UNIDADE 2 POPULAÇÃO MUNDIAL, FLUXOS MIGRATÓRIOS E PROBLEMAS URBANOS NA AMÉRICA LATINA

Nesta Unidade, estudaremos os deslocamentos populacionais e as diferenças na dinâmica demográfica entre conjuntos de países, conhecendo também a distribuição desigual da população mundial. Além disso, você terá oportunidade de conhecer as principais causas dos fluxos migratórios no mundo e na América Latina e refletir sobre as diferenças entre imigrantes, refugiados e deslocados internos. Por fim, descobriremos os principais problemas das grandes cidades latino-americanas e alguns movimentos sociais que buscam melhorá-las.

A distribuição da população mundial na superfície terrestre varia ao longo do tempo e é influenciada por fatores físico-naturais, históricos e econômicos.

Observe atentamente o mapa, converse sobre ele com os colegas e, em seguida, responda às questões do boxe Verifique sua bagagem.

Mundo: distribuição da população (em milhões de habitantes) – 2018

Mapa. Mundo: distribuição da população, em milhões de habitantes – 2018. Mapa indicando pontos de concentração de habitantes. Cada ponto sinalizado no mapa indica a concentração de 1 milhão habitantes. Algumas regiões do planeta concentram vários desses pontos, sinalizando grande população, destacando-se o sul e no norte da Índia e a porção leste da China, principalmente sua faixa litorânea. Destaque para as cidades com mais de 1 milhão de habitantes e arredores, que também concentram vários desses pontos: Nova York, Los Angeles, Cidade do México, Rio de Janeiro, São Paulo, Buenos Aires, Londres, Paris, Moscou, Lagos, Cairo, Mumbai, Calcutá, Jacarta, Pequim (Beijing), Tóquio, Xangai. Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.060 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 32.

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Com base no mapa, escreva duas observações sobre a distribuição da população mundial.
  2. Levante hipóteses que justifiquem a fórma como a população mundial está distribuída.
  3. Comente a distribuição da população latino-americana.

PERCURSO 5 DISPERSÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL E MIGRAÇÕES

1. Dispersão da população humana pelo planeta

Há muitas discussões entre os pesquisadores sobre o surgimento da população humana em nosso planeta (leia a seção Cruzando saberes, na página 47). Entretanto, sabe-se que o chamado “homem moderno”, o Omo sápiens, e seus ancestrais espalharam-se pelos continentes a partir de, aproximadamente, 190 mil ou 160 mil anos atrás, iniciando, assim, a dispersão humana na Terra (observe o mapa). Eles se deslocavam no espaço terrestre em busca de alimentos e abrigos para assegurar sua sobrevivência. Há, assim, certa semelhança com os dias atuais, pois populações ainda se deslocam motivadas por diversas razões, entre elas a busca por melhores condições de vida.

Neste Percurso, estudaremos algumas grandes dispersões humanas no mundo. Mas, antes, é preciso compreender alguns conceitos importantes.

A dispersão espacial do homem moderno (Omo sápiens) entre .160000 e .1000 anos atrás

Mapa. A dispersão espacial do homem moderno (Homo sapiens) entre 160.000 e 1.000 anos atrás. Mapa representando a extensão da costa (litoral) dos continentes atualmente e há 20.000 anos; a extensão das geleiras há 20.000 anos; a localização e as idades dos sítios pré-históricos; além dos limites das conquistas ao longo do processo de dispersão espacial do homem moderno. 
Extensão da costa (litoral) há 20.000 anos: representada no mapa pela cor verde, compreendia um espaço maior da plataforma continental, estendendo por áreas que atualmente estão submersas. Essas áreas se destacavam à noroeste da Europa e na porção onde hoje se encontra o Mar Negro; ao norte e a leste da Ásia, formava uma massa contínua de terras com o atual Alasca, no continente americano, ao longo da faixa que corresponde ao Estreito de Bering; no sudeste da Ásia; no entorno da Oceania e da África; na porção onde hoje se encontra o Golfo do México; e na faixa a leste da América do Sul.   
Extensão das geleiras há 20.000 anos: representada pela cor lilás, compreendia a maior porção das terras que hoje formam o norte da América, da Europa e da Ásia. 
Localização e idades dos sítios pré-históricos: Mais de 100.000 anos (representados por pontos de preto): no leste da África, no oeste da Europa e no norte do Oriente Médio. De 50.000 a 100.000 anos (representados por pontos de roxo): pontos no sul, no leste e no norte da África; pontos no sudeste da Ásia e na Oceania. De 20.000 a 50.000 anos (representados por pontos de vermelho): pontos concentrados na faixa central e no sul da África; pontos concentrados no sul da Europa, no sudeste da Ásia e espalhados por toda a Oceania. De 10.000 a 20.000 anos (representados por pontos de verde): pontos espalhados por toda a Europa; pontos no sul da África, no Oriente Médio e parte central da Ásia; pontos na área próxima ao Estreito de Bering; pontos concentrado na faixa leste da América do Norte e na costa oeste da América do Sul. Conquista antiga, mais de 10.000 anos (rotas representadas por seta em laranja): dispersão a partir da porção central da África para áreas ao sul e à oeste do continente; da África, segue em direção à Europa e Oriente Médio, avançando pelo sul e sudeste asiático até a Oceania, e pela parte central da Ásia até adentrar a América.  
Conquista recente, menos de 5.000 anos (rotas representadas por seta em verde): dispersão a partir da Península Escandinava, no norte da Europa, e ao norte da América do Norte; dispersão a partir do sudeste da Ásia em direção às ilhas dos oceanos Índico e Pacífico.  
Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.280 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique Duby: toute l’historie du monde en 300 cartes. Paris: Larousse, 2010. página 14-15.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Aponte o continente onde se localiza o ponto central a partir do qual ocorreu a dispersão de nossos ancestrais.

2. Migrações internacionais

As migrações internacionais ocorrem quando um indivíduo deixa seu país de fórma voluntária para residir em caráter permanente em outro país. Quando há deslocamentos espaciais voluntários da população dentro de um mesmo país, diz-se que é migração interna.

Aqueles que deixam seu país para viver em outro país são chamados de emigrantes; aqueles que chegam a certo país vindos de outro país são chamados de imigrantes.

Embora as migrações internacionais sejam uma ocorrência antiga na história da humanidade, nos últimos anos, com a globalização da economia, das finanças e dos costumes e com as facilidades de deslocamento propiciadas pelos meios de transporte, as migrações internacionais cresceram. Em 2020, cêrca de 281 milhões de pessoas – cêrca de 3,6% da população mundial – viviam fóra de seu país de origem. Em termos de comparação, esse número corresponde a quase 33% a mais que o da população do Brasil no mesmo ano (estimada em quase 212 milhões de habitantes).

Imigrantes, refugiados e deslocados internos

É importante saber que os termos “imigrantes” e “refugiados” não são sinônimos. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (áquinur), criado em 1950 com o objetivo de prestar assistência a eles em todo o mundo, refugiados são pessoas que se veem obrigadas a abandonar seu país por temerem ser perseguidas, maltratadas ou assassinadas por motivos étnicos, religiosos, ideológicos ou políticos (observe a foto), ou ainda em razão de catástrofes naturais. Portanto, são diferentes dos imigrantes, que chegam a outro país de fórma voluntária.

Existem também os chamados deslocados internos, que migram pelos mesmos motivos dos refugiados, mas para outras localidades dentro de um mesmo país.

Fotografia. Vista de uma área de superfície irregular, com o solo exposto e muitos abrigos feitos de bambus, lonas e outros materiais, dispostos de forma irregular no terreno. Entre os abrigos, nas ruelas que se formaram, algumas pessoas reunidas em grupos e outras circulando.
Refugiados da etnia rôrringuiás que professam o islamismo e habitam em Mianmar – país do sudeste da Ásia, de maioria budista – ocupam campo de refugiados em Bangladesh (2021).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (áquinur)

https://oeds.link/QK8v3P

Com diversas publicações sobre o assunto, o site contém seções de notícias e vídeos que apresentam um panorama dos principais projetos dessa agência de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ônu).

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

Human Flow – Não existe lar se não há para onde ir.

Direção: ái uêi uêi. Alemanha: 24 Media Production Company/AC Films/Ai Weiwei Studio, 2017.

Duração: 140 minutos

Filmado ao longo de um ano em 23 países, o documentário retrata histórias de refugiados em vários países (como Afeganistão, Bangladesh, França, Grécia, Alemanha, Iraque, Israel, Itália, Quênia, México e Turquia), em busca de segurança, abrigo e justiça, enfrentando as incertezas de perigosas travessias em oceanos e fronteiras entre países.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Rotas de dispersão da população humana na Terra

reticências Atualmente, a hipóteseglossário científica mais aceita é a de que a espécie humana moderna (Omo sápiens) surgiu na África, há cêrca de 200 mil anos, e de lá se dispersou para outras regiões em várias ondas migratórias. Mas, antes do homem moderno, outros hominídeosglossário já ocupavam o planeta e a história dessa ocupação e das interações entre as diferentes espécies moldou o destino do homem e de seus parentesreticências.

Até recentemente, os estudos apontavam que uma pequena população do homem moderno (Omo sápiens) teria deixado a África entre 80 mil e 60 mil anos atrás e ocupado o continente asiático, e que toda a humanidade que reside nos outros continentes seria descendente dessa população. Logo após a ocupação da Ásia, os homens teriam chegado à Austrália há cêrca de 50 mil anos e à Europa há aproximadamente 40 mil anos reticências.

No entanto, um estudo sobre diversidade genéticaglossário e craniana sugere uma migração anterior, iniciada por volta de 130 mil anos atrás, para o sul do continente asiático, demorando cêrca de 80 mil anos para chegar à Austrália. reticências

Outra controvérsia relacionada à trajetória do homem pela Terra diz respeito à ocupação do continente americano. Até recentemente, a hipótese mais aceita era a de que a retraçãoglossário de geleiras no final da última glaciação, há pouco mais de 10 mil anos, formou um estreito de terra que ligava a Ásia à América do Norte e hoje corresponde ao estreito de Béring [localize-o no mapa da página 45]. Por esse estreito, populações saídas da Sibéria chegaram ao local onde hoje é o Alasca há pelo menos 13 mil anos, data dos vestígiosglossário mais consolidados que indicam a ocupação humana no continente americano. Com a elevação do nível do mar que seguiu o derretimento das geleiras, o estreito foi submerso pelo mar de Béring. reticências

O trabalho da arqueóloga [brasileira] niêde Guidon foge das teorias tradicionais da ocupação do continente americano e aponta para a presença do homem no território brasileiro por um período ainda maior. Um dos achados da equipe da arqueóloga é um dos esqueletos mais antigos já registrados no Brasil, que data de .9800 anos atrás, no Parque Nacional da Serra da Capivara, na região de Raimundo Nonato, no Piauí. A equipe também encontrou dentes humanos que datam de 15 mil anos e pinturas rupestres presentes no parque, com datação de 35 mil anos [localize Pedra Furada, no mapa da página 45], desafiando as teorias mais aceitas sobre a chegada do homem no continente americano. reticências

CAIRES, Luanne; BONATELLI, Maria Letícia; ALMEIDA, Graciele. Técnicas recentes no estudo da evolução ajudam a esclarecer a origem do homem e a ocupação no planeta. ComCiência – Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. Campinas, 5 dezembro 2017. Disponível em: https://oeds.link/VdHXAV. Acesso em: 22 janeiro 2022.

 Interprete

Por que o trabalho da arqueóloga brasileira niêde Guidon desafia as teorias mais aceitas sobre a chegada do homem ao continente americano?

• Causas dos movimentos migratórios

A imigração representa para o imigrante grande esforço de adaptação ao novo meio físico ou natural a que ele se dirige, como também ao novo meio social, político, cultural (hábitos, costumes, instituições políticas, religiosas, valores sociais, língua etcétera).

Os fatores que pesam na decisão de um indivíduo ou família para migrar são de duas ordens: os de ordem material, ou seja, a busca por melhores condições materiais de vida; e os de ordem social e cultural, como conflitos sociais, tanto de natureza religiosa como política – não confunda com refugiado, pois um indivíduo pode decidir migrar sem ser perseguido, por descontentamento com o regime político vigente em seu país, por não concordar com certas práticas culturais etcétera

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe qual é a origem de sua família, ou seja, de qual lugar, região, país ou continente seus ancestrais vieram?

3. Algumas grandes dispersões humanas

Há milhares de anos, grupos humanos deixam seus lugares de origem rumo a outros por diversas razões. Embora grandes deslocamentos populacionais sejam conhecidos desde a Antiguidade, a seguir estudaremos apenas os principais ocorridos durante a Idade Moderna (1453-1789) e a Idade Contemporânea (1789 aos dias atuais).

Séculos quinze ao dezoito

Um dos grandes momentos da história das migrações humanas, na Idade Moderna (1453-1789), ocorreu como consequência da expansão marítimo-comercial europeia, nos séculos quinze e dezesseis. Com os avanços técnicos da navegação marítima, europeus – principalmente portugueses, espanhóis, ingleses, holandeses e franceses – deixaram de navegar nas proximidades da costa europeia e africana e se lançaram à travessia dos oceanos, incorporando ao mundo europeu da época territórios da América, da Ásia e da porção sul da África.

Expansão marítimo-comercial europeia – séculos quinze-dezesseis

Mapa. Expansão marítimo-comercial, séculos quinze e dezesseis. Planisfério representando as rotas dos navegadores portugueses e espanhóis.  Rotas dos navegadores portugueses:  Rota representado em marrom: Primeiras viagens, Bartolomeu Dias: partindo da Europa, chegou às seguintes localidades, contornando a costa oeste da África: Ceuta, em 1415; Cabo Bojador, em 1434; Guiné, em 1434-1462; Gongo, 1482-1485; Cabo da Boa Esperança, 1488.  Rota representada em azul: Vasco da Gama: partindo da Europa, seguiu pelo Oceano Atlântico, contornando a África até chegar à Calicute, no sul da Ásia, em 1498.  Rota representada em amarelo: Pedro Álvares Cabral: partindo da Europa, atravessou o Oceano Atlântico até chegar a Porto Seguro, em 1500; em seguida, contornou a África, chegando à Moçambique e Melinde, na costa leste africana, e posteriormente à Goa, no sul da Ásia.  Rota representada em vermelho: Primeira viagem até o Japão: partindo do sul da Ásia, Cochim, até Málaca, em 1511; Macau, em 1516; Cantão, Pequim e Cipango (Japão), em 1542. Rotas dos navegadores e espanhóis:  Rota representada em laranja: Cristóvão Colombo: partindo da Europa, atravessou o Oceano Atlântico e chegou Guanaani, na América, em 1402.  Rota representada em verde: Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano (primeira viagem de circum-navegação): partindo da Europa, atravessaram o Oceano Atlântico, contornaram a costa leste e o sul América do Sul, chegando ao Oceano Pacífico até às Filipinas, de 1519 a 1521. Após a morte de Fernão de Magalhães, em 1521, Sebastião Elcano continuou a viagem através do Oceano Índico, contornando o Cabo da Boa Esperança no sul da África em direção à Europa pelo Oceano Atlântico, no decorrer de 1522.  Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.000 quilômetros.

Fonte: ARRUDA, José J. de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1993. página 19.

As trocas comerciais que se estabeleceram entre esses espaços geográficos impulsionaram deslocamentos populacionais ou migrações internacionais de europeus para América, Ásia e África. Foi o caso, por exemplo: das migrações de portugueses para o Brasil; de franceses para o Canadá; de ingleses para os Estados Unidos e o Canadá; de espanhóis para o que ficou conhecido como América espanhola ou hispânica – México, Panamá, Peru etcétera –; e também de europeus para a Ásia e a África, onde implantaram entrepostos comerciais.

Ao mesmo tempo que nesses séculos ocorreram migrações espontâneas ou voluntárias, milhões de negros africanos foram escravizados e forçados a se deslocar da África para as Américas para servir de mão de obra. Essa foi a mais numerosa migração forçada da história humana. Calcula-se que mais de dez milhões de negros foram obrigados a migrar para as Américas.

Quanto à Austrália e à Nova Zelândia, somente foram incorporadas ao mundo europeu no século dezoito, após, portanto, América, Ásia e África. Mas foi na primeira metade do século dezenove que o fluxo migratório, principalmente de ingleses, acentuou-se em direção a esses países da Oceania.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

AMADO, Janaína; FIGUEIREDO, Luiz Carlos.

As viagens de Américo Vespúcio: descobertas no antigo novo mundo. São Paulo: Atual, 2000.

O livro mostra aspectos da vida e das viagens do navegador italiano Américo Vespúcio.

CARDOSO, Ciro Flamarion.

A Afro-América: a escravidão no Novo Mundo. São Paulo: Brasiliense, 1982.

Trata da formação da Afro-América e sua evolução entre os séculos dezesseis e dezenove.

Séculos dezenove e vinte

Podemos dividir os grandes deslocamentos populacionais nos séculos dezenove e vinte em três períodos.

O primeiro foi durante o século dezenove até aproximadamente a primeira metade do século vinte, quando milhões de europeus migraram para países do continente americano (observe o quadro e a foto). A principal causa dessas migrações foi a busca, por parte dos emigrantes, por melhores condições de vida – fator de ordem material ou econômica.

Nesse período, também ocorreram fluxos emigratórios de europeus para Austrália e Nova Zelândia, atraídos por fatores como a boa qualidade das terras para a agricultura, as boas pastagens para a criação de gado e a descoberta de ouro.

Fluxo imigratório para a América (1800-1955)

Países

Número de imigrantes

Estados Unidos

40 milhões

Argentina

7 milhões

Canadá

5,2 milhões

Brasil

4,3 milhões

Fonte: riúgon pôu. Demografia brasileira: ensaio de demoeconomia brasileira. São Paulo: Atlas: edição da Universidade de São Paulo, 1973. página 102.

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, uma fila de pessoas, todas elas segurando alguma bagagem, como malas e trouxas de roupas. Atrás delas, pilastras sustentando uma cobertura. No segundo plano, vista de algumas construções.
Imigrantes chegam a Nova iórque, nos Estados Unidos, por volta de 1900.

O segundo período se inicia com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), estende-se até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e se prolonga até os anos 1960.

A implantação de governos autoritários ou ditatoriais na Itália, na Alemanha, na União Soviética e na Espanha, nos anos de 1920 e 1930, e a perseguição às pessoas contrárias aos regimes causaram grande movimento populacional na Europa, principalmente de refugiados (observe o mapa).

Movimento de povos na Europa – 1917-1939

Mapa. Movimento de povos na Europa, de 1917 a 1939. Mapa representando os principais deslocamentos de contingentes populacionais da Europa nesse período.   Alemanha: saída de 220 mil imigrantes alemães para além-mar; deslocamento de 290 mil refugiados dos nazistas para Bélgica, França, Suíça e Polônia, de 1933 a 1939; retorno de alemães: 20 mil das ex-colônias, 90 mil da Polônia, 40 mil da Tchecoslováquia, 350 mil da região do Báltico e 120 mil da França, de 1919 a 1921.  França: entrada de 160 mil refugiados da Guerra Civil na Espanha, de 1936 a1939, e de 40 mil refugiados italianos, de 1922 a 1939.  Hungria: retorno de húngaros: 80 mil da Iugoslávia, 200 mil da Romênia e 120 mil da Tchecoslováquia, de 1919 a 1924.  Bulgária: retorno de búlgaros: 70 mil da Grécia, 30 mil da Macedônia, 50 mil da Romênia.  Turquia: retorno de turcos: 80 mil da Romênia, 110 mil da Bulgária e 350 mil da Grécia, de 1913 a 1939; saída de 350 mil armênios para a Europa, de 1914 a 1923.  Grécia: retorno de gregos: 1 milhão da Turquia, de 1922 a 1924; posteriormente, mais 300 mil vindo da Turquia e 60 mil da Rússia.  Rússia: deslocamento de 750 mil refugiados russos da Revolução Bolchevique para a Alemanha, França, Polônia, Romênia e Iugoslávia, de 1917 a 1922; saída 200 mil letões, estonianos e lituanos Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 250 quilômetros.

Fonte: ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de semPaulo, 1995. página 261.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e diante de uma Europa arrasada pelo conflito, muitos europeus migraram para outros países e continentes em busca de melhores condições de vida.

O terceiro período iniciou-se nos anos 1960 e 1970, prolongando-se até os dias atuais. Nesse período, os grandes avanços científicos e tecnológicos que unificaram grande parte do mundo, permitindo a circulação de informações em tempo real, somados à rapidez dos meios de transporte, contribuíram para que os movimentos migratórios se acentuassem.

Outra característica desse período é a intolerância religiosa, étnica, política etcétera, que causou, em várias regiões do mundo, um quadro doloroso de refugiados e deslocados internos.

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NO SEU CONTEXTO

Converse com um adulto sobre a história da sua família. Pergunte se alguém migrou, em que período e quais foram as principais causas. Depois, conte aos colegas o que você descobriu.

4. Refugiados e deslocados internos no mundo atual

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (áquinur), no mundo, em junho de 2021, cêrca de 81,9 milhões de pessoas encontravam-se na seguinte situação: 26,6 milhões eram refugiados; 50,9 milhões eram deslocados internos; e 4,4 milhões de pessoas encontravam-se em diversos países aguardando o reconhecimento da condição de refugiado.

Do total de 20,8 milhões de refugiados contabilizados até meados de 2021 – sem considerar os refugiados palestinos, calculados em cêrca de 5,7 milhões, resultantes de conflitos com israelenses iniciados em 1948 e que continuam até os dias atuais –, cêrca de 66% são de apenas cinco países: Síria (6,8 milhões), em decorrência de uma guerra iniciada em 2011 e não terminada até início de 2022; Afeganistão (2,6 milhões), também em decorrência de guerras e conflitos internos que se prolongam de fórma intermitente desde o ano de 1979; Sudão do Sul (2,4 milhões), por causa de conflitos internos; Mianmar (1,1 milhão), em razão da perseguição por questões culturais e religiosas; e República Democrática do Congo (865 mil), em decorrência de conflitos de origem étnica promovidos por grupos armados há mais de duas décadas.

Do norte da África e da África Subsaariana (países ao sul do Deserto do Saara), refugiados embarcados no litoral africano do Mar Mediterrâneo se deslocam em direção ao sul da Europa em embarcações frágeis e superlotadas, nas quais acidentes são frequentes. Fogem de conflitos locais, de governos autoritários e sem segurança jurídica e da pobreza extrema.

No contexto da pandemia de covíd-19, que restringiu o deslocamento de pessoas pelo fechamento de fronteiras e paralisou muitas atividades econômicas em escala mundial, a situação dos refugiados foi agravada. Como a maioria dos países que recebem pedidos de refúgio conta com severas dificuldades socioeconômicas, o acesso às vacinas contra a doença e a própria estrutura hospitalar disponível mostraram-se insuficientes para atender a um grande contingente populacional. Com isso, os refugiados ficaram ainda mais expostos à doença e vulneráveis socialmente, uma vez que, em geral, foram os primeiros a perder o trabalho informal de que dependiam.

Fotografia. Vista de um bote navegando em mar aberto. Na embarcação, diversas sentadas e três pessoas de pé na parte de trás do bote, próximas ao motor.
Refugiados africanos cruzam o Mar Mediterrâneo com destino à Europa (2019).
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QUEM LÊ VIAJA MAIS

RODRIGUES, Gilberto.

Refugiados: o grande desafio humanitário. São Paulo: Moderna, 2019.

O livro apresenta a fórma como os países lidam com a questão dos refugiados, evidenciando avanços e desafios ligados ao tema nas esferas nacional e internacional.

Quanto aos deslocados internos, a guerra civil na Síria, iniciada em 2011, forçou 6,7 milhões de pessoas a se deslocarem em seu território até 2021. Entre janeiro e junho desse mesmo ano, a República Democrática do Congo e a Etiópia, respectivamente com 1,3 e 1,2 milhão de deslocados internos, foram os países com o maior número de pessoas nessa condição.

Constatamos, assim, que, após milhares de anos de história da humanidade, o ser humano continua cometendo os mesmos erros do passado: guerras, conflitos por disputa de poder, intolerância religiosa, étnica e cultural e outras contradições. Em muitos casos e situações, concluímos que, em pleno século vinte e um, não aprendeu a conviver com as diferenças. A diversidade cultural de povos, etnias, nações e grupos sociais não deve ser motivo de violência, discriminação e preconceitos, mas ser considerada riqueza, pois é nela que encontramos a unidade da humanidade.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é a sua atitude em relação às pessoas que não sabem conviver com as diferenças, sejam em relação a aspectos físicos, de religião, de costumes, de ideias políticas, sejam outros?

O Brasil e os refugiados

Na década de 2011-2020, o Brasil recebeu mais de duzentas e cinquenta e seis solicitações de reconhecimento da condição de refugiado de pessoas de mais de cem nacionalidades, das quais reconheceu oficialmente quase 54 mil. Entre as nacionalidades dos refugiados reconhecidos, incluem-se: sírios, paquistaneses, palestinos, congoleses, cubanos e colombianos. Nessa década, a maior quantidade de refugiados que solicitaram o reconhecimento foi a de venezuelanos, que passou de 153 mil (consulte o quadro); a crise política e econômica que atingiu a Venezuela nesse período levou muitos venezuelanos, a partir de 2016, a cruzar a fronteira com o Brasil e a se instalar no estado de Roraima (observe a foto).

Situação de alguns refugiados no Brasil – 2011-2020

País

Solicitações de refúgio

Refugiados reconhecidos

Venezuela

153.050

46.412

Haiti

38.686

s/d.

Cuba

11.550

208

Síria

4.992

3.594

Colômbia

1.857

230

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Justiça. Refúgio em números. sexta edição Brasília, Distrito Federal: óbêmigra, 2021. página 36 e 43.

Fotografia. Vista de uma sala ampla com diversas pessoas sentadas em cadeiras. Elas estão de costas para a imagem. A frentes delas, na parte central da fotografia, dois homens vestidos com uniformes camuflados do exército brasileiro, também de costas para a imagem. Ao fundo da sala, diversos painéis com banners informativos pendurados.
Imigrantes venezuelanos em posto da Polícia Federal na cidade de Pacaraima, Roraima (2021).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Adelante – A luta das venezuelanas refugiadas no Brasil.

Direção: Luiza Trindade.

Brasil: Luiza Trindade; Projeto Celina; Jornal O Globo, 2020. Duração: 29 minutos

O documentário retrata o cotidiano e a luta de oito mulheres venezuelanas refugiadas no Brasil que deixaram seu país em crise econômica e caos institucional para reconstruírem suas vidas.

PERCURSO 6 População mundial: distribuição e dinâmica demográfica

1. O crescimento da população mundial

Durante alguns períodos da história da humanidade, como a Idade Média, guerras e epidemias foram os principais fatores da baixa taxa de crescimento demográfico. Desse modo, até o século dezoito, a população mundial cresceu em ritmo moderado.

No século dezenove, o aprimoramento das técnicas agrícolas contribuiu para o aumento da produção de alimentos e, consequentemente, para a redução da fome em muitos países. Como resultado, o ritmo de crescimento populacional tornou-se maior. No início do século vinte, a Terra abrigava 1,7 bilhão de pessoas.

Após a Segunda Guerra Mundial, descobertas na área da saúde (como vacinas e antibióticos) possibilitaram quedas acentuadas nas taxas de mortalidade das populações. Entretanto, principalmente nos países menos desenvolvidos, o declínio das taxas de mortalidade não foi acompanhado de reduções das taxas de natalidade, o que resultou em um aumento significativo do crescimento populacional mundial, fato que ficou conhecido como explosão demográfica (observe, no gráfico, que entre 1960 e 2000 a população mundial mais que dobrou). Na virada para o século vinte e um, o mundo já contava mais de 6 bilhões de habitantes e, em 2021, a população mundial atingiu quase 7,9 bilhões.

De acordo com estudos da ônu, nos últimos anos, o ritmo de crescimento da população mundial tem diminuído; porém, estima-se que até 2050 ultrapassaremos a marca de 9,7 bilhões de habitantes.

O crescimento desigual da população mundial

Os países desenvolvidos e os menos desenvolvidos não têm participação igual no crescimento da população mundial. A taxa de crescimento vegetativo ou natural nos países desenvolvidos tem girado em torno de 0,3% ao ano, às vezes é até mesmo negativa (–0,1%, no Japão), enquanto em países menos desenvolvidos ela tem estado, de modo geral, em 1,4% ao ano, motivo pelo qual se estima que, em 2050, 85% da população mundial viverá nesses países. Esse contraste pode ser explicado pelas taxas demográficas, que, nos dois conjuntos de países, são muito diferentes (consulte a ilustração da página seguinte).

Mundo: crescimento da população – 1800-2050*

Gráfico. Mundo: crescimento da população, de 1800 a 2050. Gráfico de linha representando o crescimento da população mundial de 1800 a 2020 e as projeções para os anos de 2025 e 2050. No eixo vertical, à esquerda, indicação dos intervalos com os números da população em bilhões de habitantes, de 1 a 10 bilhões. No eixo horizontal, os anos.  1800: 1 bilhão. 1850: 1,2 bilhão. 1900: 1,8 bilhão.  1920: 2 bilhões. 1950: 2,5 bilhões. 1960: 3 bilhões. 1975: 4 bilhões.  1990: 5 bilhões.  2000: 6 bilhões.  2020: 7,8 bilhões.  2025: 8,2 bilhões.  2050: 9,7 bilhões.

Fontes: elaborado com base em . World population prospects: the 2006 revision. Highlights. New York: , 2007. páginanove; . World population prospects 2019. New York: , 2019. p. 3; L'ATLAS du Monde Diplomatique. Paris: Armand Colin, 2006. página 39.

Grafismo indicando atividade.

Qual será o aumento absoluto da população mundial no ano de 2050 em relação ao ano 2000?

Países desenvolvidos e menos desenvolvidos: médias das taxas de natalidade e de fecundidade – 2025-2030

Ilustração. Países desenvolvidos e menos desenvolvidos: médias das taxas de natalidade e de fecundidade, para o período de 2025 a 2030. Ilustração representando as projeções das taxas de natalidade e fecundidade por mil habitantes para as duas categorias de países: desenvolvidos e menos desenvolvidos. A taxa de natalidade é representada por um símbolo que reproduz a silhueta de uma mulher grávida, vista de lado, na cor laranja; enquanto a taxa de fecundidade é representada por um símbolo que reproduz a silhueta de um bebê engatinhando, também visto de lado, na cor verde.  Países desenvolvidos: Taxa de natalidade: 9,9 por mil habitantes. Valor representado por 10 símbolos posicionados lado a lado. No décimo símbolo, o equivalente a 90% da área está preenchido de laranja, o restante aparece em um tom de cor mais claro.  Taxa de fecundidade: 1,7 por mil habitantes. Valor representado por 2 símbolos posicionados lado a lado. No segundo símbolo, o equivalente a 70% da área está preenchido de verde, o restante aparece em um tom de cor mais claro.   Países menos desenvolvidos: Taxa de natalidade: 17,9 por mil habitantes. Valor representado por 18 símbolos posicionados lado a lado. No décimo oitavo símbolo, o equivalente a 90% da área está preenchido de laranja, o restante aparece em um tom de cor mais claro.   Taxa de fecundidade: 2,5 por mil habitantes. Valor representado por 3 símbolos posicionados lado a lado. No terceiro símbolo, o equivalente a 50% da área está preenchido de verde, o restante aparece em um tom de cor mais claro.

Fontes: . World population prospects 2019. Volume dois: Demographic profiles. New York: , 2019. página 9 e 13; ENCICLOPÉDIA do estudante: Geografia Geral. São Paulo: Moderna, 2008.página 64.

Quadro. Taxas demográficas. Para comparar regiões diferentes, foram criadas fórmulas ou taxas. Taxa de natalidade (TN): número de nascidos vivos por mil habitantes em um ano. TN = Número de nascidos vivos pelo número de habitantes vezes mil. Taxa de mortalidade (TM): número de óbitos ou falecimentos por mil habitantes em um ano.
TM = número de falecimentos pelo número de habitantes vezes mil. Taxa de crescimento vegetativo (TCV) ou de crescimento natural (TCN): diferença entre a taxa de natalidade e a de mortalidade, em determinado período, expressa geralmente em porcentagem.
TCV = TN menos TM por mil vezes cem por cento. Taxa de mortalidade infantil (TMI): número de óbitos de crianças menores de um ano de idade por mil nascidos vivos em uma população, em determinado ano.
TMI = número de óbitos de menores de 1 ano pelo número de nascidos vivos em um ano vezes mil. Taxa de fecundidade (TF): relação entre o número de nascidos vivos num período de tempo e o número de mulheres em idade fértil (com idade entre 15 e 49 anos). TF = número de nascidos vivos/período pela população feminina entre 15 e 49 anos vezes mil.

Fonte: elaborado com base em ENCICLOPÉDIA do estudante: Geografia geral. São Paulo: Moderna, 2008. página 64.

2. Distribuição da população

A população humana distribui-se de fórma desigual pelos continentes, países, regiões, sub-regiões ou áreas geográficas de cada país. A seguir, veremos a distribuição populacional, por meio da densidade demográfica, e os fatores que exercem influência no povoamento, que podem ser de ordem natural ou histórico-econômica.

População dos continentes

A Ásia é o continente mais populoso (observe o mapa). Em 2020, tinha mais de 4,6 bilhões de habitantes, o que representava 59,5% da população mundial. Somente a China e a Índia, países mais populosos do mundo e localizados na Ásia, abrigavam 1,44 bilhão e 1,38 bilhão de habitantes, respectivamente, ou seja, cêrca de 60% da população asiática e 36% da população mundial.

Em 2020, o segundo continente mais populoso era a África, com cêrca de 1,3 bilhão de habitantes, aproximadamente 16% da população mundial. O continente menos populoso era a Antártida, seguida pela Oceania, que apresentava cêrca de 42,7 milhões de habitantes.

Segundo estudos demográficos, o crescimento da população mundial no final do século vinte e um terá taxas bem menores do que as atuais se mantidos os padrões de queda das taxas de fecundidade – fato que já ocorre há alguns anos em vários países.

Mundo: população estimada por continente e os dez países mais populosos – 2025

Mapa. Mundo: população estimada por continente e os dez países mais populosos – 2025. Planisfério representando os números estimados de habitantes por continente e para os dez países com as maiores populações. 
População por continente: 
Ásia: 4,822 bilhões. África: 1,508 bilhão. América: 1,061 bilhão. Europa: 745 milhões. Oceania: 45,335 milhões. 
Dez países mais populosos: 
China: 1.457.908.000. Índia: 1.445.012.000. Estados Unidos: 340.400.000. Indonésia: 287.090.000. Paquistão: 242.234.000. Nigéria: 233.343.000. Brasil: 219.021.000. 
Bangladesh: 172.399.000. Rússia: 145.133.000. México: 135.284.000.
Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.030 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em . World population prospects2019. Volume um: comprehensive tables. New York: , 2019; í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32.

Nota: Em 2020, a população mundial estimada era de ...7794799000 habitantes. Em 2025, estima-se que será de ...8184437000 habitantes.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Calcule a porcentagem a que corresponde a população de seu município em relação à população total do Brasil, da América e do mundo.

• As densidades demográficas

Observe o mapa, que representa as densidades demográficas dos diversos espaços geográficos.

Mundo: densidade demográfica (em ./quilômetros) – 2020

Mapa. Mundo: densidade demográfica, em habitantes por quilômetro quadrado – 2020. Planisfério demarcando as áreas com diferentes níveis de densidade demográfica, destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco (áreas com baixa densidade), para o mais forte (áreas com elevada densidade).    e localizando as aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes.  As regiões do planeta que têm baixa densidade demográfica são aquelas formadas, principalmente, por desertos, como Saara, na África, e o Deserto Australiano; as regiões congeladas, como a Sibéria, na Rússia, e o norte do Canadá; ou regiões densamente florestadas, como a Amazônia, na América do Sul.  As regiões mais densamente povoadas se concentram no norte da Índia e na porção leste da China, principalmente na sua faixa litorânea.  No Brasil, as porções mais densamente povoadas do território se concentram na faixa litorânea; já no interior, e especialmente na porção central, os pontos de densidades mais elevadas estão restritos às capitais de unidades federativas e sua áreas de entorno.   No mundo, as aglomerações com mais de 10 milhões de habitantes se localizam justamente nas regiões que apresentam densidades demográficas mais elevadas em cada continente: América: Rio de Janeiro e São Paulo (Brasil); Buenos Aires (Argentina); Lima (Peru); Bogotá (Colômbia); Cidade do México (México); Los Angeles e Nova York (Estados Unidos). Europa: Paris (França); Istambul (Turquia); Moscou (Rússia). África: Kinshasa (República Democrática do Congo), Lagos (Nigéria) e Cairo (Egito); Ásia: Lahore e Karachi (Paquistão); Délhi, Calcutá, Mumbai, Bangalore, Chennai e Hyderabad (Índia); Jacarta (Indonésia); Manila (Filipinas); Shenzen, Guangzhou, Chongqing e Pequim (Beijing) (China); Tóquio (Japão).  Na parte inferior do mapa, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.140 quilômetros.

Fontes: í bê gê É. Altas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 70; . Global State of Metropolis 2020: population data booklet. Nairobi: , 2020. página 3. Disponível em: https://oeds.link/OL4M2q. Acesso em: 24 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Qual é a densidade demográfica da porção central do território brasileiro?

Repare que existem áreas muito povoadas ou de elevada densidade demográfica (no mapa, aquelas com cores mais escuras), como Délhi, capital da Índia. Outras áreas podem ter média densidade demográfica (cores intermediárias, no mapa) ou baixa densidade demográfica (cores mais claras no mapa).

Para obter a densidade demográfica de determinada região, dividimos o total de sua população por sua área territorial. Ao realizarmos esse cálculo, percebemos que existem regiões e áreas mais densamente povoadas que outras. Contribuem para essa diferença diversos fatores, que podem favorecer ou limitar o povoamento.

Fotografia. Vista de uma feira de rua com muitas pessoas circulando por entre as diversas bancas que comercializam produtos in natura, como verduras e frutas. No canto, à direita, vista de uma calçada com diversos prédios com as portas de comércio abertas.
Rua comercial em Dacca, capital de Bangladesh (2021). A cidade apresenta uma das maiores densidades demográficas do mundo: cêrca de 23 mil habitantes por quilômetro quadrado.

• Fatores que influenciam o povoamento

Pelo menos dois fatores explicam a desigualdade na distribuição da população: os de ordem natural, como o clima, o relevo, a disponibilidade de água e a qualidade do solo para fins de agricultura; e os de ordem histórico-econômica, relacionados aos povoamentos antigos, ao crescimento de cidades, à implantação de sistemas de transporte e à dinamização das economias regionais e sua continuidade no tempo. Nesse último, se enquadram o nordeste dos Estados Unidos – onde se localizam Nova iórque, Boston, Filadélfia e outras cidades importantes – e a Região Sudeste do Brasil. À medida que se tornaram as principais regiões econômicas desses países, passaram a atrair populações de outras áreas, que se deslocaram em busca de oportunidades de trabalho e de melhores condições de vida.

Os fatores de ordem natural continuam exercendo influência na distribuição da população no espaço mundial, mesmo com o constante avanço científico e tecnológico e, em consequência, a melhor adaptação humana às situações naturais adversas.

As áreas de desertos quentes – como o Saara, na África (foto A), e os desertos da Austrália – têm menos de 1 habitante por quilômetro quadrado. O mesmo acontece no norte do Canadá e da Rússia – áreas de altas latitudes e de clima frio e polar (foto B), que restringem a fixação humana. Também nas elevadas altitudes da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, das Rochosas, na América do Norte, ou ainda as do Himalaia, na Ásia, o clima frio de alta montanha dificulta o estabelecimento humano.

Fotografia A. Vista de uma paisagem desértica com dunas de areia. Em destaque, no primeiro plano, vista de uma comitiva com quatro camelos enfileirados. À frente dos camelos estão duas pessoas, elas usam roupas e lenços no pescoço. No segundo plano, vista do céu azul com nuvens.
Deserto do Saara, Marrocos (2021). A região apresenta baixa densidade demográfica.
Fotografia B. Vista de uma paisagem coberta de neve, com galhos de pequenos arbustos a mostra. Em destaque, vista de uma comitiva com quatro trenós puxados por animais. À frente, uma pessoa conduzindo o grupo.
Pessoa do povo Nenet e animais transportam carga em migração de inverno, na Sibéria, Rússia (2019).

3. Desigualdades na dinâmica demográfica

Além da distribuição demográfica desigual no espaço geográfico mundial, há também disparidades na dinâmica demográfica entre os diversos países. Já vimos algumas dessas desigualdades anteriormente, como as diferenças no crescimento vegetativo ou natural e nas médias de taxas de natalidade e de fecundidade dos conjuntos de países desenvolvidos e menos desenvolvidos.

Além dessas desigualdades na dinâmica demográfica, a seguir estudaremos outras.

• Mortalidade infantil

A taxa de mortalidade infantil (de 0 a 1 ano de idade) é um bom indicador das condições de vida de uma população, pois, além de ser um indicador de saúde, envolve questões relacionadas à qualidade da alimentação das gestantes, mães e crianças, às condições de saneamento básico do lugar onde a criança nasce e cresce, ao nível educacional dos pais e ao rendimento que eles obtêm por meio do trabalho.

Há, assim, estreita relação entre taxas de mortalidade infantil e condições socioeconômicas da população, ou seja, altas taxas de mortalidade infantil ocorrem em populações desprovidas de boas condições de vida; e, inversamente, baixas taxas de mortalidade infantil ocorrem em populações com boas condições de vida.

Observe o mapa que mostra a disparidade entre os países quanto às taxas de mortalidade infantil e, de acordo com o que foi explicado, pode ser interpretado como um “retrato” das condições de vida de suas populações (para identificar os países, recorra ao planisfério político da página 278).

Mundo: taxa de mortalidade infantil (em por mil nascidos vivos) – 2020

Mapa. Mundo: taxa de mortalidade infantil, em por mil nascidos vivos – 2020. Planisfério com a divisão política dos países destacados em tonalidades de cor que variam do mais fraco (lilás claro) para o mais forte (roxo) de acordo com as taxas de mortalidade infantil por mil nascidos vivos, indicadas na legenda. Menos de 8,20: Argentina, Uruguai, Chile, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, Canadá, maior parte da Europa (à exceção da Moldávia e da Albânia), China, Japão, Arábia Saudita, Tailândia, Austrália e Nova Zelândia.  De 8,20 a 17,30: Brasil, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia, Suriname, México, maior parte da América Central, Marrocos, Tunísia, Líbia, Egito, Jordânia, Omã, Cazaquistão, Mongólia, Coreia do Norte.  De 17,30 a 27,90: Bolívia, Venezuela, Guiana, Guatemala, Argélia, África do Sul, Síria, Iraque, Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Indonésia, Camboja.  De 27,90 a 41,70: República Dominicana, Senegal, Gâmbia, Gana, Gabão, Congo, Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Tanzânia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Etiópia, Eritreia, Sudão, Djibuti, Madagascar, Turcomenistão, Tadjiquistão, Mianmar, Laos.    Mais de 41,70: Haiti, Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, Moçambique, Zâmbia, Sudão do Sul, maioria dos países da África Central e da África Ocidental. Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.750 quilômetros.

Fonte: THE WORLD BANK. Mortality rate, infant (per 1,000 live births). Disponível em: https://oeds.link/DnXw9r. Acesso em: 25 janeiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Aponte um país com taxa de mortalidade infantil de mais de 41,70por mil, e outro com menos de 8,20por mil.

• Esperança de vida média ao nascer

Denominada também de expectativa de vida média ao nascer, expressa a duração prevista para a vida de um recém-nascido, caso a taxa de mortalidade do momento em que ele nasceu permaneça a mesma ou constante.

Nas últimas décadas, ocorreu redução das taxas de mortalidade da população graças a um conjunto de fatores: grandes conquistas e avanços da medicina; melhoria das condições sanitárias (redes de água e de esgoto, coleta de lixo etcétera); campanhas de vacinação em massa contra certas doenças; e tomada de consciência de parcelas da população acerca da necessidade de uma alimentação saudável e da prática regular de atividades físicas.

Em consequência da redução das taxas de mortalidade, a esperança de vida média ao nascer aumentou consideravelmente entre 1950 e os dias atuais (observe o mapa).

Mundo: esperança de vida média ao nascer (em anos) – 2019

Mapa. Mundo: esperança de vida média ao nascer, em anos – 2019. Planisfério com a divisão política dos países destacados em tonalidades de cor que variam do mais fraco (amarelo claro) para o mais forte (vermelho escuro) de acordo com as taxas de esperança de vida indicadas na legenda. De 50 a 60 anos: Haiti, Guiné Bissau, Serra Leoa, Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Chade, República Centro Africana, Sudão do Sul, Somália, Afeganistão e Papua Nova Guiné. De 60 a 70 anos: maioria dos países da África Central, da África Meridional e da África Oriental, além de demais países da África Ocidental; Iêmen, Turcomenistão, Paquistão, Índia, Mianmar, Laos, Camboja, Guiana.  De 70 a 75 anos: Saara Ocidental, Líbia, Egito, Indonésia, Filipinas, Bangladesh, Butão, Nepal, Síria, Jordânia, Iraque, Rússia, Belarus, Ucrânia, países do Cáucaso, a maior parte da Ásia Central, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Suriname, Guatemala, El Salvador, Nicarágua, República Dominicana. De 75 a 80 anos: Estados Unidos, México, Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Uruguai, Argentina, Marrocos, Argélia, Tunísia, maior parte da Europa Oriental, maior parte do Oriente Médio, Sri Lanka, China, Tailândia, Vietnã, Malásia. De 80 a 85 anos ou mais: Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Europa Ocidental, Canadá, Costa Rica, Chile.  Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.090 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: IBGE, 2018. 73; . Download 2020 Human Development Data: All Tables and Dashboards. New York: , 2020. Table 1. Disponível em: https://oeds.link/d8m6Ih. Acesso em: 20 janeiro 2022.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Que continente concentra os países com as mais baixas esperanças de vida?

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você, seus familiares, colegas e amigos se preocupam em ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos para preservar a saúde e alcançar elevada esperança de vida média?

• Relações entre aumento da esperança de vida média ao nascer, altas taxas de natalidade e economia

O aumento da esperança de vida tem exigido dos países adaptações e esforços a essa nova situação. Em países onde ocorrem altas taxas de natalidade e de fecundidade, os governos enfrentam problemas para administrar essa dinâmica demográfica.

Vamos explicar as duas situações. Nos países desenvolvidos, as baixas taxas de fecundidade, somadas ao aumento da esperança de vida média ao nascer, têm causado aumento da proporção de idosos e diminuição da proporção de jovens no conjunto da população. Embora essa seja uma tendência mundial, o envelhecimento da população tem afetado, principalmente, vários países europeus, gerando, assim, maiores despesas com pagamento de aposentadorias, além de diminuição rápida e progressiva da População Economicamente Ativa (PEA)glossário .

Nos países menos desenvolvidos, por causa das maiores taxas de natalidade e fecundidade, o número de população jovem é maior. E isso representa para os governos desses países a necessidade de maiores investimentos ou gastos com educação e de criação de mais empregos para atender à quantidade de jovens em busca de ocupação no mercado de trabalho.

Concluímos, assim, que essas duas situações representam desafios para os governantes e para a população em geral.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas.

Mochila de ferramentas

Interpretação de pirâmide etária

A pirâmide etária é uma representação gráfica que mostra a distribuição de uma população por sexo e faixas de idade. Mas como interpretar uma pirâmide etária?

Como interpretar

1. Observe primeiro a base das pirâmides etárias A e B.

Pirâmide A

Gráfico. Pirâmide A. Pirâmide etária representando as porcentagens de mulheres e de homens de uma população por faixa etária.   0 a 14 anos: mulheres: 45%; homens:  45%.  15 a 29 anos: mulheres: 28%; homens:  28%.  30 a 44 anos: mulheres: 15%; homens: 15%.  45 a 59 anos: mulheres: 8%; homens:  8%.  60 a 74 anos: mulheres: 3%; homens: 3%.  75 anos ou mais: mulheres: 1%; homens: 1%.

Fonte: POPULATIONPYRAMYD.NET. Population pyramids of the world from 1950 to 2010. Disponível em: https://oeds.link/II7Djo. Acesso em: 25 fevereiro 2022.

Pirâmide B

Gráfico. Pirâmide B. Pirâmide etária representando as porcentagens de mulheres e de homens de uma população por faixa etária.   0 a 14 anos: mulheres: 18%; homens: 17%.  15 a 29 anos: mulheres: 20%; homens: 19%.  30 a 44 anos: mulheres: 21%; homens: 20%.  45 a 59 anos: mulheres: 18%; homens:  18%.  60 a 74 anos: mulheres: 16%; homens: 17%.  75 anos ou mais: mulheres: 7%; homens: 9%.

Fonte: POPULATIONPYRAMYD.NET. Population pyramids of the world from 1950 to 2010. Disponível em: https://oeds.link/II7Djo. Acesso em: 25 fevereiro 2022.

  1. Repare que, na pirâmide A, a base é larga. Isso significa que a maior parte da população representada tem entre 0 e 14 anos. Observando-se os percentuais da população feminina e masculina entre 0 e 14 anos, percebe-se que ela corresponde a mais de 40% da população total; ou seja, há predomínio da população jovem nesse país, o que, por sua vez, indica elevadas taxas de fecundidade e de natalidade. Na pirâmide B, a base é estreita, ou seja, a população jovem é menos numerosa no conjunto da população (cêrca de 18%), o que indica baixas taxas de fecundidade.
  2. Agora, note os dois degraus mais altos dessas duas pirâmides. Em A, eles são estreitos, ou seja, a população com 60 anos ou mais é quantitativamente pequena em relação à população total, demonstrando a baixa esperança de vida média. Na pirâmide B, eles são mais largos, isto é, há maior número de pessoas com 60 anos ou mais na população total; isso decorre do melhor nível de vida da população (melhor alimentação, assistência médica etcétera), que, por sua vez, significa maior esperança de vida média ao nascer.
  1. Em que eixo da pirâmide etária é representado o percentual da população por faixa de idade?
  2. Em que eixo da pirâmide se representam as faixas etárias?
  1. Com base em seus conhecimentos, responda:
    1. Qual dessas pirâmides representa um país desenvolvido? Explique sua resposta.
    2. Por que a pirâmide A expressa a necessidade permanente de adaptação do sistema de ensino básico às exigências populacionais?
    3. Por que a pirâmide B indica que, no futuro, esse país poderá ter problemas relacionados ao sistema previdenciário (aposentadorias)?
Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 5 e 6

Registre em seu caderno.

  1. Desde épocas remotas, o homem moderno, ou seja, o Omo sápiens e seus ancestrais, desloca-se pelos espaços terrestres. Aponte a causa mais provável para esses deslocamentos.
  2. Explique a diferença entre:
    1. imigrantes e refugiados;
    2. deslocados internos e migração interna.
  3. Além das migrações espontâneas ou voluntárias, existem as migrações forçadas. Explique o que são as migrações forçadas e exemplifique.
  4. Qual era a nacionalidade da maioria dos refugiados mundiais em junho de 2021? E por qual razão se tornaram refugiados?
  5. Explique o processo de crescimento populacional que resultou em uma explosão demográfica após a Segunda Guerra Mundial.
  6. Por que a população mundial não está distribuída de modo uniforme em todo o globo?
  7. Em relação à demografia dos países desenvolvidos e dos menos desenvolvidos, responda.
    1. De modo geral, esses países apresentam índices demográficos opostos. Explique-os.
    2. Que outro indicador pode ser considerado para salientar as disparidades sociais entre esses dois blocos de países?
  8. Qual é a relação entre a taxa de mortalidade infantil e as condições socioeconômicas de uma população ou um país? Explique.
  9. Como você explica o aumento da esperança de vida média ao nascer em muitos países do mundo?
  10. Interprete o mapa a seguir e responda às questões.

Mundo: principais causas, rotas e destinos das migrações internacionais – 2021

Mapa. Mundo: principais causas, rotas e destinos das migrações internacionais – 2021. Planisfério representando os principais fluxos das migrações internacionais e identificando as origens e causas desses deslocamentos populacionais.  Principais destinos: Austrália, Turquia, África do Sul, França, Alemanha, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Canadá, Estados Unidos.  Principais rotas. A partir da América do Sul: uma rota parte na direção norte, cruzando a América Central e México até os Estados Unidos; outra segue pela porção oeste, na região dos Andes; há também um fluxo em direção ao Brasil e outro que segue para a Europa.  A partir da África: fluxos internos, entre países africanos, caracterizando migrações intrarregionais; diversos fluxos a partir da região do Sahel e que se juntam em rotas na direção da Península Arábica e da Europa, principalmente. A partir da Ásia: rotas cruzando os países da Ásia Central em direção à Europa; outras rotas partindo do sudeste asiático em direção à Península Arábica e à Austrália.  Principais origens e causas de migrações internacionais. Conflitos armados: na Ásia: Mianmar, Afeganistão, Iraque, Síria e Iêmen; na África: Mali, Líbia, Nigéria, Chade Camarões, República Centro-Africana, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Etiópia e Moçambique. Instabilidade política e social: na Ásia: Filipinas, Bangladesh, Paquistão; na América: Belize, Haiti, Honduras, El Salvador, Guatemala, Venezuela; na Europa: Ucrânia; na África: Senegal, Gâmbia, Burkina Fasso, Mali, Togo, Benin, Gana, Costa do Marfim, Nigéria, Níger, Chade, Sudão, República Democrática do Congo. Catástrofe natural: Moçambique, na África. Seca e fome: Zâmbia, Etiópia e Somália, na África. Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.610 quilômetros.

Fonte: MERINO, Alvaro. El mapa de las rutas migratórias en el mundo. El Orden Mundial, 14 novembro2021. Disponível em: https://oeds.link/vQpJ3W. Acesso em: 25 fevereiro 2022.

  1. Que países são os principais destinos das migrações internacionais?
  2. Com base na legenda do mapa, como você interpreta o caso de Moçambique?

11. Com base em seus conhecimentos sobre a população mundial e os países mais populosos do mundo em 2020, que título você daria a cada um dos gráficos a seguir?

Gráfico A

Gráfico A. Um gráfico circular dividido em dois setores, um verde e outro laranja. De acordo com a legenda, o setor verde refere-se à China e Índia: 36%; o setor laranja corresponde aos demais países do mundo: 64%.

Gráfico B

Gráfico B. Um gráfico circular dividido em dois setores, um verde e outro laranja. De acordo com a legenda, o setor verde refere-se à China e Índia: 60%; o setor laranja corresponde aos demais países da Ásia: 40%.

Fonte: elaborado com base em . World population prospects 2019. Volume I: comprehensive tables New York: , 2019. página 23 e 27.

12. Observe o quadro para responder.

Países selecionados: área (em km2) e população estimada (em habitantes) – 2025

País

Área (km²)

População

Turcomenistão

488.100

6.438.000

Gana

239.460

34.409.000

Honduras

112.090

10.692.000

Polônia

312.685

37.515.000

Nova Zelândia

268.680

5.006.000

Fontes: bonifássi, pascál (). L’année stratégique 2009: analyse des enjeux internationaux. Paris: Dalloz/Iris, 2008. tomo 161, 250, 372, 456 e 510; . World population prospects 2019. Volume um: comprehensive tables. New York: , 2019. página 25, 27, 29 e 31.

  1. Calcule a densidade demográfica de cada país do quadro.
  2. Por que a densidade demográfica não reflete exatamente a distribuição populacional territorial desses países?

13. Interprete os gráficos relativos à taxa de fecundidade (1950-2050) e analise as proposições. Depois, em seu caderno, identifique a que está correta e explique as incorreções das demais.

Gráfico. Brasil. Gráfico de linha representando a evolução da taxa de fecundidade do Brasil de 1950 a 2005, e a projeção para o ano 2050. No eixo vertical, à esquerda, indicação dos intervalos com os números de nascidos vivos por mil habitantes no decorrer de um ano. No eixo horizontal, os anos. 1950: 6,1. 2005: 2,3. 2050: 1,9.Gráfico. Senegal. Gráfico de linha representando a evolução da taxa de fecundidade de Senegal de 1950 a 2005, e a projeção para o ano 2050. No eixo vertical, à esquerda, indicação dos intervalos com os números de nascidos vivos por mil habitantes no decorrer de um ano. No eixo horizontal, os anos.  1950: 6,8. 2005: 5,1. 2050: 2,1.

Fonte: durrân, marrí françoás êti áli. Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. página 35.

  1. Taxa de fecundidade é a relação entre o número de nascidos vivos por mil habitantes no decorrer de um ano.
  2. As taxas de fecundidade do Brasil e do Senegal em 1950 eram, respectivamente, 6 e 8.
  3. Segundo estimativas para o ano de 2050, o Brasil deverá apresentar uma taxa de fecundidade de aproximadamente 2,9, e o Senegal, de 2,1.
  4. Podemos afirmar que a queda mais acentuada da taxa de fecundidade do Brasil entre 1950 e 2050, se comparada à taxa do Senegal no mesmo período, é explicada pela diminuição significativa das taxas de natalidade, pela maior inserção da mulher no mercado de trabalho e pela relativa melhora das condições de vida (saúde, educação etcétera.).

14. Reúna-se com alguns colegas e pesquisem o crescimento populacional do município onde vocês vivem entre os anos 1950 e 2020. Em seguida, elaborem um gráfico de linha com os dados obtidos e um texto interpretativo sobre ele, procurando explicar o aumento ou a diminuição da população municipal nesse período. Finalmente, troquem o seu trabalho com o de outro grupo para complementar as informações.

PERCURSO 7 FLUXOS MIGRATÓRIOS NA AMÉRICA LATINA

1. América Latina: de área de destino de imigrantes para área de saída de emigrantes

Vimos no Percurso 5 que a América, desde o século dezesseis, tornou-se um continente de destino de imigrantes de várias partes do mundo. O “Novo Mundo”, como foi chamado, atraiu milhões de imigrantes que povoaram suas terras (observe a foto) e que, juntamente com a população nativa e mais as migrações forçadas de africanos, formaram suas populações, construíram seus espaços geográficos e suas economias.

Fotografia em preto e branco. Vista de um salão amplo, com diversas janelas à direita e uma fileira de colunas à esquerda. Nesse espaço, um grande número de pessoas reunidas. Elas estão sentadas em bancos junto a mesas compridas e dispostas paralelamente, ocupando todo o salão.
Imigrantes de diversos países europeus reúnem-se na sala de jantar do Hotel dos Imigrantes, edifício que os recebia quando desembarcavam em Buenos Aires, Argentina (cêrca de 1940).

Entretanto, por volta de 1970 e prolongando-se até os dias atuais, enquanto Estados Unidos e Canadá continuaram sendo países de destino de imigrantes, os países da América Latina se tornaram grande área geográfica de saída de emigrantes, principalmente para os Estados Unidos, países europeus e, sobretudo, países da própria região latino-americana.

Para se ter ideia, em 2020, segundo a Organização Internacional para Migrações (ó í ême), da ônu, dos 14,7 milhões de migrantes latino-americanos, cêrca de 76% deles migraram para países da própria América Latina e os cêrca de 24% restantes se dirigiram a outros países do mundo. Em relação à América do Sul, quase 74% de todos os movimentos migratórios foram realizados entre os países desse subcontinente, tendência que vem aumentando nos últimos anos.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

ANDRADE, Manuel Correia de.

O Brasil e a América Latina. nona edição São Paulo: Contexto, 2002.

Com texto claro, o autor mostra múltiplos aspectos de países que compõem a América Latina, subdividindo-a em países grandes, médios, pequenos e muito pequenos.

• Causas da inversão da migração latino-americana

A situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas na América Latina é a principal causa das migrações. Muitos latino-americanos deixam seus países de origem em busca de melhores condições de vida. Quando migram para outros países da América Latina, dizemos que se trata de migrações intrarregionais.

Fotografia. Vista de uma área de ocupação humana em condições precárias. No primeiro plano, pessoas observando o entorno; elas se encontram sobre escombros. À direita delas, às margens de um rio poluído. No segundo plano, beirando o rio, há diversas moradias precárias, incluindo alguns barracos.
Pessoas em situação de pobreza e habitações precárias no Haiti (2021).

Devemos também considerar as migrações extrarregionais, ou seja, as que se dirigem aos Estados Unidos, ao Canadá ou a países de outros continentes.

Quanto ao fato de o maior fluxo de migrantes latino-americanos se dirigir a países da própria região, podemos considerar como causas: o maior desenvolvimento regional; o sentimento anti-imigração ou a xenofobiaglossário existentes nos Estados Unidos e nos países europeus; e, principalmente, as leis de migração restritivas adotadas por esses países.

• Os deslocamentos internos na América Latina

Além das migrações internas espontâneas que ocorrem dentro de um mesmo país – êxodo rural, migração de uma cidade ou região para outra etcétera – e das migrações internacionais, existem os deslocamentos internos ou as migrações internas forçadas.

Na América Latina, o crescimento do narcotráficoglossário e a consequente formação de organizações criminosas têm espalhado a violência tanto no campo como nas cidades. Os casos mais graves são encontrados no México, em países da América Central, na Colômbia e no Brasil, entre outros. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, gangues do narcotráfico se enfrentam pelo domínio de territórios para a venda de drogas ilícitas e, nesse confronto, policiais e civis inocentes morrem.

Na Colômbia, a ação de grupos guerrilheiros também espalhou a violência e provocou migrações forçadas ou deslocamentos internos.

Assim como ocorreu no Brasil e em outros países, os megaprojetos agroindustriais na Colômbia causaram grandes deslocamentos internos. Esses projetos, além de alterar profundamente a paisagem, desestruturaram a produção tradicional de alimentos das comunidades, provocaram impactos ambientais e aumentaram a concentração da terra. Segundo a ó í ême, cêrca de 8,3 milhões de colombianos realizaram deslocamentos internos nos últimos 35 anos – número superior aos deslocamentos internos ocorridos na Síria (6,8 milhões) entre 2011 e 2021, causados por uma guerra civil.

Além dessas causas das migrações forçadas, há que se considerar: os desastres naturais – inundações, secas, deslizamentos de terras, terremotos etcétera –; a construção de barragens para hidrelétricas e para abrigar rejeitosglossário de mineração; e a implantação de megaprojetos minerais. No Brasil, por exemplo, entre os anos de 2000 e 2017, cêrca de 7,7 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar internamente por essas causas (observe o gráfico), além da violência decorrente da disputa pela posse de terra.

Brasil: causas dos deslocamentos internos forçados (em porcentagem) – 2000-2017

Gráfico. Brasil: causas dos deslocamentos internos forçados, em porcentagem, de 2000 a 2017. Gráfico circular dividido em dois setores, um roxo e outro azul. De acordo com a legenda, o setor roxo se refere aos deslocamentos causados por desastres naturais: 83%; o setor azul corresponde aos deslocamentos decorrentes da implementação de projetos de desenvolvimento: 17%.

Fonte: INSTITUTO IGARAPÉ. Dados sobre migrações forçadas. Migrações Forçadas, Publicações, 9 março 2018. Disponível em: https://oeds.link/bikJMD. Acesso em: 26 janeiro 2022.

Outro exemplo de migração forçada se refere à construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Rio Xingu, próxima à cidade de Altamira, no estado do Pará, que deslocou cêrca de 40 mil pessoas, principalmente a população ribeirinha, na qual se incluem os indígenas.

Outro caso desastroso no Brasil, relacionado à implantação de projeto mineral, foi o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração (minério de ferro) no subdistrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, estado de Minas Gerais, em 2015. Com esse rompimento, a lama com rejeitos atingiu o vale do Rio Doce e de outros rios dessa bacia hidrográfica, causando o maior desastre ambiental do Brasil e um dos maiores do mundo. Esse subdistrito foi destruído e, além das mortes, pessoas foram forçadas a se deslocar ou a realizar migração forçada.

Fotografia. No primeiro plano, vista do leito de um rio completamente ocupado por lama e com vegetação nas margens; atravessando o rio, uma ponte ferroviária com parte da estrutura de sustentação destruída justamente na parte acima do leito do rio. No segundo plano, vista de um relevo montanhoso.
Lama e ponte destruída por onde se transportava minério de ferro, em Brumadinho, Minas Gerais (2020). Em janeiro de 2019, nesse município brasileiro, o rompimento de uma barragem liberou lama com rejeitos de mineração, que soterrou parte de uma cidade e matou duzentas e setenta .
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto Igarapé – Observatório de Migrações Forçadas

https://oeds.link/yWWxhW

Acesse esta plataforma digital que possibilita a visualização georreferenciada e interativa da distribuição de deslocados internos no Brasil ao longo do tempo, as causas das migrações forçadas e casos emblemáticos.

ó í ême Brasil

https://oeds.link/DtvrL7

Conheça a Organização Internacional para as Migrações (ó í ême). Nesse site você poderá consultar informes, publicações, cartilhas e notícias atualizadas sobre a situação de migrantes e deslocados internos no Brasil.

• As migrações na América Latina

O México é usado por migrantes da América Central, da América do Sul, da África e da Ásia para entrarem de fórma ilegal nos Estados Unidos. O fluxo de pessoas que atravessam o território mexicano tem aumentado nos últimos anos, mostrando, assim, o descontentamento delas em relação aos seus países de origem ou as dificuldades pelas quais passam neles, como falta de emprego, precárias condições de existência etcétera.

Mas o desejo desses migrantes de viver nos Estados Unidos é dificultado por barreiras existentes em sua fronteira com o México, que impedem ou dificultam a entrada de migrantes ilegais. Desde o início dos anos de 1990, nos .3142 quilômetros de fronteira entre esses dois países, os Estados Unidos construíram um muro de .1130 quilômetros de extensão (embora descontínuo) em locais onde o fluxo de migrantes ilegais é mais intenso (observe o mapa e a foto). Ao longo dele, existe monitoramento militar estadunidense. E nos locais onde o muro não foi construído, há patrulhas de fronteira, câmeras de segurança e alarmes.

Fronteira México-Estados Unidos: muro e cidades fronteiriças

Mapa. Fronteira México-Estados Unidos: muro e cidades fronteiriças. Mapa representando a zona de fronteira entre o México e os Estados Unidos. Na parte superior, trecho fronteiriço do território dos Estados Unidos, com a delimitação dos estados da Califórnia, Arizona, Novo México e Texas; na parte inferior, trecho fronteiriço do território do México, com a delimitação dos estados da Baixa Califórnia, Baixa Califórnia do Sul, Sonora, Chihuahua, Sinaloa, Durango, Coahuila, Nuevo León Tamaulipas. No limite entre ambos os países, traçado da fronteira com extensão de 3.142 quilômetros e localização das cidades fronteiriças. Cidades fronteiriças com barreiras de vigilância existentes e propostas (Estados Unidos-México):  San Diego-Tijuana (existente).  Tecate-Tecate (existente). Calexico-Mexicale (existente). Andrade (existente). San Luis-San Luis (existente). Lukeville-Sonoyta (existente).  Sasabe-Sasabe (existente).  Nogales-Nogales (existente).  Naco-Naco (existente).  Douglas-Agua Prieta (existente). Antelope Wells (existente). Columbus-Palomas (existente).  El Paso-Ciudad Juarez (existente). Del Rio-Ciudad Acuña (proposta). Eagle Pass-Piedras Negras (proposta).  Laredo-Nuevo Laredo (proposta)  Brownsville-Matamoros (proposta). McAllen-Reynosa (proposta).  Desertos: Deserto de Chihuahua, se estende da porção central do México até porções ao sul dos estados do Arizona, Novo Mexico e Texas, nos Estados Unidos; Deserto de Sonora, se estende da porção oeste do México até uma faixa que abrange áreas ao sul da Califórnia e do Arizona, nos Estados Unidos. Principais vias de imigração: do centro do México em direção ao oeste, centro e leste da fronteira do Estados Unidos.  Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.

Fonte: , . Atlas de l’Amérique Latine: le continent de toutes les révolutions. Nouvelle édition augmentée. Paris: Autrement, 2012. página 81.

Fotografia. Vista de uma pessoa de uniforme, chapéu e com colete a prova de balas. Ao fundo, uma longa estrutura de metal formando uma grade. À direita, uma viatura de patrulha.
Patrulha estadunidense monitora o muro na fronteira entre México e Estados Unidos, no estado do Arizona, Estados Unidos da América (2021).

Com exceção dessas migrações que se dirigem ao México com a intenção de entrar nos Estados Unidos, os principais países de destino das migrações, no contexto regional, são: Chile, Brasil e Argentina. A maior parte desses migrantes tem como país de origem a Bolívia, o Peru, o Paraguai, a Venezuela, a Colômbia e o Haiti. Mas, em contrapartida, cabe destacar que o Paraguai recebeu cêrca de 240 mil brasileiros que migraram para esse país, atraídos pelas facilidades de aquisição de terras – número somente inferior ao de brasileiros nos Estados Unidos, calculado em mais de 1,7 milhão, em 2020.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o total de brasileiros que vivia no exterior, em 2020, era superior a 4,2 milhões. Para efeito de comparação, isso corresponde a uma população semelhante numericamente à do Panamá, que possuía cêrca de 4,3 milhões de habitantes, em 2020.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Considerando os migrantes brasileiros, o que deveria ser feito em nosso país para evitar a saída deles?

2. América Central: rotas migratórias e maiores perigos enfrentados pelos migrantes

A América Central é uma região de passagem obrigatória para os migrantes que se dirigem dos países latino-americanos para os Estados Unidos. Cada um dos sete países que formam a região (Belize, Guatemala, Honduras, él salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá) possui suas dinâmicas e problemas socioeconômicos, alguns sendo países de passagem de migrantes e outros sendo emissores ou receptores deles.

Consulte o mapa da página seguinte que mostra a origem e o destino de alguns fluxos migratórios na América Central, com as rotas usadas por latino-americanos (como também por migrantes asiáticos e africanos) para chegar aos Estados Unidos. Nesses deslocamentos há zonas de perigo, como entre a Colômbia e o Panamá, risco de afogamento na travessia pelo Rio Amazonas ou pelo Golfo de Urabá, picadas de insetos e de cobras, fome e desidratação na selva de Darién; e, nos países da América Central e no México, assaltos e sequestros por grupos do crime organizado.

Consulte novamente o mapa. A extensa rota de migrações na América Central se inicia na Região de Darién, um imenso obstáculo natural inóspito e perigoso entre a Colômbia e o Panamá, formado por uma floresta densa e que interrompe a Rodovia Panamericana, que liga a maioria dos países da América. Mesmo que muitos migrantes cheguem de avião a grandes cidades da América Central, outros tentam atravessar a Região de Darién pelos pequenos portos marítimos, como o de Necoclí, na costa caribenha da Colômbia. Uma vez superada a passagem pela floresta densa dessa região, os migrantes iniciam uma extensa rota migratória rumo ao México, para depois prosseguirem aos Estados Unidos.

Os migrantes atravessam o principal polo emigratório da América Central, conhecido como Triângulo Norte, formado por Guatemala, Honduras e él salvador, os três países mais pobres e instáveis politicamente nessa região.

O Triângulo Norte abrange terras de altitudes elevadas e áridas, muito desmatadas e com as maiores densidades demográficas, estando sujeitas a tempestades tropicais e catástrofes naturais periódicas (inundações, deslizamentos de terras, secas prolongadas etcétera), que contribuem para a ocorrência de migrações causadas por eventos naturais com capacidade de causar danos graves.

Além disso, pessoas emigram dessa região em razão dos “cinturões de pobreza” em suas grandes cidades, principalmente Guatemala, , Tegucigalpa e San Pedro Sula. São nessas cidades que prosperam os chamados maras e pandillas, gangues de rua geralmente formadas por jovens e que contribuem para a escalada de corrupção e violência que levam muitas pessoas a emigrarem dessa região.

No entanto, nem todos os emigrantes da América Central se dirigem para fóra dessa região. Alguns emigram para o Belize, a Costa Rica e o Panamá, cujos territórios são considerados áreas de estabilidade regionais, pois nos últimos anos vêm apresentando grande desenvolvimento.

América Central: dinâmicas migratórias – 2021

Mapa. América Central: dinâmicas migratórias – 2021. Mapa representando a dinâmica dos deslocamentos populacionais que atravessam a América Central em direção à América do Norte.  “Corredor” de passagem em regiões áridas: contorno de terras áridas entre o sul do México e o oeste da Nicarágua, compreendendo El Salvador e maior porção de Honduras.  Êxodo rural: dos interiores para as capitais de Hondura (Tegucigalpa), de El Salvador (San Salvador) e da Guatemala (Guatemala). Cidades com forte presença de maras: San Salvador, Guatemala, Tegucigalpa, San Pedro, Guatemala.  Rotas de migrações internacionais: a partir da Colômbia, na América do Sul, atravessando as regiões de floresta densa do Panamá e da Costa Rica, até chegar às terras áridas da Nicarágua e de El Salvador; à essa rota, junta-se um fluxo oriundo de Honduras, que segue na direção norte, até a fronteira com o México.  Obstáculo natural para os migrantes: Região de Darién, na fronteira entre o Panamá e a Colômbua.  Fronteiras com forte controle imigratório: fronteiras das Guatemala com El Salvador e Honduras, e do México com a Guatemala. Ambas são fronteiras externalizadas dos Estados Unidos.  Áreas de estabilidade regionais: Panamá, Costa Rica e Belize.  À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 120 quilômetros.

Fonte: LOBO, Abel Gil. El mapa migratorio de Centroamérica. El Orden Mundial, 25 novembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/GrHPpe. Acesso em: 25 fevereiro 2022.

3. Políticas migratórias na América Latina

Vamos entender aqui por política migratória um conjunto de normas ou regras estabelecidas em leis, relativas aos imigrantes e emigrantes, pelos governos dos países.

De modo geral, as políticas migratórias dos governos dos países latino-americanos tinham por base, até recentemente, suas Doutrinas de Segurança Nacional.

Entre os anos de 1950 e 1970, foram implantados regimes ditatoriaisglossário repressivos às livres manifestações de suas sociedades: censuras aos meios de comunicação (jornais, revistas, tevês, rádios etcétera); proibição de greves de trabalhadores e estudantes; contrôle de partidos políticos, pessoas, escolas, universidades, professores; restrição à imigração; além de outras medidas, com a justificativa de que eram necessárias para a segurança nacional. No Paraguai e na Guatemala, os governos militares se instalaram em 1954; no Brasil, em 1964; no Peru, em 1968; na Bolívia, em 1972; no Uruguai e no Chile, em 1973; e na Argentina, em 1976 (foto A).

Fotografia A. Fotografia em preto e branco. Vista de uma praça. No primeiro plano, à direita, um homem de farda e montado em um cavalo. À esquerda, pessoas olhando para o lado. Uma delas está gritando e outra ao lado. No segundo plano, outros homens fardados e montados em cavalos.
Repressão militar durante manifestação das Mães da Praça de Maio, em Buenos Aires, Argentina, que protestavam contra o desaparecimento de seus familiares durante a ditadura argentina (1982).

Após a redemocratizaçãoglossário desses países – no Brasil, isso ocorreu a partir de 1985 –, várias leis desse período, pouco a pouco, foram substituídas, entre elas as que se referiam aos imigrantes e emigrantes como questão de segurança nacional.

A Lei de Imigração do Brasil – o Estatuto do Estrangeiro –, vigente até 2017, considerava o imigrante um estranho e uma provável ameaça à segurança nacional e, além disso, pessoa de menor importância em relação aos brasileiros.

Há anos, o Brasil pretendia fazer a reforma de sua legislação sobre migração. E isso foi conseguido em 2017, com a Nova Lei de Migração, que considerou o deslocamento populacional sob a óptica dos direitos humanos, ou seja, um direito humano, abandonando a ultrapassada concepção de migração como uma questão de segurança nacional (foto B). Foi, assim, um grande avanço. Em outros países latino-americanos essa concepção também está sendo ultrapassada.

Fotografia B. Diversas pessoas em uma sala ampla. No primeiro plano, mesas longas, com microfones, e algumas pessoas sentadas em cadeiras. No segundo plano, atrás dessas mesas, próximo a parede, pessoas em pé com cartazes olhando para frente. Na maioria dos cartazes está escrito: NOVA LEI DE MIGRAÇÃO JÁ! Há um cartaz maior com a seguinte frase: MIGRAR É UM DIRETO.
Manifestantes em apoio à Nova Lei de Migração, em sala do Congresso Nacional, Brasília (Distrito Federal), 2017.
Ícone. Seção Rotas e encontros.

Rotas e encontros

Migrações e redes sociais

“Luis é um escritor venezuelano que viveu por dois anos em Bogotá, Colômbia. Devido à pandemia de covíd-19 perdeu seu emprego na editora, e então decidiu voltar para o seu país. Como os aeroportos e fronteiras terrestres foram fechados, ele diz: ‘Eu vi na internet que havia muitos venezuelanos retornando a pé, e eu decidi me juntar a eles. Foi uma experiência muito difícil, caminhamos por 16 dias o dia todo: fazendo pequenas pausas para comer alguma coisa, dormindo onde podíamos, debaixo de alguma ponte, em frente a algum local, em alguma praça pública; onde nos era permitido, mas sempre tentando manter o movimento para chegar à fronteira o mais rápido possível. Foi difícil, felizmente muitas pessoas do povo colombiano simpatizaram conosco: eles nos ofereceram comida, água, café, na medida em que poderiam’.

Este é um dos mais de 70 testemunhos que compõem o Mapa Polifônico [foto], um arquivo sonoro que inclui vozes migrantes de diferentes idades, gêneros, nacionalidades, origens étnicas, orientações sexuais, e que vivem em várias localidades das Américas. Através de áudios de WhatsApp eles relatam como a pandemia de covíd-19 impacta suas vidas. Além disso, também é possível constatar suas experiências diárias de imobilidade ou mobilidade, confinamento, risco à doença, seus confrontos diários com a burocracia, xenofobia, desemprego; e, ao mesmo tempo, como suas lutas vitais se desenrolam entre solidariedade, criatividade e esperança.

Por que as redes sociais são centrais para a migração?

A migração é um processo que conecta as pessoas com vários lugares ao mesmo tempo. Uma mulher salvadorenha pode estar fisicamente dentro de uma indústria em que trabalha na Cidade de Juarez, México, mas tem seu coração em São Salvador onde seu filho está, e sua mente no Texas, onde seu primo está esperando por ela. As redes sociais permitem que ela tenha uma relação diária com a criança, envie informações aos avós sobre remessas e que a prima a mantenha informada sobre as possibilidades de trabalho nos Estados Unidos, e de passagem, envie algumas fotos dos quinze anos de sua sobrinha.

Mas essas mesmas redes, através das quais os afetos são mantidos vivos, são centrais para compartilhar conhecimento sobre mobilidade e contornar o contrôle dos Estados. Por meio de grupos, se compartilham informações sobre as últimas medidas solicitadas pelos agentes de imigração em fronteiras, as novas rotas para atravessar essas fronteiras, os custos de viagem e as medidas cautelares a serem tomadas. É construído um bem comum aos migrantes, que de maneira horizontal compartilham informações, práticas assistenciais e estratégias de resposta às lógicas violentas de contrôle e exclusão dos Estados e grupos criminosos que lucram com a irregularidade migratória. Vamos lembrar que Luis, com o testemunho que abrimos este texto, foi informado através das redes sobre o retorno de seus colegas nacionais a pé e decidiu se juntar a um grupo.

cêrra cárdenas iréri Mapa polifônico: pensamento e experiência migrante nas Américas. Disponível em: https://oeds.link/utUalq. Acesso em: 18 fevereiro 2022.

Captura de tela. Página de um site com fundo preto com destaque para a frase em letras grandes em branco: MAPA POLIFÔNICO.
Reprodução de página na internet do Mapa Polifônico, um arquivo sonoro que reúne áudios de migrantes nos quais relatam suas dificuldades.

 Interprete

1. Como os migrantes trocam conhecimento sobre mobilidade durante suas trajetórias?

 Contextualize

2. Que conhecimentos e informações você compartilha nas redes sociais com as pessoas próximas e distantes e com qual objetivo?

PERCURSO 8 OS PROBLEMAS DAS CIDADES LATINO-AMERICANAS

1. América Latina: urbanização tardia

Historicamente, a urbanização da América Latina foi tardia em relação à de países europeus e dos Estados Unidos. Neles, a industrialização ocorrida entre os séculos dezoito e vinte, com a consequente oferta de empregos, atraiu para as cidades populações que viviam no campo.

A taxa de urbanizaçãoglossário do Reino Unido, em 1960, já era de 88%; a dos Estados Unidos, 70%; e a da Alemanha, 76%. Nesse mesmo ano, no Brasil, a taxa de urbanização era de 45% e a taxa média da América Latina, 40%. Portanto, a população rural (60%) predominava.

Entretanto, enquanto em 2020 a população urbana mundial correspondia a 56,2% e as estimativas para 2050 apontam que deverá atingir 66%, na América Latina, a população urbana já era de 80,7% naquele ano e deverá alcançar 89% em 2050. É a região mais urbanizada do mundo (observe os gráficos).

América Latina: estimativas da população urbana e rural (em milhões de habitantes eem porcentagem) – 2025

Gráficos. América Latina: estimativas da população urbana e rural, em milhões de habitantes e em porcentagem – 2025. Quadro apresentando um conjunto de sete gráficos com dados de população urbana e rural para a América Latina, América do Sul, América Central e México (exceto Caribe) e Caribe. 
América Latina: gráfico circular dividido em dois setores, um roxo e outro verde, posicionado na parte de cima do quadro, centralizado. De acordo com a legenda, o setor roxo se refere à população urbana: 571 milhões, equivalente a 82,4%; o setor verde corresponde à população rural: 122 milhões, equivalente a 17,6%.
Na parte de baixo do quadro, mais seis gráficos: três de colunas, com valores em milhões de habitantes, e três circulares, com os valores em porcentagem, para a América do Sul, América Central e México (exceto Caribe) e Caribe. Nos gráficos de colunas, o eixo vertical indica os intervalos em milhões de habitantes, o eixo horizontal, as populações: coluna roxa (urbana) e coluna verde (rural). Nos gráficos de setores, esses valores são demonstrados em porcentagem, com a mesma relação de cores. 
América do Sul: população urbana: 387 milhões, equivalente a 85,6%; população rural: 65 milhões, equivalente a 14,4%.
América Central e México (exceto Caribe): população urbana: 150 milhões, equivalente a 76,9%; população rural: 45 milhões, equivalente a 23,1%.
Caribe: população urbana: 34 milhões, equivalente a 74,3%; população rural: 12 milhões, equivalente a 25,7%.

Fonte: elaborado com base em . World population prospects: the 2018 revision. New York: , 2018. fáil tchu fáiv. Disponível em: https://oeds.link/9mEBiF. Acesso em: 27 janeiro 2022.

Nota: O termo “Caribe” refere-se às ilhas da América Central, muitas delas formando Estados ou países. Veja a regionalização da América segundo a posição de suas terras no continente na página 119.

Grafismo indicando atividade.

Aponte se a urbanização da América Central e México (exceto Caribe) é maior ou menor que a dos países da América do Sul. Explique.

Na América Latina, em 2020, seis regiões metropolitanas possuíam mais de 10 milhões de habitantes: Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Bogotá e Lima.

Observe, no mapa, a distribuição da população e a densidade demográfica na América Latina em 2020.

América Latina: aglomerados urbanos – 2020

Mapa. América Latina: aglomerados urbanos – 2020. Representação da América Latina demarcando as áreas com diferentes níveis de densidade demográfica, em habitantes por quilômetro quadrado, destacadas em tonalidades de cor que variam do mais fraco (áreas com baixa densidade), para o mais forte (áreas com elevada densidade). O mapa também localiza as principais aglomerações de habitantes, por meio de círculos proporcionais que variam de 0,5 até mais de 10 milhões habitantes.  Em toda a extensão da América Latina, as porções mais densamente povoadas se concentram na faixa litorânea, destacando a costa brasileira e a região próxima a foz do Rio da Prata, na divisa entre a Argentina e o Uruguai. A exceção nesse caso se deve à porção central do México, onde se localiza a Cidade do México. Por outro lado, as densidades demográficas mais baixas estão relacionadas às regiões desérticas e de terras áridas, como no caso do Deserto do Atacama, ou de florestas densas, a exemplo da Floresta Amazônica.   Em relação aos principais aglomerados urbanos, destacam-se:  De 0,5 a 1,0 milhão: diversas cidades em todos os países da América Latina.  De 1,1 a 5,0 milhões: Brasília e Curitiba, além de diversas outras cidades no Brasil em demais países América Latina.  De 5,1 a 10,0 milhões: Santiago (Chile); Belo Horizonte (Brasil). Mais de 10,0 milhões: Buenos Aires (Argentina); Lima (Peru); Bogotá (Colômbia); Cidade do México (México); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil).   Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 820 quilômetros.

Fontes: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página76; . The World Factbook: Countries. Disponível em: https://oeds.link/BtsizB. Acesso em: 2022.

Grafismo indicando atividade.

Cite uma cidade não brasileira que possui população compreendida entre 5,1 e 10 milhões de habitantes e o país onde se localiza.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é a população total do município onde você mora? Em qual intervalo do mapa ela se enquadra?

2. Problemas comuns às grandes cidades latino-americanas

São vários os problemas enfrentados pela população urbana dos países da América Latina, como também das cidades africanas, asiáticas e, em menor escala ou proporção, dos Estados Unidos, do Canadá e dos países europeus. Entre os principais problemas enfrentados pela população das grandes cidades latino-americanas, podemos destacar:

a pobreza: de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina (cepál), órgão ligado à ônu, 33% da população urbana vivia em condição de pobreza e 13%, em pobreza extrema em 2020.

  • o saneamento básico incompleto ou insuficiente: não atendimento total da população urbana por redes de água e de esgoto, coleta de lixo, limpeza urbana etcétera; apenas cêrca de 31% dos latino-americanos usufruíam, em 2017, de saneamento básico adequado;
  • o desemprego e o trabalho informal: o desemprego é mais acentuado entre a população jovem – entre 15 e 34 anos –, tendo atingido 32% dessa população em 2020; tal condição leva muitas pessoas a exercer o trabalho informal (foto A) para sobreviver e ajudar a família ou ainda propicia que muitos jovens se juntem à criminalidade;
  • a mobilidade urbana deficiente: em consequência da multiplicação de veículos individuais e de vias urbanas inadequadas para o intenso tráfego, os grandes congestionamentos são comuns e, por sua vez, impedem que o transporte coletivo se desloque com maior rapidez, prejudicando a população que depende dele (foto B).

Outros problemas podem ser citados: pavimentação e iluminação pública deficientes; má conservação de ruas e avenidas; e, sobretudo, crescimento de habitações precárias, que retrata as desigualdades sociais que marcam as cidades latino-americanas e outras do mundo.

Fotografia A. Três pessoas adultas sentadas na calçada. Elas usam chapéu de aba larga, roupas longas e lenço no pescoço. À direita delas há uma criança agachada, ela usa boné e agasalho. A frente delas foi estendida uma canga ou lençol azul. Sobre esse tecido estão dispostos pequenos montes de ervas e temperos coloridos, além de algumas flores.
Mulheres vendendo temperos, flores e legumes em rua de potozí, Bolívia (2020).
Fotografia B. Vista de uma avenida, destacando uma das pistas com quatro faixas de rolamento completamente ocupadas por automóveis. À esquerda, parte de um rua com dois carros circulando. À direita, a outra pista da avenida na direção contrária e algumas construções.
Congestionamento na Cidade do México, México (2020).
Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

A localidade em que você mora tem problemas de saneamento básico e de mobilidade urbana?

3. América Latina: segregação socioespacial urbana

A expressão “segregação” significa separação. Falar em segregação socioespacial urbana em Geografia ou nas Ciências Humanas significa que, ao observarmos as cidades, podemos perceber que há separação espacial entre zonas ou bairros cuja população possui maior rendimento, rendimento intermediário e menor ou baixo rendimento.

Considerando que no capitalismo o espaço urbano – lotes, casas, apartamentos, prédios comerciais etcétera – é mercadoria de compra e venda como qualquer outra, quem possui maior rendimento compra o melhor “pedaço” do espaço e quem possui menor rendimento adquire um “pedaço” não tão bom como o primeiro. E existem ainda aquelas pessoas ou famílias cujos rendimentos mal dão para sobreviver e que por isso se instalam nas periferias do espaço urbano ou em cortiçosglossário ou favelas, algumas delas ao lado de construções de alto padrão.

A cidade é, então, a expressão visível das desigualdades sociais entre seus moradores: bairros de classes sociais abastadas, médias e baixas.

Vê-se, assim, que os espaços urbanos na América Latina, como em outras regiões do mundo, são produzidos e organizados segundo o rendimento de seus habitantes.

• Habitações precárias, favelas, alagados e zonas de risco

Segundo a cepál, em 2018, do total da população da América Latina e do Caribe, 21% das pessoas moravam em habitações precárias, que recebem diversas denominações: favelas, no Rio de Janeiro e em São Paulo; mocambos, no Recife; alagados e palafitasglossário , em Salvador, Natal e Manaus; barriadas, no Peru; callampas, no Chile etcétera.

Englobando todas com a denominação de favelas, tais habitações são construídas, em alguns casos, perto de bairros de classes média e alta, nas periferias das cidades, em encostas de morros, próximo às várzeas de rios, usando-se restos de materiais que foram descartados pelos habitantes das cidades.

Como fórma de sobrevivência social, essas moradias são a única alternativa que resta para muitas pessoas e famílias. No entanto, elas evidenciam a ausência de políticas públicas para vencer as desigualdades sociais.

Fotografia. Vista do alto mostrando uma paisagem urbana. No primeiro plano, uma grande aglomeração de construções de baixo padrão, muitas delas sem acabamento; atrás dessa aglomeração, um linha ferroviária com alguns trens de passageiros estacionados nos trilhos. No segundo plano, uma concentração de edifícios altos, com muitos andares e formatos variados. Um grande viaduto atravessa a paisagem, conectando os dois planos descritos, passando por cima da linha ferroviária.
Bairro com habitações precárias e construções de alto padrão, ao fundo, em Buenos Aires, Argentina (2020).
Fotografia. Vista de algumas construções feitas de madeira e erguidas sobre estacas fincadas em um rio.
Casas sobre palafitas em Iquitos, Peru (2021).

• Oportunidades e condições de vida

Diz-se que, no sistema econômico e social em que vivemos, as oportunidades são iguais para todos, ou seja, que nele todos têm oportunidade de acesso à educação, à saúde, à moradia, ao emprego, ao lazer, ao rendimento suficiente para viver de modo digno e sem privações de bens e serviços essenciais etcétera.

Entretanto, não se considera que as condições de vida entre pessoas e famílias são muito desiguais. Algumas possuem condições confortáveis, com acesso a bens e serviços essenciais, enquanto outras convivem com escassez ou privações, caracterizando a pobreza e até mesmo a miséria. Isso acontece não porque querem, mas porque faltaram a essas pessoas oportunidades ou condições oferecidas pelo Estado e pela sociedade para saírem dessa situação.

Observe no quadro a questão da pobreza das populações do México, da Argentina e do Brasil, os países mais industrializados da América Latina.

México, Argentina e Brasil: estimativa percentual da população na condição de pobreza e de pobreza extrema (em %) – 2020

País

% de pobres na população total

% em pobreza extrema na população total

México

37,4

9,2

Argentina

34,3

6,3

Brasil

18,4

5,1

Fonte: Comisión ECONÓMICA PARA AMÉRICA LATINA. Panorama social de América Latina 2021. Santiago: cepál, 2022. página 83.

Nota: De modo geral, a condição de pobreza se refere a várias privações, mas não à de alimentos; a pobreza extrema é a condição que, além da privação de várias necessidades, abrange a falta de acesso aos alimentos.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Na localidade onde você vive existe pobreza no conjunto da população? Como você sabe?

4. América Latina: movimentos sociais

Os movimentos sociais fazem parte da história dos países latino-americanos. Em fins do século vinte e início do vinte e um, novos movimentos sociais surgiram em países da América Latina, tanto de base rural como urbana, formados por grupos de pessoas que, uma vez organizados, protestam e reivindicam direitos que lhes cabem.

Formados ou não por meio de Organizações Não Governamentais (ônguis), lutam por várias causas. Correspondem a movimentos reivindicatórios e muitas vezes de confronto com o Estado e o governo, como meio de conseguir seus objetivos. Observe alguns exemplos.

  • Reforma agrária: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (ême ésse tê), no Brasil; Federação Agrária Nacional, na Bolívia.
  • Habitação: Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (ême tê ésse tê), Movimento Sem-Teto do Centro (ême ésse tê cê) e União dos Movimentos de Moradia (u ême ême), no Brasil.
  • Emprego: Frente de Desempregados Eva perôn e Movimento Independente dos Aposentados e Desempregados, na Argentina; Central Operária Boliviana.
  • Direitos humanos: Comissão Pastoral da Terra (cê pê tê), no Brasil; Avós da Praça de Maio, na Argentina.
  • Direitos dos povos indígenas: Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (conáie) e Confederação de Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (confeniáie); Movimento dos Mapuches, no Chile e na Argentina; Movimento Zapatista, no México.
  • Outras causas, como defesa do meio ambiente, erradicação do trabalho infantil, educação de qualidade para todos, proteção às pessoas idosas e direitos das mulheres, também são representadas por movimentos sociais na América Latina.
Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Movimentos sociais latino-americanos: “territórios em resistência”

reticênciasNa atualidade o reticências [território] latino-americano conta com a presença destacada de movimentos que emergiram tanto no âmbito rural como nos espaços urbanos (principalmente) reticências.

O movimento piquetero [síc] na Argentina éreticênciasum caso emblemático que se inscreve nesta dinâmica, levando-se em conta que a sua atividade não se restringe exclusivamente às ações de protesto – realização de piquetes, isto é, interdição de vias de circulação como estradas, ruas e pontes. A instalação de diversas modalidades de organização e de produção de caráter autogestivo e cooperativo – em creches, hortas, restaurantes e padarias comunitárias – constitui um elemento inovador por ter conseguido por em prática fórmas de trabalho vivo (produtivo) para além da relação salarial (formal ou informal).

Desta fórma, os piqueteros [síc] conseguiram estabelecer uma importante linha de resistência e uma capacidade de mobilização massiva da qual poucos movimentos dispõem. Os piquetes não apenas geraram uma forte identidade comum aglutinada na polêmica figura do desocupado [desempregado] – conformada por aqueles expulsos dos centros fabris e por jovens que nunca estiveram incluídos na relação salarial –, mas também contribuíram para a criação de novas redes de solidariedade e de produção. reticências

Também os movimentos de luta pela moradia denominados ‘movimento dos sem-teto’ – como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento de Moradia no Centro (ême ême cê) de São Paulo – ocupam um destaque importante. A sua principal estratégia de luta é a ocupação de prédios velhos e vazios, localizados nos centros urbanos. Além de adquirir uma importante visibilidade pública, esses movimentos conseguiram unificar as suas atividades com outros movimentos urbanos – como os moradores de rua e o movimento de catadores de lixo, organizados em fórma de cooperativas ou associações de bairro.

reticências

Também é importante mencionar aqui a presença e o caráter protagonista que os jovens desempregados (aqueles que nunca tiveram acesso ao trabalho assalariado formal) e as mulheres ocupam nos movimentos sociais na atualidade. reticências

Os novos movimentos sociais latino-americanos não esperam pelas respostas do Estado, mas sim lutam por corrigir as diferenças instituídas e por criar ‘soluções próprias’ para os problemas de exclusão através de fórmas alternativas de organização produtiva. Nesse contexto, a cidadania tutelada pelo Estado começa a ser substituída por outra – já que são os movimentos os atores fundamentais para o reconhecimento e acesso aos direitos universais, instalando uma nova ‘institucionalidade’. reticências

rrópstáin, graciéla. Movimentos sociais latino-americanos: “territórios em resistência”. Revista politícs 9. Publicação do Instituto nupéf – Núcleo de Pesquisas, Estudos e Formação, abril de 2011. página 28-39. Disponível em: https://oeds.link/4dcRgO. Acesso em: 27 janeiro 2022.

Fotografia. Vista de uma manifestação com muitas pessoas reunidas, elas aparecem segurando bandeiras e faixas. No primeiro plano, um obelisco com uma estátua; no segundo plano, uma praça com gramado nas laterais e a maioria dos manifestantes reunidos em uma parte calçada no centro; no terceiro plano, destaque para uma  grande construção em tom de cor rosado, com muitas janelas, pilares e portas.
Manifestantes em frente à Casa Rosada reivindicando ajuda do governo durante a pandemia de covíd-19, em Buenos Aires, Argentina (2020).

 Interprete

1. Por que o texto afirma que “os novos movimentos sociais latino-americanos não esperam pelas respostas do Estado”?

 Argumente

2. Após pesquisar mais o assunto, crie um post para rede social expondo argumento contrário ou favorável a um dos movimentos sociais apresentados pelo texto.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 7 e 8

Registre em seu caderno.

  1. Aponte o principal motivo de a América Latina ser, atualmente, uma região de emigração, e não de imigração.
  2. Em relação à América Latina, faça a distinção entre migrações intrarregionais e extrarregionais.
  3. Aponte quatro causas responsáveis por migrações forçadas na América Latina.
  4. Por qual razão geográfica o território mexicano é usado por migrantes ilegais para entrar nos Estados Unidos?
  5. Aponte qual foi o avanço que o Brasil realizou com a Nova Lei de Migração.
  6. Explique a razão de a urbanização de países europeus e dos Estados Unidos ter ocorrido antes da urbanização da América Latina.
  7. Entre os problemas das cidades latino-americanas, aponte qual deles você acredita ser o mais grave. Justifique.
  8. As cidades latino-americanas são a expressão visível das desigualdades sociais. Explique essa afirmação.
  9. Interprete o mapa e responda às questões.

Mundo: habitações precárias – 2018

Mapa. Mundo: habitações precárias – 2018. Planisfério com a divisão política dos países destacados em tonalidades de cor que variam do mais fraco (amarelo claro) para o mais forte (marrom) de acordo com as taxas percentuais que indicam a parte da população urbana vivendo em favelas em cada país. Menos de 12 ou de 12 a 26: Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Equador, Suriname, México, Cuba, Canadá, África do Sul, Marrocos, Tunísia, Egito, Espanha, Portugal, maior parte da Europa Central, maior parte do Oriente Médio, China e maior parte do Sudeste da Ásia. De 27 a 40: Peru, Colômbia, Guiana, Senegal, Gana, Camarões, Gabão, Zimbábue, Belarus, Georgia, Síria, Índia, Mongólia, Indonésia.  De 41 a 56: Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Guatemala, Guiné, Mali, Nigéria, Congo, Angola, Namíbia, Zâmbia, Tanzânia, Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Iraque, Paquistão, Uzbequistão, Mianmar.  Mais de 56: Haiti, Iêmen, Afeganistão, Mauritânia, Guiné Bissau, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Benin, Níger, Chade, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia, Somália, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Moçambique, Madagascar.  Sem dados: diversos países em todos os continentes.  Na parte inferior, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.160 quilômetros.

Fonte: THE WORLD BANK. Population living in slums. Disponível em: https://oeds.link/3JdSRW. Acesso em: 27 janeiro 2022.

Nota: Os demais países que não foram coloridos segundo a legenda não disponibilizaram dados.

  1. Aponte o país da América Latina que apresentava, em 2018, a mais elevada porcentagem da população urbana vivendo em habitações precárias.
  2. Em relação à América do Sul, quais países apresentavam, em 2018, os menores porcentuais da população urbana vivendo em habitações precárias?
  3. Cite os países africanos cujos porcentuais correspondiam, em 2018, ao mesmo intervalo em que constava o Brasil.

10. Entre 2011 e 2020, o Brasil reconheceu cêrca de 54 mil pedidos de refúgio entre os mais de 256 mil solicitados. Observe o gráfico e responda às questões.

Brasil: motivação dos pedidos de refúgio (em porcentagem) – 2011-2020

Gráfico. Brasil: motivação dos pedidos de refúgio, em porcentagem – 2011 a 2020.  Gráfico de barras representando, no eixo vertical, os tipos de motivação do pedidos. No eixo horizontal, os intervalos percentuais. Violação de direitos humanos (barra vermelha): 93,7%. Perseguição por opinião política (barra verde): 0,5%. Perseguição por grupo social (barra laranja): 0,4%. Demais ou não especificados (barra amarela): 5,4%.

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Justiça. Refúgio em números. sexta ediçãoBrasília, Distrito Federal: óbêmigra, 2021. página 45.

  1. Qual foi o principal motivo que levou o Brasil a reconhecer as solicitações de refúgio nesse período?
  2. Calcule o percentual dos pedidos de refúgio reconhecidos para as perseguições por opinião política e por grupo social nessa década.
  3. Com base no gráfico e nos estudos desta Unidade, qual foi a nacionalidade de refugiados que obteve mais pedidos de refúgio reconhecidos, motivados pela violação de direitos humanos?

11. Leia o fragmento de texto e faça o que se pede.

Somos todos migrantes

A formação populacional no Brasil é historicamente composta pelas migrações de diversos países como a japonesa, libanesa, italiana e alemã. Brasileiros e brasileiras, em sua vasta maioria, têm pais, avós ou bisavós migrantes; e muitos de nós, também, migramos. O tom de país acolhedor tem predominado, até agora, nos discursos políticos e na convivência na sociedade. É fato, contudo, que aumentam as denúncias e demonstrações de discriminação e xenofobia no país. É preciso fazer face a tal tipo de postura conservadora e retrógrada demonstrando a rica e diversa contribuição das pessoas migrantes em todos os aspectos, cultural, econômico, científico, etcétera.

asâno, Camila Lissa; TIMO, Pétalla Brandão. A nova Lei de Migração no Brasil e os direitos humanos. Perspectivas: análisis y comentarios políticos número 3, página 39-40, junho2017. Disponível em: https://oeds.link/1hPjtb. Acesso em: 9 junho 2022.

  1. Em grupos, extraiam do texto algumas frases que possam ser usadas em uma campanha contra xenofobia no Brasil.
  2. Montem uma apresentação de slides com fotos que retratem as ideias do texto articuladas às frases escolhidas. Acrescentem um fundo musical para aumentar a sensibilização sobre o tema.
  1. Na localidade em que você mora há refugiados, deslocados internos e migrantes? Em grupos, entrevistem uma dessas pessoas e gravem o relato de sua trajetória. Com a ajuda do professor, façam uma exposição com esses relatos.
  2. Em grupos, pesquisem e analisem alguns movimentos sociais atuantes no Brasil e na América Latina. Depois, respondam às questões.
    1. Esses movimentos sociais atuam no campo ou na cidade?
    2. Há movimentos sociais que lutam pelas mesmas causas em diferentes países da América Latina? Distinga-os.
    3. Que tipos de ações esses movimentos empregam para reivindicar suas causas perante o governo e a sociedade?

Glossário

Hipótese
Uma afirmação ou um conjunto delas que serve de resposta temporária ou provisória para explicar um fato estudado e que deve ser posteriormente verificada, podendo ser comprovada ou não.
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Hominídeo
Do latim ôminidê. Família de primatas antropoides, que compreende o homem e seus ancestrais fósseis.
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Genética
Ciência dedicada ao estudo da hereditariedade e da variação entre os organismos.
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Retração
Diminuição.
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Vestígio
Marca, indício, sinal ou o que restou do que foi destruído ou desapareceu.
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População Economicamente Ativa (PEA)
É o conjunto de indivíduos que trabalham ou que estão em busca de emprego e que compõem, assim, o potencial de mão de obra com que podem contar os setores produtivos (agropecuária, mineração, silvicultura, indústria, comércio e serviços).
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Xenofobia
Sentimento de antipatia, desconfiança ou temor em relação ao estrangeiro.
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Narcotráfico
Comércio ilegal de drogas ilícitas.
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Rejeito
Resto do beneficiamento de minérios que não tem valor comercial.
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Regime ditatorial
Modo autoritário de governar, em que o poder está nas mãos de uma única pessoa ou um único grupo e é exercido de modo absoluto, sem consulta aos governados.
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Redemocratização
Ato ou efeito de democratizar-se de novo, ou seja, restauração da democracia em países que passaram por períodos de ditadura ou governos autoritários.
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Taxa de urbanização
Porcentagem da população total de um município, região, estado ou país que mora em cidades.
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Cortiço
Chamado também de casa de cômodo, é uma habitação coletiva ocupada por pessoas ou famílias que dividem entre si a cozinha e o banheiro; surge principalmente em áreas urbanas, em prédios ou casas degradadas.
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Palafita
Habitação construída sobre estacas, geralmente de madeira, sobre a água.
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