UNIDADE TEMÁTICA 3 DANÇAS DE SALÃO

Raio-xis da unidade

Competências da Bê êne cê cê

Competências gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 7, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 1, 2, 5, 6, 7, 9 e 10.

Habilidades de Educação Física da Unidade Temática

(ê éfe oito nove ê éfe um dois) Experimentar, fruir e recriar danças de salão, valorizando a diversidade cultural e respeitando a tradição dessas culturas.

(ê éfe oito nove ê éfe um três) Planejar e utilizar estratégias para se apropriar dos elementos constitutivos (ritmo, espaço, gestos) das danças de salão.

(ê éfe oito nove ê éfe um quatro) Discutir estereótipos e preconceitos relativos às danças de salão e demais práticas corporais e propor alternativas para sua superação.

(ê éfe oito nove ê éfe um cinco) Analisar as características (ritmos, gestos, coreografias e músicas) das danças de salão, bem como suas transformações históricas e os grupos de origem.

O que veremos nesta unidade

Esta unidade temática apresenta o percurso histórico das danças de salão sob a perspectiva da resistência cultural, refletindo acerca dos preconceitos e dos estereótipos e tratando das africanidades na América Latina.

Serão propostas vivências com os elementos do tango argentino e do samba-róqui, trazendo conexões com Língua Portuguesa, Geografia, Arte e o Tema Contemporâneo Transversal (tê cê tê) Educação em direitos humanos.

Serão tematizados os primórdios e as contemporaneidades dessas danças, com o intuito de desconstruir perspectivas negativas sobre o acesso a elas. Como parte dessa desconstrução, propõe-se a exibição de trecho do filme Vem dançar (2006), que trata do contraste cultural e da diversidade da cultura corporal de movimentos, seguida de uma roda de conversa para a reflexão crítica e a recriação das danças pelos estudantes.

Para finalizar a unidade, propõe-se a organização de um festival de danças de salão, envolvendo outras turmas da escola na criação e na ressignificação de coreografias pelos estudantes da comunidade escolar.

DE OLHO NAS IMAGENS

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Apresente as imagens desta página aos estudantes. Incentive-os a refletir sobre estas questões:

  • Que características você observa nas imagens? A que épocas e locais elas remetem? Que sentimentos os dançarinos e as dançarinas expressam?
  • Você já assistiu a uma apresentação de uma das danças mostradas nas imagens? Conhece alguém que pratica alguma delas?

Verifique se a turma identifica que são exemplos de danças de salão. Levante os conhecimentos prévios dos estudantes e explique que são imagens de tango, samba de gafieira e rockabilly, que dialogam com o tema estudado nesta unidade temática.

Fotografia. Homem usando chapéu preto e branco, camisa branca de manga comprida, calça bege e sapatos pretos está com a perna direita esticada para trás, a perna esquerda dobrada para frente, o braço direito enlaçando a cintura de uma mulher e o braço esquerdo levantado, tocando a palma da mão direita da mulher. A mulher usa vestido verde, está com as pernas cruzadas e com a mão esquerda sobre o braço do homem.
Casal dançando samba de gafieira. [sem local], 2015.
Fotografia. Casal dançando em uma rua. A mulher usa vestido vermelho e salto alto preto. Está com a perna esquerda esticada para trás e a perna direita dobrada para frente. Ao seu lado, um homem de chapéu, colete, calça e sapatos pretos está com a perna direita para frente, o braço direito ao redor da cintura da mulher e o braço esquerdo dobrado ao lado do corpo, de mãos dadas com a mulher.
Jovem casal dançando tango. Buenos Aires, Argentina, 2013.
Fotografia em preto e branco. Homem de camisa clara, calça e sapatos escuros está com as pernas abertas em um espacate, os braços abertos e com a mão esquerda dada com a mão de uma mulher usando vestido claro, em pé e com os braços abertos. Atrás, há homens de terno e mulheres de vestido observando.
Jovens dançando rockabilly. Londres, Inglaterra, 1959.

Por dentro do tema

Pelos caminhos da dança de salão

A dança de salão passa a fazer parte da vida da nobreza europeia a partir da Idade Média. Volp (1994) a define como uma modalidade em que os dançarinos, em pares, sincronizam passos ao som da música. Minueto, polca e valsa tornaram-se populares na Europa e foram determinantes para o desenvolvimento das funções de condutores e conduzidos nas danças, movimentações a dois e posturas de braços.

No Brasil, Faria (2011) relata a presença das danças africanas com a vinda dos primeiros africanos escravizados, que se depararam com as tradições europeias dos colonizadores e indígenas. Entre 1581 e 1640, quando o Brasil foi colônia da Espanha, as danças trazidas desse país foram a cachucha, a meia-canha e a tirana. Nos séculos dezessete e dezoito, as danças populares trazidas pelos primeiros imigrantes foram o minueto, a gavota (danças que estavam na moda na Europa), o fandango, a cana-verde, a dança da santa cruz, a dança de São Gonçalo e a chimarrita.

A partir de 1880, segundo o autor, o maxixe, primeira dança de salão brasileira, resultante da mistura de culturas, começa a ganhar espaço nos clubes carnavalescos, indo do popular ao aristocrático. Ele foi considerado uma dança proibida e abusada, sem estilo musical definido e imoral. Era praticado pelas camadas populares e ganhou os salões de baile ao som do lundu, da polca e do xótis.

Nos países latinos, os movimentos corporais passam a apresentar mais liberdade, expressão da sensualidade e quebra da rigidez. Enquanto a côrte brasileira dançava valsa e quadrilhas, as camadas menos favorecidas dançavam o lundu em grandes folguedos nos terreiros no entorno das casas imperiais.

Lundu: reticências constituiu-se como uma dança popular, de pequenos passos, que fazia requebrar o corpo, sensual e de par separado, dançada inicialmente em roda, praticada por negros, mulatos, mestiços e crioulos em rodas de batuque e posteriormente foi consumido pelas camadas sociais médias e pela aristocracia. Atualmente é considerada como dança folclórica. Esta dança é antecessora da dança do maxixe e musicalmente contribuiu para a sua criação da sincopa.

JOSÉ, Ana Maria de São. Samba de gafieira: corpos em contato na cena social carioca. 2005. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005. página 54.

Pintura. Ao centro, há um homem usando chapéu, camisa, calça, meias e sapatos com as pernas cruzadas e os braços levantados. Na sua frente, uma mulher usando camisa rosa, faixa vermelha na cintura e saia comprida amarela está com as mãos na cintura e o corpo inclinado para o lado. Estão próximos a uma fogueira e ao redor dela há diversas pessoas sentadas, observando e tocando instrumentos. Ao fundo, há árvores, troncos de madeira e uma casa com pilares altos.
rugêndas, iôrrán Mórits. Dança lundu. 1835. Litogravura, 22,0 cm por 27,8 cm.

A dança de salão é realizada aos pares e possui fundamentalmente quatro abordagens: social, pedagógica, artística e competitiva. Há diferentes estilos de danças, como as clássicas internacionais (tango, salsa, valsa, bolero, merengue, mambo, paso doble, chá-chá-chá, jive, zouk, rumba) e as contemporâneas nacionais (forró, samba de gafieira, lambada, sertanejo, samba-róqui).

Dança e resistência: tango e samba-róqui

O tango surgiu em Buenos Aires no final do século dezenove, combinando elementos da habanera cubana, do candombe e da payada, tanto nos ritmos sonoros como nas corporeidades, que ainda se expressam no tango atual. Pereira (2011) afirma que o tango ganhou fórma em bailes e desfiles patrocinados pela comunidade negra local. Segundo o autor, ao longo do século dezenove, os africanos escravizados e seus descendentes articularam em várias capitais da América associações e sociedades nas quais pudessem expressar e legitimar suas redes de identidade social e étnica. Destaca-se a região do Rio da Prata, especialmente a cidade de Buenos Aires, que recebeu muitos escravizados com origem semelhante à do Sudeste brasileiro.

Leopoldo (2019) aponta que, em razão da maciça imigração na Argentina, da relação com diversas culturas, da política de embranquecimento e de um tipo de moralidade que se constituiu com a própria formação do eu nacional argentino, o tango passou por um processo de hibridização muito forte, recebendo inclusive influências da música erudita europeia e de estilos musicais já estilizados, como o jazz.

No Brasil, temos também a história do samba enquanto resistência. Sousa (2020) afirma que grupos descendentes da diáspora africana se organizaram em quilombos, irmandades religiosas, associações, sociedades, agremiações, blocos carnavalescos, escolas de samba, bailes e outros

coletivos que se caracterizam pela multiplicidade, pela versatilidade e pela dinamicidade. Dessa fórma, o samba e suas variações, como o samba-róqui, o samba de gafieira e a umbigada, representam processos históricos em que a cultura expressiva negra se apresenta em um contexto de redes de solidariedade e coletividade, como os clubes e bailes.

O samba que tem rock e outros ritmos

A dança de casal desenvolve-se pelo contato e pela comunicação corporal entre os pares, com passos codificados e vocabulários próprios de cada dança. Rodrigues (2006) aponta que, na dança de salão, é necessária uma escuta corporal recíproca entre os pares, com atenção à transferência de peso, ao acompanhamento sincronizado e à variação do tônus muscular em cada parte do corpo.

Segundo o autor, o samba-róqui surgiu na década de 1970 nos bairros populares de São Paulo; apesar de não haver registros escritos sobre a dança, eles estão presentes na memória coletiva. Ele pode ser dançado com vários tipos de música por meio de giros, rodopios e enlace dos braços, desenhando inúmeras figuras.

É um estilo de dança que reúne passos oriundos do samba, do rock e de ritmos caribenhos, como a rumba e a salsa, trazendo influências dos passos do rockabilly dos anos 1950. Com movimentos suaves e muitos giros, o casal, sempre de mãos dadas, apresenta muitos movimentos de braços que se cruzam sobre a cabeça e ao redor da cintura. Os pés acompanham o ritmo da música.

Desde 2016, o samba-róqui é reconhecido como patrimônio imaterial paulista pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.

Movimentos de giros do samba-rock

Ilustração. Movimentos de giros do samba-rock. 
1. Um homem usando camiseta, bermuda e tênis azuis está em pé e com as mãos esticadas para frente, na direção de uma mulher usando camiseta amarela e calça azul. Ela também está com as mãos esticadas para frente. 
2. O homem está com a mão esquerda levantada e segura a mão da mulher no alto. Sua mão direita está nas costas dela e eles giram. 
3. A mulher está de frente para o homem, segura as mãos dele e gira para a direita. 
4. A mulher está ao lado do homem, segura seus braços e suas costas. Ela gira para a esquerda e ele gira para a direita. 
5. A mulher está atrás do homem, segura a mão dele por cima da cabeça e eles giram para a direita. 
6. A mulher está ao lado do homem. Eles estão com as mãos dadas no meio. O homem gira para a esquerda  e ela, para a direita.

Ilustrações elaboradas para esta obra.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes surdos na turma, apresentar vídeos que demonstrem características do samba-rock quando dançado pode contribuir para a prática. No caso de estudantes cegos, auxilie-os na delimitação do espaço da dança.

No ritmo do samba-róqui

Verifique os conhecimentos prévios perguntando aos estudantes o que eles conhecem sobre o samba como ritmo e dança.

Mencione que existem inúmeras variações desse ritmo brasileiro e conte que conhecerão o samba-róqui.

Peça aos estudantes que pesquisem vídeos sobre essa dança.

Objetivos

Vivenciar e fruir os passos do samba-róqui, compreendendo as características (ritmos, gestos, coreografias e músicas) dessa dança.

Materiais

Aparelho celular com caixa amplificadora ou equipamento acústico

Dois pra cá, dois pra lá

Certifique-se de ter em mãos uma boa playlist de samba-róqui, com canções mais antigas e contemporâneas, abrangendo artistas como Ben Jor, Funk Como Le Gusta e Seu Jorge.

Verifique se alguém da turma conhece passos de algum tipo de samba e organize uma roda para que demonstrem seus conhecimentos.

Organize a turma em duplas e peça que realizem os seguintes passos básicos do samba-róqui:

  1. Dois para direita e dois para a esquerda: de mãos dadas com o parceiro de dupla, simultaneamente, dê dois passos curtos para a direita e retorne dois passos para a esquerda. É importante lembrar que o movimento com o parceiro não será espelhado, e sim invertido. Ou seja, o lado direito de um e o lado direito do outro, em um movimento levemente circular.
  2. Marcação no pé: dois passos para a direita, o pé direito marca o passo, dois passos para a esquerda, o pé esquerdo marca o passo.
  3. Gingado dos braços: o balanço das mãos auxilia na contagem do passo e das variações.
  4. Giros: uma possibilidade de variação é fazer um giro para o lado direito e para o lado esquerdo.

Além disso, a improvisação complementa as características do aprendizado dessa prática.

Passos ritmados

Instrua os estudantes a perceber a contagem de uma frase musical com movimentos em oito tempos.

Apresente esta se­quência para que sejam realizadas em duplas:

1, 2: dois passos para a direita (iniciar com as duas pernas juntas; em seguida, afastar a perna direita para a direita, juntar a perna esquerda e repetir o movimento).

3, 4: dois passos para a esquerda (mesma sequência, porém iniciar com a perna esquerda).

5, 6: dois passos para a frente (iniciar com as duas pernas juntas, deslocar a perna direita para a frente, juntar a perna esquerda, repetir o movimento).

7, 8: dois passos para trás (mesma sequência, porém iniciar com a perna esquerda).
Giro no próprio eixo: iniciando novamente a contagem, escolha quem da dupla iniciará o giro.

1, 2: giro completo no sentido horário.

3, 4: giro completo no sentido anti-horário.

5, 6: trocar a pessoa que realizará o giro no sentido horário.

7, 8: giro completo no sentido anti-horário.

Considere experimentar as primeiras tentativas sem música até que a sequência seja compreendida por todos.

Conectando saberes

Esta seção aborda as habilidades (ê éfe zero oito gê ê zero um) e (ê éfe zero oito gê ê zero quatro) de Geografia ao apresentar as rotas de dispersão da população humana pelo planeta e os principais fluxos migratórios em diferentes períodos da história, especificamente na América Latina. Contempla, também, as habilidades de Língua Portuguesa (ê éfe oito nove éle pê três dois) e (ê éfe oito nove éle pê três sete) ao analisar os efeitos de sentido do uso de mecanismos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre as manifestações artísticas da música, além dos efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como a metáfora nas letras das músicas. Trata, ainda, da importância dos tê cê tês, abarcando a Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras.

Música da diáspora africana

A diáspora africana contribuiu significativamente no campo dos ritmos e danças nas Américas.

As línguas faladas nas Américas, e especificamente a Língua Portuguesa, são constituídas de uma infinidade de outras línguas dos povos que aqui habitavam e dos que foram chegando. O tráfico de escravizados trouxe pessoas de diferentes nações, com grande parte de falantes do tronco banto. Apontes (2010) afirma que as línguas desse tronco ajudaram a formatar um novo traçado linguístico, bem como contribuíram fortemente para a formação de uma “nova” cultura no Brasil, na América Latina e no Caribe. E cita as principais: quicongo, umbundo e quimbundo, que deram origem a palavras como tango, samba, conga, bongô, ginga etcétera. com a presença, no interior dos vocábulos, dos grupos consonantais ême bê, êne dê, êne gê.

Para refletir sobre o tema, peça aos estudantes que observem o mapa a seguir e respondam:

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que o mapa seja descrito oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Ritmos originários da diáspora africana nas Américas (2012)

Cartaz. Ritmos originários da diáspora africana nas américas (2012). 
Na parte superior, o título: MÚSICA DA DIÁSPORA AFRICANA. Ao fundo, um mapa em tons de verde com destaque para as Américas. Acima do mapa, as palavras: house, techno, r&b, gospel, rock, hip hop, funk, rock, blues, soul, jazz, son jarocho, reggae, rumba, timba, mambo, disco, salsa, son cubano, konpa, méringue, dancehall, punta, bullerengue, currulao, bambuco, cumbia, dub, reggaetón, calypso, carimbó, tambor, festejo, morenada, lambada, tambor de crioula, xaxado, maracatu, samba, batucada, jongo, tango, candombe, choro, funk carioca, lundu, axé, afoxé, frevo.

Fonte: The Decolonial Atlas

  • Esse mapa mostra os muitos ritmos originários da diáspora africana nas Américas. Você já ouviu falar de algum deles?
  • Além da origem afro-latina, o que acha que eles têm em comum?
  • Localize o samba e o tango no mapa e note a sonoridade dessas palavras. (Mostre aos estudantes as semelhanças dos sons das palavras jongo, tango, lundu, bongô ou dos sons das palavras com ême bê – tambor, candombe, samba, carimbó.)

O samba-róqui surgiu nas periferias e difundiu-se Brasil afora nas vozes de Djéksôn do Pandeiro, Jorge Ben Jor, Simonal, Tim Maia e Elza Soares.

Fotografia. Capa de disco. Na parte superior esquerda, o título: ELZA SOARES. No centro, a cantora, de cabelo castanho volumoso, vestido verde, a boca semiaberta e os dois braços cruzados na frente do corpo.
Fotografia. Capa de disco. Na parte inferior direita, o título: JORGE BEN – SAMBA ESQUEMA NOVO. À esquerda, o cantor, de cabelo preto curto, camisa vermelha, calça jeans, sapatos pretos sentado com as pernas cruzadas e segurando um violão no colo.
Fotografia. Capa de disco. Na parte superior, o título: OS GRANDES SUCESSOS DE JACKSON DO PANDEIRO. No centro, o cantor, de chapéu branco redondo e bigode.

Capa Somos todos iguais, Elza Soares, 1985. Capa Samba esquema novo, Jorge Ben, 1963. Capa Os grandes sucessos de Jackson do Pandeiro, 1982.

Reúna os estudantes para ouvir “Chiclete com Banana” de Djéksôn do Pandeiro, uma canção do repertório do samba-róqui, e fazer uma leitura coletiva da letra a seguir.

Chiclete com banana

Djéksôn do Pandeiro

Eu só boto bebop no meu samba

Quando Tio Sam tocar um tamborim

Quando ele pegar

No pandeiro e no zabumba.

Quando ele aprender

Que o samba não é rumba.

Aí eu vou misturar

Máiâmi com Copacabana.

Chiclete eu misturo com banana,

E o meu samba vai ficar assim

Eu quero ver a confusão

É, um samba-róqui, meu irmão

É, mas em compensação,

Eu quero ver um boogie-woogie

De pandeiro e violão.

Eu quero ver o Tio Sam

De frigideira

Numa batucada brasileira.

CHICLETE com banana. Intérprete: Djéksôn do Pandeiro. Compositores: Gordurinha e Almira Castilho. In: NOVA História da Música Popular Brasileira – Djéksôn do Pandeiro e os Nordestinos. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 1 disco vinil, lado 2, faixa 3 (2 minutos 35 segundos).

  1. Faça um levantamento das possíveis interpretações que se referem às misturas de ritmos e culturas nas expressões destacadas em negrito.
  2. Pergunte se alguém conhece outras canções de samba-róqui, por exemplo, uma famosa música de Jorge Ben Jor que cita o samba misto com maracatu (“Mas que nada“, 1963), e discuta a história do tango e do samba-róqui como manifestações surgidas por meio da fusão de diferentes culturas, mas que preservam a resistência do povo negro no Brasil.

Apresente à turma Lélia Gonzalez, que lutou contra o racismo e o sexismo e ajudou a fundar o Movimento Negro Unificado (ême êne u). Comente sobre o pretuguês, conceito por ela firmado que traz a ideia da língua do povo brasileiro com as fortes influências africanas. Encaminhe uma pesquisa para casa sobre a biografia dessa intelectual e ativista negra e peça que tragam exemplos de palavras de origem africana que utilizamos em nosso cotidiano.

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Pesquise na internet artigos sobre a ativista Lélia Gonzalez e apresente-os aos estudantes. Como sugestão, indicamos os artigos a seguir.

  • GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade.
  • PORTAL Gueledés. Hoje na História, 1935, nascia Lélia Gonzalez.
  • GONZALEZ, Lélia. Para compreender a “Améfrica” e o “pretuguês”. Outras palavras.

Dialogue com os estudantes sobre a vinda dos africanos às Américas e sua importante contribuição nos ritmos, nas danças e na linguagem. Apresente mais um conceito de Lélia Gonzalez: amefricanidades.

Organize com a turma um painel abarcando o que já sabem sobre palavras e ritmos africanos no Brasil, utilizando os conceitos pretuguês e amefricanidades.

Percursos do tango

Silva (2013) apresenta o tango como uma dança de origem popular, transmitida pela tradição oral e reconhecida desde 2009 como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, desde sua proposição pela Argentina e pelo Uruguai. No Brasil, Porto Alegre é um dos lugares em que o tango se desenvolveu.

A autora relata a omissão preconceituosa de sua origem em 1877 com o candombe – dança separada que movimenta o quadril – pelos negros que viviam nos bairros da periferia de Buenos Aires. Os imigrantes italianos, então, retiraram algumas características da dança afro do tango. Há contribuições andaluzas, hispânicas, italianas, africanas, cubanas e portenhas.

Rocha (2011) aponta as transformações ocorridas no tango brasileiro entre 1850 e 1995. As influências europeias são as mesmas do tango argentino: mazurca (Polônia), polca e valsa (Áustria), country dance (Inglaterra), schottisch (Escócia), tango andaluz (Espanha), música clássica lírica (Itália), cuplés e varietés (França) e fado (Portugal).

As principais influências africanas citadas são de batuque do candomblé e do candombe, enquanto as influências regionais latino-americanas são da música campeira, principalmente milonga (Brasil, Argentina e Uruguai), habanera (Cuba) e lâmdu brasileiro.

Ele cita que em 1870 já existiam composições de tango usando violão, flauta transversa, pandeirinho espanhol ou brasileiro, violino e piano, além dos atabaques, que foram logo retirados.

Em 1895, surgiu a primeira composição de um tango em Buenos Aires e, nessa mesma época, Chiquinha Gonzaga compôs diversos tangos brasileiros, tangos-choros, lundus, entre outros gêneros.

Em sua pesquisa, Silva (2013) apresenta os estudos do tango de Nau-Klapwijk (2006), que associa seu desenvolvimento à grande quantidade de imigrantes europeus do sexo masculino, que se viam obrigados a treinar as figuras da dança para não passar vergonha diante da escassez de mulheres.

O tango, considerado uma dança de marginais e prostitutas, chegou a Paris no início do século vinte por meio dos marinheiros e dos jovens das classes mais altas, que frequentavam os bordéis e viajavam a Paris. Até 1910, era dançado entre homens. Apresente as imagens a seguir à turma.

Fotografia em preto e branco. À frente, em um mercado antigo, homens de chapéu, roupa social e avental estão de mãos dadas, dançando. Ao redor, há outros homens e crianças.
Trabalhadores do Mercado Modelo de Buenos Aires dançando tango como parte das comemorações pelo fechamento do mercado. O Mercado Modelo foi demolido em 1835 para a construção da Avenida de Mayo.

Atualmente, há preconceitos em relação à dança, que é considerada feminina e delicada. Questione a opinião da turma em relação a essa questão, apresente o clipe Ainda bem, de Marisa Monte (rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado), e pergunte aos estudantes se reconhecem as pessoas que estão dançando.

Explique que são Anderson Silva, um famoso lutador de muay thai e ême ême á, e Marisa Monte, cantora e compositora. Questione os estudantes se o fato de um lutador dançar tango causa estranhamento. Levante a discussão sobre os estereótipos de dançarinos, julgamentos e preconceitos relacionados ao gênero com que ainda deparamos nas danças de salão.

Fotografia em preto e branco. Seis duplas de homens usando roupa social com coletes ou suspensórios e chapéus. Eles estão de mãos dadas, dançando na parte rasa de um rio, com as calças arregaçadas.
Homens dançando tango no rio da Prata. Buenos Aires, Argentina, 1904.
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Pesquise na internet o clipe a seguir e apresente-o aos estudantes.

AINDA bem. Marisa Monte – Clipe Oficial. [sem local], 2011. 1 vídeo (3 minutos 44 segundos). Publicado no canal Marisa Monte.

Postura e gestos no tango

Silva (2013) apresenta a técnica sistematizada pelo casal de bailarinos Dinzel e Dinzel (2011), que ajudou na percepção das mais de 3 mil figuras que existem no tango. A postura muito particular de caminhar e parar na dança – característica muito marcante na estrutura do movimento

do portenho – e a improvisação combinando e encadeando as figuras são de extrema importância. O dançarino pode improvisar usando muitas ou poucas figuras, desde que haja uma conexão profunda com a música e com a sua parceira. A expressividade das pernas pode ocorrer nas variações de velocidade, angulação e amplitude do movimento. As figuras do tango podem ser divididas em três tipos: básicas, compostas e sequenciais. As básicas são as que devem ser ensinadas a um iniciante: paso básico, ocho atrás, ocho adelante, paso básico girado e medio giro a la derecha. Os movimentos primários do tango são: apertura hacia adelante, apertura hacia el costado, cruce atrás, cruce adelante, pivot hacia izquierda e pivot hacia derecha.

Assista aos vídeos com a postura e a caminhada do tango indicados no boxe rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado.

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Pesquise na internet vídeos com passos de tango e apresente-os aos estudantes. Como sugestão, indicamos os vídeos a seguir.

DANÇA de Salão Caminhada do Tango, 2022. 1 vídeo (6 minutos). Publicado pelo canal Santa Dança e Iôga.

Aula na qual é trabalhada a caminhada do tango, passo fundamental para a evolução nessa dança.

COMO dançar tango: aprenda o passo básico. Brasília, 2018. 1 vídeo (3 minutos 4 segundos). Publicado pelo canal tê vê Brasil.

Casal apresenta a postura e a caminhada do tango.

Ao assistir aos vídeos de tango, podemos observar a importância da postura, com a coluna ereta e o olhar fixo por cima do ombro. Explique que o tango é uma dança muito complexa, de grande expressividade e carga dramática, que exterioriza paixão ou tristeza.

No núcleo da estrutura da dança, é possível identificar alguns conjuntos de movimentos: o passo ao lado (para a direita ou para a esquerda), o passo em frente (avançar), o passo atrás (recuar), os giros e as manobras. Esses passos geralmente são finalizados com as pernas juntas ou cruzadas. Apresente aos estudantes alguns gestos que compõem esses passos:

  1. Ocho: a mulher dá um passo, cruzando a perna à frente e terminando com a outra perna fechando; depois, volta com a segunda perna à frente, como se estivesse desenhando um oito com os pés arrastando no chão.
  2. Gancho: levantada na canela que o casal realiza ao mesmo tempo, enganchando suas pernas.
  3. Voleo: manobra em que se levanta uma das pernas atrás, flexionando o joelho.
Ilustração. Ilustração em 3 momentos. 
1. Casal dançando. O homem usa camisa de manga comprida, calça e sapatos pretos. Está com a perna direita à frente. A mão esquerda, levantada, segura a mão direita de uma mulher de vestido e sapatos de salto alto pretos. Ela está com a perna direita à frente. A mão direita dele está nas costas da mulher e a mão esquerda dela, abaixo do pescoço dele. Eles giram para a direita. 
2. Casal dançando. Ele usa camiseta, calça e tênis pretos e está com a perna direita esticada para frente. Com a mão esquerda levantada ele segura a mão de uma mulher de vestido rosa e sapatos de salto alto vermelhos. A mão direita dele está nas costas dela.  A perna direita dela cruza com a perna direita dele. Ambos giram para a esquerda. 
3. Casal dançando. O homem usa camisa, calça e sapatos pretos. Está com os joelhos levemente flexionados e segura as mãos de uma mulher de vestido vermelho e sapatos de salto alto azul-marinho. Ela flexiona a perna direita para trás.

Ilustrações elaboradas para esta obra.

Conectando saberes

Cidadania e Civismo.

Esta seção propõe uma discussão com o tê cê tê Educação em direitos humanos, tematizando a deficiência visual e a prática da dança de salão. Aborda as habilidades (ê éfe seis nove á érre um dois) e (ê éfe seis nove á érre um cinco) de Arte, ao experimentar a improvisação e a criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios, além de problematizar estereótipos e preconceitos das danças vivenciadas.

Dança às cegas

A dança é muito importante para todos, pois permite expressar emoções e sentimentos através do movimento. Gólin (2017) afirma que, para a pessoa com deficiência visual, além desses benefícios, auxilia na construção da autoestima e da autoconfiança, proporcionando independência, consciência corporal e reconhecimento das possibilidades de movimento. De acordo com, Cazé e Oliveira (2008), o corpo da pessoa com deficiência visual, assim como qualquer outro corpo, possui uma história pessoal, é constituído de movimento, emoções e razões; entretanto, as vias de acesso a essas informações são diferentes, por não se utilizar a visão. Para as autoras, a dança possibilita trabalhar aspectos que envolvem a construção do pensamento, a criatividade e as ideias de tempo-espaço, melhorando o equilíbrio e a postura corporal.

A imagem a seguir retrata uma cena do filme Perfume de mulher, trazendo em destaque uma situação em que o protagonista, com deficiência visual, conduz brilhantemente o tango. Converse com a turma sobre as possibilidades motoras dessas pessoas, levantando os conhecimentos prévios sobre auxílio na condução.

Fotografia. Casal dançando. O homem tem cabelo preto curto e usa terno e calça cinza. Está com a mão direita ao redor da cintura da mulher. Ela tem o cabelo castanho preso, usa vestido preto e tem o braço direito esticado, pegando a mão esquerda do homem. Ao redor, diversas pessoas sentadas à mesa observando.
Os atores Au Patíno e gabriéle Anwar dançando tango no filme Perfume de Mulher, de 1992.

Pergunte aos estudantes se eles já vivenciaram alguma experiência junto a pessoas com deficiência visual. Peça que compartilhem os relatos e proponha uma vivência para que eles possam experimentar as percepções de dançar sem a visão.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes surdos na turma, apresentar vídeos que demonstrem características do tango quando dançado pode contribuir para a prática. No caso de estudantes cegos, auxilie-os na delimitação do espaço da dança.

Nos passos do tango

Conduzindo seu par

O padrão cultural da dança de salão é a condução realizada pelo homem. Antigamente, muitos salões proibiam as mulheres de realizá-la.

Nos tempos atuais, independentemente do gênero, o condutor ou a condutora deve ter conhecimento dos movimentos da dança e demonstrar confiança para seu parceiro ou sua parceira.

Objetivos

  • Vivenciar diferentes estruturas da dança de salão (direção, dimensão, tempo e extensões), conduzindo ou sendo conduzido por seu parceiro na dança.
  • Experimentar e vivenciar improvisações do tango, conduzindo e sendo conduzido sem a visão.

Materiais

  • Celular com caixa de som ou equipamento acústico
  • Retalhos de tecidos que sirvam para vendar os ólhos

Procedimentos

Organize a turma em duplas e entregue, a cada par, o tecido para vendar os ólhos. Selecione uma playlist com músicas de tango.

Explique que quem conduz é responsável por definir a trajetória na dança e pela integridade física do outro, recomendando cuidado.

Estimule que ocupem o espaço da sala, desloquem-se em diferentes direções (frente, trás, lados) e façam pausas enfatizando os gestos.

Oriente que realizem a dança atentos ao ritmo, ao espaço e à postura, colocando em prática alguns passos e gestos do tango: paso básico, ocho atrás, ocho adelante, paso básico girado y medio giro a la derecha.

Após dez minutos, instrua para que troquem os papéis de condutor e conduzido.

Ao final, converse com os estudantes sobre a experiência de conduzir e ser conduzido com venda nos ólhos. Investigue quais foram as sensações e os aprendizados, assim como as facilidades e as dificuldades encontradas.

Criando painéis

Apresente aos estudantes posturas do tango a seguir. Peça que se dividam em duplas e escolham uma das poses para reproduzir e registrar com câmeras fotográficas. Sugira que façam os registros de maneira divertida, caprichando nas caretas e na caricatura da postura.

Ao final desta atividade, imprima as fotografias e monte um painel da turma, expondo no festival de danças proposto em “Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes”.

Fotografias. Casal dançando em seis momentos. 
1. Mulher de vestido preto com faixa vermelha na cintura, meia-calça e sapatos de salto alto pretos está com o tronco levemente inclinado para trás, a mão direita ao redor da cintura do homem e a mão esquerda levantada, de mãos dadas com ele. O homem usa camisa, colete, calça e sapatos pretos e está com o braço esquerdo ao redor da cintura da mulher.
2. A mulher está com a perna direita dobrada, a perna esquerda esticada para frente, o tronco inclinado para trás. O homem está com a perna direita dobrada para frente, a perna esquerda esticada para trás. Ele a segura pela cintura e pela mão esquerda.
3. O homem e a mulher estão lado a lado, com as pernas cruzadas. A mão direita dele toca o ombro direito dela. Ela tem o braço direito flexionado com a mão atrás da cabeça e o braço esquerdo esticado na altura do peito dele, dando-lhe a mão.  
4. O homem está com a perna direita esticada para trás e a perna esquerda dobrada para frente. Ele segura as costas da mulher com o braço direito. A mulher está com a perna direita dobrada para frente e a perna esquerda esticada para trás. Ela tem o braço esquerdo em cima do braço direito dele. Com os outros braços, dão-se as mãos.
5. A mulher está de costas, com a perna direita esticada para frente e a perna esquerda semiflexionada para trás, dando a mão direita ao homem, que está de frente, com as pernas cruzadas e a mão direita nas costas da mulher.
6. A mulher está com a perna direita dobrada atrás da perna esquerda do homem. A perna esquerda dela está esticada para trás e seu tronco e sua cabeça estão inclinados para trás também. Ela está com a mão direita no ombro esquerdo dele. Ele tem a perna direita esticada para frente e a segura pela cintura com a mão esquerda. Com os outros braços, dão-se as mãos.
Ícone do boxe Avaliando em diferentes linguagens.

Avaliando em diferentes linguagens

Criando nos passos do samba-rock e do tango

Após conhecer um pouco da história da dança de salão e do samba-rock, convide os estudantes a ampliar esses conhecimentos com as propostas a seguir.

1. Cineclube: Vem dançar!

Pesquise na internet o trailer a seguir e apresente-o aos estudantes.

VEM DANÇAR! Trailer. Título original: Take the Lead. [sem local], 2006. 1 vídeo (2 minutos 27 segundos).

Em seguida, promova um debate sobre o filme com a turma por meio de uma roda de conversa. Veja como conduzir essa conversa com o roteiro sugerido a seguir.

Conte que a história trata de um dançarino de salão profissional que se torna voluntário para dar aulas de dança em uma escola pública de Nova iórque.

Inicialmente, apresenta seus métodos clássicos, mas logo enfrenta resistência dos estudantes, mais interessados em hip-hop.

Fotografia. Diversos jovens dançando, usando camisetas, jaquetas e calças jeans. Eles formam duplas. Os rapazes estão com o braço direito na cintura das moças. Elas estão com o braço esquerdo no ombro deles. Com os outros braços, dão-se as mãos. Ao lado há um homem usando camisa branca, calça preta, apontando para frente.
Cena do filme Vem dançar! (2006), em que um professor de escola pública dá aula de dança com método clássico.

Ressalte o desenrolar do conflito inicial das diferentes culturas da dança e a importância de respeitá-la, assim como as fórmas individuais de expressão de cada pessoa.

Ouça com atenção as respostas sobre a apreciação e as opiniões a respeito do filme.

Fotografia. Pessoas dançando. Homem usando camiseta, calça e sapatos pretos está à frente, com a mão esquerda na altura da barriga e a mão direita levantada. A perna direita está à frente da esquerda. Ao fundo, diversas pessoas reproduzem seus passos.
Nesta cena do filme Vem dançar! (2006), o professor Piérr Dulaine, interpretado por Antonio Banderas, dança com seus estudantes.

2. Registrando

Agora, peça aos estudantes que assistam novamente ao trailer do filme Vem dançar! e observem a postura de dança do par.

Peça que tentem descrever as características do tango comentando as posturas e os gestos da dança.

3. Vem dançar!

Após o aprendizado do passo básico de samba-rock e da contagem da frase musical em oito tempos, informe aos estudantes que eles estarão aptos a exercer seus processos criativos.

Com base no enredo do filme Vem dançar!, no qual os estudantes da escola recriam coreo­grafias a partir da dança de salão e do hip-hop, e utilizando o passo básico do samba-rock, proponha a eles a criação de uma sequência de passos a partir do repertório de gestos e movimentos da cultura corporal de movimento da turma.

Explique que essa sequência deverá ser elaborada em duplas, ressaltando a característica principal das danças de salão: a de movimentar-se em pares com passos combinados.

Apresente sua playlist variada e oriente os estudantes a escolher uma música de samba-róqui proposta por você e outra de um ritmo da preferência deles, com a finalidade de alternarem as músicas que acompanharão suas performances.

Organize-os em duplas e estipule um tempo para criarem sequências de passos. Peça que ousem na criatividade, utilizando movimentos e gestos de funk, capoeira, street dance, ballet ou outras práticas corporais comuns ao grupo.

Se necessário, utilize a sugestão de sequência inicial a partir do passo básico do samba-róqui para estimular o processo criativo dos estudantes. Oriente-os a filmar as sequências dos passos criados.

4. Sintetizando o aprendizado

Após a criação e filmagem dos passos, peça aos estudantes que observem as imagens a seguir e relacionem com o que eles aprenderam sobre danças de salão. Faça as seguintes questões para instigar as reflexões:

  • Que características da dança de salão você identifica nessas imagens?
  • Você acha que todas as imagens se referem às danças de salão?
  • Você é capaz de relacionar algumas dessas imagens com as danças tematizadas nesta unidade?
  • Você acha que as danças de salão podem ser recriadas atualmente? Justifique sua resposta.
Fotografias. Montagem com 12 fotografias.
1. Um homem usando terno preto e camisa branca está com os dois braços abertos; na sua frente, uma mulher usando vestido preto está com o tronco inclinado para trás e com os braços abertos ao redor do homem. 
2. Homem usando boina e camisa branca está com as pernas afastadas, os joelhos dobrados e as mãos na cintura de uma mulher que está na sua frente, usando camisa listrada, saia vermelha e tênis. Ela está com as pernas afastadas e olhando para o lado. 
3. Homem usando blusa verde e calça jeans está com as pernas afastadas e o tronco inclinado para frente; ao seu lado, uma mulher usando blusa vermelha e calça jeans está com o tronco inclinado para trás com os braços abertos. 
4. Mulher usando camiseta e calça branca está saltando com as pernas dobradas e com a mão esquerda dada para um homem que está de joelhos no chão com a perna direita dobrada. 
5. Homem usando boné azul, blusa e calça está na ponta dos pés com as pernas dobradas para frente e o tronco inclinado para trás; ao seu lado, uma mulher de blusa e calça está na ponta do pé esquerdo e a com a perna direita levantada. 
6. Um homem de roupa preta está com os braços ao redor de uma mulher de vestido preto. 
7. Um homem de camisa branca e calça preta está com a perna esquerda levemente dobrada para frente, de braços cruzados e olhando para o lado; ao seu lado, uma mulher de camisa listrada e saia vermelha está com os braços na sua direção e a perna direita levantada para trás. 
8. Um homem de blusa e calça está saltando com a perna direita para trás, a perna esquerda para frente e os dois braços abertos; na sua frente, uma mulher de blusa e calça está saltando com a perna direita para frente, a perna esquerda para trás e os dois braços abertos. 
9. Um homem de boné e camiseta está com as pernas afastadas e os braços na frente do corpo; na sua frente, uma mulher de camiseta e calça está com o joelho esquerdo dobrado, apoiada sobre ele e com o braço direito aberto. 
10. Um homem de boné, camiseta e calça está com as pernas afastadas e os braços abertos; ao seu lado, uma mulher de camiseta e calça, está com o tronco inclinado para o lado e o braço direito esticado. 
11. Uma mulher de vestido preto está na ponta dos pés e de mãos dadas com um homem de terno. 
12. Um homem de boina, camisa e calça está com as pernas afastadas, os braços dobrados para trás e segura uma mulher usando camisa e saia, de ponta-cabeça, e apoiada nas pernas do homem.
Representação de diferentes tipos de dança.
Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Ícone do boxe Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Festival de danças

Para encerrar esta unidade temática, vamos desenvolver o projeto “Festival de danças”. O termo festival remete à festividade, à alegria em se comemorar algo. É nessa concepção que se sugere que os estudantes organizem esse festival, um evento que promova as práticas corporais, artísticas e culturais para a comunidade.

O projeto pode ser realizado da seguinte maneira:

  • intradisciplinar: com a apresentação apenas para a turma durante o horário da aula;
  • interdisciplinar: englobar os componentes curriculares de Linguagens (Arte, Língua Portuguesa e Língua Inglesa);
  • transdisciplinar: envolver toda a comunidade escolar.

Na interdisciplinaridade, o foco será na ampliação da capacidade expressiva em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, conforme orienta a Bê êne cê cê (BRASIL, 2018). Em Arte, a unidade temática “Dança” apresenta habilidades relacionadas aos objetos de conhecimento: contextos e práticas; elementos da linguagem e processos de criação. Os estudantes podem experimentar e analisar os fatores de movimento da dança, sua expressividade, capacidade de encenação e improvisação, entre outros. Em Língua Portuguesa, eles podem desenvolver a dramatização, utilizando recursos do teatro. Em Língua Inglesa podem aprender os significados e a pronúncia da letra das músicas, assim como ampliar para a Língua Espanhola, caso optem por músicas nesse idioma.

Se o projeto encaminhar para a transdisciplinaridade, será necessário um movimento coletivo incluindo toda a comunidade, estreitando os laços com as famílias, os professores e os funcionários da escola. Para iniciar o processo de criação conjunta, apresente o projeto à gestão escolar e aos demais professores para as parcerias da equipe pedagógica. Verifique a disponibilidade no calendário escolar e, a partir do diálogo e do comprometimento de todos, planejem as ações com as turmas, contemplando as seguintes etapas:

  • Formação de comissão organizadora com representante de professores, gestão, funcionários, estudantes e famílias.
  • Definição de local, horário, gravação e produção das músicas, elaboração de regulamento (modalidade/gênero musical, quantidade mínima e máxima de participante por apresentação, duração da dança, classificação, participação de estudantes, professores, funcionários e família, critério de avaliação), escolha de um tema: dança na comunidade, dança nas telas do cinema, dança através dos tempos: anos 1970, 1980 etcétera.
  • Estudo sobre as danças de salão (considerar as pesquisas, os vídeos e as fotografias realizadas pelos estudantes).
  • Explicitação e divulgação da ideia na comunidade escolar.
  • Organização das inscrições (fórma de cadastro, período, responsável).
  • Organização das apresentações (cenário, figurino, trilha sonora, ordem das apresentações, equipe de apoio, captação de áudio, vídeo e fotografia).
  • Avaliação do festival (participação efetiva, percepção de aprendizagens, críticas e sugestões).

As inscrições poderão ser em duplas ou grupos maiores, estimulando os estudantes a elaborar as coreografias a partir do repertório adquirido nas aulas, compondo com o acervo prévio da comunidade, valendo recriações e ressignificações dos passos de danças de salão, com o ritmo a escolher, com a inclusão do repertório corporal dos estudantes da escola, por exemplo, capoeira, funk, street dance, jazz e danças contemporâneas.

Auxilie-os na organização das parcerias e na composição coreográfica, lembrando que o protagonismo da ação é do estudante. Considere convidar, especialmente, os estudantes do 9º ano, que também tematizaram outras danças de salão.

Ao final, proponha uma roda de conversa para avaliar a participação e a contribuição de todos na atividade.

Fotografia. Homem de cabelo preto encaracolado, usando camiseta e calça pretas está com a mão direita nas costas de uma mulher de cabelo ruivo, usando regata e calça pretos. Ela está com a mão esquerda no ombro direito dele. Com os outros braços, dão-se as mãos.
Casal em aula de dança de salão. Colômbia, 2018.
Fotografia. Homem de cabelo curto preto encaracolado, usando faixa preta na cabeça, camiseta branca e colete preto está com o rosto inclinado para a direita, o braço direito levantado e a mão esquerda na cintura. Atrás dele, uma mulher de cabelo comprido preto faz os mesmos movimentos.
Professor dando aula de hip-hop. Estados Unidos, 2018.
Fotografia. Diversas pessoas estão saltando com as pernas dobradas para trás. Seus braços estão levantados e elas sorriem.
Grupo de jovens em aula de hip-hop. Estados Unidos, 2018.