UNIDADE 1  ESPAÇO MUNDIAL: DIVERSIDADE E REGIONALIZAÇÃO

Nesta Unidade, você estudará os continentes e os oceanos. Perceberá que, ao longo da história, diferentes povos demarcaram territórios e fronteiras e criaram governos para administrá-los, fundando, assim, Estados que deram origem ao que chamamos de países. Além disso, conhecerá modos de ver e estudar o mundo e de regionalizá-lo com base em alguns critérios.

Identidades nacionais

A imagem desta abertura é uma ilustração artística que mostra as bandeiras nacionais aplicadas sobre o território dos Estados ou países do mundo. A bandeira é um símbolo nacional; é a expressão máxima da identidade de um Estado, ou seja, do agrupamento de indivíduos que vivem em determinado território e estão submetidos à autoridade de um poder público soberano. Até meados de 2022, existiam 193 Estados reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ônu).

Ilustração. Ilustração do mapa do mundo com os cinco continentes e com a reprodução de partes das bandeiras dos países que os compõem. O oceano está na cor azul. Na América do Norte, predominam as cores branca, vermelha e azul e na América do Sul as cores da bandeira do Brasil (verde, azul e amarelo) e da bandeira da Argentina (azul claro). Na África há muitas cores: ao norte, predominam verde, branco e vermelho das bandeiras da Argélia, Líbia, Egito e Marrocos. Ao centro e ao norte do continente africano, há verde, amarelo, vermelho, azul, preto e branco. Na Eurásia, predominam azul, vermelho, amarelo, branco e verde. Na Oceania, azul vermelho e branco.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 163-173.

Nota: Representação artística sem escala, para fins didáticos. Nem todas as bandeiras dos Estados ou países do mundo encontram-se representadas na ilustração em virtude da pequena dimensão territorial.

Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Qual é a sua hipótese sobre a formação dos Estados ou países representados na ilustração?
  2. Nem todos os povos estão representados nessa ilustração. Você sabe de algum exemplo de povo ou nação que anseia criar o seu Estado ou país?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 1

Esta Unidade auxilia o aprofundamento de conhecimentos sobre o espaço mundial, destacando sua diversidade e as possibilidades de sua regionalização de acordo com critérios distintos, cuja pertinência varia no decorrer do tempo. São explorados temas que permitem compreender diferentes fórmas de apropriação política do espaço mundial, como também são introduzidos conceitos importantes para o pensamento geopolítico, nomeadamente Estado, país, nação e território. Considere os conhecimentos da História e recorra a eles. Os projetos interdisciplinares sugeridos enfatizam esse componente curricular. Além disso, os exercícios propostos e as atividades complementares contribuem para enfocar a participação da América Latina e da África nos processos históricos geopolíticos.

Ao longo dos Percursos, serão trabalhados, principalmente, os seguintes conceitos e noções: continente; oceanos; Estado; país; nação; território; povo; governo; Píbi e Píbi per cápita; Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá); países desenvolvidos e subdesenvolvidos; Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos; países Tipo Norte e Tipo Sul; países emergentes e ex-socialistas; Tigres Asiáticos e Novos Tigres Asiáticos.

Em relação à abertura desta Unidade, discuta a importância dos símbolos nacionais. Converse sobre outros símbolos que os alunos conheçam. Se considerar oportuno, questione: “O que representa a bandeira da unidade federativa de onde você vive? Descreva-a.”; “Que outros símbolos essa unidade da federação apresenta?”; “Qual é a importância desses símbolos?”. Permita que os alunos expressem aquilo que conhecem sobre os símbolos que se referem a países e a municípios e unidades federativas brasileiros.

Respostas

  1. De maneira geral, agrupamentos sociais, unidos por um passado histórico comum e, principalmente, por costumes, língua, religião, tradições, crenças e valores comuns, ao ocuparem um território, procuram organizar-se politicamente, dando origem a um Estado, país ou Estado-nação. Cada um deles apresenta uma história, e é por meio dela que se conhece a formação de cada país.
  2. Os curdos, que vivem na Turquia, no Irã, no Iraque, na Armênia e na Síria; os bascos, que vivem em um território na Espanha, vizinho da França; os tibetanos, na Ásia, subjugados pelo Estado chinês; os palestinos, no Oriente Médio; entre outros.

PERCURSO 1  OS CONTINENTES E OS OCEANOS

1. Os continentes

As grandes extensões de terras emersas da crosta terrestre, ou seja, das terras que estão acima do nível do mar, limitadas pelas águas dos oceanos e maresglossário , recebem o nome de continentes.

Existem dois tipos de critério para determinar o número de continentes da Terra: o critério geográfico-geológico e o critério histórico-cultural.

Segundo o critério geográfico-geológico, que leva em conta a distribuição das massas continentais na Terra, existem quatro continentes: o Euro-Afro-Asiático, o Americano, o da Oceania e o Antártico.

Repare que a porção de terras emersas da Europa nada mais é que um prolongamento natural – ou, mais propriamente, uma penínsulaglossário – das terras emersas da Ásia; por isso também se fala em continente Euro-Asiático ou simplesmente Eurásia.

No passado, a África e a Ásia eram unidas pelo Istmoglossário de Suez, situado entre o Egito (África) e a Península da Arábia (Ásia). Com a construção do Canal de Suez, em 1869, o istmo foi “cortado”, permitindo a navegação entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo (consulte a foto e o mapa da página seguinte).

Em vista disso, pode-se compreender por que essa enorme porção de terra emersa também é chamada de continente Euro-Afro-Asiático.

Mundo: continentes, oceanos e alguns mares

Mapa. Mundo: continentes, oceanos e alguns mares. Planisfério com a representação dos continentes, oceanos e mares da Terra.  Continente americano, na cor rosa: na costa oeste, banhado pelo Oceano Pacífico e na costa leste pelo Oceano Atlântico. Na porção central do continente americano, a leste, está o Mar das Antilhas.  Continente Euro Afro Asiático, formado por Europa, Ásia e África.  Europa, na cor verde: ao norte, é banhada pelo Oceano Glacial Ártico; a leste pelo Mar do Norte e pelo Oceano Atlântico; ao sul pelo Mar Mediterrâneo. A leste, faz fronteira com a Ásia no Mar Negro, no Monte Cáucaso, no Mar Cáspio e nos Montes Urais.  África, na cor vermelha: ao norte, banhada pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Vermelho. A leste, pelo Mar Arábico e pelo Oceano Índico. A oeste, pelo Oceano Atlântico. Ásia, na cor laranja: faz fronteira com a Europa nos Montes Urais, no Mar Cáspio, no Monte Cáucaso e no Mar Negro e com a África pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Vermelho. Ao norte, é banhada pelo Oceano Glacial Ártico; ao sul, é banhada pelo Mar Arábico, pelo Oceano Índico e pelo Mar da China Meridional e, a leste, pelo Oceano Pacífico e o Mar de Bering.  Oceania, na cor marrom: localizada a sudeste da Ásia, é banhada na costa oeste pelo Oceano Índico e na costa leste pelo Oceano Pacífico.  Continente Antártico, na cor branca: localizado na porção sul do planisfério, é banhado pelos Oceanos Atlântico, Índico e Pacífico.   Ao lado, rosa dos ventos com o norte orientado para cima e escala de 0 a 3.210 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro, 2018. página34.

Nota: Os Montes Urais, os mares Negro e Cáspio e a cordilheira do Cáucaso são considerados limites naturais entre a Europa e a Ásia.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Formação dos continentes (í bê gê É)

https://oeds.link/LYLWcs

Aprenda mais sobre a formação dos continentes e a movimentação das placas tectônicas de maneira clara e ilustrada.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 1

Neste Percurso, o tema da distribuição das terras e das águas no globo terrestre é aprofundado. Tenha em vista explorar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito desse tema, conforme estudado na Unidade 6 do livro do 6º ano desta coleção. A discussão deve ser realizada a fim de ressaltar a apropriação política das terras e dos mares.

Inicie os estudos chamando a atenção dos alunos para os distintos critérios de definição dos continentes. Promova a leitura do mapa desta página e saliente as áreas estratégicas do ponto de vista da geopolítica mundial, como os canais de navegação mais importantes, a exemplo do Canal de Suez, o Canal do Panamá, o Canal da Mancha, entre outros, além de mares, como o Mediterrâneo, o das Antilhas, o Báltico, o do Norte, o Negro, o Vermelho, o Cáspio; os golfos Pérsico, de Áden, de Omã, Bengala, tônquim; e os estreitos de Ormuz, Gibraltar, béringui, Magalhães etcétera. Promova um debate para que se discuta o motivo de tais áreas serem consideradas estratégicas do ponto de vista histórico, comercial, político e econômico. Sugerimos que um planisfério político grande seja levado para a sala de aula ou projetado em uma tela para facilitar a visualização e a localização do que foi indicado.

A indicação no boxe Navegar é preciso oferece apoio à explicação do processo de formação dos continentes. Se julgar pertinente, articule essas informações com a discussão sugerida anteriormente sobre o mapa, visando destacar as relações entre a localização de áreas estratégicas e as dinâmicas das placas tectônicas.

Atividade complementar

É possível que alguns alunos apresentem dificuldade na diferenciação da divisão dos continentes segundo os critérios geográfico-geológico e histórico-cultural. Para trabalhar esses temas, proponha uma atividade que permita a visualização dos continentes de acordo com cada critério. Para isso, em uma folha com dois planisférios mudos, sugira aos alunos que representem os continentes segundo os critérios: 1) geográfico-geológico; e 2) histórico-cultural. Oriente-os a inserir as informações no mapa, com base em uma legenda criada por eles próprios, e a indicar o título de cada mapa corretamente. Essa atividade permite fixar o conteúdo apresentado e explorar conhecimentos cartográficos básicos. Por fim, faça os esclarecimentos que julgar necessários.

Fotografia de um navio sobre as águas de um grande canal. Há centenas de containers no navio. Ao fundo. um segundo navio também grande. Ao redor do canal por onde passam os navios estão pequenas montanhas de areia. Ao lado do primeiro navio, um pequeneo barco.
O Canal de Suez começou a ser construído em 1859, com base no projeto do engenheiro francês fêrdinãn du lêsséps. Em 2015, foi concluída sua ampliação, que aumentou a capacidade de navegação ao longo dos 193 quilômetros de extensão do canal. Na foto, navio de carga navega pelo Canal de Suez, Egito (2019).

O Istmo de Suez unia a África à Ásia

Mapa. O Istmo de Suez unia a África à Ásia. Mapa do continente africano e de parte da Ásia e da Europa. 
Os continentes estão na cor amarelo claro neutro. Na África, o Egito, país localizado na porção nordeste do continente, está destacado na cor laranja. Há o contorno de um retângulo que delimita uma parte do Egito e uma parte da Ásia. No canto inferior direito do mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.040 quilômetros.
Abaixo, há outro mapa para representar a área dentro do retângulo. O Egito está separado da Península do Sinai pelo Canal e pelo Golfo de Suez, que conectam o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Na ponta próxima ao Mar Mediterrâneo, há a cidade de Port Said. Na ponta próxima ao Mar Vermelho, está a cidade de Ismailia.  O Canal de Suez passa entre os dois continentes  Neste mapa, rosa dos ventos e escala de 0 a 210 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Serrán, Piérre. Atlas universal Bordas. Paris: Bordas, 1991. página 173.

No entanto, de acordo com o critério históricocultural, que considera a história dos povos e suas culturas (línguas, religiões e costumes), o continente Euro-Afro-Asiático subdivide-se em três continentes: Europa, África e Ásia – afinal, asiáticos, europeus e africanos são povos de culturas e histórias muito diferentes.

O critério histórico-cultural é o mais usado, pois a importância desses fatores na formação de povos e países é maior que a dos fatores naturais. Segundo essa perspectiva, há seis continentes: Europa, África, Ásia, América, Oceania e Antártico (consulte o mapa da página anterior, identificando-os pelas cores).

A superfície terrestre não é formada apenas de terras emersas. Há uma enorme quantidade de água que cobre o planeta. Descubra, a seguir, o tamanho dos continentes e a relação desses números com a área total do planeta.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Oriente os alunos a se organizar em grupos de cinco ou seis integrantes e proponha a eles que pesquisem e analisem os prós e os contras da obra de ampliação do Canal de Suez. Esclareça que cada grupo deve formar, em consenso, um ponto de vista a respeito do assunto e defendê-lo para os demais grupos.

A atividade incentiva os alunos a buscar mais informações para formarem uma opinião a respeito do tema, favorecendo uma postura ativa na construção do conhecimento e o desenvolvimento da capacidade de argumentação. Oriente-os sobre boas fontes de pesquisa on-line e ajude-os a organizar as informações de acordo com o critério estabelecido no enunciado: prós e contras em relação à ampliação do Canal de Suez. Essa estratégia permite que os alunos tenham diferentes dimensões sobre a questão para que possam estabelecer seu ponto de vista com autonomia de pensamento. Ao final, os grupos devem argumentar oralmente defendendo sua opinião sobre o tema.

Interdisciplinaridade

Com o professor de História, proponha aos alunos que pesquisem sobre o Canal de Suez, buscando informações sobre quando e por quais interesses e agentes foi construído e controlado ao longo do tempo e por quê. Aproveitem para destacar a relevância desse canal para o transporte marítimo, as técnicas aplicadas em sua construção e seus impactos geoeconômicos, geoestratégicos e geopolíticos.

Com o professor de Ciências, sugerimos desenvolver um estudo dirigido sobre os grandes canais de navegação marítima no mundo, orientando os alunos a avaliar como as intervenções humanas geram mudanças nos componentes físicos e biológicos de um ecossistema.

2. As áreas dos continentes e dos oceanos

Dos quase 511 milhões de quilômetros quadrados, que correspondem aproximadamente à área total da superfície terrestre, cêrca de 71% são ocupados pelos oceanos e mares. Há, na verdade, apenas um oceano e, ao longo da História, porções ou partes dele receberam nomes específicos (consulte o mapa da página 13).

Os 29% restantes são ocupados pelas terras emersas: continentes, arquipélagosglossário e ilhas. Cabe assinalar que não há uma medida nem mesmo um conceito para diferenciar continente de ilha. Há muito tempo, considerou-se continentes todas as terras emersas com área superior à da Austrália (..7692024 quilômetros quadrados), e ilhas, todas com área igual ou inferior à da Groenlândia (..2166086 quilômetros quadrados), que é a maior ilha do mundo.

Vê-se, assim, que a massa líquida, isto é, os oceanos e os mares, ocupa a maior parte da superfície terrestre.

Observe, nos quadros A e B, as áreas dos continentes e dos oceanos, respectivamente, e no gráfico, as áreas dos oceanos em relação às massas líquidas e em relação ao globo terrestre.

Quadro A. Áreas continentais

Continentes

Área (em km2)

Ásia

45.074.481

América

42.192.781

África

30.216.362

Antártida

14.000.000

Europa

10.365.387

Oceania

8.528.382

Total

150.377.393

Quadro B. Área dos oceanos

Oceanos

Área (em km2)

Pacífico

179.650.000

Atlântico

92.040.000

Índico

74.900.000

Glacial Ártico

14.060.000

Total

360.650.000

Na área dos continentes está incluída a área das ilhas.

Fonte: elaborado com base em CALENDARIO atlante De Agostini 2014 Istituto Geografico De Agostini, 2013. página 63-64.

Área dos oceanos em relação às massas líquidas oceânicas e ao globo terrestre (em porcentagem)

Gráfico. Área dos oceanos em relação às massas líquidas oceânicas e ao globo terrestre, em porcentagem.  Gráfico de colunas. No eixo vertical, estão os valores em porcentagem, de 0 a 100, em intervalos de 20. No eixo horizontal, cada oceano e o total dos oceanos.  Pacífico: em relação às massas líquidas oceânicas: 50 por cento; em relação ao globo terrestre: 36 por cento.  Atlântico: em relação às massas líquidas oceânicas: 25 por cento. Em relação ao globo terrestre: 19 por cento.  Índico: em relação às massas líquidas oceânicas: 21 por cento; em relação ao globo terrestre: 16 por cento.  Glacial Ártico: em relação às massas líquidas oceânicas: 3 por cento; em relação ao globo terrestre: 2 por cento.  Total: em relação às massas líquidas oceânicas: 100 por cento. Em relação ao globo terrestre: 73 por cento.

Fonte: elaborado com base em CALENDARIO atlante De Agostini 2014Istituto Geografico De Agostini, 2015. página 63-64.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Geralmente, usa-se a expressão “americanos” apenas para se referir aos habitantes dos Estados Unidos. Você acha correto? Você também seria americano? Explique.

Orientações e sugestões didáticas

Todos os nascidos na América são americanos. Em homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, a denominação “América” foi dada pelo cartógrafo espanhol ruãn de la cóza (1460-1510), que acompanhou esse navegador em viagem ao continente. Com essa denominação, o europeu ignorou a cultura dos povos que já habitavam essa terra. Vale também lembrar que, no final do século dezenove e início do século vinte, o europeu, ao migrar para os Estados Unidos, referia-se a esse país como América; daí a associação de estadunidense com americano.

Propicie um momento de leitura dos quadros A e B e solicite aos alunos que comparem e discutam as informações. Após a discussão, verifique o que eles sabem sobre a divisão política dos mares no mundo. Pergunte a quem pertencem os mares. Informe que a Organização das Nações Unidas (ônu) estabeleceu as diretrizes para a divisão política e o uso dos mares no mundo na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (unclôs). Segundo essa convenção, todo Estado tem direito de fixar a largura de seu mar territorial até um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas (12 por .1852 métros = .22224 métros).

O Oceano Glacial Ártico é considerado um mar do Oceano Atlântico, sendo chamado de “Mar Glacial Ártico”. Quando o Oceano Glacial Ártico é incluído no Oceano Atlântico, este passa a ter área correspondente a ..106100000 quilômetros quadrados.

Esclareça também o fato de que em 8 de junho de 2021, no Dia Mundial dos Oceanos, a National Geographic Society organização científica e educativa que desde 1915 cartografa as terras emersas e os oceanos do planeta Terra – reconheceu o quinto oceano, o Oceano Austral. Para essa organização e também para organizações não governamentais dedicadas ao meio ambiente, o reconhecimento desse oceano é importante para fins educativos, científicos e, sobretudo, de conservação. Contudo, ressalte para os alunos que não há consenso a esse respeito entre a comunidade científica internacional. Até o término da edição deste e dos demais livros desta coleção, a Organização Hidrográfica Internacional (i agá ó), que rastreia e mapeia os mares e oceanos do mundo, não reconhecia a existência do Oceano Austral.

PERCURSO 2  ESTADO, NAÇÃO E OUTROS CONCEITOS

1. Noções básicas para evitar enganos

No decorrer do tempo histórico, as sociedades humanas espalharam-se pelo mundo, ocuparam continentes, arquipélagos e ilhas e construíram espaços geográficos.

Nesse processo, demarcaram territórios e fronteiras, criando governos para administrá-los, e organizaram-se em Estados. A seguir, você vai aprender conceitos importantes para o estudo da Geografia, como Estado, país, nação, território, povo e governo.

Estado

A palavra estado vem do latim státus, que significa estado, posição, ordem, condição. Em seu sentido político, a palavra Estado – escrita com inicial maiúscula – corresponde à organização política, administrativa e jurídicaglossário de uma sociedade. Tal organização tem soberaniaglossário sobre o território nacional (soberania interna) e independência em relação à ordem internacional (soberania externa). Como exemplos, podemos citar o Estado brasileiro, o argentino, o boliviano e o francês.

Escrita com inicial minúscula, corresponde à divisão político-administrativa de alguns Estados. É o caso do Brasil, cujo Estado está dividido em 27 unidades político-administrativas: 26 estados e o Distrito Federal.

Entretanto, há Estados em que as unidades político-administrativas internas recebem outros nomes. Por exemplo, na Suíça, o Estado é dividido em cantões, enquanto na Argentina e na Rússia ele é dividido em províncias e repúblicas, respectivamente.

País

A palavra país vem do francês pays, que por sua vez vem do latim padjênsis, de págus, que significa pequeno povoado, aldeia. Indica também o território de uma aldeia.

Frequentemente, o termo “país” é usado como sinônimo de Estado; no entanto, há distinção entre eles. “País” é simplesmente denominação que se atribui a determinada porção da superfície terrestre reconhecida como sendo o território pertencente a um Estado soberano; “Estado”, por sua vez, corresponde à instituição que exerce poder sobre um território e sua população, dirigindo e organizando a vida social.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Qual Estado ou país você gostaria de conhecer? Por quê?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à questão proposta no boxe No seu contexto é pessoal. Leve um planisfério político para a sala de aula e localize os Estados ou países citados nas respostas dos alunos.

Percurso 2

Este Percurso introduz os conceitos de Estado, país, nação, território, povo e governo. Destaque articulações explicando, por exemplo, que é possível um Estado possuir e representar mais de duas nações. Pontue as relações de conflito, consenso e convivência entre nações que compartilham o mesmo Estado e o mesmo território.

Cite exemplos de Estados Plurinacionais, como o Peru, a Bolívia e o Equador, que reconhecem constitucionalmente as diferentes nações que os compõem. Discuta os avanços políticos e sociais que isso trouxe, considerando a construção de sociedades democráticas que valorizam o diálogo intercultural, promovendo a igualdade e reconhecendo a diversidade.

Tenha em mente que os conceitos de Estado, país, nação e território poderão ser aprofundados com base em situações concretas em diferentes momentos dos livros desta coleção. A noção de território, por exemplo, poderá ser explorada no Percurso 27 deste livro.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero oito gê ê zero cinco

O Percurso contribui para que os alunos desenvolvam a habilidade de articular os conceitos de Estado, país, nação, território, governo e povo. É importante que percebam que a divisão política do mundo está em constante alteração, decorrente de reivindicações, tensões e conflitos que envolvem questões vinculadas a esses conceitos. Tal compreensão é facilitada pelo uso de mapas e fotos como apoio às explicações e estímulo à discussão.

Esses materiais apresentam distintos exemplos sobre os temas abordados, como a questão de Quebec, no Canadá, as disputas entre Venezuela e República da Guiana pela região de Essequibo, os curdos e os bascos, entre outros. No que diz respeito às situações geopolíticas na América, ver o Percurso 27, Unidade 7; quanto às da África, ver a Unidade 8. Vale ressaltar, porém, que essas especificidades são aqui trabalhadas especialmente nas atividades propostas e nos materiais de apoio disponíveis, como os mapas.

Nação

A palavra nação vem do latim natío, de nátus, que significa nascido. Assim, ela nos dá a ideia de que nação consiste em um agrupamento social unido por um passado histórico comum que deu origem a uma identidade cultural. Os membros de uma nação têm características comuns relativas a costumes, língua, religião, tradições, crenças ou valores. Quando ocupam um território e se organizam politicamente, dão origem a um Estado ou Estado-nação.

Nem sempre, porém, há identidade completa entre o Estado e a nação. Há Estados com duas ou mais nações, que apresentam língua e traços culturais distintos. É o caso, por exemplo, do Canadá – Estado onde convivem populações indígenas, descendentes de colonizadores e imigrantes ingleses e franceses, entre outros. Parte dos descendentes de franceses tem a intenção de criar o próprio Estado, na província de Quebec, e já fez tentativas nesse sentido, sem, contudo, obter sucesso.

Canadá: línguas, províncias e territórios

Mapa. Canadá: línguas, províncias e territórios.  Mapa do Canadá com sua divisão em províncias e territórios e a indicação da porcentagem de pessoas que têm como língua materna o inglês ou o francês em cada território ou província.  De 50 a 80 por cento da população cuja língua materna é o inglês: Territórios no Noroeste, cuja capital é Yellowknife, Território de Nunavut, cuja capital é Iqaluit, Província de Saskatchewan, cuja capital é Regina, Província de Manitoba, cuja capital é Winnipeg, Província de Ontário, cuja capital é Toronto, e Província Novo Brunswick, cuja capital é Fredericton.  Mais de 80 por cento da população cuja língua materna é o inglês: Território de Yukon, cuja capital é Whitehorse, Província Colúmbia Britânica, cuja capital é Victoria, Província Alberta, cuja capital é Edmonton, Província Terra Nova Labrador, cuja capital é St. John´s, Província Nova Escócia, cuja capital é Halifax, e Ilha Príncipe Eduardo, cuja capital é Charlottetown. Mais de 80 por cento da população cuja língua materna é o francês: Província de Quebec, cuja capital é Quebec.  No total da população do Canadá: 58 por cento falam inglês, 22 por cento francês e 20 por cento outras línguas. Capital do país: Ottawa. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 500 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 78.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Em que províncias e território do Canadá mais de 80% da população tem o inglês como língua materna?

Orientações e sugestões didáticas

No Canadá, mais de 80% da população tem o inglês como língua materna nas províncias de Terra Nova e Labrador, Nova Escócia, Alberta, Colúmbia Britânica e no Território de Yukon.

Fotografia. Vista de uma rua repleta de pessoas; a maioria delas segura uma bandeira azul, com uma linha branca na vertical e outra na horizontal, formando uma cruz. Outras pessoas levantam e seguram cartazes com frases. Ao redor da rua, árvores.
Manifestação em defesa da independência da província de Quebec em 25 de junho de 1990. Em 1980, foi realizado um plebiscito, mas 59,5% da população se declarou favorável à manutenção da integração da província ao Canadá; em outro plebiscito, realizado em 1995, prevaleceu a opinião e a vontade dos 50,6% contrários ao separatismo quebequense.
Orientações e sugestões didáticas

É na base física do Estado, isto é, em seu território, que ele encontra os recursos necessários para sua própria existência e a da sociedade que representa. Aproveite para verificar os conhecimentos dos alunos sobre os principais recursos naturais presentes no mar territorial do Brasil. Para isso, questione: “Que riquezas do mar sob sua soberania o Brasil explora?”; “Como essa exploração é feita?”. Sugira uma pesquisa sobre o tema. Caso julgue conveniente, divida a turma em grupos para a busca das informações. Oriente os procedimentos de investigação necessários, indique sites, livros e demais materiais que possam colaborar na busca de informações e peça que apresentem os resultados em uma data previamente combinada.

Explique que o conceito de povo pode ser o mesmo de nação, desde que seja considerado o conjunto de indivíduos que constituem uma nação.

Comente que, em 2006, o governo canadense aprovou uma moção (proposta feita em assembleia) reconhecendo que a população de quebéc fórma uma nação dentro do Canadá.

A questão territorial e a diversidade cultural do Canadá poderão ser retomadas no Percurso 16, Unidade 4, deste livro, como conhecimento prévio para facilitar a compreensão do Acordo Estados Unidos, México e Canadá (u ésse ême cê á, sigla em inglês), acordo de livre-comércio entre os três países que substituiu o nome náfta (do inglês North American Free Trade Agreement), no final de 2018.

Atividade complementar

Os conceitos geográficos são fundamentais para o desenvolvimento do pensamento espacial e, por conseguinte, para a compreensão do mundo. Nem sempre eles são entendidos facilmente pelos alunos, daí ser necessário realizar atividades que possibilitem diagnosticar possíveis dificuldades e que colaborem para sua superação. O Percurso 2 aborda conceitos importantes. Providencie um dicionário de Geografia, que poderá ser impresso ou digital. Oriente os alunos a procurar os seguintes termos: Estado, país, nação, território, governo e povo. Peça a eles que comparem as definições encontradas com as definições oferecidas no Livro do Estudante. Por fim, organize-os em grupos; cada grupo deverá explicar aos demais, com as próprias palavras, o que significa um dos conceitos pesquisados. Nessa ocasião, aproveite para sanar possíveis dúvidas e imprecisões nas definições apresentadas.

Território

A palavra território vem do latim territórium, que significa terra. O território é a porção da superfície terrestre sobre a qual o Estado exerce soberania. É a base física do Estado e, além do território continental, compreende o espaço aéreo, as ilhas (caso as possua) e o mar territorialglossário (caso seja banhado pelo mar).

O território de um Estado é delimitado por fronteiras, que precisam ser reconhecidas por Estados vizinhos. Existem casos de discussões e disputas entre Estados por determinados territórios, o que dificulta a definição de suas fronteiras.

Na América, por exemplo, há uma disputa entre a Venezuela e seu vizinho do leste, a Guiana, pela região de Essequibo (observe o mapa). Segundo o governo venezuelano, essa região já pertencia à Venezuela antes da colonização da Guiana pelos ingleses no século dezenove, que dela teriam se apropriado. O impasse está sob mediação da côrte Internacional de Justiça, e até o início de 2022 ainda não havia sido resolvido.

Território de Essequibo

Mapa. Território de Essequibo. Mapa de área na porção norte da América do Sul englobando o território da Guiana, parte de Suriname, a leste, da Venezuela, a oeste, e parte da Região Norte do Brasil ao sul. O território da Guiana está em laranja, o da Venezuela em verde e o de Suriname e Brasil em amarelo claro neutro. Capital de Guiana: Georgetown, localizada no litoral.  Principais cidades: New Amsterdam e Morawhanna no litoral, e Orinduik, Issano, Bartica e Linden no interior. Território de Essequibo reivindicado pela Venezuela, hachurado em lilás: estende-se por toda a porção oeste do território da Guiana, a oeste do Rio Essequibo, que atravessa o país de sul e norte, desaguando no Oceano Atlântico. Estrada, representada por fio vermelho: atravessa a Guiana de Orinduik a New Amsterdam, passando por Issano, Bartica, Linden e Georgetown.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 110 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em ENCICLOPÉDIA do mundo contemporâneo. São Paulo/Rio de Janeiro: Publifolha/Terceiro Milênio, 2002. página 304.

Povo

A palavra povo vem do latim pópulus, que significa grande número de pessoas.

Juridicamente, povo corresponde à totalidade de pessoas que habitam determinado território ou conjunto de indivíduos que fórma a população de um Estado. Assim, podemos dizer: povo brasileiro, povo paraguaio, povo chinês, povo alemão etcétera.

Governo

A palavra governo tem origem na palavra latina governáre, que significa conduzir, dirigir, administrar. Governo é, assim, a autoridade governante que tem a responsabilidade de administrar um país, estado, província, município, região etcétera. Um governo é constituído por um conjunto de agentes (pessoas que exercem cargos políticos e técnicos) que pode ser temporário, a depender do regime político adotado em determinado país.

Orientações e sugestões didáticas

Na atualidade, predomina a fórma de governo republicana, cuja base é a “divisão de poderes” entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Na República, há dois sistemas de governo: o presidencialismo, em que o Executivo é independente do Parlamento (câmaras legislativas: Câmara dos Deputados e Senado Federal, no caso do Brasil), e o parlamentarismo, em que o Executivo depende do Parlamento. Lembre os alunos da outra fórma de governo, a Monarquia, e do regime de governo ditatorial, a Ditadura.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto Rumo ao Mar – rumár

https://oeds.link/BBvVQq

Na página do instituto, acesse o vídeo Amazônia Azul nossa última fronteira e descubra como, depois de diversos acordos e convenções internacionais, as medidas do mar territorial foram definidas e como estão atualmente.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

A separação do Sudão

Olá, bem-vindos a mais uma transmissão de Geografia!

Neste áudio, vamos fazer uma análise da divisão do Sudão e da criação do Sudão do Sul, países localizados no nordeste do continente africano.

Vamos começar?

Você sabia que o Sudão do Sul é um país recente na história mundial?

Você já deve ter estudado que, no mundo, há disputas entre diferentes grupos pelo controle de alguns territórios. 

Normalmente, os grupos humanos procuram se instalar em locais com os quais possuem relações históricas e onde há suficiente disponibilidade de recursos naturais.

A identidade dos diferentes grupos humanos pode ser definida por características diversas, como a etnia, as crenças religiosas e os tipos de organização econômica e política, entre outros fatores. 

A história do Sudão é fortemente marcada por conflitos decorrentes dessas diferenciações.  

O Sudão do Sul foi criado em 2011. Sua independência ocorreu após muitos conflitos entre diversos grupos étnicos. 

O próprio Sudão, de certa forma, também é um país recente, pois conquistou sua independência em 1956.

Entre o fim do século XIX e o início do século XX, a Inglaterra colonizou grande parte da região nordeste do continente africano. 

Durante a colonização, a Inglaterra separou e uniu, nos mesmos territórios, povos aliados e povos rivais, acirrando, assim, disputas territoriais e por recursos naturais.

Mesmo durante a independência do Sudão, em 1956, os diferentes grupos étnicos do país já entravam em conflito. 

Após a independência, os conflitos se agravaram, provocando duas extensas guerras civis e vários golpes ou tentativas de golpes militares. 

Na década de 1980, foi imposta em todo o país a sharia: um conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão e nos preceitos transmitidos por líderes religiosos.

Isso gerou conflitos no Sudão, pois, ao norte do país, predominavam grupos islâmicos; e ao sul, grupos cristãos e animistas.

Com base na sharia, muitos grupos do sul foram perseguidos, atacados e dizimados. 

Após a morte de mais de 2 milhões de pessoas e da diáspora de 4 milhões de refugiados, um acordo de paz, mediado pela Organização das Nações Unidas, a ONU, e pela União Africana, foi estabelecido entre as duas regiões do país, em 2005.

O acordo decidiu que seria feito um plebiscito em que a população votaria sobre a separação do sul, cristão, em relação ao norte, islâmico. 

O plebiscito aconteceu em janeiro de 2011, e 98,8% da população do sul votou pela separação do Sudão, com a criação do Sudão do Sul. 

Em 9 de julho de 2011, o país foi oficialmente criado.

A criação do novo país foi reconhecida pela ONU e pela União Africana, assim como pelo presidente do Sudão na época.

Porém, mesmo com o estabelecimento de novas fronteiras, algumas disputas continuam acontecendo.

No limite entre os dois países estão cidades importantes pela extração e refino de petróleo, alvos de disputa entre diferentes milícias contrárias ao acordo de paz. 

A maior parte das jazidas de petróleo ficou no território do Sudão do Sul, mas a maioria das refinarias e oleodutos localiza-se no Sudão, ao norte, que tem saída para o Mar Vermelho. 

Mesmo com a separação, o Sudão e o Sudão do Sul ainda são dependentes um do outro. 

O Sudão do Sul não tem saída para o mar, nem capital para empregar em extração, refino e transporte, atividades que exigem grandes investimentos. 

Divergências entre os líderes dos dois países e entre os diversos grupos internos contribuem para a instabilidade entre os dois Estados.

No Sudão do Sul, existem mais de 60 etnias diferentes, com idiomas e religiosidades distintas, o que dificulta a criação de um sentimento único de nação entre a população. 

Atualmente, o sentimento de nação ainda está sendo fortalecido.

Orientações e sugestões didáticas

Explique aos alunos que existem outras concepções de território: 1) política, concernente a todas as relações espaço-poder institucionalizadas, em que o território corresponde a um espaço delimitado e controlado, por meio do qual se exerce determinado poder; 2) econômica, na qual o território é visto como fonte de recursos e fôrças produtivas; 3) naturalista, que considera a ideia de território com base nas relações entre sociedade e natureza. Consulte, de Rogério raesbér da Costa, o capítulo 2 da obra O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade (sétima edição Rio de Janeiro: Bêrtrãn Brasil, 2012).

No livro do 6º ano, na Unidade 1, abordamos noções de território, incluindo a questão “território e poder”. Sugerimos voltar a abordar essa temática.

Sobre o papel da côrte Internacional de Justiça ou Tribunal Internacional de Justiça, esse é o principal órgão judicial da ônu. Criado em 1945, começou a funcionar em 1946 e está sediado em Haia (Países Baixos). Sua missão consiste em analisar e julgar casos relacionados às disputas de fronteira e áreas de litígio entre países com base no direito internacional público.

Os estudos deste Percurso possibilitam desenvolver os princípios de extensão e analogia do raciocínio geográfico ao propiciar momentos de discussão sobre o tamanho dos Estados, comparando-os, como um caso abordado na seção Rotas e encontros, na página seguinte. Também é introduzido o papel da ônu no reconhecimento da existência de um país e na mediação de conflitos e tensões. Esse debate está presente especialmente no conteúdo da seção Cruzando saberes, na página 21.

Ícone. Seção Rotas e encontros. Composto por uma placa amarela com o desenho de duas mãos se cumprimentando.

Rotas e encontros

O Estado do Vaticano, o menor do mundo

“O Estado da Cidade do Vaticano, o menor do mundo, foi oficialmente incorporado à comunidade internacional no dia 7 de junho de 1929 .

O Papa é um dos últimos monarcas absolutos do mundo. Seu poder temporal é exercido de maneira soberana e exclusiva em um território de 44 hectares.

Hoje, a população do Vaticano é de seiscentas pessoas que possuem a nacionalidade vaticana, incluindo cardeais e representantes diplomáticos da Santa Sé (núncios apostólicos), assim como outros religiosos e uma centena de oficiais e guardas suíços.

A nacionalidade vaticana não é concedida com base no iús sangu íni (‘direito de sangue’) nem no iús sóli (‘direito de solo’), mas em uma espécie de iús ofítchi estabelecido quando o indivíduo tem um emprego regular e vive de maneira estável no território.

O Estado Pontifício foi constituído para que a Igreja pudesse exercer com liberdade e independência a soberania espiritual através da Santa Sé, que se encarrega da administração material do território.

O Vaticano, que também opera como município, é administrado por uma comissão de cardeais presidida pelo cardeal que ocupa a Secretaria de Estado.

A Santa Sé também tem um jornal oficial, o L’Osservatore Romano, uma emissora, a Rádio Vaticano, museus e publicações em várias línguas.

O Vaticano emprega cêrca de 4700 religiosos e laicos, cujos salários representam uma parte muito importante dos gastos da Santa Sé .”

O Estado do Vaticano, o menor do mundo. Portal gê um, 12 março 2013. Disponível em: https://oeds.link/qTaccE. Acesso em: 11 fevereiro 2022.

Mapa. Mapa de parte da Europa com a localização da Itália, na Península Itálica, no Mar Mediterrâneo, e do Vaticano. A área do território italiano está na cor lilás. O Vaticano está representado por um ponto preto localizado na porção central da península.  Acima, rosa dos ventos e escala de 0 a 530 quilômetros.

Fonte: í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 43.

Fotografia. Vista de frente de uma praça grande, com piso de pedras, um obelisco no centro e, ao fundo, uma igreja com uma grande cúpula. Ao redor da praça, muitos pilares. Na praça há muitas pessoas em pé, caminhando ou observando a paisagem.
Vista da Praça de São Pedro e da Basílica de São Pedro, no Estado do Vaticano (2021). É a maior das igrejas do cristianismo e um dos locais cristãos mais visitados do mundo.

 Interprete

1. Aponte os aspectos políticos do Vaticano que permitem identificá-lo como um Estado.

 Argumente

2. Por que no Vaticano a nacionalidade é definida pelo iús, e não pelos iússangu íni ou pelo iús sóli?

 Viaje sem preconceitos

3. Muitas pessoas desrespeitam ou têm dificuldades para conviver com pessoas de outras crenças religiosas. E você, o que pensa a respeito disso e como age em situações de intolerância religiosa?

Orientações e sugestões didáticas

Competências

Com base no tema do direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, considere a necessidade de mobilizar a empatia, o diálogo, o respeito ao outro, a valorização da diversidade de indivíduos, grupos e crenças, estimulando atitudes de acolhimento e respeito a identidades e culturas, conforme recomenda a Competência Geral da Educação Básica 9: “Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”, e a Competência Específica de Ciências Humanas 4: “Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza”.

Temas contemporâneos transversais

Aborde temas relativos a Diversidade Cultural e Educação em Direitos Humanos. Por exemplo: reconhecendo o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, ressalte a importância da convivência ética e respeitosa entre praticantes de diversas religiões; comente que, além do catolicismo, existem outras religiões cristãs (protestante e ortodoxa) e não cristãs (islamismo, hinduísmo, budismo, judaísmo, animismo).

Respeitar e garantir o direito à liberdade de crença religiosa é fundamental para a desconstrução de preconceitos e à promoção da cultura de paz.

Interdisciplinaridade

Trabalhe com o professor de História aspectos da história do catolicismo e de sua relação com o Estado do Vaticano.

Respostas

  1. É reconhecido pela comunidade internacional; o poder papal é exercido soberana e exclusivamente no território; há uma nacionalidade correspondente a esse Estado.
  2. Deve ser considerado que o iús ofítchi se refere ao direito de indivíduos que possuem emprego regular e vivem estavelmente no território do Vaticano, a serviço do Estado Pontifício.
  3. Promova esse debate visando identificar e superar preconceitos. Oriente os alunos a expor suas opiniões e a dialogar respeitosamente sobre elas.

2. O mapa político do mundo está definido?

Não, pois há muitas nações que anseiam ter o seu próprio Estado. Até o início de 2022, existiam 197 Estados reconhecidos por outros Estados e 193 pela ônu – os seus 193 Estados-membros. O continente americano continha 35 Estados; a África, 54; a Ásia, 45; a Europa, 49; e a Oceania, 14 (consulte o planisfério político no final deste livro).

Apesar da existência de 197 Estados, há povos que vivem em territórios que lhes pertencem historicamente, mas que foram apropriados por outros povos, que lhes negam a independência. Vivem, portanto, sob o domínio de outros Estados e não governam o próprio território. Em alguns casos, não podem externar, sem medo de repressão, a própria cultura e suas tradições (língua, festas populares, religião etcétera.).

Existem muitos exemplos de nações nessa situação, entre as quais se destacam os chechenos, na Rússia, que reivindicam sua independência e a formação de seu Estado; os bascos, que habitam um território entre a Espanha e a França (observe o mapa A); os tibetanos, na Ásia, que se encontram sob a dominação do Estado chinês; os palestinos, no Oriente Médio; o povo curdo, espalhado pelos territórios da Turquia, do Irã, do Iraque, da Armênia e da Síria (consulte o mapa B); entre outros.

Espanha: País Basco

Mapa A. Espanha: País Basco. Mapa representando o território da Espanha, sua divisão em províncias e a localização das províncias históricas bascas. 
Portugal e parte do território da França, que fazem fronteira com a Espanha, são representados em amarelo claro neutro. O território das províncias está na cor laranja claro e o território das províncias históricas bascas está na cor laranja escuro.
Províncias espanholas: Andaluzia, Murcia, Castela La Mancha, Extremadura, Valença, Ibiza, Maiorca, Menorca, Madri, Castela e Leão, Aragão, Catalunha, Astúrias e Galícia. 
Províncias históricas bascas, com 20 mil 550 quilômetros quadrados: localizadas na porção norte da Espanha, próximo à fronteira com a França e com o Golfo de Biscaia: La Rioja, Cantábria, Navarra e País Basco; localizadas na porção sudoeste da França; Províncias Boule, Baixa Navarra e Labouro. 
Região autônoma do País Basco, 7.261 quilômetros quadrados, demarcada por linha na cor lilás: engloba parte do território das províncias de Cantábria, Navarra e País Basco.
No centro do território da Espanha, na Província de Madri, está a capital do país, Madri. À esquerda, divisa com Portugal. No norte, divisa com a França e ao sul com a África. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 150 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em BONIFACE, Pascal (). Atlas des relations internationales. Paris: Hatier, 1997. página 97.

Nota: Apesar da terminologia no título do mapa A, o País Basco não é um país independente. Os bascos se autodenominam país, ou seja, dão esse nome ao território por eles ocupado, e possuem autonomia, conquistada do governo espanhol. No entanto, continuam suas negociações com a Espanha para obter a independência e se tornar, de fato, um país.

O Curdistão histórico

Mapa B. O Curdistão histórico. Mapa de parte do território asiático representando parte da Arábia Saudita, o Kuwait, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Turquia, Armênia, Azerbaijão e Irã. Área ocupada pelos curdos, na cor laranja: estende-se na porção centro sul e oeste da Turquia, avançando em parte do território da Armênia; chega ao norte da Síria, às margens do Rio Eufrates, ao norte, nordeste e leste do território do Iraque, até avançar na porção oeste do Irã. Na Turquia, a área ocupada pelos curdos é banhada em grande parte pelos rios Tigre e Eufrates e, no Iraque, pelo rio Tigre.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 160 quilômetros.

Fonte: . O Oriente Médio. terceira edição São Paulo: Atual/unicâmpi, 1985. página 48.

Vê-se, assim, que o mapa político do mundo não é definitivo. Esses e outros povos poderão ainda vir a ser detentores de seus Estados, alterando a configuração atual dos países e o mapa político do mundo.

Orientações e sugestões didáticas

Discuta os mapas do País Basco e do Curdistão histórico, chamando a atenção para as fronteiras entre os países e para a presença dos povos mencionados. Esclareça aos alunos que os bascos têm cultura própria, sobretudo pela língua (euscara). cêrca de 2 milhões de bascos estão na Espanha e aproximadamente 280 mil na França. Desde o fim do século dezenove, organizaram um movimento nacionalista pela independência, que cresceu no final dos anos 1950. A organização separatista Pátria Basca e Liberdade (êta) usou a luta armada para conseguir seus propósitos; em janeiro de 2011, abandonou o uso de armas e, em 2012, com a vitória nas eleições regionais do Partido Nacionalista Basco, ficou mais forte e passou a defender uma reforma constitucional com a inserção de artigo sobre “o direito de decidir”.

Comente com os alunos o caso da Catalunha (em espanhol, Cataluña; em catalão, catalúnia), localizada no nordeste da Espanha, entre a Cadeia dos Pireneus e o delta do Rio Ebro, que fórma uma comunidade que goza de certa autonomia em relação ao governo central espanhol. Em 1º de outubro de 2017, após a realização de um referendo sobre sua independência em relação à Espanha, com 2,26 milhões de votos e a aprovação de 90,09% deles, em meio a conflitos com as fôrças policiais espanholas, os catalães declararam independência; no entanto, a votação foi considerada ilegal e não foi reconhecida pelo governo espanhol, como também não obteve reconhecimento internacional.

Informe que em 9 de julho de 2011 foi criado o Sudão do Sul, resultante do desmembramento territorial do Sudão, e que Vaticano, taiuã, cossôvo e Saara Ocidental não são países-membros da ônu.

Ícone. Seção Cruzando saberes. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa atravessando na faixa de pedestres.

Cruzando saberes

Segunda divisão da ônu

“Nas ruas de Hargésia, capital da Somalilândia, mulheres trabalham trocando notas de dólar e euro por maços de xelim somalilandês ao lado de carrinhos de sorvete que aplacam os mais de 40 graus Célsius, lan housesglossário e consultórios dentários. Já o governo, eleito democraticamente, consegue equilibrar a lei islâmica, costumes tribais e a tradição constitucional do Ocidente O único problema é que a Somalilândia não existe.

Há muitos lugares como a Somalilândia. São os quase países, que vivem na segunda divisão das relações internacionais: embora tenham um governo que, bem ou mal, funciona, não conseguem a ascensão para a ‘série A’, onde estão os membros da ônu. Alguns são tão pequenos que você pode ser paciente do próprio ministro da Saúde. Mesmo assim, têm Câmara de Deputados e uma fôrça policial independente.

A Somalilândia e a Transnístriaglossário possuem até moeda própria – coisa que mesmo alguns paí­ses reconhecidos não têm, como o Equador, o Timor Leste e, mais recentemente, o Zimbábue, que adotaram o dólar. Mas como assim ‘quase países’?

Bom, se você cercar o seu bairro, começar a ditar as leis ali, recolher impostos e tiver fôrça militar para enfrentar o Exército quando o Brasil retaliar, terá criado um Estado nacional. Mas esse é só o primeiro passo. O outro é ser reconhecido como país pelas nações veteranas. Se isso não acontece, a comunidade internacional vai continuar considerando o seu bairro como parte do Brasil. Nisso você não poderá receber empréstimos de bancos mundiais nem participar de organizações de comércio internacional. É exatamente o que acontece com os países que não têm cadeira na ônu.

.”

HORTA, Maurício; VIEIRA, Uilian. Segunda divisão da ônu. Superinteressante, São Paulo, edição 283, outubro 2010. Seção Atualidades.

Mapa. Mapa da porção central e leste do continente africano e da península arábica com destaque para a Somalilândia. Os países da África e da península arábica estão na cor amarelo claro neutro e a Somalilândia na cor laranja. A Somalilândia está localizada na porção leste da África, na porção norte do território da Somália, fazendo fronteira com Etiópia e Djibuti. Acima, rosa dos ventos e escala de 0 a 660 quilômetros.

Fonte: SOMALILÂNDIA. Disponível em: https://oeds.link/fnkk2I. Acesso em: 19 janeiro 2022.

 Interprete

1. De acordo com o texto, explique por que a região conhecida como Somalilândia “não existe”.

 Argumente

2. Por que é importante reconhecer as identidades nacionais e permitir que povos fundem seu Estado ou país?

 Viaje sem preconceitos

3. Muitos povos, dominados por outros, são alvo de preconceitos étnico, religioso ou de nacionalidade tão intensos que chegam a ameaçar a vida de suas populações. No cotidiano, preconceitos são gerados pelas desigualdades e pelo desrespeito às diferenças (políticas, socioeconômicas, étnicas, regionais, de gênero, de orientação sexual, geracionais – crianças, adolescentes e idosos etcétera). No seu dia a dia, você busca enxergar o mundo do ponto de vista do outro ou respeitar as diferenças entre as pessoas?

Orientações e sugestões didáticas

Interdisciplinaridade

Com base no exemplo do texto e em outros, desenvolva um projeto com o professor de História sobre o princípio da autodeterminação dos povos, contextualizando-o historicamente e problematizando-o, levando em consideração fatos atuais. Esse princípio aparece na Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776), na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Revolução Francesa, 1789), em declarações de independência de países latino-americanos e, posteriormente, na origem da Liga das Nações (1919), na Carta das Nações Unidas (1945) e na Declaração Relativa aos Princípios do Direito Internacional Regendo as Relações Amistosas e Cooperação entre os Estados Conforme a Carta da ônu (1970).

Respostas

  1. Porque não é reconhecida internacionalmente e não está entre os países-membros da ônu.
  2. Permita que os alunos argumentem e propicie o debate. Eles devem considerar o direito que os povos têm de se autogovernar e de decidir sobre suas políticas, com base no princípio da autodeterminação dos povos, e também a importância de princípios democráticos.
  3. Espera-se que os alunos reflitam sobre sua atuação cotidiana em relação ao outro. Permita que eles se manifestem e expressem suas opiniões. Dialogue sobre a relevância do respeito ao próximo e chame a atenção para o caráter recíproco do respeito e da empatia; isto é, se há direito a ser respeitado, isso implica o dever de respeitar o direito do outro em ser respeitado. A reflexão proposta na questão contribui sobremaneira para fortalecer a cultura de paz. Para apoiar o trabalho com a cultura de paz e não violência com os alunos, sugerimos consultar e selecionar artigos, textos, cartilhas e vídeos no site da Associação Palas atêna, uma organização da sociedade civil que desenvolve trabalhos que visam estimular o potencial de uma educação cidadã e desenvolver o bem-estar individual e coletivo (disponível em: https://oeds.link/gQ2jXW; acesso em: 19 janeiro 2022).

Temas contemporâneos transversais

O texto da seção Cruzando saberes permite abordar questões pertinentes aos temas Diversidade Cultural e Educação em Direitos Humanos. Por exemplo, explique e problematize o princípio da autodeterminação dos povos. Este se baseia na identidade cultural distinta dos povos e é considerado o direito de eles se governarem e determinarem a situação política e jurídica do território que ocupam.

Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 1 e 2

Registre em seu caderno.

  1. Do ponto de vista geográfico-geológico, quantos e quais são os continentes?
  2. Explique se há algum critério para diferenciar ilha e continente, levando em conta os casos da Groenlândia e da Austrália.
  3. Faça a distinção entre os conceitos de Estado e país.
  4. Explique o que é o território de um Estado e o que ele abrange.
  5. Cite pelo menos dois povos ou duas nações que desejam criar o próprio Estado, mas se encontram sob a dominação de outros.
  6. No sentido político, o que significa a palavra “estado” escrita com letra inicial minúscula?
  7. Aponte as características que definem uma nação.
  8. O que você entende por povo?
  9. Observe o planisfério e responda às questões.

Mundo: os continentes e sua distribuição nos hemisférios

Mapa. Mundo: os continentes e sua distribuição nos hemisférios.  Planisfério representando os continentes, os principais paralelos e o meridiano de Greenwich.  O meridiano de Greenwich é representado por linha vertical, dividindo o planisfério em porção leste e porção oeste. O meridiano atravessa parte da África, representada em amarelo, e parte da Europa, representada em lilás. À leste do meridiano de Greenwich estão a Oceania, representada em marrom, a Ásia, em rosa e parte da Europa e da África.  Na porção a oeste do meridiano de Greenwich, está parte da Europa e da África e a América, representada em verde.  O planisfério é dividido em dois por linha horizontal, o Equador. O Equador atravessa a América, a África e a Ásia. Ao norte do Equador, há porção norte da América, porção norte da África, Europa e grande parte da Ásia. Ao sul do Equador, há parte da América e da África, ilhas da Ásia, Oceania e Antártida. No canto inferior direito, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.580 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 34.

  1. Qual é o meridiano que “divide” a Terra em hemisférios Oriental e Ocidental? Que continentes ele “corta”?
  2. Qual é a linha imaginária que “divide” a Terra em hemisférios Setentrional ou Norte e Meridional ou Sul?
  3. A maior parte da superfície terrestre é ocupada por oceanos e mares ou por terras emersas? Explique sua resposta.
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Do ponto de vista geográfico‑geológico existem quatro continentes: o Euro‑Afro‑Asiático, o Americano, o Antártico e o da Oceania.
  2. Não há uma medida, nem mesmo um conceito para diferenciar continente de ilha. No entanto, há muito tempo considerou-se continente todas as terras emersas com área superior à da Austrália (7.692.024 quilômetros quadrados), e ilha, todas com área inferior à da Groenlândia (2.166.086 quilômetros quadrados), que é a maior ilha do mundo.
  3. Estado corresponde à organização política, administrativa e jurídica de uma sociedade, com governo próprio e soberania sobre o seu território. País refere-se à denominação, ou seja, à designação geográfica que se atribui a determinada porção da superfície terrestre reconhecida como sendo o território pertencente a um Estado soberano.
  4. O território é a porção da superfície terrestre sobre a qual o Estado exerce sua soberania. É a base física do Estado e compreende, além do território continental, o espaço aéreo, o mar territorial e as ilhas, caso as possua.
  5. Podem ser citados os palestinos, os tibetanos, os bascos e os chechenos. Mas há também os povos da Catalunha, na Espanha; de chindjá, na China; da Transnístria, na Moldávia; os curdos no Oriente Médio etcétera.
  6. Escrita com inicial minúscula, a palavra estado corresponde à divisão de um Estado em unidades político-administrativas. No caso do Brasil, o país é dividido em 27 unidades político-administrativas, sendo 26 estados e o Distrito Federal.
  7. Agrupamento social unido por um passado histórico comum que deu origem a uma identidade cultural. Os membros de uma nação têm características comuns relativas a costumes, língua, religião, tradições, crenças e valores.
  8. Corresponde à totalidade de pessoas que habita determinado território ou conjunto de indivíduos que fórma a população de um Estado. A palavra povo vem do latim pópulus, que significa “grande número de pessoas”.
    1. É o meridiano de , o Meridiano de Greenwich ou Meridiano de Origem. Ele “atravessa” os continentes europeu, africano e antártico.
    2. É a linha equatorial ou linha do Equador.
    3. A maior parte da superfície terrestre é ocupada por oceanos e mares, que representam aproximadamente 71% do planeta.

10. No decorrer da história, as sociedades humanas demarcaram territórios e fronteiras, fundando Estados ou países. Interprete o mapa e responda às questões.

Mundo: fronteiras dos países

Mapa. Mundo: fronteiras dos países.  Planisfério político com a identificação das datas em que as fronteiras entre os países foram definidas. Tons de laranja claro ao marrom identificam as datas: quanto mais escuro, mais antiga foi a definição. A partir de 1990: diversos países da porção norte e central da Ásia e da Europa; alguns países na porção leste da África e alguns do Sudeste Asiático. 1966 a 1989: alguns países no sul da África, no Oriente Médio, no Sudeste Asiático e, na América do Sul, Guiana e Suriname.   1946 a 1965: maior parte dos países da África, alguns países da Europa e diversos países na Ásia Central.  1915 a 1945: países da América do Sul, com exceção de Guiana, Suriname e Uruguai.   1850 a 1914: Estados Unidos, México, Mongólia, Irã, Austrália.  1800 a 1849: alguns países da América Central e Tailândia.   Antes de 1800: países da Península Ibérica, país ao norte da Índia e país da América Central.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: LE GRAND atlas du XXIe siècleParis: Gallimard, 2013. página trinta e um.

  1. Compare esse mapa com o planisfério político da página 278 e cite os Estados ou países que definiram suas fronteiras antes de 1800.
  2. De acordo com o mapa, as fronteiras do Brasil foram definidas entre quais datas?
  3. Cite pelo menos três países que estabeleceram suas fronteiras após 1990.

11. Leia o fragmento de texto sobre o geógrafo grego Estrabão (58 antes de Cristo-21-25 Depois de Cristo) e responda às questões.

Admitiu a existência de cinco zonas terrestres – a tórrida, duas temperadas e duas glaciais. Entretanto, sem justificar perfeitamente sua opinião, afirmou que somente a zona temperada boreal era habitável; a tórrida e as glaciais, em virtude de temperaturas excessivas, não permitiam a vida humana.

AZEVEDO, Aroldo de. O mundo antigo: expansão geográfica e evolução da Geografia. São Paulo: edúspi déza, 1965. página 151.

  1. Considerando o período em que Estrabão viveu, que avaliação você faz a respeito do conhecimento desse geógrafo?
  2. Quando Estrabão se referiu à zona temperada boreal, que de acordo com ele seria a única habitável, de qual hemisfério da Terra ele estava falando?

12. Em grupo, realize uma investigação sobre a Lei Orgânica do município onde vocês moram. Essa é a lei maior do município, e é por meio dela que ele é governado ou administrado. Ela representa para o município o mesmo que a Constituição Federal representa para o país ou para o Estado brasileiro. Localize na Lei Orgânica do seu município quem constitui o Poder Municipal e quais são suas atribuições.

Orientações e sugestões didáticas
  1. Portugal e Espanha.
  2. Entre 1915 e 1945.
  3. Entre outros exemplos, podem ser citados: Rússia, Cazaquistão, Ucrânia, Alemanha (na Eurásia); Namíbia, Sudão e Sudão do Sul (na África).
  1. Ao identificar o período em que Estrabão viveu (58 antes de Cristo-21-25 Depois de Cristo), conclui-se que as observações desse geógrafo correspondem ao que se sabe nos dias atuais sobre as zonas de iluminação e aquecimento da Terra. Apenas não procede a menção por ele feita às zonas habitáveis.
  2. Estrabão referia-se ao Hemisfério Norte, ou seja, à zona temperada do norte, conforme indica o adjetivo boreal. Essa atividade favorece a leitura inferencial, uma vez que o aluno precisa depreender significados não explícitos no texto, articulando as informações textuais ao seu repertório pessoal.

12. Consolide a noção de governo e introduza os alunos à prática da cidadania. Ao acessar a Lei Orgânica do município onde residem, poderão constatar que o Poder Municipal é exercido pelo Executivo (prefeito) e pelo Legislativo (Câmara dos vereadores), quando, então, poderão citar suas atribuições.

PERCURSO 3 DIVERSOS MODOS DE VER E ESTUDAR O MUNDO

1. A escala dos estudos geográficos

A Geografia estuda o espaço segundo os seus aspectos físicos ou naturais – relevo, solo, clima, formações vegetais nativas etcétera. – e suas interações. Ela também estuda o espaço segundo as diversas intervenções que as sociedades humanas realizaram nele – que podem ser sociais, econômicas, culturais, políticas etcétera. –, além das relações e da interdependência que existem entre elas e os aspectos naturais.

O estudo do espaço geográfico pode ser realizado de acordo com várias escalas (dimensões do espaço), dependendo do interesse de quem se propõe a estudá-lo – pode ser referente a paisagem, lugar, território, região, país, continente, mundo etcétera.

Há, assim, multiplicidade de escalas para o estudo geográfico, como também diversidade de temas ou assuntos estudados pela Geografia.

2. Vários mundos em um só

Podemos observar, estudar e regionalizarglossário o mundo de diferentes maneiras. Se a intenção é estudá-lo do ponto de vista físico, é possível fazê-lo com base nas fórmas de relevo, nos tipos de solo e clima e na vegetação natural, além da combinação desses elementos, que, por sua vez, definem as paisagens naturais da Terra.

Se a intenção é o estudo das sociedades humanas, podemos fazê-lo com base em uma multiplicidade de aspectos: o mundo dividido em continentes, países ou Estados (como estudamos nos Percursos 1 e 2), religiões, línguas, etnias ou culturas, escolaridade, nível de desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social, além de muitos outros.

3. O mundo físico

Há diversas paisagens naturais na Terra que resultam da combinação e da interação dos elementos naturais ou físicos nas diversas regiões do planeta.

Com base nessa combinação e interação, podemos regionalizar a Terra em cinco grandes paisagens naturais ou climáticas: polares, temperadas, tropicais, desérticas e de altas montanhas (consulte o mapa da página seguinte). Essa é uma das fórmas de ver o mundo e de estudá-lo.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

Desertos não tão desertos.

Direção: Marcelo felizóla; Dario arcéla. Argentina: Programas Santa Clara, 1994. Duração: 23 minutos

Imagine passar um dia no deserto. Nesse vídeo você conhecerá de que fórma a fauna e alguns seres humanos se adaptam a esse meio e às mudanças de temperatura que ali ocorrem.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 3

Este Percurso aborda distintas fórmas de regionalização do espaço mundial e enfoca o período pós-Segunda Guerra Mundial para compreender como países latino-americanos e africanos participaram de um mundo dividido em dois grandes blocos, comandados pelos Estados Unidos e pela União Soviética, que disputavam entre si a hegemonia mundial. Isso gerou distintas situações geopolíticas e regionalizações que deixaram marcas ainda hoje, mas que em alguns aspectos foram superadas.

Sugerimos retomar com os alunos a noção de que existem diferentes critérios para a regionalização do território, conteúdo abordado no Percurso 3 da Unidade 1, no livro do 7º ano.

O diálogo com o componente curricular História colabora para o desenvolvimento dos conteúdos trabalhados, conforme propostas interdisciplinares.

Em relação ao segundo e ao terceiro parágrafos desta página, explique que o termo escala, neste caso, não se refere ao elemento cartográfico que diz respeito à proporção em que houve redução da realidade na representação. Trata-se, pois, da dimensão considerada no estudo de um fenômeno geográfico. Por exemplo, o estudo das migrações no mundo requer considerações e observações sobre informações espaciais diferentes das requeridas no estudo das migrações no lugar onde o aluno vive. No primeiro caso, cabe ressaltar os movimentos populacionais entre continentes, o modo como os Estados lidam com os fluxos, as leis dos países, entre outros aspectos; no segundo, os principais atores a serem destacados são, por exemplo, as pessoas, as famílias e as cidades.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero oito gê ê zero cinco
  • ê éfe zero oito gê ê zero oito

O conteúdo estudado no Percurso 3 possibilita aos alunos aprofundar e aplicar seus conhecimentos sobre regionalização do espaço, especialmente por meio de critérios político-econômicos. Priorizando o período pós-Segunda Guerra Mundial, os temas abordados subsidiam a aplicação de conceitos pertinentes à compreensão de situações geopolíticas, como Estado, país, nação, território e governo. Além disso, mobilizam habilidades de identificar e examinar as situações de países como o Brasil e grandes regiões, como a América Latina e a África, na ordem mundial da Guerra Fria e pós-Guerra Fria.

Mundo: grandes paisagens naturais ou climáticas

Mapa. Mundo: grandes paisagens naturais ou climáticas.  Planisfério com a localização de grandes áreas de ocorrência dos principais tipos de clima na Terra. Cada tipo de clima está representado por uma cor diferente.  Região de clima frio polar ou semipolar: predomina em toda a porção norte de América, Europa e Ásia e em toda a Antártida.  Região de clima temperado e subtropical: predomina na porção centro leste da América do Norte e sul da América do Sul, no extremo sul da África e da Oceania, no leste da Ásia e na Europa. Região de clima tropical: toda a América Central, porção norte e central da América do Sul, porção central e sul da África, sul e sudeste da Ásia e norte da Oceania.  Região de clima desértico e semidesértico: faixa estreita no sul da América do Norte, extensa área no norte da África, Oriente Médio, Ásia central e porção central da Oceania. Região de altas cadeias de montanhas: faixa que vai do norte até o sul da costa oeste da América do Norte e da costa oeste da América do Sul, pequenas áreas no centro-leste e norte da África e no centro da Europa e faixa no centro leste da Ásia.  Ao lado, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.280 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em Atlas Bordas géographique. Paris: Bordas, 1996. página 7.

4. O mundo das sociedades humanas: múltiplas regionalizações

Ao observarmos o mundo do ponto de vista das sociedades humanas, é possível perceber as diferenças e as desigualdades entre os Estados ou países do mundo.

Entre os países há diferenças quanto ao desenvolvimento científico, tecnológico, além de desigualdades sociais e econômicas. A partir desse momento e no Percurso 4, conheceremos alguns modos de ver e estudar o mundo sob a perspectiva das sociedades humanas. Começaremos por algumas regionalizações que surgiram a partir do término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), destacando as situações da África e da América na ordem mundial estabelecida no pós-guerra.

Regionalizações após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Logo após a Segunda Guerra Mundial, surgiu uma ordem mundial caracterizada por dois grandes centros de poder que deram origem a um mundo bipolar: de um lado, os Estados Unidos da América; e de outro, a União Soviéticaglossário .

A Segunda Guerra Mundial se deu entre duas grandes coalizões militares: a dos Países Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética – o Brasil esteve ao lado dos Aliados) – e a dos Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Consulte o mapa da página seguinte.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

O dia seguinte.

Direção: nícolas méier. Estados Unidos da América: Gina Production/Universal Pictures, 1983. Duração: 123 minutos

O filme retrata o dia posterior a uma explosão nuclear em uma guerra entre duas superpotências.

Orientações e sugestões didáticas

Comente que a regionalização é feita, geralmente, para fins de organizar o pensamento espaçotemporal e o raciocínio geográfico. Ela permite observar como o espaço geográfico se organiza e escolher qual compreensão do arranjo territorial pode ser usada para fins de planejamento e intervenção na realidade com o objetivo de transformá-la. É importante destacar o sentido prático da regionalização no âmbito das políticas públicas.

Destaque a diversidade de critérios com base em condicionantes humanos e sociais com que é possível regionalizar o planeta. Aqui são privilegiados fenômenos geográficos de caráter político-ideológico e econômico.

O critério de regionalização baseada nos condicionantes físico-naturais mais usados costuma ressaltar o fator climático. Chame a atenção dos alunos, porém, para o fato de que é possível enfatizar outros fatores, como o relevo ou a vegetação. Assim, é correto se referir à “região dos Cerrados” ou à “região da planície pantaneira”, por exemplo.

Atividade complementar

Peça aos alunos que expliquem a regionalização oficial do Brasil segundo o í bê gê É e digam qual é a sua importância para o poder público e para os estudos geográficos.

Segunda Guerra Mundial – 1939-1945

Mapa. Segunda Guerra Mundial, 1939, 1945.  Em amarelo, território alemão em 1 do 9 de 1939, compreendendo a Alemanha, a Prússia (porção descontínua do território à leste) e os territórios anexados da Áustria e parte da Eslováquia.  Em marrom claro, território italiano em 1 do 9 de 1939, compreendendo a Itália e a Albânia, no continente europeu, e a Líbia, na África.  Em laranja, Estados aliados do Eixo Roma-Berlim, compreendendo Finlândia, Eslováquia, Romênia, Hungria e Bulgária.  Em rosa claro, Estados neutros, compreendendo Portugal, Espanha, Suíça, Irlanda, Suécia e Turquia. Em rosa, Reino Unido e territórios sob controle britânico, compreendendo o Reino Unido, na Europa; o Egito, na África; e Palestina, Transjordânia, Líbano, Síria e Iraque, no Oriente Médio.  Em verde bem claro, territórios ocupados pela Alemanha em 1939, compreendendo parte da Polônia.  Em verde claro, territórios ocupados pela Alemanha em 1940, compreendendo Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e a maior parte da França.  Em verde vivo, territórios ocupados pela Alemanha em 1941, compreendendo Grécia, Iugoslávia, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia e parte do oeste da União Soviética, aproximando-se da cidade de Moscou.  Em verde escuro, territórios ocupados pela Alemanha em 1942, compreendendo o sul da França, na Europa; a Tunísia, na África; e parte da União Soviética à leste da área conquistada em 1941, aproximando-se da cidade de Stalingrado. Uma seta rosa contínua indica o avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1943 que vai da porção leste no norte da Líbia a Trípoli, cidade na porção norte-oeste da Líbia.  Uma seta rosa tracejada indica o avanço das forças aliadas sob o comando soviético; ela vai da União Soviética em direção a oeste no continente europeu. Uma seta marrom contínua indica o avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1944; ela vai do sul da França em direção ao norte, e da França em direção a Bélgica e Países Baixos.  Uma seta marrom descontínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando soviético; ela vai da União Soviética em direção a Cracóvia e Varsóvia na Polônia.   Uma seta lilás contínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando anglo-americano em 1945, ela vai dos Países Baixos em direção ao norte da Alemanha e do sudeste da França em direção à Áustria.  Uma seta lilás descontínua indica a direção do avanço das forças aliadas contra o Eixo sob o comando soviético em 1945; ela vai da Prússia em direção ao norte da Alemanha, de Varsóvia, na Polônia, em direção à Alemanha, de Budapeste, na Hungria, em direção à Alemanha, da Sicília em direção ao sul da Itália e de Nápoles em direção ao norte da Ioguslávia e sul da França.  Uma linha vermelha representa a linha de contato entre ocidentais e soviéticos em 1945. Ela atravessa a Alemanha no sentido norte-sul. No mapa, localiza-se a cidade de Vichy, no sul da França, como parte do território ocupado pela Alemanha em 1942.  No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 450 quilômetros.

Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. página 146.

Nota: França de Vichy ou República de Vichy resultou de um acordo realizado entre o general francês filíp petã e a Alemanha nazista quando esta ocupou o norte e o oeste da França. O sul, onde se estabeleceu a França de Vichy, tornou-se um Estado "fantoche" da Alemanha.

Após essa guerra, a ordem mundial passou a ser comandada pelas duas superpotências vencedoras: os Estados Unidos e a União Soviética, que passaram a competir entre si pela liderança no mundo. Essa competição implantou uma ordem mundial bipolarizada, ou uma ordem mundial bipolar – que tem dois polos, dois centros de atração.

Cada uma dessas superpotências procurava ampliar a sua área de influência sobre os demais países do mundo.

Na verdade, além dos interesses econômicos, havia entre elas uma disputa ideológicaglossário . Os Estados Unidos representavam o sistema capitalista e a União Soviética, o sistema socialista. Se, por um lado, os Estados Unidos procuravam impedir que o socialismo se expandisse ou fosse implantado em outros países – o que representaria perda de sua influência política, comercial e de investimentos –, por outro, a União Soviética agia para expandir o socialismo, implantando-o em vários países, como ocorreu, por exemplo, na Europa Oriental, após a Segunda Guerra Mundial (consulte o mapa da próxima página).

Orientações e sugestões didáticas

Promova a leitura e a interpretação conjunta do mapa a fim de diagnosticar possíveis dificuldades de compreensão e inserir as explicações necessárias para repará-las. Destaque, no mapa, os territórios da Alemanha e da Itália no início do conflito, bem como os Estados que se aliaram ao Eixo Roma-Berlim durante a guerra. Oriente a observação dos alunos para o avanço da ocupação da Alemanha nazista sobre diversos territórios da Europa e da África entre 1939 e 1942. Em relação aos países Aliados, ressalte o movimento de reação militar, principalmente a partir de 1943, quando as fôrças aliadas de leste, sob comando soviético, e de oeste, sob comando anglo-americano, passaram a avançar contra o Eixo, reavendo os territórios que haviam sido invadidos e se encontravam controlados pelos nazistas.

Explique aos alunos que socialismo corresponde ao sistema de organização da vida econômica e social em que não há propriedade privada dos meios de produção. Indústrias, comércio, edifícios, armazéns, fontes de energia, jazidas minerais, meios de transporte, terras, além dos serviços de educação e saúde, são propriedades do Estado. É, portanto, um sistema muito diferente do sistema capitalista, no qual vivemos.

A divisão da Europa em 1949

Mapa. A divisão da Europa em 1949. Mapa da Europa com a divisão política de 1949. Os países estão representados por cores de acordo com a influência que recebiam, ocidental, soviética ou neutra e os Estados beneficiados pelo Plano Marshall estão hachurados.  Zona de influência ocidental (Estados Unidos), em verde escuro: Chipre, Grécia, Itália, Áustria, França, Bélgica, Países Baixos, República Federal da Alemanha ou Alemanha Ocidental, Dinamarca, Noruega, Reino Unido e Islândia. Estados pró-ocidentais não engajados em 1945, em verde claro: Turquia, Espanha e Portugal. Estados neutros, em lilás: Suécia, Finlândia, Irlanda e Suíça. Zona de influência soviética, em rosa claro: Polônia, República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Ioguslávia, Bulgária e Albânia.  União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em rosa escuro. Estados beneficiados pelo Plano Marshall, hachurados: Portugal, França, Itália, Grécia, Chipre, Turquia, Bélgica, Países Baixos, República Federal da Alemanha, Suíça, Áustria, Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Reino Unido, Irlanda e Islândia. Na parte inferior à esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 300 quilômetros.

Fonte: BONIFACE, Pascal (dir.). Atlas des relations internationales. Paris: Hartier, 2003. página 23.

Nota: Em 1993, a Tchecoslováquia se desmembrou em dois países: a República Tcheca e a República Eslovaca. Em 1991 e nos anos seguintes, a Iugoslávia se desmembrou em seis: Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Croácia, Eslovênia e Macedônia (denominada, a partir de 2019, de Macedônia do Norte).

Esse período de disputa pela hegemonia ou liderança da ordem mundial entre o bloco de países capitalistas – liderado pelos Estados Unidos – e o dos países socialistas – liderado pela União Soviética – perdurou de 1947 até a desagregação da União Soviética em 1991 e ficou conhecido nas relações internacionais e na história com o nome de Guerra Fria.

A Guerra Fria marcou o confronto indireto entre as duas superpotências não apenas na disputa por áreas geográficas de influência, mas também na corrida armamentista e espacial, assombrando o mundo com a possibilidade de outra guerra mundial, situação agravada pelo fato de as duas superpotências possuírem mísseis de longo alcance e bombas atômicas ou nucleares.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

FERREIRA, Edson Alberto Carvalho.

Nova ordem mundial. São Paulo: Núcleo, 1997.

O livro aborda o colapso do socialismo, as crises dos Estados e os surtos de separatismos ocorridos com o fim da Guerra Fria.

Orientações e sugestões didáticas

Explique que, ao final da Segunda Guerra Mundial, a Europa – principal campo de batalha do conflito – encontrava‑se devastada. Grande parte das cidades, das indústrias, dos campos de cultivo e dos sistemas de transporte (ferrovias, aeroportos, rodovias, portos marítimos e fluviais etcétera) estava destruída. Em 1947, o secretário de Estado dos Estados Unidos, djêordji Marshall, e seus assessores elaboraram um plano para a recuperação econômica europeia. O Plano Marshall, como ficou conhecido, foi aplicado em 1948 e oferecia, entre outras vantagens, a importação de produtos estadunidenses a preços baixos, créditos para a importação de equipamentos e empréstimos a juros reduzidos e com vencimento em longo prazo.

Além dos interesses econômicos dos Estados Unidos, havia no Plano Marshall motivações geopolíticas: a principal era manter o sistema capitalista nos países europeus, diante do avanço do socialismo.

Compare o mapa desta página com o da página anterior. Converse sobre as mudanças observadas na Europa do período da Segunda Guerra Mundial a 1949. Destaque o fato de que Estados Unidos e União Soviética se aliaram no decorrer do conflito, mas, após o seu término, inauguraram uma nova fase da ordem mundial, marcada pela bipolarização geopolítica mundial, a Guerra Fria. Remeta-os ao mapa “O mundo bipolar dos anos 1980”, na atividade 11, página 40.

Competência

Há uma série de filmes e livros que exploram as rivalidades entre as superpotências que marcaram a Guerra Fria. Alguns deles são indicados nos boxes Pausa para o cinema e Quem lê viaja mais. Tenha em mente que o uso de outras linguagens, como a cinematográfica, a jornalística e a literária, são úteis para a compreensão de temas importantes para a Geografia. Procure fazer uso dessas indicações a fim de promover o interesse e a curiosidade dos alunos e desenvolver a Competência Geral da Educação Básica 3: “Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural”.

Fotografia em preto e branco. Vista de um avião no ar; ele possui o desenho de uma estrela nas asas e na parte traseira. Abaixo dele, o oceano e uma grande plataforma para pouso.
Aviões bombardeiros dos Estados Unidos retornam para porta-aviões após completarem missão contra alvos japoneses no Mar da China, durante a Segunda Guerra Mundial (janeiro de 1945).

Regionalização em países desenvolvidos e subdesenvolvidos

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, ficou evidente a grande desigualdade econômica, social, científica e tecnológica existente entre os países.

Isso ocorreu, principalmente, porque durante a guerra as principais potências – Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão – mostraram ao mundo seu poder bélico por meio de diversos armamentos, bombas e aeronaves sofisticadas. Esses armamentos resultavam do grande avanço científico e tecnológico decorrente do desenvolvimento econômico por elas alcançado.

Diante desse quadro mundial, a partir da década de 1950, as expressões países desenvolvidos e países subdesenvolvidos começaram a ser amplamente usadas, referindo-se, respectivamente, aos países com elevado desenvolvimento econômico e àqueles que não apresentavam tal desenvolvimento. Observe o mapa.

Mundo: países desenvolvidos e subdesenvolvidos – 1950

Mapa. Mundo: países desenvolvidos e subdesenvolvidos, 1950.  Planisfério com a divisão política vigente em 1950 e a identificação dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos por cores.  Países desenvolvidos, em laranja: Canadá, Estados Unidos, países da Europa, Austrália e Nova Zelândia. Países subdesenvolvidos, em lilás: países da América Latina, América Central, África e Ásia. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.950 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em kidron, maicou; sígal rônal. Atlas del estado del mundo. Barcelona: Serbal, 1982. página 43.

Nota: A divisão política da África em 1950 não corresponde à mostrada no mapa, pois ela era formada por colônias europeias (consulte o mapa político da África de 1947, na página 256).

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Os países da América Latina, os Estados Unidos e o Canadá pertencem a que conjunto de países nessa regionalização? E os da África?

Orientações e sugestões didáticas

Nessa regionalização mostrada no mapa, os países da América Latina e da África pertencem ao conjunto de países subdesenvolvidos. Os Estados Unidos e o Canadá, ao conjunto de países desenvolvidos.

Como explicado na Unidade 1 (Percurso 1, página 15) do livro do 7º ano desta coleção, comente com os alunos que a América pode ser dividida em América Anglo-Saxônica e América Latina.

Com o apoio do mapa desta página, explique que a expressão “anglo-saxônica” corresponde aos atuais países da América nos quais a língua inglesa é predominante (Estados Unidos e Canadá) – a língua inglesa derivou da língua de um antigo povo germânico “Anglo” que colonizou o norte e o centro da Inglaterra, e “saxão” é a denominação de outro povo germânico, que habitava a Saxônia, região da atual Alemanha; juntos, eles invadiram a Inglaterra entre os séculos cinco e seis e aí se estabeleceram, daí a expressão “anglo-saxônica”.

Sobre a América Latina, explique que essa denominação corresponde aos países de língua neolatina – português, espanhol, francês, entre outras –, ou seja, aquelas originadas do latim.

Esclareça, porém, que essa divisão não é rígida. Alguns países no continente americano têm mais de uma língua oficial, como no Peru e na Bolívia, que, além do espanhol, adotam como línguas oficiais o quéchua e o aimará; no Paraguai, o espanhol e o guarani (língua dos povos nativos). Existem ainda países que, embora tenham como língua oficial o inglês (Jamaica, Belize, Porto Rico e Guiana), o holandês (Suriname) e o francês (Guiana Francesa, Haiti), são considerados integrantes da América Latina em razão do passado histórico semelhante ao dos outros países latino-americanos, ou seja, foram submetidos à colonização de exploração, e não à colonização de povoamento, que caracterizou a maior parte da América Anglo-Saxônica. Tendo por base esses aspectos históricos e sociais, o Brasil situa‑se na América Latina.

Por último, explique aos alunos padrões de organização econômica e social das civilizações americanas originárias, o impacto da presença europeia e a reação a ela dos povos indígenas, além das grandes linhas do processo de colonização da América. Poderá contribuir para isso explicar que na América Colonial a colonização de exploração caracterizou-se pela organização do sistema produtivo com base na grande propriedade agrícola e monocultora e na escravização de indígenas e negros africanos, visando abastecer as metrópoles e o mercado europeu de produtos tropicais, matérias-primas e metais preciosos; a colonização de povoamento, por sua vez, caracterizou-se pela organização da produção com o objetivo de atender às necessidades dos colonizadores, promovendo a formação de pequenas e médias propriedades agrícolas baseadas no trabalho familiar.

Interdisciplinaridade

Com o professor de Ciências, promova uma atividade que enfoque os principais avanços científico-tecnológicos ocorridos durante o período da Guerra Fria. Podem ser ressaltados assuntos específicos, como as novas tecnologias bélicas, ou ainda as novas tecnologias de comunicação. Além disso, convém sublinhar as heranças deixadas por esses avanços em nosso cotidiano. O professor de Ciências poderá contribuir explicando o funcionamento e os princípios das inovações pesquisadas.

Essa regionalização fazia sentido no período em que foi criada, apesar de ser generalizante. Entretanto, com o passar dos anos, alguns países classificados como subdesenvolvidos iniciaram o processo de industrialização e modernização, diferenciando-se dos demais, como foi o caso de Brasil, México, Argentina, Coreia do Sul, taiuã etcétera. Assim, a regionalização do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos tornou-se insuficiente para abarcar a realidade do mundo que se transformava.

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Intriga internacional.

Direção: Álfred Riticóqui. Estados Unidos da América: Metro-Goldwyn-Mayer, 1959. Duração: 90 minutos

Sob o pano de fundo da Guerra Fria e da espionagem, esse suspense conta a história de um publicitário que é confundido com um espião.

Regionalização em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos

Outra maneira de regionalizar o mundo foi introduzida após a Segunda Guerra Mundial. Em 1952, o demógrafo francês álfred sôví, ao estudar a economia mundial, usou pela primeira vez a expressão Terceiro Mundo, referindo-se aos países que não tinham participação nas decisões políticas mundiais e apresentavam atraso significativo no desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social.

Após ter sido usada por suví, essa expressão popularizou-se nos meios jornalísticos, diplomáticos e acadêmicos entre 1952 e 1991. Assim, com base no nível de desenvolvimento econômico e no sistema socioeconômico adotado pelos países, regionalizou-se o mundo em: Primeiro Mundo, que reunia países capitalistas desenvolvidos; Segundo Mundo, formado pelos países socialistas de economia planificada; e Terceiro Mundo, reunindo os países capitalistas subdesenvolvidos. Observe o mapa.

Mundo: regionalização com base no sistema socioeconômico – 1952-1991

Mapa. Mundo: regionalização com base no sistema socioeconômico, 1952 a 1991. Planisfério com a divisão política dos continentes no período de 1952 a 1991. Países capitalistas desenvolvidos (Primeiro Mundo), em verde: Canadá; Estados Unidos; países da Europa Ocidental, com destaque para a França; Japão, Austrália e Nova Zelândia. Países de economia planificada (Segundo Mundo), em amarelo: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; países do Leste Europeu; Mongólia; Coreia do Norte; China; Laos; Vietnã; Camboja; Iêmen do Sul; Etiópia; Eritréia; Moçambique; Angola; Congo; Benin e Cuba. Países capitalistas subdesenvolvidos (Terceiro Mundo), em lilás: países da América Central e da América do Sul, como o Brasil; maior parte dos países da África, países do Oriente Médio, Índia e demais países do Sul e do sudeste asiático. Abaixo, no canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.970 quilômetros.

Fonte: GUIA do Terceiro Mundo 1989-1990. Rio de Janeiro: Terceiro Mundo, 1990. página 23.

Nota: Os países socialistas representados no mapa, com exceção de Cuba e Coreia do Norte, fizeram a transição para o sistema capitalista em diferentes datas. Por exemplo, a República Democrática do Congo, nos anos 1990; Moçambique, em 1986; as repúblicas da União Soviética, em 1991 etcétera. A China é um caso especial, pois introduziu o capitalismo em 1978, aprofundando-o em 1997, mas o poder político encontra-se sob contrôle do Partido Comunista Chinês.

Grafismo indicando atividade.

Toda a África e a América Latina pertenciam ao conjunto de países do Terceiro Mundo? Se algum ou alguns país ou países não pertencia ou pertenciam, aponte o ou os.

Orientações e sugestões didáticas

É importante que os alunos percebam, ao analisar o mapa, que nem toda a África e a América Latina pertenciam ao conjunto de países do Terceiro Mundo. Na América Latina, Cuba pertencia ao conjunto de países de economia planificada ou Segundo Mundo. Na África, alguns países, com o apoio da União Soviética, implantaram o socialismo: Benin, Congo, Angola, Moçambique, Etiópia e Eritreia.

Comente que a expressão Terceiro Mundo também pode ser usada para se referir a países da Ásia e da África que buscavam assumir uma estratégia política e diplomática de não alinhamento às superpotências.

Se julgar conveniente, explique sobre a Conferência de bandúngui e suas consequências geopolíticas. Em resumo, a Conferência, realizada de 18 a 24 de abril de 1955, na cidade de bandúngui – na ilha de Java, Indonésia –, reuniu 29 Estados recém-independentes dos continentes africano e asiático. Contou com a participação de Nasser (presidente do Egito), de nerú (primeiro-ministro da Índia), de sucárno (primeiro presidente da Indonésia) e de djou (líder chinês). Entre os temas abordados constavam: a independência do Marrocos, da Tunísia e da Argélia; o fim do apartheid na África do Sul; os conflitos entre israelenses e palestinos; a proibição da bomba atômica; a igualdade entre os povos, condenando toda fórma de colonialismo e imperialismo e encorajando os povos ainda colonizados a lutar por sua independência. A conferência marcou também o surgimento do Terceiro Mundo no cenário internacional e levou à formação do movimento de não alinhamento, que buscava assegurar autonomia e neutralidade aos países do Terceiro Mundo em relação às potências mundiais: União Soviética e Estados Unidos.

Com a desagregação do bloco socialista no final da década de 1980 e início da década de 1990, a expressão “Segundo Mundo” perdeu o sentido. Entretanto, ainda são de uso corrente as expressões “Primeiro Mundo” e “Terceiro Mundo”, quando se quer designar, respectivamente, os países desenvolvidos e os países menos desenvolvidos, de modo geral.

Fotografia. Vista de um grupo grande pessoas em pé em cima de um muro e, atrás deles, um portal feito com pilares e uma torre com a bandeira da Alemanha. No muro há escritos coloridos. Na frente do muro, no primeiro plano da foto, também há pessoas em pé.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido entre os blocos socialista – liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – e capitalista – comandado pelos Estados Unidos. A representação física dessa divisão, o Muro de Berlim, foi construída em 1961. O muro dividiu a cidade até 1989, quando foi derrubado, simbolizando a reunificação da Alemanha e o fim do bloco socialista. Na foto, Muro de Berlim com policiais da Alemanha Oriental observando manifestantes no Portão de Brandemburgo (11 de novembro de 1989).

Países do Norte e países do Sul

Durante a década de 1980, a imprensa e os meios diplomáticos passaram a usar as expressões Norte para se referir aos países desenvolvidos e Sul, aos subdesenvolvidos.

Essas expressões têm como base a posição geográfica dos países no globo terrestre, embora não seja em relação à linha equatorial. Por esse critério, o Norte corresponde aos países situados ao norte dos países subdesenvolvidos ou do Sul, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia. Observe o mapa.

Mundo: regionalização em países do Norte e países do Sul – 1985

Mapa. Mundo: regionalização em países do Norte e países do Sul, 1985. Planisfério com a divisão política do mundo em 1985. Países do Norte e países do Sul estão representados com cores diferentes e uma linha vermelha na horizontal atravessa o planisfério  para demarcar o limite entre o Norte e o Sul. Países do Norte, em verde: Canadá e Estados Unidos na América, todos os países da Europa, como Dinamarca, Reino Unido, Alemanha, Polônia, França, Itália, Espanha e Ucrânia,  e países da porção setentrional da Ásia, como Rússia e Cazaquistão; Japão, e na Oceania, Austrália e Nova Zelândia. Países do Sul: todos os países da América Central e do Sul, como México, Cubá, Colômbia, Peru, Brasil, Chile e Argentina;  todos os países da África, como Marrocos, Argélia, Líbia, Egito, Nigéria, Etiópia, Nigéria, Somália, República Democrática do Congo, Angola e África do Sul; países do Oriente Médio, da Ásia Meridional e do Sudeste Asiático, como Turquia, Israel, Iraque, Arábia Saudita, Afeganistão, Índia, China e Indonésia.   Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.990 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Geografia em mapas: países do Sul. segunda edição São Paulo: Moderna, 2005. página 3.

Grafismo indicando atividade.

Nesta regionalização, a América Latina e a África estão incluídas em qual conjunto de países?

Orientações e sugestões didáticas

Na regionalização mostrada no mapa, a América Latina e a África estão incluídas no conjunto de países do Sul.

Com base na observação do mapa, informe que o limite Norte-Sul é frequentemente denominado “linha da pobreza”. Destaque que essa regionalização tem caráter bastante generalizante e omite as diferenças de desenvolvimento econômico entre os países do Norte e os países do Sul; de qualquer maneira, ela é útil para avaliar aspectos das relações políticas e econômicas internacionais no período em que foi criada.

Esse modo de ver e estudar o mundo também não corresponde à realidade atual. Países como Coreia do Sul, Cingapura e Israel, por exemplo, realizaram grandes progressos econômicos e sociais e hoje apresentam indicadores sociaisglossário semelhantes aos dos países desenvolvidos: elevada esperança de vida, baixas taxas de mortalidade infantil, boas condições de saneamento básico e alta taxa de alfabetização de adultos. Além disso, apresentam significativo desenvolvimento industrial e centros de pesquisas científicas e tecnológicas etcétera

Da mesma maneira, é um engano considerar que todos os países situados ao norte sejam desenvolvidos. Quando a regionalização do mundo em Norte e Sul foi realizada, a União Soviética ainda não havia se desagregado e, naquele contexto, era considerada um país desenvolvido. Isso explica por que ex-repúblicas soviéticas, como Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Tadjiquistão, foram incluídas no conjunto de países do Norte. No entanto, em 2019 esses países apresentavam alguns indicadores sociais mais baixos que os do Brasil, por exemplo.

Brasil, América Latina e África na ordem mundial do pós-Segunda Guerra

Os mapas das três páginas anteriores que vimos representam as regionalizações do mundo após a Segunda Guerra Mundial. Localize nesses mapas o Brasil e outros países da América Latina e da África e observe a que conjunto pertenciam nessas regionalizações ou em qual situação se encontravam na ordem mundial do pós-guerra.

Sob o ponto de vista econômico, tanto a América Latina quanto a África estavam inseridas na divisão internacional do trabalhoglossário na condição de fornecedores de produtos primários para o mercado mundial, ou seja, forneciam bens derivados de atividades agropecuárias (café, cacau, cana-de-açúcar, carne etcétera), de extração mineral (cobre, minério de ferro, prata, estanho etcétera), de extração vegetal (madeira, celulose etcétera) e da pesca.

E, nessa inserção, considerando o baixo nível de industrialização e de desenvolvimento científico e tecnológico em que se encontravam, a América Latina e a África eram importadores de produtos industrializados e de tecnologias. É importante ressaltar que, principalmente a partir dos anos 1960, Brasil, Argentina e México começaram a se destacar na industrialização, diminuindo a dependência de importação de produtos industrializados, sem, contudo, livrarem-se da dependência científica e tecnológica em relação aos Estados Unidos e a outros países desenvolvidos (a industrialização do México, da Argentina e do Brasil será estudada no Percurso 17).

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

O milagre de Berna.

Direção: zânque vórtman. Alemanha: Little Shark/Senator Film, 2003. Duração: 108 minutos

O filme retrata a reconstrução da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial ao destacar a vitória da seleção alemã na Copa do Mundo de 1954.

Orientações e sugestões didáticas

A observação dos mapas exercita o princípio de analogia do raciocínio geográfico, possibilitando estabelecer comparações e constatar similitudes e diferenças entre distintos fenômenos geográficos. Explore isso com o objetivo de desenvolver o pensamento espaçotemporal.

Competência

Ao trabalhar a posição do Brasil, da América Latina e da África no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, observe que o tema permite desenvolver a Competência Específica de Ciências Humanas 5: “Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados e eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados”.

PERCURSO 4 OUTRAS REGIONALIZAÇÕES DO ESPAÇO MUNDIAL

1. Segundo o desenvolvimento científico e tecnológico

Um dos modos de regionalizar o mundo é classificar os países de acordo com o desenvolvimento científico e tecnológico. Observe o mapa. Os Estados Unidos, os países mais desenvolvidos da Europa Ocidental e o Japão formam as principais áreas de inovação científica e tecnológica. Isso é resultado dos grandes investimentos que realizam na educação e em centros de pesquisa, tanto de universidades como de grandes empresas, o que lhes permite ter a liderança científica e tecnológica entre os países e, consequentemente, mais poder nas relações internacionais.

Esses países, além de aplicar as inovações tecnológicas nos processos de produção e criação de novos produtos, exportam tecnologia, o que lhes possibilita alto retorno financeiro.

Mundo: principais polos de inovação tecnológica – 2021

Mapa. Mundo: principais polos de inovação tecnológica, 2021. Planisfério com a divisão política. Todos os países estão na cor laranja e os polos de ciência e tecnologia são representados por pontos em roxo. Polos de ciência e tecnologia: concentração de pontos na costa leste e oeste dos Estados Unidos; em países da Europa, como França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Países Baixos, Dinamarca e outros; nas porções sul e leste da Ásia, como na Índia, na China e no Japão e, na Oceania, na Austrália. Na América do Sul, há 1 polo de ciência e tecnologia e este se localiza na região Sudeste do Brasil.
Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.450 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em DUTTA, Soumitra; LANVIN, Bruno; lêon, Lorena rivêra; vúnch víncent Sacha. Global Innovation Index 2021Tracking Innovation through the Covid-19 Crisis. 14. edição Geneva: uípo, 2021. página 35.

Grafismo indicando atividade.

Identifique, de acordo com o mapa, pelo menos dois países que têm polo de inovação tecnológica.

Orientações e sugestões didáticas

De acordo com o mapa, podem ser citados países que têm polo de inovação tecnológica: Brasil, Estados Unidos, França, Reino Unido, Índia, Japão, China, Austrália, Israel, entre outros.

2. Segundo o Produto Interno Bruto (Píbi)

Outra maneira de regionalizar os países do mundo é com base no Píbi. O Píbi é a soma do valor total de bens (produtos agropecuários, industriais, minerais etcétera) e serviços (comércio, transportes, telecomunicações, educação, saúde, setor financeiro etcétera) produzidos por um país em determinado período (em geral, durante um ano). Esse valor, geralmente expresso em dólares, é usado para avaliar a importância da economia de um país e compará-la com a economia de outros países.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe se no seu município ou em algum outro da unidade da federação onde você mora existem centros de pesquisa científica e tecnológica?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta da questão do boxe No seu contexto depende do município e da unidade da federação onde vivem os alunos. O objetivo é despertar a atenção dos alunos para a apreensão do espaço em que vivem, levando-os a perceber a existência ou não de centros de pesquisa. Vale enfatizar que o desenvolvimento socioeconômico acompanha, geralmente, o desenvolvimento científico e tecnológico. É interessante observar se há presença de universidades e centros de pesquisa privados e públicos (por exemplo, a Embrapa, que realiza pesquisas agropecuárias) no município ou na região em que os alunos vivem.

Percurso 4

Neste Percurso, continue explorando a noção de regionalização. É importante estimular o pensamento espaçotemporal por meio das regionalizações, exercitando o princípio de diferenciação dos fenômenos geográficos na superfície terrestre e identificando semelhanças e diferenças entre países e áreas contíguas (extensão) ou não.

Aborde distintas fórmas de regionalizar o planeta com o auxílio de mapas, gráficos e tabelas. Considere regionalizações com base em diferenças de desenvolvimento tecnológico, de riqueza, de Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá) e de desenvolvimento socioeconômico. Apresente e discuta uma proposta atual de classificação dos países segundo o seu grau de desenvolvimento.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero oito gê ê um nove

O Percurso 4 contribui para o desenvolvimento da habilidade de interpretar anamorfoses geográficas. Na seção Mochila de ferramentas, na página 39, oriente os alunos a fazer a leitura e a análise da anamorfose, explicando suas semelhanças e diferenças em relação a um mapa. Explore o tema da distribuição da população mundial, chamando a atenção para a situação da América Latina e da África.

Atividade complementar

Ciência e Tecnologia são variáveis-chave para uma inserção política e econômica vantajosa no cenário global atual das relações entre os países. Verifique as possíveis dificuldades de compreensão sobre essa importância. Para isso, promova a leitura e a interpretação coletiva das informações do mapa que situa os principais polos de ciência e tecnologia do mundo, em 2021. Pergunte em que hemisfério se concentram esses principais polos de inovação tecnológica e por que isso ocorre. Propicie aos alunos um momento para que compartilhem suas hipóteses. Registre-as na lousa para sistematizar os conhecimentos e elucide possíveis dúvidas.

Observe, no gráfico, que apenas dez países foram responsáveis pela produção de 68,2% do Píbi mundial em 2020.

Esse dado mostra a desigualdade na produção de riqueza e sua concentração em poucos países. Entretanto, o estudo do Píbi de um país somente assume real significado se for relacionado à sua população.

Mundo: distribuição do Píbi (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: distribuição do PIB, em porcentagem, 2020. Gráfico circular; cada parte representa o valor em porcentagem da participação dos países no PIB mundial em 2020.  Estados Unidos, em azul escuro: 24,7 por cento.  China, em vermelho: 17,4 por cento.  Japão, em laranja: 6,0 por cento.  Alemanha, em amarelo: 4,5 por cento.  Reino Unido, em verde: 3,3 por cento. Índia, em azul: 3,2 por cento. França, em rosa escuro: 3,1 por cento.  Itália, em roxo: 2,2 por cento.  Canadá, em azul claro: 1,9 por cento.  Coreia do Sul, em rosa claro: 1,9 por cento. Rússia, em amarelo claro: 1,8 por cento.  Brasil, em lilás: 1,7 por cento. Demais países, em cinza: 28,3 por cento.  PIB mundial: 84,7 trilhões de dólares.

Fonte: elaborado com base em THE WORLD BANK. GDP (Current US$). Disponível em: https://oeds.link/IdPQig. Acesso em: 20 janeiro 2022.

Em 2020, o Píbi dos Estados Unidos foi de 20,9 trilhões de dólares, o da China, de 14,7 trilhões, e o do Brasil (12ª posição), de 1,4 trilhão.

Píbi per cápita

Dá-se o nome de Píbi per cápita (literalmente, “por cabeça”, ou seja, por habitante) à relação entre o Píbi e a população total de um país.

O Píbi per capita é calculado dividindo-se o valor do Píbi de um país pelo total de sua população no mesmo ano, expressando, portanto, a relação entre a produção de riquezas por habitante de um país.

A desigualdade do Píbi per cápita entre os países indica grandes diferenças nas condições de vida da população. Com baixa produção de riquezas por habitante, o Estado arrecada menos impostos. Com isso, o dinheiro se torna escasso para o investimento em infraestrutura, como abertura de estradas, construção de usinas de eletricidade e aparelhamento de portos, e para o desenvolvimento econômico e social, como educação, alimentação, habitação, saúde, pesquisa científica, entre outros. Além disso, em muitos casos, ocorre o desvio de verba pública por meio da corrupção político-administrativa, o que contribui também para o baixo nível de investimentos por parte do poder público.

Observe, no mapa, a distribuição do Píbi per cápita no mundo.

Mundo: Píbi per cápita (em dólares pê pê cê) – 2020

Mapa. Mundo: PIB per capita, em dólares PPC, 2020.  Planisfério com a divisão política para representar o PIB per capita em dólares PPC por país. O valor do PIB é representado por tons de verde que correspondem a uma gradação de valores: menos de 5.000 dólares PPC, de 5.000 a 10.000 dólares PPC, de 10.000 a 20.000 dólares PPC, de 20.000 a 40.000 dólares PPC e acima de 40.000 dólares PPC. Países sem dados são representados em cinza.  Menos de 5.000 dólares PPC: países da porção oeste, central e sudeste da África e países do sul da Ásia.  De 5.000 a 10.000 dólares PPC: países como Índia e Iraque na Ásia; Namíbia, Angola, Marrocos, Costa do Marfim e Gana na África; Bolívia na América do Sul, e Guatemala e Honduras na América Central.   De 10.000 a 20.000 dólares PPC: na América, México e todos os países da América do Sul, com exceção de Bolívia, Chile, Uruguai e Venezuela; na África, Argélia, Líbia, Egito, África do Sul e Botsuana; na Europa, países como Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Ucrânia e  Belarus; e na Ásia, países como China, Mongólia, Irã, Turcomenistão, Mianmar e Indonésia. De 20.000 a 40.000 dólares PPC: na América, Chile e Uruguai; na Europa, países como Portugal, Espanha, Itália, Polônia, República Tcheca, Romênia e Bulgária; na Ásia, Rússia, Cazaquistão, Turquia e Omã.  Acima de 40.000 dólares PPC: Austrália, Nova Zelândia, Japão, Arábia Saudita, Reino Unido, Alemanha, Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Áustria, Hungria, Canadá e Estados Unidos.   Sem dados: Venezuela, Groenlândia, Somália, Sudão do Sul, Eritreia, Iêmen e Antártida. Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: elaborado com base em GDP per capita, 2020. Our World in Data. Disponível em: https://oeds.link/HNCodJ. Acesso em: 18 fevereiro 2022.

Nota: pê pê cê significa paridade do poder de compra. É um método para calcular o poder de compra da população dos países, considerando que os bens e os serviços têm preços diferentes. O pê pê cê mede quanto determinada moeda, convertida em dólar, pode comprar.

Orientações e sugestões didáticas

Comente com os alunos que, em 2014, o Píbi do Brasil foi de 2,3 trilhões de dólares e que, em virtude da crise político-econômica do país, iniciada em 2013, o Píbi declinou para 1,8 trilhão de dólares em 2016. Em 2020, em decorrência da pandemia da covíd-19, entre outros fatores, atingiu o menor valor desde 2007, quando totalizou 1,39 trilhão de dólares. Em 2021, o valor aumentou para 1,6 trilhão de dólares.

Discuta o que é o Píbi e Píbi per cápita e suas vantagens e desvantagens se usados como referência para avaliar a situação econômica de um país. Para isso, sugere-se consulta ao texto: dáu bór, L. Além do Píbi: medir o que importa e de fórma compreensível, 3 fevereiro 2021 (disponível em: https://oeds.link/qoKSRr. Acesso em: 20 janeiro 2022).

Para fins de comparação, a população mundial, em 2020, foi estimada pela ônu em ...7794799000 habitantes; e, segundo o í bê gê É, a do Brasil encontrava-se em ..211755692 habitantes.

3. Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá)

Outro modo de observar o mundo e regionalizá-lo é segundo o í dê agá, aplicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (penúdi) a fim de avaliar as condições de vida de um país.

De acordo com o Relatório do desenvolvimento humano 2020, o í dê agá de 2019 foi calculado considerando o índice de esperança de vida ao nascer, a expectativa de anos de escolaridadeglossário , a média de anos de estudo da população acima dos 25 anos e o Rendimento Nacional Bruto (RNB)glossário per capita.

Estatisticamente, o í dê agá de 2019 distribuiu o total de países estudados em 4 grupos: o 1º quarto de maior í dê agá foi classificado como muito elevado (igual ou superior a 0,800); o 2º quarto, elevado (entre 0,700 e 0,799); o 3º, médio (entre 0,550 e 0,699); e o 4º, baixo (menor que 0,550). Quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento.

O mapa do í dê agá mundial de 2019 revela as desigualdades socioeconômicas existentes entre os países. Na Suécia, por exemplo, a esperança de vida ao nascer era de 82,8 anos, a expectativa de anos de escolaridade era de 19,5 anos, a média de anos de estudo era de 12,5 anos, o érre êne bê per cápita foi de .54508 dólares e o í dê agá, 0,945 (posição 7). Já em Moçambique, a esperança de vida ao nascer era de 60,9 anos, a expectativa de anos de escolaridade era de 10 anos, a média de anos de estudo era de 3,5 anos, o érre êne bê per cápita era de .1250 dólares e o í dê agá, 0,456 (posição 181). Quanto ao Brasil, os dados de 2019 são, respectivamente: 75,9 anos, 15,4 anos, 8 anos, .14263 dólares e 0,765 (posição 84). Observe o mapa.

Mundo: Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá) – 2019

Mapa. Mundo: Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, 2019.  Planisfério com a divisão política para representar o Índice de Desenvolvimento Humano por país. O valor do índice é representado por tons de marrom que correspondem a uma gradação de valores: Baixo (de 0,394 a 0,546), Médio (de 0,554 a 0,697),  Elevado (de 0,703 a 0,796) e Muito Elevado (de 0,804 a 0,957).  Baixo (de 0,394 a 0,546): maior parte dos países da África e, na Ásia, Síria, Afeganistão e Iêmen. Na Oceania, Papua Nova Guiné.  Médio (de 0,554 a 0,697): na África, países como Gana, Camarões, Congo, Quênia e Zâmbia, e, na, Ásia, Iraque, Índia, Paquistão, Nepal.  Elevado (de 0,703 a 0,796): maior parte dos países da América do Sul, como Brasil, Venezuela, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Guiana; México na América do Norte, alguns países na África, como Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Gabão, Botsuana e África do Sul; alguns países da Europa, como Ucrânia e Moldávia, e países da Ásia como Irã, Turcomenistão, Uzbequistão, China, Mongólia, Mianmar e Indonésia.  Muito Elevado (de 0,804 a 0,957): na América, Canadá, Estados Unidos, Chile, Argentina e Uruguai; maior parte dos países da Europa, Rússia, Cazaquistão, Turquia, Arábia Saudita e Omã; na Oceania, Austrália e Nova Zelândia. Sem dados: Antártida, Groenlândia e Somália.  No mapa, há o desenho da bandeira de 3 países com os textos: octagésimo quarto lugar: Brasil, 0,765; o maior: Noruega, 0,957; o menor: Níger: 0,394. À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32. ú êne dê pê. riumãn devélopment ripórt 2020. niu iórc: ú êne, 2020. página 343-346.

Nota: Em 2014, o pê êne ú dê alterou a metodologia de cálculo do í dê agá. Assim, os dados a partir desse ano não são comparáveis aos dados de anos anteriores.

Orientações e sugestões didáticas

Comente que o í dê agá foi criado em 1990 pelo economista paquistanês márr búb iul rác, como alternativa mais sofisticada ao Píbi. Para conhecer os pressupostos teórico-metodológicos que fundamentaram a sua elaboração e as principais críticas a ele dirigidas, sugere-se consultar: BUENO, E. P. O Índice de Desenvolvimento Humano (í dê agá). Avaliação de seus pressupostos teóricos e metodológicos. Boletim Goiano de Geografia, volume 27, número 3, página 49-69, julho a dezembro 2007.

Atividade complementar

Solicite aos alunos que façam comparações entre o mapa desta página, sobre o í dê agá no mundo, e o mapa da página anterior, sobre o Píbi per cápita. Questione se são semelhantes ou diferentes e por que isso ocorre. Espera-se que os alunos notem que se trata de temas distintos, porém relacionados. Destaque certas congruências entre os mapas: as áreas de menor Píbi per cápita apresentam, geralmente, menor í dê agá. Nesta atividade, busque identificar possíveis dificuldades de compreensão do í dê agá. Espera-se que os alunos percebam que esse índice sintetiza distintos critérios socioeconômicos, entre os quais está o Píbi per cápita. Apresente as explicações pertinentes para sanar possíveis dúvidas.

Observações sobre o IDH

Ao mostrar a média nacional, o í dê agá oculta as diferenças regionais internas do país. Mesmo em países ricos, como os Estados Unidos, há diferenças regionais marcantes. O mesmo podemos afirmar em relação ao Brasil, conforme observamos no mapa.

Embora o Brasil esteja entre os países de í dê agá elevado em 2019, não podemos ignorar que vários indicadores socioeconômicos brasileiros estão muito defasados em relação aos de países europeus, como a Albânia, a Ucrânia e outros, que estão no mesmo grupo de í dê agá em que se situa o Brasil. O í dê agá elevado do Brasil esconde diversas desigualdades sociais: o saneamento básico é ainda muito deficiente; em 2019, a mortalidade infantil era elevada (13,3por mil) e a taxa de analfabetismo de adultos era de 6,6%. Além disso, há grande desigualdade de rendimentos entre a população, e muitos vivem na condição de pobreza extrema. Nesse mesmo ano, 28% das famílias brasileiras tinham rendimento per capita de até meio salário mínimo.

Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (i dê agá ême) – 2019

Mapa. Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano, 2019. Mapa de parte da América do Sul com o Brasil e sua divisão política em destaque. Cada unidade da federação está representada na cor correspondente ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, que vai do amarelo claro ao marrom. Quanto maior o índice, mais escura é a cor.  Abaixo de 0,700: Pará, Maranhão, Piauí e Alagoas.  De 0,701 a 0,725: Bahia, Paraíba, Rondônia e Acre.  De 0,726 a 0,735: Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.  De 0,763 a 0,769: Roraima, Amapá, Tocantins, Goiás e Mato Grosso do Sul.  Acima de 0,770: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso e Distrito Federal.  Abaixo, rosa dos ventos e escala de 0 a 480 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. sétima ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página 90; pê êne ú dê. Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. penúdi Brasil, ipéa e éfe jota pê, 2020. Disponível em: https://oeds.link/Wrdbpb. Acesso em: 20 janeiro 2022.

Nota: Os das unidades da federação do Brasil não podem ser comparados aos dos países do mundo em virtude da diferença de metodologia de cálculo.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

unicéfi – Dados demográficos, sociais e econômicos dos países do mundo

https://oeds.link/deJofu

Obtenha informações sobre os países do mundo no relatório Situação mundial da infância, buscando por ­“Biblioteca”, e conheça os diferentes níveis de desenvolvimento social entre eles.

4. Segundo níveis de desenvolvimento econômico e social

A fim de tornar a regionalização entre países do Norte e do Sul, como vimos no Percurso 3, mais próxima da realidade atual, alguns estudiosos, com base nos níveis de desenvolvimento dos países, realizaram modificações nessa regionalização (consulte o mapa da página 30). Consulte, agora, o mapa da página seguinte.

Além de modificar o traçado da linha que divide o Norte e o Sul, essa regionalização segundo níveis de desenvolvimento econômico e social cria subconjuntos de países Tipo Norte e Tipo Sul. Conheça, a seguir, as características de cada um dos subconjuntos.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Aproveite o mapa sobre o i dê agá ême no Brasil para perguntar aos alunos sobre o valor do i dê agá ême correspondente à unidade da federação onde vivem. Se possível, faça o mesmo exercício considerando a realidade municipal dos alunos. Peça a eles que busquem informações sobre o i dê agá ême do município onde moram. Oriente-os a pesquisar informações no site do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (disponível em: https://oeds.link/tUmFR9 acesso em: 15 fevereiro 2022). Discuta semelhanças e diferenças de cálculo do í dê agá e do i dê agá ême. Questione qual é a situação de desenvolvimento humano no contexto dos alunos. Sugira que reflitam criticamente sobre o dado, buscando identificar seus méritos e desvantagens.

Mundo: regionalização segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social – 2004

Mapa. Mundo: regionalização segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social, 2004. Países Tipo Norte: Desenvolvidos: Canadá, Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia e países no oeste europeu. Países ex-socialistas (em transição para o desenvolvimento): Rússia. Tigres Asiáticos: Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong, Cingapura. Países Tipo Sul: Emergentes: México, Brasil, Argentina, Chile, África do Sul, China, Índia, Tailândia. Em situação intermediária: países no oeste e note da África, países do oeste da América do Sul e América Central, leste europeu e países asiáticos ao sul. Exportadores de petróleo (renda elevada): Países no norte da África, países abaixo do centro europeu. Novos Tigres Asiáticos: Malásia e Indonésia, Filipinas. Limite Norte-Sul: no norte estão América do Norte, europa, Rússia, Japão e Austrália e Nova Zelândia. No sul todos os países da Ásia, Oriente Médio, África, América Central e América do Sul. À esquerda, rosa dos ventos e escala de 0 a 1.990 quilômetros.

Fonte: ÍSOLA, Leda; CALDINI, Vera. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2005. página 113.

Grafismo indicando atividade.

Nesse tipo de regionalização, como está classificado o Brasil?

Orientações e sugestões didáticas

Na regionalização segundo os níveis de desenvolvimento econômico e regional, o Brasil está entre os países do Tipo Sul, classificado como país emergente.

Países Tipo Norte

Nesse grupo, estão os países desenvolvidos, os países ex-socialistas e os Tigres Asiáticos.

Países desenvolvidos

De modo geral, são países altamente industrializados, com grandes investimentos em centros de pesquisa científica, o que lhes confere o domínio de tecnologias avançadas em diversos setores do conhecimento (informática, aeroespacial, nuclear, engenharia genética etcétera). Apresentam í dê agá elevado ou muito elevado.

No entanto, cabe lembrar que os países classificados como desenvolvidos não formam um conjunto homogêneo. Há diferenças entre eles, principalmente no desenvolvimento científico e tecnológico. A liderança nesse setor cabe a Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Além disso, esse grupo de países apresenta, em menor grau que os países subdesenvolvidos, alguns problemas sociais, em muitas situações associados à desigualdade socioeconômica.

Fotografia de uma pessoa sentada em uma rua, com os braços e a cabeça para baixo, apoiada nos joelhos. Na frente da pessoa há um papelão com algo escrito e um copo. Ela está encostada na parede de um prédio com janelas de vidro e ao seu lado há uma mochila, um colchonete fino enrolado e uma sacola no chão. Ao fundo, um homem de calça jeans, camisa vermelha e colete preto caminha, saindo do prédio.
Pessoa sem moradia na cidade de Berlim, Alemanha (2020).
Orientações e sugestões didáticas

Proponha aos alunos que observem o mapa. Promova um momento de reflexão sobre a regionalização proposta. Discuta o conteúdo da legenda. Pergunte quais são as características de cada um dos tipos de países nela representados. Oriente os alunos a formular hipóteses sobre as definições dos tipos de países mobilizando conhecimentos geográficos que já têm sobre o tema. Registre na lousa o que for dito para orientar as explicações futuras sobre o conteúdo, visando à ampliação de conhecimentos.

Discuta as principais características dos países desenvolvidos, chamando a atenção para o bem-estar de suas populações. No entanto, não deixe de considerar que essas sociedades também apresentam problemas sociais. Enfatize, por exemplo, os altos índices de endividamento da população dos Estados Unidos ou mesmo a pobreza vinculada a questões raciais presentes no país.

Atividade complementar

Divida a turma em grupos. Cada grupo deve escolher um país do Tipo Norte. Cuide para que nenhum país se repita. Proponha que pesquisem as características socioeconômicas desses países. Espera-se que os alunos investiguem as características do setor industrial, a existência de universidades e de centros de inovação tecnológica, o í dê agá, o Píbi, o Píbi per cápita e os principais problemas sociais existentes. Por fim, oriente-os a sistematizar as informações recolhidas, descrevendo-as em um texto que sintetize as reflexões do grupo sobre a situação socioeconômica do país com base nos dados obtidos. Estabeleça uma data para a entrega do trabalho e promova um momento para que os grupos compartilhem os resultados de suas pesquisas. Cada grupo pode montar uma apresentação sobre o que aprenderam acerca dos países pesquisados, que pode ser estruturada por meio de recursos digitais. Para isso, incentive-os a explorar programas e aplicativos específicos à elaboração de apresentações em slides, especialmente aqueles de livre acesso. Existem diversas opções que podem ser usadas em computadores, tablets e smartphones, possibilitando aos alunos explorarem sua criatividade e compartilharem suas descobertas por meio de apresentações dinâmicas.

Países ex-socialistas

De modo geral, os Estados europeus que adotaram o regime socialista investiram na industrialização e também em saúde, em centros de pesquisa, na educação em diferentes níveis etcétera

Por volta do final dos anos 1980 e início dos 1990, os países do bloco socialista abandonaram esse regime e implantaram o sistema capitalista. No entanto, a infraestrutura industrial, educacional e de saúde, construída ao longo do socialismo, permaneceu. Isso explica o fato de que, nessa regionalização, esses países pertençam ao grupo de países do Tipo Norte.

IDH de alguns países ex-socialistas – 2019

País

IDH

Eslovênia

0,917

República Tcheca

0,900

Polônia

0,880

Hungria

0,854

Rússia

0,824

Fonte: ú êne dê pê. Human development report 2020. New York: UN, 2020. página 343.

Os Tigres Asiáticos

A figura do tigre representa, no imaginário oriental, astúcia e fôrça. Por isso, a expressão Tigres Asiáticos é usada para designar os paí­ses da Ásia que, em curto período, apresentaram intenso e contínuo desenvolvimento econômico e social. São chamados também de Novos Países Industriais, pois se industrializaram após a Segunda Guerra Mundial, diferenciando-se daqueles que passaram pelas revoluções industriais nos séculos dezoito e dezenove e no início do século vinte.

Na regionalização representada no mapa da página 30, Israel e os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, taiuã, Cingapura e Hong Kongglossário ) pertencem ao conjunto dos países do Sul.

Entretanto, de 1960 aos dias atuais, esses países apresentaram um intenso e contínuo desenvolvimento econômico e social. Industrializaram-se com muita rapidez, implantaram centros de pesquisa de tecnologia avançada e investiram em educação, conseguindo assim equiparar seus indicadores sociais aos dos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte.

Países Tipo Sul

Nesse grupo, estão os países emergentes, os menos avançados, os países considerados em situação intermediária, os exportadores de petróleo e os Novos Tigres Asiáticos.

Emergentes

México, Brasil, Chile, Argentina, Colômbia, África do Sul, Índia, China e alguns outros países são chamados, no atual cenário internacional, de países emergentes, em decorrência de certas características: considerável industrialização, crescimento econômico, domínio de alguns setores avançados de ciência e tecnologia e atração de investimentos estrangeiros. Quatro desses países emergentes integram os BRICSglossário , que serão estudados no Percurso 11.

Entretanto, por não considerar as condições de vida da população, a expressão “emergente” pode mascarar graves problemas sociais, em que grande parcela da população é privada de boas condições de vida, apresentando alta mortalidade infantil, baixo ou médio í dê agá, pobreza, analfabetismo, baixo nível de instrução etcétera

Orientações e sugestões didáticas

Proponha aos alunos que observem a localização dos países emergentes no mapa da página anterior. Pergunte: “Em que continentes eles se localizam? E quais são?”; “Entre eles, em que continentes estão os países que formam os bríquis?”; “O que esses países têm em comum, do ponto de vista socioeconômico?”; “Quais eram suas características socioeconômicas no decorrer da Guerra Fria?”. Se julgar necessário, oriente os alunos a realizar uma pesquisa que lhes permita responder a essas questões.

Outros subconjuntos de países Tipo Sul

O subconjunto de países exportadores de petróleo apresenta rendimento elevado. Entretanto, nesses países existe elevada concentração de rendimentos nas mãos de classes sociais privilegiadas, que gozam de alto padrão de vida, enquanto uma parcela significativa da população encontra-se em condições mínimas de sobrevivência.

Os Novos Tigres Asiáticos, chamados também de Nova Geração de Tigres Asiáticos – Tailândia, Malásia, Indonésia e Filipinas –, depois da liberalização de suas economias no final dos anos 1980, atraíram muitos investimentos estrangeiros que impulsionaram a industrialização e o crescimento econômico, levando-os a se diferenciar do conjunto dos países menos avançados e em situação intermediária – países que se encontram entre os emergentes e os menos avançados. Entretanto, a exemplo dos emergentes, grande parcela da população desses países tem condições de vida precárias.

A situação social mais dramática é encontrada no subconjunto de países menos avançados. Grande parte desses países se localiza na África; na Ásia, reúne Afeganistão, Nepal, Paquistão e Iêmen; e, na América, destaca-se o Haiti. Os indicadores sociais desses países são os mais baixos se comparados aos dos demais subconjuntos. A economia é assentada, principalmente, na agricultura e na exploração mineral. Embora esses países sejam produtores de café, algodão, amendoim, cacau etcétera, boa parte da população apresenta déficit alimentar e, em consequência, taxas elevadas de desnutrição.

Indicadores sociais de alguns países menos avançados – 2019

País

IDH

Taxa de mortalidade infantil (‰)

Esperança de vida média (anos)

Nepal

0,602

26

70,8

Zâmbia

0,584

42

63,9

Paquistão

0,557

56

67,3

Haiti

0,510

48

64,0

Etiópia

0,485

37

66,6

Guiné Bissau

0,480

52

58,3

Iêmen

0,470

44

66,1

Burkina Fasso

0,452

54

61,6

Fontes: elaborada com base em ú êne dê pê. Human development report 2020. New York: UN, 2020. página 345; THE WORLD BANK. Mortality rate, infant (per 1,000 live births). Disponível em: https://oeds.link/iqTlZY. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Indique alguma característica que foi usada como critério para as regionalizações que estudamos e que ocorre no município onde você mora.

Orientações e sugestões didáticas

Entre as características empregadas como critérios de regionalização, os alunos poderão citar, dependendo do município: a ausência de desenvolvimento científico ou tecnológico e o baixo ou médio i dê agá ême, ressaltando a média dos anos de estudo da comunidade, o índice de esperança de vida ao nascer e o Píbi per cápita.

5. O caráter transitório das regionalizações

Vimos no Percurso 3 algumas regionalizações do mundo criadas após a Segunda Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, quando, do ponto de vista geopolíticoglossário , o mundo se encontrava bipolarizado. Considerando a dinâmica das sociedades humanas e dos Estados, essas regionalizações caíram em desuso. Surgiram, assim, outras regionalizações – como estudamos neste Percurso –, as quais, daqui a alguns anos, poderão sofrer mudanças. Desse modo, podemos dizer que as regionalizações ou os modos de ver e estudar o mundo alteram-se com o passar do tempo.

Orientações e sugestões didáticas

Enfatize a diversidade de situações presentes nos outros subconjuntos de países Tipo Sul. Ressalte o rápido crescimento econômico e o intenso processo de industrialização dos Novos Tigres Asiáticos associados à desigualdade social neles presente. Na discussão sobre os países menos avançados, convém mencionar a histórica exploração a que eles estão submetidos no contexto internacional.

Se julgar pertinente, oriente os alunos a pesquisar situações específicas de países pertencentes a um desses subconjuntos. Instigue-os a pensar nas soluções possíveis aos problemas sociais e econômicos presentes nesses países.

Informe a eles que a Geopolítica estuda as relações entre espaço e poder e entre Estado e território. Defendia-se a ideia de que, para o Estado tornar-se forte, ele precisaria expandir-se territorialmente, o que gerou vários conflitos no século vinte. Após o fim da União Soviética, em 1991, com a expansão da globalização, a Geopolítica passou a enfatizar estratégias de conquista e de dominação de mercados, realização de investimentos, acesso às matérias-primas etcétera.

Esperamos que o estudo das regionalizações tenha despertado a curiosidade dos alunos, motivando-os a lançar um novo olhar sobre o mundo e, principalmente, a fazer muitas perguntas e questionamentos sobre ele. Afinal, por que existem tantas desigualdades econômicas e sociais entre os países? Por que em alguns deles são oferecidas condições de vida dignas à população e, em outros, parcela significativa das pessoas vive em condições precárias? Além dessas perguntas, outras poderão ser feitas. Procure, então, instigá-los a fazê-las.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa em pé com uma mochila grande nas costas, segurando uma vara.

Mochila de ferramentas

Anamorfose: uma técnica interessante para ver o mundo

Na Geografia, anamorfose é uma técnica aplicada para representar um fenômeno em que a superfície dos territórios será proporcional a ele – como a quantidade de habitantes de um país –, e não à sua área real. O continente africano, por exemplo, possui maior população que o americano, embora tenha menor área territorial. Uma anamorfose, nesse caso, representará o continente africano maior que o americano.

Ainda que nas anamorfoses a localização relativa dos territórios seja respeitada, esse tipo de representação não pode ser considerado mapa, pois, ao distorcer a superfície de territórios, essa técnica não permite o uso da escala.

O objetivo de uma anamorfose é transmitir a informação de maneira clara, de modo que sua visualização permita a compreensão do fenômeno representado.

A leitura da anamorfose, porém, deve ser feita com atenção. Leia as instruções a seguir e, com base na anamorfose desta página, responda às questões.

Mundo: distribuição da população (projeção para 2050)

Mapa. Mundo: distribuição da população, projeção para 2050.  Anamorfose dos continentes com a representação dos países em cores variadas.  Na anamorfose, o continente americano está mais fino em relação à sua representação nos planisférios. Nesse sentido, merece destaque o Canadá, com uma dimensão muito menor na  anamorfose. Os países com as maiores dimensões são Brasil e Estados Unidos. Na África e na Europa, a distorção é menos acentuada. Na Ásia, Índia e China estão com área muito maior do que a que possuem nos planisférios e a Rússia, ao contrário, está com área muito reduzida, aparecendo pequena e fina. Os países do leste e do sudeste asiático também estão com dimensões maiores do que as que possuem nos planisférios. Oceania e Antártida estão com área muito reduzida. Na anamorfose, não há indicação de paralelos e meridianos, escala, rosa dos ventos e nome dos oceanos.

Fonte: WORLDMAPPER. Disponível em: https://oeds.link/9mBbst. Acesso em: 15 fevereiro 2022.

Como fazer

  1. Observe o título e o tema representado.
  2. Fique atento à deformação dos territórios. Alguns países necessariamente estarão representados de forma mais estreita, enquanto outros terão dimensões maiores; a dimensão revela a intensidade do fenômeno tratado.
  3. Repare na localização dos territórios. Isso vai ajudá-lo a interpretar a anamorfose e distingui-los. Se necessário, recorra ao mapa político da página 278.
  1. Que continente apresentará a maior parcela da população mundial na projeção para 2050? Como você chegou a essa conclusão?
  2. Entre os países da América do Sul, qual apresentará maior participação na população mundial segundo essa projeção? Explique como você descobriu essa informação.
  3. Por que a anamorfose se assemelha a um mapa, mas não pode ser considerada como tal?
Orientações e sugestões didáticas

Competência

A seção Mochila de ferramentas visa auxiliar os alunos a reconhecer, interpretar e usar as anamorfoses. Busque explorá-las a fim de desenvolver a Competência Geral da Educação Básica 4: “Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo”.

Respostas

  1. Ásia. A dimensão do continente asiático é a maior representada, o que revela que nele estará a maior parcela da população mundial na projeção para 2050.
  2. Brasil. A dimensão do país revela a sua maior participação na população mundial, em 2050. Para que os alunos reconheçam a América do Sul, remeta-os à regionalização da América segundo a posição de suas terras no continente na página 114.
  3. A anamorfose, ao representar os fenômenos, distorce a superfície da área e não considera a proporção entre as áreas dos territórios. Assim, não permite uso de escala, um dos elementos que constituem um mapa.

Interdisciplinaridade

Um projeto integrador poderá ser desenvolvido com os professores de Arte e de Matemática, com base no conceito e nas aplicações da anamorfose em diferentes áreas. Pode-se demonstrar, por exemplo, que essa técnica é tão antiga quanto a do desenho em perspectiva, que tem grande potencial criativo e é aplicada por muitos artistas (pintores, desenhistas, além de urbanistas, publicitários, decoradores, arquitetos). Atualmente, a técnica é usada em publimetas (tapetes 3-D localizados ao lado dos gols em partidas de futebol, por exemplo, para propaganda de marcas de empresas), arte urbana, sinalização de trânsito etcétera. Em Matemática, podem ser mobilizados conhecimentos de Geometria, comparando-se quantidades e proporções em anamorfoses, levando os alunos até mesmo a realizar composições anamórficas usando instrumentos de desenho (como grades quadriculadas) ou de aplicativos de geometria dinâmica.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 3 e 4

Registre em seu caderno.

  1. O que significa dizer que o estudo do espaço geográfico pode ser feito segundo várias escalas?
  2. O que é regionalizar o espaço geográfico?
  3. Cite os cinco principais conjuntos de paisagens naturais ou climáticas da Terra e indique a paisagem à qual pertence a localidade onde você mora.
  4. Aponte algumas diferenças ou desigualdades entre os Estados ou países do mundo quanto aos aspectos das sociedades humanas que neles vivem.
  5. Explique o que foi a ordem mundial bipolar que surgiu após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
  6. O que foi a Guerra Fria?
  7. Por que podemos considerar generalizante a regionalização do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, realizada após a Segunda Guerra Mundial?
  8. Por qual razão a regionalização do mundo em países do Norte e países do Sul não corresponde à realidade atual?
  9. Explique o que é Píbi e aponte qual foi a participação percentual do Brasil e dos Estados Unidos no Píbi mundial de 2020 e quais eram seus valores expressos em dólares.
  10. Até recentemente empregavam-se as expressões “Primeiro Mundo”, “Segundo Mundo” e “Terceiro Mundo” para designar três conjuntos de países. Explique o que essa regionalização significava e por que ela se tornou inapropriada.
  11. Em 1949, em plena Guerra Fria e sob a liderança dos Estados Unidos, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), aliança militar destinada a garantir a existência do sistema capitalista na Europa Ocidental, reunindo vários de seus países (França, Reino Unido, Bélgica etcétera). Em 1955, o bloco socialista, liderado pela União Soviética, em resposta à criação da otâm, criou o Pacto de Varsóvia (Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental), uma aliança militar destinada a garantir a existência do sistema socialista. Observe o mapa e responda às questões.

O mundo bipolar dos anos 1980

Mapa. O mundo bipolar dos anos 1980.  Mapa do mundo com a divisão política representando a posição dos países em relação aos blocos capitalista e socialista nos anos 1980. Os países do bloco capitalista estão representados em tons de verde e os do bloco socialista em tons de vermelho.  Bloco capitalista. Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan, em verde escuro: Canadá, Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Itália, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Países Baixos, Grécia e Turquia. Países aliados ao bloco capitalista por acordos de cooperação militar, em verde claro: todos os países da América do Sul, o México e países da América Central, com exceção de Nicarágua e Cuba; alguns países da África, como Egito e Marrocos; Austrália e Nova Zelândia na Oceania e, na Ásia, países como Japão e Taiwan.  Países neutros, em cinza:  alguns países da África, como Níger, Nigéria, Mauritânia e Botsuana, e alguns países da Ásia, como Índia, Indonésia e Filipinas.  Bloco socialista. Pacto de Varsóvia, em vermelho: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária, Tchecoslováquia e República Democrática Alemã.  Países socialistas não associados à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em laranja hachurado: China.  Países aliados ao bloco socialista por acordo de cooperação militar ou tratado de amizade, em laranja: Nicarágua, Cuba, Argélia, Líbia, Mali, Angola, Moçambique, Etiópia, Iêmen do Sul, Iraque, Mongólia e alguns países do sul da Ásia.  Linha de confronto Leste-Oeste, representada por linha preta tracejada: atravessa e separa Europa e Oriente Médio dos países do leste europeu e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.  Países com armas nucleares, representados por símbolo preto: Estados Unidos, Reino Unido, França, Israel, União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e China.  Mapa não apresenta escala e rosa dos ventos.

Fonte: elaborado com base em L'ATLAS du Monde Diplomatique 2010. Paris: Armand Colin, 2009. página 50.

Nota: Nesse mapa, optamos por manter o traçado proposto pela fonte original, que não obedece rigidamente às convenções cartográficas.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. O espaço geográfico contém de pequenas a grandes dimensões, indo desde o lugar, região, estado, país, continente até o mundo.
  2. É dividi-lo de acordo com critérios naturais ou humanos, de modo que cada região apresente características comuns.
  3. Polares, temperadas e subtropicais, tropicais, desérticas e semidesérticas e de altas montanhas. A outra resposta depende de onde mora o aluno.
  4. Desigualdades no poder político, econômico, militar, na cultura, no desenvolvimento científico e tecnológico e no desenvolvimento social.
  5. Período da história marcado pela bipolarização do poder. Os Estados Unidos (capitalista) e a União Soviética (socialista) competiam entre si pela liderança política, militar e econômica no mundo.
  6. Confronto pela liderança mundial entre os Estados Unidos e os demais países capitalistas, de um lado, e a União Soviética e outros países socialistas, de outro lado, no período de 1947 a 1991, marcado por ameaças e temor de desencadear outra guerra mundial.
  7. Porque incluiu no mesmo conjunto países com diferentes níveis de desenvolvimento. Por exemplo, Brasil e Haiti, embora muito distintos socioeconomicamente, foram considerados países subdesenvolvidos.
  8. Avanços socioeconômicos em alguns países do Sul (Coreia do Sul, por exemplo) permitem enquadrá-los em países do Norte, e baixos indicadores sociais em países do Norte (Cazaquistão e outros ex-socialistas) permitem considerá-los países do Sul.
  9. Produto Interno Bruto (Píbi) é a soma do valor total de bens e serviços produzidos por um país em, geralmente, um ano e expresso em dólares. A participação do Píbi do Brasil em relação ao mundial em 2020 foi de cêrca de 1,6% (um vírgula quatro trilhão de dólares), e a dos Estados Unidos foi de 24,6% (vinte vírgula nove trilhões de dólares).
  10. Primeiro Mundo referia-se a países capitalistas desenvolvidos, Segundo Mundo, a países socialistas, e Terceiro Mundo, ao conjunto dos demais países. O fim do bloco socialista tornou o termo Segundo Mundo obsoleto. E os avanços sociais e econômicos em alguns países do Terceiro Mundo tornam essa regionalização ainda mais inadequada.
  1. Entre quais grupos de países ocorreu a bipolarização geopolítica representada no mapa?
  2. Nesse período, que países possuíam armas nucleares?
  3. Qual era a condição de Cuba no mundo bipolar dos anos 1980? E a da China?
  4. Qual era a situação geopolítica da América Latina e da África em relação às duas superpotências Estados Unidos e União Soviética?
  5. A otâm, no período da Guerra Fria, foi uma aliança militar somente entre os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental? Explique.

12. Observe o mapa e responda.

Mundo: escolaridade (em anos) – 2018

Mapa. Mundo: escolaridade, em anos, 2018.  Planisfério com a divisão política e a representação da média de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais de idade por país.  A variação na média de anos de estudo é representada em tons de verde: quanto mais escuro, maior a média de anos de estudo. Menos de 5 anos de estudo: maior parte dos países do oeste, centro e leste da África; na Ásia, Síria, Iêmen, Afeganistão, e, na Oceania, Papua Nova Guiné. De 5 a 6 anos de estudo: alguns países da América Central; na África, países como Nigéria, Camarões, Quênia e Tanzânia, e, na Ásia, países como Índia, Paquistão e Mianmar. De 7 a 8 anos de estudo: na América,  países como México, Colômbia, Guiana, Suriname, Brasil e Paraguai; na África, países como Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, República Democrática do Congo e Zâmbia; na Ásia, países como Turquia, Iraque, China, Tailândia e Indonésia.  De 9 a 10 anos de estudo: na América do Sul, em Argentina, Uruguai, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela; na África, na África do Sul e em Botsuana; na Europa, em países como Portugal, Espanha e Itália; na Ásia, em países como Arábia Saudita, Omã, Irã e Filipinas.  De 11 a 12 anos de estudo: em países como França, Irlanda, Bélgica, Suécia, Finlândia, Polônia, Romênia, Ucrânia, Rússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Coreia do Sul e Nova Zelândia.  De 13 a 14 anos de estudo: Canadá, Estados Unidos, Cuba, Reino Unido, Alemanha, Suíça, República Tcheca, Noruega, Estônia, Letônia, Lituânia, Geórgia, Japão e Austrália. Sem dados: Groenlândia, Sérvia, Azerbaijão, Armênia, Coreia do Norte,  Saara Ocidental, Somália e  e Antártida.  À direita, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta ediçãoSão Paulo: Moderna, 2019. página 34.

Há relação entre esse mapa e a regionalização do mundo segundo os níveis de desenvolvimento econômico e social, representada no mapa da página 36? Explique.

13. Celso Furtado (1920-2004) foi um importante economista e intelectual brasileiro que contribuiu de modo significativo para se pensar o Brasil, por meio de livros e artigos acadêmicos. Em um livro de 2002, ele escreveu o seguinte fragmento de texto, que, apesar de passados tantos anos, ainda é considerado atual.

Cabe a pergunta: houve desenvolvimento? Não: o Brasil não se desenvolveu; modernizou-se. O desenvolvimento verdadeiro só existe quando a população em seu conjunto é beneficiada.

FURTADO, Celso. Em busca de novo modelo: reflexões sobre a crise contemporânea. São Paulo: Paz e Terra, 2002. página 21.

  1. Pergunte aos seus familiares se o Brasil se modernizou e quais exemplos eles poderiam citar.
  2. Você concorda com o autor que não houve desenvolvimento, mas apenas modernização no Brasil? Explique.

14. Reúnam-se em grupo e discutam quais são os problemas que mais afligem a população da localidade onde você e seus colegas moram e quais são as possíveis soluções para superá-los. Em seguida, elaborem um texto sobre o assunto, compartilhando-o com os demais grupos a fim de complementar os problemas e as soluções apontados.

Orientações e sugestões didáticas

11. a) Entre os países capitalistas e os países socialistas.

  1. Estados Unidos, Reino Unido, França, União Soviética, Israel e China.
  2. Cuba era ligada ao bloco socialista por acordo de cooperação militar e tratado de amizade. A China era um país socialista não alinhado à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
  3. A América Latina, com exceção de Cuba e Nicarágua, era alinhada ao bloco capitalista por acordos de cooperação militar ou por tratado de amizade. A África era dividida em: países aliados ao bloco socialista por acordo de cooperação militar ou por tratado de amizade (Argélia, Líbia, entre outros); países alinhados ao bloco capitalista por acordo de cooperação militar (Egito, Marrocos etcétera); e países neutros.
  4. Não, o Canadá também pertencia à otâm.
  1. Sim. Em sua maioria, países que apresentam maior média de anos de estudo da população de 25 anos ou mais de idade são os do Tipo Norte.
    1. A expansão da telefonia fixa e móvel, da internet, dos centros de compras, da agricultura moderna, do uso mais generalizado do automóvel, do metrô em algumas cidades etcétera.
    2. Estimule os alunos a pensar criticamente. Grande parte da população brasileira ainda vive em condições precárias. O desenvolvimento ocorre quando a população em seu conjunto é beneficiada, mas nem toda a população brasileira o foi, como revelam nossos í dê agá e i dê agá ême.

14. A atividade permite que os alunos adotem uma postura ativa na construção do conhecimento e se voltem a problemas reais que afetam seu cotidiano por meio do uso pedagógico da tecnologia. Para iniciar, faça um brainstorm (tempestade de ideias), estimulando-os a mencionar todos os problemas que os afetam. Se possível, distribua notas autoadesivas para facilitar a manipulação e a organização das ideias. Em seguida, com a ajuda da turma, organize os problemas em temas como segurança pública, educação, desemprego etcétera. É importante que os temas sejam definidos pelas menções dos alunos, não o contrário. Após essa etapa, os alunos deverão formar grupos e escolher um dos temas para investigar. Neste momento é importante auxiliá-los na busca de fontes confiáveis de informação, contribuindo para o letramento digital e midiático deles. Solicite que façam um roteiro organizando as informações que serão narradas no áudio do podcast. Após a criação do roteiro, os alunos deverão gravar e divulgar o áudio. Caso queira saber mais sobre o uso pedagógico de podcasts, leia o texto a seguir: GAROFALO, Débora. Chegou a hora de inserir o podcast na sua aula. Nova escola, 24 setembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/EOk7KC. Acesso em: 29 março 2022.

Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa saindo de um ônibus.

Desembarque em outras linguagens

víqui MUNIZ: GEOGRAFIA E ARTES PLÁSTICAS

Fotografia. Foto de um homem visto do ombro para cima. Ele é branco, veste uma camiseta preta, tem cabelos curtos, cacheados e escuros e está olhando fixamente para a frente. A fotografia é feita com uma montagem de diversos pontos esfumaçados e borrados, como se tivesse sido pintada com aquarela. No fundo branco há pontos pretos, na camiseta preta há pontos coloridos e no rosto do homem há mais pontos em tons de pele.

víqui Muniz (Vicente José de Oliveira Muniz), em autorretrato de 2003, é um artista plástico de grande renome no mundo. Nasceu em São Paulo, em 1961, e cursou Publicidade e Propaganda. Desde 1983 reside e trabalha em Nova iórque, nos Estados Unidos, e, em anos recentes, também no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Além de desenhista, o artista é fotógrafo, pintor e gravurista e usa algumas dessas diferentes técnicas combinadas em várias obras. Seus trabalhos chamam a atenção tanto pelo caráter inusitado dos materiais usados como por sua postura crítica em relação à sociedade de consumo. Em 2010, o documentário Lixo extraordinário, que trata do seu trabalho com os catadores de lixo do Jardim Gramacho, bairro do município de Duque de Caxias (Rio de Janeiro), foi indicado ao Oscar.

Um jeito diferente de compreender o mundo

Ao longo desta Unidade, você conheceu diferentes modos de observar o mundo do ponto de vista da Ciência Geográfica. Agora, vai descobrir que a arte também é capaz de revelar maneiras diferentes e, muitas vezes, inusitadas de observar, compreender e representar o mundo em que vivemos.

É o caso da obra de víqui Muniz, fotógrafo e artista plástico que encontrou um jeito inovador de representar o espaço geográfico mundial.

Nas mãos dele, materiais ou produtos simples, como serragem, areia, algodão, chocolate, açúcar, terra, barbante, mel ou até mesmo lixo, transformam-se em uma espécie de “tinta”, usada de maneira livre e criativa para questionar, principalmente, a relação da humanidade com o meio ambiente.

Pintura. Um homem branco, de barba grande e escura e cabelos escuros na altura da orelha. Ele veste um pano grande vermelho ao redor do braço direito, passando pelas costas e cobrindo a virilha. Com o tronco para frente e os braços levantados, ele carrega um grande globo azul nas costas.
A obra Atlas segurando o globo celeste, de djiovâni frantchêsco barbiéri, Guercino (1646), retrata Atlas, que, segundo a mitologia grega, foi condenado por Zeus a sustentar eternamente o globo terrestre.
Montagem feita com fotografia e materiais descartados. Montagem que reproduz o homem da pintura descrita anteriormente, mas desenhado com contorno em preto e branco. O homem carrega nas costas um globo com materiais de sucata em miniatura, como caixas de papelão, objetos de ferro velho, fios, roda, escada de madeira e papelões. O cabelo do homem também é composto de sucata: objetos de papelão, ferro velho e pneus.
Na obra Atlas, d’après Guercino, de víqui Muniz (2007), o artista faz uma releitura da obra de Guercino e retrata Atlas carregando o peso do lixo do mundo, obra feita com objetos encontrados no lixo.
Orientações e sugestões didáticas

Para mais subsídios e dados sobre o lixo eletrônico no mundo, sugerimos consultar o seguinte estudo em inglês (ou notícias em português com ele relacionadas): baldê, C. P. êti áli. The global e-waste monitor 2017: quantities, flows, and resources, United Nations University, International Telecommunication Union, International Solid Waste Association, 2017.

Temas contemporâneos transversais

Aborde questões relacionadas aos temas Educação Ambiental e Educação para o Consumo. Comente a relação entre o descarte incorreto dos equipamentos eletrônicos e a contaminação do solo, da água e do ar com metais pesados tóxicos – cádmio, chumbo, bromo, cobre e níquel, entre outros –, que podem afetar seriamente a saúde das pessoas. Considere a importância da separação do lixo e da coleta seletiva, com base no fato de que, no mundo, a maior parte do lixo eletrônico é composta de smartphones, tablets, carregadores e cabos, ao passo que somente 20% dele é reciclado de maneira apropriada.

Interdisciplinaridade

Com o professor de Arte, desenvolva com os alunos uma pesquisa sobre outros artistas que exploram em suas obras, por meio de práticas artístico-visuais, a relação da humanidade com o meio ambiente, em que problematizem dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética, promovendo a habilidade ê éfe seis nove á érre zero sete da disciplina Arte: “Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais”.

Montagem de fotografia com material eletrônico descartado. Imagem que reproduz o contorno dos continentes e dos oceanos da Terra. Os oceanos têm o aspecto de uma superfície lisa em cor escura e os continentes e as ilhas são formados por partes de computadores descartadas e amontadas.
A obra www (Mapa do Mundo), de víqui Muniz (2008), mostra a representação dos continentes feita com sucata de computadores e produtos eletrônicos. Segundo a ônu, a maior parte do lixo eletrônico é gerada pela China, pelos Estados Unidos e por outros países ricos. Na América Latina, o Brasil é o país que mais gera esse tipo de lixo.

 Caixa de informações

  1. Que materiais víqui Muniz usa em suas obras? Qual deles chamou mais a sua atenção? Por quê?
  2. Em suas obras feitas com sucata, aqui representadas, víqui Muniz busca chamar a atenção para que problema enfrentado atualmente pela humanidade?

 Interprete

  1. Em Atlas, d’après Guercino, víqui Muniz usou sucata para representar o globo carregado por Atlas. Em sua opinião, o que o artista quis demonstrar ao fazer essa releitura da obra de djiovâni éfe barbiéri(Guercino)?
  2. Com base em seus conhecimentos, por que alguns países produzem mais lixo eletrônico que outros? Explique sua resposta.

 Mãos à obra

5. víqui Muniz buscou retratar em diversas de suas produções os problemas decorrentes da fórma como a humanidade se relaciona com o meio ambiente, chamando a atenção para problemas ambientais decorrentes dessa relação. Que tal se inspirar no trabalho do artista para retratar o problema do lixo e a importância da reciclagem e do reúso de materiais atualmente? Você pode explorar alguma arte visual para produzir uma pintura, escultura, gravura ou desenho que retrate a questão apresentada. Para isso, use, por exemplo, sucata e outros materiais descartados. Se preferir, explore outras linguagens artísticas para criar, por exemplo, produções audiovisuais, como vídeos e animações.

Na escola, com a ajuda do professor e com os demais colegas, organizem uma exposição dos trabalhos para a comunidade escolar. Em seguida, converse com um ou mais alunos da escola e pergunte sobre as impressões que eles tiveram sobre os trabalhos apresentados na exposição. Peça a eles que expliquem o que mais lhes chamou a atenção e os motivos. Por fim, com base nessas informações, desenvolva uma breve análise a respeito da interação do público com a exposição, apontando indícios sobre a sensibilização que ela gerou em relação à importância da reciclagem e do reúso de materiais.

Orientações e sugestões didáticas

Competência

A seção Desembarque em outras linguagens, ao explorar as interseções entre Geografia e Arte por meio da obra de víqui Muniz, também colabora para estimular e mobilizar a Competência Geral da Educação Básica 3: “Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural”.

Respostas

  1. Serragem, areia, algodão, chocolate, açúcar, terra, barbante, mel e até lixo. Resposta pessoal.
  2. Para o problema de geração e descarte do lixo. As obras alertam para a questão dos materiais descartados pelo ser humano e sua consequência para o futuro do planeta.
  3. O artista buscou retratar o peso do lixo no mundo, ou seja, as consequências do desperdício e do consumismo para o planeta.
  4. Nos países desenvolvidos, a população geralmente tem maior poder aquisitivo, o que permite que consuma mais e use mais produtos eletrônicos e os substitua com maior frequência. Em decorrência disso, há maior quantidade de lixo eletrônico nesses países em relação aos demais.
  5. Produção pessoal. Momento oportuno para trabalhar em parceria com o professor de Arte, que pode melhor orientar os alunos a explorarem sua criatividade e desenvolverem um produto recorrendo a alguma das linguagens artísticas mencionadas no enunciado. Esclareça aos alunos que eles podem pensar em alguma produção relacionada ao problema do lixo e à importância da reciclagem e do reúso de materiais no contexto do lugar onde vivem, para que reflitam sobre a realidade local e ajam nela, sensibilizando a comunidade para a problemática do lixo no dia a dia. Oriente a montagem da exposição, auxiliando os alunos na organização do espaço, na identificação e na distribuição dos trabalhos. Se julgar conveniente, a exposição poderá ser feita em formato virtual. Para isso, será necessário que eles façam registros fotográficos ou de vídeos para que possam ser carregados em blogs, redes sociais ou sítios eletrônicos da escola para apreciação da comunidade escolar. Durante a exposição, ao conversar com outros alunos sobre os trabalhos expostos, eles desenvolvem noções introdutórias sobre como realizar um estudo de recepção de obras de arte com base em observações e em experiências vivenciadas por determinado público-alvo, no caso, alunos da comunidade escolar que visitaram a exposição. Durante a análise, espera-se que os alunos tenham elementos para avaliar o impacto da exposição sobre reciclagem e reúso de materiais na comunidade.

Glossário

Mar
Porção do oceano geralmente próxima ao continente.
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Península
Porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto por um, pelo qual se liga ao continente.
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Istmo
Estreita faixa de terra situada entre dois mares.
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Arquipélago
Agrupamento de ilhas próximas umas das outras em certas áreas dos oceanos. Exemplo: Arquipélago de Fernando de Noronha (Pernambuco).
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Jurídico
Relativo ou pertencente às normas do Direito: conjunto de leis ou normas que regem as relações entre seres humanos, Estados etcétera.
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Soberania
Autoridade maior ou suprema que deve ser respeitada pelos demais Estados.
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Mar territorial
Faixa marítima de largura igual a 12 milhas marítimas – 22,2 quilômetros –, medidas a partir da linha da maré mais baixa ao longo da costa litorânea territorial.
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Estabelecimento comercial onde se paga para usar um computador; lan, do inglês, significa local area network, ou seja, rede local de computadores.
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Transnístria
Região situada na fronteira entre Moldávia e Ucrânia, cuja população busca a independência desde a década de 1990, mas ainda não foi reconhecida pela Moldávia nem pela ônu.
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Regionalizar
Dividir ou delimitar determinado território ou espaço em regiões, de modo que cada uma delas apresente características comuns ou semelhantes.
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Estado multinacional, composto de 15 repúblicas socialistas, que perdurou de 1922 a 1991, quando se tornaram Estados independentes: Ucrânia, Belarus, Lituânia, Letônia, Estônia, Cazaquistão, Armênia, Moldávia, Geórgia, Quirguistão, Azerbaijão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Rússia.
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Ideológico
De ideologia, sistema de ideias que fórma uma doutrina filosófica, política, econômica etcétera.
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Indicador social
Método estatístico que tem como objetivo quantificar o nível de bem-estar de uma população. Calculam-se, assim, taxas de mortalidade e natalidade, esperança de vida, grau de instrução, qualidade das habitações, poluição, nível de emprego etcétera.
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Divisão internacional do trabalho
Da mesma fórma que numa empresa há a divisão do trabalho entre os seus funcionários, ou seja, um indivíduo executa determinada tarefa, outro executa outra e assim sucessivamente, no conjunto dos países isso também ocorre. Há países que produzem tecnologias e bens de capital (máquinas, equipamentos etcétera) e os vendem para outros países do mundo. Outros são fornecedores de matérias-primas (minérios, petróleo etcétera) e de produtos agropecuários para o mercado mundial.
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Expectativa de anos de escolaridade
É a quantidade de anos de escolaridade esperados para crianças em idade de ingresso na escola.
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Rendimento Nacional Bruto (RNB)
Valor total enviado para dentro de um país por pessoas e empresas nacionais estabelecidas no exterior, subtraindo-se o valor enviado ao exterior por pessoas e empresas estrangeiras estabelecidas no país, e o resultado somado ao PIB do país.
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Região Administrativa Especial da China, que possui autonomia em diversas áreas e caracteriza-se como importante centro financeiro da economia capitalista mundial.
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Sigla formada pelas primeiras letras de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (em inglês, South Africa), para designar o bloco político e econômico, constituído em 2009, com os objetivos de cooperação para o crescimento e o desenvolvimento socioeconômico, de cooperação científica, entre outros. Do ponto de vista geopolítico, poderá representar um contraponto ao poder mundial exercido pelos Estados Unidos e pelos países da Europa Ocidental.
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Geopolítico
De geopolítica, estudo das relações entre o espaço e o poder e entre o Estado e o território.
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