UNIDADE TEMÁTICA 3 UNIVERSO HIP-HOP

Raio-xis da unidade

Competências da Bê êne cê cê

Competências gerais da Educação Básica: 1, 3, 4, 6, 8 e 9.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 2, 5, 6, 7, 8 e 9.

Habilidades de Educação Física da Unidade Temática

(ê éfe seis sete ê éfe um um) Experimentar, fruir e recriar danças urbanas, identificando seus elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos).

(ê éfe seis sete ê éfe um dois) Planejar e utilizar estratégias para aprender elementos constitutivos das danças urbanas.

(ê éfe seis sete ê éfe um três) Diferenciar as danças urbanas das demais manifestações da dança, valorizando e respeitando os sentidos e significados atribuídos a eles por diferentes grupos sociais.

O que veremos nesta unidade

Nesta unidade temática, o universo hip-hop é apresentado como resistência cultural e são abordados os elementos culturais das danças urbanas. Para tanto, são propiciadas oportunidades de vivência, experimentação e fruição de gestos, além de ritmos propostos pelo breaking, com o objetivo de levar o estudante a valorizar e a reconhecer essa manifestação como culturalmente integrante da nossa sociedade.

Na primeira seção “Conectando saberes”, a língua inglesa será uma importante ferramenta auxiliar para compreender o caráter polissêmico das palavras em inglês utilizadas na prática do breaking. Nesse caso, pode-se fazer uma parceria com o professor de Língua Inglesa para aprofundar o sentido específico de tais palavras na dança.

Na segunda seção “Conectando saberes”, o componente curricular História também será uma ferramenta essencial para subsidiar o debate sobre essa manifestação cultural com uma síntese de dois momentos históricos importantes para a formação e a valorização da cultura periférica mundial: a Guerra do Vietnã e o movimento dos direitos civis.

Em “Protagonismo juvenil”, os estudantes vão realizar as etapas de um projeto coletivo sobre o universo hip-hop, que culminará com o Festival da Cultura Periférica, que deverá ser realizado com a participação de familiares e da comunidade escolar.

De ôlho nas imagens

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Apresente as imagens para a turma e pergunte:

Fotografia 1. Homem usando chapéu redondo, camiseta, calça e tênis pretos está de ponta-cabeça, com as pernas para cima e abertas; ele gira com a cabeça no chão. Ao lado, um homem de camiseta vermelha, chapéu preto, tênis brancos, está em pé, olhando. Ao fundo, uma arquibancada com pessoas.
Fotografia 2. Homem usando boné, camiseta, calça e tênis pretos está saltando com a perna direita dobrada, o braço direito flexionado e o esquerdo esticado.
1. Dançarino em movimento de giro de cabeça (headspin). Divulgação do evento Breaking de Verão 2022, na cidade do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). 2. Rapaz, em movimento ritmado, dançando break. [sem local], 2010.
  • O que mais chamou sua atenção nessas imagens? Por quê?
  • Você reconhece os movimentos representados nas imagens? Em caso positivo, fale o que sabe para os colegas. Se você nunca viu tais movimentos, reflita: qual é o principal desafio desse gesto de dança? Por que as pessoas dançam?

Acolha as respostas com atenção e incentive a prática permanente de pesquisa apresentando os resultados do estudo de Camargo (2014) sobre a motivação de praticantes de dança de rua em Curitiba. Nesse estudo, foi aplicado o Questionário de Regulação de Comportamento no Exercício Físico 2, composto de uma escala de 0 (Não é verdade para mim) a 4 (Muitas vezes é verdade para mim), a ser utilizada nas dezenove perguntas que o integravam. Veja um exemplo: “Faço dança de rua porque outras pessoas dizem que devo fazer.”; “Faço dança de rua porque é uma prática divertida.” As respostas indicam estas motivações: praticam porque gostam, identificam-se com a atividade (músicas, gestos, modos de vestir-se e de agir) e sentem-se motivados intrinsecamente, ou seja, a atividade por si só os instiga a um contínuo aprendizado.

Os dançarinos de break das imagens utilizam roupas que simbolizam seu lugar de pertencimento e sua identidade juvenil. Isso pode significar que eles traduzem na dança sua origem da periferia e se identificam com outras pessoas que fazem parte dessa realidade.

Promova uma reflexão com a turma sobre a dança como marca de identidade. Analise como as reflexões propostas podem ajudá-lo a conduzir mais efetivamente a temática, despertando o interesse dos estudantes para o estudo sobre as danças urbanas, mais especificamente o breaking, que integra o universo hip-hop.

Por dentro do tema

A resistência cultural no universo hip-hop

O hip-hop é uma manifestação cultural, social e educativa, praticada no começo de sua criação pela juventude negra e latina das periferias dos centros urbanos. Surgido no Bronx, bairro da cidade de Nova iórque, nos Estados Unidos, final dos anos 1960 e início dos anos 1970, o movimento espalhou-se por diferentes partes do mundo.

Segundo Barrios, Nunes e Chuárts (2018, página 8-9), o hip-hop é um movimento de resistência por buscar constantemente visibilidade, tanto por meio de denúncias sociais, expressas pela arte com o grafite e o gênero musical rap, como pela ocupação de locais considerados de elite (teatros, boates) pelos grupos de dança, com gestos e movimentos que representam sua história e cultura. Esses autores ressaltam que a cultura do hip-hop procura romper barreiras e lutar por um espaço dentro da

sociedade, mas sua imagem é prejudicada por abordagens generalistas por parte dos veículos de comunicação de massa. Os receptores aceitam um padrão superficial da mídia e estereótipos são tomados como verdade pela sociedade. Com isso, restringe-se a cultura do hip-hop às suas origens na periferia, o que reforça preconceitos relacionados aos grupos marginalizados em razão de suas vestimentas e pela maneira como os cantores de rap e os dançarinos de breaking são vistos.

O jamaicano Claive Quêmbol, conhecido como didjêi Cúl Rérqui, sua irmã Cíndi e o estadunidense áfrica bambáta são considerados os fundadores do movimento hip-hop, ao lado de outros músicos, grafiteiros e breakers, gerando os chamados elementos do universo desse gênero. Santos (2017) afirma que os elementos do hip-hop são essenciais para a definição do significado e do alcance dessa manifestação cultural. Segundo a autora, tais elementos podem ser assim definidos:

  1. didjêi (disc jockey) – responsável pela base instrumental. O didjêi utiliza ferramentas tecnológicas para produzir a base da música do hip-hop, como picapes (os antigos toca-discos), o mixer para realizar manobras e sintetizadores.
  2. êmi ci (mestre de cerimônias) – responsável pela condução do som e da festa. Assume o contrôledo microfone e agita o público.
  3. Grafite – (ou grafíti, como preferem os grafiteiros) são desenhos e escritas realizados em muros.
  4. Rap – gênero musical.
  5. Gíria – dialeto da periferia contido nas letras das músicas, nos muros e no corpo.
  6. Beatboxing – antes de os didjêis terem acesso à tecnologia dos antigos toca-discos (picapes), eram utilizados rádios com som estéreo (sound system), sintetizadores. Além disso, muitos didjêis faziam o som usando a boca como instrumento.
  7. Streetball – o basquete de rua é um tema que integra o universo hip-hop por meio da vestimenta de seus praticantes (camisas largas), do local onde os movimentos são ensaiados (ruas e parques) e da trilha sonora presente nas partidas (rap). Desde 2021, o streetball é modalidade olímpica.
  8. Literatura marginal – gênero literário que apresenta o cotidiano da periferia por meio de autores e autoras periféricos e, na sua maioria, do universo hip-hop. A literatura marginal brasileira tem como um de seus principais representantes o rapper Ferréz, premiado autor em festivais internacionais e nacionais com sua escrita contestadora.
  9. Slam– significa batida (nesse caso, da música). É realizado desde meados dos anos 1980, porém sua divulgação nacional ocorreu a partir dos anos 2010. O slammer assumiu a posição de êmi ci, e, na cadência do rap, os participantes declamam suas narrativas com rima e poesia.
  10. Breaking – expressão corporal do hip-hop representado por b.boy e b.girl.

No Brasil, o hip-hop chegou por intermédio do cinema, com a exibição dos filmes Breakin ( Djoél Sílbérg, 1984, 90 minutos) e Beat Street (A loucura do ritmo; Stén Leitan, 1984, 105 minutos). Os primeiros integrantes do hip-hopassistiram aos filmes em 1985 e começaram a reproduzir os movimentos nas praças públicas dos centros das cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador, agregando pessoas e ensinando uns aos outros.

Os elementos culturais das danças urbanas

No final dos anos 1960, o estadunidense Djeimes bróun (1933-2006) criou um ritmo que influenciou a dança de rua: o soul. Mais tarde, o funk, a música disco e o rap se somaram ao movimento hip-hop. Ele foi o responsável por disseminar uma atitude, uma fórma de ser, de se vestir, de dançar no palco de maneira solta, que permitia a criação e a execução de passos de dança, possibilitando a qualquer pessoa tentar refazê-los.

A ascensão do universo hip-hop propiciou o surgimento e a veiculação da dança urbana; algumas das quais, apresentadas nesta unidade, se originaram no início do século vinte. Porém, a denominação “danças urbanas” só ganhou projeção a partir da década de 1980, com o início do advento da globalização. Outra denominação adotada pelos praticantes é street dance, ou dança de rua, explicada em parte pela origem e em parte por sua informalidade.

Há danças urbanas estadunidenses com diferentes estilos de vestimenta, música e atitudes. São elas: Funk Boogaloo, Robot, Zig-Zag, Locking, Crossover Locking, Popping, Punking, Jacking, Rocking, B. Boying, Freestyle, House Dance, Clowning e Krump.

Fotografia. Mulher usando chapéu redondo e preto, óculos escuros, regata branca, calça preta está de joelhos, os pés dobrados para o lado, os braços abertos com as mãos voltadas para cima. Ela tem um número fixado na roupa, assim como os outros competidores que estão atrás dela.
Brianna Quintana em disputa de popping, lás (Estados Unidos da América), 2010.

Entretanto, as danças urbanas trazem um conceito mais amplo, criado e difundido nas periferias dos centros urbanos, sem se limitar àquelas provenientes dos Estados Unidos. Nesse gênero se inclui, por exemplo, a jamaicana Dance Hall. Existem várias técnicas a serem praticadas no contexto das danças urbanas. Apresentamos a seguir algumas das mais recorrentes e populares.

Locking – movimentos rápidos dos braços sincronizados com pausas do dançarino, simulando um “congelamento” do corpo, travando os movimentos. Foi criado em 1969 por Dôn Campbelók (1951-2020), na cidade de Los Angeles, Estados Unidos.

Fotografia que mostra uma sequência de movimentos. 1. Rapaz de boné preto, usando camiseta branca e preta e calça jeans. Ele está com o tronco inclinado levemente para frente, os braços dobrados nas laterais do corpo e os pulsos para baixo. 2. O rapaz está com os joelhos flexionados, as pernas afastadas, o tronco inclinado para frente e o braço esquerdo dobrado na frente do corpo com o pulso fechado para cima. 3. O rapaz está com o braço esquerdo apoiado no joelho esquerdo, a perna direita esticada. Ele está inclinado para o lado e aponta para cima com a mão direita.
Dançarino de locking, um locker, realizando sua performance. [sem local], 2010.

Wacking/Punking – base de jazz dance, movimentos de grande amplitude de pernas e braços, giros rápidos dos punhos, realizando desenhos geométricos no ar. Origem: bailes da comunidade éle gê bê tê quê í á pê êne mais dos anos 1970, na cidade de Nova iórque (Estados Unidos da América).

Fotografia. Duas mulheres de coque no cabelo usando camisa preta. Uma usa calça vermelha e a outra uma saia da mesma cor. Uma está ao lado da outra, à beira de um local com água. Estão com as pernas afastadas, os joelhos dobrados. A mulher da esquerda está com o braço direito esticado para o lado e o esquerdo dobrado atrás da cabeça, com a mão tocando o cotovelo. A mulher da direita está com o braço esquerdo esticado para o lado e o direito dobrado atrás da cabeça, com a mão tocando o cotovelo. Por não usarem os mesmos braços para fazer os movimentos, vemos uma imagem espelhada das duas.
Irmãs gêmeas dançarinas realizando movimentos de wacking. [sem local], 2010.

Up rocking/Rocking – criado por Rãber bénd no final dos anos 1960, também na cidade de Nova iórque (Estados Unidos da América). Esse estilo simula movimentos de luta, com passos e movimentos com forte marcação dos pés.

Fotografia. Garota usando blusa, calça e tênis pretos. Ela está com o tronco inclinado para frente e a perna direita erguida. Nota-se o movimento dos braços. Na frente dela está uma mulher de camiseta branca e short preto, em pé e olhando. Elas estão em um tablado com quadrados pretos e brancos. Ao redor, pessoas assistem à competição.
Garotas de 15 a 20 anos em competição de up rocking em Barnál, Rússia, 2019.
  • Popping – remete ao som de algo estourando, com movimentos que refletem a pulsação do corpo, a contração e o relaxamento muscular. Boogaloo Slam apresentou esse movimento em meados dos anos 1970, na cidade de Fresno, estado da Califórnia, também nos Estados Unidos. Veja a imagem de Brianna Quintana na página 43.
  • Hip-hop dance/Hip-hop freestyle – movimentos mais livres, sem muitas poses e acrobacias (sem referências ao local de origem). Principais colaboradores são Búda stréch e skúb.
Fotografia. Garota usando boné preto, regata branca, calça preta e tênis vermelhos. Ela está saltando com a perna direita atrás do corpo. Com a mão direita ela segura o boné na cabeça e com a outra toca a ponta do pé direito. Ao redor, há três mulheres observando. Duas estão agachadas e uma delas segura um rádio.
Grupo de garotas dançando hip-hop freestyle na rua. Belgrado, Sérvia, 2017.

Passinho – movimentos rápidos com as pernas e o quadril. Criado nas comunidades da cidade do Rio de Janeiro, ganhou visibilidade na mídia e, desde 2018, é patrimônio cultural do município.

Fotografia. Em primeiro plano, pessoa usando regata branca e verde, bermuda preta e tênis brancos. Ela está com os joelhos flexionados e as pernas cruzadas, os braços abertos e tem um número fixado na roupa, assim como os outros competidores que aparecem ao fundo, em pé.
Jovem competidor em batalha da dança do Passinho no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 2015.

Vamos à prática!

No ritmo das danças urbanas

Objetivos

Conhecer e vivenciar diferentes estilos de danças urbanas.

Materiais

Projetor, computador e caixa de som.

Procedimentos

  • Use o recurso audiovisual para apresentar os passos das danças e estimular o interesse da turma, ao mesmo tempo que eles aprofundam o conhecimento sobre essas danças e experimentam seus gestos.
  • Proponha uma vivência dos passos e movimentos sugeridos nas ilustrações e nos vídeos indicados no trabalho de PAULO, C. J. P. Danças urbanas e tíc na Educação Física escolar: possibilidades para o terceiro ciclo do Ensino Fundamental a partir da Bê êne cê cê, 2022. Trabalho de conclusão de curso – Universidade Estadual Paulista. Rio Claro, 2022. Disponível em: https://oeds.link/9mBPy9. Acesso em: 23 abril 2022.
  • Oriente os estudantes a fazerem um levantamento sobre as danças conhecidas pela comunidade escolar e a convidá-los a uma vivência durante as aulas.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Pesquise vídeos na internet e apresente-os aos estudantes. Peça a eles que escolham os estilos e os gestos das danças para a criação de uma coreografia de dança urbana. A seguir sugerimos alguns canais de vídeos sobre o tema para a sua pesquisa:

  • Canal tê vê Brasil: Conhece o locking? Aprenda os passos desta dança com Filipi Ursão. Disputa de danças urbanas do Brasil, com a presença de dançarinos de diferentes países e estilos. Esses dançarinos se enfrentam em batalhas. Disponível em: https://oeds.link/52M5nm. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Canal Yoontopia: Popping: [Synchronized Version] Jêi rôupe Tiu taussand end nainetin ém ém êi Fake Love Remix Dance Practice. Breve performance de um grupo de rapazes dançando popping. Disponível em: https://oeds.link/OPyWU1. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Canal do coreógrafo Tím Milgram. Há vários vídeos sobre o tema. Ele é coreógrafo e bailarino profissional, e combinou a sua experiência técnica como engenheiro e multimídia. Disponível em: https://oeds.link/k085rT. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Canal oficial de máicou diéquisson. Há vários vídeos sobre a performance do artista. Entre no site oficial do artista e procure o canal de vídeos. Disponível em: https://oeds.link/f3NMbK. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Vídeos sobre a origem do Moonwalk, como o vídeo Origin of the Backslide/Moonwalk | 1930-1983.

Conectando saberes

Língua Inglesa

Esta seção propõe um trabalho interdisciplinar com Língua Inglesa, estimulando a habilidade (ê éfe zero sete éle ih um sete), ao explorar o caráter polissêmico de palavras de acordo com o contexto de uso. Compreender o significado em português de palavras grafadas ou pronunciadas em inglês ajudará o estudante na assimilação e no entendimento dos conceitos das danças urbanas.

Comente a importância da língua inglesa na atualidade. Diga-lhes que o inglês é um dos idiomas mais utilizados na esfera profissional e em viagens internacionais, além de abrir portas para o desenvolvimento pessoal e cultural.

Nos segmentos artísticos, é comum a manutenção da nomenclatura da manifestação cultural na língua em que foi desenvolvida. No caso do hip-hop, criado nos Estados Unidos, país cujo idioma oficial é o inglês, é natural que os termos técnicos dessa dança tenham sido mantidos nesse idioma.

Explique o significado das seguintes palavras: breaking (quebra), hip-hop (mexa os quadris) e breaker (dançarino de breaking), tema das próximas seções. Solicite que a turma pesquise também os termos em inglês apresentados até o momento.

O breaking e o universo hip-hop

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Breaking: dança ou esporte?         

Voz feminina: Você sabe o que o movimento hip-hop e as Olimpíadas têm em comum? À primeira vista, pode parecer uma pergunta inusitada, mas a resposta correta é: o breaking!

Voz masculina: O Comitê Olímpico Internacional, o COI, anunciou que o breaking estreará como modalidade esportiva na edição dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

A instituição que organiza o evento acredita que essa iniciativa aumentará a audiência do público jovem durante a competição, da mesma forma como ocorreu na edição dos jogos de 2021, em Tóquio, quando o surfe e o skate também se tornaram modalidades olímpicas.

Voz feminina: O breaking é um estilo de dança urbana que faz parte da cultura hip-hop, que surgiu nos Estados Unidos e possui quatro linguagens artísticas: o rap, a discotecagem, o grafite e o breaking.  

Voz masculina: Aliás, breaking foi o termo original utilizado para descrever o estilo como se dançavam as músicas produzidas pelos DJs, caracterizado por um ritmo cadenciado e marcações quebradas, no inglês, break. Os dançarinos e as dançarinas foram chamados de breaking-boy e breaking-girl, ou na abreviação: b-boy e b-girl.

Voz feminina: Como dança, a característica do breaking é a movimentação do corpo, com gestos vigorosos, acrobacias, atitude e desenvoltura. As coreografias envolvem o top rock, entrada com movimentos em pé, footwork, movimento no chão com o apoio das mãos e dos pés, power moves, gestos que exigem força e potência física para dançar, como acrobacias aéreas, e freezes, que são poses para finalizar a apresentação.

Voz masculina: Nos encontros promovidos entre DJs, MCs, b-boys e b-girls ocorrem batalhas de rimas, de discotecagem e de dança.

Dessa forma, são estruturadas competições individuais ou de equipes, que envolvem as linguagens artísticas do hip-hop em eventos que contam com a participação ativa da plateia do começo ao fim.

Voz feminina: Conforme o movimento hip-hop se expandiu pelo mundo, os eventos de competição também cresceram em proporção. Hoje, existem diversos campeonatos de breaking, sendo que os torneios acontecem em várias etapas, em nível regional, nacional e mundial.

Foi justamente a notoriedade desses eventos que chamou a atenção do COI sobre o breaking. Em 2018, o órgão formalizou e estruturou a dança como modalidade olímpica, confirmando sua inclusão no programa dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024.

Voz masculina: O torneio de breaking se inicia com a apresentação dos competidores para um painel de jurados. Ao final de cada rodada, é indicado o nome do vencedor. Quem receber mais votos avança para a próxima etapa.

Voz feminina: É comum que tudo aquilo que chega como novidade traga algum nível de incerteza e de expectativa. A estreia do breaking nos Jogos Olímpicos não seria diferente. Pode soar estranho para muitas pessoas que uma dança seja integrada às modalidades olímpicas tradicionais, como é a maioria dos esportes. Além disso, o fato de o breaking ter se originado de uma cultura de resistência, que é o movimento hip-hop, esbarra em questionamentos dos praticantes por desvinculá-lo desse posicionamento político.

Voz masculina: Seja como demonstração artística, seja como competição, o breaking já está presente no mundo inteiro, pois a linguagem do hip-hop dialoga com os valores comuns à juventude, sendo inegável que sua estreia como modalidade olímpica trará uma grande audiência para o evento.

Voz feminina: Qual a sua opinião sobre a inclusão do breaking nos Jogos Olímpicos? Você já parou para pensar sobre o assunto?

Que tal pesquisar sobre campeonatos de breaking, observar as características dessa dança e compartilhar com seus colegas sua visão a respeito disso? Boa pesquisa e até a próxima!

Locutor: Crédito: O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech.

Conte que o breaking surgiu em festas de bairros dos guetos estadunidenses com o objetivo de agregar o maior número de pessoas de qualquer idade. No Brasil, nos anos 1980, a juventude paulistana que trabalhava como office-boy aproveitava o tempo livre para ir ao cinema. Após horas visualizando os movimentos apresentados nos filmes, os primeiros praticantes de breakingos replicavam nas praças usando como caixa de som aparelhos conhecidos por boombox (rádios que tocavam fitas cassetes). Por se tratar de uma prática corporal sem uma didática sistematizada, quem se propunha dançar acabava por reproduzir saltos, giros e movimentos, utilizando todo o seu repertório motor prévio da capoeira, do futebol ou do samba para incrementar as performances.

Atualmente, os dançarinos, chamados de b.boys e b.girls (b. sigla de breaking), treinam e se preparam para as disputas realizadas em bailes, em clubes ou na rua, aprendendo e buscando o reconhecimento dos colegas. Os praticantes participam de batalhas de breaking em que as metas consistem em fazer a melhor pose, executar a acrobacia mais arriscada, mostrar maior habilidade de improvisação e convencer a plateia com seu ritmo, criatividade e estilo. As disputas podem ser realizadas individualmente, em duplas ou em grupos e funcionam no esquema “mata-mata”, ou seja, quem perde sai. Os dançarinos ou grupos se apresentam alternadamente em um ringue circular na frente de juízes, que apontam o vencedor com mais votos. Em média, são dezesseis participantes individuais e entre oito e dezesseis equipes (ou crews). As regras seguem o regimento dos festivais e das competições.

Fotografia. Homem de camiseta azul e calça cinza e laranja apoia as mãos nos apoios de duas barras e caminha sobre elas sobre um tablado. As pernas estão levantadas. Ao redor, há diversas pessoas de ponta-cabeça.
Ao centro, Luca “Leizilégs” Patuelli, b.boy de hip-hop, em baby freeze na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Inverno 2010, em vancúver, Canadá.

Em 2024, pela primeira vez integrando uma olimpíada, o breaking estará nos Jogos Olímpicos de Paris. Essa proposta gerou questionamentos dentro do universo hip-hop, uma vez que não há unanimidade entre os praticantes sobre algo dessa proporção ser benéfico para uma prática com viés cultural tão forte. O rapper (1973-2003) disse em uma de suas músicas que “o rap é compromisso, não é viagem (Rap é compromisso, 2000). Quem canta rap, normalmente gosta de breaking, de grafite e tem um compromisso de luta social que é unificado pelo hip-hop.

Leia com a turma este trecho de entrevista do diretor do Conselho Nacional de Dança Desportiva, José Bispo de Assis “Bispo Ésse bê” sobre a inclusão do breaking nos Jogos Olímpicos de Paris em 2024:

“O breiquin é um dos elementos que compõem a Cultura Hip-Hop. Sendo assim carrega toda ideologia que permeia esta manifestação. Assim como o skate e o súrfedefinimos isso como nosso ‘Life Style’. Temos nossa música, nossa arte e nossa dança. Temos nosso estilo de roupas e nossos locais de encontro, confraternização e organização. Crews são como definimos nossos coletivos. Já temos eventos de alcance internacional e os nacionais”, disse Bispo reticências

MIRANDA, H. G. Breaking: conheça a modalidade que será novidade na Olimpíada de Paris. Lance! Rio de Janeiro, 10 agosto. 2021.

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Para aprofundamento, pesquisem os seguintes sites e vídeos na internet.

  • bái Vários vídeos. Canal de breaking do artista brasileiro Junior Portugal. Ele apresenta trailers, composições e batalhas de breaking.
  • CONEXÃO ESCOLA. Educação Física: BREAKDANCE. Goiânia: 2021. Apresenta material didático com videoaula sobre a evolução histórica da dança, danças urbanas, como movimento de luta e vivência de passos básicos do BREAKDANCE. Disponível em: https://oeds.link/Pl792r. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Canal Jabbawockeez Official. O Jabbawockeez é um grupo de hip-hop criado na Califórnia, Estados Unidos. Foi fundado por quévin Brúer e djou Laró. O que há de inusitado no grupo é o fato de eles dançarem com máscaras.
  • Eu atleta. Neste vídeo, Luís Frabetti, também conhecido como Major, ele apresenta didaticamente uma série de benefícios possíveis obtidos com a prática cotidiana do breaking. Disponível em: https://oeds.link/fAnSgi. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Documentário Nos tempos da São Bento: memória coletiva do hip-hop em São Paulo. Documentário completo. Direção: Guilherme Botelho. Produção: SUATITUDE. São Paulo, 2007-2010: SUATITUDE. Esse documentário retrata as primeiras manifestações do breaking no Centro de São Paulo, com depoimentos de seus precursores, como Nelson Triunfo, êmi cí djék e Thaíde.
  • Vídeo Rico e Asa Top. sikstin Battle [girls freestyle 2on2]. Bboyworld Asia Festival taiuã, 2012. Mostra a batalha de duplas de b.girls no BBOYWORLD Asia Festival realizado em taiuã em 2012. Disponível em: https://oeds.link/83NQrK. Acesso em: 19 abril 2023.
  • Vídeo sân Andréa énd Málish vérsus Páskrer énd Lótus | Cuárter fáinal | Groove Session 2019. Mostra uma batalha de dança que coloca em teste a capacidade de executar diversos movimentos de breaking da melhor maneira possível e da fórma mais criativa. Cada movimento precisa ter o estilo do b.boy e da b.girl e cada performance dura de 30 a 40 segundos, dependendo das regras de cada festival. A batalha apresentada no vídeo foi realizada em nêchatél, na Suíça.

Vamos à prática!

Como dançar breaking?

Objetivo

Conhecer e vivenciar os gestos do breaking.

Materiais

Aparelho de som, celular.

Procedimentos

Inicie com movimentos lentos na posição ereta, a fim de que os estudantes se familiarizem com o ritmo, aumentando a amplitude e a velocidade dos gestos para que a temperatura corporal aumente progressivamente.

Oriente-os a mobilizar as articulações de tronco, quadril, joelhos, punhos e cotovelos, fazendo movimentos sincronizados com as batidas da música. Proponha que criem os movimentos ou que experimentem os apresentados a seguir.

Mostre para os estudantes como realizá-los, pedindo-lhes que os repitam em seguida.

Etapa 1: Top rock: movimentos na posição ereta

Up-rocking: movimento básico em dois tempos

  1. Cruzar os braços na altura do peito com os pés juntos.
  2. Afastar os braços e cruzar uma das pernas à frente.
  3. Voltar para a primeira posição.
  4. Repetir a posição 2 para o lado contrário.

A velocidade desse movimento depende do estilo de dança do praticante, por isso pode ser mais lento ou mais rápido.

Ilustração que mostra uma sequência de movimentos. 1. Uma garota usando boné, camiseta preta e calça camuflada está com as pernas unidas e o braço direito acima do esquerdo, na horizontal e na frente do corpo. O tronco está levemente flexionado. 2. A garota está com a perna esquerda na frente da direita e os dois braços abertos. 3. A garota está com as pernas unidas e o braço direito acima do esquerdo, na horizontal e na frente do corpo. O tronco está levemente flexionado. 4. A garota está com a perna direita na frente da esquerda e os dois braços abertos.
Sequência de movimentos do up-rocking.

Ilustrações desta seção foram elaboradas para esta obra.

Etapa 2: Footwork: movimentos no chão

Agora é hora de mostrar para a turma como praticar o floor rocking, movimento em que ambas as mãos permanecem a maior parte do tempo em contato com o chão.

Floor rocking ou six-steps (seis passos)

  1. Abaixar-se em posição de cócoras.
  2. Cruzar uma das pernas por baixo da outra.
Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes surdos na turma, apresentar vídeos que demonstrem características do breaking quando dançado pode contribuir para a prática. No caso de estudantes cegos, auxilie-os na delimitação do espaço da dança.

Vamos à prática!

  1. Estender a perna que ficou atrás.
  2. Em seguida, usar a perna cruzada na frente para afastar lateralmente.
  3. Cruzar a perna que estava estendida à frente.
  4. Elevar o braço e manter a perna cruzada fazendo uma pose final.
Ilustração que mostra uma sequência de movimentos. 1. Um menino usando boné vermelho e roupa amarela e preta está agachado com a perna esquerda dobrada e os braços abaixados, com as mãos no chão. 2. O menino está com as pernas dobradas, agachado e com o tronco inclinado para a direita; as duas mãos estão do lado direito, tocando o chão. 3. O menino está com o tronco e as mãos inclinados para o lado direito, o tronco levantado e as pernas esticadas, uma para frente, a outra para trás. 4.  O menino está com o quadril levantado, as pernas esticadas para trás e as mãos e as pontas dos pés tocando o chão. 5.  O menino está com as mãos tocando o chão, a perna direita esticada para trás e a perna esquerda dobrada para frente. 6. O menino está com as pernas cruzadas, o tronco levantado e a mão esquerda apoiada no chão. O braço direito está esticado para cima com a mão aberta.
Seis movimentos do flór Rókin.

Etapa 3: Power moves: movimentos que exigem fôrça, potência física e acrobacias aéreas

Back spin (giro de costas)

No back spin, o praticante fica com o corpo grupado e usa uma blusa para proteger suas costas e facilitar o deslize.

  1. Deitar com o lado direito no chão, estendendo o braço e a perna direitos.
  2. Movimentar a perna esquerda na direção da cabeça, preparando a subida da perna direita.
  3. Rapidamente, aproximar as duas pernas no alto, levantando o quadril e fechando com as mãos.
  4. Nesse movimento, forçar um giro das costas, mantendo o quadril o mais alto possível.
Ilustração que mostra uma sequência de movimentos. 1. Menino usando boné branco, camiseta bege, calça e tênis pretos. Ele está deitado no chão com o braço direito e a perna direita esticados; a perna esquerda está dobrada para trás. 2. O menino está com o braço direito esticado, dobra a perna direita e levanta a perna esquerda. 3. O menino está com as costas apoiadas no chão, levanta as pernas e as cruza. 4. O menino está com as costas apoiadas no chão e encolhe as pernas, levando-as para cima do peito.
Os quatro movimentos do back spin.
Fotografia. Menina usando blusa vermelha, calça e tênis pretos. Ela está com a mão direita apoiada no chão, as duas pernas levantadas e afastadas e com o braço esquerdo esticado na direção do pé.
Pose em freeze de b.girl russa. (sem local, sem data)

Etapa 4: Freeze: congelar movimentos

Freeze são poses que exigem do praticante fôrça, equilíbrio e criatividade. Geralmente, a pose precisa ficar estática durante alguns segundos para finalizar a apresentação.

One hand freeze

Uso das mãos como apoio e com as pernas para o alto, flexionadas.

Conectando saberes

Esta seção propõe um trabalho interdisciplinar com História por meio da realização de um debate com a turma, propiciando o desenvolvimento da habilidade (ê éfe zero sete agá ih um cinco), ao demonstrar que, na resistência contra o racismo estrutural, organiza-se a formação de uma cultura periférica embasada na luta pelos direitos civis e na conquista de espaço e identidade.

Dança, guerra e direitos civis

O hip-hop se originou no contexto da juventude afro e latino-americana, residente nos bairros mais periféricos das cidades de Nova iórque e de Miami, nos Estados Unidos, logo após o final da Guerra do Vietnã, em 1975, e no auge da luta pelos direitos civis dessa população não branca, também nos anos 1970. Depois, o hip-hop se expandiu para outros países fóra do continente americano.

Atentos aos fatos de sua época, os dançarinos de breaking, locking e popping, para criar seus passos, se inspiraram nos eventos de sua vida cotidiana nas periferias e também em grandes eventos mundiais. Por exemplo, o giro de cabeça, chamado de headspin, teve como referência as hélices dos helicópteros da Guerra do Vietnã. No rap, isso é representado nas letras das canções, que relatam situações e conflitos, problematizando-os e propondo questionamentos a respeito das desigualdades e das injustiças sociais.

Fotografia. Homem usando boné, óculos escuros, colete jeans e calça bege. Ele está com a cabeça apoiada no chão, os braços esticados ao lado do corpo e as pernas encolhidas e cruzadas.
B.boy dançando e fazendo o movimento headspin (giro de cabeça). [sem local], 2019.

Entre as décadas de 1950 e 1970, a guerra entre Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Camboja e Laos tornou-se um símbolo da Guerra Fria, uma vez que opôs os Estados Unidos, que forneceram apoio militar ao Vietnã do Sul, e a União Soviética, aliada do Vietnã do Norte. Na década de 1960, em razão da extrema violência causada pela intervenção militar estadunidense, surgiram movimentos sociais de contracultura em oposição a esse longo conflito.

Entre 1955 e 1968, o movimento pelos direitos civis, representado pela luta social negra, foi marcado por tendências ora pacifistas, como as ações lideradas por Mártin Lúter Quíngui(1929-1968), adepto das ideias de Marrátma Gândi (1869-1948), ora violentas, como as ações propostas por Málcom xis (1925-1965) e os Panteras Negras, um partido radical e extremista. Os movimentos exigiam o fim da segregação racial no país e reivindicavam justiça étnica e social.

Tais movimentos lutavam contra o apartheid estadunidense, sustentado por um conjunto de leis racistas e resultado da estrutura socioeconômica escravista predominante até o final do século dezenove, especialmente no Sul dos Estados Unidos.

Depois do assassinato de Mártin Lúter Quíngui e de outras lideranças, os Estados Unidos foram tomados por ondas sucessivas de violência, mas, progressivamente, os direitos civis se universalizaram, embora ainda hoje a população negra seja a mais oprimida no país, razão pela qual as ações de luta prosseguem. Exemplo disso foi dado por numerosas manifestações sociais que ocorreram, no país e fóra dele, no ano de 2020, quando djêordji Flóid, um homem negro de 40 anos, foi assassinado por um policial branco, o que provocou um movimento mundial denominado Black Lives Matter, isto é, vidas negras importam.

Agora, organize os estudantes em roda para conversar sobre o apartheid no mundo hoje e o que fazer para pôr em prática ações de luta contra o preconceito e o racismo. Proponha que façam um podcast com o resultado dessa conversa ou montem um setlist de músicas brasileiras e internacionais relacionadas ao tema.

Avaliando em diferentes linguagens

1. Escolha a letra de um rap ou de uma poesia da literatura periférica com os estudantes ou leia para eles a sugestão a seguir.

Felicidade

reticências Ser feliz não quer dizer que não devemos estar revoltados com as coisas injustas que estão ao nosso redor, muito pelo contrário, ter uma causa verdadeira é uma alegria que poucos podem ter.

Por isso, sorrir enquanto luta é uma fórma de confundir os inimigos.

reticências

VAZ, Sergio. Literatura, pão e poesia. São Paulo: Global, 2021. ibúk.

Em duplas, peça aos estudantes que reflitam e façam o que se pede a seguir.

  1. Destaquem um trecho da poesia que chamou a atenção de vocês. Justifiquem.
  2. O que o poeta quis dizer com: “Por isso, sorrir enquanto luta é uma fórma de confundir os inimigos”? Relacionem esse verso com a filosofia do hip-hop.
  3. Escrevam uma estrofe de poesia ou rap que defenda uma “causa verdadeira”, como a paz e o diálogo em detrimento da guerra; versos que denunciem o racismo e valorizem as diferenças.
  1. Observe a imagem a seguir, que mostra assinaturas em grafíti.
    • Em folha avulsa, faça um grafíti com o seu nome. Seja criativo nas cores e nos traços. Se preferir, pesquise vídeos na internet de tutoriais sobre como fazer um grafíti no papel.
Fotografia. Uma parede alta e bege. Na parte superior está uma estrela azul com o número 5 no centro e, abaixo dela, em verde, as palavras REPO CHARM. A letra E de REPO foi substituída pelo número 3. Sobre a parede há diversos grafites com assinaturas coloridas e estilizadas, como DANEZ, KID, ALEXA, MANUE, AUKS.... Ao lado de cada assinatura, há lâmpadas com expressões diferentes (feliz, emburrada, brava etc.).  Na parte inferior, há a ilustração de um homem e de uma mulher, do pescoço para cima. Cada um está em uma extremidade da parede e entre eles há uma assinatura em azul.
Assinaturas em grafíti no bairro do quíns na cidade de Nova iórque, Estados Unidos, 2012.
Orientação para acessibilidade

Se houver estudantes cegos na turma, podem ser usados papéis com diferentes texturas, escrita em relevo em um papel mais rígido, entre outras possibilidades.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Esta seção está relacionada ao tema Cultura e diversidade dos Temas Contemporâneos Transversais (tê cê tês) e reúne as informações compartilhadas até o momento com a pesquisa a ser realizada pelos estudantes para a organização do Festival da Cultura Periférica, tendo como público-alvo familiares e a comunidade escolar. Cada etapa do trabalho é composta de algumas atividades, descritas na sequência.

Construindo o universo hip-hop na escola

Etapa 1: Juntando as ideias

  1. Com a colaboração dos estudantes, defina as regras do festival, isto é, o tempo necessário para organizá-lo e prepará-lo e a data da apresentação. Conversem com os professores de Arte, Língua Portuguesa e Língua Inglesa para auxiliar nas produções.
  2. Formem grupos de três a cinco integrantes, oriente-os a conversar e decidir coletivamente quais elementos do hip-hop serão priorizados no festival. Para apresentar uma visão coletiva desse gênero, cada um dos grupos terá por meta:

compor e cantar uma letra de rap;

realizar uma apresentação de slam;

produzir um grafite de acordo com as orientações dadas por você;

realizar uma apresentação de breaking.

Em todas as modalidades artísticas, deve-se manter o mesmo tema.

  1. Esclareça que os grupos terão de decidir uma temática para ser o centro das apresentações. Poderá ser algo do cotidiano da escola ou da sociedade, ou qualquer outro assunto que tenha alguma relevância na vida deles (combate ao racismo, direito à cultura, valorização da periferia). Não desconsidere nenhuma das sugestões propostas pela turma. É muito importante, nesse momento, a mediação do professor para a escolha e o desenvolvimento dos temas.
  2. Os estudantes devem delimitar a responsabilidade de cada membro do grupo. Por exemplo, quem vai compor a música, quem vai fazer o grafite, quem vai dançar, quem será o mestre de cerimônias, quem vai providenciar os materiais, quem vai atuar como apoio durante as atividades.

Etapa 2: Ensaios e preparativos

  1. Estabeleça um cronograma com a colaboração dos estudantes com vistas a verificar quais aulas de Educação Física podem ser utilizadas para os ensaios da batalha de breaking.
  2. O mesmo deve ser feito com relação aos outros elementos do hip-hop – se possível, com os professores de Arte, Língua Portuguesa e Inglês.
  3. Oriente-os a providenciar o material de papelaria a ser utilizado na confecção dos grafites.
  4. Incentive-os a preparar convites para as famílias e para os membros da comunidade escolar.

Etapa 3: Ensaio geral

  1. O ensaio geral, com a presença de todos os participantes, deverá ser realizado poucos dias antes da apresentação. Esse momento é essencial, pois é a última oportunidade para corrigir e aperfeiçoar os movimentos, realizar os últimos ajustes, fortalecer os pontos fracos, aumentar a segurança e o conforto dos estudantes, para que se sintam prontos para se apresentar diante de uma plateia.
  2. É preciso deixar o cronograma (lista de atividades) das apresentações preparado com antecedência e verificar quais espaços da escola serão utilizados para a batalha e para a exposição.
  3. Explique aos estudantes que eles podem pedir ajuda aos professores, se precisarem.
  4. Incentive-os a registrar as apresentações por meio de fotos e vídeos. Essa prática pode subsidiar eventuais avaliações e autoavaliações.

Etapa 4: Apresentação

  1. Ao final, os estudantes realizam o Festival de Cultura Periférica na unidade escolar com suas produções artísticas, compartilhando todo o processo de construção e aplicação das ideias.
  2. Socialize os vídeos feitos pelos estudantes e converse com eles sobre o que acharam mais interessante e o que poderia ser melhorado numa próxima ocasião. Não se esqueça de elogiá-los pelo esforço.