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CAPÍTULO 5 Roteiros de aula para o 2o ano
Observe as imagens.
Conectando ideias
1. Você costuma trabalhar com arremesso em seu roteiro de aulas para a turma do 2o ano?
2. E com saltos em geral?
3. Que critérios você leva em consideração ao fazer o planejamento de suas aulas de Educação Física? O componente Arte costuma ser incorporado em seus roteiros de aula? De que maneira?
Este é um bom momento para refletir sobre os critérios envolvidos ao fazer o planejamento das aulas, definindo os objetos de conhecimento, as competências e as habilidades de Educação Física e de Arte que serão desenvolvidos. Aproveite estas questões iniciais do capítulo para refletir sobre os roteiros de aula em sua prática pedagógica. O arremesso com bola e o salto em distância serão propostos neste capítulo como temas da unidade temática Esportes. Como uma obra de Linguagens, reflita também como o componente curricular Arte pode estar presente nas aulas de Educação Física. Neste capítulo, vamos propor algumas conexões entre Educação Física e Arte na seção "Misturando linguagens".
Neste capítulo, o objetivo é exemplificar o trabalho com as unidades temáticas para o 2o ano do Ensino Fundamental - Anos Iniciais.
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São ideias práticas que você pode adaptar de acordo com as especificidades de seu planejamento, seu grupo de alunos e sua realidade escolar.
Ao final de algumas aulas, sugerimos, na seção "Misturando linguagens", uma possibilidade de correlacionar determinados saberes com Arte, pensando os dois componentes sob um viés interdisciplinar.
Proposta de roteiros de aulas
Roteiro de aula 1
■ Unidade temática
Brincadeiras e jogos.
■ Objeto de conhecimento
Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional.
■ Competência específica de Educação Física
8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
■ Competência específica de Arte
4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF03) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
■ Habilidade de Arte
(EF15AR04) Experimentar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia etc.), fazendo uso sustentável de materiais, instrumentos, recursos e técnicas convencionais e não convencionais.
■ Tema: Brincadeiras de corda
A corda é um brinquedo popular e de procedência africana que habita a infância por várias gerações. Ela se mantém viva em nossa cultura por meio de brincadeiras possíveis de realizar ao usar esse objeto, pois é um material de fácil acesso e muita versatilidade, com diversas aplicações práticas.
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■ Processo pedagógico
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A primeira parte da aula poderá ser oferecida em circuito de quatro estações:
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1a estação: andar sobre cordas retas dispostas no chão.
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2a estação: andar sobre cordas curvas dispostas no chão.
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3a estação: com uma corda disposta em V, pular de um lado para o outro - nessa situação, alguns estudantes poderão escolher a parte do V onde a distância é menor, enquanto outros poderão escolher o desafio de pular nas partes em que os lados das cordas têm uma distância maior entre si.
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4a estação: com a corda esticada e amarrada em cada lado a um cone, os estudantes deverão saltar como se estivessem transpondo barreiras. Veja a ilustração desta página.
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Em seguida, maneje a corda, de modo que os estudantes deverão atravessar de um lado para o outro da quadra; ora correndo, ora parando no meio e tentando pular uma vez. Esse exercício pode ser bem explorado, sendo feito individualmente, depois em duplas, trios e até mesmo em grupos maiores.
■ Avaliação
Depois das vivências anteriores, você pode disponibilizar várias cordas e observar as maneiras como os estudantes exploram esse material e interagem com ele, servindo de avaliação diagnóstica para a continuidade desse bloco de conteúdo em aulas subsequentes.
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Misturando linguagens
Mostre artefatos e objetos artísticos feitos com outros materiais parecidos com corda - barbante, sisal, fibra natural. Peça aos estudantes que tragam de casa, se tiverem, objetos feitos com esses materiais e explore a textura, o tamanho, a largura, a espessura deles. Pesquise imagens de objetos feitos com esses materiais, de diversas localidades do país, e peça aos alunos que escolham um e o desenhem. Depois, peça que criem legendas-texto para esses objetos representados, de modo a explorar as características dos materiais de que são feitos e a compará-los com a corda. Leve-os a perceber que materiais parecidos (corda e sisal, por exemplo) adquirem funções diferentes, dependendo do contexto de uso. Essa é uma aprendizagem possível e interessante aos estudantes dessa faixa etária.
Outra possibilidade de explorar o componente Arte é mostrar obras cujo tema seja pular corda. Neste momento, pode-se utilizar a obra de Marta Diniz, por exemplo, para exemplificar a permanência das brincadeiras com corda ao longo do tempo. Você pode perguntar aos alunos: O que vocês estão vendo? Que brincadeira é essa? Vocês já brincaram disso? Se sim, como foi a experiência?
Em seguida, conte um pouco da vida e da obra de Djanira da Motta e Silva, outra artista que representou pessoas pulando corda em suas telas:
- · Djanira da Motta e Silva
(1914, Avaré, SP - 1979, Rio de Janeiro, RJ)
Disponível em Catálogo das Artes: https://oeds.link/N5aORK. Acesso em: 21 jun. 2021.
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Roteiro de aula 2
■ Unidade temática
Esportes.
■ Objeto do conhecimento
Esportes de precisão.
■ Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
■ Competência específica de Arte
8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF05) Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses esportes.
■ Habilidade de Arte
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
■ Tema: Arremessos com bola
Em diversas práticas corporais, emprega-se a habilidade arremesso como meio para atingir determinado objetivo esportivo. O handebol é um bom exemplo disso. Desde cedo, é importante que as crianças possam explorar a maior quantidade de arremessos possível, com objetos diferentes, de diferentes tamanhos, pesos e texturas. A relação corpo e instrumento é um grande diferencial para o desenvolvimento motor e cognitivo.
Mesmo o arremesso sendo geralmente validado em fins esportivos, ele é um precursor para o trabalho de força e referência corpo/instrumento que pode ser utilizado em muitos movimentos do cotidiano. Neste roteiro de aula, os estudantes vão explorar formas de arremessar.
■ Processo pedagógico
- No início da aula, você disponibilizará diferentes objetos para explorar diferentes tipos de arremesso (objetos com diferentes tamanhos, texturas, cores e pesos).
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- Após essa exploração inicial, a turma será organizada em quatro grupos para a realização de um circuito. Em cada estação do circuito, haverá pelo menos três bolas diferentes para a execução das tarefas.
- Na primeira estação, faça marcações na parede, em diversas alturas, e os estudantes deverão arremessar a bola o mais alto possível, em direção a essas marcações na parede, tentando sempre superar o arremesso anterior.
- Na segunda estação, faça marcações no chão. Os estudantes arremessarão o mais longe possível, tentando superar as marcações feitas no chão.
- Na terceira estação, deixe um objeto pesado fixo no chão, a determinada distância dos estudantes. O objetivo é arremessar as bolas para que elas fiquem o mais perto possível desse objeto.
- Na quarta estação, amarre alguns bambolês no gol, e os estudantes deverão arremessar as bolas para que elas atravessem o espaço interno dos bambolês (quanto mais bambolês estiverem disponíveis, mais chance de sucesso do estudante na tarefa).
■ Avaliação
Ao final da aula, pergunte aos estudantes se conhecem algum esporte ou jogo que envolve a habilidade de arremessar. Peça que tragam, para a próxima aula, uma imagem ou figuras que representam tal esporte ou jogo. Com essas imagens a turma vai elaborar uma lista coletiva de usos para o arremesso.
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Misturando linguagens
Nas aulas de Arte, os estudantes levarão as imagens pesquisadas durante as aulas de Educação Física e construirão um painel coletivo sobre arremessos, com as figuras pesquisadas, além de desenhos feitos e imagens da aula. Posteriormente, esse painel coletivo poderá ser apresentado à comunidade em uma exposição ou feira do conhecimento. Poderá também compor o portfólio processual do estudante.
Uma das imagens que podem ser exploradas neste momento é a do Discóbolo, a famosa estátua produzida pelo escultor grego Míron, que poderá compor o painel coletivo organizado pela turma. O Discóbolo de Míron foi escolhido, em reunião plenária do Conselho Federal de Educação Física, como símbolo da Educação Física, por representar a força, a vitalidade e o dinamismo característicos dessa profissão.
Roteiro de aula 3
■ Unidade temática
Ginásticas.
■ Objeto de conhecimento
Ginástica geral.
■ Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
■ Competência específica de Arte
8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
■ Habilidades de Educação Física
(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.
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(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
■ Habilidade de Arte
(EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes estéticas e culturais.
■ Tema: Equilíbrio
Os movimentos corporais requerem equilíbrio, seja ele estático, seja dinâmico.
Diversas atividades físicas e do cotidiano necessitam de equilíbrio corporal. As crianças devem ser estimuladas, desde cedo, a trabalhar essa habilidade estabilizadora, e a ginástica, em razão de seus movimentos específicos, é uma prática que possibilita a vivência desses estímulos. Destacamos, assim, elementos que são básicos para os seres humanos, oportunizando aos estudantes desenvolver as habilidades motoras básicas, o que contribui para uma boa mobilidade física tanto na vida adulta quanto na velhice.
■ Processo pedagógico
- Você pode iniciar a aula com o pega-pega aviãozinho. Quando um estudante for pego, ele deverá fazer a pose de aviãozinho, equilibrando-se em uma perna só. Para ser salvo, outro estudante deve encostar em sua cabeça.
- Você deverá montar dois percursos na quadra, em que os obstáculos que os estudantes deverão passar são exercícios que trabalham o equilíbrio. A diferença entre os dois percursos é o nível de dificuldade para a execução. Sugestão de exercícios para os percursos:
- Percurso 1 (nível fácil): Andar em cima de uma fita ou corda posicionada no chão (em todos os sentidos, de frente, de lado e de costas); equilibrar-se em uma perna só em uma superfície plana; saltar com os dois pés e cair com um pé só em apoio; saltar com os dois pés em uma sequência de bambolês dispostos no chão.
- Percurso 2 (nível difícil): Andar em cima de uma trave/banco sueco ou algo similar, que esteja em um nível mais alto que o chão; equilibrar-se em uma perna só em superfícies irregulares; saltar com uma perna só em progressão (para a frente; lateralmente e para trás); saltar com os dois pés diagonalmente em uma sequência de bambolês dispostos no chão.
- É importante você promover a oportunidade de o estudante começar no percurso 1 e, quando ele se sentir confortável e confiante, possa experimentar o percurso 2.
- Para finalizar, os estudantes podem andar pelas linhas da quadra sobre "pés de lata", brinquedo que pode ser construído em integração com o componente Arte.
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Para saber mais
Pé de lata. Prefeitura de Goiânia. Coordenação Estadual de Implementação da BNCC no Estado de Goiás. Disponível em:
https://oeds.link/Ut6CW6. Acesso em: 13 maio 2021.
Traz o passo a passo sobre o modo de construir o pé de lata e um vídeo sobre possibilidades de brincar com ele.
Um dos benefícios do brinquedo "pé de lata" é nos fazer treinar o equilíbrio. Sugerimos a leitura de um texto que fala sobre a parte do corpo responsável pelo equilíbrio.
Como conseguimos manter o equilíbrio, de Paula Louredo Moraes. Mundo Educação.
Disponível em: https://oeds.link/zMatSr. Acesso em: 21 jun. 2021.
■ Avaliação
O principal objetivo neste roteiro de aula (de acordo também com a habilidade desenvolvida nele) é que os estudantes possam experimentar e fruir atividades de equilíbrio. A avaliação do professor nesse caso será feita por meio de observação e anotações referentes ao processo. Assim, terá dados para organizar novas etapas de aprendizagem no decorrer do percurso.
Misturando linguagens
O pé de lata é uma brincadeira que pode ser uma boa forma de mostrar como as gerações brincavam no passado. Ainda hoje o pé de lata pode ser brincado não só nas escolas, mas também em casa.
É uma brincadeira indicada a partir dos 3 anos. Ela estimula a coordenação motora e o equilíbrio e, para construir o brinquedo, incentiva a reciclagem e o reaproveitamento de materiais que seriam descartados.
O pé de lata pode ser customizado pelo estudante, que pode pintar as latas, colocar cordas e fitas, colar figuras, encapar com tecido etc.
Na hora de brincar e de montar o brinquedo, ajude seus alunos a fazer os furos na lata e amarrar as cordas. Ajude-os também a colocar os pés sobre as latas, de modo que fiquem bem equilibrados e, ao puxar as cordinhas, pressionando-as junto aos pés, consigam caminhar.
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Roteiro de aula 4
■ Unidade temática
Danças.
■ Objeto de conhecimento
Danças do contexto comunitário e regional.
■ Competência específica de Educação Física
1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
■ Competência específica de Arte
1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
■ Habilidades de Arte
(EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento dançado.
(EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na natureza e em objetos cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as características de instrumentos musicais variados.
■ Tema: Corpo sonoro
O corpo humano é capaz de produzir inúmeros sons, inclusive por meio de diferentes partes do corpo, desde uma sonorização vocal até a percussão corporal. A exploração de possibilidades sonoras - que forma, assim, um ritmo com o próprio corpo - é uma estratégia para estabelecer relações entre Música e Dança.
■ Processo pedagógico
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No início da aula, converse com os estudantes sobre diferentes possibilidades que eles conhecem de sons produzidos pelo próprio corpo. Em uma roda de conversa, você pode demonstrar alguns desses sons, possibilitando um repertório possível, por exemplo: tipos de palmas, bater em diferentes partes do corpo e observar que os sons são diferentes, como o som produzido numa batida na coxa e o produzido numa batida na barriga.
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Em pequenos grupos, os estudantes deverão criar uma sequência rítmica com alguns sons corporais que eles poderão escolher, com base no que foi vivenciado em roda anteriormente. Apenas quatro movimentos bastam.
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Após criarem uma sequência de quatro movimentos, deverão misturar os grupos e uns poderão ensinar aos outros seus repertórios de sons e movimentos.
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Para finalizar a aula, você poderá apresentar aos estudantes um vídeo dos Barbatuques, conversando sobre possíveis semelhanças e diferenças entre as produções feitas por eles e as produções que os grupos criaram.
■ Avaliação
Ao final da aula, os grupos que criaram a sequência rítmica poderão apresentar para os demais estudantes da escola, de outras salas, a sua partitura coletiva.
Para saber mais
- Barbatuques
No site oficial https://oeds.link/4mOvEa (acesso em: 6 ago. 2021), você pode pesquisar vídeos do grupo musical paulistano que aborda a música corporal por meio de algumas técnicas de percussão corporal e vocal.
Roteiro de aula 5
■ Unidade temática
Brincadeiras e jogos.
■ Objeto de conhecimento
Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional.
■ Competência específica da Educação Física
10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.
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■ Competência específica de Arte
6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF03) Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas.
■ Habilidades de Arte
(EF15AR23) Reconhecer e experimentar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
(EF15AR24) Caracterizar e experimentar brinquedos, brincadeiras, jogos, danças, canções e histórias de diferentes matrizes estéticas e culturais.
■ Tema: Construção de brinquedos
A possibilidade de transformar materiais que poderiam ser descartados ou sem características fundamentalmente lúdicas nos ajuda a entender os brinquedos e as brincadeiras como produtos da cultura, descontruindo valores empregados aos brinquedos pelo viés de mercado: nem todos precisam ser comprados, alguns podem ser construídos, criados.
■ Processo pedagógico
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Em conexão com as aulas de Educação Física e Arte, os estudantes serão expostos a diferentes materiais: jornais, caixas de papelão, tampinhas de garrafa, caixas de leite, cartelas de ovo, pedaços de tecidos, entre outros.
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Na primeira etapa, peça que explorem esses materiais livremente.
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Em seguida, forme uma roda de conversa e proponha a elaboração de uma lista de objetos que poderiam virar brinquedos.
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Os estudantes poderão, em pequenos grupos, construir alguns brinquedos anteriormente registrados na lista.
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Em seguida, forme circuito, em que os estudantes experimentarão os brinquedos construídos por eles e pelos demais grupos.
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Por último, encaminhe uma discussão sobre o valor dos brinquedos construídos.
■ Avaliação
Os estudantes deverão organizar uma exposição com os brinquedos construídos a partir dos materiais disponibilizados. Organize uma exposição de fotos dos brinquedos, com o "antes" e o "depois", mostrando os materiais usados no começo de tudo e o produto final depois de confeccionado.
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Misturando linguagens
Os brinquedos feitos com materiais recicláveis poderão ser customizados pelos estudantes, que podem encapá-los com tecido ou um tipo de papel especial, pintá-los, enfeitá-los com cordas, fitas, figuras, tecidos, botões e objetos diversos.
Na hora de brincar e de mostrar os brinquedos na exposição, oriente os alunos a explicar por que escolheram montar esse brinquedo e como o fizeram (descrever o passo a passo). Esse encaminhamento ajuda a desenvolver a expressão oral e o trabalho com organização e memória.
Cidadão do Mundo
Conheça no texto a seguir uma iniciativa que alia a construção de brinquedos reciclados de plástico a empregabilidade, sustentabilidade e revitalização de espaços públicos da cidade. Uma verdadeira aula de cidadania!
Projeto A Mágica da Reciclagem transforma plástico em brinquedos para praças
Praças públicas ganharão brinquedos reciclados de plástico [...]. O projeto Mágica da Reciclagem [...] também vai gerar emprego e renda para a cooperativa de catadores de Irajá, na Zona Norte [do Rio de Janeiro, RJ].
A iniciativa integra o Rio Novo Olhar, programa da Comlurb que revitaliza espaços públicos degradados, reunindo órgãos da Prefeitura e a iniciativa privada.
Nesta nova etapa, haverá uma campanha de conscientização para aumentar o recebimento de embalagens plásticas de produtos de limpeza (como amaciantes, sabão e alvejantes) e tampinhas de plástico (de refrigerantes, sucos e água). O material arrecadado será levado para a cooperativa de catadores, que fará a separação e comercializará os produtos. O plástico recolhido será transformado em brinquedos para praças públicas da cidade.
[...]
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Paulo Mangueira, Presidente da Comlurb, está confiante com essa nova campanha.
- Com o aumento do recolhimento de materiais, vamos poder levar ainda mais mobiliários urbanos e brinquedos para áreas que precisam, além de ajudar mais famílias que dependem desses resíduos recicláveis. Mas tudo depende da colaboração e boa vontade da população. Então, vamos colaborar! - enfatizou.
A madeira plástica tem muitas vantagens sobre a natural, como durabilidade, impermeabilidade, resistência a pragas e baixa manutenção dos equipamentos instalados em ambientes abertos.
Fonte: Projeto A Mágica da Reciclagem transforma plástico em brinquedos para praças. Rio Prefeitura, 11 dez. 2019. Disponível em: https://oeds.link/sFOfLX. Acesso em: 13 maio 2021.
Misturando linguagens
E por falar em brinquedos e brincadeiras, o poema "Pipa", de José de Nicola, mostra as delícias desse brinquedo que pode ser construído pelos alunos. A sugestão é ler cada estrofe do poema, sem ler o título dele, e pedir à turma que tente descobrir qual é o brinquedo. Deixe para ler o título do poema ao final.
Pipa
Presa por um fio,
agita-se no ar:
dá pinote,
sacode o rabo,
pula cercas invisiveis
Por um intante para
imóvel no espaço
como águia
em busca da caça.
Cá embaixo,
o menino-âncora
sorri de felicidade
sem entender
que a pipa
se alimenta
de liberdade.
NICOLA, José de. Alfabetário. São Paulo: Moderna, 2002.
Fazer pipas pode ser uma brincadeira divertida, unindo a família toda. Considerando que a pipa pode ser difícil para uma criança do 2o ano montar, convide as famílias a comparecer à escola e passar um dia para construir e soltar pipa na escola. Junto com a família, as crianças podem divertir-se com essa brincadeira tão antiga, e os pais podem relembrar de seus momentos de infância.
Como fazer uma pipa
Voar é um sonho antigo do homem. Empinar pipas (ou papagaio, pandorga, quadrado, tapioca, cafifa, raia, maranhão - dependendo da região onde você mora) é a maneira mais fácil de realizá-lo. Que tal fazer uma com seu filho?
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O que é preciso comprar:
- papel de seda de várias cores (no mínimo duas folhas);
- 2 varetas de bambu com 50 cm de comprimento e 3 mm de espessura;
- cola branca e tesoura;
- linha no 10.
Passo a passo de como fazer:
- Divida o papel ao meio. De uma das metades, faça um quadrado exato para o corpo da pipa. Com as sobras do papel, ou outro, faça tiras de 4 cm (largura) para as barbatanas, e cole-as.
- Cole uma das varetas na diagonal do quadrado. Deixe três dedos de sobra na ponta da vareta que fica no meio das barbatanas. Será o lado inferior da pipa.
- Enrole a linha em uma das duas pontas de uma segunda vareta, envergando a vareta para que se curve até ficar com o mesmo comprimento da diagonal da pipa. Prenda a linha na outra ponta e passe cola na vareta.
- Grude o arco que a linha e a vareta formaram na folha de seda.
- Faça dois pequenos furos no papel no ponto onde as varetas se cruzam. Passe uma linha de modo que ela atravesse o papel pelo cruzamento das varetas. Depois, dê um nó na parte da frente, mas não corte a linha.
- Segurando a linha, estique-a para o lado até chegar a 4 dedos de distância do fim da vareta envergada. Agora, estique a linha para baixo até a ponta da outra vareta. Isto é só para fazer a medida, formando uma "barriga".
- Quando a linha chegar à parte de baixo da vareta, amarre-a com cuidado e corte. Essa linha presa é chamada de cabresto.
- Amarre a linha para empinar. Para descobrir o lugar certo, segure a pipa pelo cabresto. Amarre um pouco acima do meio dele.
- Com outro papel, corte tiras de 2 cm (largura) para fazer as rabiolas. Decida o tamanho delas, se curtas ou longas. Cole as tiras na parte de baixo e empine!
Como fazer uma pipa. Revista Crescer, 4 mar. 2013. Disponível em: https://oeds.link/B1vTSF. Acesso em: 21 jun. 2021.
Roteiro de aula 6
■ Unidade temática
Esportes.
■ Objetos do conhecimento
Esportes de marca.
■ Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
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■ Competência específica de Arte
3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais - especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira -, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF05) Experimentar e fruir, prezando pelo trabalho coletivo e pelo protagonismo, a prática de esportes de marca e de precisão, identificando os elementos comuns a esses esportes.
■ Habilidade de Arte
(EF15AR01) Identificar e apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, cultivando a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
■ Tema: Salto em distância
O salto em distância é uma prova oficial do atletismo, mas o salto como forma de deslocamento horizontal é utilizado em diferentes práticas corporais. Pode ser aplicado em diversas atividades do cotidiano e deve ser experimentado durante a infância.
■ Processo pedagógico
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Solicite aos estudantes que relembrem quais tipos de salto eles conhecem. Em seguida, em um circuito lúdico, convide-os a saltar diferentes obstáculos (de um arco até outro; de um step até outro - você pode montar esse circuito com base nos materiais disponíveis).
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Em seguida, os estudantes vivenciarão um pega-pega na linha, em que quem for pego deve se transformar em uma pedra, na linha da quadra onde foi pego. Para fugir, os outros alunos devem descobrir um jeito de transpor esse obstáculo.
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Por último, proponha uma dinâmica em que cada estudante, depois de correr em velocidade, salte a partir de determinada marca. Sinalize com uma fita-crepe a distância que o estudante conseguiu saltar. É importante que ele possa ver, concretamente, o quanto conseguiu saltar[3].
■ Avaliação
Os estudantes deverão registrar, por meio de um desenho ou pela câmera do celular, o quanto e como eles próprios saltaram durante as aulas. Esses desenhos ou imagens poderão compor seu portfólio de atividades ou poderão ser expostos na sala de aula.
Misturando linguagens
Incentive os alunos a observar a HQ a seguir e tentar descobrir qual esporte ela quer retratar. Motive os alunos a explicar suas hipóteses. Pergunte, ainda, o que significam os números nas plaquinhas, para que percebam as notas recebidas pelo "atleta" Rex.
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Roteiro de aula 7
■ Unidade temática
Ginásticas.
■ Objeto de conhecimento
Ginástica geral.
■ Competência específica de Educação Física
2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo.
■ Habilidades de Educação Física
(EF12EF07) Experimentar, fruir e identificar diferentes elementos básicos da ginástica (equilíbrios, saltos, giros, rotações, acrobacias, com e sem materiais) e da ginástica geral, de forma individual e em pequenos grupos, adotando procedimentos de segurança.
(EF12EF08) Planejar e utilizar estratégias para a execução de diferentes elementos básicos da ginástica e da ginástica geral.
■ Tema: Lateralidade
O trabalho de relação e interdependência de membros é um modo muito eficiente de trabalhar a lateralidade. O conhecimento de direita e esquerda é fundamental para o desenvolvimento do ser humano.
■ Processo pedagógico
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Você pode começar a aula com um jogo de "vivo ou morto", mas também com comando para os lados.
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Em seguida, promova um pega-pega caranguejo, em que os estudantes só podem se locomover lateralmente.
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Depois, peça que apoiem no chão apenas um dos pés; depois o outro; depois o pé esquerdo e a mão direita, variando os comandos (pode ser com um apoio, dois apoios, três apoios e quatro apoios).
■ Avaliação
Os estudantes deverão fazer o registro da aula por meio de um desenho com a mão dominante. Em seguida, com a mão não dominante. Depois, deverão compartilhar suas impressões e dificuldades.
Roteiro de aula 8
■ Unidade temática
Danças.
■ Objeto de conhecimento
Danças do contexto comunitário e regional.
■ Competência específica de Educação Física
1. Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
■ Competência específica de Arte
9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.
■ Habilidade de Educação Física
(EF12EF11) Experimentar e fruir diferentes danças do contexto comunitário e regional (rodas cantadas, brincadeiras rítmicas e expressivas), e recriá-las, respeitando as diferenças individuais e de desempenho corporal.
■ Habilidade de Arte
(EF15AR09) Estabelecer relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção do movimento dançado.
■ Tema: Ritmo
O ritmo é um valor presente em diversos âmbitos da nossa vida cotidiana. Quando dançamos ele está presente, mas também se apresenta na nossa fala, na forma como andamos, quando batemos uma bola, quando batemos palmas, quando corremos, quando fazemos atividades físicas e em outras atividades do dia a dia. Desenvolvemos essas ações em determinado ritmo. Além disso, nosso coração bate em um ritmo próprio, o que explicita a ideia de ritmo como fator da vida.
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■ Processo pedagógico
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Você pode mostrar um exercício de coordenação motora e pedir aos estudantes que o realizem. Em seguida, apresente mais dois ou três exercícios, com um grau de dificuldade maior, para compor um desafio a ser superado pelos estudantes.
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Assim que eles experimentarem os movimentos, cada estudante deverá criar e praticar um exercício.
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Em roda, assim que um estudante praticar o seu exercício, todos batem palmas uma vez e o próximo estudante, da direita, deverá realizar o seu exercício. Assim, a atividade continua até todos terem a oportunidade de mostrar o que criaram.
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Para finalizar a aula, na mesma formação em círculo, peça a um estudante que quique uma bola no chão, passe-a para qualquer colega e em seguida bata palmas uma vez. O colega que recebeu a bola continua a dinâmica: quica a bola no chão, passa-a para qualquer outro colega do círculo e bate palmas uma vez. Cada aluno fará a atividade no próprio ritmo. Ela termina no tempo determinado pelo professor.
■ Avaliação
Os estudantes serão convidados a observar a natureza em diversos espaços da escola, para identificar situações nas quais o ritmo esteja presente (no bater de asas do passarinho, no latir do cachorro, nos passos do professor, no esvoa çar das folhas de uma árvore ao vento; no ritmo da chuva; no ritmo do dia). Depois, você deve conversar com os alunos sobre a presença do ritmo em diversas dimensões da nossa vida, incluindo a dimensão interna (o tempo interno, o amadurecimento diante dos acontecimentos e dos desafios da vida; o florescer para a vida; o retroceder em momentos necessários; o desenvolvimento psicológico e socioemocional de cada
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indivíduo e dele em grupo etc.). Convide-os a observar os próprios batimentos cardíacos; se achar conveniente, meça os ritmos cardíacos de cada um; compare-os com o ritmo cardíaco após fazer um exercício físico, mostrando o ritmo cardíaco em cada situação (estando em repouso/estando em movimento).
Misturando linguagens
Retome a atividade da aula - de quicar a bola no chão, passá-la para o colega e bater palmas uma vez. Pergunte aos alunos quais foram as relações entre as partes do corpo para fazer esses movimentos. Depois, vá adicionando mais etapas de movimentos dançados a esse inicial; o objetivo é que a turma perceba as relações entre as partes do corpo e destas com o todo corporal na construção dos movimentos dançados.
É possível registrar os movimentos que os alunos vão criar por meio de uma animação: com fotos, em diferentes movimentos, ou criando com massinha de modelar os movimentos realizados pelos alunos. Para montar as fotos em sequência, você utilizará um editor de vídeos e pronto: está feita uma apresentação em "stop-motion".
Para saber mais
- Como fazer uma animação em "stop-motion" nas aulas de Arte, reportagem da Nova Escola, 25 out. 2011. Disponível em: https://oeds.link/ZmRgUQ. Acesso em: 21 jun. 2021.
Mostra o trabalho de alunos de uma escola pública do Rio de Janeiro (RJ), que gravaram uma animação para a música "Faroeste caboclo", da banda Legião Urbana.