UNIDADE 8 ÁFRICA: HERANÇAS, CONFLITOS E DIVERSIDADES

Prepare-se para conhecer aspectos da África. Estudaremos como ocorreu a apropriação de territórios africanos por países europeus no século dezenove e a consequente implantação de colônias, fato que deixou profundas marcas nas sociedades africanas atuais. Conheceremos ainda duas regionalizações da África e alguns problemas que a atingem neste início do século vinte e um.

As características da África no mundo atual guardam resquícios do passado colonial a que o continente foi por séculos submetido. Nesse contexto, a exploração dos recursos naturais e o domínio europeu sobre praticamente todas as regiões africanas deixaram um legado que resultou em graves problemas sociais, econômicos e políticos que perduram até hoje. Nas últimas décadas, ocorreu o processo de independência dos países do continente e a maior participação de algumas nações no contexto internacional. Apesar disso, os desafios a serem superados ainda são muitos.

Quanto aos aspectos físico-naturais e às questões ambientais da África, destacam-se a grande diversidade de formações vegetais, a riqueza mineral e a necessidade de conservação de áreas naturais diante do avanço de atividades econômicas predatórias.

Fotografia. Vista de uma área portuária. Do lado esquerdo da foto, o mar. Do lado direito, as margens do porto com estruturas de organização de contêineres, vias de acesso, galpões, tanques e navios atracados. Ao fundo, área urbanizada com avenidas, construções e árvores.
Vista do porto de Dar és Salám, cidade mais populosa e capital administrativa da Tanzânia, na costa do Oceano Índico (2021).
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Como a maioria dos países africanos participa da economia global?
  2. Além da foto desta página, que outras imagens poderiam representar o continente africano?

PERCURSO 29 África: o meio natural

1. Extensão e localização

Com ..30216362 quilômetros quadrados cêrca de 20% das terras emersas do globo terrestre (..150377393 quilômetros quadrados) –, a África é o terceiro maior continente em extensão territorial, superado pela América (..42192781 quilômetros quadrados) e pela Ásia (..45074481 quilômetros quadrados).

A maior parte do continente africano se localiza na zona tropical, como pode ser observado no mapa, que também mostra suas delimitações.

África: político

Mapa. África: político. Mapa do continente africano representando a divisão política do país e suas respectivas capitais.   A África é atravessada pelo Trópico de Câncer ao norte (nos países Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Argélia, Líbia e Egito), Equador ao centro (nos países Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Uganda, Quênia e Somália) e Trópico de Capricórnio ao sul (países Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique e Madagascar). O meridiano de Greenwich atravessa a porção oeste do continente (países Argélia, Mali, Burkina Fasso e a faixa de fronteira entre Gana e Togo). Ao norte, faz fronteira com a Europa e a nordeste com a Ásia. Tem o Mar Mediterrâneo ao norte, o Mar Vermelho a nordeste, Oceano Índico a leste e Oceano Atlântico a oeste. Países e suas capitais do sul em direção ao norte. África do Sul (Cidade do Cabo, Bloemfontein e Pretória)  Lesoto (Maseru)  Eswatini (Mbabane) Moçambique (Maputo) Botsuana (Gaborone) Namíbia (Windhoek) Angola (Luanda)  Zimbábue (Harare) Malauí (Lilongue) Zâmbia (Lusaka) Madagascar (Antananarivo) Maurício (Port Louis) Comores (Moroni) Seychelles (Vitória) Tanzânia (Dodoma) República Democrática do Congo (Kinshasa) Congo (Brazzaville) Gabão (Libreville) Camarões (Iaundê) São Tomé e príncipe (São Tomé) Burundi (Bujumbura) Ruanda (Kigali) Uganda (Campala) Quênia (Nairobi) Somália (Mogadíscio) Etiópia (Adis-Abeba) Djibuti (Djibuti) Sudão do Sul (Juba) República Centro-Africana (Bangui) Nigéria (Abuja) Benin (Porto Novo) Togo (lomé) Gana (Acra) Costa do Marfim (Abidjan) Libéria (Monróvia) Serra Leoa (Freetown) Guiné (Conacri) Guiné Bissau (Bissau) Gâmbia (Banjul) Senegal (Dacar) Cabo Verde (Praia) Burkina Fasso (Uagadugu) Mali (Bamaco) Mauritânia (Nuakchott) Níger (Niamei) Chade (Ndjamena) Sudão (Cartum)  Eritreia (Asmarra) Egito (cairo) Líbia (Trípoli) Tunísia (Túnis) Argélia (Argel) Marrocos (Rabat) Saara Ocidental (El Aaiún) À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 770 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83.

Nota: Em 19 de abril de 2018, o rei da Suazilândia alterou a denominação em inglês de seu país para “éssuótini”, que na língua suázi quer dizer “terra dos suázis”, substituindo, assim, a antiga denominação “Swaziland”, surgida com o colonialismo britânico. Portanto, neste livro, nos mapas que representam temáticas históricas ou outras anteriores à 2018, manteremos o nome Suazilândia, pois era a denominação empregada até aquele ano e também por corresponder a “terra dos suázis”; e em outros mapas empregaremos o nome atual do país, éssuótini.

Grafismo indicando atividade.

Aponte os países africanos que são “cortados” pelos trópicos de Câncer e Capricórnio.

2. Relevo e hidrografia

No relevo da África destacam-se extensos planaltos, atravessados por rios caudalosos que formam planícies fluviais, aproveitadas para a agricultura, e montanhas de elevadas altitudes: a Cadeia do Atlas, na porção norte do continente; o Monte Camerun, próximo ao Golfo da Guiné; os Montes dráquensbêrguê , na África do Sul; e os montes ruvênzori, Quênia e Quilimanjaro – este, situado na Tanzânia, com .5895 métros de altitude, é ponto culminante do território da África.

Dois grandes desertos se destacam na paisagem africana: o Saara, com cêrca de ..9000000 quilômetros quadrados, o que corresponde quase à área da Europa (..10365387 quilômetros quadrados), e o kalarrári, com cêrca de .600000 quilômetros quadrados – área semelhante à do estado de Minas Gerais (.586514 quilômetros quadrados) –, localizado ao sul do continente (no mapa, localize os dois desertos).

África: físico

Mapa. África: físico. Mapa da África representando as características físicas do território, como altitudes, principais rios e picos. Altitudes (metros)  Acima de 3.000 metros: área no Planalto da Etiópia, localizado a nordeste do continente, onde há o pico Ras Dascian de 4.620 metros. Também a leste do continente, próximo aos lagos Rodolfo, Albert e Vitória, no Planalto dos Grandes Lagos, onde estão os picos Quênia (5.199 metros), Quilimanjaro (5.895 metros) e Ruwenzori (5.109 metros); sudeste, no centro da ilha de Madagascar há uma faixa de 3.000 metros; a oeste, pequena área próxima ao litoral do Golfo da Guiné, onde está o pico Camerun, (4.100 metros). De 1.500 a 3.000 metros: áreas na porção noroeste do continente onde há a Cadeia do Atlas; a nordeste, no Planalto da Etiópia e na península da Somália; a leste, no Planalto dos Grandes Lagos; a sudeste, na Ilha de Madagascar; e ao sul, em Drakensberg. De 500 a 1.500 metros: extensa área no centro-sul e no centro-oeste do continente; a nordeste, nas bordas do Planalto da Etiópia e na Península da Somália; a leste, no Planalto dos Grandes Lagos; no norte, na cadeia do Atlas; na porção central do Saara.  De 200 a 500 metros: maior parte da porção noroeste e nordeste do continente; em áreas próximas às costas leste e sudeste e ao centro, na Bacia do Congo. 0 a 200 metros: altitude predominante em todo o litoral do continente e nas margens dos principais rios (Senegal, Gâmbia, Níger, Volta, Nilo, Congo e Orange).  Pico:  Quilimanjaro 5.895 metros, Quênia 5.199 metros, Ruwenzori 5.109 metros, Ras Dascian 4.620 metros, Camerun 4.100 metros e Tubkal 4.167 metros.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 730 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 44

Grafismo indicando atividade.

Aponte as altitudes do vale e do delta do Rio Nilo.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma extensa área com árvores baixas e esparsas, alguns arbustos, vegetação rasteira e terreno com grama seca e terra. Ao fundo, uma grande montanha com neve em um topo aplainado.
Vista do Monte Quilimanjaro (2020). Apesar de situar-se em baixa latitude e na zona tropical, apresenta neves eternas por causa da sua grande altitude.
Fotografia. Vista de um grupo de pessoas montadas em camelos que caminham. Elas usam lenços na cabeça, no rosto e no pescoço e túnicas cobrem o corpo. Os camelos têm a pelagem clara e estão com as cabeças erguidas.  
A paisagem é desértica, com areia no chão, alguns arbustos secos e montanhas sem vegetação ao fundo.
Caravana de camelos conduzida por tuaregues, povo nômade do Deserto do Saara, no Níger (2020).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Cinco semanas num balão.

Direção: írvim álem. Estados Unidos: Irwin Allen Productions, 1962. Duração: 101 minutos

O filme, inspirado no livro de ficção de Júlio Verne, retrata a viagem de um explorador do século dezenove em um território desconhecido na África a bordo de um balão. O objetivo dessa viagem é anexar a região ao império britânico.

3. Clima

Com a maior parte do território localizada na zona de baixa latitude ou intertropical, a África se caracteriza, de modo geral, pelo clima quente. Entretanto, em virtude das maiores altitudes do relevo em determinadas porções (as montanhas) e por apresentar terras nas regiões extratropicais, o continente também possui clima temperado em algumas áreas (consulte o mapa e os climogramas da página seguinte).

África: climas

Mapa. África: climas Mapa da África representando a distribuição dos tipos de clima no continente.  Equatorial, em vermelho: predomina na porção no centro-oeste do continente, por onde passa a linha do Equador, com latitude igual a zero. Presente também no leste da Ilha de Madagascar.   Tropical, em laranja escuro: faixa ao norte e faixa ao sul da área onde predomina o clima Equatorial e na porção sudeste do continente, incluindo a parte oeste da Ilha de Madagascar.   Desértico, em amarelo escuro: faixa na porção mais ao norte que se estende da costa leste até a costa oeste do continente, por onde passa o Trópico de Câncer e onde está a cidade de Assuã. Porção também a sudoeste.   Semiárido, em amarelo: faixa no centro do continente, de leste a oeste, entre o Trópico de Câncer e o Equador. Faixa na porção norte, próximo ao Mar Mediterrâneo; área nas porções nordeste e sudoeste.   Mediterrâneo, em verde-claro: pequena faixa no extremo norte e no extremo sul do continente.  Temperado, em verde-escuro: área ao sul, onde se localiza a cidade de Pretória; áreas no centro leste do continente.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.000 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 20.

Nota: O clima mediterrâneo é um clima temperado típico das regiões continentais de latitude 30graus norte-40graus norte e 30graus Sul-40graus Sul. Identificado inicialmente em trechos dos países banhados pelo Mar Mediterrâneo e posteriormente nos Estados Unidos (Califórnia), esse clima também recebeu essa denominação no Chile e na África do Sul. Apresenta, de modo geral, verões secos e quentes e invernos amenos e úmidos.

Grafismo indicando atividade.

Qual é o tipo de clima dominante na região de menor latitude do continente africano?

O clima desértico apresenta as maiores amplitudes térmicas diárias no continente. Durante o dia, o calor é intenso, pois a temperatura pode chegar a 50 graus Célsius. À noite, em virtude da rápida perda de calor pela irradiação, as temperaturas caem para 15 graus Célsius ou menos.

Assuã (Egito): climograma

Gráfico. Assuã (Egito): climograma. Gráfico de colunas e de linha representando as médias de precipitação e de temperatura em Assuã em cada mês do ano.  No eixo vertical esquerdo, os valores de precipitação em milímetros, de zero a 400. No eixo vertical direito, os valores de temperatura, de zero a 40 graus Celsius. No eixo horizontal, os meses do ano, de janeiro a dezembro. Na parte de cima do gráfico, as seguintes informações:  Latitude: 23 graus, 57 minutos Sul. Longitude: 32 graus e 49 minutos Leste. Altitude: 194 metros  Janeiro.  Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 18 graus Celsius.  Fevereiro. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 19 graus Celsius. Março. Precipitação: 5 milímetros. Temperatura: 22 graus Celsius Abril. Precipitação: 5 milímetros. Temperatura: 28 graus Celsius. Maio. Precipitação: 10 milímetros.  Temperatura: 30 graus Celsius. Junho. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 33 graus Celsius. Julho. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 33 graus Celsius Agosto. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 33 graus Celsius.  Setembro. Precipitação: 5 milímetro. Temperatura: 31 graus Celsius. Outubro. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 25 graus Celsius.  Novembro. Precipitação: 5 milímetro. Temperatura: 22 graus Celsius.  Dezembro. Precipitação: 0 milímetro. Temperatura: 18 graus Celsius.

Fonte: SISTEMA de clasificación bioclimática mundial. Centro de Investigaciones Fitosociológicas. Disponível em: https://oeds.link/4SDOGj. Acesso em: 11 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade.

Que tipo de clima predomina em Assuã?

Pretória (África do Sul): climograma

Gráfico. Pretória (África do Sul): climograma. Gráfico de colunas e de linha representando as médias de precipitação e de temperatura em Pretória em cada mês do ano.  No eixo vertical esquerdo, os valores de precipitação em milímetros, de zero a 250. No eixo vertical direito, os valores de temperatura, de zero a 25 graus Celsius. No eixo horizontal, os meses do ano, de janeiro a dezembro. Na parte de cima do gráfico, as informações:  Latitude: 25 graus 45 minutos Sul. Longitude: 28 graus 11 minutos Leste. Altitude: 1.308 metros.  Janeiro. Precipitação: 130 milímetros. Temperatura: 21 graus Celsius.  Fevereiro. Precipitação: 120 milímetros. Temperatura: 20 graus Celsius. Março. Precipitação: 80 milímetros. Temperatura: 19 graus Celsius. Abril. Precipitação: 40 milímetros. Temperatura: 18 graus Celsius. Maio. Precipitação: 25 milímetros. Temperatura: 15 graus Celsius. Junho. Precipitação: 10 milímetros. Temperatura: 12 graus Celsius. Julho.  Precipitação: 9 milímetros. Temperatura: 12 graus Celsius. Agosto. Precipitação: 7 milímetros. Temperatura: 13 graus Celsius. Setembro. Precipitação: 20 milímetros. Temperatura: 18 graus Celsius. Outubro. Precipitação: 51 milímetros. Temperatura: 19 graus Celsius.  Novembro. Precipitação: 140 milímetros. Temperatura: 20 graus Celsius.  Dezembro. Precipitação: 145 milímetros. Temperatura 21 graus Celsius.

Fonte: Atlas National Geographic. África dois. São Paulo: Abril, 2008. página 90.

Grafismo indicando atividade.

Indique as características térmicas de Pretória no inverno e a precipitação no verão.

4. A vegetação natural e a ação antrópica

Pelo menos seis formações vegetais naturais podem ser encontradas na África, conforme mostra o mapa A da página seguinte.

Assim como na Ásia e na América, as florestas tropicais e equatoriais da África sofreram grande devastação no decorrer dos anos pela ação antrópica (mapa B da página seguinte). O desmatamento se deve à transformação dessas áreas em terras cultiváveis, à exploração madeireira etcétera.

África: formações vegetais naturais

Mapa A. África: formações vegetais naturais.
Mapa da África representando as áreas de ocorrências dos diferentes tipos de formação vegetação natural do continente.
Floresta equatorial, em verde escuro: parte central e centro-oeste do continente, na faixa próxima à linha do Equador; porção leste da ilha de Madagascar, a sudeste do continente, no Oceano Índico. 
Savana, em verde: centro-norte e centro-sul do continente, margeando as áreas de floresta equatorial, e porção oeste da ilha de Madagascar, a sudeste do continente, no Oceano Índico, na faixa do Trópico de Capricórnio. 
Estepe, em laranja: faixa de leste a oeste do continente, ao sul do Trópico de Câncer; porção centro-sul do continente, na altura do trópico de capricórnio; pequena porção no extremo noroeste do continente. 
Vegetação desértica, em amarelo: extensa faixa de terras ao norte do continente, na altura do Trópico de Câncer; costa leste na altura da Linha do Equador e costa oeste e porção à sudoeste, na altura do Trópico de Capricórnio. 
Vegetação mediterrânea, em verde claro: extremo sul na costa leste e oeste; e faixa litorânea na porção noroeste.   
Vegetação de altitude: áreas de ocorrência na porção centro-leste e no extremo noroeste do continente.  
À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.050 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. São Paulo: Moderna, 1992. página 6.

Grafismo indicando atividade.

Aponte a formação vegetal natural que se localiza na faixa de transição entre a Vegetação desértica e a Savana e descreva-a.

África: alteração antrópica da vegetação natural

Mapa B. África: alteração antrópica da vegetação natural.  
Mapa do continente africano representando os graus de alteração do meio natural pela ação antrópica.
Graus de alteração do meio:
Alteração fraca ou pontual, meios pouco ou não transformados, em verde: faixa norte, na altura do Trópico de Câncer, na região do Saara. 
Alteração moderada ou descontinua, meios parcialmente transformados, em laranja: maior faixa que se estende do sul, abrange toda região central, centro-leste e centro-oeste; na faixa oeste da região da ilha de Madagascar, a sudeste do continente, no oceano Índico.  
Alteração forte e contínua, meios totalmente transformados, em roxo: extremo norte, na costa do mediterrâneo e reentrância na faixa leste da região norte, ao longo do vale do Rio Nilo, até o sul do trópico de Câncer; extremo sul do continente, na região do Kalahari; leste da ilha de Madagascar; extremo leste, centro-sul e costa do oceano atlântico, em porções ao norte e ao sul da Linha do Equador.  
À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.060 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em . Les hommes et la Terre. Paris: Belin, 1996. página 144-145.

De modo geral, a devastação das florestas tropicais africanas avança em ritmo muito mais rápido do que o reflorestamento e a reprodução natural, ameaçando as possibilidades de regeneração e manutenção dessa cobertura vegetal.

O uso inadequado do solo é evidenciado na evolução dos processos de erosão, assoreamento de rios e destruição de ecossistemas, o que intensifica a ameaça de desertificação de grandes áreas do continente (mapa C).

África: desertificação

Mapa C. África: desertificação.
Mapa do continente africano representando níveis de susceptibilidade e localização das áreas ameaçadas de desertificação, em quatro categorias de classificação, diferenciadas por cores que variam do laranja-claro para o vermelho-escuro. Os tons mais claros representam as áreas menos ameaçadas e os mais escuros as áreas muito ameaçadas.
Ameaça de desertificação: 
Deserto natural: faixa de terras correspondentes ao Deserto do Saara, na porção norte do continente.  
Ameaça média: na porção sul, em parte da região leste e em áreas restritas à sudeste e sudoeste do Sahel, na parte central do continente. 
Ameaça alta: na região do Sahel, ao sul do Deserto do Saara; na região costeira ao norte e noroeste; no extremo leste, na costa do Mar Vermelho e Oceano Índico e extremo sudoeste, ao norte da Cidade do Cabo;
Ameaça muito alta: em porções no sul do continente e na Ilha de Madagascar; ao sul do Sahel e em áreas restritas nos extremos oeste, noroeste e norte. 
À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.050 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em êti áli. Mensch und Raum. und Schroedel, 1998. página 92. volume 7-8. (Coleção Homem e Espaço).

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No Brasil, que formação vegetal corresponde à Floresta Equatorial africana? E à Savana?

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

ortís, Airton.

Aventura no topo da África. Rio de Janeiro: Record, 1999.

O livro narra a jornada do autor em uma viagem ao cume do Quilimanjaro, na Tanzânia, apresentando características naturais, além de costumes e culturas dos povos que encontrou pelo caminho.

PERCURSO 30 A ÁFRICA E O IMPERIALISMO EUROPEU

1. O início da apropriação de territórios pelos europeus

Como resultado das Grandes Navegações marítimas nos séculos quinze e dezesseis, a América, a Ásia e a África foram incorporadas ao horizonte geográfico e comercial europeu. Consequentemente, o colonialismo foi implantado e o comércio se mundializou (com exceção da Oceania, cuja incorporação ao mundo europeu ocorreu somente no século dezoito).

Para assegurar o desenvolvimento comercial ou o capitalismo comercial, os europeus – particularmente portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, holandeses e belgas – fundaram feitorias ou entrepostos comerciais na África e na Ásia e em colônias na América.

África: século XVI

Mapa. África: século XVI. Mapa do território africano representando as ocupações territoriais, áreas de influência, feitorias, Estados africanos e Império Otomano. Área de influência:  Árabe: costa leste do centro ao sul, incluindo as feitorias de Mogadíscio e Zanzibar. Feitorias:  Árabes: uma em Mogadíscio, no extremo leste; uma no Cairo, no nordeste. Francesas: uma na região de Senegâmbia, na costa oeste; uma no norte e outra no sul da Ilha de Madagascar; uma nas ilhas a leste da ilha de Madagascar.  Holandesas: uma na região da Senegâmbia, na costa oeste.  Inglesas: uma na costa oeste, na região de Senegâmbia e outra em Ashanti.  Portuguesas: onze no litoral do Oceano Índico, do centro ao sul; dez no litoral do Oceano Atlântico, nas regiões de Senegâmbia, São Tomé, Ashanti, Congo e Luanda.  Estados africanos:  Xhosa, no extremo sul do continente; Humbe, na região do Deserto da Namíbia; Luba, Kuba, Lunda, Ruanda, Burundi e Bena, na parte central da África; Congo e Luanda, na costa oeste; na faixa ao sul do Deserto do Saara, de oeste para leste: Senegâmbia, Segu, Yatenga, Ashanti, Yoruba, Estados Haussa, Yukun, Bornu, Uada, Kordofan, Darfur e Abussínia.  Império Otomano: faixa de terras ao norte, compreendendo parte do Deserto do Saara até o litoral do Mar Mediterrâneo e do Mar Vermelho.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 710 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em quínder, rrérman; ríguelmân, Werner. Atlas histórico mundial: de los orígenes a la Revolución Francesa. Madrid: Istmo, 1970. página 232.

Grafismo indicando atividade.

Que país contava com o maior número de feitorias na África no século dezesseis?

• O comércio de escravos

Durante quase quatro séculos, a África exerceu o papel de principal fornecedora de mão de obra escravizada na América. Segundo alguns autores, cêrca de 10 milhões de negros africanos desembarcaram em nosso continente, já descontados desse total os que morreram durante a viagem pelo Atlântico – número que provavelmente excedeu a 1 milhão – e aqueles que, ao resistirem ao aprisionamento, morreram em combate.

2. De feitorias a colônias europeias

No século dezenove, com o desenvolvimento do capitalismo industrial e a crescente necessidade de matérias-primas para sustentar o processo de industrialização, alguns Estados europeus transformaram a maior parte do continente africano e das feitorias existentes em colônias europeias.

A Conferência de Berlim (1884) e a partilha da África

Em meados do século dezoito, percebeu-se que a grande fonte de riqueza não era mais exclusivamente o comércio ou a acumulação de ouro, como pregavam os defensores do capitalismo comercial, mas, sim, a produção de mercadorias.

Desse modo, o domínio de técnicas de produção em escala (grande quantidade) tornou-se a meta de alguns países europeus, levando-os a realizar as Revoluções Industriais (séculos dezoito a vinte) e a implantar o capitalismo industrial.

Em consequência, acirrou-se a competição entre as potências pelo contrôle de fontes de abastecimento de matérias-primas (sobretudo minérios) para a indústria, mercados compradores e áreas para o investimento de capitais excedentesglossário .

Considerando que as feitorias implantadas na África, como também na Ásia, já não atendiam plenamente aos interesses da burguesia industrial e dos Estados colonialistas europeus, estes passaram a se apropriar de territórios africanos e a implantar colônias (isso também ocorreu na Ásia), inaugurando o que conhecemos por neocolonialismo.

Para dar caráter legal à partilha da África e regulamentá-la, os países colonialistas europeus convocaram a Conferência de Berlim, em 1884. Nessa conferência, ficou decidido que o direito de posse do país europeu sobre o território conquistado na África seria respeitado e reconhecido pelos demais e cada território ocupado teria uma autoridade representando o país conquistador. Assim, a Conferência estabeleceu princípios ou regras para evitar conflitos entre as potências colonialistas europeias na partilha do continente.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

amistá.

Direção: Steven Spielberg. Estados Unidos: DreamWorks SKG, 1997. Duração: 154 minutos

O filme conta a história de africanos escravizados embarcados no navio lá amistá em direção à América. Revoltados, dominam o navio, mas este acaba chegando aos Estados Unidos, onde, presos, enfrentam um julgamento dramático.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

olítch, Nelson bacíqui; CANEPA, Beatriz.

África: terra, sociedades e conflitos. segunda edição São Paulo: Moderna, 2013.

Nessa obra, você vai descobrir a multiplicidade de idiomas, etnias e tradições do continente africano.

CALDAS, Sérgio Túlio.

Com os pés na África. São Paulo: Moderna, 2016.

Acompanhe o personagem Tulio em sua viagem por dois países africanos, Angola e Marrocos. Por meio do seu diário, o livro mescla ficção e fatos reais, revelando a herança do neocolonialismo nas Áfricas negra e árabe ainda hoje, no mundo globalizado e cosmopolita.

• A apropriação formal

Servindo-se de poderosos exércitos, as potências colonialistas europeias invadiram territórios africanos (e também asiáticos), transformando-os em colônias. Assim, do contrôle informal ou indireto que exerciam com as feitorias, passaram para o contrôle formal ou direto (mapas A e B).

No entanto, essa apropriação não foi marcada pela submissão africana. Vários povos resistiram. No Império Mandingo, por exemplo, que se estendia por vasta região da África Ocidental, destacou-se samori turê, um dos chefes que se opunham à dominação francesa e que, durante 17 anos, resistiu com seu povo à invasão europeia. turê morreu em 1900, depois de ter sido aprisionado pelas fôrças colonialistas e desterrado para o Gabão.

África – 1880

Mapa A. África – 1880.
Mapa do continente africano representando as localizações das possessões estrangeiras, repúblicas independentes, reinos e grupos tradicionais africanos no período. 
Possessões britânicas (Reino Unidos): extremo sul, Colônia do Cabo e Estado Livre de Orange; na costa oeste, nas regiões de Lagos, Serra Leoa e Gâmbia. 
Possessões francesas (França): extremo norte, na Argélia; costa oeste, nas regiões do Senegal e Costa do Ouro.   
Possessões espanholas (Espanha): pequenas faixas na costa noroeste, ao sul de Olfini, e no litoral centro-oeste, na região do Gabão.   
Possessões portuguesas (Portugal): na costa sudeste, na faixa litorânea de Moçambique; costa sudoeste, em Angola, e costa noroeste, em Guiné Portuguesa. 
Possessões turcas: extremo norte, na região de Túnis e Trípoli; nordeste, na região do Egito e costa do Mar Vermelho. 
Repúblicas bôeres independentes: extremo sul em Bechuanalândia.  
Reinos e grupos tradicionais africanos: maior parte do território, centro, sul, norte e Ilha de Madagascar.
À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 930 quilômetros.

asteriscoBôeres foram colonizadores holandeses que se estabeleceram nos séculos dezenove e vinte na atual África do Sul.

Fonte: O CORREIO da unêsco. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, ano 12, número 7, página 14, julho 1984.

África e potências dominadoras – 1914

Mapa B. África e potências dominadoras – 1914.
Mapa da África e da Europa Ocidental, representando as potências dominantes e seus territórios colonizados no continente africano, em 1914.
Potências dominadoras e territórios dominados: 
Grã-Bretanha: União da África do Sul, Basutolândia, Suazilândia, Rodésia do Sul e Rodésia do Norte, na região sul do continente; Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa, na costa centro-oeste; Egito, na região nordeste; na região centro-leste, a África Oriental Britânica. Ao norte da Europa, o território da Grã-Bretanha.
França: na parte central, oeste e norte da África: Marrocos, Tunísia e Argélia, na porção norte; África Ocidental Francesa e África Equatorial Francesa, na parte central; Ilha de Madagascar, a sudeste do continente. No centro do território europeu, o território da França, ao norte da Espanha, oeste da Alemanha e sul da Grã-Bretanha.
Alemanha: África do Sudoeste Alemã e Camarões, na porção oeste; África Oriental Alemã, na porção leste. À leste da Europa Central, o território alemão.
Itália: Líbia, no centro-norte, ao sul do mediterrâneo; Eritreia, na costa leste, ao sul do Trópico de Câncer. No sudeste do continente europeu, a território da Itália, na costa norte do Mar Mediterrâneo.
Bélgica: Congo Belga, no centro do continente africano, atravessado pela Linha do Equador e paralelo 20 graus Leste. Na Europa Central, ao norte da França, o território belga. 
Portugal: Guiné Portuguesa e Angola, na costa oeste; Moçambique, na costa leste; no extremo sudoeste da Europa, o território de Portugal. 
Espanha: Saara Ocidental, no noroeste do continente africano; no sul da Europa, a leste de Portugal e sul da França, o território espanhol. 
Condomínio anglo-egípicio: região do Sudão Anglo-Egípicio, na faixa nordeste do continente. 
Na parte de baixo, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.080 quilômetros.

Fonte: O CORREIO da unêsco. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, ano 12, número 7, página 15, julho 1984.

Grafismo indicando atividade.

Comparando os mapas A e B, responda: em 1880, o Egito era dominado por qual país? E em 1914, com o avanço do neocolonialismo?

3. O impacto do neocolonialismo na África

O impacto do neocolonialismo dos séculos dezenove e vinte na África não foi exclusivamente negativo. Contudo, vale destacar que os aspectos positivos decorreram no geral de providências destinadas a proteger os interesses dos colonizadores. É o caso da implantação de ferrovias e rodovias, cujos traçados ligavam zonas de exploração mineral e de produtos agrícolas com os portos. Essa infraestrutura era voltada à exportação da produção para a Europa, e não à integração territorial. O mesmo se aplica à experiência administrativa e aos serviços de saúde implantados pelos europeus no continente.

Os impactos negativos são numerosos: vão do enfrentamento militar, com o saldo de muitas mortes de africanos, ao aparato policial e repressor implantado pelos países europeus.

Merece destaque ainda o impacto no sistema produtivo artesanal, destruído em grande parte pela entrada dos produtos industrializados europeus, como também no sistema produtivo agrícola africano, que estava organizado para atender às necessidades alimentares de seu povo. Ele foi desmontado pelo colonizador, que se apropriou das melhores terras e substituiu a agricultura de produtos alimentares pela plantation, ou seja, pela grande propriedade agrícola monocultora de produtos destinados à exportação (algodão, café, amendoim, cacau etcétera.).

A criação de fronteiras políticas artificiais pelo colonizador na África foi outro impacto desfavorável. Ao fixarem as fronteiras das colônias segundo seus interesses, os europeus ignoraram o fato de que povos com línguas, tradições e costumes diferentes, até mesmo historicamente rivais, seriam confinados em um mesmo território. Após a independência das colônias, as fronteiras foram mantidas, e conflitos étnicos e disputas pelo poder passaram a assolar a África, explicando as inúmeras guerras civis que ainda ocorrem hoje no continente africano.

Fotografia. Em uma área portuária aberta, dois navios cargueiros estão atracados. No centro da foto, em primeiro plano, um transportador de carga posicionado com muita poeira amarela na superfície. O equipamento é vermelho, horizontal e baixo, e possui uma roda antes de uma esteira direcionada a um dos cargueiros.
Carregamento de farelo de algodão para exportação no porto de Abidjan, a mais populosa cidade da Costa do Marfim, no Golfo da Guiné, no litoral Atlântico (2020).

4. O racismo: outro legado do colonialismo

Entre as mazelas deixadas pelo colonialismo, o racismo é uma das mais brutais. Para justificar a dominação ou a legitimidade da conquista, o colonizador apoiou-se em um conjunto de ideias ou ideologias preconceituosas e ligadas à intolerância que ainda não foram completamente superadas.

Pregou a superioridade do homem branco e, ao mesmo tempo, a inferioridade do colonizado, destacando a “missão civilizatória” que o primeiro tinha a realizar. Assim, no processo de colonização africana, os brancos criaram comunidades próprias, separadas da população negra (segregação).

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Mandela: luta pela liberdade.

Direção: bili august. Bélgica: Banana Films, 2007. Duração: 140 minutos

Sobre o pano de fundo da África do Sul durante o regime de segregação (apartheid), o filme narra a história de um carcereiro branco que considera os negros seres inferiores. O que ele não espera é conhecer Nelson Mandela, fato que mudará sua vida.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

bernd, Zilá.

O que é negritude. São Paulo: Brasiliense, 1998. (Coleção Primeiros Passos).

O livro discorre sobre a tomada de consciência da população negra do Brasil sobre a valorização da cultura afrobrasileira.

• A política do apartheid

Um exemplo cruel e violento de racismo ocorreu na África do Sul. O país esteve sob regime oficial de segregação racial até as eleições multirraciais realizadas em abril de 1994, nas quais Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro do país. Antes das eleições, a minoria branca (14% de uma população total de 41 milhões, em 1994) detinha o poder político e econômico e, amparada em leis por ela criadas – conhecidas pelo nome de apartheid (segregação, separação) –, dominava a maioria negra (75% da população total) e o restante da população, formada por outras etnias ou povos (11%).

Entre as leis que sustentavam o apartheid estavam: a proibição do casamento inter-racial, a obrigatoriedade do registro da raça na certidão de nascimento, a proibição ao negro de comprar terras, entre outras. Essas leis foram abolidas entre 1984 e 1993, mas, ao longo de vários anos, a política do apartheid reprimiu os movimentos que lutavam por igualdade de direitos entre brancos e negros e provocou milhares de mortes, marcando profundamente a sociedade sul-africana até os dias atuais.

Fotografia. Destaque para um homem negro visto da cintura para cima, no primeiro plano. Ele usa camisa azul com estampas e está sorrindo com o braço direito estendido. Ao redor dele, outras pessoas negras. Ao fundo e no alto, um outdoor largo com diversas pessoas na parte superior.
Preso entre os anos de 1964 e 1990, acusado de se envolver em ações contra o apartheid, Nelson Mandela tornou-se o símbolo da igualdade racial da África do Sul. Por seu papel de liderança na luta pela igualdade, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Na foto, Nelson Mandela cumprimenta seus partidários na cidade de mbatô, África do Sul (1994). Esse líder faleceu em 2013.

5. A descolonização africana

A África é predominantemente formada por países que romperam com a condição de colônias europeias há cêrca de cinquenta anos. Do ponto de vista histórico, trata-se de um fato recente.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, existiam apenas quatro países independentes no continente africano: Libéria, Etiópia, Egito e União Sul-Africana, posteriormente denominada África do Sul. A independência desses países, no entanto, era apenas formal. Etiópia, Egito e África do Sul estavam sob influência política, econômica e militar da Grã-Bretanha, e a Libéria, dos Estados Unidos.

A independência de Gana, antiga Costa do Ouro, em 1957, desencadeou uma onda de processos de independência no continente africano. Entre 1960 e 1980, a maioria das colônias africanas livrou-se do domínio europeu. Faltava a Namíbia, que somente em 1990 conquistou sua independência.

A descolonização dos países africanos, de modo geral, não aconteceu de fórma pacífica. Houve casos, como o da Argélia, em que a independência foi obtida por meio de longa luta armada contra a dominação francesa. Consulte o mapa “África: político”, na página 248, que mostra os atuais países da África, e o compare com o mapa desta página.

África: político – 1947

Mapa. África: político, 1947 Mapa da África representando as localizações dos domínios coloniais, territórios independentes e territórios sob responsabilidade da ONU.  Domínio belga: Congo Belga, no centro do continente africano.  Domínio britânico: Rodésia do Norte, Rodésia do Sul, Bechuanalândia, Niasalândia, Suazilândia e Basutolândia no sul do continente; Sudão Anglo-Egípicio, Uganda, Quênia, Somalilândia Britânica, na região oriental do continente; Nigéria, Costa do Ouro e Serra Leoa, na costa oeste do continente.  Domínio espanhol: Rio de Oro, IFNI e Marrocos Espanhol no noroeste do continente, e, Rio Muni na costa oeste.   Domínio francês: Tunísia, Argélia, África Ocidental Francesa, África Equatorial Francesa e Marrocos, na parte centro ocidental do continente; ilha de Madagascar, a sudeste do continente, no Oceano Índico; Somalilândia Francesa, na costa oriental.  Domínio português: Moçambique, na costa sudeste do continente;  Angola, na costa sudoeste; Porto Guiné, na costa oeste do continente.  Territórios sob responsabilidade da ONU: África do Sudoeste (Baía de Walvis - União da África do Sul), na costa sudoeste; Tanganica, Somália e Eritreia, na costa leste; Líbia, no extremo norte; Camarões e Togo, na costa centro ocidental do continente.  Países independentes: União África do Sul, no extremo sul do continente; Etiópia, no centro-leste; Egito, no extremo nordeste do continente; Libéria, na costa oeste. Abaixo e à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 870 quilômetros.

Fonte: dubí jórj. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. página 257.

Ícone. Seção Rotas e encontros. Composto por uma placa amarela com o desenho de duas mãos se cumprimentando.

Rotas e encontros

Nova Biblioteca de Alexandria

A primeira biblioteca

“A mais célebre biblioteca de todos os tempos, a Biblioteca Real de Alexandria, foi estabelecida por volta do século terceiro antes de Cristo, durante o reinado de Ptolomeu dois. Demetrius Phalereus de Atenas, discípulo de Aristóteles, foi o primeiro curadorglossário da biblioteca, que nessa ocasião já abrigava cêrca de 700 mil manuscritos e pergaminhosglossário . Durante séculos, a biblioteca manteve-se erguida, mas a sua destruição, que muitos acreditam ter ocorrido por volta do século três Depois de Cristo, sempre gerou controvérsias. Outros acreditam que ela tenha sido destruída durante o reinado do imperador romano Aureliano, e há ainda aqueles que defendem a tese de ela ter sido destruída acidentalmente na invasão de Júlio César, entre os anos 47 e 48 antes de Cristo.

A nova biblioteca

Essa foi a primeira biblioteca do mundo, cuja construção foi patrocinada globalmente, que tem o objetivo de guardar e manter todo o conhecimento escrito da humanidade. Um grande e talvez inatingível sonho, mas sem dúvida uma missão honrosa. Portanto, nada seria mais apropriado que construir a Nova Biblioteca de Alexandria em um local próximo àquele em que foi erguida a mais célebre biblioteca da Antiguidade clássica. A ideia inicial de reavivar a biblioteca surgiu na Universidade de Alexandria, em 1974. Na ocasião da abertura do complexo, em outubro de 2002, o projeto havia custado duzentos e vinte milhões de dólares, sendo que cem milhões de dólares vieram de doações estrangeiras e os outros cento e vinte milhões de dólares do governo do Egito.

Fotografia.  Vista para uma área aberta. No centro da foto, uma grande estrutura de concreto larga, retangular e convexa, com formas quadriculares na fachada. Atrás da estrutura, pertencente a mesma edificação, um edifício envidraçado. À frente, uma grande calçada com pessoas e via de acesso de veículos.
Vista externa da Nova Biblioteca de Alexandria, no Egito (2019).

Obra-prima

A apenas 40 metros do Mar do Mediterrâneo, próximo da Universidade, a biblioteca de 11 andares consiste em um círculo inclinado para o mar; com 160 metros de diâmetro, parcialmente submerso em uma piscina, a fim de contra-atacar a alta umidade da parte norte do Egito. O telhado truncado permite minimizar os danos dos ventos marítimos e deixa a luz natural entrar. Como a biblioteca contém um acervo valioso e as consequências de um incêndio seriam devastadoras, o edifício conta com os mais atuais equipamentos de prevenção contra o fogo.

A sala principal de leitura tem capacidade para acomodar até uma.setecentas pessoas distribuídas nos oito terraços. O telhado abobadadoglossário permite a entrada indireta de luz solar no edifício e oferece belas vistas do porto e do mar.

arrêrn, Alison êti áli. 100 maravilhas do mundo moderno. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008. página 147.

 Interprete

1. Quantos séculos separam a existência da primeira Biblioteca de Alexandria da nova construção?

 Argumente

2. Suponha que o governo de um país fictício decidiu banir documentos históricos e livros das bibliotecas argumentando que as pesquisas on-line poderiam substituí-las. Pesquise informações para avaliar tal decisão.

 Contextualize

3. No município ou no bairro onde você mora existe ou existem biblioteca ou bibliotecas? Você a ou as frequenta? Se sim, que gênero de livros você costuma ler? Se não, aponte a razão de não viver essa experiência.

Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 29 e 30

Registre em seu caderno.

1. Uma agência turística especializada em pacotes de viagem à África oferece em seu catálogo as seguintes opções de passeio:

Ilustração. Ilustração de um folheto turístico. Acima, o texto: Tanzânia e Quênia. Pacote de 15 dias. Nos safáris, observe de perto elefantes, rinocerontes, girafas e leões. Em um passeio de balão, aviste os dois montes de maior altitude do continente africano
e o Lago Vitória.
Abaixo do texto, há a fotografia de, em uma área de solo arenoso, um carro sem teto com pessoas usando máquinas fotográficas estacionado à beira de um espelho de água. No centro desse espelho de água, um felino grande, de pele em tons amarelados, caminha com água até o meio das patas.
Ilustração. Ilustração de um folheto turístico. Acima, o texto: Cruzeiro pelo rio Nilo. 
Abaixo, fotografia da entrada de um espaço com ruínas de construções antigas. No centro da foto, dois grandes pilares formam um corredor com piso claro, por onde passam muitas pessoas ao fundo. Nas laterais, ruínas com formatos retangulares, em arcos e colunas desgastadas em tons bege. 
Abaixo da fotografia, há o texto: Partindo da fronteira do Egito com o Sudão e navegando pelo Rio Nilo em direção ao seu
delta, você vai conhecer os principais templos egípcios, como o Templo de Ísis, o Templo de Karnak e o Templo de Luxor. Pacote de sete dias.

Com base em seus conhecimentos, responda às questões.

  1. Em qual pacote o turista terá a oportunidade de conhecer a Savana africana?
  2. Quais montes o turista que optar pelo primeiro pacote vai avistar? Onde eles se localizam?
  3. Que clima predomina na região do segundo pacote? Que paisagem o turista verá quando entrar em território egípcio?
  4. Que aspectos publicitários você identifica em ambos os folders para atrair turistas?
  1. As florestas tropicais ou equatoriais da África, como também a Savana, foram bastante alteradas pela intervenção humana. Aponte algumas dessas intervenções.
  2. Em relação à Conferência de Berlim, responda às questões.
    1. Quando ocorreu e quais eram seus objetivos?
    2. Quais foram os impactos dessa conferência no continente africano?
  3. Em grupo, pesquise informações sobre o apartheid e crie uma história em quadrinhos ambientada nesse contexto.
  4. Observe o mapa a seguir e responda às questões da página seguinte.

África: línguas e etnias

Mapa. África: línguas e etnias.  Mapa do continente africano representando as línguas e etnias presentes no território. Língua semita: ao norte, de leste a oeste, no entorno do Trópico de Câncer, abrangendo terras da Mauritânia, Mali, Argélia, Marrocos, Líbia, Egito, Sudão, Etiópia, Chade, Dudão do Sul. Etnias árabe, mouro, nuere e amhara. Língua camita: áreas isoladas no norte da África; porção central e leste, ao sul do Trópico de Câncer, abrangendo áreas do Marrocos, Argélia, Mali, Níger, Chade, Nigéria, Sudão, Sudão do Sul, Etiópia, Ruanda, além dos seguintes países integralmente: Somália e Djubuti e Quênia. Etnias: berbere em porções do Marrocos e Argélia; tuaregue em partes da Argélia e Níger;  hauças no Níger e Nigéria; bambara no Mali; fulbe no Mali e Burkina Fasso; tibu no Chade; galla na Etiópia; somali na Somália; kikuyu no Quênia. Língua sudanesa: costa oeste e região centro-oeste do continente, abrangendo áreas da Mauritânia, Senegal, Guiné-Bissau, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria, Mali, Guiné, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Camarões, Níger, República Centro-Africana, Chade, República Democrática do Congo. Etnias: malinque no Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné, Serra Leoa; krou na Libéria e Costa do Marfim; fulbe no Mali, e Burkina Fasso; mossi em Burkina Fasso; achanti em Costa do Marfim e Gana; fon ewe em Togo e Benin;  ioruba em Benin e Nigéria;  hauças em Nigéria e Camarões; banda e bedja na República Centro-Africana; ibo na Nigérioa e Camarões.   Língua banto: centro-sul do continente, abrangendo áreas de Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Congo, Guiné Equatorial, Angola, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique, Zimbábue, Tanzânia, Ruanda, Burundi, Malauí. Uganda, além de trechos da costa oeste e da costa leste da ilha de Madagascar. Etnias:  fang em Guiné Equatorial; pigmeu no Gabão e República Democrática do Congo; kikongo na República Democrática do Congo e Congo; hutu e  tutsi em Ruanda e Uganda; suaíli na Tanzânia; khoisan em Angola; tonga na Zâmbia;  ovambo e herero na Namíbia; hotentote na Namíbia e Botsuana;  bosquimano no Zimbábue; zulu em Moçambique.  Língua malaio-polinésia: na Ilha de Madagascar. Etnia malgaxe, em Madagascar. Línguas europeias (africâner, inglês, francês, português etc.): no extremo sul do continente, cuja etnia é africâner; alguns pontos na costa oeste e leste.  Zulu: etnia principal, no sudeste do continente.  No canto superior esquerdo do mapa, rosa dos ventos. No canto inferior direito, escala de 0 a 1.120 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 86.

Versão adaptada acessível

4. A proposta da atividade, de criação de uma história em quadrinho ambientada no contexto do apartheid, pode ser adaptada para a construção de uma versão tátil. Como sugestão, pode-se utilizar materiais maleáveis, como o barbante, para criar os contornos dos personagens, ou relacionar texturas de determinados materiais a diferentes elementos da história. 

  1. Cite uma etnia principal para cada grupo linguístico.
  2. A delimitação das fronteiras dos Estados africanos realizada pelos europeus respeitou a distribuição das etnias ou dos grupos linguísticos africanos? Dê exemplos. Se necessário, recorra ao mapa da página 248.
  3. Quais foram os resultados dessa política colonialista europeia?
  4. Aponte quais são os países africanos que, com o Brasil, formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê).

6. A questão ambiental na África é preocupante como em todos os demais continentes. Observe no mapa a seguir alguns problemas ambientais da África. Compare-o com o mapa político apresentado na página 248 para responder às questões.

África: questões ambientais

Mapa. África: questões ambientais. Mapa da África representando as questões ambientais do continente. Parque Nacional: ocorrências em pontos isolados na porção centro-sul  do continente, em áreas do Mali, Costa do Marfim, Gana, Chade, Nigéria, Botsuana, Zimbábue e na República Democrática do Congo, em meio a floresta tropical. Floresta tropical: na porção  centro-oeste do continente, com maior concentração na área do entorno do paralelo do Equador, abrangendo partes da Libéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Nigéria, Camarões, República Centro-Africana, Congo, Gabão, República Democrática do Congo; trechos da parte leste do continente, abrangendo pontos do Quênia, Sudão do Sul, Tanzânia, Moçambique, Uganda; no leste da Ilha de Madagascar.  Desflorestamento: na maior parte das áreas de ocorrência da floresta tropical. Deserto: larga faixa na porção centro-norte do continente, de leste a oeste, na região do Saara, e e pequena faixa na região sudoeste.  Desertificação: estreita faixa no centro do continente, ao sul do deserto do Saara, de leste a oeste, abrangendo parte da Mauritânia, Senegal Mali, Níger, Chade, Sudão; no extremo noroeste do continente, abrangendo faixa do Marrocos e Argélia; trecho na parte leste, abrangendo Somália, Etiópia e Quênia; trechos na porção sul e sudoeste do continente, abrangendo trechos de Angola, Namíbia, Botsuana e África do Sul. Cursos d'água poluídos: na porção centro-oeste, rio Níger; na porção centro-sul do continente, Rio Congo e Rio Zambeze; na porção oriental, rios Nilo e Nilo Azul.  Radiação: dois pontos no noroeste do continente, no Saara, próximo ao Meridiano de Greenwich e Trópico de Câncer. Poluição marinha: trecho do litoral no extremo sul do continente, no extremo norte, no Mar Mediterrâneo; trecho litorâneo da costa oeste da Ilha de Madagascar. Forte poluição marinha: na faixa litorânea na costa oeste, no Golfo da Guiné;  extremo nordeste, no Mar  Mediterrâneo, onde situa-se a foz do Rio Nilo; pequeno trecho no norte da Ilha de Madagascar. Poluição atmosfera: na região do Cairo, no Egito.  Na parte inferior direita do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.040 quilômetros.

Fonte: LE GRAND atlas du XXIe siècle. Paris: Galimár, 2013. página 73.

  1. Aponte os países atingidos pela desertificação na porção leste e no centro-sul da África.
  2. Aponte o problema ambiental que ocorre na floresta tropical e suas consequências.
  3. Em que país se localiza um parque ou reserva nacional no interior da floresta tropical? Qual é a importância da criação desses parques ou reservas?

7. áli á mazrúi, historiador africano, assim descreveu os africanos:

“Os africanos reticências não são forçosamente o povo mais maltratado, mas são com certeza o mais humilhado da história moderna”.

boên, ábert adú. O legado do colonialismo. O Correio da unêsco. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, ano 12, número 7, página 37, julho 1984.

Explique em quais fatos da história africana o historiador pode ter se inspirado para escrever esse texto.

8. O texto a seguir foi proferido pelo rei machêmba, chefe dos iáos de (atual Tanzânia), ao oficial alemão rrêrman vôn víssman, que comandava uma investida militar na região em 1890.

“Escutei tuas palavras, mas não vi qualquer motivo para obedecer-te – antes preferiria morrer. reticências Se o que queres é amizade, estou pronto a oferecer-te, hoje e sempre; mas, quanto a ser teu súdito reticências, isso nunca! reticências Se o que queres é a guerra, estou pronto para ela, mas ser teu súdito, jamais! Não cairei a teus pés, porque és uma criatura de Deus, assim como eu sou reticências. Sou sultão aqui na minha terra. Tu és sultão lá na tua. Então, vê bem, não digo que tens de obedecer-me, porque sei que és um homem livre. Quanto a mim, não irei ao teu encontro; se és bastante forte, vem tu ao meu.”

boên, ábert adú. A África sob dominação colonial: 1880-1935. éfe gê vê. O Correio da unêsco. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, ano 12, número 7, página 14-15, julho 1984.

  1. Qual é a postura do rei machêmba perante o oficial alemão?
  2. Qual terá sido a atitude do conquistador europeu para motivar essa fala do rei machêmba?

PERCURSO 31 ÁFRICA: POPULAÇÃO, REGIONALIZAÇÃO E ECONOMIA

1. África: o segundo continente mais populoso

A África é considerada o berço da humanidade. As mais antigas evidências da presença do gênero ômo foram encontradas na região dos Grandes Lagos, na África Oriental, em terras hoje pertencentes ao Quênia, à Tanzânia e à África do Sul.

Depois da Ásia, a África é o continente mais populoso do planeta. Para 2025, sua população está estimada em cêrca de 1,5 bilhão de habitantes, o equivalente a 18,4% da população mundial, também estimada em quase 8,2 bilhões de habitantes.

Continentes: população (em porcentagem) – 2025

Gráfico. Continentes: população (em porcentagem) - 2025. Gráfico de setores representando a projeção do percentual da população dos continentes em 2025.   Ásia: 59,0%.  África: 18,4%.  América: 13,0%.  Europa: 9,1%.  Oceania: 0,5%.

Fonte: elaborado com base em UNITED NATIONS. World population prospects 2019. Volume I: comprehensive tables. New York: , 2019. página 22.

2. A distribuição da população

A exemplo dos demais continentes, a África apresenta regiões de maior e de menor concentração populacional. A distribuição da população é condicionada por vários fatores, entre eles o clima, o relevo, o solo, a infraestrutura­ de transportes e de comunicações instalada e a disponibilidade de recursos técnicos e de capitais para superar as adversidades do meio natural.

Os desertos do Saara e de kalarrári, em decorrência de sua aridez, dificultam a fixação humana. Nessas áreas, as densidades demográficas são inferiores a 1 habitante por quilômetro quadrado (observe o mapa da página seguinte). Já em trechos do Vale do Rio Nilo e do baixo curso do Rio Níger, em razão da presença de terras férteis, as densidades demográficas são superiores a 100 habitantes por quilômetro quadrado. Em muitos trechos das fachadas litorâneas tanto do Mar Mediterrâneo como dos oceanos Atlântico e Índico, locais de contato histórico entre o mundo europeu e o asiático e onde se localizam muitas capitais africanas, as densidades demográficas são mais elevadas.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

SOUZA, Marina de Mello e.

África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2013.

A obra mostra a diversidade de culturas africanas e sua inserção nas economias colonial e neocolonial e o desenvolvimento da cultura afro-brasileira em decorrência da escravidão.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Os deuses devem estar loucos.

Direção: djêimi uís. botsuâna/África do Sul: CAT Films, 1980. Duração: 108 minutos

Nessa comédia, você vai se divertir e conhecer diferentes aspectos culturais dos bosquímanos, grupo étnico que vive em comunidades nômades no Deserto de kalarrári.

África: densidade demográfica – 2020

Mapa. África: densidade demográfica em 2020. Mapa do continente africano representando a densidade da população no território, em número de habitantes por quilômetro quadrado, destacadas em tonalidades de cor que variam do mais forte, em roxo (áreas com elevada densidade), para o mais fraco, em amarelo claro (áreas com baixa densidade); além de uma porção em verde claro identificando uma extensa faixa de terra não habitada na porção leste no Deserto do Saara, abrangendo áreas do sudeste do território da Líbia, do sudoeste do Egito, do nordeste do Chade e do noroeste do Sudão.. As densidades demográficas mais elevadas do continente estão nas margens do Rio Nilo, do Cairo, no Egito, até a região de Cartum, no Sudão; na faixa costeira noroeste, de Casablanca, no Marrocos, até Túnis, na Tunísia, ao sul do Mediterrâneo; na costa oeste e faixa centro-oeste, na região de Lagos, na Nigéria, e Acra, em Gana; no leste do continente, na região de Adis Abeba, na Etiópia, e extremo sul do continente; na região de Pretória e Joanesburgo, na África do Sul; costa leste da ilha de Madagascar, na região de Antananarivo. O mapa também localiza as principais aglomerações de habitantes por meio de círculos proporcionais que variam de 300 mil até mais de 10 milhões habitantes. Densidade da população (número de habitantes por quilômetro quadrado) Mais de 200: Região nordeste, nas margens do Rio Nilo.   De 100,1 a 200: porções na costa oeste, nos arredores de Lagos, na Nigéria, e Acra, em Gana; na faixa costeira noroeste, de Casablanca, no Marrocos, até Túnis, na Tunísia; região sul do Rio Nilo, próximo a Cartum, no Sudão.   De 50,1 a 100: ocorrência na região ao norte de Cartum, nas margens do Rio Nilo, manchas na região centro-oeste.  De 25,1 a 50: porções espalhadas por todo o continente, especialmente na região centro-oeste, extremo sul, costa leste, próximo a Adis-Abeba, no leste do continente, ao sul do Mar Vermelho; extremo norte, na região a leste do Cairo, leste de Trípoli, na Líbia; ao sul de Argel, na Argélia; Túnis e leste de Rabat e Casablanca. De 10,1 a 25: ocorrências na costa leste e centro-oeste, destaque para as cidades de Dacar, no Senegal, Argel, Rabat Casablanca, Pretória, Port Elizabeth.  De 1 a 10: região central do continente, nas porções centro-sul, centro-norte, parte do extremo sul, oeste da ilha de Madagascar, com destaque para as cidades: Kinshasa, Lusaka, Harare, Maputo.   Até 1: na faixa extremo sul, no Deserto de Kalahari, na faixa norte, no Deserto do Saara  Área não habitada: presente na região nordeste, ano norte de Cartum e oeste do Rio Nilo.  Aglomerações urbanas:  De 300.000 a 1.000.000: maior concentração de cidades na faixa centro-oeste, costa leste, e região ao norte de Adis Abeba; cidades no extremo norte, na região do Mediterrâneo; costa leste e norte da ilha de Madagascar. De 1.000.000 a 5.000.000: predominam na região centro-leste do continente e centro-oeste;  De 5.000.000 a 10.000.000: no extremo sul do continente, entre Johanesburgo e Pretória, região oeste, em Abidjan e extremo leste, ao sul da linha do Equador, em Dar-es-Salaam.   Mais de 10.000.000: região entre Acra e Lagos, na costa oeste; na região entre BRazzaville e Kinhsasa, na costa oeste, ao sul da linha do Equador; na região nordeste, no Cairo.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 670 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em ATLANTE geografico metodico De Agostini. Novara: Istituto Geografico De Agostini. página 118; ú êne-abitá. Global State of Metropolis 2020: population data booklet. , 2020. página 3. Disponível em: https://oeds.link/OL4M2q. Acessos em: 15 março 2022.

Grafismo indicando atividade.

Onde se situa o maior vazio demográfico da África?

• Cidades e seus problemas

A África, em 2022, tinha três aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de habitantes: Cairo, no Egito, com 21,7 milhões; quimcháça, na República Democrática do Congo, com 15,6 milhões; e Lagos, na Nigéria, com 15,4 milhões.

Não são apenas essas três regiões metropolitanas que apresentam problemas urbanos, mas praticamente todas as cidades do continente. Entre os principais problemas, destacam-se: precariedade do abastecimento de água, da rede coletora de esgotos e da coleta e destinação do lixo em geral; falta de habitação; mobilidade urbana ineficiente; número insuficiente de hospitais etcétera.

Apenas cêrca de um terço da população da região metropolitana de Lagos é abastecida por rede de água tratada; o restante usa poços com grande possibilidade de contaminação.

Segundo a Unicef, em 2017, cêrca de 10% das mortes de crianças com menos de 5 anos de idade na África ocorriam na Nigéria; e a diarreia, causada por água contaminada, tem grande participação nessas mortes, que poderiam ser evitadas.

Fotografia. Vista do alto de uma grande cidade. À direita, um corpo de água com um porto, algumas embarcações e uma plataforma de petróleo em destaque. À esquerda, a área urbana com uma avenida larga margeando o porto, edifícios diversos, alguns com vários andares, e outros mais baixos. Ao fundo, o céu azul com poucas nuvens.
Vista da área financeira e de negócios de Lagos, Nigéria (2019).

3. A regionalização com base nos critérios étnico e cultural

Com base nos critérios étnico e cultural, o continente africano pode ser regionalizado em dois conjuntos: África do Norte e África Subsaariana (observe o mapa).

África: regionalização étnica e cultural – 2019

Mapa. África: regionalização étnica e cultural - 2019. Mapa do continente africano representando a regionalização com base na etnia e aspectos culturais presentes no continente. África do Norte: composta por Egito, Líbia, Saara Ocidental, Mauritânia; além de Marrocos, Argélia e Tunísia, que também parte do Magreb. África Subsaariana: composta por Angola, Benin, Botsuana, Burkina Faso, Burundi, Camarões, Cabo Verde, Chade, Congo, Costa do Marfim, Djibuti, Guiné Equatorial, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Ilhas Comores, Lesoto, Libéria, Madagáscar, Malauí, Mali, Maurício, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, Ruanda, República Democrática do Congo, São Tomé e Príncipe, Senegal, Seychelles, Serra Leoa, Somália, Sudão,  Suazilândia,Tanzânia, Togo, Uganda, Zâmbia, Zimbábue.   Sahel: faixa de terras ao sul do Deserto do Saara e que compreende a maior parte dos territórios da Somália, Etiópia, Djibuti, Sudão, Chade, Níger, Mali, Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné Bissau, Burkina Fasso; além de porções de terras ao norte de Guiné, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Camarões, Sudão do Sul e Quênia.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 900 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83; ROSA, Jussara Vaz; GIRARDI, Gisele. Novo atlas geográfico do estudante. São Paulo: éfe tê dê, 2005. página 101; L’atlas Gallimard Jeunesse. Paris: Gallimard Jeunesse, 2002. página 122-123.

asterisco Palavra árabe que significa “costa do deserto”, ou margem; corresponde a uma faixa de terras de extensão variável, entre o Deserto do Saara ao norte e a zona de Estepe e Savana ao sul, que se estende de leste a oeste, desde a Etiópia até o Senegal.

Nota: O Magrébi tradicional abrange os países indicados no mapa. Essa denominação, no entanto, foi estendida ao Saara Ocidental, à Líbia e à Mauritânia, cujo conjunto formou a União do Magrébi Árabe (úma) em 1989.

• África do Norte

A África do Norte compreende sete unidades políticas. São seis Estados independentes e um território que busca a independência – o Saara Ocidental, ex-Saara Espanhol, ocupado pelo Marrocos desde 1975.

Com a invasão dos árabes nos séculos sete e oito, ocorreu a arabização da África do Norte. Esse fato explica, portanto, a predominância regional da população árabe, da língua árabe e da prática do islamismo.

Destaca-se na África do Norte a sub-região denominada Magrébi. Em árabe, “márribô magríbi” significa “o Poente”, ou seja, “onde o sol se põe”, em relação ao centro do islamismo, situado na Península Arábica (atual Arábia Saudita). O Magrébi tradicional compreende o Marrocos, a Argélia e a Tunísia, que pertenceram ao império colonial francês.

A Cadeia do Atlas favorece o povoamento na África do Norte, sobretudo no Magrébi. Entre o Atlas e o Mar Mediterrâneo, estendem-se planícies férteis de clima mediterrâneo, densamente povoadas, onde se cultivam vários produtos, como cereais, uvas, oliveiras, e ocorre a exploração mineral de fosfato. Ao sul da Cadeia do Atlas surge o Deserto do Saara, cujo principal recurso mineral é o petróleo.

Fotografia. No primeiro plano, vista de uma área com algumas construções em tons marrons e vegetação adensada, com muitas arbustos. No segundo plano, vista de uma extensa área sem vegetação, com solo exposto e vales profundos. No terceiro plano, vista de uma cadeia de montanhas cobertas por neve no topo e nas encostas.
Ao fundo, Cadeia do Atlas no Marrocos e, em primeiro plano, um oásis com plantações e algumas construções (2021).

• África Subsaariana

Essa região, que abrange os países da África situados ao sul do Deserto do Saara, apresenta população predominantemente negra (observe o mapa) e minorias brancas descendentes dos colonizadores europeus e asiáticos (indianos, chineses, indonésios etcétera.). Destaca-se aí a multiplicidade de crenças e religiões – islamismo, cristianismo, judaísmo, crenças tradicionais africanas etcétera.

África: participação da população negra na população total (em porcentagem) – 2019

Mapa. África: participação da população negra na população total (em porcentagem) - 2019. Mapa do continente africano representando a parte da população negra em relação total da população de cada país, em porcentagem. Até 20 por cento: Saara Ocidental, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito De 21 a 40 por cento: Mauritânia. De 41 a 60 por cento: Níger, Sudão, Sudão do Sul. De 61 a 80 por cento: África do Sul e Madagascar. Mais de 81 por cento: Mali, Senegal, Gâmbia, Guiné Bissau, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim, Gana, Burkina Fasso, Togo, Benin, Nigéria, Camarões, Chade, República Centro-Africana, Eritreia, Djibouti, Etiópia, Somália, Guiné Equatorial, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Angola, Zâmbia, Malauí, Moçambique, Namíbia, Botsuana e  Zimbábue. A esquerda e abaixo, a rosa dos ventos e a escala de zero a 900 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em Charliê Jác (organizador). Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012. página 164; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 83.

Além dos aspectos culturais e étnicos apresentados, a África Subsaariana se caracteriza por ser uma região do continente africano onde a pobreza atinge grande parcela da população. É aí que se localizam os países com os menores IDHs (baixos) do mundo em 2019, como Sudão do Sul (0,433), cháde (0,398), República Centro-Africana (0,397) e Níger (0,394).

Embora cêrca de 60% da população economicamente ativa da África Subsaariana se dedique à agricultura, o déficit de alimentos gera subnutrição e fome. Essa situação é agravada pelas secas na região do Sael e pelas guerras civis, que arrasam plantações e dificultam a entrega de alimentos pela ajuda humanitária.

A agricultura na África Subsaariana apresenta uma distorção: enquanto as plantations (cacau, café, algodão, amendoim, chá, banana etcétera), controladas principalmente por empresas europeias, ocupam cêrca de 40% da superfície agrícola, abrangendo as melhores terras cultiváveis, a agricultura de subsistência ocupa as terras menos férteis e convive com a falta de crédito e de assistência técnica, apresentando baixa produtividade. A oposição entre a agricultura de exportação e a agricultura de subsistência é uma herança do colonialismo que perdura nos dias atuais, como estudamos no Percurso 30.

Fotografia. Vista de uma paisagem rural. Destaque para uma máquina agrícola vermelha sobre uma plantação de folhas de chá em um terreno plano. Ao fundo, árvores mais altas esparsadas.
Colheita mecanizada em fazenda com plantação de folhas de chá, no Condado de quericho, Quênia (2021).
Fotografia. Vista de uma paisagem rural em uma área de encosta, bastante íngreme; à direita, uma estrada de terra. Em destaque, no primeiro plano, uma pessoa revolvendo o solo com uma enxada; à esquerda, outras duas pessoas trabalhando em meio à plantação. No segundo plano, ao redor da plantação, vegetação com muitas árvores.
Trabalhadoras em agricultura de subsistência em bivíndi, Uganda (2021).

4. A regionalização com base na economia

É possível regionalizar a África tendo por base a economia dos países que a compõem. Assim, distinguem-se dois conjuntos: países com certo desenvolvimento industrial e países cuja base da economia são os produtos primários.

África: regionalização com base na economia – 2019

Mapa. África: regionalização com base na economia - 2019.   Mapa do continente africano representando a regionalização das atividades econômicas presentes em seu território.   Países com desenvolvimento industrial: Egito e África do Sul. Conjunto de países cujas economias tem por base produtos primários:  Minerais: Argélia, Líbia, Tunísia, Níger, Mauritânia, Eritreia, Nigéria, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Gabão, Congo, República Democrática do Congo, Angola, Zâmbia, Zimbábue, Botsuana, Namíbia. Agropecuários: Madagascar, Moçambique, Eswatini, Lesoto, Tanzânia, Quênia, Uganda, Ruanda, Somália, Etiópia, Sudão do Sul, República Centro-Africana, Camarões, Chade, Sudão, Djibouti. Em litígio: Saara Ocidental, a noroeste do continente.  À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 720 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83; bôs, françoá êti áli. (organizador). Images économiques du monde: géopolitique-géoéconomie 2014. Paris: Armand Colin, 2013. página 262-271 e 294-344.

Grafismo indicando atividade.

Aponte como está regionalizada Angola, ex-colônia portuguesa.

• Países com desenvolvimento industrial

África do Sul e Egito são os dois países mais industrializados da África. Conheça a seguir as principais características de cada um deles.

África do Sul

A África do Sul é o país de economia mais desenvolvida da África. Favorecido pela abundância de recursos minerais em seu território e por investimentos estrangeiros, esse país desenvolveu uma atividade industrial diversificada, com indústrias de bens de consumo (têxtil, alimentícia, de vestuário etcétera) e indústrias de bens de produção (máquinas, equipamentos, metalúrgica, siderúrgica, química etcétera), além de indústria naval, de armamentos, automobilística e outras. Destaca-se ainda como primeiro produtor mundial de cromo, de manganês e de platina, o segundo de titânio e o quinto de diamante (2019). As principais cidades do país concentram os maiores centros industriais (mapa A da página seguinte).

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Amor sem fronteiras.

Direção: mártin quêmpbél. Estados Unidos: Mandalay Pictures, 2003. Duração: 125 minutos

Após conhecer um médico que se dedica às causas humanitárias na África, uma socialáit se dispõe a ajudá-lo arrecadando medicamentos e comida para refugiados na Etiópia. Essa experiência vai mudar sua vida e sua maneira de encarar o mundo para sempre.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

ARAUJO, Kelly Cristina.

Áfricas no Brasil. São Paulo: Scipione, 2004.

Nesse livro, você vai encontrar um panorama sobre a influência dos povos africanos na formação da identidade nacional brasileira.

África do Sul: principais indústrias – 2019

Mapa A. África do Sul: principais indústrias - 2019. Mapa da parte sul do continente africano com destaque para a África do Sul, representando as principais indústrias e infraestruturas do país e suas localizações. Principais indústrias e infraestrutura:  Zonas industriais: áreas que englobam as cidades e arredores de Pretória e Johanesburgo, na região nordeste; além de Durban, Port Elizabeth e Cidade do Cabo, na faixa litorânea, respectivamente à sudeste, sul e sudoeste do país. Estradas principais: vias que interligam essas zonas industriais ao longo da faixa litorânea e pelo interior do território.  Indústria automobilística: Port Elizabeth e Pretória.  Carvão: nordeste do país, ao norte de Durban e Sul de Pretória. Cobre: região oeste do país. Diamante: extremo oeste do país, próximo à fronteira com Namíbia, centro-leste e nordeste do país.   Agroalimentar: Cidade do Cabo, Port Elizabeth e Durban.  Ouro: na parte central do país, a oeste de Johanesburgo e ao sul de Pretória.  Têxtil: áreas próximas à Durban e à Cidade do Cabo.   Urânio: região a noroeste de Johanesburgo, ao sul da fronteira com Botsuana. Reserva natural: extremo nordeste, próximo à fronteira com Zimbábue.  Aeroportos internacionais: Cidade do Cabo, Durban e Pretória.  Na parte inferior, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em LE GRAND atlas du XXIe siècle. Paris: Gallimard, 2013. página 82; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83.

Grafismo indicando atividade.

Quais são as principais atividades econômicas da cidade de Port Elizabeth?

Muitos problemas persistem, como a pobreza que atinge principalmente a população negra. Para 2025, a população total estimada é de 62,8 milhões de habitantes: 80,2% dela constituída por negros de diversas etnias, 8,5% de origem europeia (destacando-se os ingleses e holandeses), cêrca de 8,8% de eurafricanos e 2,5% de asiáticos (principalmente descendentes de indianos). A população branca, embora minoritária, detém cêrca de 60% da renda nacional e usufrui das melhores condições de vida no país.

O grande desafio da África do Sul é enfrentar as heranças do apartheid e construir uma sociedade democrática de base multiétnica, menos desigual e sem preconceitos, além de erradicar a pobreza que atinge parte significativa dos sul-africanos.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Um grito de liberdade.

Direção: ríchardi atenborou. Reino Unido: Universal Pictures, 1987. Duração: 119 minutos

Nos anos 1970, durante o apartheid, Daniel uuds,­ um jornalista branco, e istífin bíco, importante ativista contrário ao regime político da África do Sul, tornam-se grandes amigos. Após a morte de bíco, uuds decide contar a sua história, desagradando o regime vigente.

Egito

Chamado de “País do Nilo”, o Egito, com 111,7 milhões de habitantes (estimativa para 2025), é o segundo país mais populoso da África, superado apenas pela Nigéria (233,3 milhões).

Depois da África do Sul, o Egito é o país mais industrializado do continente.

Duas concentrações industriais se destacam: uma localizada na capital, Cairo, e que se estende para o norte até a Alexandria e para o leste até Suez; a segunda localizada no sul, em Assuã.

Egito: principais indústrias – 2015

Mapa B. Egito: principais indústrias – 2015. Mapa do Egito representando as principais indústrias e infraestrutura e suas respectivas localizações. Mecânica: região norte e nordeste do país, na costa do Mediterrâneo. Zonas industriais: áreas que englobam as cidades e arredores do Cairo, Alexandria e Suez, na região nordeste do Egito, além de Assuã, na porção sudeste do território.  Agroalimentar: Região ao sul de Suez, na Península do Sinal. Siderúrgica: região nordeste do país. Petróleo: costa leste do país, próximo ao Mar Vermelho; região central, a oeste de El Giza. Fosfato: região sudeste do país, leste, próximo à costa do Mar Vermelho. Têxtil: Região de Assuã, no sudeste do país, nordeste, na região do Cairo, Suez e sul de Alexandria. Ferro: região sudeste, próximo a Assuã. Turismo: região norte do país, ao longo da faixa litorânea, e sudeste, próximo a Assuã. Aeroporto Internacional: região nordeste do país, próximo a Alexandria e Suez. Estradas principais: vias atravessando a faixa litorânea, ao norte, e cruzando o território em direção ao sul, até a divisa com o Sudão, paralela ao curso do Rio Nilo.  Na parte de baixo, à esquerda, a rosa dos ventos e a escala de zero a 220 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em LE GRAND atlas du XXIe siècle. Paris: Gallimard, 2013. página 75; FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 43.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

FERREIRA, Olavo Leonel.

Egito: terra dos faraós. São Paulo: Moderna, 2005.

Breve relato sobre a história do Egito que apresenta as principais conquistas culturais, científicas, arquitetônicas, econômicas e políticas desse país.

O principal setor industrial egípcio é o têxtil, no qual sobressaem as unidades de tratamento de algodão, cujos produtos são largamente exportados. São importantes também as indústrias química, moveleira, alimentícia, do vidro e da cerâmica, do papel, siderúrgicas de pequeno porte e refinarias de petróleo.

As principais jazidas de petróleo estão distribuí­das ao longo da Península do Sinai, no Mar Vermelho (localize-o no mapa B da página anterior). Além de abastecer o mercado interno, o petróleo daí extraído destina-se à exportação, constituindo importante fonte de divisas para o país.

Em relação à agricultura, várias barragens foram construídas no Rio Nilo no século vinte com a finalidade de represar as águas e controlar a vazão no decorrer do ano. Dessas barragens saem redes de canais que permitem a irrigação permanente das terras, possibilitando que sejam feitas várias semeaduras e colheitas no decorrer do ano.

Fotografia. Vista aérea do vale do Rio Nilo. No centro da foto, o leito do rio entre as margens verdes de áreas agrícolas e construções diversas no entorno.
Vista aérea de terras agrícolas no delta do Rio Nilo, no Egito (2019).

Países cuja base da economia são os produtos primários

Esse conjunto de países africanos pode ser dividido em: países de economia de base agrária e países de economia de base mineral.

Países de economia de base agrária

A produção agrícola na África se organiza em fórmas de produção diferentes. De maneira geral, encontra-se a agricultura de subsistência e a agricultura comercial (planteition).

A agricultura de subsistência consiste em obter da terra uma produção de alimentos com o objetivo de suprir as necessidades alimentares dos próprios produtores e suas famílias. Realiza-se geralmente em pequenas propriedades, com técnicas e instrumentos rudimentares. Porém, essa produção agrícola pode gerar excedentes, que são comercializados pelos camponeses. Identifique no mapa da página seguinte os principais produtos cultivados.

Como já estudamos, a agricultura comercial foi introduzida na África pelo colonizador, na fórma de planteition, destinada a abastecer de matérias-primas a indústria europeia (têxtil, alimentícia, de óleos vegetais etcétera).

Nas áreas de clima mediterrâneo da África do Norte e da África do Sul, são cultivados trigo, oliveiras, cevada, centeio e frutas.

Países de economia de base mineral: pressões sobre a natureza

A África é um continente rico em recursos minerais. Assim como os produtos da agricultura comercial, a atual produção de minérios, realizada principalmente por empresas estrangeiras, também destina-se à exportação. Em sua maioria, ela é processada ou beneficiada no exterior, fato que impossibilita aos países africanos agregar maior valor às suas exportações de minérios e obter mais divisas.

Dos produtos minerais, um dos maiores destaques é o petróleo. Além de ser explorado no Egito, nas margens do Mar Vermelho e na Península do Sinai, é extraído na Líbia e na Argélia. Na África Sub­saariana, empresas petrolíferas atuam principalmente em Angola, no Congo, no Gabão, em Camarões e na Nigéria. A Nigéria, além de ser o maior produtor de petróleo do continente, situava-se, em 2020, entre os doze maiores produtores do mundo.

África: economia – 2019

Mapa. África: economia - 2019. Mapa da África representando as características econômicas e a localização das principais indústrias, infraestruturas, regiões agropecuárias e áreas de vegetação natural modificadas. Indústria e infraestrutura:  Urânio: Namíbia e África do Sul.  Petróleo: Líbia, Chade, Costa do Marfim, Nigéria, Camarões, Gabão, Egito, Sudão, Sudão do Sul, Angola, Congo, República Democrática do Congo. Gás natural: Costa do Marfim, África do Sul, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito.   Ferro: Egito, Argélia, Mauritânia, Libéria, Gabão, Zimbábue, África do Sul. Ouro: República Democrática do Congo, Zimbábue, África do Sul e Gana.  Diamante: Namíbia, Botsuana, Eswatini, África do Sul, República Centro Africana, Gana, Tanzânia, Libéria, Serra Leoa, Burundi e Angola.  Região industrial: Marrocos, Argélia, Tunísia, Egito, Zimbábue, África do Sul, República Democrática do Congo, Tanzânia, Nigéria, Zimbábue, Zâmbia e Quênia.  Alta tecnologia: Tunísia.  Oleoduto: Tunísia, Sudão, Argélia, Sudão do Sul, Líbia.  Gasoduto: Argélia e Tunísia.  Agropecuária e vegetação: Cana-de-Açúcar: África do Sul, Moçambique, Somália, Quênia, Madagascar, Lesoto, Angola, Etiópia.  Café: Angola, Ruanda, Etiópia, Quênia, Burundi, Uganda, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Camarões, Gabão, Togo, Costa do Marfim, Libéria, Guiné, Congo, Madagascar, Tanzânia.  Cacau: Libéria, Costa do Marfim, Togo, Benin, Guiné Equatorial, Gabão, Nigéria, Camarões, República Democrática do Congo, Angola, Congo Chá: Tanzânia, Moçambique, Uganda e Quênia.  Cítricos: Gana, Guiné, Costa do Marfim, África do Sul Azeitona: Tunísia, Egito, Argélia, Líbia, Marrocos.  Tamareira (Oásis): Egito, Líbia, Chade, Níger, Mali, Argélia, Mauritânia, Saara Ocidental, Sudão. Óleo de palma, amendoim: países da costa leste, e centro-oeste: Moçambique, Lesoto, República Democrática do Congo, Gabão, Nigéria, Guiné, Senegal, Guiné-Bissau, Angola, Tanzânia, África do Sul, Uganda, Sudão do Sul, Sudão, Chade, Níger, Benin, Gana, Serra Leoa, Angola e Zimbábue.  Algodão: República Democrática do Congo, Angola, Nigéria, Somália, Tanzânia, Sudão, Sudão do Sul, Egito, Uganda, Burundi, Chade, Serra Leoa, Guiné, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Benin, Mali, Mauritânia, África do Sul, Moçambique, Madagascar. Tabaco: países da costa leste, e centro-oeste: Moçambique, Zimbábue, Malauí, Lesoto, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Mali, Benin, Congo, África do Sul, Madagascar, Gabão, Nigéria, Guiné, Senegal, Guiné-Bissau, Angola, Tanzânia.  Agricultura mediterrânea: faixa litorânea do Marrocos, Argélia e Tunísia e porção do litoral da Líbia, à nordeste. Faixa litorânea no sul da África do Sul.  Zona irrigada: faixa que acompanha o vale do Rio Nilo, desde o sudeste do Sudão, até a região do delta, no norte do Egito; sul da Somália e parte central do Mali.  Florestas ou savanas modificadas por culturas de subsistência ou comerciais: região centro-oeste, costa sudeste, ilha de Madagascar e extremo leste.  Estepes modificadas por culturas de subsistência ou comerciais para pecuária extensiva: região sul do continente, faixa central de leste a oeste e extremo leste; extremo norte do país, entre Marrocos e Líbia.  Pecuária nômade, terras não cultivadas: faixa norte, na região do Saara, entre Saara Ocidental, Marrocos, Mauritânia, Mali, Argélia, Níger, Chade, Líbia, Egito, Sudão.   Arroz: Guiné, Senegal, Costa do Marfim, Madagascar; Nigéria Na parte de baixo, à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 630 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em Charliê Jác (organizador). Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012, página 165; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 83.

Grafismo indicando atividade.

Onde se localiza a principal área irrigada na África destinada à prática da agricultura?

Diferentemente da estrutura empresarial da extração petrolífera, o garimpo é praticado em condições dramáticas em determinadas áreas da África. Parte da mão de obra é constituída por crianças, muitas vezes submetidas à escravidão e a condições de trabalho precárias. Há casos em que os próprios pais vendem os filhos a agenciadores de mão de obra infantil, com a crença na falsa promessa de que vão frequentar escolas.

Como estudamos em relação à América Latina, a exploração mineral na África é também responsável por impactos ambientais e sociais: contaminação de águas de superfície e subterrâneas; desfiguração do relevo original; assoreamentos de rios etcétera; além de desalojamento de populações nas áreas de mineração.

Sem os cuidados ambientais e sociais necessários, essas pressões sobre a natureza são impactantes à população africana. E, para agravar a situação, os lucros obtidos pela extração mineral são, em sua maior parte, enviados para as sedes das empresas de mineração localizadas no exterior; a menor parte fica com os países africanos por meio dos impostos, que nem sempre são aplicados para beneficiar a população em saúde, educação, transporte, habitação etcétera. Tal situação constitui, assim, verdadeira espoliação ou apropriação dos recursos naturais e da mão de obra africana por parte de empresas de mineração e por governos de países africanos.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Existe trabalho infantil no Brasil? Você conhece algum caso?

PERCURSO 32 A ÁFRICA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI

1. Um continente ainda fragilizado

A África iniciou o século vinte e um com graves problemas políticos, econômicos e sociais. Após quase cinco séculos de exploração colonial e cêrca de um pouco mais de cinquenta anos da descolonização ou da formação dos Estados nacionais, o continente vive uma difícil situação, tendo como causa vários fatores.

A seguir, vamos analisar esses aspectos, abordando suas principais características.

Aspectos políticos, corrupção e governos ditatoriais

O recente processo de formação dos Estados nacionais africanos ainda não foi capaz de superar os efeitos negativos da arbitrária delimitação de fronteiras por parte do colonizador europeu. Dessa herança, o principal reflexo político são as guerras.

A ausência de democracia, as fraudes nas eleições governamentais e as práticas de corrupção ocorrem em muitos Estados africanos. Apoiados por oligarquias nacionais e por setores das fôrças armadas, governantes permanecem no poder por longo tempo, exercendo poderes ditatoriais.

Os regimes ditatoriais são obstáculos ao desenvolvimento econômico e social, pois impedem que haja transparência nas decisões políticas, impõem leis restritivas à liberdade de expressão e permitem que os recursos nacionais sejam manipulados conforme os interesses dos ditadores e dos grupos que os apoiam, e não de acordo com o que a população necessita (saúde, educação etcétera).

As guerras civis

O fim das guerras de independência não representou o fim dos conflitos armados na África até os dias atuais. As causas dos conflitos são diversas: rivalidades interétnicas (caso de Burundi e Ruanda, de Darfur, no Sudão etcétera); lutas por libertação de territórios subjugados a um poder central (a guerra entre a Eritreia e a Etiópia, por exemplo); lutas pelo domínio político-econômico do Estado (guerra de Angola, Costa do Marfim etcétera); disputas por recursos minerais, entre eles o petróleo; rivalidades religiosas; pirataria na Somália e outras.

Além de causar milhares de mortes, os conflitos armados desorganizam a produção, aprofundam os problemas econômicos, consomem recursos financeiros que poderiam ser aplicados no desenvolvimento nacional e agravam os quadros de pobreza e miséria em muitos países (observe a foto e consulte o mapa da página seguinte).

Fotografia. No primeiro plano, grupo de mulheres de costas em pé sobre um campo com solo escuro, sem vegetação e em parte coberto por resíduos no chão que lembram palha. No segundo plano, várias tendas brancas usadas para abrigar pessoas refugiadas.
Assentamento de refugiados etíopes no Sudão (2021).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

PENNAFORTE, chárlis.

África: horizontes e desafios no século vinte e um. São Paulo: Atual, 2006.

O autor fornece uma visão ampla da África, abordando desde o processo de colonização e suas implicações territoriais e culturais, passando pelas guerras civis, pelos seus recursos naturais, chegando a mostrar o continente como um espaço de periferia do capitalismo.

Os conflitos na África – 1960-2019

Mapa. Os conflitos na África entre 1960 e 2019.  Mapa da África representando os conflitos existentes no continente africano entre os anos de 1960 e 2019. Operação de Manutenção de paz da ONU. Em curso: Saara Ocidental, Mali, Libéria, Gana, Chade, Sudão, Sudão do Sul, República-Centro Africana, Etiópia, Ruanda. Terminada: Serra Leoa, Libéria, Líbia, Sudão, Somália, Ruanda, Burundi, Angola. País envolvido em um conflito armado importante após 1960:  Marrocos (1963), Argélia (1963, 1992 a 2002), Tunísia (2010), Líbia (1976 e 2011), Egito (1976), Saara Ocidental (1975 a 1991), Mali (2012 a 2013), Níger (1991 a 1995, 2007), Sudão (1971 a 1972, 1983 a 2005), Eritreia (1998 a 2000), Etiópia (1977 a 1991, 1998 a 2000), Somália (1991 a 2006), Uganda (1979), Camarões (1960 a1972), Nigéria (1967 a1974), Costa do Marfim (2002 a 2007), Libéria (1989 a 2003), Serra Leoa (1991 a 2002), Congo (1993, 1997, 1998 a 1999), República Democrática do Congo (1996 a 1997, 1998 a 2003), Angola (1975 a 2002), Burundi (1993 a 2001), Moçambique (1975 a 1992), Ruanda (1990 a 2003). Principais zonas de fome aguda após 1960: leste da Mauritânia, faixa central do Mali, Níger, Chade, sudoeste do Sudão, parte central e oeste do Sudão do Sul, norte e leste da Etiópia, centro-sul da Somália, sul da Angola, oeste de Moçambique, sul de Madagascar, sudeste da Nigéria, sudoeste da Costa do Marfim, Serra Leoa. À esquerda, a rosa dos ventos e a escala de zero a 680 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83; têtár, frânqui (organizador). Grand atlas 2014: comprendre le monde en 200 cartes. Paris: Autrement, 2013. página 35; UNITED NATIONS. United Nations peacekeeping operacionsmap. n. 4259 rev. New York: , 2019.

Nota: Em 2019, os conflitos continuaram em Mali, no Saara Ocidental, na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana, no Sudão e no Sudão do Sul. Consulte no mapa do Percurso 25, na página 220, as missões de paz da ônu na África em 2019.

Grafismo indicando atividade.

Cite um país do Magrébi tradicional que recentemente esteve envolvido em um importante conflito.

• Aspectos sociais

As condições desfavoráveis em que se encontram muitas sociedades africanas refletem, em parte, o legado de exclusão e desigualdade socioeconômica gerado durante a colonização e mantido por governos posteriormente instalados.

Epidemias

As epidemias e doenças são o resultado da pobreza em que vive grande parcela da população africana. Em 2020, a África concentrou 95% dos casos de malária registrados no mundo e 25% dos casos de tuberculose. Em 2021, a epidemia do vírus Ebola ainda não estava controlada em alguns países africanos.

A epidemia de aidis ainda é alarmante na África. Em 2020, de cada cem pessoas infectadas no mundo com agá í vê (Vírus da Imunodeficiência Humana, sigla em inglês), 67 estavam no continente africano.

A precariedade do ensino, a falta de educação sexual, a pobreza da população, os serviços públicos de saúde inadequados e precários, o elevado custo dos medicamentos e a pouca determinação por parte de alguns governos em combater a aids são fatores que contribuem para a disseminação dessa enfermidade em algumas regiões da África.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Hotel Ruanda.

Direção: . Reino Unido/Estados Unidos/Itália/África do Sul: United Artists, 2004. Duração: 128 minutos

Com base em fatos reais, narra eventos marcantes que aconteceram durante a Guerra Civil de Ruanda, na década de 1990.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

– Programa Conjunto das Nações Unidas sobre agá í vê/.

https://oeds.link/BtEoEC

Conheça o Programa das Nações Unidas que mobiliza e apoia os países para que alcancem o acesso universal à prevenção, ao tratamento e aos cuidados no que se refere ao agá í vê.

Desnutrição

A África é um continente com grande ocorrência de desnutrição. Tanto a fome crônica, decorrente da ingestão diária insuficiente de calorias e nutrientes para a manutenção da saúde, como a fome aguda, caracterizada pela falta quase absoluta de alimentos, resultam de causas sociais, econômicas e políticas (guerras entre Estados, guerras civis etcétera), agravadas por adversidades naturais (secas, inundações e pragas nas lavouras).

Como exemplo, há o caso da Somália (foto). Nos anos 1990, esse país esteve envolvido em guerras étnicas internas. Além disso, grandes secas dizimaram plantações e criações de gado, impondo à população grandes dificuldades de acesso aos alimentos. Como a ajuda humanitária coordenada pela ônu não pôde chegar com eficiência aos necessitados em virtude do conflito armado, milhares de pes­soas morreram de inanição.

Fotografia. Em uma pátio aberto de um edifício, um homem de roupa azul e broches vermelhos, usando máscara, segura uma sacola branca com dizeres em vermelho. Na sua frente, uma fila de mulheres usando vestimentas coloridas, todas elas também usam um véu cobrindo a cabeça e parte do corpo. Atrás da fila, as áreas internas do edifício e próximo ao homem de roupa azul, uma árvore.
Por causa da guerra civil iniciada em 1991 na Somália, milhares de pessoas necessitam de ajuda humanitária. Na foto, mulheres recebem alimentos em Mogadíscio, Somália (2020).

Refugiados

Em 2020, do total de 26,4 milhões de refugiados no mundo, pouco mais de 17,7 milhões, cérca de 67%, eram refugiados da África e do sudoeste da Ásia – sírios, afegãos, iraquianos, iemenitas etcétera – que, fugindo de guerras e da pobreza, tentavam chegar ao sul da Europa pela rota da Líbia e por outras rotas. De acordo com a Organização Internacional para Migrações (ó í ême), mais de 20 mil migrantes morreram tentando atravessar o Mar Mediterrâneo entre 2014 e 2020. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas caso houvesse em seus países de origem estabilidade política, emprego e, sobretudo, solidariedade.

Aspectos econômicos

De modo geral, os países africanos não conseguiram se inserir no processo de globalização que marcou o mundo nos últimos vinte anos. A África integra o comércio mundial predominantemente como exportadora de produtos primários e importadora de bens industrializados.

Uma das causas dessa posição dos países africanos na economia global é a carência de energia elétrica e de infraestrutura de transporte e de comunicação – fatores fundamentais para o desenvolvimento industrial –, que limita os investimentos na produção. As redes de transportes mais modernas restringem-se a ligar zonas produtoras agrícolas e minerais aos portos de exportação.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

VISENTINI, Paulo G. Fagundes; RIBEIRO, Luiz Dario Teixeira; PEREIRA, Analúcia danilevícs.

Breve história da África. Porto Alegre: Leitura vinte e um, 2007.

O livro mostra que, apesar das marcas profundas da exploração europeia da África, o continente está em desenvolvimento.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Adú.

Direção: Salvador Calvo. Espanha: , 2020. Duração: 119 minutos

O filme conta a história de três personagens que vivenciam o contexto dos deslocamentos populacionais forçados no norte da África. O filme contribui para refletir sobre as dificuldades, os riscos e o sofrimento de emigrantes e refugiados africanos no mundo atual.

Com exceção da África do Sul e do Egito, os países africanos apresentam baixo nível de industrialização e de investimento em pesquisa científica e formam pouca mão de obra especializada.

A seguir, apresentamos alguns indicadores que demonstram a inserção periférica da África na globalização.

O comércio exterior

As exportações da África representaram, em 2020, aproximadamente, 2,2% do total mundial – em 2003, representaram 2,4%; em 1993, 2,5%; em 1973, 4,8%; e em 1953, 6,5% –, o que demonstra sua posição secundária na globalização em curso. As importações representaram apenas 2,9% do total mundial. Desse modo, a África é o continente com o menor valor de operações no comércio exterior.

O Píbi africano

Em 2020, a soma do Píbi de todos os países africanos correspondeu a cêrca de 2,4 trilhões de dólares. No mesmo ano, o Píbi brasileiro foi de mais de 1,4 trilhão de dólares. Nesse ano, a África respondeu por aproximadamente 2,8% do Píbi mundial. Dentro do continente, destacam-se África do Sul, Egito e Nigéria, com cêrca de 47% do Píbi africano.

Os investimentos diretos estrangeiros (í dê é)

As empresas transnacionais realizam operações financeiras para adquirir empresas ou implantar filiais em diversos países do mundo. Essas operações são chamadas de investimentos diretos estrangeiros (í dê é). A análise dos í dê é indica quanto um país está inserido no processo de globalização.

Na África, esses investimentos, dirigidos prioritariamente para o setor extrativo mineral – mesmo na África do Sul e no Egito com economias diversificadas –, são modestos se comparados aos dos outros continentes, exceto à Oceania. Em 2020, os países mais contemplados com í dê é foram: Egito, Congo, África do Sul, Nigéria, Etiópia e Moçambique.

Mundo: investimentos diretos estrangeiros por continentes (em bilhões de dólares) – 2019-2020

Gráfico. Mundo: investimentos diretos estrangeiros por continentes (em bilhões de dólares) em 2019 e 2020. Gráfico de colunas representando os investimentos diretos estrangeiros por continentes, em bilhões de dólares, para os anos de 2019 e 2020. No eixo vertical, os investimentos diretos estrangeiros em bilhões de dólares, de zero a 2.000; no eixo horizontal, os continentes, com duas colunas cada, representando os anos de 2019 (coluna laranja) e 2020 (coluna roxa). Mundo: 2019: 1.530 bilhões de dólares. 2020: 999 bilhões de dólares. Ásia: 2019: 530 bilhões de dólares. 2020: 545 bilhões de dólares. América:  2019: 469 bilhões de dólares. 2020: 268 bilhões de dólares. Europa: 2019: 440 bilhões de dólares. 2020: 122 bilhões de dólares. África:  2019: 47 bilhões de dólares. 2020: 40 bilhões de dólares. Oceania: 2019: 44 bilhões de dólares. 2020: 24 bilhões de dólares.

Fonte: elaborado com base em UNCTAD World investment report 2021: investing in sustainable recovery. New York: , 2021. página 248-251.

Aspectos culturais

Inicialmente, é necessário refutar a imagem preconceituosa que ainda perdura na mente de muitas pessoas: a de que a África é habitada por povos atrasados e que sua cultura é pobre.

Não existe uma África, mas várias. Trata-se de um continente com países, etnias e culturas diversos, um mosaico de povos com conhecimentos filosóficos, tecnologias próprias, tradições particulares e ricas manifestações artísticas na música, arquitetura, escultura, dança, poesia e literatura oral – elementos que o colonialismo tentou apagar.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

CASTRO, Haroldo.

Luzes da África: pai e filho em busca da alma de um continente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

Acompanhe a viagem de carro do autor e de seu filho por vários países africanos. Por meio de 130 fotos, 19 mapas e uma narrativa empolgante, são apresentados aspectos pouco explorados desse continente.

Os colonizadores procuraram romper os laços que ligam os povos africanos às suas tradições e ao passado. Fecharam escolas, lançaram à destruição objetos e locais de culto e implantaram uma educação colonial a serviço da conquista, como instrumento de dominação.

Por outro lado, introduziram instituições políticas e tecnologias desconhecidas pelos africanos e receberam destes vários conhecimentos sobre o meio físico da África e uma rica cultura de tradição oral.

Após 1930, a literatura escrita africana teve um grande avanço. A ampliação da educação letrada, da alfabetização e de cursos universitários estimulou a produção literária de vários escritores africanos, que, em suas obras, expõem sua visão de mundo, muitas vezes questionando as relações entre o colonizador e o colonizado.

Escultura. Retrato de uma escultura de bronze representando o busto de uma mulher com um adereço no topo da cabeça. A escultura tem tons predominantemente acinzentados.
Escultura em bronze da cabeça do rei (oni) de Ifé, datada do século doze, descoberta em Ifé, local que na Antiguidade foi um dos reinos do Império Iorubá e hoje é uma cidade de porte médio, no estado de , Nigéria.
Fotografia. Vista da fachada de uma grande construção formada por diversas colunas com topos pontiagudos, estruturas escuras salientes nas paredes e três torres em destaque. Em frente do edifício, um muro com estrutura e material semelhante ao da construção principal e com uma escadaria que dá acesso ao edifício.
Mesquita de dijêne, no Mali, país africano da região ocidental (2019). Observe um aspecto de sua arquitetura: trata-se de uma construção em barro pisado. Desde o século treze, dijêne é um importante centro de comércio do mundo muçulmano.

2. Ciência, tecnologia e trabalho

A Revolução Técnico-Científico-Informacional ocorrida nos últimos anos beneficiou os países africanos, assim como a outros do mundo. Contudo, por outro lado, os países da África sofreram impacto quanto à necessidade da formação de mão de obra para lidar com as novas tecnologias.

Na África, com apoio dos Estados africanos, do Banco Mundial e de empresas, tem havido investimentos em universidades não somente para a formação de recursos humanos, mas também para pesquisas voltadas a várias áreas do conhecimento.

Em 2016, cêrca de 370 milhões de dólares foram investidos em startups (empresas em fase inicial que desenvolvem produtos ou serviços inovadores, com potencial de rápido crescimento) de tecnologia na África. Em Gana, cêrca de 200 mil agricultores são usuários de um sistema de consulta telefônica que dispõe, em tempo real, de informações sobre o clima e o preço das safras, e 250 mil são associados a um aplicativo que aluga temporariamente tratores. Em Uganda, onde quase 80% da população não tem acesso à eletricidade, há startups que extraem energia da biomassa para amenizar o problema.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

COSTA, Aline G. Neves; SANTOS, Natanael dos.

Trajetórias do africano no espaço geográfico brasileiro. Campinas: África Brasileira, 2013.

Buscando reconstituir a história dos africanos no país, a obra trata da participação que eles tiveram na construção do Brasil.

Próximo a Nairóbi, no Quênia, está em construção a cidade tecnológica de cônza. Também conhecida como a “Savana do Silício”, sua implantação objetiva atrair empresas do setor de informação, comunicação e tecnologia, investir na educação para qualificar e capacitar mão de obra local e incentivar pesquisa e desenvolvimento.

Tanto no meio urbano africano como no rural, houve alterações nos tipos de trabalho motivadas pelo surgimento de novas tecnologias, como, aliás, em todo o mundo. A formação científica e tecnológica se tornou um capital muito importante não somente para quem o possui, mas para todo país que busca seu desenvolvimento econômico e social.

Fotografia. Vista da fachada de um edifício branco, de janelas azuis, adereços laranjas, composto por três andares e uma torre central no meio.
Situada na capital de Uganda, na cidade de Campala, a Universidade macárere tem cêrca de 30 mil alunos de graduação e 3 mil de pós-graduação (2018).

3. Atuação das organizações internacionais mundiais e regionais na África

Além da atuação da ônu na África por meio de suas fôrças de paz, do trabalho da unicéfi em prol das crianças, da fáo com programas para o desenvolvimento da agricultura e assistência alimentar, da unêsco com programas educacionais e proteção da rica cultura africana e de outros órgãos e agências, cumpre destacar as organizações internacionais regionais.

Organizações internacionais regionais

Os Estados africanos, a exemplo do que existe na América e em outros continentes, uniram-se e formaram associações entre si: as organizações internacionais regionais, como é o caso da União Africana (U A). Essa organização foi criada em 2002, em substituição à antiga Organização da Unidade Africana. Seus objetivos são: mediação de conflitos, defesa da democracia, modernização das instituições políticas, defesa dos direitos humanos, além de outros.

Com exceção do Marrocos, todos os países africanos são membros da U A, que reconhece o desejo de independência do Saara Ocidental, o que não é aceito pelo governo marroquino, que tem o domínio sobre ele.

Verifique no mapa as outras organizações internacionais regionais da África.

África: organizações internacionais regionais econômicas – 2021

Mapa. África: organizações internacionais regionais econômicas - 2021.  Mapa político da África com a identificação dos países pertencentes as diferentes organizações internacionais regionais econômicas.  UMA – União do Magreb: Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia.  UEMOA – União Econômica e Monetária do Oeste Africano: Mali, Burkina Fasso, Níger, Costa do Marfim, Togo, Benin, Senegal, Gâmbia, Guiné Bissau.  CEDEAO – Comunidade Econômica para o Desenvolvimento dos Estados da África do Oeste: Mali, Burkina Fasso, Níger, Nigéria, Benin, Togo, Costa do Marfim, Libéria, Serra Leoa, Guiné Bissau, Guiné, Gâmbia, Senegal, Cabo Verde.   CEMAC – Comunidade Econômica e Monetária da África Central: Chade, Camarões, República Centro-Africana, Congo, Gabão, Guiné Equatorial. SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral: República Democrática do Congo, Tanzânia, Angola, Moçambique, Zimbábue, Zâmbia, Malauí, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Lesoto, Eswatini, Madagascar, Maurício, Seychelles.  SACU – União Aduaneira da África Central: Namíbia, Botsuana, África do Sul, Lesoto.  COMESA – Mercado Comum dos Países do Leste e Sul da África: Líbia, Egito, Sudão, Eritreia, Etiópia, Uganda, Quênia, Ruanda, Burundi, Madagascar, Maurício, Seychelles, República Democrática do Congo, Zimbábue, Zâmbia, Malauí, Lesoto, Camarões.  Na parte de baixo, à direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 860 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em GAMBLIN, André (organizador). Images économiques du monde: panorama annuel 2005. Paris: Armand Colin, 2004. Contracapa; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 83.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

De que maneira as organizações internacionais regionais atuam na integração do continente africano?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Tecnologia e inovação na África

Locução

Apesar dos problemas que muitos países africanos enfrentam, como pobreza, fome e corrupção, há investimentos em inovações tecnológicas para melhorar a vida de suas populações. 

Com a disseminação da internet de alta velocidade e smartphones na África, o continente passou a ser visto como um novo mercado de consumo de tecnologia. 

A jovem força de trabalho africana atrai empresas do setor tecnológico. 

 Nos últimos anos, tem havido muitos investimentos em países como Quênia, Ruanda, Nigéria e África do Sul.

Jovens empreendedores africanos, inspirados pelo Vale do Silício estadunidense, criaram um centro de inovação tecnológica em Nairóbi, no Quênia, chamado iHub, onde compartilham ideias e participam de cursos e competições para resolver problemas relacionados a softwares. 

Há outros importantes centros de inovação africanos, como o Co-Creation Hub, em Lagos, Nigéria, e o Outbox, em Kampala, Uganda.

Com o uso da tecnologia, moradores de localidades remotas podem comprar alimentos, roupas e outros produtos pela internet, recebendo-os em domicílio. 

Nas zonas rurais, pastores recorrem a aplicativos que os ajudam a controlar o gado.

Também existem aplicativos utilizados por estudantes e professores de escolas carentes para a leitura de livros didáticos em dispositivos móveis.

Outro exemplo de inovação tecnológica desenvolvida na África é o Cardiopad, um tablet que realiza exames do coração, como eletrocardiogramas. 

Ele foi criado por um jovem engenheiro de Camarões e pode ser útil em lugares como as zonas rurais, onde a população encontra maiores dificuldades para conseguir atendimento médico. 

O instrumento possui uma bateria de alta duração, e o resultado do exame pode ser enviado diretamente para o computador ou celular do cardiologista responsável.

Para combater a falsificação de remédios, problema particularmente grave na África, foi criado em Gana o mPedigree, um sistema que verifica a autenticidade dos medicamentos. 

Para usá-lo, basta enviar, por SMS, o código de barras do medicamento para uma central de verificação. 

Em poucos segundos, atesta-se pelo celular se o produto é verdadeiro ou falsificado.

No Quênia, milhões de pessoas que não tinham conta bancária passaram a ter a possibilidade de transferir dinheiro ou fazer pagamentos usando o celular por meio de um serviço de compra de créditos pré-pagos inventado no país.

Apesar dos avanços tecnológicos no continente, cerca de 60% da população na África Subsaariana ainda não tem acesso à eletricidade. 

E entre as pessoas que possuem computadores, há dificuldades para aprender a utilizar as ferramentas tecnológicas.

Os efeitos desse conjunto de problemas impactam toda a sociedade africana. Mas fica a expectativa de que a tecnologia contribua para o desenvolvimento econômico e social do continente.

Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 31 e 32

Registre em seu caderno.

  1. Em relação à regionalização do continente africano na África do Norte e na África Subsaariana, faça o que se pede.
    1. Explique as diferenças étnicas e culturais entre as duas regiões.
    2. O Magrébi é uma sub-região de qual dessas grandes regiões? Que países o compõem e por que ele recebe essa denominação?
    3. Que paisagem natural “separa” a África do Norte da África Subsaariana?
  2. Explique por que, apesar de a maior parte da população da África Subsaariana se dedicar à agricultura, a região sofre de déficit de alimentos.
  3. O fato de ser o país mais industrializado do continente torna a África do Sul isenta dos problemas econômicos e sociais comuns aos demais países africanos? Explique.
  4. Aponte as principais causas dos atuais conflitos no continente africano.
  5. Diferencie fome crônica de fome aguda.
  6. Quais fatores estão relacionados diretamente à dificuldade de inserção dos países africanos no processo de globalização?
  7. Explique com suas palavras:
    1. o que são investimentos diretos estrangeiros (í dê é);
    2. a situação da África em relação aos investimentos diretos estrangeiros e o que isso significa para a economia do continente.
  8. Qual foi a participação do continente africano, em 2020, no comércio e no Píbi em relação ao mundo? Comente.
  9. Sobreponha uma folha de papel vegetal ao mapa da página 267 e trace o contorno do continente e as fronteiras dos países africanos. Depois, reproduza no papel vegetal os símbolos que representam os locais de extração de urânio, petróleo, gás natural, ferro, ouro e diamante. Observe o mapa com atenção para identificar a localização de todos os símbolos. Copie, em seguida, as manchas que correspondem às regiões industriais e trace as linhas que representam os trajetos dos oleodutos e dos gasodutos existentes no continente. Para finalizar, inclua em seu mapa um paralelo e um meridiano, a rosa dos ventos, a escala e o nome dos oceanos. Lembre-se de criar a legenda e dar um título para o mapa que você acabou de elaborar. Após a confecção do mapa, analise as informações da representação.
  10. Observe a anamorfose da página seguinte: as populações mais numerosas que foram acometidas pela pandemia de covíd-19 (doença do Coronavírus, da sigla em inglês), no período indicado, causam dilatação da superfície real dos países, enquanto as menos numerosas causam encolhimento.
Versão adaptada acessível

9. Retome o conteúdo estudado no Percurso 31 e escolha um dos mapas reproduzidos neste percurso para construir uma versão tátil desse mapa. Para isso, pode-se utilizar papéis de diversos tipos, materiais emborrachados, pedaços de tecidos, linhas de diferentes espessuras, botões, sementes, entre outros. Depois de escolher o mapa que será representado, siga as orientações:

  • Utilize linhas ou barbantes para fazer o contorno do território mostrado no mapa que você elegeu representar.
  • Identifique o assunto que está sendo representado e de que maneira as informações aparecem no mapa (símbolos cartográficos e cores).
  • Organize a legenda relacionando cada um dos símbolos cartográficos e das cores empregadas a um material de textura diferente.
  • Em seguida, de acordo com a legenda, utilize essas diferentes texturas para demonstrar, no mapa tátil, as informações do fenômeno representado no mapa original.
  • Indique o título no mapa tátil e represente a rosa dos ventos, um paralelo e um meridiano.
  • Após a confecção do mapa tátil, apresente-o a seus colegas e analise as informações da representação.

Mundo: casos de covíd-19 (jan. 2020-nov. 2021)

Mapa. Mundo: casos de covid-19 (entre janeiro de 2020 e novembro de 2021). Planisfério em anamorfose representando o volume de casos de Covid-19, por continente, entre janeiro de 2020 e novembro de 2021. Quanto maior o número de casos, maior a dimensão do território representado na anamorfose.  América: o continente foi representado com uma dimensão extrapolada, devido ao elevado número de casos identificados; destaque para os Estados Unidos, Brasil, Colômbia e Argentina.  Europa: as dimensões do continente também foram bem ampliadas, destacando-se o Reino Unido, França, Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica e Holanda, que apresentaram elevado número de casos.  África: o continente teve suas dimensões reduzidas em relação ao formato original, a exceção da África do Sul, que apresentou elevado número de casos. Ásia: os países do continente tiveram suas dimensões bastante distorcidas. Destaque para a Rússia, a região do Oriente Médio e, principalmente, a Índia.  Oceania: os territórios do continente tiveram uma redução bastante significativa do formato, refletindo o baixo número de casos de Covid-19.

Fonte: WORLD MAPPER. Covid-19/coronavirus cases: january 2020-november 2021. Disponível em: https://oeds.link/C6TWYm. Acesso em: 11 fevereiro 2022.

  1. Aponte o continente em que a participação de pessoas adoecidas pela covíd-19 na população dos países, no período indicado, foi menor.
  2. Consulte o planisfério político da página 278 e aponte o país africano com maior participação de pessoas adoecidas em sua população, no período representado na anamorfose.
  3. Identifique na América do Sul os países com maior número de pessoas adoecidas em suas populações.
  1. Com base no mapa B da página 265, responda.
    1. Por que a atividade econômica egípcia não se desenvolveu nas porções central e oeste do país?
    2. Onde está a principal reserva petrolífera do Egito?
  2. Em 2020, a soma do Píbi da Nigéria, do Egito e da África do Sul, que foram os maiores entre os países africanos, foi de 1.133 bilhões de dólares. Enquanto o Píbi do continente africano foi de 2.391 bilhões de dólares, o da Nigéria foi de 432 bilhões; o do Egito, 365 bilhões, e o da África do Sul, 336 bilhões. Elabore um gráfico de setores que represente a participação percentual desses três países no Píbi total africano nesse ano.
  3. Trabalhe com o mapa da página 264. Desenhe uma rosa dos ventos em um papel transparente e proceda como indicado.
    1. Coloque o centro da rosa dos ventos sobre a capital bangui, na República Centro-Africana, de modo que o norte dela coincida com o norte do mapa. Indique dois países africanos que se localizam a leste da República Centro-Africana, um a oeste, um a sudoeste e dois a noroeste.
    2. Se deslocarmos o centro da rosa dos ventos para Dodoma, uma das capitais da Tanzânia, haverá alteração de rumos ou direções? Explique.
    3. Os países indicados no item a se encontram em quais direções, tendo por base a alteração do centro da rosa dos ventos realizada no item b?
Versão adaptada acessível

13. Trabalhe com o mapa da página 264. Construa uma rosa dos ventos em um pedaço de cartolina, papel cartão ou material emborrachado (EVA) e proceda como indicado.

  1. Coloque o centro da rosa dos ventos sobre a capital Bangui, na República Centro-Africana, de modo que o norte dela coincida com o norte do mapa. Indique dois países africanos que se localizam a leste da República Centro-Africana, um a oeste, um a sudoeste e dois a noroeste.
  2. Se deslocarmos o centro da rosa dos ventos para Dodoma, uma das capitais da Tanzânia, haverá alteração de rumos ou direções? Explique.
  3. Os países indicados no item a se encontram em quais direções, tendo por base a alteração do centro da rosa dos ventos realizada no item b?
Ícone. Seção Caminhos digitais.

Caminhos digitais

Fake news e o uso ético e responsável das tecnologias de comunicação

Não é novidade para ninguém que, na internet, uma informação, seja ela um vídeo, uma imagem ou uma mensagem, pode se disseminar de fórma muito rápida e alcançar milhões de pessoas. E isso pode acontecer seja quem for o produtor dessa informação. Esse “poder” característico da internet, embora também explorado por jornais e agências de notícias, retirou desses meios de comunicação e informação mais tradicionais a exclusividade da produção e da distribuição de informações em grande escala.

Atualmente, além das pessoas em geral, esportistas, artistas, lideranças políticas, ativistas, sacerdotes, filósofos e grupos com interesses particulares em determinados assuntos podem produzir conteúdo factual ou opinativo, sendo também formadores de opinião, muitas vezes com centenas, milhares ou mesmo milhões de “seguidores”. Suas mensagens podem influenciar as opiniões políticas, as preferências culturais, os desejos e as fórmas de consumo e até os valores de quem os acompanha por uma rede social, canal de vídeo on-line, blog, entre outros.

Além disso, qualquer pessoa pode ser um retransmissor dessas mensagens, notícias e informações produzidas por inúmeras fontes. O resultado é a “inundação” de informações e notícias que chega pela internet a quem esteja conectado, principalmente por meio das redes sociais.

Todas essas mudanças impulsionaram a chamada “guerra de informação”, ou seja, a disputa entre várias fontes de informação pela atenção dos internautas, tanto por motivos realmente informativos como comerciais e ideológicos. Além dos agentes de jornalismo tradicional, como revistas, jornais, canais de televisão e agências nacionais e internacionais de notícias, existem os grupos de jornalismo independente ou investigativo, os agregadores de notíciaglossário , os blóguis pessoais, os canais de vídeo na internet, entre outros. Por isso, identificar a fonte de qualquer notícia ou fato é muito importante para entender as motivações que podem estar por trás de cada mensagem que recebemos.

Fotografia. No primeiro plano, uma pessoa vista de costas da cintura para cima. Ela segura um celular na horizontal com a câmera aberta. À frente dela, diversas pessoas com a imagem desfocada na rua.
Manifestante usa smartphone em Washington D.C., Estados Unidos (2020), para documentar manifestação popular conhecida como "Marcha pela Justiça", em protesto contra a violência policial. Esse tipo de jornalismo, realizado por cidadãos comuns ou jornalistas independentes, pela internet, é atualmente uma das principais fontes de informação sobre o que acontece no mundo.

Outra consequência da “enxurrada” de informações na internet é a dificuldade para identificarmos e distinguirmos quais conteúdos de notícias e informações são verdadeiros e quais são falsos ou criados com a intenção de enganar – as denominadas fake news (em inglês, fake = “falsa ou falsas ”, news = “notícia ou notícias”) – que são rapidamente compartilhados e espalhados por pessoas até mesmo com a ajuda dos botsglossário ). O único meio para navegar pelo turbilhão de informações da internet fugindo das notícias mentirosas e não tomando por fatoglossário uma opiniãoglossário é criar o hábito de pensar e ler criticamente o que nos chega e verificar as informações noticiadas (acompanhe dicas sobre isso no boxe “Fique ligado!”).

Além das fake news, existem muitas outras armadilhas que circulam pela web apresentando-se como informação verdadeira. Um exemplo são os “caça-cliques”, links com títulos e imagens bastante atrativos e muito comuns em diversos tipos de sites e redes sociais. Por exemplo: “Revelada a fórmula secreta de cientista para a sabedoria”. Geralmente, esses conteúdos são falsos e estão associados a mecanismos comerciais de venda de cliques em serviços de propagandas de produtos ou serviços. Existem também notícias satíricas, cuja intenção é ridicularizar alguém ou alguma situação, mas cujo teor humorístico e fantasioso pode passar despercebido pelo leitor distraído. E há, ainda, notícias e matérias jornalísticas tendenciosas, que podem manipular dados, gráficos, construções de frases, ocultando informações relevantes para o assunto tratado ou que transformam opiniões em fatos e informações, de fórma indistinta.

Todos esses tipos de notícias, mentiras e opiniões chegam até nós com a mesma aparência e, claro, sem nenhuma identificação a qual tipo pertencem. Sem um esforço crítico e as habilidades para confrontar dados, identificar a autoria, encontrar incoerências, pesquisar outras fontes, entre outros hábitos responsáveis, corre-se o risco de a “enxurrada” de notícias e informações servir à desinformação.

 Confira

  1. O texto afirma que atualmente existem muitos formadores de opinião e muitas fontes de notícia, diferentemente do período anterior à internet. Por quê?
  2. O que o texto chama de “inundação” ou “enxurrada” de informações pela internet?
  3. O que são fake news? Como o texto sugere que as pessoas podem se proteger delas, evitando que sejam entendidas como verídicas?

 Fique ligado!

  • Busque informações sobre os autores de artigos ou notícias que lê na internet. Ao acessar um portal de notícias, blog pessoal, canal em plataforma de vídeos ou qualquer outro site informativo, verifique isso por meio da seção “Sobre nós”. Se não encontrar nenhuma informação sobre o autor ou a seção “Sobre nós”, é melhor ficar atento.
  • Seja um internauta investigativo. Ao ler reportagens com imagens muito chamativas, faça uma pesquisa reversa de imagens nos buscadores que dispõem desse serviço. Nesse tipo de pesquisa, o buscador identifica outros sites em que a mesma imagem já foi usada. Assim, você pode averiguar se aquela notícia é uma fraude.
  • Busque informações em fontes diversas. Principalmente nas redes sociais, que personalizam e escolhem os conteúdos que aparecerão para você com base no que você diz “gostar” ou “não gostar”; é muito fácil ficar preso a um universo restrito de fontes, opiniões e visão de mundo. Evite ficar preso a essas “bolhas digitais”.
  • Avalie criticamente as informações obtidas na internet antes de tomar decisões, divulgá-las ou posicionar-se em um debate. Ao participar de fóruns de discussão ou comentar postagens de outros usuários, não se pronuncie de maneira rude. Não faça na internet o que você não faria presencialmente.
  • Não repasse boatos (notícias não verificadas ou antigas sobre alguém ou alguma instituição, que são divulgadas para causar confusão), nem correntes (mensagens com conteúdo falso, que pedem para ser compartilhadas com um grande número de pessoas, muitas vezes prometendo algo bom se você compartilhar ou algo muito ruim, caso você não as repasse).
  • Títulos em CAIXA-ALTA, associados a imagens intrigantes, são algumas estratégias usadas nas reportagens ou artigos “caça-cliques”. Fique atento a esses sinais.
  • Crie o hábito de validar as notícias e informações que lê. Existem sites que podem auxiliar na verificação de fatos, reportagens que estão sendo muito divulgadas na internet e até frases ditas por pessoas públicas. São os sites de fact-checking, ou “checagem de fatos”.

Glossário

Capital excedente
Quantia de bens ou de valores que extrapola o necessário à manutenção da produção e pode ser investida em outras áreas ou mesmo na melhoria do sistema produtivo.
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Curador
Encarregado de administrar.
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Pergaminho
Escrito ou documento feito de pele de ovino ou caprino.
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Abobadado
Que tem o formato de abóbada; abaulado.
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Agregador de notícias
Sites ou serviços on-line que compilam notícias de diferentes fontes e as retransmitem para seus usuários.
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Programas de computador que automatizam procedimentos e simulam ações humanas, repetidas vezes e de maneira padrão. A palavra bot vem de robot, que, em inglês, significa “robô”. Calcula-se que mais da metade do tráfego da internet é feito por esses robôs digitais e são usados para atacar pessoas públicas, divulgar boatos, fazer um tema se transformar em tendência, podendo inclusive ser transformada em uma importante arma política.
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Fato
Ação, evento ou processo que já se realizou ou que está ocorrendo e que pode ser verificado por meio de evidências.
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Opinião
Uma opinião é uma afirmação ou um conjunto de ideias que se baseiam em uma crença ou em um ponto de vista, não podendo, assim, ser verificada por meio de evidências.
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