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ANO Ginásticas

TEMA 1. Ginástica geral: deslocamentos e equilíbrios

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Experimentar e identificar os elementos básicos da ginástica.

Executar combinações entre os elementos básicos da ginástica de forma individual e coletiva.

Realizar uma pequena coreografia utilizando os elementos básicos da ginástica.

Identificar os limites do corpo.

Respeitar as diferenças individuais.

Habilidades da BNCC

EF12EF07, EF12EF08, EF12EF09 e EF12EF10

Número de aulas

10

Materiais

Bambolês, giz (ou pedaço de madeira), colchonetes e cadeiras.

Sequência de atividades

Converse com os alunos sobre o que entendem por ginástica. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Sensibilização

Concluídas as atividades anteriores (em sua totalidade ou as selecionadas), realize as propostas da seção “Construção de valores”.

Avaliação

Observe a participação dos alunos na construção e execução de uma pequena composição coreográfica utilizando combinações dos elementos básicos da ginástica.

Para começar

Forme uma roda de conversa com os alunos e deixe que falem livremente o que entendem por ginástica, instigue-os a dizer qualquer tipo que conheçam. Pergunte se têm pessoas na família que fazem ginástica, em quais locais eles viram algum tipo de ginástica, se já viram pela televisão ou se praticam em algum lugar fora da escola. Possivelmente, irão aparecer nomes das ginásticas de competição ou de ginásticas de condicionamento físico.

As ginásticas esportivas em si não serão o foco das aulas porque fazem parte do eixo Esportes, mais especificamente da categoria dos esportes técnico-combinatórios. Seus elementos básicos e fundamentos, porém, fazem parte do desenvolvimento da ginástica geral.

Após esse momento inicial, diga aos alunos que eles irão conhecer a ginástica geral, modalidade não competitiva que se utiliza de todos os movimentos possíveis que podem ser realizados com o corpo, com ou sem materiais.

Para isso é preciso conhecer os elementos básicos das ginásticas; no caso deste tema, deslocamentos e equilíbrios.

Converse com os alunos sobre o que eles entendem por deslocamentos e equilíbrios. Incentive-os a citar exemplos do dia a dia que retratam esses dois termos.

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Caso eles tenham dificuldade em citar exemplos, pergunte-lhes o que precisam fazer para ir à escola. (Possibilidades de respostas: sair de casa, andar e pegar o ônibus escolar.) Associe as respostas com deslocamentos (sair de casa, andar e pegar o ônibus) e equilíbrios (apoiar um pé e subir no degrau do ônibus). Além desses, você pode ajudá-los a se lembrar também dos deslocamentos e equilíbrios que executam dentro de um ambiente.

Procure saber quais deslocamentos eles acham mais difíceis: andar de frente, de costas ou de lado? É mais fácil equilibrar-se com o pé direito no chão e o esquerdo levantado ou vice-versa? Faz diferença levantar um dos pés para a frente ou para trás na busca por equilíbrio?

Análise e Compreensão

O que é a ginástica geral?

A ginástica é um elemento da cultura corporal de movimento que envolve a prática de uma série de movimentos, principalmente os que fazem parte de todos os tipos de ginásticas.

A ginástica geral é uma modalidade reconhecida pela FIG (Federação Internacional de Ginástica), porém com características bem diferentes das outras modalidades regidas por essa entidade. Primeiro, porque não é uma modalidade competitiva. Seu intuito é somente de demonstração, tem como objetivo principal a socialização e a integração entre as pessoas, tem caráter lúdico, não há uma padronização de regras e movimentos e estimula o uso da criatividade constantemente na solução de desafios individuais e coletivos.

A sua construção se dá por meio do conhecimento e das vivências de diversos tipos de ginásticas, sejam elas competitivas, de condicionamento físico ou conscientização corporal. Utiliza-se, também, das artes plásticas, das danças, do teatro e do circo; ou seja, a ginástica geral permite criar interfaces com as mais diversas manifestações corporais que possibilitem a realização de uma coreografia coletiva, tematizada e criativa.

Os elementos básicos da ginástica

Os elementos básicos da ginástica (deslocamentos, equilíbrios, saltos, giros, rotações e acrobacias) são constituídos de movimentos que podem ser utilizados em vários tipos de ginástica, de acordo com as especificidades de cada modalidade. Na ginástica geral, porém, todos esses elementos podem se misturar e se transformar em construções únicas daquele momento e grupo.

De acordo com a BNCC, do ao 5º ano não há necessidade de se restringir a um tipo de ginástica. Assim, os elementos básicos constituem um alicerce para o aprimoramento e a formação de uma base de movimentos comuns às ginásticas e à ginástica geral.

No ano é importante utilizar-se dos elementos básicos, os quais permitem que os alunos explorem um grande número de possibilidades de combinações para a ampliação do repertório motor.

Os deslocamentos são os elementos corporais mais simples (pequenas corridas realizadas para a frente, para trás ou para os lados, que podem ser feitas com ou sem cruzamento das pernas e orientadas pelos mais variados ritmos).

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Os equilíbrios podem ser estáticos, quando os alunos ficam parados em determinado local, ou dinâmicos, quando eles estão em movimento.

As combinações dos deslocamentos e dos equilíbrios (que podem ser feitas com ou sem o uso de aparelhos) possibilitam o desenvolvimento da consciência corporal, permitindo que os alunos percebam e compreendam os movimentos específicos de cada modalidade da ginástica. Incentive a construção e a criação individual das combinações dos elementos básicos, que em outro momento podem ser utilizadas nas diversas modalidades da ginástica.

Experimentação e Fruição

1. Coelho na toca

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Realizar deslocamentos de diferentes formas e em variadas direções.

Materiais: bambolês e giz ou pedaço de madeira

Procedimentos

Utilize bambolês ou desenhe círculos no chão. Cada bambolê (ou círculo) representa tocas de coelhos, e cada uma delas deve ser ocupada por um aluno, enquanto outro fica de fora. Quando os alunos ouvirem o comando “Coelho na toca”, os que estão dentro dos bambolês devem trocar de toca livremente. O aluno que estiver sem toca deve tentar entrar na que estiver vazia.

É possível também realizar essa atividade na terra. Nesse caso, use um pedaço de madeira ou outro material que lhe permita demarcar as tocas.

Imagem: Ilustração de quatro crianças vestindo uniformes de camiseta branca e shorts azul. À direita, duas delas estão dentro de bambolês. À esquerda, um menino está correndo na direção de uma menina que está com um pé acima de um bambolê. Fim da imagem.

Depois de determinado tempo, introduza variações nas formas de deslocamentos, como andar ou correr (de frente, de costas e de lado), saltitar com um dos pés ou com os dois, equilibrar-se com um dos pés ou com um pé e uma mão no chão.

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2. Pega-pega (com comandos)

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Praticar variações dos deslocamentos.

Material: giz

Procedimentos

Os deslocamentos podem ser realizados por meio de um pega-pega com comandos específicos.

Um aluno será o pegador, e os demais, os fugitivos. Quem for pego será o pegador da vez. Os alunos combinam as regras antes de iniciar a brincadeira, decidindo o número de pegadores. Quem ficar parado também pode ser pego.

Depois de determinado tempo, introduza comandos que impeçam os alunos de serem pegos, como andar de costas, andar e correr de lado, andar e correr cruzando as pernas, andar e correr nas linhas de demarcação da quadra ou desenhadas com giz.

Estimule-os a trocar de direção: para a frente, para trás, para o lado, bem como a realizar deslocamentos em ritmos diferentes: rápido, lento, moderado.

3. Pega-pega avião

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Praticar a posição de equilíbrio conhecida como “avião”.

Material: bambolês

Procedimentos

Distribua os bambolês pelo espaço destinado à atividade. Cada aluno deve ocupar um bambolê, enquanto outros dois alunos ficam de fora. Um desses dois será o pegador, e o outro, o fugitivo. Se o pegador encostar a mão no fugitivo, invertem-se as posições.

O fugitivo terá de correr para não ser pego. No entanto, ele também pode se salvar entrando em um bambolê ocupado por um aluno que não estiver na posição do avião.

Nessa situação, o aluno que ocupava o bambolê passa a ser o fugitivo.

Os alunos podem descansar a perna, porém somente quando perceberem que o fugitivo não pretende entrar em seu bambolê.

Realize a brincadeira preferencialmente até que todos tenham saído do bambolê.

Imagem: Ilustração. Um menino uniformizado com o pé esquerdo dentro do bambolê, com a perna direita esticada para trás, o tronco inclinado para frente e as duas mãos juntas e esticadas para frente.  Fim da imagem.

LEGENDA: Posição do avião. FIM DA LEGENDA.

4. Pega-pega vela

Objetivo: Praticar a posição de equilíbrio conhecida como “vela”.

Material: colchonetes

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Procedimentos

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Distribua os colchonetes no local em que será realizada a atividade. Solicite aos alunos que se sentem na extremidade dos colchonetes e não deixem nenhuma parte do seu corpo encostar no chão. Em seguida, peça que se deitem de costas, coloquem as mãos no quadril de modo que os cotovelos fiquem apoiados no colchonete e levantem ao mesmo tempo as costas e as pernas, que devem permanecer unidas e esticadas nesse procedimento.

Realizar a mesma dinâmica do pega-pega avião.

Imagem: Ilustração. Uma criança uniformizada, deitada de costas sobre um colchonete, com as pernas juntas esticadas para cima, com as mãos apoiadas no quadril. Fim da imagem.

LEGENDA: Posição da vela. FIM DA LEGENDA.

5. Imitação de animais

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Imitar e realizar deslocamentos semelhantes aos dos animais. Executar deslocamentos que necessitam de equilíbrio.

Procedimentos

Solicite a cada aluno que escolha um animal e não o revele a ninguém. Em seguida, todos devem imitar o modo como o animal escolhido se desloca. Espera-se que na imitação de um sapo, por exemplo, os alunos pulem com o apoio das mãos no chão. No caso de um canguru, eles podem saltar com os pés unidos. É bem provável que os alunos rastejem ao imitarem o deslocamento de uma cobra.

Na sequência da brincadeira, peça a eles que formem duplas.

Enquanto uma das duplas escolhe um animal e imita seus movimentos de deslocamento, a outra tenta identificá-lo. Uma vez descoberto, é a vez de a dupla que fez a identificação representar o movimento de outro animal.

Realize esse procedimento também com trios e quartetos para que todos possam vivenciar diversos animais.

Discussão

Converse com os alunos sobre as atividades: “Foi fácil ou difícil ficar na posição do avião? E da vela? Por quê?”, “Para realizar um equilíbrio, é preciso fazer algum esforço físico?”, “O ‘avião’ é um equilíbrio que se faz parado ou em movimento? Por quê?”, “A ‘vela’ é um equilíbrio que se faz parado ou em movimento?”.

Incentive os alunos a expressar suas opiniões sobre os equilíbrios e, principalmente, a relatar as diferenças entre eles. O avião, por exemplo, é um equilíbrio feito em pé, e a vela, um equilíbrio deitado. Além disso, também há diferença nos grupos musculares que têm função mais efetiva: os do abdômen e das costas, na vela, e os dos glúteos e das pernas, no avião.

Questione os alunos sobre as imitações dos deslocamentos de animais: “O macaco se desloca da mesma forma que a girafa?”, “Quem se desloca mais rapidamente: a tartaruga ou o coelho?”, “E como o coelho se desloca?”, “O leão se desloca correndo ou andando? Ou das duas maneiras?”.

Oriente os alunos a praticar os deslocamentos e equilíbrios realizados durante a aula em casa. Por exemplo: andar de costas da sala para a cozinha, fazer um avião no corredor.

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Construção de valores

1. Brincadeira do espelho

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Utilizar e praticar estratégias de execução de diferentes elementos básicos da ginástica.

Procedimentos

Organize os alunos em duplas. Oriente-os a ficar em pé, um de frente para o outro. Um dos alunos será o espelho, e o outro, o que vai realizar os movimentos que devem ser imitados pelo aluno que representa o espelho.

Depois de um tempo, invertem-se os papéis. Converse sobre a importância de realizarem movimentos que não coloquem em risco a integridade física dele e a do colega. Posições complexas ou que exigem queda podem ser perigosas.

Imagem: Ilustração. Um menino com cabelos pretos e uniformizado. Ele está em pé com a mão direita na cintura e a mão esquerda para frente. Ao lado, um menino loiro e uniformizado, em pé com a mão esquerda na cintura e mão direita para frente. Um está olhando para o outro.  Fim da imagem.

Discussão

Em roda, converse com os alunos sobre a atividade e as dificuldades encontradas para realizar o mesmo movimento do colega: “Você conseguiu fazer movimentos iguais aos do colega?”, “Foi fácil ou difícil acompanhar os movimentos dele? Por quê?”.

Com a inversão de papéis, eles são estimulados a experimentar novos movimentos.

2. Brincadeira do espelho sentado

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Identificar os limites do corpo. Respeitar as diferenças individuais.

Material: cadeiras

Procedimentos

Depois da realização da atividade anterior (“Brincadeira do espelho”), coloque algumas duplas sentadas em cadeiras, que devem ser dispostas uma de frente para a outra.

Os procedimentos são os mesmos da atividade anterior. Um dos alunos é o espelho, e o outro, o que vai fazer os movimentos.

Discussão

Ao final da brincadeira, converse com os alunos: “Como foi a sensação de realizar a atividade sentado? Por quê?”, “Houve limitação dos movimentos ou dificuldade em realizá-los?”.

Reflita com eles sobre as pessoas que dependem de cadeira de rodas ou de muletas para se locomover: “Quais dificuldades são enfrentadas por um cadeirante?”.

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Estimule os alunos a refletir sobre a acessibilidade no bairro e na rua onde moram: “As calçadas do bairro possuem rampas que favorecem a locomoção de cadeirantes?”, “Há ônibus adaptados para transportá-los?”, “O que poderia ser feito para melhorar a acessibilidade dos cadeirantes no bairro e na escola?” (Possibilidades de respostas: tapar buracos, retirar entulhos das calçadas, construir mais rampas nas calçadas, na escola e em construções que só contam com escadas etc.). Comente que faz parte dos direitos humanos a liberdade de locomoção. Por isso, identificar falhas de acessibilidade e buscar soluções colabora para que esse direito seja garantido aos cadeirantes e a todas as pessoas que têm dificuldades de locomoção nos espaços públicos.

Destaque a importância da participação dos alunos e da adaptação das atividades para que todos possam aprender e fazer parte do grupo.

Avaliação e Registro

Selecione uma música adequada à faixa etária ou peça aos alunos que escolham uma de que gostem.

Em seguida, solicite que cantem a música ou utilize aparelho de som para reproduzi-la.

Após esse contato com a música, peça aos alunos que se lembrem dos elementos básicos vivenciados, deslocamentos e equilíbrios, e, para cada frase da música, encaixem um desses movimentos.

Por exemplo:

Marinheiro só

Ô marinheiro, marinheiro

[deslocamentos para a frente, pulando em um pé só]

Marinheiro só

[fazer o equilíbrio do avião]

Quem te ensinou a navegar?

[deslocamentos andando de costas]

Marinheiro só

fazer o equilíbrio da vela]

Ou foi o tombo do navio

[deslocamentos laterais, cruzando as pernas]

Marinheiro só

[fazer o equilíbrio do avião segurando a mão de um colega]

Ou foi o balanço do mar

[deslocamentos para a frente, com passos bem curtos]

Marinheiro só

[realizar uma pose e “virar” estátua]

Fonte: Da tradição popular.

Repita a coreografia algumas vezes e depois peça aos alunos que façam sugestões e modifiquem a coreografia mudando os elementos básicos durante a vivência.

Ao final, faça uma apresentação em pequenos grupos e observe se os alunos realizam os elementos básicos de acordo com os combinados.

Lembre-se: a ginástica geral tem como foco a interação e a participação de todos.

Boxe complementar:

Para saber mais

  • GAIO, R.; ALMEIDA, C.; SIMÕES, R.; BELO, A. Z.; PASCOAL, M.; MOREIRA, W. Ginástica e dança: no ritmo da escola. Jundiaí: Fontoura, 2010.

    O livro apresenta propostas de atividades e brincadeiras que podem ser utilizadas na aprendizagem dos elementos corporais da ginástica.

Fim do complemento.

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TEMA 2. Ginástica geral: rolamentos e roda

Tabela: equivalente textual a seguir.

Prepare-se para as aulas

Objetivos

Compreender que as acrobacias fazem parte dos elementos básicos da ginástica.

Identificar e experimentar as acrobacias básicas da ginástica; o rolamento para a frente e para trás e a roda.

Habilidades da BNCC

EF12EF07, EF12EF08, EF12EF09 e EF12EF10

Número de aulas

10

Materiais

Colchonetes, colchões (ou tatames de EVA), banco sueco (ou tampa de plinto), cadeiras, cones, cordas e materiais recicláveis (garrafas plásticas, baldes, tampas, pneus etc.).

Sequência de atividades

Pergunte aos alunos o que eles conhecem sobre as acrobacias e se já praticaram alguma. A seguir, nas próximas aulas, realize as atividades propostas na seção “Experimentação e Fruição”.

Avaliação

Realize uma exposição com os registros dos alunos por meio de imagens e fotos e organize uma roda de discussão para reconhecerem os elementos básicos da ginástica.

Para começar

Nessa conversa inicial, procure saber o que os alunos conhecem sobre as acrobacias.

Há movimentos acrobáticos que são identificados por outros nomes na linguagem popular. Os rolamentos, por exemplo, são muitas vezes conhecidos como “cambalhotas”, e a roda no solo, como “estrela”.

Pergunte se alguém já praticou essas acrobacias. Se sim, onde? Por quê? Se houver respostas positivas, solicite aos alunos que falem sobre suas experiências com esses movimentos.

Caso não tenha exemplos, relacione a presença das acrobacias em várias manifestações da cultura corporal de movimento, como nas ginásticas de competição, no circo, nas lutas, nas danças, nos jogos e brincadeiras etc. Por exemplo: o “aú” da capoeira, o rolamento do judô, os “mortais” dos atores do circo, os ginastas em competição, entre muitas outras possibilidades.

Oriente os alunos sobre os elementos básicos da ginástica, no caso as acrobacias que eles vão realizar: os rolamentos para a frente e para trás e a roda.

Análise e Compreensão

As acrobacias

As acrobacias estão presentes nas práticas corporais desde os primórdios da humanidade, sempre como um desafio na arte de dominar o corpo das mais variadas formas.

Um dos exercícios mais praticados nas apresentações públicas na Grécia Antiga era o salto acrobático (kybístema) . Essa exibição consistia na execução de um salto sobre um touro, animal considerado perigoso.

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O saltador apoiava as mãos nos chifres desse animal, que, enraivecido, o lançava com força para cima, o que lhe permitia ganhar altura suficiente para realizar um salto chamado “mortal” e aterrissar em pé no dorso do touro.

Exercícios acrobáticos também eram realizados na China Antiga, na Mongólia, em Roma e em diversas culturas do mundo, seja em rituais religiosos, seja em festejos. Sua prática estava voltada até mesmo para a preparação física de soldados.

Na Idade Média, a acrobacia era desenvolvida por artistas em apresentações realizadas nos palácios e nas ruas, cuja finalidade era a diversão de reis, senhores feudais e servos.

No século XIX, após a transformação e a sistematização das práticas corporais por meio dos métodos ginásticos europeus, principalmente na Alemanha, Suécia e França, a ginástica teve uma grande aceitação, passando a ser amplamente disseminada em vários países. As diversas correntes da ginástica foram aperfeiçoadas e, aos poucos, ganharam mais independência, assumindo características e peculiaridades distintas entre si.

Os países que compartilhavam das mesmas concepções começaram a desenvolver os métodos de forma conjunta, e essas ações ficaram conhecidas como “os grandes movimentos”, os quais ocorreram em três regiões da Europa: o Movimento do Centro (Alemanha, Suíça e Áustria), o do Norte (países nórdicos) e o do Oeste (países do Oeste europeu).

Acredita-se que esses movimentos foram responsáveis pelo aparecimento das ginásticas. Em 1939, iniciou-se o período chamado de “influências recíprocas e universalização dos conceitos”, momento em que o conhecimento desenvolvido em cada escola foi confrontado e seus conceitos passaram a ser universalizados, propiciando um processo de integração entre os métodos.

Atualmente, os diferentes tipos de ginástica utilizam diversas formas de acrobacias. Algumas delas são comuns e outras apresentam maior grau de dificuldade e exigem mais treinamento, sendo específicas de determinada modalidade.

Segurança

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

É importante enfatizar que a acrobacia, principalmente na fase de aprendizagem, requer muita atenção com a segurança dos alunos.

É provável que eles peçam ajuda ou mesmo tenham certo receio ou medo de praticá-las. Explique que esse temor é normal e que costuma ser superado com a prática da atividade.

Tome as seguintes precauções para garantir a segurança dos alunos na execução dos movimentos:

  1. Realize os rolamentos sobre colchonetes, colchões ou tatames de EVA (combinação das substâncias E til, V inil e A cetato que formam um material parecido com a borracha).
  1. Determine uma direção na realização dos movimentos para os alunos não trombarem uns com os outros durante as aulas.
  1. No início, auxilie individualmente cada aluno com o apoio das mãos na cabeça e nas costas.
  1. Oriente-os a não realizar as acrobacias em qualquer lugar, como ruas e parques, pois estarão mais sujeitos a lesões e/ou fraturas.

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Experimentação e Fruição

1. Rolamentos

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivos: Conhecer e praticar o rolamento para a frente e para trás.

Materiais: colchonetes e colchões ou tatames de EVA

Procedimentos

Organize cantos ou fileiras com colchões, colchonetes ou tatames de EVA. Depois, apresente os movimentos preparatórios para a realização dos rolamentos.

Inicialmente, solicite aos alunos que sentem no colchonete, dobrem os joelhos, abracem as pernas e realizem um movimento chamado “rolinho”.

Imagem: Esquema ilustração de um menino uniformizado com cabelos crespos exemplifica um rolamento em dois movimentos: 1. Ele está sentado sobre um colchonete com os braços ao redor na perna e a cabeça próxima do joelho. 2. Ele está na mesma posição com as costas e o pescoço apoiados no colchonete. Acima, uma seta vermelha faz o caminho da primeira posição para a segunda.  Fim da imagem.

Em um segundo momento, desenvolva uma atividade de rolamento lateral, determinando alguns comandos.

Rolar:

  1. deitados e com os braços próximos ao corpo;
  1. com os braços afastados do corpo;
  1. com as pernas flexionadas;
  1. com as pernas afastadas;
  1. em cima dos companheiros deitados em decúbito ventral.

    Especialmente no item e, chame a atenção para a importância do cuidado com a integridade física de todos nessa atividade. Os cotovelos e os joelhos, se flexionados, podem machucar os colegas. É mais seguro que o rolamento seja feito com braços e pernas estendidos.

Imagem: Ilustração. Quatro crianças uniformizadas deitadas de bruços sobre um colchonete. Sobre elas, uma menina uniformizada com cabelos presos está rolando. Fim da imagem.

LEGENDA: Decúbito ventral. FIM DA LEGENDA.

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Os aclives e declives auxiliam bastante nos rolamentos tanto para trás quanto para a frente.

Peça aos alunos que construam uma pequena rampa feita com colchonetes e rolem nela para cima e para baixo (figura A). A criação de um desnível entre os colchonetes também favorece a realização dessa acrobacia (figura B).

Imagem: Esquema Figura A. Uma menina uniformizada exemplifica uma cambalhota em dois movimentos: 1. Ela está agachada apoiando os pés e mãos sobre um colchonete em declive. 2.Ela está apoiando as mãos e as costas sobre o colchonete. Acima, uma seta indicando o movimento em espiral da cambalhota. Fim da imagem.

LEGENDA: Figura A. FIM DA LEGENDA.

Imagem: Esquema Figura B. Sobre alguns colchonetes, um menino uniformizado exemplifica uma cambalhota em dois movimentos: 1 Ele está apoiando as pernas e as mãos. 2. Ele está com os joelhos apoiados no colchonete alto e as mãos e a cabeça apoiados no colchonete mais baixo. Ao lado, o mesmo menino, apoiado as costas no colchonete com as mãos sobre os joelhos e as pernas próximo a barriga. Acima, uma seta e espiral pequena indicando o movimento da cambalhota.  Fim da imagem.

LEGENDA: Figura B. FIM DA LEGENDA.

Para fazer a acrobacia a seguir, peça aos alunos que fiquem em quadrupedia (com os pés, os joelhos e as mãos no colchonete). Uma vez posicionados, eles devem elevar o quadril, apoiar o queixo no peito e impulsionar o corpo para a frente até sentirem a coluna encostar no colchonete, completando o rolamento sentados e com os braços esticados para cima.

Imagem: Esquema. Uma menina uniformizada exemplifica uma cambalhota em quatro movimentos: 1. Ela está com as mãos e as pernas apoiadas no chão. 2. Ela está com as mãos e os pés apoiados no chão com o quadril para cima. 3. Ela está apoiando as mãos e as costas parcialmente no chão com os joelhos próximo a barriga. 4. Ela está com o quadril e os pés apoiados no chão e os braços esticados para cima.  Fim da imagem.

Alguns alunos podem ficar com medo ou receio de realizar o rolamento, muitas vezes devido à falta de vivência do corpo em posições de inversão (cabeça para baixo). O importante é não forçá-los e facilitar os movimentos com apoios e auxílio individual.

Ao propor a realização de acrobacias em duplas, peça a um aluno que ajude o outro. Estender a mão a quem realizou a acrobacia para ajudá-lo a se levantar é uma forma de colaboração. Os alunos que tiverem mais dificuldade devem contar com o seu apoio individual.

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Imagem: Esquema. Uma menina uniformizada exemplifica uma cambalhota com apoio em sete movimentos: 1. Ela está com as pernas juntas e as mãos esticadas nas laterais do corpo. 2. Ela está com os pés apoiados no chão com o tronco inclinado, atrás uma mulher com cabelos cacheados, de joelhos, segura com as mãos o quadril da menina. 3. Ela está apoiando as mãos no chão inclina com os pés no ar. 4. Ela está com as costas e as mãos apoiadas no colchonete e as pernas juntas no ar, atrás, a mulher segura com as mãos o quadril da menina. 5. Ela está com as mãos e a cabeça apoiando no colchonete com os pés saindo do chão. 6. Ela está com o tronco inclinado e as mãos próximas ao colchonete. 7. Ela está com as pernas juntas e as mãos esticadas nas laterais do corpo. Fim da imagem.

Discussão

Após as vivências, converse com os alunos: “O que vocês sentiram ao realizar as acrobacias?”, “Esses movimentos básicos foram fáceis ou difíceis de realizar? Por quê?”, “Do que vocês mais gostaram e do que menos gostaram?”, “Quem conseguiu rolar e ficar em pé sem ajuda? E com ajuda?”, “Qual é a posição do corpo durante o ‘rolinho’?” (Resposta esperada: os alunos devem ficar sentados (no colchonete), dobrar os joelhos e abraçar as pernas.).

Incentive os alunos a verbalizar suas experiências. A aprendizagem não ocorre em apenas um momento e, por isso, requer repetições. Portanto, encoraje sempre os que ainda não conseguiram realizar o rolamento.

2. Roda

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Aprender a realizar a roda.

Material: banco sueco (comprido e geralmente feito de madeira), ou tampa de plinto (aparelho de ginástica em forma piramidal, com graduação de altura), ou colchões velhos enrolados e colchonetes

Procedimentos

A roda é popularmente similar à “estrela” (no circo) e também conhecida como “aú” (na capoeira). É provável que muitos conheçam esse movimento ou já o tenham praticado em outra situação.

Aproveite esse conhecimento para iniciar a aprendizagem. Os alunos que conhecem o movimento podem demonstrá-lo ou auxiliar o colega dando-lhe dicas e fazendo observações.

A roda é realizada com o apoio alternado das mãos e, em seguida, dos pés.

Imagem: Esquema. Uma menina uniformizada, exemplifica a roda em sete movimentos: 1. Ela está sobre um colchonete com os braços esticados para cima com as pernas um pouco afastadas. 2. Ela está com o joelho esquerdo flexionado, a perna direita esticada para trás, o tronco inclinado na diagonal com os braços estendidos para cima. 3. Ela está com o joelho esquerdo flexionado, o tronco inclinado em noventa graus, com a perna direita esticada no ar e as mãos esticadas na altura da cabeça próximo ao chão. 4. Ela está com a mão esquerda apoiada no colchonete, a mão direita próxima do colchonete e as duas pernas esticadas no ar. 5. Ela está com as duas mãos apoiadas no colchonete e as pernas no ar apontadas para as laterais. 6. Ela está com o joelho direito flexionado, o tronco inclinado em noventa graus, ela está com a perna esquerda esticada no ar e as mãos esticadas na altura da cabeça próximo ao chão, uma seta indica a o movimento de levantar o tronco. 7. Ela está com os dois pés apoiados no chão juntos e os braços estendidos para cima.  Fim da imagem.

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Coloque um obstáculo próximo aos colchonetes (banco sueco, tampa do plinto ou os colchões amarrados) para que os alunos apoiem as mãos nele e passem os pés alternadamente para o outro lado. Os colchonetes devem ficar do lado oposto ao do início do movimento.

Imagem: Esquema. Um menino negro uniformizado explica o movimento da roda com apoio em 3 movimentos:1. Ele está com o joelho direito flexionado, a perna esquerda esticada para trás, o tronco inclinado na diagonal com os braços estendidos para cima. 2. Ele está com as duas mãos apoiadas em um banco com as pernas esticadas para cima. 3. Ele está com os dois pés apoiados no chão com os braços estendidos para cima na diagonal. Fim da imagem.

Oriente os alunos a passar pelo obstáculo com as pernas cada vez mais altas (esticadas).

Caso seja necessário, auxilie-os na realização desse movimento colocando suas mãos na cintura deles. Essa atividade requer força para manter os braços estendidos e projetar o tronco na posição invertida. Por isso, auxiliar os alunos segurando-os pela cintura pode prevenir quedas e torções.

Imagem: Esquema. Uma menina com cabelos pretos uniformizada exemplifica a roda com apoio em quatro movimentos: 1. Ela está em pé sobre um banco com as pernas afastadas e os braços estendidos para frente em diagonal. Ao lado, um homem uniformizado com os braços estendidos na direção dela. 2. Ela está com as duas mãos apoiadas no colchonete e as pernas esticadas para cima. Atrás à direita, o homem segura com as mãos o quadril dela. 3. Ela está com o pé esquerdo apoiado no colchonete e a perna esquerda estendida e próxima do chão, com o tronco inclinado lateralmente e as mãos esticadas na altura da cabeça. Atrás à esquerda, o homem segura com as mãos o quadril dela. 4. Ela está com os dois pés apoiados no colchonete com os braços estendidos para cima. Atrás à esquerda, o homem segurando no quadril.  Fim da imagem.

Faça uma linha no chão. Os alunos devem tentar apoiar as mãos alternadamente e os pés sobre essa linha.

Esse movimento também pode ser realizado com o seu auxílio.

Imagem: Esquema. Um menino ruivo uniformizado exemplifica o movimento da roda com apoio em seis movimentos: 1. Ele está em pé com os braços estendidos na lateral do corpo. 2. Ele está com o joelho esquerdo flexionado, com a perna direita esticada, com o tronco inclinado na diagonal e os braços estendidos para cima. 3. Ele está com a perna direita estendida com o pé apoiado no colchonete, a perna esquerda estendida no ar, com a mão direita apoiada no colchonete e a mão esquerda próxima ao chão. Atrás, um homem uniformizado, segurando no quadril do menino. 4. Ele está com as mãos apoiadas no colchonete, com as pernas esticadas no ar. Atrás, o homem com as mãos o quadril do menino. 5. Ele está com a perna esquerda esticada com o pé apoiado no chão, com a perna direita estendida, com o tronco inclinado lateralmente e os braços esticados na altura da cabeça. 6. Ele está com os dois pés apoiados no chão, com os braços estendidos para as laterais em diagonal.  Fim da imagem.

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3. Construção de obstáculos

Imagem: Ícone: ATENÇÃO PARA A SEGURANÇA. Fim da imagem.

Objetivo: Construir com os alunos um caminho com obstáculos, intercalando rolamentos e deslocamentos.

Materiais: utilizar os materiais disponíveis na escola ou recicláveis que os alunos podem trazer de casa, como garrafas plásticas, baldes, tampas, pneus etc.; colchões, colchonetes, cadeiras, cones e cordas

Procedimentos

Entre as muitas possibilidades de circuito, pode-se pedir aos alunos que o construam com diversos tipos de material, por exemplo. Independentemente do trajeto, incentive-os a andar em zigue-zague em determinado ponto, a realizar um rolamento no colchão ou no colchonete, a pular uma corda, a fazer outro tipo de rolamento no tatame, a dar a volta no cone, a rolar embaixo de uma corda suspensa a determinada altura do chão e a retornar para o seu lugar (ou ao local de partida).

Essa atividade também pode ser realizada na forma de estafetas (feita em grupo de modo competitivo ou colaborativo).

O importante é que os alunos sejam os autores desse circuito de obstáculos.

Boxe complementar:

Para saber mais

  • BROCHADO, F. A.; BROCHADO, M. M. V. Fundamentos de ginástica artística e de trampolins. São Paulo: Guanabara Koogan, 2005.

    Nesse livro, é possível encontrar imagens de várias situações para a aprendizagem dos rolamentos e da roda.

Fim do complemento.

Avaliação e Registro

  1. Os conteúdos de cada tema podem ser registrados por meio de desenhos, imagens utilizadas nas aulas ou mesmo fotos dos alunos feitas durante a experimentação.
  1. Construa um varal na sala de aula e utilize pregadores para fixar desenhos ou fotos conforme o andamento das aulas.
  1. Ao final (ou mesmo no início) de cada aula, organize uma roda de discussão sobre o que os alunos reconhecem nas imagens do varal, quais são os objetos do conhecimento desenvolvidos nas atividades, o que eles se lembram das aulas anteriores e o que realizaram fora da escola. Se possível, prepare um quadro de anotações individuais e coletivas para poder avaliar o conhecimento adquirido.