UNIDADE TEMÁTICA 1 ESPORTES DE CAMPO, TACO E INVASÃO

Raio-xis da unidade

Competências da Bê êne cê cê

Competências gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 1, 2, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.

Habilidades de Educação Física da Unidade Temática

(ê éfe oito nove ê éfe zero um) Experimentar diferentes papéis (jogador, árbitro e técnico) e fruir os esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo.

(ê éfe oito nove ê éfe zero dois) Praticar um ou mais esportes de rede/parede, campo e taco, invasão e combate oferecidos pêla escola, usando habilidades técnico-táticas básicas.

(ê éfe oito nove ê éfe zero três) Formular e utilizar estratégias para solucionar os desafios técnicos e táticos, tanto nos esportes de campo e taco, rede/parede, invasão e combate como nas modalidades esportivas escolhidas para praticar de fórma específica.

(ê éfe oito nove ê éfe zero quatro) Identificar os elementos técnicos ou técnico-táticos individuais, combinações táticas, sistemas de jôgo e regras das modalidades esportivas praticadas, bem como diferenciar as modalidades esportivas com base nos critérios da lógica interna das categorias de esporte: rede/parede, campo e taco, invasão e combate.

(ê éfe oito nove ê éfe zero cinco) Identificar as transformações históricas do fenômeno esportivo e discutir alguns de seus problemas (doping, corrupção, violência etcétera) e a fórma como as mídias os apresentam.

(ê éfe oito nove ê éfe zero seis) Verificar locais disponíveis na comunidade para a prática de esportes e das demais práticas corporais tematizadas na escola, propondo e produzindo alternativas para utilizá-los no tempo livre.

O que veremos nesta unidade

Esta unidade contemplará os esportes na perspectiva educacional, recreativa e competitiva, apresentando implicações da mercantilização esportiva na vida do atleta. Os estudantes entenderão como os esportes de campo, taco e rede são pêla visão competitiva, e será ressaltado o contexto no tempo de lazer e, principalmente, na perspectiva educacional escolar.

Serão propostas vivências adaptadas do críquete e do beisebol (esportes de campo e de taco), além do streetball e do futebol callejero, que são esportes de invasão.

Em “Conectando saberes”, propõe-se um trabalho interdisciplinar com Geografia, a fim de estimular a reflexão sôbre o processo de mundialização nos esportes que tiveram origem europeia, sôbre a necessidade de uma visão decolonial com a valorização da cultura local e a reinvenção das práticas corporais com outros esportes surgidos nas ruas e periferias.

Por fim, propõe-se que os estudantes se apropriem da cidade enquanto espaço de manifestação de seu direito ao lazer. Pretende-se, assim, promover a ampliação do repertório cultural dos estudantes; sensibilizá-los quanto às questões sociais presentes em suas comunidades; favorecer a reflexão sobre a responsabilidade social e as relações entre as ações individuais e coletivas.

De ôlho na imagem

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que a imagem seja descrita oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Fotografia. Montagem com fotografias de pessoas praticando esportes variados. No centro, à frente dos demais, um homem de capacete, óculos escuros, camiseta, bermuda e tênis pedala uma bicicleta com o corpo inclinado sobre o guidão. Atrás dele, à esquerda, um homem com uniforme de mangas compridas, capacete e patins segura um taco, perto do qual há um disco. Atrás do ciclista, à direita, um homem com uniforme de ombreiras e capacete com proteção facial corre para a frente. Atrás deles, aparecem, em perspectiva, dezenas de homens e mulheres praticando diversos esportes com diferentes uniformes, equipamentos e bolas.
Representação de várias modalidades esportivas.

Mostre a imagem aos estudantes e peça a eles que respondam:

  • Quantos esportes vocês reconhecem na imagem? Contem o que sabem sôbre eles.
  • Vocês conseguem classificar os esportes apresentados na imagem utilizando os conhecimentos aprendidos anteriormente, como marca, precisão, invasão, rede e parede?
  • Vocês sabem explicar quando esses esportes são praticados como lazer, como educação e como alto rendimento?
  • Quais são as características dos esportes de campo, taco e invasão que aprenderam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Lembram-se das táticas de ataque e defesa?

Ressalte que, provavelmente, eles aprenderam essas categorias de esportes, mas podem ter dúvidas. Explique que retomarão esses conhecimentos aprofundando o tema e ampliando o repertório de manifestações culturais com novas modalidades.

Por dentro do tema

Esportes educativo, recreativo e competitivo

Atualmente, as aulas de Educação Física consideram o esporte um elemento que faz parte da cultura das pessoas. A escola tem como objetivo promover e contribuir com os princípios de cidadania, ou seja, de educar, incluir, emancipar e integrar a comunidade escolar, principalmente os estudantes, em todas as práticas pedagógicas. A escola é o lugar das diferenças, das descobertas, das vivências, da democracia e do conhecimento, não visa formar atletas. Nela, o esporte deve ser educativo, isto é, deve-se ensinar sôbre o esporte, e não apenas praticá-lo.

O esporte está presente tanto nos maiores eventos internacionais, com a busca pêlo alto rendimento, como também em práticas locais e em projetos educacionais e recreativos. Observe o quadro a seguir e converse com os estudantes sôbre as diferenças entre essas três perspectivas.

Esporte educativo

Esporte recreativo

Esporte competitivo

Ensina sobre origens, movimentos, regras, táticas, efeitos fisiológicos, significados sociais, políticas, estéticas, valores, espírito esportivo, entre outras questões relacionadas ao esporte.

Praticado no tempo livre, visa ao lazer e ao bem-estar pessoal. É praticado de forma voluntária, para divertir-se com os amigos e familiares, para fazer novas amizades ou para melhorar a saúde.

Visa alcançar vitórias e até ultrapassar recordes. Tem como princípio a superação pessoal.
É uma prática com movimentos tecnicamente eficientes, exercícios táticos contínuos e treinamento extensivo.

Quadro elaborado para esta obra.

Verifique se a turma compreendeu a diferença entre essas perspectivas, pedindo exemplos de práticas presentes no cotidiano de esportes educativos, recreativos e competitivos. Explique a diferença entre praticar futebol na escola, no campinho do bairro ou como um atleta, como será aprofundado a seguir.

Vida de atleta

O sonho de ser um famoso jogador de futebol perpassa o imaginário de vários jovens brasileiros. Muitos não sabem as condições às quais os atletas têm de se submeter, como ao tempo excessivo de treinamento, à seriedade da rotina, à disciplina na dieta, além da falta de respaldo jurídico como profissional reconhecido, uma vez que não há uma lei específica que lhe assegure direitos e deveres. No Brasil, a evolução legislativa iniciou-se com a Lei número 9 615/1998 (Lei Pelé), trazendo um avanço no sentido de humanizar a profissão de atleta do futebol.

A profissionalização nos esportes foi relatada por Platão, filósofo da Grécia antiga, quando descreveu altos prêmios para os vencedores, além de moradia, alimentação, isenção de impostos e de serviço militar. Já naquela época, o esporte começou a ser comercializado, com a consequente corrupção do sistema e os primeiros casos de dopagem (estricnina como estimulante e cogumelos alucinógenos).

O desenvolvimento tecnológico durante a Segunda Revolução Industrial resultou no crescimento do profissionalismo e da mercantilização do esporte de massa. Os atletas foram pressionados a superar limites, ainda que à base de recursos ilícitos, representando grave risco a si mesmos, aos companheiros de equipe e aos adversários. Esse comportamento foi incentivado por dirigentes, empresários, treinadores, médicos, colegas e até familiares, que almejavam “ganhar a qualquer custo”, aceitando assim métodos não permitidos por lei, contra a ética e a moral.

Obtendo apenas materiais, ajuda para manutenção e pagamento de viagens, muitos atletas acabam representando suas cidades, seus estados e seu país. Em contrapartida, há espectadores, torcedores ou consumidores que pagam para assistir não a um torneio, mas, sim, a um espetáculo excitante. Quando a obrigação substitui o prazer em jogar, o atleta pode ter problemas em relação à sua saúde mental: depressão, ansiedade, compulsão, síndrome de Burnout. Para prevenção, há instituições que contratam um psicólogo do esporte.

Charge. No topo de um pódio com o símbolo de cinco aneis entrelaçados que representa as Olimpíadas, um atleta extremamente musculoso e muito maior que os dois homens nos outros degraus do pódio está com a medalha de ouro no pescoço. O atleta no degrau à direita está inclinado na direção de um homem de terno, ao lado do pódio, em cuja mochila se lê a sigla COI. No balão de fala, aparece a fala do atleta: 'Bem... houve rumores...'.
Charge sôbre crítica de doping no esporte. Estados Unidos, 2000.

Outra questão que deve ser levada em consideração está relacionada à remuneração, uma vez que é muito comum os atletas brasileiros participarem voluntariamente em torneios, receberem baixos salários ou uma bolsa de atleta, levando-os a ter um trabalho paralelo para obter uma fonte de renda. Os atletas passam por rotinas extensas de treinamento e, ainda, as conciliam com as oito horas de trabalho diário.

Pergunte aos estudantes se eles sabem como os atletas planejam a vida financeira para pagar contas mensais de moradia, alimentação, luz, água, impostos etcétera, e como definem as prioridades com recursos reduzidos, fóra a dedicação aos treinamentos contínuos quando não estão trabalhando.

Oriente uma pesquisa, em grupos de quatro integrantes, sôbre diferentes esportes e, durante a apresentação dos resultados, discuta com a turma questões relacionadas à economia, à educação financeira e ao trabalho. Questione sôbre as diferenças econômicas nos diversos esportes que estudaram até o momento, em especial aquelas relacionadas a estrutura, patrocínios e discrepâncias evidenciadas nos salários dos jogadores de elite em comparação com os de divisões inferiores.

Esportes de campo e de taco: críquete e beisebol

De acôrdo com González e Bratch (2012), os esportes de campo e taco se caracterizam por modalidades em que o objetivo do atleta é rebater a bola lançada pêlo adversário o mais longe possível, para tentar percorrer as bases o maior número de vezes, enquanto os defensores não recuperam o contrôle da bola.

Alguns exemplos desses esportes são: tacobol, softbol, pêsapaló (beisebol finlandês), (dinamarquês), brãnból sueco, rounders inglês, lápta russo, pálãnt polonês e óína romeno. As modalidades estudadas nesta unidade são o beisebol e o críquete.

Críquete

O críquete originou-se na Inglaterra, no século dezessete, e foi considerado um esporte elitista, inspirado no jôgo atooball, que tinha objetivos recreativos entre os nobres (MELO; GOMES, 2019). As regras iniciais surgiram em 1720 e, ao longo dos anos, sofreram alterações de acôrdo com as necessidades sociais. Atualmente, a organização esportiva que regula os maiores campeonatos internacionais é o International Cricket Council (Conselho Internacional de Críquete). No Brasil, é representado pêla Confederação Brasileira de Cricket.

Gravura. Imagem em preto e branco. Doze homens em um campo ao ar livre usando camisa, calça do tipo culote, curta e ajustada, meias e sapatos. Alguns estão de chapéu e casaco. Um jogador sentado no chão atira uma pequena bola na direção de duas estacas de madeira fincadas no chão, atrás das quais há um jogador com as pernas flexionadas em posição de defesa. Diante do jogador sentado, observando-o, outro jogador segura um taco com as duas mãos. Os demais jogadores estão espalhados pelo campo.
Gravura do século dezenove representando um jôgo de críquete em campo de artilharia em Londres, Inglaterra.

Área de jôgo e posições de ataque e defesa no críquete

Ilustração. Título: 'Área de jogo e posições de ataque e defesa no críquete'. Um retângulo amarelo vertical está inserido em uma forma oval verde, a qual está inserida em outra forma oval, maior, de um tom de verde diferente e contornada por uma linha preta. Quinze jogadores estão representados esquematicamente em preto na imagem: dois jogadores na forma oval externa; dez jogadores na forma oval interna, sendo dois deles representados com uniforme branco; e três jogadores no retângulo, sendo um na extremidade superior, segurando um taco, e dois na extremidade inferior, um dos quais também segura um taco. À direita da imagem, setas ligam seus elementos  às respectivas legendas: o contorno preto externo está ligado à palavra 'linha'; a representação esquemática de estacas nas extremidades do retângulo está ligada à palavra 'estacas'; o retângulo amarelo está ligado à palavra 'pitch'; a linha tracejada branca que separa as duas formas ovais está ligada à palavra 'dentro'; e o espaço da forma oval externa está ligado à palavra 'fora'.

Ilustração elaborada com base em bê bê cê Sport.

É um esporte bem similar ao jôgo de taco, em que os times se revezam em ataque e defesa e quem ataca seleciona dois jogadores, um rebatedor (striker) e um não rebatedor (nonstriker). Profissionalmente, cada equipe possui onze jogadores.

O objetivo do ataque é impedir que o arremessador acerte seu wicket(três estacas de madeira), rebatendo a bola para fóra do pitch, uma área retangular no centro do campo oval. A pontuação se dá da seguinte fórma:

  • 1 ponto: o rebatedor e o não rebatedor correm, indo e voltando até a área do wicket oposto. Essa corrida é chamada de run e acaba quando o time adversário apanha a bola. Caso os atacantes percebam que não haverá tempo de realizar a corrida, eles poderão permanecer parados, aguardando o próximo lançamento do adversário.
  • 4 pontos: quando a bola rebatida toca o solo do campo.
  • 6 pontos: quando a bola é rebatida para fóra dos limites do campo, sem que ela toque o solo.

Quem defende envia o arremessador (bowler) com a méta de eliminar os rebatedores derrubando o wicket do adversário, que fica nas extremidades do pitch. Há outras fórmas de eliminar o adversário, como:

  • O rebatedor toca na bola com a intenção de impedir que o wicket seja atingido.
  • Durante a corrida dos rebatedores (run), a defesa apanha a bola e derruba o wicket.
  • Um dos apanhadores pega a bola rebatida no ar, antes de ela cair no chão.

Os jogadores de críquete utilizam capacete, luvas e protetores de perna para sua segurança devido à alta velocidade da bola e sua solidez.

Fotografia. Duas mulheres estão em um gramado esportivo. A mulher à esquerda usa capacete preto com protetor facial, camiseta preta e laranja, calça e protetores de canela pretos, luvas e tênis brancos. Ela está em pé, com as pernas um pouco afastadas e os joelhos flexionados; as mãos estão juntas e voltadas para a frente. Diante dela, a segunda mulher usa capacete preto com protetor facial, camiseta preta e verde, calça e protetores de canela pretos, luvas e tênis brancos. Ela está em pé, com a perna esquerda à frente e os joelhos flexionados, e segura com as duas mãos um taco retangular voltado para a frente; diante dela, perto do chão, há uma bola branca. Entre as duas mulheres há três estacas azuis fincadas no chão.
Jogadoras adversárias posicionadas no pitch em torneio da cidade de Taunton, Inglaterra, 2022.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Pesquise na internet a sugestão de aprofundamento a seguir.

CRÍQUETE - TERRITÓRIO EM CONEXÃO - Sésqui Verão 2020. sem local, 2020. 1 vídeo (5 minutos). Publicado pêlo canal Sésqui Santo André.

O vídeo apresenta a origem do críquete e como é jogado. Disponível em: https://oeds.link/yEjEgw. Acesso em: 20 abr. 2023.

Beisebol

A origem do beisebol é controversa. Esse esporte tem possível origem no século dezoito, na Inglaterra, a partir do jôgo rounders, segundo a Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol, ou surgiu nos Estados Unidos, com ébner dãboudei, em 1839. Essa modalidade ganhou grandes proporções ao redor do mundo, sobretudo em países da América do Norte, e chegou ao Brasil em 1936, na cidade de São Paulo. Nos Jogos Olímpicos, entrou nas disputas na edição de Barcelona, Espanha, em 1992. Em 2012, a modalidade foi retirada do programa olímpico e retornou em 2020, em Tóquio, Japão.

O jôgo é disputado entre duas equipes com nove atletas em cada uma. A equipe atacante propõe uma ordem de jogadores, os quais rebaterão e correrão para percorrer as bases de um campo, em formato de losango, para marcar um ponto. O rebatedor percorrerá a quantidade de bases que achar que consegue de acôrdo com a trajetória da bola rebatida. Ele poderá parar em uma das bases e ir conquistando as demais a cada ataque dos próximos rebatedores de sua equipe.

Campo de beisebol e posicionamento dos jogadores

Ilustração. Título: 'Campo de beisebol e posicionamento dos jogadores'. Vista aérea diagonal de um campo de beisebol. O campo é gramado e tem o formato de um quarto de círculo. Dentro dele, há uma área sem grama na qual se encontra um quadrado gramado cujas pontas são as bases. Ao fundo e na lateral direita, aparecem os dois bancos de reservas e, no ângulo interno do campo, há uma grade. No campo, jogadores e árbitros estão representados esquematicamente em suas posições, com cores que são explicadas na legenda: azul-claro para batter: batedor, que está no ângulo do campo; preto para catcher: receptor, que está atrás do batedor; azul-escuro para infielders ou shortstops: defensores internos, que estão na área não gramada; amarelo para outdielders: jardineiros, que estão na área não gramada; rosa para pitcher: arremessador, que está no centro do quadrado; vermelho para umpires: árbitros, que estão próximos das bases; laranja para primeira, segunda e terceira bases.

Cada equipe tem direito a um ataque por jogador, mas, quando o time atacante sofre três eliminações, é realizada a troca entre as equipes de ataque e defesa.

A defesa elimina os atacantes em quatro situações:

  1. O pitcher arremessa três bolas dentro da zona de strike e o rebatedor não acerta a bola.
  2. Apanhar a bola rebatida antes que ela toque no solo.
Fotografia. Em um campo gramado, um homem de boné preto, óculos de sol esportivos, blusa e bermuda brancas, meias pretas e tênis lilás e usando uma luva azul na mão esquerda está saltando de lado, com as pernas esticadas e o braço esquerdo estendido na direção de uma bola branca pequena.
Jogador salta para pegar a bola no ar e eliminar o adversário. Miami, Estados Unidos, 2022.
Fotografia. Em um campo gramado, um homem de boné preto, óculos de sol, camiseta e calça cinza e tênis usando uma luva preta na mão esquerda está ajoelhado no chão com a perna esquerda apoiada à frente e a mão esquerda estendida na direção de uma bola branca pequena. Por trás dele, há um jogador de capacete preto, blusa laranja, bermuda branca, meia preta e tênis laranja e preto. Ele está com as pernas afastadas, a esquerda na frente e a direita atrás, ambas fora do chão. Ao fundo se vê a arquibancada com mulheres e homens sentados.
Jogador pega a bola na primeira base e elimina o oponente. Baltimore, Estados Unidos, 2021.
  1. Tocar a bola no atacante que não está em contato em uma das bases.
  2. Apanhar a bola e tocar na base antes do atacante.

A equipe de defesa deve ter nove participantes. Estas são suas posições:

  • Pitcher ou arremessador: arremessa a bola aos rebatedores adversários.
  • Catcher ou receptor: fica agachado atrás do batedor adversário para orientar o arremessador.
  • Primeira, segunda e terceira bases: ações defensivas nas bases correspondentes.
  • Jardineiros ou exteriores central, esquerdo e direito: pegam a bola rebatida para longe do campo.
  • Interbases (infielders ou shortstops) ficam se movendo alternadamente entre as bases para defesa.
Fotografia. Em um campo gramado, um jovem de boné preto, uniforme cinza e uma luva na mão esquerda está em pé, apoiado na perna esquerda e com o tronco inclinado para a frente e torcido para a esquerda, com o braço direito esticado na frente do corpo. Um pouco adiante dele se vê uma bola branca no ar. Em primeiro plano na imagem, aparece o capacete preto e a parte de cima das costas de uma pessoa. Ao fundo, à direita, outro jovem de uniforme cinza e boné preto está em pé, com o corpo inclinado para a frente.
Pitcher (arremessador) lançando a bola para o receptor.
Fotografia. Um homem de capacete vermelho com protetor facial, uniforme vermelho e branco, colete de proteção, joelheiras e luva na mão esquerda está agachado, com o braço esquerdo estendido à frente do corpo. Na frente da luva há uma bola pequena.
O catcher (receptor) usa capacete, protetor de peito, protetores de perna e luva. Fica agachado para pegar a bola arremessada pêlo pitcher.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, sugere-se inicialmente apresentar e delimitar o espaço da prática. O uso de bolas maiores, com guizos, é uma possibilidade

Críquete e beisebol adaptados

Objetivos:

  • Vivenciar elementos das modalidades de críquete e beisebol.
  • Entender a lógica de jôgo do críquete e do beisebol por meio de um jôgo adaptado.

Materiais:

Garrafas péti (com 2 litros de água), um bastão (cabo de vassoura ou cano resistente de aproximadamente 1 metro), giz, colêtis e bolas (tênis, borracha, futebol ou vôlei).

Procedimentos

Divida a turma em três grupos de onze a quinze jogadores. Duas equipes iniciarão jogando, e os demais estudantes serão os árbitros, que apitarão o jôgo e marcarão os pontos.

Explique as regras da modalidade e as fórmas de realizar a pontuação. Verifique a necessidade de adaptar as regras conforme o contexto da escola. Oriente cada grupo a pensar nas estratégias de ataque (ordem de rebatedores, locais para rebater a bola), defesa (arremessador, posicionamento para pegar, passar e arremessar a bola na garrafa) e organização da arbitragem (posicionamento).

Ressalte a importância de atenção com a segurança, de modo que tanto os jogadores quanto os árbitros não sejam atingidos pêla bola rebatida.

1. Críquete ou jôgo de taco

Posicionar a garrafa péti como wicket, em lados opostos de um retângulo desenhado com giz (20 por 2 metros). Cada atacante ficará a dois passos para a frente das garrafas.

Verifique a ordem dos atacantes e oriente a defesa e os árbitros a se posicionarem.

Inicie a partida com o jogador da defesa arremessando a bola. Dê três chances para que o atacante rebata a bola. Se não conseguir, troque a posição para o próximo rebatedor até toda a equipe de ataque vivenciar essa posição. A seguir, oriente a equipe vencedora para arbitrar o jôgo. Quem estava arbitrando jogará com a equipe que perdeu a partida.

Retome as regras do críquete e aplique os critérios de eliminação (atacante encostar no wicket, defesa pegar a bola no ar ou derrubar o wicket durante corrida do ataque) e pontuação (4 pontos se a bola rebatida cair no solo ou 6 pontos se for para fóra do campo).

Ao final, verifique as percepções sôbre as facilidades e as dificuldades do jôgo em relação às habilidades motoras exigidas (técnica de arremêssu, rebatida, corrida) e às estratégias de defesa e ataque.

2. Beisebol ou jôgo base 4

No ambiente da prática (quadra, pátio, campo etcétera), monte a área de jôgo em formato de losango, com quatro bases em cada ponta e, no centro, a área de arremêssu.

Sorteie quem vai começar atacando, defendendo e arbitrando.

A equipe de defesa deve escolher o arremessador e posicionar os demais membros para que possam recuperar a bola rebatida do time atacante. É importante lembrar que o arremêssu é em direção à primeira base, onde ficarão os rebatedores da equipe atacante.

O time de ataque deve montar uma sequência de rebatedores. Oriente que pensem em uma estratégia considerando as habilidades de rebater e correr entre os jogadores.

Inicie os jogos sem implemento com chute ou rebatida, como um saque de vôlei por baixo.

O batedor é obrigado a mudar de base após um chute, porém ele pode progredir aos poucos caso se sinta ameaçado.

Não são permitidos dois jogadores em uma mesma base. Quem entrou primeiro deve sair quando alguém da mesma equipe tentar ocupar a base; caso isso aconteça, o jogador é eliminado. Tampouco é permitido sair e retornar para a mesma base.

Marca um ponto todas as vezes que um batedor conseguir passar por todas as bases.

Quando todos do ataque fizerem a função de batedor, mudam-se as equipes de ataque e de defesa.

Variações desse jôgo podem ser exploradas para implementar o beisebol aos poucos, como a utilização de tacos para rebatida, de bola de maior circunferência, a adição de regras do beisebol etcétera

Ao implementar essa prática, tente relacionar o conceito de esportes de campo e taco, relembrando o beisebol para contextualizar. Nesse jôgo não são usados tacos, diferentemente do beisebol, porém ele possui características semelhantes. Ao final da prática, tente discutir as experiências e analisar o nível de satisfação dos estudantes com esse tipo de prática.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Pesquise na internet a sugestão de aprofundamento a seguir.

COMO jogar base 4? Regras básicas. [sem local, sem nome], 2019. 1 vídeo (5 minutos). Publicado pêlo Canal da Educação Física.

Esse vídeo explica um modo de jogar base 4, uma prática adaptada do beisebol e ideal para trabalhar na escola.

Conectando saberes

Esta seção articula-se com as habilidades de Geografia (ê éfe zero nove gê ê zero um), (ê éfe zero nove gê ê zero dois), (ê éfe zero nove gê ê zero cinco) e (ê éfe zero nove gê ê zero seis), ao analisar criticamente a hegemonia europeia exercida em várias regiões do planeta, com influência cultural, especificamente esportiva, em diferentes tempos e lugares; a atuação das organizações econômicas mundiais na vida da população em relação ao consumo e à cultura; os fatos e as situações para compreender a integração mundial, comparando as diferentes interpretações de globalização e mundialização; e ao associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pêlas potências europeias, mostrando a possibilidade de outras representações do mundo.

Aproveite para exercitar a prática de pesquisa analisando as fontes de informação da turma pêlas métricas das mídias sociais, como meio de comunicação que mais consulta (rede social, aplicativo de mensagem e vídeos), objetivos (informação, distração), engajamento (envolvimento, interação, o que sentem, duração e tempo de exposição).

Com os resultados, escolha uma das redes sociais para que os estudantes pesquisem a frequência e o conteúdo de rréchitégui (cerquilha, sustenido)esporte. Faça o levantamento das modalidades mais frequentes, oriente uma pesquisa sôbre o país de origem do esporte e categorize entre os continentes (América, Europa, Ásia, África e Oceania). Analise a frequência e os formatos dos conteúdos multimidiáticos (postagens, tweets, recados, vídeos, atualizações, fotos, podcasts) e converse sôbre os significados das mídias sociais no cotidiano dos estudantes.

Inicie a reflexão sôbre o que representam os resultados das modalidades mais frequentes. Provavelmente, a análise apontará esportes de origens europeia e americana e pouca ou quase nenhuma incidência de modalidades africanas, asiáticas ou da Oceania. Use o texto a seguir como referência para as discussões.

Mundialização: dos esportes de origem inglesa à reinvenção nas ruas

Tradicionalmente, na Educação Física escolar aprendemos esportes originados e praticados na Europa. Em pesquisa sôbre os esportes de campo e taco, foram encontrados apenas os originados nesse continente. A prática esportiva de críquete e beisebol se estendeu pêlo mundo graças à influência do Império Britânico, que dominou quase um quarto de todo o planeta. Ele teve início em 1583 com a colonização norte-americana e findou em 1997 com a entrega de Róng Kóng para a China.

Para aumentar seus territórios, o Império Britânico seguiu os passos das explorações portuguesas e espanholas na América, na África e na Ásia. As explorações para a busca de novos territórios foram motivadas principalmente por mão de obra, metais preciosos e especiarias asiáticas.

Nessas expedições, os britânicos levavam seus costumes, incluindo sua cultura corporal de movimento, em um processo de mundialização esportiva. É interessante apresentar aos estudantes, se for possível, o mapa “Visão do Império Britânico no mundo”. Amplie e explore todo o mapa. Há dados interessantes dessa época, como as áreas das colônias, o censo demográfico e a diversidade cultural representada nos desenhos das pessoas, fazendo relação com o tê cê tê Multiculturalismo.

Segundo Kumar (2012), mais recentemente, há o processo de globalização com maior integração entre os países e as pessoas em aspectos políticos, econômicos e sociais. Há, também, a internacionalização dos produtos esportivos, com a atuação de empresas estrangeiras.

Visão do Império Britânico no mundo

Mapa. Título: 'Visão do Império Britânico no mundo'. Folha amarelada com o planisfério no centro. Estão destacados em vermelho a Inglaterra, a Irlanda (território que corresponde às atuais Irlanda e Irlanda do Norte), a Escócia, o Canadá, a Austrália, a Índia, a África do Sul, a Nova Zelândia, a Guiana Britânica (território que corresponde à atual Guiana), além de outros territórios nas Américas, na África, na Ásia e na Oceania que faziam parte do Império Britânico. Na parte superior, no centro, há uma espécie de brasão com a inscrição 'British Empire throughout the world exhibited in one view'; o brasão é ladeado por ilustrações mostrando colonizadores britânicos junto a aborígenes australianos e a indígenas norte-americanos e por listas das possessões britânicas. Na parte inferior, ilustrações mostram, à esquerda, habitantes das colônias britânicas na Ásia e na Índia e, à direita, habitantes do Império Britânico na Europa.
A expansão do Império Britânico no século dezenove está pintada em vermelho. MAPA de djôn bartholomíu, 1831­‑1893. Reino Unido, 1850. 1 mapa, 26 por 49 centímetros.

Essas relações internacionais acontecem com a comercialização de produtos e serviços por meio da importação e da abertura de lojas originárias de outros países. Muitos estudantes talvez conheçam várias marcas de tênis esportivos, camisetas de times europeus e bonés de marcas específicas das tribos juvenis (skate, hip-hop etcétera).

Em contrapartida, o artista uruguaio Joaquín Torres García, quem desenhou América invertida, defende a afirmação da identidade cultural, a valorização e o desenvolvimento da cultura da América do Sul. Ele procura combater o imperialismo cultural estadunidense e outras normas culturais enraizadas na colonização europeia das Américas, e critica a busca da globalização e da homogeneização dos povos com supervalorização de tudo o que vem do hemisfério Norte, que tem sido a referência usada em séculos. Quando dizemos que temos um norte, queremos dizer que temos um caminho, e a referência é o Norte. Apresente à turma a perspectiva decolonial desse artista, expressa na seguinte frase: “reticências porque na realidade nosso Norte é o Sul”.

Desenho. O mapa da América do Sul é mostrado invertido, com a ponta sul voltada para cima, e o extremo norte voltado para baixo. No alto, está escrito: 'Polo S'. O mapa é atravessado pelas linhas do Equador e do Trópico de Capricórnio. Em cima, à esquerda da representação da América, vemos o Sol e duas caravelas desenhadas sobre a linha do Trópico de Capricórnio; à direita, a Lua e estrelas. No centro, à esquerda da América, está escrito: 'S. 34º41’ W 56º9’'; à direita, estão desenhados um peixe e ondas. Embaixo, à esquerda, está escrito: 'Ecuador'.
América invertida, 1943, do artista uruguaio Joaquín Torres García (1878-1949). Tinta sôbre papel, 22 por 16 centímetros.

Pensando nas práticas esportivas, retome os dados da pesquisa nas mídias sociais sôbre as modalidades mais frequentes com rréchitégui (cerquilha, sustenido)esporte e questione os estudantes sôbre o que consideram ser práticas decoloniais. Por um lado, devemos resgatar as práticas corporais dos povos originários. Por outro, podemos valorizar os esportes originados das periferias, das ruas, onde o povo circula. Nesse sentido, vamos conhecer dois esportes de invasão que foram recriados nas ruas pêla juventude americana e argentina: o streetball e o futebol callejero.

Esportes de invasão: streetball e futebol callejero

Retome o conceito abordado no 6º ano sôbre esporte de invasão e apresente o streetball e o futebol callejero.

Streetball

A palavra “street” significa “rua” e “streetball”, “basquete de rua”. De acôrdo com rórn (2014), sua origem não foi documentada, mas suas raízes estão nos guetos das grandes cidades de Nova iórque e Washington, nos Estados Unidos, e associadas aos estilos musicais hip-hop e rap. Em meados de 1950, o universitário êrl manigô foi o primeiro ídolo do streetball e, no Brasil, a primeira competição foi realizada pêla Liga Urbana de Basquete em agosto de 2004, no Rio de Janeiro.

O streetball tem como princípio a liberdade de expressão, criação e improvisação de jogadas, valorizando assim as habilidades individuais do jogador; está relacionado com a cultura de juventude. Em geral, as equipes são compostas de três participantes, mas também podem ter de um a cinco jogadores. Alguns têrmus usados no streetball são:

  • Ballers: jogadores de basquete de rua que não visam só pontuar, mas, sim, debochar e aturdir o adversário.
  • Trotters: os Harlem Globetrotters, time de exibição do basquete-arte.
  • Ala: jogador que normalmente recebe a bola do armador, atua mais pêlas laterais da quadra.
  • Armador: jogador que dirige o time e quem fica mais tempo com a bola nas mãos; é o armador que passa as ordens do treinador para o time, além de organizar jogadas ofensivas e realizar os contra-ataques.

Futebol callejero

O futebol callejero foi criado por Fabian Ferraro, ex-jogador de futebol argentino, na década de 1990, em Chaco Chico, cidade de Moreno, na Argentina. Segundo Rossini e outros (2012), o esporte tem como princípios o respeito, a cooperação e a solidariedade, considerando-o potencializador em processos de aprendizagem e inclusão social.

A modalidade visa resgatar o futebol popular com crianças e jovens e é praticada nas ruas, sem um árbitro específico, pois as regras são definidas pelos participantes, proporcionando espaço para o protagonismo e o diálogo entre os jovens advindos de um contexto de vulnerabilidade social.

Explique a organização desse esporte por meio do quadro a seguir.

Espaço de jogo

Ruas, parques, clubes, praças ou outro espaço aberto.

Tempo de jogo

1º tempo: os times definem de forma consensual as regras básicas, na presença de um mediador que orienta a definição dessas regras.

2º tempo: prática do jogo com as regras definidas no 1º tempo.

3º tempo: momento em que os jogadores refletem sobre o jogo, avaliando se as suas condutas individuais e coletivas foram condizentes com os princípios de cooperação, solidariedade e respeito, e se fazem jus à pontuação.

Pontuação

Não é necessariamente a equipe que fez mais gols que vence o jogo. A pontuação é definida após a reflexão sobre os princípios de cooperação, solidariedade e respeito. Decide-se se houve empate ou a vitória de uma das equipes.

Quadro elaborado para esta obra.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Pesquise na internet a sugestão de aprofundamento a seguir.

FUTEBOL callejero. São Carlos: abre colchetesem nomefecha colchete, 2018. 1 vídeo (5 minutos). Publicado pêlo canal TV ú éfe ésse jota.

O que é e como o futebol callejero contribui positivamente para o desenvolvimento dos jovens.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Futebol calherrêru

Locutora: Olá! Hoje vamos falar sobre o futebol calherrêru, ou futebol de rua.

O futebol calherrêru surgiu na Argentina, por volta de 1990, inspirado nas práticas das comunidades da região da Grande Buenos Aires que, assim como no Brasil, tinham o hábito de jogar futebol na rua, com um número de jogadores variável e sem traves para gol. A ideia era promover, através dessa prática esportiva, a recuperação do protagonismo juvenil, criando um diálogo entre os jovens e a sociedade.

O movimento de futebol calherrêru pretende resgatar valores humanos, colaborar no desenvolvimento de lideranças, inclusão social e processos comunitários solidários.

A partida do futebol calherrêru é dividida em três tempos. No primeiro tempo todos os jogadores se reúnem em uma roda de conversa, momento em que são estabelecidas as regras que nortearão a partida.

Os times podem ser selecionados por sorteio, com cartões de cores ou números semelhantes. Desse modo, quem sortear cartões da mesma cor ou de mesmo número, ficará na mesma equipe.

O segundo tempo consiste na prática do esporte. Por ter regras flexíveis, a presença de um juiz de partida não é necessária. Os times contam apenas com um mediador, que fica responsável por anotar lances e acontecimentos da partida para serem discutidos posteriormente.

O formato misto do time é uma característica importante desse esporte. As partidas possuem jogadores do sexo feminino e masculino, que atuam juntos nas equipes.

No terceiro e último tempo, é discutido quem foi o time vencedor. Isso porque, ao contrário das partidas de futebol tradicionais, a vitória não é resultado da quantidade de gols marcados, e sim do comportamento individual e coletivo com base em três critérios fundamentais: solidariedade, respeito e cooperação.

Assim, para determinar o time vencedor, os jogadores avaliam a postura dos colegas ao longo da partida, sendo que as regras combinadas no primeiro tempo são levadas em consideração durante esse processo.

Nesse momento, o mediador assume um papel fundamental, ponderando atitudes e trazendo para o diálogo questões observadas ao longo da partida.

Por não ser baseado na competição, mas na convivência, o futebol calherrêru oferece muitos benefícios aos praticantes, como o fortalecimento de vínculos afetivos, o desenvolvimento do sentimento de pertencimento à comunidade e o estabelecimento de laços de confiança e segurança entre jovens. Dessa forma, ele é capaz de proporcionar a reflexão sobre diversas questões que constituem problemas sociais, como a luta pela igualdade de gênero e de condições e o desenvolvimento de valores e laços humanos.

A prática saudável desse esporte possibilita o respeito às diferenças, a empatia e auxilia na autoestima dos jovens.

Atualmente, o futebol calherrêru é praticado em diversos países, como Uruguai, Paraguai, Chile, Brasil, Equador, Costa Rica, Colômbia, Peru, Panamá, Alemanha e África do Sul.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre esse esporte, que tal reunir seus amigos para organizar uma partida? Bom jogo!

Locutor: Crédito: O áudio inserido neste conteúdo é da .

 

Avaliando em diferentes linguagens

Veja a imagem sôbre o futebol praticado por crianças da aldeia aiá e responda às questões.

• Vocês conhecem outras fórmas de jogar futebol? Quais?

Homens e mulheres podem jogar futebol juntos? Por quê?

Vocês acreditam que é possível jogar de acôrdo com os princípios do futebol callejero?

O futebol masculino e o feminino ocupam os mesmos espaços na mídia? Têm os mesmos salários e incentivos?

Contextualize as desigualdades de gênero presentes no futebol brasileiro, como a pouca valorização da mídia, os baixos investimentos e os estereótipos de gênero com as mulheres que jogam futebol. Explique que o esporte apresentado na imagem é chamado “futebol de rua” e é semelhante ao futebol callejero.

Fotografia. Dois meninos de camiseta, bermuda e descalços estão em um campo de terra; um deles chuta uma bola, enquanto o outro está posicionado diante de uma trave de madeira sem rede. Mais ao fundo, veem-se mais sete meninos de camiseta, bermuda e descalços, além de árvores e de uma construção de madeira com cobertura de sapé.
Crianças jogando vôlei e futebol na escola indígena Kalapalo, da aldeia aiá. Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, 2018.
Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que a imagem seja descrita oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.

Vamos à prática!

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, sugere-se inicialmente apresentar e delimitar o espaço da prática. O uso de bolas maiores, com guizos, e sinalizadores sonoros é uma possibilidade

Esportes reinventados nas ruas

Objetivos:

  • Experimentar jogos de streetball, identificar as dificuldades pessoais e coletivas após os jogos e apresentar propostas para saná-las.
  • Identificar e discutir o contexto de participação de meninos e meninas nos jogos de futebol da turma.
  • Vivenciar o jôgo e organizar um festival de futebol callejero.

Materiais:

Bolas de basquete, cesta da quadra ou adaptada, colêtis (fitas ou outros materiais que possam identificar as equipes), bolas de futebol, traves e equipamentos audiovisuais (aparêlhu de som e celular)

Experimentando o streetball

Forme trios ou quartetos. Cada grupo receberá colêtis para sua identificação.

Retome como é praticado o streetball e aproveite para tirar dúvidas.

O jôgo tem por objetivo fazer cestas: arremêssu de dentro da área vale um ponto, arremêssu de fóra da área vale dois pontos.

Vamos à prática!

As equipes se distribuirão nas miniquadras. Cada equipe terá um tempo entre 2 e 4 minutos para conversar sôbre como se organizará taticamente (defender e atacar).

Determinar, a partir de alguns critérios democráticos definidos pêlas equipes (sorteio, par ou ímpar, acôrdo etcétera), quem iniciará o jôgo.

Os jogos serão realizados nas miniquadras. Se a escola não tiver cestas para a prática, é possível construí-las com materiais alternativos. Verifique os espaços e os materiais disponíveis na escola para construírem as próprias cestas para a prática do streetball.

Após a vivência, converse com a turma sôbre as percepções e as estratégias durante o jôgo. Observe a conduta dos estudantes, como cooperação, respeito às individualidades, possíveis conflitos e fórmasde superar essas situações.

Futebol callejero: o protagonismo da juventude

Converse com os estudantes sôbre as contribuições dessa modalidade com relação ao trabalho em equipe, à empatia e ao respeito ao próximo.

Forme grupos de seis a oito participantes, que receberão colêtis, para se organizar em duas equipes adversárias, e uma ficha, para preencher os três tempos do jôgo de futebol callejero.

1º tempo do jôgo

Oriente a turma a preencher a ficha com as regras do jôgo combinadas.

FICHA DE FUTEBOL CALLEJERO

Equipe A (nomes dos participantes):

Equipe B (nomes dos participantes):

1º tempo: construção das regras

2º tempo: realização do jogo

3º tempo: reflexão sobre o jogo com base nos princípios de respeito, cooperação e solidariedade

Pontuação:
Resultado após a reflexão
( ) Empate − Equipe _______ × ______
( ) Vitória − Equipe _______ × ______

Quadro elaborado para esta obra.

2º tempo do jôgo

Recolha as fichas e inicie os jogos em miniquadras organizadas com gols adaptados com trave de pê vê cê ou outros recursos disponíveis na escola.

Vamos à prática!

3º tempo do jôgo

Após o jôgo, reunir as equipes e retomar a ficha para refletir sôbre os princípios de respeito, cooperação e solidariedade vivenciados no futebol callejero.

Observe como os grupos estão construindo as regras do jôgo. Verifique se meninas e meninos estão participando desse processo e relembre os princípios do futebol callejero, orientando-os a propiciar a participação de todos. Nas situações conflituosas entre os estudantes, intervenha preservando o diálogo. Ao final, organize uma roda de conversa para refletirem sôbre como foi essa prática e apresente o vídeo do rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado.

rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado

Pesquise na internet a sugestão de aprofundamento a seguir.

FUTEBOL calherrêru Sésqui Campo Limpo. São Paulo: [sem nome], 2019. 1 vídeo (3 minutos). Publicado pêlo canal Sésqui Campo Limpo.

Converse com a turma e enfatize como os princípios do futebol callejeropodem modificar atitudes.

Festival de futebol callejero

Proponha a organização do festival formando comitês com a participação de professores, estudantes da turma e do grêmio estudantil, conselho de escola e equipe gestora.

O comitê de organização realizará reuniões constantes com a gestão da escola. Serão apresentados o cronograma para definir a data do evento, os locais e os materiais necessários. Organize equipes temáticas, por exemplo:

Grupo 1: comitê de organização

Grupo 2: divulgação do evento (comunicação para as turmas, cartazes, convites)

Grupo 3: materiais e recursos financeiros (patrocínios, comunidade na arbitragem)

Grupo 4: inscrição dos participantes (campanha de arrecadação de alimentos para inscrição)

Grupo 5: orientadores de estudo sôbre o futebol callejero

Os grupos temáticos trabalharão na organização de todo o evento. Para isso precisam estar articulados, pois um depende do outro para a realização de suas ações, dialogando sempre e tendo reuniões constantes. É importante criar cartazes, vídeos, infográficos, entre outros recursos, informando sôbre o festival e sôbre o esporte callejero (sua origem, suas regras etcétera).

Para as atividades no festival, definam de fórma colaborativa quem serão os responsáveis ou mediadores de cada momento:

  • Abertura: apresentação cultural e da história do futebol callejero.
  • Organização geral do festival: espaços dos , duração, sequên­cia das partidas etcétera
  • jôgo de futebol callejero: definir os mediadores dos jogos, que acompanharão as equipes, auxiliando e tirando dúvidas durante os três tempos dos jogos.
  • Encerramento: apresentação dos resultados e celebração coletiva do evento.

Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes

Cidadania e Civismo.

Esta seção procura estimular as competências gerais da Educação Básica e aborda o Tema Contemporâneo Transversal Direitos da criança e do adolescente, pois visa refletir sôbre o direito ao lazer a fim de ampliar as possibilidades do repertório cultural da turma ao conhecer os diversos tipos de equipamento de lazer presentes na região em que os estudantes moram.

Pertencimento da cidade

O direito ao lazer e ao esporte é fundamental para o bem-estar de todo cidadão. O capítulo quatro do Estatuto da Criança e do Adolescente descreve o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, e o verso da canção “Comida”, do grupo Titãs, reflete esse anseio da juventude: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.

Em grandes metrópoles, há uma crescente privatização dos espaços públicos, que precisam ser apropriados, pois as juventudes se formam a partir das experiências e das vivências em cada território, onde os símbolos, os comportamentos e os sentimentos se constroem. Como diz um dos mais renomados intelectuais do Brasil, Milton Santos (1999, página 8): A identidade é o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho; o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida”.

Ressalte aos estudantes que eles devem reconhecer e exercer os direitos com protagonismo nos espaços de lazer de seu bairro, de sua cidade. A apropriação desses territórios é uma poderosa fórma de expressão e afirmação de sua identidade.

Pesquise na internet a letra e o vídeo da canção Fim de Semana no Parque, em que Mano bróun, líder dos Racionais êmi cis, contou a realidade da periferia de São Paulo, e apresente-os aos estudantes. Em seguida, peça à turma que leia e reflita sôbre as questões a seguir.

  • Mano bróun retrata um final de semana de verão. Qual é a rotina que ele descreve nesse tempo de lazer?
  • Qual é a crítica que ele faz em relação aos espaços de lazer que encontra na cidade?
  • Os espaços de lazer são acessíveis a toda a população?
  • Como é no seu bairro e cidade? Existem as mesmas desigualdades sociais?
  • Há espaços de lazer para toda a população, independentemente das condições financeiras?

Apropriação dos equipamentos de lazer na comunidade

A proposta final desta unidade será o levantamento dos espaços de lazer no bairro ou na cidade da escola. Para iniciar, peça aos estudantes que reflitam sôbre estas questões:

  • O direito ao lazer tem sido respeitado na sua comunidade: bairro e cidade? Em quais momentos eles são respeitados e em quais não são?
  • Há projetos públicos voltados para os adolescentes? Caso haja, há vagas suficientes? Há ações gratuitas para estimular o acesso ao esporte?
  • Como estão os lugares frequentados pelos jovens? Os espaços são adequados, acessíveis e seguros?
  • O que vocês fazem no tempo livre durante a semana? Quais espaços de seu bairro ou cidade utilizam?
  • Citem exemplos de equipamentos de lazer, espaços específicos em que se prioriza o lazer.
  • Apontem outros espaços que não são específicos para o lazer, mas que possam ser replanejados para uso nos tempos livres: casa, rua, escola, entre outros.
  • Como vocês utilizam esses espaços? Quem são as pessoas que os frequentam? O que falta para que esses espaços sejam mais bem utilizados pêlas pessoas da cidade?

Por fim, veja a possibilidade de escolher e visitar um dos equipamentos para pensar em algumas ações, como:

  • Elaborar estratégias para ampliação de atendimento do equipamento à sociedade pêlas subprefeituras ou parcerias na comunidade.
  • Sugerir atividades que poderão ser realizadas no equipamento para torná-lo mais atraente.
  • Pensar em uma campanha de divulgação desse equipamento na própria comunidade escolar: cartazes, folders, utilização de redes sociais, palestras, entre outras inúmeras possibilidades ao alcance da criatividade da turma. Será muito interessante conseguir construir um mapa com a indicação dos equipamentos de lazer em seu bairro ou cidade.
  • Antes da visita, oriente pesquisas sôbre as principais características do equipamento: data de fundação ou construção; se é frequentado pêlo público; quem é responsável pêla manutenção (prefeitura, govêrno, iniciativa privada); se alguma ação em parceria com o poder público com o objetivo de elaborar projetos para a sociedade; etcétera