UNIDADE 3 A ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS E DA CHINA NO CENÁRIO INTERNACIONAL E NOS BRICS
Nesta Unidade, você conhecerá aspectos dos Estados Unidos, historicamente uma potência econômica mundial, e compreenderá as razões de a China ter se tornado uma nova potência econômica, que já compete em escala global com aquele país. Juntos, iremos estudar também assuntos relacionados ao bríquis, grupo de países que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que vem aumentando seu protagonismo comercial no cenário mundial.
No final dos anos 1970, a China iniciou um processo de reformas econômicas e abertura comercial que levou o país a se transformar, tornando-se, em 2010, a segunda maior economia mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, país que ainda hoje exerce hegemonia econômica e cultural em âmbito global.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- Troque ideias com seus familiares, colegas e professor sobre as relações políticas e comerciais entre os Estados Unidos e a China.
- O que você sabe sobre a China e a presença de empresas chinesas no Brasil?
PERCURSO 9 A ASCENSÃO DOS ESTADOS UNIDOS NO CENÁRIO INTERNACIONAL
1. Estados Unidos: localização e divisão administrativa
Localizado na América do Norte, entre o Canadá e o México, o território estadunidense ocupa 22,2% da América e 6,1% das terras emersas do planeta. No sentido leste-oeste, estende-se por .4500 km e, no sentido norte-sul, por .2500 quilômetros. Com ..9833517 quilômetros quadrados – incluindo o Alasca e o Havaí –, é o quarto país mais extenso do globo, depois da Rússia, do Canadá e da China; e é o terceiro mais populoso, com mais de 335 milhões de habitantes, em 2021.
Politicamente, os Estados Unidos dividem-se em 50 estados autônomos – 49 continentais, incluindo o Alasca, além do Havaí – e o Distrito de Colúmbiaglossário .
Estados Unidos: divisão política – 2022
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página80.
2. Os antecedentes da formação da grande potência
O início da formação dos Estados Unidos deu-se no comêço do século dezessete, quando foram criadas as primeiras colônias europeias estáveis: Jamestown (Virgínia), em 1607, e Nova Amsterdã, que, fundada por holandeses em 1614, foi tomada pelos ingleses em 1664, quando passou a se chamar Nova iórque. Posteriormente, onze colônias foram fundadas, formando as chamadas Treze Colônias Inglesas.
As Treze Colônias Inglesas
Fonte: elaborado com base em ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de e outrosAtlas histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 62.
• A independência e a conquista do oeste
Em 4 de julho de 1776, as Treze Colônias Inglesas se uniram e se declararam livres do domínio inglês.
Após a independência, os diversos governos que se sucederam no poder dos Estados Unidos incentivaram a expansão territorial do país em direção ao oeste.
Estados Unidos: a expansão territorial – 1783-1853
Fonte: Charliê Jác ( organizador). Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012. página 139.
O Ato de Propriedade Rural e o Destino Manifesto
O Ato de Propriedade Rural (Homestead Act) e a fôrça das ideias do Destino Manifesto foram importantes para a conquista do oeste. Pelo primeiro, o governo dos Estados Unidos concedia a posse de 160 acresglossário de terra a quem a cultivasse por, no mínimo, cinco anos.
Essa lei, instituída em 1862, atraiu imensas ondas de imigrantes europeus, principalmente irlandeses e ingleses, favorecendo o povoamento do interior e a formação de um mercado interno de consumoglossário . A formação desse mercado foi importante para assegurar a industrialização do país, que se desenvolvia a passos largos nos estados do nordeste.
O Destino Manifesto, por sua vez, correspondia ao conjunto de ideias escritas pelo jornalista , em 1845, que também tiveram papel importante na ocupação do oeste. Defendia que brancos e djôn él ô súlivan puritanosglossário eram os eleitos, ou seja, os únicos responsáveis por desenvolver o país e a quem Deus havia confiado a missão de criar uma sociedade-modelo na América. Assim, considerava que os indígenas eram incapazes de levar essa tarefa adiante, visto que, até então, ainda não o tinham feito – para os indígenas, a terra era concebida como fonte de vida; e para os migrantes e colonos, como fonte de lucro.
O avanço para o oeste, a sua conquista e seu povoamento sofreram resistência de grupos indígenas. Os conquistadores, organizados militarmente e munidos de armas de fogo, realizaram verdadeiros massacres de povos indígenas, o que também ocorreu na América Latina, na Austrália e na Nova Zelândia.
• A política intervencionista externa
Após a conquista do oeste, os Estados Unidos dirigiram sua política externa para regiões fóra de seu território.
Para dar fôrça à presença e à supremacia dos Estados Unidos no continente americano, ou seja, sobre os demais países que buscavam suas independências da Espanha ou de Portugal (como o Brasil), em 1823 o então presidente dos Estados Unidos, James Monrow, lançou a doutrina “América para os americanos”, que ficou conhecida como Doutrina Monroe. Essa doutrina defendia que os Estados Unidos, em nome de sua segurança, não permitiriam que nenhum país europeu restabelecesse domínio sobre qualquer território localizado no continente americano. Nasceu, com essa doutrina, a tutelaglossário dos Estados Unidos sobre os países da América Latina, que, consequentemente, norteou as relações de dominação entre esse país e os demais países do continente até recentemente.
A Doutrina Mônrou e o Destino Manifesto serviram, portanto, de pretexto para os Estados Unidos realizarem intervenções diretas e indiretas em países da América Latina quando seus interesses geopolíticos e econômicos fossem contrariados. Consulte, no mapa, algumas intervenções diretas realizadas entre 1898 e 1934 e, no mapa da página seguinte, intervenções diretas e indiretas realizadas entre 1954 e 1994.
A conduta política imperialistaglossário dos Estados Unidos na América Latina não se limitou a essas intervenções diretas. Posteriormente, realizaram intervenções indiretas por meio de fornecimento de armas ou de ações de apoio a opositores políticos internos de governantes de países latino-americanos que se inclinavam para o socialismo, o nacionalismo ou que ameaçassem os interesses estadunidenses: Guatemala (1954), Brasil (1964) e Chile (1973), entre outros.
América Latina: intervenções diretas dos Estados Unidos – 1898-1934
Fonte: FRANCO Júnior., Hilário; ANDRADE FILHO, Ruy de O. Atlas: História geral. segunda edição São Paulo: Scipione, 1994. página 67.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
[locução / título] O Canal do Panamá
[locução / título] O Canal do Panamá
[locução]
Você sabia que a maior parte do comércio internacional é feita por via marítima?
[locução]
Diariamente, diversos navios cargueiros cruzam os oceanos transportando toneladas de mercadorias.
Em muitos casos, milhares de quilômetros são percorridos de um porto a outro em trajetos que podem durar vários dias até atingir seu destino final.
[locução]
Com o advento da globalização, o comércio e a economia fluem em escala planetária.
Para diminuir a distância entre os mercados internacionais, foram construídos dois grandes canais de navegação que se tornaram atalhos marítimos estratégicos.
[locução]
O primeiro, inaugurado em 1869, é o Canal de Suez, que se localiza no Egito e liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, evitando a volta em torno da costa da África.
[locução]
O segundo, sobre o qual falaremos agora, é o Canal do Panamá, que interliga os oceanos Atlântico e Pacífico por um trecho navegável de 80 quilômetros.
Antes de sua construção, só era possível chegar de um oceano a outro navegando por duas semanas em torno da costa da América do Sul. Imagine!
Atualmente, os navios levam cerca de 10 horas para atravessar o canal.
[locução]
As obras para cortar o istmo panamenho se iniciaram no século XIX com o mesmo construtor do Canal de Suez, o francês Ferdinand de Lesseps.
Porém, uma série de fatores dificultava a conclusão das obras. A febre amarela, por exemplo, vitimou muitos trabalhadores da construção.
Além disso, as obras causaram devastação e o alagamento de grandes áreas de floresta.
[locução]
A construção só foi finalizada no século XX, em 1914, com a intervenção financeira dos Estados Unidos, cujo interesse primordial era se beneficiar comercialmente com a existência do canal e ter o domínio dessa região estratégica para a economia mundial.
Em 1903, os Estados Unidos já haviam apoiado a independência do Panamá em relação à Colômbia.
E em retribuição a esse apoio e à conclusão da construção do canal, o Panamá cedeu ao país norte-americano uma faixa do território panamenho e concedeu a ele o direito de administração da nova passagem.
[locução]
No entanto, a situação não se conservou assim por muito tempo.
Após diversas pressões e conflitos, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas condenou a posse do Canal do Panamá pelos Estados Unidos, que acabaram por renunciar ao controle em 1977.
A partir de então, o controle foi gradualmente devolvido ao governo panamenho, em um longo processo consolidado apenas em 1999.
[locução]
O canal funciona da seguinte forma: no trecho mais estreito do istmo, isto é, a faixa de terra que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, foram instaladas eclusas e criados lagos artificiais por onde as embarcações navegam.
Ao entrarem, os navios aguardam a primeira eclusa se encher de água até ficar nivelada com a eclusa seguinte.
E assim as embarcações atravessam o território panamenho, passando por áreas situadas a até 26 metros acima do nível do mar.
[locução]
Na saída, o processo se inverte: os navios aguardam a eclusa se esvaziar até se nivelar com a eclusa seguinte, ou até que alcance o nível do mar e as embarcações possam seguir viagem.
[locução]
Em 2016, foram concluídas as obras de ampliação das eclusas do Canal do Panamá para comportar os atuais navios de carga, muito maiores que as embarcações usadas na época de sua construção.
[locução]
Nos dias atuais, o Canal do Panamá tem uma importância muito grande para o comércio internacional.
Ele permite maior fluidez de mercadorias e facilita as trocas comerciais entre muitos países.
América Latina: intervenções diretas e indiretas dos Estados Unidos – 1954-1994
Fonte: elaborado com base em , íve. Atlas géopolitique. Paris: Larousse, 2007. página 26.
Esses antecedentes, somados à existência de grandes reservas de recursos naturais em território estadunidense – petróleo, minério de ferro, solo propício à agricultura, recursos hídricos etcétera –, a investimentos em pesquisas científicas e tecnológicas e à inventividade de seu povo, entre outros, tornaram os Estados Unidos uma potência mundial. Em 1840, já eram o quinto país do mundo em produção industrial; em 1860, o quarto; em 1870, o segundo; e em 1895 ocupavam a liderança mundial, competindo com Alemanha, Reino Unido, França, Japão e Rússia.
Em 2021, os Estados Unidos ainda eram considerados o país de maior Píbi do mundo, com diversos polos de inovação tecnológica, como vimos no Percurso 4; nesse ano, também era a maior potência militar mundial; e sua influência econômica e cultural abrange todo o planeta.
A sua intensa produção cinematográfica, televisiva e musical exerce influência em hábitos e costumes em todo o mundo, divulgando valores e modos de viver de sua sociedade.
Apesar de constituir uma grande potência, os Estados Unidos possuem problemas internos, entre eles a pobreza de parte da população, que depende de ajuda governamental para obter alimentos, e o preconceito que afeta, principalmente, negros e hispânicos.
Estudaremos, na Unidade 4, a economia, o espaço urbano-industrial e outros assuntos referentes aos Estados Unidos.
NO SEU CONTEXTO
Você percebe em seu dia a dia alguma influência cultural estadunidense?
Cruzando saberes
Leia o texto e descubra como a América Latina, desde o início da década de 2010, tem sido alvo da disputa por influência cultural, econômica e política entre China e Estados Unidos.
A América Latina e o seu desenvolvimento financiado por Estados Unidos e China
“‘Quem come do meu feijão, prova do meu cinturão!’, diziam os pais aos filhos, há muitos anos, principalmente em cidades interioranas do Brasil, deixando claro os papéis de quem mandava e quem deveria obedecer Por analogia, o bordão popular se aplica ao contexto geopolítico da América Latina que, desde o início da década de 2010 transformou-se em palco de uma disputa por influência cultural, econômica e política, protagonizada por China e Estados Unidos via aportes financeiros em infraestrutura e áreas estratégicas, como a tecnologia 5Gglossário e insumos de saúde.
Em termos institucionais, a China foi a precursoraglossário , com a iniciativa Cinturão e Rota, inaugurada em 2013; seis anos após, os norte-americanos estruturaram o programa América Cresce (Growth in the Americas), como um dos vetores do America First [Primeiro os Estados Unidos, em tradução livre], mote do governo dônald trãmp [presidente dos Estados Unidos, com mandato entre 2017 e 2021].
Em 08 de maio de 2018, sob a gestão do Chanceler , a Estratégia do Comando Sul ( Réquis TilersonSOUTHCOM, na sigla em inglês), braço do Departamento de Defesa dos Estados Unidos responsável por monitorar atividades na América Latina, no Canal do Panamá e no Caribe, publicou o documento ‘Promessa Duradoura para as Américas’, descrevendo a China como sinônimo de corrupção, violação dos direitos humanos, risco à democracia, à soberania e ao desenvolvimento econômico dos países latino-americanos. Os americanos, a seu turno, figuram como os paladinosglossário da prosperidade da região. É nesse contexto, de contra-ataque aos ímpetos chineses, que surge o América Cresce.
Estruturado em agosto de 2019 reticências, o América Cresce tem como prioridade catalisar o acesso de países latino-americanos a investimentos do setor privado.
reticências
Segundo o professor róbert ívan élis, pesquisador da relação trilateral América Latina-China-Estados Unidos, o programa americano não almeja rivalizar com as empresas estatais chinesas no campo da infraestrutura, mas objetiva impulsionar os investimentos privados a fim de gerar prosperidade e, agindo com transparência e conforme os princípios da boa governança, comprovar ser uma opção mais benéfica e sustentável para a região do que as ‘práticas às vezes predatórias da China.’ .
Fonte: OLIVEIRA, Breno Silva. Crescer na marra ou entrar na rota pelo cinturão: a América Latina e o seu desenvolvimento financiado por Estados Unidos e China. Observatório de Regionalismo. 11 agosto 2021. Disponível em: https://oeds.link/13hPQW. Acesso em: 7 março 2022.
Interprete
1. Por meio de quais iniciativas a China e os Estados Unidos buscam ampliar os seus interesses econômicos, políticos e culturais na América Latina?
Argumente
2. Imagine que você vai representar o Brasil em uma conferência internacional e fará um discurso em público. Redija-o e, com base em argumentos, fatos, informações e ideias, considere os impactos socioambientais e os interesses econômicos das iniciativas chinesa e estadunidense.
PERCURSO 10 A ASCENSÃO DA CHINA NO CENÁRIO INTERNACIONAL
1. China: localização e divisão administrativa
A República Popular da China, localizada na Ásia Oriental, é o país mais populoso do mundo – em 2021, estimava-se mais de 1,4 bilhão de habitantes. Com ..9596960 , quilômetros quadrados a China ocupa 25% da superfície do continente asiático e é o terceiro maior país do mundo em extensão territorial, superado apenas por Rússia e Canadá.
China: divisão administrativa – 2022
Fontes: elaborado com base em Charliê Jác ( organizador). Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2011. página cento e dezesseis bonifáce pascál. Atlas des relations internationales. Paris: Armand Colin, 2020. página 161.
Nota: A cidade de Macau, com 28,2 , p quilômetros quadradosertenceu a Portugal do século dezesseis até o final de 1999. Nesse ano, Macau voltou a ser território chinês após um acordo com Portugal. Os portugueses a receberam em 1557, como presente do imperador chinês em reconhecimento à ajuda no combate ao pirata tcháu tseláo. Atualmente, a economia de Macau baseia-se no turismo e na indústria têxtil. Em 2021, sua população era estimada em 630 mil habitantes. Róng Kóng, que pertenceu aos ingleses, é outra região administrativa especial da China.
2. China: da dominação estrangeira ao socialismo e à abertura da economia
Durante o século vinte, a China passou por várias situações políticas e econômicas, como veremos a seguir.
• Dominação estrangeira e revolução socialista
Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Japão e Estados Unidos mantinham, desde o século dezenove, bases comerciais ou áreas de influência no território chinês, como mostra o mapa da página seguinte.
China: A penetração estrangeira – 1912
* Conflito ocorrido na China entre 1899 e 1900 em que grupos nacionalistas chineses se opunham à presença de estrangeiros.
Fontes: elaborado com base em KINDER, Hermann; Ríguelmãn, Vérner. Atlas histórico mundial: de la Revolución Francesa a nuestros días. , 1971. página 96; . Atlas historique: l’historie du monde en 317 cartes. Paris: Larousse, 1987. página 228.
O neocolonialismoglossário e o imperialismo submeteram a China aos interesses capitalistas mundiais, transformando o país em fornecedor de matérias-primas e comprador de produtos industriais.
Em oposição à dominação estrangeira, grupos nacionalistas chineses se organizaram, dando início à luta de libertação nacional. Posteriormente, passaram a disputar o poder central com os socialistas chineses. Como resultado da vitória dos socialistas em 1º de outubro de 1949, foi proclamada a República Popular da China, sob a liderança de máo tsé tung. Com a implantação do socialismo, afastou-se a dominação estrangeira e estreitaram-se os laços com a União Soviética (lembre-se de que nesse período ocorria a Guerra Fria e a bipolarização geopolítica do mundo).
chiân cái chéqui, líder da frente nacionalista que disputava o poder, fugiu para o arquipélago de taiuã (ou Formosa), distante apenas 160 da China continental, onde fundou a República da China e consolidou o capitalismo. Até os dias atuais, por causa da pressão da República Popular da China, a ônu não reconhece taiuã como Estado (confira a localização de taiuã no mapa da página anterior).
PAUSA PARA O CINEMA
O último imperador.
Direção: Bernardo bertolútchi. China/Estados Unidos/Inglaterra: Record Picture Company, 1987. Duração: 162 minutos
O filme narra a saga do último imperador da China, pu í, da infância à chegada ao trono, até se tornar preso político dos soviéticos em 1950.
• A abertura econômica e a implantação da economia socialista de mercado
De 1949 a 1976, durante o governo de máo tsé tung, a população chinesa passou por grandes dificuldades, convivendo com a fome, que matou milhares de camponeses. As reformas sociais e econômicas promovidas por máo tsé tung não foram plenamente bem-sucedidas e, após a morte dele, a ala reformista do Partido Comunista Chinês assumiu o poder e implantou reformas na sociedade chinesa que a tornaram uma potência econômica.
As reformas incluíram o desenvolvimento industrial, a modernização da agricultura e a reintrodução da propriedade de terra e investimentos em educação, ciência e tecnologia, nas fôrças armadas e em outros setores econômicos e sociais.
Foram criadas Zonas Econômicas Especiais ( zê ê ês) para receber investimentos de outros países. Visando atrair empresas estrangeiras para as zê ê ês, o governo chinês ofereceu redução de impostos, além de infraestrutura portuária, aeroportuária, rodoviária, ferroviária, abastecimento de água, redes de esgoto, de comunicações etcétera, e facilidades para exportação e importação.
Os dirigentes chineses deram o nome de economia socialista de mercado ao modelo implantado no país, que se caracteriza pela forte presença de empresas estatais (do Estado), em associação ou não ao capital estrangeiro, e pela centralização política, isto é, o poder político na China é exercido pelo Partido Comunista Chinês.
China: dinamismo econômico – 2015
* Asean – Associação das Nações do Sudeste Asiático.
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2016. página 50.
Como o oeste do território chinês está representado nesse mapa?
• Abertura na economia, mas ausência de democracia
Democracia é o regime de governo em que a população de um país participa das decisões políticas de fórma direta ou indireta.
Mas a abertura da economia chinesa não foi acompanhada pela abertura política. Na China, apesar de existirem pequenos partidos além do Partido Comunista, a atuação deles é pouco expressiva, sufocada pela atuação do Partido Comunista Chinês.
Desse modo, a China possui uma estrutura política autoritária e ditatorial que, na prática, tem por base o monopartidarismo. No país não se pratica a democracia e não há liberdade de expressão escrita ou falada, ou seja, a imprensa – jornais, revistas, redes de televisão etcétera – é censurada pelo governo, e a internet está sob contrôle governamental.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
BRIDI, Sônia; ZERO, Paulo.
laouái (Estrangeiro): histórias de uma repórter brasileira na China. sexta edição Florianópolis: Letras Brasileiras, 2011.
O livro retrata a cultura chinesa do ponto de vista de uma jornalista brasileira.
3. China: potência do século ? vinte e um
As reformas econômicas implantadas na China a partir de 1976 alteraram profundamente o país. No decorrer dos anos 1990 até 2000, o Píbi chinês apresentou um crescimento elevado, em torno de 10% ao ano; de 2010 a 2019, cresceu 7,7% ao ano, em média.
Mundo: crescimento anual do Píbi – 2019
Fonte: THE WORLD BANK. GDP growth (annual %). Disponível em: https://oeds.link/t0gIPi. Acesso em: 7 março 2022.
O crescimento da economia chinesa também foi favorecido pelos seguintes fatores: a chamada “Economia do Conhecimento”, com grandes e contínuos investimentos em educação, pesquisa científica e tecnológica; disponibilidade de recursos naturais em seu território; investimentos maciços em infraestrutura de transportes; investimentos em construção de habitações, edifícios comerciais etcétera.; incentivo à exportação e à produção por meio de facilidades fiscais e tributárias; existência de grande mercado consumidor interno; mão de obra abundante, relativamente qualificada e a baixo custo; além de outros.
O parque industrial da China é diversificado: produz desde mercadorias simples até as mais sofisticadas, exportadas para todo o mundo.
As pesquisas científicas e os avanços técnicos chineses permitiram ao país participar da conquista espacial e também ampliar e modernizar as suas fôrças militares. Em 2003, o país realizou seu primeiro voo tripulado no espaço e pretendia, em 2022, finalizar a construção de sua estação espacial. Os lançamentos para o espaço são realizados de uma base no Deserto de Gobi.
• China: exportação e importação
Em 2020, a China foi o maior exportador de mercadorias do mundo – aproximadamente 94% de suas exportações são constituídas de produtos industrializados. É também grande importadora de petróleo, minério de ferro, soja, carne, aço, algodão e outros produtos, sendo o Brasil um de seus fornecedores.
Suas exportações em 2020 atingiram o valor de cêrca de 2,6 trilhões de dólares – quase o dobro do valor do Píbi do Brasil nesse ano (1,4 trillhão de dólares) – e suas importações totalizaram quase 2,1 trilhões. Nas exportações, a China superou os Estados Unidos, que somaram nesse mesmo ano o valor de 2,4 trilhões de dólares.
NO SEU CONTEXTO
Em suas compras ou nas de sua família, você já observou se há produtos originários da China? Se sim, quais?
4. Relações China-Estados Unidos e China-Brasil
A China deu um grande salto na economia nas últimas décadas, aumentando de modo substancial sua presença nas relações com os Estados Unidos e o Brasil.
• Relações China-Estados Unidos
O crescimento da economia chinesa e o seu desenvolvimento científico e tecnológico têm causado preocupação ao governo estadunidense. Os Estados Unidos não consideram a China inimiga, mas a reconhecem como forte concorrente na geopolítica mundial.
Há algumas tensões nas relações entre os dois países, marcadas principalmente pela situação de taiuã. Enquanto a China considera a Ilha de Formosa pertencente a seu território, os Estados Unidos apoiam a existência de taiuã separada e independente da China continental.
Outro ponto de tensão diz respeito aos direitos humanos. Os Estados Unidos, juntamente com países europeus, Japão e Austrália, criticaram, no Conselho de Direitos Humanos da ônu, em 2016, a posição chinesa em relação à prisão de defensores dos direitos humanos no país. Também há pressões para a existência de uma imprensa livre e o fim do contrôle do Estado sobre o acesso à internet e outros meios de comunicação.
Entretanto, as tensões políticas são superadas pelos interesses comerciais dos dois países. A China, em 2020, foi o maior parceiro comercial dos Estados Unidos: 17,5% do valor total das exportações de mercadorias chinesas destinou-se aos Estados Unidos, enquanto 19% do valor total das importações estadunidenses foi proveniente da China.
• Relações China-Brasil
A China, desde 2009, tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, superando os Estados Unidos. Em 2021, do valor total das exportações brasileiras para outros países, 22,4% foi realizado para a China; e a importação de produtos chineses pelo Brasil representou 23,5% do valor total das importações brasileiras.
Entretanto, em 2021, as exportações brasileiras para a China eram compostas, principalmente, de produtos primários: o minério de ferro constituiu cêrca de 33% do valor total das exportações; a soja, 31%; e o petróleo bruto, 16% – produtos que não têm valor agregadoglossário .
Já as importações de produtos chineses pelo Brasil são predominantemente de bens industrializados, portanto de maior valor agregado, fato que beneficia amplamente a economia chinesa.
A influência cultural chinesa no Brasil está relacionada ao crescimento da chegada de imigrantes chineses ao país a partir de meados do século vinte. Destacam-se: a arte marcial tai chí chuan; a gastronomia chinesa; a celebração do ano-novo chinês no bairro da Liberdade, em São Paulo; e a adoção de práticas da medicina tradicional chinesa, como é o caso da acupuntura.
NAVEGAR É PRECISO
Embaixada da China no Brasil
https://oeds.link/R9G04r
O portal disponibiliza diversas informações sobre a China e as relações sino-brasileiras.
Atividades dos percursos 9 e 10
Registre em seu caderno.
- Os Estados Unidos declararam sua independência da metrópole inglesa antes ou depois do Brasil em relação à metrópole portuguesa?
- Aponte a consequência da promulgação do Ato de Propriedade Rural (Homestead Act), de 1862, para o povoamento do território dos Estados Unidos.
- Explique o que foi o Destino Manifesto e sua relação com a conquista e o povoamento do interior dos Estados Unidos.
- O que foi a Doutrina Monroe? Como ela influenciou a relação dos Estados Unidos com os demais países da América?
- Caracterize o modelo chinês de “economia socialista de mercado”.
- Qual é a importância das zê ê ês (Zonas Econômicas Especiais) para o dinamismo da economia chinesa?
- A China é um país democrático? Explique.
- Por que taiuã é um impasse existente entre a China continental e os Estados Unidos?
- A República Popular da China foi, em 2018, a maior emissora mundial de dióxido de carbono – um dos gases que causam o efeito estufa. Interprete o mapa e faça o que se pede.
Mundo: emissão de dióxido de carbono por habitante (em tonelada por habitante) – 2018
Fonte: THE WORLD BANK. CO2 emissions (metric ton per capita). Disponível em: https://oeds.link/F8XpQa. Acesso em: 7 março 2022.
- Se a China foi o maior emissor de dióxido de carbono do mundo em valores absolutos em 2018, por que no mapa ela não está representada entre os maiores emissores?
- Aponte um país cuja emissão de dióxido de carbono para a atmosfera está no intervalo de 9,8 a 16,5 toneladas por habitante em 2018. Se necessário, consulte o planisfério ao final do livro, na página 278.
- Agora, aponte um país cuja emissão situou-se abaixo de duas vírgula duas toneladas por habitante.
- Em sua opinião, é possível relacionar a emissão de dióxido de carbono ao desenvolvimento econômico dos países? Justifique.
10. Interprete o mapa e responda às questões.
O “colar de pérolas” chinês e o “colar de contenção” dos Estados Unidos – 2020
Fonte: LOBO, abél Gil. La geopolítica de China y su collar de perlas. El Orden Mundial, 4 setembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/5ID77s. Acesso em: . 2022.
- Aponte os continentes por onde passa o “colar de pérolas” chinês.
- Como você explica a expressão “‘colar de pérolas’ chinês”, usada no título?
- Justifique a outra expressão, “colar de contenção”.
11. Interprete o quadro e responda às questões a seguir.
País |
PIB (trilhões de dólares) |
PIB per capita (mil dólares) |
Estrutura do PIB (%) |
||
---|---|---|---|---|---|
Agropecuária |
Indústria e mineração |
Serviços |
|||
Estados Unidos |
21 |
65 |
1 |
19 |
80 |
China |
14 |
10 |
7 |
39 |
54 |
* Valores arredondados.
Fontes: THE WORLD BANK. World Development Indicators: Structure of output. Table . Disponível em: https://oeds.link/X1PWLh GDP per capita (current US$). Disponível em: https://oeds.link/fwMrjy. Acessos em: 7 março 2022.
- Em 2019, enquanto o valor do Píbi da China correspondeu a cêrca de 66% do valor do Píbi dos Estados Unidos, o valor do Píbi per cápita chinês correspondeu a 15% do valor dos Estados Unidos. Por que esses percentuais foram diferentes?
- O peso da agropecuária na formação do Píbi dos Estados Unidos é maior ou menor que o da China? Justifique.
12. Em 1948, a ônu aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos ( dê u dê agá). Nela, constam os direitos básicos de todo cidadão. Realize uma pesquisa em publicações e sites da ônu para ter acesso ao texto da declaração e, em grupo, escolham um artigo que, de acordo com a visão de vocês, não é respeitado nos Estados Unidos ou na China. Pesquisem dados que possam dar suporte a essa suposição e construam um infográfico para apresentá-los.
PERCURSO 11 OS BRICS E O COMÉRCIO INTERNACIONAL
1. O que são os ? bríquis
No início dos anos 2000, o economista britânico Jim constatou que Brasil, Rússia, Índia e China possuíam crescimento econômico acima da média de outros países. Em 2009, esses países se uniram para estabelecer uma cooperação econômico-financeira e em outras áreas, como ciência, tecnologia, energia, agricultura e turismo. No ano seguinte, a África do Sul foi admitida no grupo, constituindo os bríquis – sigla formada pelas iniciais desses países, considerando o nome em inglês da África do Sul (South Africa).
O economista ressaltava que, durante a década de 2000 e as seguintes, esses países se tornariam potências emergentes. De fato isso ocorreu principalmente com a China, como vimos no Percurso 10, e com a Índia, cujo Píbi apresentou crescimento médio de 7,9% ao ano entre 2003 e 2006 e, entre 2012 e 2019, um crescimento anual de cêrca de 6,5% em média.
No ano 2000, o Píbi da Rússia cresceu 10% e manteve-se estável entre 2001 e 2008, cujo crescimento foi, em média, de 6,5% ao ano. Mas desde a crise financeira iniciada em 2008 e a queda dos preços do petróleo e do gás natural, seus principais produtos de exportação, o crescimento da economia russa tem sido modesto. Em 2009, o país apresentou um percentual negativo de –7,8% e, no período de 2010 a 2019, o crescimento médio do Píbi desse país foi de 2%.
Esse também é o caso do Brasil, que entre 2000 e 2012 teve um crescimento médio de 3,5%. Mas, principalmente de 2013 a 2018, em decorrência de crises políticas internas, apresentou crescimento econômico baixo e até mesmo negativo, em média –0,2%. Em 2019, o crescimento do Píbi do país foi de 1,4%.
Quanto à África do Sul, seu Píbi cresceu em média 3,4% ao ano, entre 2001 e 2010, e 1,5% em média ao ano, entre 2011 e 2019.
bríquis e países emergentes – 2020
Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; . Miles to go: emerging markets must balance overcoming the pandemic, returning to more normal policies, and rebuilding their economies. Finance & Development, volume 58, número 2, página 7, junho 2021.
Nota: Como citamos no Percurso 4, a regionalização possui um caráter transitório, ou seja, enquanto em 2004, como mostra o mapa da página 36, apenas alguns países eram considerados emergentes, em 2020 outros foram acrescentados a essa classificação ou categoria: Colômbia, Polônia, Indonésia etcétera.
• Pandemia de covíd-19 e as perspectivas econômicas dos bríquis
Entre o final de 2019 e o início de 2020, a pandemia do vírus sárs-cóv-2 que causa a doença covíd-19 criou uma nova realidade sanitária, social e econômica em escala mundial. Os governos adotaram diversas medidas para conter o número de infecções de suas populações e tratar os doentes: restringiram a circulação das pessoas e elevaram os investimentos em equipamentos de proteção individual, aparelhos hospitalares, desenvolvimento de vacinas e programas sociais voltados a amparar os trabalhadores mais afetados pela pandemia. Mas a instabilidade dos mercados e a interrupção dos investimentos, da produção industrial, dos serviços e dos fluxos de pessoas e mercadorias acarretaram uma crise econômica global, que afetou principalmente os países menos desenvolvidos.
Em 2020, o Brasil, a Rússia, a Índia e a África do Sul apresentaram percentuais de crescimento negativos do Píbi, refletindo a retração de suas economias. Apenas a China apresentou 2,3% de crescimento nesse ano.
NO SEU CONTEXTO
Em vista da crise sanitária e econômica provocada pela pandemia da covíd-19, algum membro de sua família ou alguém que você conhece perdeu o emprego nesse período? Você sabe quais foram as consequências do desemprego?
: aspectos demográficos e indicadores socioeconômicos bríquis
As populações da China e da Índia somadas correspondem a cêrca de 36% da população mundial. Se, por um lado, esse contingente populacional exige desses Estados grandes investimentos sociais, por outro, representa grande mercado de consumo, permitindo que as economias desses países tenham a sua autossustentação com base no mercado interno.
Os indicadores sociais e econômicos dos bríquis revelam desigualdades entre eles e também em relação aos países desenvolvidos. Nestes, as taxas de natalidade estão em torno de por mil; as taxas de mortalidade infantil de menores de 1 ano variam de 2 por mil a 5; por mil a esperança de vida média é superior a 80 anos; e a média de anos de estudo situa-se em 13 anos; o í dê agá é muito elevado; e o Píbi per cápita está acima de 30 mil dólares. Apenas a China e a Índia estiveram entre os dez países com maior Píbi, em 2020, e os demais eram desenvolvidos.
Indicadores |
Brasil |
Rússia |
Índia |
China |
África do Sul |
---|---|---|---|---|---|
Taxa de natalidade (%) |
14 |
10 |
18 |
11 |
20 |
Taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano em ‰) |
12 |
5 |
28 |
7 |
28 |
Esperança de vida média (anos) |
76 |
73 |
70 |
77 |
64 |
Média de anos de estudo |
8 |
12 |
7 |
8 |
10 |
IDH |
elevado |
muito elevado |
médio |
elevado |
elevado |
PIB per capita (mil dólares) |
9 |
12 |
2 |
10 |
7 |
Fontes: elaborado com base em . Human development reports. Table 1. Disponível em: https://oeds.link/MRGfRb; THE WORLD BANK. Indicators. Disponível em: https://oeds.link/mXFbdz. Acessos em: 16 fevereiro 2022.
Nota: Os valores do quadro foram arredondados.
Comparando as médias de anos de estudo dos países dos bríquis em relação às dos países desenvolvidos, a que conclusão você chega?
NAVEGAR É PRECISO
Centro de Estudos e Pesquisas bríquis
https://oeds.link/kHzzHZ
O portal disponibiliza artigos, livros e indicadores sobre diversos temas envolvendo os bríquis, como: resolução de conflitos, cooperação internacional, mudanças climáticas e agenda ambiental.
• Píbi elevado, condições de vida comprometedoras
Observando os indicadores sociais dos bríquis, percebemos que há muitos pontos críticos: pobreza; baixa média de anos de estudo da população; mortalidade infantil de menores de um ano em patamares bem superiores aos dos países desenvolvidos e expectativa de vida média inferior à dos países desenvolvidos. Os casos mais graves são os da Índia, da África do Sul e do Brasil, considerando que nesses países cêrca de 19%, 12% e 6% da população, respectivamente, ainda vivia em pobreza extrema na década passada. Concluímos, assim, que não é suficiente possuir um Píbi entre os doze maiores (consulte novamente o gráfico da página 33), como é o caso do Brasil e da Índia, se parte de suas populações vive em condições precárias.
Cabe aos governantes dos Estados ou países, juntamente com as suas populações, trabalhar em prol da erradicação da pobreza em que vivem milhões de seus concidadãosglossário . Além disso, cabe também a eles a criação de oportunidades para que todos tenham acesso a educação, saúde, moradia, trabalho, alimentação e lazer.
3. Padrões econômicos de produção e distribuição
Ao longo da história, os padrões de produção de bens e serviços foram alterados graças ao desenvolvimento das técnicas de produção.
• Emprego de tecnologia
Historicamente, a produção de mercadorias e serviços sempre dependeu do uso de tecnologias. No passado recente, por exemplo, um documento – como uma carta, uma cédula de identidade, uma ação judicial etcétera – era datilografado usando a tecnologia da máquina de escrever; para sua impressão ou duplicação, usava-se o papel carbono ou a fotocopiadora; para o envio ao destinatário, o correio. Hoje existe o computador e a internet, que agilizaram esse processo de produção de serviços, produzindo mais em menor tempo e enviando o documento digitalizado em “tempo real”.
O emprego de tecnologias simples ou tradicionais, mais avançadas ou de última geração está diretamente relacionado à quantidade produzida e à produtividade obtida na atividade industrial, na agropecuária, na pesca comercial, na extração mineral e na prestação de serviços e em outras atividades.
A partir do início dos anos 1970, com a Revolução Técnico-Científico-Informacional, ou seja, com o desenvolvimento da informática, da robótica, das telecomunicações e de outras áreas do conhecimento, como a biotecnologia e a química finaglossário , a produção industrial sofreu profundas alterações.
Além de elevar a produção e a produtividade da atividade econômica, essa revolução fez surgir novas tecnologias: computadores, smartphones, tablets, gê pê ésse etcétera, resultantes de investimentos em ciência e tecnologia (observe o quadro).
Ao interpretar o quadro, observe que os Estados Unidos lideram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Quanto aos países que compõem os bríquis, na segunda posição encontra-se a China; na sétima, a Índia; na nona, o Brasil; e na décima, a Rússia. Vê-se, assim, que os padrões mundiais avançados de produção estão relacionados ao investimento em pesquisa e desenvolvimento ( pê ê dê).
País |
Investimentos (bilhões de dólares em PPC) |
Percentual do PIB investido |
---|---|---|
Estados Unidos |
476 |
2,7 |
China |
371 |
2,0 |
Japão |
170 |
3,4 |
Alemanha |
110 |
2,9 |
Coreia do Sul |
73 |
4,3 |
França |
61 |
2,3 |
Índia |
48 |
0,8 |
Reino Unido |
44 |
1,7 |
Brasil |
42 |
1,3 |
Rússia |
40 |
1,1 |
Fonte: elaborado com base em UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS. How much does your country invest in R&D? Disponível em: https://oeds.link/fBQiHw. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
NAVEGAR É PRECISO
tê vê bríquis
https://oeds.link/1vhiAm
Plataforma multimídia que oferece uma imersão nas tradições, história, cultura, economia, esporte e tendências modernas dos países dos bríquis.
• A distribuição de produtos e as corporações transnacionais
A distribuição de produtos e serviços para os consumidores, onde quer que se encontrem, tornou-se muito ágil, nos últimos anos, graças ao desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação, que permitem a conexão entre lugares, pessoas e empresas de modo instantâneo.
Entretanto, a competição na produção e na distribuição mundial de produtos agrícolas e industriais é muito desigual. Das corporações internacionais do agronegócio, por exemplo, sete dominam a produção mundial de sementes e agrotóxicos; quatro dominam a importação e a exportação de matérias-primas agrícolas, como a soja, o milho e o trigo; e dez controlam a indústria de alimentos.
A influência das corporações transnacionais é tanta que, até mesmo no processo de organização e reorganização do espaço geográfico rural, elas comandam o que deve ser plantado. Assim, o uso da terra é realizado nos países segundo os interesses ou a conveniência dessas corporações.
• O intercâmbio comercial
Entre os países, há o comércio de produtos agrícolas, de matérias-primas (vegetal, mineral e animal), de bens industrializados e de serviços (financeiro, técnico etcétera). A essas trocas ou a esses intercâmbios comerciais dá-se o nome de comércio exterior, que abrange a exportação – venda de produtos ou serviços de um país para outro – e a importação – compra de produtos ou serviços de outro país.
A relação, em dinheiro (dólar, real etcétera), entre os valores das exportações e das importações de um país recebe o nome de balança comercial. Quando o valor das exportações ultrapassa o das importações realizadas por um país, no período de um ano ou mês, diz-se que esse país teve um superávit comercial ou saldo positivo e, assim, torna-se credor dos países para os quais exportou. Ao contrário, quando o valor das importações supera o das exportações, diz-se que a balança comercial teve déficit comercial ou saldo negativo, ou seja, é deficitária, e o país nessa condição fica em dívida com o exterior.
Segundo o Ministério da Economia, em 2021 as exportações do Brasil atingiram o valor de 280,6 bilhões de dólares e as importações, 219,4 bilhões de dólares. Houve, portanto, superávit comercial (saldo positivo) de 61,2 bilhões de dólares, o que foi favorável para o país.
O comércio exterior do Brasil com os outros países dos bríquis tem aumentado nos últimos anos. Quanto ao comércio com os Estados Unidos – que foi, em 2021, o segundo maior parceiro comercial do Brasil (o primeiro foi a China) –, os valores das exportações e das importações têm oscilado ao longo dos anos. Consulte o quadro e os gráficos referentes ao ano de 2021.
País |
Exportação |
Importação |
Saldo comercial |
---|---|---|---|
China |
87,8 |
47,7 |
40,1 |
Índia |
4,8 |
6,7 |
−1,9 |
Rússia |
1,6 |
5,7 |
−4,1 |
África do Sul |
1,2 |
1,0 |
0,2 |
Estados Unidos |
31,1 |
39,4 |
−8,3 |
TOTAL |
126,5 |
100,5 |
26,0 |
Fonte: elaborado com base em BRASIL. Ministério da Economia. Balança comercial: dados consolidados. Disponível em: https://oeds.link/TPdMIc. Acesso em: 17 fevereiro 2022.
Nota: Os valores do quadro foram arredondados.
Brasil: trocas comerciais ( em porcentagem do valor comercializado) – 2021
Fonte: elaborados com base em BRASIL. Ministério da Economia. Balança comercial: dados consolidados. Disponível em: https://oeds.link/TPdMIc. Acesso em: 16 fevereiro 2022.
Nota: Os valores do quadro foram arredondados.
Aponte a participação percentual do valor das trocas comerciais brasileiras, em 2021, realizadas com os demais países dos bríquis e compare com as trocas realizadas com os Estados Unidos.
De acordo com o quadro, do total de 87,8 bilhões de dólares exportados pelo Brasil para a China em 2021, cêrca de 70,2 bilhões de dólares ou 80% desse total correspondem a três produtos: minério de ferro (33%), soja (31%) e petróleo bruto (16%). Como citamos no Percurso 10, essas exportações não possuem valor agregado.
Quanto às importações realizadas pelo Brasil da China em 2021, predominam os produtos de valor agregado, como os industrializados – por exemplo, peças para aparelhos de telefonia e televisores, terminais portáteis de telefonia móvel etcétera
PERCURSO 12 DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA E OS CAPITAIS ESTADUNIDENSE E CHINÊS NO MUNDO E NO BRASIL
1. A indústria e seus fatores locacionais
A palavra “locacional” nos remete à localização. Assim, os fatores locacionais da indústria são aqueles que exercem influência na decisão de implantar uma indústria em determinada área do espaço geográfico. Eles influenciam a distribuição espacial das atividades industriais em escala global, assim como no interior dos países, em suas regiões e localidades.
As corporações empresariais estão sempre em busca da melhor localização no espaço geográfico para obter custos baixos de produção, maior lucro ou, ainda, uma localização espacial que melhor atenda a suas necessidades particulares com o objetivo de ampliar o mercado consumidor.
Os fatores locacionais se alteram ao longo do tempo, acompanhando as transformações do capitalismo, do mercado mundial e o avanço das tecnologias de produção. Eles deram origem a dois principais padrões de localização industrial: a concentração industrial e a dispersão industrial.
2. Concentração industrial e fatores locacionais tradicionais
Durante a Primeira e a Segunda Revoluções Industriais, dos séculos dezoito a vinte, os fatores locacionais para a instalação de indústrias já eram importantes. É o caso das vias de transporte – ferrovias, rios navegáveis etcétera –, indispensáveis para o transporte de matérias-primas e o escoamento das mercadorias para o mercado comprador.
Durante a Primeira Revolução Industrial, o carvão mineral era a principal fonte de energia para acionar máquinas, e a proximidade das minas ou jazidas foi crucial para a localização industrial, principalmente entre o final do século dezoito e o final do século dezenove. É o caso, entre outros, da industrialização alemã no Vale do rúr, com sua grande bacia carbonífera, e da industrialização inglesa na região de Yorkshire, rica em carvão mineral (consulte o mapa e a ilustração da página seguinte).
A partir da Segunda Revolução Industrial, no final do século dezenove, a localização industrial passou a ser influenciada pelo uso crescente de novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, assim como pela modernização de meios e infraestruturas de transporte. Por exemplo, os navios petroleiros e a construção de oleodutos e de redes de transmissão de energia asseguraram o abastecimento de indústrias, favorecendo a tendência à dispersão espacial. No entanto, até meados do século vinte, a instalação de novas indústrias continuou a ocorrer, em grande parte, em áreas já industrializadas, beneficiando as empresas já existentes.
Alemanha: regiões industriais
Fontes: elaborado com base em LAMBIN, Jean-Michel; , Christian. Histoire Géographie: initiation économique 4e. sexta edição Paris: Hachette, 1992. página279; Charliê Jác ( organizador). Atlas du 21e siècle. Paris: Nathan, 2010. página 58.
Localize o Rio rúr e identifique os tipos de indústria concentrados em seu vale.
• A localização industrial no Brasil e seus fatores em meados do século vinte
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve uma expansão capitalista em direção a vários países, inclusive ao Brasil, com instalação de filiais de transnacionais industriais, comerciais e de serviços.
No Brasil, instalaram-se principalmente na Região Sudeste, mais particularmente nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
No estado de São Paulo, por exemplo, certas localidades, como os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema – o chamado a bê cê dê –, além do município de São Paulo, foram escolhidas pelas montadoras de automóveis pelos seguintes fatores locacionais: existência da Rodovia Anchieta e da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, que, ao colocar em contato o planalto paulista com o Porto de Santos, facilitava a importação e a exportação de matérias-primas, máquinas etcétera; maior disponibilidade de energia elétrica necessária à atividade industrial; mão de obra especializada formada nas antigas montadoras instaladas no Brasil, como a fórd, em 1919 (observe as fotos A e B na página seguinte), e a djêneral mótors, em 1925; proximidade do mercado consumidor de maior poder aquisitivo, representado por esse estado e o do Rio de Janeiro; instalação de linhas de telefonia; abastecimento de água e rede de esgoto; e incentivos fiscais oferecidos pelo governo brasileiro.
Assim como o setor automobilístico, outras empresas industriais de diversos ramos se instalaram nas regiões dos municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro em decorrência desses e de outros fatores locacionais.
3. Dispersão espacial da indústria no mundo e no Brasil
Acompanhando o desenvolvimento do capitalismo e da Revolução Técnico-Científico-Informacional, a partir de 1970 até os dias atuais os fatores locacionais vêm se alterando.
Contando com os avanços dos meios de transportes e de comunicações, as corporações transnacionais passaram a buscar novas áreas para a instalação de suas indústrias com o objetivo de conseguir menores custos de produção, competitividade no mercado internacional e garantia de lucros.
Mão de obra mais barata, incentivos fiscais, sindicatos pouco atuantes, menores preços de terrenos e aluguéis foram, assim, alguns fatores locacionais estratégicos e valorizados pelas empresas para descentralizar a produção industrial. Isso ocorreu tanto nos países de origem dessas empresas como também em outros, por meio da instalação de suas fábricas em novas regiões e localidades.
• Panorama mundial
Em escala global, esse contexto impulsionou um novo padrão de localização industrial, o da dispersão espacial da atividade industrial. Observe o mapa.
Mundo: dispersão industrial
Fonte: L‘ATLAS du Monde Diplomatique: mondes émergents. Paris: Le Monde Diplomatique, 2012. página 46.
Por exemplo, atraídas pelos fatores locacionais, empresas estadunidenses e canadenses se dirigiram para o México, Brasil, Argentina, Índia e China; outras da Europa Ocidental instalaram-se na Índia, na China, em países do norte da África, do Oriente Médio e da Europa Oriental. Desse modo, ocorreu um impulso na industrialização de regiões em países em desenvolvimento, resultado da descentralização da produção industrial global que estava concentrada, inicialmente e em grande parte, nos países desenvolvidos ou nos países centrais do capitalismo mundial (Estados Unidos, Japão e alguns países europeus, como França e Alemanha, entre outros).
Nas últimas décadas, como também mostra o mapa, indústrias da China se dirigiram do litoral desse país para o interior, para as Filipinas e Malásia; e indústrias da Índia foram instaladas no Paquistão, na Indonésia e em Bangladesh.
A descentralização da produção industrial ocorre em escala mundial – ou seja, entre países e regiões do mundo (observe a foto de trabalhadores no interior de uma fábrica, na página seguinte) – e também em escala nacional, isto é, no interior de muitos países.
• O caso do Brasil
Recentemente, por exemplo, novas empresas foram implantadas na Região Nordeste e em outras regiões brasileiras, enquanto outras já existentes se deslocaram espacialmente da concentração industrial da Grande São Paulo e da Grande Rio de Janeiro, migrando para o interior desses estados e para as demais regiões do Brasil. Isso ocorreu, principalmente, em razão da atuação de governos dos estados e municípios brasileiros, que buscaram atrair indústrias por meio de incentivos fiscais e empréstimos em dinheiro a longo prazo e a juros baixos, além de implantar infraestrutura necessária – abastecimento de água, rede de esgoto, telefonia fixa e móvel, internet, energia elétrica, proximidade com rodovias, portos etcétera (fatores locacionais).
No Brasil e em outros países, a descentralização das atividades industriais resultou na diminuição do ritmo de crescimento de indústrias localizadas em metrópoles ou nos grandes centros urbanos e na transferência de unidades de produção desses locais ou de regiões tradicionais altamente industrializadas para outras regiões e para cidades médias e menores.
Localização flexível e fragmentação da produção
Com a globalização e a expansão do capital, muitas empresas instalaram um regime flexível de produçãoglossário e de trabalho, o que contribui para a dispersão espacial da indústria no espaço mundial.
Por exemplo, uma empresa transnacional da indústria automobilística ou de smartphones pode elaborar um projeto em um centro de pesquisa e desenvolvimento ( pê ê dê) localizado no Japão, nos Estados Unidos ou na Europa e produzir diversas peças em vários países do mundo, realizando a montagem do produto final com esses componentes em outro país, enquanto o centro financeiro e os centros de pesquisa da empresa permanecem geralmente no país de origem da transnacional (observe o mapa). Esse processo visa obter vantagens como redução dos custos de matérias-primas e mão de obra, redução ou isenção de impostos por parte dos países onde instalou suas unidades produtivas.
Mundo: a cadeia produtiva de smartphones de uma empresa transnacional – 2016
Nota: Nesse mapa, optamos por manter o traçado proposto pela fonte original, que não obedece rigidamente às convenções cartográficas.
Materiais empregados na fabricação dos smartphones
Fonte do mapa e da ilustração: Plusieurs torus du monde pour un smartphone. ín: . Manuel d'économie critique. Paris: Le Monde Diplomatique, 2016. página 118-119.
Possuindo um eficiente sistema de distribuição e contando com sofisticados meios de transporte e de comunicação, que “encurtam o espaço mundial”, as transnacionais conseguem que os seus produtos cheguem a todos os lugares do mundo; além disso, também exercem a terceirização de trabalho, que compreende a realização de parcerias com pessoas e empresas para execução de certas tarefas.
Cruzando saberes
Indústria 4.0 e recentralização produtiva
“Recentralizar” significa tornar a centralizar. Em relação à indústria, indica o retorno de certas atividades industriais, que antes haviam sido deslocadas para outros países, aos centros do capitalismo. Isso vem se tornando possível com a chamada indústria 4.0.
“Depois da máquina a vapor, da energia elétrica e dos computadores, o mundo começa a viver a quarta revolução industrial. É a indústria 4.0, que está se desenvolvendo principalmente em países como Alemanha e Estados Unidos. No novo modelo, máquinas e peças se ‘comunicam’ através de redes, resultando numa produtividade muito maior. Digitalização, internet das coisas, espaços sáiberfísicos são palavras que estão no dicionário da nova era. reticências [A seguir, entrevista fornecida pelo empresário Breno Matias Miguel à Folha de Londrina].
O que caracteriza a indústria 4.0?
São três grandes características. Primeiro, é a presença de redes de comunicação industrial. A segunda é uma base de dados de informações referentes a produtos e processos. E a terceira é a implementação de sistemas sáiberfísicos, ou seja, a capacidade de máquinas, equipamentos e peças conversarem (entre si), se entenderem dentro do ambiente fabril. reticências
Quando se fala nesse modelo industrial, as referências são Alemanha e Estados Unidos. Ele está restrito a esses dois países?
Não dá para dizer isso. Na verdade as manufaturas estão migrando. Estão parando de produzir na Ásia. Estão voltando para a sua casa, para a Alemanha, os Estados Unidos. Já não é mais tão interessante produzir na Ásia.
Por quê? A mão de obra não é mais tão barata na Ásia?
Porque esses países evoluíram. A China evoluiu. Não é mais aquele país que faz produtos de baixa qualidade. O mercado evoluiu. A China começou a consumir também. Então, as fábricas estão voltando para seus países de origem com alto grau de automação. Porque isso que vai mantê-las competitivas, produzindo com mais eficiência, menos erros, menos pessoas, de uma fórma mais flexível.
E é a indústria 4.0 que vai dar competitividade aos países que têm mão de obra cara?
Exatamente. Para que produzir com um monte de gente, um monte de máquina, se você pode produzir mais com menos recursos, de fórma mais enxuta, mais eficiente? Mas mesmo na indústria 4.0, você continua tendo intervenção humana. Só que é uma mão de obra mais eficiente, com mais valor agregado. reticências”
BORTOLIN, Nelson. Inovação: Indústria 4.0 ainda é coisa do futuro no País. Folha de Londrina, Opinião, 19 julho 2015.
* í ó tê – Internet of Things (sigla em inglês para a expressão Internet das Coisas).
Fonte: elaborada com base em BRUNO, Flavio da S. A quarta revolução industrial do setor têxtil e de confecção: a visão de futuro para 2030. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016. página 50.
Interprete
1. Quais são as características da indústria 4.0?
Argumente
2. Por que indústrias da Alemanha e dos Estados Unidos estão parando de produzir na Ásia e voltando para seus países de origem?
4. Os capitais estadunidense e chinês no mundo e no Brasil
Enquanto os capitais estadunidenses estão presentes há muitos anos em vários países do mundo, inclusive no Brasil, a expansão dos capitais chineses é um fato recente.
• O capital estadunidense
O Brasil sempre esteve historicamente ligado aos Estados Unidos: nas relações diplomáticas e econômicas, nos investimentos que este faz no Brasil, na sua influência cultural na sociedade brasileira – na música, no cinema, no turismo, no vestuário etcétera
Suas transnacionais estão presentes no Brasil desde o início do século vinte – são exemplos a General Electric, General Motors, Kodak, í bê ême, Avon e Johnson & Johnson, além de muitas outras.
Até o ano de 2008, os Estados Unidos foram nosso principal parceiro comercial, como vimos anteriormente, sendo que, a partir de 2009, a China ultrapassou-os no comércio exterior com o Brasil.
A presença do capital estadunidense em outros países do mundo também é muito expressiva, bem como sua influência cultural, científica e tecnológica. Suas universidades – Stanford, Berkeley, Princeton, Chicago, Yale, Harvard e Columbia, além de outras – são frequentadas por estudantes de todo o mundo em busca de conhecimento avançado. O conhecimento é o grande capital no mundo atual, e os Estados Unidos se destacam nessa área.
No decorrer de todo o século vinte e ainda no século vinte e um, os Estados Unidos realizaram a desconcentração das atividades econômicas não somente no interior de seu território como também no mundo. Instalaram-se em vários países com o objetivo de ampliar o número de consumidores para seus bens e serviços, obtendo, assim, grandes somas em dinheiro ou lucros que, por sua vez, são reinvestidos em novas unidades de produção e em pesquisas científicas, para poder manter a participação no mercado e assegurar a competitividade mundial.
• O capital chinês
Vimos no Percurso 10 que a China se tornou uma potência econômica, competindo no cenário mundial com os Estados Unidos e demais países desenvolvidos – Japão, Alemanha, França, Reino Unido etcétera
Tudo indica que o plano dos dirigentes chineses é transformar a China na maior potência econômica até antes da metade deste século, bem como exercer grande influência na geopolítica mundial. Seus investimentos no mundo são grandes e diversificados: vão desde a compra de estúdios de cinema (nos Estados Unidos), fábricas tradicionais de pneumáticos, indústrias de agrotóxicos – tornando-se o maior vendedor desses produtos no mundo –, redes tradicionais de hotelaria, instituições financeiras, até a compra de terras na África, no Brasil e em outros países da América Latina, além de outros investimentos em vários ramos da atividade econômica.
A presença chinesa na África
Na África, por exemplo, os investimentos chineses em 2020 foram calculados em mais de 43 bilhões de dólares. Além do recente crescimento das relações comerciais entre a China e diversos países africanos, capitais chineses têm financiado obras de infraestrutura nesse continente. Em troca, os países africanos contratam empresas chinesas de engenharia para a realização dessas obras e assinam contratos de fornecimento de matérias-primas para a China. A China também aproveita-se do contexto em que poucos investimentos são realizados na África pelos Estados Unidos e países europeus para marcar sua presença no continente.
África: principais países de origem das importações dos países africanos – 2000 e 2019
Fonte: China‘s African trade takeover. In: Statista, 25 janeiro 2022. Disponível em: https://oeds.link/6ePELJ. Acesso em: 4 março 2022.
Nota: O Sudão do Sul tornou-se independente em 2011. Essa é a razão de não estar representado no mapa de 2000.
Entre os principais países de origem das importações dos países africanos, qual foi aquele que praticamente conseguiu manter sua área de influência como principal fonte de importações entre os anos 2000 e 2019?
A presença chinesa no Brasil e na América Latina
Com relação à América Latina e, mais particularmente, ao Brasil, as iniciativas diplomáticas e os investimentos chineses têm crescido nas três últimas décadas, seguindo, portanto, o objetivo de ampliar as influências econômicas e geopolíticas desse país no mundo. Observe e interprete o mapa e os gráficos.
América Latina: presença chinesa – 2020
América Latina: principais países beneficiados pelos investimentos chineses (em bilhões de dólares) – 2005-2016
América Latina: principais setores dos investimentos chineses ( em porcentagem) – 2005-2016
América Latina e China: total das transações comerciais (em bilhões de dólares) – 2000-2017
Fonte do mapa e dos gráficos: báutsmen, Alexis (). Atlas géopolitique mondial. Édition 2021. Paris: Éditions du Rocher, 2020. página 133.
Atividades dos percursos 11 e 12
Registre em seu caderno.
- As taxas de mortalidade infantil expressam as condições de vida de um país. Quais dos países dos bríquis apresentaram a maior taxa de mortalidade infantil em 2019?
- Apresentar o Píbi elevado é suficiente para manter o bem-estar da população de um país?
- Aponte a relação entre Revolução Técnico-Científico-Informacional e a produção e a produtividade de mercadorias e serviços.
- Explique o que é balança comercial.
- Cite dois fatores locacionais tradicionais e dois surgidos após a Revolução Técnico-Científico-Informacional.
- O que é descentralização industrial?
- Quais são os objetivos da investida do capital chinês no mundo?
- Os países africanos são para a China importantes fornecedores de petróleo, terras para a agricultura e matérias-primas, além de constituírem um mercado de consumo para os produtos chineses. Em vista desses interesses, a China tem investido muito na África. Observe o mapa e faça o que se pede.
África: principais investimentos chineses – 2018
Fonte: sanrruãn tierrí. Atlas de la Chine: Les nouvelles échelles de la puissance. Paris: Édition Autrement, 2018. página 87.
hidrocarbonetosglossário
Coltanglossário
- Em quais países africanos a China investia na produção de hidrocarbonetos, em 2018?
- Identifique os países africanos com a presença de zonas econômicas especiais chinesas, em 2018.
9. Leia o fragmento de texto e responda à questão.
“ Interessa-se [a China] hoje pela África
— onde não tem passado colonial, e, portanto,
não tem passivo [dívida] – e pela América Latina, para
garantir a energia e as matérias-primas que lhe faltam. .”
bonifáce, Pascal; vêdrine, úberti. Atlas do mundo global. São Paulo: Estação Liberdade, 2009. página 97.
• Se a China não teve passado colonial na África, que países tiveram?
- Realize uma pesquisa sobre a presença econômica chinesa no seu cotidiano e no dos brasileiros em geral, com foco principalmente nas compras de produtos de origem chinesa (roupas, aparelhos eletrônicos etcétera). Faça uma lista, compare-a com as de seus colegas e conversem sobre eventuais vantagens e desvantagens.
- Interprete a tirinha e responda às questões.
- Em qual continente se localizam os países citados?
- Qual dos países citados pertence aos bríquis?
- Você concorda que a tirinha representa a internacionalização da produção e do consumo? Justifique.
12. No município onde você mora há indústrias? Onde se localizam? Pesquise . Depois, considere o centro de seu município como referência para aplicar a rosa dos ventos (com as indicações dos pontos cardeais e colaterais) e aponte em que direção as indústrias se localizam.
Glossário
- Distrito de Colúmbia
- Distrito federal dos Estados Unidos onde se localiza uóshinton , a capital do país. Não se deve confundi-la com o estado de dê cê ; daí o uso da abreviatura uóshinton dê cê (Distrito de Colúmbia).
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- Acre
- Medida de área equivalente a .4047 . métros quadrados
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- Mercado interno de consumo
- Conjunto de compradores ou consumidores do próprio país.
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- Puritano
- Membro de uma seita cristã protestante muito rígida em seus princípios; perseguidos na Inglaterra, muitos emigraram para os Estados Unidos.
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- Tutela
- Subordinação ou submissão imposta por alguém mais poderoso.
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- Imperialista
- De imperialismo, dominação econômica, militar, cultural e política de um Estado ou de um grupo de Estados sobre outro Estado ou grupo de Estados.
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- Tecnologia 5G
- Nova geração de internet móvel, com potencial de aumentar a capacidade de armazenamento de dados e a velocidade de conexão, além de permitir que mais dispositivos estejam conectados à rede.
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- Precursor
- Aquele que vai à frente, anunciando algo novo; pioneiro.
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- Paladino
- No texto, em sentido figurado, aquele sempre pronto a defender, garantir ou promover causas justas.
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- Neocolonialismo
- Neo, do grego, significa novo. Trata-se de uma nova fórma de colonialismo, em alusão ao que ocorreu no século . Foi caracterizado pelo processo de dominação política e econômica posto em prática pelas principais potências do século dezesseis . dezenove
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- Valor agregado
- Quantidade de trabalho depositado na fabricação de um produto; quanto mais tecnologia for necessária para produzi-lo, maior será o valor agregado.
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- Concidadão
- Indivíduo que, em relação a outro, nasceu ou vive no mesmo país.
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- Química fina
- Ramo da Química que produz substâncias de alto grau de pureza, usadas na fabricação de medicamentos etcétera
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- Regime flexível de produção
- Modo de divisão da fabricação de um produto em várias unidades produtivas espalhadas por diversos países, ou seja, a produção é fragmentada.
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- Hidrocarboneto
- Composto orgânico formado por hidrogênio e carbono; o petróleo e o gás natural são formados por hidrocarbonetos.
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- Coltan
- Mistura de dois minerais, a columbita (extraída do nióbio) e a tantalita (extraída do tântalo).
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