UNIDADE 5 REGIÃO NORDESTE

Nesta Unidade, além dos aspectos históricos que ajudam a explicar a produção de espaços geográficos na Região Nordeste, você conhecerá suas características naturais e suas recentes mudanças econômicas e sociais.

Fotografia. Vista de uma vasta plantação de mangueiras, com as árvores plantadas em fileiras. Em destaque, no primeiro plano de imagem, aparece alguns trabalhadores realizando a colheita de mangas, no chão, pilhas de caixas para acondicionamento das mangas e um pequeno trator puxando uma carreta carregada com diversas caixas.
Colheita de mangas no município de Casa Nova, no estado da Bahia (2019).
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Você associaria a imagem desta abertura à Região Nordeste? Por quê?
  2. Condições naturais extremas, por exemplo a estiagem, são, necessariamente, um impedimento ao desenvolvimento social e econômico de determinada região? O que você pensa sobre isso?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 5

Nesta Unidade, cada Percurso trata de uma sub-região da Grande Região Nordeste – Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte. Serão abordados a diversidade na­tural, econômica e cultural existente no Nordeste e os aspectos que vêm modificando essa região nos últimos anos.

Serão trabalhados, principalmente, os seguintes termos, expressões, conceitos e noções: Região Nordeste; sub-regiões do Nordeste (Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte); chuva orográfica; Zona da Mata açucareira, cacaueira e Recôncavo Baiano; brejo; Caatinga; clima semiárido; Rio São Francisco; indústria da sêca; Mata dos Cocais; Serra dos Carajás; Porto de Itaqui; Ferrovia Norte-Sul.

A abertura desta Unidade traz a fotografia de colheita de mangas no Sertão do Nordeste. Com a agricultura irrigada em alguns trechos do semiárido, como no vale médio do Rio São Francisco, é possível transformar o Sertão. Essa fotografia dá margem para que se discutam as representações que os alunos têm do Nordeste e principalmente do Sertão.

Respostas

  1. Resposta pessoal. Com base nas respostas dos alunos, verifique o que sabem sobre a agricultura irrigada na Região Nordeste. As respostas também permitem averiguar quais são as imagens mentais ou representações que eles têm sobre o Nordeste. Atente-se para representações que reproduzem estereótipos e preconceitos, que devem ser desconstruídas. Para isso, promova uma análise crítica sobre elas com os alunos, levando-os a perceber a pluralidade da Região Nordeste em seus diversos aspectos (naturais, étnicos, culturais, socioeconômicos).
  2. Não. É importante que os alunos tenham a noção de que, atualmente, há conhecimentos e técnicas que possibilitam transformar o espaço geográfico a fim de permitir sua ocupação e seu desenvolvimento social e econômico, até mesmo em regiões onde os fenômenos naturais são mais extremos. É o caso das obras de irrigação no Sertão nordestino, que possibilitam grande produtividade agrícola numa área de baixa precipitação.

PERCURSO 17 REGIÃO NORDESTE: O MEIO NATURAL E A ZONA DA MATA

1. A diversidade no Nordeste

O litoral da Região Nordeste do Brasil, cuja atual divisão política está representada no mapa, foi a primeira área a ser ocupada e explorada economicamente pelos portugueses, a partir do século dezesseis, caracterizando-a como a área de produção e organização do espaço mais antiga do país, tomando-se como referência a chegada dos europeus.

Em 1º de julho de 2021, a população estimada do Nordeste era de ..57667842 habitantes, superada apenas pela da Região Sudeste.

Região Nordeste: político e vias de circulação

Mapa. Região Nordeste: político e vias de circulação.  
Mapa político da Região Nordeste indicando os estados e suas respectivas capitais, além das cidades principais, cidades importantes, rodovias pavimentadas, rodovias sem pavimentação e ferrovias. Estado: Bahia. Capital: Salvador. Cidades principais: Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista, Jequié, Jacobina, Feira de Santana, Alagoinhas, Juazeiro. Cidades importantes: Itapetininga, Irecê, Itaberaba, Valença, Brumado, Guanambi, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus.  
Estado: Sergipe. Capital: Aracajú. Cidades principais: sem dados. Cidades importantes: Estância, Lagarto, Itabaiana, Propriá.  
Estado: Alagoas. Capital: Maceió. Cidade principal: Arapiraca. Cidades importantes: Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios.  
Estado: Pernambuco. Capital: Recife. Cidades principais: Garanhuns, Arcoverde, Caruaru. Cidades importantes: Vitória de Santo Antão, Palmares, Salgueiro, Serra Talhada.  
Estado: Paraíba. Capital: João Pessoa. Cidades principais: Campina Grande, Patos. Cidades importantes: Souza, Cajazeiras.  
Estado: Rio Grande do Norte. Capital: Natal. Cidade principal: Mossoró. Cidades importantes: Caicó, Currais Novos. 
Estado: Ceará. Capital: Fortaleza. Cidades principais: Sobral, Iguatu, Juazeiro do Norte, Crato. Cidades importantes: Quixeramobim, Crateús.  
Estado: Piauí. Capital: Teresina. Cidade principal: Floriano. Cidades importantes: Picos, Parnaíba.  
Estado: Maranhão. Capital: São Luís. Cidade principal: Imperatriz. Cidades importantes: Bacabal, Santa Inês.  
Rodovias pavimentadas: diversas rodovias interligando os nove estados da Região Nordeste, além de outros estados brasileiros. Principais rodovias: BR 101 e BR 116, caminhos para o Rio de Janeiro e São Paulo, BR 020, caminho para Brasília, BR 010 e BR 316, caminhos para Belém, BR 230 e BR 304. 
Rodovias sem pavimentação: trechos de rodovias sem pavimentação no oeste da Bahia e no sul do Maranhão. 
Ferrovia: do interior da Bahia e se estendendo pela faixa litorânea, principalmente; seguindo do estado do Maranhão para Região Norte. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 180 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 151.

Grafismo indicando atividade.

Cite os estados do Brasil que compõem a Região Nordeste.

Orientações e sugestões didáticas

Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia são os estados que compõem a Região Nordeste.

Em virtude das características hidrográficas, da variação altimétrica do relevo (observe o mapa da página seguinte) e da variedade de climas, solos e tipos de vegetação, essa região apresenta diversas paisagens naturais.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Viva São João!

Direção: Andrucha uódintôn. Brasil: Conspiração Filmes, Estúdios Mega, Gege Produções, MegaColor, 2002. Duração: 90 minutos

O documentário retrata uma das turnês do cantor Gilberto Gil pelas festas juninas do Nordeste. Apresenta entrevistas com vários personagens, músicos e pessoas do público local em cidades da Bahia, Pernambuco e Ceará, revelando a história das festas de São João e a sua importância para as comunidades locais.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 17

Este Percurso introduz o estudo sobre a Região Nordeste do Brasil, mostrando algumas de suas variadas características. Entre elas, a regionalização do Nordeste em Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte, dando ênfase à Zona da Mata.

Destaque que a Região Nordeste apresenta paisagens naturais diversificadas desde o litoral oriental úmido, passando pelo clima seco com vegetação de Caatinga e em alguns pontos de Cerrado, até o encontro com a Floresta Amazônica, sob influência do clima equatorial úmido, no oeste do estado do Maranhão.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete gê ê zero seis
  • ê éfe zero sete gê ê zero oito
  • ê éfe zero sete gê ê um um

Entre as características apresentadas sobre o Nordeste, estão os componentes físico-naturais específicos da região. Dessa fórma, a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um é contemplada no conteúdo deste Percurso, pois traz aspectos do relevo, do clima e da vegetação.

Para facilitar o estudo da sub-região Zona da Mata, ela foi dividida em três porções: Zona da Mata açucareira, Zona da Mata cacaueira e Recôncavo Baiano, que apresentam características próprias e devem ser ressaltadas.

Conforme essas três porções vão sendo abordadas, há problemas que se destacam, como o desmatamento e a especulação imobiliária. Portanto, é possível estabelecer uma relação entre essa divisão e as atividades econômicas que são desenvolvidas, as quais têm ligação direta com o modo de produção, circulação e consumo de mercadorias e os problemas gerados. Aborda-se também como essas atividades influenciaram na distribuição de riqueza e no surgimento de áreas com destaque econômico. Assim, a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero seis é trabalhada neste Percurso.

O Recôncavo Baiano se destacou economicamente por atrair indústrias após a implantação do polo petroquímico de Camaçari. O desenvolvimento industrial nessa região é um exemplo que trouxe transformações sociais e econômicas e, portanto, contempla a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero oito.

Região Nordeste: físico

Mapa. Região Nordeste: físico. Representação dos picos mais elevados; das principais represas, dos rios temporários e perenes; além das altitudes e profundidades em metros.   
Picos: BARBADO, 2.033 metros; CHAPÉU, 1.500 metros; SERRA BRANCA, 1.154 metros; JABRE, 1.197 metros, MONTE PASCOAL, 536 metros. 
Represas: Sobradinho, Boa Esperança, Itaparica. 
Rios temporários: Itapicuru, Vaza Barris, Piranji, Mossoró, Pilão Arcado.
Rios perenes: São Francisco, Paraguaçú, Piranhas ou Açu, além de outros importantes rios com trechos temporários, como Parnaíba, Jaguaribe, Paraíba e Capibaribe.
Altitudes (metros): representação da variação altimétrica do relevo continental da Região Nordeste; ao longo da extensa faixa litorânea, predomínio de altitudes inferiores a 100 metros; adentrando o interior, a maior parte das terras do Nordeste se encontra em altitudes entre 200 e 500 metros, destacando-se o extenso vale do Rio São Francisco; formas de relevo com altitudes superiores a 500 metros entremeiam o vasto interior nordestino, destacando-se a Chapada Diamantina, a Chapada das Mangabeiras, a Chapada do Araripe, o Espigão Mestre, a Serra Grande, a Serra Dois Irmãos, a Serra Grande e o Planalto da Borborema.
Profundidades (em metros): representação das profundidades do relevo oceânico da Região Nordeste; na faixa oceânica próxima ao continente, as profundidades variam entre 0 e 200 metros, como nas áreas onde se localiza o Arquipélago de Abrólhos e a Ilha de Itamaracá; avançando em direção ao oceano, as profundidades podem atingir 4.000 metros, como nas áreas próximas ao Arquipélago de Fernando de Noronha e ao Atól das Rócas. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 170 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 150.

Grafismo indicando atividade.

O Rio São Francisco corre em que altitudes nas terras da Região Nordeste?

Orientações e sugestões didáticas

Com base no mapa físico da Região Nordeste, verifica-se que a maior parte da extensão do Rio São Francisco está em terras de altitudes entre 200 métros e 500 métros. Apenas no trecho final de seu baixo curso, ele se localiza em altitudes de 0 a 200 métros.

Como em todas as regiões do Brasil, contrastes sociais e econômicos também ocorrem na Região Nordeste, não porque o seu território seja pobre em recursos naturais, mas porque, historicamente, nessa região foi construída uma sociedade marcada por desigualdades sociais decorrentes da indiferença das elites dirigentes.

No litoral, bairros modernos de algumas cidades e praias procuradas por turistas de todo o mundo contrastam com bairros de infraestrutura precária. No interior, terras irrigadas com culturas produtivas se contrapõem às de pequenos produtores rurais com poucos recursos para melhorar suas plantações e obter maior rendimento familiar.

Também é grande a diversidade cultural dessa região. Os hábitos alimentares, a música (frevo, baião, maracatu etcétera, as manifestações folclóricas e o artesanato variam no seu espaço geográfico, enriquecendo a cultura brasileira.

Fotografia. Vista de um grupo de pessoas vestidas com tecidos vermelhos decorados e adereços coloridos na cabeça. Entre elas está um homem segurando um violão. Ao fundo, construções antigas com portas e janelas.
Apresentação de grupo de reisado no município de Exu, Pernambuco (2019).
Orientações e sugestões didáticas

Para responderem à atividade, peça aos alunos que localizem o Rio São Francisco no mapa. Em seguida, pergunte se eles já ouviram falar sobre esse rio e em quais circunstâncias isso aconteceu.

Pergunte também se eles conhecem alguma praia ou trecho do litoral nordestino. Caso alguns alunos respondam afirmativamente, motive-os a descrever um pouco o local, o que acharam das praias, como foram suas experiências, ressaltando alguns aspectos das paisagens que observaram.

Atividade complementar

Entre os brasileiros e mesmo entre os moradores da Região Nordeste do Brasil existem ideias estereotipadas sobre essa região. Faça um levantamento com os alunos sobre essa ocorrência. As ideias podem ser escritas na lousa e, posteriormente, comentadas, apontando aquelas que se enquadram em estereótipos.

2. As sub-regiões do Nordeste

Tendo por base as condições naturais, principalmente o clima, a Região Nordeste pode ser dividida em quatro sub-regiões (observe o mapa): a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-Norte. Neste Percurso, estudaremos a primeira delas, a Zona da Mata.

Região Nordeste: sub-regiões naturais

Mapa. Região Nordeste: sub-regiões naturais.  
Mapa representando as sub-regiões naturais do Nordeste: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte; e algumas cidades de destaque em cada uma das sub-regiões.  
Zona da Mata: estreita faixa litorânea que se estende do sul da Bahia ao Rio Grande do Norte; cidades destacadas: Itabuna, Ilhéus, Salvador, Aracajú, Maceió, União dos Palmares, Recife, João Pessoa, Natal. 
Agreste: estreita faixa de terras que se estende pelo interior do continente, imediatamente a oeste da Zona da Mata, desde o sul da Bahia ao litoral norte do Rio Grande do Norte; cidades destacadas: Vitória da Conquista, Feira de Santana, Caruaru, Campina Grande. 
Sertão: extensa área situada entre o Agreste e o Meio-Norte, desde o oeste da Bahia ao litoral do Ceará, compreendendo também parte do litoral norte do Rio Grande do Norte; cidades destacadas: Barreiras, Juazeiro, Petrolina, Picos, Quixeramobim, Baturité, Fortaleza, Sobral. 
Meio-Norte: faixa de terras que compreende o estado do Maranhão e parte do estado do Piauí; cidades destacadas: Bacabal, São Luís, Teresina, Floriano, Parnaíba. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 220 quilômetros.

Fonte: ANDRADE, M. C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página 34.

Nota: ao estudar esta Unidade, sempre que for necessário, retorne a este mapa para localizar as sub-regiões do Nordeste.

3. A Zona da Mata: localização e condições naturais

Localização

Chamada também de litoral oriental do Nordeste, a Zona da Mata compreende uma faixa de terras que acompanha o litoral desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia.

Clima

Na Zona da Mata ocorre o clima tropical litorâneo úmido. A temperatura média anual oscila entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius, e a precipitação total anual é superior a .1200 milímetros – em algumas áreas, esse número supera os .2000 milímetros. As chuvas se concentram no período entre abril e julho.

Essas características climáticas são influenciadas pelas massas de ar úmidas provenientes do Oceano Atlântico, principalmente a barlaventoglossário do Planalto da Borborema e da Serra Geral, no sul da Bahia, onde ocorrem chuvas orográficas (observe a ilustração). Já na sotaventoglossário a umidade diminui, o que contribui para a formação das paisagens semiáridas que caracterizam parte do Agreste e o Sertão. Consulte os tipos de clima da região no mapa da página seguinte.

Chuva orográfica

Ilustração. Chuva orográfica. 
Ilustração representando o processo de formação de chuva orográfica ou de relevo. 
À direita, representação de um oceano com formação de nuvens carregadas no céu acima das águas, a uma temperatura de vinte graus célsius. À esquerda, representação do litoral de um continente, com uma faixa de areia, seguida de vegetação rasteira e uma encosta com morros. Ventos alísios deslocam as nuvens carregadas do oceano em direção ao continente, onde são barradas pelos morros da encosta, provocando a condensação do vapor de água e a formação de chuva. Acima dos morros, a uma temperatura de 10 graus célsius, ventos secos avançam para o interior do continente.
A encosta de um planalto pode ser uma barreira para a chegada de massas de ar úmidas, provenientes do oceano, ao interior dos continentes. A massa de ar, ao encontrar uma barreira do relevo, se eleva e, por causa da menor temperatura em altitude, o vapor de água que ela transporta se condensa e pode provocar a chuva denominada orográfica ou de relevo.

Fonte: elaborado com base em ANTUNES, Celso. O ar e o tempo. São Paulo: Scipione, 1995. página 43.

Nota: Representação artística, sem escala, para fins didáticos.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Divida a classe em quatro grupos. Cada grupo representará uma das sub-regiões do Nordeste. Peça aos alunos que pesquisem, individualmente, imagens que retratem cada uma das sub-regiões. Eles devem buscar em revistas, jornais, folhetos, internet etcétera Podem ser imagens de paisagens variadas, obras de arte etcétera Cada aluno deve buscar duas imagens.

Em data previamente combinada, eles devem trazer as imagens e organizá-las em um mural de acordo com as sub-regiões. Pergunte: “Que tipo de imagem predomina em cada sub-região?”; “As imagens colaboram para criar um imaginário e um estereótipo sobre o Nordeste brasileiro?”.

Promova um breve debate sobre essas questões e incentive-os a exercitar o pensamento crítico sobre as imagens que permeiam o nosso cotidiano. Mostre que elas induzem a visões estereotipadas e, muitas vezes, à formação de opiniões empobrecidas ou simplistas acerca da realidade.

Região Nordeste: climas

Mapa. Região Nordeste: climas. 
Mapa indicando os tipos de clima e suas áreas de ocorrência nos estados da Região Nordeste, com a localização das capitais dos estados.  
Litorâneo úmido: tipo de clima que ocorre ao longo da faixa litorânea que se estende do sul da Bahia ao Rio Grande do Norte. É o tipo de clima das capitais Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracajú e Salvador, a capital mais ao sul do Nordeste.
Tropical semiárido: tipo de clima predominante em grande parte da sub-região Sertão. 
Tropical (verão úmido e inverno seco): tipo de clima com a maior área de ocorrência no Nordeste, abrangendo porções desde o sul e oeste da Bahia, além da maior parte dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. É o tipo de clima característico das capitais Fortaleza, Teresina e São Luís, a capital mais ao norte da região. 
Equatorial úmido: tipo de clima com a menor área de ocorrência no Nordeste, restringindo-se a porção mais a noroeste do Maranhão.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 200 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página119.

Grafismo indicando atividade.

Qual das capitais de estados da Região Nordeste localiza-se em menor latitude? E em maior latitude? Como você sabe?

Orientações e sugestões didáticas

São Luís, capital do Maranhão, está localizada em menor latitude; Salvador, capital da Bahia, está localizada em maior latitude. A primeira localiza-se mais ao norte, mais próxima da linha equatorial, e a segunda, mais ao sul, mais distante da linha equatorial. Apesar de o mapa não apresentar a linha equatorial, o aluno já deve ter conhecimento sobre a localização do território brasileiro em relação às linhas imaginárias.

Relevo e vegetação

O relevo da Zona da Mata é formado, principalmente, por planícies, onde se localizam praias e tabuleirosglossário litorâneos. Observe o perfil de relevo, que apresenta uma visão do relevo da Região Nordeste.

Nordeste: perfil do relevo

Gráfico. Nordeste: perfil do relevo.
Gráfico representando um perfil topográfico das principais formas do relevo da Região Nordeste. À direita do gráfico, mapa reduzido do Brasil com a marcação da linha de corte do perfil, traçada entre o ponto A, localizado na porção oeste do Maranhão, e o ponto B, localizado na faixa oceânica próxima ao continente. A linha do perfil está posicionada na direção de oeste-noroeste a leste-sudeste. 
No perfil traçado no gráfico, a distância entre os pontos A e B representa o eixo horizontal; o eixo vertical indica os intervalos das cotas de altitudes em metros: 0 (nível do mar), 500, 1.000. 1.500 e 2.000. 
O ponto A se encontra a aproximadamente 480 metros de altitude, sob terrenos sedimentares dos planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba. Seguindo em direção ao ponto B, o perfil do relevo varia em terras de altitudes entre 500 e 1.000 metros, até avançar ao longo da depressão sertaneja, que se encontra em terras de altitudes que variam entre 450 e 500 metros. Na sequência, ao longo do planalto da Borborema, sob terrenos cristalinos, as altitudes são mais elevadas, chegando a aproximadamente 1.200 metros. Adentrando os tabuleiros litorâneos, as altitudes diminuem até atingir o nível do mar, onde está localizado o ponto B.

Fonte: elaborado com base em Rós, Geografia do Brasil. sexta ediçãoSão Paulo: êduspi, 2011. página 55.

Essa sub-região foi ocupada, no passado, pela Mata Atlântica, o que explica o nome Zona da Mata (observe a foto da página seguinte). No decorrer dos mais de cinco séculos de ocupação humana dessa sub-região, a Mata Atlântica foi retirada em quase toda a sua extensão.

No Nordeste, o desmatamento iniciou-se no século dezesseis com a chegada dos colonizadores portugueses, que passaram a explorar o pau-brasil. Mas foi com a expansão da cultura da cana-de-açúcar e da fabricação de açúcar na Zona da Mata – atividades responsáveis pela organização inicial do espaço dessa sub-região – que seu desmatamento se acelerou, ainda no século dezesseis

Orientações e sugestões didáticas

No mapa desta página, trabalhe com os alunos a diferenciação, um princípio do raciocínio geográfico, ao mostrar a variação dos tipos de clima e suas áreas de ocorrência. Destaque que a questão climática é recorrente nos estudos sobre a Região Nordeste, pois a sêca no Sertão recebe destaque em livros, notícias, canções etcétera, nos quais são retratadas as dificuldades e os desafios de quem vive nessa sub-região.

Sugerimos uma publicação que poderá ser uma das fontes de pesquisa para os alunos: ifãn. Dossiê de Candidatura da Serra da Barriga, Parte Mais Alcantilada – Quilombo dos Palmares a Patrimônio Cultural do Mercosúl. Brasília: ifãn/Fundação Palmares/Ministério da Cultura; São Carlos: Editora Cubo, 2017.

Auxilie os alunos na leitura do perfil do relevo do Nordeste. Destaque as principais fórmas de relevo dessa região, como o Planalto da Borborema e a Depressão sertaneja. Se necessário, retome os conceitos de planalto e depressão.

Atividade complementar

Organize uma aprendizagem baseada em equipes de alunos, orientando-os para a realização de um estudo de caso que terá como resultado a apresentação de seminários. Peça que pesquisem na internet sobre a Serra da Barriga, localizada no estado de Alagoas. Para a organização da pesquisa e das apresentações, oriente-os a usar recursos que permitem a criação colaborativa.

Peça aos alunos que, em suas pesquisas e apresentações finais, relacionem a localização geográfica da Serra da Barriga, a descrição de seus aspectos físicos e sua importância histórica não apenas para a Região Nordeste, mas para todo o Brasil. Explique que ela está localizada no município de União dos Palmares (Alagoas), na Zona da Mata nordestina, e está inserida na estrutura de relevo do Planalto da Borborema. Na Serra da Barriga se localizava o Quilombo dos Palmares, o maior grupo de resistência dos escravos no Brasil, que chegou a abrigar uma população de 20 mil pessoas. Região serrana de difícil acesso, sua altitude facilitava a observação da movimentação das tropas coloniais. Com isso, o quilombo resistiu aos ataques durante os anos de 1597 até 1695. Hoje a Serra da Barriga é um sítio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn) e conta com o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Fotografia. Vista das ruínas de uma edificação histórica, com janelas e portas. Ao redor, muitas árvores e um gramado. Ao fundo, vista do mar.
Vegetação de Mata Atlântica no entorno das ruínas do Castelo de Garcia no município de Mata de São João, Bahia (2018).

Por séculos, contribuíram para o desmatamento da Mata Atlântica a cultura do tabaco no Recôncavoglossário Baiano (realizada desde o século dezesseis), a criação de gado, o uso da lenha nos lares e nas caldeiras dos engenhos para a fabricação de açúcar e o processo de urbanização.

No litoral da Zona da Mata, as vegetações costeiras encontram-se bastante alteradas em decorrência da exploração de petróleo, especulação imobiliária, urbanização, das atividades portuárias e do turismo.

4. Zona da Mata: as metrópoles

A Zona da Mata é a sub-região mais populosa do Nordeste. Nela se situam seis capitais de estados: Salvador Bahia , Aracaju Sergipe, Maceió Alagoas , Recife Pernambuco, João Pessoa Paraíba e Natal Rio Grande do Norte.

Entre essas capitais, duas são classificadas pelo í bê gê É como metrópoles: Salvador e Recife (Fortaleza, que está localizada no Sertão, também é uma metrópole). Elas exercem ampla influência no espaço nordestino por oferecerem serviços diversificados, como comerciais, portuários, médico-hospitalares, educacionais, culturais, turísticos etcétera atendendo habitantes do Agreste e do Sertão. As capitais dos demais estados nordestinos são capitais regionais importantes, mas suas áreas de influência são menores que as das metrópoles.

Salvador é a capital mais populosa, seguida por Fortaleza, como observamos no quadro.

Como ocorre em outras cidades do Brasil, as metrópoles do Nordeste apresentam graves problemas: deficiência em saneamento básico, habitações precárias, poluição de córregos e rios, desigualdade de rendimento entre seus habitantes (observe a foto da página seguinte), entre outros.

Região Nordeste: população das capitais – 1º julho 2021*

Capitais

População (habitantes)

Salvador

2.900.319

Fortaleza

2.703.391

Recife

1.661.017

São Luís

1.115.932

Maceió

1.031.597

Natal

896.708

Teresina

871.126

João Pessoa

825.796

Aracaju

672.614

*Estimativas.

Fonte: í bê gê Éponto Estimativas da população residente no Brasil e unidades da federação com data de referência em 1º de julho de 2021. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh. Acesso em: 5 maio 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Caso os alunos tenham dificuldade em perceber que Salvador e Fortaleza são as capitais mais populosas do Nordeste, proponha a construção de um gráfico de colunas no caderno. Se necessário, retome as etapas de elaboração de gráficos de colunas, nas páginas 62 e 63 deste livro.

Oriente-os a compor no eixo das abscissas (eixo horizontal) o nome das capitais e, no eixo das ordenadas (eixo vertical), o número de habitantes.

Solicite aos alunos que visitem o site do í bê gê É (disponível em: https://oeds.link/JOX77t; acesso em: 29 março. 2022) e verifiquem se há dados mais atuais sobre a população das capitais do Nordeste, como também do município onde vivem.

Fotografia. Vista da área litorânea de uma cidade em dia ensolarado. No centro, faixa de areia com diversas pessoas e guarda-sóis. À esquerda, o mar refletindo a cor azul, com muitos banhistas na água; à direita, uma avenida de frente para a praia e construções de diferentes tipos, desde casas à edifícios variados.
Vista de área litorânea da cidade do Recife, Pernambuco (2019). No primeiro plano, moradias populares do bairro Brasília Teimosa; ao fundo, prédios de alto padrão no bairro de Boa Viagem.

5. Zona da Mata: aspectos gerais da economia

Na Zona da Mata podemos identificar três porções do espaço geográfico que se individualizam segundo a sua produção tradicional: Zona da Mata açucareira, Zona da Mata cacaueira e Recôncavo Baiano.

A Zona da Mata açucareira

Estende-se desde o Rio Grande do Norte até as proximidades do município de Salvador, na Bahia. O espaço é ocupado por latifúndios monocultores de cana-de-açúcar e por usinas produtoras de açúcar e álcool. Aí também se localizam as regiões urbanas e industriais importantes de Salvador e do Recife (observe o mapa).

Região Nordeste: organização do espaço

Mapa. Região Nordeste: organização do espaço. Mapa representando as regiões urbanas e industriais importantes, as áreas de agropecuária mais e menos modernizadas, além das metrópoles, capitais regionais, outros centros e rodovias principais. 
Regiões urbanas e industriais importantes: Recife, Fortaleza, Salvador e municípios de entorno dessas capitais. 
Áreas de agropecuária mais modernizadas: porções da sub-região Zona da Mata e áreas limitadas da sub-região Sertão, especificamente no entorno das cidades de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério, Juazeiro, Petrolina.
Áreas de agropecuária menos modernizadas: maior extensão das terras, com predominância no interior de cada estado.  
Metrópoles: Recife, Fortaleza, Salvador. 
Capitais regionais: Aracajú, Maceió, João Pessoa, Natal, São Luís, Teresina. 
Outros centros: Itabuna, Ilhéus, Vitória da Conquista, Jequié, São Desidério, Barreiras, Feira de Santana, Jacobina, Luís Eduardo Magalhães, Petrolina, Juazeiro, Alagoinhas, Arapiraca, Garanhuns, Arcoverde, Caruaru, Floriano, Patos, Campina Grande, Mossoró, Juazeiro do Norte, Crato, Iguatu, Sobral, Floriano. 
Rodovias principais: diversas rodovias interligando os nove estados do Nordeste, ao longo da faixa litorânea e na direção do interior. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quarta edição São Paulo: Moderna, 2013. página 151; í bê gê Éponto Regiões de influência das cidades: 2007. Rio de Janeiro: í bê gê É 2008. página 12.


Na Região Metropolitana do Recife (municípios de Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes, Paulista e outros), a partir dos anos de 1960, estruturou-se uma importante e diversificada área industrial. Depois da Região Metropolitana de Salvador, a do Recife apresenta a maior produção em valor industrial do Nordeste.

Orientações e sugestões didáticas

Comente com os alunos sobre o polo tecnológico existente em Recife, que abriga empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (tíc) e de Economia Criativa (ê cê), nas áreas de games, cine-vídeo-animação, música, fotografia e design. O polo tecnológico é conhecido como Porto Digital e se localiza no bairro do Recife Antigo.

Destaque que, em razão da localização do Porto Digital, algumas construções do centro histórico de Recife foram ou estão sendo restauradas, contribuindo para a preservação do patrimônio cultural.

O conceito de Região Metropolitana, apresentado na página 80 da Unidade 3, poderá ser retomado a fim de contribuir para a compreensão das características das regiões metropolitanas da Região Nordeste.

A Zona da Mata cacaueira

Situa-se no sul da Bahia, e nela se destacam os municípios de Itabuna e Ilhéus, cujas economias giram em torno do comércio e da exportação de cacau. Atualmente a sua produção encontra-se em recuperação, após a praga “vassoura-de-bruxa“ ter destruído muitas plantações.

No caso de Ilhéus, o fluxo de turistas e o polo industrial do setor eletroeletrônico (equipamentos para comunicação e informática) mantiveram a economia aquecida.

O Recôncavo Baiano

Abrange vários municípios no entorno de Salvador e, além de ser uma tradicional e importante área produtora de tabaco, apresenta um polo industrial importante. Desde a descoberta de petróleo, em 1939, no Recôncavo Baiano, e da construção da refinaria de petróleo em Mataripe (observe a foto), a economia começou a ser dinamizada. Na década de 1970, com a implantação do polo petroquímicoglossário de Camaçari, no município de mesmo nome, o crescimento econômico se acelerou e o processo de industrialização promoveu grande transformação socioeconômica. Esse polo estimulou a instalação de outras indústrias na Região Metropolitana de Salvador e o desenvolvimento do comércio e do setor de serviços. Aí são encontradas indústrias dos ramos químico, metalomecânico, madeireiro, têxtil, farmacêutico, eletroeletrônico, além de indústrias de artefatos de plástico e borracha, de fertilizantes, bebidas, móveis, automóveis, entre outros.

Outro importante complexo industrial do Recôncavo Baiano é o de Aratu. Localizado nos municípios de Simões Filho e Candeias, destaca-se nos setores químico, têxtil, mineral, plástico, eletroeletrônico, de fertilizantes, bebidas e móveis.

Fotografia. Vista de uma ampla instalação industrial de frente para um extenso corpo de água. Na parte inferior, à direita, diversos tanques para armazenamento de petróleo e combustíveis. Na parte de cima, à esquerda, várias construções, destacando-se muitas torres feitas de aço e chaminés liberando fumaça. Linhas de tubulações e dutos feitos de aço atravessam toda a área, interligando diversas partes da instalação.
Vista da Refinaria de Mataripe, no município de São Francisco do Conde, Bahia (2021).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Cacau: tudo que você precisa saber do principal ingrediente do chocolate

https://oeds.link/1kDpft

Podcast com entrevista de um cacauicultor que explica todo o processo de fabricação do chocolate a partir do cacau, entre outros assuntos relacionados a esse fruto.

Orientações e sugestões didáticas

Comente com os alunos que, até a década de 1980, o sul da Bahia era um grande produtor de cacau, que exportava e abastecia o mercado interno. No início dos anos 1990, uma praga, conhecida como vassoura-de-bruxa, alastrou-se pelas plantações e comprometeu a produção cacaueira.

Acredita-se que a vassoura-de-bruxa tenha vindo da região amazônica. Ela é causada por um fungo, o moniliofitóra perniciosa, que deixa os ramos do cacaueiro secos como uma vassoura velha e se espalha com o vento e a água.

Até hoje a região sofre com o fungo. Medidas de combate à doença vêm sendo adotadas; porém, a produção de cacau nunca se recuperou totalmente.

Destaque a importância do Recôncavo Baiano como um polo industrial que trouxe transformações para o espaço geográfico da Região Nordeste. Além de transformações socioeconômicas, novas tecnologias foram trazidas para que indústrias automobilísticas e farmacêuticas pudessem se instalar na região.

Ícone. Seção Rotas e encontros.

Rotas e encontros

As pescadoras artesanais da praia de Suape (Pernambuco)

Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial

“Edinilda de Ponto dos Carvalhos, com pouco mais de cinquenta anos, é marisqueira, ou pescadora artesanal, da praia de Suape desde muito jovem. Recentemente, segundo ela, seu trabalho vem se tornando mais duro.

‘Existem produtos químicos na água. Não possuem cheiro, mas matam todas as coisas’ diz Edinilda. Ela acredita que a poluição vem do complexo portuário [Porto de Suape] no litoral sul de Pernambuco, estado no Nordeste do Brasil, considerada uma região de desenvolvimento econômico central.

Outra marisqueira, Valéria Maria de Alcântara, diz: ‘O barro produz coceiras por causa do óleo e dos dejetos, restos que ficam na água do mar. Isto queima a pele.’

De acordo com um programa de treinamento do estado, as mulheres compreendem 5.200 dos 8.700 pescadores daquela comunidade pesqueira. Elas trabalham duro para pescar mariscos na água ou no manguezal do entorno.

reticências Edinilda e mais 20 outras marisqueiras resolveram falar sobre a crise em suas vidas devido à poluição e depredação dos manguezais. ‘Pescadoras que antes retiravam de 20 a 30 quilos de conchas, agora, durante toda uma semana, chegam a 3 quilos’, diz Valéria sentada em uma cadeira de metal em seu terraço.

Centenas, se não milhares, de outras pescadoras ao longo da costa de Pernambuco dividem essa experiência. Tradicionalmente, o pescado das marisqueiras dava para o sustento de suas famílias, e qualquer excedente era comercializado em mercadinhos locais, complementando a renda familiar. Valéria diz que agora ela precisa trabalhar nas cozinhas dos bares locais nos finais de semana para complementar a renda por conta da queda em sua produção.

‘Na história da pesca no Brasil, a atividade das mulheres tem sido invisibilizada’, diz Laurineide Santana. ‘O que essas mulheres produzem não entra na estatística oficial da pesca.’

Comunidades de marisqueiras do Brasil são marcadas pela poluição industrial. tradução úlda istáditler Conselho Pastoral dos Pescadores, Artigos Destacados, Notícias, 7 março2014. Disponível em: https://oeds.link/baLnPM. Acesso em: 25 abril 2022.

Fotografia. Vista de uma área com lama e diversas poças de água no chão. Algumas mulheres usando luvas aparecem manuseando o solo dessa área, algumas estão afundando a mão na lama.
Há mulheres marisqueiras em outras praias do litoral brasileiro, além da praia de Suape, em Pernambuco. Na foto, marisqueiras no litoral da cidade de Salvador, Bahia (2021).

 Interprete

  1. Como a poluição das águas interfere na captura de mariscos em Suape?
  2. Por que mulheres pescadoras ou marisqueiras se dedicam a essa atividade?

 Argumente

3. Dê sua opinião sobre a seguinte afirmação: é possível conciliar as atividades pesqueiras e industriais sem causar danos ao meio ambiente.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. A poluição das águas tem causado a diminuição de marisco, que, por sua vez, tem comprometido a captura do molusco e o rendimento das marisqueiras, prejudicando seu nível de vida.
  2. Espera-se que os alunos, mesmo que desconheçam essa atividade, entendam que ela é exercida por muitas mulheres, que desempenham papel importante na subsistência e no complemento de rendimentos de várias famílias no litoral brasileiro.
  3. Espera-se que os alunos entendam que é possível conciliar essas atividades, desde que haja fiscalização rígida das indústrias, além de orientação às pescadoras e marisqueiras por especialistas em pesca.

Temas contemporâneos transversais

Os temas Trabalho e Educação Ambiental podem ser desenvolvidos por meio desta seção. Enfatize, por exemplo, o árduo trabalho das marisqueiras nas praias e nos manguezais para complementar o rendimento familiar por meio da venda de mariscos, caranguejos e siris e os impactos ambientais e socioeconômicos causados às suas atividades pelo avanço das atividades industriais.

Interdisciplinaridade

Com base no texto, poderá ser desenvolvido com o professor de Ciências um trabalho interdisciplinar sobre os manguezais, enfatizando as ameaças à sua biodiversidade pela poluição. Na perspectiva da Educação Ambiental, também poderão ser discutidas iniciativas para a solução de problemas ambientais em comunidades tradicionais, com base em exemplos de ações sustentáveis bem-sucedidas.

PERCURSO 18 O AGRESTE

1. O Agreste: localização e condições naturais

Localização

A sub-região do Nordeste denominada Agreste estende-se do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, entre as sub-regiões da Zona da Mata e do Sertão (consulte o mapa da página 145).

Vegetação

Em decorrência de sua localização, o Agreste apresenta diversas paisagens. Nos trechos mais úmidos, restam fragmentos da Mata Tropical (observe a foto A), que foi desmatada para a prática da agricultura e da pecuária. Nas áreas mais sêcas, a Caatinga (observe a foto B), transformada pela ação humana, domina a paisagem.

Fotografia A. Vista do alto mostrando uma área com vegetação. Há um rio à esquerda, um corpo de água à direita e uma estrada de terra atravessando no centro.
Fragmento de Mata Tropical no município de Una, Bahia (2019).
Fotografia B. Vista de uma área com vegetação formada por arbustos e árvores de pequeno e médio porte. Em destaque, no centro da imagem, um cacto com troncos longos e encurvados para cima.
Vegetação da Caatinga no município de Buíque, Pernambuco (2022).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Enciclopédia Itaú Cultural – Artes Visuais

https://oeds.link/15avCG

Ao acessar o portal e digitar “Mestre Vitalino” no campo “buscar” você pode conhecer a biografia e as obras desse importante artista de Caruaru, no Agreste pernambucano. Além disso, você pode encontrar materiais sobre diversas manifestações culturais brasileiras, pessoas, conceitos e muito mais.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 18

Este Percurso apresenta a sub-região do Agreste, com seus principais aspectos físicos e econômicos.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero sete gê ê um um

Ao trabalhar os principais aspectos físicos do Agreste, como vegetação, relevo e clima, o Percurso aborda a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um.

Retome o mapa da página 145, que mostra as sub-regiões do Nordeste, e localize com os alunos o Agreste. É importante que eles percebam que o Agreste é uma zona de transição entre a Zona da Mata e o Sertão.

Com a ajuda de um mapa político do Nordeste, localize as principais cidades do Agreste: Campina Grande, na Paraíba; Caruaru e Garanhuns, em Pernambuco; e Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia. Depois, identifique suas principais atividades econômicas.

O relevo e o clima

O Planalto da Borborema é a fórma de relevo que caracteriza o Agreste na sua porção norte. O Agreste ocupa a fachada leste desse planalto; já a porção oeste corresponde ao Sertão. A fachada leste do Planalto da Borborema está sujeita ao que resta de umidade dos ventos que sopram de sudeste, que não precipita na Zona da Mata. Assim, no Agreste encontramos áreas úmidas semelhantes às da Zona da Mata ilhadas por áreas sêcas, com médias de temperatura mais baixas em virtude das suas altitudes mais elevadas. Essas áreas mais úmidas no Nordeste recebem o nome de brejos, e nelas não há sêca. Possuem, inclusive, pequenos rios permanentes.

Um exemplo de brejo é o de Garanhuns, situa­do no Agreste pernambucano, no Planalto da Borborema. Aí se desenvolveu a cidade de mesmo nome, Garanhuns, a 822 metros de altitude, com chuvas de 869 milímetros anuais e temperatura média anual de 21 graus Célsius.

Em virtude dessas características climáticas, a cidade, que possuía .141347 habitantes em 1º de julho de 2021, atrai turistas do Nordeste e de outras regiões, principalmente nos meses de junho e julho, quando as médias de temperatura são mais baixas, em torno de 18 graus CélsiusGaranhuns é um verdadeiro oásis no meio da paisagem semiárida do Agreste, contrariando a ideia geral de que no interior do Nordeste há apenas clima quente e seco.

Fotografia. Vista de um palco onde estão quatro pessoas, cada uma tocando um instrumento musical (um violão, uma guitarra, um contrabaixo e uma bateria). Elas estão fazendo uma apresentação para o público que se encontra de frente para o palco, observando os músicos.
Todos os anos, no mês de julho, a cidade de Garanhuns Pernambuco sedia o Festival de Inverno, importante evento cultural que atrai grande número de turistas. Na foto, apresentação musical durante o festival de 2019.

2. As cidades do Agreste

Os primeiros povoadores do Agreste foram os criadores de gado vindos da Zona da Mata, que também introduziram a agricultura para abastecer de alimentos aquela sub-região. A expansão da atividade agrícola no Agreste estimulou a interiorização da criação de gado em direção ao Sertão e ao vale do Rio São Francisco, como estudaremos no Percurso 19.

Entre os séculos dezesseis e dezoito, a criação de gado, a agricultura, a mineração e as missões jesuítas e de outras congregações religiosas foram responsáveis pela fundação de vilas que, ao longo do tempo, se transformaram em cidades.

No Agreste encontram-se cidades importantes, como Campina Grande, na Paraíba; Caruaru (observe a foto A, na página seguinte) e Garanhuns, em Pernambuco; Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia.

Nessas cidades, que atraem migrantes de vários municípios, principalmente do Sertão, a vida comercial é bastante ativa e o setor de serviços é mais desenvolvido que em cidades menores da rede urbana do Nordeste.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

MORAES, Paulo Roberto; MELLO, Suely A. R. Freire de.

Região Nordeste. São Paulo: Harbra, 2009. (Coleção Expedição Brasil).

Apresenta uma visão ampla da Região Nordeste, destacando aspectos físicos, históricos, populacionais e culturais, entre outros.

Orientações e sugestões didáticas

Explique aos alunos que o Agreste é conhecido por suas feiras. Caruaru, em Pernambuco, por exemplo, era ponto de passagem de viajantes que se deslocavam para outras partes desse ou de outros estados, como Alagoas ou Bahia. As feiras ocorriam para vender produtos a esses viajantes. Feira de Santana, na Bahia, também é outra cidade conhecida por suas feiras. A cidade servia de parada a viajantes que vinham do Sertão para o litoral.

O Agreste pernambucano também sobressai por ter um polo de confecções, com destaque para os municípios de Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Esse é o segundo maior polo têxtil do Brasil, atrás apenas do polo do estado de São Paulo. O Polo Têxtil do Agreste possui aproximadamente 18 mil fábricas e produz cêrca de 800 milhões de peças por ano.

Fotografia. A. Vista de uma cidade com uma concentração de edifícios altos, de vários andares, no centro da imagem. Ao redor dessa área central, casas, sobrados e prédios mais baixos. Na parte de cima da fotografia, ao fundo, vista de uma área mais elevada com morros e vegetação.
A cidade de Caruaru, que possuía 369.343 habitantes em 1º de julho de 2021, é um importante centro comercial no Agreste pernambucano. Na foto, vista de Caruaru, Pernambuco (2022).

3. Agreste: economia

Desde o período colonial, o Agreste assumiu, dentro da divisão territorial da produção, a função de fornecer gêneros agrícolas de subsistência (alimentos), carne, couro, leite e animais (bovinos, equinos, asininosglossário , caprinos etcétera) para a Zona da Mata açucareira. Vê-se, então, que o espaço geográfico do Agreste foi construído e reconstruído em função da Zona da Mata açucareira.

Atualmente, o Agreste continua sendo um espaço de policultura, que se destaca na produção de milho, arroz, feijão, mandioca, algodão, café, frutas tropicais e agaveglossário . Continua sendo também uma zona de criação de gado bovino para abastecer de leite e derivados as cidades da Zona da Mata e outros mercados.

No período de córte da cana-de-açúcar (período de safra), muitos trabalhadores do Agreste deixam seus minifúndiosglossário e se empregam como temporários nas usinas de cana-de-açúcar da Zona da Mata. Aqueles que permanecem nos minifúndios cuidam da escassa produção.

Os centros urbanos do Agreste se destacam na atividade comercial e em vários outros setores de prestação de serviços (observe a foto B), além de apresentarem certo desenvolvimento industrial, fruto do processo de desconcentração dessa atividade em curso no Brasil.

Fotografia B. Vista ampla de uma cidade com diversas casas, sobrados e prédios baixos. Destaque para um edifício alto, de vários andares, na parte superior, à esquerda. A cidade ocupa uma extensa área de relevo plano. Na parte de cima da fotografia, ao fundo, vista de uma área mais elevada.
Vista da cidade de Feira de Santana, Bahia (2019), que passa por grande expansão econômica por conta de seu importante centro industrial. Feira de Santana é a segunda cidade mais populosa da Bahia.
Orientações e sugestões didáticas

Interdisciplinaridade

Apresente para os alunos um exemplo de como a ciência e a técnica contribuem para a melhora das condições de vida dos seres humanos. Sugerimos abordar o caso do melhoramento genético do algodoeiro no município de Campina Grande, no Agreste do estado da Paraíba. Nesse município, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária () desenvolveu pesquisas que resultaram na criação do algodão natural colorido, o que contribuiu para aumentar os ganhos de pequenos agricultores dessa sub-região do Nordeste, além de representar uma cultura sustentável, pois é cultivado sem uso de agrotóxicos. É importante esclarecer que o algodão colorido, natural, tem as fibras curtas e fracas, que, por isso, não podem ser usadas na fabricação de fios e de tecidos. Por essa razão, os pesquisadores da Algodão pesquisaram e trabalharam em sementes modificadas para torná-lo viável para o uso artesanal e industrial, principalmente no setor têxtil.

Sugerimos articular o trabalho sobre o tema com o professor de Ciências, que poderá relacionar noções de genética e sua aplicação na sociedade, debatendo ainda questões polêmicas, como a criação de alimentos transgênicos e a manipulação genética. A consideração dessas questões poderá contribuir para desenvolver a habilidade ê éfe zero sete cê ih um um desse componente curricular: “Analisar historicamente o uso da tecnologia, incluindo a digital, nas diferentes dimensões da vida humana, considerando indicadores ambientais e de qualidade de vida”.

Contextualizem o assunto destacando que a indústria da moda usa algodão colorido com certificado internacional de produto orgânico. Há empresas em que a matéria-prima é cultivada com contrato de compra garantida por meio da agricultura familiar em assentamentos rurais e comunidades tradicionais (quilombos). O valor pago por quilograma é o maior do Brasil. O cultivo do algodão colorido é uma vantagem para o produtor, pois permite que este receba 30% a mais pelo algodão. Existem algodões que nascem em tons de bege, marrom e verde, sem uso de aditivos ou corantes. Por não ter cultura irrigada nem passar por tingimentos, o processo produtivo do campo até a indústria economiza 87,5% de água, de acordo com a .

Competência

Com base no conteúdo sobre o Agreste, explique aos alunos como a localização dessa sub-região, entre a Zona da Mata e o Sertão, e suas condições físico-naturais favoreceram o desenvolvimento da agricultura e da pecuária.

Esta é uma oportunidade para aprofundar a Competência Específica de Geografia 1: “Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas”.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 17 e 18

Registre em seu caderno.

  1. Por que podemos dizer que existem “vários Nordestes” na Região Nordeste do Brasil?
  2. Que atividades econômicas contribuíram para o grande desmatamento da Mata Atlântica na Região Nordeste?
  3. Quais são e onde estão localizadas as três porções do espaço geográfico da Zona da Mata que se individualizam por sua produção econômica?
  4. Uma geógrafa, um biólogo e uma historiadora partiram juntos de Vitória da Conquista com destino a Fortaleza, para uma viagem científica de 30 dias pela Região Nordeste. Após alguns dias, cada um seguiu um roteiro diferente. Observe, no mapa, a localização dos pesquisadores no décimo quinto dia da viagem e as principais cidades visitadas ao final, representadas pelas letras de A a G. Depois, responda às questões.
Mapa. Delimitação das sub-regiões naturais e localização das principais cidades visitadas pelos pesquisadores até o décimo quinto dia da viagem, além do ponto de partida da geógrafa, do biólogo e da historiadora, a cidade de Vitória da Conquista, na Bahia. 
As cidades indicadas com as letras A, E e G localizam-se na faixa litorânea; a historiadora encontra-se na cidade E, capital de Pernambuco. 
As cidades indicadas com as letras B, D e F, além de Vitória da Conquista, localizam-se na faixa de terras que se estende pelo interior do continente, imediatamente a oeste da estreita faixa litorânea; o biólogo encontra-se na cidade F, no estado da Paraíba. 
A cidade indicada com a letra C localiza-se na sub-região natural que se caracteriza pelo predomínio do clima tropical semiárido. Essa cidade fica na divisa entre os estados da Bahia e de Pernambuco, as margens de um importante rio da região nordeste. 
À direita do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 270 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em ANDRADE, M. C. de. A terra e o homem no Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1973. página 34.

  1. Aponte o nome da sub-região em que se encontra cada um dos pesquisadores no décimo quinto dia da viagem.
  2. Sabe-se que A é a capital mais populosa da Região Nordeste e uma das três metrópoles dessa região. Quais são as três metrópoles nordestinas? Qual é a metrópole A?
  3. No décimo quinto dia da viagem, qual foi a metrópole visitada? Qual dos três pesquisadores a visitou nesse dia?
  4. Qual das sub-regiões do Nordeste não estava no roteiro dos viajantes?
  5. A geógrafa, no décimo quinto dia, encontra-se no vale de um rio importante do Nordeste. Qual é o nome desse rio?

5. Elabore um mapa da divisão política da Grande Região Nordeste do Brasil, aplicando papel vegetal sobre o mapa da página 143. Aplique as coordenadas geográficas, a rosa dos ventos e a escala e depois cole-o em seu caderno. Com base no quadro a seguir, crie a legenda para representar a produção (em toneladas) de cana-de-açúcar por estado, em 2020, considerando cinco intervalos de produção: de 500 mil a 1 milhão; de 1 milhão e um a 5 milhões; de 5 milhões e um a 10 milhões; de 10 milhões e um a 15 milhões; e mais de 15 milhões. Em seguida, insira as siglas dos estados, aplique a legenda, dê um título ao mapa e cite a fonte.

Região Nordeste: produção de cana-de-açúcar por estado (em t) – 2020

Estado

Produção (em toneladas)

Maranhão

2.877.606

Piauí

1.002.464

Ceará

588.084

Rio Grande do Norte

5.749.885

Paraíba

5.737.572

Pernambuco

13.803.259

Alagoas

15.241.840

Sergipe

2.066.705

Bahia

5.150.000

Fonte: í bê gê Éponto Anuário Estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É 2021. página 3-19.

Versão adaptada acessível

5. Elabore um mapa tátil da Grande Região Nordeste do Brasil com a divisão política entre seus estados. Para isso, materiais como tipos de papéis, tecidos e linhas de diferentes espessuras podem ser utilizados para a representação dos limites da Grande Região e das divisas entre seus estados. Crie uma legenda para representar a produção (em toneladas) de cana-de-açúcar por estado, em 2020, considerando cinco intervalos de produção: de 500 mil a 1 milhão; de 1 milhão e um a 5 milhões; de 5 milhões e um a 10 milhões; de 10 milhões e um a 15 milhões; e mais de 15 milhões. Materiais circulares, como botões de diferentes tamanhos, podem ser utilizados para a representação dos intervalos.

Orientação para acessibilidade

Caso possível, proponha a elaboração de um mapa tátil. Uma aula antes, oriente os estudantes a respeito dos materiais que eles devem levar à sala de aula para realizar a atividade, tais como material emborrachado, linhas de diferentes espessuras, botões etc. Auxilie os estudantes na seleção e na organização desses materiais. Sugere-se que o professor leve pronto o contorno do mapa da Grande Região sobre uma base emborrachada. As divisas entre as unidades da federação podem ser feitas com barbante ou outros materiais maleáveis, facilitando a percepção dos alunos. Na sala de aula, oriente para que a turma represente por meio de materiais com a mesma forma e de diferentes tamanhos, como botões, os intervalos de produção de cana-de-açúcar. Os tamanhos dos materiais devem respeitar, ao menos aproximadamente, os intervalos de produção. Retome os dados para fazer a associação corretamente e explique que deve haver correspondência entre os materiais usados no mapa e na legenda, de modo a permitir a relação entre as informações. A transposição de uma representação visual para uma representação tátil tende a favorecer a ampliação do processo de ensino-aprendizagem. O nível de complexidade da atividade pode ser adaptado de acordo com a realidade da sala de aula.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Por sua diversidade de condições naturais, sociais, econômicas e culturais.
  2. Inicialmente, a exploração do pau-brasil, depois a cultura da cana-de-açúcar (por meio da qual o desmatamento foi acelerado), a cultura do tabaco, a criação de gado e o corte da lenha, destinada a diversos usos (doméstico, nos engenhos e na construção civil), e o processo de urbanização.
  3. Zona da Mata açucareira, que se estende do Rio Grande do Norte até Salvador (Bahia); Zona da Mata cacaueira, situada no sul da Bahia; e Recôncavo Baiano, que compreende vários municípios do entorno de Salvador e se destaca na produção de tabaco e na diversidade de produção industrial (indústria química, metalomecânica, eletroeletrônica, petroquímica etcétera).
    1. A geógrafa encontra-se no Sertão; o biólogo, no Agreste; e a historiadora, na Zona da Mata.
    2. As três metrópoles nordestinas são Salvador, Recife e Fortaleza. A metrópole A é Salvador.
    3. A metrópole visitada no décimo quinto dia foi Recife. Ela foi visitada pela historiadora.
    4. O Meio-Norte.
    5. O Rio São Francisco.

5. Para confeccionar o mapa, os alunos podem usar como base cartográfica o mapa da página 143 deste livro. Eles devem compor coordenadas geográficas, rosa dos ventos, escala, siglas dos estados, título e fonte. Também devem fazer a legenda, indicando, no mapa, os cinco intervalos de produção apresentados no enunciado da atividade e baseados no quadro. Optamos por essa solução referente à prática cartográfica considerando que nem todos os alunos podem ter acesso à internet para obter um mapa mudo. Oriente-os nessa atividade, esclarecendo que eles não precisam se preocupar com a localização das áreas de produção de cana-de-açúcar em cada estado. Sugerimos que os mapas elaborados sejam expostos em um mural, valorizando o trabalho dos alunos. As fontes que devem ser citadas são a da base cartográfica e a dos dados do quadro.

6. Leia o excerto a seguir e responda às questões.

“A organização inicial do espaço agrário litorâneo, a exemplo do que ocorreu em toda a fachada oriental do Nordeste, baseou-se na produção açucareira destinada ao mercado externo, na divisão de terras em grandes unidades produtivas conhecidas por engenho e trabalho escravo.

MOREIRA, Emilia; TARGINO, Ivan. Capítulos de geografia agrária da Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária/ 1997. página 33.

  1. A que sub-região do Nordeste os autores se referem? Como você sabe?
  2. Identifique os três elementos que constituíam o pilar da produção açucareira nordestina do século dezesseis ao final do

7. Leia o texto sobre as praias da Região Nordeste, observe a foto e responda às questões.

Essas praias exibem paisagens extremamente diversificadas – coqueirais, dunas, falésias, manguezais, recifes, piscinas naturais etcétera –, que possibilitam passeios inusitados (como, por exemplo, pelas dunas, a bordo de bugues) como também prática de variados esportes náuticos

ARBEX JÚNIOR, José; OLIC, Nelson Bacic. O Brasil em regiões: Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. página 43.

Fotografia. Duna formada por um monte de areia clara e um veículo com três pessoas atravessando-a. Na parte de cima da duna, vista de vegetação.
Turistas passeando nas dunas de Genipabu, Rio Grande do Norte (2019).
  1. Identifique e caracterize o relevo retratado.
  2. Quais paisagens indicadas no texto não são identificadas na foto?
  3. Que atividades turísticas típicas do litoral nordestino estão indicadas no texto?

8. Observe o climograma de Campina Grande, cidade do Agreste nordestino, localizada na borda leste do Planalto da Borborema, e responda às questões.

Campina Grande Paraíba: climograma

Gráfico. Campina Grande, Paraíba: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: precipitação: 40 milímetros; temperatura: 25 graus celsius. 
Fevereiro: precipitação: 60 milímetros; temperatura:  25 graus celsius. 
Março: precipitação: 95 milímetros; temperatura:  25 graus celsius.
Abril: precipitação: 120 milímetros; temperatura:  24 graus celsius.
Maio: precipitação: 95 milímetros; temperatura: 23 graus celsius.
Junho: precipitação: 100 milímetros; temperatura: 22 graus celsius.
Julho: precipitação: 120 milímetros; temperatura: 21 graus celsius.
Agosto: precipitação: 60 milímetros; temperatura: 22 graus celsius.
Setembro: precipitação: 30 milímetros; temperatura média: 23 graus celsius.
Outubro: precipitação: 20 milímetros; temperatura: 24 graus celsius.
Novembro: precipitação: 20 milímetros; temperatura: 25 graus celsius.
Dezembro: precipitação: 25 milímetros; temperatura: 25 graus celsius.
Acima do gráfico, à esquerda, quadro com a indicação da latitude: 7 graus sul; da longitude: 36 graus oeste; e da altitude: 551 metros.

Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 165.

  1. Como você caracterizaria o clima de Campina Grande?
  2. De que maneira a localização de Campina Grande na borda leste do Planalto da Borborema influencia o clima do município?

9. Em duplas, pesquisem sobre a existência de populações tradicionais do Nordeste que estejam sendo afetadas pela degradação ambiental. Com a ajuda do professor, organizem e apresentem as informações pesquisadas à turma e discutam com seus colegas a importância da preservação ambiental.

Orientações e sugestões didáticas
  1. Zona da Mata, pois o texto refere-se à fachada oriental do Nordeste.
  2. A produção destinada ao mercado externo, grandes unidades produtivas (conhecidas como engenhos, latifúndios) e o trabalho escravo.
  1. Dunas: montes de areia móveis, depositados pela ação do vento dominante. As dunas podem ser marítimas, localizadas na borda dos litorais, e continentais, no interior dos continentes.
  2. Falésias, manguezais, coqueirais, recifes e piscinas naturais.
  3. Os passeios com buggy pelas dunas.
  1. O clima de Campina Grande pode ser caracterizado como tropical semiárido pelas temperaturas médias anuais em torno de 23 graus Célsius e a precipitação média anual entre 700 milímetros e 800 milímetros ao ano.
  2. A localização de Campina Grande na fachada leste do Planalto da Borborema lhe confere características mais amenas do que aquelas das áreas sêcas do semiárido, uma vez que sofre influência da umidade que não precipitou na Zona da Mata.

9. Esta atividade propicia o protagonismo dos estudantes por meio da pesquisa e da organização de dados. Uma alternativa, caso os estudantes tenham acesso a computadores, seria incentivá-los a pesquisar e divulgar as informações pesquisadas em meio digital. Essa proposta tem por princípio estimular a aprendizagem ativa e o letramento midiático. Para isso, como o exemplo do texto da página 150 sobre as pescadoras artesanais da praia de Suape (Pernambuco), discuta como o modo de vida das populações tradicionais pode ser afetado negativamente pela sociedade moderna. Solicite que os alunos realizem pesquisas sobre o tema. Indique os aspectos que deverão ser pesquisados e ofereça indicações sobre fontes de pesquisa. Com base nos resultados da pesquisa, espera-se que os alunos definam a pauta que abordarão, ou seja, o tema da apresentação. Como sugestão, oriente-os a escrever um roteiro com frases para fins de um podcast e que serão narradas e gravadas em áudio. Ao final, poderão usar efeitos sonoros para incrementar a produção. Para mais informações sobre o uso de podcasts em sala de aula, sugerimos a leitura a seguir: GAROFALO, Débora. Chegou a hora de inserir o podcast na sua aula. Nova Escola, 24 setembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/G4BNaW. Acesso em: 29 abr. 2022.

PERCURSO 19 O SERTÃO

1. O Sertão: localização e condições naturais

Localização

O Sertão é a sub-região mais extensa do Nordeste. Localiza-se entre o Agreste e o Meio-Norte e se estende até o litoral setentrional do Nordeste, chegando às praias do Ceará e do Rio Grande do Norte (consulte o mapa da página 145). Nesse litoral de solo arenoso, o cajueiro, cuja exploração mantém muitas famílias, encontra o seu hábitat.

Clima

Predomina, no Sertão, o clima tropical semiárido com 6 a 8 meses secos por ano, como pode ser observado no mapa. Entretanto, existem áreas onde a semiaridez é mais acentuada, com 9 a 11 meses secos. É esse o caso de parte do Sertão da Paraíba, onde se localiza Cabaceiras, município brasileiro de menor média anual de chuva (278 milímetros).

Região Nordeste: diversidade climática

Mapa. Região Nordeste: diversidade climática. Caracterização do clima no Nordeste, delimitando as áreas quentes, com temperatura média superior a 18 graus celsius em todos os meses do ano, e as áreas subquentes, com temperatura média entre 15 e 18 graus celsius em pelo menos um mês do ano. Superúmido sem seca ou subseca e úmido com 1 a 3 meses secos: faixa litorânea correspondente a zona da mata; porção central no sertão da Bahia; faixas no agreste e sertão da Paraíba e de Pernambuco; área nos arredores de Fortaleza; porção mais a noroeste do Maranhão. Semiúmido com 4 a 5 meses secos: extensa faixa central do norte ao sul do Maranhão; sul do Piauí; oeste da Bahia. Semiárido com 6 a 8 meses secos: área mais extensa no interior dos estados, compreendendo a maior parte do sertão e a parte leste do meio-norte. Semiárido com 9 a 11 meses secos: porções no norte da Bahia, sul de Pernambuco e sertão da Paraíba. Úmido com 1 a 3 meses secos e semiúmido com 4 a 5 meses secos: áreas estritas em uma faixa do centro ao sul da Bahia e uma pequena porção no agreste pernambucano. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 230 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 96, 164 e 166.

Grafismo indicando atividade.

Em que estados do Nordeste o clima semiárido é mais seco?

Orientações e sugestões didáticas

O clima semiárido é mais seco nos estados de Pernambuco, Paraíba e Bahia, onde há áreas de clima semiárido com 9 a 11 meses secos. Comparando esse mapa com o da página 146, observam-se diferenças. Este apresenta subtipos climáticos do Nordeste que o anterior não apresenta. Assim, afasta-se a ideia de que no Sertão o clima é homogêneo.

No clima tropical semiárido do Sertão, além de escassas, as chuvas são irregulares e mal distribuídas no decorrer do ano.

Quixeramobim climograma

Gráfico. Quixeramobim, Ceará: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: precipitação: 80 milímetros; temperatura: 28 graus celsius. 
Fevereiro: precipitação: 110 milímetros; temperatura:  27 graus celsius. 
Março: precipitação: 180 milímetros; temperatura:  25 graus celsius.
Abril: precipitação: 170 milímetros; temperatura:  24 graus celsius.
Maio: precipitação: 130 milímetros; temperatura: 24 graus celsius.
Junho: precipitação: 70 milímetros; temperatura: 24 graus celsius.
Julho: precipitação: 40 milímetros; temperatura: 25 graus celsius.
Agosto: precipitação: 10 milímetros; temperatura: 26 graus celsius.
Setembro: precipitação: 5 milímetros; temperatura média: 27 graus celsius.
Outubro: precipitação: 5 milímetros; temperatura: 28 graus celsius.
Novembro: precipitação: 5 milímetros; temperatura: 28 graus celsius.
Dezembro: precipitação: 25 milímetros; temperatura: 29 graus celsius.
Acima do gráfico, quadro com a indicação da latitude: 5 graus sul; da longitude: 39 graus oeste; e da altitude: 191 metros.

Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 162.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Vidas sêcas.

Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. Duração: 105 minutos

História de uma família de retirantes do Sertão nordestino que migra em busca da superação das dificuldades impostas pela sêca. Filme realizado com base na obra literária homônima de Graciliano Ramos.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 19

Este Percurso apresenta a sub-região do Sertão, com seus principais aspectos físicos e econômicos. Destaca a engenharia da transposição do Rio São Francisco e o problema da sêca, apontando que esta não é apenas uma questão do clima, mas também política e social.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete gê ê zero seis
  • ê éfe zero sete gê ê zero sete
  • ê éfe zero sete gê ê um um

O início do Percurso 19 aborda os principais aspectos físicos do Sertão, como clima, vegetação e relevo. Dessa fórma, trabalha a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um.

Analise com os alunos o mapa “Região Nordeste: diversidade climática” e o climograma de Quixeramobim (Ceará) para que compreendam os subtipos climáticos do Sertão. Em seguida, mostre o curso do Rio São Francisco, desde a sua nascente até a sua foz, destacando que é um rio permanente, apesar de passar pelo Sertão. Aproveite para comentar que o Rio São Francisco é uma importante ligação entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Essa é uma fórma de destacar o papel do rio como uma via de transporte e comunicação e abordar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero sete.

A seção Rotas e encontros “Parque Nacional Serra da Capivara”, na página 163, aborda o antigo povoamento do Sertão e as marcas nas rochas deixadas pela ocupação humana na região. Incentive a sua leitura pelos alunos e acompanhe a resolução e o debate sobre as questões.

Nem todo o Sertão é seco

Assim como ocorre no Agreste, o Sertão também possui áreas úmidas: os brejos. O principal deles é o do Cariri (observe o mapa), localizado no sul do Ceará, na base da encosta norte da Chapada do Araripe.

O Cariri possui fontes de água que possibilitam o desenvolvimento da agricultura e da criação de gado no ambiente da Caatinga. No Cariri, desenvolveram-se cidades importantes, como Crato e Juazeiro do Norte, cuja área de influência se estende a vários municípios.

Em virtude de suas condições naturais favoráveis, o Cariri é a segunda porção mais povoada do território do Ceará, atrás apenas da Região Metropolitana de Fortaleza. Considerando-se o Sertão, o Cariri é a área que tem a maior densidade demográfica.

O Cariri

Mapa. O Cariri. Localização da região do Cariri, na porção sul do estado do Ceará, na borda da chapada do Araripe. Identificação dos rios Salgado e Jaguaribe, do Açude de Orós, e de algumas cidades importantes, como Crato e Juazeiro do Norte, pertencentes à região do Cariri, além de Iguatu, Crateús, Quixadá, Sobral e Fortaleza, capital do estado. Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 100 quilômetros.

Fonte: MAGNOLI, Demétrio; arbéquis José; Nelson Conhecendo o Brasil: Região Nordeste. São Paulo: Moderna, 1999. página 45. (Coleção Desafios).

Vegetação e relevo

A vegetação nativa do Sertão é a Caatinga, que na língua tupi significa “mata branca” (repare as fotos A e B). Ela se encontra bastante modificada pela ocupação humana, iniciada na segunda metade do século dezesseis, com a criação de gado.

Fotografia A. Vista de uma área com vegetação seca, sem folhagem, formada por arbustos e árvores de pequeno porte com galhos expostos. Também é possível observar o solo seco. Em destaque, no centro da imagem, uma espécie de cacto.
Fotografia B. Vista de uma área com vegetação formada por arbustos e árvores de pequeno porte, com folhagem verde e flores. Na parte de cima da fotografia, ao fundo, vista de um morro.
A Caatinga é rica em biodiversidade e nela há substâncias usadas para várias finalidades, entre elas medicinais. Na foto A, Caatinga em período de estiagem, município de Canudos, Bahia (2021). Na foto B, Caatinga após período de chuva, município de Floresta, Pernambuco (2022).

O relevo apresenta diversas altitudes, com chapadas e depressões, destacando-se a Depressão Sertaneja e do São Francisco, por onde corre o importante Rio São Francisco, o grande rio permanente ou perene (que não séca) que atravessa o Sertão.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Peça aos alunos que desenvolvam uma pesquisa sobre a fauna e a flora da Caatinga, a fim de aprofundarem seus conhecimentos sobre a biodiversidade desse bioma.

Divida-os em grupos de até cinco alunos. Para que as pesquisas não se repitam, indique para cada grupo um tema a ser investigado. Uma parte dos grupos pode pesquisar a flora, e, dentro desse tema, um grupo pode buscar informações sobre plantas medicinais; outro, sobre árvores frutíferas; outro, sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (pânqui). Já os grupos que pesquisarem a fauna podem reunir informações sobre mamíferos, aves, répteis, insetos.

Cada grupo deve elaborar um cartaz com informações sobre o que pesquisou, nomes das plantas e dos animais e trazer imagens que retratem seus aspectos. O cartaz deverá ser apresentado aos colegas em sala de aula, em uma data previamente agendada. Ao final, exponha os cartazes em algum local da escola para que outros alunos conheçam mais sobre a Caatinga.

2. O Rio São Francisco

O Rio São Francisco, com .2700 quilômetros de extensão, nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, a mais de .1000 metros de altitude, e deságua no Oceano Atlântico, marcando a divisa entre os estados de Alagoas e Sergipe.

Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco

Mapa. Bacia hidrográfica do Rio São Francisco. Delimitação da área de abrangência da bacia, identificação da rede hidrográfica com os principais afluentes e localização de algumas cidades importantes. 
Minas Gerais: área de abrangência: porção central e extensa área à nordeste do estado; nascente na região da Serra da Canastra; principais afluentes: Rio Pará, Rio Paraopeba, Rio das Velhas, Rio Paracatu, Rio Jequitaí, Rio Urucuia, Rio Verde Grande; cidades importantes: Belo Horizonte, Três Marias, Pirapora, São Francisco, Januária. 
Bahia: área de abrangência: extensa faixa que compreende o oeste e parte do norte do estado; principais afluentes: Rio Carinhanha, Rio Corrente; cidades importantes: Bom Jesus da Lapa, Xique-Xique, Remanso, Juazeiro, Paulo Afonso.
Pernambuco: área de abrangência: faixa central e o oeste do estado; cidades importantes: Cabrobó, Petrolina.
Alagoas: área de abrangência: porção oeste do estado; cidade importante: Penedo.
Sergipe: área de abrangência: porção norte do estado. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 190 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 150-153.

Por ser um rio de planalto, apresenta em seu curso várias quedas-d’água, que são aproveitadas para a produção de energia elétrica. Ao longo de seu curso estão instaladas as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho e Xingó. O Rio São Francisco é navegável de PiraporaMinas Gerais até Jua­zeiro Bahia e PetrolinaPernambuco, onde serve de limite entre essas duas cidades.

Fotografia. Vista de um rio caudaloso, de extensão larga, no centro da imagem, atravessando da esquerda para a direita. Na parte de cima, ao fundo, junto a uma das margens do rio, aparece uma cidade. Na parte de baixo da fotografia, junto a outra margem do rio, aparece mais uma cidade. Existe uma ponte que atravessa o rio, conectando as duas cidades.
Na foto, vista das cidades de Juazeiro Bahia no primeiro plano e, ao fundo, a cidade de Petrolina Pernambuco, unidas pela Ponte Presidente Eurico Gaspar Dutra sobre o Rio São Francisco (2021).

Destaca-se, também, sua importância para a pesca, a irrigação de terras e a agricultura de vazante, realizada sobre os sedimentos depositados pelo rio em suas margens na época de cheia. Desde o período colonial, o Rio São Francisco tem importante papel na comunicação e no transporte, possibilitando o intercâmbio entre Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Foi primordial para a criação de gado, servindo de via para o transporte de alimentos (milho, carne-sêca, feijão, farinha), para o abastecimento da região das minas, e por ele seguiam escravos e garimpeiros vindos de outras regiões.

Diferentemente de grande parte dos rios do Sertão, que são intermitentes ou temporários, isto é, secam no período de estiagem, o Rio São Francisco é perene (ou permanente). Apesar da baixa pluviosidade e da grande evaporação de suas águas no semiárido, e do fato de seus afluentes da margem direita serem temporários, esse rio não séca porque sua nascente é alimentada pelas chuvas que caem na Serra da Canastra Minas Gerais, e seus afluentes situados em território mineiro também estão em áreas bem regadas por chuvas.

Esse rio tem sido secularmente alterado pela ação humana. Além da poluição da água por resíduos industriais, domésticos e de garimpo, o desmatamento das margens tem causado seu assoreamento.

Orientações e sugestões didáticas

Destaque o importante papel do Rio São Francisco como via de transporte e de comunicação entre diferentes regiões do Brasil. Essa via influenciou e influencia na configuração do território brasileiro, como na construção de hidrelétricas, atividades agrícolas, trechos navegáveis etcétera Dessa fórma, contempla-se a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero sete.

Oriente a leitura do mapa desta página, que apresenta a extensão do Rio São Francisco, pedindo aos alunos que localizem a nascente, a foz e os estados pelos quais o rio passa.

Após os alunos observarem a foto desta página, peça que localizem, no mapa, as duas cidades citadas na legenda.

Tema contemporâneo transversal

Desenvolva um trabalho com os alunos sobre o tema Diversidade Cultural com base na etnografia do patrimônio cultural de diversos coletivos sociais de 17 municípios que margeiam o curso navegável do rio São Francisco em Minas Gerais. Consulte o documento a seguir: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Inventário cultural do Rio São Francisco. Belo Horizonte: iêfa-Minas Gerais, 2015.

Por meio dos textos e imagens dessa publicação e de outras que poderá explorar, tenha em mente promover positivamente a cultura e a história afro-brasileira, quilombola, dos povos do campo e outros que, com seus valores, tradições, organizações, conhecimentos, fórmas de participação social e saberes, valorizam o multiculturalismo que está na base das matrizes históricas e culturais brasileiras.

A transposição das águas do Rio São Francisco

A ideia de desviar parte das águas do Rio São Francisco para irrigar o Sertão surgiu em 1858. Após essa data, ela foi debatida algumas vezes, sem ter se concretizado.

Em 2004, foi aprovado um projeto para a transposição do Rio São Francisco, e as obras foram iniciadas em 2008. Parte das águas do rio será bombeada para áreas de altitudes mais elevadas, em direção a dois eixos, onde correrão por aquedutos e canais para outros rios, reservatórios e açudes, abastecendo a população do Sertão. Observe alguns aspectos do projeto de transposição no esquema e no mapa desta página.

Rio São Francisco: a engenharia da transposição

Ilustração. Rio São Francisco: a engenharia da transposição. 
Representação de um eixo de transposição das águas do Rio São Francisco. 
À esquerda, um curso de água representando o Rio São Francisco e a direção do fluxo; na margem direita, um canal ligando o rio a uma estação de bombeamento. Texto explicativo: estações de bombeamento: bombas de sucção atuam como elevadores, transportando a água para níveis mais elevados.
Saindo da estação de bombeamento, há representações de aquedutos, túneis, galerias e degraus para o deslocamento da água, além de reservatório para armazenamento. Texto explicativo: aquedutos: canais suspensos que conduzem a água entre vãos, sobre terrenos acidentados, vales e depressões; túneis: funcionam como atalhos, através de elevações ou morros ao longo do caminho; galerias: permitem a passagem subterrânea da água, preservando áreas nobres; degraus: permitem o escoamento da água de um local alto para um mais baixo; reservatórios: locais para armazenamento de água, com tamanhos variáveis, encontrados ao longo dos eixos de obra.
À direita, o destino final da transposição, com a representação de um açude e de uma estação de bombeamento para distribuição. Texto explicativo: açudes: principais receptores da água que abastecerá os moradores do semiárido.

Fonte: elaborado com base em Revista Nossa História, número 18. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional/São Paulo: Vera Cruz, abril 2005. página 24.

A transposição das águas do Rio São Francisco gerou polêmicas. Ambientalistas ainda temem pelos impactos ambientais e sociais que a obra poderá acarretar – entre eles, a diminuição do seu volume de água.

Considerada a maior obra de infraestrutura hídrica do país, com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), essa transposição objetiva a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

Eixos do projeto

Mapa. Eixos do projeto. Mapa das áreas abrangidas pela transposição das águas do Rio São Francisco, localizando os eixos de transposição, os rios receptores, as centrais elétricas, as barragens e as áreas de influência e diretamente afetadas. 
Eixo Norte: captação no Rio São Francisco na altura do município de Floresta, em Pernambuco. Receptores: Rio Salgado, Rio Apodi, Rio Piranhas. 
Eixo Leste: captação no Rio São Francisco na altura do município de Floresta, em Pernambuco. Receptores: Rio Moxotó, Rio Paraíba. 
Áreas diretamente afetadas: faixas estreitas de terras que acompanham os eixos. 
Áreas de influência direta: áreas que acompanham os arredores dos eixos. 
Áreas de influência indireta: maior faixa na região, que compreende o sertão dos estados do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas e do norte da Bahia. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 100 quilômetros.

Fonte: BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional: Relatório de Impacto Ambiental – ríma. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2004. página57.

Orientações e sugestões didáticas

Em 2021, as obras da transposição ainda estavam inacabadas: o Eixo Leste, em pré-operação, abastecia 1,4 milhão de pessoas, em 12 municípios de Pernambuco e em 34 da Paraíba; no Eixo Norte, a construção do Ramal do Salgado, no Ceará, ainda estava em processo de licitação.

Complemente a explicação citando outro projeto em execução, que é o da construção de cisternas, uma iniciativa governamental, em parceria com a iniciativa privada, lançada em meados de 2003 para contornar o problema da sêca no semiárido. O objetivo é garantir o abastecimento de água para o consumo doméstico e para a agricultura de subsistência. Com capacidade de 16 mil litros, as cisternas são construídas com placas de cimento junto às casas e, por meio de calhas instaladas nos telhados, coletam a água da chuva, mantendo-a em um reservatório. É um procedimento simples e de baixo custo, e o programa tinha o objetivo de construir um milhão de cisternas rurais. A meta foi alcançada em 2014, beneficiando milhões de pessoas. Em 2020, houve um retrocesso com a construção de apenas .8310 cisternas, o que representou uma queda de 73% em relação a 2019, quando foram construídas .30583 cisternas, e de mais de 94% em relação a 2014, com cêrca de 149 mil cisternas.

Competência

Realize com os alunos a leitura das imagens desta página, com base na Competência Específica de Geografia 2: “Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história”.

O esquema e o mapa sobre o projeto de engenharia da transposição do Rio São Francisco são complementares. Os eixos do projeto, mostrados no mapa, só se tornaram possíveis graças ao desenvolvimento das técnicas de engenharia para a construção dos canais da transposição. Isso permitiu fazer um uso muito mais amplo das águas do Rio São Francisco, impensável décadas atrás.

3. Sertão: economia

Desde o período da economia colonial, desenvolveu-se no Sertão a criação de gado bovino vindo do Agreste. As seguintes cidades, entre outras, tiveram sua origem ligada a essa atividade: Brotas de Macaúbas, Brumado, Jaguaquara, Jequié, Morro do Chapéu e São Felipe, localizadas na Bahia; Oeiras e Paulistana, no Piauí; e Pastos Bons, no Maranhão. A expansão da criação de gado para o interior do Nordeste ocorreu a partir de Olinda e Recife, em Pernambuco, e de Salvador, na Bahia (observe o mapa).

Os principais produtos cultivados no Sertão são: milho, feijão, arroz, mandioca, algodão e frutas.

Nordeste: deslocamento e expansão da criação de gado bovino – século dezoito

Mapa. Nordeste: deslocamento e expansão da criação de gado bovino no século dezoito. Mapa localizando os dois eixos de deslocamentos: a penetração baiana e a penetração pernambucana. 
Penetração baiana: a partir de Salvador e de Tapuitapéra, no atual estado da Bahia, os deslocamentos ocorriam pelo litoral, em direção ao norte, e para o interior, na direção oeste; também partiam de São Cristóvão, no litoral do atual Sergipe, para o interior, acompanhando o Rio São Francisco; outros eixos da penetração baiana partiam do Rio São Francisco e atravessavam pelo interior dos atuais estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí e Maranhão.  
Penetração pernambucana: partindo de Olinda e Recife, corriam todo o litoral e adentrava em direção ao interior, desde o atual estado de Alagoas e até a faixa onde hoje é o Maranhão. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 220 quilômetros.
Observe o mapa considerando que, no século dezoito, não havia as divisões dos estados. Elas foram representadas apenas para se ter melhor visão espacial.

Fonte: GANCHO, Cândida Vilares; TOLEDO, Vera Lúcia Vilhena de. Caminhos do boi: pecuária bovina no Brasil. quinta edição São Paulo: Moderna, 1993. página 16.

A fruticultura desenvolveu-se com sucesso no Sertão graças ao uso de técnicas de irrigação implantadas a partir dos anos 1980. Duas áreas se destacam: a do vale do Rio Açu, no Rio Grande do Norte, e a do vale submédio do Rio São Francisco, onde se localizam dois centros urbanos muito importantes: os municípios de Petrolina Pernambuco e Juazeiro Bahia . Ali são cultivados uva, manga, melão, abacaxi, mamão e outras frutas, que são vendidas aos mercados interno e externo. As áreas irrigadas permitem até quatro safras anuais, dependendo da fruta cultivada.

Essas áreas irrigadas, entretanto, são insuficientes para atender todos os agricultores da região. Desse modo, convivem no vale submédio do Rio São Francisco uma agricultura agroexportadora em escala internacional, com forte tendência à concentração da propriedade da terra, e outra baseada em minifúndios que não dispõem de sistemas de irrigação. As famílias proprietárias dos minifúndios constituem a mão de obra assalariada empregada nas grandes propriedades das áreas irrigadas.

Fotografia. Vista do alto de uma área rural com diversas plantações e uma estrada atravessando as áreas de cultivo.
Plantação de uvas irrigada com água do Rio São Francisco em Petrolina, Pernambuco (2021). Além de uva, nas áreas irrigadas são cultivados manga, goiaba, acerola, melancia, melão, tomate, graviola, aspargo, entre outros.
Orientações e sugestões didáticas

Enfatize para os alunos que condições naturais extremas não são necessariamente um impedimento ao desenvolvimento social e econômico de determinada região. Como tratado no texto, atualmente há conhecimentos e técnicas que possibilitam transformar o espaço a fim de permitir sua ocupação e seu desenvolvimento socioeconômico, até mesmo em regiões onde os fenômenos naturais são mais extremos. É o caso das obras de irrigação no Sertão nordestino, que viabilizam a produção agrícola numa área de baixa umidade, como as plantações de uva irrigadas com água do Rio São Francisco no município de Petrolina (Pernambuco), localizado na Depressão Sertaneja e do São Francisco.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Desmatamento silencioso da Caatinga tem intensificado a desertificação do semiárido brasileiro

“Mais de 50% das áreas do semiárido brasileiro já ‘estão com processo de desertificaçãoglossário acentuado’, e cêrca de 10 a 15% do território enfrenta uma situação de desertificação severa reticências informa Iêdo Bezerra de Sá

De acordo com o engenheiro florestal, no Brasil a desertificação no semiárido tem se agravado por causa do desmatamento na Caatinga. ‘Ao desmatar a Caatinga, os solos ficam completamente expostos a todas as intempéries’, frisa. Além do desmatamento, Bezerra de Sá enfatiza que a irregularidade das chuvas contribui para que a degradação seja ainda mais acentuada em algumas regiões. ‘Há locais, por exemplo, aqui onde estou agora, em Petrolina – que é no extremo oeste de Pernambuco –, em que chove 450 a 500 milímetros por ano. O grande problema é essa irregularidade das chuvas: elas caem de fórma muito concentrada, chove muito em pouco tempo, ou seja, os 500 milímetros se concentram em apenas dois, três meses e, às vezes, 20%, 30% da chuva do ano cai em apenas um dia’.

Ele informa ainda que o maior polo de produção de gesso do país, localizado em Araripe, no Ceará, responsável pela produção de 95% de todo o gesso produzido no país, utiliza energia de biomassa, mas aproximadamente ‘50% dessa energia é oriunda de desmatamentos ilegais e clandestinos. O governo sabe disso, as autoridades sabem disso e estamos com um trabalho muito importante de conscientização dessas empresas que utilizam biomassa na sua matriz energética’. Entre as soluções para tentar reduzir a desertificação, o pesquisador chama atenção para a necessidade de investir em planos de manejo florestal sustentável para a Caatinga, de modo a utilizar o bioma de contínua e sustentável’ e recuperar as áreas degradadas, que levam de 30 a 40 anos para serem regeneradas.

faquin, Patrícia; CHAVES, Leslie. Desmatamento silencioso da Caatinga tem intensificado a desertificação do semiárido brasileiro. í agá ú On-Line, 28 julho 2015. Disponível em: https://oeds.link/JbSwt5. Acesso em: 25 abril 2022.

Região Nordeste: bioma Caatinga

Mapa. Região Nordeste: bioma caatinga. 
Delimitação da área de abrangência do bioma caatinga, compreendendo a maior parte do sertão e porções a oeste do agreste, se estendendo até parte do norte de Minas Gerais. O mapa ainda localiza a cidade de Petrolina, em Pernambuco, e a Chapada do Araripe, na divisa dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 270 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em . Manual para recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga. Seropédica: Agrobiologia, 2010. página 4.

 Interprete

1. A desertificação no semiárido do Nordeste está relacionada a que intervenção humana no bioma Caatinga?

 Argumente

2. De que fórma o desmatamento e o clima do semiárido influenciam no processo de desertificação?

 Contextualize

3. A localidade em que você vive apresenta clima semelhante ou diferente do existente no semiárido do Nordeste do Brasil? Descreva-o.

Orientações e sugestões didáticas

O texto desta seção aprofunda os conhecimentos prévios dos alunos sobre os impactos ambientais no Domínio da Caatinga, apresentados na página 35 da Unidade 1. Também esclarece o impacto da ação humana no semiárido, no clima regional e no processo de desertificação que ocorre nesse domínio.

Respostas

  1. A desertificação no semiárido está relacionada ao processo de desmatamento da Caatinga e também à extração da madeira para servir de fonte de energia (biomassa) na produção de gesso, que ocorre na Chapada do Araripe, no Ceará.
  2. O desmatamento deixa o solo desnudado, ou seja, exposto à ação das intempéries (chuva, vento, insolação etcétera), e a irregularidade das precipitações contribui para a desertificação: “elas caem de fórma muito concentrada, chove muito em pouco tempo, ou seja, os 500 milímetros [anuais que caem em Petrolina, por exemplo] se concentram em apenas dois, três meses e, às vezes, 20%, 30% da chuva do ano cai em apenas um dia”.
  3. Depende da localidade em que o aluno vive. Espera-se que os alunos estabeleçam comparações entre as características climáticas de sua localidade e as do semiárido. Oriente os alunos a apontar aproximadamente as médias anuais térmicas e pluviométricas da localidade em que vivem e o período do ano em que essas médias são maiores. Auxilie-os na pesquisa dos dados climáticos e, se julgar interessante, realize na sala de aula o cálculo da temperatura média.

Tema contemporâneo transversal

Desenvolva o tema Educação Ambiental, considerando, por exemplo, a importância da adoção de práticas sustentáveis por parte de empresas e da população em geral, como uma das fórmas de combater ou mitigar intervenções humanas inadequadas no meio ambiente.

Interdisciplinaridade

O texto permite trabalhar com o professor de Ciências a questão do clima do semiárido, além do conceito de manejo florestal sustentável e de aspectos relacionados ao impacto do uso da energia de biomassa na Caatinga.

4. As questões sociais e políticas da sêca

As sêcas prolongadas são um problema antigo no Nordeste – há referências a elas desde o século dezesseis –, e suas implicações sociais e políticas marcam a história da região.

A indústria da sêca

Muitas famílias que habitam o semiárido enfrentam dificuldades durante os períodos de sêca prolongada. Para minimizar esse problema, os governos federal e estaduais repassam verbas (dinheiro) aos municípios mais afetados pela falta de chuva para socorrer as vítimas e construir obras emergenciais, como açudes. Entretanto, nem sempre o dinheiro é aplicado de maneira correta. Muitas vezes, parte dessa verba é desviada por maus políticos que se aproveitam do problema para fazer benfeitorias em suas propriedades. Esse tipo de prática recebe o nome de “indústria da sêca”. Por essa razão, iniciativas da sociedade civil organizada buscam desenvolver outras soluções e romper com a lógica assistencialista do “combate à sêca” e seus problemas, como é o caso da Articulação Semiárido Brasileiro (ása).

Pobreza, migrações e sêca

A sêca tem sido considerada, de maneira incorreta, a principal causa da condição de pobreza em que vive uma parcela da população do Nordeste, da migração de seus habitantes para outras regiões do Brasil ou da existência de famílias de retirantesglossário .

Em verdade, as principais causas são de natureza social e política – os problemas ocasionados pelas sêcas poderiam ter sido superados se tivesse havido, historicamente, mais preocupação dos governos federal e estaduais em combatê-los, uma vez que existem, desde muito tempo, recursos técnicos disponíveis para isso, como a irrigação de terras.

Cabe ainda lembrar que as sêcas ocorrem no Sertão e não na Zona da Mata; porém, nesta última sub-região, por causa da pobreza de boa parte de sua população, muitos também migram para outras regiões do Brasil em busca de melhores condições de vida.

Fotografia em preto e branco.  Um pequeno caminhão com muitas pessoas tentando se acomodar na parte de trás, em cima da carroceria. Ao redor do caminhão estão outras pessoas em pé.
Entre 1950 e 1970, muitos retirantes nordestinos migraram para as grandes cidades, sobretudo para as da Região Sudeste. Foram chamados de “paus de arara” por usar como transporte caminhões de mesmo nome, improvisados com bancos de madeira e cobertos por lona, sem conforto (foto de 1952).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Central do Brasil.

Direção: Walter Salles. Brasil: Audiovisual Development Bureau MinC, 1998. Duração: 111 minutos

Na Central do Brasil, famosa estação de trens do Rio de Janeiro, a personagem Dora trabalha escrevendo cartas para migrantes analfabetos, que assim mantêm laços com parentes distantes.

Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Orientações e sugestões didáticas

Em relação às questões sociais e políticas da sêca, forneça e coloque em discussão argumentos complementares. Inicialmente, é oportuno perguntar: “É a sêca o único fator responsável pela pobreza de parcela da população do Nordeste e pela grande migração?”. Não. As causas da pobreza naquela região não são naturais, mas fundamentalmente sociais e políticas. Para demonstrar que a sêca não é a causa principal da pobreza e das migrações da população do Nordeste, pondere mais três argumentos:

Há grande concentração da propriedade da terra

A desigual distribuição da propriedade da terra e da riqueza é também responsável pela pobreza: as grandes propriedades rurais pertencem a poucas pessoas, enquanto as pequenas áreas são muito fragmentadas, com dimensões diminutas, e há muitos trabalhadores rurais sem terra.

Grande parcela da população tem baixo rendimento mensal

cêrca de 47,4% das famílias da Região Nordeste tinham, em 2019, um rendimento mensal familiar per cápita de até meio salário mínimo e 1,5% não tinha redimento. Viviam, portanto, em condição de pobreza.

Isso ocorre também nas outras regiões do Brasil. Entretanto, é no Nordeste que a proporção de pessoas pobres é maior. O baixo rendimento mensal é uma das causas das migrações da população da Região Nordeste.

Os problemas causados pelas sêcas podem ser superados

Existem meios técnicos para isso; um deles é a irrigação das terras.

Ao trabalhar com os alunos o texto da seção Rotas e encontros, na página seguinte, considere que os conhecimentos prévios dos alunos sobre as Unidades de Conservação (ú cê ésse), apresentadas na página 36 da Unidade 1, poderão ser retomados para uma melhor compreensão sobre o Parque Nacional Serra da Capivara como unidade de proteção integral.

Ícone. Seção Rotas e encontros.

Rotas e encontros

Parque Nacional Serra da Capivara

Parque Nacional

“O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado em 1979, para preservar vestígios arqueológicos da mais remota presença do homem na América do Sul.

Com uma área de aproximadamente 130 mil hectares, [o parque] está localizado no sudeste do estado do Piauí e ocupa parte dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias.

Situado no domínio morfoclimático das caatingas, em uma região fronteiriça de duas grandes formações geológicas – a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do Rio São Francisco –, com vegetação e relevo diversificado e paisagens de beleza surpreendente, possui pontos de observação privilegiados de vales, serras e planícies. Apresenta também um dos conjuntos de sítios arqueológicos mais relevantes das Américas, que têm fornecido dados e vestígios importantes para uma revisão geral das teorias estabelecidas sobre a entrada do homem no continente americano.

Patrimônio

A criação do parque possibilitou a segurança dos sítios arqueológicos que representam o testemunho da antiguidade da presença humana na América do Sul.

O Parque Nacional da Serra da Capivara apresenta vestígios do testemunho da vida de grupos culturais que, há dezenas de milênios, ocuparam a região, estabelecendo fórmas de vida adaptadas ao meio ambiente e desenvolvendo uma cultura rica e complexa. Os registros rupestres são evidência tangível da riqueza das culturas dos povos do passado pré-colonial brasileiro.

O conjunto de sítios arqueológicos oferece datações recuadas temporalmente, que revolucionaram as teorias clássicas das rotas de entrada do homem nas Américas pelo estreito de béringui. Segundo estudos produzidos, toda a área do parque foi ocupada por grupos de caçadores-coletores e, posteriormente, por ceramistas-agricultores. As descobertas realizadas no Sítio Arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, por exemplo, levantaram a hipótese de que o homem poderia ter vivido, nesse local, há 60 mil anos.”

ifân Parque Nacional Serra da Capivara. Disponível em: https://oeds.link/3hRYlI. Acesso em: 25 abril 2022.

Fotografia. Vista de uma parede rochosa com diversas pinturas rupestres. Os desenhos são de animais de quatro patas e alguns círculos.
Pinturas rupestres na Toca do Boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (2021).

 Interprete

  1. Aponte o motivo da criação do Parque Nacional Serra da Capivara.
  2. Em dupla, produzam um infográfico sintetizando as informações do texto.

 Argumente

3. Em sua opinião, por que o Parque Nacional Serra da Capivara é importante para a arqueologia e para a humanidade?

Orientações e sugestões didáticas

Interdisciplinaridade

O professor de História poderá contribuir com subsídios a respeito da relevância arqueológica e histórica do Parque Nacional Serra da Capivara, como também comentar outros casos e tradições de gravuras rupestres no Brasil. Por meio da plataforma indicada no item Temas contemporâneos transversais, juntos vocês também poderão apresentar cartografia digital com dados arqueológicos e paleontológicos do Nordeste, orientando os estudantes a aplicar filtros para procurar sítios com variados tipos de vestígios, inclusive fósseis. Esses recursos digitais ampliam as possibilidades do desenvolvimento dos conteúdos estudados, permitindo que os alunos tenham contato com um repertório cultural que, se não fossem os meios digitais, só estaria acessível em museus especializados, muitas vezes inacessíveis à maior parte da população. Também seria oportuno identificar e discutir com os alunos a gênese da produção do saber histórico, analisando o significado das fontes que originaram determinadas fórmas de registro em sociedades e épocas distintas, e as hipóteses científicas sobre o surgimento da espécie humana e sua historicidade.

Respostas

  1. É “um dos conjuntos de sítios arqueológicos mais relevantes das Américas, que têm fornecido dados e vestígios importantes para uma revisão geral das teorias estabelecidas sobre a entrada do homem no continente americano”.
  2. O infográfico é um tipo de gênero multissemiótico, isto é, ele combina diferentes linguagens, como a verbal e a visual, por exemplo. Ao transformar o texto em infográfico, os alunos desenvolvem a capacidade de compreensão e seleção de informações que serão reelaboradas com o auxílio da linguagem visual (ícones, tipografia, imagens etcétera). Há plataformas de design gráfico gratuitas que podem ser úteis neste momento. Se possível, explore algumas com antecedência para apresentá-las aos estudantes.
  3. Verifique a coerência nas respostas dos alunos. É importante que compreendam que o Parque Nacional da Serra da Capivara abriga os mais antigos vestígios arqueológicos da presença humana nas Américas, como pinturas e gravuras rupestres, permitindo conhecer a vida de nossos ancestrais e o meio físico-natural em que viviam, bem como seu legado para os dias atuais.

Temas contemporâneos transversais

Esta seção contempla os temas Educação Ambiental e Diversidade Cultural. Destaque a importância desse parque como um dos principais centros científicos de arte rupestre do mundo. Convide os alunos para conhecer os sítios arqueológicos nordestinos e um pouco mais sobre o passado da região visitando a plataforma Summa Arqueológica, disponível em: https://oeds.link/itHIC3; acesso em: 29 março 2022. Antes de sugerir a atividade, estabeleça um roteiro indicando o que deve ser observado.

PERCURSO 20 O MEIO-NORTE

1. O Meio-Norte: localização e condições naturais

Localização

A sub-região do Nordeste denominada Meio-Norte ou Nordeste Ocidental compreende parte do estado do Piauí e todo o estado do Maranhão (localize-a no mapa da página 145).

Vegetação

O Meio-Norte é uma sub-região de transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia úmida (clima equatorial úmido).

Na sua porção oeste predomina a Floresta Amazônica, bastante desmatada pela ocupação humana; na porção sul predomina o Cerrado (foto A); na porção leste predomina a Caatinga; e na porção centro-norte, a Mata dos Cocais (foto B). Em algumas áreas essas paisagens vegetais se misturam.

Fotografia A. Vista de uma área com vegetação formada por arbustos e árvores de médio porte com galhos retorcidos. Ao fundo, na parte de cima da imagem, vista de um morro em formato retangular.
Vegetação de Cerrado no município de Carolina, Maranhão (2018).
Fotografia B. Vista de uma área com muitas palmeiras e vegetação baixa. Ao fundo, céu azul.
Mata dos Cocais no município de São Raimundo Nonato, Piauí (2021).
Orientações e sugestões didáticas

Percurso 20

Este Percurso apresenta a sub-região do Meio-Norte, com seus principais aspectos físicos e econômicos, e aborda o processo de formação de seu espaço geográfico.

Ao explorar o conteúdo desta página, sugerimos retomar os conceitos de domínio morfoclimático e de faixa de transição, conhecimentos prévios desenvolvidos nas páginas 32 e 33 da Unidade 1, que contribuem para a compreensão da diversidade de paisagens vegetais no Meio-Norte.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero sete gê ê zero um
  • ê éfe zero sete gê ê zero três
  • ê éfe zero sete gê ê zero sete
  • ê éfe zero sete gê ê um um

Solicite aos alunos que localizem a sub-região Meio-Norte e o clima que prevalece nessa sub-região, respectivamente nos mapas “Região Nordeste: sub-regiões naturais”, na página 145, e “Região Nordeste: climas”, na página 146. Trabalhe os aspectos naturais do Meio-Norte, a fim de contemplar a habilidade ê éfe zero sete gê ê um um. Destaque os aspectos econômicos e ressalte o papel do extrativismo e da agropecuária nessa sub-região.

Proceda à leitura do mapa da página 168 e ressalte a importância da Ferrovia Norte-Sul para a integração regional e econômica, desenvolvendo, dessa fórma, a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero sete. Enfatize para os alunos que a ferrovia, principalmente no transporte de carga, é mais econômica que a rodovia. A ferrovia possibilita, com a mesma quantidade de combustível, o transporte do quádruplo de carga transportada na rodovia (na hidrovia, essa relação é de aproximadamente 18 vezes).

Leia com os alunos a seção Cruzando saberes da página 169. Além de essa seção cumprir o objetivo de despertar nos alunos o sentido de solidariedade humana e a construção da cidadania na defesa dos direitos de segmentos desfavorecidos da sociedade brasileira, ela possibilita o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três. Essa habilidade requer construir com os alunos o reconhecimento de povos e comunidades diversificadas e suas territorialidades.

Os quilombos em Alcântara são um exemplo da dificuldade enfrentada pelos quilombolas para terem suas terras e o acesso a elas garantidos, ainda que a própria Constituição brasileira defenda seus direitos. Esse caso chama a atenção porque o próprio Estado desapropriou as populações quilombolas, negando-lhes o direito previsto por lei.

Por fim, a atividade 8, na página 171, coloca em prática a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero um. A atividade busca trabalhar com os alunos os estereótipos que os meios de comunicação divulgam sobre a Região Nordeste, propondo que avaliem reportagens a respeito dessa região.

Relevo e hidrografia

O Meio-Norte possui terras predominantemente em altitudes baixas (entre 0 e 200 metros); apenas na porção mais ao sul as terras situam-se em altitudes mais elevadas (entre 200 e 500 metros) e, em pequenos trechos, em altitudes entre 500 e 800 metros, onde nascem vários rios que formam a rica rede hidrográfica do Meio-Norte.

Destaca-se nessa sub-região o Rio Parnaíba, com extensão de .1414 quilômetros (observe a foto). Ele faz a divisa entre os estados do Piauí e Maranhão e deságua no Oceano Atlântico. Sua foz, em fórma de delta, localiza-se no município de Parnaíba, onde se encontra o principal porto do estado do Piauí.

Em seu alto curso e em parte do curso médio, é um típico rio de planalto, com várias corredeiras. Nele, foram construídas a barragem e a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança. O rio é navegável em sua porção de planície, sobretudo entre Teresina, capital do Piauí, e Parnaíba, no litoral do estado.

Fotografia. Vista de uma área de relevo plano, com um rio caudaloso, de extensão larga, no centro da imagem. Nas margens, grande área com vegetação e um espaço com terra seca sem vegetação.
Rio Parnaíba, na divisa entre os estados do Maranhão e do Piauí (2020).

Clima

No Meio-Norte predomina o clima tropical com verão úmido e inverno seco. No extremo oeste do Maranhão, o clima é equatorial úmido. As médias térmicas anuais situam-se entre 24 graus Célsius e 26 graus Célsius e a precipitação total anual varia, conforme a área considerada, de .1000 milímetros a mais de .2000 Em São Luís, capital do Maranhão, que se localiza em área litorânea, a precipitação é elevada (.2200 milímetros anuais) (observe o climograma). Em Teresina, no Piauí, a única capital da Região Nordeste que não se localiza no litoral, a precipitação é menor (.1678 milímetros anuais).

São Luís climograma

Gráfico. São Luís, Maranhão: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: precipitação: 250 milímetros; temperatura: 28 graus celsius. 
Fevereiro: precipitação: 320 milímetros; temperatura:  27 graus celsius. 
Março: precipitação: 450 milímetros; temperatura:  25 graus celsius.
Abril: precipitação: 450 milímetros; temperatura:  25 graus celsius.
Maio: precipitação: 300 milímetros; temperatura: 25 graus celsius.
Junho: precipitação: 180 milímetros; temperatura: 26 graus celsius.
Julho: precipitação: 120 milímetros; temperatura: 25 graus celsius.
Agosto: precipitação: 30 milímetros; temperatura: 26 graus celsius.
Setembro: precipitação: 25 milímetros; temperatura média: 27 graus celsius.
Outubro: precipitação: 10 milímetros; temperatura: 28 graus celsius.
Novembro: precipitação: 12 milímetros; temperatura: 28 graus celsius.
Dezembro: precipitação: 90 milímetros; temperatura: 29 graus celsius.
Acima do gráfico, quadro com a indicação da latitude: 2 graus sul; da longitude: 44 graus oeste; e da altitude: 24 metros.

Fontes: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 159; í bê gê É. Anuário estatístico do Brasil 2020. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2021. página 1-7.

Grafismo indicando atividade.

Em que estações do ano ocorrem as maiores precipitações na cidade de São Luís?

Orientações e sugestões didáticas

De acordo com o climograma, na cidade de São Luís, as maiores precipitações ocorrem em parte do verão (fevereiro e março) e no outono (parte de março, abril e maio).

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

– Meio-Norte

https://oeds.link/0yERfw

Ao visitar este portal, você pode assistir ao vídeo “Sisteminha : produção sustentável e integrada de alimentos” e conhecer como é possível uma família obter boa parte de seu sustento alimentar no quintal de sua casa.

Orientações e sugestões didáticas

Explique aos alunos que o Delta do Parnaíba é uma Área de Proteção Ambiental (Ápa). Essa Ápa abrange os estados do Maranhão, Piauí e Ceará. Na região também há uma Reserva Extrativista (rêsécs), a Marinha do Delta do Parnaíba. Essas duas áreas se sobrepõem. Os habitantes vivem principalmente da agricultura, da pesca e da coleta de caranguejo. Estima-se que vivam cêrca de 3 mil pessoas nessa área, onde também há fluxo de turistas. O delta é conhecido por suas belezas naturais e paisagens variadas, com dunas, rios, praias, mangues e lagoas.

2. Meio-Norte: construção inicial do espaço

A construção inicial do espaço geográfico do Meio-Norte está relacionada a quatro acontecimentos:

  • a fundação da cidade de São Luís, em 1612, pelos franceses, que pretendiam ali se fixar, mas que, em 1615, foram expulsos por tropas formadas por soldados e colonos portugueses e luso-brasileiros. Após a expulsão, os colonos iniciaram o plantio de cana-de-açúcar e a produção de açúcar nas imediações de São Luís (observe o mapa);
  • o povoamento inicial do Piauí, diferentemente de outras porções do território brasileiro, foi realizado do interior para o litoral. Vaqueiros vindos dos currais do Rio São Francisco entraram em terras que hoje correspondem ao Piauí e, ao encontrar pastagens naturais, iniciaram o povoamento daquela área;
  • as expedições de apresamento de indígenas, com o objetivo de transformá-los em mão de obra escrava nos engenhos de açúcar de São Luís e de Pernambuco, favoreceram o surgimento de povoados;
  • os aldeamentos indígenas realizados pelos padres jesuítas e de outras congregações transformaram-se em cidades.

Nordeste: economia – século dezessete

Mapa. Nordeste: economia no século dezessete. Localização das principais atividades econômicas no período e as cidades e vilas 
Cana-de-açúcar: concentrada na faixa litorânea, entre São Jorge dos Ilhéus e Salvador, e de Penedo até os arredores de Natal, além do entorno de São Luís. 
Pecuária e eixos de expansão: a partir de Salvador até São Cristóvão, avançando em direção ao interior pelo vale do Rio São Francisco até o norte do atual estado de Minas Gerais, abarcando também algumas porções no interior dos atuais estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba, Piauí e Maranhão.  
O mapa também mostra as regiões de ocupação holandesa, no caso, toda faixa litorânea de São Cristóvão, Penedo, Porto Calvo, Recife, Olinda, Paraíba, Natal e Fortaleza, nos atuais estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.  
Na parte de baixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.

Fonte: MELLO, Neli A. de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. segunda edição São Paulo: êduspi/Imprensa Oficial, 2014. página 37.

Na segunda metade do século dezoito e no século dezenove, o Maranhão teve maior desenvolvimento e povoamento por causa da introdução do cultivo de algodão e sua exportação. Data desse período a modernização da cidade de São Luís. Com o dinheiro obtido com a exportação desse produto, grandes plantadores e comerciantes construíram casarões que podem ser observados ainda hoje.

Fotografia. Construções vistas de frente. Elas são altas e possuem muitas janelas e portas em formato de arco. À frente, uma pequena rua de pedras.
São Luís, capital do Maranhão, situa-se na Ilha de São Luís, na baía de São Marcos, que fórma com a baía de São José o Golfão Maranhense. A cidade se destaca pelas construções da época áurea da cultura e da exportação de algodão. Na foto, casarios no centro histórico de São Luís, Maranhão (2020).
Orientações e sugestões didáticas

Realize a leitura do mapa desta página buscando desenvolver a conexão, um princípio do raciocínio geográfico. De acordo com esse princípio, qualquer fenômeno geográfico tem interação com um ou outros fenômenos próximos ou distantes. Portanto, aplique esse princípio para que os alunos compreendam melhor como se deu a formação do espaço geográfico do Meio-Norte. Enfatize que os quatro acontecimentos indicados no texto foram cruciais para o desenvolvimento do que hoje conhecemos como Meio-Norte. Os ciclos econômicos e o fluxo de pessoas que ocorreram nessa sub-região ao longo dos séculos contribuíram para a sua ocupação e formação.

3. As capitais regionais e outras cidades

As duas capitais regionais do Meio-Norte são Teresina Piauí e São Luís Em 1º de julho de 2021, segundo estimativas do í bê gê É possuíam respectivamente .871126 e ..1115932 habitantes. Considerando a rede urbana do Meio-Norte, outras cidades se destacam, como Imperatriz, Codó, Caxias e São José de Ribamar, no Maranhão, e Parnaíba, no Piauí. O município de Alcântara, situado na baía de São Marcos, sobressai pela arquitetura antiga (sua fundação data de 1755) e por possuir um centro de lançamento de foguetes espaciais.

Essas cidades, assim como muitas outras no Brasil, apresentam carência de infraestrutura urbana, que se estende desde a questão habitacional até a precariedade de saneamento básico.

Fotografia. Vista de uma grande estrutura metálica, equivalente a um edifício de nove andares. No topo da estrutura, há o desenho da bandeira do Brasil. À frente, uma rua asfaltada que vai até a estrutura. Nas margens da rua estão diversas torres em branco e vermelho.
Instalações do Centro de Lançamento de Alcântara, Maranhão (2018). No centro da foto observa-se a Torre Móvel de Integração, construída para atividades com o Veículo Lançador de Satélites.

4. Meio-Norte: economia

Até aproximadamente 1960, a economia do Meio-Norte assentava-se na criação de gado, cultura do algodão, extração do babaçu, produção de açúcar, plantio e beneficiamento de arroz e extração da cera de carnaúba. Era uma economia, portanto, de base agropecuária.

A partir dos anos 1970, iniciou-se, na região, um processo de modernização econômica. Investimentos foram realizados na agropecuária, principalmente por fazendeiros originários da Região Sul, e no extrativismo vegetal e mineral. O Maranhão passou a ser o escoadouro das riquezas minerais da Serra dos Carajás, no estado do Pará. Para tanto, foi construída a Estrada de Ferro Carajás, ligando as jazidas minerais ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Esse porto foi equipado para exportar minério de ferro e receber navios de grande capacidade de transporte.

Fotografia. Vista do alto mostrando um porto. Na parte de baixo da imagem, dois navios cargueiros, barcos rebocadores e guindastes; no centro, grandes galpões, esteiras para carregamento dos navios e algumas construções. À direita e ao fundo, grande faixa com vegetação.
Vista aérea do Complexo Portuário de Itaqui em São Luís, capital do Maranhão (2019), por onde é escoado minério de ferro extraído da Serra dos Carajás.
Orientações e sugestões didáticas

Se julgar necessário, durante a leitura do texto “Meio-Norte: economia”, comente que a extração do babaçu é uma atividade extrativista de grande importância no Meio-Norte, pois proporciona rendimentos e sustento para muitas famílias. Da palmeira da qual se retira o babaçu, aproveita-se muita coisa: as amêndoas são usadas para fazer óleo, e as folhas, para cobertura de casas, alimentação animal, produção de esteiras e cestos, entre outros artefatos.

Por trás dessa atividade estão mulheres que se unem em movimentos sociais a fim de defender o extrativismo e o acesso delas aos babaçuais, que vêm sendo ameaçados pela expansão da agropecuária.

Para que os alunos compreendam o texto sobre a economia do Meio-Norte, retome os conhecimentos prévios sobre a atividade mineradora na Serra dos Carajás, apresentados na página 126 da Unidade 4.

A Ferrovia Norte-Sul

Espera-se que outro grande impulso à economia do Meio-Norte seja dado com a conclusão da construção da Ferrovia Norte-Sul (observe o mapa). Essa ferrovia faz entroncamento com a Estrada de Ferro Carajás em Açailândia Maranhão , permitindo acesso ao Porto de Itaqui, em São Luís De Açailândia ela segue em direção a Araguaína Tocantins. Em sua extensão total, a ferrovia ligará o município de Rio Grande Rio Grande do Sul a Belém em um percurso total de .4200 quilômetros.

A produção agropecuária do sul do Maranhão, Piauí e Tocantins (soja, carneetcétera, atualmente com dificuldades de escoamento, deverá se dinamizar com a maior facilidade de acesso ao Porto de Itaqui, que, por sua localização, facilita a exportação para Europa, Estados Unidos e Canal do Panamá, por onde se pode chegar até a Ásia. Além disso, a facilidade de transporte por essa ferrovia deverá estimular a ocupação de novas terras e o aumento da produção, criando uma nova fronteira agrícola no Brasil e a reorganização do espaço. A ampliação e a modernização da infraestrutura do transporte ferroviário promoverão mais avanços econômicos, integração nacional e competitividade global.

Brasil: Ferrovia Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás – 2021

Mapa. Brasil: Ferrovia Norte-Sul e Estrada de Ferro Carajás – 2021. Mapa mostrando o traçado dos trechos em projeto e em operação da Ferrovia Norte-Sul e a extensão da Estrada de Ferro Carajás, em plena operação. Identificação das 27 unidades federativas, da capital do país, das capitais de estados e de algumas cidades importantes ao longo dessas ferrovias. 
Ferrovia Norte-Sul (em operação): trecho que liga a cidade de Estrela D’Oeste, no estado de São Paulo, na divisa com Minas Gerais, e atravessa a região do Triângulo Mineiro, o estado de Goiás, passando por Quirinópolis, Santa Helena de Goiás, Ouro Verde de Goiás, Goiânia, Santa Isabel, Uruaçu, Campinorte, Porangatu; o estado do Tocantins, passando por Figueirópolis, Gurupi, Porto Nacional, Palmas, Araguaína; e o estado no Maranhão, passando por Estreito, Porto Franco até Açailândia. 
Ferrovia Norte-Sul (em projeto): dois trechos, um que prevê a ligação com a porção sul do país, a partir de Estrela D’Oeste, atravessando o oeste dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e a faixa central do Rio Grande do Sul, até Pelotas e Rio Grande; e outro que prevê a ligação entre Açailândia e Barcarena, próxima a Belém, no Pará. 
Estrada de Ferro Carajás: trecho que liga as cidades de Serra Sul, Paraupébas e Carajás, no Pará, à São Luís, no Maranhão, passando por Açailândia, onde há um entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.

Fonte: valéqui. Mapa das ferrovias Disponível em: https://oeds.link/4b5PVL. Acesso em: 25 abril 2022.

Grafismo indicando atividade.

Observe o mapa e aponte o nome da ferrovia que escoa o minério de ferro de Carajás Pará até o Porto de Itaqui, em São LuísMaranhão.

Orientações e sugestões didáticas

A Estrada de Ferro Carajás escoa o minério de ferro de Carajás até o Porto de Itaqui.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

O município em que você mora é servido por ferrovia? Você acha importante um território, um país ou um município ser “cortado” por ferrovias? Por quê?

Orientações e sugestões didáticas

Para responder às perguntas do boxe No seu contexto, espera-se que o aluno reconheça a importância de uma rede ferroviária, que, além de possibilitar o transporte de carga e de passageiros mais barato que o rodoviário, é um elemento propulsor do desenvolvimento espacial.

O conteúdo abordado nesta página, como também a atividade do boxe No seu contexto, contribui para a análise acerca da influência das ferrovias na configuração do território brasileiro, conforme preconiza a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero sete, complementando assuntos estudados na Unidade 3 deste livro quando tratamos as redes de transporte e comunicação.

Sugerimos que seja explicado que os Estados Unidos fizeram a ligação do Atlântico ao Pacífico por ferrovias já no século , integrando o seu território. O Brasil está procurando fazer essa integração espacial com mais de 100 anos de atraso em relação àquele país.

Trabalhe princípios do raciocínio geográfico com os alunos a partir do mapa, como a distribuição e a localização dos objetos técnicos no território brasileiro. Os objetos, nesse caso, são as ferrovias em evidência. Faça perguntas para identificarem como estão representadas as linhas férreas e a sua localização: “Em quais unidades da federação há projetos?”; “Que unidades da federação não têm ferrovias?”.

Ao trabalhar com os alunos o texto da seção Cruzando saberes, na página seguinte, sugerimos que leia na íntegra o texto indicado na fonte para se informar sobre a argumentação da fôrça Aérea Brasileira em resposta à questão abordada. Se possível, solicite aos alunos que releiam, no Percurso 8 (Unidade 2), o texto “Os brasileiros nos censos do í bê gê É”, na página 70, para que recordem o que são “comunidades quilombolas” e visualizem o mapa “Brasil: número de comunidades quilombolas – 2021”, na página 71.

Atividade complementar

Caso os alunos ainda tenham dificuldades na apreensão de algum conteúdo desenvolvido nesta Unidade, sugira uma atividade de pesquisa que contribua para a resolução delas. Se necessário, informe algumas fontes que podem ser consultadas. Depois, peça aos alunos que comen­tem os resultados obtidos na pesquisa. Estimule todos da turma a dar contribuições à pesquisa dos colegas. Finalize averiguando se todas as dúvidas foram solucionadas.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

A luta dos remanescentes de quilombos em Alcântara (Maranhão)

Localizada a cêrca de 70 quilômetros da séde do município de Alcântara – ao qual a fórma mais rápida de chegar, vindo de São Luís, é a travessia de 22 quilômetros de barco pela baía de São Marcos –, Itamatatiua é o principal povoado de uma rede de 42 comunidades que, para os moradores, são ‘terras de Santa Teresa’.

Há mais de 30 anos as comunidades quilombolas estão envolvidas na luta por 62 mil dos 85 mil hectares identificados como pertencentes ao território tradicional. Essas terras foram desapropriadas pelo governo do estado do Maranhão para a construção do Centro de Lançamento de Alcântara da fôrça Aérea Brasileira , onde o governo federal desenvolve o programa aeroespacial com foguetes.

Para implantar o cê éle á em 1983, o governo deslocou 312 famílias quilombolas de suas terras sem consultá-las, sem pagar indenizações ou reparar os danos sociais, culturais, políticos e econômicos a elas. A violação de direitos dessas famílias foi denunciada, em 2008, na Organização Internacional do Trabalho, em Genebra, na Suíça.

Aproximadamente 70% dos 22 mil habitantes de Alcântara vivem na área rural, boa parte em comunidades quilombolas. De acordo com a Fundação Palmares, reticências o município concentra o maior número dessas comunidades certificadas no Brasil: são 156.

A Comunidade Itamatatiua foi certificada em 2006, mas até agora as terras não foram tituladas, etapa final do processo de regularização – por sinal, nenhum dos 39 títulos já expedidos no Maranhão foi para Alcântara. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (íncra) é o responsável pela titulação das comunidades quilombolas.

Paulo. A luta dos remanescentes de quilombos em AlcântaraMaranhão . Brasil de Fato, 5 janeiro 2017. Disponível em: https://oeds.link/EFqyKA. Acesso em: 25 abril 2022.

Fotografia. Vista de uma praia com uma extensa faixa de areia e a água do mar ao fundo. Em destaque, na areia, dois homens manuseando uma rede de pesca.
Pescadores na comunidade quilombola de Mamuna, Alcântara, Maranhão (2019).

 Interprete

  1. Explique o que é o
  2. Por que essas comunidades quilombolas foram deslocadas de suas terras para outras?

 Argumente

3. Na sua opinião, quais direitos deveriam ser garantidos às comunidades quilombolas em relação à terra em que habitavam?

Orientações e sugestões didáticas

Aproveite para trabalhar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero três, ressaltando os argumentos presentes no texto que justificam a territorialidade e os direitos legais dos quilombolas.

Respostas

  1. É o “Centro de Lançamento de Alcântara (cê éle á) da fôrça Aérea Brasileira (FAB), onde o governo federal desenvolve o programa aeroespacial com foguetes”.
  2. Essas comunidades foram deslocadas para que fosse implantado o Centro de Lançamento de Alcântara, pertencente à fôrça Aérea Brasileira.
  3. Espera-se que os alunos reconheçam que os ancestrais dessas comunidades já ocupavam essas terras, obtendo sua subsistência e criando raízes, tradições e laços de afetividade com esses lugares.

Tema contemporâneo transversal

A Educação em Direitos Humanos é o tema contemplado nesta seção. Resgate e explique os conceitos de terra, território e territorialidade, que poderão contribuir para a defesa dos direitos territoriais e de cidadania, valorização e respeito à identidade e aos modos de vida de minorias, como comunidades quilombolas e outras (populações atingidas por barragens, povos indígenas, ribeirinhos, comunidades extrativistas, pequenos agricultores etcétera) que têm seus direitos territoriais violados por governos e interesses econômicos. Comente a atualidade da questão, a morosidade e as incertezas enfrentadas por essas comunidades para verem seus direitos garantidos, informando aos alunos que o governo federal publicou a Resolução número 11, de 26 de março de 2020, para retomar o plano de ampliação da Base de Alcântara, com deslocamento compulsório de moradores de terras quilombolas, em uma área de mais de 12 mil hectares. Atualize os fatos quando trabalhar o assunto com os alunos.

Interdisciplinaridade

O professor de História poderá contextualizar a importância do reconhecimento dos territórios quilombolas (territórios ancestrais) e contribuir com argumentos que reconheçam as comunidades que neles vivem como portadoras de direitos territoriais coletivos e que valorizem a identidade delas e da população de origem africana de modo geral.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 19 e 20

Registre em seu caderno.

  1. Leia as questões a seguir e indique em seu caderno as afirmativas corretas. Em seguida, explique as incorreções das demais.
    1. O Sertão:
      1. é a segunda maior sub-região do Nordeste e localiza-se entre o Agreste e o Meio-Norte.
      2. é a sub-região do Nordeste “cortada” pelo Rio São Francisco, que no período de longas estiagens torna-se um rio temporário, ou seja, séca.
      3. é a sub-região mais extensa do Nordeste e caracteriza-se pelo predomínio do clima semiárido, com ocorrência de algumas áreas úmidas.
    1. O Meio-Norte:
      1. é uma zona de transição entre o Sertão e a Amazônia, com predomínio do clima tropical.
      2. tem São Luís como a cidade mais populosa da Região, que se localiza no delta do Rio Parnaíba.
      3. terá sua produção agropecuária ampliada com a conclusão da construção da Ferrovia Norte-Sul.
      4. é uma zona de transição entre o Sertão e a Amazônia, com apenas dois tipos de vegetação: Mata dos Cocais e Cerrado.
  2. A construção inicial de espaços geográficos no Meio-Norte está relacionada a que fatos históricos? Explique-os, resumidamente.
  3. Podemos afirmar que a sêca que ocorre de tempos em tempos no Nordeste é a única causa das migrações internas dessa região do Brasil para as demais?
  4. Nos últimos anos, o oeste da Bahia tem apresentado grande desenvolvimento agrícola e atraído investimentos de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Observe o mapa e responda às questões.

Principais municípios do oeste baiano

Mapa. Principais municípios do oeste baiano. Mapa destacando a região oeste da Bahia, com a localização das principais cidades, de alguns rios perenes e temporários e das rodovias pavimentadas. Cidade: Cocos, Santa Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa, São Desidério, Ibotirama, Luís Eduardo Magalhães, Formosa do Rio Preto, Barreiras, Barra. Rios perenes: há vários atravessando a região. Rios temporários: dois concentrados na porção leste. Rodovia pavimentada: diversas rodovias interligando as principais cidades da região. À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 90 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 170.

  1. Consulte o mapa da página 156 e aponte o tipo de clima predominante no oeste baiano.
  2. Que fator hidrográfico, aliado ao clima, permite ao oeste do estado da Bahia apresentar grande desenvolvimento agroindustrial?

5. A Região Nordeste passou por mudanças significativas nas últimas décadas, com desenvolvimento socioeconômico e inclusão social. Uma situação bem diferente da vivenciada na primeira metade do século passado. A partir disso, observe, na página seguinte, o quadro Retirantes, de 1944, do pintor brasileiro Candido Torquato Portinari (1903-1962), e responda às questões.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. A afirmativa três é correta. A incorreção da afirmativa um está no fato de que o Sertão é, em verdade, a maior sub-região do Nordeste; a da afirmativa dois evidencia-se no fato de que o Rio São Francisco não séca mesmo nos períodos de longas estiagens.
  2. As afirmativas um e três são corretas. A afirmativa dois está incorreta porque a cidade de São Luís localiza-se na Ilha de São Luís, na baía de São Marcos; a afirmativa quatro está incorreta porque no Meio-Norte há quatro tipos de vegetação: a Floresta Amazônica, o Cerrado, a Caatinga e a Mata dos Cocais.
  1. A fundação da cidade de São Luís, em 1612, pelos franceses, a sua expulsão pelos portugueses e luso-brasileiros, o plantio de cana-de-açúcar e a produção de açúcar nas suas imediações pelos colonos portugueses; o povoamento inicial do Piauí, realizado do interior para o litoral pelos vaqueiros vindos dos currais do Rio São Francisco; as expedições de apresamento de indígenas, que favoreceram o surgimento de povoados, e os aldeamentos indígenas, promovidos por congregações religiosas.
  2. A sêca no Sertão contribui para as migrações dessa região para as demais do Brasil, mas não é a única causa. A condição de pobreza em que vive uma parcela de sua população e a falta de oportunidades de emprego são as principais causas.
    1. O clima predominante no oeste baiano é o semiúmido, com 4 a 5 meses secos.
    2. A porção oeste do território baiano está localizada a oeste do Rio São Francisco e é uma área irrigada por rios perenes.
Pintura. À esquerda, uma mulher com cabelo preto e saia rosa-claro está descalça e segurando um bebê muito magro no braço direito. Atrás dela, um senhor magro com cabelo e barba grisalhos e calça cinza; ele está com os olhos arregalados, a boca aberta e segurando um cajado. No centro, uma mulher com cabelo comprido e saia bege está segurando um bebê no braço direito e uma trouxa de roupas sobre a cabeça com a mão esquerda. Ao lado, um homem com chapéu, camisa clara e calça está descalço, segurando um pedaço de madeira fino e comprido com uma trouxa de roupas na ponta sobre o ombro esquerdo e, segurando com a mão direita, a mão de uma criança. A criança está com chapéu, camisa azul e descalça. À direita, uma criança com cabelo encaracolado está olhando para a frente com os olhos arregalados e a boca virada para baixo. Na frente dela, uma criança com cabelo encaracolado, camisa xadrez, branca e preta e barriga grande; está descalça e olhando para frente com a boca virada para baixo. Em volta deles, no chão há várias pedras pequenas e ao fundo, no céu azul há vários pássaros pretos voando e uma lua cheia preta.
Retirantes (1944), de Candido Portinari, óleo sobre tela, 190 centímetros por 180 centímetros.
  1. A paisagem representava qual sub-região nordestina? Justifique.
  2. Que características da família demonstravam a dificuldade de sobrevivência dessa população?
  3. Que características você identifica nessa sub-região atualmente?

6. Observe o climograma de dois municípios e identifique a sub-região na qual eles se localizam. Explique como você chegou a essa conclusão.

Petrolina Pernambuco: climograma

Gráfico. Petrolina, Pernambuco: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: Precipitação: 80 milímetros; Temperatura: 28 graus celsius.
Fevereiro: Precipitação: 85 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius.
Março: Precipitação: 148 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius.
Abril: Precipitação: 60 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius.
Maio: Precipitação: 20 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius.
Junho: Precipitação: 10 milímetros; Temperatura: 26 graus celsius.
Julho: Precipitação: 5 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius.
Agosto: Precipitação: 10 milímetros; Temperatura: 26 graus celsius.
Setembro: Precipitação: 3 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius.
Outubro: Precipitação: 20 milímetros; Temperatura: 29 graus celsius.
Novembro: Precipitação: 60 milímetros; Temperatura: 28 graus celsius.
Dezembro: Precipitação: 65 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius. 
Acima do gráfico, quadro com a indicação da latitude: 9 graus sul; da longitude: 40 graus oeste; e da altitude: 376 metros. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 220 quilômetros.

Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 163.

PropriáSergipe: climograma

Gráfico. Propriá, Sergipe: climograma. No eixo vertical esquerdo: precipitação média mensal, em milímetros; no eixo vertical direito: temperatura média mensal, em graus Celsius; no eixo horizontal: a letra inicial de cada mês do ano.   
Janeiro: Precipitação: 49 milímetros; Temperatura: 28 graus celsius. 
Fevereiro: Precipitação: 50 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius. 
Março: Precipitação: 75 milímetros; Temperatura 25 graus celsius. 
Abril: Precipitação: 150 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius. 
Maio: Precipitação: 175 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius. 
Junho: Precipitação: 170 milímetros; Temperatura: 26 graus celsius. 
Julho: Precipitação: 150 milímetros; Temperatura: 25 graus celsius. 
Agosto: Precipitação: 80 milímetros; Temperatura: 26 graus celsius. 
Setembro: Precipitação: 60 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius. 
Outubro: Precipitação: 49 milímetros; Temperatura: 29 graus celsius. 
Novembro: Precipitação: 25 milímetros; Temperatura: 28 graus celsius. 
Dezembro: Precipitação: 49 milímetros; Temperatura: 27 graus celsius. 
Acima do gráfico, quadro com a indicação da latitude: 10 graus sul; da longitude: 36 graus oeste; e da altitude: 14 metros.

Fonte: MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. página 165.

  1. Até 1930, os senhores de engenho ou coronéis, como eram chamados os fazendeiros mais ricos da Região Nordeste, influenciaram e controlaram eleições por meio de currais eleitorais e voto de cabresto. Pesquise o significado de curral eleitoral e voto de cabresto e elabore um texto que responda às seguintes questões.
    1. Em sua opinião, por que essas práticas eram possíveis?
    2. Há alguma relação entre os “coronéis”, a indústria da sêca e os fluxos migratórios do Nordeste para outras regiões, principalmente entre 1940 e 1990?
  2. Você já pensou sobre como a Região Nordeste é representada nos meios de comunicação? Pesquise cinco reportagens sobre essa região, com fotos, e responda.
    1. Qual é o tema de cada reportagem? Escreva no caderno o título de cada uma delas.
    2. Que características da região as fotos retratam? Exemplos: atividades econômicas, aspectos naturais, urbanos, rurais, problemas ambientais etcétera
    3. O conjunto de textos e imagens representa a diversidade da Região Nordeste? Explique.
    4. De maneira geral, que aspectos da Região Nordeste poderiam ser abordados pelos meios de comunicação para valorizar a sua diversidade?
Orientações e sugestões didáticas
  1. Ao Sertão, pois o quadro retrata os retirantes que migravam em razão da sêca e da extrema pobreza.
  2. A aparência da família indica a falta de disponibilidade de alimentos, e o saco na cabeça demonstra a migração, praticada por muitos moradores do sertão.
  3. Os alunos podem mencionar aspectos relacionados ao desenvolvimento socioeconômico, como o uso de técnicas de agricultura irrigada em diferentes áreas, a expansão da fruticultura e a realização de obras de infraestrutura hídrica voltadas ao abastecimento da população, que incluem a construção de açudes, reservatórios e cisternas.
  1. Petrolina está no Sertão, e Propriá, na Zona da Mata. Em Petrolina, o período seco é prolongado e as médias pluviométricas são inferiores a 600 milímetros anuais, características do clima tropical semiárido. Propriá tem médias pluviométricas em torno de 1.100 milímetros anuais e chuvas no período entre abril e julho, característica do clima litorâneo úmido.
    1. Curral eleitoral é a localidade onde o chefe político tem muita influência sobre os eleitores, angariando os seus votos por meio de festas, premiações e rígida vigilância dos cabos eleitorais. O voto de cabresto é aquele em que o eleitor, influenciado por um chefe político ou cabo eleitoral, vota sem saber exatamente em quem vota ou por que vota. Se possível, apresente o “Glossário eleitoral brasileiro” (disponível em: https://oeds.link/GH1mca acesso em: 29 abril 2022). Esta é uma oportunidade para informar aos alunos que a pobreza que atinge grande parte da população nordestina, a falta de perspectivas de melhores condições de vida e a dificuldade de acesso à educação facilitam a ação desses chefes políticos.
    2. O contrôle oligárquico sobre a população e o desvio das verbas públicas que poderiam amenizar os problemas da região (a chamada “indústria da sêca”) beneficiam uma minoria em detrimento da maioria. A partir da década de 1990, ocorreu um movimento de retorno da migração nordestina, motivado pelo crescimento econômico da Região Nordeste e pelos programas de transferência de renda.

8. O objetivo dessa atividade é desenvolver o senso crítico dos alunos por meio da análise de informações veiculadas nos meios de comunicação, a fim de trabalhar a habilidade ê éfe zero sete gê ê zero um. Com base no conjunto dos materiais pesquisados, estimule-os a identificar eventuais estereótipos acerca das paisagens e do processo de formação territorial da região e chame a atenção para o fato de que todas as regiões do país apresentam diversidade de aspectos naturais, econômicos e sociais.

Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens.

Desembarque em outras linguagens

Moraes Moreira:

GEOGRAFIA NA MÚSICA

Fotografia. Um homem de bigode, com cabelos pretos e cacheados na altura dos ombros. Ele usa óculos de sol e chapéu e segura uma guitarra e está na frente de um microfone.

Antônio Carlos Moreira Pires, mais conhecido como Moraes Moreira (na foto, em 2012), nasceu em Ituaçu, na Bahia, em 1947, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2020. Cantor, compositor e músico, começou a carreira tocando sanfona de doze baixos em festas de São João.

Durante os anos 1970, integrou o conjunto Novos Baianos, que marcou a música popular brasileira ao combinar elementos de diferentes ritmos, como samba, bossa nova, rock e frevo. A partir de 1975 iniciou carreira solo e lançou mais de vinte álbuns.

Conheça, agora, a canção do compositor dedicada ao Rio São Francisco, também chamado de “rio da integração nacional” por conectar o estado de Minas Gerais, na Região Sudeste do Brasil, a estados da Região Nordeste.

São Francisco

“O meu caminho eu escolho

Tirando o cisco do olho

Enxergo longe, me arrisco

Sou como o Rio São Francisco

Faço no tempo viagens

No espaço da noite e do dia,

Indo, fluindo às margens

De Pernambuco e Bahia

Andando por todos os lados

Sincretizandoglossário os Estados

Arrematando as costuras

Na integração das culturas

Assim como o rio promovo

O abraço que a gente precisa

Em busca do que é mais novo

Sim ultrapasso a divisa

Fazendo a ponte, sem medo

Antonio sou brasileiro

João, Geraldo Azevedo

Petrolina e Juazeiro

Por essas águas tão boas

Sou navegante feliz

Sergipes e Alagoas

Minas, imensos brasis

Quem pode parar a planície,

Os rios e os oceanos?

Ah meu amor, acredite

Também assim sem limite

É o sonho dos seres humanos

Quem pode parar o planeta?

E o movimento que há?

Ah meu amor, com certeza

As forças da natureza

O vento quem pode parar?

Lavam na beira do rio

As lavadeiras de Deus

A alma dos pecadores

E o coração dos ateus”

MOREIRA, Moraes. São Francisco. In: MOREIRA, Moraes. Estados. Virgin Brasil/ 1996.

Região Hidrográfica do São Francisco

Mapa. Região hidrográfica do São Francisco. Delimitação da área de abrangência da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, identificação da rede hidrográfica com os principais afluentes e localização de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 150 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê Éponto Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É 2018. página 105.

Orientações e sugestões didáticas

Moraes Moreira (1947-2020) foi um importante músico e compositor brasileiro. Acompanhe os alunos na leitura do texto, na interpretação da linha do tempo e da letra de música sobre o Rio São Francisco, realizando uma contextualização sobre a importância do referido rio e, se possível, ouvindo com eles a canção. Em seguida, aborde as questões propostas, que recebem especial atenção por envolverem a interpretação da letra de música, merecendo leitura dirigida dos versos com os alunos. É importante ressaltar que, além da letra de música trabalhada na seção, existem diversas canções brasileiras que versam sobre os recursos hídricos e a relação do ser humano com a água.

Outras sugestões são: “Águas de março”, de Tom Jobim; “Planeta água”, de Guilherme Arantes; “Riacho do navio”, de Luiz Gonzaga; “Xote da navegação”, de Chico Buarque e Dominguinhos; “Rio de lágrimas”, de Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci; “Sobradinho”, de Sá e Guarabyra, entre outras.

Para que os alunos compreendam melhor os versos da canção de Moraes Moreira, explique que o Rio São Francisco também é chamado de “rio da integração nacional” ou “Rio da unidade nacional”, por ligar Minas Gerais ao Nordeste; de “Rio dos currais”, pela sua importância na criação de gado no período colonial; ou ainda de “Velho Chico”, assim denominado carinhosamente pelos moradores do seu vale.

Interdisciplinaridade

Com o professor de Língua Portuguesa, sugerimos o trabalho com poemas escritos em verso, dedicados ao Rio São Francisco ou a outros rios, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade ê éfe seis sete éle pê três um desse componente curricular: “Criar poemas compostos por versos livres e de fórma fixa (como quadras e sonetos), utilizando recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e videopoemas, explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros recursos visuais e sonoros”. Com o professor de Arte, sugerimos explorar uma ou mais manifestações artísticas do Vale do Rio São Francisco, com o objetivo de retratar a variedade e a riqueza das culturas sertaneja e ribeirinha. No âmbito desse componente curricular e com base no caso do músico Moraes Moreira, também é interessante desenvolver as habilidades ê éfe seis nove á érre um seis e ê éfe seis nove á érre um oito, respectivamente: “Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética” e “Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais”.

 Caixa de informações

  1. Quais estados brasileiros mantêm relações com as águas do Rio São Francisco?
  2. O Rio São Francisco é chamado de “rio da integração nacional”. Em que versos da canção essa ideia aparece?

 Interprete

  1. Que relação o compositor estabelece entre a fórma como ele conduz a própria vida e o curso do rio?
  2. Segundo a canção, não se pode parar a planície, os ventos, os rios e os oceanos. Você concorda com essa afirmação? Por quê?

 Mãos à obra

5. Inspire-se na composição do artista Moraes Moreira para criar poemas visuais que expressem a sua relação com os elementos da natureza – o formato do relevo, os rios, a vegetação etcétera Primeiro, escolha um tema para o seu poema. Na sequência, elabore o contorno do elemento que será representado em um papel ou em um editor de textos e imagens no computador. Contorne ou preencha o desenho usando a sequência de palavras escolhidas. Use a criatividade para relacionar o poema à fórma da ilustração, associando a linguagem verbal e a linguagem não verbal. Com a ajuda e a orientação do professor, o conjunto de poemas elaborados pela turma poderá dar origem a um livro artesanal ou a um livro digital. Para isso, todos os alunos deverão adotar um padrão para a orientação das páginas – horizontal ou vertical. Lembrem-se de criar um título para a coletânea de poemas e uma capa que represente o trabalho de todos os autores. As capas podem ser ilustradas por meio de elementos gráficos obtidos em programas digitais de criação de desenhos ou recortes de revistas e jornais e ilustrações criadas pelos próprios alunos.

Poema visual. Na parte superior, o título: PINGO DE CHUVA. Abaixo, a disposição do texto forma do contorno de uma gota, com a extremidade superior fina, a parte inferior arredondada e o meio vazio. O texto: O primeiro pingo de chuva que caiu sobre o chão seco do meu sertão, te digo: me fez também chover!  Abaixo, o nome do autor: Fábio Bahia.
Pingo de Chuva, exemplo de poesia visual elaborada pelo poeta Fábio Bahia. Os poemas criados pelo artista são disponibilizados em suas redes digitais.
Versão adaptada acessível

5. Inspire-se na composição do artista Moraes Moreira para criar um poema que expresse a sua relação com os elementos da natureza – o formato do relevo, os rios, a vegetação etc. Primeiro, escolha o tema para o seu poema e utilize a sua criatividade para expressar em palavras como você percebe esse elemento, mobilizando o que você sente e conhece sobre ele.

Orientação para acessibilidade

A criação do poema pode levar em consideração a maneira como os alunos percebem os elementos da natureza por meio dos sentidos auditivo, tátil e olfativo. É possível destinar uma aula para que os alunos declamem seus poemas e conversem sobre suas percepções em relação à natureza.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. A nascente do Rio São Francisco encontra-se em Minas Gerais, estado que, assim como a Bahia, é atravessado por suas águas; o rio constitui divisa natural entre os estados da Bahia/Pernambuco e Sergipe/Alagoas. Explique aos alunos que a Bacia do Rio São Francisco abrange uma área maior, alcançando ainda Goiás e o Distrito Federal.
  2. “Andando por todos os lados/Sincretizando os Estados/Arrematando as costuras/ Na integração das culturas.”
  3. Espera-se que os alunos identifiquem a relação de liberdade entre a vida do compositor e a “vida” do rio, expressa, por exemplo, no fato de percorrerem vários estados, como o rio vivendo a vida sem medo de avançar, de enxergar ao longe o desconhecido, de estar preparado para abraçar o novo.
  4. Estimule os alunos a refletir a respeito da ação do ser humano sobre o relevo e as águas. As barragens das hidrelétricas, por exemplo, represam enorme quantidade de água – “param” o rio – para servir à produção de energia elétrica, ao mesmo tempo que estradas cortam planícies, “interrompendo-as”. Com exemplos como esses, faça comparações, nos moldes do que foi feito na canção, com o intuito de chamar a atenção para a ação do ser humano sobre a natureza.
  5. Incentive os alunos a criar os poemas de fórma livre e espontânea. Se necessário, pesquise e apresente outros formatos de poemas visuais a fim de inspirá-los no processo de criação. Se a escola dispuser de computadores que possibilitem a elaboração dos poemas em programas de edição de textos e imagens, permita que os alunos explorem e descubram ferramentas digitais que propiciem o jôgo de palavras e a composição de diferentes fórmas e desenhos. Caso optem pela confecção de um livro digital, instrua-os a salvar os poemas em uma pasta predeterminada no computador e organize o trabalho dos alunos em um arquivo único. Caso os alunos optem pelo livro artesanal, oriente-os a usar folhas de sulfite no miolo do livro e cartolina ou papel cartão na capa. Na sequência, solicite a ajuda da turma para criar uma capa para o livro e também um título para a obra coletiva. Na contracapa, coloque os nomes de todos os autores e dos professores que contribuíram para a organização do livro. Se possível, numere as páginas. Em seguida, converta o arquivo em um livro digital usando ferramentas gratuitas disponíveis na internet.

Glossário

Barlavento
Encosta de morro, serra ou planalto voltada para o vento.
Voltar para o texto
Sotavento
Encosta protegida do vento.
Voltar para o texto
Tabuleiro
fórma de terreno que se assemelha ao planalto e termina geralmente de fórma abrupta.
Voltar para o texto
Recôncavo
Concavidade do litoral que fórma uma enseada ou baía, ou seja, reentrância da costa, bem aberta, em contato com o mar.
Voltar para o texto
Petroquímico
Relativo a produtos químicos derivados do petróleo.
Voltar para o texto
Asinino
Referente a jumentos, burros, asnos e mulas. Esses animais são muito resistentes e se adaptam bem às condições naturais do Agreste e do Sertão.
Voltar para o texto
Agave
Planta da qual se extrai uma fibra vegetal usada na fabricação de cordas, bolsas, tapetes, sacos e outros produtos.
Voltar para o texto
Minifúndio
Propriedade rural de pequena dimensão que, dependendo das técnicas empregadas e das características do solo e do clima, não é suficiente para manter uma família.
Voltar para o texto
Desertificação
Processo de transformação de uma região em deserto, decorrente tanto de fatores naturais (clima) como da ação humana (queimadas, persistência de culturas que exaurem o solo, pastoreio excessivo etcétera).
Voltar para o texto
Retirante
Aquele que, sozinho ou em grupo, emigra em busca de melhores condições de vida. Nesse caso, fugindo da sêca do Sertão nordestino.
Voltar para o texto
Sincretizar
Integrar elementos diferentes.
Voltar para o texto