UNIDADE 2 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL, RECURSOS NATURAIS E FONTE DE ENERGIA

Nesta Unidade, você ampliará os seus horizontes de compreensão sobre o mundo atual ao estudar o processo de urbanização e as transformações da produção agropecuária.

Ao tomarmos esse caminho, você aprenderá sobre o comércio mundial de commoditiesglossário agropecuárias e os problemas relacionados ao uso da terra e à indústria de alimentos e também será incentivado a refletir sobre o problema da desigualdade mundial de acesso a alimentos. Por fim, estudará as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diversas fontes de energia em diferentes países.

Fotografia. Vista para uma zona portuária. À esquerda, superfície plana ocupada por vias internas de circulação de veículos, depósitos de contêineres, guindastes e outros equipamentos e maquinários portuários. À direita, superfície d’água com um navio atracado.
Navio carregado com soja para exportação, no Porto de Paranaguá, no estado do Paraná (2020).
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. No mundo, o aumento de pessoas vivendo nas cidades tem impulsionado o consumo de produtos agropecuários? O que você sabe a respeito?
  2. A soja, retratada na imagem, é considerada uma commodity?
  3. Quais outras commodities o Brasil exporta?

PERCURSO 5 UM MUNDO URBANO

1. O processo de urbanização

A urbanização é o processo no qual a população urbana cresce a taxas mais elevadas do que a população rural. Caracteriza-se pela tendência de concentração da população de um país ou região nas cidades.

A urbanização mais acelerada aconteceu a partir das Revoluções Industriais, entre a segunda metade do século dezoito e o século dezenove, em países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. A industrialização atraiu contingentes populacionais do campo para as cidades, em razão da necessidade de mão de obra para as fábricas.

Em países como Brasil, México, Argentina e outros, a urbanização é mais recente – intensificou-se a partir dos anos de 1950, com o crescimento da atividade industrial. É importante lembrar, porém, que em alguns desses países, como é o caso do Brasil, a urbanização não foi resultado apenas da industrialização, mas também de problemas existentes no campo, como a concentração fundiária, o difícil acesso à propriedade da terra e outros.

Como estudaremos adiante, a mecanização e a introdução de inovações científicas e tecnológicas em atividades agropecuárias também têm relações com a urbanização nos últimos 50 anos.

2. O crescimento da população urbana

Até o início do século dezenove, a população urbana mundial não havia atingido 7% do total. cêrca de dois séculos depois, em 2008, pela primeira vez na história, a população urbana ultrapassou os 50% (cêrca de 3,3 bilhões de pessoas). Segundo previsões da ônu, esse número chegará a 5,2 bilhões em 2030, representando 60,4% da população mundial.

Estima‑se que, nas próximas décadas, o crescimento urbano nos países desenvolvidos não será muito elevado (cêrca de 13%); entretanto, duplicará principalmente em países da Ásia e da África em cêrca de 15 anos. Diante disso, uma parcela cada vez maior da população mundial estará exposta à pobreza, ao desemprêgo e aos riscos ambientais associados à urbanização acelerada, como a deficiência de saneamento básico.

Segundo a ônu, aproximadamente 30% da população urbana mundial vive em condições de pobreza, cêrca de 1,2 bilhão de pessoas moram em áreas irregulares e habitações precárias e entre 20 e 40 milhões de famílias não têm moradia. A falta de emprêgo é outro grave problema, levando 50% dos moradores de áreas urbanas a trabalhar na informalidade. Além disso, se confirmada a previsão de que, até 2050, a população urbana será de 6,7 bilhões, a pobreza nas cidades deverá se agravar caso não sejam tomadas providências para erradicá-la.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é a população urbana em relação ao total da população do município em que você vive?

Os problemas associados à urbanização serão mais graves nas megacidadesglossário e nas megalópolesglossário (consulte o mapa). Em 1950, Nova iórque e Tóquio eram as duas megacidades do planeta; em 2007, havia dezenove; e, em 2022, o número de megacidades passou a ser de 32, a maioria concentrada nos países menos desenvolvidos, onde os problemas econômicos, sociais e ambientais são graves (desemprêgo, violência, carência de transporte público, poluição, saneamento básico deficiente etcétera).

Aglomerações urbanas mais populosas do mundo (em milhões de habitantes) – 2025*

Mapa. Aglomerações urbanas mais populosas do mundo (em milhões de habitantes), 2025 (projeção). Mapa representando a localização e a população das maiores aglomerações urbanas do mundo. 
Nova York (Estados Unidos): 20,7 milhões de habitantes. 
Cidade do México (México): 21,0 milhões de habitantes. 
São Paulo (Brasil): 21,4 milhões de habitantes. 
Cairo (Egito): 15,5 milhões de habitantes. 
Lagos (Nigéria): 15,8 milhões de habitantes. 
Kinshasa (República Democrática do Congo): 16,7 milhões de habitantes. 
Dacca (Bangladesh): 22,0 milhões de habitantes. 
Karachi (Paquistão): 19,1 milhões de habitantes. 
Mumbai (Índia): 26,4 milhões de habitantes. 
Nova Delhi (Índia): 22,5 milhões de habitantes. 
Calcutá (Índia): 20,6 milhões de habitantes. 
Pequim (China): 14,5 milhões de habitantes. 
Tóquio (Japão): 36,4 milhões de habitantes. 
Xangai (China): 19,4 milhões de habitantes. 
Manila (Filipinas): 14,8 milhões de habitantes. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.480 quilômetros.

Fonte: durên, Marrí Françuási et al Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. página 25.

Grafismo indicando atividade

Qual deverá ser a maior aglomeração urbana em 2025?

Nas próximas décadas, as megacidades se concentrarão nos países emergentes e nos menos desenvolvidos, enquanto o crescimento dêsse tipo de aglomeração urbana nos países desenvolvidos tenderá à estabilização.

3. Cidades e hábitos de consumo mundializados

Para 2022, estimava-se que haveria mais de 570 cidades no mundo com mais de um milhão de habitantes; em 1950 elas eram apenas 86. Nas últimas décadas, o aumento de pessoas nas cidades tem impulsionado o consumo de produtos diversos, desde aqueles essenciais à sobrevivência, como os alimentos, até os mais supérfluos. Como nessas aglomerações não há espaço para a produção de alimentos em larga escala, as pessoas são obrigadas a adquiri‑los em feiras e supermercados ou em outros pontos de abastecimento. Além disso, o estilo de vida nas grandes cidades demanda o uso de produtos específicos para as pessoas trabalharem, se locomoverem, se comunicarem, entre outras necessidades.

Como estudamos nos Percursos 2 e 3, os modelos de consumo das grandes cidades são difundidos mundialmente e, em geral, seguidos por grande parte da população. Assim, as empresas transnacionais têm expandido seus negócios e investido muito em propaganda, o que influencia na mundialização de alguns hábitos e na implantação da globalização cultural.

4. Transformações da produção agropecuária e urbanização

As transformações da atividade agropecuária, decorrentes da introdução de inovações científicas e tecnológicas no campo, desde os anos 1960, ajudam a explicar não somente a intensa urbanização após esse período, como também o desemprêgo estrutural no campo.

Fotografia. Destaque para uma mulher de avental branco, máscara de proteção facial, óculos e touca branca, mexendo um material líquido e escuro em uma panela sobre o fogão. Ao redor dela, diversos equipamento e materiais de laboratório.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária () desenvolve pesquisas que têm contribuído com inovações científicas e tecnológicas para o setor agropecuário. Na foto, pesquisadora no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Acre, Rio Branco, Acre (2022).

A intensificação do uso de máquinas agrícolas, fertilizantes, agrotóxicos e rações, além do melhoramento genético de plantas e animais, alterou o rendimento e a produtividade da agropecuária.

Já em 1960, as sementes híbridas de cereais, obtidas em laboratórios de pesquisas, possibilitaram maior rendimento das lavouras e maior resistência a pragas e doenças, o que ficou conhecido como Revolução Verde.

Nos anos 1980, organismos geneticamente modificados (ó gê êmes) começaram a ser desenvolvidos a partir de sementes transgênicas, representando outra inovação científica e tecnológica importante para as transformações na agropecuária.

Os cultivos com sementes de alto rendimento da Revolução Verde, como também os ó gê êmes, exigem aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes etcétera Entretanto, o uso intensivo de agrotóxicos é responsável por grandes danos ambientais: ao solo, pois este os retém, comprometendo a sua biodiversidade; ao ar, pois o material em suspensão provoca danos à saúde humana e a outros seres vivos, além da contaminação de alimentos; às águas superficiais e subterrâneas, além de outros.

Nos anos 1990, com o desenvolvimento da informática, muitas de suas inovações foram empregadas na agropecuária: aplicativos para o gerenciamento dessa atividade; drones para detectar doenças e pragas em plantações e pastagens, falhas de plantio, contagem do número de cabeças de gado, localização de nascentes de águas etcétera; além de máquinas agrícolas computadorizadas.

Se, por um lado, as inovações científicas e tecnológicas favoreceram a agropecuária por meio do aumento do rendimento e da produtividade, por outro, substituíram parte da mão de obra empregada no campo e provocaram o desemprêgo estrutural. Dispensadas do trabalho no campo, populações migraram para as cidades, contribuindo para o processo de urbanização.

Fotografia. Destaque para um homem de costas, dirigindo um trator, vestindo boné e camiseta vermelha. O homem segura o volante e observa a tela de um GPS. À frente do trator, uma superfície ocupada por plantação.
Trabalhador operando trator usado para plantio mecanizado com auxílio de Sistema de Posicionamento Global, no município de Londrina, Paraná (2020).

5. Urbanização e capital financeiro

O recente processo de urbanização se confunde com a história da industrialização e da formação do capital financeiro – o capital representado por títulos e papéis negociáveis que podem ser convertidos em dinheiro. Os bancos ou instituições financeiras, frutos do desenvolvimento do capitalismo, tiveram e têm função importante na produção e na circulação de mercadorias em todo o mundo. De que fórma isso ocorre?

Essas empresas passaram a financiar as atividades produtivas e o consumo. Hoje, o capital financeiro está presente em quase todas as transações comerciais – a maioria das empresas e das pessoas dependem de empréstimos para adquirir imóveis, máquinas, matérias-primas etcétera

As cidades globais

A cidade sempre teve papel central na economia capitalista. Assim, os fatores locacionais para a implantação de instituições financeiras são, em certa medida, definidos pelo total da população de uma cidade e seu dinamismo econômico. Foram esses fatores que historicamente comandaram a distribuição espacial do sistema financeiro. Daí se explica a concentração espacial da atividade financeira em grandes cidades como Nova iórque, Londres, Paris, São Paulo, entre outras, o que, contemporaneamente, permitiu a formação das chamadas cidades globais.

As cidades globais se destacam pela importância econômica e por concentrarem atividades e infraestruturas indispensáveis na economia globalizada: bolsas de valores, aeroportos internacionais, amplos serviços de hotelaria, grandes centros de eventos, extensas redes de telecomunicação, muitos hospitais, diversos equipamentos culturais etcétera

Dependendo do grau de concentração dessas atividades e do alcance espacial que possuem, as cidades globais são divididas em seis grupos, em ordem decrescente de importância: alfa duplo mais, alfa mais, alfa, alfa , beta e gama. Nessa classificação, se uma cidade apresenta as atividades citadas anteriormente muito desenvolvidas e com maior alcance global, ela será uma cidade alfa duplo mais. A classificação das demais cidades do grupo alfa depende apenas do nível de interligação e da influência que exercem sobre a economia global. As cidades globais que contam com empresas de menor alcance espacial são classificadas como beta e gama.

Mundo: cidades globais do grupo alfa – 2018

Mapa. Mundo: cidades globais do grupo alfa – 2018. Mapa representando a localização das cidades globais do grupo alfa.
Alfa menos: Montreal, Washington D.C, Bogotá, Houston, São Francisco, Santiago, Tel Aviv, Nova Délhi, Riad, Amsterdã, Praga, Viena, Frankfurt, Budapeste, Roma, Luxemburgo, Barcelona, Lisboa, Dublin, Munique, Estocolmo, Manila, Shenzen e Johanesburgo.
Alfa: Melbourne, Bangcoc, Taipé, Mumbai, Moscou, Guangzhou, Zurique, Bruxelas, Varsóvia, Milão, Munique, Madri, Cidade do México, Toronto, Chicago, Los Angeles, Miami, Moscou, São Paulo, Buenos Aires, Istambul, Kuala Lumpur, Jacarta e Seul.
Alfa mais: Sidnei, Cingapura, Tóquio, Pequim, Xangai, Hong Kong, Dubai, Paris.
Alfa mais mais: Londres, Nova York.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.510 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; gê á dáblio cê. The world according to2018. Disponível em: https://oeds.link/gqoOSf. Acesso em: 25 maio 2022.

PERCURSO 6 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL E A IMPORTÂNCIA DA AGROPECUÁRIA

1. Crescimento da produção agropecuária

Além de a agropecuária reunir atividades de cultivo e criação de animais voltadas à produção de alimentos e de matérias-primas, ela também participa da produção de combustíveis e da geração de energia elétrica com o uso da biomassa.

Com o crescimento da população urbana no mundo, como estudamos no Percurso anterior, a agropecuária passou a ter uma importância ainda maior. Especialmente a partir da década de 1960, diante da acelerada urbanização também dos países de industrialização tardia, houve a necessidade de produzir mais alimentos para atender ao crescente número de habitantes das cidades. É nesse contexto que se insere o aumento da capacidade de produção do setor agropecuário.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (fáo), observa-se que a produção mundial de alimentos tem crescido constantemente nas últimas décadas, assim como o comércio internacional de produtos agropecuários. O gráfico, que mostra o aumento da produção e da exportação de banana no mundo, exemplifica esse processo de transformação do campo.

Recentemente, um relatório publicado pela Organização Mundial do Comércio (ó ême cê) indicou que, apenas entre 2000 e 2019, a exportação de produtos agrícolas apresentou aumento de 73%.

Mundo: produção e exportação de banana (em milhões de toneladas) – 1960-2020

Gráfico. Mundo: produção e exportação de banana, em milhões de toneladas,  1960 a 2020. Gráfico de linhas mostrando a evolução da produção e da exportação de banana no período.
Produção, linha verde 
1960: 24 milhões de toneladas.
1970: 30 milhões de toneladas.
1980: 40 milhões de toneladas.
1990: 50 milhões de toneladas.
2000: 70 milhões de toneladas.
2010: 110 milhões de toneladas.
2020: 124 milhões de toneladas.
Exportação, linha laranja
1960: 0,5 milhões de toneladas.
1970: 10 milhões de toneladas.
1980: 12 milhões de toneladas.
1990: 15 milhões de toneladas.
2000: 20 milhões de toneladas.
2010: 23 milhões de toneladas.
2020: 25 milhões de toneladas.

Fonte: fáo. faostát. Disponível em: https://oeds.link/3v1uph. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

Grafismo indicando atividade

Considerando o período representado no gráfico, quais mudanças no campo contribuíram para o aumento da produção de banana?

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NO SEU CONTEXTO

Você sabe quais produtos que consome ou usa no seu dia a dia têm origem direta ou indireta na agropecuária?

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NAVEGAR É PRECISO

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (fáo)

https://oeds.link/wwuUiw

Portal da fáo no Brasil, com informações sobre projetos desenvolvidos no país, publicações e acesso à base de dados da organização.

2. As commodities

O comércio mundial de produtos agropecuários abrange tanto os produtos alimentícios (cereais, frutas, carne, laticínios etcétera) como as matérias-primas para a indústria e o setor energético. Essa comercialização acontece principalmente na fórma de commodities, cujos preços são estabelecidos em escala internacional nas bolsas de mercadoriasglossário , como as de Chicago e Nova iórque, nos Estados Unidos, e Londres, no Reino Unido.

A variação dos preços das commodities reflete em toda a economia, já que são matérias-primas usadas para a fabricação de diversos produtos. Em caso de elevação, os alimentos ficam mais caros, prejudicando os consumidores – especialmente a população mais pobre, que, em geral, destina grande parte de seu rendimento para a aquisição de alimentos.

O mercado mundial de commodities é controlado por um restrito conjunto de trading companiesglossário , que são, principalmente, transnacionais. Elas têm grande poder, influenciam a formação de preços no mercado internacional, o valor dos fretes marítimos para transportá-las etcétera No Brasil, as tradings de commodities atuam na comercialização de soja, milho, açúcar, café, algodão e outros produtos e, nos últimos anos, têm atuado na aquisição de usinas de açúcar e etanol e no financiamento de sementes, agrotóxicos e fertilizantes para o agronegócio.

Note, nos quadros A e B, quais são os principais exportadores e importadores de commodities agropecuárias no mundo segundo a .

Países que são grandes exportadores de produtos agropecuários, mas não se destacam como produtores e exportadores de produtos industrializados, estão mais suscetíveis e vulneráveis à oscilação dos preços das commodities. Essa característica se aplica principalmente aos países em desenvolvimento, bem como aos emergentes, que em geral são economias dependentes da produção e da exportação de commodities, como é o caso do Brasil.

Quadro A. Principais exportadores de commodities agropecuárias – 2020

Bloco ou país

Valor exportado (em bilhões de dólares)

União Europeia (UE)*

653

Estados Unidos

170

Brasil

93

China

78

Canadá

70

Indonésia

46

Tailândia

41

México

41

Índia

39

Argentina

37

Quadro B. Principais importadores de commodities agropecuárias – 2020

Bloco ou país

Valor importado (em bilhões de dólares)

União Europeia (UE)*

597

China

216

Estados Unidos

186

Japão

77

Reino Unido

71

Canadá

41

Coreia do Sul

37

Rússia

30

México

28

Índia

26

Fonte: elaborados com base em WORLD TRADE ORGANIZATION. World trade statistical review 2021. Geneva: WORLD TRADE ORGANIZATION, 2021. página 69.

*União Europeia: união econômica e monetária que reunia 27 países da Europa até meados de 2022.

Grafismo indicando atividade

Com base nos quadros A e B, descreva a situação do Brasil em relação ao comércio internacional de commodities agropecuárias.

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NAVEGAR É PRECISO

Organização Mundial do Comércio (ó ême cê)

https://oeds.link/SGyAil

Portal da ó ême cê, órgão internacional responsável por criar e fiscalizar regras sobre comércio entre seus países-membros, que possui grande quantidade de informações sobre o comércio mundial em gráficos, tabelas e mapas.

Commodities agropecuárias, uso da terra e indústria de alimentos

O uso da terra em diversos países é influenciado pelo mercado internacional de commodities agropecuárias. Áreas que eram usadas para produção de alimentos tradicionais, visando atender às necessidades de suas populações, foram substituídas pela agricultura comercial, voltada à produção de commodities para o mercado externo.

No Brasil, por exemplo, além dêsse fato, deve-se considerar que a expansão da fronteira agropecuária em direção ao Cerrado e à Floresta Amazônica, nas Grandes Regiões Centro-Oeste e Norte, ocorreu também pela grande procura por essas commodities nos mercados interno e externo – soja, algodão, milho, carne etcétera

O comércio mundial de comoditis agropecuárias destina-se, sobretudo, ao abastecimento da indústria de alimentos, e não à venda in natura. A indústria as transforma em diversos produtos, os chamados alimentos industrializados – enlatados, empacotados, engarrafados etcétera –, que são comercializados junto à crescente população urbana. Daí decorre a importância da agropecuária para a sociedade urbano-industrial.

Nas cidades, então, a obtenção de produtos alimentícios é realizada principalmente por meio de relações comerciais mediadas pelo dinheiro, isto é, os produtos são comprados por quem possui poder de compra; diferentemente, portanto, de relações no campo, onde o produtor pode plantar ou criar animais para o seu próprio sustento e da sua família e comercializar o excedente. O crescimento populacional e a urbanização, por conseguinte, têm exigido aumento da produção agropecuária, que tem ocorrido com apôio do desenvolvimento científico e tecnológico aplicado à produção rural, como estudamos no Percurso anterior.

Fotografia. Vista de uma extensa área plana ocupada por cultivo agrícola. No primeiro plano, uma colheitadeira circula pela faixa do terreno que tem o o solo quase inteiramente exposto, pois a maior parte da plantação já foi colhida. No segundo plano, faixa do terreno coberta pela plantação com folhagem verde. No terceiro plano, faixa de solo exposto e acima céu azul.
Plantação de soja no município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso (2022).
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NO SEU CONTEXTO

Você consome ou usa algum tipo de commodity produzida no Brasil?

3. Desigualdade mundial de acesso a alimentos

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a população mundial, em pleno século vinte e um, ainda sofre com a desigualdade de acesso aos alimentos ou com a insegurança alimentar – situação em que pessoas não têm acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, gerando desnutrição e fome.

Segundo a fáo, a produção de alimentos no mundo é suficiente para atender às necessidades de .2500 quilocalorias e 65 gramas de proteínas por dia a toda a população mundial. No entanto, em 2020, cêrca de 768 milhões de pessoas, aproximadamente 10% da população mundial, foram dormir todas as noites sem ter ingerido alimentos em quantidade e qualidade suficientes para manter a saúde (consulte o quadro A).

Quadro A. Mundo: número de pessoas desnutridas (em milhões) – 2020*

Continente ou região

Pessoas desnutridas (milhões)

Ásia

418,0

América Latina

59,7

África

281,6

Oceania

2,7

Total

768,0

*Projeção.

Fonte: elaborado com base em fáo. The state of food security and nutrition in the world 2021. Roma: fáo, 2021. página 12.

De acôrdo com o relatório Níveis e tendências da mortalidade infantil (2021), publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (unicéfi), no mundo, cêrca de 13,7 mil crianças entre 0 e 5 anos de idade morreram, em média, a cada dia de 2020, o que correspondeu a 5 milhões. Observe, no quadro B, as projeções da ônu para as taxas de mortalidade infantil do mundo e do Brasil no período de 2025 a 2030.

Quadro B. Mundo e Brasil: taxas de mortalidade (em ‰) – 2025-2030*

De 0 a 1 ano

De 0 a 5 anos

Mundo

26‰

36‰

Brasil

11‰

13‰

*Projeção.

Fonte: UNITED NATIONS. World population prospects: the Tiu taussand end nainetinrevisionumComprehensive tablesNew York: ú êne, 2019. página 218, 223, 229 e 235.

A maioria dessas crianças poderia ser salva se elas tivessem as condições mínimas de alimentação adequada e os cuidados médicos e sanitários básicos. As mortes dessas crianças não apontam como causa direta a fome ou a desnutrição, mas sim a desidratação, a tuberculose, a pneumonia, o sarampo, a malária e outras doenças, que, ao se instalarem em organismos debilitados em decorrência da desnutrição, causam óbitos, o que é menos provável em crianças bem alimentadas.

Fotografia. Destaque para uma mulher vestindo uma burca preta, sentada em um leito hospitalar coberto por lençol e fronha verdes. Ela observa um bebê deitado sobre o leito ao lado de uma boneca. Atrás dela, outros dois leitos hospitalares, um ocupado por um bebê e o outro desocupado.
Crianças iemenitas com quadro de desnutrição são observadas em um centro médico na província de Hodeida, no Iêmen (2021).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

HELENE, Maria Elisa Marcondes; MARCONDES, Beatriz; NUNES, Edelci.

Fome. São Paulo: Scipione, 2003.

As autoras abordam desde os mitos criados a respeito da questão da fome até a produção e o consumo de alimentos.

Ziclê, Jan.

A fome no mundo explicada ao meu filho. Petrópolis: Vozes, 2002.

Respondendo a perguntas feitas por seu filho indignado com a existência da fome no mundo, o autor aponta as relações com as causas políticas e econômicas.

Causas da insegurança alimentar

Não há apenas uma causa ou fator particular que explique a fome ou a desnutrição no mundo, mas sim um conjunto deles, em que se destacam:

  • as guerras e os conflitos internos em países, que inclusive dificultam ou impedem que a ajuda humanitária e alimentos cheguem ao seu destino;
  • o desperdício de alimentos, desde o transporte até o consumo pelas famílias, pelos restaurantes, pelas lanchonetes etcétera, que poderiam alimentar aqueles que não têm possibilidades de adquiri-los;
  • as mudanças climáticas que afetam a produção da agropecuária em determinadas áreas, comprometendo o abastecimento de alimentos;
  • a substituição de produtos alimentares in natura pelos industrializados, que, ao ficarem mais caros, geralmente limitam sua compra pelas pessoas mais pobres;
  • a substituição da agricultura de produtores alimentares pela agricultura comercial de exportação, como estudamos anteriormente.

Entretanto, a principal causa da desigualdade de acesso aos alimentos ou recursos alimentares é a pobreza em que vivem milhões de pessoas em todo o mundo, tanto nas áreas rurais como nas urbanas.

A existência da fome no mundo, ainda nos dias atuais, é uma situação vergonhosa para toda a humanidade.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Que medidas você e sua família costumam adotar para evitar o desperdício de alimentos?

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

CHADE, Jamil.

O mundo não é plano: a tragédia silenciosa de um bilhão de famintos. São Paulo: Saraiva, 2009.

Nesse livro, o autor relata as brutais contradições que envolvem a ocorrência da fome no mundo e suas implicações políticas e comerciais.

4. A agricultura urbana

Há alguns anos vem se tornando comum a prática da agricultura urbana. Com ou sem apôio dos órgãos de administração pública municipais, grupos de pessoas de comunidades urbanas estão se aproveitando de terrenos ociosos ou sem construções para o plantio de frutas e a criação de animais de pequeno porte.

Já implantada em várias cidades do Brasil, essa prática possibilita a ampliação do acesso a alimentos a quem precisa, além de permitir trocas, doações e comercialização. Assim, cumpre não só o objetivo de melhorar a alimentação, como também, no caso da comercialização, de aumentar o rendimento de quem necessita para que possa adquirir produtos de primeira necessidade.

Fotografia. Vista para uma linha de transmissão, cuja superfície é ocupada por uma horta com diversos tipos de cultivos. Entre os cultivos, um homem de pé, vestindo bermuda azul, camiseta vermelha e chapéu está regando a plantação. Nas margens da linha de transmissão, há casas e edifícios. Acima, céu azul.
Horta comunitária no bairro Jardim Tietê, na cidade de São Paulo, São Paulo (2021).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Na localidade onde você mora é praticada a agricultura urbana? Caso não seja, você acha possível introduzi-la?

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Direito humano à alimentação adequada e soberania alimentar

“O direito humano à alimentação adequada reticências é o direito de todas as pessoas e povos ao acesso físico e econômico, de modo regular, permanente e livre, diretamente ou por meio de compras financiadas, à alimentação suficiente e adequada, em quantidade e qualidade, em conformidade com as tradições culturais, assegurando sua realização física e mental para que obtenham uma vida digna reticências. Esta adequação incorpora aspectos relacionados à: diversidade e adequação nutricional e cultural da dieta, incluindo a promoção do aleitamento materno; necessidade de estar livre de substâncias nocivas; proteção contra a contaminação; informação sobre adequação de dietas e conteúdo nutricional dos alimentos.

reticências

Se fizermos uma breve retrospectiva histórica, poderemos perceber que em 1946 o sociólogo Josué de Castro reticências já denunciava que a fome epidêmica e endêmica não era resultado de problemas naturais e climáticos, nem de baixa fertilidade do solo, mas sim, evidenciava um problema de ordem social e política, enraizado na pobreza e na miséria do povo. reticências É, portanto, um problema político, cuja superação, necessariamente, passa pela ação política do Estado no sentido de criar condições de acesso à terra e à renda para a população garantir sua própria alimentação. Por influência dos países centrais, o govêrno brasileiro e muitos outros governos procuraram responder ao problema levantado com a introdução da chamada ‘Revolução Verde’reticências. Introduziu-se, assim, um modêlo agroexportador centrado nas monoculturas, especialmente da soja, eucalipto, cana-de-açúcar, e nos transgênicosreticências.

Essa situação brevemente descrita evidencia que muitos países, regiões e municípios, também dentro do Estado brasileiro, vivem sem soberania alimentar e outros tantos vivem com sua soberania alimentar ameaçada pelos fatores já considerados. Pois, um país ou região somente é soberano quando tem autonomia para decidir, livre de qualquer fórma de pressão, sobre sua política econômica, social, ambiental e cultural. reticências Por sua vez, esses meios de subsistência devem fundar-se em bases sustentáveis ambiental, econômica, social e culturalmente.”

CONTI, Irio Luiz. Segurança alimentar e nutricional: noções básicas. Passo Fundo: ifíbe, 2009. página 23-29.

Mundo: biodiversidade inexplorada

Gráfico. Mundo: biodiversidade inexplorada. Gráfico circular representando a quantidade de espécies de plantas existentes (setor laranja), de espécies de plantas comestíveis (setor lilás) e de espécies de plantas que são usadas como alimento humano (setor verde-claro).
250.000 a 300.000: espécies de plantas existentes.
10.000 a 50.000: são comestíveis.
150 a 200: são usadas como alimento humano.
Ao lado do gráfico, texto: apenas três culturas - arroz, milho e trigo – fornecem quase 60% das calorias e proteínas que os humanos obtêm de plantas.
Nas últimas décadas tem havido padronização dos cultivos em todo o mundo, principalmente com a disseminação de variedades adaptadas ao pacote tecnológico da Revolução Verde e pela expansão do plantio de organismos geneticamente modificados (sementes transgênicas). Consequentemente, muitas variedades de sementes locais deixaram de ser plantadas, diminuindo a diversidade de espécies cultivadas. Essa uniformização da produção de alimentos influi na soberania alimentar das populações.

Fonte: fáo. Biodiversity to nurture people. Disponível em: https://oeds.link/JljTff. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

 Interprete

1. Por que o autor relaciona a alimentação adequada contínua com a garantia de acesso ao emprêgo e à terra?

 Argumente

2. Como você explicaria a importância do direito à alimentação para os indivíduos e para a sociedade?

 Contextualize

3. Apesar de a ônu enfatizar o direito à alimentação, você acredita que ele está concretizado na localidade ou região onde você mora?

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 5 e 6

Registre em seu caderno.

  1. Explique com suas palavras o que é urbanização.
  2. Caracterize megacidade e megalópole.
  3. Aponte a relação entre a modernização das atividades agropecuárias, os avanços científicos e tecnológicos e o desemprêgo no campo.
  4. Existe relação entre a importância da agropecuária e o processo de urbanização em curso no mundo? Explique.
  5. Aponte a relação entre a elevação dos preços das commodities agropecuárias, indústria de alimentos e população com baixo rendimento.
  6. Há relação entre a procura no mercado mundial pelas commodities agropecuárias e o uso da terra rural? Explique.
  7. Explique o que é insegurança alimentar, suas consequências e aponte qual é a sua abrangência entre a população mundial.
  8. Segundo o unicéfi, qual foi, em média, o número diário de mortes de crianças entre 0 e 5 anos de idade em 2020? Como se poderia evitar parte desses óbitos?
  9. Com auxílio de um planisfério político, interprete o mapa a seguir e responda às questões.

Mundo: fome e pobreza – 2015

Mapa. Mundo: fome e pobreza, 2015. Mapa representando o nível de suficiência alimentar por país.
País caraterizado por
suficiência alimentar (exportador de alimentos): Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Vietnã, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Canadá, Malásia, Indonésia Espanha, Ucrânia, Uzbequistão, Turcomenistão, Iraque, França, Irlanda, Países Baixos, Bélgica, Dinamarca, Polônia, Lituânia, Moldávia, Montenegro, Sérvia, Hungria, Costa do Marfim, Burquina Faso, Gana, Colômbia, Guiana Francesa, Costa Rica, Belize, El Salvador e Honduras.
Suficiência alimentar (importador de alimentos): China, Rússia, Itália, Portugal, Alemanha, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Líbia, Tunísia, México, Venezuela, Peru, Cuba, Haiti, República Dominicana, Panamá, Suriname Islândia, Reino Unido, Suécia, Finlândia, Noruega, Letônia, Estônia, Belarus, Alemanha, Portugal, Suíça, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Albânia, Grécia, Macedônia do Norte, Turquia, Romênia, Bulgária, Azerbaijão, Geórgia, Irã, Líbano, Chipre, Israel, Jordânia, Catar, Omã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbia, Tunísia, Marrocos, Argélia, Mauritânia, Nigéria, Guiné, Gabão, Cazaquistão, Nepal, botão, Quirguistão, Japão, Coreia do Sul e Filipinas
Insuficiência alimentar (exportador de alimentos): Guatemala Nicarágua, Índia, Bolívia, Equador, Etiópia, Quênia, Uganda, Chade, Camarões, Togo, República Centro-Africana, Zâmbia, Zimbabue e Papua-Nova Guiné.
Insuficiência alimentar (importador de alimentos): Mongólia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Armênia Tajiquistão, Tailândia, Laos, Camboja, Iêmen, Sri Lanka, Coreia do Norte, Sudão, Sudão do Sul, Angola, Namíbia, República Democrática do Congo, Somália, Níger, Guiné, Libéria, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Togo, Benim, Guiné Equatorial, Congo, Angola, Namíbia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Madagascar, Moçambique e Botsuana.
Sem dados: Saara Ocidental, Groenlândia e Antártida. 
Países onde mais de 50 por cento da população vive com menos de 1,90 dólar por dia: Haiti, Uzbequistão, Madagascar, Moçambique, Lesoto, Zâmbia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Nigéria, Níger, Mali, Benin, Togo, Libéria, Serra Leoa e Senegal.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.830 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 25.

  1. Aponte pelo menos quatro países onde mais de 50% da população vivia com menos de 1,90 dólar por dia em 2015.
  2. Qual é a contradição na situação da Índia, da Bolívia e do Equador nessa representação cartográfica?

10. Leia a pergunta a seguir.

É possível identificar hábitos de consumo influenciados pela globalização cultural na localidade em que você vive? Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso desenvolver uma atividade de pesquisa, na qual você deverá observar, tomar notas e construir um relatório com a descrição de aspectos e elementos que ajudam a respondê-la. Reúnam-se em grupo para planejar a realização da pesquisa e sigam as orientações.
  1. Definam o significado de cultura globalizada. Por meio de que aspectos ela pode ser observada?
  2. Organizem um roteiro de campo para que vocês observem, na localidade onde vivem, manifestações que podem ser relacionadas à cultura globalizada.
  3. Usem um caderno para tomar notas durante a observação, descrevendo de que modo essas manifestações aparecem. Vocês podem fazer registros fotográficos.
  4. Por fim, o grupo deverá organizar um relatório com base nas notas descritivas e nas fotografias. As informações apresentadas devem responder à pergunta inicial.

11. Josué de Castro (1908-1973), médico e geógrafo, dedicou sua vida ao estudo da fome e publicou vários livros sobre o tema. Leia o fragmento de texto e, com os conhecimentos que adquiriu, responda às questões.

A fome não é um fenômeno natural e sim um produto artificial de conjunturas econômicas defeituosas .

CASTRO, Josué de. O livro negro da fome. São Paulo: Brasiliense, 1960. página 26.

  1. Cite pelo menos uma conjuntura econômica que explique a existência da fome ou da insegurança alimentar.
  2. Você observa alguma relação entre ocorrência de fome e sociedade de consumo?

12. No livro A fome no mundo explicada ao meu filho, o autor aborda questões relacionadas à existência da fome no mundo. Leia o questionamento a seguir e responda.

— Não consigo entender como é possível que, no início do novo milênio e num planeta tão rico, tantos seres humanos continuam morrendo de fome.

Ziclê, Jan. A fome no mundo explicada ao meu filho. Petrópolis: Vozes, 2002. página 15.

  1. Como você explicaria essa questão?
  2. Em dupla, decomponham o questionamento acima em outras cinco questões.

13. Em grupo, procurem se informar sobre as questões a seguir, referentes ao lugar onde vivem.

  1. Se há pessoas ou famílias em situação de insegurança alimentar.
  2. Se essas pessoas recebem alguma fórma de auxílio por meio de programas do govêrno, de voluntários etcétera
  3. Você e os membros de seu grupo acreditam que essas iniciativas são suficientes para resolver o problema da insegurança alimentar? Que outras medidas sugerem?

PERCURSO 7 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL E FONTES DE ENERGIA

1. Da lenha à energia termonuclear e às fontes alternativas de energia

Durante séculos, lenha e carvão vegetal foram as principais fontes de energia empregadas pelos seres humanos. O uso dessas energias no cozimento de alimentos e na geração de calor foi importante para a sobrevivência de populações em todo o mundo.

Nos dias atuais, essas fontes ainda são usadas, mas, com o desenvolvimento industrial, a urbanização e o crescimento populacional, surgiu a necessidade de obter novas fontes de energia: carvão mineral, petróleo, gás natural, hidráulica, termonuclear, entre outras.

Diversas atividades humanas se desenvolveram com a descoberta dessas novas fontes, não somente a indústria, mas também a agropecuária, o comércio, os transportes, os serviços médicos etcétera

Contudo, no decorrer dos séculos dezenove, vinte e vinte e um, o uso dessas fontes energéticas causou sérios impactos ambientais, incentivando a busca por fontes alternativas de energia.

2. Fontes de energia renováveis e não renováveis

No mundo atual, as principais fontes de energia podem ser classificadas em renováveis e não renováveis.

As fontes renováveis de energia são aquelas que não se esgotam com o uso: biomassa, hidráulica (da água), eólica (do vento), solar (calor do sol), geotérmica (do interior da Terra) e maremotriz (das ondas do mar, marés ou correntes marítimas). Esse conjunto de fontes de energia é denominado também de fontes sustentáveis de energia, pois permitem crescimento e desenvolvimento econômico de modo sustentável, com baixo impacto ao meio ambiente.

Já as fontes não renováveis de energia, como é o caso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), exigem milhões de anos para se formar e esgotam-se.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

, Denise M. E.; MAGOSSI, Luiz Roberto; BONACELLA, Paulo Henrique.

Sustentabilidade ambiental: uma questão de consciência. São Paulo: Moderna, 2015.

O livro destaca o que podemos fazer em nosso cotidiano a fim de contribuir para que o desenvolvimento sustentável se concretize.

BRANCO, Samuel Murgel.

Energia e meio ambiente. São Paulo: Moderna, 2004.

Aborda os benefícios do desenvolvimento das fontes de energia para a humanidade, bem como os problemas ambientais decorrentes do seu uso, além da necessidade do uso de fontes sustentáveis de energia.

3. Combustíveis fósseis

Carvão mineral, petróleo e gás natural, que constituem as principais fontes da matriz energética global (como estudaremos no Percurso 8), são causadores de grandes impactos ambientais: efeito estufa, poluição da atmosfera, chuvas ácidas, contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas etcétera

Carvão mineral

Observe a sequência de ilustrações. No decorrer do tempo geológico, houve momentos em que as águas do mar avançaram sobre os continentes, submergindo porções de áreas florestadas. Os detritos ou sedimentos existentes em suspensão nessas águas foram, pouco a pouco, depositados, recobrindo as florestas inundadas. No decorrer de milhões de anos, a madeira “enterrada” transformou-se em carvão mineral.

Fases da formação do carvão mineral

Ilustração. Fases da formação do carvão mineral. Quatro ilustrações representam o processo de formação de uma reserva de carvão mineral.
Ilustração 1: Formação do lago de origem glacial. Perfil de uma superfície composta por uma geleira, um lago e substrato rochoso. O contato entre a geleira e o lago é indicado como água do degelo e detritos. O leito do lago é coberto por uma camada fina de arenito fluvioglacial e conglomerado residual sob a água. Na vertente direita do leito do lago consta uma seta em direção à superfície terrestre indicando corrente de água escavando depressões. O substrato rochoso é composto por duas camadas: a superior é marrom escura e a inferior é marrom clara.
Ilustração 2: Formação de um pântano. Perfil de uma superfície composta por um lago e um substrato rochoso. As margens do lago são cobertas por vegetação rasteira verde. O leito do lago é coberto por uma fina camada verde, denominada de depósito vegetal. A segunda camada em direção ao substrato rochoso é cinza-escura e denominada de calcário. A terceira camada é bege e denominada de conglomerado. A quarta camada é marrom escura e denominada de tilito; a quinta camada é a marrom clara.
Ilustração 3: Preenchimento da depressão pela turfa. Perfil de uma superfície terrestre plana coberta por vegetação rasteira, árvores esparsas e substrato rochoso com diversas camadas. A primeira camada é marrom escura, possui vinte metros de profundidade e é denominada de turfa. A segunda camada é cinza-escura e a terceira é bege. A quarta camada é marrom escura denominada de tilito a quinta é a marrom clara.
Ilustração 4: Estágio final. Perfil de uma superfície terrestre levemente inclinada coberta por vegetação rasteira, árvores esparsas e substrato rochoso com diversas camadas. A primeira camada é marrom, a segunda camada é preta e denominada de carvão mineral, a terceira é cinza-escura, a quarta camada é bege, a quinta camada é marrom escura e a sexta é marrom clara. Ao lado, caixa de texto: Forma-se o carvão mineral e a deposição de sedimentos continua.

Fonte: leins, ; AMARAL, Sérgio E. do. Geologia geral. décima quarta edição São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. pê ponto 208.

Nota: Ilustrações para fins didáticos; não apresentam a proporcionalidade e a côr exata dos elementos representados. Arenito, tilito e calcário são tipos de rocha sedimentar; turfa é o primeiro estágio da transformação da madeira em carvão mineral.

Fotografia. À direita, vista para uma superfície plana coberta por carvão mineral (material escuro) e uma fila de máquinas de extração mineral. À esquerda, superfície inclinada composta por camadas de carvão mineral (material escuro). Ao fundo, máquina de transporte de material.
Extração de carvão mineral próximo à cidade de Brandenburgo, na Alemanha (2022). Repare que a mineração alterou profundamente a paisagem local.

O território brasileiro não apresenta grandes jazidas de carvão mineral. Os principais produtores nacionais são os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, cuja produção não é suficiente para abastecer as necessidades internas, o que torna o Brasil um importador de carvão mineral. Observe os gráficos A e B.

Gráfico A. Mundo: participação na produção de carvão mineral (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de carvão mineral, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de carvão mineral. A porcentagem de cada país é representada por uma cor. China, em vermelho: 50,7%. Indonésia, em laranja: 8,7%. Índia. em amarelo: 7,9%. Austrália, em verde: 7,8%. Estados Unidos, em roxo: 6,7%. Outros, em cinza: 18,2%.

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de carvão mineral (em porcentagem) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de carvão mineral, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de carvão mineral. 
China, em vermelho: 54,3%. Índia, em amarelo: 11,6%. Estados Unidos, em roxo: 3,0%. Japão, em azul-claro: 3,0%; Indonésia, em laranja: 2,2%. Outros, em cinza: 22,8%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 48-49.

Grafismo indicando atividade

Qual é a participação na produção mundial, em porcentagem, dos cinco maiores produtores de carvão mineral?

Grafismo indicando atividade

Qual é a participação no consumo mundial, em porcentagem, dos cinco maiores consumidores de carvão mineral?

Petróleo

A formação geológica do petróleo é semelhante à do carvão mineral: origina-se da transformação do plânctonglossário depositado no fundo de oceanos, lagos e lagunas desde remotas eras geológicas.

Não se sabe ao certo quando o ser humano descobriu o petróleo. Sabe-se, no entanto, que o betume (petróleo no estado sólido) já era conhecido do mundo antigo, tendo sido usado como liga na construção da muralha da Babilônia e pelos antigos egípcios em aplicações diversas.

Formação do petróleo

Ilustração. Formação do petróleo. Ilustração composta quatro blocos diagramas que retratam os diferentes estágios de formação das reservas de petróleo.
Bloco diagrama 1: composto por uma ampla superfície de água e uma camada de solo oceânico (camada marrom). Texto: o plâncton é depositado no leito oceânico.
Bloco diagrama 2: composto por superfície de água; uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta e uma camada marrom. Na parte cinza e preta, texto: O petróleo e o gás natural formam-se em rochas sedimentares porosas.
Bloco diagrama 3: composto por superfície de água; uma camada amarela; uma camada fina roxa com texto: rocha não porosa ou impermeável; uma camada espessa cinza e preta, uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; e solo oceânico. Abaixo do bloco diagrama, texto: o petróleo e o gás deslocam-se para camadas superiores.
Bloco diagrama 4: composto por superfície de água; uma camada amarela; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada fina amarela; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; e solo oceânico. A lateral do bloco diagrama contém uma falha tectônica. Abaixo do bloco diagrama, texto: o petróleo e o gás são retidos em bolsões ou reservatórios.

Fonte: elaborado com base em , Djón. Dicionário escolar da Terra. Porto: Civilização, 1996. página 168.

Nota: As ilustrações não apresentam a proporcionalidade e a côr exata dos elementos representados.

A indústria do petróleo surgiu a partir de 1859, quando, nos Estados Unidos, perfurou um poço para obter água e atingiu um lençol petrolífero a cêrca de 20 metros de profundidade. No fim do século dezenove, esse país tornou-se o maior produtor mundial de petróleo e de seus derivados (gasolina, querosene, diesel, óleo lubrificante etcétera).

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, destaque para uma superfície plana com uma máquina de exploração de petróleo em terra ao lado de uma grande estrutura de ferro erguida com uma bandeira no topo e um tanque. Um homem de pé e de uniforme militar está ao lado da estrutura. No segundo plano, uma vertente de morro coberta por bananeiras, outras árvores e rocha exposta.
Poço de petróleo em Lobato, Bahia (1939).

A descoberta de petróleo no território brasileiro ocorreu em 1939, no Recôncavo Baiano, no município de Lobato (foto).

Atualmente, o petróleo e seus derivados são a principal fonte de energia no mundo. O modêlo de industrialização adotado no século vinte se baseou em seu uso nas cadeias produtivas, como também nos meios de transporte.

A exploração do petróleo criou novas fórmas no espaço geográfico, alterando a paisagem. As tôrres de extração, oleodutos, refinarias e plataformas marítimas são o retrato da civilização desenvolvida em tôrno dessa fonte de energia, da qual a maior expressão é o uso do automóvel movido a derivados do petróleo.

Observe nos gráficos A e B os principais países produtores e consumidores de petróleo do mundo.

Gráfico A. Mundo: participação na produção de petróleo (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de petróleo, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de petróleo. Cada país está representado por uma cor. Estados Unidos, em lilás: 17,1%. Rússia, em laranja: 12,6%. Arábia Saudita, em amarelo: 12,5%. Canadá, em verde-claro: 6,1%. Iraque, em verde-escuro: 4,9%. China, em vermelho: 4,7%. Emirados Árabes Unidos, em azul-escuro: 4,0%. Brasil, em azul: 3,8%. Irã, em azul-claro: 3,4%. Kuait, em rosa: 3,1%. Outros, em cinza: 27,8%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 19.

Grafismo indicando atividade

Entre os 10 países maiores produtores de petróleo no mundo, qual é a participação, em porcentagem, dos países da América?

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de petróleo (em porcentagem) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de petróleo, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de petróleo. 
Estados Unidos, em lilás: 18,5%. China, em vermelho: 16,7%. Índia, em amarelo: 5,3%. Japão, em azul-claro: 3,7%. Rússia, em laranja: 3,7%. Coreia do Sul, em azul-escuro: 2,8%. Brasil, em azul-claro: 2,7%. Canadá, em verde-claro: 2,4%. Alemanha, em verde-escuro: 2,4%, Cingapura, em rosa: 1,7%. Outros, em cinza: 40,1%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn: all data, 1965-2020. Oil: consumption, tonnes (from). Disponível em: https://oeds.link/x2pevZ. Acesso em: 16 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade

Observe os gráficos A e B. Qual era a posição do Brasil em relação à sua participação na produção e no consumo mundial de petróleo em 2020?

Gás natural

O gás natural é outra importante fonte de energia dos séculos vinte e vinte e um. Esse gás pode ser encontrado sozinho ou associado ao petróleo bruto e é usado como fonte de energia em fogões, automóveis, na geração de energia elétrica (usinas termelétricas), em altos-fornos de indústrias e como matéria-prima para a indústria petroquímica.

Para ser usado, o gás natural passa por um processo industrial no qual é separado de outras substâncias. dêsse processo obtém-se, principalmente, o metano, gás de alto poder calorífico. O metano é comprimido e transportado por tubulações, chamadas de gasodutos.

Estados Unidos e Rússia lideram a lista dos maiores produtores e consumidores de gás natural (observe os gráficos A e B).

Gráfico A. Mundo: participação na produção de gás natural (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de gás natural, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de gás natural. 
Estados Unidos, em roxo: 23,7%, Rússia, em amarelo: 16,6%, Irã, em azul: 6,5%, China, em vermelho: 5,0%, Catar, em laranja: 4,4%, Canadá, em verde-claro: 4,3%, Austrália,, em azul-escuro: 3,7%, Arábia Saudita, em rosa: 2,9%, Noruega, em azul-claro: 2,9%, Argélia, em verde-escuro: 2,1%, Outros, em cinza: 27,9%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 36.

Grafismo indicando atividade

Entre os maiores produtores de gás natural, desconsiderando a Rússia, quais se localizam na Ásia?

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de gás natural (em por cento) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de gás natural, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de gás natural. 
Estados Unidos, em roxo: 21,8%. Rússia, em amarelo: 10,8%, China, em vermelho: 8,6%, Irã, em laranja: 6,1%, Arábia Saudita, em verde-escuro: 2,9%, Canadá, em verde-claro: 2,9%, Japão, em azul-escuro: 2,7%, Alemanha, em azul: 2,3%, México, em azul-claro: 2,3%, Reino Unido, em lilás: 1,9%, Outros, em cinza: 37,7%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 38.

Grafismo indicando atividade

Observe os gráficos A e B. Você acha possível a Rússia ser exportadora de gás natural? Explique.

4. Energia elétrica

A descoberta da energia elétrica foi uma verdadeira revolução no modo de vida da população. Atualmente, existem três fórmas principais de produção de energia elétrica em larga escala: por meio da energia fornecida pela água de rios, a hidreletricidade; pela queima de carvão mineral, petróleo, gás natural ou de outros materiais, como o bagaço de cana-de-açúcar, a termeletricidade; e pelo aproveitamento da energia contida nos átomos de certos elementos químicos, como o urânio e o plutônio, a eletronuclear.

Hidreletricidade

Nas denominadas usinas hidrelétricas, instaladas nos desníveis de rios, a fôrça da água gira as turbinas, que acionam os geradores, responsáveis pela produção de energia.

A energia elétrica de fonte hidráulica é chamada de energia limpa, pois, além de ser de fonte renovável, não polui o meio ambiente, diferentemente do petróleo, do carvão mineral e do gás natural, considerados altamente poluentes. Entretanto, a instalação de uma usina hidrelétrica causa diversas alterações no meio ambiente: desvio de cursos de rios, inundação de áreas de vegetação, deslocamento de populações ribeirinhas (decorrente do represamento de água pela barragem) e alteração do hábitat de animais, entre outras.

Apenas três países, entre eles o Brasil, produzem e consomem cêrca de metade da energia elétrica de fonte hidráulica produzida no mundo.

Mundo: participação no consumo de hidreletricidade (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: participação no consumo de hidreletricidade, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de hidreletricidade. 
China, em vermelho: 30,8%. Brasil, em azul: 9,2%. Canadá, em verde-claro: 9,0%, Estados Unidos, em roxo: 6,7%, Rússia, em amarelo: 4,9%, Índia, em laranja: 3,8%, Noruega, em verde-escuro: 3,3%, Outros, em cinza: 32,3%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima ediçãoLondon: British petroleum, 2021. página 53.

Grafismo indicando atividade

Aponte a participação percentual dos países da América entre os cinco maiores consumidores de hidreletricidade em 2020.

Fotografia. Vista de uma hidrelétrica. No primeiro plano, grande barragem de concreto atravessando uma grande porção de água, dividindo-a. Ao lado direito, a jusante do rio. No segundo plano, o reservatório da hidrelétrica e as margens ocupadas por morros e montanhas.
Vista aérea da hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio Yang , na província de , China (2020).

Termeletricidade

Diferentemente das usinas hidrelétricas, as termelétricas são poluidoras do meio ambiente. Como estudamos, elas produzem eletricidade por meio da queima de petróleo, carvão mineral, gás natural ou biomassa, lançando na atmosfera gases que comprometem a qualidade do ar e contribuem para intensificar o efeito estufa.

A sociedade atual necessita cada vez mais de energia e, por isso, recorre também à produção de termeletricidade. Países que não dispõem de rios com grande potencial hidrelétrico ou que necessitam de quantidades crescentes de energia elétrica fazem uso dêsse recurso. O Brasil, por exemplo, mantém usinas termelétricas com o objetivo de evitar os chamados “apagões”, ou seja, a falta de energia elétrica ou seu racionamento nos períodos de estiagem, quando diminui o nível de água das barragens das hidrelétricas, comprometendo a geração e o fornecimento de energia elétrica para residências e empresas.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Todos nós devemos economizar energia elétrica, não somente para reduzir o valor da conta de luz, mas também por outros motivos. Aponte-os.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

5. Energia nuclear

Após o lançamento das bombas atômicas, em 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que levou à rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sucedeu-se uma corrida armamentista e hoje diversos países dispõem de bombas atômicas. Entretanto, a energia nuclear também é usada para fins pacíficos: na produção de energia elétrica (eletronuclear), na medicina e em muitas outras atividades.

Energia nuclear: os cinco maiores consumidores mundiais (em %) – 2020

País

Consumo (%)

Estados Unidos

30,8

China

13,6

França

13,1

Rússia

8,0

Coreia do Sul

5,9

Outros

28,6

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 52.

O acesso à tecnologia nuclear exige altos investimentos de capital e conhecimento científico. Com receio de que esses conhecimentos tecnológicos levem à construção de bombas atômicas, os países que os possuem não permitem que sejam transferidos para outros.

É importante destacar ainda que a usina eletronuclear e o chamado lixo atômicoglossário representam ameaças muito sérias à população, caso a usina sofra avarias ou o lixo atômico não seja acondicionado corretamente em depósitos especiais. São exemplos os acidentes com a Usina Eletronuclear de xernobíl, na Ucrânia, em 1986, e com a central eletronuclear da cidade de Fukushima, no Japão, em 2011, em decorrência de um tsunami; ambos causaram mortes e contaminaram pessoas, cidades, animais e alimentos.

Cinco países, em 2020, consumiram mais de 70% da produção mundial de eletricidade de fonte nuclear. No Brasil, há três usinas eletronucleares: Angra um, Angra dois e Angra três (esta com previsão para início de operação comercial em janeiro de 2026), localizadas no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.

Fotografia. Vista para uma usina nuclear. No primeiro plano, diversos tipos de galpões e edifícios, uma construção redonda e branca que abriga o reator nuclear e uma torre alta e branca. No segundo plano, morros cobertos por vegetação densa e folhagem verde.
Vista da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto com as usinas eletronucleares de Angra um e dois, na Praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro (2019).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Agência Nacional de Energia Elétrica

https://oeds.link/PN4DeI

Saiba mais sobre as fontes de energia elétrica do Brasil por meio de textos, infográficos, vídeos e notícias.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas.

Mochila de ferramentas

Aprendendo a fazer uma pesquisa de revisão bibliográfica

Pesquisar é buscar algo desconhecido, explorar o novo para adquirir conhecimento ou aprofundar o que já sabemos. Por exemplo: como poderíamos fazer uma revisão bibliográfica para saber mais sobre as fontes alternativas de energia? Acompanhe os procedimentos indicados a seguir.

Como fazer

  1. Listar os itens que se quer pesquisar. Vamos pesquisar sobre alguma fonte alternativa de energia, como a solar, a hidráulica ou a geotérmica.
  2. Escolher um dos itens listados, por exemplo, a energia geotérmica, que é a energia obtida do calor proveniente do interior da Terra.
  3. Buscar informações atualizadas nas fontes de pesquisa: bibliotecas, especialistas no assunto, internet, entre outras. No nosso caso, encontramos em um atlas geográfico um mapa das áreas com potencial (capacidade) de produção de energia geotérmica no mundo.
  4. Registrar a fonte ou as fontes da pesquisa, ou seja, montar sua referência bibliográfica, que aparecerá no final do trabalho: autor, título, número da edição, localidade e nome da editora, ano da publicação e, finalmente, . Procurar sempre em mais de uma fonte.
  5. Resumir as informações em um texto claro com base na leitura e na interpretação dos dados e das informações.

Agora, interprete o mapa de nossa pesquisa e responda às questões.

Mundo: áreas com potencial ou uso de algumas fontes de energia renovável – 2018

Mapa. Mundo: áreas com potencial ou uso de algumas fontes de energia renovável, 2018. Planisfério representando as áreas do planeta onde a radiação solar é maior do que 5 quilowatts hora por metro quadrado, as áreas com recursos geotérmicos em potencial e a participação de alguns países na produção mundial de energia hidráulica (em porcentagem).
Área onde a radiação solar é maior do que 5 quilowatts hora por metro quadrado: do centro-sul dos Estados Unidos ao centro-sul de Argentina e Chile, todo o continente africano, todo o Oriente Médio, o sul da Europa, sul e sudeste asiático, Oceania, sul e norte da China e estreita faixa no norte da Antártida na porção banhada pelo Oceano Índico.
Área de recursos geotérmicos em potencial: porção que inclui o Japão, a Península da Indochina, as ilhas do Sudeste Asiático e Oceania, Nepal e Butão, o Mar Mediterrâneo incluindo a Itália, Mar Vermelho e faixa leste no interior da África, incluindo a porção central do Quênia, Islândia, ilhas dos Açores, oeste dos Camarões, norte da Nova Zelândia, porção oeste dos Estados Unidos e do Canadá, Havaí, América Central e porção oeste da América do Sul, incluindo Peru e Chile.
Energia hidráulica 
Parte do total mundial, em porcentagem: 
20%: China. 
10%: Brasil, Canadá, Estados Unidos.
5%: Rússia, Índia, Noruega, Suécia, Venezuela, Japão e Paraguai.
1%: México, Argentina, Colômbia, Paquistão, Áustria, Turquia, Espanha e Suíça. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.350 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 49.

  1. Em que porção do continente americano se localiza a área com potencial de produção de energia geotérmica?
  2. Pesquise em um atlas, livro ou site um mapa da divisão das placas tectônicas. Há alguma coincidência entre as áreas com potencial de produção de energia geotérmica e o limite entre as placas?

6. Outras fontes renováveis de energia

O desenvolvimento de novas tecnologias tem ampliado as alternativas de geração energética a partir de fontes renováveis e menos poluentes, abrindo novas perspectivas perante as fontes não renováveis, como os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), que ainda suprem a maior parte do consumo mundial de energia.

Hoje em dia, além da hidreletricidade, que em 2020 foi responsável pela oferta de 16,1% da energia elétrica consumida no mundo, destacam-se também outras fontes renováveis, como a solar, a eólica, a da biomassa, a geotérmica e a maremotriz. Em 2020, essas outras fontes renováveis forneceram 11,7% da energia total consumida no mundo, na fórma de eletricidade.

Mundo: capacidade de geração de energia elétrica, por fonte renovável (em porcentagem) – 2020*

Gráfico. Mundo: capacidade de geração de energia elétrica, por fonte renovável, em porcentagem, 2020. Exceto hidrelétrica. Gráfico circular representando a participação das principais fontes de energia renovável na geração de energia elétrica mundial.
Solar, em vermelho: 45,9%.
Eólica, em azul-claro: 44,5%.
Biomassa, em verde-claro: 8,7%.
Geotérmica, em laranja: 0,85%.
Maremotriz, em azul-escuro: 0,05%.

* Exceto hidrelétrica.

Fonte: elaborado com base em RENEWABLE Energy Policy Network for the 21st Century. Renewables 2021 global status report. : Secretariat, 2021. página 40.

Grafismo indicando atividade

Que fonte renovável apresentou, em 2020, a maior capacidade instalada de geração de eletricidade no mundo?

Energia solar

A energia obtida por meio da radiação do Sol, além de ser essencial para os seres vivos, é aproveitada para a transformação em energia elétrica e para o aquecimento de água e de ambientes.

A zona intertropical, por ser a mais iluminada e aquecida da Terra, é onde essa fonte pode ser mais bem aproveitada (consulte novamente o mapa da página anterior).

Energia eólica

A energia eólica (do vento) é usada há muito tempo pelo ser humano, por exemplo, para movimentar embarcações. Nos parques eólicos, ela é aproveitada para gerar eletricidade. A maioria desses parques está instalada no litoral e até mesmo no mar, onde os ventos sopram com regularidade e intensidade.

Na Dinamarca, país europeu com 5,8 milhões de habitantes, 58% da energia elétrica é obtida dos ventos.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma superfície plana ocupada por dezenas de painéis solares. No segundo plano, aerogeradores espalhados próximos de algumas edificações. No terceiro plano, montanhas e céu azul.
Estação híbrida de energia renovável, com painéis de energia solar juntamente com turbinas eólicas, na província de do Sul, Coreia do Sul (2020).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Fontes de energia renovável

https://oeds.link/wD1MNQ

Neste podcast você encontra mais explicações sobre as fontes renováveis de energia.

Energia da biomassa

A energia de biomassa é obtida da queima de matérias-primas orgânicas de origem animal ou vegetal, podendo gerar calor, energia elétrica e mecânica. A biomassa pode ser classificada segundo sua origem: florestal, onde a principal fonte de energia é a lenha; agrícola (soja, arroz, cana-de-açúcar, milho e outros); e resíduos urbanos e industriais, sólidos ou líquidos, encontrados nos atêrros sanitários e em outros meios.

No Brasil, por exemplo, existem usinas que produzem biocombustíveis, como o etanol da cana-de-açúcar. O país é o segundo maior produtor mundial nesse setor graças ao desenvolvimento de tecnologias de cultivo de espécies de cana-de-açúcar mais produtivas e resistentes a doenças. Nessas usinas também foi desenvolvida a tecnologia do uso energético da palha e do bagaço da cana-de-açúcar – resíduos da produção de açúcar e de etanol antes não aproveitados e que eram deixados no campo após sua colheita (palhada) ou separados do caldo na operação de moagem dos colmos de cana (bagaço) –, obtendo-se energia por meio da queima dessas biomassas em usinas termelétricas. Isso contribui para muitas usinas serem autossuficientes na produção de eletricidade e, em alguns casos, exportarem para o setor elétrico o excedente energético que geram desses recursos biológicos renováveis.

Fotografia. Vista de uma usina termelétrica. No primeiro plano, uma torre e um conjunto de galpões. Ao redor, um gramado e uma via de circulação de veículos. Há muita fumaça em cima de um dos galpões. No segundo plano, à direita, uma área de floresta; à esquerda, área com uma grande quantidade de troncos de árvores empilhados.
Instalações de usina termelétrica que usa resíduos de madeira para produzir eletricidade, no município de Itacoatiara, Amazonas (2019).

Energia geotérmica

A energia obtida do calor proveniente do interior da Terra aquece a água contida em reservatórios subterrâneos. Essa água aquecida, no estado líquido ou na fórma de vapor, é direcionada até a superfície por extensos tubos e conduzida para uma central elétrica.

Na Islândia, país insular localizado entre a Europa e a Groenlândia, 60% do aquecimento das residências e 30% da energia elétrica provêm dessa fonte.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma usina geotérmica composta por galpões, tubulações e tanques lançando fumaça densa na atmosfera. Ao lado esquerdo, trecho de rodovia e área com grama. Ao fundo, morros cobertos por vegetação rasteira e rocha exposta.
Estação de energia geotérmica em , na Islândia (2021).

Energia maremotriz

A energia do movimento de massas de água do mar (ondas, marésglossário e correntes) pode ser transformada em eletricidade. O aproveitamento dêsse tipo de energia ainda é reduzido e seu fornecimento está voltado, em grande parte, para o funcionamento de torres de faróis junto à costa marítima.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

TUNDISI, Helena da Silva Freire.

Usos de energia: alternativas para o século vinte e um. décima sexta edição São Paulo: Atual, 2013.

De maneira abrangente, aborda as várias fontes de energia, como a solar, a da biomassa, a eólica, a geotérmica, a das marés, entre outras.

PERCURSO 8 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL, MATRIZ ENERGÉTICA E MATÉRIAS-PRIMAS

1. Matriz energética mundial

O conjunto de fontes de energia disponíveis em um país compõe sua matriz energética, que, uma vez transformada, é distribuída e usada pela população e pelo sistema produtivo.

Na matriz energética mundial predominam os combustíveis fósseis (observe o gráfico).

Mundo: matriz energética (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: matriz energética, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a participação das principais fontes de energia na produção mundial em porcentagem. 
Petróleo, em vermelho: 31,2%. 
Carvão, em laranja: 27,2%. 
Gás natural, em verde-claro: 24,7%. 
Hidrelétrica, em azul: 6,9%. 
Nuclear, em amarelo: 4,3%. 
Outras renováveis (biomassa, solar, eólica), em cinza: 5,7%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 12.

Grafismo indicando atividade

Aponte o percentual da matriz energética mundial que corresponde aos combustíveis fósseis em 2020.

Entretanto, diante do quadro mundial de poluição ambiental causada pelos combustíveis fósseis e suas consequências, a busca por fontes alternativas de energia se intensificou. Há uma tendência de diminuição do uso de combustíveis fósseis, a serem substituídos de fórma parcial por fontes alternativas. Contribui para isso o barateamento para a implantação delas, principalmente das fontes eólica e solar.

Prevê-se que até a metade do século vinte e um haverá alterações significativas na matriz energética mundial. As fontes solar e eólica deverão se expandir em relação às demais, sobretudo nos países desenvolvidos e emergentes, que são os maiores consumidores de energia.

Fotografia. Vista de uma praia com o mar à direita e aerogeradores na faixa de areia à esquerda. Ao fundo, céu azul.
Em 2021, o Brasil se tornou o 6º país do mundo em capacidade instalada de geração de eletricidade por usinas eólicas. Na foto, trecho do Parque Eólico Icaraizinho, no município de Amontada, Ceará (2020).
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NAVEGAR É PRECISO

dáblio dáblio éfe Brasil – jôgo: Casa eficiente

https://oeds.link/Ss3EG1

Nesse site, você pode acessar o jôgo cujo desafio é encontrar maneiras de diminuir o desperdício de água e energia em uma casa, identificando os hábitos não adequados a esse fim. Basta digitar “casa eficiente” no campo de busca do site, localizar o jôgo e se divertir.

2. Matérias-primas e recursos naturais

Existe diferença entre os conceitos de matéria-prima e de recurso natural. Matéria-prima é a substância com a qual se fabrica algum produto. Pode ser de origem vegetal (a exemplo do cacau, matéria-prima do chocolate), animal (caso do couro, usado na fabricação de sapatos, bolsas etcétera) ou mineral (por exemplo, a bauxita, da qual é extraído o alumínio). Além das matérias-primas naturais, existem as transformadas, que são usadas não mais em seu estado natural, mas já industrializadas ou modificadas. É o caso do papel (matéria-prima transformada), obtido da celulose (matéria-prima natural), no qual este livro foi impresso.

O minério de ferro, por exemplo, é apenas um recurso natural. Uma vez extraído de jazidas no subsolo, torna-se uma matéria-prima natural para produzir o ferro. Por sua vez, o ferro é uma matéria-prima transformada para a fabricação do aço, e este, finalmente, é transformado para a fabricação de automóveis, caminhões, entre outras aplicações.

Fotografia. Vista para uma superfície coberta por fragmentos de rocha e solo escuro e algumas máquinas de extração e transporte de material circulando pela área.
Extração de minério de cobre próximo a Marabá, Pará (2020).Enquanto não é extraído de uma jazida, o minério de cobre é apenas um recurso natural. Após extraído, torna-se matéria-prima natural para a produção de cobre. E este, por sua vez, é uma matéria--prima transformada para a fabricação de fios de eletricidade, de encanamentos, de utensílios de cozinha, além de várias ligas metálicas (bronze, latão etcétera).

Consumo de matérias-primas

Segundo relatório do Painel Internacional de Recursos (í érre pê, sigla em inglês de um órgão da ônu), desde os anos 1970 a extração de matérias-primas vem aumentando de fórma alarmante. Enquanto em 1970 a quantidade de matérias-primas extraídas alcançou 22 bilhões de toneladas, em 2010 chegou a 70 bilhões de toneladas e em 2050, quando a população mundial deverá atingir mais de 9 bilhões de habitantes, estima-se que serão necessários mais de 180 bilhões de toneladas de matérias-primas anualmente.

O crescimento populacional, o modo de vida com base na sociedade de consumo – ou do desperdício – e a urbanização crescente exigem a extração de quantidades cada vez maiores de matérias-primas naturais e transformadas.

Ainda segundo o , os países desenvolvidos consomem, em média, dez vezes mais recursos que os países menos desenvolvidos. Do consumo total de petróleo no mundo, em 2020, os Estados Unidos, a China, a Europa e o Japão responderam por 54%.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (pênúma) alerta que esse crescente consumo de matérias-primas deverá agravar os impactos ambientais e provocar o esgotamento de vários recursos naturais.

Diante dêsse cenário, vê-se a necessidade de repensar o modo de vida vigente com base na sociedade de consumo, além da necessidade de implantar um vasto programa mundial de reciclagem de matérias-primas, de ampliar o uso de fontes alternativas de energia, processo que se encontra em curso, e de adotar princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável.

3. Cadeias de inovação: recursos naturais e matérias-primas

As cadeias de inovação estão relacionadas à economia do conhecimento, em que o conhecimento científico e tecnológico é o grande propulsor da economia. Essas cadeias são desenvolvidas em etapas. Primeiramente, é preciso ter um projeto do que se pretende desenvolver. Em seguida, deve-se avaliar a viabilidade tecnológica; se constatada, elabora-se um protótipo (primeiro modêlo). Depois, se aprovado, parte-se para o planejamento de sua produção. E, finalmente, a comercialização, que também envolve várias etapas. Mas, para percorrer todas essas etapas, são necessários investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (pê ê dê). Observe o mapa.

Mundo: investimento em (em porcentagem do Píbi) e os dez países que mais investem (em bilhões de dólares) – 2018

Mapa. Mundo: investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, em porcentagem do Produto Interno Bruto, e os dez países que mais investem, em bilhões de dólares, 2018. 
Percentual do Produto Interno Bruto investido em Pesquisa e Desenvolvimento.
Menos de 0,25%: Papua Nova Guine, Bolívia, Colômbia, Peru, Paraguai, Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Panamá, Filipinas, Indonésia, Laos, Camboja, Mianmar, Mongólia, Cazaquistão, Paquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Azerbaijão, Armênia, Iraque, Omã, Síria, Líbano, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Angola, Madagascar, Nigéria, Costa do Marfim, Mauritânia, Uganda, Lesoto, entre outros.
De 0,25% a 0,50%: México, Chile, Uruguai, Equador, Nepal, Venezuela, Cuba, Ucrânia, Costa Rica, Geórgia, Moldávia, Etiópia, Sudão, Chade, República Democrática do Congo, Moçambique, Zâmbia, Namíbia, Mali, Gana, Togo, Montenegro, entre outros.
De 0,51% a 1,0%: Índia, Rússia, Turquia, Irã, Arábia Saudita, Argentina, Groenlândia, Jordânia, Egito, Tunísia, Argélia, Marrocos, Senegal, Burkina Faso, Gabão, Eslovênia, Croácia, Sérvia, Kosovo, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Macedônia do Norte, Lituânia, Letônia, Vietnã, entre outros.
De 1,01% a 2,0%: Brasil, Canadá, Austrália, Espanha, Portugal, Itália, Reino Unido, Tailândia, Malásia, Polônia, República Tcheca, Hungria, Grécia, Irlanda, Estônia, entre outros.
Mais de 2,0%: Estados Unidos, China, Japão, África do Sul, França, Alemanha, Islândia, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Países Baixos, Bélgica, Suíça, Áustria, Botsuana, Tanzânia, Quênia e Ruanda.
Sem dados: Antártida, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, República Dominicana, Saara Ocidental, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Benim, Níger, Camarões, Guiné Equatorial, Congo, República Centro-Africana, Líbia, Sudão do Sul, Somália, Iêmen, Zimbábue, Afeganistão, Uzbequistão, Butão, Coreia do Norte.
Ranking dos países que mais investem em Pesquisa e Desenvolvimento
Primeiro: Estados Unidos: 581,6 bilhões de dólares.
Segundo: China: 554,3 bilhões de dólares.
Terceiro: Japão: 176,8 bilhões de dólares.
Quarto: Alemanha: 137,9 bilhões de dólares.
Quinto: Coreia do Sul: 99,6 bilhões de dólares.
Sexto: Índia: 68,2 bilhões de dólares.
Sétimo: França: 66,8 bilhões de dólares.
Oitavo: Reino Unido: 52,1 bilhões de dólares.
Nono: Brasil: 41,1 bilhões de dólares.
Décimo: Rússia: 40,1 bilhões de dólares.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.830 quilômetros.

Fontes: unêsco. Global Investments in 2020. página 2-3. Disponível em: https://oeds.link/20CksU. Acesso em: 23 março 2022.

Grafismo indicando atividade

Qual foi o país que mais investiu em pê ê dê em valor absoluto em 2018?

Desde os anos 1970, com a Revolução Técnico-Científico-Informacional, as inovações tecnológicas foram transformadas em bens de produção e de consumo e passaram a receber vultosos investimentos tanto de corporações privadas como de instituições públicas de ensino e pesquisa. A informática, a robótica, a biotecnologia e as telecomunicações são exemplos dessas inovações, hoje aplicadas em diversos setores da economia, elevando a produção e a produtividade.

A disseminação, em todo o mundo, mas principalmente nos países desenvolvidos, de centros de pesquisas denominados tecnopolos é um fator determinante para impulsionar o desenvolvimento econômico e social de um país, exigindo mão de obra diferenciada, representada por cientistas e técnicos altamente qualificados.

Atualmente, para se manter viáveis, as cadeias de inovação devem buscar a diminuição do consumo de matérias-primas, evitando o risco de esgotamento dos recursos naturais.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Fontes de energia eólica e solar em expansão

As adições anuais à capacidade global de eletricidade renovável devem atingir, em média, cêrca de 305 GWglossário por ano entre 2021 e 2026 na previsão da Agência Internacional de Energia (ih eh ah, em inglês). O que implica uma aceleração de quase 60% em relação à expansão das energias renováveis nos últimos cinco anos.

Segundo a agência, o apôio contínuo à política em mais de 130 países, as metas de emissões líquidas zero de nações que respondem por quase 90% do Píbi global e a melhoria da competitividade da energia eólica e solar fotovoltaicaglossário estão impulsionando essa expansão.

Mas alerta para incertezas políticas e de implementação que podem atrasar o avanço.

Na avaliação da ih eh ah, os aumentos atuais nos preços das commodities pressionaram os custos de investimento, enquanto a disponibilidade de matérias-primas e o aumento dos preços da eletricidade em alguns mercados representam desafios adicionais para os fabricantes de energia eólica e solar fotovoltaica no curto prazo.

‘No entanto, espera-se que o impacto dos preços voláteisglossário das commodities e dos transportes sobre a demanda seja limitado, uma vez que os altos preços dos combustíveis fósseis melhoram ainda mais a competitividade da energia eólica e solar fotovoltaica’, diz o relatório.

Globalmente, a previsão é de expansão da capacidade renovável em mais de .1800 gigauótis em 2026, sendo responsável por quase 95% do aumento na capacidade total de energia em todo o mundo.

A China continua sendo a líder, respondendo por 43% do crescimento global, seguida pela Europa, Estados Unidos e Índia. Esses quatro mercados sozinhos fornecem quase 80% da expansão da capacidade renovável em todo o mundo.

Na América Latina, os leilões competitivos retomados após os atrasos devido à crise da [pandemia da] Covid-19 continuam sendo um fator chave para o desenvolvimento de energia eólica e solar fotovoltaica em escala, avalia a agência.

Além disso, a implantação de esquemas de política externa por meio de contratos bilaterais está aumentando na região, especialmente no Brasil e no Chile, levando a revisões em alta para renováveis intermitentes.”

MACHADO, Nayara. Eólica tem expansão recorde no Brasil em 2021. Agencia agencia epbr, Newsletter, Diálogos de transição, 6 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/F10Anf. Acesso em: 17 fevereiro 2022.

Fotografia. Vista para uma superfície plana ocupada por fileiras de painéis solares dispostos lado a lado. Entre as fileiras, terreno ocupado por vegetação rasteira.
Energia solar captada por painéis fotovoltaicos na província de Sixuãn, na China (2022).

 Interprete

1. Aponte dois fatores que, segundo o texto, impulsionam o crescimento das fontes de energia eólica e solar no mundo.

 Contextualize

2. Pesquise, na localidade onde você vive, sobre a implantação dessas fontes de energia nos últimos anos.

 Argumente

3. Se você tivesse que explicar a alguém as vantagens da geração de energia por meio das fontes eólica e solar, quais argumentos usaria?

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 7 e 8

Registre em seu caderno.

  1. Por qual razão o petróleo, o carvão mineral e o gás natural são chamados de recursos naturais não renováveis?
  2. Cite três fontes sustentáveis de energia e explique por que elas recebem essa denominação.
  3. Apesar de a energia elétrica produzida por fonte hidráulica ser considerada “energia limpa”, ela causa impactos socioambientais. Aponte alguns deles.
  4. Ao interpretar os gráficos e os quadros ao longo dos Percursos 7 e 8, constatamos que o consumo de energia, de modo geral, é bastante desigual no mundo. Explique essa desigualdade.
  5. Qual é a importância dos investimentos em pê ê dê para as cadeias de inovação?
  6. Aponte a relação entre os conceitos de recurso natural e matéria-prima.
  7. No mapa a seguir estão representados os países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base, ou seja, aqueles dos quais são obtidas matérias-primas essenciais para o desenvolvimento econômico. São, no total, 18: carvão mineral, petróleo, bauxita, antimônio, cobalto, cobre, estanho, ferro, manganês, níquel, platina, chumbo, tungstênio, urânio, zinco, ouro, prata e diamante. Com o auxílio de um planisfério político, responda às questões da página seguinte.

Mundo: países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base

Mapa. Mundo: países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base. Mapa mostrando a quantidade de recursos minerais de base de alguns países.
13 recursos minerais de base: Rússia.
6 a 10 recursos minerais de base: Austrália, Estados Unidos, Canadá e China. 
4 e 5 recursos minerais de base: África do Sul, Brasil, Peru, México, Indonésia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Quirguistão.
2 e 3 recursos minerais de base: República Democrática do Congo, Lituânia, Letônia, Estônia, Chile e Bolívia.
1 recursos mineral de base: Colômbia, Arábia Saudita, Mianmar, Irã, Suécia, Finlândia, Namíbia, Botsuana, Guiné e Níger.
Ao lado do mapa, nota: representação
sem escala e orientação elaborada em projeção cartográfica oblíqua.

Fonte: bonifássi, pascál (.). Atlas des relations internationales. Paris: Hatier, 2013. página 47.

Nota: Representação sem escala e orientação elaborada em projeção cartográfica oblíqua.

  1. Aponte o país que é detentor do maior número de reservas conhecidas de recursos minerais de base.
  2. E o Brasil, em qual grupo está incluído?
  3. E quanto aos Estados Unidos, ao Canadá e à Austrália?

8. Interprete os gráficos e faça o que se pede.

Brasil e mundo: oferta interna de energia por fontes renováveis e não renováveis (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Brasil e mundo: oferta interna de energia por fontes renováveis e não renováveis, em porcentagem, 2020. Dois gráficos circulares lado a lado representando as porcentagens de oferta de fontes não renováveis e renováveis no Brasil e no mundo.
Brasil: 
Fontes não renováveis: 51,6%. Fontes renováveis: 48,4%. 
Mundo: Fontes não renováveis: 85,1%. Fontes renováveis: 14,9%.

Fonte: elaborados com base em BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Resenha energética brasileira: exercício de 2020. Brasília: ême ême á, 2021. página 5. Disponível em: https://oeds.link/9Y4nd8. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

Depois de interpretar os gráficos, que observações você pode fazer?

9. Observe o quadro e, com os dados apresentados, construa um gráfico de setores e responda à questão.

Em relação à oferta de energia elétrica no Brasil, em 2020, predominavam as fontes de energia renováveis ou não renováveis? Explique.

Brasil: oferta interna de energia elétrica por fonte (em %) – 2020

Fonte

Participação (%)

Hidráulica

65,2

Biomassa

9,1

Eólica

8,8

Gás natural

8,3

Carvão

3,1

Nuclear

2,2

Solar

1,7

Petróleo

1,6

Total

100,0

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2021: ano base 2020. Rio de Janeiro: e pê e, 2021. página 16.

  1. A residência onde você mora, os móveis, as roupas, os utensílios domésticos etcétera foram produzidos a partir de matérias-primas naturais e transformadas. Dê alguns exemplos delas.
  2. Reúna-se com mais dois colegas e façam uma pesquisa sobre o desenvolvimento da agroenergia no Brasil a partir da década de 1970, com a criação do programa Proálcool. Depois, elaborem um infográfico apresentando o contexto histórico em que o programa foi criado e os objetivos do projeto.

Glossário

Produto primário vegetal ou mineral produzido em larga escala que possui grande importância no mercado mundial (exemplos: algodão, trigo, café, minério de ferro).
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Megacidade
Cidade com população superior a 10 milhões de habitantes, desconsiderando-se sua região metropolitana.
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Megalópole
Grande aglomeração urbana formada por metrópoles ou grandes cidades cujos limites se interpenetram no espaço por elas ocupado.
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Bolsa de mercadorias
Instituição financeira em que são realizadas transações com mercadorias, principalmente produtos primários de grande importância no comércio mundial (café, açúcar, algodão, soja etcétera).
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Do inglês trade, negociar, e company, empresa; empresa comercial que atua como intermediária entre empresas que vendem e outras que compram.
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Plâncton
Conjunto de organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplâncton), geralmente de dimensões microscópicas, que vivem em meios aquáticos.
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Lixo atômico
Resíduo gerado em reatores nucleares em que se processam produtos químicos radioativos.
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Maré
Efeito relacionado à ação da fôrça gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra, que, combinada com o movimento de rotação do nosso planeta, altera o nível dos oceanos provocando duas altas e duas baixas diariamente.
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GW
Sigla de gigawatt, unidade de potência que equivale a 1 bilhão de watts.
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Fotovoltaico
Que produz corrente elétrica quando iluminado.
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Volátil
Inconstante.
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