UNIDADE 1  ESPAÇO MUNDIAL: DIVERSIDADE E REGIONALIZAÇÃO

Nesta Unidade, você estudará os continentes e os oceanos. Perceberá que, ao longo da história, diferentes povos demarcaram territórios e fronteiras e criaram governos para administrá-los, fundando, assim, Estados que deram origem ao que chamamos de países. Além disso, conhecerá modos de ver e estudar o mundo e de regionalizá-lo com base em alguns critérios.

Identidades nacionais

A imagem desta abertura é uma ilustração artística que mostra as bandeiras nacionais aplicadas sobre o território dos Estados ou países do mundo. A bandeira é um símbolo nacional; é a expressão máxima da identidade de um Estado, ou seja, do agrupamento de indivíduos que vivem em determinado território e estão submetidos à autoridade de um poder público soberano. Até meados de 2022, existiam 193 Estados reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ônu).

Ilustração. Ilustração do mapa do mundo com os cinco continentes e com a reprodução de partes das bandeiras dos países que os compõem. O oceano está na cor azul. Na América do Norte, predominam as cores branca, vermelha e azul e na América do Sul as cores da bandeira do Brasil (verde, azul e amarelo) e da bandeira da Argentina (azul claro). Na África há muitas cores: ao norte, predominam verde, branco e vermelho das bandeiras da Argélia, Líbia, Egito e Marrocos. Ao centro e ao norte do continente africano, há verde, amarelo, vermelho, azul, preto e branco. Na Eurásia, predominam azul, vermelho, amarelo, branco e verde. Na Oceania, azul vermelho e branco.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 163-173.

Nota: Representação artística sem escala, para fins didáticos. Nem todas as bandeiras dos Estados ou países do mundo encontram-se representadas na ilustração em virtude da pequena dimensão territorial.

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Qual é a sua hipótese sobre a formação dos Estados ou países representados na ilustração?
  2. Nem todos os povos estão representados nessa ilustração. Você sabe de algum exemplo de povo ou nação que anseia criar o seu Estado ou país?

PERCURSO 1  OS CONTINENTES E OS OCEANOS

1. Os continentes

As grandes extensões de terras emersas da crosta terrestre, ou seja, das terras que estão acima do nível do mar, limitadas pelas águas dos oceanos e maresglossário , recebem o nome de continentes.

Existem dois tipos de critério para determinar o número de continentes da Terra: o critério geográfico-geológico e o critério histórico-cultural.

Segundo o critério geográfico-geológico, que leva em conta a distribuição das massas continentais na Terra, existem quatro continentes: o Euro-Afro-Asiático, o Americano, o da Oceania e o Antártico.

Repare que a porção de terras emersas da Europa nada mais é que um prolongamento natural – ou, mais propriamente, uma penínsulaglossário – das terras emersas da Ásia; por isso também se fala em continente Euro-Asiático ou simplesmente Eurásia.

No passado, a África e a Ásia eram unidas pelo Istmoglossário de Suez, situado entre o Egito (África) e a Península da Arábia (Ásia). Com a construção do Canal de Suez, em 1869, o istmo foi “cortado”, permitindo a navegação entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo (consulte a foto e o mapa da página seguinte).

Em vista disso, pode-se compreender por que essa enorme porção de terra emersa também é chamada de continente Euro-Afro-Asiático.

Mundo: continentes, oceanos e alguns mares

Mapa. Mundo: continentes, oceanos e alguns mares. Planisfério com a representação dos continentes, oceanos e mares da Terra.  Continente americano, na cor rosa: na costa oeste, banhado pelo Oceano Pacífico e na costa leste pelo Oceano Atlântico. Na porção central do continente americano, a leste, está o Mar das Antilhas.  Continente Euro Afro Asiático, formado por Europa, Ásia e África.  Europa, na cor verde: ao norte, é banhada pelo Oceano Glacial Ártico; a leste pelo Mar do Norte e pelo Oceano Atlântico; ao sul pelo Mar Mediterrâneo. A leste, faz fronteira com a Ásia no Mar Negro, no Monte Cáucaso, no Mar Cáspio e nos Montes Urais.  África, na cor vermelha: ao norte, banhada pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Vermelho. A leste, pelo Mar Arábico e pelo Oceano Índico. A oeste, pelo Oceano Atlântico. Ásia, na cor laranja: faz fronteira com a Europa nos Montes Urais, no Mar Cáspio, no Monte Cáucaso e no Mar Negro e com a África pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Vermelho. Ao norte, é banhada pelo Oceano Glacial Ártico; ao sul, é banhada pelo Mar Arábico, pelo Oceano Índico e pelo Mar da China Meridional e, a leste, pelo Oceano Pacífico e o Mar de Bering.  Oceania, na cor marrom: localizada a sudeste da Ásia, é banhada na costa oeste pelo Oceano Índico e na costa leste pelo Oceano Pacífico.  Continente Antártico, na cor branca: localizado na porção sul do planisfério, é banhado pelos Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.   Ao lado, rosa dos ventos com o norte orientado para cima e escala de 0 a 3.210 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro, 2018. página34.

Nota: Os Montes Urais, os mares Negro e Cáspio e a cordilheira do Cáucaso são considerados limites naturais entre a Europa e a Ásia.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Formação dos continentes (í bê gê É)

https://oeds.link/LYLWcs

Aprenda mais sobre a formação dos continentes e a movimentação das placas tectônicas de maneira clara e ilustrada.

Fotografia de um navio sobre as águas de um grande canal. Há centenas de containers no navio. Ao fundo. um segundo navio também grande. Ao redor do canal por onde passam os navios estão pequenas montanhas de areia. Ao lado do primeiro navio, um pequeneo barco.
O Canal de Suez começou a ser construído em 1859, com base no projeto do engenheiro francês fêrdinãn du lêsséps. Em 2015, foi concluída sua ampliação, que aumentou a capacidade de navegação ao longo dos 193 quilômetros de extensão do canal. Na foto, navio de carga navega pelo Canal de Suez, Egito (2019).

O Istmo de Suez unia a África à Ásia

Mapa. O Istmo de Suez unia a África à Ásia. Mapa do continente africano e de parte da Ásia e da Europa. 
Os continentes estão na cor amarelo claro neutro. Na África, o Egito, país localizado na porção nordeste do continente, está destacado na cor laranja. Há o contorno de um retângulo que delimita uma parte do Egito e uma parte da Ásia. No canto inferior direito do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.040 quilômetros.
Abaixo, há outro mapa para representar a área dentro do retângulo. O Egito está separado da Península do Sinai pelo Canal e pelo Golfo de Suez, que conectam o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Na ponta próxima ao Mar Mediterrâneo, há a cidade de Port Said. Na ponta próxima ao Mar Vermelho, está a cidade de Ismailia.  O Canal de Suez passa entre os dois continentes  Neste mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Serrán, Piérre. Atlas universal Bordas. Paris: Bordas, 1991. página 173.

No entanto, de acordo com o critério históricocultural, que considera a história dos povos e suas culturas (línguas, religiões e costumes), o continente Euro-Afro-Asiático subdivide-se em três continentes: Europa, África e Ásia – afinal, asiáticos, europeus e africanos são povos de culturas e histórias muito diferentes.

O critério histórico-cultural é o mais usado, pois a importância desses fatores na formação de povos e países é maior que a dos fatores naturais. Segundo essa perspectiva, há seis continentes: Europa, África, Ásia, América, Oceania e Antártico (consulte o mapa da página anterior, identificando-os pelas cores).

A superfície terrestre não é formada apenas de terras emersas. Há uma enorme quantidade de água que cobre o planeta. Descubra, a seguir, o tamanho dos continentes e a relação desses números com a área total do planeta.

2. As áreas dos continentes e dos oceanos

Dos quase 511 milhões de quilômetros quadrados, que correspondem aproximadamente à área total da superfície terrestre, cêrca de 71% são ocupados pelos oceanos e mares. Há, na verdade, apenas um oceano e, ao longo da História, porções ou partes dele receberam nomes específicos (consulte o mapa da página 13).

Os 29% restantes são ocupados pelas terras emersas: continentes, arquipélagosglossário e ilhas. Cabe assinalar que não há uma medida nem mesmo um conceito para diferenciar continente de ilha. Há muito tempo, considerou-se continentes todas as terras emersas com área superior à da Austrália (..7692024 quilômetros quadrados), e ilhas, todas com área igual ou inferior à da Groenlândia (..2166086 quilômetros quadrados), que é a maior ilha do mundo.

Vê-se, assim, que a massa líquida, isto é, os oceanos e os mares, ocupa a maior parte da superfície terrestre.

Observe, nos quadros A e B, as áreas dos continentes e dos oceanos, respectivamente, e no gráfico, as áreas dos oceanos em relação às massas líquidas e em relação ao globo terrestre.

Quadro A. Áreas continentais

Continentes

Área (em km2)

Ásia

45.074.481

América

42.192.781

África

30.216.362

Antártida

14.000.000

Europa

10.365.387

Oceania

8.528.382

Total

150.377.393

Quadro B. Área dos oceanos

Oceanos

Área (em km2)

Pacífico

179.650.000

Atlântico

92.040.000

Índico

74.900.000

Glacial Ártico

14.060.000

Total

360.650.000

Na área dos continentes está incluída a área das ilhas.

Fonte: elaborado com base em CALENDARIO atlante De Agostini 2014 Istituto Geografico De Agostini, 2013. página 63-64.

Área dos oceanos em relação às massas líquidas oceânicas e ao globo terrestre (em porcentagem)

Gráfico. Área dos oceanos em relação às massas líquidas oceânicas e ao globo terrestre, em porcentagem.  Gráfico de colunas. No eixo vertical, estão os valores em porcentagem, de 0 a 100, em intervalos de 20. No eixo horizontal, cada oceano e o total dos oceanos.  Pacífico: em relação às massas líquidas oceânicas: 50 por cento; em relação ao globo terrestre: 36 por cento.  Atlântico: em relação às massas líquidas oceânicas: 25 por cento. Em relação ao globo terrestre: 19 por cento.  Índico: em relação às massas líquidas oceânicas: 21 por cento; em relação ao globo terrestre: 16 por cento.  Glacial Ártico: em relação às massas líquidas oceânicas: 3 por cento; em relação ao globo terrestre: 2 por cento.  Total: em relação às massas líquidas oceânicas: 100 por cento. Em relação ao globo terrestre: 73 por cento.

Fonte: elaborado com base em CALENDARIO atlante De Agostini 2014Istituto Geografico De Agostini, 2015. página 63-64.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Geralmente, usa-se a expressão “americanos” apenas para se referir aos habitantes dos Estados Unidos. Você acha correto? Você também seria americano? Explique.

PERCURSO 2  ESTADO, NAÇÃO E OUTROS CONCEITOS

1. Noções básicas para evitar enganos

No decorrer do tempo histórico, as sociedades humanas espalharam-se pelo mundo, ocuparam continentes, arquipélagos e ilhas e construíram espaços geográficos.

Nesse processo, demarcaram territórios e fronteiras, criando governos para administrá-los, e organizaram-se em Estados. A seguir, você vai aprender conceitos importantes para o estudo da Geografia, como Estado, país, nação, território, povo e governo.

Estado

A palavra estado vem do latim státus, que significa estado, posição, ordem, condição. Em seu sentido político, a palavra Estado – escrita com inicial maiúscula – corresponde à organização política, administrativa e jurídicaglossário de uma sociedade. Tal organização tem soberaniaglossário sobre o território nacional (soberania interna) e independência em relação à ordem internacional (soberania externa). Como exemplos, podemos citar o Estado brasileiro, o argentino, o boliviano e o francês.

Escrita com inicial minúscula, corresponde à divisão político-administrativa de alguns Estados. É o caso do Brasil, cujo Estado está dividido em 27 unidades político-administrativas: 26 estados e o Distrito Federal.

Entretanto, há Estados em que as unidades político-administrativas internas recebem outros nomes. Por exemplo, na Suíça, o Estado é dividido em cantões, enquanto na Argentina e na Rússia ele é dividido em províncias e repúblicas, respectivamente.

País

A palavra país vem do francês pays, que por sua vez vem do latim padjênsis, de págus, que significa pequeno povoado, aldeia. Indica também o território de uma aldeia.

Frequentemente, o termo “país” é usado como sinônimo de Estado; no entanto, há distinção entre eles. “País” é simplesmente denominação que se atribui a determinada porção da superfície terrestre reconhecida como sendo o território pertencente a um Estado soberano; “Estado”, por sua vez, corresponde à instituição que exerce poder sobre um território e sua população, dirigindo e organizando a vida social.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Qual Estado ou país você gostaria de conhecer? Por quê?

Nação

A palavra nação vem do latim natío, de nátus, que significa nascido. Assim, ela nos dá a ideia de que nação consiste em um agrupamento social unido por um passado histórico comum que deu origem a uma identidade cultural. Os membros de uma nação têm características comuns relativas a costumes, língua, religião, tradições, crenças ou valores. Quando ocupam um território e se organizam politicamente, dão origem a um Estado ou Estado-nação.

Nem sempre, porém, há identidade completa entre o Estado e a nação. Há Estados com duas ou mais nações, que apresentam língua e traços culturais distintos. É o caso, por exemplo, do Canadá – Estado onde convivem populações indígenas, descendentes de colonizadores e imigrantes ingleses e franceses, entre outros. Parte dos descendentes de franceses tem a intenção de criar o próprio Estado, na província de Quebec, e já fez tentativas nesse sentido, sem, contudo, obter sucesso.

Canadá: línguas, províncias e territórios

Mapa. Canadá: línguas, províncias e territórios.  Mapa do Canadá com sua divisão em províncias e territórios e a indicação da porcentagem de pessoas que têm como língua materna o inglês ou o francês em cada território ou província.  De 50 a 80 por cento da população cuja língua materna é o inglês: Territórios no Noroeste, cuja capital é Yellowknife, Território de Nunavut, cuja capital é Iqaluit, Província de Saskatchewan, cuja capital é Regina, Província de Manitoba, cuja capital é Winnipeg, Província de Ontário, cuja capital é Toronto, e Província Novo Brunswick, cuja capital é Fredericton.  Mais de 80 por cento da população cuja língua materna é o inglês: Território de Yukon, cuja capital é Whitehorse, Província Colúmbia Britânica, cuja capital é Victoria, Província Alberta, cuja capital é Edmonton, Província Terra Nova Labrador, cuja capital é St. John´s, Província Nova Escócia, cuja capital é Halifax, e Ilha Príncipe Eduardo, cuja capital é Charlottetown. Mais de 80 por cento da população cuja língua materna é o francês: Província de Quebec, cuja capital é Quebec.  No total da população do Canadá: 58 por cento falam inglês, 22 por cento francês e 20 por cento outras línguas. Capital do país: Ottawa. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 500 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 78.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Em que províncias e território do Canadá mais de 80% da população tem o inglês como língua materna?

Fotografia. Vista de uma rua repleta de pessoas; a maioria delas segura uma bandeira azul, com uma linha branca na vertical e outra na horizontal, formando uma cruz. Outras pessoas levantam e seguram cartazes com frases. Ao redor da rua, árvores.
Manifestação em defesa da independência da província de Quebec em 25 de junho de 1990. Em 1980, foi realizado um plebiscito, mas 59,5% da população se declarou favorável à manutenção da integração da província ao Canadá; em outro plebiscito, realizado em 1995, prevaleceu a opinião e a vontade dos 50,6% contrários ao separatismo quebequense.

Território

A palavra território vem do latim territórium, que significa terra. O território é a porção da superfície terrestre sobre a qual o Estado exerce soberania. É a base física do Estado e, além do território continental, compreende o espaço aéreo, as ilhas (caso as possua) e o mar territorialglossário (caso seja banhado pelo mar).

O território de um Estado é delimitado por fronteiras, que precisam ser reconhecidas por Estados vizinhos. Existem casos de discussões e disputas entre Estados por determinados territórios, o que dificulta a definição de suas fronteiras.

Na América, por exemplo, há uma disputa entre a Venezuela e seu vizinho do leste, a Guiana, pela região de Essequibo (observe o mapa). Segundo o governo venezuelano, essa região já pertencia à Venezuela antes da colonização da Guiana pelos ingleses no século dezenove, que dela teriam se apropriado. O impasse está sob mediação da côrte Internacional de Justiça, e até o início de 2022 ainda não havia sido resolvido.

Território de Essequibo

Mapa. Território de Essequibo. Mapa de área na porção norte da América do Sul englobando o território da Guiana, parte de Suriname, a leste, da Venezuela, a oeste, e parte da Região Norte do Brasil ao sul. O território da Guiana está em laranja, o da Venezuela em verde e o de Suriname e Brasil em amarelo claro neutro. Capital de Guiana: Georgetown, localizada no litoral.  Principais cidades: New Amsterdam e Morawhanna no litoral, e Orinduik, Issano, Bartica e Linden no interior. Território de Essequibo reivindicado pela Venezuela, hachurado em lilás: estende-se por toda a porção oeste do território da Guiana, a oeste do Rio Essequibo, que atravessa o país de sul e norte, desaguando no Oceano Atlântico. Estrada, representada por fio vermelho: atravessa a Guiana de Orinduik a New Amsterdam, passando por Issano, Bartica, Linden e Georgetown.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em ENCICLOPÉDIA do mundo contemporâneo. São Paulo/Rio de Janeiro: Publifolha/Terceiro Milênio, 2002. página 304.

Povo

A palavra povo vem do latim pópulus, que significa grande número de pessoas.

Juridicamente, povo corresponde à totalidade de pessoas que habitam determinado território ou conjunto de indivíduos que fórma a população de um Estado. Assim, podemos dizer: povo brasileiro, povo paraguaio, povo chinês, povo alemão etcétera.

Governo

A palavra governo tem origem na palavra latina governáre, que significa conduzir, dirigir, administrar. Governo é, assim, a autoridade governante que tem a responsabilidade de administrar um país, estado, província, município, região etcétera. Um governo é constituído por um conjunto de agentes (pessoas que exercem cargos políticos e técnicos) que pode ser temporário, a depender do regime político adotado em determinado país.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto Rumo ao Mar – rumár

https://oeds.link/BBvVQq

Na página do instituto, acesse o vídeo Amazônia Azul nossa última fronteira e descubra como, depois de diversos acordos e convenções internacionais, as medidas do mar territorial foram definidas e como estão atualmente.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

A separação do Sudão

Olá, bem-vindos a mais uma transmissão de Geografia!

Neste áudio, vamos fazer uma análise da divisão do Sudão e da criação do Sudão do Sul, países localizados no nordeste do continente africano.

Vamos começar?

Você sabia que o Sudão do Sul é um país recente na história mundial?

Você já deve ter estudado que, no mundo, há disputas entre diferentes grupos pelo controle de alguns territórios. 

Normalmente, os grupos humanos procuram se instalar em locais com os quais possuem relações históricas e onde há suficiente disponibilidade de recursos naturais.

A identidade dos diferentes grupos humanos pode ser definida por características diversas, como a etnia, as crenças religiosas e os tipos de organização econômica e política, entre outros fatores. 

A história do Sudão é fortemente marcada por conflitos decorrentes dessas diferenciações.  

O Sudão do Sul foi criado em 2011. Sua independência ocorreu após muitos conflitos entre diversos grupos étnicos. 

O próprio Sudão, de certa forma, também é um país recente, pois conquistou sua independência em 1956.

Entre o fim do século XIX e o início do século XX, a Inglaterra colonizou grande parte da região nordeste do continente africano. 

Durante a colonização, a Inglaterra separou e uniu, nos mesmos territórios, povos aliados e povos rivais, acirrando, assim, disputas territoriais e por recursos naturais.

Mesmo durante a independência do Sudão, em 1956, os diferentes grupos étnicos do país já entravam em conflito. 

Após a independência, os conflitos se agravaram, provocando duas extensas guerras civis e vários golpes ou tentativas de golpes militares. 

Na década de 1980, foi imposta em todo o país a sharia: um conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão e nos preceitos transmitidos por líderes religiosos.

Isso gerou conflitos no Sudão, pois, ao norte do país, predominavam grupos islâmicos; e ao sul, grupos cristãos e animistas.

Com base na sharia, muitos grupos do sul foram perseguidos, atacados e dizimados. 

Após a morte de mais de 2 milhões de pessoas e da diáspora de 4 milhões de refugiados, um acordo de paz, mediado pela Organização das Nações Unidas, a ONU, e pela União Africana, foi estabelecido entre as duas regiões do país, em 2005.

O acordo decidiu que seria feito um plebiscito em que a população votaria sobre a separação do sul, cristão, em relação ao norte, islâmico. 

O plebiscito aconteceu em janeiro de 2011, e 98,8% da população do sul votou pela separação do Sudão, com a criação do Sudão do Sul. 

Em 9 de julho de 2011, o país foi oficialmente criado.

A criação do novo país foi reconhecida pela ONU e pela União Africana, assim como pelo presidente do Sudão na época.

Porém, mesmo com o estabelecimento de novas fronteiras, algumas disputas continuam acontecendo.

No limite entre os dois países estão cidades importantes pela extração e refino de petróleo, alvos de disputa entre diferentes milícias contrárias ao acordo de paz. 

A maior parte das jazidas de petróleo ficou no território do Sudão do Sul, mas a maioria das refinarias e oleodutos localiza-se no Sudão, ao norte, que tem saída para o Mar Vermelho. 

Mesmo com a separação, o Sudão e o Sudão do Sul ainda são dependentes um do outro. 

O Sudão do Sul não tem saída para o mar, nem capital para empregar em extração, refino e transporte, atividades que exigem grandes investimentos. 

Divergências entre os líderes dos dois países e entre os diversos grupos internos contribuem para a instabilidade entre os dois Estados.

No Sudão do Sul, existem mais de 60 etnias diferentes, com idiomas e religiosidades distintas, o que dificulta a criação de um sentimento único de nação entre a população. 

Atualmente, o sentimento de nação ainda está sendo fortalecido.

Ícone. Seção Rotas e encontros. Composto por uma placa amarela com o desenho de duas mãos se cumprimentando.

Rotas e encontros

O Estado do Vaticano, o menor do mundo

“O Estado da Cidade do Vaticano, o menor do mundo, foi oficialmente incorporado à comunidade internacional no dia 7 de junho de 1929 .

O Papa é um dos últimos monarcas absolutos do mundo. Seu poder temporal é exercido de maneira soberana e exclusiva em um território de 44 hectares.

Hoje, a população do Vaticano é de seiscentas pessoas que possuem a nacionalidade vaticana, incluindo cardeais e representantes diplomáticos da Santa Sé (núncios apostólicos), assim como outros religiosos e uma centena de oficiais e guardas suíços.

A nacionalidade vaticana não é concedida com base no iús sangu íni (‘direito de sangue’) nem no iús sóli (‘direito de solo’), mas em uma espécie de iús ofítchi estabelecido quando o indivíduo tem um emprego regular e vive de maneira estável no território.

O Estado Pontifício foi constituído para que a Igreja pudesse exercer com liberdade e independência a soberania espiritual através da Santa Sé, que se encarrega da administração material do território.

O Vaticano, que também opera como município, é administrado por uma comissão de cardeais presidida pelo cardeal que ocupa a Secretaria de Estado.

A Santa Sé também tem um jornal oficial, o L’Osservatore Romano, uma emissora, a Rádio Vaticano, museus e publicações em várias línguas.

O Vaticano emprega cêrca de 4700 religiosos e laicos, cujos salários representam uma parte muito importante dos gastos da Santa Sé .”

O Estado do Vaticano, o menor do mundo. Portal gê um, 12 março 2013. Disponível em: https://oeds.link/qTaccE. Acesso em: 11 fevereiro 2022.

Mapa. Mapa de parte da Europa com a localização da Itália, na Península Itálica, no Mar Mediterrâneo, e do Vaticano. A área do território italiano está na cor lilás. O Vaticano está representado por um ponto preto localizado na porção central da península.  Acima, rosa dos ventos e escala de 0 a 530 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 43.

Fotografia. Vista de frente de uma praça grande, com piso de pedras, um obelisco no centro e, ao fundo, uma igreja com uma grande cúpula. Ao redor da praça, muitos pilares. Na praça há muitas pessoas em pé, caminhando ou observando a paisagem.
Vista da Praça de São Pedro e da Basílica de São Pedro, no Estado do Vaticano (2021). É a maior das igrejas do cristianismo e um dos locais cristãos mais visitados do mundo.

 Interprete

1. Aponte os aspectos políticos do Vaticano que permitem identificá-lo como um Estado.

 Argumente

2. Por que no Vaticano a nacionalidade é definida pelo iús, e não pelos iússangu íni ou pelo iús sóli?

 Viaje sem preconceitos

3. Muitas pessoas desrespeitam ou têm dificuldades para conviver com pessoas de outras crenças religiosas. E você, o que pensa a respeito disso e como age em situações de intolerância religiosa?

2. O mapa político do mundo está definido?

Não, pois há muitas nações que anseiam ter o seu próprio Estado. Até o início de 2022, existiam 197 Estados reconhecidos por outros Estados e 193 pela ônu – os seus 193 Estados-membros. O continente americano continha 35 Estados; a África, 54; a Ásia, 45; a Europa, 49; e a Oceania, 14 (consulte o planisfério político no final deste livro).

Apesar da existência de 197 Estados, há povos que vivem em territórios que lhes pertencem historicamente, mas que foram apropriados por outros povos, que lhes negam a independência. Vivem, portanto, sob o domínio de outros Estados e não governam o próprio território. Em alguns casos, não podem externar, sem medo de repressão, a própria cultura e suas tradições (língua, festas populares, religião etcétera.).

Existem muitos exemplos de nações nessa situação, entre as quais se destacam os chechenos, na Rússia, que reivindicam sua independência e a formação de seu Estado; os bascos, que habitam um território entre a Espanha e a França (observe o mapa A); os tibetanos, na Ásia, que se encontram sob a dominação do Estado chinês; os palestinos, no Oriente Médio; o povo curdo, espalhado pelos territórios da Turquia, do Irã, do Iraque, da Armênia e da Síria (consulte o mapa B); entre outros.

Espanha: País Basco

Mapa A. Espanha: País Basco. Mapa representando o território da Espanha, sua divisão em províncias e a localização das províncias históricas bascas. 
Portugal e parte do território da França, que fazem fronteira com a Espanha, são representados em amarelo claro neutro. O território das províncias está na cor laranja claro e o território das províncias históricas bascas está na cor laranja escuro.
Províncias espanholas: Andaluzia, Murcia, Castela La Mancha, Extremadura, Valença, Ibiza, Maiorca, Menorca, Madri, Castela e Leão, Aragão, Catalunha, Astúrias e Galícia. 
Províncias históricas bascas, com 20 mil 550 quilômetros quadrados: localizadas na porção norte da Espanha, próximo à fronteira com a França e com o Golfo de Biscaia: La Rioja, Cantábria, Navarra e País Basco; localizadas na porção sudoeste da França; Províncias Boule, Baixa Navarra e Labouro. 
Região autônoma do País Basco, 7.261 quilômetros quadrados, demarcada por linha na cor lilás: engloba parte do território das províncias de Cantábria, Navarra e País Basco.
No centro do território da Espanha, na Província de Madri, está a capital do país, Madri. À esquerda, divisa com Portugal. No norte, divisa com a França e ao sul com a África. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 150 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em BONIFACE, Pascal (). Atlas des relations internationales. Paris: Hatier, 1997. página 97.

Nota: Apesar da terminologia no título do mapa A, o País Basco não é um país independente. Os bascos se autodenominam país, ou seja, dão esse nome ao território por eles ocupado, e possuem autonomia, conquistada do governo espanhol. No entanto, continuam suas negociações com a Espanha para obter a independência e se tornar, de fato, um país.

O Curdistão histórico

Mapa B. O Curdistão histórico. Mapa de parte do território asiático representando parte da Arábia Saudita, o Kuwait, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Turquia, Armênia, Azerbaijão e Irã. Área ocupada pelos curdos, na cor laranja: estende-se na porção centro sul e oeste da Turquia, avançando em parte do território da Armênia; chega ao norte da Síria, às margens do Rio Eufrates, ao norte, nordeste e leste do território do Iraque, até avançar na porção oeste do Irã. Na Turquia, a área ocupada pelos curdos é banhada em grande parte pelos rios Tigre e Eufrates e, no Iraque, pelo rio Tigre.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.

Fonte: . O Oriente Médio. terceira edição São Paulo: Atual/unicâmpi, 1985. página 48.

Vê-se, assim, que o mapa político do mundo não é definitivo. Esses e outros povos poderão ainda vir a ser detentores de seus Estados, alterando a configuração atual dos países e o mapa político do mundo.

Ícone. Seção Cruzando saberes. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa atravessando na faixa de pedestres.

Cruzando saberes

Segunda divisão da ônu

“Nas ruas de Hargésia, capital da Somalilândia, mulheres trabalham trocando notas de dólar e euro por maços de xelim somalilandês ao lado de carrinhos de sorvete que aplacam os mais de 40 graus Célsius, lan housesglossário e consultórios dentários. Já o governo, eleito democraticamente, consegue equilibrar a lei islâmica, costumes tribais e a tradição constitucional do Ocidente O único problema é que a Somalilândia não existe.

Há muitos lugares como a Somalilândia. São os quase países, que vivem na segunda divisão das relações internacionais: embora tenham um governo que, bem ou mal, funciona, não conseguem a ascensão para a ‘série A’, onde estão os membros da ônu. Alguns são tão pequenos que você pode ser paciente do próprio ministro da Saúde. Mesmo assim, têm Câmara de Deputados e uma fôrça policial independente.

A Somalilândia e a Transnístriaglossário possuem até moeda própria – coisa que mesmo alguns paí­ses reconhecidos não têm, como o Equador, o Timor Leste e, mais recentemente, o Zimbábue, que adotaram o dólar. Mas como assim ‘quase países’?

Bom, se você cercar o seu bairro, começar a ditar as leis ali, recolher impostos e tiver fôrça militar para enfrentar o Exército quando o Brasil retaliar, terá criado um Estado nacional. Mas esse é só o primeiro passo. O outro é ser reconhecido como país pelas nações veteranas. Se isso não acontece, a comunidade internacional vai continuar considerando o seu bairro como parte do Brasil. Nisso você não poderá receber empréstimos de bancos mundiais nem participar de organizações de comércio internacional. É exatamente o que acontece com os países que não têm cadeira na ônu.

.”

HORTA, Maurício; VIEIRA, Uilian. Segunda divisão da ônu. Superinteressante, São Paulo, edição 283, outubro 2010. Seção Atualidades.

Mapa. Mapa da porção central e leste do continente africano e da península arábica com destaque para a Somalilândia. Os países da África e da península arábica estão na cor amarelo claro neutro e a Somalilândia na cor laranja. A Somalilândia está localizada na porção leste da África, na porção norte do território da Somália, fazendo fronteira com Etiópia e Djibuti. Acima, rosa dos ventos e escala de 0 a 660 quilômetros.

Fonte: SOMALILÂNDIA. Disponível em: https://oeds.link/fnkk2I. Acesso em: 19 janeiro 2022.

 Interprete

1. De acordo com o texto, explique por que a região conhecida como Somalilândia “não existe”.

 Argumente

2. Por que é importante reconhecer as identidades nacionais e permitir que povos fundem seu Estado ou país?

 Viaje sem preconceitos

3. Muitos povos, dominados por outros, são alvo de preconceitos étnico, religioso ou de nacionalidade tão intensos que chegam a ameaçar a vida de suas populações. No cotidiano, preconceitos são gerados pelas desigualdades e pelo desrespeito às diferenças (políticas, socioeconômicas, étnicas, regionais, de gênero, de orientação sexual, geracionais – crianças, adolescentes e idosos etcétera). No seu dia a dia, você busca enxergar o mundo do ponto de vista do outro ou respeitar as diferenças entre as pessoas?

Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 1 e 2

Registre em seu caderno.

  1. Do ponto de vista geográfico-geológico, quantos e quais são os continentes?
  2. Explique se há algum critério para diferenciar ilha e continente, levando em conta os casos da Groenlândia e da Austrália.
  3. Faça a distinção entre os conceitos de Estado e país.
  4. Explique o que é o território de um Estado e o que ele abrange.
  5. Cite pelo menos dois povos ou duas nações que desejam criar o próprio Estado, mas se encontram sob a dominação de outros.
  6. No sentido político, o que significa a palavra “estado” escrita com letra inicial minúscula?
  7. Aponte as características que definem uma nação.
  8. O que você entende por povo?
  9. Observe o planisfério e responda às questões.

Mundo: os continentes e sua distribuição nos hemisférios

Mapa. Mundo: os continentes e sua distribuição nos hemisférios.  Planisfério representando os continentes, os principais paralelos e o meridiano de Greenwich.  O meridiano de Greenwich é representado por linha vertical, dividindo o planisfério em porção leste e porção oeste. O meridiano atravessa parte da África, representada em amarelo, e parte da Europa, representada em lilás. À leste do meridiano de Greenwich estão a Oceania, representada em marrom, a Ásia, em rosa e parte da Europa e da África.  Na porção a oeste do meridiano de Greenwich, está parte da Europa e da África e a América, representada em verde.  O planisfério é dividido em dois por linha horizontal, o Equador. O Equador atravessa a América, a África e a Ásia. Ao norte do Equador, há porção norte da América, porção norte da África, Europa e grande parte da Ásia. Ao sul do Equador, há parte da América e da África, ilhas da Ásia, Oceania e Antártida. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.580 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

  1. Qual é o meridiano que “divide” a Terra em hemisférios Oriental e Ocidental? Que continentes ele “corta”?
  2. Qual é a linha imaginária que “divide” a Terra em hemisférios Setentrional ou Norte e Meridional ou Sul?
  3. A maior parte da superfície terrestre é ocupada por oceanos e mares ou por terras emersas? Explique sua resposta.

10. No decorrer da história, as sociedades humanas demarcaram territórios e fronteiras, fundando Estados ou países. Interprete o mapa e responda às questões.

Mundo: fronteiras dos países

Mapa. Mundo: fronteiras dos países.  Planisfério político com a identificação das datas em que as fronteiras entre os países foram definidas. Tons de laranja claro ao marrom identificam as datas: quanto mais escuro, mais antiga foi a definição. A partir de 1990: diversos países da porção norte e central da Ásia e da Europa; alguns países na porção leste da África e alguns do Sudeste Asiático. 1966 a 1989: alguns países no sul da África, no Oriente Médio, no Sudeste Asiático e, na América do Sul, Guiana e Suriname.   1946 a 1965: maior parte dos países da África, alguns países da Europa e diversos países na Ásia Central.  1915 a 1945: países da América do Sul, com exceção de Guiana, Suriname e Uruguai.   1850 a 1914: Estados Unidos, México, Mongólia, Irã, Austrália.  1800 a 1849: alguns países da América Central e Tailândia.   Antes de 1800: países da Península Ibérica, país ao norte da Índia e país da América Central.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: LE GRAND atlas du XXIe siècleParis: Gallimard, 2013. página trinta e um.

  1. Compare esse mapa com o planisfério político da página 278 e cite os Estados ou países que definiram suas fronteiras antes de 1800.
  2. De acordo com o mapa, as fronteiras do Brasil foram definidas entre quais datas?
  3. Cite pelo menos três países que estabeleceram suas fronteiras após 1990.

11. Leia o fragmento de texto sobre o geógrafo grego Estrabão (58 antes de Cristo-21-25 Depois de Cristo) e responda às questões.

Admitiu a existência de cinco zonas terrestres – a tórrida, duas temperadas e duas glaciais. Entretanto, sem justificar perfeitamente sua opinião, afirmou que somente a zona temperada boreal era habitável; a tórrida e as glaciais, em virtude de temperaturas excessivas, não permitiam a vida humana.

AZEVEDO, Aroldo de. O mundo antigo: expansão geográfica e evolução da Geografia. São Paulo: edúspi déza, 1965. página 151.

  1. Considerando o período em que Estrabão viveu, que avaliação você faz a respeito do conhecimento desse geógrafo?
  2. Quando Estrabão se referiu à zona temperada boreal, que de acordo com ele seria a única habitável, de qual hemisfério da Terra ele estava falando?

12. Em grupo, realize uma investigação sobre a Lei Orgânica do município onde vocês moram. Essa é a lei maior do município, e é por meio dela que ele é governado ou administrado. Ela representa para o município o mesmo que a Constituição Federal representa para o país ou para o Estado brasileiro. Localize na Lei Orgânica do seu município quem constitui o Poder Municipal e quais são suas atribuições.

PERCURSO 3 DIVERSOS MODOS DE VER E ESTUDAR O MUNDO

1. A escala dos estudos geográficos

A Geografia estuda o espaço segundo os seus aspectos físicos ou naturais – relevo, solo, clima, formações vegetais nativas etcétera. – e suas interações. Ela também estuda o espaço segundo as diversas intervenções que as sociedades humanas realizaram nele – que podem ser sociais, econômicas, culturais, políticas etcétera. –, além das relações e da interdependência que existem entre elas e os aspectos naturais.

O estudo do espaço geográfico pode ser realizado de acordo com várias escalas (dimensões do espaço), dependendo do interesse de quem se propõe a estudá-lo – pode ser referente a paisagem, lugar, território, região, país, continente, mundo etcétera.

Há, assim, multiplicidade de escalas para o estudo geográfico, como também diversidade de temas ou assuntos estudados pela Geografia.

2. Vários mundos em um só

Podemos observar, estudar e regionalizarglossário o mundo de diferentes maneiras. Se a intenção é estudá-lo do ponto de vista físico, é possível fazê-lo com base nas fórmas de relevo, nos tipos de solo e clima e na vegetação natural, além da combinação desses elementos, que, por sua vez, definem as paisagens naturais da Terra.

Se a intenção é o estudo das sociedades humanas, podemos fazê-lo com base em uma multiplicidade de aspectos: o mundo dividido em continentes, países ou Estados (como estudamos nos Percursos 1 e 2), religiões, línguas, etnias ou culturas, escolaridade, nível de desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social, além de muitos outros.

3. O mundo físico

Há diversas paisagens naturais na Terra que resultam da combinação e da interação dos elementos naturais ou físicos nas diversas regiões do planeta.

Com base nessa combinação e interação, podemos regionalizar a Terra em cinco grandes paisagens naturais ou climáticas: polares, temperadas, tropicais, desérticas e de altas montanhas (consulte o mapa da página seguinte). Essa é uma das fórmas de ver o mundo e de estudá-lo.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

Desertos não tão desertos.

Direção: Marcelo felizóla; Dario arcéla. Argentina: Programas Santa Clara, 1994. Duração: 23 minutos

Imagine passar um dia no deserto. Nesse vídeo você conhecerá de que fórma a fauna e alguns seres humanos se adaptam a esse meio e às mudanças de temperatura que ali ocorrem.

Mundo: grandes paisagens naturais ou climáticas

Mapa. Mundo: grandes paisagens naturais ou climáticas.  Planisfério com a localização de grandes áreas de ocorrência dos principais tipos de clima na Terra. Cada tipo de clima está representado por uma cor diferente.  Região de clima frio polar ou semipolar: predomina em toda a porção norte de América, Europa e Ásia e em toda a Antártida.  Região de clima temperado e subtropical: predomina na porção centro leste da América do Norte e sul da América do Sul, no extremo sul da África e da Oceania, no leste da Ásia e na Europa. Região de clima tropical: toda a América Central, porção norte e central da América do Sul, porção central e sul da África, sul e sudeste da Ásia e norte da Oceania.  Região de clima desértico e semidesértico: faixa estreita no sul da América do Norte, extensa área no norte da África, Oriente Médio, Ásia central e porção central da Oceania. Região de altas cadeias de montanhas: faixa que vai do norte até o sul da costa oeste da América do Norte e da costa oeste da América do Sul, pequenas áreas no centro-leste e norte da África e no centro da Europa e faixa no centro leste da Ásia.  Ao lado, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.280 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Atlas Bordas géographique. Paris: Bordas, 1996. página 7.

4. O mundo das sociedades humanas: múltiplas regionalizações

Ao observarmos o mundo do ponto de vista das sociedades humanas, é possível perceber as diferenças e as desigualdades entre os Estados ou países do mundo.

Entre os países há diferenças quanto ao desenvolvimento científico, tecnológico, além de desigualdades sociais e econômicas. A partir desse momento e no Percurso 4, conheceremos alguns modos de ver e estudar o mundo sob a perspectiva das sociedades humanas. Começaremos por algumas regionalizações que surgiram a partir do término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), destacando as situações da África e da América na ordem mundial estabelecida no pós-guerra.

Regionalizações após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Logo após a Segunda Guerra Mundial, surgiu uma ordem mundial caracterizada por dois grandes centros de poder que deram origem a um mundo bipolar: de um lado, os Estados Unidos da América; e de outro, a União Soviéticaglossário .

A Segunda Guerra Mundial se deu entre duas grandes coalizões militares: a dos Países Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética – o Brasil esteve ao lado dos Aliados) – e a dos Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Consulte o mapa da página seguinte.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

O dia seguinte.

Direção: nícolas méier. Estados Unidos da América: Gina Production/Universal Pictures, 1983. Duração: 123 minutos

O filme retrata o dia posterior a uma explosão nuclear em uma guerra entre duas superpotências.

Segunda Guerra Mundial – 1939-1945

Mapa. Segunda Guerra Mundial, 1939, 1945.  Em amarelo, território alemão em 1 do 9 de 1939, compreendendo a Alemanha, a Prússia (porção descontínua do território à leste) e os territórios anexados da Áustria e parte da Eslováquia.  Em marrom claro, território italiano em 1 do 9 de 1939, compreendendo a Itália e a Albânia, no continente europeu, e a Líbia, na África.  Em laranja, Estados aliados do Eixo Roma-Berlim, compreendendo Finlândia, Eslováquia, Romênia, Hungria e Bulgária.  Em rosa claro, Estados neutros, compreendendo Portugal, Espanha, Suíça, Irlanda, Suécia e Turquia. Em rosa, Reino Unido e territórios sob controle britânico, compreendendo o Reino Unido, na Europa; o Egito, na África; e Palestina, Transjordânia, Líbano, Síria e Iraque, no Oriente Médio.  Em verde bem claro, territórios ocupados pela Alemanha em 1939, compreendendo parte da Polônia.  Em verde claro, territórios ocupados pela Alemanha em 1940, compreendendo Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e a maior parte da França.  Em verde vivo, territórios ocupados pela Alemanha em 1941, compreendendo Grécia, Iugoslávia, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e parte do oeste da União Soviética, aproximando-se da cidade de Moscou.  Em verde escuro, territórios ocupados pela Alemanha em 1942, compreendendo o sul da França, na Europa; a Tunísia, na África; e parte da União Soviética à leste da área conquistada em 1941, aproximando-se da cidade de Stalingrado. Uma seta rosa contínua indica o avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1943 que vai da porção leste no norte da Líbia a Trípoli, cidade na porção norte-oeste da Líbia.  Uma seta rosa tracejada indica o avanço das forças aliadas sob o comando soviético; ela vai da União Soviética em direção a oeste no continente europeu. Uma seta marrom contínua indica o avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1944; ela vai do sul da França em direção ao norte, e da França em direção a Bélgica e Países Baixos.  Uma seta marrom descontínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando soviético; ela vai da União Soviética em direção a Cracóvia e Varsóvia na Polônia.   Uma seta lilás contínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1945, ela vai dos Países Baixos em direção ao norte da Alemanha e do sudeste da França em direção à Áustria.  Uma seta lilás descontínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando soviético em 1945; ela vai da Prússia em direção ao norte da Alemanha, de Varsóvia, na Polônia, em direção à Alemanha, de Budapeste, na Hungria, em direção à Alemanha, da Sicília em direção ao sul da Itália e de Nápoles em direção ao norte da Ioguslávia e sul da França.  Uma linha vermelha representa a linha de contato entre ocidentais e soviéticos em 1945. Ela atravessa a Alemanha no sentido norte-sul. No mapa, localiza-se a cidade de Vichy, no sul da França, como parte do território ocupado pela Alemanha em 1942.  No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 146.

Nota: França de Vichy ou República de Vichy resultou de um acordo realizado entre o general francês filíp petã e a Alemanha nazista quando esta ocupou o norte e o oeste da França. O sul, onde se estabeleceu a França de Vichy, tornou-se um Estado "fantoche" da Alemanha.

Após essa guerra, a ordem mundial passou a ser comandada pelas duas superpotências vencedoras: os Estados Unidos e a União Soviética, que passaram a competir entre si pela liderança no mundo. Essa competição implantou uma ordem mundial bipolarizada, ou uma ordem mundial bipolar – que tem dois polos, dois centros de atração.

Cada uma dessas superpotências procurava ampliar a sua área de influência sobre os demais países do mundo.

Na verdade, além dos interesses econômicos, havia entre elas uma disputa ideológicaglossário . Os Estados Unidos representavam o sistema capitalista e a União Soviética, o sistema socialista. Se, por um lado, os Estados Unidos procuravam impedir que o socialismo se expandisse ou fosse implantado em outros países – o que representaria perda de sua influência política, comercial e de investimentos –, por outro, a União Soviética agia para expandir o socialismo, implantando-o em vários países, como ocorreu, por exemplo, na Europa Oriental, após a Segunda Guerra Mundial (consulte o mapa da próxima página).

A divisão da Europa em 1949

Mapa. A divisão da Europa em 1949. Mapa da Europa com a divisão política de 1949. Os países estão representados por cores de acordo com a influência que recebiam, ocidental, soviética ou neutra e os Estados beneficiados pelo Plano Marshall estão hachurados.  Zona de influência ocidental (Estados Unidos), em verde escuro: Chipre, Grécia, Itália, Áustria, França, Bélgica, Países Baixos, República Federal da Alemanha ou Alemanha Ocidental, Dinamarca, Noruega, Reino Unido e Islândia. Estados pró-ocidentais não engajados em 1945, em verde claro: Turquia, Espanha e Portugal. Estados neutros, em lilás: Suécia, Finlândia, Irlanda e Suíça. Zona de influência soviética, em rosa claro: Polônia, República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Ioguslávia, Bulgária e Albânia.  União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em rosa escuro. Estados beneficiados pelo Plano Marshall, hachurados: Portugal, França, Itália, Grécia, Chipre, Turquia, Bélgica, Países Baixos, República Federal da Alemanha, Suíça, Áustria, Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Reino Unido, Irlanda e Islândia. Na parte inferior à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 300 quilômetros.

Fonte: BONIFACE, Pascal (dir.). Atlas des relations internationales. Paris: Hartier, 2003. página 23.

Nota: Em 1993, a Tchecoslováquia se desmembrou em dois países: a República Tcheca e a República Eslovaca. Em 1991 e nos anos seguintes, a Iugoslávia se desmembrou em seis: Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Croácia, Eslovênia e Macedônia (denominada, a partir de 2019, de Macedônia do Norte).

Esse período de disputa pela hegemonia ou liderança da ordem mundial entre o bloco de países capitalistas – liderado pelos Estados Unidos – e o dos países socialistas – liderado pela União Soviética – perdurou de 1947 até a desagregação da União Soviética em 1991 e ficou conhecido nas relações internacionais e na história com o nome de Guerra Fria.

A Guerra Fria marcou o confronto indireto entre as duas superpotências não apenas na disputa por áreas geográficas de influência, mas também na corrida armamentista e espacial, assombrando o mundo com a possibilidade de outra guerra mundial, situação agravada pelo fato de as duas superpotências possuírem mísseis de longo alcance e bombas atômicas ou nucleares.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

FERREIRA, Edson Alberto Carvalho.

Nova ordem mundial. São Paulo: Núcleo, 1997.

O livro aborda o colapso do socialismo, as crises dos Estados e os surtos de separatismos ocorridos com o fim da Guerra Fria.

Fotografia em preto e branco. Vista de um avião no ar; ele possui o desenho de uma estrela nas asas e na parte traseira. Abaixo dele, o oceano e uma grande plataforma para pouso.
Aviões bombardeiros dos Estados Unidos retornam para porta-aviões após completarem missão contra alvos japoneses no Mar da China, durante a Segunda Guerra Mundial (janeiro de 1945).

Regionalização em países desenvolvidos e subdesenvolvidos

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ficou evidente a grande desigualdade econômica, social, científica e tecnológica existente entre os países.

Isso ocorreu, principalmente, porque durante a guerra as principais potências – Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão – mostraram ao mundo seu poder bélico por meio de diversos armamentos, bombas e aeronaves sofisticadas. Esses armamentos resultavam do grande avanço científico e tecnológico decorrente do desenvolvimento econômico por elas alcançado.

Diante desse quadro mundial, a partir da década de 1950, as expressões países desenvolvidos e países subdesenvolvidos começaram a ser amplamente usadas, referindo-se, respectivamente, aos países com elevado desenvolvimento econômico e àqueles que não apresentavam tal desenvolvimento. Observe o mapa.

Mundo: países desenvolvidos e subdesenvolvidos – 1950

Mapa. Mundo: países desenvolvidos e subdesenvolvidos, 1950.  Planisfério com a divisão política vigente em 1950 e a identificação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos por cores.  Países desenvolvidos, em laranja: Canadá, Estados Unidos, países da Europa, Austrália e Nova Zelândia. Países subdesenvolvidos, em lilás: países da América Latina, América Central, África e Ásia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.950 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em kidron, maicou; sígal rônal. Atlas del estado del mundo. Barcelona: Serbal, 1982. página 43.

Nota: A divisão política da África em 1950 não corresponde à mostrada no mapa, pois ela era formada por colônias europeias (consulte o mapa político da África de 1947, na página 256).

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Os países da América Latina, os Estados Unidos e o Canadá pertencem a que conjunto de países nessa regionalização? E os da África?

Essa regionalização fazia sentido no período em que foi criada, apesar de ser generalizante. Entretanto, com o passar dos anos, alguns países classificados como subdesenvolvidos iniciaram o processo de industrialização e modernização, diferenciando-se dos demais, como foi o caso de Brasil, México, Argentina, Coreia do Sul, taiuã etcétera. Assim, a regionalização do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos tornou-se insuficiente para abarcar a realidade do mundo que se transformava.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Intriga internacional.

Direção: Álfred Riticóqui. Estados Unidos da América: Metro-Goldwyn-Mayer, 1959. Duração: 90 minutos

Sob o pano de fundo da Guerra Fria e da espionagem, esse suspense conta a história de um publicitário que é confundido com um espião.

Regionalização em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos

Outra maneira de regionalizar o mundo foi introduzida após a Segunda Guerra Mundial. Em 1952, o demógrafo francês álfred sôví, ao estudar a economia mundial, usou pela primeira vez a expressão Terceiro Mundo, referindo-se aos países que não tinham participação nas decisões políticas mundiais e apresentavam atraso significativo no desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social.

Após ter sido usada por suví, essa expressão popularizou-se nos meios jornalísticos, diplomáticos e acadêmicos entre 1952 e 1991. Assim, com base no nível de desenvolvimento econômico e no sistema socioeconômico adotado pelos países, regionalizou-se o mundo em: Primeiro Mundo, que reunia países capitalistas desenvolvidos; Segundo Mundo, formado pelos países socialistas de economia planificada; e Terceiro Mundo, reunindo os países capitalistas subdesenvolvidos. Observe o mapa.

Mundo: regionalização com base no sistema socioeconômico – 1952-1991

Mapa. Mundo: regionalização com base no sistema socioeconômico, 1952 a 1991. Planisfério com a divisão política dos continentes no período de 1952 a 1991. Países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo), em verde: Canadá; Estados Unidos; países da Europa Ocidental, com destaque para a França; Japão, Austrália e Nova Zelândia. Países de economia planificada (Segundo Mundo), em amarelo: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; países do Leste Europeu; Mongólia; Coreia do Norte; China; Laos; Vietnã; Camboja; Iêmen do Sul; Etiópia; Eritréia; Moçambique; Angola; Congo; Benin e Cuba. Países capitalistas subdesenvolvidos (Terceiro Mundo), em lilás: países da América Central e da América do Sul, como o Brasil; maior parte dos países da África, países do Oriente Médio, Índia e demais países do Sul e do sudeste asiático. Abaixo, no canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.970 quilômetros.

Fonte: GUIA do Terceiro Mundo 1989-1990. Rio de Janeiro: Terceiro Mundo, 1990. página 23.

Nota: Os países socialistas representados no mapa, com exceção de Cuba e Coreia do Norte, fizeram a transição para o sistema capitalista em diferentes datas. Por exemplo, a República Democrática do Congo, nos anos 1990; Moçambique, em 1986; as repúblicas da União Soviética, em 1991 etcétera. A China é um caso especial, pois introduziu o capitalismo em 1978, aprofundando-o em 1997, mas o poder político encontra-se sob contrôle do Partido Comunista Chinês.

Grafismo indicando atividade.

Toda a África e a América Latina pertenciam ao conjunto de países do Terceiro Mundo? Se algum ou alguns país ou países não pertencia ou pertenciam, aponte o ou os.

Com a desagregação do bloco socialista no final da década de 1980 e início da década de 1990, a expressão “Segundo Mundo” perdeu o sentido. Entretanto, ainda são de uso corrente as expressões “Primeiro Mundo” e “Terceiro Mundo”, quando se quer designar, respectivamente, os países desenvolvidos e os países menos desenvolvidos, de modo geral.

Fotografia. Vista de um grupo grande pessoas em pé em cima de um muro e, atrás deles, um portal feito com pilares e uma torre com a bandeira da Alemanha. No muro há escritos coloridos. Na frente do muro, no primeiro plano da foto, também há pessoas em pé.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido entre os blocos socialista – liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – e capitalista – comandado pelos Estados Unidos. A representação física dessa divisão, o Muro de Berlim, foi construída em 1961. O muro dividiu a cidade até 1989, quando foi derrubado, simbolizando a reunificação da Alemanha e o fim do bloco socialista. Na foto, Muro de Berlim com policiais da Alemanha Oriental observando manifestantes no Portão de Brandemburgo (11 de novembro de 1989).

Países do Norte e países do Sul

Durante a década de 1980, a imprensa e os meios diplomáticos passaram a usar as expressões Norte para se referir aos países desenvolvidos e Sul, aos subdesenvolvidos.

Essas expressões têm como base a posição geográfica dos países no globo terrestre, embora não seja em relação à linha equatorial. Por esse critério, o Norte corresponde aos países situados ao norte dos países subdesenvolvidos ou do Sul, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia. Observe o mapa.

Mundo: regionalização em países do Norte e países do Sul – 1985

Mapa. Mundo: regionalização em países do Norte e países do Sul, 1985. Planisfério com a divisão política do mundo em 1985. Países do Norte e países do Sul estão representados com cores diferentes e uma linha vermelha na horizontal atravessa o planisfério  para demarcar o limite entre o Norte e o Sul. Países do Norte, em verde: Canadá e Estados Unidos na América, todos os países da Europa, como Dinamarca, Reino Unido, Alemanha, Polônia, França, Itália, Espanha e Ucrânia,  e países da porção setentrional da Ásia, como Rússia e Cazaquistão; Japão, e na Oceania, Austrália e Nova Zelândia. Países do Sul: todos os países da América Central e do Sul, como México, Cubá, Colômbia, Peru, Brasil, Chile e Argentina;  todos os países da África, como Marrocos, Argélia, Líbia, Egito, Nigéria, Etiópia, Nigéria, Somália, República Democrática do Congo, Angola e África do Sul; países do Oriente Médio, da Ásia Meridional e do Sudeste Asiático, como Turquia, Israel, Iraque, Arábia Saudita, Afeganistão, Índia, China e Indonésia.   Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.990 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Geografia em mapas: países do Sul. segunda edição São Paulo: Moderna, 2005. página 3.

Grafismo indicando atividade.

Nesta regionalização, a América Latina e a África estão incluídas em qual conjunto de países?

Esse modo de ver e estudar o mundo também não corresponde à realidade atual. Países como Coreia do Sul, Cingapura e Israel, por exemplo, realizaram grandes progressos econômicos e sociais e hoje apresentam indicadores sociaisglossário semelhantes aos dos países desenvolvidos: elevada esperança de vida, baixas taxas de mortalidade infantil, boas condições de saneamento básico e alta taxa de alfabetização de adultos. Além disso, apresentam significativo desenvolvimento industrial e centros de pesquisas científicas e tecnológicas etcétera

Da mesma maneira, é um engano considerar que todos os países situados ao norte sejam desenvolvidos. Quando a regionalização do mundo em Norte e Sul foi realizada, a União Soviética ainda não havia se desagregado e, naquele contexto, era considerada um país desenvolvido. Isso explica por que ex-repúblicas soviéticas, como Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Tadjiquistão, foram incluídas no conjunto de países do Norte. No entanto, em 2019 esses países apresentavam alguns indicadores sociais mais baixos que os do Brasil, por exemplo.

Brasil, América Latina e África na ordem mundial do pós-Segunda Guerra

Os mapas das três páginas anteriores que vimos representam as regionalizações do mundo após a Segunda Guerra Mundial. Localize nesses mapas o Brasil e outros países da América Latina e da África e observe a que conjunto pertenciam nessas regionalizações ou em qual situação se encontravam na ordem mundial do pós-guerra.

Sob o ponto de vista econômico, tanto a América Latina quanto a África estavam inseridas na divisão internacional do trabalhoglossário na condição de fornecedores de produtos primários para o mercado mundial, ou seja, forneciam bens derivados de atividades agropecuárias (café, cacau, cana-de-açúcar, carne etcétera), de extração mineral (cobre, minério de ferro, prata, estanho etcétera), de extração vegetal (madeira, celulose etcétera) e da pesca.

E, nessa inserção, considerando o baixo nível de industrialização e de desenvolvimento científico e tecnológico em que se encontravam, a América Latina e a África eram importadores de produtos industrializados e de tecnologias. É importante ressaltar que, principalmente a partir dos anos 1960, Brasil, Argentina e México começaram a se destacar na industrialização, diminuindo a dependência de importação de produtos industrializados, sem, contudo, livrarem-se da dependência científica e tecnológica em relação aos Estados Unidos e a outros países desenvolvidos (a industrialização do México, da Argentina e do Brasil será estudada no Percurso 17).

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

O milagre de Berna.

Direção: zânque vórtman. Alemanha: Little Shark/Senator Film, 2003. Duração: 108 minutos

O filme retrata a reconstrução da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial ao destacar a vitória da seleção alemã na Copa do Mundo de 1954.

PERCURSO 4 OUTRAS REGIONALIZAÇÕES DO ESPAÇO MUNDIAL

1. Segundo o desenvolvimento científico e tecnológico

Um dos modos de regionalizar o mundo é classificar os países de acordo com o desenvolvimento científico e tecnológico. Observe o mapa. Os Estados Unidos, os países mais desenvolvidos da Europa Ocidental e o Japão formam as principais áreas de inovação científica e tecnológica. Isso é resultado dos grandes investimentos que realizam na educação e em centros de pesquisa, tanto de universidades como de grandes empresas, o que lhes permite ter a liderança científica e tecnológica entre os países e, consequentemente, mais poder nas relações internacionais.

Esses países, além de aplicar as inovações tecnológicas nos processos de produção e criação de novos produtos, exportam tecnologia, o que lhes possibilita alto retorno financeiro.

Mundo: principais polos de inovação tecnológica – 2021

Mapa. Mundo: principais polos de inovação tecnológica, 2021. Planisfério com a divisão política. Todos os países estão na cor laranja e os polos de ciência e tecnologia são representados por pontos em roxo. Polos de ciência e tecnologia: concentração de pontos na costa leste e oeste dos Estados Unidos; em países da Europa, como França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Países Baixos, Dinamarca e outros; nas porções sul e leste da Ásia, como na Índia, na China e no Japão e, na Oceania, na Austrália. Na América do Sul, há 1 polo de ciência e tecnologia e este se localiza na região Sudeste do Brasil.
Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.450 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em DUTTA, Soumitra; LANVIN, Bruno; lêon, Lorena rivêra; vúnch víncent Sacha. Global Innovation Index 2021Tracking Innovation through the Covid-19 Crisis. 14. edição Geneva: uípo, 2021. página 35.

Grafismo indicando atividade.

Identifique, de acordo com o mapa, pelo menos dois países que têm polo de inovação tecnológica.

2. Segundo o Produto Interno Bruto (Píbi)

Outra maneira de regionalizar os países do mundo é com base no Píbi. O Píbi é a soma do valor total de bens (produtos agropecuários, industriais, minerais etcétera) e serviços (comércio, transportes, telecomunicações, educação, saúde, setor financeiro etcétera) produzidos por um país em determinado período (em geral, durante um ano). Esse valor, geralmente expresso em dólares, é usado para avaliar a importância da economia de um país e compará-la com a economia de outros países.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe se no seu município ou em algum outro da unidade da federação onde você mora existem centros de pesquisa científica e tecnológica?

Observe, no gráfico, que apenas dez países foram responsáveis pela produção de 68,2% do Píbi mundial em 2020.

Esse dado mostra a desigualdade na produção de riqueza e sua concentração em poucos países. Entretanto, o estudo do Píbi de um país somente assume real significado se for relacionado à sua população.

Mundo: distribuição do Píbi (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: distribuição do PIB, em porcentagem, 2020. Gráfico circular; cada parte representa o valor em porcentagem da participação dos países no PIB mundial em 2020.  Estados Unidos, em azul escuro: 24,7 por cento.  China, em vermelho: 17,4 por cento.  Japão, em laranja: 6,0 por cento.  Alemanha, em amarelo: 4,5 por cento.  Reino Unido, em verde: 3,3 por cento. Índia, em azul: 3,2 por cento. França, em rosa escuro: 3,1 por cento.  Itália, em roxo: 2,2 por cento.  Canadá, em azul claro: 1,9 por cento.  Coreia do Sul, em rosa claro: 1,9 por cento. Rússia, em amarelo claro: 1,8 por cento.  Brasil, em lilás: 1,7 por cento. Demais países, em cinza: 28,3 por cento.  PIB mundial: 84,7 trilhões de dólares.

Fonte: elaborado com base em THE WORLD BANK. GDP (Current US$). Disponível em: https://oeds.link/IdPQig. Acesso em: 20 janeiro 2022.

Em 2020, o Píbi dos Estados Unidos foi de 20,9 trilhões de dólares, o da China, de 14,7 trilhões, e o do Brasil (12ª posição), de 1,4 trilhão.

Píbi per cápita

Dá-se o nome de Píbi per cápita (literalmente, “por cabeça”, ou seja, por habitante) à relação entre o Píbi e a população total de um país.

O Píbi per capita é calculado dividindo-se o valor do Píbi de um país pelo total de sua população no mesmo ano, expressando, portanto, a relação entre a produção de riquezas por habitante de um país.

A desigualdade do Píbi per cápita entre os países indica grandes diferenças nas condições de vida da população. Com baixa produção de riquezas por habitante, o Estado arrecada menos impostos. Com isso, o dinheiro se torna escasso para o investimento em infraestrutura, como abertura de estradas, construção de usinas de eletricidade e aparelhamento de portos, e para o desenvolvimento econômico e social, como educação, alimentação, habitação, saúde, pesquisa científica, entre outros. Além disso, em muitos casos, ocorre o desvio de verba pública por meio da corrupção político-administrativa, o que contribui também para o baixo nível de investimentos por parte do poder público.

Observe, no mapa, a distribuição do Píbi per cápita no mundo.

Mundo: Píbi per cápita (em dólares pê pê cê) – 2020

Mapa. Mundo: PIB per capita, em dólares PPC, 2020.  Planisfério com a divisão política para representar o PIB per capita em dólares PPC por país. O valor do PIB é representado por tons de verde que correspondem a uma gradação de valores: menos de 5.000 dólares PPC, de 5.000 a 10.000 dólares PPC, de 10.000 a 20.000 dólares PPC, de 20.000 a 40.000 dólares PPC e acima de 40.000 dólares PPC. Países sem dados são representados em cinza.  Menos de 5.000 dólares PPC: países da porção oeste, central e sudeste da África e países do sul da Ásia.  De 5.000 a 10.000 dólares PPC: países como Índia e Iraque na Ásia; Namíbia, Angola, Marrocos, Costa do Marfim e Gana na África; Bolívia na América do Sul, e Guatemala e Honduras na América Central.   De 10.000 a 20.000 dólares PPC: na América, México e todos os países da América do Sul, com exceção de Bolívia, Chile, Uruguai e Venezuela; na África, Argélia, Líbia, Egito, África do Sul e Botsuana; na Europa, países como Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Ucrânia e  Belarus; e na Ásia, países como China, Mongólia, Irã, Turcomenistão, Mianmar e Indonésia. De 20.000 a 40.000 dólares PPC: na América, Chile e Uruguai; na Europa, países como Portugal, Espanha, Itália, Polônia, República Tcheca, Romênia e Bulgária; na Ásia, Rússia, Cazaquistão, Turquia e Omã.  Acima de 40.000 dólares PPC: Austrália, Nova Zelândia, Japão, Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Áustria, Hungria, Canadá e Estados Unidos.   Sem dados: Venezuela, Groenlândia, Somália, Sudão do Sul, Eritreia, Iêmen e Antártida. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em GDP per capita, 2020. Our World in Data. Disponível em: https://oeds.link/HNCodJ. Acesso em: 18 fevereiro 2022.

Nota: pê pê cê significa paridade do poder de compra. É um método para calcular o poder de compra da população dos países, considerando que os bens e os serviços têm preços diferentes. O pê pê cê mede quanto determinada moeda, convertida em dólar, pode comprar.

3. Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá)

Outro modo de observar o mundo e regionalizá-lo é segundo o í dê agá, aplicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (penúdi) a fim de avaliar as condições de vida de um país.

De acordo com o Relatório do desenvolvimento humano 2020, o í dê agá de 2019 foi calculado considerando o índice de esperança de vida ao nascer, a expectativa de anos de escolaridadeglossário , a média de anos de estudo da população acima dos 25 anos e o Rendimento Nacional Bruto (RNB)glossário per capita.

Estatisticamente, o í dê agá de 2019 distribuiu o total de países estudados em 4 grupos: o 1º quarto de maior í dê agá foi classificado como muito elevado (igual ou superior a 0,800); o 2º quarto, elevado (entre 0,700 e 0,799); o 3º, médio (entre 0,550 e 0,699); e o 4º, baixo (menor que 0,550). Quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento.

O mapa do í dê agá mundial de 2019 revela as desigualdades socioeconômicas existentes entre os países. Na Suécia, por exemplo, a esperança de vida ao nascer era de 82,8 anos, a expectativa de anos de escolaridade era de 19,5 anos, a média de anos de estudo era de 12,5 anos, o érre êne bê per cápita foi de .54508 dólares e o í dê agá, 0,945 (posição 7). Já em Moçambique, a esperança de vida ao nascer era de 60,9 anos, a expectativa de anos de escolaridade era de 10 anos, a média de anos de estudo era de 3,5 anos, o érre êne bê per cápita era de .1250 dólares e o í dê agá, 0,456 (posição 181). Quanto ao Brasil, os dados de 2019 são, respectivamente: 75,9 anos, 15,4 anos, 8 anos, .14263 dólares e 0,765 (posição 84). Observe o mapa.

Mundo: Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá) – 2019

Mapa. Mundo: Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, 2019.  Planisfério com a divisão política para representar o Índice de Desenvolvimento Humano por país. O valor do índice é representado por tons de marrom que correspondem a uma gradação de valores: Baixo (de 0,394 a 0,546), Médio (de 0,554 a 0,697),  Elevado (de 0,703 a 0,796) e Muito Elevado (de 0,804 a 0,957).  Baixo (de 0,394 a 0,546): maior parte dos países da África e, na Ásia, Síria, Afeganistão e Iêmen. Na Oceania, Papua Nova Guiné.  Médio (de 0,554 a 0,697): na África, países como Gana, Camarões, Congo, Quênia e Zâmbia, e, na, Ásia, Iraque, Índia, Paquistão, Nepal.  Elevado (de 0,703 a 0,796): maior parte dos países da América do Sul, como Brasil, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Guiana; México na América do Norte, alguns países na África, como Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Gabão, Botsuana e África do Sul; alguns países da Europa, como Ucrânia e Moldávia, e países da Ásia como Irã, Turcomenistão, Uzbequistão, China, Mongólia, Mianmar e Indonésia.  Muito Elevado (de 0,804 a 0,957): na América, Canadá, Estados Unidos, Chile, Argentina e Uruguai; maior parte dos países da Europa, Rússia, Cazaquistão, Turquia, Arábia Saudita e Omã; na Oceania, Austrália e Nova Zelândia. Sem dados: Antártida, Groenlândia e Somália.  No mapa, há o desenho da bandeira de 3 países com os textos: octagésimo quarto lugar: Brasil, 0,765; o maior: Noruega, 0,957; o menor: Níger: 0,394. À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32. ú êne dê pê. riumãn devélopment ripórt 2020. niu iórc: ú êne, 2020. página 343-346.

Nota: Em 2014, o pê êne ú dê alterou a metodologia de cálculo do í dê agá. Assim, os dados a partir desse ano não são comparáveis aos dados de anos anteriores.

Observações sobre o IDH

Ao mostrar a média nacional, o í dê agá oculta as diferenças regionais internas do país. Mesmo em países ricos, como os Estados Unidos, há diferenças regionais marcantes. O mesmo podemos afirmar em relação ao Brasil, conforme observamos no mapa.

Embora o Brasil esteja entre os países de í dê agá elevado em 2019, não podemos ignorar que vários indicadores socioeconômicos brasileiros estão muito defasados em relação aos de países europeus, como a Albânia, a Ucrânia e outros, que estão no mesmo grupo de í dê agá em que se situa o Brasil. O í dê agá elevado do Brasil esconde diversas desigualdades sociais: o saneamento básico é ainda muito deficiente; em 2019, a mortalidade infantil era elevada (13,3por mil) e a taxa de analfabetismo de adultos era de 6,6%. Além disso, há grande desigualdade de rendimentos entre a população, e muitos vivem na condição de pobreza extrema. Nesse mesmo ano, 28% das famílias brasileiras tinham rendimento per capita de até meio salário mínimo.

Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (i dê agá ême) – 2019

Mapa. Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano, 2019. Mapa de parte da América do Sul com o Brasil e sua divisão política em destaque. Cada unidade da federação está representada na cor correspondente ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que vai do amarelo claro ao marrom. Quanto maior o índice, mais escura é a cor.  Abaixo de 0,700: Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas.  De 0,701 a 0,725: Bahia, Paraíba, Rondônia e Acre.  De 0,726 a 0,735: Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.  De 0,763 a 0,769: Roraima, Amapá, Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul.  Acima de 0,770: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Distrito Federal.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 480 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. sétima ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página 90; pê êne ú dê. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. penúdi Brasil, ipéa e éfe jota pê, 2020. Disponível em: https://oeds.link/Wrdbpb. Acesso em: 20 janeiro 2022.

Nota: Os das unidades da federação do Brasil não podem ser comparados aos dos países do mundo em virtude da diferença de metodologia de cálculo.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

unicéfi – Dados demográficos, sociais e econômicos dos países do mundo

https://oeds.link/deJofu

Obtenha informações sobre os países do mundo no relatório Situação mundial da infância, buscando por ­“Biblioteca”, e conheça os diferentes níveis de desenvolvimento social entre eles.

4. Segundo níveis de desenvolvimento econômico e social

A fim de tornar a regionalização entre países do Norte e do Sul, como vimos no Percurso 3, mais próxima da realidade atual, alguns estudiosos, com base nos níveis de desenvolvimento dos países, realizaram modificações nessa regionalização (consulte o mapa da página 30). Consulte, agora, o mapa da página seguinte.

Além de modificar o traçado da linha que divide o Norte e o Sul, essa regionalização segundo níveis de desenvolvimento econômico e social cria subconjuntos de países Tipo Norte e Tipo Sul. Conheça, a seguir, as características de cada um dos subconjuntos.

Mundo: regionalização segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social – 2004

Mapa. Mundo: regionalização segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social, 2004. Países Tipo Norte: Desenvolvidos: Canadá, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia e países no oeste europeu. Países ex-socialistas (em transição para o desenvolvimento): Rússia. Tigres Asiáticos: Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura. Países Tipo Sul: Emergentes: México, Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, China, Índia, Tailândia. Em situação intermediária: países no oeste e note da África, países do oeste da América do Sul e América Central, leste europeu e países asiáticos ao sul. Exportadores de petróleo (renda elevada): Países no norte da África, países abaixo do centro europeu. Novos Tigres Asiáticos: Malásia e Indonésia, Filipinas. Limite Norte-Sul: no norte estão América do Norte, europa, Rússia, Japão e Austrália e Nova Zelândia. No sul todos os países da Ásia, Oriente Médio, África, América Central e América do Sul. À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.990 quilômetros.

Fonte: ÍSOLA, Leda; CALDINI, Vera. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2005. página 113.

Grafismo indicando atividade.

Nesse tipo de regionalização, como está classificado o Brasil?

Países Tipo Norte

Nesse grupo, estão os países desenvolvidos, os países ex-socialistas e os Tigres Asiáticos.

Países desenvolvidos

De modo geral, são países altamente industrializados, com grandes investimentos em centros de pesquisa científica, o que lhes confere o domínio de tecnologias avançadas em diversos setores do conhecimento (informática, aeroespacial, nuclear, engenharia genética etcétera). Apresentam í dê agá elevado ou muito elevado.

No entanto, cabe lembrar que os países classificados como desenvolvidos não formam um conjunto homogêneo. Há diferenças entre eles, principalmente no desenvolvimento científico e tecnológico. A liderança nesse setor cabe a Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Além disso, esse grupo de países apresenta, em menor grau que os países subdesenvolvidos, alguns problemas sociais, em muitas situações associados à desigualdade socioeconômica.

Fotografia de uma pessoa sentada em uma rua, com os braços e a cabeça para baixo, apoiada nos joelhos. Na frente da pessoa há um papelão com algo escrito e um copo. Ela está encostada na parede de um prédio com janelas de vidro e ao seu lado há uma mochila, um colchonete fino enrolado e uma sacola no chão. Ao fundo, um homem de calça jeans, camisa vermelha e colete preto caminha, saindo do prédio.
Pessoa sem moradia na cidade de Berlim, Alemanha (2020).

Países ex-socialistas

De modo geral, os Estados europeus que adotaram o regime socialista investiram na industrialização e também em saúde, em centros de pesquisa, na educação em diferentes níveis etcétera

Por volta do final dos anos 1980 e início dos 1990, os países do bloco socialista abandonaram esse regime e implantaram o sistema capitalista. No entanto, a infraestrutura industrial, educacional e de saúde, construída ao longo do socialismo, permaneceu. Isso explica o fato de que, nessa regionalização, esses países pertençam ao grupo de países do Tipo Norte.

IDH de alguns países ex-socialistas – 2019

País

IDH

Eslovênia

0,917

República Tcheca

0,900

Polônia

0,880

Hungria

0,854

Rússia

0,824

Fonte: ú êne dê pê. Human development report 2020. New York: UN, 2020. página 343.

Os Tigres Asiáticos

A figura do tigre representa, no imaginário oriental, astúcia e fôrça. Por isso, a expressão Tigres Asiáticos é usada para designar os paí­ses da Ásia que, em curto período, apresentaram intenso e contínuo desenvolvimento econômico e social. São chamados também de Novos Países Industriais, pois se industrializaram após a Segunda Guerra Mundial, diferenciando-se daqueles que passaram pelas revoluções industriais nos séculos dezoito e dezenove e no início do século vinte.

Na regionalização representada no mapa da página 30, Israel e os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, taiuã, Cingapura e Hong Kongglossário ) pertencem ao conjunto dos países do Sul.

Entretanto, de 1960 aos dias atuais, esses países apresentaram um intenso e contínuo desenvolvimento econômico e social. Industrializaram-se com muita rapidez, implantaram centros de pesquisa de tecnologia avançada e investiram em educação, conseguindo assim equiparar seus indicadores sociais aos dos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte.

Países Tipo Sul

Nesse grupo, estão os países emergentes, os menos avançados, os países considerados em situação intermediária, os exportadores de petróleo e os Novos Tigres Asiáticos.

Emergentes

México, Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, África do Sul, Índia, China e alguns outros países são chamados, no atual cenário internacional, de países emergentes, em decorrência de certas características: considerável industrialização, crescimento econômico, domínio de alguns setores avançados de ciência e tecnologia e atração de investimentos estrangeiros. Quatro desses países emergentes integram os BRICSglossário , que serão estudados no Percurso 11.

Entretanto, por não considerar as condições de vida da população, a expressão “emergente” pode mascarar graves problemas sociais, em que grande parcela da população é privada de boas condições de vida, apresentando alta mortalidade infantil, baixo ou médio í dê agá, pobreza, analfabetismo, baixo nível de instrução etcétera

Outros subconjuntos de países Tipo Sul

O subconjunto de países exportadores de petróleo apresenta rendimento elevado. Entretanto, nesses países existe elevada concentração de rendimentos nas mãos de classes sociais privilegiadas, que gozam de alto padrão de vida, enquanto uma parcela significativa da população encontra-se em condições mínimas de sobrevivência.

Os Novos Tigres Asiáticos, chamados também de Nova Geração de Tigres Asiáticos – Tailândia, Malásia, Indonésia e Filipinas –, depois da liberalização de suas economias no final dos anos 1980, atraíram muitos investimentos estrangeiros que impulsionaram a industrialização e o crescimento econômico, levando-os a se diferenciar do conjunto dos países menos avançados e em situação intermediária – países que se encontram entre os emergentes e os menos avançados. Entretanto, a exemplo dos emergentes, grande parcela da população desses países tem condições de vida precárias.

A situação social mais dramática é encontrada no subconjunto de países menos avançados. Grande parte desses países se localiza na África; na Ásia, reúne Afeganistão, Nepal, Paquistão e Iêmen; e, na América, destaca-se o Haiti. Os indicadores sociais desses países são os mais baixos se comparados aos dos demais subconjuntos. A economia é assentada, principalmente, na agricultura e na exploração mineral. Embora esses países sejam produtores de café, algodão, amendoim, cacau etcétera, boa parte da população apresenta déficit alimentar e, em consequência, taxas elevadas de desnutrição.

Indicadores sociais de alguns países menos avançados – 2019

País

IDH

Taxa de mortalidade infantil (‰)

Esperança de vida média (anos)

Nepal

0,602

26

70,8

Zâmbia

0,584

42

63,9

Paquistão

0,557

56

67,3

Haiti

0,510

48

64,0

Etiópia

0,485

37

66,6

Guiné Bissau

0,480

52

58,3

Iêmen

0,470

44

66,1

Burkina Fasso

0,452

54

61,6

Fontes: elaborada com base em ú êne dê pê. Human development report 2020. New York: UN, 2020. página 345; THE WORLD BANK. Mortality rate, infant (per 1,000 live births). Disponível em: https://oeds.link/iqTlZY. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Indique alguma característica que foi usada como critério para as regionalizações que estudamos e que ocorre no município onde você mora.

5. O caráter transitório das regionalizações

Vimos no Percurso 3 algumas regionalizações do mundo criadas após a Segunda Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, quando, do ponto de vista geopolíticoglossário , o mundo se encontrava bipolarizado. Considerando a dinâmica das sociedades humanas e dos Estados, essas regionalizações caíram em desuso. Surgiram, assim, outras regionalizações – como estudamos neste Percurso –, as quais, daqui a alguns anos, poderão sofrer mudanças. Desse modo, podemos dizer que as regionalizações ou os modos de ver e estudar o mundo alteram-se com o passar do tempo.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa em pé com uma mochila grande nas costas, segurando uma vara.

Mochila de ferramentas

Anamorfose: uma técnica interessante para ver o mundo

Na Geografia, anamorfose é uma técnica aplicada para representar um fenômeno em que a superfície dos territórios será proporcional a ele – como a quantidade de habitantes de um país –, e não à sua área real. O continente africano, por exemplo, possui maior população que o americano, embora tenha menor área territorial. Uma anamorfose, nesse caso, representará o continente africano maior que o americano.

Ainda que nas anamorfoses a localização relativa dos territórios seja respeitada, esse tipo de representação não pode ser considerado mapa, pois, ao distorcer a superfície de territórios, essa técnica não permite o uso da escala.

O objetivo de uma anamorfose é transmitir a informação de maneira clara, de modo que sua visualização permita a compreensão do fenômeno representado.

A leitura da anamorfose, porém, deve ser feita com atenção. Leia as instruções a seguir e, com base na anamorfose desta página, responda às questões.

Mundo: distribuição da população (projeção para 2050)

Mapa. Mundo: distribuição da população, projeção para 2050.  Anamorfose dos continentes com a representação dos países em cores variadas.  Na anamorfose, o continente americano está mais fino em relação à sua representação nos planisférios. Nesse sentido, merece destaque o Canadá, com uma dimensão muito menor na  anamorfose. Os países com as maiores dimensões são Brasil e Estados Unidos. Na África e na Europa, a distorção é menos acentuada. Na Ásia, Índia e China estão com área muito maior do que a que possuem nos planisférios e a Rússia, ao contrário, está com área muito reduzida, aparecendo pequena e fina. Os países do leste e do sudeste asiático também estão com dimensões maiores do que as que possuem nos planisférios. Oceania e Antártida estão com área muito reduzida. Na anamorfose, não há indicação de paralelos e meridianos, escala, rosa dos ventos e nome dos oceanos.

Fonte: WORLDMAPPER. Disponível em: https://oeds.link/9mBbst. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Como fazer

  1. Observe o título e o tema representado.
  2. Fique atento à deformação dos territórios. Alguns países necessariamente estarão representados de forma mais estreita, enquanto outros terão dimensões maiores; a dimensão revela a intensidade do fenômeno tratado.
  3. Repare na localização dos territórios. Isso vai ajudá-lo a interpretar a anamorfose e distingui-los. Se necessário, recorra ao mapa político da página 278.
  1. Que continente apresentará a maior parcela da população mundial na projeção para 2050? Como você chegou a essa conclusão?
  2. Entre os países da América do Sul, qual apresentará maior participação na população mundial segundo essa projeção? Explique como você descobriu essa informação.
  3. Por que a anamorfose se assemelha a um mapa, mas não pode ser considerada como tal?
Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 3 e 4

Registre em seu caderno.

  1. O que significa dizer que o estudo do espaço geográfico pode ser feito segundo várias escalas?
  2. O que é regionalizar o espaço geográfico?
  3. Cite os cinco principais conjuntos de paisagens naturais ou climáticas da Terra e indique a paisagem à qual pertence a localidade onde você mora.
  4. Aponte algumas diferenças ou desigualdades entre os Estados ou países do mundo quanto aos aspectos das sociedades humanas que neles vivem.
  5. Explique o que foi a ordem mundial bipolar que surgiu após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
  6. O que foi a Guerra Fria?
  7. Por que podemos considerar generalizante a regionalização do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, realizada após a Segunda Guerra Mundial?
  8. Por qual razão a regionalização do mundo em países do Norte e países do Sul não corresponde à realidade atual?
  9. Explique o que é Píbi e aponte qual foi a participação percentual do Brasil e dos Estados Unidos no Píbi mundial de 2020 e quais eram seus valores expressos em dólares.
  10. Até recentemente empregavam-se as expressões “Primeiro Mundo”, “Segundo Mundo” e “Terceiro Mundo” para designar três conjuntos de países. Explique o que essa regionalização significava e por que ela se tornou inapropriada.
  11. Em 1949, em plena Guerra Fria e sob a liderança dos Estados Unidos, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), aliança militar destinada a garantir a existência do sistema capitalista na Europa Ocidental, reunindo vários de seus países (França, Reino Unido, Bélgica etcétera). Em 1955, o bloco socialista, liderado pela União Soviética, em resposta à criação da otâm, criou o Pacto de Varsóvia (Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental), uma aliança militar destinada a garantir a existência do sistema socialista. Observe o mapa e responda às questões.

O mundo bipolar dos anos 1980

Mapa. O mundo bipolar dos anos 1980.  Mapa do mundo com a divisão política representando a posição dos países em relação aos blocos capitalista e socialista nos anos 1980. Os países do bloco capitalista estão representados em tons de verde e os do bloco socialista em tons de vermelho.  Bloco capitalista. Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan, em verde escuro: Canadá, Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Itália, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Países Baixos, Grécia e Turquia. Países aliados ao bloco capitalista por acordos de cooperação militar, em verde claro: todos os países da América do Sul, o México e países da América Central, com exceção de Nicarágua e Cuba; alguns países da África, como Egito e Marrocos; Austrália e Nova Zelândia na Oceania e, na Ásia, países como Japão e Taiwan.  Países neutros, em cinza:  alguns países da África, como Níger, Nigéria, Mauritânia e Botsuana, e alguns países da Ásia, como Índia, Indonésia e Filipinas.  Bloco socialista. Pacto de Varsóvia, em vermelho: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia e República Democrática Alemã.  Países socialistas não associados à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em laranja hachurado: China.  Países aliados ao bloco socialista por acordo de cooperação militar ou tratado de amizade, em laranja: Nicarágua, Cuba, Argélia, Líbia, Mali, Angola, Moçambique, Etiópia, Iêmen do Sul, Iraque, Mongólia e alguns países do sul da Ásia.  Linha de confronto Leste-Oeste, representada por linha preta tracejada: atravessa e separa Europa e Oriente Médio dos países do leste europeu e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.  Países com armas nucleares, representados por símbolo preto: Estados Unidos, Reino Unido, França, Israel, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e China.  Mapa não apresenta escala e rosa dos ventos.

Fonte: elaborado com base em L'ATLAS du Monde Diplomatique 2010. Paris: Armand Colin, 2009. página 50.

Nota: Nesse mapa, optamos por manter o traçado proposto pela fonte original, que não obedece rigidamente às convenções cartográficas.

  1. Entre quais grupos de países ocorreu a bipolarização geopolítica representada no mapa?
  2. Nesse período, que países possuíam armas nucleares?
  3. Qual era a condição de Cuba no mundo bipolar dos anos 1980? E a da China?
  4. Qual era a situação geopolítica da América Latina e da África em relação às duas superpotências Estados Unidos e União Soviética?
  5. A otâm, no período da Guerra Fria, foi uma aliança militar somente entre os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental? Explique.

12. Observe o mapa e responda.

Mundo: escolaridade (em anos) – 2018

Mapa. Mundo: escolaridade, em anos, 2018.  Planisfério com a divisão política e a representação da média de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais de idade por país.  A variação na média de anos de estudo é representada em tons de verde: quanto mais escuro, maior a média de anos de estudo. Menos de 5 anos de estudo: maior parte dos países do oeste, centro e leste da África; na Ásia, Síria, Iêmen, Afeganistão, e, na Oceania, Papua Nova Guiné. De 5 a 6 anos de estudo: alguns países da América Central; na África, países como Nigéria, Camarões, Quênia e Tanzânia, e, na Ásia, países como Índia, Paquistão e Mianmar. De 7 a 8 anos de estudo: na América,  países como México, Colômbia, Guiana, Suriname, Brasil e Paraguai; na África, países como Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, República Democrática do Congo e Zâmbia; na Ásia, países como Turquia, Iraque, China, Tailândia e Indonésia.  De 9 a 10 anos de estudo: na América do Sul, em Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela; na África, na África do Sul e em Botsuana; na Europa, em países como Portugal, Espanha e Itália; na Ásia, em países como Arábia Saudita, Omã, Irã e Filipinas.  De 11 a 12 anos de estudo: em países como França, Irlanda, Bélgica, Suécia, Finlândia, Polônia, Romênia, Ucrânia, Rússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Coreia do Sul e Nova Zelândia.  De 13 a 14 anos de estudo: Canadá, Estados Unidos, Cuba, Reino Unido, Alemanha, Suíça, República Tcheca, Noruega, Estônia, Letônia, Lituânia, Geórgia, Japão e Austrália. Sem dados: Groenlândia, Sérvia, Azerbaijão, Armênia, Coreia do Norte,  Saara Ocidental, Somália e  e Antártida.  À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 34.

Há relação entre esse mapa e a regionalização do mundo segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social, representada no mapa da página 36? Explique.

13. Celso Furtado (1920-2004) foi um importante economista e intelectual brasileiro que contribuiu de modo significativo para se pensar o Brasil, por meio de livros e artigos acadêmicos. Em um livro de 2002, ele escreveu o seguinte fragmento de texto, que, apesar de passados tantos anos, ainda é considerado atual.

Cabe a pergunta: houve desenvolvimento? Não: o Brasil não se desenvolveu; modernizou-se. O desenvolvimento verdadeiro só existe quando a população em seu conjunto é beneficiada.

FURTADO, Celso. Em busca de novo modelo: reflexões sobre a crise contemporânea. São Paulo: Paz e Terra, 2002. página 21.

  1. Pergunte aos seus familiares se o Brasil se modernizou e quais exemplos eles poderiam citar.
  2. Você concorda com o autor que não houve desenvolvimento, mas apenas modernização no Brasil? Explique.

14. Reúnam-se em grupo e discutam quais são os problemas que mais afligem a população da localidade onde você e seus colegas moram e quais são as possíveis soluções para superá-los. Em seguida, elaborem um texto sobre o assunto, compartilhando-o com os demais grupos a fim de complementar os problemas e as soluções apontados.

Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa saindo de um ônibus.

Desembarque em outras linguagens

víqui MUNIZ: GEOGRAFIA E ARTES PLÁSTICAS

Fotografia. Foto de um homem visto do ombro para cima. Ele é branco, veste uma camiseta preta, tem cabelos curtos, cacheados e escuros e está olhando fixamente para a frente. A fotografia é feita com uma montagem de diversos pontos esfumaçados e borrados, como se tivesse sido pintada com aquarela. No fundo branco há pontos pretos, na camiseta preta há pontos coloridos e no rosto do homem há mais pontos em tons de pele.

víqui Muniz (Vicente José de Oliveira Muniz), em autorretrato de 2003, é um artista plástico de grande renome no mundo. Nasceu em São Paulo, em 1961, e cursou Publicidade e Propaganda. Desde 1983 reside e trabalha em Nova iórque, nos Estados Unidos, e, em anos recentes, também no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Além de desenhista, o artista é fotógrafo, pintor e gravurista e usa algumas dessas diferentes técnicas combinadas em várias obras. Seus trabalhos chamam a atenção tanto pelo caráter inusitado dos materiais usados como por sua postura crítica em relação à sociedade de consumo. Em 2010, o documentário Lixo extraordinário, que trata do seu trabalho com os catadores de lixo do Jardim Gramacho, bairro do município de Duque de Caxias (Rio de Janeiro), foi indicado ao Oscar.

Um jeito diferente de compreender o mundo

Ao longo desta Unidade, você conheceu diferentes modos de observar o mundo do ponto de vista da Ciência Geográfica. Agora, vai descobrir que a arte também é capaz de revelar maneiras diferentes e, muitas vezes, inusitadas de observar, compreender e representar o mundo em que vivemos.

É o caso da obra de víqui Muniz, fotógrafo e artista plástico que encontrou um jeito inovador de representar o espaço geográfico mundial.

Nas mãos dele, materiais ou produtos simples, como serragem, areia, algodão, chocolate, açúcar, terra, barbante, mel ou até mesmo lixo, transformam-se em uma espécie de “tinta”, usada de maneira livre e criativa para questionar, principalmente, a relação da humanidade com o meio ambiente.

Pintura. Um homem branco, de barba grande e escura e cabelos escuros na altura da orelha. Ele veste um pano grande vermelho ao redor do braço direito, passando pelas costas e cobrindo a virilha. Com o tronco para frente e os braços levantados, ele carrega um grande globo azul nas costas.
A obra Atlas segurando o globo celeste, de djiovâni frantchêsco barbiéri, Guercino (1646), retrata Atlas, que, segundo a mitologia grega, foi condenado por Zeus a sustentar eternamente o globo terrestre.
Montagem feita com fotografia e materiais descartados. Montagem que reproduz o homem da pintura descrita anteriormente, mas desenhado com contorno em preto e branco. O homem carrega nas costas um globo com materiais de sucata em miniatura, como caixas de papelão, objetos de ferro velho, fios, roda, escada de madeira e papelões. O cabelo do homem também é composto de sucata: objetos de papelão, ferro velho e pneus.
Na obra Atlas, d’après Guercino, de víqui Muniz (2007), o artista faz uma releitura da obra de Guercino e retrata Atlas carregando o peso do lixo do mundo, obra feita com objetos encontrados no lixo.
Montagem de fotografia com material eletrônico descartado. Imagem que reproduz o contorno dos continentes e dos oceanos da Terra. Os oceanos têm o aspecto de uma superfície lisa em cor escura e os continentes e as ilhas são formados por partes de computadores descartadas e amontadas.
A obra www (Mapa do Mundo), de víqui Muniz (2008), mostra a representação dos continentes feita com sucata de computadores e produtos eletrônicos. Segundo a ônu, a maior parte do lixo eletrônico é gerada pela China, pelos Estados Unidos e por outros países ricos. Na América Latina, o Brasil é o país que mais gera esse tipo de lixo.

 Caixa de informações

  1. Que materiais víqui Muniz usa em suas obras? Qual deles chamou mais a sua atenção? Por quê?
  2. Em suas obras feitas com sucata, aqui representadas, víqui Muniz busca chamar a atenção para que problema enfrentado atualmente pela humanidade?

 Interprete

  1. Em Atlas, d’après Guercino, víqui Muniz usou sucata para representar o globo carregado por Atlas. Em sua opinião, o que o artista quis demonstrar ao fazer essa releitura da obra de djiovâni éfe barbiéri(Guercino)?
  2. Com base em seus conhecimentos, por que alguns países produzem mais lixo eletrônico que outros? Explique sua resposta.

 Mãos à obra

5. víqui Muniz buscou retratar em diversas de suas produções os problemas decorrentes da fórma como a humanidade se relaciona com o meio ambiente, chamando a atenção para problemas ambientais decorrentes dessa relação. Que tal se inspirar no trabalho do artista para retratar o problema do lixo e a importância da reciclagem e do reúso de materiais atualmente? Você pode explorar alguma arte visual para produzir uma pintura, escultura, gravura ou desenho que retrate a questão apresentada. Para isso, use, por exemplo, sucata e outros materiais descartados. Se preferir, explore outras linguagens artísticas para criar, por exemplo, produções audiovisuais, como vídeos e animações.

Na escola, com a ajuda do professor e com os demais colegas, organizem uma exposição dos trabalhos para a comunidade escolar. Em seguida, converse com um ou mais alunos da escola e pergunte sobre as impressões que eles tiveram sobre os trabalhos apresentados na exposição. Peça a eles que expliquem o que mais lhes chamou a atenção e os motivos. Por fim, com base nessas informações, desenvolva uma breve análise a respeito da interação do público com a exposição, apontando indícios sobre a sensibilização que ela gerou em relação à importância da reciclagem e do reúso de materiais.

Glossário

Mar
Porção do oceano geralmente próxima ao continente.
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Península
Porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto por um, pelo qual se liga ao continente.
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Istmo
Estreita faixa de terra situada entre dois mares.
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Arquipélago
Agrupamento de ilhas próximas umas das outras em certas áreas dos oceanos. Exemplo: Arquipélago de Fernando de Noronha (Pernambuco).
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Jurídico
Relativo ou pertencente às normas do Direito: conjunto de leis ou normas que regem as relações entre seres humanos, Estados etcétera.
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Soberania
Autoridade maior ou suprema que deve ser respeitada pelos demais Estados.
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Mar territorial
Faixa marítima de largura igual a 12 milhas marítimas – 22,2 quilômetros –, medidas a partir da linha da maré mais baixa ao longo da costa litorânea territorial.
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Estabelecimento comercial onde se paga para usar um computador; lan, do inglês, significa local area network, ou seja, rede local de computadores.
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Transnístria
Região situada na fronteira entre Moldávia e Ucrânia, cuja população busca a independência desde a década de 1990, mas ainda não foi reconhecida pela Moldávia nem pela ônu.
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Regionalizar
Dividir ou delimitar determinado território ou espaço em regiões, de modo que cada uma delas apresente características comuns ou semelhantes.
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Estado multinacional, composto de 15 repúblicas socialistas, que perdurou de 1922 a 1991, quando se tornaram Estados independentes: Ucrânia, Belarus, Lituânia, Letônia, Estônia, Cazaquistão, Armênia, Moldávia, Geórgia, Quirguistão, Azerbaijão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Rússia.
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Ideológico
De ideologia, sistema de ideias que fórma uma doutrina filosófica, política, econômica etcétera.
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Indicador social
Método estatístico que tem como objetivo quantificar o nível de bem-estar de uma população. Calculam-se, assim, taxas de mortalidade e natalidade, esperança de vida, grau de instrução, qualidade das habitações, poluição, nível de emprego etcétera.
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Divisão internacional do trabalho
Da mesma fórma que numa empresa há a divisão do trabalho entre os seus funcionários, ou seja, um indivíduo executa determinada tarefa, outro executa outra e assim sucessivamente, no conjunto dos países isso também ocorre. Há países que produzem tecnologias e bens de capital (máquinas, equipamentos etcétera) e os vendem para outros países do mundo. Outros são fornecedores de matérias-primas (minérios, petróleo etcétera) e de produtos agropecuários para o mercado mundial.
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Expectativa de anos de escolaridade
É a quantidade de anos de escolaridade esperados para crianças em idade de ingresso na escola.
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Rendimento Nacional Bruto (RNB)
Valor total enviado para dentro de um país por pessoas e empresas nacionais estabelecidas no exterior, subtraindo-se o valor enviado ao exterior por pessoas e empresas estrangeiras estabelecidas no país, e o resultado somado ao PIB do país.
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Região Administrativa Especial da China, que possui autonomia em diversas áreas e caracteriza-se como importante centro financeiro da economia capitalista mundial.
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Sigla formada pelas primeiras letras de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (em inglês, South Africa), para designar o bloco político e econômico, constituído em 2009, com os objetivos de cooperação para o crescimento e o desenvolvimento socioeconômico, de cooperação científica, entre outros. Do ponto de vista geopolítico, poderá representar um contraponto ao poder mundial exercido pelos Estados Unidos e pelos países da Europa Ocidental.
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Geopolítico
De geopolítica, estudo das relações entre o espaço e o poder e entre o Estado e o território.
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