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2 Indígenas, portugueses e africanos
Grupo de Jongo Núcleo de Arte e Cultura de Campos, no município de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, em 2019.
MANUAL DO PROFESSOR
Introdução da unidade 2
O objetivo principal desta unidade é abordar as contribuições dos povos indígenas, africanos e portugueses na formação do Brasil. Também serão abordados temas como os primeiros habitantes da América; as Grandes Navegações e a chegada dos europeus ao continente americano; a diversidade do continente africano e a vinda forçada de africanos para o Brasil. A seção Cidadão do mundo tratará de temas como o aperfeiçoamento das técnicas de navegação portuguesa e a origem de algumas tradições brasileiras, como o frevo, a culinária e a música. A seção Arte e História abordará a tradição das máscaras africanas e sua importância para a identidade cultural desses povos.
Ao longo desta unidade, serão propostas algumas questões nas quais os alunos deverão fazer o uso de tecnologia para ampliarem os conhecimentos sobre os temas, como a exploração do Sistema Solar por meio de ferramentas digitais, montagem de slides sobre a diversidade de reinos africanos e pesquisa de conteúdo para a montagem de exposição cultural. Além disso, os alunos desenvolverão atividades que instigam o pensamento crítico e propõem uma reflexão sobre temas importantes da sociedade, como a interpretação de texto sobre a herança cultural africana e a análise de charge e manchete sobre o racismo. Dessa forma, ao longo da unidade, os alunos serão incentivados a refletir sobre os diferentes pontos de vista no que se refere à colonização do Brasil, à resistência à escravidão e à formação multicultural brasileira.
Desse modo, as atividades desta unidade, além de possibilitar o trabalho com diversos temas, propiciam o desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem.
Objetivos
- Refletir sobre a comemoração dos 500 anos do Brasil.
- Incentivar o respeito aos povos indígenas e a valorização de sua cultura.
- Aprender sobre os primeiros habitantes do continente americano.
- Refletir sobre a necessidade da preservação dos sítios arqueológicos brasileiros.
- Identificar os motivos que levaram os europeus a iniciarem as Grandes Navegações.
- Refletir sobre as transformações provenientes do deslocamento de pessoas e mercadorias nos séculos XV e XVI.
- Reconhecer e valorizar a diversidade de povos e culturas presentes no continente africano.
- Identificar os reinos e impérios africanos e suas diferentes formas de organização.
- Perceber a influência africana nas características físicas de grande parte da população brasileira.
- Identificar os motivos pelos quais os africanos foram trazidos ao Brasil.
- Compreender o processo de exploração da mão de obra africana no Brasil.
- Reconhecer e valorizar as contribuições dos povos africanos para a formação social e cultural do país.
- Refletir sobre o racismo no Brasil.
- Reconhecer e valorizar a luta dos africanos e seus descendentes contra a escravidão.
- Reconhecer e valorizar a contribuição de indígenas, africanos e portugueses para a formação da cultura brasileira.
Pré-requisitos pedagógicos
- Para desenvolverem as atividades e os objetivos propostos na unidade 2, é importante que os alunos apresentem conhecimentos introdutórios sobre a diversidade de povos que compõe a história do Brasil. Além disso, espera-se que os alunos conheçam o conceito de comunidades quilombolas, abordado no ano anterior.
Destaques PNA
- No decorrer da unidade, o componente desenvolvimento de vocabulário é contemplado em diversos momentos, à medida que os alunos leem os textos da unidade sobre as Grandes Navegações, a herança cultural africana e o preconceito no Brasil.
Amplie seus conhecimentos
- FREITAS, Fátima e Silva de. A diversidade cultural como prática na educação. Curitiba: InterSaberes, 2012.
Nessa obra, a autora trabalha a escola como um espaço de diversidade, propondo aos professores e demais profissionais da educação reflexões sobre temas a serem trabalhados em sala de aula, como multiculturalismo, direitos humanos e direito às diferenças; relações entre educação e diversidade e cultura como formas de ver o mundo.
Destaques BNCC
- Os temas tratados nesta unidade possibilitam o trabalho com a habilidade EF04HI10, ao abordar os povos que compuseram a sociedade brasileira e suas contribuições na formação cultural do país. Ao longo da unidade, os alunos poderão identificar os processos que levaram à configuração social e cultural do Brasil, valorizando as várias sociedades que fizeram parte desses processos.
- Ao longo da unidade, os alunos serão levados a exercitar a empatia, a cooperação e o respeito ao próximo, tecendo reflexões sobre os diversos grupos sociais e as culturas que fazem parte da composição étnica e cultural da sociedade brasileira, exercitando assim a Competência geral 9.
- Para iniciar o trabalho com esta unidade, explore a imagem das páginas de abertura com os alunos pedindo a eles que a observem com atenção e depois respondam às questões da seção Conectando ideias. Em seguida, questione-os sobre a dança do jongo e pergunte, por exemplo, se eles conhecem essa prática cultural. Explique que essa é uma das tradições culturais afro-brasileiras passadas de geração em geração.
- Caso julgue pertinente, comente com os alunos alguma tradição local que remeta à influência cultural desses povos, como um prato típico, uma dança ou uma festa.
- Ao abordar o encontro entre culturas distintas por meio do trabalho com a unidade 2, é possível tratar de questões envolvendo a temática das dinâmicas populacionais e os processos migratórios em diferentes tempos e espaços, como a chegada dos portugueses ao Brasil, a fuga dos povos indígenas para o interior do território e a migração forçada de africanos para a região, promovendo reflexões sobre o tema atual e de relevância nacional e sua relação com a constituição da sociedade brasileira atual.
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O Brasil tem uma grande diversidade cultural! Você já parou para pensar sobre a variedade de costumes que existem em cada região do país? Muitas dessas tradições se formaram a partir da influência de indígenas, de portugueses e de africanos, povos que conviveram nos primeiros anos de colonização do Brasil.
CONECTANDO IDEIAS
1. O que as pessoas estão fazendo na foto? Descreva a imagem.
Cantando, dançando e tocando instrumentos musicais.
2. Você já conhecia esse aspecto da cultura brasileira? Em caso afirmativo, conte aos colegas onde você já viu essa atividade.
3. Você sabe a origem da atividade retratada na foto? Comente com os colegas tudo o que você conhece sobre esse tema.
2 e 3: Respostas pessoais. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
Conectando ideias
2. Espera-se que os alunos comentem se conhecem essa atividade ou se já participaram de uma roda de dança. Em caso afirmativo, incentive-os a comentar onde eles viram e/ou praticaram essa atividade e como foi essa experiência.
3. O objetivo desta atividade é identificar os conhecimentos prévios dos alunos quanto às origens da dança do jongo. Espera-se que eles comentem as origens africanas dessa prática.
- As atividades 1, 2 e 3 podem ser realizadas para introduzir o tema da unidade com a turma. Utilize-as para verificar os conhecimentos prévios dos alunos e iniciar a discussão dos conteúdos.
- Ao abordar a valorização das diferentes tradições culturais que compõem a identidade brasileira, esta unidade propicia o desenvolvimento de valores cívicos, como respeito, patriotismo e cidadania.
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1 Brasil, 500 anos?
Em abril de 2000, em diversos lugares do país, foram organizadas cerimônias e festividades para comemorar os 500 anos do Brasil.
Mas esses 500 anos são contados a partir de qual data?
Os 500 anos do Brasil são contados a partir do dia 22 de abril de 1500, quando navegadores portugueses, comandados por Pedro Álvares Cabral, chegaram ao território que hoje corresponde ao Brasil.
Após a chegada, Cabral tomou posse das terras em nome do rei de Portugal, não levando em consideração o fato de que aqui já viviam milhões de indígenas.
Desde então, essa data passou a ser considerada pelos portugueses como o dia do "Descobrimento do Brasil".
Réplica da caravela Boa Esperança, uma das embarcações da esquadra de Pedro Álvares Cabral, iniciando viagem entre Portugal e Brasil em comemoração aos 500 anos, em 2000.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
Brasil, 500 anos?
2 aulas
- Leitura e atividades da abertura da unidade.
- Leitura conjunta das páginas 34 e 35.
- Discussão da atividade 1 da página 35.
Atividade preparatória
- Para iniciar o trabalho com o tema, proponha aos alunos uma dinâmica a fim de identificar os conhecimentos prévios deles. Elabore fichas para serem distribuídas aos alunos com perguntas como: "Quando você imagina que teve início a história do Brasil?"; "Quem foram os primeiros habitantes do território que hoje chamamos de Brasil?"; "Você acharia correto utilizarmos a expressão descobrimento do Brasil?"; "Você conhece alguma imagem que trata desse momento histórico?"; "Como esse momento geralmente é representado nas imagens e na mídia?". Sorteie essas fichas para que os alunos as respondam, promovendo um debate sobre o assunto.
- Ao explorar os textos e as imagens, chame a atenção dos alunos para o fato de que nem todas as pessoas têm a mesma opinião sobre a ideia de "descoberta" do Brasil e os motivos para comemorar essa data.
Mais atividades
- Outra possibilidade para trabalhar o conteúdo destas páginas é propor aos alunos uma pesquisa sobre o tema. Peça-lhes que procurem reportagens sobre as comemorações dos 500 anos do Brasil em jornais e revistas do ano 2000 e comente que alguns desses textos podem ser encontrados na internet. Solicite que cada aluno escolha uma reportagem para analisar. Durante a análise, peça-lhes que respondam a perguntas como: "Quem produziu a reportagem?"; "Em que momento histórico ela foi produzida?"; "Quais foram as pessoas entrevistadas pela reportagem?"; "A matéria apresenta imagens?"; "Se sim, o que aparece nelas?"; "Por meio dessa reportagem, o que podemos descobrir sobre a comemoração dos 500 anos do Brasil?". Ao final, peça aos alunos que façam uma apresentação oral aos colegas como meio de socializar as descobertas.
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Os 500 anos do Brasil, entretanto, não foram comemorados por todos. Vários líderes indígenas organizaram uma marcha em protesto contra essas comemorações.
Esses líderes se reuniram na aldeia Coroa Vermelha, próximo a Porto Seguro, e realizaram o maior encontro de líderes indígenas já ocorrido no Brasil até então.
Leia o trecho de um depoimento dado por Maninha Xukuru, líder indígena que participou da organização da marcha de protesto.
A marcha demonstra o nosso repúdio às comemorações oficiais. Os povos indígenas têm sofrido violências e massacres de todos os tipos nestes cinco séculos. Dezenas de nações indígenas foram totalmente eliminadas. Nós mostraremos a real situação em que vive o nosso povo: miséria, negação dos nossos direitos, discriminação e outras agressões. [...]
Enquanto o governo brasileiro estará festejando, nós vamos denunciar e mostrar ao mundo o que o Brasil fez com os donos desta terra e como está tratando os que resistiram.
Willian França. Líder aponta "contradição" nos festejos. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9 abr. 2000. Primeiro caderno, p. 18.
Indígenas durante a marcha em protesto contra as comemorações dos 500 anos do Brasil, na Praia Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, estado da Bahia, em 2000.
Os povos indígenas protestaram na época das comemorações dos 500 anos do Brasil porque, para eles, o dia 22 de abril de 1500 marca o início da invasão de suas terras pelos portugueses.
Para os indígenas, esses 500 anos foram de sofrimento e exploração de seu povo, mas também de resistência e de luta em defesa de suas terras e de seus direitos.
1. Reconte a um familiar o que você aprendeu nestas duas páginas. Depois, leia com ele os textos novamente, conversem sobre o tema e escrevam no caderno um resumo sobre o assunto.
Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
- Informe aos alunos que, entre as manifestações ocorridas durante as comemorações dos 500 anos do Brasil, destacou-se o projeto Brasil outros 500, que reuniu diversas entidades sociais. Reivindicando mais justiça social, o projeto organizou debates pelo país sobre temas como desigualdade social; direitos humanos; preservação dos direitos de afrodescendentes, indígenas, mulheres e trabalhadores. Além disso, promoveu manifestações públicas durante o período em que foram comemorados os 500 anos do Brasil.
- Comente com os alunos que foi na Praia de Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz de Cabrália, onde a esquadra de Pedro Álvares Cabral desembarcou em 1500. Por isso, esse local foi escolhido pelos indígenas para se reunirem em protesto contra os festejos oficiais dos 500 anos do Brasil.
Comentários de respostas
1. Informe aos pais ou responsáveis, com antecedência, a data de entrega desta atividade para que eles possam se organizar junto aos alunos quanto ao prazo estipulado. O objetivo desta atividade é retomar os conceitos trabalhados sobre o conteúdo e incentivar a participação familiar na construção ativa de conhecimento. Espera-se que os alunos apresentem um texto coerente que problematize a questão do "descobrimento" do Brasil e os diferentes pontos de vista sobre o tema.
- A atividade 1 favorece o desenvolvimento da literacia familiar ao incentivar as práticas de leitura oral e a produção de escrita por meio da participação ativa dos pais ou responsáveis.
- Reserve um momento na sala de aula para que os alunos possam apresentar os textos para os demais colegas. Aproveite o momento para verificar a compreensão da turma sobre os assuntos trabalhados nas aulas anteriores.
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2 Os primeiros habitantes da América
Quando Cabral e sua esquadra aqui chegaram, em 1500, todo o território já era habitado por diferentes povos indígenas.
Calcula-se que, naquela época, viviam cerca de três milhões de indígenas nesse território. Essas pessoas eram descendentes dos primeiros povoadores da América, que aqui chegaram há milhares de anos.
Mas quando os primeiros seres humanos chegaram ao continente americano? Essa é uma questão que provoca muitos debates entre os pesquisadores.
Muitos estudiosos acreditam que o ser humano chegou à América há cerca de 12 mil anos. Entretanto, algumas pesquisas recentes indicam que esse fato pode ter ocorrido há muito mais tempo. É o caso, por exemplo, dos estudos realizados nos sítios arqueológicos do município de São Raimundo Nonato, no Piauí.
Foto do sítio arqueológico Boqueirão da Pedra Furada, onde foram encontrados vestígios de fogueiras e instrumentos de pedra utilizados por nossos ancestrais. Município de São Raimundo Nonato, estado do Piauí, em 2015.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
Os primeiros habitantes da América
2 aulas
- Leitura conjunta das páginas 36 e 37.
- Discussão da atividade 1 da página 37.
Destaques BNCC
- O trabalho com o conteúdo desta página contempla a habilidade EF04HI02 ao abordar a ocupação da América pelos primeiros grupos humanos como um dos marcos na história da humanidade. Converse com os alunos a fim de que eles compreendam que a história das civilizações do continente americano começou há milhares de anos, muito antes da chegada dos europeus ao continente.
- Instigue a curiosidade e a imaginação dos alunos questionando-os sobre como eles imaginam que era a vida dos primeiros habitantes da América. Eles podem comentar, por exemplo, como fariam para se alimentar e se proteger do frio, do calor, da chuva e dos animais. Depois, comente que o que conhecemos da vida dessas pessoas que viveram há milhares de anos é resultado dos estudos realizados por meio da análise de vestígios arqueológicos.
- O texto a seguir traz algumas informações sobre as hipóteses de povoamento da América defendidas pela arqueóloga Niède Guidon, que podem ser compartilhadas com a turma.
[...]
As pesquisas nos sítios pré-históricos do Piauí levaram a arqueóloga a defender ideias polêmicas, mas instigantes, sobre a evolução humana. "Estamos demonstrando que o homem, em um determinado momento, começa a inventar as mesmas tecnologias, seja aqui, seja na Europa, na Ásia ou na África", comentou. "Não podemos esquecer que o Homo sapiens apareceu na África por volta de 130 mil anos, período em que esse continente passou por uma seca muito grande, que quase dizimou integralmente nossa espécie. Foi aí que eles começaram a migrar. Por mar, onde foram buscar alimento", diz Niède.
Empurrados por tempestades, parando de ilha em ilha, numa época em que África e América estavam mais próximas, os primeiros humanos se espalharam pelo globo. Essa é a hipótese de Niède. A descoberta de vestígios muito antigos do Homo erectus - hominídeo extinto que é um dos antepassados do Homo sapiens - no México e na Ilha das Flores, na Indonésia, indica que a navegação é mais antiga do que se pensa, segundo a arqueóloga. Uma das dificuldades dos pesquisadores é datar as ossadas humanas encontradas na Serra da Capivara. Quase não há matéria orgânica nos esqueletos, um entrave para a datação por carbono-14. Novos métodos de análise, no entanto, podem em breve contornar esse obstáculo. "Paleontólogos que trabalham no Acre descobriram macacos que passaram da África para o Brasil há 20 milhões de anos", disse. "Se os macacos passaram, será que o Homo sapiens não foi capaz de passar?".PIVETTA, Marcos. Niède Guidon: arqueóloga diz que o Homo sapiens já estava no Piauí há 100 mil anos. Pesquisa Fapesp, abr. 2008. Disponível em: https://oeds.link/Opi8Wy. Acesso em: 27 jun. 2021.
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Esses sítios foram descobertos pela pesquisadora Niède Guidon, que, na década de 1970, encontrou milhares de pinturas rupestres no local. Além disso, ela descobriu restos de fogueiras feitas por pessoas que lá viveram há cerca de 50 mil anos.
Essa foto, tirada em 2019, retrata registros rupestres encontrados no município de São Raimundo Nonato, estado do Piauí.
Para proteger os sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato, foi criado o Parque Nacional da Serra da Capivara. Por causa de sua importância, em 1991, a Unesco elevou esse parque à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Foto de 2019, que retrata a Pedra Furada, conhecida formação rochosa do Parque Nacional da Serra da Capivara.
1. Você considera importante preservar os vestígios deixados pelas primeiras populações que habitaram a América? Por quê?
Espera-se que os alunos reconheçam a importância da preservação dos vestígios arqueológicos, pois dessa forma podemos conhecer mais sobre nosso passado e sobre nossos ancestrais.
MANUAL DO PROFESSOR
- O trabalho com a foto de registros rupestres desta página permite uma articulação com o componente curricular de Arte. Comente com os alunos que os registros descobertos em São Raimundo Nonato foram de dois tipos: naturalistas e geométricas. As pinturas naturalistas consistem em desenhos de animais (como veados, onças e peixes) e de seres humanos sozinhos ou em grupos, protagonizando cenas de caça, guerra e trabalho coletivo. Já as pinturas geométricas consistem em diversas formas, como cruzes, círculos, círculos concêntricos, espirais e triângulos. Se possível, procure imagens dessas pinturas e leve-as para a sala de aula para que os alunos as analisem. Comente que, após as descobertas em São Raimundo Nonato, estudiosos levantaram a hipótese da existência de um estilo artístico brasileiro ancestral, que denominaram Várzea Grande. Segundo os pesquisadores, esse estilo consistiria em pinturas nas quais predominam a cor vermelha, os motivos naturalistas e a abundância de representações de seres humanos e animais em posição de perfil.
- Comente com os alunos que, nos últimos anos, a administração do parque tem sofrido problemas de falta de recursos para que seja feita a manutenção dos sítios arqueológicos, o que acaba prejudicando a preservação dos vestígios ali presentes.
- Para completar a reflexão proposta na atividade 1, pergunte aos alunos quais seriam os possíveis fatores que contribuiriam para a degradação de sítios arqueológicos e monumentos históricos. Instigue-os a pensar em ações em âmbito individual e coletivo para a preservação dos vestígios históricos.
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3 As Grandes Navegações
No ano de 1500, os portugueses chegaram ao território indígena. Mas o que fez com que eles chegassem até aqui?
Ao longo do século 15, os portugueses organizaram diversas expedições marítimas, a fim de explorar a costa da África e encontrar uma passagem entre os oceanos Atlântico e Índico para chegar às Índias.
Se encontrassem esse caminho marítimo, os portugueses poderiam participar do comércio de diversos produtos, principalmente o de especiarias, que era realizado entre a Europa e as Índias.
Assim como os portugueses, outros europeus organizaram expedições marítimas nos séculos 15 e 16, principalmente os espanhóis. Essas expedições ficaram conhecidas como Grandes Navegações. Elas tinham como objetivo encontrar outras terras e novas rotas comerciais. Foram elas que possibilitaram a expansão do mundo conhecido pelos europeus.
Desenho do século 16 que representa embarcações portuguesas utilizadas durante as Grandes Navegações.
AS ESPECIARIAS
As especiarias, como cravo, canela, gengibre, pimenta e noz-moscada, eram muito valorizadas na Europa, no século 15. Além de servirem como tempero, eram usadas na conservação de alimentos e também como remédios.
Atualmente, esses produtos são mais facilmente encontrados. No Brasil, é bastante comum as pessoas usarem especiarias no preparo de chás e de alimentos doces e salgados.
Cravo.
Canela.
Gengibre.
Pimenta.
Noz-moscada.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
As Grandes Navegações
5 aulas
- Leitura da página 38 e atividade da página 39.
- Leitura conjunta e atividades da seção Cidadão do mundo: o desenvolvimento das técnicas de navegação das páginas 40 e 41.
- Leitura conjunta e atividades das páginas 42 e 43.
- Leitura conjunta das páginas 44 e 45 e discussão da atividade 1 da página 45.
- Atividade da página 46.
Destaques BNCC
- O assunto abordado nesta página possibilita o trabalho com a habilidade EF04HI07 ao explorar as rotas marítimas portuguesas pela costa do continente africano e sua importância para a dinâmica comercial do período.
- Converse com os alunos sobre as rotas terrestres usadas para o comércio de especiarias. Comente que, até o início do século XV, elas eram controladas por intermediários e, por isso, os portugueses tinham tanto interesse em encontrar um caminho marítimo para as Índias. Sobre esse assunto, comente com os alunos as informações do trecho a seguir.
[...]
[No século XV], [...] a Europa já negociava com o Norte da África e a Ásia, inclusive com o Extremo Oriente. Como as distâncias entre esses locais eram enormes e os europeus não controlavam sozinhos todas as rotas, havia uma série de intermediários no comércio. Os principais intermediários eram os árabes [...], que traziam a maioria das mercadorias até as cidades italianas, como Veneza, Gênova, Pisa etc. Daí os produtos eram distribuídos por toda a Europa [...]. Passando por tantas mãos, as mercadorias chegavam muito caras aos destinos.
[...]
AMADO, Janaína; GARCIA, Ledonias Franco. Navegar é preciso: grandes descobrimentos marítimos europeus. São Paulo: Atual, 1989. p. 14-15. (Coleção História em Documentos).
- Ao trabalhar o mapa desta página, promova uma articulação com o componente curricular de Geografia. Para realizar essa integração, leve um mapa-múndi para a sala de aula e auxilie os alunos a localizarem no mapa Portugal, o continente africano e a Índia. Ajude-os a localizar também o Brasil. O objetivo é que eles consigam se localizar geograficamente no que se refere ao comércio das especiarias. Depois, explore com eles o continente africano, suas especificidades e as rotas marítimas feitas pelos portugueses. Peça aos alunos que observem as setas indicando as rotas marítimas e a data de cada viagem. O objetivo é que eles percebam que em cada viagem os portugueses avançavam mais em relação à costa africana até chegar ao Cabo da Boa Esperança.
- Para ampliar a abordagem da atividade 1 desta página e se aproximar da realidade dos alunos, questione-os sobre os meios utilizados para o transporte de mercadorias e pessoas no mundo atual. Faça perguntas como: "Quais tecnologias tiveram de ser desenvolvidas ao longo do tempo para criá-los?"; "Quais são as mudanças e as permanências entre os transportes do passado e os atuais?"; "E em relação ao comércio de produtos?".
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ATIVIDADES
1. No mapa a seguir estão representadas as principais expedições realizadas pelos portugueses na tentativa de descobrir o caminho marítimo para as Índias. Observe-o.
Exploração da costa africana pelos portugueses (século 15)
Fonte de pesquisa: Atlas Histórico Básico, de José Jobson de A. Arruda. São Paulo: Ática, 2002.
-
Agora, observe a linha do tempo a seguir. Nela, cada letra representa um dos lugares explorados pelos portugueses na costa da África, durante o século 15. Utilize as informações do mapa e da linha do tempo para compor uma tabela no caderno com a data de cada expedição e o nome de cada um dos lugares explorados.
A resposta desta atividade é a composição de uma tabela. Veja nas orientações ao professor sugestões de uso dessa atividade como instrumento de avaliação.
PNA
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques PNA
- A atividade 1 da página 39 desenvolve o trabalho com habilidades de numeracia, ao propiciar que os alunos interpretem uma linha do tempo, abordando assim noções de cronologia.
Acompanhando a aprendizagem
Objetivo
- Exercitar a leitura de mapas.
Como proceder
- É importante que os alunos associem os conceitos necessários e relacionem o nome dos locais explorados pelos portugueses no século XV às datas representadas na linha do tempo. Caso surjam dúvidas, utilize um globo terrestre ou projete o mapa em um equipamento de mídia para auxiliar os alunos na identificação das rotas. Depois, proponha algumas questões para serem respondidas pelos alunos, por exemplo: "O que motivou os portugueses a estabelecerem essas rotas?"; "Quais possíveis dificuldades esses navegadores enfrentaram nessas viagens?"; "Quais produtos eles comercializavam?". Aproveite o momento para avaliar a compreensão dos alunos acerca do tema e dos objetivos propostos.
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CIDADÃO DO MUNDO - O desenvolvimento das técnicas de navegação
As Grandes Navegações tornaram-se possíveis por causa do aperfeiçoamento e da invenção de diferentes instrumentos e meios de transporte marítimos. Veja a seguir alguns avanços que possibilitaram aos europeus a exploração dos oceanos.
A bússola já era utilizada pelos chineses há cerca de 2 000 anos, e foi aperfeiçoada pelos europeus. Composta de uma agulha que aponta para o norte, a bússola permitia que os navegadores se orientassem em alto-mar, identificando a direção para onde estavam rumando.
Nesta imagem, vemos uma bússola de navegação chinesa do século 18.
Na imagem, vemos um astrolábio do século 16.
Utilizado há mais de 2 000 anos, por navegantes chineses e árabes, o astrolábio teve seu uso aprimorado pelos portugueses. Por meio da medição da posição do Sol, o astrolábio ajudava a identificar a localização da embarcação.
No mapa, feito em 1512 por Jerônimo Marini, o nome Brasil aparece pela primeira vez fazendo referência ao atual território do país.
O aprimoramento da cartografia e a elaboração de mapas mais precisos também foram de grande importância para a navegação. Os mapas foram aperfeiçoados à medida que a exploração de novas terras avançava.
O desenvolvimento das técnicas de construção naval tornou possível a fabricação de embarcações mais rápidas e mais seguras. Conheça as principais características de algumas dessas embarcações.
MANUAL DO PROFESSOR
Objetivo da seção
- Perceber o desenvolvimento dos instrumentos de navegação das embarcações e sua importância nas Grandes Navegações.
- Esta seção contempla o trabalho com o Tema contemporâneo transversal Ciência e Tecnologia, ao apresentar a revolução nos transportes marítimos realizada nos séculos XV e XVI. O objetivo é que os alunos percebam que as invenções do período, bem como a criação de novas técnicas de navegação e de construção naval, permitiram que os europeus se lançassem em mar aberto e entrassem em contato com um continente até então desconhecido por eles.
- Antes de iniciar a abordagem do conteúdo, explore com os alunos as imagens dos instrumentos apresentados na página e peça-lhes que identifiquem o que é cada um deles e sua função. O objetivo é verificar o conhecimento prévio dos alunos quanto a essas invenções e sua importância para a realização das Grandes Navegações.
- Comente com os alunos que o mapa-múndi do veneziano Jerônimo Marini é a primeira representação na qual aparece o nome Brasil. Chame a atenção para o fato de o mapa estar "de cabeça para baixo". Explique que isso se deve à influência árabe na confecção dos mapas do período, na qual a orientação era o sul. Mostre que a Europa está representada no centro no mapa, enquanto o continente americano só aparece parcialmente. Ressalte que na representação aparecem apenas os territórios que eram conhecidos pelos europeus.
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Ilustração recente que representa uma caravela portuguesa.
A caravela foi utilizada pelos portugueses principalmente nas viagens de exploração do século 15. Essa embarcação media cerca de 25 metros de comprimento por 6 metros de largura, e tinha a capacidade de armazenamento entre 50 e 60 toneladas. As caravelas eram mais ágeis, rápidas e fáceis de manobrar que outras embarcações do período. Além de serem mais seguras em alto-mar, elas podiam navegar junto à costa com menor risco de encalhar.
A nau era utilizada principalmente em atividades comerciais, como o transporte de mercadorias. Seu casco tinha cerca de 35 metros de comprimento por 8 metros de largura e capacidade para carga de cerca de 500 toneladas. As naus eram navios pesados e lentos, mas muito resistentes às longas viagens, às tempestades e aos mares difíceis de serem navegados.
Ilustração recente que representa uma nau portuguesa.
Ilustração recente que representa um galeão português.
Ilustrações feitas com base em gravuras dos séculos 15 e 16.
O galeão era um grande navio de guerra. Esse navio tinha cerca de 50 metros de comprimento, era mais estreito, rápido e mais fácil de manobrar que as naus. Possuía capacidade de carga de aproximadamente 500 toneladas e compartimentos para canhões. O galeão foi a principal embarcação utilizada por Portugal e pela Espanha na exploração do continente americano.
1. Qual era a importância da bússola, do astrolábio e dos mapas na época das Grandes Navegações?
1. Bússola: indicava a localização do norte, auxiliando na orientação em alto-mar; Astrolábio: ajudava a identificar a localização das embarcações; Mapas: possibilitava maior precisão das representações.
2. Você sabe que tipos de instrumento são utilizados na navegação oceânica atualmente? Pesquise sobre esse tema e traga as informações que encontrar para conversar com os colegas.
Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
3. Quais são as diferenças entre a caravela, a nau e o galeão?
3. A caravela era ágil e rápida; a nau era grande, resistente, pesada e lenta; e o galeão era estreito, rápido e tinha compartimentos para canhões.
4. Essas embarcações ainda são usadas na atualidade?
Não, exceto em eventos comemorativos ou passeios turísticos.
MANUAL DO PROFESSOR
- Complemente a atividade 1, propondo as seguintes questões para serem debatidas pelos alunos: "Que equipamento tecnológico pode substituir a bússola e traçar rotas de viagem na atualidade?"; "Como vocês pensam que os mapas eram feitos nessa época?". Oriente os alunos no levantamento de hipóteses sobre o assunto.
- Na verificação das respostas da atividade 2, proponha um momento para que os alunos compartilhem a leitura dos resultados das pesquisas com os demais colegas. Para a organização dos dados coletados, elabore uma lista na lousa com o nome dos instrumentos citados.
- Para facilitar a compreensão da atividade 3, proponha a elaboração coletiva de um quadro comparativo na lousa e peça aos alunos que indiquem as características de cada uma das embarcações.
- Na atividade 4, proponha aos alunos que reflitam sobre a seguinte questão: "Que importância tiveram os conhecimentos dos povos do passado para construirmos o conhecimento que temos hoje nas rotas e nos transportes fluviais?". Incentive os alunos a fazer a exposição de seus pontos de vista.
Comentário de resposta
2. Oriente os alunos a realizarem essa pesquisa na internet, com a ajuda de um adulto. Espera-se que eles percebam que atualmente existem muitos instrumentos, como satélites e GPS, que auxiliam os navegadores. Comente que bússolas e mapas ainda são utilizados, porém passaram por transformações ao longo dos anos.
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O deslocamento de pessoas e de mercadorias
As Grandes Navegações representaram várias transformações nas relações comerciais entre os diferentes povos do mundo. Elas estabeleceram rotas marítimas e incentivaram a criação de rotas terrestres, que tinham como objetivo facilitar a circulação de pessoas e de mercadorias.
As expedições dos séculos 15 e 16 transformaram também as relações entre as pessoas. Povos muito diferentes entre si estabeleceram contato, causando profundos impactos sociais, culturais, econômicos, etc.
O contato dos europeus com os povos indígenas da América, por exemplo, causou a marginalização desses povos, que tiveram suas terras tomadas e parte de sua cultura destruída. Considerados "inferiores" pelos europeus, milhões de indígenas foram perseguidos e mortos. Interessados nas riquezas naturais e em tomar posse dos territórios indígenas, os europeus promoveram uma verdadeira catástrofe na América.
Gravura que representa a chegada dos europeus à América, no final do século 15.
1. Como o encontro de europeus e indígenas foi representado nessa gravura? Converse sobre ela com os colegas.
Embora tenham criado novas rotas e caminhos e ampliado as relações comerciais, as Grandes Navegações representaram o domínio de alguns povos sobre outros, causando profundas desigualdades sociais nos territórios conquistados. Essas desigualdades podem ser percebidas na maioria dos países do continente americano até os dias atuais.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC
- O tema abordado nesta página favorece o trabalho com a habilidade EF04HI06, pois incentiva a reflexão dos alunos sobre os impactos sociais das transformações nos processos de deslocamento de pessoas e de mercadorias na época das Grandes Navegações.
- Comente com os alunos que, segundo pesquisadores, a população do continente americano na época das Grandes Navegações era de aproximadamente 50 milhões de pessoas. Por causa das guerras de conquista e das doenças trazidas pelos europeus, muitos indígenas foram mortos. Por isso, diversos estudiosos consideram que o encontro entre europeus e indígenas representou um dos maiores genocídios da História.
Comentário de resposta
1. Auxilie os alunos na descrição da gravura. Comente que as pessoas representadas são os europeus (liderados pelo navegador Cristóvão Colombo) e os indígenas, que aparecem entregando objetos de ouro. Chame a atenção dos alunos para a grande cruz de madeira que os europeus estão colocando em terras indígenas. Explique que ela representa a religião católica, que era seguida por parte dos reinos europeus no século XV. Incentive a reflexão dos alunos fazendo perguntas como: "Qual era o interesse dos europeus nos objetos que os indígenas estão segurando?"; "Por que os europeus colocaram uma cruz de madeira no território dos indígenas?".
- Na atividade 1, comente com os alunos que a gravura, feita por um europeu, demonstra o ponto de vista de quem a produziu: os europeus são representados com uma postura heroica, de nobres, enquanto os indígenas, além de serem representados todos nus, estão oferecendo riquezas a eles, denotando um sinal de submissão e passividade.
- Aproveite a abordagem da atividade 1 para comentar com os alunos que a expressão Grandes Navegações remete muitas vezes a uma visão eurocêntrica, pois supervaloriza o processo de busca por riquezas perpetrado pelos europeus, desconsiderando a escravização de indígenas e africanos e o genocídio sofrido por essas populações.
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EXPLORANDO O PLANETA E O SISTEMA SOLAR NA ATUALIDADE
Na época das Grandes Navegações, o conhecimento que as pessoas tinham sobre o globo terrestre era limitado. As tecnologias de navegação possibilitaram que pouco a pouco os navegadores pudessem explorar os oceanos, mapeando os territórios e ampliando sua noção sobre o planeta.
Atualmente, existem diversas formas de explorar o planeta e o sistema solar. Você já utilizou alguma dessas tecnologias?
Com poucos cliques no computador, temos acesso a qualquer região do planeta Terra. Alguns aplicativos e sites também possibilitam que exploremos imagens de outros planetas do sistema solar.
Vista do planeta Terra, disponibilizada em um aplicativo na internet na atualidade.
2. Vamos explorar nosso planeta usando a tecnologia? Siga as orientações a seguir.
- Pesquise com o professor e os colegas um aplicativo ou site que disponibilize o recurso de observação da Terra.
- Junte-se em grupo com alguns colegas e, na sala de informática da escola, acessem o site pesquisado.
- Façam uma lista de tudo que quiserem observar, a costa do Brasil, a Floresta Amazônica, o oceano Atlântico, etc.
- Anotem no caderno as principais impressões que vocês tiveram nessa atividade e depois reúnam-se com os outros grupos para trocar ideias.Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
Comentário de resposta
2. Verifique a disponibilidade da sala de informática da escola para a realização desta atividade e, caso isso não seja possível, apresente a possibilidade de ser feita como tarefa de casa solicitando a ajuda dos pais ou responsáveis. Se julgar pertinente, faça uma pesquisa de antemão sobre algumas ferramentas digitais que disponibilizam esse recurso e mostre-as como sugestão para os alunos. Depois, incentive-os a compartilhar as anotações com os demais colegas, fazendo uma leitura em voz alta dos resultados.
Destaques BNCC
- A atividade desenvolvida neste boxe favorece o contato dos alunos com mídias digitais, incentivando-os a utilizar a tecnologia de modo orientado e responsável para produzir conhecimentos, aspectos fundamentais da Competência geral 5.
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O cotidiano em alto-mar
O cotidiano dos marinheiros nos séculos 15 e 16 não era fácil. Durante as viagens, havia muitas tarefas para serem realizadas, mudar constantemente a posição das velas de acordo com a mudança dos ventos, bombear para fora da embarcação a água que se infiltrava, fazer reparos no navio, cozinhar, lavar, entre outras.
Nessa gravura é possível observar marinheiros desempenhando suas atividades em uma nau portuguesa, no século 16.
A alimentação dos marinheiros geralmente era composta de carne-seca, arroz, ervilha seca, queijo, cebola, alho, vinho e peixe. Por causa do calor e da umidade, a comida facilmente estragava, o que ocasionava fome e doenças na tripulação.
A água potável era um artigo precioso. Embora as embarcações costumassem partir com uma boa quantidade de água, ela geralmente era insuficiente para toda a viagem, que podia durar vários meses ou, até mesmo, anos. Assim, os marinheiros precisavam recolher água da chuva ou reabastecer o estoque em alguns dos lugares onde paravam.
MANUAL DO PROFESSOR
- Leia sobre o cotidiano em alto-mar com os alunos e depois promova uma conversa sobre as condições na alimentação das embarcações na época das Grandes Navegações. O objetivo é que eles relacionem a alimentação deficitária à proliferação de doenças como o escorbuto. Converse com os alunos sobre a importância da ingestão de alimentos ricos em vitamina C, como laranja, limão, morango, espinafre, batata e couve-flor. Ressalte que uma dieta rica em vitamina C ajuda na cicatrização de feridas, facilita a recuperação de queimaduras e aumenta a imunidade do corpo.
- Realize uma leitura conjunta destas páginas com os alunos. Ao longo da leitura, questione-os sobre suas opiniões em relação ao cotidiano nas embarcações. Pergunte, por exemplo, sobre as atividades realizadas nos navios, a falta de higiene, a alimentação precária, as horas de lazer, a duração das viagens e a quantidade de tempo que essas pessoas ficavam longe de suas moradias.
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Nas embarcações, geralmente, não havia água para o banho e as condições de higiene eram precárias, o que favorecia a ocorrência de doenças, como o tifo e a peste.
Entretanto, a doença mais comum nos navios era o escorbuto, que provocava o inchaço das gengivas e a perda dos dentes e, em muitos casos, até causava mortes. Essa doença surgia em razão da falta de vitamina C, encontrada em alimentos frescos, como frutas e vegetais. Alimentos como esses não eram levados nas embarcações, pois estragavam com muita facilidade.
Nas poucas horas de folga que tinham, os marinheiros divertiam-se cantando, contando histórias, pescando, jogando cartas ou, mais raramente, lendo livros. Porém, a maior alegria e o momento mais festejado pelos marinheiros era quando, depois de uma longa viagem, eles voltavam para casa.
Essa gravura representa algumas embarcações e navegadores chegando ao porto de Lisboa, em Portugal, no século 16.
3. Você viu que os marinheiros enfrentavam muitas dificuldades durante as viagens. Em sua opinião, qual era a maior dessas dificuldades? Comente com os colegas.
Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
- O conteúdo desta página possibilita trabalhar temas relacionados aos cuidados com a saúde, assunto abordado no componente curricular de Ciências. Para promover essa integração, converse com os alunos sobre as características do escorbuto, suas causas e seu tratamento. Para mais informações, leia o trecho a seguir.
O escorbuto aflige os seres humanos há séculos. [...] Durante as Grandes Navegações muitos marinheiros morreram dessa enfermidade. [...]
Os sintomas de escorbuto costumam aparecer 3 a 6 meses após a interrupção ou diminuição do consumo de alimentos ricos em vitamina C, o que provoca alterações em vários processos do corpo, e leva ao aparecimento de sinais e sintomas da doença [...].
O tratamento para escorbuto deve ser feito com suplementação de vitamina C por até 3 meses, podendo ser indicado pelo médico o uso de 300 a 500 mg de vitamina C por dia. Além disso, é recomendado incluir na alimentação mais alimentos fonte de vitamina C, como acerola, morango, abacaxi, laranja, limão e pimentão amarelo, por exemplo. [...]
PAVÃO, Julya. Escorbuto. Sanar, 2020. Disponível em: https://oeds.link/GplvAD Acesso em: 27 jun. 2021.
Comentário de resposta
1. Esta atividade pretende incentivar uma reflexão acerca das dificuldades enfrentadas pelos marinheiros. Espera-se que os alunos analisem as consequências desses problemas e as dificuldades encontradas.
- Na atividade 1, incentive que os alunos façam um debate com os colegas sobre o assunto, expondo suas opiniões de maneira respeitosa. Comente com a turma que, embora o escorbuto não seja mais uma doença tão comum nos dias atuais, é importante manter uma dieta equilibrada e rica em vitaminas para evitar outros tipos de doenças.
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ATIVIDADES
1. O mapa a seguir representa as rotas percorridas por alguns dos principais navegadores europeus do século 15. Observe as informações sobre cada navegador e, no caderno, copie a tabela a seguir, associando corretamente a rota ao navegador correspondente.
Rotas das principais expedições marítimas (século 15)
Fonte de pesquisa: Saga: a grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981.
D |
Cristóvão Colombo Partiu do porto de Palos, na Espanha, no comando de uma esquadra composta de três caravelas. No dia 12 de outubro de 1492, acreditando ter chegado às Índias, ele e sua esquadra acabaram chegando ao território que hoje corresponde à América. |
B |
Vasco da Gama Partiu de Lisboa, em 1498, e navegou pelo oceano Atlântico até atingir o cabo da Boa Esperança. Contornou o cabo e navegou nas águas do oceano Índico até chegar a Calicute, na Índia. |
C |
Pedro Álvares Cabral A esquadra partiu de Lisboa, em março de 1500 e, durante o trajeto, afastou-se da costa africana. No dia 22 de abril desse mesmo ano, Cabral e sua esquadra chegaram às terras onde hoje fica o Brasil. |
A |
Bartolomeu Dias Foi o primeiro navegador europeu a encontrar o caminho marítimo para o oceano Índico. Partindo de Lisboa, em 1488, navegou com sua esquadra para o sul contornando a costa da África. Ao chegar ao extremo sul do continente africano, navegou até contornar o cabo que viria a se chamar cabo da Boa Esperança. |
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC
- A atividade desta página favorece o trabalho com a habilidade EF04HI07, ao solicitar aos alunos que identifiquem as principais rotas realizadas durante as Grandes Navegações. Converse com eles sobre a importância comercial das navegações do período e o que isso trouxe de novidades. O objetivo é eles compreenderem que, por meio dessas rotas, novas relações comerciais foram estabelecidas, além das trocas culturais.
- Caso julgue necessário, oriente os alunos na realização da atividade 1 e peça-lhes que identifiquem o ponto de partida e o ponto de chegada de cada rota de navegação, rela-cionando-as aos navegadores correspondentes.
- Realize uma abordagem diferenciada da atividade com os alunos, pedindo a eles que dividam-se em quatro grupos. Oriente os grupos na escolha de um dos navegadores apresentados na página. Em seguida, peça-lhes que leiam e conversem entre si sobre as informações apresentadas acerca do navegador escolhido. Caso julgue conveniente, ofereça material extra para a pesquisa. Depois, solicite aos alunos que organizem uma apresentação oral para os colegas da turma.
47
4 A África e sua diversidade
A África é um imenso continente, ocupado por 54 países. Nesse continente, existe uma grande diversidade de povos, que falam cerca de 2.000 línguas.
Na época das Grandes Navegações, a África era habitada por povos diferentes entre si. Cada povo tinha sua própria língua, costumes e crenças. Além disso, eles tinham muitos conhecimentos de ciência e tecnologia. Leia o texto.
Os diversos povos que habitavam o continente africano, muito antes da colonização feita pelos europeus, eram bambambãs em várias áreas: eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos [...]; e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a ciência moderna.
A África de todos nós, de Paola Gentile. Nova Escola, São Paulo: Fundação Victor Civita, ano 20, n. 187, nov. 2005. p. 42.
- bambambãs:
- palavra de origem africana que significa mestres
Página da obra Cálculo de Números na Ciência da Astronomia, manuscrito do século 16 encontrado em Tombuctu, no Mali.
Escultura de bronze, feita no século 14, representando um rei, encontrada em Ifé, na Nigéria.
A diversidade de povos se refletia nas diferentes expressões artísticas, como a música, a dança, a pintura e a escultura. Desde a Antiguidade até os dias atuais, a África é um continente com grande riqueza cultural.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
A África e sua diversidade
1 aula
- Leitura conjunta das páginas 47 e 48.
- Atividades da página 49.
- Chame a atenção dos alunos para o fato de o manuscrito encontrado em Tombuctu, no Mali, estar escrito em árabe. Explique que no século XIV essa cidade era um importante centro de aprendizagem e difusão da cultura árabe.
- Sobre a importância de estudar a história dos africanos, leia o trecho a seguir.
[Existe] a necessidade de apresentar ao leitor uma história de nossos antepassados e de fazê-lo a partir de sua vida no continente de origem. Não para descobri-los como povos estanques, cujas culturas, tradições e identidades seriam imutáveis [...]. Mas, sim, para entender que, na África, as etnias formavam realidades múltiplas, resultantes da mistura de várias tradições culturais em permanente recomposição. Do outro lado do Atlântico, como aqui, a cultura é mestiça e partilha com culturas vizinhas características comuns de língua, religião, modos de vida e sua história. [...]
DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato Pinto. Ancestrais: uma introdução à história da África Atlântica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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Os povos africanos tinham várias formas de organização social. Entre essas formas de organização, destacavam-se os reinos e impérios. Veja como era organizado um dos reinos africanos, o Reino do Congo.
O Reino do Congo foi formado por volta do ano de 1400, na região sudoeste da África. Era dividido em províncias e o rei, chamado mani Congo, governava esse reino com o auxílio de um conselho de nobres. A capital do reino era a cidade de Banza Congo, que tinha uma população de cerca de 100 mil habitantes.
Gravura do século 18 que representa a cidade de Banza Congo.
Os congoleses desenvolveram técnicas sofisticadas de produção de artesanato, principalmente de tecidos, e dominavam a tecnologia de produção de objetos de ferro.
O Reino do Congo mantinha relações comerciais com os reinos vizinhos, trocando mercadorias como sal, tecidos e objetos de metal. Essas trocas comerciais eram facilitadas pelo uso de uma concha chamada zimbo.
As famílias dos congoleses geralmente eram numerosas, pois eles costumavam ter muitos filhos. Entre os congoleses, a maternidade era considerada de grande importância, e uma mulher que tivesse vários filhos era muito respeitada.
O zimbo era uma concha utilizada como moeda no Reino do Congo.
MANUAL DO PROFESSOR
- Para ampliar a reflexão, peça aos alunos que comentem a questão da maternidade para os congoleses, comparando-a à relação com a maternidade na atualidade. Eles podem comentar, por exemplo, que atualmente as famílias são menores e não há necessariamente diferenciação social no que se refere às mães que têm mais filhos, ao contrário do que acontecia naquela sociedade.
- Como meio de abordar o conteúdo desta página, realize uma leitura do texto com os alunos. Em seguida, promova uma conversa a fim de que eles possam comentar o que compreenderam sobre a organização do Reino do Congo e suas características. Incentive-os a comentar o que mais lhes chamou a atenção durante a leitura.
- Utilize as informações a seguir como subsídio para auxiliar os alunos na realização da atividade 4.
- O Reino de Gana foi formado pelo povo soninquê que intermediava o comércio de ouro e sal entre os povos árabes e berberes que viviam ao norte de seu território e as tribos que viviam ao sul. O império se localizava na região que atualmente corresponde à Mauritânia e a parte de Mali. O governante do império era chamado de "gana". A principal capital do Império de Gana foi Kumbi-Saleh, que no auge chegou a ter cerca de 15 mil habitantes. As principais atividades econômicas eram o comércio, a tecelagem e a agricultura. O império chegou ao fim com a destruição de Kumbi-Saleh e a incorporação do que sobrou da cidade ao Império Mali, em 1240.
- O Império Mali surgiu no século XIII e manteve-se até o século XVI. Foi fundado pelo povo malinqué, que conquistou territórios vizinhos ricos em minerais, como ouro e sal. Um de seus principais governantes foi o muçulmano Mansa Mussa, que incorporou ao império importantes cidades comerciais, como Tombuctu. A principal atividade econômica era o comércio. O império entrou em decadência por causa de lutas internas pelo poder e de conflitos com inimigos externos.
- O Império Songai foi o último dos três impérios a se estabelecer no território oeste africano. Após a queda do Império Mali, o povo songai conquistou importantes cidades, entre elas Tombuctu. Parte do povo songai vivia na zona rural criando rebanhos de animais, enquanto a outra parte vivia nas grandes cidades. As cidades do Império Songai eram importantes centros comerciais e se localizavam à beira do Rio Níger. A capital do império era Gao, que chegou a ter cerca de 100 mil habitantes. O império durou até o século XVI, quando as cidades passaram a ser controladas pelos marroquinos.
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ATIVIDADES
1. De acordo com o texto citado na página 47, em quais áreas os antigos povos africanos se destacavam? Converse com os colegas.
1. Eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina.
2. Sobre o Reino do Congo, responda às questões a seguir no caderno.
-
Quando esse reino foi fundado?
Por volta de 1400.
-
Como ele era dividido e administrado?
Era dividido em províncias e o rei, chamado mani Congo, governava esse reino com o auxílio de um conselho de nobres.
-
Qual era o nome da capital do reino? Quantos habitantes ela tinha por volta de 1400?
Banza Congo. 100 mil habitantes.
-
O que era o zimbo? Qual era sua função?
Uma concha. Tinha a função de moeda de troca.
3. Em duplas, escrevam dois parágrafos no caderno sobre os seguintes tópicos acerca do Reino do Congo.
PNA
-
Formações familiares.
3. a. As famílias eram numerosas, com muitos filhos. Além disso, a maternidade tinha grande importância e uma mulher que tivesse vários filhos era muito respeitada.
-
As relações comerciais.
3. b. O Reino do Congo apresentava relações comerciais com alguns reinos vizinhos, trocando produtos como sal, tecidos e objetos de metal.
Em seguida, leiam em voz alta para a turma os parágrafos que vocês escreveram e conversem sobre as produções dos colegas.
4. Nas páginas anteriores, conhecemos um pouco sobre o Reino do Congo. Porém, na África existiram diversos reinos e impérios na época da chegada dos europeus.
Vamos fazer uma pesquisa sobre esses povos? Observe as orientações a seguir.
- Dividam-se em três grupos e escolham o reino ou um dos impérios a seguir.
- Busquem informações sobre esse reino e esses impérios na biblioteca da escola e na internet. Se necessário, solicite a ajuda de um adulto para essa etapa do trabalho.
-
Vocês podem montar uma apresentação de slides sobre o tema ou mostrar imagens no computador para seus colegas de turma.
Essa atividade pretende ampliar o tema abordado nas páginas 47 e 48. Oriente os alunos a solicitarem a ajuda de um adulto na pesquisa e na montagem da apresentação de imagens.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC e PNA
- A atividade 4 possibilita desenvolver a Competência geral 5, ao solicitar aos alunos que usem recursos tecnológicos para realizar a pesquisa e a apresentação dos resultados. Para a pesquisa na internet, oriente-os a acessar apenas sites que tragam informações confiáveis e ressalte que eles devem estar sempre acompanhados de um adulto. Na apresentação, auxilie-os na utilização dos recursos tecnológicos disponíveis, como computador e projetor.
- A atividade 3 propicia o trabalho com os componentes produção de escrita e fluência em leitura oral ao propor aos alunos que façam uso da linguagem textual para discorrerem sobre alguns aspectos da organização social do Reino do Congo e depois promoverem uma leitura oral dos resultados.
- Caso os alunos apresentem dúvidas sobre os conteúdos necessários para a atividade 1, oriente-os na retomada da leitura das páginas anteriores.
- Para auxiliar os alunos na resolução da atividade 2, proponha uma leitura conjunta da página 48, ressaltando as informações solicitadas no enunciado.
- Para facilitar a condução da atividade 3, retome de forma conjunta os textos das páginas anteriores, selecionando os principais conceitos que deverão ser abordados nos parágrafos.
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5 Da África para o Brasil
Atualmente, grande parte da população brasileira é composta de afrodescendentes. As culturas, com as tradições e os costumes dos povos africanos, estão presentes em nosso país. Além disso, as características físicas africanas são bastante perceptíveis no Brasil.
1. Você se parece com alguma dessas pessoas? Comente.
Resposta pessoal. Incentive os alunos a dizerem se são parecidos ou não com as pessoas retratadas nas fotos.
2. Você tem familiares que se parecem com as pessoas retratadas nas fotos?
Resposta pessoal. Motive os alunos a comentar se as pessoas retratadas são parecidas com alguns de seus familiares. Incentive sempre um ambiente de respeito e valorização da diversidade.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
Da África para o Brasil
4 aulas
- Leitura e atividades 1 e 2 da página 50.
- Leitura conjunta das páginas 51 a 54 e discussão da atividade 3 da página 53.
- Leitura e discussão do boxe da página 54.
- Atividades da página 55.
Atividade preparatória
- Para introduzir a discussão sobre a diversidade étnica brasileira, proponha aos alunos a análise de um gráfico sobre a composição da população brasileira, promovendo também uma articulação com o componente curricular de Matemática.
- Como sugestão, apresente para a turma o gráfico do site do IBGE. Disponível em: https://oeds.link/HFritJ. Acesso em: 27 jun. 2021.
- Auxilie os alunos na interpretação das informações apresentadas no gráfico, verificando a proporção entre brancos, pardos, negros, asiáticos e indígenas. Caso julgue pertinente, explique que pardos são pessoas que apresentam características físicas de várias etnias.
- Para iniciar a abordagem da atividade 1, explore as imagens da página com os alunos. Pergunte se eles conhecem pessoas parecidas com as retratadas. Comente que essas pessoas são afro-brasileiras, ou seja, descendentes de africanos nascidos no Brasil.
- Na atividade 2, valorize a diversidade étnica do Brasil. Comente com os alunos que entre os africanos trazidos para cá estavam povos muito diferentes entre si, com características físicas e culturas próprias.
- O conteúdo destas páginas contribui para promover reflexões sobre tema atual e de relevância nacional e mundial por possibilitar o trabalho com as dinâmicas populacionais e os processos migratórios em diferentes tempos e espaços, nesse caso, tratando-se especificamente da migração forçada de africanos para o Brasil e as consequências desse processo para as populações afrodescendentes do nosso país na atualidade.
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O Brasil e os afro-brasileiros
Os africanos não vieram para o Brasil por vontade própria. Eles começaram a ser trazidos para cá de maneira forçada, pelos portugueses, no século 16, e foram obrigados a trabalhar na condição de escravizados.
Por mais de 300 anos, o trabalho de africanos escravizados representou a principal mão de obra do Brasil. Muitos deles foram levados para trabalhar nas vilas e cidades, mas grande parte trabalhou na produção de açúcar nas áreas rurais, na extração de ouro e pedras preciosas e em lavouras de café.
Os africanos que foram trazidos para cá geraram seus descendentes e, com outros povos, ajudaram a formar a população brasileira.
O conhecimento trazido pelos africanos foi de grande contribuição para nossa cultura, tornando-a mais rica e diversificada em seus mais diversos aspectos, como nas artes plásticas, na música, na dança, na culinária e no jeito de falar o português. Por isso, é muito importante resgatar as origens africanas de nossa cultura e valorizar a diversidade da população do Brasil.
Foto de samba de roda, no município de Vera Cruz, estado da Bahia, em 2019.
MANUAL DO PROFESSOR
- O samba de roda foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro em 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). É considerado uma das mais importantes expressões culturais brasileiras, influenciando na composição de outros gêneros musicais, como o samba carioca e o nacional. Sobre o tema, leia o trecho a seguir.
[...]
Samba de roda identifica uma tradição oral afro-brasileira da região do Recôncavo da Bahia que integra dança, música e poesia, desempenhando um papel fundamental e integrador no contexto cultural da região. O Recôncavo Baiano foi fortemente influenciado por culturas africanas por ter recebido desde os primórdios da colonização do Brasil escravos advindos da África. Considera-se que, com a migração de escravos e negros libertos da Bahia para o Rio de Janeiro em meados do século XIX, o samba baiano tenha sido levado para a capital do Brasil na época, dando origem ao samba carioca, samba nacional disseminado pelo mundo inteiro.
Em função de seu papel histórico, do enfraquecimento de sua transmissão e do risco de extinção de elementos fundamentais da tradição, o samba de roda foi registrado no Livro de Registro das Formas de Expressão em 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), obtendo status de patrimônio cultural nacional, e na lista de Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2005. [...]
GRAEFF, Nina. Os ritmos da roda: tradição e transformação no samba de roda. Salvador: Ed. da UFBA, 2015. Disponível em: https://oeds.link/KCRH9Y. Acesso em: 27 jun. 2021.
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Existem muitos meios de resgatar a cultura africana, como estudar a História da África e dos africanos no Brasil, participar de celebrações, dançar os ritmos, cantar as músicas e preparar alimentos.
Celebração do Dia de Iemanjá, no município de Salvador, estado da Bahia, em 2019.
O combate ao racismo
Você já presenciou uma situação em que alguém tenha sofrido racismo?
O que você sentiu com relação a isso? O racismo é um problema muito grave no Brasil e ainda atinge muitas pessoas.
Existem muitas formas de combatermos atitudes racistas. Podemos sempre conversar com as pessoas que conhecemos, mostrando a elas a importância do respeito e da igualdade. Também podemos denunciar ao poder público situações de racismo, já que ele é crime em nosso país. Podemos, ainda, nos engajar em movimentos sociais e participar de passeatas para exigir o fim do racismo.
Protesto de estudantes contra o racismo, em uma escola no município de São Luís, estado do Maranhão, em 2012.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC
- As reflexões propostas nesta página possibilitam desenvolver com os alunos a Competência geral 9 ao apresentar o combate ao preconceito como uma meta de toda a sociedade, da qual os alunos também fazem parte. As reflexões também priorizam o exercício da empatia e do respeito ao outro e à diversidade étnica e cultural do Brasil.
- Informe aos alunos que, no Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e ressalte que essa determinação está registrada no artigo 5o da Constituição Federal.
- Leia para os alunos o trecho da Constituição Federal que trata da discriminação e do racismo.
Capítulo I
Dos direitos e deveres individuais e coletivos
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. [...]
BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://oeds.link/uqrtmV Acesso em: 27 jun. 2021.
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A mão de obra africana
Por volta de 1550, a produção de açúcar no Brasil estava crescendo e, por isso, faltava mão de obra. Os portugueses passaram, então, a escravizar africanos para trabalhar no Brasil, principalmente nas lavouras de cana e nos engenhos de açúcar.
A viagem para o Brasil era feita a bordo de navios que ficaram conhecidos como tumbeiros. Para transportar o maior número de pessoas, os traficantes aproveitavam cada espaço do navio. A falta de espaço e as péssimas condições de higiene e alimentação causavam a morte de muitas pessoas ao longo da viagem.
Essa gravura do século 16 representa o local onde ficavam os africanos aprisionados até o momento de embarcar para o Brasil.
Essa gravura do século 19 representa a maneira como os africanos escravizados eram transportados nos tumbeiros.
3. Em sua opinião, por que os navios que transportavam pessoas escravizadas eram chamados de tumbeiros?
Espera-se que os alunos respondam que os navios recebiam esse nome por se referirem à tumba, ou seja, sepultura, por causa da alta taxa de mortalidade verificada nessas embarcações.
MANUAL DO PROFESSOR
- Ao abordar a situação das pessoas escravizadas nos navios tumbeiros, proponha aos alunos que reflitam sobre as condições degradantes às quais essas pessoas eram submetidas, verificando a questão do desrespeito aos direitos humanos. Converse com os alunos sobre o fato de essas pessoas terem sido tratadas como mercadorias e submetidas a péssimas condições de vida.
- Para auxiliar os alunos na resolução da atividade 3, faça uma análise das imagens desta página com o intuito de que eles percebam as péssimas condições a que as pessoas escravizadas eram submetidas durante a viagem, como o pouco espaço, a superlotação das embarcações, a forma como ficavam acorrentadas e os castigos físicos.
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Os africanos que conseguiam sobreviver à viagem nos tumbeiros chegavam ao Brasil em péssimas condições de saúde. Depois de desembarcarem, em locais como o Cais do Valongo (visto na unidade 1), eram levados para armazéns, expostos para serem vendidos como se fossem mercadorias e examinados cuidadosamente pelos compradores, que procuravam encontrar os mais fortes e saudáveis.
Nessa gravura, produzida por volta de 1835, o artista Johann Moritz Rugendas representou um mercado de africanos escravizados no Brasil.
A ESCRAVIDÃO
A escravização de pessoas não ocorreu apenas entre os povos africanos. Infelizmente, o ato de escravizar pessoas foi praticado em vários lugares do mundo e em diferentes épocas.
Na Grécia antiga, por exemplo, a escravização de pessoas já ocorria há cerca de 2 500 anos. Nessa época, os romanos também escravizavam pessoas. Elas geralmente trabalhavam na agricultura, na mineração e desempenhavam trabalhos domésticos.
Mosaico romano do século 3 que representa uma pessoa escravizada servindo seu proprietário.
As pessoas escravizadas utilizadas tanto por gregos como por romanos, geralmente, eram estrangeiras aprisionadas em guerras, e seus proprietários tinham o direito de vendê-las, trocá-las ou castigá-las.
MANUAL DO PROFESSOR
- O tema abordado nesta página possibilita realizar uma reflexão com os alunos sobre o trabalho de pessoas que foram escravizadas. Informe que, ao longo da História, existiram diferentes formas de trabalho de pessoas que foram escravizadas, como indica o texto do boxe. Comente que, embora seja considerado crime no Brasil, muitas pessoas ainda são submetidas a trabalhos compulsórios. Caso julgue pertinente, apresente aos alunos um exemplo atual de trabalho compulsório. Questione-os a fim de identificar o que eles pensam dessa forma de trabalho e analisem se ela está de acordo com os direitos humanos.
- Ao realizar a leitura do boxe com os alunos, chame a atenção para o fato de que as pessoas escravizadas por gregos e romanos na Antiguidade eram, em sua maioria, brancas. Esse aspecto ajuda a desconstruir a ideia de que somente os negros eram escravizados. Explique que a escravidão na Antiguidade, geralmente, estava relacionada à origem da pessoa. Muitas pessoas escravizadas eram prisioneiras de guerra. Dessa forma, os estrangeiros, independentemente da cor da pele, eram os principais alvos da escravidão.
Acompanhando a aprendizagem
Objetivo
- Leitura e análise de texto sobre a herança cultural africana.
Como proceder
- Inicialmente, peça aos alunos que façam uma leitura atenta do texto da página 55. Depois, peça-lhes que façam uma síntese oral das ideias presentes no texto e expliquem como se deu o contato entre as diferentes matrizes culturais presentes no Brasil. Ao responder às questões propostas na atividade, os alunos deverão traçar um paralelo entre as informações lidas e o conteúdo trabalhado nas aulas anteriores. Ao final, proponha uma correção das atividades na lousa com a participação dos alunos, verificando se eles conseguiram localizar as informações necessárias e articulá-las com os conceitos já estudados. O objetivo é que os alunos exercitem as habilidades de investigação e interpretação de gêneros textuais para a construção de conhecimentos sobre o tema.
55
ATIVIDADES
1. Leia o texto em voz alta com os colegas.
Veja nas orientações ao professor sugestões de uso dessa atividade como instrumento de avaliação.
As pessoas capturadas no continente africano, transformadas em escravas e transportadas para o Brasil, traziam dentro delas [uma grande] riqueza cultural.
Por mais que fossem oprimidos, esses conhecimentos desabrochavam, muitas vezes, se sobressaindo aos conhecimentos dos brancos, outras vezes, se misturando e dando origem à cultura brasileira, hoje muito mais rica, colorida, alegre e mística, principalmente pela herança africana.
Negro: reconstruindo nossa história, de Nancy Caruso Ventura. São Paulo: Noovha América, 2003. p. 39.
Com base no texto e nos conhecimentos já adquiridos, responda às questões a seguir no caderno.
PNA
-
Cite alguns conhecimentos dos africanos antes da chegada dos europeus à África.
1. a. Dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia. Usavam sistemas matemáticos no comércio de mercadorias e tinham conhecimentos de astronomia e medicina.
-
Quando os africanos escravizados começaram a ser trazidos para o Brasil?
Por volta de 1550.
-
Por que a autora do texto afirma que a cultura brasileira é hoje muito mais rica, colorida, alegre e mística por causa da herança africana?
1. c. Porque os africanos escravizados traziam consigo uma grande riqueza cultural e, apesar de oprimidos, seus conhecimentos contribuíram para enriquecer a cultura brasileira.
-
Você concorda com o ponto de vista da autora do texto? Converse com os colegas e forneça alguns argumentos que fundamentem sua opinião.
Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
2. Vimos que o tráfico de pessoas escravizadas se desenvolveu nos caminhos marítimos do Atlântico. Essa atividade gerava elevados lucros tanto para os negociantes quanto para os donos de engenhos no Brasil. Porém, a escravização representou uma forma de violência extrema para a população africana. Sobre esse tema, releia as páginas 53 e 54 e discuta oralmente com os colegas sobre as questões a seguir.
-
Como eram as condições em que as pessoas escravizadas eram trazidas ao Brasil?
As condições de higiene e alimentação eram péssimas. Faltava espaço nas embarcações e havia castigos físicos.
-
Explique por que podemos afirmar que a escravização é um processo que desrespeita os direitos humanos.
Porque ela fere o direito à liberdade, básico à vida em sociedade, e submete as pessoas a condições que fogem à dignidade humana.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques PNA
- A atividade 1 possibilita o trabalho com os componentes fluência em leitura oral e compreensão de textos ao solicitar aos alunos que façam uma leitura inicial em voz alta e depois analisem o texto para localizar e retirar as informações necessárias para a construção das respostas.
- Na atividade 1, leia o texto com os alunos e peça-lhes que respondam às questões propostas. Ao término, organize uma roda de conversa na qual os alunos poderão ler as respostas e expressar a opinião deles sobre o tema discutido no texto. Aproveite o momento para destacar a importância da valorização das culturas de origem africana.
- Aproveite a abordagem da atividade 2 para fazer uma retomada dos conteúdos trabalhados nas aulas anteriores e esclarecer possíveis dúvidas dos alunos acerca dos conceitos.
Comentário de resposta
1. d. Espera-se que os alunos argumentem com base no ponto de vista identificado no item anterior, comentando se concordam ou não. Oriente-os a comentar seus argumentos para estabelecer uma relação com os argumentos da autora do texto.
Mais atividades
- Para ampliar a reflexão proposta no item c, peça aos alunos que pesquisem aspectos da cultura brasileira cuja origem é africana. Oriente-os a pesquisar em sites, revistas e livros com a ajuda de um adulto. Peça-lhes que anotem no caderno as informações que julgarem pertinentes. Em sala de aula, incentive-os a compartilhar com os colegas os resultados da pesquisa. Se julgar interessante, anote essas informações na lousa.
56
6 A luta dos africanos e de seus descendentes
Os africanos escravizados eram submetidos a castigos físicos, como chicotadas, e obrigados a usar algemas e correntes, entre outras violências. Para evitar maior sofrimento, muitos se submeteram às ordens de seus senhores, mas muitos reagiram contra a escravidão.
As formas de resistência eram variadas, por exemplo, desobedecer às ordens dos feitores, quebrar as ferramentas de trabalho e incendiar os canaviais. Outro importante meio de luta contra a escravidão era a fuga. Muitas pessoas escravizadas conseguiam escapar, reuniam-se e formavam quilombos, povoações estabelecidas em lugares escondidos nas matas.
A maioria dos quilombos acabou sendo destruída por tropas enviadas pelos governantes e pelos senhores, que temiam que mais pessoas escravizadas conseguissem escapar.
O maior quilombo que existiu no Brasil foi o Quilombo dos Palmares, que ficava localizado entre os atuais estados de Alagoas e Pernambuco. Palmares resistiu durante quase 100 anos e chegou a abrigar cerca de 20 mil pessoas. Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares e tornou-se símbolo da luta dos africanos e de seus descendentes. Ele foi morto em 20 de novembro de 1695.
1. Observe a escultura que representa o líder Zumbi dos Palmares. A preocupação da autora foi retratar Zumbi como uma pessoa escravizada ou como um guerreiro? Comente.
Oriente os alunos a observarem a postura de Zumbi nesta escultura, que faz referência à sua dignidade e coragem, características próprias de um guerreiro.
Essa escultura, feita pela artista Márcia Magno em 2008, é uma representação de Zumbi. Ela está localizada na Praça da Sé, em Salvador, Bahia. Foto de 2020.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
A luta dos africanos e de seus descendentes
5 aulas
- Leitura conjunta e atividades das páginas 56 e 57.
- Leitura do boxe da página 58.
- Atividades e boxe Ideias para compartilhar da página 59.
- Leitura conjunta e atividades da seção Cidadão do mundo: Brasil: uma mistura de culturas! das páginas 60 e 61.
- Atividade da seção Para saber fazer das páginas 62 e 63.
- Leitura conjunta e atividades da seção Arte e História da página 64.
- Para iniciar o trabalho com este tema, converse com os alunos a fim de identificar suas primeiras impressões sobre o processo de luta e resistência à escravidão dos povos africanos e seus descendentes. Explore o conhecimento prévio dos alunos, procurando contextualizar o assunto e desconstruir possíveis preconceitos relacionados ao senso comum.
- Para complementar a atividade 1, comente com os alunos que o Quilombo de Palmares surgiu como uma comunidade de pessoas escravizadas fugidas, localizada na Serra da Barriga, atual região de Alagoas. Ao longo dos anos, o quilombo cresceu e ganhou importância. Explique que, além dos africanos e seus descendentes escravizados, podiam viver no quilombo indígenas e brancos pobres. Por volta de 1650, já era composto de vários núcleos de povoamento. As principais atividades realizadas no quilombo eram a agricultura, a caça e a pesca. Além disso, vários quilombolas eram responsáveis pela proteção da comunidade, que sofria ataques do governo e dos escravagistas. Em 1694, as forças oficiais conseguiram destruir o quilombo e no ano seguinte seu principal líder, Zumbi, foi morto.
- Ressalte aos alunos que o Quilombo de Palmares resistiu por mais de 80 anos. Muitas crianças nasceram nesse quilombo como pessoas livres, entre elas o próprio Zumbi. Assim, os quilombos representavam não apenas uma forma de resistência, mas a esperança de liberdade e de uma vida melhor.
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Apesar da resistência dos grupos de pessoas escravizadas, a escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos, e só foi abolida em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea. Essa lei foi assinada pela princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II.
Desde então, os descendentes de africanos vêm lutando contra a discriminação e em favor da igualdade de oportunidades. Eles obtiveram muitas conquistas, como a lei aprovada na Constituição Federal de 1988, que considera crime o racismo.
Atualmente, os afro-brasileiros estão se organizando cada vez mais em defesa de seus direitos e para serem respeitados no país que ajudaram a construir.
Apesar de a abolição ser comemorada no dia 13 de maio, no Brasil, muitos afro-brasileiros dão mais importância ao dia 20 de novembro, que é o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa data foi escolhida em homenagem a Zumbi, símbolo da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade.
Estátua em homenagem a Zumbi, obra do artista Rogério Sarmento. Essa estátua está localizada no município de União dos Palmares, estado de Alagoas. Foto de 2016.
2. Resposta pessoal. Verifique os conhecimentos prévios dos alunos sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. Pergunte se já participaram de alguma celebração ou manifestação nessa data. Em caso afirmativo, instigue-os a comentar como foi essa experiência.
2. Você já tinha ouvido falar do Dia Nacional da Consciência Negra? O que você sabe sobre essa comemoração?
3. Em sua opinião, por que muitas pessoas preferem o dia 20 de novembro e não o dia 13 de maio como símbolo da luta contra a discriminação racial no país?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que o dia 20 de novembro (data da morte de Zumbi) representa a resistência dos povos africanos e de seus descendentes à escravidão e à discriminação racial.
MANUAL DO PROFESSOR
Mais atividades
-
Para aprofundar o tema discutido nesta página, realize com os alunos uma atividade de análise de reportagem sobre a discriminação, da maneira descrita a seguir.
- Proponha aos alunos que pesquisem reportagens que tratem da discriminação de pessoas no Brasil ou no mundo.
- Peça-lhes que levem as pesquisas e leiam-nas para a turma.
- Em seguida, promova um debate acerca dos assuntos relatados, questionando os alunos nos momentos apropriados sobre as atitudes discriminatórias e quais deveriam ter sido as atitudes corretas em cada um dos casos.
- Encerre a atividade pedindo aos alunos que escrevam um pequeno texto no qual relatem suas impressões sobre as reportagens analisadas.
- Na atividade 2, instigue os alunos a refletirem e a exporem suas opiniões sobre o tema. Utilize-a como um instrumento de verificação de conhecimentos prévios sobre o conteúdo.
- Na atividade 3, comente com os alunos que o Dia Nacional da Consciência Negra foi oficialmente instituído por meio da Lei No 10.639, de 2011. Embora a data só tenha sido oficializada nesse ano, é importante lembrá-los de que desde a década de 1970 o movimento negro já vinha lutando por seu reconhecimento. O objetivo do movimento era usar essa data para relembrar a luta dos negros escravizados que se rebelaram contra o sistema escravista da época.
58
COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Ainda hoje, em diversas regiões do Brasil, existem descendentes de pessoas escravizadas e ex-escravizadas vivendo coletivamente de acordo com as tradições culturais de seus antepassados. Atualmente, existem cerca de 3 400 comunidades remanescentes de quilombos no Brasil.
Em muitas comunidades quilombolas, as populações trabalham na extração de recursos naturais de modo sustentável.
Na foto, quilombola trabalhando na extração do açaí na comunidade de Mangabeira, no município de Mocajuba, estado do Pará, em 2020.
Na foto, crianças durante comemoração do Dia da Consciência Negra na escola da comunidade quilombola de Sobara, no município de Araruama, estado do Rio de Janeiro, em 2015.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC
- Nesta página é possível explorar a habilidade EF04HI05, pois trata da ocupação do campo pelas comunidades quilombolas e explica que o trabalho de extração dos recursos naturais é feito de modo sustentável.
- Comente com os alunos que as escolas que se localizam nas comunidades quilombolas costumam ter um currículo especial, que valoriza elementos da cultura afro-brasileira.
- Sobre o trabalho na comunidade quilombola Sobara, em Araruama, Rio de Janeiro, apresente as seguintes informações aos alunos.
[...]
Por muito tempo o principal sustento das famílias em Sobara era baseado na agricultura familiar pelo cultivo de milho, feijão, batata, banana, cajá, laranja, urucum, aipim, mandioca-brava, além da criação de animais de pequeno porte, como galinhas e porcos. As famílias vendiam o excedente para São Vicente e proximidades, como Sobradinho e Três Vendas, elas também recebiam compradores em suas casas. Segundo relato de moradores, havia muitas "vendas" na região, muitos plantavam e viviam da roça. Cenário que sofreu profundas transformações [...]. Hoje, a agricultura familiar está reduzida [...]. Mas as famílias resistem, mantendo as roças de mandioca, árvores frutíferas e criação de animais de pequeno porte.
[...]
BATISTA, Ana Carolina Mota da Costa. Relações étnico-raciais na voz do professor: os debates curriculares no contexto quilombola. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2016. p. 101. Disponível em: https://oeds.link/HbJ4O8. Acesso em: 27 jun. 2021.
- Promova uma roda de conversa entre os alunos para que eles reflitam sobre o tema apresentado no boxe e exponham suas opiniões para os colegas da turma.
- Para ampliar a reflexão, converse com os alunos sobre o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Comente que essa data é comemorada em 21 de março, como uma forma de combater o racismo no mundo. Essa data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para lembrar o massacre de Shaperville, que ocorreu em 1960, na África do Sul. Nesse episódio, durante um protesto pacífico promovido por sul-africanos negros contra a "lei do passe" (que os obrigava a portar um cartão de identificação indicando os lugares que eles poderiam circular), os policiais atiraram contra a multidão, matando 69 pessoas.
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ATIVIDADES
1. a. A charge mostra a raiz de uma árvore, que apresenta um aspecto bem exagerado. Na parte superior vemos a palavra racismo.
1. Observe a charge e responda às questões no caderno.
1. b. Essa charge trata sobre o problema do racismo.
- Descreva a charge.
- Sobre qual problema brasileiro trata essa charge?
- Qual é a crítica que o artista realizou ao produzir essa charge? Explique citando elementos da imagem.
O artista pretendeu demonstrar que o racismo está enraizado na sociedade brasileira. Se necessário, auxilie os alunos a perceberem a relação das raízes com a palavra "enraizado" e oriente-os na análise desse recurso.
Racismo, de Junião, 2013.
2. Leia a manchete a seguir e, depois, responda oralmente às questões.
'O preconceito ainda existe', diz mulher negra em ação social contra o racismo, em Macapá
Disponível em: https://oeds.link/i9uycR. Acesso em: 23 jan. 2021.
LER E COMPREENDER
- Qual é o assunto da manchete? A manchete trata sobre o racismo.
- O que a pessoa citada afirma? Ela afirma que o preconceito ainda existe no Brasil.
- Cite algumas atitudes que devemos ter em nosso dia a dia para combater o racismo. Algumas atitudes que podem ser citadas pelos alunos: respeitar as pessoas e suas tradições culturais, valorizar as diferenças entre as pessoas, conhecer a história e cultura dos diferentes povos que contribuíram na formação do Brasil, entre outras.
Você concorda com a opinião do artista da charge? Converse com os colegas sobre o tema e cite algumas formas de lutarmos contra o racismo na sociedade brasileira.
Resposta pessoal.
MANUAL DO PROFESSOR
- Na atividade 1, oriente os alunos na interpretação da charge. Se necessário, relembre-os de que a charge é uma ilustração cujo objetivo é criticar uma situação, um acontecimento ou uma personagem por meio da sátira. Comente que, neste caso, a ironia está no fato de que, apesar de a árvore ter sido cortada, embaixo da terra suas raízes continuam profundas, como o racismo no Brasil, que ainda não foi erradicado. Em relação ao broto que aparece no tronco cortado, explique aos alunos que é possível que o artista tenha representado que o racismo, embora "cortado", ainda está vivo no Brasil e pode brotar.
- Utilize a atividade 2 para levar os alunos a desenvolver as habilidades de análise e interpretação de textos. Comente que trata-se de uma manchete de notícia veiculada em um portal da internet em 2019, portanto, uma situação atual.
Ler e compreender
- Na atividade 2 proposta nesta página, os alunos poderão localizar e retirar informações explícitas do texto, fazer inferências diretas, além de analisar e avaliar conteúdos e elementos textuais.
Antes da leitura
Comente com os alunos que manchete é o título de uma notícia de um jornal ou revista, escrito em letras grandes, cujo objetivo é resumir o conteúdo em poucas linhas e chamar a atenção do leitor. Ressalte que essa manchete foi veiculada em um portal de notícias da internet em 2019 para alertar os leitores a respeito de uma questão atual.
Durante a leitura
Oriente os alunos a lerem primeiro silenciosamente a manchete e, depois, em voz alta uma segunda vez.
Depois da leitura
Faça uma análise da manchete com os alunos, realizando as inferências necessárias para as respostas dos itens a e b. O objetivo é que os alunos reconheçam a questão do racismo como um problema ainda presente na sociedade atual. Após essa análise, incentive os alunos na formulação de argumentos para ações de combate ao racismo, traçando um paralelo com o conteúdo trabalhado nas aulas anteriores. Se julgar pertinente, para aprimorar o trabalho com produção textual, peça aos alunos que transformem a discussão do item c em um texto que problematize a questão do racismo.
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CIDADÃO DO MUNDO - Brasil: uma mistura de culturas!
O contato entre os costumes indígenas, europeus e africanos contribuiu para a formação da cultura brasileira. Vamos conhecer a origem de algumas tradições do nosso país?
Desde sua chegada, os portugueses utilizaram os conhecimentos dos indígenas para sobreviver no território. Dessa forma, muito do modo de vida dos indígenas passou a fazer parte do cotidiano dos portugueses e chegou até os dias de hoje. Um desses hábitos é o costume de tomar banho diariamente.
Criança tomando banho.
O hábito de dormir e de repousar em redes é um costume de origem indígena que faz parte do cotidiano dos brasileiros até os dias de hoje.
Mulher descansando em rede.
Os vários povos indígenas que habitavam o Brasil tinham bastante conhecimento da natureza. Eles sabiam quais plantas serviam como alimento e como remédio. O consumo atual de vários alimentos, como o milho, a mandioca, a abóbora e o amendoim, tem origem nos hábitos indígenas.
Mandioca cozida.
Os portugueses influenciaram no modo como muitas casas e igrejas foram construídas no período Colonial. Muitas dessas construções existem nas cidades brasileiras até os dias de hoje.
Capa do cordel Brincadeiras populares, de Abdias Campos, 2010.
A literatura de cordel, na qual poemas rimados são publicados em folhetos ilustrados, tem origem nas tradições portuguesas trazidas no período Colonial.
Foto de rua de paralelepípedos e construções portuguesas da época da colonização no município de Paraty, estado do Rio de Janeiro, em 2019.
MANUAL DO PROFESSOR
Objetivo da seção
- Reconhecer e valorizar a contribuição de indígenas, africanos e portugueses para a formação da cultura brasileira.
Destaques BNCC
- O conteúdo abordado nesta seção propicia o desenvolvimento da habilidade EF04HI10 ao mostrar as contribuições das diversas culturas na formação da sociedade brasileira. Explique aos alunos que a base de nossa cultura está relacionada, sobretudo, às contribuições desses povos. Contudo, outras culturas e outros povos também ajudaram a formar a sociedade brasileira, como árabes e asiáticos.
- Esta seção contempla o trabalho com o Tema contemporâneo transversal Diversidade cultural ao apresentar diversas tradições culturais brasileiras resultantes das contribuições e trocas culturais entre portugueses, africanos e indígenas.
- Realize uma abordagem dinâmica desta seção e peça aos alunos que observem, em um primeiro momento, apenas as imagens. O objetivo é que eles comentem qual tradição cultural é representada e qual é sua origem. Depois, faça a leitura dos textos informativos com os alunos a fim de que eles confrontem as informações e verifiquem se as suposições estavam corretas.
61
Roda de Capoeira no município de Salvador, estado da Bahia, em 2019.
A capoeira era praticada nas senzalas pelas pessoas escravizadas como forma de resistência contra a escravidão. Atualmente, milhares de pessoas em todo o Brasil praticam a capoeira como uma arte e um esporte. Além de contribuir para a saúde do corpo e da mente, ela ajuda a desenvolver em seus praticantes valores como o respeito e a solidariedade.
Dançarina de frevo. Município de Recife, estado de Pernambuco, em 2018.
A influência africana está presente em muitos ritmos musicais brasileiros, como o samba, o maracatu e o frevo.
Bongô, instrumento musical de origem africana.
Muitos instrumentos musicais usados no Brasil são de origem africana, como o atabaque, a cuíca, o berimbau e o bongô.
Foto de acarajé.
Na culinária brasileira existem vários pratos de origem africana, como a canjica, o acarajé, o vatapá, o angu e a feijoada.
- Você já conhecia a origem de alguma das tradições apresentadas nestas páginas?
- Qual das tradições citadas faz parte do seu dia a dia? Converse com os colegas sobre isso.
- Em duplas, escrevam um texto no caderno sobre a diversidade de tradições que caracteriza a cultura brasileira. Utilizem em seu texto os elementos citados na seção. Depois, um dos membros da dupla pode ler o texto em voz alta para a turma. PNA
Respostas pessoais. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques PNA
- A atividade 3 favorece o desenvolvimento dos componentes produção de escrita e fluência em leitura oral ao solicitar aos alunos que articulem os elementos trabalhados na seção em um texto sobre o tema e depois façam a leitura oral dos resultados para o restante da turma.
- Para a abordagem das atividades 1 e 2, organize uma roda de conversa na qual os alunos possam expressar a opinião deles a respeito das diferentes tradições culturais presentes no Brasil. Incentive-os a comentar outras tradições que não foram contempladas na seção e que fazem parte do cotidiano familiar de cada um deles. Certifique-se de que os alunos participem da conversa e de que as opiniões pessoais sejam respeitadas.
- Na atividade 3, se julgar pertinente, faça uma revisão dos textos com as duplas antes da leitura. Aproveite o momento para verificar a compreensão dos alunos em relação aos conceitos trabalhados na seção.
Comentários de respostas
- Esta atividade pretende verificar os conhecimentos dos alunos em relação ao tema explorado na seção.
- Esta atividade tem como objetivo relacionar os conteúdos da seção à realidade próxima dos alunos. Oriente-os a comentar com os colegas aspectos da vivência deles.
- Oriente os alunos na retomada da leitura da seção e na identificação dos elementos necessários. Depois, reserve um momento para a leitura em voz alta dos textos, incentivando a participação de todas as duplas nesse momento.
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PARA SABER FAZER - Exposição cultural
Os alunos do 4o ano e a professora resolveram fazer uma exposição sobre a cultura brasileira, com destaque para as influências dos povos indígenas, portugueses e africanos.
Veja o que eles fizeram.
- Dividiram-se em grupos.
- Analisaram os temas da exposição e escolheram o assunto de cada grupo.
- Realizaram uma pesquisa sobre o tema. Eles utilizaram livros da biblioteca e sites da internet.
- Separaram imagens, recortes, dados e informações encontradas e prepararam o material para a exposição.
- No dia escolhido com a professora, montaram a exposição. Penduraram cartazes e painéis, realizaram apresentações, tocaram músicas, propuseram a degustação de comidas típicas, entre outros. A exposição foi um sucesso!
Não se esqueça de divulgar sua exposição cultural para todos da comunidade! Fazer panfletos, por exemplo, com a data e o horário pode ser uma boa ideia.
MANUAL DO PROFESSOR
Destaques BNCC
- A atividade de organização de uma exposição sobre a cultura brasileira possibilita o desenvolvimento da Competência geral 1 à medida que os alunos deverão mobilizar os conhecimentos estudados para compreender e explicar a formação multicultural brasileira.
- A Competência geral 3 também é contemplada, uma vez que esta atividade possibilita a valorização das diversas manifestações artísticas que compõem a cultura brasileira.
63
AGORA É COM VOCÊ!
Siga as etapas da página anterior para montar uma exposição cultural sobre a cultura brasileira com a sua turma.
Lembrem-se de que diversas tradições atuais do nosso país receberam influência dos povos indígenas, europeus e africanos.
Assim, procurem destacar esses aspectos na exposição, mostrando elementos da culinária, literatura, danças, festas, arquitetura, etc.
CULTURA BRASILEIRA
MANUAL DO PROFESSOR
- Oriente os alunos em todas as etapas da atividade da exposição cultural. Organize a turma em grupos e distribua os temas, que podem ser divididos por assunto (dança, culinária, festas e costumes) ou por contribuições culturais. Auxilie-os na confecção dos panfletos e na divulgação da exposição.
- Para informações sobre a influência da cultura indígena, consulte os artigos do site do Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas. Disponível em: https://oeds.link/7INPwO. Acesso em: 27 jun. 2021.
- Para informações sobre a influência da cultura europeia, acesse os artigos do jornal Mundo Lusíada. Disponível em: https://oeds.link/MKNNv6. Acesso em: 27 jun. 2021.
- Para informações sobre a influência da cultura africana, consulte o site do Portal da Cultura Afro-Brasileira - FAEC. Disponível em: https://oeds.link/Wudhxo. Acesso em: 27 jun. 2021.
64
ARTE E HISTÓRIA - Máscaras africanas
1. A: madeira.
B: penas e miçangas.
C: madeira e conchas.
Muitos povos africanos mantêm o costume de usar máscaras em suas celebrações e rituais. Essas máscaras são consideradas sagradas porque representam elementos do sobrenatural, como os espíritos dos ancestrais a serem cultuados.
As máscaras são feitas de diversos materiais, como madeira, conchas, ferro, penas, bronze, marfim e miçangas. Veja a seguir alguns exemplos de máscaras africanas.
A
Máscara da etnia dogon, feita no século 20.
B
Máscara da etnia tabwa, feita no século 20.
C
Máscara da etnia dan, feita no século 20.
2. As máscaras representa vam elementos do sobre natural, simbolizando o es pírito de ancestrais a serem cultuados, por exemplo.
- Você consegue identificar de que materiais são feitas essas máscaras? Converse sobre isso com os colegas.
- Qual era a importância das máscaras para os povos africanos?
MANUAL DO PROFESSOR
Objetivos da seção
- Aprender sobre as máscaras africanas.
- Identificar a importância das máscaras em rituais e celebrações.
- Reconhecer e valorizar elementos da cultura africana.
Destaques BNCC
- O trabalho com esta seção contribui para o desenvolvimento da Competência geral 3 ao apresentar as máscaras como exemplos de manifestação artística africana. Explore as imagens das máscaras com os alunos, chamando a atenção para os diferentes formatos e materiais. Mostre, por exemplo, que a primeira máscara representa um animal, enquanto as outras duas imitam o rosto humano.
- Na atividade 1, incentive os alunos a conversarem sobre os elementos que observaram nas imagens e peça-lhes que levantem hipóteses sobre os materiais que podem ter sido empregados na confecção das máscaras. Utilize esta atividade como complemento para trabalhar a questão da diversidade cultural no continente africano.
- Na atividade 2, leve os alunos a desenvolver a capacidade de leitura e as habilidades de análise de textos.
65
O QUE VOCÊ ESTUDOU?
2. Resposta pessoal. O objetivo desta questão é levar os alunos a articular os dois conceitos analisados anteriormente. Espera-se que eles escrevam uma frase sobre o contexto das Grandes Navegações, em que os europeus fizeram viagens marítimas em busca de especiarias para o comércio.
1. Escreva no caderno a definição correta das duas expressões a seguir.
- Grandes Navegações.
- Especiarias.
Expedições marítimas organizadas pelos europeus nos séculos 15 e 16, com o objetivo de encontrar outras terras e novas rotas comerciais. Produtos bastante valorizados comercialmente nos séculos 15 e 16, como canela, cravo, gengibre e noz-moscada.
2. Agora, após as definições dos conceitos, escreva no caderno uma frase que contenha essas duas expressões.
3. b. As pessoas escravizadas desobedeciam às ordens de seus proprietários, quebravam ferramentas, incendiavam canaviais, fugiam e formavam quilombos.
3. Sobre o tema da escravização, responda às questões a seguir no caderno.
- Como era o transporte que trazia pessoas escravizadas ao Brasil?
- Quais eram as formas de resistência à escravidão?
4. Nesta unidade, discutimos sobre a importância de combater o racismo e analisamos uma charge sobre o tema. Agora, é a vez de vocês produzirem uma charge!
Siga as orientações a seguir.
3. a. As pessoas escravizadas eram transportadas em navios tumbeiros. Elas eram colocadas em espaços pequenos, sem condições de higiene e com alimentação precária, o que levava a um alto índice de mortalidade.
- Dividam-se em duplas para a produção da charge.
- Leiam novamente as páginas 51 e 52.
- Definam o elemento principal da charge e a mensagem que ela vai transmitir. Lembrem-se de que as charges costumam fazer uma ironia, ou seja, trazem elementos de humor ou ironia para realizar uma crítica a algum aspecto social.
- Façam uma primeira versão da charge e mostrem ao professor.
- Verifiquem a necessidade de fazer algum ajuste na charge, de acordo com as orientações do professor.
- Façam os ajustes finais e pintem com lápis de cor.
- Apresentem a charge de vocês aos colegas.
Resposta pessoal. Comentários nas orientações ao professor.
MANUAL DO PROFESSOR
Sugestão de roteiro
1 aula
- Avaliação de processo.
O que você estudou?
1 Objetivo
- Conceituar Grandes Navegações e especiarias.
Como proceder
- Caso os alunos apresentem dificuldades para elaborar os conceitos, retome a leitura da página 38, salientando as informações importantes. Depois, faça uma correção da atividade com a turma toda.
2 Objetivo
- Relacionar as Grandes Navegações ao comércio de especiarias.
Como proceder
- Utilize a atividade anterior como subsídio para a execução desta atividade. Peça aos alunos que produzam frases articulando os dois conceitos já definidos.
3 Objetivo
- Identificar as principais características do processo de escravização de africanos no Brasil.
Como proceder
- Retome os conteúdos trabalhados nas aulas anteriores e proponha aos alunos uma leitura coletiva das páginas 53 e 54. Durante a leitura, saliente os pontos importantes, como as características das embarcações e as condições de higiene e alimentação às quais as pessoas escravizadas eram submetidas.
4 Objetivo
- Elaborar uma charge sobre o racismo.
- Oriente os alunos a conversarem sobre a questão do racismo e a propor ações que possam combatê-lo. Se julgar conveniente, mostre algumas charges sobre o tema para os alunos analisarem e observarem seus elementos.
Como proceder
- Trabalhe com os alunos algumas características essenciais da charge, como a crítica social. Se houver disponibilidade, utilize a sala de informática da escola para que os alunos analisem alguns exemplos de charges. Depois, organize-os em duplas para a elaboração das charges, distribuindo folhas papel de sulfite, canetas coloridas e lápis de cor. Caminhe pela sala de aula para avaliar os trabalhos e verificar possíveis ajustes.
Conclusão da unidade 2
Com a finalidade de avaliar o aprendizado dos alunos em relação aos objetivos propostos nesta unidade, desenvolva as atividades do quadro. Esse trabalho favorecerá a observação da trajetória, dos avanços e das aprendizagens dos alunos de maneira individual e coletiva, evidenciando a progressão ocorrida durante o trabalho com a unidade.
Dica
Sugerimos que você reproduza e complete o quadro da página 11-MP deste Manual do professor com os objetivos de aprendizagem listados a seguir e registre a trajetória de cada aluno, destacando os avanços e as conquistas.
Objetivos | Como proceder |
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MANUAL DO PROFESSOR
Introdução da unidade 3
O objetivo principal desta unidade é estudar os deslocamentos populacionais que ocorreram ao longo da história do Brasil. Os alunos poderão compreender como os trabalhadores imigrantes que vieram para o Brasil a partir do século XIX contribuíram para transformar o país em uma nação multicultural e como ocorreram as migrações entre as regiões brasileiras, sobretudo a migração nordestina, e sua influência cultural.
Partindo de exemplos próximos da realidade dos alunos, o tema da imigração é abordado em longa perspectiva, chegando até os dias atuais. Diversos aspectos do tema serão analisados, como as condições de deslocamento, acolhimento, trabalho e moradia dos imigrantes, tanto dos que seguiram para as fazendas de café como dos que ficaram nas cidades. No que se refere à imigração atual, propõe-se uma reflexão por meio da análise de gráfico e texto sobre o caso de imigrantes ilegais e refugiados.
Para desenvolver a capacidade crítica dos alunos, serão propostas algumas questões de cunho investigativo e de produção de escrita a fim de que eles reconheçam os motivos que levaram as pessoas a mudar seu local de moradia, as condições em que isso ocorreu e quais foram as consequências desse processo.
Desse modo, as atividades desta unidade, além de possibilitar o trabalho com diversos temas, propiciam o desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem.
Objetivos
- Conhecer o contexto histórico do lugar onde viviam os imigrantes e quais foram os motivos que os atraíram para o Brasil.
- Conhecer as etapas de deslocamento dos imigrantes, desde a viagem para o Brasil até seu alojamento final.
- Entender como se davam os acordos de trabalho entre imigrantes e fazendeiros.
- Identificar as principais atividades realizadas pelos imigrantes nas cidades no início do século XX.
- Conhecer as condições de trabalho nas primeiras fábricas do Brasil.
- Identificar alguns grupos de imigrantes que vieram para o Brasil nas últimas décadas.
- Perceber que os motivos que atraem imigrantes para o Brasil na atualidade são diferentes das razões que os atraíam no passado.
- Conhecer as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes ilegais.
- Compreender os contextos históricos das migrações que ocorreram no Brasil entre os séculos XVII e XX.
- Conhecer o contexto histórico da migração nordestina e as dificuldades vividas pela população dessa região.
- Identificar os principais lugares de destino dos migrantes nordestinos.
- Compreender que os trabalhadores nordestinos foram os principais responsáveis pela construção de Brasília.
- Analisar o contexto das migrações para a região amazônica, refletindo sobre questões relacionadas à preservação ambiental.
- Reconhecer a influência dos nordestinos na cultura brasileira.
- Valorizar aspectos culturais da Região Nordeste.
Pré-requisitos pedagógicos
- Para desenvolverem as atividades e os objetivos propostos na unidade 3, é importante que os alunos apresentem conhecimentos sobre a diversidade cultural na formação do Brasil, aspecto abordado na unidade 2. Além disso, espera-se que eles compreendam a importância dos diferentes grupos sociais que contribuíram para a formação dos municípios brasileiros, o que é essencial para eles reconhecerem o papel dos imigrantes.
Destaques PNA
- No decorrer da unidade, o componente desenvolvimento de vocabulário é contemplado em diversos momentos, à medida que os alunos leem os textos da unidade sobre os deslocamentos populacionais ao longo da História, incluindo as imigrações do século XIX e as migrações entre os estados, a situação dos refugiados no Brasil e a recente onda de emigrações para o exterior.
Amplie seus conhecimentos
- CECCHETTI, Elcio; PIOVEZANA, Leonel (Org.). Interculturalidade e educação: saberes, práticas e desafios. Blumenau: Ed. da Furb, 2015.
A obra apresenta textos de diversos autores da área de educação sobre o tema da interculturalidade no contexto contemporâneo. Por meio de reflexões, os pesquisadores abrem novas perspectivas para o trabalho em sala de aula considerando as múltiplas culturas, os saberes e os valores que compõem a sociedade brasileira.