UNIDADE 2 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL, RECURSOS NATURAIS E FONTE DE ENERGIA

Nesta Unidade, você ampliará os seus horizontes de compreensão sobre o mundo atual ao estudar o processo de urbanização e as transformações da produção agropecuária.

Ao tomarmos esse caminho, você aprenderá sobre o comércio mundial de commoditiesglossário agropecuárias e os problemas relacionados ao uso da terra e à indústria de alimentos e também será incentivado a refletir sobre o problema da desigualdade mundial de acesso a alimentos. Por fim, estudará as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diversas fontes de energia em diferentes países.

Fotografia. Vista para uma zona portuária. À esquerda, superfície plana ocupada por vias internas de circulação de veículos, depósitos de contêineres, guindastes e outros equipamentos e maquinários portuários. À direita, superfície d’água com um navio atracado.
Navio carregado com soja para exportação, no Porto de Paranaguá, no estado do Paraná (2020).
Ícone. Boxe Verifique sua bagagem.

VERIFIQUE SUA BAGAGEM

  1. No mundo, o aumento de pessoas vivendo nas cidades tem impulsionado o consumo de produtos agropecuários? O que você sabe a respeito?
  2. A soja, retratada na imagem, é considerada uma commodity?
  3. Quais outras commodities o Brasil exporta?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade 2

A emergência da sociedade urbano-industrial tem resultado no aumento da demanda pela produção agropecuária, pelos recursos naturais e por fontes de energia. A compreensão dessas relações, de suas principais características no mundo e de suas consequências socioambientais é o objetivo que norteia os estudos na Unidade 2.

O processo de urbanização, os hábitos de consumo das populações nas cidades e o crescimento da necessidade por produtos agropecuários são estudados no Percurso 5. O Percurso 6, por sua vez, avalia o comércio mundial de commodities agrícolas, marcado por desigualdades das quais decorrem contradições expressas nas fórmas de uso da terra que privilegiam as grandes empresas de alimentos em vez de servir às populações locais, muitas vezes sujeitas à privação de alimentos. O Percurso 7 debate as principais fontes de energia usadas para a produção e para o abastecimento das sociedades urbano-industriais. Já o Percurso 8 demonstra o aumento da demanda por recursos naturais e matérias-primas, discutindo também a necessidade de estimular fontes sustentáveis de energia.

Na abertura da Unidade, use a foto para sondar o que os alunos sabem sobre o comércio mundial de commodities agrícolas. Faça registros sobre essa conversa inicial, pois eles serão úteis para o planejamento das aulas e demais atividades a serem desenvolvidas com a turma. Converse sobre as questões propostas em Verifique sua bagagem. Elas devem ser respondidas oralmente e, somente após esse exercício conjunto, sistematizadas no caderno.

Respostas

  1. A questão possibilita sondar os conhecimentos prévios dos alunos sobre as relações entre o processo de urbanização mundial e as transformações da produção agropecuária. Espera-se que eles reúnam informações e expressem ideias que identifiquem o aumento de pessoas vivendo em cidades nas últimas décadas, deixando, assim, de produzir alimentos no campo, e como isso tem impulsionado o consumo de produtos diversos, incluindo os agropecuários. Explique que, nos dias atuais, a agropecuária apresenta grande relevância no comércio internacional, pois, além de ser responsável pela produção de alimentos para a população mundial, é fornecedora de matérias-primas para a indústria e até mesmo para a produção de energia elétrica por meio da biomassa.
  2. Sim. No comércio internacional, commodity é um produto do setor primário de grande importância econômica (soja, algodão, trigo, café, minério de ferro etcétera), cujo preço é determinado pela oferta e pela procura internacional.
  3. Algodão, café, açúcar, carne, minério de ferro e outras.

PERCURSO 5 UM MUNDO URBANO

1. O processo de urbanização

A urbanização é o processo no qual a população urbana cresce a taxas mais elevadas do que a população rural. Caracteriza-se pela tendência de concentração da população de um país ou região nas cidades.

A urbanização mais acelerada aconteceu a partir das Revoluções Industriais, entre a segunda metade do século dezoito e o século dezenove, em países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. A industrialização atraiu contingentes populacionais do campo para as cidades, em razão da necessidade de mão de obra para as fábricas.

Em países como Brasil, México, Argentina e outros, a urbanização é mais recente – intensificou-se a partir dos anos de 1950, com o crescimento da atividade industrial. É importante lembrar, porém, que em alguns desses países, como é o caso do Brasil, a urbanização não foi resultado apenas da industrialização, mas também de problemas existentes no campo, como a concentração fundiária, o difícil acesso à propriedade da terra e outros.

Como estudaremos adiante, a mecanização e a introdução de inovações científicas e tecnológicas em atividades agropecuárias também têm relações com a urbanização nos últimos 50 anos.

2. O crescimento da população urbana

Até o início do século dezenove, a população urbana mundial não havia atingido 7% do total. cêrca de dois séculos depois, em 2008, pela primeira vez na história, a população urbana ultrapassou os 50% (cêrca de 3,3 bilhões de pessoas). Segundo previsões da ônu, esse número chegará a 5,2 bilhões em 2030, representando 60,4% da população mundial.

Estima‑se que, nas próximas décadas, o crescimento urbano nos países desenvolvidos não será muito elevado (cêrca de 13%); entretanto, duplicará principalmente em países da Ásia e da África em cêrca de 15 anos. Diante disso, uma parcela cada vez maior da população mundial estará exposta à pobreza, ao desemprêgo e aos riscos ambientais associados à urbanização acelerada, como a deficiência de saneamento básico.

Segundo a ônu, aproximadamente 30% da população urbana mundial vive em condições de pobreza, cêrca de 1,2 bilhão de pessoas moram em áreas irregulares e habitações precárias e entre 20 e 40 milhões de famílias não têm moradia. A falta de emprêgo é outro grave problema, levando 50% dos moradores de áreas urbanas a trabalhar na informalidade. Além disso, se confirmada a previsão de que, até 2050, a população urbana será de 6,7 bilhões, a pobreza nas cidades deverá se agravar caso não sejam tomadas providências para erradicá-la.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Qual é a população urbana em relação ao total da população do município em que você vive?

Orientações e sugestões didáticas

A resposta à pergunta do boxe No seu contexto depende do município onde o aluno mora. Espera-se que ele tenha ideia do grau de urbanização da localidade em que vive.

Percurso 5

Este Percurso trata do processo de urbanização, do crescimento da população urbana no mundo, das megacidades e das relações entre população urbana e hábitos de consumo. Também aborda como a urbanização relaciona-se com a modernização da agropecuária, na medida em que estimulou a saída da população do campo para as cidades, intensificando ainda mais a urbanização.

Sempre que possível, sonde e resgate os conhecimentos prévios dos alunos, como o processo de crescimento da população urbana na América Latina, assunto abordado no Percurso 8, da Unidade 2, no livro do 8º ano desta coleção. Além disso, promova conversas com base no boxe No seu contexto, incentivando os alunos a expressar suas opiniões e experiências. Provoque-os intelectualmente, remetendo-os às fotos e aos mapas.

Para melhor subsidiar os alunos na questão do boxe No seu contexto, solicite que consultem os dados municipais no site Cidadesarroba, do í bê gê É. Instigue-os a pesquisar a história da urbanização do município em que vivem, propiciando um momento de conversa sobre as informações que encontraram sobre o assunto.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero nove gê ê um dois

O Percurso 5 aborda a urbanização, evidenciando suas relações com as transformações na produção agropecuária e com os padrões de consumo na sociedade atual. Dessa maneira, é possível abordar parcialmente a habilidade ê éfe zero nove gê ê um dois e compreender e relacionar a urbanização com as mudanças nos processos produtivos e com a expansão do desemprêgo estrutural no campo e na cidade.

No que diz respeito à identificação e à análise do processo de urbanização, considere a possibilidade de articular o seu trabalho com o do professor de História, que poderá contribuir desenvolvendo a habilidade ê éfe zero nove agá ih zero cinco dêsse componente curricular.

Os problemas associados à urbanização serão mais graves nas megacidadesglossário e nas megalópolesglossário (consulte o mapa). Em 1950, Nova iórque e Tóquio eram as duas megacidades do planeta; em 2007, havia dezenove; e, em 2022, o número de megacidades passou a ser de 32, a maioria concentrada nos países menos desenvolvidos, onde os problemas econômicos, sociais e ambientais são graves (desemprêgo, violência, carência de transporte público, poluição, saneamento básico deficiente etcétera).

Aglomerações urbanas mais populosas do mundo (em milhões de habitantes) – 2025*

Mapa. Aglomerações urbanas mais populosas do mundo (em milhões de habitantes), 2025 (projeção). Mapa representando a localização e a população das maiores aglomerações urbanas do mundo. 
Nova York (Estados Unidos): 20,7 milhões de habitantes. 
Cidade do México (México): 21,0 milhões de habitantes. 
São Paulo (Brasil): 21,4 milhões de habitantes. 
Cairo (Egito): 15,5 milhões de habitantes. 
Lagos (Nigéria): 15,8 milhões de habitantes. 
Kinshasa (República Democrática do Congo): 16,7 milhões de habitantes. 
Dacca (Bangladesh): 22,0 milhões de habitantes. 
Karachi (Paquistão): 19,1 milhões de habitantes. 
Mumbai (Índia): 26,4 milhões de habitantes. 
Nova Delhi (Índia): 22,5 milhões de habitantes. 
Calcutá (Índia): 20,6 milhões de habitantes. 
Pequim (China): 14,5 milhões de habitantes. 
Tóquio (Japão): 36,4 milhões de habitantes. 
Xangai (China): 19,4 milhões de habitantes. 
Manila (Filipinas): 14,8 milhões de habitantes. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.480 quilômetros.

Fonte: durên, Marrí Françuási et al Atlas da mundialização: compreender o espaço mundial contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009. página 25.

Grafismo indicando atividade

Qual deverá ser a maior aglomeração urbana em 2025?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o mapa, a maior aglomeração urbana em 2025 deverá ser Tóquio, com 36,4 milhões de habitantes.

Nas próximas décadas, as megacidades se concentrarão nos países emergentes e nos menos desenvolvidos, enquanto o crescimento dêsse tipo de aglomeração urbana nos países desenvolvidos tenderá à estabilização.

3. Cidades e hábitos de consumo mundializados

Para 2022, estimava-se que haveria mais de 570 cidades no mundo com mais de um milhão de habitantes; em 1950 elas eram apenas 86. Nas últimas décadas, o aumento de pessoas nas cidades tem impulsionado o consumo de produtos diversos, desde aqueles essenciais à sobrevivência, como os alimentos, até os mais supérfluos. Como nessas aglomerações não há espaço para a produção de alimentos em larga escala, as pessoas são obrigadas a adquiri‑los em feiras e supermercados ou em outros pontos de abastecimento. Além disso, o estilo de vida nas grandes cidades demanda o uso de produtos específicos para as pessoas trabalharem, se locomoverem, se comunicarem, entre outras necessidades.

Como estudamos nos Percursos 2 e 3, os modelos de consumo das grandes cidades são difundidos mundialmente e, em geral, seguidos por grande parte da população. Assim, as empresas transnacionais têm expandido seus negócios e investido muito em propaganda, o que influencia na mundialização de alguns hábitos e na implantação da globalização cultural.

Orientações e sugestões didáticas

É oportuno refletir com os alunos sobre de que modo a urbanização contribui para a padronização de hábitos de consumo e para o processo de globalização. Discuta sobre o tema com o objetivo de sondar os conhecimentos prévios dos alunos sobre essas relações, além de fazê-los exercitar o raciocínio geográfico, ao estabelecerem conexões entre distintos, mas inseparáveis, fenômenos espaço-temporais. Faça registros dos aspectos centrais dessa discussão a fim de usá-los como referência para o planejamento e a organização de seu trabalho em sala de aula.

Se julgar conveniente, comente com os alunos qual era a população, em 1950, de algumas aglomerações apresentadas no mapa. Nova iórque, por exemplo, apresentava cêrca de 12,5 milhões de habitantes; Tóquio contava com pouco mais de 11 milhões de habitantes; Xangai tinha cêrca de 6 milhões de habitantes e Nova Délhi apresentava pouco mais de 1,5 milhão de habitantes.

Competências

Ao discutir a concentração populacional nas cidades, considere questões de acesso à cidadania. Nesse sentido, trabalhe as competências que versam sobre a aptidão de construir argumentos sólidos, que visam valorizar os direitos humanos e os princípios democráticos para conceber uma sociedade inclusiva e justa. É possível abordar a Competência Específica de Ciências Humanas 6: “Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”. Além disso, cabe abordar a Competência Específica de Geografia 6: “Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza”.

4. Transformações da produção agropecuária e urbanização

As transformações da atividade agropecuária, decorrentes da introdução de inovações científicas e tecnológicas no campo, desde os anos 1960, ajudam a explicar não somente a intensa urbanização após esse período, como também o desemprêgo estrutural no campo.

Fotografia. Destaque para uma mulher de avental branco, máscara de proteção facial, óculos e touca branca, mexendo um material líquido e escuro em uma panela sobre o fogão. Ao redor dela, diversos equipamento e materiais de laboratório.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária () desenvolve pesquisas que têm contribuído com inovações científicas e tecnológicas para o setor agropecuário. Na foto, pesquisadora no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Acre, Rio Branco, Acre (2022).

A intensificação do uso de máquinas agrícolas, fertilizantes, agrotóxicos e rações, além do melhoramento genético de plantas e animais, alterou o rendimento e a produtividade da agropecuária.

Já em 1960, as sementes híbridas de cereais, obtidas em laboratórios de pesquisas, possibilitaram maior rendimento das lavouras e maior resistência a pragas e doenças, o que ficou conhecido como Revolução Verde.

Nos anos 1980, organismos geneticamente modificados (ó gê êmes) começaram a ser desenvolvidos a partir de sementes transgênicas, representando outra inovação científica e tecnológica importante para as transformações na agropecuária.

Os cultivos com sementes de alto rendimento da Revolução Verde, como também os ó gê êmes, exigem aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes etcétera Entretanto, o uso intensivo de agrotóxicos é responsável por grandes danos ambientais: ao solo, pois este os retém, comprometendo a sua biodiversidade; ao ar, pois o material em suspensão provoca danos à saúde humana e a outros seres vivos, além da contaminação de alimentos; às águas superficiais e subterrâneas, além de outros.

Nos anos 1990, com o desenvolvimento da informática, muitas de suas inovações foram empregadas na agropecuária: aplicativos para o gerenciamento dessa atividade; drones para detectar doenças e pragas em plantações e pastagens, falhas de plantio, contagem do número de cabeças de gado, localização de nascentes de águas etcétera; além de máquinas agrícolas computadorizadas.

Se, por um lado, as inovações científicas e tecnológicas favoreceram a agropecuária por meio do aumento do rendimento e da produtividade, por outro, substituíram parte da mão de obra empregada no campo e provocaram o desemprêgo estrutural. Dispensadas do trabalho no campo, populações migraram para as cidades, contribuindo para o processo de urbanização.

Fotografia. Destaque para um homem de costas, dirigindo um trator, vestindo boné e camiseta vermelha. O homem segura o volante e observa a tela de um GPS. À frente do trator, uma superfície ocupada por plantação.
Trabalhador operando trator usado para plantio mecanizado com auxílio de Sistema de Posicionamento Global, no município de Londrina, Paraná (2020).
Orientações e sugestões didáticas

Comente com os alunos que as inovações científicas e tecnológicas custam dinheiro; em consequência, nem todos os agricultores e pecuaristas têm acesso a essas conquistas, havendo, portanto, entre eles, expressiva desigualdade.

Destaque que, com a Revolução Verde e com a expansão do cultivo de transgênicos, houve aumento do uso de agrotóxicos, o que compromete o meio ambiente e beneficia amplamente os fabricantes desses produtos. O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo.

Explique aos alunos que nanotecnologia é a tecnologia que trabalha em escala nanométrica (10menos métro; milionésima parte do milímetro) e é aplicada frequentemente à produção de circuitos e dispositivos eletrônicos com as dimensões de átomos ou moléculas.

Interdisciplinaridade

O professor de Ciências pode contribuir alertando para as consequências do uso de agrotóxicos e fertilizantes para a saúde humana. Algumas doenças podem estar associadas a esses produtos, como câncer, mal de Alzheimer, mal de párquinsôn, distúrbios hormonais etcétera, e afetam mais gravemente mulheres grávidas, crianças e pessoas que trabalham ou vivem próximo às áreas onde eles são aplicados.

5. Urbanização e capital financeiro

O recente processo de urbanização se confunde com a história da industrialização e da formação do capital financeiro – o capital representado por títulos e papéis negociáveis que podem ser convertidos em dinheiro. Os bancos ou instituições financeiras, frutos do desenvolvimento do capitalismo, tiveram e têm função importante na produção e na circulação de mercadorias em todo o mundo. De que fórma isso ocorre?

Essas empresas passaram a financiar as atividades produtivas e o consumo. Hoje, o capital financeiro está presente em quase todas as transações comerciais – a maioria das empresas e das pessoas dependem de empréstimos para adquirir imóveis, máquinas, matérias-primas etcétera

As cidades globais

A cidade sempre teve papel central na economia capitalista. Assim, os fatores locacionais para a implantação de instituições financeiras são, em certa medida, definidos pelo total da população de uma cidade e seu dinamismo econômico. Foram esses fatores que historicamente comandaram a distribuição espacial do sistema financeiro. Daí se explica a concentração espacial da atividade financeira em grandes cidades como Nova iórque, Londres, Paris, São Paulo, entre outras, o que, contemporaneamente, permitiu a formação das chamadas cidades globais.

As cidades globais se destacam pela importância econômica e por concentrarem atividades e infraestruturas indispensáveis na economia globalizada: bolsas de valores, aeroportos internacionais, amplos serviços de hotelaria, grandes centros de eventos, extensas redes de telecomunicação, muitos hospitais, diversos equipamentos culturais etcétera

Dependendo do grau de concentração dessas atividades e do alcance espacial que possuem, as cidades globais são divididas em seis grupos, em ordem decrescente de importância: alfa duplo mais, alfa mais, alfa, alfa , beta e gama. Nessa classificação, se uma cidade apresenta as atividades citadas anteriormente muito desenvolvidas e com maior alcance global, ela será uma cidade alfa duplo mais. A classificação das demais cidades do grupo alfa depende apenas do nível de interligação e da influência que exercem sobre a economia global. As cidades globais que contam com empresas de menor alcance espacial são classificadas como beta e gama.

Mundo: cidades globais do grupo alfa – 2018

Mapa. Mundo: cidades globais do grupo alfa – 2018. Mapa representando a localização das cidades globais do grupo alfa.
Alfa menos: Montreal, Washington D.C, Bogotá, Houston, São Francisco, Santiago, Tel Aviv, Nova Délhi, Riad, Amsterdã, Praga, Viena, Frankfurt, Budapeste, Roma, Luxemburgo, Barcelona, Lisboa, Dublin, Munique, Estocolmo, Manila, Shenzen e Johanesburgo.
Alfa: Melbourne, Bangcoc, Taipé, Mumbai, Moscou, Guangzhou, Zurique, Bruxelas, Varsóvia, Milão, Munique, Madri, Cidade do México, Toronto, Chicago, Los Angeles, Miami, Moscou, São Paulo, Buenos Aires, Istambul, Kuala Lumpur, Jacarta e Seul.
Alfa mais: Sidnei, Cingapura, Tóquio, Pequim, Xangai, Hong Kong, Dubai, Paris.
Alfa mais mais: Londres, Nova York.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.510 quilômetros.

Fontes: elaborado com base em í bê gê É. Atlas geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 32; gê á dáblio cê. The world according to2018. Disponível em: https://oeds.link/gqoOSf. Acesso em: 25 maio 2022.

Orientações e sugestões didáticas

Explique que o capital financeiro foi formado no final do século dezenove com a fusão dos monopólios bancários e industriais em alguns países europeus e nos Estados Unidos e que resultou da grande concentração e centralização do capital nas atividades industrial e bancária. À medida que os bancos usam o dinheiro depositado e aplicado pelos seus clientes em empréstimos para empresas industriais, comerciais etcétera, passam a influir no desenvolvimento delas. Além disso, como “donos” do capital financeiro, compram ações de empresas, o que lhes permite possuir participação nelas, aumentando consequentemente a concentração do capital tanto em âmbito mundial como nacional.

Auxilie os alunos na leitura do mapa. Chame a atenção deles para a hierarquia das cidades globais do grupo alfa e destaque o caso da cidade de São Paulo, no Brasil, solicitando que identifiquem outras cidades classificadas como alfa (Buenos Aires, Miami, Chicago, Taipé, Madri, Bruxelas etcétera). Solicite que expliquem a classificação das cidades globais e verifique se os alunos compreendem essa temática.

PERCURSO 6 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL E A IMPORTÂNCIA DA AGROPECUÁRIA

1. Crescimento da produção agropecuária

Além de a agropecuária reunir atividades de cultivo e criação de animais voltadas à produção de alimentos e de matérias-primas, ela também participa da produção de combustíveis e da geração de energia elétrica com o uso da biomassa.

Com o crescimento da população urbana no mundo, como estudamos no Percurso anterior, a agropecuária passou a ter uma importância ainda maior. Especialmente a partir da década de 1960, diante da acelerada urbanização também dos países de industrialização tardia, houve a necessidade de produzir mais alimentos para atender ao crescente número de habitantes das cidades. É nesse contexto que se insere o aumento da capacidade de produção do setor agropecuário.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (fáo), observa-se que a produção mundial de alimentos tem crescido constantemente nas últimas décadas, assim como o comércio internacional de produtos agropecuários. O gráfico, que mostra o aumento da produção e da exportação de banana no mundo, exemplifica esse processo de transformação do campo.

Recentemente, um relatório publicado pela Organização Mundial do Comércio (ó ême cê) indicou que, apenas entre 2000 e 2019, a exportação de produtos agrícolas apresentou aumento de 73%.

Mundo: produção e exportação de banana (em milhões de toneladas) – 1960-2020

Gráfico. Mundo: produção e exportação de banana, em milhões de toneladas,  1960 a 2020. Gráfico de linhas mostrando a evolução da produção e da exportação de banana no período.
Produção, linha verde 
1960: 24 milhões de toneladas.
1970: 30 milhões de toneladas.
1980: 40 milhões de toneladas.
1990: 50 milhões de toneladas.
2000: 70 milhões de toneladas.
2010: 110 milhões de toneladas.
2020: 124 milhões de toneladas.
Exportação, linha laranja
1960: 0,5 milhões de toneladas.
1970: 10 milhões de toneladas.
1980: 12 milhões de toneladas.
1990: 15 milhões de toneladas.
2000: 20 milhões de toneladas.
2010: 23 milhões de toneladas.
2020: 25 milhões de toneladas.

Fonte: fáo. faostát. Disponível em: https://oeds.link/3v1uph. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

Grafismo indicando atividade

Considerando o período representado no gráfico, quais mudanças no campo contribuíram para o aumento da produção de banana?

Orientações e sugestões didáticas

Ao analisar o gráfico, espera-se que, retomando os conteúdos estudados no Percurso anterior, os alunos relacionem esse aumento da produção com as inovações científicas e tecnológicas no campo.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você sabe quais produtos que consome ou usa no seu dia a dia têm origem direta ou indireta na agropecuária?

Orientações e sugestões didáticas

Ao responder à pergunta do boxe No seu contexto, espera-se que os alunos mencionem os alimentos que consomem diariamente e percebam que muitos produtos que usam no dia a dia são fabricados com matérias-primas produzidas no campo, como o algodão e o couro.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (fáo)

https://oeds.link/wwuUiw

Portal da fáo no Brasil, com informações sobre projetos desenvolvidos no país, publicações e acesso à base de dados da organização.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 6

Este Percurso aborda a expansão da demanda por produtos primários no âmbito do comércio mundial, considerando os principais exportadores e importadores de commodities agrícolas. Destaca as vulnerabilidades a que estão sujeitos os países cujas economias dependem das exportações dessas mercadorias. A produção de commodities muitas vezes ocorre em detrimento da produção voltada ao consumo das populações locais, privilegiando os interesses das grandes indústrias de alimentos, o que tem impacto nas fórmas de uso da terra, nas condições de vida das populações, muitas vezes caracterizadas pela precariedade da alimentação ou mesmo pela fome. O Percurso discute, por fim, iniciativas de produção de alimentos nos contextos urbanos.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero nove gê ê um três

O Percurso 6 aprofunda os conhecimentos sobre as relações entre produção agropecuária e sociedade urbano-industrial, contribuindo para que os alunos aprimorem a habilidade ê éfe zero nove gê ê um três ao analisar as desigualdades mundiais de acesso a alimentos e matérias-primas.

2. As commodities

O comércio mundial de produtos agropecuários abrange tanto os produtos alimentícios (cereais, frutas, carne, laticínios etcétera) como as matérias-primas para a indústria e o setor energético. Essa comercialização acontece principalmente na fórma de commodities, cujos preços são estabelecidos em escala internacional nas bolsas de mercadoriasglossário , como as de Chicago e Nova iórque, nos Estados Unidos, e Londres, no Reino Unido.

A variação dos preços das commodities reflete em toda a economia, já que são matérias-primas usadas para a fabricação de diversos produtos. Em caso de elevação, os alimentos ficam mais caros, prejudicando os consumidores – especialmente a população mais pobre, que, em geral, destina grande parte de seu rendimento para a aquisição de alimentos.

O mercado mundial de commodities é controlado por um restrito conjunto de trading companiesglossário , que são, principalmente, transnacionais. Elas têm grande poder, influenciam a formação de preços no mercado internacional, o valor dos fretes marítimos para transportá-las etcétera No Brasil, as tradings de commodities atuam na comercialização de soja, milho, açúcar, café, algodão e outros produtos e, nos últimos anos, têm atuado na aquisição de usinas de açúcar e etanol e no financiamento de sementes, agrotóxicos e fertilizantes para o agronegócio.

Note, nos quadros A e B, quais são os principais exportadores e importadores de commodities agropecuárias no mundo segundo a .

Países que são grandes exportadores de produtos agropecuários, mas não se destacam como produtores e exportadores de produtos industrializados, estão mais suscetíveis e vulneráveis à oscilação dos preços das commodities. Essa característica se aplica principalmente aos países em desenvolvimento, bem como aos emergentes, que em geral são economias dependentes da produção e da exportação de commodities, como é o caso do Brasil.

Quadro A. Principais exportadores de commodities agropecuárias – 2020

Bloco ou país

Valor exportado (em bilhões de dólares)

União Europeia (UE)*

653

Estados Unidos

170

Brasil

93

China

78

Canadá

70

Indonésia

46

Tailândia

41

México

41

Índia

39

Argentina

37

Quadro B. Principais importadores de commodities agropecuárias – 2020

Bloco ou país

Valor importado (em bilhões de dólares)

União Europeia (UE)*

597

China

216

Estados Unidos

186

Japão

77

Reino Unido

71

Canadá

41

Coreia do Sul

37

Rússia

30

México

28

Índia

26

Fonte: elaborados com base em WORLD TRADE ORGANIZATION. World trade statistical review 2021. Geneva: WORLD TRADE ORGANIZATION, 2021. página 69.

*União Europeia: união econômica e monetária que reunia 27 países da Europa até meados de 2022.

Grafismo indicando atividade

Com base nos quadros A e B, descreva a situação do Brasil em relação ao comércio internacional de commodities agropecuárias.

Orientações e sugestões didáticas

Com base nos quadros A e B, em 2020, o Brasil se destacou como um dos principais produtores mundiais de commodities agropecuárias, ocupando a terceira posição na lista dos principais exportadores. Todavia, o país não figurou entre os maiores importadores.

Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Organização Mundial do Comércio (ó ême cê)

https://oeds.link/SGyAil

Portal da ó ême cê, órgão internacional responsável por criar e fiscalizar regras sobre comércio entre seus países-membros, que possui grande quantidade de informações sobre o comércio mundial em gráficos, tabelas e mapas.

Orientações e sugestões didáticas

Esclareça aos alunos que cereais são espécies vegetais cujos grãos servem de base para a alimentação da população mundial, como trigo, arroz, milho, centeio, entre outros.

A análise dos quadros de principais países exportadores e importadores de commodities agropecuárias mobiliza o princípio de ordem do raciocínio geográfico. Questões relativas à insegurança alimentar estimulam o pensamento crítico a respeito de arranjos espaciais globais pertinentes à produção, à distribuição e ao consumo de alimentos.

Durante a leitura dos quadros, se necessário, esclareça aos alunos que a União Europeia é uma organização econômica regional formada, até meados de 2022, por 27 Estados (26 da Europa e Chipre, na Ásia), classificada como união econômica e monetária, que permite o livre trânsito de pessoas e mercadorias.

Ao abordar este tópico, mobilize os conhecimentos prévios dos alunos sobre o papel dos países da América Latina como fornecedores de commodities no comércio mundial, assunto estudado nos Percursos 19 e 20, da Unidade 5, no livro do 8º ano desta coleção.

Atividade complementar

Para facilitar a compreensão dos alunos e resolver possíveis dúvidas de interpretação dos quadros, é possível propor a atividade a seguir. Em um planisfério mudo, solicite aos alunos que representem os principais exportadores e importadores de commodities agrícolas em 2020, localizando os países dos quadros A e B. Oriente-os a criar uma legenda, inserir título, orientação e fonte. Sugira que analisem o mapa criado, destacando, com base na localização, aquilo que sabem sobre as características físico-naturais e sociais dos países considerados.

Commodities agropecuárias, uso da terra e indústria de alimentos

O uso da terra em diversos países é influenciado pelo mercado internacional de commodities agropecuárias. Áreas que eram usadas para produção de alimentos tradicionais, visando atender às necessidades de suas populações, foram substituídas pela agricultura comercial, voltada à produção de commodities para o mercado externo.

No Brasil, por exemplo, além dêsse fato, deve-se considerar que a expansão da fronteira agropecuária em direção ao Cerrado e à Floresta Amazônica, nas Grandes Regiões Centro-Oeste e Norte, ocorreu também pela grande procura por essas commodities nos mercados interno e externo – soja, algodão, milho, carne etcétera

O comércio mundial de comoditis agropecuárias destina-se, sobretudo, ao abastecimento da indústria de alimentos, e não à venda in natura. A indústria as transforma em diversos produtos, os chamados alimentos industrializados – enlatados, empacotados, engarrafados etcétera –, que são comercializados junto à crescente população urbana. Daí decorre a importância da agropecuária para a sociedade urbano-industrial.

Nas cidades, então, a obtenção de produtos alimentícios é realizada principalmente por meio de relações comerciais mediadas pelo dinheiro, isto é, os produtos são comprados por quem possui poder de compra; diferentemente, portanto, de relações no campo, onde o produtor pode plantar ou criar animais para o seu próprio sustento e da sua família e comercializar o excedente. O crescimento populacional e a urbanização, por conseguinte, têm exigido aumento da produção agropecuária, que tem ocorrido com apôio do desenvolvimento científico e tecnológico aplicado à produção rural, como estudamos no Percurso anterior.

Fotografia. Vista de uma extensa área plana ocupada por cultivo agrícola. No primeiro plano, uma colheitadeira circula pela faixa do terreno que tem o o solo quase inteiramente exposto, pois a maior parte da plantação já foi colhida. No segundo plano, faixa do terreno coberta pela plantação com folhagem verde. No terceiro plano, faixa de solo exposto e acima céu azul.
Plantação de soja no município de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso (2022).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Você consome ou usa algum tipo de commodity produzida no Brasil?

Orientações e sugestões didáticas

Em relação ao boxe No seu contexto, espera-se que os alunos identifiquem alguns exemplos de commodities agrícolas (trigo, soja, milho, açúcar, laranja etcétera) e apontem exemplos de produtos que são fabricados a partir delas.

Ainda em relação à destinação das commodites agropecuárias, explique que seu uso não se limita à produção dos alimentos industrializados citados para consumo humano, mas também se destinam à fabricação de rações para animais domésticos e, principalmente, de pecuária intensiva, sistema de criação no qual os animais são criados em confinamento (a exemplo das granjas de aves e porcos). Algumas dessas commodities também são usadas para a produção de combustíveis, a exemplo do biodiesel produzido com a soja e do etanol fabricado com o milho e a cana-de-açúcar.

O tema da produção de alimentos para a população urbana é propício para estimular reflexões sobre as relações entre campo e cidade. Chame a atenção dos alunos para as complementaridades e articulações estabelecidas entre essas distintas áreas e fórmas geográficas. Enfatize que não é possível compreender as suas dinâmicas separadamente. Ressalte, por exemplo, que, se por um lado o campo produz alimentos, matérias-primas etcétera para a cidade, esta, por sua vez, produz maquinário, pesquisa científica, insumos, entre outros produtos e serviços aplicados no campo. Cidade e campo, portanto, interagem de modo incessante, complementar e inseparável.

3. Desigualdade mundial de acesso a alimentos

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, a população mundial, em pleno século vinte e um, ainda sofre com a desigualdade de acesso aos alimentos ou com a insegurança alimentar – situação em que pessoas não têm acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, gerando desnutrição e fome.

Segundo a fáo, a produção de alimentos no mundo é suficiente para atender às necessidades de .2500 quilocalorias e 65 gramas de proteínas por dia a toda a população mundial. No entanto, em 2020, cêrca de 768 milhões de pessoas, aproximadamente 10% da população mundial, foram dormir todas as noites sem ter ingerido alimentos em quantidade e qualidade suficientes para manter a saúde (consulte o quadro A).

Quadro A. Mundo: número de pessoas desnutridas (em milhões) – 2020*

Continente ou região

Pessoas desnutridas (milhões)

Ásia

418,0

América Latina

59,7

África

281,6

Oceania

2,7

Total

768,0

*Projeção.

Fonte: elaborado com base em fáo. The state of food security and nutrition in the world 2021. Roma: fáo, 2021. página 12.

De acôrdo com o relatório Níveis e tendências da mortalidade infantil (2021), publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (unicéfi), no mundo, cêrca de 13,7 mil crianças entre 0 e 5 anos de idade morreram, em média, a cada dia de 2020, o que correspondeu a 5 milhões. Observe, no quadro B, as projeções da ônu para as taxas de mortalidade infantil do mundo e do Brasil no período de 2025 a 2030.

Quadro B. Mundo e Brasil: taxas de mortalidade (em ‰) – 2025-2030*

De 0 a 1 ano

De 0 a 5 anos

Mundo

26‰

36‰

Brasil

11‰

13‰

*Projeção.

Fonte: UNITED NATIONS. World population prospects: the Tiu taussand end nainetinrevisionumComprehensive tablesNew York: ú êne, 2019. página 218, 223, 229 e 235.

A maioria dessas crianças poderia ser salva se elas tivessem as condições mínimas de alimentação adequada e os cuidados médicos e sanitários básicos. As mortes dessas crianças não apontam como causa direta a fome ou a desnutrição, mas sim a desidratação, a tuberculose, a pneumonia, o sarampo, a malária e outras doenças, que, ao se instalarem em organismos debilitados em decorrência da desnutrição, causam óbitos, o que é menos provável em crianças bem alimentadas.

Fotografia. Destaque para uma mulher vestindo uma burca preta, sentada em um leito hospitalar coberto por lençol e fronha verdes. Ela observa um bebê deitado sobre o leito ao lado de uma boneca. Atrás dela, outros dois leitos hospitalares, um ocupado por um bebê e o outro desocupado.
Crianças iemenitas com quadro de desnutrição são observadas em um centro médico na província de Hodeida, no Iêmen (2021).
Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

HELENE, Maria Elisa Marcondes; MARCONDES, Beatriz; NUNES, Edelci.

Fome. São Paulo: Scipione, 2003.

As autoras abordam desde os mitos criados a respeito da questão da fome até a produção e o consumo de alimentos.

Ziclê, Jan.

A fome no mundo explicada ao meu filho. Petrópolis: Vozes, 2002.

Respondendo a perguntas feitas por seu filho indignado com a existência da fome no mundo, o autor aponta as relações com as causas políticas e econômicas.

Orientações e sugestões didáticas

Converse com os alunos sobre a importância para a saúde da ingestão adequada de calorias e nutrientes. Crianças com desnutrição grave têm o organismo muito debilitado, aumentando os riscos de morte. Doenças comuns, como resfriados ou crises de diarreia, podem levar crianças desnutridas a óbito.

Atividade complementar

Oriente os alunos a consultar o site do Instituto Comida do Amanhã, disponível em: https://oeds.link/ftX9bc; acesso em: 26 maio 2022. Organize-os em grupos, peça para que pesquisem vídeos, podcasts, artigos e notícias na biblioteca do site e elaborem uma síntese dos materiais consultados por meio de uma apresentação em sala de aula.

Outra possibilidade consiste em remeter os grupos para uma leitura orientada de uma das publicações dêsse instituto, em que cada um deles seria responsável por ler, interpretar, sintetizar e posteriormente apresentar partes da publicação. Para esse trabalho, sugerimos a publicação a seguir, na qual são apresentados os principais desafios do sistema alimentar no Brasil, valorizando-se os saberes, a cultura alimentar e receitas saudáveis desenvolvidas no território brasileiro: ROCHA, Mónica Guerra; TÂNGARI, Juliana Medrado; XAVIER, Francine Teixeira Isto não é (apenas) um livro de receitas: é um jeito de mudar o mundo. segunda edição Rio de Janeiro: Instituto Comida do Amanhã, unirrio, Fundação , 2019.

Temas contemporâneos transversais

O debate sobre a fome e a desnutrição no mundo possibilita discutir os temas Saúde, Educação Alimentar e Nutricional, Direitos das Crianças e do Adolescente e Educação em Direitos Humanos.

Interdisciplinaridade

As consequências fisiológicas da fome e da desnutrição podem ser trabalhadas em colaboração com o professor de Ciências.

Causas da insegurança alimentar

Não há apenas uma causa ou fator particular que explique a fome ou a desnutrição no mundo, mas sim um conjunto deles, em que se destacam:

  • as guerras e os conflitos internos em países, que inclusive dificultam ou impedem que a ajuda humanitária e alimentos cheguem ao seu destino;
  • o desperdício de alimentos, desde o transporte até o consumo pelas famílias, pelos restaurantes, pelas lanchonetes etcétera, que poderiam alimentar aqueles que não têm possibilidades de adquiri-los;
  • as mudanças climáticas que afetam a produção da agropecuária em determinadas áreas, comprometendo o abastecimento de alimentos;
  • a substituição de produtos alimentares in natura pelos industrializados, que, ao ficarem mais caros, geralmente limitam sua compra pelas pessoas mais pobres;
  • a substituição da agricultura de produtores alimentares pela agricultura comercial de exportação, como estudamos anteriormente.

Entretanto, a principal causa da desigualdade de acesso aos alimentos ou recursos alimentares é a pobreza em que vivem milhões de pessoas em todo o mundo, tanto nas áreas rurais como nas urbanas.

A existência da fome no mundo, ainda nos dias atuais, é uma situação vergonhosa para toda a humanidade.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Que medidas você e sua família costumam adotar para evitar o desperdício de alimentos?

Orientações e sugestões didáticas

Para responder à questão do boxe No seu contexto sobre as medidas adotadas para evitar o desperdício de alimentos, espera-se que os alunos percebam a importância de se combater essa prática e reflitam que ela está diretamente associada ao problema da insegurança alimentar e da fome no mundo.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

CHADE, Jamil.

O mundo não é plano: a tragédia silenciosa de um bilhão de famintos. São Paulo: Saraiva, 2009.

Nesse livro, o autor relata as brutais contradições que envolvem a ocorrência da fome no mundo e suas implicações políticas e comerciais.

4. A agricultura urbana

Há alguns anos vem se tornando comum a prática da agricultura urbana. Com ou sem apôio dos órgãos de administração pública municipais, grupos de pessoas de comunidades urbanas estão se aproveitando de terrenos ociosos ou sem construções para o plantio de frutas e a criação de animais de pequeno porte.

Já implantada em várias cidades do Brasil, essa prática possibilita a ampliação do acesso a alimentos a quem precisa, além de permitir trocas, doações e comercialização. Assim, cumpre não só o objetivo de melhorar a alimentação, como também, no caso da comercialização, de aumentar o rendimento de quem necessita para que possa adquirir produtos de primeira necessidade.

Fotografia. Vista para uma linha de transmissão, cuja superfície é ocupada por uma horta com diversos tipos de cultivos. Entre os cultivos, um homem de pé, vestindo bermuda azul, camiseta vermelha e chapéu está regando a plantação. Nas margens da linha de transmissão, há casas e edifícios. Acima, céu azul.
Horta comunitária no bairro Jardim Tietê, na cidade de São Paulo, São Paulo (2021).
Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Na localidade onde você mora é praticada a agricultura urbana? Caso não seja, você acha possível introduzi-la?

Orientações e sugestões didáticas

As respostas às questões do boxe No seu contexto sobre a agricultura urbana dependem da localidade onde o aluno mora. Não existindo agricultura urbana na localidade, um modo de introduzi-la é começar pelo aproveitamento de área de terra ociosa na própria escola ou em seu entôrno.

Sugerimos contextualizar e discutir com os alunos os efeitos duradouros da pandemia da Covid-19, em 2020 e nos anos seguintes, na insegurança alimentar mundial. Caso avalie oportuno, consulte a publicação: fáo. El estado de la seguridad alimentaria y la nutrición en el mundotuên tuên uãn. Roma: fáo, fida, ó ême ésse, pê ême a e unicéfi, 2021.

Em 2014 apenas 3,6% dos brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar grave, fato que permitiu que o país fosse retirado do chamado “Mapa da Fome” da ônu pela primeira vez na história. Já em 2020 o país voltou para o “Mapa da Fome”. Para abordar esse tema com os alunos, sugerimos trabalhar com eles os textos e informações da publicação a seguir: A FOME é real: cada vez mais brasileiros vivem o risco de não ter o que comer. . Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, número 225, junho 2021.

Competências

O debate sobre os problemas da fome e da desnutrição permite o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas 2: “Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico-informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço, para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo”. Também mobiliza a Competência Específica de Geografia 5: “Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da Geografia”.

Atividade complementar

Peça aos alunos que façam uma pesquisa sobre o Bolsa Família, programa social do govêrno federal, criado em 2003 e substituído pelo “Auxílio Brasil”, em 2021, relacionando-o com a questão da insegurança alimentar no Brasil. Oriente-os a acessar o site do Ministério da Cidadania.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Direito humano à alimentação adequada e soberania alimentar

“O direito humano à alimentação adequada reticências é o direito de todas as pessoas e povos ao acesso físico e econômico, de modo regular, permanente e livre, diretamente ou por meio de compras financiadas, à alimentação suficiente e adequada, em quantidade e qualidade, em conformidade com as tradições culturais, assegurando sua realização física e mental para que obtenham uma vida digna reticências. Esta adequação incorpora aspectos relacionados à: diversidade e adequação nutricional e cultural da dieta, incluindo a promoção do aleitamento materno; necessidade de estar livre de substâncias nocivas; proteção contra a contaminação; informação sobre adequação de dietas e conteúdo nutricional dos alimentos.

reticências

Se fizermos uma breve retrospectiva histórica, poderemos perceber que em 1946 o sociólogo Josué de Castro reticências já denunciava que a fome epidêmica e endêmica não era resultado de problemas naturais e climáticos, nem de baixa fertilidade do solo, mas sim, evidenciava um problema de ordem social e política, enraizado na pobreza e na miséria do povo. reticências É, portanto, um problema político, cuja superação, necessariamente, passa pela ação política do Estado no sentido de criar condições de acesso à terra e à renda para a população garantir sua própria alimentação. Por influência dos países centrais, o govêrno brasileiro e muitos outros governos procuraram responder ao problema levantado com a introdução da chamada ‘Revolução Verde’reticências. Introduziu-se, assim, um modêlo agroexportador centrado nas monoculturas, especialmente da soja, eucalipto, cana-de-açúcar, e nos transgênicosreticências.

Essa situação brevemente descrita evidencia que muitos países, regiões e municípios, também dentro do Estado brasileiro, vivem sem soberania alimentar e outros tantos vivem com sua soberania alimentar ameaçada pelos fatores já considerados. Pois, um país ou região somente é soberano quando tem autonomia para decidir, livre de qualquer fórma de pressão, sobre sua política econômica, social, ambiental e cultural. reticências Por sua vez, esses meios de subsistência devem fundar-se em bases sustentáveis ambiental, econômica, social e culturalmente.”

CONTI, Irio Luiz. Segurança alimentar e nutricional: noções básicas. Passo Fundo: ifíbe, 2009. página 23-29.

Mundo: biodiversidade inexplorada

Gráfico. Mundo: biodiversidade inexplorada. Gráfico circular representando a quantidade de espécies de plantas existentes (setor laranja), de espécies de plantas comestíveis (setor lilás) e de espécies de plantas que são usadas como alimento humano (setor verde-claro).
250.000 a 300.000: espécies de plantas existentes.
10.000 a 50.000: são comestíveis.
150 a 200: são usadas como alimento humano.
Ao lado do gráfico, texto: apenas três culturas - arroz, milho e trigo – fornecem quase 60% das calorias e proteínas que os humanos obtêm de plantas.
Nas últimas décadas tem havido padronização dos cultivos em todo o mundo, principalmente com a disseminação de variedades adaptadas ao pacote tecnológico da Revolução Verde e pela expansão do plantio de organismos geneticamente modificados (sementes transgênicas). Consequentemente, muitas variedades de sementes locais deixaram de ser plantadas, diminuindo a diversidade de espécies cultivadas. Essa uniformização da produção de alimentos influi na soberania alimentar das populações.

Fonte: fáo. Biodiversity to nurture people. Disponível em: https://oeds.link/JljTff. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

 Interprete

1. Por que o autor relaciona a alimentação adequada contínua com a garantia de acesso ao emprêgo e à terra?

 Argumente

2. Como você explicaria a importância do direito à alimentação para os indivíduos e para a sociedade?

 Contextualize

3. Apesar de a ônu enfatizar o direito à alimentação, você acredita que ele está concretizado na localidade ou região onde você mora?

Orientações e sugestões didáticas

Considerando a temática abordada na seção, explique aos alunos que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ó dê ésse), da ônu, é justamente o ó dê ésse dois, cujo foco é acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Para mais informações acêrca das metas relacionadas a este e a outros ó dê ésse, você pode acessar o site com os indicadores brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, disponível em: https://oeds.link/is4v7R; acesso em: 11 julho 2022.

Respostas

  1. Tanto a população rural como a urbana têm necessidade de emprêgo para garantir o acesso à alimentação adequada contínua. No caso rural, o acesso à terra e o seu aproveitamento para a produção são também fatores fundamentais para assegurá-la.
  2. Os alunos poderão argumentar que, por se tratar de uma necessidade humana básica, o direito à alimentação constitui um tema de importância central para os indivíduos e para as sociedades. Por essa razão, devem-se evitar a indiferença e a omissão diante do sofrimento de seres humanos com a falta de alimentos. A ocorrência da fome é vergonhosa, o que torna esse fato uma questão não somente de solidariedade, mas também moral.
  3. Depende da localidade ou região em que o aluno mora. Incentive os alunos a se informar sobre algum programa municipal ou regional de combate à fome ou de acesso à alimentação adequada e contínua por meio do fomento ao emprêgo e do acesso à terra.

Tema contemporâneo transversal

O tema Educação em Direitos Humanos pode ser desenvolvido por meio do texto e das atividades da seção Cruzando saberes, ao tratar do direito humano à alimentação adequada.

Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 5 e 6

Registre em seu caderno.

  1. Explique com suas palavras o que é urbanização.
  2. Caracterize megacidade e megalópole.
  3. Aponte a relação entre a modernização das atividades agropecuárias, os avanços científicos e tecnológicos e o desemprêgo no campo.
  4. Existe relação entre a importância da agropecuária e o processo de urbanização em curso no mundo? Explique.
  5. Aponte a relação entre a elevação dos preços das commodities agropecuárias, indústria de alimentos e população com baixo rendimento.
  6. Há relação entre a procura no mercado mundial pelas commodities agropecuárias e o uso da terra rural? Explique.
  7. Explique o que é insegurança alimentar, suas consequências e aponte qual é a sua abrangência entre a população mundial.
  8. Segundo o unicéfi, qual foi, em média, o número diário de mortes de crianças entre 0 e 5 anos de idade em 2020? Como se poderia evitar parte desses óbitos?
  9. Com auxílio de um planisfério político, interprete o mapa a seguir e responda às questões.

Mundo: fome e pobreza – 2015

Mapa. Mundo: fome e pobreza, 2015. Mapa representando o nível de suficiência alimentar por país.
País caraterizado por
suficiência alimentar (exportador de alimentos): Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Vietnã, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Canadá, Malásia, Indonésia Espanha, Ucrânia, Uzbequistão, Turcomenistão, Iraque, França, Irlanda, Países Baixos, Bélgica, Dinamarca, Polônia, Lituânia, Moldávia, Montenegro, Sérvia, Hungria, Costa do Marfim, Burquina Faso, Gana, Colômbia, Guiana Francesa, Costa Rica, Belize, El Salvador e Honduras.
Suficiência alimentar (importador de alimentos): China, Rússia, Itália, Portugal, Alemanha, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Líbia, Tunísia, México, Venezuela, Peru, Cuba, Haiti, República Dominicana, Panamá, Suriname Islândia, Reino Unido, Suécia, Finlândia, Noruega, Letônia, Estônia, Belarus, Alemanha, Portugal, Suíça, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Albânia, Grécia, Macedônia do Norte, Turquia, Romênia, Bulgária, Azerbaijão, Geórgia, Irã, Líbano, Chipre, Israel, Jordânia, Catar, Omã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Líbia, Tunísia, Marrocos, Argélia, Mauritânia, Nigéria, Guiné, Gabão, Cazaquistão, Nepal, botão, Quirguistão, Japão, Coreia do Sul e Filipinas
Insuficiência alimentar (exportador de alimentos): Guatemala Nicarágua, Índia, Bolívia, Equador, Etiópia, Quênia, Uganda, Chade, Camarões, Togo, República Centro-Africana, Zâmbia, Zimbabue e Papua-Nova Guiné.
Insuficiência alimentar (importador de alimentos): Mongólia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Armênia Tajiquistão, Tailândia, Laos, Camboja, Iêmen, Sri Lanka, Coreia do Norte, Sudão, Sudão do Sul, Angola, Namíbia, República Democrática do Congo, Somália, Níger, Guiné, Libéria, Guiné-Bissau, Serra Leoa, Togo, Benim, Guiné Equatorial, Congo, Angola, Namíbia, Ruanda, Burundi, Tanzânia, Madagascar, Moçambique e Botsuana.
Sem dados: Saara Ocidental, Groenlândia e Antártida. 
Países onde mais de 50 por cento da população vive com menos de 1,90 dólar por dia: Haiti, Uzbequistão, Madagascar, Moçambique, Lesoto, Zâmbia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Nigéria, Níger, Mali, Benin, Togo, Libéria, Serra Leoa e Senegal.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.830 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Moderno atlas geográfico. sexta edição São Paulo: Moderna, 2016. página 25.

  1. Aponte pelo menos quatro países onde mais de 50% da população vivia com menos de 1,90 dólar por dia em 2015.
  2. Qual é a contradição na situação da Índia, da Bolívia e do Equador nessa representação cartográfica?
Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Urbanização é o processo no qual a população urbana cresce em ritmo mais acelerado que a população rural. É um fenômeno demográfico que se caracteriza pela tendência de concentração da população de um país ou região nas cidades.
  2. Megacidade é aquela com mais de 10 milhões de habitantes, deconsiderando-se sua região metropolitana. Megalópole corresponde a grandes aglomerações urbanas formadas por mais de uma metrópole ou megacidade e cujos limites se interpenetram (conurbação).
  3. A modernização técnico-científica aplicada à produção no campo reduz significativamente a demanda por mão de obra, provocando o desemprêgo estrutural no campo.
  4. Sim. A agropecuária passou a ter maior importância com a urbanização mundial em curso, pois se tornou necessário produzir alimentos e matérias-primas para atender às necessidades das populações crescentes nas cidades.
  5. A elevação dos preços das commodities agropecuárias provoca alta dos preços dos produtos alimentares industrializados, prejudicando a população como um todo, mas principalmente os mais pobres, que não possuem meios para dispender mais dinheiro a fim de adquiri-los.
  6. Sim. Muitas áreas rurais que eram destinadas à produção de alimentos tradicionais, que atendiam às necessidades das populações locais, foram substituídas para a produção de commodities em razão da procura e do maior preço destas no mercado mundial.
  7. É a situação em que pessoas, famílias ou populações não têm acesso adequado (em quantidade e qualidade) a alimentos; e as consequências disso são a desnutrição e a fome. Segundo a ônu, a insegurança alimentar abrangia mais de 768 milhões de pessoas em 2020, o que correspondia a cêrca de 10% da população mundial.
  8. cêrca de 13,7 mil crianças entre 0 e 5 anos, em média, morreram por dia em 2020, o que correspondeu a 5 milhões naquele ano. As causas foram: desidratação, tuberculose, pneumonia etcétera Essas doenças raramente causam óbitos em crianças bem alimentadas.
    1. Haiti, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malaui, Moçambique, Madagascar, Lesoto, Mali, Níger, Nigéria, Benin, Togo, Burquina Fasso, Guiné Bissau, Serra Leoa, Libéria e Uzbequistão.
    2. Esses países têm insuficiência alimentar, mas figuram como exportadores de alimentos.

10. Leia a pergunta a seguir.

É possível identificar hábitos de consumo influenciados pela globalização cultural na localidade em que você vive? Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso desenvolver uma atividade de pesquisa, na qual você deverá observar, tomar notas e construir um relatório com a descrição de aspectos e elementos que ajudam a respondê-la. Reúnam-se em grupo para planejar a realização da pesquisa e sigam as orientações.
  1. Definam o significado de cultura globalizada. Por meio de que aspectos ela pode ser observada?
  2. Organizem um roteiro de campo para que vocês observem, na localidade onde vivem, manifestações que podem ser relacionadas à cultura globalizada.
  3. Usem um caderno para tomar notas durante a observação, descrevendo de que modo essas manifestações aparecem. Vocês podem fazer registros fotográficos.
  4. Por fim, o grupo deverá organizar um relatório com base nas notas descritivas e nas fotografias. As informações apresentadas devem responder à pergunta inicial.

11. Josué de Castro (1908-1973), médico e geógrafo, dedicou sua vida ao estudo da fome e publicou vários livros sobre o tema. Leia o fragmento de texto e, com os conhecimentos que adquiriu, responda às questões.

A fome não é um fenômeno natural e sim um produto artificial de conjunturas econômicas defeituosas .

CASTRO, Josué de. O livro negro da fome. São Paulo: Brasiliense, 1960. página 26.

  1. Cite pelo menos uma conjuntura econômica que explique a existência da fome ou da insegurança alimentar.
  2. Você observa alguma relação entre ocorrência de fome e sociedade de consumo?

12. No livro A fome no mundo explicada ao meu filho, o autor aborda questões relacionadas à existência da fome no mundo. Leia o questionamento a seguir e responda.

— Não consigo entender como é possível que, no início do novo milênio e num planeta tão rico, tantos seres humanos continuam morrendo de fome.

Ziclê, Jan. A fome no mundo explicada ao meu filho. Petrópolis: Vozes, 2002. página 15.

  1. Como você explicaria essa questão?
  2. Em dupla, decomponham o questionamento acima em outras cinco questões.

13. Em grupo, procurem se informar sobre as questões a seguir, referentes ao lugar onde vivem.

  1. Se há pessoas ou famílias em situação de insegurança alimentar.
  2. Se essas pessoas recebem alguma fórma de auxílio por meio de programas do govêrno, de voluntários etcétera
  3. Você e os membros de seu grupo acreditam que essas iniciativas são suficientes para resolver o problema da insegurança alimentar? Que outras medidas sugerem?
Orientações e sugestões didáticas
  1. A atividade propicia aos alunos desenvolver a prática de pesquisa voltada a observação, tomada de notas e construção de relatórios. Ao realizar a atividade, espera-se que os alunos compreendam que com a globalização tem ocorrido a difusão de hábitos de consumo ou a padronização deles, principalmente nas cidades. Como exemplo, pode ser citada a padronização do vestuário, de alimentos (fast-foods), de bebidas, dos meios de comunicação, destacando o advento das redes sociais, além de outros aspectos culturais facilmente identificáveis, como a música e o cinema.
    1. A pobreza em que vivem milhões de seres humanos em todo o mundo; o desperdício de alimentos; a prioridade dada à agricultura comercial de exportação em detrimento da agricultura de produtos alimentares etcétera
    2. Espera-se que os alunos percebam que na sociedade de consumo há muito desperdício de alimentos, que poderiam ser destinados àqueles que precisam.
    1. Espera-se que os alunos reconheçam que há conjugação de fatores que explicam a existência da fome no mundo: guerras e conflitos internos; desperdício de alimentos etcétera Porém, as principais causas são a pobreza e a desigual distribuição mundial da riqueza, decorrentes do modêlo econômico implantado, que gera uma sociedade injusta e excludente.
    2. A proposta dessa atividade estimula a capacidade de produzir análises. Para isso, os alunos devem discutir a pergunta feita pelo autor sem respondê-la, e formular novas perguntas que ajudem a decompor o problema apresentado em partes menores. Esse é um princípio da resolução de problemas e está atrelado ao pensamento computacional. Em uma segunda etapa, os alunos podem compartilhar as perguntas que criaram com a turma. Esse procedimento também permite que os estudantes tenham contato com diferentes perspectivas de um assunto e ampliem sua visão de mundo.
  2. Depende do lugar onde os alunos vivem. Ao realizar a atividade, espera-se que, nos grupos, os alunos consigam reconhecer que o trabalho dos voluntários é importante e é exemplo de solidariedade humana, pois a fome não pode esperar. No entanto, o problema é estrutural, o Estado e a sociedade deveriam se empenhar em disponibilizar os meios para que milhões de seres humanos saiam da condição de pobreza.

PERCURSO 7 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL E FONTES DE ENERGIA

1. Da lenha à energia termonuclear e às fontes alternativas de energia

Durante séculos, lenha e carvão vegetal foram as principais fontes de energia empregadas pelos seres humanos. O uso dessas energias no cozimento de alimentos e na geração de calor foi importante para a sobrevivência de populações em todo o mundo.

Nos dias atuais, essas fontes ainda são usadas, mas, com o desenvolvimento industrial, a urbanização e o crescimento populacional, surgiu a necessidade de obter novas fontes de energia: carvão mineral, petróleo, gás natural, hidráulica, termonuclear, entre outras.

Diversas atividades humanas se desenvolveram com a descoberta dessas novas fontes, não somente a indústria, mas também a agropecuária, o comércio, os transportes, os serviços médicos etcétera

Contudo, no decorrer dos séculos dezenove, vinte e vinte e um, o uso dessas fontes energéticas causou sérios impactos ambientais, incentivando a busca por fontes alternativas de energia.

2. Fontes de energia renováveis e não renováveis

No mundo atual, as principais fontes de energia podem ser classificadas em renováveis e não renováveis.

As fontes renováveis de energia são aquelas que não se esgotam com o uso: biomassa, hidráulica (da água), eólica (do vento), solar (calor do sol), geotérmica (do interior da Terra) e maremotriz (das ondas do mar, marés ou correntes marítimas). Esse conjunto de fontes de energia é denominado também de fontes sustentáveis de energia, pois permitem crescimento e desenvolvimento econômico de modo sustentável, com baixo impacto ao meio ambiente.

Já as fontes não renováveis de energia, como é o caso dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural), exigem milhões de anos para se formar e esgotam-se.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

, Denise M. E.; MAGOSSI, Luiz Roberto; BONACELLA, Paulo Henrique.

Sustentabilidade ambiental: uma questão de consciência. São Paulo: Moderna, 2015.

O livro destaca o que podemos fazer em nosso cotidiano a fim de contribuir para que o desenvolvimento sustentável se concretize.

BRANCO, Samuel Murgel.

Energia e meio ambiente. São Paulo: Moderna, 2004.

Aborda os benefícios do desenvolvimento das fontes de energia para a humanidade, bem como os problemas ambientais decorrentes do seu uso, além da necessidade do uso de fontes sustentáveis de energia.

3. Combustíveis fósseis

Carvão mineral, petróleo e gás natural, que constituem as principais fontes da matriz energética global (como estudaremos no Percurso 8), são causadores de grandes impactos ambientais: efeito estufa, poluição da atmosfera, chuvas ácidas, contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas etcétera

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 7

Neste Percurso, os alunos poderão conhecer as principais fontes de energia empregadas na atualidade e as consequências socioambientais desses usos. Dê especial atenção aos processos de formação do carvão mineral e do petróleo. Discuta a participação dos maiores produtores e consumidores da energia produzida por essas fontes. Com relação à energia elétrica, destaque as três fórmas principais de produção: hidreletricidade, termeletricidade e eletronuclear, além das fontes de energia alternativas.

No decorrer do estudo deste Percurso, tenha em vista abordar características da exploração mineral na América e na África, conteúdos abordados nos Percursos 21 e 31, respectivamente as Unidades 6 e 8, no livro do 8º ano desta coleção.

Habilidade da Bê êne cê cê

ê éfe zero nove gê ê um oito

O surgimento das sociedades urbano-industriais significou aumento da demanda por energia. Ao longo da história, os seres humanos transformaram as técnicas de obtenção de energia, ampliando seus conhecimentos sobre as possíveis fontes a serem usadas. A abordagem dêsse assunto possibilita que os alunos compreendam as condições atuais de distintos usos de recursos naturais e fontes de energia, proporcionando o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove gê ê um oito.

Interdisciplinaridade

Com o professor de História, sugere-se trabalhar a evolução das principais fontes de energia exploradas pelas sociedades humanas. Destaque os avanços técnicos para obtenção de energia, relacionando-os com as transformações na interação dos seres humanos com a natureza.

Carvão mineral

Observe a sequência de ilustrações. No decorrer do tempo geológico, houve momentos em que as águas do mar avançaram sobre os continentes, submergindo porções de áreas florestadas. Os detritos ou sedimentos existentes em suspensão nessas águas foram, pouco a pouco, depositados, recobrindo as florestas inundadas. No decorrer de milhões de anos, a madeira “enterrada” transformou-se em carvão mineral.

Fases da formação do carvão mineral

Ilustração. Fases da formação do carvão mineral. Quatro ilustrações representam o processo de formação de uma reserva de carvão mineral.
Ilustração 1: Formação do lago de origem glacial. Perfil de uma superfície composta por uma geleira, um lago e substrato rochoso. O contato entre a geleira e o lago é indicado como água do degelo e detritos. O leito do lago é coberto por uma camada fina de arenito fluvioglacial e conglomerado residual sob a água. Na vertente direita do leito do lago consta uma seta em direção à superfície terrestre indicando corrente de água escavando depressões. O substrato rochoso é composto por duas camadas: a superior é marrom escura e a inferior é marrom clara.
Ilustração 2: Formação de um pântano. Perfil de uma superfície composta por um lago e um substrato rochoso. As margens do lago são cobertas por vegetação rasteira verde. O leito do lago é coberto por uma fina camada verde, denominada de depósito vegetal. A segunda camada em direção ao substrato rochoso é cinza-escura e denominada de calcário. A terceira camada é bege e denominada de conglomerado. A quarta camada é marrom escura e denominada de tilito; a quinta camada é a marrom clara.
Ilustração 3: Preenchimento da depressão pela turfa. Perfil de uma superfície terrestre plana coberta por vegetação rasteira, árvores esparsas e substrato rochoso com diversas camadas. A primeira camada é marrom escura, possui vinte metros de profundidade e é denominada de turfa. A segunda camada é cinza-escura e a terceira é bege. A quarta camada é marrom escura denominada de tilito a quinta é a marrom clara.
Ilustração 4: Estágio final. Perfil de uma superfície terrestre levemente inclinada coberta por vegetação rasteira, árvores esparsas e substrato rochoso com diversas camadas. A primeira camada é marrom, a segunda camada é preta e denominada de carvão mineral, a terceira é cinza-escura, a quarta camada é bege, a quinta camada é marrom escura e a sexta é marrom clara. Ao lado, caixa de texto: Forma-se o carvão mineral e a deposição de sedimentos continua.

Fonte: leins, ; AMARAL, Sérgio E. do. Geologia geral. décima quarta edição São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. pê ponto 208.

Nota: Ilustrações para fins didáticos; não apresentam a proporcionalidade e a côr exata dos elementos representados. Arenito, tilito e calcário são tipos de rocha sedimentar; turfa é o primeiro estágio da transformação da madeira em carvão mineral.

Fotografia. À direita, vista para uma superfície plana coberta por carvão mineral (material escuro) e uma fila de máquinas de extração mineral. À esquerda, superfície inclinada composta por camadas de carvão mineral (material escuro). Ao fundo, máquina de transporte de material.
Extração de carvão mineral próximo à cidade de Brandenburgo, na Alemanha (2022). Repare que a mineração alterou profundamente a paisagem local.
Orientações e sugestões didáticas

Faça a distinção entre carvão vegetal e mineral: enquanto o primeiro é obtido por meio da queima de madeira, o segundo resulta da deposição de restos vegetais em águas rasas, que, com o passar do tempo, sofrem decomposição nas condições exemplificadas nas ilustrações.

Explique aos alunos alguns termos que aparecem nessa representação. Conglomerado é um agrupamento de seixos rolados unidos por um cimento, formando um depósito consolidado. Tilito é um sedimento de origem glacial constituído de argilas e seixos. Calcário é uma rocha sedimentar formada de carbonato de cálcio, muito usado na produção de cimento. Turfa é um depósito recente de carvão, formado principalmente em regiões de clima frio.

O território brasileiro não apresenta grandes jazidas de carvão mineral. Os principais produtores nacionais são os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, cuja produção não é suficiente para abastecer as necessidades internas, o que torna o Brasil um importador de carvão mineral. Observe os gráficos A e B.

Gráfico A. Mundo: participação na produção de carvão mineral (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de carvão mineral, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de carvão mineral. A porcentagem de cada país é representada por uma cor. China, em vermelho: 50,7%. Indonésia, em laranja: 8,7%. Índia. em amarelo: 7,9%. Austrália, em verde: 7,8%. Estados Unidos, em roxo: 6,7%. Outros, em cinza: 18,2%.

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de carvão mineral (em porcentagem) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de carvão mineral, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de carvão mineral. 
China, em vermelho: 54,3%. Índia, em amarelo: 11,6%. Estados Unidos, em roxo: 3,0%. Japão, em azul-claro: 3,0%; Indonésia, em laranja: 2,2%. Outros, em cinza: 22,8%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 48-49.

Grafismo indicando atividade

Qual é a participação na produção mundial, em porcentagem, dos cinco maiores produtores de carvão mineral?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico a, os cinco maiores produtores de carvão mineral respondem por 81,8% da produção mundial. Explique aos alunos que, em cada 100 toneladas extraídas de carvão mineral, os cinco maiores produtores são responsáveis por 81,8 toneladas.

Grafismo indicando atividade

Qual é a participação no consumo mundial, em porcentagem, dos cinco maiores consumidores de carvão mineral?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico B, os cinco maiores consumidores de carvão mineral respondem por 77,2% do consumo mundial.

Petróleo

A formação geológica do petróleo é semelhante à do carvão mineral: origina-se da transformação do plânctonglossário depositado no fundo de oceanos, lagos e lagunas desde remotas eras geológicas.

Não se sabe ao certo quando o ser humano descobriu o petróleo. Sabe-se, no entanto, que o betume (petróleo no estado sólido) já era conhecido do mundo antigo, tendo sido usado como liga na construção da muralha da Babilônia e pelos antigos egípcios em aplicações diversas.

Formação do petróleo

Ilustração. Formação do petróleo. Ilustração composta quatro blocos diagramas que retratam os diferentes estágios de formação das reservas de petróleo.
Bloco diagrama 1: composto por uma ampla superfície de água e uma camada de solo oceânico (camada marrom). Texto: o plâncton é depositado no leito oceânico.
Bloco diagrama 2: composto por superfície de água; uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta e uma camada marrom. Na parte cinza e preta, texto: O petróleo e o gás natural formam-se em rochas sedimentares porosas.
Bloco diagrama 3: composto por superfície de água; uma camada amarela; uma camada fina roxa com texto: rocha não porosa ou impermeável; uma camada espessa cinza e preta, uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; e solo oceânico. Abaixo do bloco diagrama, texto: o petróleo e o gás deslocam-se para camadas superiores.
Bloco diagrama 4: composto por superfície de água; uma camada amarela; uma camada fina roxa; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; uma camada fina roxa; uma camada fina amarela; uma camada espessa cinza e preta; uma camada fina laranja; e solo oceânico. A lateral do bloco diagrama contém uma falha tectônica. Abaixo do bloco diagrama, texto: o petróleo e o gás são retidos em bolsões ou reservatórios.

Fonte: elaborado com base em , Djón. Dicionário escolar da Terra. Porto: Civilização, 1996. página 168.

Nota: As ilustrações não apresentam a proporcionalidade e a côr exata dos elementos representados.

Orientações e sugestões didáticas

Se achar interessante, informe aos alunos que o betume é um material rico em compostos de carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos) e muito viscoso ou sólido. Esse material é conhecido desde a Antiguidade, admitindo-se que foi empregado na construção dos Jardins Suspensos da Babilônia, no reinado de Nabucodonosor, entre 604 antes de Cristo e 562 antes de Cristo

Atividade complementar

Caso os alunos tenham dificuldades para compreender o esquema de formação do petróleo, oriente-os a descrever oralmente sua formação com base na observação do esquema, anotando em seu caderno as dúvidas que surgirem. Após a leitura do esquema, esclareça as dúvidas e peça aos alunos que façam uma nova leitura, verificando se compreenderam como se fórma o petróleo.

Interdisciplinaridade

É possível desenvolver com o professor de Língua Portuguesa as relações entre a literatura e os esforços para a descoberta de petróleo no Brasil. Para isso, apresente aos alunos o autor Monteiro Lobato. Instigue-os perguntando se conhecem esse importante escritor brasileiro e quais são suas obras. Sugere-se trabalhar o livro O poço do Visconde, de 1937, chamando a atenção para os trechos que mencionam a visão do autor sobre o petróleo. Promova leituras coletivas e debates sobre o texto.

A indústria do petróleo surgiu a partir de 1859, quando, nos Estados Unidos, perfurou um poço para obter água e atingiu um lençol petrolífero a cêrca de 20 metros de profundidade. No fim do século dezenove, esse país tornou-se o maior produtor mundial de petróleo e de seus derivados (gasolina, querosene, diesel, óleo lubrificante etcétera).

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, destaque para uma superfície plana com uma máquina de exploração de petróleo em terra ao lado de uma grande estrutura de ferro erguida com uma bandeira no topo e um tanque. Um homem de pé e de uniforme militar está ao lado da estrutura. No segundo plano, uma vertente de morro coberta por bananeiras, outras árvores e rocha exposta.
Poço de petróleo em Lobato, Bahia (1939).

A descoberta de petróleo no território brasileiro ocorreu em 1939, no Recôncavo Baiano, no município de Lobato (foto).

Atualmente, o petróleo e seus derivados são a principal fonte de energia no mundo. O modêlo de industrialização adotado no século vinte se baseou em seu uso nas cadeias produtivas, como também nos meios de transporte.

A exploração do petróleo criou novas fórmas no espaço geográfico, alterando a paisagem. As tôrres de extração, oleodutos, refinarias e plataformas marítimas são o retrato da civilização desenvolvida em tôrno dessa fonte de energia, da qual a maior expressão é o uso do automóvel movido a derivados do petróleo.

Observe nos gráficos A e B os principais países produtores e consumidores de petróleo do mundo.

Gráfico A. Mundo: participação na produção de petróleo (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de petróleo, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de petróleo. Cada país está representado por uma cor. Estados Unidos, em lilás: 17,1%. Rússia, em laranja: 12,6%. Arábia Saudita, em amarelo: 12,5%. Canadá, em verde-claro: 6,1%. Iraque, em verde-escuro: 4,9%. China, em vermelho: 4,7%. Emirados Árabes Unidos, em azul-escuro: 4,0%. Brasil, em azul: 3,8%. Irã, em azul-claro: 3,4%. Kuait, em rosa: 3,1%. Outros, em cinza: 27,8%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 19.

Grafismo indicando atividade

Entre os 10 países maiores produtores de petróleo no mundo, qual é a participação, em porcentagem, dos países da América?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico A, a participação dos países da América entre os 10 maiores produtores de petróleo no mundo corresponde a 27%.

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de petróleo (em porcentagem) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de petróleo, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de petróleo. 
Estados Unidos, em lilás: 18,5%. China, em vermelho: 16,7%. Índia, em amarelo: 5,3%. Japão, em azul-claro: 3,7%. Rússia, em laranja: 3,7%. Coreia do Sul, em azul-escuro: 2,8%. Brasil, em azul-claro: 2,7%. Canadá, em verde-claro: 2,4%. Alemanha, em verde-escuro: 2,4%, Cingapura, em rosa: 1,7%. Outros, em cinza: 40,1%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn: all data, 1965-2020. Oil: consumption, tonnes (from). Disponível em: https://oeds.link/x2pevZ. Acesso em: 16 fevereiro 2022.

Grafismo indicando atividade

Observe os gráficos A e B. Qual era a posição do Brasil em relação à sua participação na produção e no consumo mundial de petróleo em 2020?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico A, em relação à produção, o Brasil foi o 8º maior produtor mundial, atendendo a 3,8% da produção; de acôrdo com o gráfico B, quanto ao consumo, o país foi o 7º maior consumidor, respondendo por 2,7% do total consumido.

Ressalte a importância do petróleo na atualidade, tanto para a produção industrial quanto para os meios de transporte.

Comente com os alunos que Recôncavo Baiano é a denominação dada à região situada ao redor da Baía de Todos-os-Santos e está sob a influência da Região Metropolitana de Salvador (Bahia).

Se achar oportuno, remeta os alunos ao gráfico “Mundo: matriz energética (emporcentagem) – 2020”, na página 67, para que observem que o petróleo respondeu pela maior parte da matriz energética mundial: 31,2%, em 2020.

Se julgar necessário, oriente a leitura dos gráficos. Os alunos devem perceber quais são os maiores produtores e os maiores consumidores de petróleo. Chame a atenção para os Estados Unidos, que são o maior produtor e o maior consumidor de petróleo.

No site da Petrobras (disponível em: https://oeds.link/EZhFDl; acesso em: 17 fevereiro 2022) é possível encontrar informações sobre a produção petrolífera brasileira, vídeos e animações sobre o processo de exploração do petróleo e os tipos de tecnologia aplicados tanto na pesquisa quanto na extração dessa fonte de energia.

Gás natural

O gás natural é outra importante fonte de energia dos séculos vinte e vinte e um. Esse gás pode ser encontrado sozinho ou associado ao petróleo bruto e é usado como fonte de energia em fogões, automóveis, na geração de energia elétrica (usinas termelétricas), em altos-fornos de indústrias e como matéria-prima para a indústria petroquímica.

Para ser usado, o gás natural passa por um processo industrial no qual é separado de outras substâncias. dêsse processo obtém-se, principalmente, o metano, gás de alto poder calorífico. O metano é comprimido e transportado por tubulações, chamadas de gasodutos.

Estados Unidos e Rússia lideram a lista dos maiores produtores e consumidores de gás natural (observe os gráficos A e B).

Gráfico A. Mundo: participação na produção de gás natural (em porcentagem) – 2020

Gráfico A. Mundo: participação na produção de gás natural, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países produtores de gás natural. 
Estados Unidos, em roxo: 23,7%, Rússia, em amarelo: 16,6%, Irã, em azul: 6,5%, China, em vermelho: 5,0%, Catar, em laranja: 4,4%, Canadá, em verde-claro: 4,3%, Austrália,, em azul-escuro: 3,7%, Arábia Saudita, em rosa: 2,9%, Noruega, em azul-claro: 2,9%, Argélia, em verde-escuro: 2,1%, Outros, em cinza: 27,9%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 36.

Grafismo indicando atividade

Entre os maiores produtores de gás natural, desconsiderando a Rússia, quais se localizam na Ásia?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico A, desconsiderando a Rússia, quatro países asiáticos se destacam entre os maiores produtores mundiais de gás natural: Irã, China, Catar e Arábia Saudita.

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de gás natural (em por cento) – 2020

Gráfico B. Mundo: participação no consumo de gás natural, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de gás natural. 
Estados Unidos, em roxo: 21,8%. Rússia, em amarelo: 10,8%, China, em vermelho: 8,6%, Irã, em laranja: 6,1%, Arábia Saudita, em verde-escuro: 2,9%, Canadá, em verde-claro: 2,9%, Japão, em azul-escuro: 2,7%, Alemanha, em azul: 2,3%, México, em azul-claro: 2,3%, Reino Unido, em lilás: 1,9%, Outros, em cinza: 37,7%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 38.

Grafismo indicando atividade

Observe os gráficos A e B. Você acha possível a Rússia ser exportadora de gás natural? Explique.

Orientações e sugestões didáticas

Ao comparar os gráficos A e B, é possível inferir que a Rússia seja exportadora de gás natural, pois o país respondeu por 16,6% do gás natural produzido no mundo em 2020 e consumiu 10,8% dêsse total; ou seja, produziu mais do que consumiu, o que lhe permitiu exportar.

4. Energia elétrica

A descoberta da energia elétrica foi uma verdadeira revolução no modo de vida da população. Atualmente, existem três fórmas principais de produção de energia elétrica em larga escala: por meio da energia fornecida pela água de rios, a hidreletricidade; pela queima de carvão mineral, petróleo, gás natural ou de outros materiais, como o bagaço de cana-de-açúcar, a termeletricidade; e pelo aproveitamento da energia contida nos átomos de certos elementos químicos, como o urânio e o plutônio, a eletronuclear.

Orientações e sugestões didáticas

Comente que novas descobertas de jazidas de gás natural no território brasileiro em áreas do pré-sal, nas bacias sedimentares do Paraná, do Parecis (Mato Grosso), Sanfranciscana (Minas Gerais) e outras poderão colocar o país em uma posição de destaque no cenário mundial.

Atividade complementar

Solicite aos alunos que localizem os principais países produtores de gás natural no gráfico A, desta página, e os comparem com o gráfico A, da página anterior. Depois, pergunte: “Os maiores produtores de gás natural também são os maiores produtores de petróleo? Por quê?”. Estimule os alunos a criar hipóteses para justificar suas respostas. As hipóteses levantadas por eles devem considerar os processos de formação do gás natural e do petróleo.

Hidreletricidade

Nas denominadas usinas hidrelétricas, instaladas nos desníveis de rios, a fôrça da água gira as turbinas, que acionam os geradores, responsáveis pela produção de energia.

A energia elétrica de fonte hidráulica é chamada de energia limpa, pois, além de ser de fonte renovável, não polui o meio ambiente, diferentemente do petróleo, do carvão mineral e do gás natural, considerados altamente poluentes. Entretanto, a instalação de uma usina hidrelétrica causa diversas alterações no meio ambiente: desvio de cursos de rios, inundação de áreas de vegetação, deslocamento de populações ribeirinhas (decorrente do represamento de água pela barragem) e alteração do hábitat de animais, entre outras.

Apenas três países, entre eles o Brasil, produzem e consomem cêrca de metade da energia elétrica de fonte hidráulica produzida no mundo.

Mundo: participação no consumo de hidreletricidade (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: participação no consumo de hidreletricidade, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a porcentagem de participação dos principais países consumidores de hidreletricidade. 
China, em vermelho: 30,8%. Brasil, em azul: 9,2%. Canadá, em verde-claro: 9,0%, Estados Unidos, em roxo: 6,7%, Rússia, em amarelo: 4,9%, Índia, em laranja: 3,8%, Noruega, em verde-escuro: 3,3%, Outros, em cinza: 32,3%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima ediçãoLondon: British petroleum, 2021. página 53.

Grafismo indicando atividade

Aponte a participação percentual dos países da América entre os cinco maiores consumidores de hidreletricidade em 2020.

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico, Brasil, Canadá e Estados Unidos são os países da América que se destacam entre os maiores consumidores de hidreletricidade do mundo, com uma participação de 24,9%.

Fotografia. Vista de uma hidrelétrica. No primeiro plano, grande barragem de concreto atravessando uma grande porção de água, dividindo-a. Ao lado direito, a jusante do rio. No segundo plano, o reservatório da hidrelétrica e as margens ocupadas por morros e montanhas.
Vista aérea da hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio Yang , na província de , China (2020).

Termeletricidade

Diferentemente das usinas hidrelétricas, as termelétricas são poluidoras do meio ambiente. Como estudamos, elas produzem eletricidade por meio da queima de petróleo, carvão mineral, gás natural ou biomassa, lançando na atmosfera gases que comprometem a qualidade do ar e contribuem para intensificar o efeito estufa.

A sociedade atual necessita cada vez mais de energia e, por isso, recorre também à produção de termeletricidade. Países que não dispõem de rios com grande potencial hidrelétrico ou que necessitam de quantidades crescentes de energia elétrica fazem uso dêsse recurso. O Brasil, por exemplo, mantém usinas termelétricas com o objetivo de evitar os chamados “apagões”, ou seja, a falta de energia elétrica ou seu racionamento nos períodos de estiagem, quando diminui o nível de água das barragens das hidrelétricas, comprometendo a geração e o fornecimento de energia elétrica para residências e empresas.

Ícone. Seção No seu contexto.

NO SEU CONTEXTO

Todos nós devemos economizar energia elétrica, não somente para reduzir o valor da conta de luz, mas também por outros motivos. Aponte-os.

Orientações e sugestões didáticas

Em relação ao exercício do Bócsi No seu contexto, espera-se que o aluno relacione que o menor consumo de energia implica menor necessidade de ampliar a produção de energia elétrica, havendo, consequentemente, menor necessidade de que outras áreas sejam alagadas para a construção de hidrelétricas, menor necessidade de instalação de termelétricas e eletronucleares, evitando-se assim maiores impactos ambientais e sociais.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Orientações e sugestões didáticas

Competência

Grandes obras de infraestrutura têm consequências socioambientais graves. Explore as conexões entre a construção de uma grande usina hidrelétrica, a necessidade de consumo de energia pela sociedade, o deslocamento de populações tradicionais em áreas inundadas por barragens, entre outras. Peça aos alunos que reflitam e se posicionem sobre isso e indiquem possíveis alternativas para que haja produção de energia e, simultaneamente, para que os impactos socioambientais sejam minimizados. Essa discussão remete à Competência Específica de Geografia 5: “Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da Geografia”.

5. Energia nuclear

Após o lançamento das bombas atômicas, em 1945, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que levou à rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sucedeu-se uma corrida armamentista e hoje diversos países dispõem de bombas atômicas. Entretanto, a energia nuclear também é usada para fins pacíficos: na produção de energia elétrica (eletronuclear), na medicina e em muitas outras atividades.

Energia nuclear: os cinco maiores consumidores mundiais (em %) – 2020

País

Consumo (%)

Estados Unidos

30,8

China

13,6

França

13,1

Rússia

8,0

Coreia do Sul

5,9

Outros

28,6

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 52.

O acesso à tecnologia nuclear exige altos investimentos de capital e conhecimento científico. Com receio de que esses conhecimentos tecnológicos levem à construção de bombas atômicas, os países que os possuem não permitem que sejam transferidos para outros.

É importante destacar ainda que a usina eletronuclear e o chamado lixo atômicoglossário representam ameaças muito sérias à população, caso a usina sofra avarias ou o lixo atômico não seja acondicionado corretamente em depósitos especiais. São exemplos os acidentes com a Usina Eletronuclear de xernobíl, na Ucrânia, em 1986, e com a central eletronuclear da cidade de Fukushima, no Japão, em 2011, em decorrência de um tsunami; ambos causaram mortes e contaminaram pessoas, cidades, animais e alimentos.

Cinco países, em 2020, consumiram mais de 70% da produção mundial de eletricidade de fonte nuclear. No Brasil, há três usinas eletronucleares: Angra um, Angra dois e Angra três (esta com previsão para início de operação comercial em janeiro de 2026), localizadas no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.

Fotografia. Vista para uma usina nuclear. No primeiro plano, diversos tipos de galpões e edifícios, uma construção redonda e branca que abriga o reator nuclear e uma torre alta e branca. No segundo plano, morros cobertos por vegetação densa e folhagem verde.
Vista da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto com as usinas eletronucleares de Angra um e dois, na Praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro (2019).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Agência Nacional de Energia Elétrica

https://oeds.link/PN4DeI

Saiba mais sobre as fontes de energia elétrica do Brasil por meio de textos, infográficos, vídeos e notícias.

Orientações e sugestões didáticas

Comente com os alunos o caso da Usina Eletronuclear de xernobíl, na Ucrânia. Após a explosão do reator na madrugada de 26 de abril de 1986, moradores das cidades ao redor da usina precisaram ser evacuados para outras localidades. O govêrno criou uma área de exclusão de cêrca de 30 quilômetros, onde atualmente as pessoas ainda são proibidas de habitar. Segundo estimativas, elementos da nuvem de poeira radioativa teriam contaminado milhões de hectares na Europa.

No Brasil, o “Plano Nacional de Energia 2050”, lançado em 2020, recomenda “o prosseguimento do programa nuclear brasileiro, após Angra três, com uma expansão mínima de 4 gigawatt, podendo alcançar 8 gigawatt até 2030, nas regiões Sudeste e Nordeste, iniciando os estudos de localização destas novas centrais nucleares”. (BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2050. Brasília: e pê e, 2020. página 10).

Atividade complementar

Com o objetivo de familiarizar os alunos com gráficos, solicite que construam um gráfico com os dados do quadro. Permita que eles escolham o tipo de gráfico e lembre-os de dar um título a ele e de inserir a fonte dos dados.

Interdisciplinaridade

Em parceria com o professor de Ciências, é possível trabalhar com os alunos os usos da energia nuclear na medicina, contribuindo para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove cê ih zero sete dêsse componente curricular: “Discutir o papel do avanço tecnológico na aplicação das radiações na medicina diagnóstica (raio X, ultrassom, ressonância nuclear magnética) e no tratamento de doenças (radioterapia, cirurgia óptica a laser, infravermelho, ultravioleta etcétera)”. Convém ressaltar os lados positivos e negativos do uso da energia nuclear, contrapondo-os.

Ícone. Seção Mochila de ferramentas.

Mochila de ferramentas

Aprendendo a fazer uma pesquisa de revisão bibliográfica

Pesquisar é buscar algo desconhecido, explorar o novo para adquirir conhecimento ou aprofundar o que já sabemos. Por exemplo: como poderíamos fazer uma revisão bibliográfica para saber mais sobre as fontes alternativas de energia? Acompanhe os procedimentos indicados a seguir.

Como fazer

  1. Listar os itens que se quer pesquisar. Vamos pesquisar sobre alguma fonte alternativa de energia, como a solar, a hidráulica ou a geotérmica.
  2. Escolher um dos itens listados, por exemplo, a energia geotérmica, que é a energia obtida do calor proveniente do interior da Terra.
  3. Buscar informações atualizadas nas fontes de pesquisa: bibliotecas, especialistas no assunto, internet, entre outras. No nosso caso, encontramos em um atlas geográfico um mapa das áreas com potencial (capacidade) de produção de energia geotérmica no mundo.
  4. Registrar a fonte ou as fontes da pesquisa, ou seja, montar sua referência bibliográfica, que aparecerá no final do trabalho: autor, título, número da edição, localidade e nome da editora, ano da publicação e, finalmente, . Procurar sempre em mais de uma fonte.
  5. Resumir as informações em um texto claro com base na leitura e na interpretação dos dados e das informações.

Agora, interprete o mapa de nossa pesquisa e responda às questões.

Mundo: áreas com potencial ou uso de algumas fontes de energia renovável – 2018

Mapa. Mundo: áreas com potencial ou uso de algumas fontes de energia renovável, 2018. Planisfério representando as áreas do planeta onde a radiação solar é maior do que 5 quilowatts hora por metro quadrado, as áreas com recursos geotérmicos em potencial e a participação de alguns países na produção mundial de energia hidráulica (em porcentagem).
Área onde a radiação solar é maior do que 5 quilowatts hora por metro quadrado: do centro-sul dos Estados Unidos ao centro-sul de Argentina e Chile, todo o continente africano, todo o Oriente Médio, o sul da Europa, sul e sudeste asiático, Oceania, sul e norte da China e estreita faixa no norte da Antártida na porção banhada pelo Oceano Índico.
Área de recursos geotérmicos em potencial: porção que inclui o Japão, a Península da Indochina, as ilhas do Sudeste Asiático e Oceania, Nepal e Butão, o Mar Mediterrâneo incluindo a Itália, Mar Vermelho e faixa leste no interior da África, incluindo a porção central do Quênia, Islândia, ilhas dos Açores, oeste dos Camarões, norte da Nova Zelândia, porção oeste dos Estados Unidos e do Canadá, Havaí, América Central e porção oeste da América do Sul, incluindo Peru e Chile.
Energia hidráulica 
Parte do total mundial, em porcentagem: 
20%: China. 
10%: Brasil, Canadá, Estados Unidos.
5%: Rússia, Índia, Noruega, Suécia, Venezuela, Japão e Paraguai.
1%: México, Argentina, Colômbia, Paquistão, Áustria, Turquia, Espanha e Suíça. 
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 3.350 quilômetros.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 49.

  1. Em que porção do continente americano se localiza a área com potencial de produção de energia geotérmica?
  2. Pesquise em um atlas, livro ou site um mapa da divisão das placas tectônicas. Há alguma coincidência entre as áreas com potencial de produção de energia geotérmica e o limite entre as placas?
Orientações e sugestões didáticas

A seção possibilita aos alunos ter contato com noções gerais de uma prática de pesquisa de revisão bibliográfica. Partindo sempre do conhecimento prévio a respeito de determinado assunto, essa prática possibilita ao pesquisador ampliar seus conhecimentos, uma vez que, ao ser realizada, espera-se ter contato com fontes de atualização que apontam para os mais recentes avanços de uma área de pesquisa.

Tema contemporâneo transversal

O tema Educação Ambiental pode ser explorado abordando-se a importância das fontes sustentáveis de energia. Oriente a pesquisa dos alunos, que poderá ser feita por meio de ferramentas de busca na internet (navegadores, enciclopédias on-line etcétera), motivando-os a elaborar um relatório estruturado com base nos materiais encontrados. Como sugestão, desenvolva uma web (trabalho com pesquisa na web, tratado como se fosse uma “caça ao tesouro”), solicitando a pesquisa em grupos, com prazo determinado. Por meio de uma página criada na internet ou mesmo em uma folha, entregue aos alunos orientações, defina as condições, o tempo e a concepção do trabalho. Como em uma gincana, você poderá atribuir pontuação às etapas do projeto, porém esteja sempre atento para que a atividade seja desenvolvida equilibrando-se competição e colaboração, com respeito mútuo e ludicidade. A pesquisa poderá ter textos, registros fotográficos, áudio, vídeo, e é importante que os materiais coletados e organizados sejam apresentados e debatidos com o restante da turma.

Respostas

  1. Predominantemente na porção oeste do continente americano.
  2. Sim, as áreas com potencial de produção de energia geotérmica localizam-se justamente nas áreas de contato entre as placas tectônicas, que formam grandes fraturas na crosta terrestre, por onde pode ascender o magma até a superfície da Terra ou ocorrer terremotos. Existe, então, uma estreita relação entre o limite das placas tectônicas e as áreas com potencial de produção de energia geotérmica.

6. Outras fontes renováveis de energia

O desenvolvimento de novas tecnologias tem ampliado as alternativas de geração energética a partir de fontes renováveis e menos poluentes, abrindo novas perspectivas perante as fontes não renováveis, como os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), que ainda suprem a maior parte do consumo mundial de energia.

Hoje em dia, além da hidreletricidade, que em 2020 foi responsável pela oferta de 16,1% da energia elétrica consumida no mundo, destacam-se também outras fontes renováveis, como a solar, a eólica, a da biomassa, a geotérmica e a maremotriz. Em 2020, essas outras fontes renováveis forneceram 11,7% da energia total consumida no mundo, na fórma de eletricidade.

Mundo: capacidade de geração de energia elétrica, por fonte renovável (em porcentagem) – 2020*

Gráfico. Mundo: capacidade de geração de energia elétrica, por fonte renovável, em porcentagem, 2020. Exceto hidrelétrica. Gráfico circular representando a participação das principais fontes de energia renovável na geração de energia elétrica mundial.
Solar, em vermelho: 45,9%.
Eólica, em azul-claro: 44,5%.
Biomassa, em verde-claro: 8,7%.
Geotérmica, em laranja: 0,85%.
Maremotriz, em azul-escuro: 0,05%.

* Exceto hidrelétrica.

Fonte: elaborado com base em RENEWABLE Energy Policy Network for the 21st Century. Renewables 2021 global status report. : Secretariat, 2021. página 40.

Grafismo indicando atividade

Que fonte renovável apresentou, em 2020, a maior capacidade instalada de geração de eletricidade no mundo?

Orientações e sugestões didáticas

Excetuando a fonte hidrelétrica, que em 2020 respondeu por 16,1% da energia elétrica consumida no mundo, de acôrdo com o gráfico, a energia solar apresentava a maior capacidade de geração de eletricidade, por fonte renovável, no mesmo ano, 45,9%.

Energia solar

A energia obtida por meio da radiação do Sol, além de ser essencial para os seres vivos, é aproveitada para a transformação em energia elétrica e para o aquecimento de água e de ambientes.

A zona intertropical, por ser a mais iluminada e aquecida da Terra, é onde essa fonte pode ser mais bem aproveitada (consulte novamente o mapa da página anterior).

Energia eólica

A energia eólica (do vento) é usada há muito tempo pelo ser humano, por exemplo, para movimentar embarcações. Nos parques eólicos, ela é aproveitada para gerar eletricidade. A maioria desses parques está instalada no litoral e até mesmo no mar, onde os ventos sopram com regularidade e intensidade.

Na Dinamarca, país europeu com 5,8 milhões de habitantes, 58% da energia elétrica é obtida dos ventos.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma superfície plana ocupada por dezenas de painéis solares. No segundo plano, aerogeradores espalhados próximos de algumas edificações. No terceiro plano, montanhas e céu azul.
Estação híbrida de energia renovável, com painéis de energia solar juntamente com turbinas eólicas, na província de do Sul, Coreia do Sul (2020).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

Fontes de energia renovável

https://oeds.link/wD1MNQ

Neste podcast você encontra mais explicações sobre as fontes renováveis de energia.

Orientações e sugestões didáticas

Com base no gráfico da capacidade de geração de energia elétrica, por fonte renovável (em porcentagem), no mundo, em 2020, são apresentadas informações sobre fontes sustentáveis: energia solar, energia eólica, energia de biomassa, energia geotérmica e energia maremotriz.

A fonte de energia sustentável pode ser classificada como limpa e não limpa.

  • Fonte de energia sustentável limpa: tipo de fonte de energia sustentável que não polui, mas pode causar impactos ao meio ambiente. A hidreletricidade se encaixa nessa categoria, pois a instalação de hidrelétricas causa o alagamento de extensas áreas. As fontes de energia eólica e solar são sustentáveis limpas que provocam impacto ambiental mínimo.
  • Fonte de energia sustentável não limpa: é a que produz resíduos ou poluição, como a produção energética obtida da madeira proveniente da silvicultura, já que a queima da madeira produz fumaça tóxica e poluente.

Apesar de a maior parte do território brasileiro estar situada na zona tropical, a energia solar ainda é pouco explorada no Brasil. Os países com maior capacidade de geração de energia solar instalada no mundo são, respectivamente, Alemanha, China, Japão, Itália e Estados Unidos, todos fóra da zona tropical. Esses países respondem por cêrca de 70% da produção mundial.

Atividades complementares

Em aula, conscientize os alunos sobre a importância da obtenção de fontes alternativas de geração de energia, ponderando as implicações da atual matriz energética brasileira. Em seguida, peça que se organizem em grupos de até cinco pessoas. Cada grupo deverá pesquisar sobre as vantagens e as desvantagens de cada fonte de energia sustentável, informando se elas existem na unidade da federação onde moram. Em seguida, promova uma discussão sobre os prós e os contras de cada uma dessas fontes de energia.

Oriente os alunos a realizar uma pesquisa sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará. Eles deverão se informar sobre os impactos ambientais e sociais da obra, os problemas para a sua construção e a capacidade de geração de energia. Depois de realizada a pesquisa, podem debater sobre os benefícios e os prejuízos envolvidos.

Para realização das pesquisas sugeridas, indique aos alunos que sigam as orientações descritas na seção Mochila de ferramentas, da página 64. Especialmente ao desenvolverem as etapas de busca por informações em diferentes fontes de pesquisa, bem como o registro correto dessas fontes, espera-se que os alunos experienciem algumas noções introdutórias acêrca da realização de uma revisão bibliográfica.

Energia da biomassa

A energia de biomassa é obtida da queima de matérias-primas orgânicas de origem animal ou vegetal, podendo gerar calor, energia elétrica e mecânica. A biomassa pode ser classificada segundo sua origem: florestal, onde a principal fonte de energia é a lenha; agrícola (soja, arroz, cana-de-açúcar, milho e outros); e resíduos urbanos e industriais, sólidos ou líquidos, encontrados nos atêrros sanitários e em outros meios.

No Brasil, por exemplo, existem usinas que produzem biocombustíveis, como o etanol da cana-de-açúcar. O país é o segundo maior produtor mundial nesse setor graças ao desenvolvimento de tecnologias de cultivo de espécies de cana-de-açúcar mais produtivas e resistentes a doenças. Nessas usinas também foi desenvolvida a tecnologia do uso energético da palha e do bagaço da cana-de-açúcar – resíduos da produção de açúcar e de etanol antes não aproveitados e que eram deixados no campo após sua colheita (palhada) ou separados do caldo na operação de moagem dos colmos de cana (bagaço) –, obtendo-se energia por meio da queima dessas biomassas em usinas termelétricas. Isso contribui para muitas usinas serem autossuficientes na produção de eletricidade e, em alguns casos, exportarem para o setor elétrico o excedente energético que geram desses recursos biológicos renováveis.

Fotografia. Vista de uma usina termelétrica. No primeiro plano, uma torre e um conjunto de galpões. Ao redor, um gramado e uma via de circulação de veículos. Há muita fumaça em cima de um dos galpões. No segundo plano, à direita, uma área de floresta; à esquerda, área com uma grande quantidade de troncos de árvores empilhados.
Instalações de usina termelétrica que usa resíduos de madeira para produzir eletricidade, no município de Itacoatiara, Amazonas (2019).

Energia geotérmica

A energia obtida do calor proveniente do interior da Terra aquece a água contida em reservatórios subterrâneos. Essa água aquecida, no estado líquido ou na fórma de vapor, é direcionada até a superfície por extensos tubos e conduzida para uma central elétrica.

Na Islândia, país insular localizado entre a Europa e a Groenlândia, 60% do aquecimento das residências e 30% da energia elétrica provêm dessa fonte.

Fotografia. No primeiro plano, destaque para uma usina geotérmica composta por galpões, tubulações e tanques lançando fumaça densa na atmosfera. Ao lado esquerdo, trecho de rodovia e área com grama. Ao fundo, morros cobertos por vegetação rasteira e rocha exposta.
Estação de energia geotérmica em , na Islândia (2021).

Energia maremotriz

A energia do movimento de massas de água do mar (ondas, marésglossário e correntes) pode ser transformada em eletricidade. O aproveitamento dêsse tipo de energia ainda é reduzido e seu fornecimento está voltado, em grande parte, para o funcionamento de torres de faróis junto à costa marítima.

Ícone. Seção Quem lê viaja mais.

QUEM LÊ VIAJA MAIS

TUNDISI, Helena da Silva Freire.

Usos de energia: alternativas para o século vinte e um. décima sexta edição São Paulo: Atual, 2013.

De maneira abrangente, aborda as várias fontes de energia, como a solar, a da biomassa, a eólica, a geotérmica, a das marés, entre outras.

Orientações e sugestões didáticas

O Brasil possui um projeto de produção de energia maremotriz no litoral de São Luís do Maranhão Maranhão , área com maré de grande amplitude. Chamado de projeto da Barragem do Bacanga, foi idealizado ainda na década de 1970, numa época em que a urbanização era incipiente no local. Os estudos seguem em ritmo lento e não há previsão de início das obras da usina. A primeira usina maremotriz do mundo, situada na França, é o modêlo de inspiração do projeto brasileiro.

Atividade complementar

Tomando como exemplo a produção de cana-de-açúcar no Brasil, a de milho nos Estados Unidos e a de mamona na África destinadas à indústria energética, proponha uma discussão sobre o avanço da ocupação de terras agricultáveis para fins não alimentares. Conversem sobre o uso das terras para a geração de energia e para a produção de alimentos. Com base na discussão realizada, pergunte aos alunos: a) O que são fontes sustentáveis de energia? b) Qual é a fonte de energia sustentável mais usada no Brasil? c) Por que os países situados nas zonas intertropicais têm grande potencial de geração de energia solar?

Respostas: a) São fórmas de energia produzidas sem o comprometimento do recurso natural usado; b) A fonte de energia sustentável mais usada no Brasil é a hidrelétrica; c) Os países situados nas zonas intertropicais recebem muitas horas de insolação diária e, assim, apresentam grande potencial de geração de energia solar.

PERCURSO 8 SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL, MATRIZ ENERGÉTICA E MATÉRIAS-PRIMAS

1. Matriz energética mundial

O conjunto de fontes de energia disponíveis em um país compõe sua matriz energética, que, uma vez transformada, é distribuída e usada pela população e pelo sistema produtivo.

Na matriz energética mundial predominam os combustíveis fósseis (observe o gráfico).

Mundo: matriz energética (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Mundo: matriz energética, em porcentagem, 2020. Gráfico circular representando a participação das principais fontes de energia na produção mundial em porcentagem. 
Petróleo, em vermelho: 31,2%. 
Carvão, em laranja: 27,2%. 
Gás natural, em verde-claro: 24,7%. 
Hidrelétrica, em azul: 6,9%. 
Nuclear, em amarelo: 4,3%. 
Outras renováveis (biomassa, solar, eólica), em cinza: 5,7%.

Fonte: elaborado com base em British petroleum. Statistical review of world energytuên tuên uãn. septuagésima edição London: British petroleum, 2021. página 12.

Grafismo indicando atividade

Aponte o percentual da matriz energética mundial que corresponde aos combustíveis fósseis em 2020.

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o gráfico, os combustíveis fósseis representam 83,1% da matriz energética mundial.

Entretanto, diante do quadro mundial de poluição ambiental causada pelos combustíveis fósseis e suas consequências, a busca por fontes alternativas de energia se intensificou. Há uma tendência de diminuição do uso de combustíveis fósseis, a serem substituídos de fórma parcial por fontes alternativas. Contribui para isso o barateamento para a implantação delas, principalmente das fontes eólica e solar.

Prevê-se que até a metade do século vinte e um haverá alterações significativas na matriz energética mundial. As fontes solar e eólica deverão se expandir em relação às demais, sobretudo nos países desenvolvidos e emergentes, que são os maiores consumidores de energia.

Fotografia. Vista de uma praia com o mar à direita e aerogeradores na faixa de areia à esquerda. Ao fundo, céu azul.
Em 2021, o Brasil se tornou o 6º país do mundo em capacidade instalada de geração de eletricidade por usinas eólicas. Na foto, trecho do Parque Eólico Icaraizinho, no município de Amontada, Ceará (2020).
Ícone. Seção Navegar é preciso.

NAVEGAR É PRECISO

dáblio dáblio éfe Brasil – jôgo: Casa eficiente

https://oeds.link/Ss3EG1

Nesse site, você pode acessar o jôgo cujo desafio é encontrar maneiras de diminuir o desperdício de água e energia em uma casa, identificando os hábitos não adequados a esse fim. Basta digitar “casa eficiente” no campo de busca do site, localizar o jôgo e se divertir.

Orientações e sugestões didáticas

Percurso 8

Este Percurso aborda a matriz energética mundial, a importância da pesquisa e da tecnologia para inovações na produção de energia e o aumento da demanda por recursos naturais e matérias-primas naturais e transformadas.

Sempre que possível, na abordagem dos assuntos estudados, sugerimos trabalhar de modo interdisciplinar com o professor de Ciências.

Habilidades da Bê êne cê cê

  • ê éfe zero nove gê ê um cinco
  • ê éfe zero nove gê ê um oito

O Percurso 8 aprofunda conhecimentos sobre as principais fontes de energia usadas no mundo. Relaciona a existência de cadeias industriais e de inovação com a demanda por mais recursos naturais e matérias-primas na produção. Destaca também a importância dos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento que podem contribuir para a descoberta de novas fontes de energia ou de novas fórmas de produzir, mais sustentáveis do ponto de vista socioambiental.

O mapa temático da atividade 7, na página 71, possibilita discutir com os alunos as variadas fórmas de representação da superfície terrestre usando diferentes projeções cartográficas. Além de abordar as informações contidas no mapa, sugira aos alunos que o comparem com o planisfério, na página 69, e descrevam as diferenças entre as duas projeções.

2. Matérias-primas e recursos naturais

Existe diferença entre os conceitos de matéria-prima e de recurso natural. Matéria-prima é a substância com a qual se fabrica algum produto. Pode ser de origem vegetal (a exemplo do cacau, matéria-prima do chocolate), animal (caso do couro, usado na fabricação de sapatos, bolsas etcétera) ou mineral (por exemplo, a bauxita, da qual é extraído o alumínio). Além das matérias-primas naturais, existem as transformadas, que são usadas não mais em seu estado natural, mas já industrializadas ou modificadas. É o caso do papel (matéria-prima transformada), obtido da celulose (matéria-prima natural), no qual este livro foi impresso.

O minério de ferro, por exemplo, é apenas um recurso natural. Uma vez extraído de jazidas no subsolo, torna-se uma matéria-prima natural para produzir o ferro. Por sua vez, o ferro é uma matéria-prima transformada para a fabricação do aço, e este, finalmente, é transformado para a fabricação de automóveis, caminhões, entre outras aplicações.

Fotografia. Vista para uma superfície coberta por fragmentos de rocha e solo escuro e algumas máquinas de extração e transporte de material circulando pela área.
Extração de minério de cobre próximo a Marabá, Pará (2020).Enquanto não é extraído de uma jazida, o minério de cobre é apenas um recurso natural. Após extraído, torna-se matéria-prima natural para a produção de cobre. E este, por sua vez, é uma matéria--prima transformada para a fabricação de fios de eletricidade, de encanamentos, de utensílios de cozinha, além de várias ligas metálicas (bronze, latão etcétera).

Consumo de matérias-primas

Segundo relatório do Painel Internacional de Recursos (í érre pê, sigla em inglês de um órgão da ônu), desde os anos 1970 a extração de matérias-primas vem aumentando de fórma alarmante. Enquanto em 1970 a quantidade de matérias-primas extraídas alcançou 22 bilhões de toneladas, em 2010 chegou a 70 bilhões de toneladas e em 2050, quando a população mundial deverá atingir mais de 9 bilhões de habitantes, estima-se que serão necessários mais de 180 bilhões de toneladas de matérias-primas anualmente.

O crescimento populacional, o modo de vida com base na sociedade de consumo – ou do desperdício – e a urbanização crescente exigem a extração de quantidades cada vez maiores de matérias-primas naturais e transformadas.

Ainda segundo o , os países desenvolvidos consomem, em média, dez vezes mais recursos que os países menos desenvolvidos. Do consumo total de petróleo no mundo, em 2020, os Estados Unidos, a China, a Europa e o Japão responderam por 54%.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (pênúma) alerta que esse crescente consumo de matérias-primas deverá agravar os impactos ambientais e provocar o esgotamento de vários recursos naturais.

Diante dêsse cenário, vê-se a necessidade de repensar o modo de vida vigente com base na sociedade de consumo, além da necessidade de implantar um vasto programa mundial de reciclagem de matérias-primas, de ampliar o uso de fontes alternativas de energia, processo que se encontra em curso, e de adotar princípios do desenvolvimento ecologicamente sustentável.

Orientações e sugestões didáticas

Ao trabalhar o texto com os alunos, reforce a diferença entre matéria-prima e recurso natural. Antes de dar continuidade aos estudos, verifique se eles apreenderam corretamente esses conceitos.

Reforce a importância do consumo consciente de produtos a fim de evitar o desperdício de matérias-primas e o esgotamento dos recursos naturais. Comente que é essencial alterar o consumo exacerbado de matérias-primas, pois não é justo que os lucros desse modelo de consumo fiquem concentrados em poucos países e os prejuízos ambientais e sociais sejam distribuídos entre todos.

Atividade complementar

Ao diferenciar as matérias-primas naturais das transformadas, convém destacar a sofisticação dos objetos técnicos criados e usados pelos seres humanos. Se possível, aponte exemplos de objetos usados cotidianamente, solicitando aos alunos que indiquem sua função no dia a dia e o material de que são feitos. Eles devem categorizar os objetos em duas listas: uma com aqueles feitos com matérias-primas naturais, outra com aqueles feitos com matérias-primas transformadas.

Competência

O conteúdo tratado nesta página mobiliza a Competência Específica de Geografia 2: “Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das fórmas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história”.

3. Cadeias de inovação: recursos naturais e matérias-primas

As cadeias de inovação estão relacionadas à economia do conhecimento, em que o conhecimento científico e tecnológico é o grande propulsor da economia. Essas cadeias são desenvolvidas em etapas. Primeiramente, é preciso ter um projeto do que se pretende desenvolver. Em seguida, deve-se avaliar a viabilidade tecnológica; se constatada, elabora-se um protótipo (primeiro modêlo). Depois, se aprovado, parte-se para o planejamento de sua produção. E, finalmente, a comercialização, que também envolve várias etapas. Mas, para percorrer todas essas etapas, são necessários investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (pê ê dê). Observe o mapa.

Mundo: investimento em (em porcentagem do Píbi) e os dez países que mais investem (em bilhões de dólares) – 2018

Mapa. Mundo: investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, em porcentagem do Produto Interno Bruto, e os dez países que mais investem, em bilhões de dólares, 2018. 
Percentual do Produto Interno Bruto investido em Pesquisa e Desenvolvimento.
Menos de 0,25%: Papua Nova Guine, Bolívia, Colômbia, Peru, Paraguai, Guatemala, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Panamá, Filipinas, Indonésia, Laos, Camboja, Mianmar, Mongólia, Cazaquistão, Paquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Azerbaijão, Armênia, Iraque, Omã, Síria, Líbano, Albânia, Bósnia-Herzegovina, Angola, Madagascar, Nigéria, Costa do Marfim, Mauritânia, Uganda, Lesoto, entre outros.
De 0,25% a 0,50%: México, Chile, Uruguai, Equador, Nepal, Venezuela, Cuba, Ucrânia, Costa Rica, Geórgia, Moldávia, Etiópia, Sudão, Chade, República Democrática do Congo, Moçambique, Zâmbia, Namíbia, Mali, Gana, Togo, Montenegro, entre outros.
De 0,51% a 1,0%: Índia, Rússia, Turquia, Irã, Arábia Saudita, Argentina, Groenlândia, Jordânia, Egito, Tunísia, Argélia, Marrocos, Senegal, Burkina Faso, Gabão, Eslovênia, Croácia, Sérvia, Kosovo, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Macedônia do Norte, Lituânia, Letônia, Vietnã, entre outros.
De 1,01% a 2,0%: Brasil, Canadá, Austrália, Espanha, Portugal, Itália, Reino Unido, Tailândia, Malásia, Polônia, República Tcheca, Hungria, Grécia, Irlanda, Estônia, entre outros.
Mais de 2,0%: Estados Unidos, China, Japão, África do Sul, França, Alemanha, Islândia, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Países Baixos, Bélgica, Suíça, Áustria, Botsuana, Tanzânia, Quênia e Ruanda.
Sem dados: Antártida, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, República Dominicana, Saara Ocidental, Guiné, Serra Leoa, Libéria, Benim, Níger, Camarões, Guiné Equatorial, Congo, República Centro-Africana, Líbia, Sudão do Sul, Somália, Iêmen, Zimbábue, Afeganistão, Uzbequistão, Butão, Coreia do Norte.
Ranking dos países que mais investem em Pesquisa e Desenvolvimento
Primeiro: Estados Unidos: 581,6 bilhões de dólares.
Segundo: China: 554,3 bilhões de dólares.
Terceiro: Japão: 176,8 bilhões de dólares.
Quarto: Alemanha: 137,9 bilhões de dólares.
Quinto: Coreia do Sul: 99,6 bilhões de dólares.
Sexto: Índia: 68,2 bilhões de dólares.
Sétimo: França: 66,8 bilhões de dólares.
Oitavo: Reino Unido: 52,1 bilhões de dólares.
Nono: Brasil: 41,1 bilhões de dólares.
Décimo: Rússia: 40,1 bilhões de dólares.
Na parte inferior, rosa dos ventos e escala de 0 a 2.830 quilômetros.

Fontes: unêsco. Global Investments in 2020. página 2-3. Disponível em: https://oeds.link/20CksU. Acesso em: 23 março 2022.

Grafismo indicando atividade

Qual foi o país que mais investiu em pê ê dê em valor absoluto em 2018?

Orientações e sugestões didáticas

De acôrdo com o mapa, em 2018, o país que mais investiu em pê ê dêem valor absoluto foram os Estados Unidos (581,6 bilhões de dólares).

Desde os anos 1970, com a Revolução Técnico-Científico-Informacional, as inovações tecnológicas foram transformadas em bens de produção e de consumo e passaram a receber vultosos investimentos tanto de corporações privadas como de instituições públicas de ensino e pesquisa. A informática, a robótica, a biotecnologia e as telecomunicações são exemplos dessas inovações, hoje aplicadas em diversos setores da economia, elevando a produção e a produtividade.

A disseminação, em todo o mundo, mas principalmente nos países desenvolvidos, de centros de pesquisas denominados tecnopolos é um fator determinante para impulsionar o desenvolvimento econômico e social de um país, exigindo mão de obra diferenciada, representada por cientistas e técnicos altamente qualificados.

Atualmente, para se manter viáveis, as cadeias de inovação devem buscar a diminuição do consumo de matérias-primas, evitando o risco de esgotamento dos recursos naturais.

Orientações e sugestões didáticas

Propicie um momento de conversa para discutir com os alunos como os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (pê ê dê)podem contribuir para transformar a matriz energética brasileira e mundial.

Ícone. Seção Cruzando saberes.

Cruzando saberes

Fontes de energia eólica e solar em expansão

As adições anuais à capacidade global de eletricidade renovável devem atingir, em média, cêrca de 305 GWglossário por ano entre 2021 e 2026 na previsão da Agência Internacional de Energia (ih eh ah, em inglês). O que implica uma aceleração de quase 60% em relação à expansão das energias renováveis nos últimos cinco anos.

Segundo a agência, o apôio contínuo à política em mais de 130 países, as metas de emissões líquidas zero de nações que respondem por quase 90% do Píbi global e a melhoria da competitividade da energia eólica e solar fotovoltaicaglossário estão impulsionando essa expansão.

Mas alerta para incertezas políticas e de implementação que podem atrasar o avanço.

Na avaliação da ih eh ah, os aumentos atuais nos preços das commodities pressionaram os custos de investimento, enquanto a disponibilidade de matérias-primas e o aumento dos preços da eletricidade em alguns mercados representam desafios adicionais para os fabricantes de energia eólica e solar fotovoltaica no curto prazo.

‘No entanto, espera-se que o impacto dos preços voláteisglossário das commodities e dos transportes sobre a demanda seja limitado, uma vez que os altos preços dos combustíveis fósseis melhoram ainda mais a competitividade da energia eólica e solar fotovoltaica’, diz o relatório.

Globalmente, a previsão é de expansão da capacidade renovável em mais de .1800 gigauótis em 2026, sendo responsável por quase 95% do aumento na capacidade total de energia em todo o mundo.

A China continua sendo a líder, respondendo por 43% do crescimento global, seguida pela Europa, Estados Unidos e Índia. Esses quatro mercados sozinhos fornecem quase 80% da expansão da capacidade renovável em todo o mundo.

Na América Latina, os leilões competitivos retomados após os atrasos devido à crise da [pandemia da] Covid-19 continuam sendo um fator chave para o desenvolvimento de energia eólica e solar fotovoltaica em escala, avalia a agência.

Além disso, a implantação de esquemas de política externa por meio de contratos bilaterais está aumentando na região, especialmente no Brasil e no Chile, levando a revisões em alta para renováveis intermitentes.”

MACHADO, Nayara. Eólica tem expansão recorde no Brasil em 2021. Agencia agencia epbr, Newsletter, Diálogos de transição, 6 dezembro 2021. Disponível em: https://oeds.link/F10Anf. Acesso em: 17 fevereiro 2022.

Fotografia. Vista para uma superfície plana ocupada por fileiras de painéis solares dispostos lado a lado. Entre as fileiras, terreno ocupado por vegetação rasteira.
Energia solar captada por painéis fotovoltaicos na província de Sixuãn, na China (2022).

 Interprete

1. Aponte dois fatores que, segundo o texto, impulsionam o crescimento das fontes de energia eólica e solar no mundo.

 Contextualize

2. Pesquise, na localidade onde você vive, sobre a implantação dessas fontes de energia nos últimos anos.

 Argumente

3. Se você tivesse que explicar a alguém as vantagens da geração de energia por meio das fontes eólica e solar, quais argumentos usaria?

Orientações e sugestões didáticas

Interdisciplinaridade

Com o professor de Ciências, aborde fontes alternativas e sustentáveis de energia. Debata ações coletivas para otimizar o uso de energia elétrica em sua escola e/ou comunidade, com base na seleção de equipamentos segundo critérios de sustentabilidade (consumo de energia e eficiência energética) e hábitos de consumo responsáveis. Discuta e avalie a geração de energia elétrica em diferentes tipos de usina (termelétricas, hidrelétricas, eletronucleares etcétera), suas semelhanças e diferenças, seus impactos socioambientais e como essa energia é usada no dia a dia do aluno (no município, na comunidade, na casa e na escola).

Temas contemporâneos transversais

Os temas Educação Ambiental e Ciência e Tecnologia podem ser trabalhados com o apôio do texto e das atividades da seção Cruzando saberes. Explique aos alunos que a economia de energia gera benefícios para o meio ambiente e estimule-os a pesquisar sobre mudanças de hábitos individuais e coletivos que contribuam para o consumo consciente de energia.

Respostas

  1. A atividade favorece a leitura inferencial, convidando o aluno a construir significados a partir de informações implícitas no texto. Espera-se que ele perceba que as metas de redução das emissões, a melhoria da competitividade da energia eólica e solar e a alta nos preços dos combustíveis fósseis impulsionam o crescimento dessas fontes energéticas.
  2. Resposta pessoal. Espera-se que o aluno relate sobre a implementação (ou não) das fontes de energia eólica e solar em empresas e domicílios da localidade onde vive de maneira crescente nos últimos anos.
  3. A capacidade de argumentação deve estar atrelada à habilidade de reunir evidências que possam dar sustentação a uma tese; nesta proposta os alunos devem argumentar as vantagens do uso das energias eólica e solar, com base em informações verídicas. A energia eólica provém de fonte alternativa e sustentável (ventos) com poucos impactos ambientais (fonte limpa). Além do mais, o vento é um recurso natural renovável. A energia solar, obtida por meio da radiação do Sol, pode ser transformada em energia elétrica e para o aquecimento de água e ambientes, sendo também uma fonte limpa de energia.
Ícone. Seção Atividades dos percursos.

Atividades dos percursos 7 e 8

Registre em seu caderno.

  1. Por qual razão o petróleo, o carvão mineral e o gás natural são chamados de recursos naturais não renováveis?
  2. Cite três fontes sustentáveis de energia e explique por que elas recebem essa denominação.
  3. Apesar de a energia elétrica produzida por fonte hidráulica ser considerada “energia limpa”, ela causa impactos socioambientais. Aponte alguns deles.
  4. Ao interpretar os gráficos e os quadros ao longo dos Percursos 7 e 8, constatamos que o consumo de energia, de modo geral, é bastante desigual no mundo. Explique essa desigualdade.
  5. Qual é a importância dos investimentos em pê ê dê para as cadeias de inovação?
  6. Aponte a relação entre os conceitos de recurso natural e matéria-prima.
  7. No mapa a seguir estão representados os países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base, ou seja, aqueles dos quais são obtidas matérias-primas essenciais para o desenvolvimento econômico. São, no total, 18: carvão mineral, petróleo, bauxita, antimônio, cobalto, cobre, estanho, ferro, manganês, níquel, platina, chumbo, tungstênio, urânio, zinco, ouro, prata e diamante. Com o auxílio de um planisfério político, responda às questões da página seguinte.

Mundo: países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base

Mapa. Mundo: países detentores das mais importantes reservas conhecidas de recursos minerais de base. Mapa mostrando a quantidade de recursos minerais de base de alguns países.
13 recursos minerais de base: Rússia.
6 a 10 recursos minerais de base: Austrália, Estados Unidos, Canadá e China. 
4 e 5 recursos minerais de base: África do Sul, Brasil, Peru, México, Indonésia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão e Quirguistão.
2 e 3 recursos minerais de base: República Democrática do Congo, Lituânia, Letônia, Estônia, Chile e Bolívia.
1 recursos mineral de base: Colômbia, Arábia Saudita, Mianmar, Irã, Suécia, Finlândia, Namíbia, Botsuana, Guiné e Níger.
Ao lado do mapa, nota: representação
sem escala e orientação elaborada em projeção cartográfica oblíqua.

Fonte: bonifássi, pascál (.). Atlas des relations internationales. Paris: Hatier, 2013. página 47.

Nota: Representação sem escala e orientação elaborada em projeção cartográfica oblíqua.

Orientações e sugestões didáticas

Respostas

  1. Porque, uma vez consumidos, demoram milhões de anos para se formarem novamente, ou seja, não se renovam em curto período de tempo ou se esgotam.
  2. Hidráulica, solar, eólica, biomassa, maremotriz e geotérmica são fontes que não poluem ou pouco poluem o ambiente, são renováveis e, portanto, sustentáveis, já que permitem crescimento e desenvolvimento econômico com mínimo impacto ao meio ambiente, garantindo um mundo melhor às gerações futuras.
  3. Inundação de vastas áreas, com submersão de vegetação, expulsão de populações locais, desvios de curso de rios e alteração do hábitat de animais, entre outros impactos socioambientais.
  4. Os dados dos gráficos e quadros, apresentados ao longo dos Percursos 7 e 8, permitem que notemos uma grande desigualdade no consumo de energia no mundo. Para complementá-los, informamos que, em 2020, China, Estados Unidos e os países da Europa foram os maiores consumidores, respondendo, conjuntamente, por mais da metade do consumo mundial de energia (53%). Na África, o consumo foi de cêrca de 6%; na América Latina, quase 6%; e, no restante do mundo (Ásia, Oceania, Oriente Médio e Canadá), cêrca de 35%. O consumo desigual de energia expressa as desigualdades socioeconômicas entre os países e as áreas geográficas.
  5. Os investimentos em pê ê dê são fundamentais para o fomento das cadeias de inovação, que se desenvolvem a partir dos avanços do conhecimento científico e tecnológico.
  6. O recurso natural é a riqueza existente na Terra, enquanto que matéria-prima é a substância principal com que se fabrica um produto. Por exemplo, o minério de ferro no subsolo é apenas um recurso natural, mas, uma vez explorado, torna-se matéria-prima natural para produzir o ferro. Já o ferro é matéria-prima transformada para a fabricação do aço, que também é matéria-prima transformada na fabricação de automóveis, na construção de pontes etcétera
  1. Aponte o país que é detentor do maior número de reservas conhecidas de recursos minerais de base.
  2. E o Brasil, em qual grupo está incluído?
  3. E quanto aos Estados Unidos, ao Canadá e à Austrália?

8. Interprete os gráficos e faça o que se pede.

Brasil e mundo: oferta interna de energia por fontes renováveis e não renováveis (em porcentagem) – 2020

Gráfico. Brasil e mundo: oferta interna de energia por fontes renováveis e não renováveis, em porcentagem, 2020. Dois gráficos circulares lado a lado representando as porcentagens de oferta de fontes não renováveis e renováveis no Brasil e no mundo.
Brasil: 
Fontes não renováveis: 51,6%. Fontes renováveis: 48,4%. 
Mundo: Fontes não renováveis: 85,1%. Fontes renováveis: 14,9%.

Fonte: elaborados com base em BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Resenha energética brasileira: exercício de 2020. Brasília: ême ême á, 2021. página 5. Disponível em: https://oeds.link/9Y4nd8. Acesso em: 16 fevereiro. 2022.

Depois de interpretar os gráficos, que observações você pode fazer?

9. Observe o quadro e, com os dados apresentados, construa um gráfico de setores e responda à questão.

Em relação à oferta de energia elétrica no Brasil, em 2020, predominavam as fontes de energia renováveis ou não renováveis? Explique.

Brasil: oferta interna de energia elétrica por fonte (em %) – 2020

Fonte

Participação (%)

Hidráulica

65,2

Biomassa

9,1

Eólica

8,8

Gás natural

8,3

Carvão

3,1

Nuclear

2,2

Solar

1,7

Petróleo

1,6

Total

100,0

Fonte: elaborado com base em BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2021: ano base 2020. Rio de Janeiro: e pê e, 2021. página 16.

  1. A residência onde você mora, os móveis, as roupas, os utensílios domésticos etcétera foram produzidos a partir de matérias-primas naturais e transformadas. Dê alguns exemplos delas.
  2. Reúna-se com mais dois colegas e façam uma pesquisa sobre o desenvolvimento da agroenergia no Brasil a partir da década de 1970, com a criação do programa Proálcool. Depois, elaborem um infográfico apresentando o contexto histórico em que o programa foi criado e os objetivos do projeto.
Orientações e sugestões didáticas
    1. Rússia, que possui 13 do total de 18.
    2. No grupo que possui entre 4 e 5 recursos minerais de base ou essenciais.
    3. São países que possuem entre 6 e 10 reservas conhecidas de recursos minerais de base para suprir as necessidades de suas indústrias.
  1. No Brasil, a oferta de energia renovável é maior em comparação com a média mundial, considerando-se que 48,4% dela é de fonte renovável e 51,6%, de não renovável. No mundo, a oferta de energia de fonte renovável é de apenas 14,9%, e de não renovável é de 85,1%. Convém enfatizar os impactos negativos do uso de fontes de energia não renováveis para o meio ambiente.
  2. Predominam as renováveis, ou seja, a hidrelétrica, a biomassa, a eólica e a solar, que somadas representaram 84,8% da oferta de energia elétrica no país em 2020. Verifique a coerência dos gráficos elaborados pelos alunos de acôrdo com os dados do quadro.
  3. Há grande variedade de matérias-primas envolvidas na construção de uma residência e dos objetos que existem nela. Matérias-primas naturais: a areia com a qual se faz o reboco para revestir os tijolos das paredes etcétera Matérias-primas transformadas: o alumínio com o qual se fabricam as panelas, janelas, portas etcétera
  4. O Proálcool foi criado pelo Decreto 76.593, em 14 de novembro de 1975, com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil em relação às fontes de energia externas, especialmente do petróleo. O mercado mundial enfrentava uma crise de abastecimento e de elevação dos preços do barril. As destilarias e as usinas açucareiras foram modernizadas, e outras foram construídas com financiamento público. A partir dos anos 2000, a iniciativa privada passou a fazer parte do projeto de expansão do etanol no Brasil. O surgimento e a popularização dos motores são consequências dêsse fato.

A elaboração de infográficos favorece o trabalho com gêneros multissemióticos e promove o uso pedagógico da tecnologia. Oriente os alunos sobre fontes de pesquisa on-line e, se possível, apresente plataformas gratuitas de design gráfico para criação do infográfico.

Mas lembre-se que, embora o infográfico seja um gênero textual que descende de novas tecnologias aplicadas à modernização das fórmas de comunicação, sua produção não está condicionada a recursos digitais. É importante ter em mente que a característica elementar de um infográfico é a integração de imagens, gráficos e textos para apresentar, de maneira sintetizada, informações, fenômenos e processos de interesse diverso. Logo, a proposta de produção de um infográfico pode ser realizada em formato de cartaz, por exemplo, tendo como base o material levantado na etapa de pesquisa.

Glossário

Produto primário vegetal ou mineral produzido em larga escala que possui grande importância no mercado mundial (exemplos: algodão, trigo, café, minério de ferro).
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Megacidade
Cidade com população superior a 10 milhões de habitantes, desconsiderando-se sua região metropolitana.
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Megalópole
Grande aglomeração urbana formada por metrópoles ou grandes cidades cujos limites se interpenetram no espaço por elas ocupado.
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Bolsa de mercadorias
Instituição financeira em que são realizadas transações com mercadorias, principalmente produtos primários de grande importância no comércio mundial (café, açúcar, algodão, soja etcétera).
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Do inglês trade, negociar, e company, empresa; empresa comercial que atua como intermediária entre empresas que vendem e outras que compram.
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Plâncton
Conjunto de organismos vegetais (fitoplâncton) e animais (zooplâncton), geralmente de dimensões microscópicas, que vivem em meios aquáticos.
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Lixo atômico
Resíduo gerado em reatores nucleares em que se processam produtos químicos radioativos.
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Maré
Efeito relacionado à ação da fôrça gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra, que, combinada com o movimento de rotação do nosso planeta, altera o nível dos oceanos provocando duas altas e duas baixas diariamente.
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GW
Sigla de gigawatt, unidade de potência que equivale a 1 bilhão de watts.
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Fotovoltaico
Que produz corrente elétrica quando iluminado.
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Volátil
Inconstante.
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