UNIDADE TEMÁTICA 5 AVENTURAS URBANAS: MANOBRAS CONTRA O PRECONCEITO

Raio-xis da unidade

Competências da Bê êne cê cê

Competências gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 6, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4 e 6.

Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 2, 5, 6, 7, 8 e 9.

Habilidades de Educação Física da Unidade Temática

(ê éfe seis sete ê éfe um oito) Experimentar e fruir diferentes práticas corporais de aventura urbanas, valorizando a própria segurança e integridade física, bem como as dos demais.

(ê éfe seis sete ê éfe um nove) Identificar os riscos durante a realização de práticas corporais de aventura urbanas e planejar estratégias para sua superação.

(ê éfe seis sete ê éfe dois zero) Executar práticas corporais de aventura urbanas, respeitando o patrimônio público e utilizando alternativas para a prática segura em diversos espaços.

(ê éfe seis sete ê éfe dois um) Identificar a origem das práticas corporais de aventura e as possibilidades de recriá-las, reconhecendo as características (instrumentos, equipamentos de segurança, indumentária, organização) e seus tipos de prática.

O que veremos nesta unidade

A proposta de ensino apresentada nesta unidade é discutir sobre a prática corporal de aventura (pê cê á) urbana conhecida como skate. Os objetivos são conhecer e compreender seu processo histórico, os procedimentos necessários para uma prática segura, os benefícios da prática e os estereótipos atribuídos aos isqueitistas.

Na seção ”Conectando saberes“, propomos a interdisciplinaridade com Língua Portuguesa e Língua Inglesa, de modo que, ao relacionar conceitos apreendidos nessas disciplinas, os estudantes tornem-se críticos e reflexivos, contribuindo de modo significativo para a comunidade em que estão inseridos.

O Tema Contemporâneo Transversal (tê cê tê) Cidadania e civismo está presente na seção “Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes“, na identificação dos espaços públicos próximos à escola que podem ser utilizados para a prática do skate.

É importante salientar que as atividades devem ser adaptadas ao contexto da população atendida e da instituição escolar em relação às estratégias, aos espaços, aos materiais e a temas emergentes como a violência contra a mulher, a violência contra o idoso, a criminalidade, a fome e a guerra, entre outros.

De ôlho nas imagens

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Forme duplas e peça que observem as imagens a seguir e reflitam sobre estas questões:

Fotografia. Mulher usando camiseta amarela, calça jeans e tênis. Ela está saltando sobre um skate com a perna direita dobrada e os braços abertos.
Garota em manobra de skate freestyle. [sem local], 2015.
Fotografia. Homem usando camiseta preta, calça cinza e tênis pretos. Ele está saltando de uma rampa. Sua perna direita é amputada e ele apoia os braços em duas muletas para fazer manobras em um skate
Rapaz com deficiência fazendo manobra em rampa de skatepark. [sem local], 2017.
Fotografia. Mulher de cabelo grisalho, usando boné, óculos escuros, blusa vermelha, calça jeans está em cima de uma rampa sobre um skate. Ela está com o joelho direito dobrado e os braços ao lado do corpo.
esqueitista idosa em um skatepark. [sem local], 2011.
Fotografia. Homem de cabelo grisalho, usando blusa azul, bermuda marrom, tênis pretos. Ele está em pé sobre um skate com os joelhos dobrados. Suas costas estão inclinadas para frente.
esqueitistaidoso em um skatepark. Newquay, Inglaterra, 2018.
  • Para você, quem são os praticantes do skate? Você considera que entre eles podem estar pessoas com deficiência, homens e mulheres, crianças e idosos?
  • Por quais motivos você acha que as pessoas praticam skate?
  • Quais são os perigos dessa prática corporal de aventura urbana, e como se proteger deles?

Oriente os estudantes a manter as reflexões dentro do tema e verifique o que já conhecem sobre skate, os equipamentos e os espaços da comunidade adequados a essa prática.

Estimule-os a questionar certos estereótipos atribuídos aos isqueitistas, bem como a combater a concepção discriminatória de que essa modalidade não é destinada a idosos ou a pessoas com deficiência, o que equivale a conceber estes como necessariamente frágeis e sem potencialidades.

Ao final de cada tópico estudado, sugerimos que os estudantes registrem no caderno sobre o que foi estudado e discutido.

Por dentro do tema

Prática corporal de aventura urbana

Peça aos estudantes que leiam o texto a seguir, que trata da origem do skate. Para que o ensino do conteúdo não fique cansativo, você eventualmente pode utilizar, se houver condições para isso, estratégias como a elaboração de um circuito de perguntas e respostas da temática em aplicativos educacionais, os quais podem ser consultados na internet e são de livre acesso. Esses aplicativos estão relacionados às metodologias ativas. A atividade pode ser feita no laboratório de Informática ou, caso alguns estudantes possuam, em smartphones. É importante explicar cada resposta e sanar as eventuais dúvidas.

O skate – Como tudo começou?

Antes de receber o nome de prática corporal de aventura urbana, o skate já era um esporte radical com muitos adeptos. Além dos propósitos de ser uma forma de lazer e um objeto de treinamento e de atividade física, o skate pode também ser utilizado como meio de locomoção. Há pessoas que o utilizam para ir ao trabalho, à escola e ao supermercado, por exemplo.

O isqueite caracteriza-se pela realização de manobras de deslizamento sobre o solo, mantendo o equilíbrio sobre uma prancha (shape), que possui dois eixos (trucks), rolamentos e quatro pequenas rodas. Surgiu em 1918, quando dóqui ríf bóu, um garoto estadunidense, fixou as rodas e os eixos dos patins em uma prancha de madeira e começou a deslocar-se com um dos joelhos apoiado sobre ela, usando o outro pé para impulsionar o skate (Efe ésse pê, 2020).

Ilustração. Componentes do skate. 
A barra de madeira com as extremidades circulares é chamada de shape. Nela há uma lixa autoadesiva e parafusos. Abaixo, há um par de eixos (trucks) e duas rodas em cada um deles. Em cada roda se encaixam dois rolamentos.

Fonte: SkateboardersHQ.

No final dos anos 1950, em razão da falta de ondas no litoral da Califórnia, os surfistas tentavam imitar as manobras do surfe usando rodas e eixos fixados em pranchas de madeira. Assim, em 1959, surgiu o primeiro skate fabricado e comercializado em série, o Roller Derby. A prática recebeu o nome de sidewalksurfing, ou seja, surfe de calçada (Brúque, 1999). Como as rodas do skate eram de ferro e escorregadias, elas causavam sérios acidentes, o que levou à proibição da prática nos Estados Unidos da América.

Em 1963, o sidewalk surfing já era praticado por muitos adolescentes, os quais criaram várias manobras e nomearam a prática de skateboard. Nesse mesmo ano, foi realizado o primeiro campeonato de skate na cidade californiana de Ermôna bítch, com a vitória de Léri steven san.

No final dos anos 1970, o skate se associou a movimentos contestatórios (o new wave e o punk), que criticavam normas e padrões culturais predominantes na época. Por essa razão, o skate passou a ser visto como um esporte rebelde (CARRANÇA, 2021).

Em 2020, estreou como esporte olímpico na edição de Tóquio. Nessa Olimpíada, o Brasil obteve a medalha de prata na modalidade skate street com raíssa Leal, a Fadinha, de 13 anos, a mais jovem medalhista brasileira. Essa conquista olímpica é um dos diversos fatores que têm contribuído para intensificar a popularização dessa prática, que atualmente conta com cerca de 8,5 milhões de adeptos no Brasil, de acordo com a Confederação Brasileira de Skate (2015).

Praticado por homens e mulheres de diferentes idades, o skate também apresenta privilégios de gênero em sua inserção na sociedade brasileira. Em 2018, em uma competição em Santa Catarina, os isqueitistas Indiára Ásp e Pedro Barros disputaram na mesma categoria e ambos ficaram em 1º lugar. Mas o valor do prêmio de Pedro foi muito maior que o de Indiára. Como justificativa, os organizadores do evento disseram que isso ocorreu por causa do menor número de mulheres nas competições e por questões relacionadas ao patrocínio.

Fotografia. Menina usando capacete branco, camiseta azul com a bandeira do Brasil e calça laranja. Ela está com os braços abertos e os pés sobre um skate que está no alto de um corrimão marrom.
raíssa Leal, medalhista de prata nas olimpíadas de Tóquio 2020, na modalidade skate street.

Vamos à prática!

Primórdios do skate

Materiais

Tábuas, garrafa péti de 2 litros com água, cones, fita adesiva, três folhas de papel sulfite marcadas, respectivamente, com os números 1, 2 e 3 em cada uma, banco sueco, cordas de polipropileno ou de sisal, giz de lousa, bolas de medicine ball ou sacos de areia, papelão.

Procedimentos

1. Para identificar qual é o pé de apoio no skate, peça aos estudantes que fiquem em pé, mantendo os dois pés juntos, e que projetem o corpo para a frente, como na imagem 1. O pé que ficar à frente para evitar a queda será o seu pé de apoio no skate, ou seja, aquele que ficará posicionado na parte da frente do shape do skate, como na imagem 2.

Fotografia. Homem usando chapéu redondo branco caído sobre o rosto, terno e calça cinza, sapato cinza. Ele está com o corpo inclinado para frente.
Dançarino inclina o corpo e mantém equilíbrio.
Fotografia. Destaque para as pernas de uma pessoa usando calça branca e tênis pretos sobre um skate. Ao fundo, há rampas.
Pé de apoio à frente no shape do skate.
  1. Divida os estudantes em grupos, que permanecerão em cada uma das estações durante o tempo estipulado. As estações de trabalho serão marcadas com os números 1 a 3. Quando o tempo terminar, o grupo fará o rodízio da seguinte maneira: 1 2 3 1.
  • Estação 1 – Equilíbrio nos sacos de areia ou na medicine ball: subir no saco de areia ou na bola de medicine ball, verificar qual é a perna dominante, que sustentará a posição do corpo durante a atividade, e a perna não dominante, que fará uma pequena abertura na lateral de modo que fique suspensa no ar. A ideia é permanecer nessa posição por 15 segundos, ou contar devagar de 1 001 a 1 015. Em seguida, descansar e repetir a execução.
  • Estação 2 – Posição de flamingo: parado no lugar, cruzar os braços sobre o peito, verificar qual é a perna dominante que vai sustentar a posição do corpo durante a atividade e cruzar o pé da outra perna no joelho da perna dominante, como na imagem 3. A ideia é permanecer nessa posição por 15 segundos, ou contar devagar de 1 001 a 1 015. Em seguida, descansar e repetir a execução.
Ilustração. Homem de camiseta branca e calça azul. Ele está com a perna esquerda no chão e a perna direita dobrada sobre a perna esquerda. As mãos estão unidas, na frente do peito.
Equilíbrio na posição de flamingo*.

Estação 3 Vivência na prancha de equilíbrio: explorar o equilíbrio sobre uma prancha de madeira (tábua), colocada sobre uma garrafa péti de 2 litros com água, que deverá estar em cima de um papelão para não deslizar. De frente para a parede, colocar um dos pés em uma das laterais da madeira, apoiar as mãos na parede para evitar quedas e colocar o outro pé sobre a outra lateral da madeira. A ideia é equilibrar-se com os dois pés sem permitir que a madeira toque o chão. Quando sentir segurança, tirar as mãos da parede. A abertura das pernas não deverá ultrapassar a largura dos quadris. Veja a imagem 4.

Ilustração. Menina usando uniforme escolar branco e azul, apoiada com os dois pés sobre uma tábua de madeira em cima de uma garrafa. Sua mão esquerda está apoiada na parede.
Equilíbrio sobre a prancha*.

* Ilustrações elaboradas para esta obra.

Cuidados para a prática do skate

Para a prática do skate, equipamentos de segurança são necessários, sobretudo para iniciantes: capacete, wristguards (protetores de punho), cotoveleiras e joelheiras (veja a imagem).

Embora pouco usados, os protetores de punho são essenciais para evitar lesões. As roupas devem ser leves, confortáveis e adequadas para não limitar os movimentos do esqueitista; o tênis deve oferecer aderência aos pés (não estar folgado nem apertado) e ter solado plano para facilitar as manobras. Outros tipos de calçado não são adequados à prática do skate.

Ilustração. Rapaz de camiseta bege com estampa colorida, bermuda vinho e tênis cinza. Ele está de braços abertos sobre um skate e com equipamentos de segurança indicados. São eles: Capacete, Cotoveleira, Protetor de punho, Joelheira.

Ilustração elaborada para esta obra.

Então, por que os isqueitistas que aparecem na mídia ou nas praças não usam equipamentos de segurança? Possivelmente, eles já têm o domínio dos movimentos e a consciência corporal. Com a prática, os isqueitistas aprendem como evitar lesões, em caso de queda nas manobras. Porém, quedas, contusões e lesões podem acontecer mesmo para isqueitistas experientes, por isso é sempre recomendável utilizar equipamentos de segurança.

Tipos de skate

Existem quatro tipos de skate, criados para diferentes modalidades e objetivos.

Street: é o mais conhecido, com shape mais fino, truck mais baixo e rodas menores. É utilizado em diversas modalidades, principalmente nas manobras de rua (bancos, corrimãos e outros obstáculos).

Fotografia. Destaque para um skate com lixa preta e rodinhas brancas.

Longboard: usado em descidas e ladeiras, por ser mais veloz e ter maior estabilidade. Com estrutura mais rígida e rodas mais macias, garante melhor aderência ao solo.

Fotografia. Mulher usando camiseta amarela e macacão jeans em pé sobre um skate com os joelhos dobrados e os braços abertos.

Cruiser: semelhante ao longboard, mas em tamanho reduzido. Há dois modelos: o cruiser e o míni cruiser. O comprimento varia de 55 a 75 centímetros. As rodas são mais largas e flexíveis e dão maior estabilidade em pisos e superfícies irregulares, facilitando o deslize urbano.

Fotografia. Destaque para duas pernas usando tênis branco e com um pé sobre um skate pequeno, azul e com rodas grossas e vermelhas.

Waveboard: peculiar e o mais difícil de andar, é mais fino no meio, mais largo nas extremidades e tem apenas duas rodas. Para andar, basta fazer movimentos em direções opostas, sem tirar nenhum pé do skate.

Fotografia. Menina usando colete preto e camiseta colorida listrada, calça jeans e tênis cinza. Ela está em cima de um skate fino no meio e mais largo nas extremidades, com duas rodas finas.
Ilustração de uma pessoa sobre esse tipo de skate, composto por duas plataformas separadas, mas articuladas, que permitem que se crie um movimento ondulado.

Desenho elaborado para esta obra.

Modalidades de skate

As modalidades são skate street, skate vertical e downhill. Veja a seguir cada um deles.

Skate street

O street é a arte de utilizar obstáculos (corrimãos, bancos, escadas, entre outros) para realizar manobras na área urbana. É a modalidade mais praticada, por ser na rua. Veja os tipos:

Xalôm: praticada em skates menores e mais estreitos, o esqueitista faz um percurso onde há cones e balizas, ultrapassando-os em movimentos de zigue-zague, exigindo muita precisão. Na foto a seguir, Dominíque Coválski em competição na França, 2012.

Fotografia. Homem usando capacete, óculos escuros, regata e  bermuda pretos, luvas, joelheiras e tênis pretos está com as pernas esticadas para o lado sobre um skate estreito e passa ao lado de um cone laranja. Seu braço esquerdo está esticado.

Freestyle: praticada em solo plano, explora manobras feitas em sequência, como 360 flip, kickflip, hardflip. Apesar de ser uma das primeiras modalidades do skate, é a que mais foge dos padrões atuais.

Fotografia. Mulher de boné preto, camiseta listrada, calça preta e tênis azuis saltando sobre um skate com a perna direita dobrada e o pé inclinado. A perna esquerda está esticada e os dois braços, abertos.

Skatepark: manobras em obstáculos projetados em uma pista. É uma das modalidades incluídas nos Jogos Olímpicos de 2020. Na foto a seguir, a brasileira nas Olimpíadas de Tóquio.

Fotografia. Mulher usando capacete azul-escuro, regata verde, calça branca e tênis pretos está com as pernas dobradas para frente sobre um skate no alto de uma rampa. Sua mão esquerda está no shape do skate.

Skate vertical

É praticada em pistas de madeira ou concreto, nas quais há paredes e transições (curvas). Há três tipos:

Half pipe: pistas em formato de , que têm cerca de 4 metros de altura. Estrutura pensada para os isqueitistas obterem mais velocidade para “voar“ em suas manobras. É uma modalidade dos X-Games (circuito de eventos de esportes radicais).

Fotografia. Destaque para uma rampa em formato de U. À esquerda, um skatista faz uma manobra bem acima da pista, parecendo voar.

Bowl e banks: pistas em formato de piscina, o bowl tem profundidade de cerca de 3 metros, enquanto o banks é mais raso. Na foto, Tôni Rók no Bôu êi rrama em Sydney, Austrália, 2018.

Fotografia. Um homem usando capacete preto, cotoveleiras, joelheiras, camiseta cinza, está saltando sobre um skate no alto de uma rampa e com os braços abertos; ao fundo há uma pista com formato de piscina com as bordas altas.

Minirrampas: uma míni half pipe (mistura de street com vertical), indicada para o aprendizado de manobras.

Fotografia. Vista de uma pista com duas minirrampas, uma em cada extremidade. Há uma pessoa em pé sobre um skate na descida de uma delas.

Downhill

Consiste em descer ladeiras e executar manobras de derrapagem (os slides), que podem ser executadas das três maneiras a seguir.

  • Carving: realizar curvas e zigue-zagues, simulando manobras de surfe em uma descida suave.
  • Downhill: descer ladeira, morro ou qualquer tipo de terreno com a maior velocidade possível, usando equipamentos específicos de segurança e skate próprio para velocidade. A velocidade máxima pode chegar perto de 150 quilômetros por hora.
Fotografia. Pessoa usando capacete vermelho espelhado, camiseta vermelha e tênis pretos sobre um skate. Ela está agachada, com a mão direita no skate e a mão esquerda ao lado. A fotografia nos permite concluir que ela desce por um terreno em grande velocidade.

Freeride: descer ladeira alternando velocidade e controle de derrapagem (slide).

Fotografia. Homem de capacete preto, camiseta preta, luvas, calça bege e tênis pretos. Ele está sobre um skate com o quadril abaixado, as pernas dobradas e afastadas. A mão direita está no shape e a esquerda, levantada.

Conectando saberes

Propomos um trabalho interdisciplinar com o componente curricular Língua Portuguesa, ao desenvolver a habilidade (ê éfe seis nove éle pê cinco cinco), reconhecendo as variedades da língua falada, o conceito de norma padrão e o de preconceito linguístico, bem como com a Língua Inglesa, ao desenvolver as habilidades (ê éfe zero sete éle ih dois um), (ê éfe zero sete éle ih dois dois) e (ê éfe zero sete éle ih dois três), analisando o alcance da língua inglesa e os seus contextos de uso no mundo globalizado, explorando modos de falar em língua inglesa e reconhecendo a variação linguística como manifestação de fórmas de pensar e expressar o mundo.

Do preconceito ao esporte olímpico

Em 1988, Jânio Quadros, prefeito da cidade de São Paulo, proibiu a prática do skate. Isso ocorreu em virtude de os isqueitistas usarem espaços públicos para a realização de manobras, como o Parque do Ibirapuera, onde ficava o prédio da prefeitura. Isso foi malvisto por parte da população, que considerava essa conduta rebelde. Estereótipos como vagabundos, usuários de drogas, malandros e rebeldes caracterizavam os isqueitistas daquela época (BRANDÃO, 2007).

Apesar da discriminação e dos preconceitos contra os isqueitistas, essa prática é bastante popular no Brasil. A disseminação do skate se deu, entre outros motivos, pela divulgação de músicas, roupas e competições. Um marco musical do skate no Brasil foi a banda de rock Chárli bróun Júnior., formada em 1992. Um exemplo é a letra da canção “Somos extremes no esporte e na música”, de 2000, que faz uma crítica à criminalização do skate. A banda tem outras canções relacionadas ao skate.

Entre os isqueitistas, é comum o uso de jargões ou gírias para tornar rápida a comunicação. Por exemplo:

  • Fazer session: sair para andar de skate, dar um rolê.
  • Point: lugar de encontro do grupo.
  • Nipe: que está bem arrumado, no estilo.
  • Gangueiro: que veste roupas mais largas e leves.
  • Truta ou tru: amigão, parceiro, brother, brô.
  • Cabrero: manobra difícil e impressionante.
  • Osso: situação ruim.
  • Capote: queda do skate.

Ressalte que essa linguagem tem várias origens, sobretudo na Língua Inglesa. Oriente os estudantes a realizar o trabalho, que consiste em compor duas estrofes que denunciem o preconceito contra os isqueitistas. Essas estrofes devem conter algumas gírias utilizadas por eles. Após a construção de duas estrofes na Língua Portuguesa, solicite a composição na Língua Inglesa. Faça uma parceria com os professores desses dois componentes curriculares.

Ao final, peça que apresentem a composição à turma, tanto na Língua Portuguesa quanto na Língua Inglesa.

Tirinha em 3 quadros.
Quadro 1: Cascão está usando um capacete roxo, camiseta amarela, macacão xadrez vermelho e preto, cotoveleiras e joelheiras. Ele está sobre um skate, de olhos fechados, sobrancelhas erguidas e braços abertos. Ele diz: LÁ VAI O ÁS DO SKATE! Ao lado, Cebolinha está em pé, com os olhos arregalados.
Quadro 2: Cebolinha, com a mão direita levantada, pergunta: CASCÃO! VOCÊ NÃO SABE QUE É PLOIBIDO ANDAR DE SKATE AQUI NO PALQUE?
Quadro 3: Cascão está sobre o skate, com os joelhos dobrados, os braços abertos, sorrindo e explica: MAS EU ESTOU PARADO! QUEM ESTÁ ANDANDO É O SKATE! Ao lado, Cebolinha está surpreso.

Vamos à prática!

Para esta atividade, trazer alguns skates de qualquer estilo (street, longboard, cruiser). O importante é que os estudantes vivenciem a remada e o equilíbrio no skate.

Se possível, convide um esqueitista da região para um bate-papo com a turma, abordando, por exemplo, a carreira no skate, o treinamento e o preconceito contra essa prática. Peça a ele que demonstre algumas manobras.

Estudantes que já têm familiaridade com o skate podem auxiliar os colegas com menos experiência, dando suporte no equilíbrio em cima do skate. Você, professor, pode se sentir inseguro e/ou preocupado em relação à prática do skate, sobretudo em razão de quedas e lesões, por isso os equipamentos de segurança são essenciais.

Peça aos estudantes que tenham um skateque o levem para a escola, assim como seus equipamentos. Enfatize a todos que mantenham o respeito e a empatia com os colegas, evitando constranger aqueles que têm mais dificuldade.

Pesquise vídeos com temas como “skatepara iniciantes” ou “como andar de skate para iniciantes” e apresente-os aos estudantes.

Primeiras remadas no skate

Material

Skates (street, longboard, cruiser)

Procedimentos

Forme grupos, levando em consideração a quantidade de skates disponíveis para essa atividade. Peça que respeitem o limite dos colegas, além de preservar a segurança na hora da prática.

Um integrante do grupo deve sentar-se no skate com os pés em cima do shape. Em seguida, um colega deve empurrá-lo devagar. Aquele que estiver em cima do skate tentará se equilibrar e direcionar o skate. Troquem de lugar. Depois que todos do grupo andarem sentados no skate, é hora de ficarem em pé. Um integrante deve ficar em cima do skate e outro colega auxiliará no equilíbrio. Manter os joelhos semiflexionados proporciona maior equilíbrio.

Atenção! Lembre-se da posição dos pés em cima do skate: eles não devem ficar muito na frente nem muito atrás. Procure sempre o equilíbrio para se manter em pé. Observe as posições dos pés na imagem a seguir.

Ilustrações mostrando a posição dos pés em cima do skate.
1. Base. Shape de skate. 
O pé esquerdo atrás e o direito na frente: Goofy. 
O pé direito atrás e o pé esquerdo na frente: Regular.
2. Remando. Shape de skate. 
O pé esquerdo atrás e o pé direito fora do skate: Goofy Mongo. 
O pé direito atrás e o pé esquerdo fora do skate: Mongo.
3. Recomendável.  Shape de skate.
O pé esquerdo fora do skate e o pé direito na parte superior do skate: Goofy. 
O pé direito fora do skate e o pé esquerdo na parte superior do skate: Regular.

Se estiverem confiantes, peça que tentem andar sozinhos no skate. Diga para colocarem o pé de apoio na parte da frente do shape e, com o outro pé, darem uma remada no chão (impulso). Em seguida, oriente-os a colocar o pé na parte de trás do skate e tentar se equilibrar. Apresente a eles as imagens a seguir.

Ilustração em quatro movimentos.
1. O pé de apoio está na parte da frente do shape. O outro pé está no chão.
2. O pé que está no chão dá um impulso.
3. Após o impulso, o pé que estava no chão se prepara para subir no shape.
4. Os dois pés estão no shape.

Ilustrações desta seção foram elaboradas para esta obra.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Cidadania e Civismo.

A proposta é realizar um levantamento das condições para a prática do skate na própria comunidade, com o objetivo de contribuir para melhorá-las, ou para que sejam criadas, se ainda não existirem. A atividade envolve o Tema Contemporâneo Transversal Cidadania e civismo.

Inicialmente, peça aos estudantes que escolham uma região próxima à escola ou que frequentem no dia a dia para mapear se há espaços públicos nesses locais. Em seguida, pesquisem se há neles algum skatepark ou minirrampa para a prática do skate.

Caso haja, peça que sigam o roteiro de perguntas:

AVALIAÇÃO DO ESPAÇO PARA A PRÁTICA DO SKATE

• O skatepark ou a rampa de skate está em bom estado de conservação para a prática do skate?

• Quais são os principais problemas encontrados por vocês?

• Quais são os obstáculos nesse local?

• O ambiente ao redor desse espaço público é seguro?

• Há vigias e outros funcionários trabalhando no local?

• Existe infraestrutura de banheiros, bebedouros e lixeiras?

• Quem frequenta esse local?

• Há skatistas no local? Se sim, você tem alguma pergunta para fazer a eles? Qual?

• Quais são os poderes públicos responsáveis pela construção e pela conservação do local?

Com base nesse levantamento, peça aos estudantes que escrevam uma petição ao órgão público responsável solicitando a criação de uma ou mais estruturas para a prática de skate, caso ainda não na região, ou eventuais melhorias na ou nas .

Se a região já contar com estruturas adequadas, ainda assim pode ser elaborada uma petição que apoie a iniciativa e solicite atenção na manutenção das boas condições para a prática do skate.