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CAPÍTULO 1 A concepção de Educação Física e de Arte nesta coleção
Observe a imagem.
Conectando ideias
1. Qual ideia de Educação Física e de Arte a imagem lhe transmite? Explique.
Note a presença das cores primárias e secundárias na imagem, revelando a importância das cores no universo da Arte, aliada a formas e texturas. Do ponto de vista da Educação Física, perceba a representação das mãos como uma parte importante do corpo, que possibilitam realizar as atividades em nosso dia a dia, seja no trabalho, seja na vida pessoal.
2. Em que medida Arte e Educação Física são integradas em seu cotidiano profissional escolar?
Esse é um momento oportuno para refletir sobre sua prática pedagógica, especialmente no que se refere ao objetivo desta obra: pensar nos componentes Educação Física e Arte como integrantes da área de Linguagens e como formas de expressão e representatividade corporal, estética, visual, artística e cultural; refletir sobre como integrar esses dois componentes curriculares de modo que possibilitem aos alunos desenvolver-se como sujeitos ativos, protagonistas, cidadãos, que criam e manifestam a própria história.
A Educação Física é entendida como um componente curricular que tematiza e sistematiza as práticas corporais que compõem todo o universo da cultura corporal, ampliando as experiências dos estudantes. Essas experiências, de caráter corporal e lúdico, devem ser facilitadas e ancoradas em aprendizagens motoras, cognitivas e socioemocionais, pois são aspectos fundamentais para o desenvolvimento individual, social e com o meio em que vive.
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Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história.
(BRASIL, 2018, p. 213).
A Educação Física escolar ao longo do tempo e a integração com Arte nesta obra
Ao longo do tempo, a Educação Física escolar passou por diversas mudanças. Apesar de sua história estar muito atrelada ao entendimento higienista do corpo e do movimento, nos anos 1980, com base em estudos específicos da área, houve um grande movimento que colocou em xeque seus objetivos.
Na década de 1980, o movimento da Educação Física era de origem acadêmica e buscava estabelecer o objeto de conhecimento do qual trataria essa área. Esse movimento visava consolidar identidade e especificidade à área (para livrá-la de seu caráter meramente instrumental e higiênico), além de justificar sua presença na universidade, conferindo à Educação Física um status científico.
Uma das discussões levantadas sobre a especificidade da Educação Física durante esse período alertava os professores sobre o cuidado para não colocar a disciplina a serviço de outras áreas, o que a distanciaria de seu objeto: a cultura corporal. Desde então, muitas abordagens e muitos currículos foram criados, a fim de delimitar objetivos próprios para a área. Nesse contexto, surgiram os currículos Desenvolvimentista (TANI et al., 1988), Psicomotor (FREIRE, 1989), Crítico-Superador (COLETIVO DE AUTORES, 1992) e Currículo da Saúde (GUEDES, 1995). Atualmente, os estudos pós-críticos resvalam em outra possibilidade de currículo: a Educação Física Cultural (NEIRA e NUNES, 2006).
Portanto, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ao considerar hoje a Educação Física inserida na área de Linguagens e suas Tecnologias, um dos objetivos é tematizar as práticas corporais que fazem parte da cultura, e não mais valorizar somente a progressão da aptidão física e das técnicas esportivas.
A Educação Física, ao trabalhar com as práticas corporais, compromete-se não apenas com a qualidade do movimento, mas também com a qualidade das experiências, oferecendo oportunidades para que todos os estudantes possam ter acesso ao universo das manifestações da cultura corporal, considerando os princípios da inclusão, os conhecimentos fundamentados na ciência e o respeito às diferenças étnico-raciais e de gênero.
Assim como a Educação Física, a BNCC também considera o componente curricular Arte inserido na área de Linguagens e suas Tecnologias. Enquanto componente curricular da BNCC, a Arte corresponde a um campo do saber em contato com os elementos que compõem o patrimônio histórico e cultural da humanidade.
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A BNCC reconhece como princípio fundamental a formação integral dos estudantes. Propõe o desenvolvimento global dos alunos, aliando perspectivas cognitivas e afetivas, além da formação de cidadãos plenos, com pensamento autônomo e preocupados com os desafios contemporâneos. Em Arte, no Ensino Fundamental 1, o ensino deve possibilitar aos alunos se expressarem e se manifestarem criativamente por meio de investigação, pesquisa e ludicidade, propondo uma vivência de continuidade em relação à Educação Infantil. Dessa maneira, é importante que as experiências e as vivências artísticas estejam voltadas aos interesses das crianças e às culturas infantis. Além de buscar desenvolver as competências relacionadas à alfabetização, o componente Arte deve ter como meta possibilitar o acesso à leitura, à criação e à produção nas linguagens artísticas, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à linguagem verbal e às linguagens não verbais.
Pressupostos teórico-metodológicos
Tendo em vista que a Educação Física é um componente curricular de suma importância no contexto escolar, uma vez que toda aprendizagem se dá pelo corpo, esta obra, em diálogo com as teorias críticas e pós-críticas de educação, tem o propósito de mediar possibilidades e ideias para que o professor, associado às leituras e aos entendimentos do contexto que está inserido, possa obter ferramentas para a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ambiente escolar.
Assim, ao levar em consideração a BNCC, propomos uma possibilidade de modelo curricular de Educação Física que dialogue com as especificidades do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, organizando os saberes que correspondem a competências, habilidades, unidades temáticas e objetos de conhecimento.
Portanto, durante essa etapa do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, as atividades propostas têm de ser integradas ao cotidiano de cada um dos estudantes, para que seja possível fazer correspondências com o mundo em que vivem.
Durante toda a escolarização, considera-se a possibilidade de rever determinados temas e conteúdos, mas, com o avanço dos anos escolares, é necessário que isso seja feito de forma mais aprofundada. A aprendizagem em espiral possibilita a intersecção do que já faz parte do universo dos estudantes com novos conhecimentos adquiridos.
A Educação Física deve oferecer aos estudantes de toda etapa escolar acesso ao patrimônio cultural. Isso se resvala em um entendimento da própria corporalidade, com base em experiências corporais que sejam significativas, lúdicas, éticas e estéticas.
A interação com o mundo e com outras linguagens também nos possibilita ampliar o contexto da Educação Física e olhar para um corpo com uma visão mais ampla, ou seja, um corpo que brinca, joga, dança, cria e se expressa de diversas maneiras. E que se cria e se reinventa por meio da linguagem artística também.
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Este Manual oferta possibilidades de diálogo para o professor, que, munido de conhecimentos sobre a BNCC, poderá pensar nos seus planejamentos de forma autônoma e crítica.
Cidadão do Mundo
Os jogos cooperativos são uma possibilidade para o trabalho da unidade temática Brincadeiras e jogos, em que valores morais como confiança e empatia são utilizados para o desenvolvimento do trabalho em equipe. A ideia é ajudar a criar uma cultura de parceria, em que os estudantes não participam para ganhar, e sim para contribuir com o processo que visa a uma meta comum (VALLE, 2010).
Em contrapartida, Neira e Nunes sugerem que é necessário estar atento para não artificializar as atividades propostas em aula com as práticas inventadas, a fim de desenvolver valores descolados das práticas sociais dos alunos. De acordo com esses autores, "deve-se jogar a partir da prática social do jogo, dançar a partir da prática social da dança etc." (NEIRA e NUNES, 2006, p. 242).
Ainda na BNCC (2018), é ressaltada a importância de "fazer uma distinção entre jogo como conteúdo específico e jogo como ferramenta auxiliar de ensino" (p. 214).
Dessa forma, o professor deve considerar os elementos inerentes aos jogos, como a competição, a cooperação, o pacto coletivo (regras, códigos de conduta etc.), que estão presentes em sua estrutura desde a sua gênese. Se a competitividade se faz demasiado presente nos jogos propostos em aula, cabe a problematização da competição nas aulas de Educação Física. Qual é o objetivo da Educação Física escolar ao propor o jogo como conteúdo? Pode-se dizer seguramente que objetivo não lhe pertence: tornar as aulas de Educação Física um simulacro do esporte de alto rendimento. Se tais valores de competição permearem as aulas de Educação Física, caberá aos professores discutir com os alunos os objetivos da Educação Física, com a finalidade de diferenciar o sentido dado à competição nos contextos escolar, de lazer e de alto rendimento.
Em resumo, a competição no Jogo e no Esporte não é um mal em si, mas os significados atribuídos à competição, à vitória e à derrota devem ser objeto de preocupação dos professores no trato pedagógico desta unidade temática. Jogos cooperativos são válidos em um contexto que traga origem, história e ancoragem social e, também, como forma de exercício, realização de uma tarefa ou movimento; porém, não devem ser pensados em substituição aos jogos e brincadeiras presentes na cultura dos alunos, pois tal atitude ignora os problemas da competição, em vez de encará-los, problematizá-los e mostrar seus significados para a escola.
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Para saber mais
- e∙docente
O blogue e·docente https://oeds.link/2nyik3 é um caminho para ampliar seu repertório de práticas pedagógicas de jogos cooperativos.
- Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência, de Fábio Otuzi Brotto. São Paulo: Palas Athenas, 2013.
Com o foco na interface dos jogos cooperativos com a pedagogia do esporte, a obra destaca os principais aspectos que o exercício da convivência, por meio do jogo e do esporte, traz para o desenvolvimento pessoal e para a transformação social.
A área de Linguagens para o Ensino Fundamental e a integração entre Educação Física e Arte
A área de Linguagens, de acordo com a BNCC, comporta para o Ensino Fundamental - Anos Iniciais os seguintes componentes curriculares: Educação Física, Arte e Língua Portuguesa. Isso porque é importante que o estudante possa, com base em diferentes linguagens - verbal, corporal, visual, digital - usufruir das mais diversas práticas sociais.
Segundo o próprio documento, a finalidade dessa área de conhecimento é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagens diversificadas, ampliando seus conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil (BRASIL, 2018, p. 63).
Portanto, as aulas de Educação Física, inseridas no contexto da área de Linguagens, ampliam os conhecimentos e dão a possibilidade de pensar, de forma crítica, nas capacidades expressivas de produções culturais que se manifestam por meio da linguagem corporal.
Nesse sentido, é importante que o estudante entenda a linguagem corporal como construção humana, condição essencial para expressar seu ser e estar no mundo.
Para refletir sobre o corpo e suas subjetividades, este Manual procurou focalizar o trabalho interdisciplinar com o componente curricular de Arte ao trazer propostas que, além de estarem vinculadas aos parâmetros e às diretrizes que constam dos documentos oficiais da Educação Básica, podem nos oferecer novos desafios no nosso percurso escolar.
[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. (BRASIL, 2018, p. 19).
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O trabalho em conjunto com Arte contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico em torno do corpo e suas subjetividades, para a criatividade, bem como motiva os estudantes a pesquisar e compreender o mundo contemporâneo, pois é um componente sensível-cognitivo que, assim como os demais componentes da área de Linguagens, permite que os estudantes interajam consigo mesmos e com os outros, além de ser um campo de prática social e que também preconiza a criação e a apreciação.
O corpo, porém, não está apenas relacionado a esses dois componentes curriculares; portanto, o ensino e a aprendizagem precisam ir além do conhecimento das disciplinas escolares.
É importante que o professor de Educação Física se reúna com o professor de Arte para que possam organizar e planejar, antes das atividades interdisciplinares, quais serão os objetivos e as habilidades de cada componente curricular, que serão apresentados e discutidos com os estudantes.
A respeito dessa reflexão, é fundamental enfatizar a discussão sobre o lugar que o corpo tem na educação, sobretudo porque ainda hoje em algumas escolas nacionais muitos assuntos do corpo ainda são ignorados ou se não são excluídos totalmente, permanecem na antiga dicotomia entre cabeça (mente) e corpo.
É importante discutir com os estudantes que nosso corpo está em constante transformação e interage o tempo todo com o ambiente em que vivemos; e que isso vai muito além dos treinamentos físicos: ele nos leva a viver de forma multidisciplinar.
Assim, esta obra visa desenvolver nos alunos as capacidades relativas à expansão das práticas de linguagens e suas possibilidades, com vistas à ampliação de capacidades expressivas, à compreensão de como se estruturam as manifestações artísticas, corporais e linguísticas e ao reconhecimento de que as práticas de linguagem são produtos culturais que organizam e estruturam as relações humanas.
Abaixo, listamos as seis competências específicas da área de Linguagens para o Ensino Fundamental - Anos Iniciais.
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- Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
- Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
- Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital -, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
- Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo.
- Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
- Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC, 2018. p. 65. Disponível em: https://oeds.link/6ezWTR. Acesso em: 2 mar. 2021.
No ensino interdisciplinar entre Educação Física e Arte, em consonância com os princípios da BNCC, as escolas devem contemplar, principalmente, atividades que promovam o diálogo entre conhecimentos dessas diferentes áreas, envolvendo os professores, os alunos e também outras pessoas da comunidade escolar e da comunidade local. O objetivo principal dessas atividades deve ser sempre o de proporcionar aos estudantes uma formação cidadã, que favoreça seu crescimento intelectual, social, físico, moral, ético, simbólico e afetivo. Por isso, é esperado que as escolas adequem as proposições da BNCC à realidade local, buscando, entre outras ações:
[...]
- contextualizar os conteúdos dos [dois] componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas;
- decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem;
[...]
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC, 2018. p. 16-17. Disponível em: https://oeds.link/U7lajh. Acesso em: 29 ago. 2019.
A busca pela aproximação dos conhecimentos escolares com a realidade dos estudantes é uma atribuição da escola, mas também deve ser uma responsabilidade do professor. O texto a seguir apresenta dicas de como trabalhar os conteúdos escolares desses dois componentes de maneira interdisciplinar.
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A realidade é um banco de ideias
O caminho mais seguro para fazer a relação entre as disciplinas é se basear em uma situação real. Os transportes ou as condições sanitárias do bairro, por exemplo, são temas que rendem desdobramentos em várias áreas. Isso não significa carga de trabalho além da prevista no currículo. A abordagem interdisciplinar permite que conteúdos que você daria de forma convencional, seguindo o livro didático, sejam ensinados e aplicados na prática - o que dá sentido ao estudo. Para que a dinâmica dê certo, planejamento e sistematização são fundamentais. [...] Quando as disciplinas são usadas para a compreensão dos detalhes, os alunos percebem sua natureza e utilidade.
[Atividades que promovam o diálogo entre conhecimentos] também pedem temas bem delimitados. Em vez de estudar a poluição, é preferível enfocar o rio que corta o bairro e recebe esgoto. A questão possibilita enfocar aspectos históricos, analisar a água e descobrir a verba municipal destinada ao saneamento.
Quantas disciplinas podem ser exploradas? É possível que um caso assim seja trazido pela garotada. Convém não desperdiçar a oportunidade mesmo que você não se sinta à vontade para tratar do assunto. Não precisa se envergonhar por não saber muito sobre o tema. Mostre à classe como é interessante buscar o conhecimento.
"A formação continuada do professor não se resume a realizar um curso atrás do outro, mas também [a] ler diariamente sobre assuntos gerais" [...].
Dessa maneira, ele aprende a aproveitar motes que surgem em sala e que tendem a ser produtivos se abordados de forma ampla.
[...]
Como ensinar relacionando disciplinas
- Parta de um problema de interesse geral e utilize as disciplinas como ferramentas para compreender detalhes.
- [...]
- Inclua no planejamento ideias e sugestões dos alunos.
- Se você é especialista, não se intimide por entrar em área alheia.
- Pesquise com os estudantes.
- Faça um planejamento que leve em consideração quais conceitos podem ser explorados por outras disciplinas.
- Levante a discussão nas reuniões pedagógicas e apresente seu planejamento anual para quem quiser fazer parcerias.
- Recorra ao coordenador. Ele é peça-chave e percebe possibilidades de trabalho.
- Lembre-se de que a interdisciplinaridade não ocorre apenas em grandes projetos. É possível praticá-la entre dois professores ou até mesmo sozinho.
CAVALCANTE, Meire. Interdisciplinaridade: um avanço na educação. Revista Nova Escola. n. 174, ago. 2004. p. 52-54.
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Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental
São estas as competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental que visam à criação e à produção em linguagens artísticas:
- Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
- Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
- Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais - especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira -, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
- Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
- Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.
- Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
- Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
- Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
- Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC, 2018. p. 198. Disponível em: https://oeds.link/424MT3. Acesso em: 10 abr. 2021.
Como componente curricular, a Arte é uma abertura para a interação do aluno com o mundo e toda a complexidade que o envolve. Ela favorece, em todos os níveis de aprendizagem da Educação Básica, o diálogo e o respeito às diferenças, afirmando suas qualidades intercultural, pluriétnica e plurilíngue, perspectivas importantes para a formação cidadã. A grande riqueza da Arte, o que a torna um elemento essencial na formação educacional básica, é sua capacidade de propiciar a troca entre culturas distintas, favorecendo nesse processo o reconhecimento das semelhanças e das diferenças entre elas. Isso faz com que o pensamento sobre as manifestações artísticas transcenda os espaços legitimadores das instituições culturais. A aprendizagem de Arte volta-se, nesse sentido, à experiência e à vivência artística como prática social, colocando o aluno como protagonista no processo de aprendizagem.
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De acordo com a BNCC, no componente curricular de Arte, o que se espera do aluno durante a sua vida escolar no Ensino Fundamental é que ele expanda o seu repertório cultural e artístico, assim como amplie sua autonomia nas práticas artísticas, por meio de vivências que estimulem sua reflexão imaginativa e crítica sobre os conteúdos artísticos e seus elementos constitutivos e também sobre as experiências de pesquisa, invenção e criação.
É possível o professor pensar em como as práticas de Educação Física e as respectivas competências poderão dialogar com essas descritas, de Arte. As propostas de atividades apresentadas nesta coleção visam indicar sugestões e exemplos de como essas competências podem ser integradas.
Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental
Além das seis competências específicas da área de Linguagens e das competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental, há dez competências específicas do componente curricular Educação Física para o Ensino Fundamental, que levam em conta o caráter experiencial e subjetivo dessa disciplina. São elas:
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- Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
- Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
- Refletir, criticamente, sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
- Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutir posturas consumistas e preconceituosas.
- Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.
- Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
- Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
- Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
- Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário.
- Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Versão final. Brasília: MEC, 2018. p. 223. Disponível em: https://oeds.link/S983ws. Acesso em: 10 abr. 2021.
Assim, a partir das competências específicas de Educação Física, a (BNCC) propõe que os currículos sejam pensados em função de unidades temáticas, que reúnem objetos de conhecimento (nossos temas e conteúdos de aula) e habilidades a serem desenvolvidas.
Objetos de conhecimento
As unidades temáticas são organizadas, na BNCC, em dez objetos de conhecimento, que são os precursores dos temas e dos conteúdos de um currículo escolar. Para 1o e 2o anos, os objetos de conhecimento estão assim organizados:
Unidades temáticas | Objetos de conhecimento |
---|---|
Brincadeiras e jogos | Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional |
Esportes | Esportes de marca Esportes de precisão |
Ginásticas | Ginástica geral |
Danças | Danças do contexto comunitário e regional |
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Unidades temáticas em Educação Física na BNCC
As práticas corporais, como textos da cultura, devem ser amplamente trabalhadas na Educação Física escolar. Segundo Silva (2014, p. 18):
Em síntese, pode-se dizer que as práticas corporais são fenômenos que se mostram, prioritariamente, ao nível corporal, constituindo-se em manifestações culturais, tais como os jogos, as danças, as ginásticas, os esportes, as artes marciais, as acrobacias, entre outras. Esses fenômenos culturais que se expressam fortemente no nível corporal e que, em geral, ocorrem no tempo livre ou disponível, com importante impacto orgânico. São constituintes da corporalidade humana e podem ser compreendidos como forma de linguagem.
A BNCC organizou as práticas corporais em unidades temáticas, que devem compor os currículos escolares para proporcionar aos estudantes o acesso a diferentes manifestações da cultura corporal, rompendo com uma perspectiva esportivista de currículo. Assim, a Educação Física do Ensino Fundamental organiza seus conhecimentos em seis unidades temáticas: Brincadeiras e jogos; Esportes; Ginásticas; Danças; Lutas; e Práticas corporais de aventuras. Salientamos, porém, que para o Ensino Fundamental - Anos Iniciais (1o e 2o anos), o documento indica o trabalho de quatro unidades temáticas, a saber: Brincadeiras e jogos; Esportes; Ginásticas e Danças.
Para finalizar, a BNCC organiza a aprendizagem das unidades temáticas a partir de oito dimensões do conhecimento, que não têm nenhuma hierarquia ou ordem entre si, mas direcionam a operação de conhecimentos importantes à aprendizagem. São elas: Experimentação, Uso e apropriação, Fruição, Reflexão sobre a ação, Construção de valores, Análise, Compreensão e Protagonismo comunitário.
Brincadeiras e jogos
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A unidade temática Brincadeiras e jogos é composta de um tipo de conhecimento fundamental para o desenvolvimento integral dos nossos estudantes. Por meio de jogos e brincadeiras, é possível experimentar e problematizar formas de intervir no mundo, resolver conflitos, socializar.
É importante salientar que, nessa unidade temática, os jogos e as brincadeiras não são meios para a aprendizagem de outras práticas corporais, mas, sim, são a própria finalidade, por meio de uma organização própria (contextos, tempo, espaço, regras), que manifestam e produzem sentidos e significados culturais. Tematizar Brincadeiras e jogos é entendê-los como produtos da cultura.
Cidadão do Mundo
Brincar é criar, divertir, propiciar, explorar, entreter-se, explorar a ludicidade. Partindo dessa premissa, o brincar tem um fator primordial nessa fase da criança ao trazer subsídios para a comunicação, a criatividade e as relações sociais tão importantes na formação e no desenvolvimento do sujeito. Utilizando-se do brincar a criança aprende, se comunica e se transforma. O seu repertório motor é também moldado pelo seu histórico de brincadeiras.
Segundo a BNCC (Brasil, 2018, p. 224): "É importante reconhecer, também, a necessária continuidade às experiências em torno do brincar, desenvolvidas na Educação Infantil". Sendo assim, professor:
- De que as crianças brincam em seus tempos e espaços de lazer?
- De que você brincava quando criança?
- É possível sistematizar aulas que dialoguem com as duas perguntas anteriores?
Uma possível relação entre a questão 1 e a 2 seria direcioná-las a uma pessoa idosa como interlocutora, pois se abre a possibilidade para uma investigação sobre quais jogos e brincadeiras estiveram presentes ao longo da vida dessa pessoa e proporciona-se um intercâmbio positivo entre gerações, que serão beneficiadas mutuamente.
Para saber mais
- Brincar: crescer e aprender - O resgate do jogo infantil, de Adriana Friedmann. São Paulo: Moderna, 1996.
O livro traz referências de como o brincar tem papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, social e motor das crianças.
· Cadê o brincar? Da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, de Flávia Cristina Oliveira Murbach de Barros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
A autora, sob uma perspectiva histórico-cultural, aponta a importância da brincadeira e do brinquedo para as crianças entre 6 e 7 anos.
· Território do brincar. Disponível em: https://oeds.link/SQ9UoA. Acesso em: 12 mar. 2021.
O programa é um trabalho de escuta, intercâmbio de conhecimentos e difusão cultural infantil organizado pelos documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, que percorrem comunidades quilombolas, indígenas, rurais etc. ao revelar o país por meio dos olhos de nossas crianças.
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Esportes
Ao tematizar o esporte nas aulas de Educação Física, é preciso reconhecer suas diferentes possibilidades de manifestação na sociedade. Tubino (2006) reconhece três possibilidades de manifestação do Esporte: esporte-educação, esporte-participação e esporte-rendimento.
Para o esporte-educação, a prioridade é a formação de jovens para a cidadania, podendo estar presente dentro e fora da escola desde que preservado seu caráter educacional. O esporte-participação pode ser compreendido como sinônimo de lazer. É a manifestação mais livre do esporte, uma vez que não está comprometido com regras e convenções institucionalizadas, e sim com o prazer lúdico. Por fim, o esporte-rendimento está relacionado ao ambiente formal da competição esportiva, com regras institucionalizadas para todos os participantes que têm como objetivos a vitória e a alta performance.
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Sobre o esporte de alto rendimento, trata-se de um fenômeno sociocultural, submetido a determinadas regras que definem as normas de disputa.
Segundo Vargas (2014, p. 19):
Esporte ou Desporto é uma atividade competitiva, institucionalizada, realizada conforme técnicas, habilidades e objetivos definidos pelas modalidades esportivas, determinada por regras preestabelecidas que lhe dá forma, significado e identidade, podendo também, ser praticado com liberdade e finalidade lúdica estabelecida por seus praticantes, realizado em ambiente diferenciado, inclusive na natureza (jogos: da natureza, radicais, orientação, aventura e outros), cuja aplicabilidade pode ser para a promoção da saúde e em âmbito educacional de acordo com diagnóstico e/ou conhecimento especializado, em complementação a interesses voluntários e/ou organização comunitária de indivíduos e grupos não especializados.
Assim como assinalado na sessão sobre os Jogos e brincadeiras, a competição nas aulas de Educação Física deve ser problematizada também no ensino dos Esportes.
Eles foram classificados em sete categorias, para fins didáticos:
- Marca: modalidades que comparam tempos, velocidades, percursos (corridas, patinação, natação etc.)
- Precisão: modalidades que têm por objetivo acertar um alvo em específico, lançando ou arremessando determinado objeto (bocha, curling, golfe, tiro com arco, tiro esportivo etc.).
- Técnico-combinatório: modalidades cujo resultado da ação motora é a qualidade do movimento observado, a partir da estética e da dificuldade na realização de determinado movimento (ginástica artística, ginástica rítmica, nado sincronizado, patinação artística, saltos ornamentais etc.).
- Rede/quadra dividida ou parede de rebote: modalidades que se caracterizam por arremessar, lançar ou rebater a bola em direção a setores da quadra adversária nos quais o rival seja incapaz de devolvê-la da mesma forma (voleibol, vôlei de praia, tênis de campo, tênis de mesa, badminton, pelota basca, raquetebol, squash etc.).
- Campo e taco: modalidades que se caracterizam por rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer o maior número de vezes as bases ou a maior distância possível entre as bases, enquanto os defensores não recuperam o controle da bola, e, assim, somar pontos (beisebol, críquete, softbol etc.).
- Invasão ou territorial: modalidades que se caracterizam por comparar a capacidade de uma equipe introduzir ou levar uma bola (ou outro objeto) a uma meta ou setor da quadra/campo defendida pelos adversários (gol, cesta, touchdown etc.), protegendo, simultaneamente, o próprio alvo, meta ou setor do campo (basquetebol, frisbee, futebol, futsal, futebol americano, handebol, hóquei sobre grama, polo aquático, rúgbi etc.).
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- Combate: modalidades caracterizadas como disputas, nas quais o oponente é vencido por deslocamento, imobilização ou exclusão de determinado espaço, por meio de combinações de ações de ataque e defesa (judô, boxe, esgrima, taekwondo etc.).
A gama de possibilidades para o trabalho de modalidades esportivas é muito ampla. Isso não significa que você, professor, tenha que ter total domínio de todas elas. Porém, é de suma importância que os estudantes reconheçam a diversidade de práticas esportivas existentes na cultura corporal e possam tematizá-las ao longo do percurso escolar. Nem todas as modalidades são passíveis de experimentação na escola - o nado sincronizado é um exemplo disso -, mas ainda assim é uma modalidade que eles podem conhecer por meio de um trabalho sistematizado.
Nos objetos de conhecimento para 1o e 2o anos, a BNCC sugere o trabalho de Esportes de marca e Esportes de precisão. É importante que os estudantes tenham acesso a diferentes esportes categorizados dessa forma, como corridas de velocidades, salto em distância, salto em altura, boliche, tiro ao alvo, lançamento de dardos etc., pois o acesso a um variado leque de atividades permite que experimentem, modifiquem e reconstruam as atividades, criando, dessa maneira, hipóteses e estratégias para a execução dessas práticas.
É muito comum que os estudantes se identifiquem com modalidades esportivas coletivas com bola - futebol, handebol, basquetebol e voleibol -, mas é papel da Educação Física escolar reconstruir e ampliar esse repertório, trazendo novas e potentes experiências esportivas.
Cidadão do Mundo
A prática esportiva pode ser um ambiente profícuo para o desenvolvimento de valores morais, tais como a justiça, a honestidade e o respeito. Em uma situação de competição, caso algum desses valores que anteriormente foi combinado entre todos seja invalidado, o professor tem a possibilidade de discutir com os estudantes as razões de isso acontecer. O professor pode indagar os estudantes: Se não houvesse um juiz, como saberíamos quem realmente ganhou essa competição? A regra que foi combinada é justa e possibilita a participação de todos? A honestidade é um valor que nos ajuda fora do ambiente do esporte também? Qual é o valor de uma vitória obtida sem o valor da honestidade?
É necessário lembrar que o desenvolvimento sociomoral é responsabilidade de toda a escola e, portanto, faz parte das aprendizagens da Educação Física também.
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Ginásticas
A Ginástica é uma prática corporal que desde a Antiguidade é executada pelos sujeitos. Essa prática trabalha algumas capacidades físicas importantes para o desenvolvimento do estudante, como a força, a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação motora.
A unidade temática, ao longo de todo o Ensino Fundamental, é categorizada em três possibilidades: Ginástica geral, Ginásticas de Condicionamento Físico e Ginásticas de Conscientização Corporal.
1o ao 5o ano: Ginástica geral - Anos Iniciais
6o e 7o anos: Ginástica de condicionamento físico - Anos Finais
8o e 9o anos: Ginástica de condicionamento físico e de conscientização corporal - Anos Finais
- Ginástica geral: é uma ginástica de apresentação e explora as práticas corporais acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade; ela pode ser praticada no ar (saltos), no solo ou utilizando aparelhos, como a corda e o trapézio, reunindo um combinado de piruetas, por exemplo. Além disso, pode ser praticada tanto individual como coletivamente.
- Ginástica de condicionamento físico: trabalha o exercício corporal com o intuito de melhorar o rendimento, a aquisição e a manutenção da condição física individual ou da modificação da composição corporal.
- Ginástica de conscientização corporal: usa movimentos com o intuito de ampliar a percepção sobre o próprio corpo. Exemplos: o alongamento, a ioga, o tai chi chuan, a eutonia.
Vale destacar que a BNCC considera as ginásticas competitivas como práticas esportivas e, portanto, elas compõem a unidade temática Esportes (técnico-combinatórias). Alguns exemplos de ginásticas competitivas são: a Ginástica artística, a Ginástica rítmica e a Ginástica aeróbica.
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Apesar dessa classificação, a BNCC propõe o trabalho com Ginástica Geral durante todo o ciclo do Ensino Fundamental - Anos Iniciais. Uma possibilidade de planejamento é tematizar a prática corporal Circo, com suas acrobacias individuais (rolamentos, saltos, piruetas), acrobacias em dupla/grupo (pirâmides humanas) e malabarismo (com véus e bolinhas).
Um aspecto muito importante da unidade temática Ginásticas é a segurança na execução. Muitas vezes, para determinadas movimentações, o estudante precisará prezar pela segurança do próprio corpo e do corpo do outro. Esse estado de atenção também deve estar sistematizado ao longo do planejamento. O professor pode propor exercícios em que o valor moral confiança seja posto em prática.
O circo
Pessoas voando, se equilibrando em alturas inimagináveis, arremessando objetos a centímetros de outras. O circo não é só um espetáculo exuberante aos olhos do público, é também uma manifestação artístico-cultural do movimento humano. Movimentos básicos e complexos que, diante de um treinamento intenso, beiram à perfeição. Movimentos corporais que podem ser explorados com os estudantes, proporcionando uma diversidade de novos conhecimentos, sempre conectado a uma aprendizagem histórico-cultural dessa inspiradora manifestação artística.
Para saber mais
Os autores trazem a proposta de sintonizar o ensino da ginástica e da dança com a vida contemporânea de convivência, construção, reconstrução e criação, o que é relevante para o professor, pois é nesse ambiente lúdico que ele aprimora sua atuação e é onde se dá a oportunidade do fenômeno educativo.
- Ginástica e dança: no ritmo da escola, de Roberta Gaio et al. São Paulo: Fontoura, 2010.
A Ginástica geral abre novas perspectivas para o profissional de Educação Física e para a pessoa comum em busca de uma prática corporal que respeite sua individualidade, ofereça novas experiências e promova a integração entre os participantes.
- Ginástica geral e Educação Física escolar, de Eliana Ayoub. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.
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Danças
A BNCC traz o trabalho das Danças sob duas perspectivas: como uma unidade temática da Educação Física e como uma Linguagem no componente curricular Arte. Portanto, trata-se de uma espécie de conhecimento com características interdisciplinares. Os dois componentes podem conversar entre si sobre como trabalhar esse conhecimento de forma conjunta e significativa.
Em apoio à Lei n. 10.639/2003, atualizada pela Lei n. 11.645/2008, que incluiu no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade das temáticas africanas e indígenas, pensar em um projeto conjunto, que aborde as manifestações da cultura africana ou indígena, trazendo elementos para reconhecer e valorizar essas culturas, se faz necessário. O universo de possibilidades é grande: conhecer e vivenciar suas danças, músicas, artesanato, culinária etc.
As Danças simbolizam um universo de práticas rítmicas, que dizem respeito a determinados contextos aos quais elas estão inseridas. Podem ser trabalhadas por meio de coreografias ou não. Os movimentos livres de uma formatação pré-estipulada também fazem parte do universo infantil e podem ser explorados como formas de expressar-se/comunicar-se.
Todo esse universo pode ser trabalhado com as brincadeiras cantadas e musicais; ou com base na exploração das possibilidades de movimento no espaço (planos, linhas, tempos); ou até mesmo no reconhecimento das manifestações da cultura popular, como símbolos da cultura de determinado povo, abrindo um leque de oportunidades para que você possa explorar as danças típicas de algumas regiões.
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Trabalhar dança na escola nos permite discutir algumas questões sobre a contemporaneidade (quais músicas escutamos hoje em dia? Como as pessoas expressam as músicas por meio da dança?), sobre a mídia (acesso a determinadas manifestações da cultura) e sobre o gênero (dançar não pode estar associado a um gênero em detrimento do outro: ela é uma prática livre que compõe a corporalidade das pessoas, independentemente de etnia, idade, gênero ou sexualidade). Todo movimento é possível, e o lugar para se falar disso é a escola.
O trabalho com as danças não deve estar vinculado apenas a apresentações e datas comemorativas em determinadas épocas do ano atreladas ao calendário dos eventos da comunidade escolar, como a festa junina. O trabalho com as danças deve permear todo o currículo, como conhecimento de relevância aos nossos estudantes, e não como procedimento para pontuais finalidades. Explore o universo cultural dos estudantes, ouça o que eles escutam e apresente-lhes outras possibilidades. Amplie o seu conhecimento a respeito de ritmos e movimentos. A dança faz parte da cultura corporal e oferece um repertório rico e imenso de possibilidades.
Alunos do espectro autista tendem a responder bem ao estímulo da dança, pois ela permite a expressão por meio da linguagem não verbal. Garanta o contato visual para orientar os comandos da aula.
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Para saber mais
- Coração musical de Bumba meu boi, de Heloisa Prieto. São Paulo: Estrela Cultural, 2018.
A autora convida o leitor a percorrer a cultura da dança, do poema e da música, resgatando a tradição de bumba meu boi, entre outros temas da nossa cultura popular.
· Dançando na escola, de Isabel A. Marques. São Paulo: Cortez, 2020.
A pesquisadora e fundadora do Instituto Caleidos busca, nesse livro, aprofundar as discussões sobre o corpo, o currículo e a história de professores para a difusão de um ensino de dança ao analisar o cenário sob uma abordagem teórica e prática.
Habilidades da BNCC para 1o e 2o anos
As habilidades organizadas na BNCC para 1o e 2o anos possibilitam a você o alinhamento das unidades temáticas com os objetos de conhecimento, deixando de forma explícita os objetivos de aprendizagem no seu planejamento cotidiano.
É importante que, durante todo o planejamento de um período - que pode ser bimestral, trimestral, semestral ou anual -, voltemos a olhar para as habilidades propostas na BNCC e como elas dialogam com todo o cotidiano escolar. Esse alinhamento entre objetivos, competências, habilidades, conteúdos e avaliação é condição essencial para o sucesso de um currículo.
Desejamos dessa forma que, ao final do ciclo, os estudantes tenham a possibilidade de ampliar seu repertório motor, cognitivo e socioemocional por meio de experiências corporais intencionais, variadas e significativas.
Habilidades específicas para 1o e 2o anos
(EF12EF01) Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de desempenho dos colegas.
(EF12EF02) Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, visual, oral e escrita), as brincadeiras e os jogos populares do contexto comunitário e regional, reconhecendo e valorizando a importância desses jogos e brincadeiras para suas culturas de origem.
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(EF12EF03) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
(EF12EF04) Colaborar na proposição e na produção de alternativas para a prática, em outros momentos e espaços, de brincadeiras e jogos e demais práticas corporais tematizadas na escola, produzindo textos (orais, escritos, audiovisuais) para divulgá-las na escola e na comunidade.
(EF12EF05) Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses esportes.
(EF12EF06) Discutir a importância da observação das normas e das regras dos esportes de marca e de precisão para assegurar a integridade própria e as dos demais participantes.
(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
(EF12EF09) Participar da ginástica geral, identificando as potencialidades e os limites do corpo, e respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
(EF12EF10) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita e audiovisual), as características dos elementos básicos da ginástica e da ginástica geral, identificando a presença desses elementos em distintas práticas corporais.
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
(EF12EF12) Identificar os elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças do contexto comunitário e regional, valorizando e respeitando as manifestações de diferentes culturas.
Nos capítulos 4 e 5, apresentaremos propostas de atividades nas unidades temáticas de Educação Física, de modo que linguagens e habilidades artísticas permeiem essas propostas. O objetivo é que o aluno, ao mesmo tempo que desenvolve competências e habilidades de atividades e culturas corporais, expresse-se artisticamente por meio de unidades temáticas como Artes Visuais, Danças, Música e Teatro.
Nos capítulos 4 e 5, exemplificaremos os roteiros de aula em consonância com as competências, as habilidades, as unidades temáticas e os objetos de conhecimento para o 1o e o 2o anos no ensino de Educação Física.
Os quadros de conteúdos a seguir são uma sugestão de como trabalhar, no ano letivo, os roteiros de aula nos próximos capítulos (4 e 5 deste Manual do Professor).
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Quadros de conteúdos
■ Educação Física e Arte 1o ano
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Consideramos 10 meses de aula, retirando do calendário janeiro e julho, prováveis meses de recesso/férias no calendário escolar.
- Estão sinalizadas, no campo TEMA DA AULA do cronograma, as aulas descritas no Capítulo 4 deste Manual.
- As cores sinalizam os meses de aula e uma possibilidade de trabalho com as unidades temáticas.
(*) A avaliação diagnóstica é sugerida em cada início de semestre para que o professor possa identificar o que as crianças já conhecem a respeito da unidade temática, incluindo a prática corporal de cada uma e quanto a dominam. Em agosto, pode-se retomar o que foi visto e desenvolvido no semestre anterior, o que ficou de aprendizado, ou ampliar outros repertórios e vivências semelhantes, ressignificando o percurso do estudante.
A avaliação formativa é proposta em todo o percurso do aprendizado, de modo que se realizem a constante avaliação e o monitoramento dos estudantes ao longo do ano letivo, visando garantir o seu sucesso escolar. Nos roteiros de aula deste volume, há sugestões de avaliações formativas com o intuito de aferir não apenas a expressividade e a habilidade físico-motora, mas também as dimensões cognitiva e socioemocional.
Nos roteiros de aula deste volume, para 1o e 2o anos (Capítulo 4), propõe-se a conexão Educação Física-Arte, para trabalhar as competências específicas e as habilidades de cada componente, conforme cada sugestão de atividade.
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■ Educação Física e Arte 2o ano
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- Consideramos 10 meses de aula, retirando do calendário janeiro e julho, prováveis meses de recesso/férias no calendário escolar.
- Estão sinalizadas, no campo TEMA DA AULA do cronograma, as aulas descritas no Capítulo 5 deste Manual.
- As cores sinalizam os meses de aula e uma possibilidade de trabalho com as unidades temáticas.
(*) A avaliação diagnóstica é sugerida em cada início de semestre para que o professor possa identificar o que as crianças já conhecem a respeito da unidade temática, incluindo a prática corporal de cada uma e quanto a dominam. Em agosto, pode-se retomar o que foi visto e desenvolvido no semestre anterior, o que ficou de aprendizado, ou ampliar outros repertórios e vivências semelhantes, ressignificando o percurso do estudante.
A avaliação formativa é proposta em todo o percurso do aprendizado, de modo que se realizem a constante avaliação e o monitoramento dos estudantes ao longo do ano letivo, visando garantir o sucesso escolar. Nos roteiros de aula deste volume, há sugestões de avaliações formativas com o intuito de aferir não apenas a expressividade e a habilidade físico-motora, mas também as dimensões cognitiva e socioemocional.
Nos roteiros de aula deste volume, para 1o e 2o anos (Capítulo 5), propõe-se a conexão Educação Física-Arte, para trabalhar as competências específicas e as habilidades de cada componente, conforme cada sugestão de atividade.