UNIDADE 7 ORIENTE MÉDIO
O Oriente Médio, com um subsolo rico em petróleo – quase metade das reservas mundiais – e com uma escassez de água que aflige parte de sua população, é uma região que convive com inúmeros conflitos, como o grande impasse entre árabes--palestinos e israelenses. Nesta Unidade, estudaremos os principais aspectos físicos, populacionais e econômicos do Oriente Médio e entenderemos por que as potências mundiais, como os Estados Unidos, têm tanto interesse nessa região, berço de importantes civilizações.
As divisas obtidas com as exportações do petróleo, também chamado de “ouro negro”, são responsáveis por grandes transformações em Al Kuait, capital do Kuait, e de outras cidades e países do Oriente Médio.
Nos países da região, há forte concentração de riqueza, e em alguns deles tradicionalmente governam emires, sultões e xeiques.
VERIFIQUE SUA BAGAGEM
- Que atividade econômica gerou recursos para a construção de Al Kuait?
- A região da superfície terrestre denominada Oriente Médio se caracteriza pela estabilidade política e social?
PERCURSO 25 ORIENTE MÉDIO: ASPECTOS FÍSICOS E HUMANOS GERAIS
1. Oriente Médio: uma visão eurocêntrica
Como estudamos no Percurso 9, a expressão “Oriente Médio” foi criada pelos europeus, no passado, para designar a região da Península Arábica que se localiza a oriente da Europa – mas não a oriente para australianos, chineses ou japoneses, por exemplo. Assim, essa denominação reflete uma visão eurocêntrica, ou seja, que considera a Europa o centro do mundo ou ponto de referência para a localização geográfica de outras regiões do planeta Terra. Da mesma fórma, surgiram na Europa as expressões Oriente Próximo (Turquia, Líbano e Síria) e Extremo Oriente, conjunto de países da Ásia Oriental que reúne China, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte, além dos países que compõem a Indochina e a Insulíndiaglossário .
2. Localização geográfica
Localizado no sudoeste da Ásia, o Oriente Médio é a “ponte de ligação” entre a Ásia, a Europa e a África. A região compreende 15 países, além da Palestina, que depende de negociações em curso para se tornar um Estado soberano (assunto que será estudado no Percurso 27). Vários desses países, submetidos durante muito tempo à dominação estrangeira, são de formação recente, com exceção do Irã – antiga Pérsia. Observe a divisão política atual do Oriente Médio no mapa.
Oriente Médio: político – 2021
Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava ediçãoRio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 47 e 49.
Aponte o país mais ocidental e o país mais oriental do Oriente Médio. Em quais hemisférios essa região está localizada?
As áreas territoriais dos países que compõem o Oriente Médio são muito diferentes entre si. Da área total da região, ..6192398 quilômetros quadrados, a Arábia Saudita é o país de maior extensão territorial, com ..2149690 quilômetros quadrados; e o barêin é o menor país da região, com 760 quilômetros quadrados – pouco maior que o município de Goiânia (733 quilômetros quadrados), capital do estado de Goiás.
3. Aspectos físicos
No Oriente Médio, os climas desértico e semiárido, somados às altitudes do relêvo, condicionam a vida humana, a distribuição da população pelo território e a prática da agricultura e da pecuária. Observe os mapas A e B.
Oriente Médio: climas
Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 20.
Quais são os climas predominantes no Oriente Médio?
Oriente Médio: físico
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 88.
Identifique as fórmas de relêvo representadas no mapa.
Nos desertos do Oriente Médio, o clima desértico dificulta a fixação humana; por isso, a região apresenta baixa densidade demográfica, como indica o mapa da página seguinte.
Nas áreas de clima mediterrâneo, que se estendem da porção sul da Turquia aos litorais da Síria, do Líbano e de Israel, prolongando-se por uma faixa de terras iraquianas e iranianas, as densidades demográficas são mais elevadas (média e alta).
Além das áreas de clima mediterrâneo, a Planície da Mesopotâmia, formada pelos rios Tigre e Eufrates, destaca-se com densidades demográficas que variam de média a alta. A Planície da Mesopotâmia é o berço de antigas civilizações (sumérios, caldeus, assírios etcétera), que aí se desenvolveram graças ao aproveitamento da água dos rios para a prática da agricultura e da pecuária.
Oriente Médio: densidade demográfica e aglomerações urbanas – 2020
Fontes: elaborado com base em ATLANTE geografico metodico De Agostini. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2014. página 98; UN-HABITAT. Global State of Metropolis 2020: population data booklet. , 2020. página 3.
Ao comparar este mapa com os mapas A e B da página anterior, podemos perceber que as menores densidades demográficas correspondem a regiões ou áreas de quais condições naturais?
Nas altas montanhas do Irã e na porção leste da Turquia, as altitudes elevadas e o clima frio, inclusive com precipitação de neve, dificultam a fixação humana.
Nas áreas desérticas, a precipitação é praticamente nula e a amplitude térmica anualglossário é elevada, como ocorre em Riad, capital da Arábia Saudita (observe o climograma A). Nessas áreas, o aproveitamento agrícola só é possível por meio de técnicas de irrigação.
Climograma A: Riad (Arábia Saudita)
Fonte: CENTRO de Investigaciones Fitosociológicas. Sistema de clasificación bioclimática mundial. Disponível em: https://oeds.link/dmrRLr. Acesso em: 27 fevereiro 2022.
Já nas áreas de clima mediterrâneo, que favorece o desenvolvimento da agricultura e da criação de gado, onde se localiza, por exemplo, Beirute, capital do Líbano, a precipitação média anual é de cêrca de 900 milímetros e a amplitude térmica anual situa-se em torno de 20 graus Célsius (climograma B). De todos os países do Oriente Médio, apenas a Jordânia não possui litoral.
Climograma B: Beirute (Líbano)
Fonte: WEATHER and Climate. World weather & climate information. Disponível em: https://oeds.link/D5WEM2. Acesso em: 27 fevereiro 2022.
O Golfo Pérsico concentra a maior produção de petróleo do mundo; por isso, também é chamado de “golfo do petróleo”.
4. População, religião e línguas
Com população estimada para 2025 de mais de 372 milhões de habitantes, o Oriente Médio concentra cêrca de 5% da população mundial. O país mais populoso é o Irã, com mais de 88 milhões de habitantes, e o menos populoso é Chipre, com 1,2 milhão de habitantes.
Com exceção de Israel, onde a maioria da população segue o judaísmo (foto A), os povos do Oriente Médio professam, predominantemente, o islamismo (foto B), religião formada principalmente pelas seitas xiitas e sunitas, como você estudou no Percurso 19.
O árabe é a língua falada na maioria dos países do Oriente Médio. O árabe clássico – língua literária e religiosa – foi perpetuado pelo Corão. No século vinte, estruturou-se o árabe moderno, derivado do árabe clássico, que é usado por intelectuais, políticos, professores, diplomatas etcétera A população, em geral, não usa o árabe moderno, e sim dialetos, o que dificulta a comunicação entre pessoas de países diferentes. No Irã, por exemplo, o persa – língua oficial do país – usa o alfabeto árabe acrescido de alguns símbolos; em Israel, os idiomas oficiais são o hebraico e o árabe.
PAUSA PARA O CINEMA
Jerusalém, além das muralhas.
Direção: Tômas e . . . Estados Unidos: National Geographic, 1986. Duração: 59 minutos
Documentário sobre vários aspectos da antiga cidade de Jerusalém, berço de 3 mil anos de História.
NAVEGAR É PRECISO
Portal Islam Brasil – Centro de Divulgação do Islam Para América Latina
https://oeds.link/DXRGdH
O site apresenta notícias atualizadas, textos, livros, reportagens e vídeos que contribuem para uma melhor compreensão sobre a presença do islamismo no Brasil e no mundo.
5. Abundância de petróleo e escassez de terras férteis e água
Das reservas mundiais de petróleo conhecidas, mais de 48% se localizam no Oriente Médio. Entretanto, a região convive com a escassez de água, com desertos e muitos rios temporários, e com poucas áreas favoráveis à agricultura (observe o mapa). Nas áreas onde ocorre a criação nômade de gado, os rebanhos de ovelhas, cabras e camelos não permanecem em uma mesma área, pois aí predominam estepes ralas, o que leva o pastoreio a se deslocar constantemente em busca de alimento.
Oriente Médio: uso da terra, petróleo e gás – 2019
Fontes: elaborado com base em Charliê Jác organização. Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012. página 107; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 102.
Com exceção das áreas onde surgem os oásisglossário , a região é marcada por grande limitação para o desenvolvimento agrícola. Mesmo com o uso da irrigação, principalmente na produção de cereais e legumes, os países do Oriente Médio dependem da importação de alimentos. A Arábia Saudita, país de maior dependência, importa cêrca de 86% dos alimentos de que necessita.
• Água: fonte de tensão permanente na região
A escassez de água no Oriente Médio constitui uma questão complexa. Para entender melhor esse problema, é preciso compreender alguns dos principais conflitos que envolvem esse recurso natural na região.
O caso dos rios Tigre e Eufrates
Os países da Península Arábica, além de Jordânia, Síria, Israel e Cisjordânia (território palestino com ocupação israelense), enfrentam o problema da escassez de água. Embora se obtenha água nas usinas de dessalinização, a Arábia Saudita e os pequenos países do Golfo Pérsico são importadores de água potável.
Os rios Tigre e Eufrates nascem em território turco; daí correm em direção sudeste e atravessam a Síria e o Iraque, formando neste a histórica e fértil planície da Mesopotâmia (que quer dizer “terra entre dois rios”).
A Turquia, desde 1980, elaborou um projeto – Projeto da Grande Anatólia – para transformar o sudeste do país, região de estepes secas, em uma área de produção agrícola e de geração de energia elétrica. Para tanto, construiu barragens, canais de irrigação e hidrelétricas, principalmente no curso do Rio Eufrates.
Com isso, a Síria, que depende largamente das águas do Rio Eufrates, e o Iraque, que tem toda a vida humana relacionada a esse rio e ao Rio Tigre, constataram a diminuição do volume de água nos trechos que atravessam seus territórios. Apesar de protestos, de contatos diplomáticos e de ameaças, a Turquia continuou com a execução do projeto, fato responsável pela tensão existente até hoje entre esses países. Observe o mapa.
Oriente Médio: a água como causa de conflito – 2019
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 102.
Qual é o país com maior capacidade de dessalinização da água do mar?
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Transcrição do áudio
Oriente Médio: dessalinização das águas
[Som de vento e areia ao fundo]
[Locutora]: No Oriente Médio, os índices de pluviosidade são muito baixos, o que é uma característica dos climas semiárido e de deserto que predominam na região. Em alguns locais, a precipitação é praticamente nula e a consequente escassez de água dificulta a prática agrícola e a ocupação humana.
[Locutora]: Na tentativa de solucionar o problema da falta de água, muitos países dessa região têm investido na implantação de usinas de dessalinização das águas do mar e de águas salobras, a fim de ampliar a oferta hídrica para a população. Vamos conhecer mais sobre o assunto?
[Vinheta]
[Som de ondas ao fundo]
[Locutora]: As usinas de dessalinização utilizam tecnologias que retiram sais minerais e impurezas da água salgada ou salobra para torná-la potável. Esse tratamento é realizado por meio de processos físicos e químicos, como a evaporação e a osmose reversa.
[Locutora]: Alguns países do Oriente Médio dependem quase que exclusivamente de água dessalinizada. Na Arábia Saudita, por exemplo, essas usinas produzem cerca de 70% da água potável consumida no país. Israel, além de possuir a maior usina de dessalinização por osmose reversa do mundo, exporta tecnologia para países que têm interesse em transformar água salgada em potável. Outros países, como Emirados Árabes Unidos e Kuwait, também se destacam na produção de água dessalinizada.
[Vinheta]
[Locutora]: O principal benefício da dessalinização é assegurar a disponibilidade de água potável para a população do Oriente Médio. A água dessalinizada é utilizada não só para o abastecimento doméstico, mas também na agricultura e nas atividades industriais dos países que adotam essa técnica.
[Locutora]: A implantação das usinas de dessalinização colabora inclusive para a geração de empregos.
[Locutora]: Além das vantagens sociais e econômicas, especialistas acreditam que o uso de água dessalinizada contribui para a preservação de água doce, como rios e lagos, bem como da fauna e flora que dependem dela para sobreviver.
[Locutora]: Como o Oriente Médio é marcado por conflitos de diversas naturezas, acredita-se, da mesma forma, que essas iniciativas contribuam para a manutenção da estabilidade e da paz na região.
[vinheta]
[Locutora]: Entre as desvantagens, podem-se destacar os altos custos de implantação das usinas, a dependência tecnológica e a destinação adequada dos sais minerais que sobram do processo de dessalinização da água.
[Locutora]: Grupos de ambientalistas têm se manifestado contra a adoção da técnica pelos países do Oriente Médio. Eles alegam que as consequências do despejo do sal em ambientes marinhos ainda foram pouco estudadas. Portanto, seriam necessários mais investimentos em pesquisa sobre os impactos provocados pela reintrodução da salmoura no mar antes da implantação de novas usinas.
[vinheta]
[Locutora]: Apesar da discussão sobre suas vantagens e desvantagens, a produção de água dessalinizada tem sido uma solução viável para o problema da escassez hídrica enfrentado no Oriente Médio.
[Som de ondas ao fundo]
[Locutora]: As iniciativas realizadas na região encorajam outros países que sofrem com o mesmo problema, como Austrália e Estados Unidos, a repetir a iniciativa do Oriente Médio e destinar recursos para a implantação das usinas de dessalinização da água, ampliando, assim, a oferta hídrica para a população.
O caso da Bacia Hidrográfica do Rio Jordão
A Bacia Hidrográfica do Rio Jordão abrange terras da Síria, do Líbano, da Jordânia, da Cisjordânia e de Israel. O Rio Jordão, que corre do norte para o sul (observe o mapa), separa Israel da Síria e a Cisjordânia da Jordânia e deságua no Mar Morto.
Israel e Palestina: a questão da água – 2019
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.
Em que rio se localiza a tensão pelo contrôle da água?
Dos quatro rios que formam o Rio Jordão, somente o Rio Dan tem nascente em Israel. Os rios iarmúqui e Banias nascem na Síria, e o Rio rásbaní nasce no sul do Líbano.
O Rio Jordão tem pequeno volume de água em decorrência dos baixos índices pluviométricos anuais da região por onde passa – menos de 250 milímetros ao longo de seu curso – e da forte evaporação, provocada pelas elevadas temperaturas.
Na guerra de 1967 entre árabes e israelenses – a Guerra dos Seis Dias, que você vai estudar no Percurso 28 –, Israel ocupou a parte síria das Colinas de Golan, que se localizam na fronteira entre os dois países. Essa ocupação, mantida até os dias atuais, não teve apenas o objetivo de proteger a fronteira israelense; visou também impedir que a Síria construísse um canal que desviasse parte das águas do Rio iarmúqui. Caso o canal fosse construído, o volume de água do Rio Jordão diminuiria e isso afetaria a disponibilidade de água para Israel. Portanto, a Guerra dos Seis Dias pode ser entendida, também, como uma guerra pela água.
A questão da água leva ainda a compreender por que Israel resiste em deixar os territórios por ele ocupados na Cisjordânia durante essa guerra. Por meio da perfuração de poços, Israel retira dêsse território mais de 60% da água que consome, destinando-a, principalmente, à irrigação agrícola. Com o contrôle da água, Israel a distribui segundo seus interesses.
PERCURSO 26 O ORIENTE MÉDIO E O PETRÓLEO
1. Golfo Pérsico: o “golfo do petróleo”
O Golfo Pérsico é formado por um mar epicontinental, ou seja, um mar aberto alojado sobre a plataforma continental dos países banhados por suas águas. Pouco profundo, com cêrca de 30 metros, comunica-se com o Golfo de Omã e com o Oceano Índico pelo Estreito de ormús. Ponto estratégico para o transporte de petróleo, esse estreito separa as terras dos Emirados Árabes Unidos e de Omã das terras do Irã.
Nas bordas do Golfo Pérsico localizam-se sete países: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, barêin, Kuait, Iraque e Irã. Em todos eles, a exploração de petróleo e gás natural é a principal fonte de renda.
O Golfo Pérsico – 2021
Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 49.
De acôrdo com o mapa, qual é o país do Golfo Pérsico de menor extensão territorial?
• Oriente Médio: as maiores reservas de petróleo
A história geológica favoreceu o Oriente Médio. Nessa região, ao longo de milhões de anos, ocorreu o processo de deposição de microrganismos marinhos animais e vegetais – chamados de plânctons –, que deram origem ao petróleo, fonte de riqueza dos países que aí se formaram. Arábia Saudita e Irã concentram as maiores reservas de petróleo do Oriente Médio, com 17,2% e 9,1%, respectivamente. Na região, estão localizadas 48,3% das reservas mundiais de petróleo, como mostra o gráfico da página seguinte.
Mundo: reservas de petróleo (em porcentagem) – 2020
Fonte: elaborado com base em . Statistical review of world energy 2021. septuagésima edição London: , 2021. página ponto 16.
Como grande parte das reservas mundiais de petróleo concentra-se no Golfo Pérsico, aí se localizam também os principais portos de escoamento do produto e deles partem oleodutos e gasodutos que atravessam os desertos para chegar ao Mar Vermelho e ao Mar Mediterrâneo (observe o mapa).
Oriente Médio: petróleo e gás – 2019
Fontes: elaborado com base em Charliê Jác organização. Atlas du 21e siècle 2013. Paris: Nathan, 2012. página 107; FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 102.
Em qual região do Oriente Médio ocorre a maior concentração espacial da produção de petróleo?
NO SEU CONTEXTO
No Oriente Médio, muitas jazidas de petróleo se localizam no Golfo Pérsico. No Brasil, onde se localizam as maiores jazidas de petróleo conhecidas?
• A busca por alianças
Por causa de seus recursos petrolíferos, o Oriente Médio tem importância estratégica, geopolítica e econômica no cenário mundial. Os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos, a China e o Japão, maiores consumidores de petróleo, dependem do fornecimento da região e procuram manter alianças com os países produtores, visando assegurar suas fontes de abastecimento.
Há interesses também por parte de alguns países do Oriente Médio em manter alianças com os Estados Unidos. Na Arábia Saudita, por exemplo, alguns setores da sociedade estão descontentes com a fórma de govêrno do país, uma monarquia absolutista islâmica, ou seja, um govêrno autocráticoglossário , em que o rei detém o poder e governa de acôrdo com a Sharia, lei fundamentada em princípios islâmicos; não há uma Constituição. Além disso, grupos xiitas do Iraque e do Irã são motivo de preocupação para o reinado da dinastia saúdi da Arábia Saudita, que teme perder o poder conquistado desde o início do século vinte.
Por isso, o govêrno dêsse país procurou o alinhamento com os Estados Unidos contra eventuais ameaças. Em troca, por ser o maior produtor de petróleo do Oriente Médio e exercer grande influência sobre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)glossário , a Arábia Saudita tem fôrça suficiente para evitar colapsos no fornecimento do “ouro negro” para o mercado mundial e, particularmente, para os Estados Unidos. A presença militar estadunidense ocorre em todos os países do Golfo Pérsico (foto), menos no Irã, que mantém uma série de impasses com países do Ocidente.
Em geral, esses impasses são relativos à oposição do govêrno iraniano à existência do Estado de Israel e à falta de apôio dado pelas potências do Ocidente à causa palestina. Soma-se a esse fato a acusação de que o Irã estimula o confronto entre xiitas e sunitas iraquianos e desenvolve um programa nuclear com fins militares.
A China tem se aproveitado desses impasses para se aproximar do Irã. O mesmo ocorre com países da Ásia Central, como Uzbequistão, Cazaquistão e Turcomenistão, que, também ricos em petróleo, despertam o interesse da Rússia, da China e dos Estados Unidos.
Cruzando saberes
Oriente Médio: de gôndwãna aos conflitos pelo subsolo
“Boa parte do Oriente Médio tem suas terras provenientes da fragmentação do gôndwãna . É importante considerar que a antiguidade desses terrenos e sua sujeição a longos processos de erosão explicam a predominância de superfícies bastantes aplainadas no relêvo regional.
Na Era Secundária, desenha o continente Eurásio-Africano, graças ao deslocamento contínuo das placas continentais amarrotando os sedimentos, elevandos-os, desde a região mediterrânea europeia atual, por toda a Ásia Central, até o Sudeste Asiático. É nesse eixo que se encontram muitas das maiores elevações de nosso planeta.
Como se pode inferir, a formação territorial do Oriente Médio faz parte de uma grande orquestração geológica, cuja ressonância [repercussão] abrange um enorme quadro geográfico euro-afro-asiático.
reticências A grande motivação que vem arregalando os ólhos e despertando a cobiça da humanidade pelas terras do Oriente Médio é o que se encontra como jazimentoglossário no subsolo dessas suas grandes bacias sedimentares.
De todas as bacias sedimentares existentes no Oriente Médio, a maior delas se estende de sudeste para noroeste, encaixada entre o escudoglossário planáltico da península da Arábia e as montanhas jovens do Irã. Pelo centro dela correm, quase paralelos, dois rios – os maiores do ‘mundo árabe’, afora o Nilo: o Tigre e o Eufrates. reticências
Essas bacias têm ligação com os fenômenos geológicos ocorridos nas duas últimas eras e com os fenômenos paleoclimáticosglossário e biológicos que geraram a ocorrência de determinados vegetais e animais, nos respectivos sistemas ambientais daqueles tempos, e sua posterior fossilização.
A fauna marinha, soterrada, entrando em decomposição e fossilização, gerou o maior repositório de orgânicos fósseis do mundo, representado pelos imensos campos de gás natural, petróleo e xisto pirobetuminosoglossário .”
SANTOS, Maurício S. Divergências atuais no Oriente Médio: israelenses, palestinos e suas razões. Rio de Janeiro: E-papers, 2002. página 23-27.
Tipo clássico de jazimento de petróleo e gás natural
Fonte: ALTABA, M. Font; ARRIBAS, A. San Miguel. Atlas de geologia. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1964. página gê dois.
Interprete
- De maneira resumida, explique a formação das imensas jazidas de petróleo do Oriente Médio.
- Como você explicaria a um colega o que são placas tectônicas?
Argumente
3. Atualmente, é correto dizer que a disputa nessa região não é mais pelo solo, e sim pelo subsolo? Explique sua resposta.
Atividades dos percursos 25 e 26
Registre em seu caderno.
- Explique por que a expressão “Oriente Médio” reflete uma visão eurocêntrica.
- Caracterize a agricultura do Oriente Médio.
- A respeito da Bacia Hidrográfica do Rio Jordão, faça o que se pede.
- Indique os países e os territórios localizados nessa bacia.
- Além da intenção de proteger sua fronteira, que outro fator motivou Israel a ocupar as Colinas de Golan, na Síria, na Guerra dos Seis Dias?
- A que se deve a importância geopolítica e econômica do Oriente Médio no cenário mundial?
- Observe o mapa e a legenda e faça o que se pede.
Fonte: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 49.
- Identifique o país representado pela côr verde e o tipo de clima predomina nele.
- Há um impasse político sobre tecnologia nuclear entre o país representado em lilás e o Ocidente. Identifique esse país e explique esse impasse.
- Por que a bandeira vermelha, no mapa, indica um ponto geopolítico estratégico?
- A área de conflito representada no mapa envolve quais povos?
6. Compare o mapa a seguir com os mapas A e B da página 198. Com base nesses três mapas e em seus conhecimentos, interprete a distribuição das principais atividades econômicas no território da Arábia Saudita.
Arábia Saudita: uso da terra – 2019
Fontes: elaborado com base em báutisman, aléquissis (.). Atlas géopolitique mondial 2019. Mônaco: Éditions du Rocher Aix-en-Provence: Areion Group, 2019. página 57; MAPPERY. Saudi Arabia Land Use Map. Disponível em: https://oeds.link/OwEf3S. Acesso em: 20 abril 2022.
7. Observe a imagem de satélite do Oriente Médio e leia as informações. Em seguida, aponte, em seu caderno, a alternativa incorreta e explique por que ela está errada.
- Os pontos 1 e 2 correspondem, respectivamente, ao Golfo Pérsico e ao Golfo de Omã.
- Os pontos 3, 4 e 5 correspondem, respectivamente, ao Golfo de Áden, ao Mar Vermelho e à Península do Sinai ou Canal de suês.
- Enquanto o ponto 6 corresponde ao Mar Mediterrâneo, o ponto 7 corresponde à Península da Anatólia (Turquia).
- O ponto 8 corresponde ao Mar Cáspio e o 9, ao Mar Negro.
8. Leia o fragmento de texto e responda.
“ Mas o que é esse ‘Oriente’? Onde ele fica? Quem são seus habitantes? Para a maioria das pessoas, ‘Oriente’ é um lugar misterioso e mágico, onde há ou houve tapetes voadores, príncipes e reis, terras longínquas, costumes e tradições incompreensíveis e ‘atrasadas’. Nesse lugar mitológico, que só existe em nossa imaginação, não há pessoas reais, de carne e osso. Há pessoas cobertas de véus, camelos, islâmicos raivosos e fanáticos .”
ARBEX Júnior, José. Islã: um enigma de nossa época. São Paulo: Moderna, 1996. página 97.
- Em sua opinião, o que teria sido responsável por difundir mundialmente essa imagem mítica do Oriente?
- Compartilhe sua resposta do item anterior com um colega e conversem sobre o tema abordado no texto. Em seguida, apresentem à turma os argumentos que vocês elaboraram.
9. Observe o gráfico e faça o que se pede.
Mundo: os 12 países maiores produtores de petróleo (em porcentagem) – 2020
Fonte: elaborado com base em . Statistical review of world energy 2021. septuagésima edição London: , 2021. página 19.
- Entre os 12 maiores produtores de petróleo do mundo em 2020, quantos e quais são os países do Oriente Médio que constam no gráfico?
- Calcule, em porcentagem, a participação desses países do Oriente Médio na produção mundial de petróleo.
- Aponte o percentual da participação do Brasil na produção mundial de petróleo.
- Aponte a relação entre o que representa esse gráfico e o da página 205.
10. Com a perspectiva da diminuição das exportações de petróleo, diante do futuro esgotamento dêsse recurso natural, muitos países do Oriente Médio têm investido em diferentes alternativas econômicas. Em grupo, façam uma pesquisa sobre o assunto. Concluído o trabalho, troquem a pesquisa com a de outro grupo para complementar suas informações.
PERCURSO 27 ISRAEL E PALESTINA
1. Antecedentes históricos
Desde épocas remotas, as terras que hoje correspondem a Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza eram ocupadas por árabes e hebreus. Ao longo da História, essas terras foram invadidas por vários povos – babilônios, assírios, persas, gregos, romanos e otomanos. Uma das invasões de Jerusalém, em 586 antes de Cristo, por Nabucodonosor, imperador da Babilônia, provocou a primeira diásporaglossário judaica. Em 70 antes de Cristo, com a cidade sob o domínio romano, ocorreu a segunda diáspora. Após outras invasões e alternâncias de poder, a região passou a fazer parte do Império Otomano, em um período que se prolongou até 1917.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os britânicos ocuparam a região para combater os otomanos, aliados da Alemanha. Nessa tarefa, foram ajudados pelos árabes locais (observe a foto). Terminadas a guerra e a dominação otomana, a Sociedade das Nações (conhecida também com o nome de Liga das Nações), em 1922, delegou à Grã-Bretanha um mandato sobre a região, que, desde os tempos bíblicos, seria a Palestina para os árabes e Canaã para os judeus.
A partir de 1896, a publicação do livro O Estado judeu, do jornalista judeu téodor rérs, que vivia na Áustria, reacendeu nesse povo o desejo de recriar um Estado próprio para colocar fim à sua dispersão no mundo e às perseguições. Os judeus desejavam voltar para sua antiga origem, Canaã. Com esse livro, nasceu um movimento que ficou conhecido pelo nome de sionismo (de Sion, nome de uma colina de Jerusalém onde há dois mil anos se desenvolveram os reinos israelitas), que tinha como objetivo recriar o Estado judeu.
A partir daí, iniciou-se um fluxo imigratório de judeus para a região, principalmente da Europa Central e Oriental, onde o antissemitismoglossário era mais intenso. Com dinheiro coletado entre a comunidade judaica espalhada pelo mundo, terras ocupadas por árabes passaram a ser compradas, e nelas foram estabelecidas colônias agrícolas judaicas ( quibutzim, plural de quibútzi).
O crescimento dos quibutzim provocou reações de descontentamento dos árabes-palestinos, que constituíam a maioria da população na região. Calcula-se que, no início do século vinte, viviam nessa área cêrca de 500 mil árabes e 50 mil judeus; com a imigração, estima-se que, em 1930, os judeus somavam 300 mil e, em 1947, cêrca de 480 mil.
À medida que os fluxos migratórios para a região aumentavam, cresciam os conflitos entre os dois povos (foto). Os árabes-palestinos sentiram-se ameaçados nos seus direitos sobre a terra. Em 1936, os britânicos, ao perceber que os conflitos poderiam se ampliar, elaboraram um plano de divisão da região em dois Estados, um árabe e outro judeu. A proposta foi rechaçada pelos árabes.
A Grã-Bretanha, que tinha grandes interesses no petróleo do mundo árabe, acabou não insistindo na proposta. Assim, diante da resistência árabe e do pouco empenho da Grã-Bretanha na criação do Estado judeu, o movimento sionista se acirrou, com a organização de grupos armados dispostos a combater a resistência árabe e britânica, o que levou aos primeiros atentados na região.
PAUSA PARA O CINEMA
Lawrence da Arábia.
Direção: deivid lian. Reino Unido: Columbia Pictures, 1962. Duração: 222 minutos
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o personagem central é transferido para a Arábia e une-se aos árabes na luta contra o Império Otomano, que dominou a região. O filme apresenta belas paisagens do Oriente Médio.
2. A criação do Estado de Israel
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o massacre do povo judeu provocado pelo regime nazista alemão, a causa da criação do Estado judeu ganhou simpatizantes em todo o mundo. Assim, diante da frequência dos ataques armados das organizações sionistas contra os britânicos na Palestina, a Grã-Bretanha levou a questão da criação do Estado de Israel à ônu.
No dia 29 de novembro de 1947, a ônu aprovou um plano de divisão da região pelo qual se criava o Estado de Israel, com 14 mil , e o Estado Palestino, com 11,5 mil quilômetros quadrados quilômetros quadrados de terras descontínuas, estendendo-se pela faixa de Gaza e pela Cisjordânia (observe o mapa).
Israel e Palestina: plano de partilha – 1947
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.
Com quais países Israel faz fronteira ao norte?
A cidade de Jerusalém, em razão do seu significado histórico e religioso para judeus, muçulmanos e cristãos, ficaria sob o contrôle da ônu, constituindo, assim, uma zona internacional. Em 14 de maio de 1948, o líder israelense Deivid Ben-Gurion proclamou o Estado de Israel.
A Liga Árabe, fundada em 1945 pelos países árabes, incluindo os palestinos, com o objetivo de fortalecer a unidade e a cooperação entre os países-membros, não aceitou a partilha proposta pela ônu nem a criação do Estado de Israel.
Tais acontecimentos acirraram os conflitos, inaugurando um novo capítulo de impasses, guerras, ocupações territoriais, atentados e animosidade entre árabes e israelenses, que, transcorridos quase 80 anos, ainda não cessaram.
PAUSA PARA O CINEMA
quédima.
Direção: amós guitái. França: Agav Hafakot, 2002. Duração: 100 minutos
Alguns dias antes da criação do Estado de Israel, um grupo de judeus sobreviventes do Holocausto tenta se estabelecer na Palestina. No caminho, o encontro com os árabes dá início a uma trágica batalha.
3. O radicalismo obstrui a paz
Do lado palestino, os radicais islâmicos – grupos ramás, Hezbollahglossário , jirrád islâmico, Brigada dos Mártires de al áquissa, entre outros – opõem-se ao reconhecimento do Estado de Israel; do lado israelense, grupos também radicais rejeitam a formação do Estado Palestino, defendendo até mesmo a expulsão dos palestinos da região e a ocupação da Cisjordânia. Essas posturas têm prejudicado a evolução das negociações e o estabelecimento da paz.
Outro grande impasse entre Israel e a Autoridade Nacional Palestinaglossário diz respeito a Jerusalém. Em Jerusalém Oriental vivem cêrca de 200 mil palestinos que desejam instalar aí a capital de seu futuro Estado – o que não é aceito por Israel, que considera a cidade pertencente aos judeus. Para agravar a situação, em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, dônald tramp, reconheceu Jerusalém como capital de Israel. Tal iniciativa foi condenada por diversos governos de países do Oriente Médio e da Europa. Considerada unilateral, essa decisão não contribuiu para a paz, servindo para acirrar a tensão no Oriente Médio e desgastar ainda mais a imagem dos Estados Unidos na região, em razão da invasão ao Iraque, em 2003, entre outras ocorrências.
Esse problema, somado às questões de acesso e contrôle da água por Israel e à construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental nos últimos anos, fato reprovado publicamente por diversos países, torna a questão ainda mais complexa. Além disso, os refugiados palestinos que retornaram para Gaza e Cisjordânia (em 2020, somavam mais de 2,3 milhões) encontram dificuldades relacionadas a habitação, trabalho, hospitais, escolas, entre outras, e estão ainda mais vulneráveis em decorrência dos conflitos na região.
No próximo Percurso, você vai conhecer de fórma resumida os principais fatos que marcaram as relações entre árabes e israelenses nas últimas sete décadas.
QUEM LÊ VIAJA MAIS
ós, Amós.
Contra o fanatismo. Rio de Janeiro: édiouro, 2004.
O romancista israelense mostra nesse livro como a intolerância e o fanatismo comprometem a existência da paz não só entre palestinos e israelenses, como também no mundo.
PAUSA PARA O CINEMA
Uma garrafa no mar de Gaza.
Direção: tierrí binistí. França, Israel, Canadá: TS Productions, EMA Films, Lama Films, 2010. Duração: 100 minutos
Vivendo a cêrca de 96 quilômetros de distância um do outro, Tal é uma israelense de 17 anos que mora em Jerusalém, enquanto Naïm é um palestino de 20 anos que mora em Gaza. O filme retrata suas vidas diferentes e marcadas pelos conflitos israelo-palestinos, e como uma garrafa jogada ao mar pode transformá-las.
PERCURSO 28 OS CONFLITOS ÁRABES-ISRAELENSES
1. Mais de sete décadas sem paz
Como estudamos no Percurso anterior, a partilha da ônu e a criação do Estado de Israel, em 1948, não foram aceitas pela Liga Árabe. Isso desencadeou uma série de acontecimentos que tornaram tensas as relações no Oriente Médio, particularmente entre árabes e israelenses.
Fonte dos mapas: cunemân ludivig organização. Historical atlas of the world. Bratislava: péragón, 2010. página 339 e 340.
Fonte do mapa Políticas de assentamento de Israel – 1975-1984: cunemân ludivig . organização Historical atlas of the world. Bratislava: Parragon, 2010. página 341.
Fonte do mapa Políticas e Palestina – 2020: elaborado com base em báutisman, aléquissis (.). Atlas géopolitique mondial 2021. Mônaco: Éditions du Rocher Aix-en-Provence: Areion Group, 2020. página 65.
Cruzando saberes
Após uma década de guerra (2011-2021), Síria é assolada pela fome
“Uma catástrofe dentro de uma catástrofe: a Síria está afundando em um redemoinho de violência e conflitos há uma década, desde a eclosão da guerra civil, em 15 de março de 2011. Há anos que milhões de pessoas não têm o essencial. Após a guerra, vem a fome: mais da metade da população não tem acesso regular a alimentos suficientes, mais de 12 milhões de pessoas. Só [em 2020], foram acrescentados mais de 4 milhões de famintos.
Essas cifras foram relatadas no final de fevereiro [de 2021] pelo coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas, márc loucóqui, diante do Conselho de Segurança da ônu em Nova iórque. O britânico tinha fatos ainda mais sombrios: mais de meio milhão de crianças sofrem de desnutrição crônica na Síria.
reticências
Além da guerra, a Síria enfrenta uma grave crise econômica. A libra síria perdeu três quartos de seu valor em 12 meses. Os preços dos alimentos mais do que triplicaram.
reticências
Além disso, quase um em cada dois sírios está refugiado. Mais de 5 milhões no exterior, a maioria está em países vizinhos. Seis milhões e meio de refugiados internos vivem na própria Síria. De acôrdo com uma análise publicada reticências pela organização humanitária independente norvígian réfudjí cauncil ( êne érre cê), mais de dois terços deles são refugiados há mais de cinco anos.
Só em 2020, quase 2 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar seus lares, segundo o êne érre cê. E cada vez mais, não apenas novas guerras são a causa, mas dificuldades econômicas. ‘Quanto mais tempo esta crise permanecer sem solução, mais provável é que as dificuldades econômicas se tornem o principal motivo para o surgimento de mais refugiados’, alerta o secretário-geral do êne érre cê, iân igueléndi.
reticências
As razões para o colapso da economia são muitas: em primeiro lugar, são dez anos de guerra e destruição de infraestruturas importantes. Também há má gestão e corrupção, assim como colapso do sistema bancário e da economia do vizinho Líbano ocorrido no ano passado [2020]. O Líbano era a principal janela para a economia síria e o lugar onde a classe média guardava suas economias.”
fôn ráin, Mathias. Após uma década de guerra, Síria é assolada pela fome. Deutsche Welle, 15 março 2021. Disponível em: https://oeds.link/0pykbQ. Acesso em: 12 abril 2022.
Interprete
1. Qual é a relação entre a Guerra da Síria e a situação do país dez anos após o início dos conflitos?
Argumente
2. Em sua opinião, a guerra é a solução para os problemas entre países do Oriente Médio? Desenvolva argumentos sobre essa questão.
Mochila de ferramentas
Como ler uma imagem de satélite
Alguns satélites artificiais que orbitam o planeta Terra são capazes de capturar imagens da atmosfera e da superfície dos continentes, oceanos e mares.
Distantes da Terra, os satélites artificiais fazem o chamado sensoriamento remoto. Sensores captam a energia emitida ou refletida pelas superfícies do planeta, transformam essa energia em sinais e os transmitem para as estações receptoras, que os decodificam, convertendo-os em imagens.
As imagens de satélite são originalmente processadas em preto e branco. Posteriormente, com o uso de aplicativos adequados, podem ser transformadas em imagens coloridas, combinando-se duas ou três imagens às côres primárias da luz (azul, verde e vermelho). Muitas vezes, a interpretação da imagem de satélite é feita com base em algumas convenções: azul para corpos de água; amarelo-laranja-marrom para o solo; verde para a vegetação e sedimentos; e vermelho para áreas antrópicas, ou seja, que sofreram intervenção humana. Entretanto, é importante observar se há uma explicação sobre o tipo de estrutura que cada côr representa.
Nas imagens de satélite, as estruturas que refletem mais luz apresentam tons claros – por exemplo, ausência de vegetação – e as estruturas que refletem menos luz apresentam tons escuros, como as massas de água, a cobertura vegetal, as fórmas de relêvo mais elevadas e as edificações.
Observe a imagem de satélite desta página. Ela mostra a porção noroeste do Oriente Médio, com a Península do Sinai e o Canal de suês.
Como fazer
- Observe as fórmas visíveis na imagem e tente associá-las aos seus conhecimentos prévios da área apresentada.
- Observe os tons claros e escuros. Nessa imagem, repare que as áreas mais próximas da costa no Mar Mediterrâneo aparecem em tons mais claros que os das áreas mais afastadas da costa. Nesse caso, isso ocorre em razão da diferença de profundidade, que tende a ser maior à medida que se afasta da costa.
- Preste atenção nas diferentes côres. Na Península do Sinai, o bege e o marrom refletem a ausência de vegetação; já no território israelense e no delta do Rio Nilo, a côr verde indica a presença de cobertura vegetal.
- Interprete a mancha verde próxima à costa do Egito, no Mar Mediterrâneo.
- Qual é a importância das côres no tratamento das imagens de satélite?
Atividades dos percursos 27 e 28
Registre em seu caderno.
- O que foi o sionismo?
- Explique o que é antissemitismo e indique o período histórico marcado por sua intensa manifestação.
- Em relação à formação do Estado de Israel, responda às questões a seguir.
- Quando e como foi feita a partilha do território pela ônu?
- Qual foi a decisão da ônu em relação a Jerusalém? Essa decisão foi respeitada posteriormente?
- Quando foi fundada a Liga Árabe e que postura adotou diante da resolução da ônu sobre a partilha territorial e a criação do Estado de Israel?
- Qual é o significado da seguinte frase: “o radicalismo de grupos palestinos e de judeus israelenses obstrui a paz”?
- Além dos fatores que você apontou na atividade anterior, indique outros que dificultam a paz entre árabes-palestinos e israelenses.
- O que foi a Guerra do iôn kipúr?
- Qual medida tomada por Israel sobre territórios da Cisjordânia e Jerusalém Oriental tem sido reprovada por vários países do mundo no últimos anos?
- A política de implantação de assentamentos israelenses na Cisjordânia e a construção de um muro por Israel, que não obedece às fronteiras de 1948, são também entraves para a paz entre os dois povos, israelenses e palestinos. Explique essa afirmação.
- Observe o mapa e faça o que se pede.
O mundo visto por Israel
Fonte: elaborado com base em , bonifáce pascál; vêdrine, úberti. Atlas do mundo global. São Paulo: Estação Liberdade, 2009. página 110.
• Redija um texto comentando as informações gráficas dêsse mapa. Se necessário, pesquise mais o assunto.
11. Observe o mapa e responda às questões.
Cisjordânia – 2019
Fontes: elaborado com base em bonifássi, pascál; vêdrine, úberti. Atlas des crises et des conflits. 2e édition revue et augmentée. Paris: Armand Colin, 2013. página 108-109; ,.Reconnaissance des colonies israéliennes en Cisjordanie: pourquoi les Américains ont fait ce choix. Le Parisien, 19 novembro 2019. Disponível em: https://oeds.link/5LpC97. Acesso em: 20 abril 2022.
- De acôrdo com o plano de partilha da ônu, elaborado em 1947, a quem deveria pertencer o território destacado?
- Que fato representado no mapa é o grande empecilho para a convivência pacífica entre árabes e israelenses?
12. Leia o trecho a seguir e responda às questões.
“Se, de um lado, Israel concretizou o sonho acalentado pelos judeus, que desde o início da era cristã almejavam um lar nacional, de outro, mareouglossário o início de um drama de um outro povo, os árabes da Palestina. Desde então, eles, que passaram a ser conhecidos simplesmente por palestinos, vêm lutando pela criação de um Estado nacional.”
olítch, Nelson bacíqui; CANEPA, Beatriz. Oriente Médio e a questão palestina. segunda edição São Paulo: Moderna, 2003. página 83.
- Explique por que a criação de Israel levou ao início do drama dos árabes-palestinos.
- Qual é o principal obstáculo às negociações de paz entre palestinos e israelenses?
13. Observe o gráfico e responda às questões.
Presença de palestinos no Oriente Médio, nos Estados Unidos e no Egito
Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.
- Compare a soma de palestinos que vivem no Egito, nos Emirados Árabes Unidos e nos Estados Unidos com os que vivem em Israel. O que é possível concluir?
- Qual seria a hipótese para explicar o porquê de o maior número de palestinos viver na Jordânia, e não na Cisjordânia?
14. Considerando que as divergências entre palestinos e israelenses ainda não foram superadas, procure notícias nos jornais e na internet sobre o desenrolar dêsse conflito. Leve o material coletado para a sala de aula, discuta o assunto em grupo e organize um mural que contemple os mais recentes acontecimentos entre esses dois povos do Oriente Médio.
Glossário
- Insulíndia
- Conjunto de ilhas do sudeste da Ásia (atuais Indonésia e Filipinas).
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- Amplitude térmica anual
- Diferença entre a média de temperatura do mês mais quente e a média de temperatura do mês mais frio.
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- Oásis
- Depressão no deserto formada pela erosão eólica, que, ao atingir lençóis de água subterrâneos, permite o afloramento de água e o desenvolvimento de vegetação.
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- Autocrático
- Relativo à autocracia, regime político no qual o poder é exercido por uma só pessoa.
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- Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)
- Organização criada em 1960, com séde em Viena, na Áustria, com o objetivo de estabelecer uma política comum em relação ao petróleo, protegendo os rendimentos dos países produtores, até mesmo no que diz respeito à determinação do preço do barril do petróleo.
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- Jazimento
- Depósito de produtos fósseis ou minerais no subsolo, com valor econômico.
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- Escudo
- Rochas emersas que afloraram desde o início da formação da crosta terrestre.
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- Paleoclimático
- De “paleoclimatologia”; reconstituição e estudo dos climas de eras geológicas.
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- Xisto pirobetuminoso
- Rocha metamórfica rica em betume (material rico em compostos de carbono e hidrogênio), extraído por aquecimento e usado como fonte de energia.
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- Diáspora
- Dispersão de um povo pelo mundo em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica.
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- Antissemitismo
- Sentimento hostil e discriminatório em relação aos judeus.
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- Organização política e militar libanesa constituída em sua maioria por muçulmanos xiitas.
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- Autoridade Nacional Palestina
- Órgão de govêrno dos palestinos da Faixa de Gaza e de certas áreas da Cisjordânia, não ocupadas por Israel.
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- Marear
- Orientar, conduzir algo ou conduzir-se.
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