UNIDADE TEMÁTICA 2 LUTAS DO MUNDO E SUAS TRANSFORMAÇÕES

Raio-xis da unidade

Competências da Bê êne cê cê

Competências gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 7, 8, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 5 e 6.

Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

Habilidades de Educação Física da Unidade Temática

(ê éfe oito nove ê éfe um seis) Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e respeitando o oponente.

(ê éfe oito nove ê éfe um sete) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas.

(ê éfe oito nove ê éfe um oito) Discutir as transformações históricas, o processo de esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respeitando as culturas de origem.

O que veremos nesta unidade

Esta unidade tem o objetivo de apresentar o boxe e o dambe (boxe nigeriano), bem como suas transformações ao longo da história, abordando os elementos e as curiosidades sobre essas lutas; pretende-se também que os estudantes vivenciem essas práticas.

Na primeira seção “Conectando saberes”, são feitas as relações com o tê cê tê Educação em direitos humanos, discutindo questões raciais e de gênero (os direitos das mulheres no boxe).

Na segunda seção “Conectando saberes”, são feitas as relações com o tê cê tê Diversidade cultural ao propormos um trabalho interdisciplinar com o componente curricular Geografia, ao abordar aspectos da Nigéria, como população, urbanização, política, cultura e, sobretudo, o dambe, luta tradicional desse país africano, que resiste ao preconceito e à pouca popularidade no mundo.

Por fim, na seção “Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes”, sugerimos uma ação pedagógica para a construção de valores por meio dos jogos de oposição ou lutas.

DE OLHO NAS IMAGENS

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Fotografia. Duas mulheres lutando boxe. Uma está usando capacete, uniforme e luvas azuis; outra, usando capacete, uniforme e luvas vermelhas. As duas estão em pé, com os joelhos levemente flexionados, um dos braços dobrado ao lado do rosto e o outro esticado na direção do rosto da adversária.
As boxeadoras simrangí cór bárt (Índia) versus Siusaporn síssamdí (Tailândia) em disputa nos Jogos Olímpicos de Tóquio, 2020.
Fotografia. Dois homens sem camiseta estão com a mão direita enfaixada e ajustada com cordão e o pulso fechado ao lado do corpo. Ao fundo, há diversas pessoas sentadas observando a luta.
Com a mão direita enfaixada e ajustada com cordão, jovens boxeadores lutam dambe em cára ícherim, Nigéria, 2016.

Apresente as imagens aos estudantes e faça estas perguntas:

  • Você conhece ou já viu alguma dessas lutas? Em que lugar? Qual é a semelhança entre elas?
  • O que mais chamou sua atenção nas lutas apresentadas nas imagens? Qual delas você tem curiosidade de conhecer e vivenciar? Justifique.
  • Essas lutas podem ser vivenciadas por pessoas de todas as idades, gêneros, condições físicas e etnias? Justifique.

Atente-se às respostas dos estudantes, a fim de elaborar o plano de ensino das próximas aulas. Em caso de total desconhecimento das lutas apresentadas, sugerimos que pergunte aos estudantes quais são as semelhanças e as diferenças entre essas lutas e outras que eles conheçam. Desse modo, ao iniciar o conteúdo, aproveite para fazer comparações entre as lutas da unidade e aquelas mencionadas pelos estudantes, ressaltando características únicas das lutas estudadas, assim como elementos que elas têm em comum. Além das questões apresentadas, outras podem ser elaboradas conforme o interesse e a necessidade do contexto em que os estudantes estão inseridos.

O boxe e o dambe são exemplos de lutas do mundo, mas você pode sugerir o ensino de outras lutas, se achar mais conveniente, bem como apresentar outras propostas pedagógicas para ensiná-las.

Por dentro do tema

Leia com os estudantes o texto “A trajetória histórica do boxe” da página a seguir e pergunte se eles conhecem algo sobre modificações de outras lutas ao longo da história. Solicite uma pesquisa com base nos seguintes questionamentos: Quais outras lutas foram modificadas ao longo da história? Como essas lutas eram praticadas no início de sua criação e como são praticadas agora? A pesquisa pode ser realizada no laboratório de informática, na biblioteca da escola ou em outro local que considerar adequado. Oriente que as buscas não devem ser realizadas em redes sociais ou blogues pessoais e que se deve buscar sempre fontes confiáveis para todas as pesquisas escolares. Peça aos estudantes que registrem os achados da pesquisa no caderno e apresentem os resultados. Desse modo, a turma poderá conhecer diversas lutas que se modificaram ao longo da história. Caso prefira, sugira algumas lutas para pesquisa, como muay thai, luta greco-romana (wrestling) e tae kwon du .

A trajetória histórica do boxe

As lutas são manifestações da cultura corporal de movimento que foram criadas na Antiguidade. Alguns registros demonstram a existência das lutas desde a Pré-História, em função da necessidade da sobrevivência humana.

Na Grécia antiga, durante os primeiros jogos olímpicos, já era possível observar práticas de lutas a dois. Combates que usavam as mãos e os punhos também estavam presentes e foram popularizados pelo pancrácioglossário e pelo pugilatoglossário (soutermam, 2009).

Fotografia. Alto relevo representando luta entre atletas. Eles estão de perfil, com o tronco para frente e as pernas afastadas. Um deles segura com as duas mãos o braço do outro, que tenta afastar o oponente empurrando-o pelo ombro com a mão livre.
Alto relevo em pedra que mostra a representação de uma luta entre atletas no Pancrácio, Atenas, Grécia, cêrca de 510 antes de Cristo
Fotografia. Pintura em ânfora, com a silhueta de três pessoas. À direita, dois homens estão em pé, segurando-se pelos braços levantados. As mãos estão enfaixadas. À esquerda, uma pessoa observa. Predominam a cor preta nas silhuetas e o amarelo da ânfora.
Pintura em ânfora de cerâmica grega que mostra a representação do Pugilato entre atletas com mãos enfaixadas, cêrca de 336 antes de Cristo

O boxe é uma luta praticada mundialmente e uma das modalidades mais antigas dos jogos olímpicos.

No século dezessete, na Inglaterra, começou a assumir características de esporte, quando foi elaborado um rigoroso conjunto de regras para a modalidade, eliminando o uso das pernas como armas. Djék Broughton (1743-1838) criou as luvas, a demarcação de um espaço específico (quadrado) para delimitar a luta e determinou que os combatentes não poderiam se golpear abaixo da linha da cintura.

Segundo soutermam (2009), houve alterações também nas categorias, quando os participantes passaram a lutar com oponentes de pesos similares, por segurança. Porém, a criação das regras do boxe moderno foi feita oficialmente pelo Marquês de Queensbury, em 1867.

Hoje, o boxe é um esporte de combate dinâmico, no qual os lutadores usam luvas acolchoadas e utilizam as mãos e os punhos para atacar e se defender. O objetivo é golpear o oponente para pontuar ou nocauteá-lo, seguindo um conjunto de regras. Essa luta faz parte das Olimpíadas e de outros campeonatos, como os Jogos Pan-Americanos.

No Brasil, todas as entidades seguem o mesmo padrão de regras da Confederação Brasileira de boxe, que é a principal entidade do esporte, seguida das federações de cada estado.

Como podemos observar, o boxe transformou-se ao longo da história. Começou como uma prática sem regras eficazes para a manutenção da integridade física dos lutadores e tornou-se um esporte organizado, seguro, no qual prevalecem a técnica e a tática, em vez da fôrça bruta.

Características e regras do boxe

O boxe é uma luta que pode ser classificada em amadora e em profissional. O amador é vinculado à associação mundial International Boxing Association (aibá), em que não se compete por prêmios em dinheiro, além de ser obrigatório o uso de proteções durante a luta. No boxe profissional, o lutador compete por prêmios em dinheiro e, uma vez profissionalizado, o boxeador não pode voltar a competir como amador.

Fotografia. Dois homens usando capacete vermelho e luvas pretas. Eles estão em pé um de frente para o outro com os braços dobrados abaixo do rosto.
Homens em treino de boxe amador. Banda Aceh, Indonésia, 2020.
Fotografia. Duas boxeadoras. Uma está usando uniforme preto; outra, uniforme branco. Elas têm um dos braços flexionado e com o outro tentam atingir a adversária. Ao fundo há uma arquibancada.
As boxeadoras Estelle Mossely (França) versus rianína dél cámêm lescãno (Argentina) em disputa de boxe. Dubai, Emirados Árabes Unidos, 2022.

soutermam (2009) aponta as proibições comuns ao boxe amador e ao profissional: golpe na nuca, atrás da cabeça e abaixo da cintura; cabeçadas intencionais; chute; derrubar ou dar as costas ao adversário; e utilizar objetos que não sejam as luvas.

As principais regras do boxe seguidas pelas entidades que regulamentam a modalidade são:

As categorias são divididas por idade: masculino e feminino, de dezenove a quarenta anos são boxeadores de Elite; de dezessete e dezoito anos, boxeadores Juvenis; de quinze e dezesseis, boxeadores Cadetes.

Protetor Bucal deve ser usado pelos boxeadores, não podendo ser vermelho.

Luvas de dez onças para mulheres e homens até a categoria 64 quilogramas. A partir dela, luvas de doze onças devem ser utilizadas.

Protetor de cabeça, para mulheres, cadetes e juvenis.

Em todas as competições no masculino e feminino Elite e no Juvenil masculino e feminino, os combates devem ter a duração de três (3) rounds, de três (3) minutos, com um minuto de descanso.

SILVEIRA, Glaura Gaiaralde. Boxe na Educação Física: possibilidades e tensões no ensino das lutas na escola. Florianópolis, 2017. página 16.

A pontuação é determinada em rodadas (rounds) pelos árbitros, que podem atribuir a cada lutador no máximo 10 pontos. Ao final de todas as rodadas, a pontuação obtida por cada boxeador é somada para determinar quem é o vencedor (10 pontos). Cada vez que o lutador é derrubado (sofre um knockdown), ele perde 1 ponto. Se, na mesma rodada, os dois lutadores forem derrubados, os knockdowns se anulam.

Fotografia. Homem usando luvas e calção brancos, sem camiseta, está em pé com os braços na frente do corpo. Na sua frente há um homem de calção preto caído no chão. À direita há um árbitro em pé e com a mão direita levantada. Ao fundo há uma arquibancada com pessoas.
O boxeador Shawn Porter sofre um knockdown, ou seja, é derrubado por Terence Crawford durante uma luta. Las Vegas, Estados Unidos, 2021.

Os critérios utilizados para a pontuação são: a quantidade e a qualidade dos golpes na área permitida; o domínio do ringue e do combate; a competitividade; a superioridade técnica e tática; a violação do regulamento; e a consideração do ringue inteiro.

Ringue (local oficial de luta de boxe)

Ilustração. 
Ringue com 1 metro de altura e 6,1 metros quadrados com rede branca ao redor, medindo 1,3 metro de altura. No centro do ringue há dois boxeadores: um usando capacete e uniforme azul; outro usando capacete e uniforme vermelho. Ao lado há um árbitro e ainda dentro do ringue um cronometrista. Próximos às redes há um treinador e um auxiliar para cada boxeador. Ao redor do ringue, sentados a mesas, há mais cinco árbitros, um médico e um representante da Federação.

Fonte: Gazeta do Povo. Disponível em: https://oeds.link/Tk2tkB. Acesso em: 21 julho. 2022.

soutermam (2009) aponta os critérios para a decisão da luta. A vitória pode ser por pontos (pê pê), abandono (A bê), decisão do árbitro (érre ésse cê, érre ésse cê - agá ou RSC-I), nocaute (cá ó); nocaute técnico (Ká ó tê), desclassificação (Dê ê ésse cê.), não comparecimento (dâbliu ó) ou empate (ê ême pê).

As vestimentas no boxe são compostas de camisetas sem manga, shorts e sapatos especiais. Além disso, são utilizados equipamentos como coquilha (protetor genital), protetor de seios e protetor bucal. Na categoria amadora, são utilizados também luvas de ponta branca e capacetes nas cores azul ou vermelha, correspondentes ao corner, canto do ringue que está designado para a equipe do lutador. Nela, as categorias são divididas por peso, idade e gênero (masculino e feminino). No boxe profissional, as categorias são divididas por peso e gênero.

Os principais movimentos do boxe são:

1. Jab: girar o quadril e estender o braço esquerdo à frente, virando-o com a palma da mão para baixo.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
1. Menino usando calção preto e amarelo, tênis pretos, luvas vermelhas gira o quadril e estende o braço esquerdo à frente, virando-o com a palma da mão para baixo.

2. Direto: tem a mesma mecânica do jab, porém é realizado com a mão direita.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
2. O menino faz os mesmos movimentos, agora usando o braço direito.

3. Cruzado: girar o quadril e levantar o cotovelo na altura do ombro com a mão cruzando à frente do rosto.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
3. O menino gira o quadril e levanta o cotovelo na altura do ombro com a mão cruzando à frente do rosto.

4. Gancho: é desferido de baixo para cima com a palma da mão virada para dentro.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
4. O menino aplica o golpe, desferido de baixo para cima com a palma da mão virada para dentro.

5. Uppercut: é um golpe desferido de baixo para cima que visa atingir o queixo do oponente. Geralmente é desferido com a mão de trás da guarda, tendo em vista que é um golpe lento que visa causar maior impacto.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
5. O menino aplica o golpe, desferido de baixo para cima que visa atingir o queixo do oponente.

6. Esquiva: joelhos semiflexionados e rotação do quadril para os lados direito e esquerdo.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
6. O menino semiflexiona os joelhos e faz uma rotação do quadril para os lados direito e esquerdo.

7. Pêndulo: esquiva usada para sair de golpes retos e até mesmo de ganchos.

Ilustração. Principais movimentos do boxe.
7. O menino está com as mãos na altura do peito. Em seguida, ele abaixa as mãos na altura da barriga e dobra os joelhos. Por fim, volta com as mãos na altura do rosto.

Ilustrações elaboradas para esta obra.

Ícone do boxe Fique Ligado.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Você sabia que, além do nocaute, existe o nocaute técnico? Entenda um pouco mais pesquisando o caso do boxeador rérbert Conceição, que conseguiu medalha nas olimpíadas de Tóquio ao nocautear seu adversário.

Conectando saberes

Cidadania e Civismo.

Personalidades do boxe

Esta seção contempla o tê cê tê Educação em direitos humanos no que diz respeito às questões raciais e aos direitos das mulheres. Faça a leitura dos textos a seguir, que contam a história de murrãmad Ali e de Adriana Araújo, ou, se desejar, oriente os estudantes a elaborar uma pesquisa prévia sobre esses dois atletas, fomentando a reflexão sobre a história de vida deles.

murrâmadi alí

Cassius Clay (nome de batismo), lutador estadunidense nascido na cidade de Louisville (Kentucky – Estados Unidos), no dia 17 de janeiro de 1942, converteu-se ao Islamismo, mudando o seu nome para murrâmadi alí. O lutador conquistou 57 vitórias no boxe, sendo 37 por nocaute, e teve somente cinco derrotas durante a sua carreira como atleta.

Fotografia. Boxeador Cassius Clay, usando luvas e calção pretos com os dois braços dobrados à frente do corpo.
Em 1962, aos 20 anos, Cassius Clay posa para foto em Nova iórque, Estados Unidos.

murrâmadi alí ajudou a popularizar o boxe no mundo por levar suas lutas a diversos países. Foi também defensor dos direitos dos negros e usava a sua popularidade no esporte para denunciar o racismo estrutural na sociedade estadunidense nos tempos em que a segregação racial era permitida por lei nos Estados Unidos. Negou-se a lutar na Guerra do Vietnã para defender os Estados Unidos. Como punição, perdeu seus cinturões e foi banido do esporte durante três anos, além de ser condenado a cinco anos de prisão. Conseguiu seguir em liberdade pagando uma fiança e retornou ao Boxe em 1970, após revisão e reversão da sua sentença pela Suprema côrte dos Estados Unidos.

Adriana Araújo

A primeira e única mulher brasileira medalhista olímpica no boxe feminino foi Adriana Araújo, que nasceu em 4 de novembro de 1981, na comunidade de Brotas, no subúrbio de Salvador. Ela conquistou a medalha de bronze na categoria leve (até 60 quilogramas), nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

A atleta não imaginava que o boxe praticado em casa e na comunidade transformaria a sua vida. Ela ficou conhecida no mundo do boxe como Adriana “mão pesada” e quebrou o jejum de 44 anos do boxe brasileiro sem ganhar uma medalha olímpica.

Adriana Araújo passou por muitas dificuldades e enfrentou diversos preconceitos, desde a marginalização por ser mulher praticante de boxe até a desvalorização por órgãos oficiais que regulamentam o esporte.

Fotografia. Adriana Araújo sorrindo e segurando uma medalha de bronze no peito.
Adriana Araújo: primeira boxeadora amadora brasileira a ganhar medalha olímpica no boxe feminino no Brasil. Londres, Inglaterra, 2012.

Após anos do bronze olímpico, Adriana continua a carreira, agora no boxe profissional. Já disputou diversas lutas e é destaque na modalidade. Segue treinando de fórma igualitária com os atletas do boxe masculino, em Salvador, e lutando contra o preconceito e por mais respeito à mulher na sociedade em geral e no boxe, em particular.

Ícone do boxe Fique Ligado.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Para aprofundamento, pesquise na internet as reportagens e os vídeos a seguir.

  • Reportagem A doce e dura vida de Adriana Araújo: Primeira e única medalhista de boxe feminino do Brasil em Olimpíadas, de Marcelo Gomes, especial para ê ésse pê êne, ê ésse pê êne, 20 agosto. 2018.
  • Vídeo Adriana Araújo: medalhista em Londres e campeã na vida. Publicado pelo canal A TARDE, 16 agosto. 2012.
  • Reportagem murrãmad Ali: 80 anos da lenda do boxe e ícone do orgulho racial, de Sérgio Falcão, O Povo, 17 janeiro. 2022.
  • Vídeo Globo Esporte presta homenagem a murrãmad Ali. Publicado pelo canal gê é, 2016.
Ícone do boxe Avaliando em diferentes linguagens.

Avaliando em diferentes linguagens

Promova uma discussão ampla sobre a participação das mulheres nas lutas, o espaço conquistado e o cenário de preconceitos ainda existente, e verifique a compreensão da turma com as questões a seguir.

  1. Você acredita que o boxe é exclusivo para homens?
  2. Em 2012, ocorreu a inclusão do boxe feminino nas Olimpíadas. Sabendo disso, você acha que as mulheres ainda sofrem preconceitos ao praticar lutas? Justifique com exemplos.
  3. Na sua opinião, a participação das mulheres nas lutas é importante? Justifique.

Ao final, anotem as principais ideias discutidas, que poderão ser divulgadas em cartazes ou nas redes sociais da escola. Uma dica que pode aprofundar a reflexão sobre a participação das mulheres no boxe é o filme Menina de ouro (2004), que traz a discussão de uma mulher que é treinada por um técnico que não aceitava lutadoras.

Fotografia.  Duas mulheres treinando boxe. Uma está usando regata rosa e luvas pretas na altura do queixo. Na sua frente, outra mulher está usando regata e luvas pretas. Ela também está com o braço dobrado na frente do corpo na altura do rosto.
Mulheres em treino de boxe.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Se houver estudantes cegos na turma, é importante que haja uma delimitação do espaço, por exemplo, por meio de cordas. O uso de sinalizadores auditivos é também uma alternativa para a prática.

Nocaute na bexiga

Antes de iniciar a atividade, sugerimos a realização de uma roda de conversa com a turma sobre o momento a ser experienciado, ressaltando os cuidados a serem tomados e a necessidade de respeitar os colegas. Retome a concepção de luta, violência e agressividade antes da atividade, tornando os conceitos claros para todos os estudantes e docentes do ambiente escolar (FERREIRA, 2006). Apresente os objetivos da atividade, permitindo a ressignificação de concepções equivocadas sobre as lutas e possibilitando que os estudantes compreendam que tais práticas corporais são acessíveis a todos.

Antes do início da atividade, sugerimos alertá-los sobre a necessidade de retirar todos os adereços (brincos, cordões, relógios e outros), para que todos possam participar das movimentações com segurança. O jogo pode ser adaptado ou reorganizado conforme as necessidades de aprendizagem da turma. Assim, outros materiais podem ser utilizados de acordo com a disponibilidade ou as condições de aquisição. A delimitação do ringue pode ser feita com anteparos (cones ou outros materiais), caso as marcações no chão sejam inviáveis. Em vez de tentar acertar o outro com as mãos fechadas, os estudantes podem segurar uma bexiga na mão de ataque (representando a luva de boxe) etc.

Objetivos

Vivenciar movimentos do boxe, compreender a utilização do espaço de luta na modalidade e aprender a utilizar o nocaute na luta.

Materiais

Bexigas; barbante, linha ou tê êne tê para amarrar a bexiga no braço; e giz para desenhar o ringue.

Procedimentos

  • Organize a turma em duplas, que permanecerão dentro de um ringue (um quadrado grande desenhado no chão). Cada estudante prenderá a ponta da bexiga cheia em um pedaço de barbante e o amarrará no bíceps.
  • O objetivo do jogo é tentar acertar (com o braço livre) um golpe do boxe na bexiga do colega adversário. Se ela estourar, é nocaute e, se ela for atingida ou tocada, marca-se 1 ponto. Os golpes serão inseridos na atividade, gradativamente, pelo professor: jab, direto, cruzado, uppercut e gancho.
  • Nesta atividade não é permitido sair do ringue nem estourar a bexiga usando a mão aberta.
  • Vence o jogo quem fizer o maior número de pontos por rodada, ou quem nocautear o adversário primeiro, sem sair do ringue. A contagem da pontuação pode ser feita pelas duplas ou por um árbitro (um estudante) que auxilie na contagem.
  • Para facilitar a atividade, no início do jogo, pode-se relembrar os movimentos do boxe.

Conectando saberes

Esta seção propõe um trabalho interdisciplinar com Geografia, abordando a habilidade (ê éfe zero oito gê ê dois zero), enfatizando as características da Nigéria no que se refere aos aspectos culturais do dambe ou boxe nigeriano.

Será contemplado o tê cê tê Diversidade cultural, por meio do estudo e da compreensão da luta tradicional de um povo africano que muitas vezes é desvalorizada em função do preconceito e da pouca popularidade fóra do próprio país.

Sugerimos que leia com os estudantes o texto a seguir. Depois da leitura, promova uma roda de conversa a partir das características levantadas por eles sobre o tema, de modo a compreender por que a Nigéria é um país em que grande quantidade da população vive abaixo da linha da pobreza.

Dambe: boxe nigeriano

A República Federal da Nigéria é um país localizado na África Ocidental e a sétima nação mais populosa do mundo, com mais de 206 milhões de habitantes. Sua população é composta de mais de 250 grupos étnicos. rráussa, iorubá, iguibôu, fuláni, tíve, canurê, Ibíbiou e aigjá são os povos que concentram o maior número de nigerianos, o que resulta em uma grande diversidade linguística, mesmo sendo o inglês sua língua oficial.

Sua vegetação é composta de mangues, pântanos, florestas tropicais e vegetação de savana. Sua hidrografia é composta dos rios Níger (um dos maiores rios do continente africano), Benue, entre outros.

Mapa da Nigéria

Mapa. Mapa de uma parte da África com destaque para a NIGÉRIA com a capital Abuja ao centro. Na região sul, a cidade de Lagos, à beira do Oceano Atlântico. Há a indicação dos rios Benue e Níger, assim como o nome dos países próximos da Nigéria: Níger, Chade, Camarões, Benin, Togo e Guine Equatorial.
Na parte superior, à esquerda, há um globo terrestre indicando o recorte da África destacado.
Na parte inferior, à direita, a rosa dos ventos; abaixo, a escala de 0 a 200 km.

Fonte: FERREIRA, Graça M. L. Atlas Geográfico: o espaço mundial. 4. ed. rev. atual. São Paulo: Moderna, 2013. página 81.

A taxa de urbanização da Nigéria é de 51,2%, e Lagos é a cidade mais populosa, com mais de 13 milhões de habitantes. O país tem uma elevada taxa de crescimento populacional, de 2,6%.

A Nigéria é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (ôpép) e rica em recursos naturais, como petróleo e gás natural. A agropecuária também faz parte da economia do país e concentra a maior parte da mão de obra.

Fotografia. Vista aérea da cidade de Lagos. À esquerda, um rio e uma estrada. No centro e à direita, prédios e praças com árvores.
Vista aérea de Lagos, cidade mais populosa da Nigéria, 2020.

Em relação aos aspectos culturais, é berço do dambe ou boxe nigeriano com uma mão, uma fórma de boxe tradicional associado ao povo rráussa, que habita principalmente o norte da Nigéria, o sul de Níger e o sudoeste de cháde, na África ocidental. O dambe era praticado tradicionalmente por homens como fórma de preparação para a guerra, e muitas técnicas utilizadas na luta remetiam às batalhas.

Nessa luta, a mão direita do lutador é envolvida com tiras de pano ou gaze, ajustadas depois com um cordão chamado “Kára”, transformando-se em um socador. A mão esquerda, que fica livre, tem papel majoritariamente defensivo. Algumas lutas já usam luvas de boxe.

Cada luta tem três assaltos, sem limite de tempo, e perde quem cair no chão, se ajoelhar ou se render. Existem poucas regras estabelecidas, e o ringue é improvisado e sem nenhuma proteção.

A maioria dos lutadores usa amuletos para ter proteção e sorte durante a luta, e muitos realizam rituais antes e após seus combates.

Fotografia. Homem sem camiseta usando colar e adornos no braço direito, que está enfaixado com cordões amarelados.
Jovem boxeador se prepara para a luta dambe, em Lagos, Nigéria, 2018.
Fotografia. Homem sem camiseta usando um amuleto preto e vermelho no pescoço. Em seu braço direito há adornos com cordões coloridos.
Um jovem boxeador usa amuleto para lutar dambe em Kara-Isheri, Nigéria, 2016.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Se houver estudantes cegos na turma, é importante que haja uma delimitação do espaço, por exemplo, por meio de cordas. O uso de sinalizadores auditivos é também uma alternativa para esta prática.

Dambe adaptado

Antes de iniciar a atividade, sugerimos a realização de uma roda de conversa com a turma sobre o momento a ser experienciado. Destaque os objetivos da atividade e discuta concepções equivocadas sobre as lutas e suas práticas na aula de Educação Física escolar. Ressalte a necessidade de ter cuidados com o outro e de respeitar o próprio corpo.

Antes do início da atividade, sugerimos alertar os estudantes sobre a necessidade de retirar todos os adereços (brincos, cordões, relógios etcétera.), para que todos possam participar das movimentações com segurança.

Objetivo

Vivenciar os elementos básicos que compõem o dambe.

Materiais

Giz, fitas de tê êne tê e materiais pessoais dos alunos para fazer o amuleto.

Procedimentos

Divida a turma em duplas. A dupla desenhará com o giz um ringue

Vamos à prática!

para delimitar o seu espaço de lutas. Cada estudante receberá uma fita de tê êne tê e envolverá a mão direita, que será a mão de ataque e a única que poderá pontuar. A mão esquerda será a mão de defesa para bloquear os golpes do oponente.

Antes de iniciar a luta, os estudantes podem confeccionar seus amuletos da sorte e de proteção para usar durante o combate, caso queiram. Utilize tê êne tê e os materiais pessoais que os estudantes trouxerem para a aula.

Determine as partes do corpo que valerão pontos se forem atingidas pela mão de ataque, como braços, pernas, costas, ombros etcétera. De tempos em tempos, troque as partes do corpo que pontuarão, em comum acordo com a turma.

As duplas, posicionadas frente a frente, iniciarão o combate com a mão direita atrás e com a mão esquerda à frente. Ao sinal, as duplas tentarão tocar com a mão de ataque a parte do corpo determinada no início do combate o maior número de vezes.

  • Cada combate será composto de três rounds de 30 segundos, e o tempo pode aumentar gradativamente, se a turma concordar.
  • Vence quem acertar o maior número de golpes, com a mão de ataque (direita), durante os três rounds.
  • Durante a prática, lembre-se de que os estudantes podem auxiliar na ampliação da atividade, como ajudar a escolher diferentes partes do corpo para serem acertadas, misturar mais partes do corpo para serem atingidas e aumentar a complexidade do jogo.
  • No momento final da atividade, sugerimos organizar uma roda de conversa para tecer com os estudantes as percepções deles durante a atividade e discutir se compreendem ser importante estudar os elementos culturais de diferentes lutas pelo mundo.
Fotografia. Dois homens sem camiseta estão com a mão direita enfaixada e ajustada com cordão e o pulso fechado ao lado do corpo. Ao fundo, há diversas pessoas sentadas observando a luta.
Início do dambe, com a mão esquerda de defesa à frente e a mão direita de ataque atrás. Kara-Isheri, Nigéria, 2016.

Ícone do boxe Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Agregando valores com os jogos de luta

Nesta seção, sugerimos a elaboração de um festival de jogos de luta, fomentando a pesquisa, o protagonismo estudantil e a aplicação dos conhecimentos adquiridos sobre as lutas do mundo. Estimule os estudantes a participar de todo o processo e a criar um ambiente propício à liberdade de expressão e de ideias no decorrer da elaboração e execução do festival.

Perceba que serão abordados os valores das lutas nos jogos de oposição. Sugerimos que seja sempre enfatizada com os estudantes a adaptação dos jogos, de modo que permita a participação de todos, destacando a inclusão social proporcionada pelas lutas e sua relação com uma prática repleta de valores e significados (SILVEIRA, 2017).

Para isso, sugerimos as etapas:

  1. Pesquise na internet e apresente à turma o VÍDEO AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: Lutas (Ensino Fundamental dois). [sem local], 2014. 1 vídeo (3 minutos 15 segundos). Portal Clickideia. O objetivo é que os estudantes compreendam melhor as lutas nas aulas de Educação Física, sua transformação histórica, as culturas dos povos, alguns tipos de luta de curta e de longa distância e quais valores podem ser construídos com essas manifestações da cultura corporal de movimento. Disponível em: https://oeds.link/7uTE1b. Acesso em: 20 abr. 2023.
  2. Divida a turma em grupos de 4 ou 5 estudantes; cada grupo realizará pesquisas sobre novos jogos de oposição ou lutas:
    1. No primeiro momento, serão relembrados os jogos de oposição vivenciados nesta unidade para aprender o boxe e o dambe. Depois, os estudantes responderão se todos conseguiram fazer os jogos de oposição propostos na unidade e perceber a construção de valores como respeito, lealdade e pacificidade.
    2. Por último, pesquisarão um novo jogo de oposição para apresentar à turma e proporcionar uma vivência para todos na próxima aula. Essa pesquisa pode ser realizada de diversas maneiras, desde que em fontes confiáveis: em casa ou no laboratório de informática da escola, na biblioteca ou pela internet do celular. A pesquisa deverá seguir um roteiro disponibilizado no decorrer das aulas:

Roteiro de pesquisa dos grupos

Apresentar um jogo de oposição ou de luta com:
a) Nome do jogo de luta.
b) Regras: detalhar o objetivo do jogo, seu espaço e duração, bem como descrever como alcançar os pontos.
c) O nome da modalidade de luta do mundo (por exemplo: boxe, esgrima etc.) que pretende ensinar, a partir desse jogo de oposição.
d) Valores (respeito, solidariedade, honestidade, responsabilidade e empatia) que estão sendo construídos nesse jogo de oposição.
Significados dos valores nos jogos de oposição ou de lutas:
Respeito
: tratar bem o adversário, agir com consideração e não dizer ofensas nem insultos durante os jogos de oposição.
Solidariedade: estar disposto a ajudar, acompanhar e auxiliar a resolver o problema de outra pessoa nos jogos de oposição.
Honestidade: ser verdadeiro, não mentir e não roubar nos jogos de oposição.
Responsabilidade: responder pelos próprios comportamentos durante os jogos de invasão.
Empatia
: colocar-se no lugar do adversário, ou seja, compreender o outro e respeitá-lo.

3. Feitas as pesquisas, cada grupo de estudantes as apresentará à turma, por meio da explicação e da vivência do jogo de oposição, ou luta, pesquisado. Após cada atividade, a turma fará transformações nas regras do jogo de oposição apresentado para torná-lo possível para a turma e estimular a construção de valores como respeito, solidariedade, honestidade, responsabilidade e empatia.

No final da atividade, questione a turma sobre quais valores eles acreditam que foram trabalhados no jogo de oposição. O grupo contará à turma quais valores principais pretendia desenvolver com a atividade proposta.

  1. Após a apresentação dos trabalhos, informe aos estudantes que eles selecionarão os jogos de oposição de que mais gostaram e que construirão um festival, na escola, de jogos de oposição. Cada jogo escolhido deve agregar a construção de pelo menos um dos valores abordados. O festival será construído, organizado e mediado por professores e estudantes.
  2. Após o festival, reúna os estudantes para discutir quais valores, dos que foram estudados, estavam mais presentes no evento. A seguir, oriente a construção de frases ou palavras de impacto que melhor representam os valores construídos durante o festival. Essas informações serão espalhadas pela escola e divulgadas em suas redes sociais, com fotos de momentos do festival, para mostrar os valores que podem ser construídos com o estudo das lutas.

Glossário

Pancrácio
: mistura do boxe clássico e luta olímpica com golpes e técnicas de lutas que incluem socos, chutes, cotoveladas, joelhadas, cabeçadas, estrangulamentos, agarramentos, quedas, arremessos, derrubadas, imobilizações, torções, chaves e travamento das articulações; sem tempo determinado, com grau de violência elevado e regras flexíveis, só acabava quando o oponente se rendia.
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Pugilato
: luta de socos com os punhos cobertos com uma espécie de luva de couro grosso e duro, reforçada com placa de metal, tiras rígidas ou saliências pontiagudas; com regras flexíveis; sem categorias e com uso de muita fôrça física.
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