada.
No entanto, o Brasil é considerado um país pouco povoado. Isso porque, quando empregamos essa expressão, consideramos a relação entre o número de habitantes e a área territorial – a população relativa.
Para medir a concentração da população de determinada área, calcula-se sua densidade demográficaglossário : divide-se o total da população pela área territorial. Esse valor é expresso pelo número de habitantes por quilômetro quadrado (). No caso do Brasil, que contava em 2021 com uma população estimada de habitantes por quilômetro quadrado..213317639 habitantes e uma área territorial de ..8510345 , a densidade demográfica é de quilômetros quadrados cêrca de 25 . habitantes por quilômetro quadrado
Países muito povoados não são, necessariamente, muito populosos. Em muitos casos, é a pequena área do território que determina altas densidades demográficas. Note que a maioria dos países citados no quadro é insular, ou seja, estão situados em ilhas.
País (continente) |
População (habitantes) |
Área (km2) |
Densidade demográfica (hab./km2) |
---|---|---|---|
Cingapura ** (Ásia) |
5.850.000 |
700 |
8.357 |
Barein (Ásia) |
1.702.000 |
760 |
2.239 |
Maldivas (Ásia) |
541.000 |
300 |
1.803 |
Malta (Europa) |
442.000 |
320 |
1.381 |
Bangladesh (Ásia) |
164.689.000 |
130.170 |
1.265 |
Barbados (América) |
287.000 |
430 |
667 |
Maurício (África) |
1.272.000 |
2.030 |
626 |
* Dados estimados.
** Cingapura é uma cidade-estado.
Fonte: ONU. World Population Prospects 2019. Volume um: Comprehensive Tables. Nova York: ONU, 2018. página 23, 25, 27 e 31.
NO SEU CONTEXTO
Você sabe qual é o total da população do município em que vive?
Orientações e sugestões didáticas
A resposta à questão do boxe No seu contexto depende do município onde os alunos vivem. Consulte o total populacional do município onde os alunos vivem no site do í bê gê É: https://oeds.link/EmfSKk. Acesso em: 2 dezembro. 2021.
Percurso 5
Neste Percurso, serão apresentados alguns aspectos gerais sobre a população brasileira: distribuição da população, crescimento populacional, taxas de natalidade e de mortalidade e expectativa de vida.
Os conteúdos abordados neste Percurso serão desdobrados no estudo de aspectos populacionais nas Grandes Regiões brasileiras e poderão ser retomados em diferentes momentos deste livro a fim de contribuir para a aprendizagem de conhecimentos novos pelos alunos.
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero sete gê ê zero quatro
- ê éfe zero sete gê ê um zero
Os aspectos da população brasileira tratados neste Percurso, como a distribuição e o crescimento populacional, possibilitam o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro.
As duas seções Mochila de ferramentas, nos Percursos 5 e 7, abordam os gráficos mais comuns (linhas e setores; colunas e barras), contribuindo para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê um zero.
Atividade complementar
Peça aos alunos que calculem a densidade demográfica da sala de aula.
Para isso, inicialmente, questione-os: qual é a tarefa da turma? O que é preciso saber para realizar essa tarefa? Como a turma vai realizá-la? Nesse momento, permita que os alunos pensem, reflitam, opinem, debatam sobre as questões propostas, levando-os a desenvolver o pensamento, a autonomia e a criatividade para a resolução da tarefa. Depois, oriente os alunos na medição da área da sala de aula (em metros quadrados), na contagem da “população da sala” e nos cálculos necessários para chegar ao número de “habitantes” por metro quadrado (densidade demográfica da sala de aula).
2. A distribuição da população pelo território brasileiro
A distribuição da população é influenciada por fatores naturais e socioeconômicos, que podem ser permissivos ou restritivos ao povoamento. Entre os fatores naturais permissivos, podemos citar climas amenos e relevos com baixas declividades e, como fator socioeconômico, o dinamismo da economia em uma região. Esses fatores podem formar uma área de atração de população. Climas desérticos ou muito frios, bem como o declínio de atividade econômica em uma região, são exemplos de fatores naturais e socioeconômicos restritivos, que podem originar uma área de repulsão de população.
Quando dizemos que a densidade demográfica do Brasil é de 25 habitantes por quilômetro quadrado, é importante compreender que esse dado é uma média; não significa que a densidade demográfica de todas as porções do território corresponde a 25 habitantes por quilômetro quadrado. Há áreas mais ou menos povoadas de acordo com fatores naturais e socioeconômicos permissivos ou restritivos.
Observando o mapa, podemos notar a distribuição desigual da população brasileira pelo território. Por exemplo, nas proximidades de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais, existem densidades demográficas acima de 100 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto em largos trechos dos estados do Amazonas, do Pará e de Roraima as densidades demográficas são inferiores a 1 habitante por quilômetro quadrado.
Brasil: distribuição da população – 2017
Fonte: í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 111.
Em quais porções do território a população brasileira está mais concentrada?
Orientações e sugestões didáticas
A população brasileira está mais concentrada junto à faixa litorânea e aos principais centros urbanos. Seria relevante retomar com os alunos o histórico da ocupação do território, estudado no Percurso 2.
Com os alunos, analise o mapa sobre a distribuição da população no Brasil. Você poderá acessar esse mapa no site do í bê gê É, como também outros recursos sobre a evolução da densidade demográfica e a distribuição da população no Brasil. Eles estão disponíveis nas páginas 111 e 112 do Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018 (disponível para download gratuito no portal do í bê gê É; acesso em: 2 dezembro 2021). Por meio de perguntas, leve-os à leitura e à interpretação do mapa sobre a distribuição da população brasileira, por exemplo: Quais áreas do país apresentam as maiores concentrações? E as menores? Qual é a distribuição da população da unidade federativa onde vivemos?
Observe, no quadro A, que a densidade demográfica varia entre as Grandes Regiões do Brasil. A Região Sudeste, além de ser a mais povoada, é a mais populosa: a cada 100 habitantes do país, 42 vivem nela. Essa Grande Região se tornou a principal área de atração populacional no decorrer da história de nosso país por causa da atividade mineradora em Minas Gerais (século dezoito), da expansão da cafeicultura no Rio de Janeiro e em São Paulo (séculos dezenove e vinte) e da industrialização (século vinte).
Grande Região |
População |
Área (km2) |
Densidade demográfica (hab./km2) |
Porcentagem da população brasileira |
---|---|---|---|---|
Norte |
18.906.962 |
3.850.316 |
4,9 |
8,9 |
Nordeste |
57.667.842 |
1.552.175 |
37,1 |
27,0 |
Sudeste |
89.632.912 |
924.558 |
96,9 |
42,0 |
Sul |
30.402.587 |
576.737 |
52,7 |
14,3 |
Centro-Oeste |
16.707.336 |
1.606.359 |
10,4 |
7,8 |
BRASIL |
213.317.639 |
8.510.345 |
25,0 |
100,0 |
* Estimativa.
Fontes: í bê gê É ponto Anuário Estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 1-14; Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 12 abril 2022.
NO SEU CONTEXTO
Compare os dados referentes às Grandes Regiões Nordeste e Sul. Por que, embora tenha uma população maior que a da Grande Região Sul, a Grande Região Nordeste apresenta menor densidade demográfica?
Orientações e sugestões didáticas
Na resposta à questão do boxe No seu contexto, é importante que os alunos percebam que, embora tenha uma população maior que a da Grande Região Sul, a Grande Região Nordeste tem área territorial bem maior (quase o triplo) que a da Grande Região Sul, e é por isso que o Nordeste apresenta menor densidade demográfica.
3. O censo
O levantamento de dados que realiza a contagem da população de um país, unidade federativa ou município é chamado de recenseamento ou censo. É por meio dele que conhecemos também outras características da população, como a composição por idade, gênero, nível de instrução etcétera.
Os governos usam os dados do censo para o planejamento de políticas públicas. Por exemplo, possuindo dados sobre o crescimento da população e sua composição por idade, os governos ficarão sabendo:
- quantas vagas nas escolas dos ensinos fundamental e médio e nas universidades precisam ser criadas para atender à população;
- quantos empregos serão necessários, anualmente, para absorver os jovens que entram no mercado de trabalho;
- quantas habitações precisam ser construídas;
- quantos leitos hospitalares precisam ser criados, entre outras coisas.
Vemos, então, que o estudo da população tem vários objetivos práticos.
Até 1871, não havia sido realizado, no Brasil, um recenseamento demográfico. Foi nesse ano que o governo imperial de dona Pedro segundo organizou a Repartição de Estatísticaglossário para realizar, no ano seguinte, o primeiro recenseamento oficial do Brasil. Até 2021, foram feitos 12 censos demográficos. Consulte o quadro B.
Censo |
População |
---|---|
1872 |
9.930.478 |
1890 |
14.333.915 |
1900 |
17.438.434 |
1920 |
30.635.605 |
1940 |
41.236.315 |
1950 |
51.944.397 |
1960 |
70.191.370 |
1970 |
93.139.037 |
1980 |
119.002.706 |
1991 |
146.825.475 |
2000 |
169.799.170 |
2010 |
190.755.799 |
2026 |
220.316.530 |
Fonte: í bê gê É ponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 2-9 e 2-13.
Orientações e sugestões didáticas
Comente com os alunos que os censos costumam ocorrer a cada dez anos e que, com base nos dados obtidos, são produzidas inúmeras publicações, com diversos tipos de gráficos e mapas. Explique que o Censo de 2020 não foi realizado por razões políticas e orçamentárias. Em fevereiro de 2022 (momento em que este livro estava sendo editado), o í bê gê É já havia encerrado as inscrições para o processo seletivo para a contratação de pessoas para trabalhar no Censo Demográfico 2022. Se de fato esse censo foi realizado e caso julgue conveniente, acesse o site do Censo 2022, do í bê gê É, e mostre os principais resultados dessa pesquisa (disponível em: https://oeds.link/KyO6iC; acesso em: 2 dezembro 2021).
Destaque que o Censo Demográfico é uma das principais e mais importantes fontes de dados populacionais e socioeconômicos do país, fornecendo evidências científicas em diversos campos do saber, além de servir para subsidiar a formulação de políticas públicas. Ao seguir princípios fundamentais das estatísticas oficiais das Nações Unidas, o Censo Demográfico brasileiro gera dados confiáveis, de acordo com padrões científicos internacionais.
Oriente os alunos a pesquisar em livros, revistas ou na internet algumas informações estatísticas sobre o município onde vivem (sugerimos o seguinte endereço eletrônico do í bê gê É: https://oeds.link/JOX77t; acesso em: 2 dezembro 2021): população total, número de matrículas nos ensinos fundamental e médio, entre outras. Com essas informações, eles podem ter noção das medidas de políticas públicas necessárias para atender às necessidades da população.
Mochila de ferramentas
Elaborar e interpretar gráficos de linha e circular
Gráfico é a representação geométrica de dados numéricos que pode ser realizada, principalmente, por meio de linhas, setores de um círculo, barras e colunas. Eles representam dados socioeconômicos, de produção agrícola, de crescimento da população, de percentual de jovens e idosos na população total etcétera. Saber elaborar e interpretar os gráficos permite compreender melhor os fatos e o mundo que nos rodeia.
Os principais elementos de um gráfico
Assim como os mapas, os gráficos devem sempre apresentar: título, período ou data a que se referem os dados, e espaço geográfico (ou seja, mundo, continente, país, unidade da federação, região, localidade). Além disso, é importante que os gráficos sejam acompanhados da fonte, isto é, da informação confiável sobre a origem dos dados.
De modo geral, os gráficos são elaborados com base em dados tabulados – organizados em forma de quadros que apresentam os mesmos elementos citados acima.
Como elaborar e interpretar gráfico de linha
O gráfico de linha mostra a evolução de um fato por meio de uma linha, que une os pontos correspondentes aos valores a serem representados. Com base nos dados do quadro A, foi elaborado o gráfico de linha sobre a taxa de fecundidadeglossário . Observe-os.
Ano |
Taxa de fecundidade (%) |
---|---|
1960 |
6,3 |
1980 |
4,3 |
2000 |
2,4 |
2025* |
1,7 |
* Estimativa.
Fontes: í bê gê É ponto Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil 2009. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página 32; Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 2-31.
Brasil: taxa de fecundidade (em %) – 1960-2025*
* Estimativa.
Fontes: í bê gê É ponto Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil 2009. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página 32; Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 2-31.
Orientações e sugestões didáticas
No gráfico, a queda é mais acentuada (mais inclinada) entre 1960 e 1980, com a diminuição de duas unidades percentuais.
Nesse gráfico, no eixoglossário horizontal (ano), foi empregada a escala 1 para 20, ou seja, 1 centímetro para cada 20 anos, mas ele não se inicia no valor 0. Para o eixo vertical (taxa de fecundidade), escolheu-se a escala 1 para 1, isto é, 1 centímetro para cada unidade percentual, iniciando-se o eixo no valor 0. Então, marcam-se os pontos do gráfico associando os pares correspondentes ao ano e ao percentual; por exemplo: para o ano de 1960 corresponde o percentual de 6,3.
Considerando uma linha vertical tracejada que parte de cada ano do eixo horizontal, determina-se a posição do valor correspondente de acordo com a interseção da linha horizontal tracejada que parte do eixo vertical. Com os quatro pontos marcados relativos aos quatro anos representados e seus respectivos percentuais, traçam-se, sequencialmente, os segmentos de reta que os ligam, considerando que a variação da taxa entre os anos foi constante.
Observe que a linha (gráfico) vai decrescendo no decorrer dos anos 1960 a 2025, o que representa a queda da taxa de fecundidade no Brasil nesse período. Observe o gráfico novamente: em que intervalo de anos essa queda foi mais acentuada?
Orientações e sugestões didáticas
Enfatize que os gráficos são recursos empregados por todas as ciências, pois permitem representar visualmente fatos em sua grandeza máxima e mínima (maior e menor). O conteúdo desta seção favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê um zero.
Promova a análise de cada um dos gráficos e seus respectivos quadros, possibilitando o entendimento e a compreensão de sua importância como síntese visual de informações.
Explique a importância dos gráficos para orientar ações de caráter relevante à sociedade e crie oportunidades para que os alunos tomem conhecimento da importância de dados estatísticos serem transformados em gráficos, pois facilitam a compreensão dos fatos.
Como elaborar e interpretar gráfico circular
O gráfico circular ou de setor é semelhante a uma pítsa cortada em pedaços. Observe os dados apresentados no quadro B. Eles foram representados no gráfico circular.
Grande Região |
População |
---|---|
Norte |
8,9 |
Nordeste |
27,0 |
Sudeste |
42,0 |
Sul |
14,3 |
Centro-Oeste |
7,8 |
BRASIL |
100,0 |
* Estimativas.
Brasil: participação das Grandes Regiões no total da população (em %) – 2021*
Fonte do quadro e do gráfico: í bê gê É ponto Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 12 abril 2022.
Observe que cada parte (ou setor) colorido do círculo representa, percentualmente, a população estimada de uma Grande Região em 2021, totalizando 100% da população brasileira. A maior parte ou o maior setor é o da Grande Região Sudeste. Isso mostra que, de cada 100 habitantes do país, 42 viviam no Sudeste. Na atividade 9, da página 59, aprenderemos como construir o “círculo das porcentagens”, para nos auxiliar na construção de gráficos circulares.
- Para que servem os gráficos?
- Com base nos dados do quadro B da página 45, que mostra a população do Brasil registrada pelos censos realizados de 1872 a 2010 e, também, a projeção do quantitativo para o ano de 2026, elabore um gráfico de linha. Para facilitar, arredonde os valores. Lembre-se de dar um título ao seu gráfico e de indicar a fonte dos dados. Depois, responda às questões.
- De acordo com o gráfico que você fez, a população aumentou ou diminuiu?
- Em algum período, houve diminuição da população brasileira? Em sua opinião, é mais fácil de responder a essa questão observando o gráfico ou o quadro?
3. O Brasil tem extensão territorial de 8.510.345 quilômetros quadrados. O quadro a seguir mostra o percentual do território que cada Grande Região brasileira abrange. Elabore um gráfico circular com base nos dados do quadro. Os percentuais foram arredondados para facilitar a construção do gráfico.
Grande Região |
Percentual do território total |
---|---|
Norte |
45 |
Nordeste |
18 |
Sudeste |
11 |
Sul |
7 |
Centro-Oeste |
19 |
BRASIL |
100 |
Fonte: í bê gê É ponto Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 1-5.
- Que título você deu para o seu gráfico?
- De que maneira você identificou cada Grande Região no círculo?
Orientações e sugestões didáticas
Destaque que os gráficos circulares ou de setores expressam uma relação de proporcionalidade, isto é, mostram a relação das partes (frações) com o todo (inteiro). Por isso, a soma das partes apresentadas nesse tipo de gráfico representa o todo.
Remeta os alunos à atividade 9, da página 59, que trata do “círculo das porcentagens”, ferramenta importante que os auxiliará a elaborar gráficos de setores, como pedido na atividade 3 desta página.
Respostas
- Espera-se que os alunos tenham percebido que os gráficos são recursos visuais importantes para representar dados numéricos tabulados, facilitando a interpretação do fato representado.
-
- A população aumentou.
- Em nenhum período houve diminuição da população brasileira. Espera-se que os alunos percebam que o gráfico facilita a visualização da evolução do quantitativo da população, mostrando que em nenhum período houve queda em relação aos períodos anteriores.
-
- Resposta pessoal. Verifique se os títulos elaborados pelos alunos para o gráfico são coerentes com os dados representados nele. O quadro, propositadamente, não apresenta título para que os alunos possam refletir e criar um título para o gráfico, respondendo à questão sem a influência de um título preexistente.
- Resposta pessoal. Espera-se que os alunos tenham organizado uma legenda identificando as regiões. Ressalte a importância das legendas nos gráficos, de modo geral.
4. O crescimento da população brasileira
Há duas causas básicas para o crescimento populacional brasileiro: a contribuição da imigraçãoglossário e o crescimento natural ou vegetativo da população.
• A imigração
Os europeus, os africanos e os asiáticos que migraram para o Brasil, além dos indígenas que aqui já viviam, são os formadores da população brasileira.
Entre os imigrantes que entraram no Brasil, devemos distinguir os que vieram de maneira forçada, como os africanos, trazidos como escravos, e os imigrantes livres ou espontâneos. Deste grupo, os que mais se destacaram quantitativamente foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.
Além desses povos, sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, holandeses, coreanos e chineses também contribuíram para a formação da população brasileira. Nas últimas décadas, o Brasil tem recebido grande número de imigrantes nigerianos, angolanos e bolivianos.
Observe, no gráfico, a contribuição da imigração para o crescimento populacional do Brasil. Entre 1887 e 1930 entraram no Brasil cêrca de 3,8 milhões de imigrantes, o que contribuiu para o crescimento populacional do país.
Após 1930, a imigração decresceu, assumindo uma importância secundária no crescimento populacional. Entre os fatores que explicam essa queda, destaca-se a Lei de Cotas da Imigração, criada pelo governo brasileiro em 1934. Essa lei restringiu a entrada de imigrantes, pois estabelecia uma cota anual de 2 por cento do total de imigrantes de cada nacionalidade que tinha imigrado nos últimos 50 anos.
Em anos recentes, houve um aumento expressivo de imigrantes no Brasil, como bolivianos, venezuelanos, haitianos, angolanos, sírios, entre outros. Isso ocorreu em decorrência de vários fatores, como falta de oportunidades econômicas, instabilidade e perseguição política, desastres naturais e guerras em outros países. De acordo com dados do Sistema de Registro Nacional Migratório ( sismigra), entre 2011 e 2020 estavam residindo no Brasil cêrca de 1,3 milhão de imigrantes, liderados por venezuelanos e haitianos, o que representava 0,6 por cento da população do país (leia a seção Cruzando saberes da página seguinte).
Entrada de imigrantes no Brasil – 1870-1975
Fonte: í bê gê É ponto Brasil: 500 anos de povoamento. Disponível em: https://oeds.link/3Tf0xJ. Acesso em: 2 dezembro 2021.
Analise o gráfico e aponte quando ocorreu o maior pico de imigração no Brasil.
Orientações e sugestões didáticas
De acordo com o gráfico, o maior pico de imigração ocorreu em 1891, quando entraram mais de 200 mil imigrantes.
Oriente os alunos na leitura do gráfico sobre a entrada de imigrantes no Brasil, de 1870 a 1975. Relacione os acontecimentos históricos representados no gráfico com o número de imigrantes que chegaram ao Brasil nesse período. Destaque que, após a Lei de Cotas da Imigração, o número de imigrantes diminuiu, voltando a subir após o final da Segunda Guerra Mundial.
No ano de 2020 e seguintes, a pandemia da covíd-19 impactou as migrações internacionais no Brasil e em outros países. Leia o texto em sala de aula e converse com os alunos a respeito.
“Uma das dimensões mais bruscamente afetadas pela pandemia foi a dos fluxos migratórios internacionais, especialmente no ano de 2020 que foi marcado pela emergência de uma ameaça em nível global à saúde humana, o vírus Sars-Cov-2, um tipo de coronavírus que transmite a Covid-19. Há duas principais fórmas em que esse impacto ocorre. A primeira se dá através da interrupção dos projetos migratórios em decorrência do fechamento de fronteiras, medidas restritivas, e mesmo políticas de proibição de concessão de vistos [...]. A segunda fórma é o impacto sentido nas vidas daqueles que já se movimentaram, seja diretamente pelas questões sanitárias, pelo distanciamento social, pelo impacto no mercado de trabalho ou pelo envio de remessas financeiras. A população migrante, em especial aqueles que foram forçados a migrar, constitui um estrato especialmente vulnerável da população e, certamente, foram proporcionalmente mais afetados pela pandemia, seja através do primeiro ou do segundo canal mencionado [...].
As fronteiras (aquaviárias, aéreas, terrestres) se converteram em barreiras sanitárias de fórma a evitar a ‘importação’ do vírus. A mobilidade internacional se viu reduzida de fórma significativa. Os projetos migratórios de famílias e indivíduos foram rotundamente afetados. Se, nos anos prévios à pandemia, o aumento do número de pessoas que se deslocavam no planeta fez com que autores reticências chegassem a sugerir que viveríamos na ‘era das migrações’, com o advento da pandemia, os deslocamentos humanos foram reduzidos de fórma drástica [...].
Na atualidade o movimento fronteiriço foi retomado na maioria dos países. No entanto, é necessário seguir monitorando os impactos em termos de políticas de fluxos migratórios a partir da pandemia de Covid-19.”
CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T.; SILVA, B. G. Relatório Anual 2021 – 2011-2020: uma década de desafios para a imigração e o refúgio no Brasil. Série Migrações. Observatório das Migrações Internacionais. Brasília, Distrito Federal: ó bêMigra, 2021. página 18.
Cruzando saberes
Desde 2010 ocorreu um aumento expressivo da imigração para o Brasil, o que reforçou a importância de promover a inclusão social e de aceitar diferenças culturais para a construção de uma sociedade baseada no respeito e na tolerância.
“Onda estrangeira” fórça adaptação de escolas da rede municipal de São Paulo
“É cada vez mais comum ouvir palavras em espanhol, francês e árabe em meio à agitação nos corredores das escolas públicas de São Paulo. Nos colégios da prefeitura, por exemplo, os estrangeiros dobraram nos últimos cinco anos [2013 a 2017] e já são .4747. Somando-se aos estudantes de unidades estaduais, eles já ultrapassam 10 mil na cidade.
São alunos oriundos de mais de 80 países e que desembarcaram na cidade por questões que vão desde a falta de oportunidades à perseguição política e guerras. Metade dos estrangeiros são bolivianos. Haitianos e angolanos estão entre as nacionalidades que mais crescem.
Agora, as escolas em bairros nos quais vivem essas comunidades tentam se adaptar a essas realidades, muitas vezes em iniciativas dos professores e até dos alunos. Na escola de ensino fundamental Infante Dom Henrique, no [bairro do] Canindé, na zona norte, dois em cada dez estudantes são estrangeiros.
O diretor Cláudio Marques Neto, 49, diz ter encontrado uma escola mergulhada em violência e intolerância quando chegou, em 2011. Os brasileiros cobravam até pedágio de colegas de outros países, sob ameaça de agressão.
Para mudar essa realidade, o diretor passou a reunir alunos estrangeiros e seus pais para discutir suas experiências. Depois, pediu que as crianças convidassem colegas brasileiros para as discussões. ‘Aí acabou toda aquela violência’, afirma.
Hoje, a escola tem cartazes em várias línguas e um mural que representa diversas etnias. Estimulados pela atmosfera cosmopolita, professores e alunos também passaram a propor iniciativas. Entre elas, está o caso de duas alunas com ascendência boliviana que dão aulas de espanhol para os colegas. [...]”
RODRIGUES, Artur. “Onda estrangeira” fórça adaptação de escolas da rede municipal de SP. Folha de semPaulo, 16 agosto 2017. Disponível em: https://oeds.link/ohm06D. Acesso em: 3 dezembro 2021.
Interprete
1. Com base nos dados apresentados, explique a expressão “onda estrangeira” no título do texto.
Argumente
2. Com o objetivo de promover o respeito e a inclusão de estudantes estrangeiros, além da iniciativa apontada no texto, quais outras você proporia? Justifique a sua proposta.
Contextualize
3. Existem conflitos entre pessoas ou grupos de alunos na sua escola? Como você age diante deles? Nesse contexto, como você lida com as suas emoções?
Viaje sem preconceitos
4. Leia a afirmação e, em seguida, converse com os seus colegas a respeito: “Tolerância, inclusão social, combate aos preconceitos e promoção de uma cultura de paz, na escola ou fóra dela, caminham junto com a garantia de direitos fundamentais das pessoas”.
Orientações e sugestões didáticas
Temas contemporâneos transversais
A seção possibilita abordar os temas Educação em Direitos Humanos, Diversidade Cultural e Vida Familiar e Social. Ela traz a importância do protagonismo social e da cidadania. Permite também refletir sobre pensamentos, sentimentos e comportamentos que geram intolerância e violência, e como modificá-los. Sugerimos consultar: réchenberg, Ligia; ZAGALLO, Mônica. Cultura de paz: novas abordagens sobre prevenção da violência entre jovens. São Paulo: Instituto Sou da Paz, 2010.
O tema abordado nesta seção contribui para sensibilizar alunos com diferentes perfis, assim como fomenta o respeito à diversidade, considerando, principalmente, o contexto sociocultural.
Respostas
- Espera-se que os alunos relacionem a expressão “onda estrangeira” com os dados estatísticos apresentados no texto que apontam o crescimento dos alunos estrangeiros entre os anos 2013 e 2017 matriculados nas escolas municipais da cidade de São Paulo.
- Resposta pessoal. Oriente os alunos a refletirem sobre como podem colaborar para uma convivência escolar mais saudável, favorecendo o incremento das relações entre eles, contribuindo para a construção da cidadania e promovendo uma cultura de paz e de respeito aos direitos humanos. Verifique se os alunos justificam suas propostas com base em argumentos convincentes, demonstrando seu pensamento de fórma clara e coerente.
- Resposta pessoal. É importante que os alunos indiquem ações que demonstrem respeito e cuidado consigo e com os outros. O objetivo da questão é levar à reflexão sobre a importância em desenvolver a capacidade de mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para compreender e gerir emoções, tomar decisões responsáveis e enfrentar situações adversas de maneira criativa e construtiva.
- O propósito da discussão é levar os alunos a uma reflexão ética sobre a importância do respeito e do apoio mútuos, que se baseiam na igualdade de todos perante a lei, visando à construção da cidadania e à inclusão dos indivíduos na sociedade para além de quaisquer diferenças. Pondere com eles sobre a convivência democrática na escola e a construção de espaços de diálogo e de participação no dia a dia de suas atividades, assim como sobre os direitos fundamentais dos seres humanos, como as liberdades individuais e os direitos sociais.
• O crescimento vegetativo
À diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade dá-se o nome de crescimento natural ou vegetativo da população.
A taxa de natalidade corresponde ao número de nascidos vivos a cada .1000 habitantes de um país, unidade da federação ou município, em determinado período – geralmente, um ano. É calculada dividindo-se o número de nascidos vivos no período pelo número da população existente no mesmo período. O resultado é multiplicado por mil para facilitar a leitura e permitir uma comparação internacional. Essa taxa é representada pelo símbolo “”, q por milue quer dizer “por mil”.
A taxa de mortalidade corresponde ao número de óbitos por .1000 habitantes. É calculada dividindo-se o número de óbitos em determinado período pela população total nesse mesmo período e multiplicando-se o resultado por mil.
Como exemplo, vamos calcular o crescimento vegetativo referente ao ano de 2025, no Brasil, com base em dados estimados do í bê gê É (valores arredondados):
A estimativa da taxa de crescimento vegetativo da população brasileira em 2025 é seis por mil, o que significa que, em cada grupo de .1000 habitantes, a população aumenta em aproximadamente 6 pessoas.
Nos dias atuais, o crescimento natural da população é a principal causa do crescimento quantitativo da população brasileira, ainda que esse crescimento venha diminuindo desde a segunda metade da década de 1960, como mostra o gráfico.
Brasil: taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento natural da população, por .1000 habitantes – 1900-2025
Fontes: elaborado com base em í bê gê É ponto Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil 2009. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009; Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Tabela 2.1.3.2. página 2-31.
Observe no gráfico que, entre 1930 e 1965, as taxas de natalidade e de mortalidade declinaram. Por que, então, o crescimento vegetativo aumentou nesse período?
Orientações e sugestões didáticas
Os alunos devem observar, no gráfico, que, no período entre 1930 e 1965, a taxa de mortalidade declinou mais que a de natalidade e, por isso, o crescimento vegetativo tornou-se maior nesse período. Comente com os alunos que, em períodos posteriores, por exemplo de 1965 a 2010, as taxas declinaram e o crescimento vegetativo também. O mesmo deverá ocorrer entre 2010 e 2025.
NAVEGAR É PRECISO
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – í bê gê É
https://oeds.link/M2p8Gn
Neste site você encontrará textos, mapas, gráficos e tabelas sobre diversos aspectos da população brasileira.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
í bê gê É ponto
O vento do Oriente: uma viagem através da imigração japonesa no Brasil. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2008.
Dois livros em um: história em quadrinhos (mangá) de alguns momentos da imigração japonesa no Brasil e pequena aula sobre origâmi.
Orientações e sugestões didáticas
Ao abordar os conteúdos das páginas 48 a 50 com os alunos, explique que ao longo da história do Brasil podemos observar um constante crescimento numérico da população. Tal crescimento não aconteceu de fórma regular: em alguns momentos, o processo foi acelerado; em outros, mais lento.
De acordo com o primeiro censo realizado no Brasil, em 1872 a população brasileira era de cêrca de 10 milhões de habitantes. Em 1900, o Brasil contava pouco mais de 17 milhões de habitantes, registrando grande aumento populacional. A principal causa foi a chegada de imigrantes estrangeiros, que já era significativa no século dezenove, mas teve maior importância no início do século vinte. Apenas no período entre 1904 e 1930, entraram no país mais de dois milhões de imigrantes.
Na década de 1930, o governo brasileiro criou medidas restritivas à entrada de imigrantes, reduzindo o fluxo de estrangeiros para o país.
Entre os anos de 1940 e 1970, a população aumentou de maneira acelerada, saltando de 41 milhões, em 1940, para 93 milhões de habitantes em 1970. Isso ocorreu graças ao maior crescimento natural da população, resultante das altas taxas de natalidade e do declínio das taxas de mortalidade.
A partir da década de 1970, com o avanço da industrialização, a população passou a ser majoritariamente urbana e teve seu perfil transformado: houve maior acesso à educação e à saúde, as condições de vida melhoraram e houve aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho. Assim, o número de nascimentos caiu e, a partir da década de 1970, a população passou a crescer de maneira menos acelerada.
Com o desenvolvimento da medicina e a melhoria nas condições de vida, vem ocorrendo um envelhecimento da população brasileira. Em 1970, a população com idade igual ou superior a 60 anos correspondia a 5,2% do total e, em 2010, a 10,8%.
De acordo com o í bê gê É, em 2010 as taxas de natalidade e de mortalidade no Brasil eram, respectivamente, 13,99 por mil e 6,56 por mil. Estima-se que, para 2025, as taxas de natalidade e de mortalidade alcancem, respectivamente, 12,91 por mil e 6,90 por mil.
Informe aos alunos que o livro indicado nesta página pode ser acessado gratuitamente na Biblioteca do í bê gê É (disponível para download gratuito na seção Biblioteca do portal do í bê gê É).
5. Natalidade e fecundidade em queda
A partir de 1961, ocorreu uma redução mais acentuada da taxa de natalidade no Brasil. Vários fatores contribuíram para isso.
Com a modernização da economia brasileira, representada principalmente pela industrialização, muitas famílias migraram do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida, como empregos de maior remuneração, assistência médico-hospitalar, educação para os filhos etcétera
Geralmente, as famílias residentes no campo tinham muitos filhos, o que representava mais ajuda no trabalho rural. Migrando para as cidades, diante dos custos e das dificuldades impostas pela vida urbana, os casais diminuíram o número de filhos. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho (foto) e o aumento do uso de métodos contraceptivosglossário também contribuíram para que os casais reduzissem a quantidade de filhos.
A redução do número de filhos constitui uma das mudanças ocorridas com a urbanização, ocasionando a queda da taxa de fecundidade, isto é, do número de filhos por mulher em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos). Para se ter ideia, enquanto em 1960 a taxa de fecundidade era de 6,3, em 2000 declinou para 2,4; em 2005, para 2,1; em 2015, para 1,8; e está estimada para 1,7 em 2025. Conclui-se, então, que a redução da taxa de fecundidade tem forte impacto na redução da taxa de natalidade.
No município onde você vive, a participação de mulheres no mercado de trabalho é significativa? Dê algum exemplo do que você já observou.
Orientações e sugestões didáticas
A questão proposta requer a observação do aluno em relação à participação de mulheres no mercado de trabalho no lugar onde vive. É interessante que o aluno observe em que áreas há maior participação das mulheres no mercado de trabalho, como em indústrias, ou em que setores de serviços, entre outros exemplos.
Interdisciplinaridade
A questão da gravidez na adolescência poderá ser trabalhada com o professor de Ciências, abordando temas como:
- as consequências da maternidade e da paternidade precoces na vida escolar e no projeto profissional do estudante;
- os riscos à saúde relacionados ao corpo das adolescentes;
- as doenças sexualmente transmissíveis ( dê ésse tês);
- as mudanças físicas e comportamentais na adolescência;
- os métodos anticoncepcionais.
6. Redução da mortalidade e aumento da expectativa de vida
Outra importante tendência demográfica atual está relacionada à redução das taxas de mortalidade, inclusive a mortalidade infantil, que é o número de óbitos de crianças que morreram com menos de um ano de idade para cada mil nascidas vivas. De acordo com o í bê gê É, em 2020 a taxa de mortalidade infantil no Brasil foi de 11,5 por mil ponto Diversos fatores explicam a redução das taxas de mortalidade no Brasil e no mundo:
- progressos da medicina – do diagnóstico de doenças à descoberta de medicamentos para a cura de enfermidades;
- campanhas de vacinação (observe o cartaz);
- melhora das condições sanitárias, por meio da instalação de redes de água tratada, redes coletoras de esgoto e da coleta de lixo;
- maior conscientização da população quanto à prevenção de doenças, que estimula a prática de exercícios físicos e de uma alimentação mais saudável.
Todos esses fatores tiveram impacto sobre as taxas de mortalidade e aumentaram a expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer da população brasileira, como pode ser observado no gráfico.
Embora tenham ocorrido avanços na área de saneamento básico, ainda há uma forte demanda por melhorias nesse setor. No Brasil, em 2019, somente 54,1 por cento da população tinha acesso à coleta dos esgotos e apenas 49,1 por cento dos esgotos eram tratados.
Brasil: esperança de vida ao nascer (em anos) – 1930-2025
Fontes: elaborado com base em í bê gê É ponto Indicadores sociodemográficos e de saúde no Brasil 2009. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página 29; Anuário estatístico do Brasil 2010. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2011. página 2-32; Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 2-31.
NO SEU CONTEXTO
Quais são seus hábitos alimentares e os de sua família? Existe a precaução de consumir alimentos saudáveis para proporcionar boas condições de saúde a todos?
Orientações e sugestões didáticas
Com base nas respostas dadas pelos alunos às questões do boxe No seu contexto, aproveite para desenvolver e discutir questões relacionadas aos temas contemporâneos transversais Saúde e Educação Alimentar e Nutricional, enfatizando a necessidade de hábitos alimentares saudáveis para evitar a obesidade e várias doenças relacionadas a padrões alimentares inadequados.
Destaque que a mortalidade infantil é um indicador social que reflete as condições de vida de uma população, pois sua taxa está relacionada à alimentação, à assistência médica, à vacinação e às condições de saneamento básico a que estão submetidas tanto a criança como a mãe.
Comente que a taxa de mortalidade infantil também pode ser calculada com base no número de crianças menores de 5 anos.
De acordo com o í bê gê É, em 2015 a esperança de vida ao nascer no Brasil correspondia a 72 anos, para homens, e 79 anos, para as mulheres. Estima-se que, em 2025, a esperança de vida ao nascer para homens e mulheres seja de 74 anos e 81 anos, respectivamente. A diferença entre a esperança de vida ao nascer de homens e mulheres é justificada pelos altos índices de mortalidade de jovens e adultos por causas violentas, que ocorrem principalmente na população masculina.
Caso deseje aprofundar a temática sobre hábitos alimentares, sugerimos a leitura: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. segunda edição Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
Temas contemporâneos transversais
O conteúdo trabalhado favorece o trabalho com os temas Saúde e Direitos da Criança e do Adolescente. Promova uma conversa com os alunos sobre a saúde como um direito humano.
Interdisciplinaridade
A respeito da importância da vacinação para a saúde pública, o professor de Ciências poderá contribuir para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete cê ih um zero desse componente curricular: “Argumentar sobre a importância da vacinação para a saúde pública, com base em informações sobre a maneira como a vacina atua no organismo e o papel histórico da vacinação para a manutenção da saúde individual e coletiva e para a erradicação de doenças”.
Nessa perspectiva de abordagem, o tema sobre as dê ésse tês sugerido na página anterior poderá ser ampliado ao explicar aos alunos e discutir com eles os esforços do Ministério da Saúde em campanhas de vacinação direcionadas aos adolescentes e sua importância. Um projeto interdisciplinar também poderá ser desenvolvido com o professor de Ciências, analisando as condições de saúde da comunidade onde vivem os alunos. Como base para a análise, podem ser usados indicadores como mortalidade infantil, expectativa média de vida, incidência de doenças e condições de saneamento básico. Tenham em vista que esse projeto poderá contribuir para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete cê ih zero nove do componente curricular Ciências: “Interpretar as condições de saúde da comunidade, cidade ou estado, com base na análise e comparação de indicadores de saúde (como taxa de mortalidade infantil, cobertura de saneamento básico e incidência de doenças de veiculação hídrica, atmosférica entre outras) e dos resultados de políticas públicas destinadas à saúde”.
PERCURSO 6 BRASIL: MIGRAÇÕES INTERNAS E EMIGRAÇÃO
1. O que é migração
Migração é o deslocamento de indivíduos de uma região para outra ou de um país para outro, envolvendo mudança permanente de residência. Quando os deslocamentos ocorrem no interior de um país, recebem o nome de migrações internas ou nacionais. Quando ocorrem entre países, trata-se de migrações externas ou internacionais.
As migrações da população de uma região geográfica para outra são explicadas, principalmente, pelo fator econômico. Se em uma localidade, sub-região ou região há dificuldade de conseguir emprego e de a população possuir condições mínimas de sobrevivência, é comum que pessoas e famílias migrem para outros espaços geográficos que ofereçam possibilidades de melhores condições de vida – melhor acesso à alimentação, à habitação, ao vestuário, à saúde, à educação, ao lazer etcétera
2. Migrações internas no Brasil em tempos recentes
Identificar os motivos que levam as pessoas a migrar torna possível compreender a influência de fatores econômicos ou sociais sobre a distribuição da população em um território. Vamos considerar, por exemplo, as migrações internas no Brasil, a partir de 1950.
• De 1950 a 1970
Desde os anos de 1950, a Grande Região Nordeste do Brasil tornou-se a principal Grande Região de repulsão ou de saída de migrantes para outras regiões do país. Isso ocorreu em razão da baixa oferta de empregos, do baixo rendimento da população, das secas no Sertão, entre outros fatores.
A industrialização da Grande Região Sudeste, principalmente dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, como também a construção de Brasília, na Grande Região Centro-Oeste, atraíram muitos migrantes em busca de melhores condições de vida. Assim, essas duas Grandes Regiões tornaram-se áreas de atração de população nesse período.
Brasil: migrações internas – 1950-1970
Fonte: OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Integrar para não entregar: políticas públicas e Amazônia. segunda edição Campinas: Papirus, 1991. página 75-76.
Nota: Este mapa e o mapa A, na próxima página, representam os movimentos migratórios com a divisão político-administrativa do Brasil atual. Entre 1950 e 1988, ocorreram mudanças na divisão político-administrativa do nosso país. Optamos pela representação atual para facilitar a compreensão da direção dos movimentos migratórios internos.
Orientações e sugestões didáticas
Percurso 6
Neste Percurso, o enfoque são as migrações, especialmente os movimentos migratórios dentro do território brasileiro ao longo do século vinte e início do vinte e um. O êxodo rural e as migrações pendulares também são apresentados aos alunos, além da emigração mais intensa de brasileiros que vem ocorrendo desde a década de 1970.
Fixados os conceitos, desenvolva a ou as aula ou aulas com base nos três mapas dos períodos das migrações internas no Brasil, nas páginas 53 e 54. Auxilie os alunos a observar e interpretar os detalhes das representações cartográficas e de suas respectivas legendas.
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero sete gê ê zero dois
- ê éfe zero sete gê ê zero quatro
Destaque que os movimentos migratórios influenciam na formação socioeconômica do país, assim como na distribuição da população, a fim de abordar parcialmente essas habilidades.
Inicie perguntando: “Vocês nasceram neste município ou em outro?”; “Na zona rural ou urbana?”; “E os seus pais e avós?”. As respostas podem ser anotadas em um quadro na lousa para se ter uma avaliação da origem dos alunos e de seus ascendentes.
Com base no quadro, trabalhe os conceitos de migração inter-regional e intrarregional, êxodo rural ou migração campo-cidade. Explique aos alunos que a migração inter-regional corresponde à migração de pessoas de uma região para outra; a migração intrarregional é relativa à migração de pessoas dentro de uma mesma região (podem ocorrer entre as unidades da federação de uma mesma região ou de uma localidade para outra dentro da mesma unidade da federação).
Explique aos alunos que fatores de ordem econômica são os que mais influenciam a ocorrência de migrações. Entretanto, outros fatores também devem ser considerados, como a violência urbana.
• De 1970 a 1990
Embora o fluxo populacional do Nordeste para o Sudeste tenha continuado após 1970, entre as décadas de 1970 e 1990 houve um grande fluxo de migrantes do Sudeste, do Sul e do Nordeste para as Grandes Regiões Centro-Oeste e Norte. Vários fatores contribuíram para essas migrações: a construção de rodovias, os incentivos dos governos estaduais, distrital e federal – por meio da doação de lotes de terra para a prática da agricultura –, as descobertas de ouro e diamante em Roraima e o avanço da agricultura e da pecuária em terras antes não usadas para esse fim, processo conhecido como expansão da fronteira agropecuária.
Brasil: migrações internas – 1970-1990
Fonte: OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Amazônia: monopólio, expropriação e conflitos. quarta edição Campinas: Papirus, 1993. página 92.
• De 1990 a 2010
A partir da década de 1990, os fluxos populacionais que mais despertam a atenção são os de volta aos locais de origem, chamados de migração de retorno, e a diminuição substancial do tradicional fluxo do Nordeste para o Sudeste: no período de 1995 a 2000, migraram 965 mil pessoas, e entre 2001 e 2006 esse fluxo declinou para 539 mil.
Os programas sociais governamentais de transferência de rendimentos e o crescimento econômico do Nordeste, tanto no setor industrial como no de serviços, têm sido apontados como responsáveis pela diminuição dos fluxos migratórios Nordeste-Sudeste na década passada.
Brasil: migrações internas – 1995-2000
Fonte: í bê gê É ponto Atlas do Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2003. página 58.
Qual é a intensidade do fluxo populacional de Rondônia para Mato Grosso?
Orientações e sugestões didáticas
De acordo com o mapa, a intensidade do fluxo populacional de Rondônia para Mato Grosso é de 20 a 50 mil migrantes. Auxilie na leitura do mapa. Oriente os alunos sobre a espessura das setas, que representa a quantidade de migrantes, e ressalte que o saldo migratório (diferença entre a entrada e a saída de migrantes) pode ser negativo ou positivo, assunto que será estudado na página seguinte.
Esclareça aos alunos que, em vista de mudanças regionais na dinâmica da economia, há alterações nos fluxos migratórios no decorrer do tempo. A desconcentração industrial no estado de São Paulo e no Sudeste de maneira geral, por exemplo, tornou esse estado e essa Grande Região menos atrativos para a migração interna, em comparação com períodos anteriores.
Tenha em vista que os conteúdos abordados nas páginas 53 a 55 serão desdobrados nas unidades dedicadas ao estudo das Grandes Regiões brasileiras. Sugerimos retomá-los quando oportuno para a aprendizagem de novos conhecimentos pelos alunos sobre os movimentos migratórios e sua relação com o povoamento.
Outra forma de estudar as migrações internas é considerar o saldo migratório, ou seja, a diferença, em determinado período, entre a quantidade de entrada e a de saída de migrantes de uma localidade ou região para outras.
Observe os quadros A e B, que mostram os saldos migratórios do Brasil em diferentes períodos e permitem identificar a ocorrência de saldos migratórios positivos ou negativos. São positivos quando a quantidade de migrantes que entra em determinada unidade da federação ou região é maior do que a quantidade que dela sai; são negativos quando a saída de migrantes é maior que a entrada.
Grande Região |
Saldo migratório |
---|---|
Norte |
9.691 |
Nordeste |
−53.423 |
Sudeste |
−153.908 |
Sul |
40.534 |
Centro-Oeste |
157.106 |
Fonte: QUEIROZ, Silvana Nunes de; SANTOS, José Márcio dos. Saldos migratórios: uma análise por estados e regiões do Brasil (1986-2006). Revista Econômica do Nordeste, volume 42, número 2, abril a junho2011, página 319, 320, 322, 323 e 324.
Grande Região |
Unidade da federação |
Imigrantes |
Emigrantes |
Saldo migratório |
---|---|---|---|---|
Brasil |
4.643.754 |
4.643.754 |
0 |
|
Norte |
Rondônia |
65.864 |
53.643 |
12.221 |
Acre |
13.882 |
14.746 |
−865 |
|
Amazonas |
71.451 |
51.301 |
20.150 |
|
Roraima |
25.556 |
11.204 |
14.352 |
|
Pará |
162.004 |
201.834 |
−39.830 |
|
Amapá |
37.028 |
15.228 |
21.800 |
|
Tocantins |
85.706 |
77.052 |
8.654 |
|
Saldo total |
36.482 |
|||
Nordeste |
Maranhão |
105.684 |
270.664 |
−164.980 |
Piauí |
73.614 |
144.037 |
−70.423 |
|
Ceará |
112.373 |
181.221 |
−68.849 |
|
Rio Grande do Norte |
67.728 |
54.017 |
13.711 |
|
Paraíba |
96.028 |
125.521 |
–29.493 |
|
Pernambuco |
148.498 |
223.584 |
−75.086 |
|
Alagoas |
53.589 |
130.306 |
−76.717 |
|
Sergipe |
53.039 |
45.144 |
7.895 |
|
Bahia |
229.224 |
466.360 |
−237.136 |
|
Saldo total |
−701.078 |
|||
Sudeste |
Minas Gerais |
376.520 |
390.625 |
−14.105 |
Espírito Santo |
130.820 |
70.120 |
60.700 |
|
Rio de Janeiro |
270.413 |
247.309 |
23.104 |
|
São Paulo |
991.314 |
735.519 |
255.796 |
|
Saldo total |
325.495 |
|||
Sul |
Paraná |
272.184 |
293.693 |
−21.509 |
Santa Catarina |
301.341 |
128.888 |
172.453 |
|
Rio Grande do Sul |
102.613 |
177.263 |
−74.650 |
|
Saldo total |
76.294 |
|||
Centro-Oeste |
Mato Grosso do Sul |
98.973 |
80.908 |
18.065 |
Mato Grosso |
143.954 |
121.586 |
22.365 |
|
Goiás |
363.934 |
156.107 |
207.827 |
|
Distrito Federal |
190.422 |
175.870 |
14.552 |
|
Saldo total |
262.809 |
Fonte: JARDIM, Antonio de Ponte; ERVATTI, Leila Regina. Migração interna na primeira década do século vinte e um: subsídios para as projeções. ín í bê gê É ponto Mudança demográfica no Brasil no início do século vinte e um: subsídios para as projeções da população. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2015. página 103.
Aponte o total de imigrantes e de emigrantes da unidade da federação em que você mora, entre 2005 e 2010. Nesse período, o saldo foi positivo ou negativo? De quanto?
Orientações e sugestões didáticas
O total de imigrantes, de emigrantes e o saldo migratório entre 2005 e 2010 dependem da unidade da federação em que os alunos vivem. Explique o resultado obtido com base no conceito de saldo migratório estudado nesta página.
Promova a leitura dos quadros com os alunos para auxiliá-los na compreensão dos dados. Visto que o número positivo se refere às unidades da federação com maior entrada de migrantes, e o negativo, com maior saída, pergunte a eles: “Que Grande Região apresentou maior emigração?”. Leve-os a reparar que o Nordeste, mesmo com a migração de retorno, continuou como uma área de expulsão populacional. As outras Grandes Regiões apresentaram saldo positivo. Faça-os listar o que cada uma das outras Grandes Regiões brasileiras teve de atrativo para esses migrantes: melhores condições de vida, empregos formais, empregos vinculados ao agronegócio ou mineração etcétera
3. O êxodo rural
O êxodo rural, ou migração campo-cidade, é o principal movimento populacional interno do Brasil. Em 1950, de cada 100 habitantes, cêrca de 64 moravam no campo, formando a população rural; 36 viviam nas cidades e compunham a população urbana.
O ritmo acelerado da industrialização brasileira, somado aos problemas no campo – como baixos salários e o difícil acesso à propriedade da terra pelos trabalhadores rurais –, foi a grande mola propulsora do êxodo rural. Em 1970, a população urbana já era de 56%.
Esse processo continuou após 1970, levando o Brasil a ser um país predominantemente urbano. Em 2015, de acordo com o í bê gê É, quase 85 por cento da população brasileira vivia em áreas urbanas.
Brasil: população rural e urbana (em porcentagem) – 1950-2015
Fontes: í bê gê É ponto Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2011. página 43; í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2016. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página 12.
4. Deslocamentos temporários de população
As migrações temporárias caracterizam-se pelo deslocamento de indivíduos para localidades onde há trabalho durante tempo determinado e que retornam para o lugar de origem depois de concluírem a tarefa. É o que ocorre com aqueles que se deslocam da Grande Região Nordeste para trabalhar em colheitas no Sudeste.
Outra forma de deslocamento temporário é a migração pendular: deslocamento populacional diário de ida e volta, semelhante ao movimento do pêndulo de um relógio. É o caso de milhares de habitantes de cidades vizinhas que se deslocam diariamente para os grandes centros urbanos, onde estão localizados seus empregos e locais de estudo.
5. Emigrantes brasileiros
Na década de 1970, o governo do Paraguai autorizou o loteamento de terras próximas à fronteira com o Brasil, com permissão para que brasileiros pudessem adquiri-las. Esses emigrantes, cêrca de 350 mil, ficaram conhecidos como brasiguaios.
Durante a década de 1980, uma crise na economia brasileira, marcada pela elevada taxa de desemprego e pelo aumento persistente dos preços, estimulou a saída de brasileiros para outros países.
Em 2020, segundo estimativas do Ministério das Relações Exteriores, mais de 4,2 milhões de brasileiros viviam no exterior. Desse total, ..1775000 nos Estados Unidos e .276200 em Portugal.
Brasileiros no exterior – 2020
Fonte: BRASIL. Comunidade Brasileira no Exterior: estimativas referentes ao ano de 2020. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, 2021. página 1. Disponível em: https://oeds.link/FaM08l. Acesso em: 3 dezembro 2021.
Orientações e sugestões didáticas
Explique aos alunos os conceitos de emigrante e imigrante e peça a eles que interpretem o mapa que representa os números absolutos de emigrantes brasileiros. Se julgar oportuno, para fins de melhor compreensão dos dados do mapa pelos alunos, explique-os em ordem decrescente, em percentuais arredondados: América do Norte (46%), Europa (30,9%), América do Sul (14%), Ásia (5,4%), Oceania (1,5%), Oriente Médio (1,4%), África (0,6%) e América Central (0,2%). Caso deseje aprofundar o assunto sobre o número de brasileiros vivendo no exterior, sugerimos consultar dados e informações no site do Ministério das Relações Exteriores (disponível em: https://oeds.link/2MaAwu; acesso em: 3 dezembro 2021).
Comente que, após a crise econômica internacional de 2008, muitos brasileiros perderam o emprego e retornaram ao Brasil. No entanto, em virtude da crise político-econômica do país entre 2015 e 2018, muitos brasileiros migraram para o exterior.
Alguns autores preferem reservar o termo “migração” para designar apenas os deslocamentos definitivos da população, diferenciando-os, portanto, dos deslocamentos temporários (sazonais e pendulares).
Rotas e encontros
A migração por quem a viveu
Leia os relatos de duas pessoas que, ao longo de suas trajetórias de vida, realizaram um movimento migratório.
Orientações e sugestões didáticas
Sobre o depoimento de Berenice, informe os alunos de que, naquela época, os veículos possuíam cintos de segurança, mas seu uso não era obrigatório.
BERENICE
“Um período difícil de minha vida foi quando vim para São Paulo na década de 70, migrante nordestina, de Campina Grande ( Paraíba) com rápida passagem e estadia em Recife ( Pernambuco). Vim de ‘Fuscão’ modelo 1967, com dois filhos pequenos, a menor no meu colo, com apenas seis meses de vida, rasgando os três mil quilômetros que separam mais do que dois estados distantes, mas que separam também dois estilos de vida completamente diferentes. Separam duas perspectivas de passado e de futuro quase que antagônicas.
Viajei com a filha no colo para dar mais espaço para o filho de três anos poder dormir e descansar, e não é preciso falar da péssima qualidade das estradas e dos hotéis (naquele tempo não havia as famosas churrascarias gaúchas, hoje tão comuns ao longo das rodovias). A Bê érre-116 era muito esburacada, e a Bahia, que tem 800 quilômetros de extensão Nordeste-Sul, parecia ter 2 mil quilômetros.
Quando cheguei, fui morar no Parque Continental, bairro de classe média, metida a classe alta, e os olhares eram insinuantes. Olhares de reprovação ao nosso linguajar, aos nossos trajes e até um ranço de preconceito interessante e maquiado: ‘como estes nordestinos têm dinheiro para vir morar aqui?’.
No ceagéspi, logo nos primeiros dias, quando eu falava, era tratada por baiana (até por outros nordestinos radicados há mais tempo aqui). Havia um ar de espanto, de indignação e de ironia quando eu pedia jerimum em vez de abóbora, ou macaxeira em vez de mandioca etcétera Era um motivo de riso, mas jamais me deixei abater. [...]”
LUIZ
“Eu fui um migrante, andei muito neste Brasil. Eu nasci no Paraná e com seis meses de idade a gente foi para Sergipe, Nordeste. Com um ano voltamos para o Paraná novamente, e do Paraná mudamos de vários em vários municípios do estado do Paraná. O último município do Paraná que eu morei foi onde eu nasci, Jaguapitã, numa fazenda de café. Com aquela geada de 1975, nós fomos para Campinas, São Paulo [...]. Lá moramos nove, quase dez anos, e eu estudei até a quinta série na realidade. Aos 11 anos, comecei a trabalhar como guarda mirim numa entidade que tinha lá. Trabalhei na própria entidade, no cartório, e trabalhei numa indústria de beneficiamento de legumes. Seria uma empresa que trabalhava em fazer nhoque, batata frita, essas coisas [...].”
Museu da Pessoa. Disponível em: https://oeds.link/67j6zL. Acesso em: 3 dezembro 2021.
Interprete
1. Para você, o que significaram os relatos de Berenice e Luiz?
Contextualize
2. Comente o trecho: “[...] três mil quilômetros que separam mais do que dois estados distantes, mas que separam também dois estilos de vida completamente diferentes. Separam duas perspectivas de passado e de futuro quase que antagônicas”.
Orientações e sugestões didáticas
Temas contemporâneos transversais
Diversidade Cultural, Trabalho e Educação em Direitos Humanos são temas que poderão ser desenvolvidos nesta seção. Sugerimos valorizar contribuições positivas das migrações (como a diversidade étnica e cultural). Desenvolva a criticidade dos alunos sobre a questão da discriminação demonstrada por muitas pessoas ou grupos sociais em relação aos migrantes. Na sociedade brasileira atual, muitos migrantes sofrem com atos de exclusão e violência, principalmente se forem pobres e com baixa qualificação. São vistos, equivocadamente, com desconfiança por grupos sociais, além de serem associados a problemas (como crises econômicas, desemprego, aumento da criminalidade etcétera). Nessa perspectiva, reafirme a necessidade da construção de uma sociedade tolerante e plural, baseada em princípios éticos democráticos, inclusivos e solidários.
Respostas
- Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam as dificuldades dos migrantes e a coragem e a determinação deles na busca por melhores condições de vida.
- Os primeiros migrantes do Nordeste eram originários de áreas rurais e pequenas cidades, uma realidade bastante diferente da de seu destino, onde se deparavam com um ritmo de vida acelerado, maiores custos de subsistência e um meio urbano complexo.
Interdisciplinaridade
Os professores de História e de Língua Portuguesa podem contribuir refletindo sobre a riqueza dos relatos e das histórias de vida de migrantes e discutindo a importância de combater estereótipos e atitudes preconceituosas, baseando-se em produções literárias voltadas para essa temática.
O professor de História ainda poderá contribuir avaliando as dinâmicas populacionais e as construções de identidades regionais, étnico-raciais e de gênero na história recente do Brasil, identificando preconceitos e fórmas de combatê-los.
Atividade complementar
Se julgar conveniente, visite com os alunos uma exposição virtual no site do Museu da Imigração do Estado de São Paulo, disponível em: https://oeds.link/HwDrZe (acesso em 6 maio 2022). Para isso, previamente, acesse o link a fim de se familiarizar com as ferramentas de navegação para orientar melhor a turma e comentar seções pré-selecionadas. Ofereça um contexto sobre a Hospedaria do Imigrante, local onde hoje funciona o museu.
Atividades dos percursos 5 e 6
Registre em seu caderno.
- A densidade demográfica de um país ou região reflete fielmente a distribuição da população pelo território? Explique sua resposta.
- A partir da década de 1950, a população brasileira tem apresentado diminuição das taxas de natalidade e mortalidade, conforme mostra o gráfico da página 50.
- Explique quais fatores contribuíram para a redução das taxas de natalidade.
- Quanto à redução das taxas de mortalidade, que fatores contribuíram para isso?
- Algum membro de sua família realizou migração no interior do país? Se sim, para onde e por quê? Explique os tipos de migração interna.
- Aponte os fatores que contribuíram, no período de 1970 a 1990, para os fluxos migratórios internos para a Amazônia.
5. Observe o mapa e responda às questões.
Brasil: expectativa de vida ao nascer e proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade na população – 2019
Fontes: í bê gê É ponto Tábua completa de mortalidade no Brasil 2019: breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 13; Pesquisa nacional por amostra de domicílio contínua: tabelas 2019. Tabela 6407.
- A expectativa de vida ao nascer na sua unidade da federação estava compreendida entre quais valores, em 2019?
- Aponte o intervalo percentual da proporção de pessoas com 60 anos ou mais de idade na população total de sua unidade da federação, em 2019.
6. Analise o quadro e responda às questões.
Estado |
População (habitantes) |
Área (km2) |
---|---|---|
Pará |
8.777.124 |
1.245.870 |
Bahia |
14.985.284 |
564.760 |
Mato Grosso |
3.567.234 |
903.207 |
Rio Grande do Sul |
11.466.630 |
281.707 |
São Paulo |
46.649.132 |
248.219 |
Fontes: í bê gê É ponto Anuário Estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Tabela 1.1.2.1. página 1-14; í bê gê É ponto Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 12 abril 2022.
- Calcule a densidade demográfica dos estados constantes do quadro e aponte quais são o mais povoado e o menos povoado.
- Que estado é o mais populoso? E o menos populoso?
- Os dados do quadro permitem concluir que a população se encontra bem distribuída pelo território? Explique sua resposta.
Orientações e sugestões didáticas
Respostas
- Não, porque a densidade demográfica é uma média obtida pela divisão do total da população pela área em que está distribuída. A densidade demográfica retrata uma condição geral da ocupação e da distribuição humana em um território. No interior de países e regiões há áreas mais ou menos povoadas em razão de fatores naturais e sociais.
-
- As populações do campo, que tinham um maior número de filhos, diminuíram suas famílias ao migrarem para as cidades. Isso ocorreu em razão das dificuldades de habitação e da maior participação da mulher no mercado de trabalho, além do uso de métodos contraceptivos.
- Os progressos da medicina, as campanhas de vacinação, as melhoras nas condições sanitárias e o maior acesso da população à informação (prevenção de doenças, importância de alimentação saudável e prática de exercícios físicos).
- Resposta pessoal. As migrações internas inter-regionais correspondem àquelas de uma região para outra. As migrações intrarregionais ocorrem dentro de uma mesma região.
- A construção de rodovias, os incentivos dos governos estaduais e federal – por meio da doação de lotes de terra para a prática da agricultura e da pecuária – e a descoberta de ouro e diamantes em Roraima, além do avanço da fronteira agropecuária.
-
- Depende da unidade da federação em que vive o aluno.
- Depende da unidade da federação em que vive o aluno.
-
- As densidades demográficas são: Pará 7,0 habitantes por quilômetro quadrado; Bahia: 26,5 habitantes por quilômetro quadrado; Mato Grosso: 3,9 habitantes por quilômetro quadrado; Rio Grande do Sul: 40,7 habitantes por quilômetro quadrado; São Paulo: 187,9 habitantes por quilômetro quadrado. O estado mais povoado é São Paulo e o menos povoado é Mato Grosso.
- O estado mais populoso é São Paulo e o menos populoso é Mato Grosso.
- Analisando o quadro, é possível perceber que a população brasileira está distribuída irregularmente pelo território, uma vez que existem estados com alta concentração de população e outros com baixo número de habitantes.
7. Observe o gráfico a seguir.
Grande Região Nordeste: população urbana e rural – 1940-2010
Fontes: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli A. de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: êduspi/Imprensa Oficial, 2005. página 92; í bê gê É ponto Sinopse do censo demográfico 2010: sinopse do censo e resultados preliminares do universo. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2011. página 17.
- Quando a população urbana se tornou maior que a rural no Nordeste?
- Aponte o total, aproximadamente, da população urbana em 1980 e em 2000.
- Realize um trabalho de campo entrevistando pessoas das residências da localidade onde você mora para saber se são migrantes. Anote a localidade e a região de origem dos entrevistados e, no caso de serem migrantes, a razão da migração. Em seguida, elabore um quadro com os dados obtidos.
- Os gráficos circulares, de setor ou pítsa , cujos dados são fornecidos em porcentagem, podem ser elaborados com o apoio de um “círculo das porcentagens”. Siga estas etapas para construí-lo:
- Reúna os materiais necessários: canetas coloridas, papel sulfite, régua e transferidor.
- Com o transferidor, trace uma circunferência, que corresponde à medida de 360 graus (360), e marque as quatro divisões iguais (90 graus), ou seja, de 25 graus por cento ou 1/4 da circunferência.
- Dividindo 360 graus por 100, chegamos à proporção de 3,6 por cento graus para 1. Então, com o transferidor, use a medida de 3,6 por cento graus (aproximadamente a metade da distância entre o terceiro e o quarto graus) para fazer as marcações de 1%. Indique com traços maiores os valores múltiplos de cinco e destaque os traços correspondentes aos múltiplos de 10.
- Com as cem partes iguais (100), está pronto o círculo das porcentagens, conforme mostra a figura abaixo. por cento
Círculo das porcentagens
Fonte: MARTINELLI, Marcello. Gráficos e mapas: construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1998. página 48.
Agora, com base no quadro, elabore um gráfico de setor usando o círculo das porcentagens.
Grande Região |
População de 20 a 59 anos de idade (%) |
---|---|
Norte |
8 |
Nordeste |
27 |
Sudeste |
43 |
Sul |
14 |
Centro-Oeste |
8 |
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua. Tabelas – 2019. Características gerais dos domicílios e dos moradores. Disponível em: https://oeds.link/MFiBz0. Acesso em: 8 fevereiro 2022.
Orientações e sugestões didáticas
-
- Na Grande Região Nordeste, a população urbana tornou-se superior à rural no final da década de 1970.
- A população urbana na Região Nordeste era de pouco menos de 20 milhões de habitantes em 1980 e pouco mais de 30 milhões de habitantes em 2000.
- Nesta atividade, os alunos vão conhecer, por meio de entrevistas, as razões que levam as pessoas a se deslocar no espaço geográfico. A entrevista é uma prática de pesquisa que pressupõe a formulação de um questionário. Auxilie os alunos a estabelecer um roteiro de perguntas que os ajude a conduzir a conversa com o entrevistado a fim de obter os dados desejados. Explique a importância de demonstrar respeito, cordialidade e receptividade às falas das pessoas com quem vão conversar, uma vez que o objetivo é buscar informações que, na essência, fazem parte da história de vida delas. Na sequência, auxilie-os na organização dos dados e na elaboração dos quadros.
- Com base nos dados do quadro e usando o círculo de porcentagens já construído no caderno, os alunos deverão elaborar o gráfico de setores (ou pítsa ). Chame a atenção deles para a ordem das porcentagens, que devem entrar da maior para a menor, no sentido horário: 43%, 27%, 14%, 8%, 8%. O título deve repetir o do quadro: “Brasil: participação das Grandes Regiões no total da população de 20 a 59 anos de idade – 2019”. A fonte também será a mesma do quadro. Depois de pronto o gráfico, sugira aos alunos que revisem o gráfico de um colega. Discuta com a classe as dúvidas que surgirem durante o processo.
PERCURSO 7 POPULAÇÃO E TRABALHO: MULHERES, CRIANÇAS E IDOSOS
1. A população segundo os setores de produção
Uma das fórmas de estudar a população de um país é classificá-la de acordo com os setores de produção. Existem três setores de produção básicos. O setor primário reúne as atividades agropecuárias, extrativistas (vegetal e animal), a pesca e a silvicultura. O setor secundário abrange as atividades industriais e a construção civil. O setor terciário agrupa as atividades de comércio e de prestação de serviços, como o sistema bancário, a administração pública, as atividades de saúde, educação, transportes, telefonia etcétera Observe as fotos A, B, C e D.
Em razão dos avanços científicos e tecnológicos, entretanto, muitos estudiosos apontam a existência do setor quaternário, que compreende as atividades humanas relacionadas à busca de novas tecnologias e conhecimentos – tecnologia da informação e comunicação –, das quais a informática, a cibernética e a robótica e outras fazem parte. O conhecimento, ao tornar-se valiosa mercadoria comercializada no mundo e por exigir mão de obra altamente qualificada, transformou-se em setor de produção da economia, o quarto setor.
NO SEU CONTEXTO
Classifique, segundo os setores de produção, as atividades exercidas por seus familiares.
Orientações e sugestões didáticas
Na resposta à questão do boxe No seu contexto, verifique a coerência na classificação das atividades exercidas pelos familiares dos alunos segundo os setores de produção. Nessa atividade, os alunos têm a oportunidade de analisar a realidade próxima sob uma nova óptica, usando conceitos importantes para a Geografia. Além de enriquecer a análise, os alunos podem fixar mais facilmente o conteúdo estudado.
Percurso 7
Neste Percurso, os alunos estudarão os setores de produção, para que compreendam melhor como a População Economicamente Ativa ( péa) é composta no Brasil. As desigualdades de gênero no mercado de trabalho e o trabalho infantil são problemas apresentados neste Percurso. Os alunos também são introduzidos ao estudo de pirâmides etárias.
Habilidade da Bê êne cê cê
• ê éfe zero sete gê ê zero quatro
Ao longo deste Percurso, os alunos terão contato com mais informações a respeito da população brasileira, como a constituição por faixa etária, as diferenças de gênero no mercado de trabalho, a péa e o trabalho infantil. Todos esses aspectos colaboram para o entendimento da população do país e possibilitam um aprofundamento da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro.
Crie um quadro na lousa com quatro colunas sobre os setores de produção (primário, secundário, terciário e quarto setor), apontando as atividades que fazem parte de cada um deles. Solicite que apontem as profissões de seus familiares e que as classifiquem de acordo com os setores de produção a que pertencem, escrevendo-as na coluna correspondente.
Em seguida, comente que as pessoas que trabalham e as que estão em busca de emprego formam a população economicamente ativa de um país. Essa população é a responsável pela produção que ocorre em um país e, por meio de seu trabalho, mantém a si mesma e a população economicamente não ativa.
• A distribuição da população e os setores de produção
Segundo o í bê gê É, a população economicamente ativa (PEA) é o conjunto de indivíduos que trabalham ou estão em busca de emprego e compõe o potencial de mão de obra com que podem contar os setores produtivos.
Conhecer o número de pessoas que trabalham em cada setor, ou a participação de cada setor na péa, é importante para fornecer dados para a avaliação da economia de um país e para o planejamento socioeconômico.
No Brasil, o estudo da população trabalhadora ao longo dos censos demográficos fornece elementos para compreender as mudanças na economia do país. Observe o gráfico.
Em 1940, de cada 100 pessoas que formavam a péa do Brasil, aproximadamente 70 estavam ocupadas no setor primário, 10 no setor secundário e 20 no setor terciário de produção.
Esses dados nos informam que, em 1940, a economia brasileira tinha por base os produtos do setor primário de produção. Além disso, podemos concluir que no ano de 1940 a industrialização do país era modesta, pois empregava apenas 10 por cento da péa, e que as cidades e a população urbana ainda eram reduzidas, pois apenas cêrca de 20 por cento da péa estava empregada no setor terciário – setor que reúne atividades predominantemente urbanas, assim como o setor secundário.
Nas pesquisas seguintes, notam-se alterações na distribuição da péa por setores de produção. Em pesquisa referente ao ano de 2020, o í bê gê É constatou que 20,3% da péa do Brasil se dedicava ao setor secundário e 70,5 por cento ao setor terciário, ambas superando a participação do setor primário, 9,2 por cento. Esses dados evidenciam que, atualmente, a população brasileira vive predominantemente nas áreas urbanas. Não havia ainda estatística sobre o quarto setor no Brasil.
Brasil: distribuição da péa por setores de produção (em porcentagem) – 1940-2020
Fontes: . í bê gê É Anuário estatístico do Brasil 1978; 1982; 1994; 1995. Rio de Janeiro: , í bê gê É 1979; 1983; 1995; 1996; Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2001; 2009; 2015. Rio de Janeiro: , í bê gê É 2002; 2010; 2016; Síntese dos indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2021. Rio de Janeiro: , í bê gê É 2021. página 20.
Qual era a distribuição da PEA pelos setores de produção em 2020?
Orientações e sugestões didáticas
A distribuição da péa pelos setores de produção em 2020 era a seguinte: setor primário: 9,2%; setor secundário: 20,3%; setor terciário: 70,5%.
Atividade complementar
Sugerimos que os alunos façam um levantamento de quantas pessoas, em seu âmbito familiar, participam da população economicamente ativa.
O í bê gê É define péa assim:
“Compreende o potencial de mão de obra com que pode contar o setor produtivo; a oferta efetiva de trabalho numa economia. Para o cálculo da péa são consideradas as seguintes categorias: população ocupada – aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias); população desocupada – aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva nos últimos 30 dias (consultando pessoas, jornais, etc.) reticências A péa é obtida pela soma da população ocupada e desocupada com 16 anos ou mais de idade.”
Fonte: í bê gê É. Estatísticas de gênero. Disponível em: https://oeds.link/yHWUXB. Acesso em: 21 junho 2022.
Mochila de ferramentas
Interpretar e elaborar gráficos de barras e de colunas
Os gráficos de barras e de colunas são muito usados para representar mudanças ou comparação de dados.
Como elaborar e interpretar gráfico de barras e de colunas
O gráfico de barras é construído com retângulos horizontais e o de colunas, com retângulos verticais, cujos tamanhos (comprimento ou altura) são proporcionais aos valores expressos.
Observe este quadro. Ele mostra o percentual da população de jovens (19 anos de idade ou menos) e da população de idosos (60 anos de idade ou mais) no total da população das Grandes Regiões.
Grande Região |
Jovens |
Idosos |
---|---|---|
Norte |
34 |
11 |
Nordeste |
30 |
15 |
Sudeste |
25 |
17 |
Sul |
25 |
17 |
Centro-Oeste |
29 |
13 |
* Valores arredondados.
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua 2019. Tabela 6407. Disponível em: https://oeds.link/MFiBz0. Acesso em: 28 janeiro 2022.
Agora, compare os gráficos de barras (1) e de colunas (2), elaborados com base nos dados desse quadro.
Gráfico 1. Percentual* de jovens na população das Grandes Regiões – 2019
Gráfico 2. Percentual* de idosos na população das Grandes Regiões – 2019
* Valores arredondados.
Fonte dos gráficos: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua 2019. Tabela 6407. Disponível em: https://oeds.link/MFiBz0. Acesso em: 28 janeiro 2022.
No gráfico 1, de barras, a dimensão horizontal de cada retângulo é determinada com base no eixo horizontal – eixo das abscissas. Note que, quanto maior é o percentual de jovens na população da Grande Região considerada, maior é o comprimento do retângulo.
No gráfico 2, de colunas, o percentual de idosos na população das Grandes Regiões brasileiras está representado no eixo vertical – eixo das ordenadas. Observe que, quanto maior é a altura do retângulo, maior é o percentual de idosos na população da Grande Região considerada.
Os gráficos facilitam a visualização dos dados do quadro: basta observá-los para saber que a Grande Região Norte é a que possui o maior percentual de jovens e o menor de idosos.
Orientações e sugestões didáticas
Para a elaboração de um gráfico de barras, explique que há necessidade de determinar a escala gráfica, como fazemos nos mapas. Como o maior valor percentual de jovens por Grandes Regiões é 34%, no gráfico de barras escolhemos o valor máximo de 40 para corresponder a 4 centímetros. Então, a escala do gráfico é 4 para40 = 1 para10, ou seja, 1 centímetro do eixo de percentual de jovens corresponde ao valor de 10%. Como 1 centímetro = 10 milímetros, a escala também indica que 1 milímetro corresponde a 1%. Assim, de acordo com o percentual de jovens por Grande Região, é possível definir o comprimento de cada barra indicada no eixo vertical. Se o percentual de jovens na Grande Região Norte é 34%, o comprimento da barra correspondente deve medir 3,4 centímetros.
Ressalte que, no gráfico de colunas, as alturas delas correspondem aos valores percentuais de idosos na população. Na mesma escala (1 para10), o gráfico representa os valores no eixo vertical – eixo das ordenadas – calculados da mesma fórma.
Informe aos alunos que até fim de janeiro de 2022, momento em que este livro estava sendo editado, a pessoa idosa era aquela com idade igual ou superior a 60 anos. Em razão do Projeto de Lei .5628/19 que tramitava na Câmara dos Deputados Federal com o objetivo de alterar a idade das pessoas consideradas idosas para idade igual ou superior a 65 anos, verifique se aquele projeto foi ou não aprovado.
Interdisciplinaridade
O trabalho com esta seção pode ser enriquecido com a participação do professor de Matemática, especificamente em relação à habilidade ê éfe zero sete ême ah três sete: “Interpretar e analisar dados apresentados em gráfico de setores divulgados pela mídia e compreender quando é possível ou conveniente sua utilização”. É possível desenvolver uma atividade de coleta de dados referentes a diversos fatos ou ocorrências escolhidas pelos alunos, levando-os a organizar em quadros, tabelas ou gráficos as informações coletadas. Também podem ser usadas planilhas eletrônicas para o registro, representação e interpretação das informações. Outra possibilidade seria analisar e interpretar dados divulgados por meios de comunicação confiáveis em gráfico de barras, colunas, linhas ou setores, avaliando os elementos constitutivos e a sua aplicação.
Observe, agora, o gráfico de barras (3). Ele também foi elaborado com base nos dados do quadro da página anterior.
Este gráfico representa o percentual de jovens e de idosos na população das Grandes Regiões ao mesmo tempo, isto é, as duas informações foram representadas juntas, no mesmo gráfico. Nele, podemos observar, por exemplo, que as Grandes Regiões Sudeste e Sul apresentam os mesmos percentuais de jovens, na comparação de suas populações, e de idosos também.
Gráfico 3. Percentual* de jovens e de idosos na população das Grandes Regiões – 2019
* Valores arredondados.
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua 2019. Tabela 6407. Disponível em: https://oeds.link/MFiBz0. Acesso em: 28 janeiro 2022.
1. Que diferenças há entre os gráficos de barras e de colunas?
2. Represente os dados deste quadro em um gráfico. Depois responda às questões.
Grandes Regiões |
Sudeste |
Centro-Oeste |
Sul |
Norte |
Nordeste |
|
---|---|---|---|---|---|---|
População (%) |
Urbana |
93 |
90 |
86 |
75 |
73 |
Rural |
7 |
10 |
14 |
25 |
27 |
Fontes: í bê gê É ponto Censo Demográfico 2010. Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2011. página 43; í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2016. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página12.
- Você representou os dados do quadro em que tipo de gráfico?
- Explique a sua escolha.
3. Observe este gráfico e responda às questões.
Brasil: população ocupada, por atividade econômica (em porcentagem) – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 23.
- O gráfico é de barras ou de colunas? Justifique sua resposta.
- O que o gráfico mostra? Como você sabe?
- Qual é a atividade econômica que ocupa a maior parte da população? E a menor parte?
- Em que setor econômico se concentra a maior parte da população ocupada? E a menor parte?
- Qual é o percentual da população ocupada no setor terciário, de acordo com o gráfico?
- Os dados desse gráfico podem ser representados de outras maneiras. Quais?
Orientações e sugestões didáticas
Respostas
- No gráfico de barras, a dimensão de cada retângulo é determinada com base no eixo das abscissas, ou seja, no eixo horizontal, e os valores aumentam conforme o maior comprimento do retângulo. No gráfico de colunas, a dimensão de cada retângulo é representada no eixo das ordenadas, isto é, no eixo vertical, e os valores aumentam conforme a maior altura do retângulo.
-
- Os dados podem ser representados em um gráfico de colunas, de barras ou de linhas.
- Resposta pessoal. É importante verificar a coerência entre a justificativa dada pelos alunos e o tipo de representação gráfica aplicada. Comente que os dados referentes a cada Grande Região podem ser representados em um gráfico circular.
-
- É um gráfico de colunas, pois a dimensão de cada coluna está representada no eixo das ordenadas, ou seja, no eixo vertical, e o percentual de trabalhadores em cada atividade econômica aumenta conforme a maior altura do retângulo.
- O gráfico mostra a distribuição da população ocupada, percentualmente, pelas atividades econômicas, conforme o título e os dados apresentados no próprio gráfico.
- Os serviços ocupam a maior parte da população ocupada (52%). A agropecuária ocupa a menor parte (9%).
- A maior parte da população ocupada se concentra no setor terciário. A menor parte se concentra no setor primário.
- O percentual é de 71% (soma dos percentuais de serviços e comércio).
- Esses dados podem ser representados por meio de um quadro, de um gráfico de barras ou de um gráfico circular.
Atividade complementar
Com base no gráfico da atividade 3, proponha aos alunos que representem os dados em um quadro, em um gráfico de barras e em um gráfico circular. A turma pode ser dividida em grupos e as representações podem ser feitas em cartolina ou papel pardo e expostas na sala de aula. Com base nelas, promova uma análise comparativa, destacando as vantagens de cada uma.
2. Mulheres e desigualdades no mercado de trabalho
No Brasil, o número de mulheres na população supera o de homens em quase todas as regiões. Isso ocorre porque as mulheres apresentam maior longevidade, com expectativas de vida maiores.
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira vem passando por importantes transformações políticas, econômicas e sociais que afetam mulheres e homens de maneiras diferentes. Uma delas é o crescimento da presença das mulheres no mercado de trabalho, aumentando, em consequência, sua participação na péa e garantindo a elas maior autonomia.
No entanto, apesar da ampliação do acesso ao mercado de trabalho, grande parcela das mulheres continua acumulando os trabalhos de seus empregos fóra de casa com os trabalhos domésticos (tarefas relacionadas à limpeza da casa, à alimentação, ao cuidado de filhos, entre outras).
Esses afazeres geram sobrecarga de trabalho para as mulheres e influem diretamente na possibilidade de conseguirem empregos e de ocuparem melhores postos no mercado de trabalho.
Mulheres na população economicamente ativa (em porcentagem) – 2015
Fonte: í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 123.
• Mulheres e homens: desigualdade de rendimentos
Nos últimos anos, estudos vêm apontando uma tendência contínua de redução da desigualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil. Entre outros fatores, o aumento do rendimento das mulheres está relacionado à conquista de maior espaço na vida pessoal, familiar e na sociedade e ao combate à desigualdade entre os gêneros. Observe o gráfico. Em 2020, nos dados referentes ao Brasil, as mulheres receberam, em média, 78 por cento do rendimento de trabalho dos homens.
Brasil: rendimento médio mensal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, de todos os trabalhos, por sexo, segundo as Grandes Regiões (em reais) – 2020
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: divulgação anual. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Tabela .7444.
Em alguma das Grandes Regiões o rendimento médio das mulheres era igual ou maior que o rendimento dos homens?
Orientações e sugestões didáticas
De acordo com o gráfico, nenhuma das Grandes Regiões apresentou rendimento médio das mulheres igual ou maior que o dos homens. Aproveite para discutir a importância da igualdade de gêneros.
• Mulheres chefes de família
No Brasil, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e sua maior autonomia financeira vêm contribuindo para o aumento da proporção de famílias chefiadas por mulheres, isto é, vem crescendo a proporção de famílias que têm a mulher como responsável pelo sustento da casa. Isso significa que cada vez mais famílias vivem a situação de não terem pessoas do gênero masculino como chefes de família. Observe o mapa da próxima página.
Orientações e sugestões didáticas
Atividade complementar
Caso considere oportuno, sugerimos planejar e realizar um projeto sobre as alterações ocorridas na formação e composição da família brasileira, com o objetivo de refletir sobre a importância de reconhecer a diversidade de tipos ou arranjos familiares (matrimonializada, informal, monoparental, anaparental, homoafetiva, mosaico, socioafetivas, paralelas, entre outras) e as diferentes experiências de cuidar e educar da infância. Para subsídios a esse respeito, sugerimos consultar: PARANAGUÁ, Isabella. Cartilha das famílias. Piauí: Instituto Brasileiro de Direito de Família ( íbêdêfãn- Piauí)/Comissão de Direito das Famílias e Sucessões da Ordem dos Advogados do Brasil ( ó á bê- Piauí), 2015 (disponível no portal do Ministério Público do Rio Grande do Sul).
Temas contemporâneos transversais
Trabalhe os temas Saúde, Trabalho e Vida Familiar e Social contextualizando os alunos sobre a situação das mulheres durante a pandemia da covíd-19, transmitida pelo vírus sárs-cóv-2, especialmente no ano de 2020 e seguintes. Leve-os a refletir sobre como ela alterou as dinâmicas de vida, trabalho e cuidado na sociedade, e ampliou desigualdades de renda e raciais que marcam a vida e o trabalho das mulheres rurais e urbanas. No Brasil, por exemplo, mulheres com filho invariavelmente foram as mais impactadas no mercado de trabalho, pois o isolamento social, com o fechamento de creches e escolas durante a pandemia, tornou mais presente a divisão sexual do trabalho. Nesse contexto, no Brasil, 50% das mulheres passaram a se responsabilizar pelo cuidado de alguém na pandemia, em razão da responsabilização atribuída geralmente a elas pelos cuidados da casa e dos membros da família (crianças, idosos etcétera), fato que reforçou e dificultou a participação da mulher no mercado de trabalho. Entre as que cuidam de crianças, 72% afirmaram que aumentou a necessidade de monitoramento dentro do domicílio.
Para maiores subsídios a respeito, consulte a pesquisa: Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia. São Paulo: Gênero e Número/ sófi (Sempreviva Organização Feminista), 2020. Disponível em: https://oeds.link/XQkQ4N. Acesso em: 5 fevereiro 2022.
Brasil: mulher chefe de família (em porcentagem) – 2010*
* Censo demográfico de 2010.
Fonte: í bê gê É ponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 123.
Indique o intervalo percentual de famílias chefiadas por mulheres na unidade da federação em que você vive. Em seguida, cite outras em situação semelhante.
Orientações e sugestões didáticas
A resposta à questão proposta depende da unidade da federação.
• Avanços na escolaridade feminina
No Brasil, as mulheres vêm superando os homens nos indicadores educacionais relativos aos ensinos médio e superior completos (gráfico).
Brasil: pessoas de 25 anos ou mais de idade com escolaridade completa, por sexo (em porcentagem) – 2009 e 2019
Fonte: elaborado com base em í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2016; 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016; 2020. Tabelas 4.14 e 3.7.
As mulheres tendem a ter mais qualificação para entrar no mercado de trabalho, mas isso ainda não se reverte em salários mais elevados para a população feminina ocupada. Embora muitas estejam alcançando cargos de chefia em empresas públicas e privadas, uma parcela expressiva das mulheres ainda ocupa postos de trabalho com menor nível de proteção social, ou seja, sem carteira de trabalho assinada, como é o caso de muitas trabalhadoras domésticas, apesar de a legislação exigir.
Cabe observar, contudo, que a proporção de estudantes, tanto homens quanto mulheres, é ainda muito baixa no Brasil, o que compromete a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento social e econômico do país.
NAVEGAR É PRECISO
Mulheres de palavra: atuação política das mulheres indígenas
https://oeds.link/BgeqL4
Nesse podcast, mulheres indígenas protagonistas discutem a dificuldade que enfrentam para ocupar cargos eletivos.
Orientações e sugestões didáticas
É importante abordar as questões de gênero com o apoio dos gráficos e dos mapas deste Percurso, pois eles ajudam a compreender as desigualdades que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho.
Sugerimos que consulte o seguinte documento: í bê gê É. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. segunda edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021.
Ainda de acordo com o í bê gê É, entre 2009 e 2019, no Brasil, o percentual da população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo passou de 10,6% para 17,4%. Se o Brasil pretende se aproximar do percentual médio da população adulta com ensino superior alcançado por países-membros da Ô cê dê É ou associados a ela, como os Estados Unidos (42%) e a Argentina (29%) em 2018, esse aumento percentual terá de se intensificar bastante nos próximos anos.
Segundo o í bê gê É, no Brasil, em 2019, a taxa de analfabetismo para os homens foi de 6,9% e, para as mulheres, 6,3%.
3. O trabalho infantil no Brasil
No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem expressamente o trabalho infantil, permitindo o trabalho de aprendizes a partir dos 14 anos. Apesar de o trabalho infantil ter diminuído nos últimos anos, segundo o í bê gê É, em 2019 ainda havia cêrca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos trabalhando no país. Esses menores, além de terem sua formação escolar prejudicada, muitas vezes estão expostos a ambientes de trabalho que comprometem seu desenvolvimento biológico e psicológico.
NO SEU CONTEXTO
Na comunidade onde você vive, há crianças e adolescentes que trabalham?
Orientações e sugestões didáticas
A resposta à questão proposta no boxe No seu contexto depende do local e do conhecimento do aluno sobre o tema. Aproveite a oportunidade para ressaltar que a responsabilidade de cumprir a legislação que busca proteger crianças e adolescentes não cabe apenas ao poder público, mas a todos nós. Uma comunidade unida, com espírito associativo é capaz de solucionar vários problemas que a afetam.
4. A pirâmide etária do Brasil
A pirâmide etária representa graficamente a quantidade de pessoas de uma população, segundo as faixas de idade e o sexo. Considerando a queda das taxas de fecundidade e natalidade e o aumento da expectativa de vida, as pirâmides etárias do país vêm sofrendo alterações. Observe os gráficos.
Observamos que, na pirâmide etária de 2025, a base se apresenta menos larga em relação à de 1980; isso se deve à queda das taxas de fecundidade: em 1980, a população brasileira entre 0 e 19 anos correspondia a 49 por cento da população total, passando para 27 por cento em 2025.
Na pirâmide de idades de 2025, o pico alargou-se em relação à de 1980. Isso ocorreu porque o brasileiro está vivendo maior número de anos, consequência da melhoria das condições de vida.
Brasil: pirâmides etárias (em porcentagem) – 1980 e 2025
Fonte: í bê gê É ponto Projeção da população. Disponível em: https://oeds.link/buielp. Acesso em: 7 dezembro 2021.
No momento em que você está observando a pirâmide de idades de 2025, a qual faixa de idades você pertence? Essa faixa é maior ou menor do que a que a precede?
Orientações e sugestões didáticas
Ao observar a pirâmide de idades de 2025, é importante que o aluno identifique a faixa etária à qual pertence.
Sobre o trabalho infantil no Brasil, comente que, em 13 de julho de 1993, entrou em vigor a Lei norteº .8069, criando o Estatuto da Criança e do Adolescente ( éca), cujo objetivo é garantir a proteção integral da criança e do adolescente. O capúthi de seu artigo 4º diz: “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (consulte o éca no seguinte endereço eletrônico: https://oeds.link/1Tt3Z6; acesso em: 7 dezembro 2021).
A pirâmide etária deve ser explicada com base nos gráficos desta e da próxima página. Elas mostram o declínio das taxas de natalidade e fecundidade no Brasil e o envelhecimento da população brasileira, responsáveis pela alteração da configuração das pirâmides etárias, inclusive a sua projeção para o ano 2050.
• O “bônus demográfico” no Brasil
De acordo com estudos demográficos, até 2020 o Brasil passou por um período no qual o número de pessoas em idade economicamente ativa superou muito o de crianças e idosos, considerados dependentes. Esse período, denominado bônus demográfico, é considerado favorável à economia de um país, pois significa maior número de trabalhadores e menores gastos com pessoas que não participam da péa.
A partir de 2020, estima-se um aumento da proporção de idosos na população geral. A expectativa é que a população brasileira com mais de 60 anos vai mais do que triplicar nas próximas quatro décadas: de pouco mais de 20 milhões em 2010, atingirá cêrca de 65 milhões de habitantes em 2050, alterando o perfil da pirâmide etária brasileira.
No Brasil, o ritmo do envelhecimento populacional deverá ser mais acelerado do que o ocorrido em outros países no século passado. Na França, por exemplo, foi necessário mais de um século para que sua população com idade igual ou superior a 65 anos aumentasse de 7 por cento para 14 por cento do total, variação demográfica que ocorrerá no Brasil em apenas duas décadas, entre 2011 e 2031.
Brasil: pirâmide etária (em porcentagem) – 2050*
Fonte: í bê gê É ponto Projeção da população. Disponível em: https://oeds.link/buielp. Acesso em: 7 dezembro 2021.
Em que faixa de idade você estará nesta pirâmide etária em 2050?
Orientações e sugestões didáticas
Ao observar a pirâmide de idades de 2050, é importante que o aluno identifique a faixa etária à qual vai pertencer.
• Os efeitos do envelhecimento da população
Com o aumento da população idosa, o Estado brasileiro, que financia e administra sistemas públicos de saúde e de previdência socialglossário , deverá se preparar para maiores gastos com saúde e aposentadoria dos idosos. Em relação à saúde, o aumento dos gastos dependerá da qualidade de vida da população, o que impõe ao Estado e à sociedade em geral a necessidade de buscar ações que garantam um envelhecimento mais saudável para as pessoas.
Outro ponto importante é a disponibilidade de ajuda familiar para esse grupo. Geralmente, com o avanço da idade, passamos a necessitar de maior apoio e cuidado familiar. Isso é preocupante quando se considera que essa ajuda poderá ser afetada pela maior participação dos membros da família no mercado de trabalho.
Como consequência, isso poderá demandar maiores investimentos públicos em asilos e casas de repouso. Em comparação com 2010, algumas estimativas e projeções para o Brasil indicaram que o número de pessoas sendo cuidadas por não familiares duplicou em 2020 e aproximadamente quintuplicará até 2040.
É possível que essas transformações afetem também as empresas, que poderão expandir os programas de treinamento dirigidos aos idosos com o objetivo de reincorporá-los ao mercado de trabalho.
Orientações e sugestões didáticas
Temas contemporâneos transversais
Pergunte aos alunos se eles possuem parentes ou têm algum conhecido considerado idoso, isto é, com idade igual ou superior a 60 anos. Com o objetivo de trabalhar os temas Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso, e Vida Familiar e Social, peça a eles que conversem com essas pessoas, a fim de saber mais sobre aspectos da vida delas: “Eles ainda trabalham, recebem aposentadoria ou os dois? Por quê?”; “Frequentam grupos que promovem atividades físicas e de lazer para essa faixa etária?”; “Que dificuldades enfrentam no dia a dia, como o desrespeito por parte de outras pessoas em filas e vagas preferenciais a idosos?”.
Peça que anotem as respostas e tragam para a sala de aula, a fim de trocar informações com os colegas de classe.
Atividade complementar
A população de um país pode ser classificada em: jovem, que compreende as pessoas entre 0 e 19 anos; adulta, entre 20 e 59 anos; e idosa, com 60 anos ou mais. A população masculina e feminina do Brasil está representada no quadro desta página.
Reproduza-a na lousa e peça aos alunos que, com base nos dados do quadro, construam o gráfico pirâmide de idades e, em seguida, façam observações sobre o que foi representado.
Solicite também que apontem qual era a população absoluta do Brasil em 2010. Em seguida, peça que consultem, na página inicial do site do í bê gê É, a população estimada no momento e que calculem o aumento numérico da população nesse período.
Faixa de idade |
Brasil: população – 2010 |
|
---|---|---|
Masculina |
Feminina |
|
0 a 19 anos |
31.925.412 |
30.997.754 |
20 a 59 anos |
52.325.467 |
54.916.569 |
60 anos ou mais |
9.156.111 |
12.434.486 |
Total |
93.406.990 |
97.348.809 |
Fonte: í bê gê É. Anuário estatístico do Brasil 2012. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2013. página 2-13.
PERCURSO 8 BRASIL: A DIVERSIDADE CULTURAL E OS AFRO-BRASILEIROS
1. Brasil: país de muitos povos e culturas
A população brasileira originou-se da miscigenaçãoglossário de vários povos. Por isso apresenta grande diversidade cultural, manifestada na religião, na música, na dança, na alimentação, na arquitetura, no vestuário etcétera
Exemplo dessa diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando comparada à língua portuguesa falada em outros países. Isso porque incorporou muitas expressões dos grupos étnicos formadores da população brasileira: indígenas, europeus e negros africanos. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. E outras palavras com origem em línguas europeias foram agregadas ao português, como tchau e espaguete, que vêm do italiano.
2. Grupos formadores da população brasileira
• Os indígenas
Como estudamos no Percurso 2, diversos grupos indígenas viviam no território que viria a ser o Brasil, antes da colonização portuguesa. Estima-se que havia de 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em mais de mil diferentes etnias (mapa). Possuíam características próprias de organização social, línguas, crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.
Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições de vida. Os grupos indígenas continuam lutando por seus direitos e contra o preconceito e o descaso com sua cultura (foto, na página seguinte), que ocorrem a despeito da contribuição desses grupos para a formação do povo brasileiro e de todo o seu conhecimento sobre o meio ambiente, a flora e a fauna do território, acumulado por séculos.
Brasil: principais povos indígenas – 1500
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de êti ól Atlas histórico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1991. página 12.
Orientações e sugestões didáticas
Percurso 8
Neste Percurso, a origem da diversidade cultural brasileira será abordada por meio do resgate de alguns aspectos históricos, como a influência indígena, a colonização europeia e a escravidão dos negros africanos. É também abordada a questão da desigualdade existente entre os negros e os não negros no Brasil.
Se considerar pertinente, verifique os conhecimentos prévios dos alunos sobre o extermínio de grande parte da população indígena durante o processo de conquista e formação territorial do Brasil e sobre a visão discriminatória contra eles, que persiste nos dias atuais. Esse assunto foi tratado na seção Cruzando saberes da página 27.
Habilidades da Bê êne cê cê
- ê éfe zero sete gê ê zero três
- ê éfe zero sete gê ê zero quatro
Destaque a importância de reconhecer os direitos dos povos indígenas e das comunidades quilombolas sobre a posse de suas terras, a fim de preservar sua territorialidade e sua cultura, aspectos fundamentais para a continuidade do seu modo de vida. Dessa fórma, a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três pode ser desenvolvida.
Pergunte aos alunos de quais países vieram os seus ancestrais (caso algum aluno não saiba, provavelmente será despertada a sua curiosidade, levando-o a perguntar aos familiares). Tendo o planisfério político como suporte, localize esses países. Esse procedimento dará a ideia da diversidade de origem da população brasileira. Essa é uma maneira de trabalhar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro, que prevê o estudo sobre a distribuição da população brasileira e aspectos de sua diversidade étnico-cultural.
Há anos as pesquisas médicas e farmacêuticas baseiam-se nesses conhecimentos para aproveitar as propriedades preventivas e curativas de várias espécies vegetais e animais usadas por grupos indígenas, a fim de obter substâncias para a elaboração de medicamentos.
No entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas terras por alguns fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, grileirosglossário , entre outros.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
>> [LOCUTOR - título]: Arte indígena
>> [Locutora]: [Tom de apresentação] A Arte sempre esteve presente na vida dos povos indígenas. No
passado, algumas das produções indígenas eram feitas como modo de manifestar a individualidade, para
organizar as sociedades e para contar histórias sobre a criação do universo.
>> [Locutora]: [Tom de questionamento] E no presente, para que serve a Arte, do ponto de vista do
indígena? Vamos ouvir a opinião do escritor e professor Daniel Munduruku!
[♪ vinheta de transição ♪]
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] Quais são as principais formas de arte indígena que restam
hoje?
>> [Entrevistado]: Na verdade, as populações indígenas preservam a sua arte e as vão atualizando na
medida em que o tempo vai passando, na medida em que o contato vai acontecendo. A arte indígena não
é uma arte congelada. É uma arte dinâmica, como é a própria cultura.
>> [Entrevistado]: Então, há muitas revoluções sendo feitas com a arte indígena. A arte plumária, que é
proibida hoje de ser confeccionada por conta de conter partes de animais vivos, está sendo reelaborada, e
muitos grupos indígenas estão fazendo essas artes usando material reciclável, inclusive placas de PVC,
inclusive canudos de refrigerante, penas coloridas de aves que são recicladas.
>> [Entrevistado]: Enfim, a arte indígena continua firme, continua forte, porque é também uma forma de
sobrevivência financeira dessas populações. Basta ver a arte material que é feita: colares, pulseiras,
brincos, o próprio grafismo, não apenas corporal, mas também transformado em arte, em papel, e vendido
para as pessoas na cidade etc.
>> [Entrevistado]: [Tom de conclusão] Então, a arte indígena continua firme e forte. E, como eu falei, ela
está se reciclando, está se atualizando dentro das novas perspectivas da nossa sociedade.
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] No que a arte auxilia a coesão e a preservação dos povos
indígenas?
>> [Entrevistado]: Bom, a arte faz parte de um corpus de um povo. A arte é uma forma de expressão da
cultura de um povo.
>> [Entrevistado]: Então, manter a arte viva, mesmo que esteja sendo reciclada, ou seja, atualizada, é
importante na manutenção da cultura. De modo que um povo não pode perder a sua arte, não pode deixar
essa arte desaparecer, porque senão ele corre o risco também de estar perdendo parte essencial da sua
própria representação.
>> [Entrevistado]: Porque, a grosso modo, o que acontece é exatamente isso, a arte representa os
símbolos que um povo traz consigo, que um povo alimenta, que um povo ressignifica e que, efetivamente, dá sentido à própria existência do povo.
>> [Entrevistado]: Então, nesse sentido, manter a arte, ainda que ela seja atualizada, ainda que ela
contenha elementos oriundos do contato com a sociedade nacional, é uma forma, sim, de preservação da
própria cultura. Mais do que isso: é uma forma de [Tom enfático] resistência! Por que a arte indígena
também é resistência. A arte indígena também é uma forma de alimentar a cultura.
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] Como a arte está sendo preservada e passada às novas
gerações de indígenas?
>> [Entrevistado]: Bom, naturalmente, dentro das culturas indígenas existem os professores, existem os
mestres, existem aqueles que dominam os conhecimentos antigos e procuram passar esses
conhecimentos de uma forma oral, primeiramente, usando a oralidade, portanto. Mas, também, hoje,
existem as escolas dentro das aldeias, das comunidades, que fazem uma manutenção dessas artes por
meio da cultura escrita.
>> [Entrevistado]: [Tom de conclusão] Enfim, há uma preocupação em manter a cultura, mas sabendo que
essa cultura já não é mais só uma cultura oral, ela também é uma cultura escrita, e essa cultura escrita é
uma forma de preservação da memória ancestral.
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] Quais esforços são necessários para preservar e divulgar a arte
indígena no Brasil?
>> [Entrevistado]: Pois é, esse é um grande drama nacional, porque na verdade o Brasil sempre olhou
para os povos indígenas de uma forma equivocada, sempre olhou para os povos indígenas de uma forma
desqualificada, sempre olhou para a arte indígena como uma arte menor, tanto que muitas pessoas
chamam essa arte de artesanato, como se fosse algo assim desprezível ou, pelo menos, algo apenas
doméstico.
>> [Entrevistado]: E, na verdade, os povos indígenas têm uma noção de arte extremamente bem
elaborada. Usam essas noções quando confeccionam seus objetos, quando pintam seus corpos, quando
cantam as suas histórias, quando contam as suas narrativas.
>> [Entrevistado]: Então, antes de mais nada, o Brasil teria que reconhecer – e eu falo aqui o Brasil
enquanto nação, enquanto estado brasileiro – que os indígenas produzem arte. Só assim, essas artes
serão cada vez mais valorizadas e, portanto, ao serem valorizadas, elas ganharão um status novo diante
da sociedade.
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] Qual a importância da arte indígena na preservação das culturas
originais do Brasil?
>> [Entrevistado]: Eu diria que, antes de mais nada, o Brasil precisa fazer um autorreconhecimento da sua
originalidade. Se ele fizer isso, se ele olhar para traz, começar a dignificar a sua história e, portanto,
reconhecer a presença, a participação das populações indígenas dentro desse contexto de formação da
identidade, ele naturalmente estará valorizando a cultura dos povos ancestrais, dos povos originários do
Brasil, sejam eles os indígenas, os mais originários de todos, mas, também, das populações africanas que
por aqui chegaram.
>> [Locutora]: [Pergunta ao entrevistado] Em quais aldeias essas tradições são mais fortes e por qual motivo?
>> [Entrevistado]: Essa é uma pergunta muito difícil de responder, porque quando a gente fala do índio ou
das culturas indígenas, a gente está cometendo um equívoco de generalizar.
>> [Entrevistado]: Eu dizia, há pouco, que o Brasil possui 305 povos diferentes, portanto são 305 maneiras
de ser humano, 305 maneiras de responder aos dramas da existência, 305 formas de desenvolver a arte,
de criar símbolos, de desenvolver mentalidades. Portanto, cada cultura dessa, cada povo desse possui
muitas aldeias, dezenas, às vezes centenas de aldeias.
>> [Entrevistado]: Então, é muito difícil a gente dizer qual preserva mais, qual preserva menos, quais que
são mais fortes, quais que são as mais fracas, porque a gente incorreria no erro de querer definir quem é
mais indígena ou quem é menos indígena.
>> [Entrevistado]: [Tom explicativo] É claro quando a gente pensa em sociedades que têm mais contato ou
maior contato com a sociedade brasileira, a gente vai perceber que a arte desses povos tem uma
influência maior dessa própria sociedade.
>> [Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Quando a gente pensa nos povos indígenas do Nordeste, que
foram os primeiros que tiveram contato com a sociedade brasileira, eles sofreram muito mais influência,
porque tiveram muitas vezes que apagar sua própria identidade e, portanto, se esconderam atrás das
confecções manuais, se esconderam atrás de casamentos com outros grupos, se esconderam atrás de
outras identidades, para poder sobreviver. Então, é claro, a arte desses povos sofreu muita influência. No
Nordeste, isso é muito notável.
>> [Entrevistado]: [Tom de exemplificação] Se a gente vai para a Amazônia, em que o contato é mais
recente, existe uma preservação – diríamos assim – de uma arte mais originária. Se a gente vai para o sul
do Brasil, também a gente vai ter uma arte que sofreu uma influência de uma colonização europeia muito
mais recente. E, embora tenha uma arte muito forte, preservada e tudo mais, a gente nota a presença da
influência europeia na arte dos povos do sul do Brasil.
>> [Entrevistado]: [Tom de conclusão] Então, é muito importante a gente ter claro isso! Não dá para
generalizar. Não dá para considerar que todos tenham a mesma história e que, portanto, quando falamos
de uma arte indígena, nós estamos falando de uma arte única. Não estamos! Estamos falando de muitas
manifestações artísticas. Estamos falando de muitas influências, inclusive influências ocidentais.
>> [Entrevistado]: Muito importante isso! Um abraço.
• Os portugueses e outros imigrantes
A partir do século , dezesseis com a invasão do território pelos portugueses, teve início o processo de miscigenação destes com os grupos indígenas e os negros africanos, trazidos como escravos, formando a população brasileira.
Nos séculos dezenove e , vinte esse processo prosseguiu com a chegada de outros povos. Entre os que vieram em maior quantidade estão os italianos – segundo grupo mais numeroso, depois dos portugueses –, espanhóis, alemães, japoneses, sírio-libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios, uruguaios, bolivianos, entre outros.
• Os negros africanos
A partir do século , dezesseis com a chegada de negros africanos para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de miscigenação. Os negros escravizados foram a principal mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial, fundamentais para o seu desenvolvimento econômico.
Três grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e guineano-sudanesas islamizadas (mapa). Apresentavam diferentes tradições, crenças e tecnologias, o que contribuiu para a formação cultural e econômica brasileira.
Área de origem dos afro-brasileiros
Fonte: CAMPOS, Flávio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas: história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. página 9.
Orientações e sugestões didáticas
Comente com os alunos que o conhecimento indígena sobre o meio natural, como a fauna e a flora, é chamado de saberes tradicionais.
Destaque que os povos indígenas têm saberes tradicionais que interessam às indústrias. Esses saberes se relacionam ao uso de fibras, colorantes, conservantes, óleos, perfumes, remédios, sementes, entre outros.
Comente com os alunos que os guineanos-sudaneses tinham basicamente a mesma origem dos sudaneses, mas eram convertidos ao islamismo.
Explique que, com o crescimento da produção de açúcar no Nordeste e as dificuldades em escravizar os indígenas, aumentou o fluxo de negros africanos escravizados para o Brasil.
A escravidão
Assim como os indígenas, os negros africanos introduzidos no Brasil e na América foram em geral submetidos a condições brutais de existência. Arrancados de suas comunidades, famílias e terras, atravessaram o Oceano Atlântico nos sujos porões dos navios negreiros como cargas ou mercadorias de venda e compra.
Calcula-se que cêrca de 10 milhões de negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que mais de 3,5 milhões desembarcaram no Brasil.
3. Os brasileiros nos censos do í bê gê É
Por meio dos censos realizados pelo í bê gê É, entre outros aspectos, é possível conhecer a distribuição da população brasileira segundo a cor da pele. As pessoas, quando perguntadas pelos pesquisadores do í bê gê É que realizam o censo, são livres para declarar sua cor de pele entre cinco opções: branca, preta, parda, amarela e indígena (observe o gráfico).
Brasil: distribuição da população residente segundo a cor da pele (em porcentagem) – 2019
Fonte: elaborado com base em í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: tabelas 2019. Tabela 6408: População residente, por sexo e cor ou raça (%). Disponível em: https://oeds.link/qN1Gxb. Acesso em: 14 janeiro 2022.
Esse tipo de informação continua sendo levantado em estudos estatísticos não por uma posição racista ou preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas para avaliar a condição social das famílias e pessoas segundo a cor, considerando que em nossa história as elites dirigentes, de modo geral, não tiveram a preocupação e ações voltadas para melhorar as condições de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira eficaz, as desigualdades sociais no país.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
FRAGA, Walter; ALBUQUERQUE, vlamíra Ribeiro de.
Uma história da cultura afro-brasileira. São Paulo: Moderna, 2009.
A obra revela aspectos da história e da geografia da África e trata das influências desse continente sobre o Brasil.
Orientações e sugestões didáticas
Competência
Aproveite para conversar com os alunos sobre a importância de pesquisas realizadas por institutos como o í bê gê É, que mostram as diferenças sociais e econômicas entre grupos da população segundo a cor da pele (branca, parda, preta, indígena). Essas pesquisas são importantes para que se saiba quais são as condições da população e as desigualdades existentes, a fim de orientar políticas públicas e ações que busquem uma sociedade mais justa e igualitária. Incentive os alunos a refletir sobre como se pode construir uma sociedade e um país melhor. Dessa fórma, pode ser abordada a Competência Específica de Ciências Humanas 6: “Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”.
Outra temática que deve ser valorizada é a desigualdade de oportunidades da população negra no Brasil, como mostra a seção Cruzando saberes da página 73.
Esclareça aos alunos que o í bê gê É emprega a expressão “preta” nos levantamentos censitários, mas neste livro empregamos as expressões “negro”, “afrodescendente” e “afro-brasileiro”, as quais englobam pretos e pardos.
4. Os afro-brasileiros no Brasil atual
• As comunidades remanescentes de quilombos
São comunidades formadas por descendentes de negros africanos escravizados que fugiram das fazendas de açúcar, de café, da atividade mineradora e de outras a partir do século . dezessete Eles se autodenominam quilombolas.
Essas comunidades persistiram e são encontradas em praticamente todos os estados brasileiros (consulte o mapa). Durante muito tempo ficaram desconhecidas ou isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de suas terras e à manutenção de suas culturas, essas comunidades ganharam mais visibilidade na sociedade brasileira.
Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades quilombolas no Brasil. Atualmente, graças às iniciativas do governo federal e das comunidades quilombolas em busca do autorreconhecimento, o número de comunidades identificadas chega a quase .3500.
No entanto, por causa da demora no processo de reconhecimento oficial e titulaçãoglossário da maior parte delas, há ainda muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseirosglossário .
Brasil: números de comunidades quilombolas – 2021
Fonte: elaborado com base em Fundação Cultural Palmares. Comunidades remanescentes de quilombos. Disponível em: https://oeds.link/fxsWyI. Acesso em: 8 dezembro 2021.
Identifique as cinco unidades da federação com maior número de comunidades quilombolas e estime a quantidade delas na unidade da federação em que você vive.
Orientações e sugestões didáticas
As unidades da federação com maior número de comunidades quilombolas são Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Pernambuco. Auxilie na estimativa da quantidade de comunidades na federação em que os alunos vivem.
NAVEGAR É PRECISO
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – conáqui
https://oeds.link/fpviVQ
Esse site oferece informações sobre a situação das comunidades quilombolas rurais no Brasil.
Pausa para o cinema
Beiras d'água. Produção Audiovisual do Rio São Francisco.
Esse acervo colaborativo de conteúdo audiovisual reúne mais de 40 filmes e documentários sobre as comunidades quilombolas brasileiras.
Disponível em: https://oeds.link/FeXGt4. Acesso em: 5 fevereiro 2022.
Orientações e sugestões didáticas
Auxilie os alunos na interpretação da legenda do mapa, que representa os números de comunidades quilombolas por meio de círculos proporcionais.
Atividade complementar
O cinema enquanto linguagem artística possibilita aos alunos aprender por meio das imagens. Oriente-os a assistir a documentários sobre as comunidades quilombolas brasileiras, acessando-os em sítios eletrônicos na internet. Além do acervo audiovisual indicado no livro do estudante, os alunos poderão acessar o site da Habitat para a Humanidade Brasil – organização da sociedade civil que atua para combater as desigualdades e garantir que pessoas em condições de pobreza tenham um lugar digno para viver –, de modo a assistir a três filmes sobre a realidade desses territórios de resistência: https://oeds.link/SOxksT. Acesso em: 5 fevereiro 2022.
O objetivo é que conheçam o patrimônio cultural, dificuldades, diversidade e luta por direitos das comunidades quilombolas. Tenha em mente que em virtude das tecnologias da informação a “aula” poderá ocorrer em diferentes espaços e tempos, com os alunos acessando os documentários e assistindo a eles dentro ou fóra da escola, em grupos ou individualmente. Se possível, forneça aos alunos um roteiro de análise que você previamente poderá preparar para que realizem atividades complementares após assistirem aos documentários.
Atividade complementar
Caso os alunos tenham dificuldade em compreender o que são comunidades remanescentes de quilombos, sugerimos uma atividade em que eles devem elaborar uma apresentação com base na leitura dos livros da coleção Terras de Quilombos, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – íncra (disponível em: https://oeds.link/u68zRg; acesso em: 8 dezembro 2021).
A coleção Terras de Quilombos reúne narrativas sobre a formação, o modo de vida e as disputas territoriais de algumas comunidades quilombolas.
Organize os alunos em grupos e selecione uma comunidade quilombola para cada um deles. Em seguida, peça que leiam o material e montem a apresentação. Se julgar conveniente, proponha também a elaboração de cartazes.
• Desigualdade entre negros e não negros
Vários estudos comprovam que a população negra, em seu conjunto, possui as piores condições de vida se comparadas às de outros grupos. A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra: no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cêrca de metade dos rendimentos obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego (leia a seção Cruzando saberes, na página seguinte).
No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.
A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo na população negra e parda é mais do que o dobro em relação à da população branca. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor é a presença dos negros.
• Os movimentos dos afro-brasileiros
Nos últimos anos, os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores condições de vida (foto) vêm contribuindo para a superação de barreiras sociais e culturais, permitindo-lhes destacar-se em várias atividades. Eles reforçam, com isso, que não é a cor da pele que determina a capacidade das pessoas.
Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações de afrodescendentes, já que os ex-escravos não foram incorporados como trabalhadores livres e continuaram excluídos da sociedade. Nas décadas de 1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior fôrça no Brasil, sob influência dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Por intermédio da música e da dança, como exemplos de expressões contestatórias, explicitaram as injustiças a que são submetidos. O rap (rhythm and poetry: ritmo e poesia), por exemplo, aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de rendimento e outras temáticas sociais.
• Ações afirmativas
Até recentemente não havia em nosso país uma política nacional articulada e contínua para a promoção da igualdade das pessoas segundo a cor da pele, apesar de os movimentos negros no Brasil denunciarem o racismo há décadas e proporem políticas para sua superação.
Em 21 de março de 2003, data em que é celebrado no mundo todo o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o governo federal criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial ( sepír), que desenvolve ações voltadas para a promoção da igualdade e do combate à discriminação racial.
NAVEGAR É PRECISO
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
https://oeds.link/7tgPzP
Site governamental que disponibiliza o Estatuto da Igualdade Racial e informações sobre quilombos no Brasil.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
AGOSTINI, João Carlos.
Brasileiro, sim senhor. segunda edição São Paulo: Moderna, 2004.
Livro que aborda as concepções muitas vezes estereotipadas do brasileiro sobre a sua identidade.
Orientações e sugestões didáticas
Lembre aos alunos que a implementação de ações afirmativas no combate à desigualdade é um assunto polêmico. Há, por exemplo, lideranças que criticam o sistema de cotas aos negros nas universidades públicas por considerar que isso gera mais preconceito. No entanto, é importante salientar que o fim da escravidão no Brasil não significou o fim da desigualdade entre negros e não negros, já que muitos escravos livres não foram incorporados como mão de obra assalariada, nem tiveram acesso à propriedade da terra para sua subsistência, continuando, assim, às margens da sociedade. Tais desigualdades se refletem, de diferentes fórmas, até os dias atuais, e as ações afirmativas são uma maneira de tentar amenizá-las.
Cruzando saberes
Desigualdade de rendimento segundo a cor
“[…] A desigualdade racial, histórica na estruturação da sociedade brasileira, é evidenciada na análise da desigualdade de rendimentos. O rendimento domiciliar per cápita médio da população preta ou parda, ao longo do período compreendido entre 2012 e 2019, permaneceu cêrca de metade do observado para a população branca. Esse rendimento foi, em 2019, de R$ 981novecentos e oitenta e um reais para a população preta e parda e R$ 1.948mil novecentos e quarenta e oito reais para a branca [...].
Brasil: distribuição percentual da população, por cor ou raça, segundo as classes de percentual de pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar per cápita – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 55.
Embora a distribuição geral da população brasileira por cor ou raça tenha sido de 42,7 por cento para a população branca e 56,3 por cento para a preta e parda, em 2019, essa estava sobrerrepresentada entre os 10 por cento com menores rendimentos, compondo 77 por cento desse grupo. No outro extremo, entre os 10 por cento com maiores rendimentos, a população branca era maioria (70,6 por cento) [...]. Essa discrepância entre participação na população e nos décimos [percentuais], segundo cor ou raça, mostrou-se mais forte na Região Sudeste […].”
í bê gê É ponto Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 55.
Interprete
- Entre 2012 e 2019, de quanto foi aproximadamente a diferença percentual entre o rendimento domiciliar per cápita médio da população preta ou parda em relação à branca?
- Com base no gráfico, justifique a afirmação: a participação de pretos e pardos é elevada entre os que têm os menores rendimentos, e baixa entre os que têm os maiores.
Argumente
- Em sua opinião, como é possível elevar o rendimento da população pobre, seja ela afrodescendente ou não, para reduzir as condições de pobreza no país?
- Em duplas, pesquise mais informações sobre a desigualdade de rendimento segundo a cor. Organize as informações e grave uma videorreportagem.
Um exemplo das iniciativas que buscam promover a igualdade são as chamadas ações afirmativas, que correspondem ao tratamento preferencial dado a pessoas de grupos desfavorecidos em uma sociedade. Isso pode ser feito por meio de cursos de qualificação profissional, bolsas de estudo, cotas de ingresso nas universidades etcétera
Apesar de ser um antigo desejo, não só da população afro-brasileira, mas também de mulheres e de pessoas portadoras de necessidades especiais, apenas no dia 13 de maio de 2002 foi instituído por decreto presidencial o Programa Nacional de Ações Afirmativas. Por meio dele, os afro-brasileiros, entre outros grupos, passaram a ter, por exemplo, maior acesso ao ensino superior no Brasil (observe o gráfico).
Brasil: total de afro-brasileiros com idade entre 18 e 24 anos no ou com o ensino superior (em porcentagem) – 2009 e 2019
Fonte: í bê gê É ponto Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2016; 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016; 2020. Tabelas 4.3 e 3.6.
Orientações e sugestões didáticas
Interdisciplinaridade
Se julgar conveniente, articule o trabalho da seção Cruzando saberes com o professor de História, que poderá contribuir para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero sete agá ih um cinco e ê éfe zero sete agá ih um seis desse componente curricular, respectivamente: “Discutir o conceito de escravidão moderna e suas distinções em relação ao escravismo antigo e à servidão medieval” e “Analisar os mecanismos e as dinâmicas de comércio de escravizados em suas diferentes fases, identificando os agentes responsáveis pelo tráfico e as regiões e zonas africanas de procedência dos escravizados”. De maneira complementar, também poderão ser abordados outros temas, como o passado escravista na sociedade brasileira, as dificuldades e os avanços em relação ao preconceito e à discriminação racial no Brasil, considerando, por exemplo, a criação da Lei Afonso Arinos (1951), os avanços da Constituição Federal de 1988 na tipificação do crime de racismo e as atuais políticas públicas dedicadas à questão.
Respostas
- Nesse período, foi de aproximadamente 50%.
- Segundo o gráfico, entre os 10% com menores rendimentos estão 77% dos pretos e pardos; e entre os 10% com maiores rendimentos, 27,2%.
- Espera-se que os alunos apontem a necessidade de elevar a escolaridade dessa população, para que ela tenha mais chances de alcançar maior rendimento, como também a necessidade de romper com a discriminação e o preconceito em relação à população afrodescendente, que historicamente tem dificultada sua ascensão social.
- A videorreportagem é um gênero jornalístico em que há um aprofundamento maior do que em uma notícia. Geralmente, abordam-se várias perspectivas, analisando os fatos com maior amplitude. Assim, ajude os alunos a selecionar fontes de pesquisa que tragam elementos e informações que complementem o texto presente na atividade. Após essa etapa, os alunos terão que organizar as informações e criar um roteiro para definir quais serão apresentadas. Com o roteiro pronto, é hora de buscar um local para gravação e de definir quem será o repórter que vai narrar os fatos diante da câmera. Se possível, providencie um momento para que toda a turma assista às videorreportagens. Esse tipo de atividade favorece o protagonismo do estudante, mobilizando-o a explorar fontes de pesquisa, organizar informações e divulgá-las com autoria.
Tema contemporâneo transversal
O tema Trabalho é contemplado nesta seção. Destaque que a promoção de políticas de inclusão social de negros e pardos tem sido ampliada somente nas últimas décadas, o que representa uma injustiça histórica com esses grupos sociais.
5. O combate aos preconceitos no Brasil
Nas últimas décadas, os diferentes tipos de preconceito têm sido debatidos pela sociedade brasileira de forma cada vez mais ampla e aberta.
A luta por igualdade e justiça e a melhoria das leis buscam não só evitar e punir o preconceito, mas também promover a diversidade cultural e a liberdade de qualquer indivíduo em fazer suas próprias escolhas sem ser por isso discriminado.
Apesar dos avanços, a intolerância ainda faz parte do cotidiano, em particular entre crianças e jovens.
• Preconceitos no contexto escolar
Uma pesquisa realizada pelo , em 2019, mostrou que diversas í bê gê É fórmas de preconceito fazem parte do cotidiano de professores e alunos nas escolas brasileiras. Consulte os resultados no gráfico.
Brasil: principais motivos de ofensas entre escolares de 13 a 17 anos de idade (em porcentagem) – 2019
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional de saúde do escolar 2019. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2020. página 41. Tabela 2.6.1; disponível em: https://oeds.link/iqzz17. Acesso em 18 março 2022.
Nota: Não são apresentados resultados para escolares que deixaram sem resposta o questionário da pesquisa; por isso, a soma dos percentuais é inferior a 100%.
Nessa pesquisa, quase um terço dos alunos afirmou ter sofrido algum tipo de humilhação por sua aparência física. Essa prática está enquadrada em um dos artigos do Projeto de Lei do Novo Código Penal e, caso aprovado, será considerada crime.
Quase 5 por cento dos alunos sofreram algum tipo de discriminação racial. O Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº .12288, de 2010) é destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades e a combater a discriminação e as demais fórmas de intolerância étnica.
Em 2019, o Supremo Tribunal Federalglossário decidiu que ofensas com motivação na orientação sexual da pessoa e identidade de gênero poderão ser consideradas crimes de racismo até que o Congresso Nacionalglossário vote lei específica sobre o tema.
A Lei Federal nº .7716, de 1989, além de definir os crimes resultantes de raça ou de cor, protege a liberdade de prática religiosa para todos os cidadãos.
NO SEU CONTEXTO
Como o preconceito e a discriminação são discutidos na sua casa, na sua escola ou em outros ambientes que você frequenta?
Orientações e sugestões didáticas
A discussão do preconceito e da discriminação em contextos diferentes é essencial para que os alunos conheçam e combatam casos de preconceito, permitindo a eles ouvir e expor pontos de vista distintos, além de formular argumentos contra maneiras de pensar e contra práticas ofensivas.
NAVEGAR É PRECISO
A Música do Dia: 21 de março é Dia Internacional contra a Discriminação Racial
https://oeds.link/CGQprf
Podcast que trata de datas relativas à discriminação racial e apresenta a canção “Canto das três raças”, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, na voz de Clara Nunes.
Orientações e sugestões didáticas
Explore os conteúdos sobre preconceito no ambiente escolar e na internet, universos em que os alunos estão inseridos. É importante identificar e discutir os diferentes tipos de preconceito e discriminação, buscando alternativas para amenizar esses problemas.
Realize a leitura e interpretação das informações sensibilizando e problematizando com os alunos a necessidade de promover a cultura de paz na comunidade escolar e na sociedade. Conscientize-os sobre a importância do combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying).
Destaque as principais causas de ofensas motivadas por preconceito no ambiente escolar, representadas no gráfico. Reforce que, independentemente da aparência física (aparência do corpo, do rosto e a cor da pele) e dos modos de ser e sentimentos pessoais (orientação sexual e religião), todos devem ser respeitados.
No Brasil, a Lei .7716/89, conhecida como lei do racismo, tipifica o crime de racismo. A Lei .9459/97 acrescentou a essa última os termos “etnia”, “religião” e “procedência nacional”, aumentando a proteção jurídica contra outras fórmas de intolerância. Em 18 novembro de 2021, o Senado Federal aprovou o projeto que tipifica a injúria racial como crime de racismo ( pê éle .4373/2020). De acordo com as edições de 2020 e 2021 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil ocorreram: em 2018, .9110 registros de injúria racial e .1429 de racismo; em 2019, respectivamente, .12357 e .2485; em 2020, .10291 e .2364. Disponível em: https://oeds.link/R3UKWV. Acesso em: 5 fevereiro 2022.
As diferentes fórmas de preconceito, especialmente no contexto escolar, representam fatores de risco à saúde mental dos alunos. Nesse sentido, é importante pensar em ações voltadas à proteção do conjunto dos alunos, entre elas, estimular a sensação de pertencimento, reconhecer o esforço individual e estimular os bons hábitos e a convivência de fórma propositiva.
• Humilhações na internet
A humilhação de alguém na internet por suas escolhas, crenças ou por sua aparência, também conhecida como bullying virtual, é comum. Uma pesquisa realizada em 2014 com crianças e adolescentes de 9 a 17 anos revelou uma realidade preocupante.
Redes antissociais
De acordo com a pesquisa, 64 por cento dos jovens já sofreram algum tipo de humilhação e/ou foram tratados de forma ofensiva nas redes sociais. E quase metade foi ofendida por meio de mensagens instantâneas.
Uso responsável
Se a internet é um dos ambientes de propagação de ofensas e humilhações, as redes sociais são os principais meios transmissores desses comportamentos e, por essa razão, exigem um uso cauteloso e responsável.
Punição
Esse tipo de comportamento ofensivo está previsto como crime em um dos artigos do Projeto de Lei do Novo Código Penal.
Fonte: cetíc. tícKids Online Brasil 2014. Disponível em: https://oeds.link/1o3emT. Acesso em: 18 março 2022.
NO SEU CONTEXTO
Com quais atitudes você e seus colegas podem combater o preconceito no dia a dia na escola? E na internet?
Orientações e sugestões didáticas
Com base nas respostas dos alunos às questões propostas no boxe No seu contexto, promova uma discussão sobre o tema. Denunciar casos de preconceito a professores e funcionários, em âmbito escolar, e discutir o respeito à diversidade são atitudes essenciais. Na internet, recomenda-se ter cuidado com a exposição pessoal, para evitar ser alvo de ofensas, e não compartilhar mensagens, fotos ou vídeos preconceituosos.
Temas contemporâneos transversais
Com base nas informações desta página e da anterior, desenvolva os temas Educação em Direitos Humanos e Diversidade Cultural. Tenha em mente trabalhá-los em sintonia com o que preconizam as competências gerais da Bê êne cê cê, como a 5 (cultura digital), a 9 (empatia e cooperação) e a 10 (responsabilidade e cidadania). Enfatize, por exemplo, o uso ético e responsável da cultura digital no cotidiano dos alunos, conscientizando-os sobre as boas práticas em relação às novas fórmas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede, evitando-se modos ofensivos de comunicação que possam representar violência simbólica contra indivíduos e grupos sociais. Além do convívio presencial na comunidade e na escola que requer o diálogo entre as diferentes culturas nelas presentes, explique que a cidadania consciente, crítica e participativa também deve ser exercitada por meio das mensagens instantâneas e na interação com o conteúdo e a multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais, sendo essencial combater e desnaturalizar qualquer fórma de violência nas sociedades contemporâneas, inclusive as que ocorrem no meio digital.
Atividade complementar
Proponha aos alunos as seguintes questões: As leis existentes no Brasil para coibir práticas preconceituosas são suficientes para resolver o problema? Por quê?
Com base nas respostas dos alunos, promova uma discussão sobre o assunto, permitindo que eles expressem suas opiniões e argumentos.
Atividades dos percursos 7 e 8
Registre em seu caderno.
- Qual é a importância do estudo da distribuição da população segundo os setores de produção?
- Explique o que é péa e aponte quantos membros de sua família pertencem a esse conjunto.
- O que contribui para o aumento do número de famílias chefiadas por mulheres no Brasil?
- Comente as desigualdades existentes no mercado de trabalho brasileiro, considerando a situação dos negros e das mulheres.
- Explique o que são comunidades remanescentes de quilombos e cite a legislação brasileira que reconhece o direito dessas comunidades à terra que ocupam.
- Por que a língua portuguesa falada no Brasil reflete a diversidade cultural que acompanha a formação da população do país?
- Explique o que é pirâmide etária e, com base nos gráficos da página 66, interprete as mudanças nas populações jovem e idosa do Brasil entre os anos de 1980 e 2025.
- Explique, com suas palavras, o que são ações afirmativas.
- Observe o mapa e faça o que se pede.
Brasil: rendimento médio das pessoas de 14 anos ou mais de idade em todos os trabalhos, por sexo (em reais) – 2020
Fonte: í bê gê É ponto Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: divulgação anual. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. Tabela .7444.
- Explique o que o mapa representa.
- Existe alguma unidade da federação em que o rendimento médio das mulheres é maior que o dos homens?
- Com base em sua resposta ao item b, que comentário pode ser feito, considerando o que você estudou nas páginas anteriores?
10. Em 2006, foi aprovada a Lei Federal nº 11.340, a Lei Maria da Penha, criada para reprimir a violência contra a mulher. Observe o cartaz a seguir e responda.
- Há relação entre o cartaz e a Lei Maria da Penha? Explique sua resposta.
- Quais outras barreiras são enfrentadas pela mulher no lar e na sociedade?
Orientações e sugestões didáticas
Respostas
- É importante para avaliar a economia de um país ou de uma região, possibilitando, assim, o planejamento econômico e social e o incentivo deste ou daquele setor.
- A péa diz respeito ao conjunto de indivíduos que trabalham ou estão em busca de emprego e compõem o conjunto de mão de obra com que podem contar os setores produtivos. Resposta pessoal.
- O aumento da participação feminina no mercado de trabalho proporcionou às mulheres, entre outras coisas, maior autonomia financeira e, consequentemente, ampliação da chefia familiar, assumindo o sustento do lar, independentemente da existência de um cônjuge.
- As desigualdades mais marcantes são entre homens e mulheres, brancos e negros. As mulheres encontram dificuldades de inserção e ascensão no mercado de trabalho e, mesmo apresentando maior índice de escolaridade, têm média salarial menor. Se compararmos os brancos e os negros, perceberemos que os negros têm média salarial menor, ocupam menos cargos de chefia e têm menor escolaridade, situação que se agrava quanto maior o nível de ensino analisado.
- São comunidades formadas por descendentes de negros africanos escravizados, que fugiram das fazendas de açúcar, de café e da atividade mineradora, entre outras, a partir do século dezessete. Os integrantes se autodenominam quilombolas. Foi a Constituição Federal de 1988 que concedeu aos quilombos a propriedade da terra.
- Porque incorporou expressões dos três grandes grupos étnicos formadores da população brasileira: indígenas, europeus e negros africanos.
- É a representação gráfica da quantidade de pessoas, por faixas de idade e sexo, de uma população em determinado ano. No Brasil, entre 1980 e 2025, percebe-se redução da população jovem, em razão da queda nas taxas de natalidade (fecundidade), e crescimento da população idosa, em razão da melhora nas condições de vida e saúde.
- As ações afirmativas se referem ao tratamento preferencial dado a grupos desfavorecidos de uma sociedade. Podem ser realizadas por meio de bolsas de estudo, cotas de ingresso nas universidades etcétera
-
- O mapa representa o rendimento médio por gênero, nas unidades da federação, em 2020. Esses aspectos da população favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete gê ê zero quatro.
- Não. Apenas no estado do Amazonas a diferença é bem pequena: homens com 1.857 reais e mulheres, 1.855 reais, em 2020.
- Espera-se que os alunos reconheçam que é injusto as mulheres terem menor rendimento médio que os homens na execução do mesmo trabalho.
-
- Sim. O cartaz passa a mensagem sobre a necessidade de a mulher enfrentar a barreira do medo de denunciar a violência doméstica, além de alertar sobre a necessidade de ampliar o atendimento à mulher vítima da violência.
- A diferença de rendimentos em relação aos homens no mercado de trabalho e a sobrecarga de trabalho com os afazeres domésticos.
11. Observe os gráficos e responda às questões.
Grandes Regiões: pirâmides etárias – 2010
Fonte: í bê gê É ponto Sinopse do Censo Demográfico 2010. Disponível em: https://oeds.link/gPE1cF. Acesso em: 9 dezembro 2021.
- Aponte em qual(is) Grande(s) Região(ões) ocorreu o percentual mais elevado da população idosa com mais de 80 anos em relação à população total, em 2010.
- Identifique a(s) Grande(s) Região(ões) que possuía(m) o maior percentual de população entre 0 e 9 anos de idade em relação à sua população total, em 2010. Qual é a causa mais provável dessa ocorrência?
12. Leia o fragmento de texto a seguir e responda às questões.
“[…] Em 2010, 14% dos jovens de 18 a 24 anos cursavam o ensino superior. Entretanto, a frequência de jovens brancos era 2,5 vezes maior (sic) se comparada com o acesso de jovens negros a um curso universitário. Embora este seja o nível com maior disparidade entre grupos raciais, foi o que experimentou maior redução da desigualdade racial, especialmente porque desfrutava de patamares muito mais adversos (em 2000, a frequência líquida da população negra neste nível correspondia a apenas um quinto da taxa da população branca). […] Além disso, cabe destacar o papel democratizador exercido pelas ações afirmativas para ingresso no ensino superior. […]”
SILVA, Tatiana Dias. Panorama social da população negra. In: SILVA, Tatiana Dias; GOES, Fernanda Lira (org.). Igualdade racial no Brasil: reflexões no Ano Internacional dos Afrodescendentes. Brasília: ipéa (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 2013. página 19.
- O que ocorreu em 2010 em relação a 2000 quanto à frequência da população afro-brasileira no ensino superior?
- Quais são as dificuldades de acesso ao ensino superior por parte da população afro-brasileira?
13. Em grupo, pesquise em jornais, revistas e na internet as ações do governo para combater o trabalho infantil. Após a coleta de informações, redija um texto sobre tais ações e exponha a opinião do grupo quanto aos resultados obtidos.
Orientações e sugestões didáticas
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- Grandes Regiões Sul e Sudeste.
- Grande Região Norte, com 20,2%. Decorre de suas maiores taxas de fecundidade e natalidade.
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- Houve um aumento no ingresso de jovens afro-brasileiros no ensino superior.
- Grande parte dessa população não tem condições financeiras para pagar um curso em uma instituição privada; além disso, muitos desses jovens ainda precisam entrar no mercado de trabalho para complementar o rendimento familiar, o que compromete os seus estudos.
- Resposta pessoal. Auxilie os alunos durante a pesquisa. Consulte sites como o do Ministério do Trabalho e Previdência. Oriente-os a perceber que a legislação vigente é também uma fórma de combate ao trabalho infantil e que no Brasil ela é avançada. Porém, nem todos a respeitam, e a falta de fiscalização adequada leva à impunidade daqueles que exploram o trabalho infantil. Em muitos casos, as crianças se submetem a trabalhos mal remunerados para auxiliar no sustento da família.
Glossário
- Demográfico
- Relativo à população, cujo estudo é feito pela demografia.
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- Estatística
- Ramo da Matemática que organiza e analisa dados numéricos.
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- Taxa de fecundidade
- Número de filhos por mulher em idade reprodutiva.
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- Eixo
- Reta ordenada, ou seja, com os valores em ordem crescente em um sentido determinado.
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- Imigração
- Deslocamento de pessoas ou grupos de um país (área de emigração) para outro (área de imigração) em caráter permanente.
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- Métodos contraceptivos
- Procedimentos prescritos pelos médicos aos casais ou por eles empregados para evitar a gravidez. É o caso das pílulas anticoncepcionais, do dispositivo intrauterino () e do preservativo. díu
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- Previdência social
- Conjunto de instituições estatais cujo objetivo é proteger e amparar o trabalhador e suas famílias na velhice e na doença, por meio de aposentadorias, pensões, assistência médica e hospitalar etcétera
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- Miscigenação
- Cruzamento interpovos; mestiçamento.
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- Grileiro
- Aquele que pratica a grilagem, ou seja, apropriação ilícita de terras ocupadas ou não por seus proprietários, posseiros, indígenas, por meio da expulsão destes e falsificação de documentos de propriedade. O termo tem origem em um antigo recurso de colocar documentos novos em uma caixa com grilos, para que, por meio dos dejetos desses insetos e de sua ação de roer os papéis, ficassem amarelados e roídos dando-lhes a aparência de antigos.
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- Titulação
- Regularização da posse de terra que garante a propriedade legítima e definitiva dela.
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- Posseiro
- Ocupante de uma propriedade sobre a qual não tem nenhum direito nominal, destinando-a ao seu sustento.
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- Supremo Tribunal Federal
- A mais alta instância do Poder Judiciário brasileiro, cuja função institucional fundamental é a de ser o guardião da Constituição Federal de 1988.
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- Congresso Nacional
- Órgão constitucional no Brasil que exerce as funções legislativas em âmbito federal. É composto do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.
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