UNIDADE 1 MUNDO GLOBAL: ORIGENS E DESAFIOS

A comunicação nunca foi tão fácil no mundo. Uma informação gerada em uma localidade do planeta pode ser transmitida, em instantes, por texto, som ou imagem, para qualquer lugar. No passado, deslocar-se de um país a outro levava meses; hoje, faz-se em horas. Nesta Unidade, vamos descobrir como esse mundo “global e conectado” vem sendo construído, as consequências desse processo e por que é tão importante compreendê-lo.

Nas últimas décadas, o mundo conheceu grandes transformações econômicas, culturais, sociais etcétera, decorrentes do desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte e dos fluxos financeiros, de pessoas, mercadorias e informações. Estudar esse processo e sua intensificação interessa à Geografia na medida em que ele influencia as relações de trabalho entre pessoas e empresas, as interações entre os países e da sociedade com a natureza, entre outras.

Em escala internacional, um dos efeitos mais notáveis dessas alterações é a intensificação dos fluxos aéreos. Em 2019, o número de passageiros transportados no mundo foi de 4,5 bilhões, enquanto em 2010 essa quantidade era de 2,7 bilhões. No mesmo período, as cargas deslocadas por via aérea passaram de 48 para 57,6 milhões de toneladas.

Observe a imagem, resultado do levantamento realizado por uma empresa que rastreia, praticamente em todo o mundo e diariamente, voos em tempo real, disponibilizando mapas interativos com essas informações.

Ilustração. Ilustração do mapa do mundo com os cinco continentes em preto em branco, com pinos de localização azuis indicando os principais aeroportos do mundo, e aviões amarelos e azuis representando as rotas aéreas mais movimentadas. Destaque para a concentração de aeroportos na América do Norte, Europa, Oriente Médio, Leste, Sul e Sudeste da Ásia. Concentração de aviões amarelos na Europa, América do Norte e Central, Leste da América do Sul, Norte da África, Leste, Sul e Sudeste da Ásia e Austrália. Concentração de aviões azuis no Atlântico Norte e Sul e Pacífico.
A imagem mostra o trajeto de voos realizados em 14/03/2022, às nove horas horas (horário de Brasília). As aeronaves azuis indicam voos rastreados via satélite e, as amarelas, por antenas terrestres; os marcadores visuais de localização indicam a presença de aeroportos.
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem. Composto por uma placa amarela com um semáforo no centro.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. Como os avanços tecnológicos contribuíram para o aumento dos fluxos de transporte aéreo nas últimas décadas?
  2. Os países e as regiões do mundo estão integrados igualmente pelas rótas de transporte aéreo? Explique com base na imagem.

PERCURSO 1 ORIGENS E BASES DO MUNDO GLOBAL

1. Nunca estivemos tão próximos

Há mais de um século, meios de comunicação como o rádio e o telefone tinham acabado de ser inventados e um número reduzido de pessoas podia obtê-los. Além disso, o acesso à informação era mais restrito. A partir da década de 1970, com a Revolução Informacional, houve a introdução de computadores e de redes de telecomunicações instantâneas. Esses recursos possibilitaram a circulação de informações em “tempo real” – por meio dos noticiários televisivos, da internet e da telefonia móvel – sobre fatos, pessoas e paisagens de diferentes lugares e regiões do planeta, além de muitos outros aspectos.

Assim, hábitos de consumo, como a preferência por determinadas fórmas de se vestir, filmes e músicas, podem ser compartilhados diariamente, a todo instante, por pessoas de diversas culturas e países (fotos A e B). Isso ajuda a entender as expressões mundo global e globalização. Ambas transmitem a ideia de que vivemos um momento marcado pela intensificação das relações sociais mundiais, em função de diversos fatores tecnológicos que afetam a economia, a política e os modos de comunicação das sociedades em todo o planeta.

A globalização, porém, não é algo recente. Segundo alguns sociólogos, geógrafos e outros estudiosos do tema, esse fenômeno está em curso há mais de cinco séculos. De acôrdo com essa visão, o que hoje chamamos de globalização é apenas uma etapa específica e avançada de um processo antigo ou do capitalismo.

Fotografia A. Diversas pessoas posando para uma fotografia. Elas usam fantasias de super-heróis masculinos e femininos. À frente delas, uma longa bancada com um letreiro usado para a divulgação de um filme de super-heróis.
Fotografia B. Destaque para um painel eletrônico azul com uma informação escrita no idioma japonês. Na frente do painel, diversas pessoas fantasiadas de super-heróis. Na frente delas, a sombra de outras pessoas na plateia, observando as pessoas fantasiadas.
Com o avanço das tecnologias de comunicação, pessoas de diferentes culturas e países distantes podem compartilhar informações e hábitos de consumo instantaneamente. Na foto A, fãs participam da estreia mundial de filme de super-heróis em Los Angêlis, Estados Unidos (2019). Na foto B, cosplayers (pessoas ou animadores cuja arte é a de interpretar um personagem) vestidos como super-heróis em Chiba, Japão (2019).

2. Como tudo começou: as economias-mundo

Até o século quinze, o meio natural e as limitações tecnológicas dificultavam as relações econômicas e culturais entre povos de diferentes continentes e entre populações de uma mesma região.

Cadeias montanhosas e oceanos dificultavam as viagens e as comunicações, e, embora o comércio de longa distância ocorresse, era realizado em ritmo muito mais lento se comparado aos padrões atuais. Dessa maneira, o isolamento e a autossuficiência econômica eram condições comuns à maioria dos povos: muitas vezes, as pessoas nasciam, viviam e morriam sem saber da existência de outros povos e de culturas diferentes da sua ou acabavam tomando conhecimento deles apenas por meio de lendas e de relatos de viajantes.

Assim, até o século quinze, a Terra abrigava cinco economias-mundo, ou seja, cinco grandes regiões do planeta economicamente autônomas, capazes de garantir o abastecimento de suas próprias populações. Segundo o historiador francês fernã brôdél, essas cinco regiões eram: Europa, China, Índia, África árabe e América, ocupada por civilizações pré-colombianasglossário . Desenvolviam-se, em grande parte, separadas umas das outras, embora nos limites geográficos entre algumas delas ocorressem trocas culturais e comerciais.

Esse cenário começou a modificar-se no século quinze, com a transformação das economias-mundo em um sistema-mundo.

3. As quatro fases da globalização

O processo de globalização, que se iniciou no século quinze, passou por diferentes fases de desenvolvimento até chegar à atualidade. É possível distinguir quatro delas.

Primeira fase

Os primeiros movimentos da globalização tiveram início com a expansão geográfica da economia-mundo europeia por meio das Grandes Navegações marítimas dos séculos quinze e dezesseis. Alguns povos europeus, impulsionados pela busca de metais preciosos que cobrissem os gastos das monarquias europeias e de produtos exóticos para serem comercializados na Europa, aproveitaram os avanços das técnicas de navegação e estabeleceram relações comerciais mais intensas com as demais economias-mundo (observe a foto).

Entre o século quinze e meados do dezenove, ampliaram-se a migração de pessoas e a circulação de produtos, fazendo surgir novos mercados entre regiões antes isoladas, o que favoreceu a expansão comercial.

Fotografia. No primeiro plano, vista de o perfil de um grande monumento à beira-rio com formato de uma caravela. A base do monumento contém diversas estátuas de pessoas enfileiradas. Abaixo, superfície plana ocupada por diversas pessoas observando o monumento e o rio. No segundo plano, o rio, uma ponte vermelha e céu azul.
Monumento aos descobrimentos, em Lisboa, capital de Portugal (2020), às margens do Rio téjo. Inaugurado em 1960, esse monumento tem a fórma de uma caravela e homenageia, entre outros, os navegadores, os cartógrafos e os intelectuais que participaram das Grandes Navegações marítimas dos séculos quinze e dezesseis. Atualmente, é um importante ponto de atração turística.
Ícone. Seção Quem lê viaja mais. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa lendo.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

STRAZZACAPPA, Cristina; MONTANARI, Valdir.

Globalização: o que é isso, afinal? terceira edição São Paulo: Moderna, 2007.

Com linguagem acessível e muitas vezes divertida, os autores desvendam a globalização, as origens desse fenômeno e os desafios que o cercam.

Segunda fase

Entre a segunda metade do século dezenove e o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o processo de globalização adquiriu novo impulso com a expansão da dominação política, econômica e militar europeia sobre grandes extensões da África e da Ásia, onde foram estabelecidos impérios coloniais.

As inovações técnicas aplicadas à indústria, aos transportes e às comunicações, com a expansão das ferrovias e do uso de automóveis, aviões (observe a foto A), telégrafos, telefones e rádios, contribuí­ram para intensificar, agilizar e ampliar a difusão de relações econômicas capitalistas para outros territórios.

Fotografia A em preto e branco. Destaque para um avião antigo no céu e nuvens ao lado. Abaixo, superfície terrestre plana ocupada por cultivos agrícolas.
Entre outras inovações técnicas, as que foram aplicadas na aviação contribuíram para impulsionar a globalização. Na foto, avião de passageiros e de correio sobrevoa território dos Estados Unidos em 1940.

Terceira fase

Entre 1945 e 1989, o processo de globalização esteve condicionado à Guerra Fria – conflito caracterizado pela presença de dois blocos de poder político e econômico rivais: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, comandado pela extinta União Soviética. Esses dois países disputavam entre si a ampliação de suas áreas de influência no mundo.

Nessa fase, a globalização continuou a expandir-se, em grande parte graças aos avanços tecnológicos na informática, nas telecomunicações (foto B) e nos transportes.

Fotografia B. Destaque para um satélite antigo de formato cilíndrico em órbita no espaço. Na parte de baixo do satélite, há um astronauta. No segundo plano, vista do Planeta Terra azul com muitas nuvens.
Durante a Guerra Fria, as tecnologias espaciais e de comunicação passaram por intenso desenvolvimento. Na foto, satélite de comunicações na órbita da Terra (1984).

Quarta fase

Desde a última década do século vinte, com o fim da Guerra Fria, o mundo passou a viver a quarta fase da globalização, ampliada em virtude do avanço do capitalismo em direção aos países nos quais antes existia o socialismo.

A Revolução Técnico-Científico-Informacional, caracterizada por avanços do conhecimento em diversas áreas (informática, telecomunicações, robótica, biotecnologia, entre muitas outras), ocorridos a partir dos anos 1970 (foto C), favoreceu ainda mais a expansão do capitalismo e provocou grandes mudanças na produção industrial, na agropecuária, na prestação de serviços e na própria geração de novos conhecimentos técnicos e científicos. Provocou também mudanças na circulação de mercadorias, nos transportes de cargas e de passageiros, na difusão de bens culturais e de artigos de consumo, entre outras. A maior eficiência das telecomunicações também possibilitou a formação de redes digitais mundiais e estimulou o avanço da globalização, que pode ser entendida como a fase atual do capitalismo.

Fotografia C. Vista para a área interna de um salão de dois andares. No andar de baixo, cinco círculos espalhados compostos por uma bancada circular, cadeiras e equipamentos eletrônicos apoiados e diversas telas de computador. Algumas pessoas estão sentadas nessas bancadas. Entre os círculos, há uma pessoa em pé. No segundo andar, mezanino com parapeito. Acima, teto com lustres.
Na atual fase da globalização, redes de computadores permitem rapidez nas transações financeiras. A Bolsa de valôres é o local em que empresas negociam suas ações com indivíduos ou outras empresas. Na foto, Bolsa de valôres de Frankfurt, na Alemanha (2022).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

BRIGAGÃO, Clóvis; RODRIGUES, Gilberto M. A.

Globalização a ôlho nu: o mundo conectado. segunda edição São Paulo: Moderna, 2004.

Com base em algumas tecnologias desenvolvidas na atual fase da globalização e na condução política dos países em parte desse período, os autores apresentam uma visão crítica dos problemas que afetam as sociedades.

4. Transportes e telecomunicações: os motores tecnológicos da globalização

Nas últimas décadas, os meios de transporte se modernizaram, tornando-se mais rápidos e mais baratos. Com isso, aumentou a capacidade de transporte de carga e de passageiros, e intensificaram-se os deslocamentos de pessoas e mercadorias em intervalos de tempo cada vez menores, possibilitando a integração de diferentes regiões do mundo. Observe, no esquema, como as inovações nos meios de transporte ao longo dos séculos favoreceram o encurtamento do espaço-tempo.

O encurtamento do espaço-tempo

lustração. O encurtamento do espaço-tempo. Ilustração composta por quatro planisférios de escalas e dimensões diferentes. Os planisférios estão dispostos verticalmente dentro de uma geometria similar a um funil. Acima do primeiro planisfério, texto descritivo: Inovações nos transportes “encurtam o espaço por meio do tempo”.
O primeiro planisfério é o maior de todos. Acima dele, o texto informativo: 1500 a 1840. Velocidade das carruagens e dos barcos a vela: 16 quilômetros por hora (média de velocidade alcançada).
Abaixo, um primeiro planisfério de dimensão e escala um pouco menor. Acima dele, o texto informativo:1850 a 1930. Velocidade das locomotivas a vapor: 100 quilômetros por hora (média de velocidade alcançada); barcos a vapor: 57 quilômetros por hora (média de velocidade alcançada).
Abaixo, outro planisfério de dimensão e escala ainda menor. Acima dele, o texto informativo: Anos 1950. Aviões a propulsão: 480 a 640 quilômetros por hora (média de velocidade alcançada).
Abaixo, o último planisfério de dimensão e escala ainda menor. Acima dele, o texto informativo: Anos 1960. Jatos de passageiros: 800 a1100 quilômetros por hora (média de velocidade alcançada).

Fonte: Rrárvi, Deivid. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. vigésima primeira edição São Paulo: Loyola, 2011. página 220.

Nota: O esquema representa o encolhimento do mapa mundial graças às inovações nos transportes, que permitiram percorrer maiores distâncias em menos tempo, como se o espaço tivesse sido “encurtado”. Por causa disso, o mundo tornou-se cada vez mais acessível ao avanço do capitalismo, e as distâncias, relativamente menores para quem pode usar os transportes modernos.

Do mesmo modo, os avanços tecnológicos nas telecomunicações permitiram que os fluxos de informação se tornassem cada vez mais intensos e velozes, tanto em escala local e regional como em âmbito nacional ou global.

Nos dias atuais, pessoas, empresas, governos e organizações dos mais variados tipos comunicam-se por telefones fixos e móveis e por computadores conectados a diversas redes sociais, por meio de antenas, satélites artificiais e cabos submarinos de fibra óptica (consulte o mapa A, na página seguinte). Vivemos, assim, em um mundo ligado por redes de fluxos de informações, conectando pessoas, capitais e negócios.

Mundo: cabos submarinos de fibra óptica – 2022

Mapa A. Mundo: cabos submarinos de fibra óptica – 2022. Planisfério mostrando a localização dos cabos submarinos e os pontos de aterragem dos cabos no mundo. Os cabos se concentram predominantemente no Atlântico Norte, Pacífico Norte, costa leste da América do Sul, costa oeste da África, Mar Mediterrâneo, Leste, Sul e Sudeste Asiático. Os pontos de aterragem localizam-se predominantemente no litoral da Europa Ocidental, costa leste e oeste do Estados Unidos, litoral das ilhas da América Central, litoral dos países mediterrâneos e litoral dos países do Leste, Sul e Sudeste Asiático. Na parte inferior a rosa dos ventos e a escala de 0 a 2.420 quilômetros.

Fonte: TELEGEOGRAPHY. Submarine Cable Map Disponível em: https://oeds.link/GUKQ9f. Acesso em: 9 março 2022.

No entanto, é importante lembrar que esses fluxos de informações não incluem países, regiões e lugares do mundo da mesma maneira (observe o mapa B), assim como os efeitos da globalização não chegam a todos igualmente. Em verdade, a globalização, muitas vezes, gera ou amplia desigualdades no espaço geográfico mundial.

Mundo: percentual da população usando internet (em porcentagem) – 2019

Mapa B. Mundo: percentual da população usando internet (em porcentagem) – 2019. Mapa mostrando a porcentagem de pessoas que usam a internet por país. Os países estão destacados em tonalidades de cor que variam do mais claro, em um tom claro de lilás (países com baixo percentual da população usando internet), para o mais escuro, em roxo (países com elevado percentual da população usando internet)
Uso da internet em 2019 (em porcentagem).
Menos de 20% da população: Guiné-Bissau, Serra Leoa, Male, Burkina Faso, Togo, Benim, Burundi, Níger, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia, Eritréia, Somália, Tanzânia, Madagascar, República Democrática do Congo, Congo, Malawi, Afeganistão, Bangladesh, Paquistão e Papua- Nova Guiné.
De 20% a 40% da população: El Salvador, Honduras, Nicaragua, Haiti, Guiana, Mauritânia, Senegal, Gâmbia, Guiné, Libéria, Gana, Nigéria, Camarões, Guiné Equatorial, Angola, Namíbia, Zâmbia, Zimbabwe, Moçambique, Quênia, Uganda, Ruanda, Sudão, Líbia, Síria, Iêmen, Turcomenistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Índia, Sri Lanka, Nepal, Mianmar e Laos.
De 41% a 60% da população: Guatemala, Belize, Jamaica, Peru, Suriname, Bolívia, Equador, Argélia, África do Sul, Egito, Botswana, Costa do Marfim, Gabão, Uzbequistão, China, Mongólia e Indonésia 
De 61% a 80%: Brasil, México, Cuba, Panamá, Colômbia, Venezuela, Paraguai, Argentina, Uruguai, Marrocos, Tunísia, Turquia, Líbano, Jordânia, Irã, Iraque, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Itália, Portugal, Tailândia, Ucrânia, Vietnã, Filipinas, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Albânia, Grécia, Macedônia do norte, Kosovo, Sérvia, Bulgária, Romênia e Moldávia.
Mais de 80%: Estados Unidos, Canadá, Chile, Costa Rica, Rússia, Cazaquistão, Arábia Saudita, Malásia, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Islândia, Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar, Barein, Kuait, Israel, Chipre, Estônia, Belarus, Letônia, Lituânia, Polônia, Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Eslovênia, Suécia, Finlândia, Noruega, Reino Unido, Irlanda, Espanha, França, Suíça, Áustria, Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Dinamarca.
Sem dados: Antártica, Coreia do Norte, Saara Ocidental e Guiana Francesa.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.540 quilômetros.

Fonte: OUR WORLD IN DATA. Share of the population using the internet: 2019. Disponível em: https://oeds.link/mEMe88. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

Grafismo composto de uma linha laranja com um losango na ponta indicando atividades orais sistemáticas.

Qual continente apresenta a menor proporção de sua população com acesso à internet?

Ícone. Seção Rotas e encontros. Composto por uma placa amarela com o desenho de duas mãos se cumprimentando.

Rotas e encontros

Indígenas dominam novas tecnologias e ampliam defesa de seus territórios

“A partir do uso de tecnologia de última geração aplicada à conservação da natureza, e contando com parcerias estratégicas de longo prazo com organizações locais da Amazônia, o dáblio dáblio éfe-Brasil colocou em ação um projeto de proteção territorial, em parceria com a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, que está fortalecendo a capacidade de povos indígenas de [do estado de] Rondônia monitorarem seus próprios territórios.

A iniciativa prevê a formação e expansão de uma verdadeira rede amazônica de proteção, reforçando o protagonismo dos povos indígenas, e vai utilizar diversos recursos tecnológicos para um monitoramento profissionalizado e contínuo de Terras Indígenas e outros territórios tradicionais.

Ao combinar o uso de drones, câmeras fotográficas, geoprocessamento e aplicativos para denúncias de crimes ambientais, o projeto permite a elaboração de denúncias tão bem fundamentadas que dificilmente poderão ser ignoradas pelas autoridades, acredita Neidinha Suruí [coordenadora de projetos da Kanindé]. ‘Isso facilita a tomada de decisão, porque nos relatórios o pessoal do Ministério Público e Funai podem visualizar claramente a localização exata e a magnitude do dano ambiental, diz.

O modêlo adotado pelo projeto, segundo Neidinha, fortalece a luta dos indígenas em defesa de seu território, ao dar a eles autonomia nas ações de proteção. Quando o poder público não se mobiliza, os próprios indígenas encaminham suas denúncias diretamente ao Ministério Público, à Polícia Federal e à imprensa.

‘Eles estão se sentindo empoderados na defesa de seus territórios. Há um efeito multiplicador importante, tanto que vemos jovens, crianças, idosos, mulheres e homens formando uma verdadeira rede de informações. Com o acesso à internet, igualmente obtido por meio dessa e de outras parcerias, eles mesmos colocam todo esse material também em suas redes sociais, para que suas vozes sejam ouvidas. Isso é empoderamento, isso é autonomia’, declara Neidinha.”

Fonte: INDÍGENAS dominam novas tecnologias e ampliam defesa de seus territórios. dáblio dáblio éfe Brasil, 22 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/APYTvO. Acesso em: 14 março 2022.

Fotografia. Destaque para o perfil de adolescente indígena de cabelos curtos, lisos e pretos e camiseta verde. Ele segura um aparelho de celular e observa a tela. Ao fundo, parede de madeira, cocar pendurado, uma cadeira e uma mesa com objetos apoiados.
Adolescente indígena da etnia páitê suruí usando smartphone na Aldeia Joaquim, Cacoal, Rondônia (2019).

 Interprete

1. De que fórma o projeto de monitoramento desenvolvido em Rondônia está associado à modernização tecnológica?

 Argumente

  1. É possível dizer que os indígenas que participam do projeto estão inseridos na globalização? Justifique.
  2. Elabore uma afirmação contrária ou favorável ao uso das modernas tecnologias de comunicação por parte dos povos indígenas. Pesquise dados que possam sustentar a sua afirmação. Em seguida, reúna-se com um colega para debater seus pontos de vista.

PERCURSO 2 ECONOMIA GLOBAL: TRANSNACIONAIS E TRABALHO

1. Fluxos de mercadorias: o comércio global desigual

Na atual fase da globalização, constatamos um extraordinário crescimento do comércio internacional. De acôrdo com dados da Organização Mundial do Comércio (ó ême cê), em 1950, o intercâmbio comercial mundial era de 64 bilhões de dólares. Em 2020, atingiu a marca dos 17,6 trilhões de dólares (observe o gráfico).

Alguns fatores foram decisivos para que isso ocorresse, entre eles: a melhora dos meios de transporte e de comunicação; a diminuição dos custos e dos fretesglossário ; o rápido crescimento da população mundial nos últimos 60 anos; o aumento do rendimento de muitas famílias; a entrada de novos países no comércio internacional mundial; e a liberalização das regras comerciais – com o objetivo de facilitar a exportação e a importação de mercadorias entre países. Essas transformações resultaram na difusão de um estilo de vida centrado no consumo; daí a expressão sociedade do consumo, caracterizada por uma intensa procura por todo tipo de produto, o que estudaremos no Percurso 3.

O comércio internacional, no entanto, continua apresentando desigualdades marcantes: enquanto Europa Ocidental, América do Norte e parte da Ásia – os três principais polos da economia mundial – têm grande participação no comércio mundial, muitos países da América Latina e da África, por exemplo, ocupam posições marginais, com reduzidos fluxos de importação e exportação.

Em parte, isso se explica pela maior capacidade de produção e de consumo dos países cuja industrialização é mais desenvolvida e pelo fato de muitos desses países manterem barreiras comerciaisglossário que impedem a entrada de produtos mais baratos, principalmente agropecuários, oriundos dos países menos desenvolvidos e emergentes.

Mundo: valor das mercadorias exportadas 1950-2020

Gráfico. Mundo: valor das mercadorias exportadas 1950-2020. Gráfico de colunas mostrando o valor das mercadorias exportadas em trilhões de dólares. Os intervalos dos valores, em trilhões de dólares, estão apresentados no eixo vertical e os anos estão apresentados no eixo horizontal.
1950: 0,06 trilhões de dólares.
1960: 0,13 trilhões de dólares.
1970: 0,31 trilhões de dólares.
1980: 2,0 trilhões de dólares.
1990: 3,4 trilhões de dólares.
2000: 6,4 trilhões de dólares.
2010: 15,3 trilhões de dólares. 
2020: 17,6 trilhões de dólares.

Fonte: elaborado com base em dáblio tê óSTATS. Disponível em: https://oeds.link/85orFc. Acesso em: 20 março 2022.

Ícone. Seção No seu contexto. Composto por uma placa amarela com o desenho de um binóculo no centro.

NO SEU CONTEXTO

Cite um fator que explique a inserção da globalização em seu cotidiano.

As transnacionais

Em todo o mundo, parte expressiva da produção, do comércio e do consumo é impulsionada e controlada pelas chamadas transnacionais – empresas com alto nível de organização que atuam dentro e fóra do território de seu país de origem, por meio de filiais espalhadas pelo mundo.

Mundo: receitas das 500 maiores transnacionais – 2019

Mapa. Mundo: receitas das 500 maiores transnacionais – 2019. Planisfério mostrando o volume das receitas em bilhões de dólares das 500 maiores empresas transnacionais. Os valores são representados por meio de círculos proporcionais, que variam em dimensão conforme o valor de cada empresa indicada. 
514,5 bilhões de dólares: empresas situadas na costa leste dos Estados Unidos, costa oeste da China.
355,9 bilhões de dólares: empresas situadas na costa leste e oeste dos Estados Unidos, na Europa Ocidental, na costa oeste da China, Japão e Catar.
180,7 bilhões de dólares: empresas situadas na costa leste e oeste dos Estados Unidos, na Europa Ocidental, na costa oeste da China, Japão, na porção oeste da Rússia, na costa oeste da Índia e no sudeste do Brasil. 
95,6 bilhões de dólares: empresas situadas na costa leste e oeste dos Estados Unidos, na Europa Ocidental, na costa oeste da China, no Japão, na porção oeste da Rússia, no sudeste do Brasil, no Catar e Emirados Árabes Unidos, na Índia, na costa leste e oeste da Austrália, além de Malásia e Cingapura.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.450 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em FORTUNE. Mapping the Global. Disponível em: https://oeds.link/cUXdku. Acesso em: 22 março 2022. í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32.

Embora existam inúmeras transnacionais originárias de países emergentes – como as brasileiras Petrobras e Vale, que têm séde no Rio de Janeiro e atuam em mais de 25 países; e a chinesa State Grid, do setor energético, que ocupou, em 2021, a 2ª posição na classificação das maiores transnacionais em valor de negócios (observe o gráfico) –, a maioria e as mais poderosas estão sediadas em países desenvolvidos: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Suíça. Para se ter ideia, o valor de negócios de muitas dessas empresas supera o Píbi de diversos países. É o caso da Áustria (433 bilhões de dólares, em 2020) e de Portugal (229 bilhões de dólares, em 2020), entre outros.

As 10 maiores transnacionais em valor de negócios – 2021

Gráfico. As 10 maiores transnacionais em valor de negócios – 2021. Gráfico de barras horizontais mostrando as maiores transnacionais, os respectivos setores de atividade e o volume de negócios em bilhões de dólares. 
Walmart (Estados Unidos). Setor de distribuição. 524 bilhões de dólares.
State Grid (China). Setor de energia. 384 bilhões de dólares.
Sinopec Group (China). Setor de energia. 407 bilhões de dólares.
China National Petroleum (China). Setor de energia. 379 bilhões de dólares.
Volkswagen (Alemanha). Setor automotivo. 283 bilhões de dólares.
Amazon (Estados Unidos). Setor de distribuição: 281 bilhões de dólares.
Toyota (Japão). Setor automotivo. 275 bilhões de dólares.
Apple (Estados Unidos). Setor de tecnologia. 260 bilhões de dólares.
CVS Health (Estados Unidos). Setor de saúde. 275 bilhões de dólares).
United Health Group. Setor de saúde. 242 bilhões de dólares.

Fonte: elaborado com base em Fortune. Global. Disponível em: https://oeds.link/SjUFjY. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você e seus familiares usam ou consomem produtos fabricados por empresas transnacionais? Cite um ou mais exemplos.

O poder das transnacionais

Por causa de sua importância econômica, algumas transnacionais têm poder para influenciar a economia global de acôrdo com os próprios interesses. Atuam também nas esferas do poder político, a ponto de interferir em ações governamentais para estabelecer normas que facilitem seu desempenho. Rea­lizam maciços investimentos tanto no país de origem como em outros países que oferecem diversas vantagens, como a disponibilidade de matéria-prima e de mão de obra baratas, mercados consumidores promissores para a expansão de seus negócios, leis e fiscalização mais brandas ou ausentes, além de grandes oportunidades oferecidas pelos governos locais de redução de impostos, que favorecem a lucratividade dessas empresas.

Com base nesse cenário, as transnacionais são responsáveis por uma nova fórma de produção: a fábrica global.

Ícone. Seção Pausa para o cinema. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa segurando uma câmera na altura dos olhos.

PAUSA PARA O CINEMA

Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá.

Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban Produções, 2007. Duração: 90 minutos

Documentário produzido com base em uma entrevista com o geógrafo brasileiro Milton Santos (1926-2001) sobre a globalização e seus efeitos no planeta.

2. A fábrica global

Com o objetivo de aumentar os lucros, as transnacionais industriais se apoiam em uma fórma descentralizada de produção, em que cada etapa pode ser desenvolvida em um país diferente, de acôrdo com as vantagens que o país oferece quanto aos custos de produção, a margem de lucro e a possibilidade de aumentar sua competitividade no mercado global.

Nessa cadeia produtivaglossário industrial, uma empresa transnacional pode, por exemplo, fabricar um componente de seu produto (computador, carro, caminhão etcétera) em um país, produzir outro em um segundo país e fazer a montagem do produto final em um terceiro, mantendo, normalmente, o centro administrativo da empresa no país de origem.

Para isso, as transnacionais contam com uma eficiente estrutura de distribuição e sofisticados sistemas de transporte e de comunicação, que “encurtam” o espaço mundial e permitem a chegada de seus produtos a diferentes pontos do mundo com preços mais competitivos.

Fotografia. Vista para a área interna de uma indústria, com uma longa bancada verde e trabalhadores ao redor. No primeiro plano, destaque para uma pessoa de jaleco, boina e máscara de proteção facial manuseando um equipamento sobre a bancada. Ao lado do equipamento, um recipiente amarelo e estante apoiada sobre a bancada. No segundo plano, outras pessoas na bancada manuseando equipamentos.
Trabalhadores em linha de produção de cabos telefônicos e cabos de rede de computadores em túnchiuk, China (2020).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No município onde você mora existe alguma fábrica ou indústria inserida na globalização? O que ela produz? Ela exporta? Ela depende da importação de matérias-primas?

Repare que essa realidade é bastante diferente daquela do século dezenove até meados do século vinte, quando os países industriais, principalmente as potências europeias e os Estados Unidos, exportavam manufaturados para os países de economia primária da América Latina, da Ásia e da África, que, por sua vez, exportavam produtos agrícolas e minerais para os países industriais.

Na fábrica global, a cadeia produtiva descentralizada e as inovações tecnológicas intensificaram os fluxos comerciais e modificaram o mercado de trabalho, exigindo mão de obra qualificada e criando novas fórmas de desemprêgo. Entenda a seguir como isso acontece.

O mercado de trabalho

A forte concorrência, característica marcante do período mais recente da globalização, leva as empresas a buscar a contínua renovação das estratégias de produção e comercialização de seus produtos. Ao perseguir esse objetivo, elas adotam novas tecnologias no processo produtivo, aumentando a demanda por trabalhadores criativos e qualificados, com maior nível de escolaridade e capazes de se adaptar constantemente às mudanças em todos os setores de produção: agropecuária, indústria, prestação de serviços e de busca de novas tecnologias e conhecimentos.

No entanto, em muitos setores, os trabalhadores têm dificuldade para se manter nos postos de trabalho e conservar a estabilidade de seus rendimentos. Isso acontece porque a remuneração se dá cada vez mais em função da produtividade, e nem sempre os trabalhadores contam com jornadas de trabalho regulares – situação que estabelece as chamadas relações de trabalho flexíveis, em que a carga horária é menos importante do que a qualidade e a produtividade do trabalho que se é capaz de realizar.

Nos últimos anos, o surgimento e a expansão de plataformas digitais (aplicativos) que oferecem uma grande variedade de serviços on-line – solicitar automóvel e alimento, fazer compras em restaurantes, entre outros – tornaram-se alternativa de rendimento principalmente para pessoas desempregadas ou que já estavam ocupadas em trabalhos informais. Contudo, as transnacionais, que geralmente são as detentoras desses serviços, nem sempre garantem direitos mínimos aos trabalhadores, evitam criar vínculos empregatícios com eles e não controlam ou limitam as horas de trabalho, que podem ser excessivas, por exemplo, para motoristas e entregadores, realidade que agravou a chamada precarização do trabalho, geralmente associada às relações de trabalho flexíveis entre empresas e funcionários.

Fotografia. Vista de uma paisagem urbana. Em destaque, no primeiro plano, um ciclista circulando por uma ciclofaixa que atravessa uma via pública; ele aparece de agasalho, calça e boné e carregando uma mochila vermelha. No segundo plano, pista de asfalto, fachada de edifícios espelhados, placas de rua, pedestre, jardim e escultura vermelha.
Ciclista entregador de comida via aplicativo na Avenida Faria Lima, na cidade de São Paulo, São Paulo (2020).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você conhece alguém que se encontra nessa situação de relação de trabalho flexível? Em caso afirmativo, qual é a atividade desenvolvida por essa pessoa?

Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

Gig Economy, a uberização do trabalho

Direção: Carlos Juliano Barros, Caue Angeli, Maurício Monteiro Filho. Brasil: 2019. Duração: 60 minutos

O documentário aborda as novas fórmas de trabalho informal intermediadas por plataformas digitais.

O aumento do desemprêgo na economia global

Existem muitas causas para o desemprêgo, mas, na atual fase da globalização, a inserção das inovações tecnológicas nos processos produtivos tem contribuído para aumentar o problema. A esse tipo de desemprêgo dá-se o nome de tecnológico ou estrutural, derivado, em grande parte, da substituição da mão de obra pela mecanização, pela automação e pela informatização do processo produtivo (observe as fotos A e B). Embora mais presente nos países desenvolvidos, o desemprêgo tecnológico também atinge os demais países.

Fotografia em preto e branco A. Vista para uma linha de produção de automóveis, com diversos veículos antigos enfileirados e em cima de um trilho. Nas laterais veículos, operários manuseiam peças de montagem junto aos automóveis. Acima, o teto com o encanamento aparente, lustres e lâmpadas.
Fotografia B. Vista para uma linha de produção de veículos robotizada. No centro, carroceria de veículos enfileirados. Nas laterais esquerda e direita da linha de montagem, diversas máquinas laranjas manuseando as carrocerias. Diversos cabos e equipamentos estão junto as máquinas laranjas.
Na foto A, linha de montagem de indústria automobilística na cidade de São Paulo, São Paulo (1923). No início do século vinte, quando ainda não havia maquinário moderno nem robôs operando na montagem dos automóveis, grande número de trabalhadores se revezava em vários turnos para dar conta de todas as etapas da produção. Atualmente, o avanço tecnológico permite a produção de automóveis em grande escala, em menos tempo, com alto grau de sofisticação e número reduzido de operários. Na foto B, destaque para a robótica e a automação na linha de montagem em fábrica em báudin, China (2021).

Entretanto, é importante compreender que não é somente a introdução de tecnologias nas cadeias produtivas a responsável pelo desemprêgo estrutural, mas, sim, a lógica do capital que, por meio de novas técnicas de produção, visa economizar no pagamento de mão de obra e obter mais lucros.

Às dificuldades impostas pelo desemprêgo estrutural, somam-se, ainda, as do desemprêgo conjuntural ou cíclico, que diz respeito à dispensa de mão de obra durante uma crise econômica – período em que as demissões são temporárias e os empregos são retomados quando a crise é superada. Esse é o caso do Brasil, que, além do desemprêgo estrutural, passou a ter também forte desemprêgo conjuntural a partir de 2014, em razão de sucessivas crises políticas e econômicas. Em anos recentes, sobretudo em 2020 e 2021, no Brasil e em outros países, isso se agravou com a pandemia de Covid-19 (no Brasil, segundo o í bê gê É, a taxa de desemprêgo aumentou de 11,9% em 2019 para 13,5% em 2020, ano em que a doença adquiriu proporção mundial). Observe a foto A da página seguinte.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

CARMO, Paulo Sérgio do.

O trabalho na economia global. segunda edição São Paulo: Moderna, 2004.

O autor examina as novas fórmas de produção e as relações de trabalho da economia global, levando à reflexão sobre as causas e as consequências desse processo.

Fotografia A. No centro, uma via pública de paralelepípedo, ocupada por uma longa  fila de pessoas. À esquerda, diversas tendas brancas com mesas, cadeiras e pessoas na área interna. À direita, fachada de edifícios histórico. Ao fundo, galpões e edificações.
De acôrdo com o í bê gê É, o desemprêgo no Brasil atingiu 12 milhões de pessoas no último trimestre de 2021, o que representou, aproximadamente, o dobro do que existia no final de 2013. Na foto, busca por uma vaga de emprêgo gera grandes filas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (2022).

As consequências do desemprêgo e o futuro

No Brasil, como em diversos países do mundo, inclusive nos desenvolvidos, o desemprêgo é uma realidade que afeta trabalhadores e famílias. Provoca desestruturação do convívio familiar e das relações sociais, aumenta a violência e o trabalho informal e causa traumas psicológicos.

Calcula-se que, nos países desenvolvidos, cêrca de 80% das perdas de emprêgo estão relacionadas à implantação de novas tecnologias no sistema produtivo e o restante ao desemprêgo conjuntural e à transferência de empresas para países menos desenvolvidos. Assim, com a descentralização da atividade produtiva realizada pelas transnacionais em direção aos países menos desenvolvidos, é de se esperar que o desemprêgo estrutural se agrave nesses países, em que se inclui o Brasil.

Mas, se entendermos que a Revolução Técnico-Científico-Informacional prosseguirá o seu curso, novas profissões serão criadas. E, assim, não somente o Brasil, mas outros países deverão reformular os seus modelos de educação para fazer frente a esse desafio (foto B).

Fotografia B. Vista para a área interna de uma sala. No primeiro plano, uma mulher de pé conversa com outras três mulheres que estão sentadas no entorno de uma mesa com notebooks, papeis e outros materiais de escritório apoiados. No segundo plano, outra mesa com pessoas sentadas. Ao fundo, uma parede com quadros pendurados e um espaldar de madeira.
A Finlândia ocupa as primeiras posições no piza, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que tem por objetivo aferir a educação por meio de avaliação do desempenho dos alunos em Matemática, Ciências e Leitura. Na foto, alunos e professora em sala de aula de escola em rélsinqui, Finlândia (2018).

As crianças que ingressam hoje nas escolas se defrontarão com novas profissões no futuro, por isso precisarão estar preparadas. A escola não pode omitir seu papel ou sua função de instruir e desenvolver atitudes sociais – solidariedade, ética, respeito às diferenças e ao meio ambiente etcétera –, e tampouco o de preparar para as atuais e novas profissões.

Ícone. Seção Navegar é preciso. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa sentada com as mãos sobre o teclado de um computador.

NAVEGAR É PRECISO

Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (piza)

https://oeds.link/vPW5Gs

No site estão disponíveis testes e questionários das últimas edições do piza, os resultados do Brasil na avaliação nos últimos anos, os referenciais que norteiam o programa, entre outras informações.

3. Globalização e capital financeiro

Com a globalização, houve também o aumento do fluxo de capitais financeiros em todo o mundo, por meio de operações realizadas por bancos, empresas, agências ou escritórios de corretagens de açõesglossário e títulosglossário espalhados por vários países.

A globalização das finanças ou do capital financeiro favoreceu o capital especulativoglossário , em que os especuladores de moedas e ações asseguram grandes lucros. Esses especuladores são representados por pessoas e instituições financeiras que possuem grande poder de compra e que adquirem, por exemplo, milhões de dólares de moedas nacionais quando estão desvalorizadas e as vendem, posteriormente, quando se valorizam. Com as ações das empresas também ocorre a compra e a venda realizada nas bolsas de valôres dos países (observe o planisfério).

Mundo: praças financeiras

Mapa. Mundo: praças financeiras. Planisfério mostrando as principais praças financeiras do mundo. O volume das transações financeiras nessas praças é representado por meio de círculos proporcionais que variam dos menores valores, de 10 a 60 bilhões de dólares, para os maiores valores, que pode chegar a 20 trilhões de dólares. O mapa também mostra a evolução em porcentagem das principais praças financeiras do mundo no período 2016-2017, com os círculos proporcionais destacados em tonalidades de cor que variam do mais fraco, em amarelo (menor crescimento) para o mais intenso, em vermelho (maior crescimento); algumas praças aparecem em cor verde, que sinaliza crescimento negativo. 
Transações financeiras (em bilhões de dólares)
20.000 bilhões de dólares: NYSE Group.
5.000 bilhões de dólares: Tóquio, Seul, Nasdaq, Euronext, Londres, Xangai e Hong Kong.
2.000 bilhões de dólares: TSX Group, OMX e Shenzhen
1.000 bilhões de dólares: Mumbai, Hong Kong, Frankfurt, Milão, São Paulo, Johanesburgo, Madri, Milão, Taipé, Sidnei e Délhi.
500 bilhões de dólares: American, Cidade do México, Moscou, Johanesburgo, Shenzhen, Tel Aviv, Cingapura, TAI, Filipinas, Malásia, Cairo, Colômbia, Peru, Chile Argentina, Riad e Moscou.
100 bilhões de dólares: Nova Zelândia, Casablanca, Irã e Atenas
De 10 a 60 de dólares: Atenas, Milão, Casablanca e Sri Lanka.
Evolução - 2016 - 2017 (em porcentagem)
Crescimento negativo: Cairo, Madri e American. 
Menos de 15,0%: Nova Zelândia, Tóquio, Xangai, Frankfurt, Londres, Euronext, Nasdaq, NYSEGroup, Riad, Casablanca e Atenas.
De 15,0% a 30,0%: OMX, TSX Group, São Paulo, Cidade do México, Johanesburgo, Sidnei, Casablanca, Milão, Frankfurt, Tel Aviv, Mumbai, Hong Kong, Irã, Taipé e Moscou.
De 30,1% a 50,0%: Cingapura, Délhi, Malásia, Colômbia, Chile, Argentina, Peru, Istambul e Seul.
Mais de 50,0%: Indonésia, Mumbai, TAI, Shenzhen e Filipinas.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.250 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 54.

Nota: EURONEXT: Paris (França), Amsterdã (Países Baixos), Bruxelas (Bélgica) e Lisboa (Portugal); ó ême chis: Estocolmo (Suécia) e Copenhague (Dinamarca); Group: Toronto (Canadá).

Grafismo indicando atividade

Aponte os continentes em que estão localizadas as praças financeiras que apresentam as maiores transações financeiras do mundo.

A compra e a venda de ações apresenta duas faces. Por meio da venda de ações, a empresa obtém dinheiro para se modernizar e aumentar sua capacidade de produção. Entretanto, há também outra face, que é a especulação do valor das ações, ou seja, quando o valor das ações de uma empresa está baixo, investidores, percebendo que ela poderá apresentar lucratividade em futuro próximo, as compram em um dia e vendem logo em seguida, quando há valorização delas, obtendo, assim, lucros independentemente dos resultados da empresa.

A rede global de computadores permite a movimentação instantânea de capitais financeiros, fato que acelerou a internacionalização das finanças. Hoje em dia, operadores do mercado financeiro transferem milhões de dólares de um país para outro ao primeiro sinal de insegurança no mercado de capitais, o que pode gerar graves crises nas economias onde o capital havia sido aplicado.

No Brasil, por exemplo, ocorre concentração do capital financeiro. Apenas quatro instituições financeiras acumulam 80% desse capital em circulação.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas. Composto por uma placa amarela com a silhueta de uma pessoa em pé com uma mochila grande nas costas, segurando uma vara.

Mochila de ferramentas

Como interpretar um mapa de fluxos

Fluxo é o movimento contínuo de algo que segue um curso ou descreve uma trajetória no espaço. Assim, podem existir fluxos de pessoas, mercadorias, automóveis etcétera

O mapa a seguir, por exemplo, representa a produção e o comércio mundial de ferro, indicando a movimentação de exportação desse produto, que sai do local onde foi extraído e segue para outros países em que será consumido. Vamos interpretá-lo.

Mundo: comércio de ferro (em milhões de toneladas) – 2018

Mapa. Mundo: comércio de ferro (em milhões de toneladas) – 2018. Planisfério mostrando os volumes de produção e consumo de minério de ferro no mundo em milhões de toneladas. Esses volumes são representados por meio de círculos proporcionais que variam dos menores valores, de até 20 milhões de toneladas, para os maiores valores, que pode chegar a 300 milhões de toneladas. O mapa também mostra a evolução e os principais fluxos de exportações desse produto, através de flechas de cor laranja, de diferentes larguras, que sinalizam as quantidades exportadas em milhões de toneladas. 
Minério de ferro (em milhões de toneladas)
Produção
300 milhões de toneladas: Brasil, Austrália e China. 
100 milhões de toneladas: Índia, Ucrânia, Estados Unidos e Rússia. 
50 milhões de toneladas: África do Sul, Canadá e Venezuela. 
20 milhões de toneladas: Chile, Peru, Suécia, Irã, México, Turquia, Egito, Cazaquistão e Mauritânia.
Consumo
300 milhões de toneladas: Europa e China.
100 milhões de toneladas: Estados Unidos, Japão, Brasil e Índia.
50 milhões de toneladas: Rússia e Coreia do Sul.
20 milhões de toneladas: Canadá, México, África do Sul e Austrália.
Exportação de minério de ferro (em milhões de toneladas)
De 10 a 30 milhões de toneladas: da Mauritânia, África do Sul, Austrália, Canadá e Rússia para Europa; da África do Sul, Austrália, Índia para China, do Cazaquistão para a Rússia.
De 31 a 60 milhões de toneladas:  do Brasil para China, Japão e Coreia do Sul; da Austrália e Índia para China.
Mais de 60 milhões de toneladas: da Austrália para o Japão; e do Brasil para Europa. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.960 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 48.

Como fazer

  1. Observe o título do mapa, que indica o que está em fluxo no espaço; nesse exemplo, é o ferro (minério de ferro).
  2. Em seguida, preste atenção às setas. Elas apontam os países de saída e os países ou continentes de chegada de ferro.
  3. Para entender as informações quantitativas, consulte as legendas. As diferentes espessuras das setas mostram os fluxos principais em milhões de toneladas: quanto mais espessa, maior é o valor do fluxo e maior é a quantidade de ferro exportada pelo país. Observe que as espessuras das setas no mapa não são exatamente iguais às da legenda, mas proporcionais, ou seja, estão nos intervalos apontados, abaixo ou acima deles. O tamanho dos círculos proporcionais representa o valor total da produção ou do consumo (conforme a côr da circunferência) em milhões de toneladas, ou seja, o mapa mostra os grandes produtores e consumidores mundiais de ferro.
  1. A maior quantidade do ferro importado pela Europa tem origem em que país? Qual é essa quantidade?
  2. Aponte as quantidades de ferro consumidas pelo Brasil e pela China em 2018.
  3. Que país é o maior exportador de ferro para os países que mais o consomem na Ásia? Justifique.
Ícone. Seção Atividades dos percursos. Composto por uma placa amarela com o desenho de um livro fechado com um lápis em cima.

Atividades dos percursos 1 e 2

Registre em seu caderno.

  1. De que maneira os avanços tecnológicos nos sistemas de transporte e nas telecomunicações favoreceram o processo de globalização?
  2. Explique o significado do termo “fábrica global”.
  3. Explique por que o fato de uma crise financeira mundial afetar o Brasil é sinal de que o país está integrado à economia global.
  4. Diferencie desemprêgo tecnológico ou estrutural de desemprêgo conjuntural ou cíclico.
  5. Imagine que uma grande empresa do setor automobilístico, com séde nos Estados Unidos, decidiu ampliar os negócios e, para começar, abriu filiais em dois países – Alemanha e China – e modificou o sistema produtivo de sua filial no Japão. Considere o plano de ação dessa empresa e, depois, responda às questões.
Transnacional estadunidense: plano de ação

Filiais

Objetivo da filial

Sistema produtivo implantado

Alemanha

Fabricação de motores.

Mecanizado, com mão de obra especializada.

Japão

Fabricação de componentes eletrônicos.

Informatizado e mecanizado.

China

Linha de montagem dos automóveis.

Com mão de obra abundante e barata.

  1. O que permitiu que essa fórma de produção se tornasse viável nas últimas décadas?
  2. Com base no sistema produtivo implantado em cada país, explique por que essa fórma de produção pode ser vantajosa para as empresas.
  3. Em qual dos países, nesse exemplo hipotético, há maior risco de desemprêgo tecnológico? Por quê?

6. Observe o mapa e responda às questões da página seguinte.

Mundo: participação dos países nas exportações mundiais de mercadorias (em %) – 2020

Mapa. Mundo: participação dos países nas exportações mundiais de mercadorias (em porcentagem) – 2020. Planisfério com a divisão política dos países, que aparecem destacados em tonalidades de cor que expressam a participação de cada um nas exportações mundiais de mercadorias (em porcentagem). De acordo com a legenda, as tonalidades de cor variam do mais fraco, em rosa claro (países com menor participação) para o mais intenso, em vermelho (países com maior participação). 
Participação nas exportações mundiais de mercadorias (em porcentagem).
Menos de 0,5%: todos os países da América Latina, exceto Brasil e México, todos os países do continente africano, todos os países do Oriente Médio, exceto Turquia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, todos os países da Ásia central, Mongólia, Nepal, Butão, Mianmar, Laos, Camboja, Sri Lanka, Coreia do Norte, Papua-Nova Guiné, Nova Zelândia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Montenegro, Albânia, Macedônia do Norte, Islândia e Noruega.
De 0,5% a 1%: Arábia Saudita, Indonésia e Turquia.
De 1,1% a 3%: Brasil, Índia, Austrália, Rússia, México, Canadá, Malásia, Coreia do Sul, Vietnã, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Tailândia, Suíça e Lituânia
De 3,1% a 10%: Estados Unidos e Japão.
Mais de 10%: China, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Letônia, Estônia, Polônia, Alemanha, Países Baixos, Bélgica, França, Espanha, Portugal, Itália, Áustria, Eslovênia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Croácia e Grécia.
Sem dados: Sudão do Sul e Antártica.
Na parte inferior, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 2.610 quilômetros.

Fonte: dáblio tê ó. Trade maps Disponível em: https://oeds.link/PMSqZY. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

  1. Indique pelo menos dois países cuja participação nas exportações mundiais de mercadorias foi semelhante à participação do Brasil em 2020.
  2. Em qual continente se localizam os países de menor participação percentual nas exportações mundiais de mercadorias em 2020?
  3. Escreva um pequeno texto comparando a participação nas exportações mundiais de mercadorias dos seguintes países: Canadá, China, Alemanha e Estados Unidos.
  4. Em quais intervalos estava a participação dos países-membros dos bríquis nas exportações mundiais de mercadorias?
  1. Observe novamente o esquema da gina 16 e explique por que o mapa mundial “encurtou”.
  2. A charge explora uma contradição presente na economia globalizada para produzir um efeito cômico. Que contradição seria essa? Explique seu raciocínio.
Charge. Globalização. Diversas pessoas formando uma grande fila em direção a um caixa eletrônico de Saques e Depósitos. Alguns seguram um jornal. Um homem que está na frente do caixa, olha com expressão de espanto para a tela que mostra a seguinte mensagem: No momento não estamos operando com saques devido à queda no sistema do banheiro do presidente dos Estados Unidos.

9. Além dos fluxos do comércio internacional, outro indicador da intensificação da globalização da economia é o Investimento Direto Estrangeiro (í dê é), caracterizado por operações financeiras realizadas pelas empresas transnacionais de um país diretamente na economia dos países onde se instalam. Com base nessa explicação e no quadro a seguir, responda às questões.

Mundo: Investimento Direto Estrangeiro (IDE) por continente (em bilhões de dólares) – 2020

Continente

IDE

Ásia

545

América

268

Europa

122

África

40

Oceania

24

Fonte: elaborado com base em unquitádi. World investment report2021: investing in sustainable recovery. niu iórc: ú êne, 2021. página 248-251.

  1. Aponte o continente que mais recebeu e o que menos recebeu investimento direto estrangeiro em 2020.
  2. É importante que um país receba Investimento Direto Estrangeiro? Explique.
  3. Elabore um gráfico com base nos dados do Investimento Direto Estrangeiro do quadro.

10. O número de pessoas que usa a internet aumenta consideravelmente no mundo a cada ano, contribuindo para que a globalização, pelo menos da informação, siga seu curso. Com base nisso, responda às questões.

  1. Você vê vantagens para a localidade onde mora estar integrada a essa rede mundial de computadores?
  2. E quanto a você, quais são os benefícios que essa situação lhe traz?

PERCURSO 3 CONSUMO E CULTURA GLOBALIZADA

1. Shopping center: uma das fórmas geográficas do período atual

O geógrafo brasileiro Milton Santos empregou conceitos de análise e compreensão do espaço geográfico. Um deles é o de fórma geográfica, ou seja, o aspecto visível de objetos culturais criados pelas sociedades humanas nos espaços geográficos – indústrias, pontes, viadutos, estradas, monumentos, prédios etcétera

Há estreita relação entre períodos históricos e fórmas geográficas. Resumidamente, podemos citar algumas.

No período clássico da Grécia, portanto antes da Era Cristã, a cultura grega “inventou” a democracia, do grego demokrateia, govêrno do povo. A fórma geográfica na Grécia Antiga que representava a expressão “democracia” era a ágora, lugar público onde se realizavam as reuniões políticas e as discussões sobre o destino das cidades (foto A).

Fotografia A. Vista para um sítio arqueológico composto por ruínas de antigas construções. No primeiro plano, superfície coberta por solo exposto e alguns fragmentos de rocha empilhados, que mostram os resquícios da base de uma construção. Atrás, resquícios de uma fachada de antiga construção, composta por quatro colunas sustentando um frontão triangular. Ao lado, à esquerda, uma árvore de pequeno porte. Ao redor do sítio arqueológico, edifícios e casas contemporâneas.
Na Grécia Antiga, o objeto geográfico que melhor representava o período histórico era a ágora. Na foto, ruínas da ágora na cidade de Atenas, Grécia (2021).

Na Idade Média, na Europa Ocidental, as populações se dedicavam, sobretudo, às práticas agrícolas nas terras dos senhores feudais. Duas fórmas geográficas se destacavam na paisagem desse período: os castelos dos senhores feudais, que representavam o poder político, e os mosteiros, que representavam o poder da Igreja (fotos B e C).

Fotografia B. Vista aérea de uma superfície montanhosa ocupada por um grande castelo de pedra, composto por muros, torres, corredores e salões. Ao redor, superfície coberta por vegetação rasteira e fragmentos florestais.
Castelo medieval em West Sussex, Reino Unido (2020), fórma geográfica típica da Idade Média ou período histórico medieval. Os castelos concentravam o poder político do período.
Fotografia C. Vista aérea ocupada por um aglomerado de edificações e torres antigas, circundado por um muro de pedra. Ao redor, áreas destinadas aos cultivos agrícolas, com várias plantações.
Mosteiro de pobléti, na cidade de Tarragona, Espanha (2021), construído por volta de 1151. Além de ser uma fórma geográfica do período medieval, simbolizava o poder da Igreja católica. Os mosteiros também eram importantes por guardarem grande quantidade de livros sobre filosofia, política, engenharia, artes, religião etcétera A divulgação dessas obras era considerada perigosa, pois poderia influir na fé das pessoas em Deus.

Posteriormente, com as revoluções industriais dos séculos dezoito, dezenove e vinte, duas fórmas geográficas tornaram-se predominantes no espaço geográfico de alguns países europeus: as fábricas e as cidades, que começaram a crescer em ritmo acelerado por causa da atração exercida pela atividade fabril, que oferecia empregos (observe a gravura).

Gravura em preto e branco. Vista aérea para uma superfície ocupada por diversas indústrias com chaminés lançando fumaça na atmosfera. Ao redor das indústrias, áreas destinadas aos cultivos agrícolas e outras edificações.
Gravura de 1846 mostrando fábricas na região de Borgonha, França, fórma geográfica representativa da revolução ou do capitalismo industrial, que, por sua vez, acelerou o crescimento das cidades, outra fórma geográfica do período.

E no atual período histórico, marcado pela sociedade de consumo e pela Revolução Técnico-Científico-Informacional, quais são as fórmas geográficas que as representam? Entre elas, podemos destacar os supermercados, hipermercados e shopping centers (centros de compras), verdadeiros templos do consumo e do poder econômico presentes nas paisagens das grandes e médias cidades, principalmente (observe a foto).

Fotografia. Vista para a área interna do shopping center, composto pelo piso térreo e um mezanino. No piso térreo, a fachada de lojas nas laterais e diversas palmeiras enfileiradas e pessoas circulando no espaço central. No mezanino, a fachada de lojas nas laterais e pessoas circulando no corredor.
Interior de um shopping center na cidade de Dubai, Emirados Árabes Unidos (2020).

2. O consumo e a cultura globalizada

O consumo está associado à cultura. Assim, estudaremos ambos concomitantemente.

A publicidade e o consumo

Por meio da publicidade e do marketingglossário , as empresas criam para os consumidores, muitas vezes, “falsas necessidades” ou “necessidades antes desconhecidas”, que estimulam o consumo exagerado de bens e serviços, que é uma das características da sociedade de consumo em que vivemos. Consequentemente, esse modêlo de vida causa grandes impactos no meio ambiente e enormes pressões sobre os recursos naturais.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

quiavenáto, Júlio José.

Ética globalizada & Sociedade de consumo. terceira edição São Paulo: Moderna, 2015.

O livro aborda as profundas mudanças engendradas pela globalização, não apenas nas esferas geopolíticas e econômicas, mas, sobretudo, as transformações que dizem respeito às culturas criadas pela humanidade, aos valôres éticos das sociedades e ao uso da ciência e das artes.

O consumo consciente como atitude desejável

Calcula-se que as sociedades humanas consomem cêrca de 50% a mais de recursos naturais em relação à capacidade que a Terra possui em renová-los. Essa situação é muito crítica. Os países desenvolvidos e a China são os que têm os maiores consumos de energia, água, alimentos e produtos diversos. Consequentemente, lideram as emissões de gases do efeito estufa (observe o planisfério).

Desde a década de 1980, especialistas alertam que o planeta não suportará a existência de três ou mais sociedades que atinjam o nível de consumo correspondente ao de países desenvolvidos. Entretanto, o panorama se agravou com a exportação dos modelos de vida calcados na sociedade de consumo para os demais países. As pressões sobre os recursos naturais e o meio ambiente se acentuaram, ameaçando a vida na Terra.

Diante disso e para a segurança de toda a população, surgiu a necessidade de adotarmos o consumo consciente como estratégia para contornar esse problema, ou seja, o consumo com consciência do que este ou aquele recurso natural ou produto consumido pode causar de impacto sobre o meio ambiente. Assim, consumo consciente é consumo sustentável, que busca assegurar para as gerações futuras o atendimento de suas necessidades e que envolve: produtos e serviços ecologicamente corretos; uso dos produtos até o fim de sua duração; reciclagem dos materiais descartados; eliminação de desperdícios; e compra apenas o que é necessário.

Mundo: emissões de dióxido de carbono (em milhões de toneladas) – 2020

Mapa. Mundo: emissões de dióxido de carbono (em milhões de toneladas) – 2020. Mapa mostrando os volumes de emissões de dióxido de carbono por país.
Esses volumes são representados por meio de círculos proporcionais que variam dos valores mais baixos, de menos de 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono, até o valor mais elevados, acima de 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Emissões de dióxido de carbono (milhões de toneladas)
10.668 milhões de toneladas de dióxido de carbono: China.
4.713 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Estados Unidos.
2.442 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Índia.
De 1.501 a 2.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Rússia.
De 1.001 a 1.500 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Japão.
De 501 a 1.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Canadá, Alemanha, Arábia Saudita, Irã e Indonésia.
De 201 a 500 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Brasil, México, África do Sul, Austrália, Espanha, Egito, Iraque, Turquia, Itália, Ucrânia, Polônia, Reino Unido, França, Cazaquistão, Paquistão, Tailândia, Vietnã, Taiwan e Malásia.
De 51 a 200 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Chile, Colômbia, Venezuela, Argentina, Nigéria, Argélia, Belarus, Romênia, Grécia, Áustria, Israel, Uzbequistão, Turcomenistão, Mongólia, Kuait, Omã, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Filipinas
De 10 a 50 milhões de toneladas de dióxido de carbono: Cuba, Peru, Equador, Bolívia, Guatemala, Panamá, República Dominicana, Angola, Zimbabue, Etiópia, Gana, Costa do Marfim, Senegal, Marrocos, Líbia, Sudão, Quênia, Tanzânia, Bélgica, Países Baixos, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Hungria, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Bulgária, Síria, Líbano, Geórgia, Azerbaijão, Afeganistão, Paquistão, Catar, Nepal, Mianmar, Laos, Camboja, Sri Lanka, Cingapura, Coreia do Norte, Hong Kong e Nova Zelândia
Menos de 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono: o restante dos países da América Central, América do Sul, África, Oriente Médio, Europa, Ásia e Oceania.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.720 quilômetros.

Fonte: GLOBAL Carbon Atlas. emissions. Disponível em: https://oeds.link/alz1ta. Acesso em: 9 março 2022.

Grafismo indicando atividade

Aponte os países que são os maiores emissores de dióxido de carbono.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você e sua família praticam o consumo consciente? Vocês estão preocupados com as gerações futuras? Explique.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Instituto acatú

https://oeds.link/z3u1in

Nesse site você pode conhecer mais sobre consumo consciente e obter informações de como a sociedade pode se engajar em um modêlo de consumo mais sustentável.

Publicidade e mudança no estilo de vida

Os grupos econômicos que anunciam seus produtos sistematicamente nos meios de comunicação são geralmente as grandes corporações transnacionais. Como consequência, observamos mudanças nos estilos de vida das sociedades humanas de todo o mundo, que tendem à homogeneização do consumo e da cultura, ou seja, a uma padronização ou massificação deles.

Em quase todo supermercado do mundo, por exemplo, encontraremos um conjunto de produtos amplamente divulgados pelas indústrias locais e pelas corporações transnacionais que passaram a ditar o “cardápio mundial”.

Assim, desde a China ou Japão, no extremo Oriente, até os Estados Unidos ou Brasil, no Ocidente, os produtos, as marcas e os modelos são praticamente iguais, pois as corporações transnacionais os padronizaram para poder distribuí-los em todos os países – por exemplo, o mesmo tênis de marca que se compra no Brasil pode ser também comprado em Moscou, capital da Rússia.

Fotografia. Vista de um corredor de supermercado com prateleiras abastecidas de produtos diversos. Ao fundo, uma pessoa de pé observa os produtos disponíveis.
Várias marcas de biscoitos locais e importados em supermercado em penângui, Malásia (2021).

O porquê da padronização de produtos

A padronização de produtos é vantajosa para as empresas fabricantes, pois lhes permite a implantação da economia de escala em suas linhas de produção, ou seja, a produção de mercadorias em larga escala ou grande quantidade com o objetivo de redução nos custos de compra de matérias-primas e de produção. Como consequência disso, conseguem obter competitividade no mercado, afastar concorrentes e garantir lucros.

Para existir economia de escala em unidades produtivas, é necessário haver um grande mercado comprador, representado pela população mundial com poder de compra. Tal fato explica a razão da expansão das transnacionais e da padronização dos produtos, lembrando que essa expansão e esse domínio somente foram possíveis graças às campanhas publicitárias que uniformizaram os padrões de consumo e, sobretudo, aos avanços dos meios de transporte e de comunicação.

E os valôres culturais nacionais?

Se, por um lado, com a globalização e a atuação das corporações transnacionais existe a tendência à homogeneização cultural e à padronização do consumo, por outro há resistência a ela por parte de culturas nacionais. Resistência no sentido de preservar suas crenças, seus costumes ou hábitos, suas tradições, enfim, suas identidades nacionais, regionais e locais. Exemplos não faltam no Brasil: o arroz com feijão, o vatapá, o acarajé, a tapioca, o modo de se vestir do habitante da Campanha Gaúcha, a moda de viola, o samba, o chorinho, além de outros.

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NO SEU CONTEXTO

Você identifica a permanência ou a mudança de costumes ou hábitos em sua família ou em pessoas conhecidas? Explique.

PERCURSO 4 GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE

1. Os debates internacionais sobre meio ambiente

A preocupação com o meio ambiente não é recente. Há pelo menos dois séculos, estudiosos alertam sobre os danos provocados à natureza por causa da ação humana.

No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os problemas ambientais tornaram-se mais visíveis em razão do crescimento da população global, da difusão de padrões de consumo exacerbados e das rápidas industrialização e urbanização das sociedades. Com esse processo em curso, intensificou-se a pressão sobre os recursos naturais, ou seja, houve aumento do uso desses recursos, o que levou os debates ambientais ao âmbito mundial.

Em 1972, foi realizada a Conferência sobre Meio Ambiente Hu­mano em Estocolmo, capital da Suécia, a primeira organizada pelas Nações Unidas. Nesse evento, dois conjuntos de países se destacaram nos debates: os países desenvolvidos, que defenderam a necessidade de controlar o crescimento econômico de base industrial, considerado poluidor e consumidor de recursos não renováveis; e os demais países, que interpretaram a proposta daqueles como uma tentativa de impedir sua industrialização, defendendo que as preocupações com o meio ambiente não poderiam afetar seu crescimento econômico.

Vinte anos depois, em 1992, os países-membros da ônu se reuniram no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, para debater novamente os problemas ambientais. Conhecido como Rio-92 ou éco-92, esse evento contou com a participação de 178 países e 114 chefes de Estado, que, com base na noção de desenvolvimento sustentávelglossário , lançaram as primeiras iniciativas para conciliar desenvolvimento econômico e conservação do meio ambiente.

Fotografia. Vista para uma bancada com homens de terno e gravata sentados lado a lado. Acima da bancada, texto descritivo: United Nations Conference on Environment and Development. Na frente da bancada, vasos de flores. Ao lado da bancada, um homem de pé fala em um púlpito.
Plenário da éco-92 na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (1992).
Ícone. Seção Pausa para o cinema.

PAUSA PARA O CINEMA

A última hora.

Direção: Leila cóners. Estados Unidos: Appian Way, Greenhour, Tree Media Group, 2007. Duração: 122 minutos

Com depoimentos de especialistas e políticos, esse documentário discute a sustentabilidade e a necessidade de atentar para problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta.

Dez anos depois da Rio-92, realizou-se em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, conhecida também como Rio+10. Os resultados, no entanto, não foram muito satisfatórios. Assuntos importantes da pauta, como o estabelecimento de metas quanto ao uso de energias renováveis, não obtiveram avanço. Em 2012, realizou-se, novamente na cidade do Rio de Janeiro, a Rio+20, que reiterou a necessidade da implementação do desenvolvimento sustentável; e, em 2015, em Nova iórque, na séde da ônu, realizou-se outra reunião que estabeleceu nova agenda do desenvolvimento sustentável (consulte o boxe Navegar é preciso).

Apesar da importância desses eventos, os problemas ambientais persistem de modo intenso e preocupam especialistas.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

ônuBê érre – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

https://oeds.link/UiGVY2

Esse site apresenta os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e as ações da ônu para alcançá-los.

2. Principais problemas ambientais do século vinte e um

Entre os principais problemas ambientais do século vinte e um, destacam-se a degradação do solo, as queimadas, a escassez de recursos hídricos, a ameaça à biodiversidade, o aumento do efeito estufa, entre outros.

A degradação dos solos

A degradação dos solos pode ocorrer por meio da erosão, da acidificação ou da acumulação de metais pesadosglossário , levando à diminuição de nutrientes minerais e de matéria orgânica (húmus), o que pode restringir ou inviabilizar o uso do solo para a agricultura.

Vários fatores contribuem para a degradação dos solos (observe o planisfério), entre eles o desmatamento, que facilita a erosão superficial causada pela água da chuva e pelo vento e provoca o transporte de nutrientes e matéria orgânica, além de sulcos no solo, que podem formar voçorocas (observe a foto A da página seguinte).

Mundo: amplitude da degradação do solo

Mapa. Mundo: amplitude da degradação do solo. Mapa mostrando os níveis de degradação do solo ao redor do mundo. De acordo com a legenda, além das áreas com solos não degradados, que aparecem em cinza, as áreas com solos degradados são identificadas em tonalidade de cor que demarcam os diferentes níveis de degradação; nesse caso, as tonalidades de cor variam do mais fraco, em amarelo claro (áreas com solos pouco degradados), para o mais intenso, em vermelho (áreas com solos extremamente degradados).
Amplitude da degradação: 
Solos não degradados: porções situadas no extremo norte do planeta, fragmentos no norte, oeste e nordeste da América do Sul, fragmentos no norte, centro e sul da África, norte da Índia, interior da Austrália e Japão.
Solos pouco degradados: porção sudeste dos Estados Unidos, norte da América do Sul, interior da Europa, interior da Ásia, nordeste da Austrália e fragmentos no oeste, leste e sul da África.
Solos degradados: interior dos Estados Unidos, sudeste, sul e oeste da América do Sul, interior da Europa, norte e leste da África, interior do Oriente Médio, leste e sudeste da Ásia, oeste e interior da Austrália. 
Solos muito degradados: interior dos Estados Unidos, México (erosão hídrica) e América Central, oeste da Índia, interior dos Estados Unidos, sudeste, sul e oeste da América do Sul, interior da Europa, norte e leste da África, interior do Oriente Médio, leste e sudeste da Ásia (erosão hídrica).
Solos extremamente degradados: fragmentos no interior e sul da América do Sul (alteração química), fragmentos na África do Sul (erosão hídrica e degradação física) e norte da África (erosão eólica), Península Arábica (alteração química), Leste Europeu (erosão hídrica), Índia (alteração química), diversos fragmentos no interior da Ásia (erosão eólica).
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.360 quilômetros.

Fonte: ATLAS do meio ambiente Le Monde Diplomatique. São Paulo: Instituto Pólis, 2008. página 17.

Fotografia A. Vista para uma superfície levemente inclinada coberta por vegetação rasteira e arbustos. Na porção central, uma fenda larga e profunda no solo, associada a processos erosivos intensos, dividindo a superfície em dois lados.
Voçoroca em Manoel Viana, Rio Grande do Sul (2020).

Outros fatores que causam a degradação dos solos são o despejo de resíduos industriais e o uso de agrotóxicos, que alteram a composição química do solo; o uso de máquinas pesadas na agricultura; e a sobrepastagemglossário . Todos eles acarretam a compactação do solo e facilitam a erosão, o transporte de nutrientes e a redução da capacidade de infiltração da água, com consequente impacto no desenvolvimento de raízes.

Além disso, grande parte da população ainda desconhece as fórmas adequadas de trabalhar com o solo seguindo princípios técnicos capazes de evitar sua degradação. Dessa fórma, torna-se necessária a implantação de programas de educação no campo que visem ao seu uso sustentável.

As queimadas

Provocadas de fórma acidental ou voluntária, as queimadas são motivo de grande preocupação para governos, estudiosos e ambientalistas.

Esse é um método usado por muitos agricultores, em diversas partes do mundo, para abrir ou “limpar” áreas agricultáveis ou para formação de pastagens. As queimadas destroem as camadas superficiais do solo e aceleram seu processo de desgaste e esgotamento (foto B). Além disso, essa prática compromete o hábitat de inúmeras espécies animais e vegetais e pode contribuir para o efeito estufa. Em casos ainda mais graves, o fogo pode alcançar habitações, plantações e pastagens, provocando destruição e mortes..

Fotografia B. Vista de uma superfície plana ocupada por floresta. No primeiro plano, uma clareira, árvores sendo queimadas por grandes chamas de fogo e muita fumaça. No segundo plano, floresta e céu azul sem nuvens.
Incêndio florestal no Pantanal, no município de Poconé, Mato Grosso (2021).

A ameaça de escassez dos recursos hídricos

Atualmente, a água é considerada por muitos o “ouro” do século vinte e um. Tamanha valorização pode ser explicada por uma triste estimativa: em muitos países, a demanda por água cresce a cada ano, porém, as reservas disponíveis não são inesgotáveis (observe o mapa) e o processo de dessalinização – ato de retirar o sal da água do mar a fim de torná-la potável – ainda requer o uso de tecnologia sofisticada e envolve altos custos de investimentos.

Mundo: recursos em água doce per cápita (em métros cúbicos) – 2018

Mapa. Mundo: recursos em água doce per capita (em metros cúbicos) - 2018. Planisfério com a divisão política dos países mostrando a situação do volume de recursos em água doce per capita por país. De acordo com a legenda, além dos países com mais disponibilidade de água, que aparecem identificados em tonalidade de cor verde, os países com baixa disponibilidade de água são identificados em tonalidade de cor que expressam diferentes níveis de restrição; nesse caso, as tonalidades de cor variam do mais intenso, em vermelho (países em situação crítica), para o menos intenso, em amarelo claro (países em situação de vulnerabilidade hídrica). 
Países com baixa disponibilidade de água doce por habitante por ano (metros cúbicos): 
Menos de 500 metros cúbicos (situação crítica): Cingapura, Paquistão, Turcomenistão, Síria, Israel, Jordânia, Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes Unidos, Catar Kuait, Bahrein, Egito, Sudão, Somália, Djibuti, Quênia, Líbia, Tunísia, Argélia, Mauritânia e Mali.
De 500 a 1.000 metros cúbicos (penúria crônica): África do Sul, Zimbabue, Malawi, Eritreia, Burkina Faso, Marrocos, Países Baixos, Hungria, Bangladesh, Azerbaijão e Uzbequistão.
De 1.001 a 1.700 metros cúbicos (estresse hídrico): Iraque, Irã, Afeganistão, Coreia do Sul, Índia, Ucrânia, Polónia, Moldávia, Sérvia, Montenegro, República Tcheca, Alemanha, Dinamarca, Haiti, Bélgica, Etiópia, Tanzânia, Uganda, Burundi, Chade, Nigéria, Benim, Togo, Gâmbia e Botsuana.
De 1.701 a 2.500 metros cúbicos (vulnerabilidade hídrica): China, Espanha, Sudão do Sul, Eslováquia, Romênia, Reino Unido, Senegal, Armênia e Geórgia.
Países com mais disponibilidade de água doce por habitante por ano (metros cúbicos):
De 2.501 a 5.000 metros cúbicos: México, Guatemala, Saara Ocidental, Mali, Costa do Marfim, Turquia, Cazaquistão, Japão, Coreia do Norte, Namíbia, Moçambique, Grécia, Macedônia do Norte, Bulgária, Itália, Suíça, França, Portugal, Luxemburgo, Belarus, Vietnã, Tailândia e Filipinas
De 5.001 a 10.000 metros cúbicos: Argentina, Estados Unidos, Indonésia, Nepal, Angola, Zâmbia, Indonésia, Camboja, Quirguistão, Tajiquistão, Áustria, Eslovênia, Croácia, Montenegro, Albânia, Lituânia, Letônia e Estônia.
De 10.001 a 40.000 metros cúbicos: Brasil, Bolívia, Paraguai, Rússia, El Salvador, Honduras, Nicaragua, Costa Rica, Panamá, Equador, Venezuela, Guiana Francesa, Uruguai, Austrália, Malásia, Mianmar, Laos, Mongólia, Irlanda, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Camarões, Madagascar, Guiné Equatorial, Guiné, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Finlândia e Suécia.
De 40.001 a 520.000 metros cúbicos: Suriname, Guiana, Colômbia, Peru, Chile, Belize, Canadá, Islândia, Gabão, Congo, Libéria, Papua-Nova Guiné, Nova Zelândia e Butão.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.210 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 27.

Grafismo indicando atividade

Qual continente apresenta o maior déficit de água?

Entre os principais fatores que causam o aumento da demanda de água no mundo, três se destacam: o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada.

Nas últimas duas décadas, por exemplo, a agricultura foi responsável pela maior parte da extração de água doce. Atualmente, em âmbito planetário, estima-se que 69% dos recursos hídricos disponíveis são consumidos por atividades de irrigação.

Enquanto a quantidade de água doce disponível para o consumo humano está declinando mundialmente, especialistas afirmam que até 2050 a demanda por água crescerá 18% nos países desenvolvidos e 50% nos demais. O aumento dessa demanda se tornará intolerável em países com recursos hídricos escassos. Essa escassez afeta cêrca de 30 países, cujas reservas de água são inferiores a mil metros cúbicos por pessoa ao ano. Somam-se a esses problemas as desigualdades no acesso e no consumo desse recurso vital: enquanto uma família de classe média nos Estados Unidos consome em média 2 mil litros de água por dia, na África esse consumo é de apenas 150 litros, sem contar a dificuldade de acesso, pois milhões de famílias ainda precisam percorrer longas distâncias para obter água.

Para evitar o fim dos recursos hídricos e garantir que as próximas gerações possam usufruí-los, é preciso adotar novas ações para o uso da água – desde a economia cotidiana, nos domicílios, na escola e em outros lugares públicos, até o estímulo de políticas públicas que garantam o uso sustentável desse recurso.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

No município onde você vive ocorrem problemas ambientais, como degradação dos solos, queimadas e/ou risco de falta de água? Identifique alguns deles e suas causas. Qual é sua atitude e a de seus familiares em relação ao meio ambiente?

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PAUSA PARA O CINEMA

Acquaria.

Direção: Flavia Moraes. Brasil: fêlm plêneti grup, 2003. Duração: 103 minutos

O filme mostra o esgotamento das reservas hídricas do planeta e a tentativa das personagens de resgatar essas reservas.

A biodiversidade em perigo

Na Rio-92 foi estabelecida a Convenção sobre Diversidade Biológica (cê dê bê), que, a partir de então, passou a orientar ações em vários países para a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos.

De fato, a preservação da biodiversidade é um dos grandes desafios ambientais do século vinte e um. Grande parte dos problemas ambientais apresentados até aqui leva à destruição de espécies animais e vegetais indispensáveis para a manutenção da vida no planeta.

Os desmatamentos, a exploração madeireira, a construção de barragens, a exploração mineral e o desenvolvimento urbano, entre outras ações humanas, têm elevado as taxas de extinção de espécies em várias partes do planeta. O Índice Global do Planeta Vivo – que indica alterações da biodiversidade mundial, acompanhando o crescimento de quase 21 mil populações de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes de diferentes biomas e regiões –, por exemplo, mostra que, de 1970 a 2016, houve um declínio global de 68% na saúde da biodiversidade, ou seja, houve diminuição na abundância de espécies ao longo desse período. Observe a foto e o gráfico.

Fotografia. Destaque para duas pessoas manuseando uma grande tartaruga coberta de óleo escuro. As pessoas usam luvas amarelas e máscara de proteção facial.
Foto divulgada pelo Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos Aquasis (cê érre ême ême) mostrando uma tartaruga coberta de óleo sendo tratada por biólogos no município de Caucaia, Ceará (2019).

Índice Global do Planeta Vivo – 1970-2016

Gráfico. Índice Global do Planeta Vivo – 1970 a 2016. Gráfico de linha mostrando a evolução do Índice Global do Planeta Vivo no período retratado. O valor do índice (1970 igual a 1) está apresentado no eixo vertical e os anos estão apresentados no eixo horizontal.
1970: 1.
1980: 0,8.
1990: 0,6.
2000: 0,4.
2010: 0,4.
2016: 0,4.
Declínio de 68%.

Fonte: , ; gróten, Monique; Pítersen, Tanya (edição). Living planet report 2020: bending the curve of biodiversity loss. glénd (Suíça): dáblio dáblio éfe, 2020. página 16.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

MAGOSSI, Luiz Roberto; BONACELLA, Paulo Henrique.

Poluição das águas. terceira edição São Paulo: Moderna, 2013.

O livro aprofunda a temática da água e apresenta as diferentes fórmas de poluição que prejudicam rios, lagos e oceanos.

3. A pegada ecológica

Você já parou para pensar nos “rastros” ou “pegadas” que as pessoas deixam no planeta Terra por causa de seu estilo de vida? A produção e o consumo de alimentos, bens e serviços e a realização de obras de infraestrutura são exemplos de atividades que demandam uso direto ou indireto dos recursos naturais biológicos renováveis. Para avaliar a pressão do consumo das populações humanas sobre esses recursos, foi criada a Pegada Ecológica.

Os componentes da Pegada Ecológica

O termo Pegada Ecológica foi criado na década de 1990 por uíliân rís e meitis uáquerneidjel, ecologistas canadenses. O cálculo da Pegada Ecológica é feito por categorias de consumo (as principais são: alimentação, habitação, energia, bens de consumo e transportes) convertidas em uma ou mais áreas de terreno. Isto é, para comparar a demanda humana com a biocapacidade – capacidade dos ecossistemas em produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelos seres humanos –, são somadas as extensões das áreas necessárias ao fornecimento dos recursos naturais biológicos renováveis consumidos pelas pessoas, das áreas ocupadas por infraestrutura e das áreas necessárias para a absorção de resíduos (cê ó). Conheça a seguir os componentes da Pegada Ecológica.

Componentes da Pegada Ecológica

ilustração. Componentes da Pegada Ecológica. Conjunto de seis blocos diagramas dispostos conjuntamente e formando uma grande pegada humana. Da esquerda para a direita, o primeiro bloco diagrama é maior e representa a planta ou palma do pé que gerou a pegada. Os demais blocos diagramas são menores e remetem aos cinco dedos da pegada. Na superfície dos seis blocos diagramas são representados diversos elementos e atividades humanas por meio de ilustrações dispostas lado a lado. No entorno da pegada, textos descritivos ligados por fios a esses elementos e atividades humanas.
Da esquerda para direita (ou do calcanhar para os cinco dedos):
Primeira ilustração: representação de uma parcela da superfície ocupada por fragmento florestal e curso d’água. Texto descritivo: Dióxido de carbono: Áreas florestais capazes de absorver as emissões de dióxido de carbono, derivadas da queima de combustíveis fósseis, com exceção da parcela absorvida pelos oceanos.
Segunda ilustração: representação de uma parcela da superfície ocupada por silvicultura e vegetação rasteira. Texto descritivo: Florestas: Áreas florestais necessárias para o fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha.
Terceira ilustração: representação de uma parcela da superfície ocupada por pastagem e uma edificação. Texto descritivo: Pastagens: Áreas usadas para a criação de gado de corte e leiteiro, para a produção de couro e produtos de lã.
Quarta ilustração: representação de uma parcela da superfície ocupada por cultivo agrícola, tratores e edificações esparsas. Texto descritivo: Áreas de cultivo: Áreas usadas para produzir alimentos.
Quinta ilustração: representação de uma superfície aquática com embarcações. Texto descritivo: Estoque pesqueiros: Estimativa de produção primária necessária para sustentar peixes e mariscos capturados para consumo humano. 
À esquerda da quinta ilustração, os cinco blocos diagramas correspondentes aos dedos da pegada. Na superfície, ilustrações representando edifícios, rodovias, um avião sobrevoando, indústrias e usina hidrelétrica. Texto descritivo: Áreas construídas: Áreas ocupadas por infraestrutura humana, inclusive transportes, habitação, estruturas industriais e reservatórios para a geração de energia hidrelétrica.

Fonte: dáblio dáblio éfe. Living planet report 2014: species and spaces, people and places. Gland (Suíça): dáblio dáblio éfe, 2014. páginaponto 37; béquer, maicou et al (coordenação). A Pegada Ecológica de Campo Grande e a família de pegadas. Brasília: dáblio dáblio éfe-Brasil, 2012. páginas dezesseis, vinte e quatro, vinte e cinco, sessenta e dois.

Notas: a) a Pegada Ecológica corresponde à extensão das áreas produtivas terrestres e marinhas necessárias para sustentar os padrões de alimentação, locomoção, vestimenta e consumo de bens em geral de uma pessoa ou de uma sociedade. É expressa em hectares globais (gloubal equitare) – um hectare global corresponde a um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas, em um ano; b) ilustração para fins didáticos.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Reflita sobre o seu dia a dia e dê exemplos de como você se relaciona com cada componente da Pegada Ecológica.

A Pegada Ecológica global

A partir do final da década de 1960, a Pegada Ecológica per cápita da humanidade superou a biocapacidade. Observe o gráfico: o declínio da biocapacidade per cápita é consequência, principalmente, do crescimento da população mundial no período representado. De maneira geral, os habitantes dos países mais industrializados têm Pegada Ecológica maior por causa do intenso uso de recursos naturais.

Pegada Ecológica e biocapacidade globais per cápita (em gloubal equitare) – 1961-2018

Gráfico. Pegada Ecológica e biocapacidade globais per capita (em hectares globais) – 1961 a 2018. Gráfico de linhas mostrando os níveis de biocapacidade, pegada ecológica, reserva ecológica e déficit ecológico globais. Os níveis de hectare global per capita estão apresentados no eixo vertical e os anos estão apresentados no eixo horizontal.
1961: Biocapacidade: 3,0 hectares global per capita. Pegada ecológica: 2,2 hectares global per capita. Reserva ecológica: 0,8 hectare global per capita. Déficit ecológico: 0 hectare global per capita.
1971: Biocapacidade: 2,5 hectares global per capita. Pegada ecológica: 2,8 hectares global per capita. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 0,3 hectare global per capita. 
1981: Hectare global per capita: Biocapacidade: 2,3 hectares global per capita. Pegada ecológica: 2,8 hectares global per capita. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 0,5 hectare global per capita. 
1991: Hectare global per capita: Biocapacidade: 2,0 hectares global per capita. Pegada ecológica: 2, hectare global per capita 5. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 0,5 hectare global per capita. 
2001: Hectare global per capita: Biocapacidade: 1,8 hectare global per capita. Pegada ecológica: 2,8. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 1,0 hectare global per capita. 
2011: Hectare global per capita: Biocapacidade: 1,7 hectare global per capita. Pegada ecológica: 2,9 hectares global per capita. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 1,2 hectare global per capita. 
2018: Hectare global per capita: Biocapacidade: 1,5 hectare global per capita. Pegada ecológica: 2,8 hectares global per capita. Reserva ecológica: 0 hectare global per capita. Déficit ecológico: 1,3 hectare global per capita.

Fonte: GLOBAL Footprint Network. Ecological Footprint vs Biocapacity (gha per person). Disponível em: https://oeds.link/zrJTGS Acesso em: 11 março 2022.

Segundo análises de 2022 da Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica) – organização internacional que se dedica a calcular e a divulgar os dados da Pegada Ecológica –, apenas cinco países respondem por mais da metade do total da Pegada Ecológica Global.

Países com maior participação na Pegada Ecológica Global (em porcentagem) – 2018

Gráfico. Países com maior participação na Pegada Ecológica Global (em porcentagem) – 2018. Gráfico de setores mostrando a porcentagem de alguns países na participação da Pegada Ecológica Global. China: 26,0%. Estados Unidos: 12,5%. Índia: 7,7%. Rússia: 3,6%. Japão: 2,7%. Restante do mundo: 47,5%.

Fonte: . Disponível em: https://oeds.link/1ErOCi. Acesso em: 11 março 2022.

Embora a China tenha a 63ª maior Pegada Ecológica per cápita do mundo, sua Pegada Ecológica total é a maior do planeta. Entre outros fatores, isso ocorre porque o país abriga a maior população do mundo. A população dos Estados Unidos é cêrca de um quarto da chinesa, mas a sua Pegada Ecológica total é quase tão grande quanto a do país asiático por causa do alto padrão de consumo per cápita dos estadunidenses.

O Brasil ocupa a 6ª posição no ranking global de Pegada Ecológica Global e 85ª na Pegada Ecológica per cápita.

Mundo: participação na Pegada Ecológica Global per cápita (em gloubal equitare) – 2018

Planisfério. Mundo: participação na Pegada Ecológica Global per capita (em hectares globais) – 2018. Planisfério com a divisão política dos países mostrando a porcentagem de cada país na Pegada Ecológica Global per capita. Os países aparecem destacados em tonalidades de cor que expressam a participação de cada um na Pegada Ecológica Global per capita. De acordo com a legenda, as tonalidades de cor variam do mais intenso, em verde escuro (países com maior participação) para o menos intenso, em verde claro (países com menor participação).
Mais de 6,7 hectares globais: Bélgica, Estônia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuait, Canadá, Estados Unidos, Belize, Austrália e Mongólia.
De 5,2 a 6,7 hectares globais: Omã, Irlanda, Dinamarca, Países Baixos, Áustria, Eslovênia, República Tcheca, Lituânia, Letônia, Rússia, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia, Noruega e Coreia do Sul.
De 3,5 a 5,1 hectares globais: China, Chile, Giana, Japão, Arábia Saudita, África do Sul, Malásia, Turcomenistão, Israel, Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Polônia, Belarus, Romênia, Hungria, Bulgária, Eslováquia, Croácia, Bósnia-Herzegovina e Grécia
De 1,7 a 3,4 hectares globais: Brasil, Bolívia, Argentina, México, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa, Suriname, República Dominicana, Cuba, Jamaica, Porto Rico, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Ucrânia, Moldávia, Croácia, Turquia, Sérvia, Kosovo, Montenegro, Albânia, Iraque, Jordânia, Líbano, Azerbaijão, Geórgia, Armênia, Irã, Uzbequistão, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Tailândia, Laos, Vietnã, Egito, Líbia, Tunísia, Marrocos, Argélia, Saara Ocidental, Mauritânia, Guiné, Guiné Equatorial, Gana, Gabão, Namíbia e Botsuana.
Menos de 1,7 hectares globais: Uruguai, Síria, Iêmen, Coreia do Norte, Filipinas, Camboja, Mianmar Bangladesh, Índia, Nepal, Paquistão, Afeganistão, Quirguistão, Tajiquistão, todos os países da África central, exceto Guiné, Gana, Guiné Equatorial e Gabão.
Na parte inferior, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 2.870 quilômetros.

Fonte: GLOBAL Footprint Network. Ecological Footprint per person. Disponível em: https://oeds.link/DwDWPD. Acesso em: 11 março 2022.

Nota: Para viver de acôrdo com os recursos da Terra, a Pegada Ecológica Global per cápita teria que ser igual à biocapacidade disponível por pessoa, que atualmente é de 1,7 hectare global. Portanto, se a Pegada Ecológica de uma nação é de 6,7 hectares globais, por exemplo, seus cidadãos estão consumindo quase o quádruplo dos recursos que o planeta pode regenerar e gerando mais resídudos do que a atmosfera pode absorver.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 3 e 4

Registre em seu caderno.

  1. Enquanto na Idade Média os castelos e mosteiros eram as fórmas geográficas nos territórios que expressavam os poderes político e da Igreja, quais são as fórmas geográficas predominantes no período histórico em que vivemos e que são encontradas, principalmente, nas grandes e médias cidades? O que elas expressam?
  2. Por que há padronização de mercadorias ou produtos fabricados pelas transnacionais?
  3. Explique com suas palavras o que é economia de escala e aponte o seu objetivo.
  4. Explique o que é degradação do solo e aponte os fatores que contribuem para a sua ocorrência.
  5. Você tem o hábito de consumir conteúdos em alguma plataforma de compartilhamento de vídeos? Se sim, quais são seus canais de preferência? Após identificar seus canais preferidos, você vai realizar uma análise da publicidade veiculada em dois ou três desses canais. Para cada um deles, escolha um vídeo publicado e, durante uma semana, você deverá medir a quantidade e a frequência com que são inseridas propagandas em cada um desses vídeos, bem como as seguintes características das propagandas:
    • o tipo de produto anunciado;
    • o público-alvo a que se destina;
    • os recursos audiovisuais usados (música, fotografias, animações etcétera). Em seguida, você também deverá analisar a interatividade dos usuários nesses vídeos, considerando os números de visualizações, de comentários e de curtidas. Por fim, elabore um relatório para apresentar os dados levantados e as observações realizadas durante a análise. Essas informações poderão ser usadas em uma discussão com os demais alunos da turma a respeito da abrangência dos vídeos analisados, bem como da publicidade veiculada por eles.

6. Em um debate sobre modêlo econômico e aquecimento global, três participantes fizeram, cada um, duas afirmações. Analise essas afirmações e indique, em seu caderno, o participante que desconhece uma informação importante sobre o desenvolvimento econômico mundial e o participante que, provavelmente, não sabe o que significa desenvolvimento sustentável. Depois, responda à questão.

Participante A
  1. Os países ricos são os principais emissores de gases de efeito estufa.
  2. É possível controlar ou diminuir as emissões de cê ó dois. Participante B
  1. Os países pobres são apenas vítimas do aquecimento global.
  2. O mundo ainda depende da queima de combustíveis fósseis para suprir a demanda energética. Participante C
  1. A única fórma de conter o aquecimento global é diminuir o crescimento econômico e a industrialização.
  2. É preciso rever os padrões de consumo para enfrentar os problemas ambientais do século vinte e um.

De que maneira você explicaria a segunda afirmação do participante não indicado?

7. A anamorfose é uma representação cartográfica do espaço geográfico em que ocorre a distorção da proporcionalidade das áreas territoriais dos países com o propósito de adequar as suas áreas aos dados quantitativos que se deseja representar. No exemplo a seguir, são representados dados quantitativos referentes ao acesso à água. Observe a anamorfose e responda às questões.

Mundo: porcentagem da população e número de pessoas que não têm acesso à água – 2020

Anamorfose. Mundo: porcentagem da população e número de pessoas que não têm acesso à água – 2020. Anamorfose mostrando a porcentagem da população e número de pessoas que não têm acesso à água.
Percentual da população que não tinha acesso à água por país em 2020: 
De 50% a 60%: alguns países da África, Haiti e Papua Nova Guine. 
De 30% a 49,9%: maior parte dos da África e alguns do Oriente Médio.
De 20% a 29,9%: alguns países da costa oeste da África, Afeganistão e Camboja.
De 10% a 19,9%: Estados Unidos, alguns países da costa oeste da África, Islândia, Groelândia, Nicarágua, Mianmar, Laos, Mongólia e Turcomenistão.
De 0% a 9,9%: maior parte dos países da América Central, América do Sul, Europa, Ásia e Oceania.
Número de pessoas que não tinham acesso à água por país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020: 
A superfície dos países é deformada proporcionalmente ao valor: 100 milhões; 10 milhões; 5 milhões; 1 milhão. Na deformação, os países africanos e asiáticos ganham grande destaque e os países da América, Europa e Oceania se tornam pouco perceptíveis.

Fonte: blanxon daví. Atlas mondial de l'eau: défendre et partager notre bien commun. quarta edição Paris: Éditions Autrement, 2022. página 170. E-book.

Nota: Para a organização mundial da saúde, considera-se que existe acesso a água quando as pessoas têm um ponto de água potável situado em um raio ou distância menor de 200 métros.

  1. Aponte a situação do Brasil em relação ao não acesso à água, em porcentagem da população.
  2. Cite o nome de pelo menos três países e sua localização continental em que a situação de acesso à água potável, em porcentagem da população, é mais crítica.
  3. Indique os países do continente asiático que apresentam o maior número de pessoas que não têm acesso à água.

8. Há desperdício no uso de água na localidade onde você mora e na sua escola? Em grupo, elabore uma enquete para ser aplicada em mídias sociais com o objetivo de verificar quais são os hábitos cotidianos de consumo de água da sua comunidade. Com base nos resultados, identifique eventuais atitudes que precisem ser melhoradas e elabore postagens para a internet com dicas de como economizar água e fazer um uso consciente desse recurso. Em seguida, compartilhe esses materiais nos canais digitais de comunicação da escola.

Ícone. Seção Desembarque em outras linguagens. Composto por uma placa amarela com a silhueta de  uma pessoa saindo de um ônibus.

Desembarque em outras linguagens

crís djórdan:

GEOGRAFIA, ARTE E CONSUMO

Fotografia. Destaque para um homem de pé e com as mãos cruzadas, de cabelos pretos e curtos, vestindo camisa preta e óculos.

Artista e fotógrafo, crís djórdan mora em Seattle, no estado de Washington, Estados Unidos. Preocupado com o consumismo, cria obras surpreen­dentes com objetos descartados diariamente. As imagens finais dão ideia do montante de lixo produzido no mundo contemporâneo, pois reúnem vários objetos destinados ao lixo dispostos de fórma repetitiva em grandes conjuntos. Além de fotografar suas próprias obras de arte, crís djórdan também é responsável por séries fotográficas chocantes que denunciam os impactos ambientais causados pelo descarte inadequado de resíduos sólidos. Confira o trabalho desse artista.

Os retratos do consumismo

As obras criadas e fotografadas por crís djórdan, ao serem observadas a diferentes distâncias, de longe e de perto, apresentam múltiplos significados. Basta observar as diversas paisagens que o artista compõe usando resíduos do consumismo. Leia o texto para saber mais.

reticênciasDe longe as obras se apresentam como paisagens insólitas, de outro mundo, ou lembram cenas retratadas por artistas famosos, como Van Gogh e George serrá. A aproximação traz de início uma surpresa. São composições feitas de objetos cotidianos: latas, lápis, sacolas, maços de cigarro.

Mas a surpresa é transformada em incômodo, inquietação e violência quando percorremos as legendas das obras. Como se djórdan fisgasse seus expectadores em uma armadilha. O artista compõe o que chama de “Auto-retrato americano”: 106 mil latinhas jogadas fóra a cada 30 segundos nos Estados Unidos da América. Retrato de excesso, acúmulo, consumismo. Mas djórdan vai além, e cria o retrato da invisibilidade. Milhares de latinhas “invisíveis” na paisagem bucólica e tranquila de mulheres caminhando à beira do lago, com suas sombrinhas em um dia ensolarado. Paisagem que acontece na tela, porque as latinhas não existem, ou melhor, porque existem em seu completo apagamento.

reticências

DIAS, Susana. Enterrando problemas. Com Ciência: revista eletrônica de jornalismo científico, 10 fevereiro 2008. Disponível em: https://oeds.link/PifbMB. Acesso em: 13 março 2022.

Pintura. Vista para as margens do rio. No primeiro plano, uma mulher em pé, de vestido e chapéu, rodeada por um cachorro e pessoas sentadas de vestido, chapéu e sombrinha sob a sombra. No segundo plano, árvores e diversas pessoas se sentam e circulam sob o Sol.
Nesta obra (quêns sêrá, cuja tradução é “Latas de serrá”, 2007), o artista usou 106 mil latas de alumínio para reproduzir a tela Um domingo à tarde na Ilha da Grande jâte, 1884, do pintor francês Georges serrá (1859-1891).

A jornada Midway

Desde 2009, crís djórdan registra fotografias de aves mortas pela ingestão de objetos de plástico em Midway, um atolglossário localizado no Oceano Pacífico, entre a Ásia e a América do Norte, onde vive uma população de mais de 1 milhão de albatroz-de-leisân, uma ave marinha de grande porte.

“Segundo as observações de crís djórdan reticências, os animais provavelmente ingerem por engano (achando tratar-se de alimento) uma grande quantidade de lixo flutuante no marreticências; o consumo de plástico faz com que grande parte dos animais acabe morrendo reticências. Embora o atol seja composto por ilhas desertas, para ele convergem inúmeras correntes marinhas que provavelmente trazem um grande volume de lixo disperso no oceano, cujo descarte ocorreu há milhares de quilômetros de distância”.

ARAÚJO, Maria Christina Barbosa; SILVA-CAVALCANTI, Jacqueline Santos. Dieta indigesta: milhares de animais marinhos estão consumindo plásticos. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, volume 10, número 5, página 74 - 81, 10 junho 2016.

Fotografia. Corpo de um pássaro com bico longo e penas escuras e claras. O corpo está aberto e com diversos objetos pequenos, como tampa de garrafa e isqueiro, dentro da barriga.
A série fotográfica Midway: Message from the Gyre, cuja tradução é “Midway: mensagem do giro (oceânico)”, de crís djórdan, denuncia o descarte de toneladas de resíduos sólidos nos oceanos e a morte de animais em decorrência disso.

 Caixa de informações

  1. Que tipo de problema crís djórdan retrata em suas obras?
  2. De maneira geral, que objetos são usados nas obras de crís djórdan?

 Interprete

3. Que relação existe entre a obra quêns sêrá de crís djórdan e o consumo de plástico pelas aves albatroz-de-leisân, no atol de Midway?

 Mãos à obra

4. Em grupos, coletem embalagens de produtos consumidos em seu dia a dia e construam um ou mais objetos que retratem o consumismo e o desperdício, de acôrdo com o exemplo de crís djórdan. Para cada objeto construído, elaborem uma ficha de identificação, apresentando os seguintes elementos: título do objeto, principais materiais utilizados na composição do objeto e respectivas quantidades; breve descrição explicando o objeto; data da confecção. Com a ajuda do professor, organizem uma exposição aberta à toda a comunidade escolar para mostrar os objetos feitos por toda a turma. Sendo possível, tirem fotos da exposição e divulguem os resultados nos canais de comunicação digital da escola ou em um blog organizado e gerenciado pela turma.

Glossário

Civilizações pré‑colombianas
Povos que habitavam o continente americano antes da chegada dos colonizadores europeus. O termo é uma referência ao nome do navegador Cristóvão Colombo, que chegou à América em 1492.
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Frete
Valor pago pelo transporte de mercadorias ou produtos feito por caminhões, trens, navios e aviões.
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Barreiras comerciais
Normas alfandegárias, como tarifas de importação, que têm o objetivo de controlar ou dificultar a entrada de mercadorias estrangeiras.
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Cadeia produtiva
Conjunto de etapas ou operações sucessivas que vão desde a extração ou obtenção de uma matéria-prima até a produção, a comercialização e a distribuição de uma mercadoria.
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Ação
Documento que indica posse de certa parte ou fração de determinada empresa. As ações são negociadas nas bolsas de valôres.
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Título
Documento que representa ou certifica a posse ou propriedade de algum bem ou valor financeiro, como a escritura de propriedade de bem imóvel.
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Capital especulativo
Recurso investido com o objetivo de obtenção rápida de lucros em operações de compra e venda de moedas, ações e commodities. Diferencia-se do capital produtivo, que é aquele que se destina ao aumento do poder produtivo de uma economia, ou seja, instalação e ampliação de indústria, comércio, agropecuária, infraestrutura etcétera
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Conjunto de técnicas usadas pelos fabricantes ou prestadores de serviços para estudar o mercado e conquistá-lo segundo o lançamento planejado de produtos ou serviços.
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Desenvolvimento sustentável
Termo criado em 1987, durante a Comissão Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento da ônu. Refere-se ao desenvolvimento que satisfaz às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender às suas próprias necessidades. É o desenvolvimento econômico aliado à conservação do meio ambiente, ou seja, desenvolver sem esgotar.
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Metal pesado
Elemento químico altamente reativo e capaz de se acumular nos organismos vivos ou na natureza. São exemplos o mercúrio e o chumbo, muito tóxicos quando em quantidades elevadas.
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Sobrepastagem
Também chamada de sobrepastoreio, refere-se ao número excessivo de cabeças de gado por área de pastagem, que, além de compactar o solo, destrói a cobertura vegetal.
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Atol
Conjunto de ilhas com formato circular que apresenta uma lagoa ao centro e é constituída de corais.
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