UNIDADE TEMÁTICA 2 ESPÍRITO ESPORTIVO NAS LUTAS DO MUNDO
Raio- xis da unidade
Competências da Bê êne cê cê
Competências gerais da Educação Básica: 1, 2, 3, 4, 5, 8, 9 e 10.
Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de Educação Física para o Ensino Fundamental: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Habilidades de Educação Física da Unidade Temática
( ê éfe oito nove ê éfe um seis) Experimentar e fruir a execução dos movimentos pertencentes às lutas do mundo, adotando procedimentos de segurança e respeitando o oponente.
( ê éfe oito nove ê éfe um sete) Planejar e utilizar estratégias básicas das lutas experimentadas, reconhecendo as suas características técnico-táticas.
( ê éfe oito nove ê éfe um oito) Discutir as transformações históricas, o processo de esportivização e a midiatização de uma ou mais lutas, valorizando e respeitando as culturas de origem.
O que veremos nesta unidade
Esta unidade temática apresenta os significados, os conceitos e as classificações que permeiam as representações das lutas, dando oportunidade aos estudantes de refletir sôbre questões éticas por meio do espírito esportivo. Esse tema associa-se às habilidades ( ê éfe zero oito ê érre zero um), ( ê éfe zero oito ê érre zero quatro) e ( ê éfe zero oito ê érre zero dois) de Ensino Religioso, ao analisar e discutir como crenças, filosofias de vida, princípios éticos e tradições podem influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. A unidade focará, também, no Tema Contemporâneo Transversal ( tê cê tê) Educação em direitos humanos, estimulando os estudantes a atuar de fórma autônoma e crítica em uma sociedade democrática, valorizando o respeito mútuo, a justiça, a solidariedade, o diálogo, a cooperação, a tolerância e a paz.
As vivências serão feitas por meio de jogos de oposição relacionados às lutas lâmbi, kung fu e palo canario. Na seção “Conectando saberes”, a interdisciplinaridade é feita com Arte e a cultura juvenil por meio de animês, mangás e filmes de ação que tematizam a luta. Por fim, na seção “Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes”, propõe-se uma reflexão sôbre a perspectiva decolonial, questionando os padrões europeus que influenciaram a cultura no Brasil, especificamente os esportes. Propõem-se a pesquisa e a construção de um jôgo com atletas negros, trazendo a discussão da representatividade negra no esporte e na luta e o debate sôbre as relações étnico-raciais e uma educação antirracista. Nesse sentido, contempla-se o tê cê tê Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras.
De ôlho nas imagens
Orientação para acessibilidade
Caso haja estudantes cegos na turma, é necessário que as imagens sejam descritas oralmente. Se houver possibilidade, utilize o recurso de audiodescrição.
Faça um levantamento do que os estudantes aprenderam nos anos anteriores sôbre lutas. Para isso, analise com eles estas ou outras imagens e verifique o que reconhecem dessas modalidades de luta. Incentive-os a compartilhar com a turma o que já sabem e ouça-os com atenção, apontando acertos e incoerências nas respostas. Por fim, reforce as características das lutas apresentadas nas imagens do livro ou das escolhidas por você.
Estimule os estudantes, em duplas, a refletir sôbre as questões a seguir e, na sequência, compartilhar suas respostas com a turma.
- Quais são as características que diferenciam as lutas de outras práticas corporais? Quais são as características que todas as lutas devem ter?
- Que movimentos você conhece das lutas? Cite uma luta e descreva alguns de seus movimentos.
- O que você acha que é fair playou espírito esportivo?
Verifique o conhecimento prévio da turma sôbre as lutas e apresente seus elementos condicionais (contato proposital, fusão ataque e defesa, imprevisibilidade, oponente/alvo e regras) e as categorias que serão estudadas no contexto do espírito esportivo: luta de agarre ( lâmbi), de golpes (kung fu) e com implementos (palo canario).
Por dentro do tema
O espírito esportivo articula-se com a educação para a ética e com as duas últimas competências gerais da Educação Básica, no sentido de exercitar “a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação”, promovendo o respeito, além de “agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários” (BRASIL, 2018, página 10).
Esportivização das lutas e espírito esportivo
Segundo Correia e franquíni (2010, página 2), as lutas, as artes marciais e as modalidades esportivas de combate fazem parte de um universo amplo de manifestações culturais com diversificadas origens e uma pluralidade de “configurações sociais, fórmas de expressão, repertório técnico, linguagens, organização e institucionalização”.
Enquanto a palavra “marcial” faz alusão à dimensão conflituosa das relações humanas (e é referência ao deus romano da guerra, Marte), a palavra “arte” insere características como expressividade, inventividade, imaginação, ludicidade e criatividade (CORREIA; franquíni, 2010). Já as modalidades esportivas implicam sistemas de combate organizados por instituições esportivas:
Aspectos e conceitos como competição, mensuração, aplicação de conceitos científicos, comparação de resultados, regras e normas codificadas e institucionalizadas, maximização do rendimento corporal e espetacularização da expressão corporal são alguns exemplos dessa transposição moderna de práticas seculares de “combate”.
CORREIA, Uálter Roberto; franquíni, Emerson. Produção acadêmica em lutas, artes marciais e esportes de combate. Motriz, Rio Claro, volume 16, número 1, página 1-9, janeiro- março 2010, página 2.
Segundo os autores, há um crescimento cada vez maior do número de federações, ao mesmo tempo que aumentam as divulgações midiáticas relacionadas aos esportes, transformando as lutas em grandes “empreendimentos sociais”. Um problema dessa midiatização dos esportes é a desvinculação de suas regras éticas e morais.
Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.
A ética esportiva ganha destaque em 1828, quando Thomas Arnold reorganizou o esporte com a finalidade de oferecer valôres éticos às famílias da Inglaterra.
Quando Piérr cúbértã, criador dos Jogos Olímpicos modernos, incorporou a noção do comportamento cavalheiresco no esporte, surgiu o fair play, expressão traduzida como “ jôgo justo”, “espírito esportivo”, quando há a adesão voluntária ao código de ética de uma competição. Em 1963, a unêsco, em parceria com associações esportivas, criou os Troféus Internacionais de Fair Play e, em 1975, vários órgãos internacionais publicaram a carta com seus valôres universais: racionalidade, igualdade, justiça e entendimento mútuo (SANTOS, 2005).
Cabe contextualizar que esse espírito esportivo se potencializou no Japão, aplicado pêlo criador do judô, . Nas artes marciais há uma filosofia que fundamenta a sua formação, desde as primeiras lições. Não há como aprender seus movimentos de defesa e ataque sem essas normas éticas.
Apresente aos estudantes esse contexto filosófico das artes marciais e o empenho dos órgãos esportivos em preservar o código de ética nas lutas, sobrepondo-se aos interêssis financeiros e midiáticos.
Lutas de agarre, de golpes e com implementos
Segundo Gomes (2008), as lutas apresentam condições indispensáveis representadas seguintes princípios:
Quadro elaborado com base em Gomes (2008).
A autora também apresenta as categorias das lutas em relação à distância entre os lutadores:
Quadro elaborado com base em Gomes (2008).
Sabemos que as lutas ainda são erroneamente associadas a brigas, vandalismo e violência. Isso demonstra a necessidade de propostas de ensino que auxiliem no desenvolvimento humano de fórma mais ampla. Muitos projetos sociais realizam oficinas educacionais com o objetivo de desenvolver habilidades sociais, pessoais, produtivas e cognitivas, além de ampliar o repertório cultural.
Vamos retomar os elementos básicos da Carta sôbre o Espírito Desportivo que nortearão os estudos e as vivências desta unidade:
1. Respeitar os regulamentos;
2. Respeitar os árbitros e aceitar as suas decisões;
3. Respeitar os adversários;
4. Demonstrar preocupação com a igualdade de oportunidades entre os competidores;
5. Manter permanentemente a sua própria dignidade.
Gonçalves (1990) e rrêniê (1990) apud SANTOS, Antônio Roberto Rocha. Espírito esportivo: fair playe a prática de esportes. Revista maquênzi de Educação Física e Esporte, São Paulo, volume 4, número 4, 2005. página 22.
Os estudos têm início nas três categorias das lutas: agarre ( lâmbi), golpes (kung fu) e com implementos (palo canario).
Laamb: uma luta senegalesa
Segundo chiunê (2019), lâmbi significa “coração” ou “honra”. A luta é a paixão nacional senegalesa e é divulgada por megaeventos que atraem os melhores lutadores e milhares de espectadores. A tradição nasceu em um vilarejo, quando os ancestrais saíam à caça e desafiavam outras vilas para uma batalha como demonstração de fôrça.
Essa prática se apresenta em fórma de celebrações, cortejos, disputas de terra e compartilhamento de colheitas. Os praticantes lutam após uma preparação que envolve um conjunto de crenças, treinos, talismãs, dedicação e rezas. Nos rituais que antecedem os confrontos, os lutadores criam movimentos corporais ao ritmo de tambores, para captar energias positivas e atrair o carisma do público. Se possível, assista com a turma ao vídeo indicado no boxe rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado.
rréchitégui (cerquilha, sustenido)FiqueLigado
Pesquise na internet as sugestões de aprofundamento a seguir.
• COMO A LUTA LIVRE NO SENEGAL SE TORNOU UMA COMBINAÇÃO MÍTICA DE ême ême á | Olympic Outposts. [ sem local], 2018. 1 vídeo (10 minutos). Publicado pêlo canal Olympics.
A tradicional luta lâmbi está no centro da sociedade senegalesa.
• Now THAT’S a heavyweight bout! Thousands gather to watch biggest names in Senegalese wrestling go fist-to-head in brutal bout to open country’s fighting season. Daily Mail, 6 abril 2015 (em inglês).
Apresente as imagens de luta e da cultura senegalesa desse artigo.
Os regulamentos são rígidos nas competições: três árbitros atuam para gerir as regras da luta, que dura dois tempos de dez minutos e pode incluir uma prorrogação. Os participantes não usam nenhum tipo de implemento ou equipamento e só é permitido agarrar e utilizar a fórça do próprio corpo para encostar a cabeça, as nádegas, as costas, as duas mãos ou os dois joelhos do adversário no chão.
Princípios do kun fu ou uúchu
O registro histórico mais antigo do kung fu foi feito na China e data de 2674 antes de Cristo Ele surgiu da observação dos movimentos dos animais e foi sendo modificado e aprimorado no decorrer das diferentes épocas e dinastias, gerando inúmeros estilos. De acôrdo com Silva Mocarzel e outros (2012), o kung fu foi difundido com o desenvolvimento de três das mais conhecidas doutrinas filosóficas ou religiosas da Ásia antiga e atual: taoísmo, confucionismo e budismo. Por isso, sua imagem é vinculada até hoje ao Mosteiro de Shaolin, um importante centro histórico de difusão dessa arte marcial, reconhecido pêla unêsco como Patrimônio da Humanidade desde 2010.
Uma característica essencial do kung fu é o ensino de valôres educacionais e princípios filosóficos, que buscam harmonia, saúde, qualidade de vida e paz. Sua prática ensina resiliência, ao observar os pontos positivos dos acontecimentos, além da facilidade para se adequar a qualquer situação. Assim, possivelmente, as pessoas ficam menos frustradas, mais satisfeitas e menos violentas.
De acôrdo com a Federação Internacional de uúchu, kung fu e uúchu são denominações para as práticas de artes marciais que se originaram e se desenvolveram na China. Além de um sistema de ataque e defesa, é uma fórma de cultivar o corpo, a mente e o espírito de fórma positiva e benéfica com o intuito de parar o conflito e promover a paz, com foco no ensino de valôres morais, concentrando-se no uú De ou ética marcial.
O kung fu ou uúchu é uma arte marcial que se desenvolveu em vários estilos com suas próprias técnicas, táticas, princípios e métodos, bem como com o uso de uma ampla variedade de armas tradicionais. Suas práticas variam amplamente: algumas focam em técnicas de mãos, pernas ou na luta livre, algumas se concentram no ataque e na defesa, enquanto outras se esforçam para promover e preservar a saúde e o bem-estar. Mais recentemente, o kung fu tornou-se um esporte competitivo categorizado em duas modalidades, o taolú (competição de rotinas) e o sandá (competição de luta livre). Em 2022, foi incluído nos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados na cidade de Dacar, capital do Senegal.
A proposta pedagógica desta unidade abordará a rotina taolú, sequência de técnicas predeterminadas e coreografadas para incorporar princípios estilísticos de ataque e defesa, incluindo técnicas de mão, perna, saltos, varreduras, posturas e equilíbrios, além dos gestos do sandá, focando na preservação de técnicas e táticas para melhorar a flexibilidade, a resistência, a fôrça, a velocidade, o equilíbrio e a coordenação do praticante.
O taolú inclui rotinas individuais, opcionais, obrigatórias e coreografadas de duelo em duplas ou em grupo, que são avaliadas em relação ao desempenho da qualidade e do grau de dificuldade dos movimentos e do atleta. As categorias dos campeonatos são: Xâng (Punho Longo), nãnchuãn (Punho do Sul), taichichuãn (Tai Chi Chuan), taichichiãn (Espada Reta de Tai Chi), daochú (Espada Larga), chianchú (Espada Reta), gãnchu (Bastão), chãnchu (Lança), nântao (Espada do Sul), nãnquãn (Funcionários do Sul), Duiliano (Duelo Coreografado), baguadjãn (Oito Trigramas Palma), chuanchãn (Espadas Retas Duplas), chuãndao (Espadas Duplas) e chinguichuãn ( fórma e Intenção Punho).
Luta palo canario (vara de Canário) ou juego del palo ( jôgo do pau)
O palo canario, luta com vara, originou-se com os Guanches, povo indígena das Ilhas Canárias (arquipélago espanhol no Oceano Atlântico), em tempos pré-coloniais, no início do século quinze. A luta é uma herança das tradições ancestrais das atividades de guerra e tem relação com o uso de varas para diversas fórmas de trabalho, sobrevivência e locomoção (PEREIRA, 1994). Tem semelhança com a arte marcial portuguesa de mesmo nome, jôgo do pau, e a fórma venezuelana juego del garrote ( jôgo de pau).
O palo canario consiste em um confronto amigável de duas pessoas, que transferem golpes com a vara ao mesmo tempo que se defendem de fórma bastante ágil. É importante destacar que não há contato dos implementos com o corpo dos participantes e, conforme descrito pêla Federação do Juego del Palo Canario, há três modalidades de acôrdo com o tamanho do implemento: grande (maior que a pessoa), médio (entre a altura da cintura e o queixo) e curto (abaixo da cintura).
Vamos à prática!
Orientação para acessibilidade
Caso haja estudantes surdos na turma, apresentar vídeos que demonstrem características da luta quando praticada pode contribuir para sua execução.
No caso de estudantes cegos, auxilie-os na delimitação do espaço das lutas e nos movimentos corporais a serem realizados. A inserção de sinalizadores sonoros nos oponentes ou objetos é também uma possibilidade. Quando em duplas, em alguns casos, pode-se criar a regra de toque contínuo entre os oponentes durante as lutas.
Elementos das lutas lâmbi, kung fu e palo canario
Retome as características do espírito esportivo e ressalte a importância de incorporá-lo às vivências práticas das lutas. Antes e ao final de cada partida, oriente os jogadores a saudarem o oponente com um aperto de mãos ou curvando-se em demonstração de respeito.
Objetivos
- Vivenciar e fruir jogos de oposição para conhecer alguns elementos técnicos, táticos e culturais do lâmbi, do kung fu e do palo canario.
- Respeitar o adversário e as regras, mantendo o espírito esportivo durante as partidas.
Materiais
• Cones (garrafas), bastão de 1,5 metro (cabo de vassoura, galho de árvores ou bambu), tapetes de ê. vê. a., caixas de papelão, pneus, para serem usados como obstáculos, e instrumentos de percussão ou áudio com música senegalesa.
Atenção
Antes de iniciar, alerte a turma sôbre a necessidade de retirar os adereços (brincos, cordões, relógios e outros) e ressalte a importância do respeito e cuidado com o corpo do colega como fórmade manter a segurança de todos durante as movimentações.
jôgo de cintura do lâmbi
No ritual do lâmbi, os lutadores dançam ao som dos tambores.
Já nesta atividade, os jogadores só poderão atacar e defender ao som do ritmo indicado pêlo professor (com instrumento de percussão ou tocando alguma música senegalesa).
- Os lutadores ficarão frente a frente, dentro de uma área delimitada (quadrado de três metros cada lado), protegendo seu cone (ou garrafa), que estará posicionado a um metro de distância de suas costas. Organize a turma para que sempre haja um ou dois árbitros para acompanhar cada disputa.
- O objetivo é derrubar o cone do adversário antes que o próprio cone seja derrubado. O ataque deve tentar se esquivar do agarre da defesa para atingir seu objetivo.
- O jôgo pode ser realizado individualmente, em grupos de quatro estudantes, para aumentar a complexidade, ou apenas com uma equipe atacando de cada vez, um modo mais simples de jogar (haverá um cone que será protegido pêla equipe de defesa enquanto a de ataque tenta derrubá-lo, depois inverte-se as posições).
Ilustração elaborada para esta obra.
Vamos à prática!
Encontre seu estilo taolú do kung fu!
- Organize a turma em grupos de dois a oito integrantes para cada um pesquisar as características de uma das principais categorias dos campeonatos mundiais oficiais de taolú na internéchional uúchu Féderêition ( í dábliu ú éfi). Veja alguns exemplos: chãn chen (punho longo), nãnchuãn (punho do sul), taichichuãn (tai chi chuan), daochú (espada larga), chianchú (espada reta), gãnchu (bastão), chãnchu (lança), duiliano (duelo coreografado) e chuãnda (espadas duplas). Depois, faça uma escala de apresentações e dos respectivos árbitros com os grupos formados.
- Verifique o que é necessário para a construção dos materiais das categorias que o grupo escolheu (papelão para a construção de espadas, facões, lanças ou bastões).
- Defina as regras com a turma, como o tempo de apresentação do taolú (um a cinco minutos) e os critérios que serão avaliados. Pesquise e leia com a turma as regras da competição de uúchu taolú Tradicional da Confederação Brasileira de uúchu ( cê bê ká dábliu). Veja exemplos de deduções nas apresentações do taolú:
1,0 |
• Reiniciar o taolu (permitido somente uma vez). |
0,5 |
• Quebrar o implemento na apresentação. |
0,1 |
• Perder o controle do implemento, lapsos (pequenos esquecimentos), desequilíbrio. |
0,05 |
• Uniforme abrir, desabotoar, rasgar. |
Fonte: Baseado em Regras de competição uúchu taolú Tradicional. Disponível em: https://oeds.link/XYTN7X. Acesso em: 22 julho 2022.
• O produto final das rotinas de taolú pode ser apresentado por cada grupo à turma ou em evento, conforme interêsse dos estudantes e disponibilidade de organização da escola.
Vamos à prática!
Atenção
Verifique se os bastões são de qualidade para não quebrar durante a prática.
Oriente e acompanhe os estudantes, observando o seguinte:
- Foco nas percepções que facilitam e dificultam a execução do movimento em detrimento à velocidade decorrente de competição. Sugira que as relatem ao final da vivência.
- Distanciamento entre os estudantes que realizam o salto.
- Importância de garantir o apôio do bastão no solo, assim como não soltá-lo durante a impulsão.
- Cuidado ao entregar o bastão para o próximo da fila.
Exploração do palo canario
• Inicie propondo uma dinâmica de locomoção com os bastões, contextualizando com o processo histórico do uso da vara pelos povos autóctones (originários) das Ilhas Canárias. Para isso, organize atividades, por exemplo, uma estafeta em que os estudantes tenham de saltar apoiando-se no bastão como se tivessem de ultrapassar vários buracos ou obstáculos.
Ilustração elaborada para esta obra.
- Para os jogos de oposição, oriente a turma a realizar rebatidas com os bastões em movimentos de ataque e defesa. Ressalte a regra de não acertar nenhuma parte do corpo do oponente, de maneira a manter a segurança de todos.
- Organize a turma em grupos e sugira os seguintes desafios:
- Agilidade: quantas rebatidas entre os bastões a dupla consegue durante 10 segundos?
- Criatividade: criar e executar uma sequência com cinco gestos de ataque e defesa que explorem movimentos combinados com giros, deslocamentos, saltos laterais, agachamentos e diferentes alturas das rebatidas dos bastões. Ao final, solicite que cada grupo apresente a sequência à turma.
Ilustração elaborada para esta obra.
Avaliando em diferentes linguagens
Atenção
Retome os princípios e a classificação das lutas propostos por Gomes (2008) nas páginas 32 e 33 desta unidade.
O lâmbi senegalês se caracteriza por uma luta de agarre, de curta distância. O taolú pode ser de média distância (golpes) ou de longa distância (espada, facão, bastão), como o palo canario, que utiliza bastões.
- Solicite à turma que identifique a presença dos princípios da luta durante as vivências: contato proposital, fusão ataque e defesa, imprevisibilidade, oponente como alvo e regras. Veja se os estudantes identificam o tipo de luta (se é de curta, média ou longa distância).
- Proponha situações para que a turma reflita sôbre o espírito esportivo. Pode-se solicitar encenações dos dilemas ou debates em grupos em que cada um defenda posições diferentes.
- Dilema no lâmbi: O jôgo está empatado em 2 a 2. Na partida decisiva, você sai da área do jôgo, mas o juiz não vê. Você pede ao árbitro para anular o ponto e disputá-lo novamente ou deixa seguir para ganhar a competição?
- Dilema sôbre kung fu: Você é o árbitro do jôgo e se distrai na apresentação. A equipe adversária solicita dedução de pontos de um dos lutadores por ter perdido o equilíbrio durante o movimento de salto. Você assume que estava distraído ou escolhe aleatoriamente um vencedor?
- Situação de conflito no juego del palo: Seu adversário grita de dor e diz que você acertou a vara em seu dedo. Qual é sua atitude?
- Relacione o provérbio chinês “Vitória sem luta é triunfo sem glória” às características do espírito esportivo.
- Nas modalidades das lutas, existem categorias para tornar o esporte mais justo. Observe a imagem, identifique o critério usado e explique os motivos da formação de categorias nas lutas.
Espera-se que os estudantes apresentem atitudes de espírito esportivo, optando por respostas éticas, como acolher a reclamação do adversário, desculpar-se e ajudá-lo procurando os primeiros socorros com o professor. Entretanto, acolha todas as respostas e promova um diálogo, respeitando todas as opiniões, explicando os motivos pelos quais se deve optar por decisões éticas em prol de um jôgo justo e uma convivência pacífica.
Reforce o conceito do espírito esportivo com o dito popular “Mais importante que ganhar é persistir e jogar de fórma justa”, uma das características do esporte; explique que há categorias por idade, pêso e sexo, para que a competição seja mais justa.
Conectando saberes
As lutas nos quadrinhos e nos filmes
Esta seção aborda as habilidades de Arte ( ê éfe seis nove á érre zero seis), ao criar desenhos baseados na temática lutas, de modo individual ou coletivo e colaborativo, e ( ê éfe seis nove á érre três um), ao relacionar as práticas artísticas às dimensões da vida social, cultural, histórica, econômica, estética e ética.
Inicie refletindo com a turma sôbre a presença das lutas na cultura oriental dos filmes e animês, assim como nos desenhos dos super-heróis. Como apontado por Gouveia-Pereira (2000), na adolescência, o grupo de amigos é um espaço privilegiado de identificação com os pares. É um momento em que se adquirem valôres e competências que servem de guia para o comportamento, uma fase em que há a necessidade de fazer parte de grupos com interêssis comuns, que gostam de um estilo de filme, esportes ou games.
Otakus: anti-heróis dos mangás e animês
Entre os grupos de adolescentes, há os chamados otakus, jovens consumidores de animês, desenhos animados inspirados nos mangás (quadrinhos japoneses) que apresentam temas como os combates entre protagonistas anti-heróis.
Há cêrca de quatro décadas, os canais televisivos do Brasil começaram a exibir animês. Atualmente, a audiência do animê migrou para os computadores e smartphones.
Os mangás têm linguagem atual, estilo diferenciado de desenho e leitura, além de temas que abrangem o interêsse do público jovem. Apresentam a humanidade de seus personagens, que o aproximam de seu leitor ao se identificar com o herói escolhido. Os personagens choram, riem, cometem erros, brigam, iludem-se e mostram uma fase de confusão, insegurança, quando muitos têm dúvidas e medos, sem deixarem de ser fortes, justos e corajosos em alguns momentos.
Em geral, as mulheres nesses desenhos protagonizam cenas que objetificam e sexualizam seu corpo. Muitas personagens são apresentadas como frágeis, e constroem-se visões romantizadas de como as garotas são ou deveriam ser.
Verifique quais as percepções da turma sôbre essas questões, se há diferença entre as opiniões de meninas e meninos. Veja se a turma conhece animês, se reconhece as lutas, bem como as semelhanças e as diferenças em relação às características dos esportes de combate.
Tranquilo e infalível como Bruce Li
Conforme descrito por Alonso (2016), a divulgação das artes marciais ocorreu na década de 1970 através dos filmes de combate com personagens heroicos interpretados por djéqui tchãn, Bruce Li, tchãqui nóris, istíven , Deivid , entre outros. O cinema estadunidense impulsionou a indústria cinematográfica de rrong , conhecida como kung fu crêiz (“mania” em inglês).
Mesmo com sua morte em 1973 aos 32 anos, Bruci li ainda é uma das maiores referências no mundo das artes marciais. Considerado por muitos o maior artista marcial de todos os tempos, ele influencia milhares de praticantes de luta por todo o mundo. Foi descrito na música de Caetano Veloso como tranquilo e infalível, características presentes nas práticas realizadas pêlo lutador. Para ampliar os conhecimentos sôbre o kung fu, apresente o infográfico da ó ê dê ou filmes como A origem do dragão e reflita sôbre o que chama a atenção na breve vida de Bruce Li, qual golpe a turma achou mais impressionante e o que o caracteriza como tranquilo e infalível.
Em parceria com os professores de Arte e Informática, apresente filmes relacionados às artes marciais. Peça aos estudantes que analisem os gestos das lutas, as posições assumidas em cada golpe e as situações nas quais as lutas são utilizadas. Solicite que a turma represente tudo que foi analisado e percebido em fórma de mangá ou de desenhos que demonstrem a execução dos movimentos ou as situações nas quais as lutas estiveram presentes. Oriente os estudantes a observarem os traços com feições exageradas e as onomatopeias que indicam os sons dos golpes.
Texto do Infografico
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Protagonismo juvenil: aplicação dos saberes
Perspectiva decolonial das lutas
Esta seção contempla o tê cê tê Multiculturalismo por meio do tema Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, assim como a habilidade de História ( ê éfe zero oito agá ih dois seis), ao identificar e contextualizar o protagonismo das populações locais na resistência ao imperialismo na África e na Ásia.
Solicite à turma que leia o texto “A renascença africana” e questione sôbre a perspectiva decolonial na hegemonia dos esportes europeus nas práticas corporais no Brasil.
Apresente a proposta de estudo sôbre as personalidades negras como fórma de luta contra o racismo e de valorização dos descendentes africanos. Solicite aos estudantes que leiam a reportagem sôbre os atletas estadunidenses que fizeram história na luta contra o racismo. Finalize propondo a construção do jôgo estilo Perfil, em que são escolhidas as dicas sôbre as personalidades pesquisadas.
A renascença africana
O Monumento da Renascença Africana foi construído para comemorar os 50 anos de independência do Senegal em 2010. Há defensores da construção dessa obra por ela representar a ascensão da África em meio à intolerância e ao racismo. Entretanto, há controvérsias quanto aos custos exagerados de sua construção, e alguns religiosos muçulmanos consideraram a representação do casal com pouca roupa contrária aos princípios do islamismo.
A noção de Renascença Africana foi inicialmente formulada pêlo antropólogo e historiador senegalês dióp a partir de 1946. Ele defende que “[a] prioridade reside na descolonização dos espíritos, uma vez que qualquer processo de renascimento começa primeiramente com um certo despertar cultural” ( dióp, 2015, página 40-42 apud FARIA, 2015).
A palavra “descolonizar” indica o processo de emancipação e autonomia dos territórios que foram colonizados. Então, podemos pensar que já passamos por esse processo desde a Proclamação da Independência do Brasil, mas quando dióp fala em “descolonizar espíritos” e “despertar cultural” significa ter autonomia em nossos pensamentos, atitudes e valôres.
Quando pensamos nos esportes, lógo imaginamos as modalidades inspiradas nos Jogos Olímpicos originados nos Jogos da Grécia, Europa Ocidental, ou naqueles divulgados pelos meios de comunicação de massa advindos da cultura estadunidense. E é de lá que vêm muitas das nossas referências culturais, ocultando os valôres dos povos que constituíram o Brasil.
As culturas dos povos indígenas e africanos trazidos para cá foram invisibilizadas. Temos de resgatá-las e valorizá-las, o que nem sempre é fácil: basta pesquisarmos um esporte de origem africana e perceberemos as dificuldades em encontrá-lo.
Personalidades na luta antirracista
Para começar nosso exercício de descolonização cultural esportiva, convide a turma a valorizar e a pesquisar atletas negros que lutaram contra o racismo.
Comente o exemplo do estadunidense , o primeiro atleta a conquistar quatro ouros em uma mesma Olimpíada. Ele venceu em Berlim, em 1936, na Alemanha Nazista, e chocou até os próprios compatriotas, que viviam sob fortes leis segregacionistas de discriminação racial.
Outra emblemática imagem é a dos atletas tômi Ismíf e Djón Carlos, que, no auge da luta racial estadunidense, protestaram no pódio com suas meias pretas e punho erguido, sinal do Movimento dos Panteras Negras, organização criada para combater a violência policial nos bairros onde morava a população negra. Além disso, eles criaram o Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos, uma organização com o objetivo de protestar contra a segregação racial e o racismo nos esportes.
Pesquise na internet e leia com os estudantes este artigo: RUBIO, Katia. O protesto que marca a memória dos Jogos Olímpicos do México, Jornal da úspi, São Paulo, 23 outubro 2018.
Depois, peça à turma que reflita: O que significa dizer que essa cena foi o momento mais marcante dos Jogos Olímpicos do México? Qual foi o motivo do protesto? A punição aos atletas foi justa? Por que houve a tentativa de apagar a imagem do pódio? E qual foi a consequência dessa ação? O que significa o broche que os três atletas usaram no pódio? Qual sua opinião sôbre a punição de píter ? O que significa o trecho “colocou à prova a prática dos ideais estabelecidos por piérre dê cubertã a respeito da condição apolítica do Movimento Olímpico”? Você concorda com a professora Katia sôbre a pergunta anterior?
Descolonização em jôgo
• Oriente uma pesquisa sôbre atletas para produzir cartas para o jôgo Perfil.
• Escolha um atleta que manteve o espírito esportivo nas competições e realizou alguma ação importante em prol da sociedade.
• Indique o nome do atleta escolhido e elabore de 5 a 10 dicas para o jôgo: a origem e os títulos do atleta, curiosidades sôbre a modalidade etcétera Veja o exemplo ilustrado.
• Combine as regras do jôgo: individual ou em equipes. Em cada jogada, escolhe-se uma dica e tem-se o direito de chutar o nome do atleta. Vence a equipe que adivinhar primeiro.
• Separe um dia para apresentar o jôgo a seus colegas e a outras turmas da escola.