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CAPÍTULO 3 Roteiros de aula para o 3o ano
Cultura indígena
Observe as imagens:


(1) Indígenas da etnia Kalapalo fazendo a dança Tawarawanã, na aldeia Aiha, em Querência (MT), em 2018. (2) Dança da flauta, na aldeia indígena Kalapalo, no Parque Indígena do Alto Xingu (MT), em 2009.
A cultura indígena é plural e cheia de sentidos e significados. As danças têm diversas finalidades: comemorar, festejar, agradecer, despedir. Entender as danças e as lutas de diferentes grupos é também entender a pluralidade de nossa cultura.
Conectando ideias
-
Você já trabalhou conteúdos de matriz indígena em suas aulas? Como a Educação Física pode colaborar para a superação das práticas corporais eurocentradas?
Possível resposta: Quando possibilitamos aos estudantes práticas corporais não só de origem europeia, mas também das matrizes africanas e indígenas, ensinamos que todos esses conhecimentos estão em igualdade e merecem ser conhecidos e vivenciados.
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A Educação Física é uma das disciplinas que compõem a área de Linguagens e devem trabalhar as danças. Quais danças indígenas você conhece e gostaria de trabalhar com os estudantes?
Possível resposta: São danças de matriz indígena o cateretê, caiapós, cururu e matipu, por exemplo.
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As brincadeiras indígenas também fazem parte do repertório cultural a que todos os estudantes devem ter acesso na escola. A peteca é um exemplo de brincadeira indígena ressignificada em nossas práticas. Quais outras brincadeiras de matriz indígena são possíveis de vivenciar nas escolas?
Possível resposta: O arco e flecha, arranca mandioca, jogo da onça etc.
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Este capítulo tem a intenção de auxiliar o professor em relação aos currículos específicos, por meio de roteiros de aula. Pensando nas características do 3o ano do Ensino Fundamental — Anos Iniciais, propomos dois temas para cada uma das unidades temáticas.
Proposta de roteiros de aulas
Roteiro de aula 1
Unidade temática
Brincadeiras e jogos.
Objeto do conhecimento
Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo.
Competência específica de Educação Física
- Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF01) Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico-cultural.
(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.

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Tema: Mãe da rua e brincadeiras de pegar
A brincadeira "mãe da rua" também é conhecida por outros nomes, dependendo da região onde é praticada. Ela pode ser conhecida como "rio vermelho", dependendo da região. Essa brincadeira permite que a criança explore vários tipos de deslocamento e experimente a tomada de decisão para a execução da atividade.
Processo pedagógico:
- Para iniciar a aula, exponha as obras do artista Ivan Cruz e peça que os estudantes identifiquem as brincadeiras representadas. Peça que identifiquem em quais há locomoção do corpo. Indague quais brincadeiras geralmente fazem com os amigos e que também poderiam estar presentes na imagem.

Várias brincadeiras II, de Ivan Cruz, 2006. Técnica: A.S.T, 1,30 m × 1,70 m.
- Em seguida, converse com os estudantes e pergunte a eles como normalmente costumam brincar de pega-pega. Para iniciar a aula, peça que escolham um tipo de "pega-pega"; depois, retome com eles o pega-pega jogado de forma diferente, ou seja, "mãe da rua".
- No decorrer da aula, você vai ensinar a brincadeira "mãe da rua", em que os estudantes ficarão de um lado da quadra e, ao comando do professor, deverão atravessar para o outro lado, sem serem pegos por um pegador que vai se posicionar no meio da quadra. Todos que forem pegos vão ajudar até restar somente um estudante.
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- Durante a atividade, pode-se colocar variações como: quem for pego deve ajudar o pegador: 1. Parado no lugar que foi pego; 2. Deslocando-se de forma diferente (de costas, por exemplo); 3. Movimentando-se livremente pela quadra.
- Depois dessa vivência, os estudantes são estimulados a discutir quais são os desafios da brincadeira.
Avaliação
Os estudantes, após vivenciarem diferentes possibilidades de brincar de "mãe da rua", agora têm repertório e autonomia para explorar mais esse tipo de brincadeira.
Com o uso de diferentes materiais, você pode propor a eles que, com base na criatividade e na imaginação, criem seus próprios desenhos, o que envolve o nível do registro artístico.
As possibilidades de instrumentos avaliativos são diversas e podem ser aplicadas por meio de vários tipos de registro (desenhos, colagens, fotografias e vídeos), fichas de observação, portfólios, autoavaliação e/ou rodas de conversa.
Roteiro de aula 2
Unidade temática
Esportes.
Objeto do conhecimento
Esportes de rede/parede.
Competência específica de Educação Física
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.
Tema: Voleibolão
Alguns esportes têm como objetivo a necessidade de rebater determinado material por cima de uma rede. Isso pode ser feito com as próprias mãos ou com algum implemento. São exemplos desses esportes: vôlei, peteca, tênis de campo, tênis de mesa, badminton.
É importante que os estudantes explorem ao máximo as possibilidades de execução dessa tarefa, diversificando cada vez mais os estímulos para a aprendizagem.
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Processo pedagógico:
- Converse com os estudantes sobre o conhecimento deles relacionado a esportes que envolvem rede e, inclusive, se algum deles envolve outro tipo de material ou não.
- O desenvolvimento da aula se dará inicialmente por meio de um jogo, que em alguns lugares pode ser conhecido como "lixo na casa do vizinho", mas a nomenclatura varia de região para região.
- Você pode organizar a turma em dois times, e cada time vai ficar de um lado da quadra, que estará dividida por uma rede. A altura da rede deve ser condizente com o nível de habilidade dos participantes.
- Espalhados pela quadra, terão diversas bolas, de tamanhos e pesos diferentes. O objetivo dos estudantes é rebater as bolas por cima da rede, fazendo com que a bola vá para a área do "vizinho". Depois de determinado tempo, você para a rodada, fazendo a contagem das bolas de ambos os lados, computando um ponto para o time que tiver menos bola ao seu lado.
- Os estudantes deverão rebater a bola da maneira que lhes for mais conveniente, pois não existe uma forma certa de rebater a bola.
- Depois disso, com apenas uma bola grande, os estudantes vão poder vivenciar o jogo Voleibolão. Nesse jogo, eles não podem deixar a bola cair no chão. Para evitar que isso aconteça, podem segurar a bola, rebater, sempre com o objetivo de preservar o campo e derrubar a bola no campo adversário.
Avaliação
Antes da vivência prática, traga para os estudantes, no início do processo, jornais e revistas em que haja alguma imagem de esporte de rebater.
Depois da vivência, eles deverão conversar sobre as regras estabelecidas em cada um dos jogos e o que poderia ser feito, a fim de melhorar a participação de todos. Conversar sobre as regras implica a participação de todos para o sucesso da atividade.
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Roteiro de aula 3
Unidade temática
Ginásticas.
Objeto do conhecimento
Ginástica geral.
Competência específica de Educação Física
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF07) Experimentar e fruir, de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais), propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.

Tema: Saltos
Os saltos são componentes de diversas atividades físicas e, na ginástica, representam um papel fundamental. Além de ser uma habilidade motora fundamental para a exploração nessa faixa etária, sua capacidade lúdica permite a exploração de uma gama de possibilidades e brincadeiras.
Processo pedagógico:
- Inicialmente, promova uma roda de conversa com os estudantes e explique que na aula eles vão explorar diferentes tipos de salto, sendo eles sobre alguns obstáculos.
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- Para o início da aula, os estudantes podem vivenciar em um espaço bastante reduzido o pega-pega canguru, em que os pegadores só podem se movimentar saltando com os dois pés. Quem for pego imediatamente vira "canguru" também.
- Depois, organize um circuito motor na quadra, onde os estudantes vão explorar alguns saltos sobre obstáculos. Esses obstáculos podem ser feitos com: cordas, cones, bambolês, colchões, bancos e cadeiras. Se tiver disponível, poderá incrementar alguns saltos com trampolins e minitramp. É importante diversificar os materiais de acordo com a disponibilidade de cada contexto.
- Os obstáculos mais difíceis ou mais altos deverão ser protegidos com colchões laterais, prezando sempre a segurança do estudante.
- É possível realizar alguns níveis de dificuldade no próprio percurso, já que na turma normalmente há estudantes de diferentes níveis de aprendizagem.
Avaliação
Em uma roda de conversa, leve os estudantes a refletir sobre os diferentes tipos de salto que viram nesta aula e quais as dificuldades e os benefícios que eles encontraram na realização.
Os estudantes, divididos em pequenos grupos, deverão fotografar as etapas do circuito que eles considerem de fácil execução, média execução e difícil execução. Assim, ao dividir as imagens em três etapas, os minigrupos poderão reconhecer os níveis de dificuldade do circuito motor. Caso não haja disponibilidade de material para a fotografia, ela poderá ser substituída por desenhos.
Depois, proponha o compartilhamento dos registros de cada grupo com toda a turma, favorecendo trocas e reflexões acerca de estratégias e dicas para superar dificuldades da prática de saltos.

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Roteiro de aula 4
Unidade temática
Danças.
Objeto do conhecimento
Danças do Brasil e do mundo.
Competência específica de Educação Física
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.

Tema: Danças em roda — ciranda
A dança é uma prática corporal que está presente em nossa sociedade e constrói nossa cultura. Existem diversas possibilidades de dançar: sozinho, em duplas ou em grupo. A proposição é que os alunos saibam identificar e experimentem as danças que envolvem um grupo de pessoas em sua experimentação.
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Processo pedagógico:
- Convide os estudantes a falar todas as danças que conhecem ou das quais já ouviram falar. Faça uma lista com o nome das danças e, com base nessa lista, os estudantes classificarão se elas são realizadas de forma individual, em duplas ou em grupos.
- Em seguida, sinalize quais são as danças realizadas em grupo e a importância do envolvimento de todos para a realização da atividade.
- Em roda, de mãos dadas, os estudantes são convidados a experimentar diferentes movimentos: todos para o centro; todos para fora, todos para a direita ou o mais rápido possível; todos para a esquerda da forma mais lenta possível. Depois de explorar diversas possibilidades, apresente a manifestação da cultura corporal ciranda, realizada em quatro tempos.
- Os estudantes experimentam algumas formas de marcar quatro tempos (batendo o pé no 1 e palmas no 2, 3 e 4, por exemplo).
- Para finalizar, ao som de uma ciranda, todo são convidados a experimentar a música dançando em roda.
Avaliação
Você pode registrar em formato de vídeo a experimentação da manifestação ciranda. Depois, ao assistir, eles são convidados a dialogar sobre os potenciais e os desafios de terem produzido, em conjunto, uma dança.

Brincadeira de roda, de Marta Diniz, 2018. Ilustração bordada em tecido, 40 × 40 cm.
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Para saber mais
- Danças brasileiras de matrizes africanas e indígenas: dialogando com a diversidade, de Cláudia Foganholi. Programa de Pós-Graduação em Educação/Universidade Federal de São Carlos (PPGE/UFSCar). In: V Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: Motricidade, Educação e Experiência, out. 2012. Disponível em: https://oeds.link/JKMPhx. Acesso em: 2 jun. 2021.
O artigo da autora destaca que as danças brasileiras são manifestações da cultura popular, como o samba de coco e a ciranda, que, em diferentes partes do país, apresentam matrizes indígenas, africanas e europeias. A autora afirma que a dança é uma prática que contribui para a luta pela transformação de situações e realidades opressivas, injustas e discriminatórias, em busca de equidade e respeito. Leia um trecho do artigo:
[...]
A cosmovisão africana presente em tais danças possibilita o reconhecimento das identidades brasileiras e a reflexão sobre maneiras de nos educarmos para as relações, pautadas na afirmação das diferenças e valorização da diversidade.
[...]
Algumas reflexões: compondo e cantando nossos versos
[...]
A sociedade brasileira passa por um momento de singular importância para os estudos sobre a África e as diásporas africanas, que "[...] não atendem apenas a uma demanda exclusiva do movimento social negro, mas de toda a sociedade, e tornam-se indispensáveis para o conhecimento do mundo no qual vivemos e dos mundos que nos precederam" (MOORE, 2008). Sobretudo pela variedade de formação étnica da população, a sociedade brasileira tem buscado compreender as formas de ver o mundo dos povos africanos e seus descendentes no Brasil, a fim de promover a discussão das relações étnico-raciais, com base na afirmação das diferenças e na valorização da diversidade humana. Entre as reflexões propostas pela vivência das danças brasileiras vale ressaltar as que se referem às possibilidades ou potencialidades que as danças brasileiras oferecem para a construção de espaços de diálogo e principalmente para as relações mais igualitárias com as pessoas com deficiências. Tais potencialidades são desenvolvidas a partir de características intrínsecas às matrizes africanas e indígenas, ou à cosmovisão africana presente nas manifestações da cultura popular (OLIVEIRA, 2006). Entre as possibilidades, propostas pela vivência das danças, é possível destacar: a valorização das identidades e da diversidade; a aproximação com a realidade e o cotidiano da comunidade; o estímulo à criatividade na construção de versos e músicas que comportem suas falas, críticas e reflexões; a identificação e valorização da possibilidade de ensinar e aprender; a consideração das subjetividades no processo do encontro; a construção de um grupo e o desenvolvimento da noção de coletividade e solidariedade, onde para a manifestação ocorrer é imprescindível a participação de todas e todos.
FOGANHOLI, Cláudia. Danças brasileiras de matrizes africanas e indígenas: dialogando com a diversidade. Programa de Pós-Graduação em Educação/Universidade Federal de São Carlos (PPGE/UFSCar). In: V Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: Motricidade, Educação e Experiência, out. 2012. Disponível em: https://oeds.link/M6zaos. Acesso em: 2 jun. 2021.
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Cidadão do Mundo
Danças do mundo
É possível tornar-se um cidadão do mundo por meio do conhecimento, acesso e prática das danças ao redor do globo. A dança possibilita expressar emoções, sentimentos, histórias e ideias por meio do corpo. Em várias partes do mundo, as danças foram desenvolvidas em vilas, aldeias e templos e desde os primórdios é praticada para celebrar, transmitir mensagens e informações e cultuar.
A dança pode dizer muito a respeito de um povo e de sua história; os passos, os movimentos corporais contam muito sobre o dia a dia, sobre as fortalezas e mazelas de um povo, seus sonhos e lutas.
A diversidade de danças populares ao redor do globo é imensa e extraordinária. Na fonte sugerida a seguir, conheça danças ao redor do mundo, como Kathakali (Índia); Hopak (Ucrânia); Adumu (Quênia e Tanzânia); Valsa vienense (Áustria); Kabuki (Japão); Frevo (Brasil); Tango (Argentina) e muitas outras. Sugestão — Site Danças populares: uma viagem ao redor do mundo, Heloiza Castro, 10 dez. 2015. Blog da Escola de Belas Artes de Joinville. Disponível em: https://oeds.link/PwFW75. Acesso em: 2 jun. 2021.
E que tal pesquisar mais sobre alguma dessas danças e praticar com seus alunos? As roupas, acessórios, passos, tudo compõe a cena e a arte da dança. Aproveite e pratique com seus alunos!

Meninos se apresentam no evento HopakFest, festival de dança da Ucrânia, em Kharkiv, no nordeste do país. Foto de 2019.

Apresentação de dança Nihon Buyo Kabuki, na Sociedade Japonesa, em Nova York, em 2012.
Roteiro de aula 5
Unidade temática
Lutas.
Objeto do conhecimento
Lutas do contexto comunitário e regional.
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Competência específica de Educação Física
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
Tema: Cabo de guerra
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sugere que o trabalho da unidade temática Luta seja feito a partir do 3o ano. Aqui, podemos experimentar e vivenciar diversas possibilidades dos jogos de oposição.
Processo pedagógico:
- Como início de um trabalho com estudantes que nunca vivenciaram o amplo campo das lutas, você pode trabalhar com jogos de oposição.
-
O cabo de guerra é um jogo com uma característica diferente das lutas tradicionais, ou seja, ele é coletivo, mas se assemelha às lutas em outros aspectos.

- No início do processo, pergunte se eles conhecem algum tipo de luta e, caso conheçam, pergunte qual é o fator importante para se sair bem em uma luta. Observe e anote as respostas para comentar ao final da aula.
- Propor o cabo de guerra por equipes formadas por 4 pessoas, divididas de forma equilibrada.
- Para valorizar a segurança dos estudantes, aspecto fundamental em qualquer trabalho corporal, sobretudo nas lutas, você deve construir um contrato de acordo coletivo, elaborando condutas de segurança sobre possíveis quedas e a observação da corda que eles estarão puxando, para que não machuquem as mãos.
- Após algumas rodadas, pode-se trocar algumas pessoas de time ou formar times com novas configurações.
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Avaliação
Os estudantes deverão realizar uma autoavaliação, identificando as emoções presentes durante a atividade (medo, raiva, frustração, alegria, ansiedade), além da sua participação e envolvimento nos procedimentos da aula.

Roteiro de aula 6
Unidade temática
Brincadeiras e jogos.
Objeto do conhecimento
Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana.
Competências específicas de Educação Física
7. Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF01) Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico cultural.
(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.
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Tema: Peteca
A peteca é um brinquedo muito comum no Brasil, de origem indígena, que não exige necessariamente um espaço para acontecer. Brincar de peteca é reconhecer um importante objeto da nossa cultura e sua característica lúdica.
Leia o texto:
Uma brincadeira indígena: a peteca!
De origem indígena, a palavra peteca significa, em tupi, esbofetear, golpear com a mão espalmada. A prática do jogo de peteca, pode-se dizer, é uma criação puramente brasileira. O Brasil ainda não havia sido descoberto pelos portugueses e a peteca já era popular entre os nativos da região: os indígenas. Junto dela, faziam-se canções e danças para acompanhar. Dessa forma, com o passar do tempo e a permanência da prática da peteca pelos portugueses, as gerações que se sucederam também pegaram o hábito de jogá-la. É muito fácil, vamos brincar?
Para fazer em casa. Educação Física. Disponível em: https://oeds.link/yTBCd3. Acesso em: 2 jun. 2021.
Processo pedagógico:
- No início da aula, convide os alunos a explorar livremente as petecas ali dispostas.
- Em seguida, convide os alunos a brincar em duplas, rebatendo o objeto o tanto quanto possível.
- Depois de experimentar a brincadeira com diferentes duplas, o professor pode formar quartetos, em que o objetivo continua sendo derrubar o implemento a menor quantidade de vezes possível.
- O desafio final é conseguir, por meio do movimento de rebatida, acertar um cesto que você disponibilizará pelo espaço da aula.
Avaliação
Reúna os estudantes em grupos e peça que pensem em novas maneiras com as quais poderiam variar a brincadeira. Cada grupo vai explicar para toda a turma a variação proposta e todos vão vivenciar as diversas maneiras.
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Os estudantes podem construir suas próprias petecas. Para tal, usarão materiais recicláveis e/ou materiais de papelaria.
Sugestões de fontes sobre como construir uma peteca:
- Como fazer uma peteca superfácil. Canal Artesanatos sem mistérios. Disponível em: https://oeds.link/3sjYy7.
- Canal Najara Ribeiro. Como fazer peteca de papel. Disponível em: https://oeds.link/aDfXa5.
- Para fazer em casa. Educação Física. Uma brincadeira indígena: a peteca! Disponível em: https://oeds.link/b4xtTZ.
Acessos em: 2 jun. 2021.
Para saber mais
- Jogos e brincadeiras na cultura Kalapalo, de Marina Herrero e Ulysses Fernandes. São Paulo: Sesc, 2010.
Nessa obra, os autores registram 25 jogos e brincadeiras da aldeia Kalapalo, em Mato Grosso. A obra contém textos sobre a cultura Kalapalo, fotos de objetos, além de desenhos de pintura corporal e imagens de indígenas brincando, entre outras atividades. É possível utilizar esse material para que os estudantes ampliem seu conhecimento étnico-cultural, por meio das brincadeiras.

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Roteiro de aula 7
Unidade temática
Esportes.
Objeto do conhecimento
Esportes de invasão.
Competência específica de Educação Física
- Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.
Tema: Futebol
Futebol
Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas de pau.
[...]
Instantes lúdicos: flutua
o jogador, gravado no ar
- afinal, o corpo triunfante
da triste lei da gravidade.
ANDRADE, Carlos Drummond. Futebol. In: Quando é dia de futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

Futebol, 1935, de Candido Portinari. Óleo sobre tela, 97 × 130 cm sem moldura. Rio de Janeiro, Projeto Portinari.
DIREITO DE REPRODUÇÃO GENTILMENTE CEDIDO POR JOÃO CANDIDO PORTINARI/IMAGEM DO ACERVO DO PROJETO PORTINARI — COLEÇÃO PATICULAR
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Como disse o poeta nos versos anteriores e como mostra a obra de arte de Candido Portinari, "futebol se joga na rua, futebol se joga na alma". O futebol é uma paixão nacional. Muitos afetos são despertados em razão dessa manifestação cultural. Existem, porém, muitos jeitos de praticar o futebol.
Processo pedagógico:
- No início da aula, os estudantes podem ser divididos em dois times com o número total de jogadores na turma (se na turma houver 30 estudantes, serão dois times de 15 integrantes). Nesse jogo, eles devem tentar fazer gol na trave do adversário por determinado tempo, que vai ser controlado por você, professor. Para isso, serão disponibilizadas muitas bolas leves (quaisquer bolas a que você tenha acesso e com as quais os estudantes não se machuquem caso levem uma bolada enquanto estão distraídos).
- Depois dessa vivência, eles deverão explorar o futebol em miniquadras, em trios.
- Por último, eles deverão vivenciar o futebol de botão.
Avaliação
Organize uma roda de conversa e pergunte a eles como foram as diferentes experiências, jogando em grupos maiores e depois em trios. Pergunte como foi a atitude do grupo, se o foco foi a competição ou se houve também a cooperação.
Midialogando
Alguns jogos eletrônicos simulam a prática de alguns esportes. O videogame e muitos aplicativos de jogos eletrônicos infantis fazem parte de um processo de aprendizagem que está vinculado a dimensões de novos significados dos esportes, de forma geral.
Pergunte aos estudantes se eles conhecem e gostam de videogames. Caso já tenham jogado algum jogo de futebol, por exemplo, pergunte se eles acham que por meio de jogos eletrônicos eles aprendem sobre o esporte praticado e se esses jogos estimulam a praticar o jogo em seu cotidiano.
Convide-os também a refletir sobre os benefícios que apenas a prática esportiva é capaz de oferecer.

Smartphone conectado a gamepad. Os jogos eletrônicos podem ser utilizados como ferramentas pedagógicas, e não apenas como vilões, pois eles envolvem aspectos motores, cognitivos e sociais entre os estudantes.
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Roteiro de aula 8
Unidade temática
Ginásticas.
Objeto do conhecimento
Ginástica geral.
Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF07) Experimentar e fruir, de forma coletiva, combinações de diferentes elementos da ginástica geral (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais), propondo coreografias com diferentes temas do cotidiano.
Tema: Figuras acrobáticas
Perceber o próprio corpo como possibilidade de construção de figuras a partir do encontro com o outro possibilita o exercício do respeito por si, pelo outro e pelo grupo, de forma lúdica e potente.
Processo pedagógico:
- Inicie a aula pedindo para que individualmente os estudantes construam determinada imagem: um círculo, um quadrado ou a letra T, por exemplo.
- Em seguida, eles deverão construir novas possibilidades de figura, só que dessa vez em quartetos.
-
O professor mostra três imagens e os estudantes deverão tentar reproduzir. Sempre que dois estiverem fazendo o movimento, os outros dois estarão atentos como "seguranças". Essa troca de papéis é fundamental para o exercício de desenvolvimento de responsabilidade, respeito e empatia.



- Em seguida, eles deverão elaborar uma figura acrobática em dupla.
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-
Mostre novamente algumas figuras acrobáticas em trios, e os estudantes deverão escolher apenas uma ou duas para reproduzir (em diferentes formações em seu próprio quarteto, sempre com alguém sendo apoio/segurança). Caso você tenha tempo, ele poderá propor a escolha de mais imagens.







- Os estudantes deverão elaborar uma figura acrobática com três colegas.
Avaliação
Por último, os estudantes deverão escolher quatro figuras acrobáticas de que mais gostaram e praticá-las em sequência, para uma breve apresentação. Dois grupos ao mesmo tempo deverão mostrar as produções feitas para a classe.
Roteiro de aula 9
Unidade temática
Danças.
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Objeto do conhecimento
Danças de matriz indígena e africana.
Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.
Tema: Dança indígena — jacundá
Jacundá
[...]
A palavra Jacundá é o nome genérico de vários peixes da família dos ciclídios, que medem até 26 cm de comprimento e se alimentam de insetos como o jacundá-coroa e o jacundá-pinima. Esta palavra designa, ainda, uma dança indígena, que imita a pesca do jacundá. Nela, homens e mulheres formam um círculo de mãos dadas, alternadamente. Para o centro da roda vai um casal de cada vez, em torno do qual o círculo gira ao som de uma música. Na região onde fica o município há grande quantidade desse peixe, daí a origem do nome. Jacundá também é uma planta da família das miriáceas.
Fonte do histórico: Jacundá (PA). Prefeitura. In: Catálogo IBGE. Disponível em: https://oeds.link/fUPV9o. Acesso em: 2 jun. 2021.
Entre tantas danças tradicionais de diversos povos indígenas do Brasil, o jacundá representa uma dança realizada em roda. As danças expressam a cultura de seus povos.
As danças indígenas geralmente são rituais realizados para homenagear os ancestrais ou em agradecimento à colheita e aos ciclos da natureza.
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Processo pedagógico:
- No início da aula, converse e contextualize que a dança é uma arte milenar, e os povos indígenas do Brasil, muito antes de os portugueses chegarem aqui, já realizavam essa prática cultural milenar.
- Para dançar, os estudantes vão formar uma roda, podendo ser de mãos dadas ou não, a depender do grupo.
- Durante a dança, dois estudantes vão para o centro da roda e ficarão dançando livremente. Proponha que eles mexam principalmente determinada parte do corpo (apenas os braços/só os pés/quem manda na dança é o quadril...).
- Após um tempo eles deverão tentar sair da roda e os outros integrantes deverão impedir que eles saiam. Caso consigam sair, os participantes que permitiram a saída deverão entrar na roda e realizar o mesmo processo.
- Experimente fazer esse processo sem o comando musical (os dois estudantes que estão no centro da roda podem tentar sair a qualquer momento) ou por meio de um comando (quando a música parar, quem estiver no meio da roda tenta sair).
- Por último, com sua ajuda, deverão pesquisar o significado do nome dessa dança. Ao descobrir que se trata também de um peixe, eles deverão propor hipóteses para a semelhança da nomenclatura, explicitada em texto citado anterior.
Avaliação
Os estudantes deverão pesquisar outras danças indígenas que tenham pelo menos um elemento parecido com a que foi proposta. Ao realizar essa pesquisa, com sua mediação, eles deverão escolher um ou dois exemplos e experimentá-los durante as aulas.
Roteiro de aula 10
Unidade temática
Lutas.
Objeto do conhecimento
Lutas do contexto comunitário e regional.
Competência específica de Educação Física
- Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
(EF35EF15) Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.
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Tema: Desequilíbrio
Nas lutas, a tentativa de desequilibrar um oponente é muito válida e importante. Em algumas delas, é essencial que se provoque o desequilíbrio corporal do oponente para ter sucesso na tarefa. É possível desequilibrar o outro e garantir que isso seja feito sempre com respeito.
Processo pedagógico:
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No início da aula, relembre com os estudantes os combinados sobre segurança e respeito, tão necessários em qualquer prática corporal.
-
Em seguida, proponha diversas atividades em que seja necessário desequilibrar o outro. O primeiro jogo é conhecido como "João bobo", em que os estudantes em trios desequilibram e seguram o participante que está entre eles.

- Em seguida, em duplas, os estudantes vivenciam o jogo do Saci, em que, apoiados em apenas um pé e em contato por apenas uma mão, o objetivo é desequilibrar o adversário até ele cair ou encostar os dois pés no chão.
- Logo após, eles experimentam o jogo em que se posicionarão um de frente para o outro, em quatro apoios (posição de prancha). O objetivo é que, com o auxílio das mãos, consigam desequilibrar o colega e derrubá-lo, puxando as mãos ou os pés dele. Para essa atividade é recomendado o uso de colchões ou tatames, para garantir a segurança de todos.
- Em seguida, os estudantes experimentam as mesmas atividades, porém com outros grupos de formação.
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- Por último, os estudantes deverão se reunir em duplas e criar algum jogo em que um deles precise desequilibrar o oponente. Se possível, a dupla deve ensinar para o restante da turma as regras da atividade. Sistematizar uma atividade é exercitar o protagonismo em sua trajetória de aprendizagem
Avaliação
Cinema na escola: Os estudantes deverão assistir ao filme Kung Fu Panda ou Mulan e discutir os aspectos da luta que os protagonistas praticam. O que eles aprenderam lutando? Reforce que, ao praticar a luta em suas trajetórias e nas diversas situações que atravessam, as personagens também aprenderam valores que podem ser levados para a vida, como a importância da amizade, de buscar realizar os sonhos, de ter determinação, disciplina e coragem para enfrentar as dificuldades etc.
Para saber mais
- Kung Fu Panda. Direção: Mark Osborne e John Stevenson. EUA, 2008, 1h30min.
O filme narra as aventuras de um panda que sonha em tornar-se um mestre de kung fu e, para isso, de forma inesperada ele precisa cumprir uma profecia e estudar a arte marcial e para isso ele vai precisar unir força, habilidade e sabedoria para realizar esse sonho.

Cidadão do Mundo
Os eventos esportivos na escola são, além de motivantes e atraentes aos estudantes, uma oportunidade pedagógica para desenvolver valores como cooperação, trabalho em equipe e respeito a serem vivenciados na prática. A possibilidade de organizar um campeonato esportivo possibilita que os estudantes se relacionem de outra maneira.

Roteiro de aula 11
Unidade temática
Brincadeiras e jogos.
Objeto do conhecimento
Brincadeiras e jogos e matriz indígena e africana.
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Competência específica de Educação Física
- Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF03) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas.
(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis.

Tema: Jogo de matriz africana — Da Ga
Processo pedagógico:
Inicie a aula pelo aquecimento que faz parte de seu ritual de início de aula. Aquecimento articular é uma boa opção de aquecimento antes de um jogo de corrida.
Este jogo, segundo o livro Jogos de todo o mundo, de Oriol Ripoll e Rosa Maria Curto, tem origem em Gana. Pergunte aos estudantes se eles já ouviram falar nesse país. Se possível, mostre sua localização em um mapa e conte algumas curiosidades sobre o país, como animais nativos, pontos geográficos interessantes, idioma etc.
A área de jogo pode ser um pátio ou uma quadra. Dentro desse espaço delimite uma área (3 m × 3 m) como a toca da serpente. Escolha um estudante para ser a serpente (pegador), que sairá da toca quando os demais estudantes o chamarem. Quando a serpente pega um estudante, ambos se dirigem para a toca e, a partir daí, de mãos dadas, devem tentar pegar os demais estudantes. Cada vez que os pegadores que estão no papel de serpente pegam um colega, este passa a integrar o corpo da serpente.
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Se as mãos dos pegadores se soltarem, a serpente deve retornar à sua toca para se "recuperar" antes de tornar a pegar os fugitivos quando chamada por eles. O jogo chega ao fim quando todos os fugitivos forem pegos.
Após a realização desta brincadeira, pergunte aos estudantes se conhecem algum pega-pega parecido. É provável que eles citem o pega-pega corrente. Pergunte sobre as regras do pega-pega corrente ou outro jogo que eles tenham citado. Em seguida, proponha a realização do jogo com as regras dos estudantes.
Depois deste momento de ampliação de significados, estabeleça com base nas falas, pontos de aproximação e diferenciação entre os jogos Da Ga e pega-pega corrente.
Estimule uma discussão e peça aos estudantes que criem hipóteses a respeito do motivo de um jogo assumir diferentes formas em diferentes culturas.
O ato de brincar e jogar não obedece a fronteiras políticas e reflete também as formas de viver e pensar de determinadas comunidades.
Para saber mais
A obra Jogos de todo o mundo apresenta mais de cem jogos individuais ou coletivos, suas origens e as regras necessárias para reproduzir cada um deles.
Por meio de jogos de várias partes do mundo, é possível conhecer outras culturas, reconhecer outras percepções e entendimentos, além de se divertir.

Avaliação
Em uma roda de conversa, pergunte o que acharam mais interessante nessa brincadeira. Qual é a principal diferença entre o Da ga e o pega-pega do qual as crianças costumam brincar? Os estudantes podem apontar que o pega-pega é uma brincadeira mais ágil e a outra depende do grupo. Ajude-os a refletir que uma enfatiza a ação individual, enquanto a outra considera o coletivo.
Pergunte qual é a sensação após serem "pegos", em cada brincadeira. Pergunte também qual foi a sensação de fazer parte da serpente. Como atuaram no grupo?
Ajude-os a refletir se participaram ativamente, se ajudaram os colegas e como enfrentaram eventuais dificuldades durante a atividade. Veja, por fim, se os estudantes relacionam esse jogo a outros jogos da região.
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Roteiro de aula 12
Unidade temática
Esportes.
Objeto do conhecimento
Esportes de invasão.
Competência específica de Educação Física
- Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF05) Experimentar e fruir diversos tipos de esportes de campo e taco, rede/parede e invasão, identificando seus elementos comuns e criando estratégias individuais e coletivas básicas para sua execução, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo.
Tema: Flagbol
Processo pedagógico:
Acredita-se que o flagbol ou flag football tenha sido criado por soldados estadunidenses durante a Segunda Guerra Mundial com a finalidade de recreação em seus momentos livres. Este jogo é uma adaptação do futebol americano e utiliza duas tiras de tecido (flags) presas a um cinto utilizado pelos jogadores e quando retiradas, substituem os movimentos mais contundentes de contenção do adversário que ataca com a bola.
Antes de iniciar a atividade, pergunte aos estudantes se já conhecem ou já ouviram falar desse jogo e em caso afirmativo, solicite que partilhem seu conhecimento com o grupo. Se ninguém conhecer esse esporte, deixe para contar sobre sua relação de derivação do futebol americano no final da aula, a fim de evitar que representações desta modalidade interfiram no gesto dos estudantes.
Para auxiliar os estudantes na apropriação do gesto de retirar as flags, proponha um jogo de "pega rabinho". Na organização desse jogo, peça aos estudantes que prendam um pedaço de tecido por dentro da calça. Combine que esse rabinho deve ter um tamanho mínimo e que ele deve ficar na linha da coluna vertebral. O objetivo é pegar o tecido do colega e proteger o seu próprio com o tronco, portanto, os braços devem ficar para cima e não vale utilizar as mãos para bloquear a mão do colega. Isto evitará choques nas mãos dos estudantes.
Esta atividade de aquecimentos pode ser realizada inicialmente em duplas, quartetos, sextetos e assim por diante, desde que haja número igual de participantes em oposição. Em seguida, explique as regras do jogo de flagbol.
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Seu objetivo é levar a bola ao campo do time adversário (determine este espaço).
O manejo da bola é realizado com as mãos e é permitido deslocar em qualquer velocidade e direção segurando a bola.
Para tomar a posse de bola é preciso retirar o flag do jogador que detém a posse de bola antes que ele realize um passe (a bola precisa estar em contato com o jogador na hora de retirar a flag). É possível interceptar um passe ou fazer com que a bola saia da área de jogo pelas mãos dos jogadores da outra equipe.
São consideradas faltas as ações contra os corpos dos jogadores como empurrar, puxar a roupa, derrubar ou quaisquer ações inadequadas para o contexto do jogo.
Um ponto é marcado quando um jogador entra com a bola (carregada nas mãos) dentro do campo adversário ou quando um jogador recebe um passe dentro do campo do adversário sem deixá-la cair.
Para realizar os agrupamentos entre equipes, procure utilizar estratégias diversificadas e que correspondam aos seus objetivos pedagógicos. Mesmo que os grupos fiquem desequilibrados em relação às habilidades motoras individuais, é importante lembrar os estudantes que fatores como a condição física e psicológica dos jogadores e as estratégias e táticas adotadas são determinantes.
Quando se têm equipes tecnicamente equilibradas, geralmente são criadas as mesmas soluções de resolução de problemas e os mais habilidosos detém a posse de bola durante um tempo maior de aula. Lembre-se de que um número maior de participantes por rodada aumenta a complexidade do jogo e diminui o tempo da experiência individual ativa.
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Para saber mais
- Flag football Brasil. Disponível em: https://oeds.link/Gmugpd. Acesso em: 20 jul. 2021.
Neste site oficial de flagbol no Brasil, você poderá aprofundar seus conhecimentos sobre a história desta modalidade, suas regras e sua presença no Brasil e no mundo.
Avaliação
Ao final, reúna a turma em uma roda de conversa para avaliar a experiência. Pergunte como se sentiram ao participar das atividades. Como foi a experiência de jogar em oposição à outra equipe? Quais foram as dificuldades enfrentadas e como a solucionaram? Como atuaram com a sua equipe?
Os flags são um material indispensável para a realização do jogo de flagbol. Você pode confeccionar os flags com os alunos utilizando materiais como TNT, tiras de sacolas plásticas, barbantes etc. As cores diferentes dos materiais utilizados podem representar a cor de cada equipe. Os alunos poderão criar e testar diferentes formatos de flags.
Roteiro de aula 13
Unidade temática
Ginásticas.
Objeto do conhecimento
Ginástica geral.
Competência específica de Educação Física
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF08) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios na execução de elementos básicos de apresentações coletivas de ginástica geral, reconhecendo as potencialidades e os limites do corpo e adotando procedimentos de segurança.
Tema: Ginástica geral (malabarismo)
Processo pedagógico:
O tema malabarismo está descrito na Base Nacional Comum Curricular como um dos conteúdos a serem trabalhados na unidade temática Ginásticas, especificamente na tematização da ginástica geral.
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Ao pensar no malabarismo, a primeira representação que se tem desta prática é a de lançar objetos para pegá-los novamente sem deixar cair. Na contrapartida dessa concepção, existe a manipulação como vertente contemporânea do malabarismo, que permite a exploração de outras ações sobre o objeto. A quantidade de objetos manipulados deixa de ser o mais importante, como no malabarismo tradicional, e a expressividade ganha maior destaque.
Providencie para essa aula pequenas bolas (50 a 70 mm de diâmetro). O uso de bolas de tênis permite ações como quicar, mas seu peso pode dificultar alguns movimentos. Você também poderá confeccionar as bolinhas com os estudantes com meias ou bexigas (veja a seção Para saber mais).
Procure saber o que os estudantes entendem por malabarismo, como pensam que ele é feito (com quais ações e movimentos) e com quais e com quantos objetos é possível fazê-lo.
Em seguida, distribua uma bola para cada estudante e inicie com o aquecimento. Para descobrir caminhos de passagem da bola pelo corpo, proponha aos estudantes que finjam que a bola é um sabonete e eles devem ensaboar todas as partes do corpo. Tome nota dos caminhos de passagem criados pelos estudantes para socializar posteriormente.


Possibilidades de movimento
- Segurar a bola com partes do corpo exceto as mãos. Neste exercício, aparecerá o movimento de trava. Trava é o gesto de prender a bola entre duas partes do corpo, por exemplo, entre o braço e o tronco, entre cabeça e joelho, entre cotovelo e joelho, entre braço e antebraço (na articulação do cotovelo), entre perna e coxa (na articulação do joelho), entre a bochecha e o ombro etc.
- Equilibrar a bola em partes do corpo, como na palma da mão aberta, sobre o polegar e indicador com o punho cerrado, sobre a dobra da articulação do cotovelo, sobre o dorso do pé ou da mão. Esse movimento de equilíbrio com partes do corpo é também conhecido como cradle, que, em inglês, significa "berço".
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- Rolar a bola em partes do corpo com ou sem a mão auxiliar. A bola pode ser conduzida por uma das mãos para rolar pelo corpo. É possível explorar sulcos do corpo, como na linha da coluna vertebral nas costas ou unindo membros para formar um sulco entre as pernas, entre os antebraços ou entre as palmas das mãos. Alguns rolamentos podem surgir das travas e são chamados de trava-rolamento.
- Levar e/ou buscar o objeto. Outra forma de explorar o objeto no espaço é levar o objeto de um ponto a outro. Pode ser feito de uma mão para a outra, passando por caminhos do corpo, ou pode ser levado a uma trava com uma mão e retirado dela com a outra mão ou com a mesma mão por outro caminho.
- Deixar cair. Neste movimento a bola perde contato com o corpo por um intervalo de tempo, mas diferente do lançamento, a bola irá se mover pela ação da força da gravidade e não pela ação muscular das alavancas do corpo. A bola deve ser solta em um ponto e aparada em outro mais abaixo do início da trajetória. É possível passar o objeto de uma mão à outra, de uma trava para a mão etc. Deixar cair na mão não é obrigatório, mas é a saída mais simples para o objeto não cair no chão.
- Lançamentos. Podem ser realizados para a mesma mão ou para a outra mão explorando as passagens pelos diferentes caminhos do corpo na saída ou na chegada do lançamento. Exemplos: lançar por baixo da perna, por baixo do braço, lançar para cima e pegar por baixo do braço, por baixo da perna etc.
Evite demonstrar o que os estudantes devem fazer com o objeto para não condicionar o gesto deles. Cada gesto sugerido pode ser encaminhado por meio de perguntas como: "O que você pode fazer para a bola chegar a este ponto do corpo?", "Por onde a bola pode passar até chegar ao ponto desejado?". A criação dos estudantes pode ser socializada com o grupo pela mediação docente.
As bolas de malabarismo que serão utilizadas nesta aula podem ser confeccionadas pelos alunos. Você pode providenciar meias velhas ou bexigas coloridas para que construam cada bolinha. Caso usem meias, será necessário recheá-las com grãos de feijão ou arroz e costurá-las em seguida. É possível também utilizar bexigas, preenchidas com sementes de painço utilizando um funil ou garrafa pet recortada.
O cuidado com o uso das cores, combinando com alguma peça da roupa ou com as cores do ambiente, será importante caso realizem uma apresentação.

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Para saber mais
- Como fazer bolinhas de malabares — Tutorial (How to build your own juggling balls). Disponível em: https://oeds.link/CAvHSe. Acesso em: 20 jul. 2021.
- Conceitos de manipulação com bolas — tutorial malabarismo. Disponível em: https://oeds.link/UO1FtD. Acesso em: 20 jul. 2021.
Nos vídeos sugeridos é possível aprender a confeccionar bolinhas para a aula de malabares, caso elas não estejam disponíveis em sua escola. Além disso, é possível ampliar o repertório de movimentos dos estudantes.
Avaliação
Converse com os estudantes e pergunte se, na opinião deles, a turma contribuiu com a construção da aula, compartilhando conhecimentos prévios ou dando sugestões. Os desafios propostos no decorrer da aula foram superados? Quais foram as estratégias utilizadas para manusear as bolinhas? Quais sensações essa atividade despertou em cada estudante?
Roteiro de aula 14
Unidade temática
Danças.
Objeto do conhecimento
Danças do Brasil e do mundo.
Competência específica de Educação Física
- Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
Habilidade de Educação Física
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço, gestos) em danças populares do Brasil e do mundo e danças de matriz indígena e africana.
Tema: Registro de caminhos corporais na dança
Processo pedagógico:
Providencie com antecedência giz de cera, carvão ou giz de lousa; papel pardo; um aparelho de som e as músicas para tocar durante a atividade.
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Crianças expressam os contrastes da música por meio de seus movimentos.
Para esta atividade, selecione músicas que fazem parte do repertório cultural regional dos estudantes. O aquecimento pode ser realizado de maneira ritmada com os movimentos ginásticos escolhidos. Isso ajudará os estudantes a sensibilizarem seus corpos para o ritmo da dança. Por se tratar de um momento de aquecimento, opte por músicas mais lentas no início.
Para um segundo momento, escolha uma música que contenha alternâncias de sons e estímulos para gerar uma diferenciação por contraste entre sons fortes e fracos, graves e agudos ritmos rápidos e lentos etc.
Estimule os estudantes a recriar os contrastes da música em seus movimentos com saltos, entradas e saídas do piso, giros em pé ou no piso, movimentos de braços, pernas, cabeça ou qualquer outra parte do corpo que possa guiar os movimentos. Depois de tomar nota da produção dos estudantes, você pode pedir que socializem alguns dos movimentos.
No segundo momento da aula, o papel pardo será utilizado como suporte de registro da partitura corporal criada pelos estudantes. Escolha uma parede para colar o papel pardo ao longo de toda sua extensão. No eixo vertical, esse papel deve partir do chão e ser maior do que estudante mais alto da turma. Uma segunda folha pode ser colada no chão. Outra opção é utilizar somente a folha de papel pardo que reveste o piso e na falta do papel pardo, pode ser utilizado jornal velho para forrar parede e chão; ou mesmo nenhum papel e apenas o chão pode ser usado como suporte, contudo esse registro terá um tempo de duração menor (procure usar pigmentações de fácil limpeza).
Antes de riscar o material, estimule os estudantes a planejar o movimento que irão registrar. Algumas perguntas podem orientá-los nesta etapa:
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- Como podemos registrar um salto no papel?
- Como podemos registrar o movimento de agachar e levantar?
- Como podemos registrar o movimento de rolar?
- Como podemos registrar a mudança de espaço?
Faça o mesmo tipo de pergunta em relação aos outros movimentos criados pelos estudantes durante esta aula, mas tome cuidado para não generalizar uma única resposta para cada movimento. Acolha mais de uma opção para representar cada movimento.
No momento do registro da dança, distribua o material escolhido para desenhar (um para cada estudante) e deixe que experimentem esse registro com base na música. Peça aos estudantes que troquem o material de riscar para a outra mão ou qualquer outra parte do corpo com a qual consigam segurar este material.
Depois de realizado o registro, solicite aos estudantes que façam uma leitura do registro e identifiquem o que cada traço pode representar nessa partitura corporal que fizeram.
Avaliação
Depois da atividade, pergunte para a turma como foi a participação deles nos diferentes momentos da aula: aquecimento por meio da dança, dança sem registro, planejamento do registro, registro e leitura do registro.
Pergunte se acham que conseguiram expressar, por meio do registro, os movimentos do corpo. Questione-os, em seguida, se na leitura dos registros e seus contrastes conseguiram interpretar os movimentos que haviam sido realizados.
Roteiro de aula 15
Unidade temática
Lutas.
Objeto do conhecimento
Lutas do contexto comunitário e regional.
Competência específica de Educação Física
- Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
Habilidades de Educação Física
(EF35EF13) Experimentar, fruir e recriar diferentes lutas presentes no contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana.
(EF35EF15) Identificar as características das lutas do contexto comunitário e regional e lutas de matriz indígena e africana, reconhecendo as diferenças entre lutas e brigas e entre lutas e as demais práticas corporais.
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Tema: Brincadeira de luta
Processo pedagógico:
O objetivo desta aula é resgatar a dimensão lúdica das lutas por meio das brincadeiras de combate presentes no cotidiano das crianças relacionando-as com o contexto histórico que geraram essas formas de jogo. Pergunte aos estudantes sobre as lutas que conhecem e suas regras. Questione como se determina o que é e o que não é permitido. Apresente para a turma a obra de arte Jogos infantis, de Peter Bruegel.

Na área central da obra, é possível notar um grupo de seis garotos (três contra três) disputando por um cinto, em uma espécie de cabo de guerra. Pergunte aos estudantes o que acham que está acontecendo e quais seriam as regras dessa brincadeira.
Questione se essa atividade representada na pintura contém características de luta e o porquê. Sabe-se que boa parte das lutas que têm suas técnicas sistematizadas surgiram em contexto bélico. O arranjo corporal das crianças remete a uma disputa entre cavaleiros em seus cavalos, demonstrando relação com as formas de disputas bélicas da época.
Incentive-os a pensar em como criar uma luta que seja saudável e estratégica, que não coloque a integridade física em risco, e que seja disputada por duplas ou trios que cooperam como parte de um time. Proponha a criação de regras para que adaptem essa brincadeira e a vivenciem. Dê um tempo para os estudantes explorarem o papel de quem atua na "linha de frente" da disputa com o outro time, e de quem desempenha o papel de apoio e sustento.
Depois da vivência, debata sobre a experiência que tiveram. Pergunte se sugerem alguma alteração de regras ou se desejam propor jogos semelhantes que já conheçam.
Avaliação
A avaliação desta aula deve ser realizada processualmente, ao longo e ao final da aula. Durante a realização do jogo, verifique como os estudantes avaliam suas atitudes e quais alterações propõem para melhorar a maneira de se praticar a atividade coletivamente.
Ao final, converse com a turma e verifique se os estudantes conseguem estabelecer uma relação entre o jogo e a luta, considerando o aspecto lúdico, a existência de regras e a necessidade de respeito e de igualdade aos participantes.

