CAPÍTULO 3 Viver e dançar

Fotografia. Sombras de três pessoas em movimento sobre um chão de areia.
Dançando com a sombra: dobrando, esticando e movimentando o corpo. Fotografia de autoria de Javier Ramos. Deserto de Atacama, Chile, 2019.
  1. Quantos e quais movimentos você realiza ao longo do dia?
  2. Respire profundamente, mexa os ombros, vire a cabeça para os lados e faça movimentos circulares com ela, para um lado e para o outro, por fim dê uma boa espreguiçada. Como você se sente?
  3. Massageie os seus braços e o seu rosto. Toque cuidadosamente ao redor dos seus olhos. Quais são as suas sensações?

Perceber o próprio corpo e ter consciência de que tudo o que você faz só pode acontecer porque braços, pernas, coluna, cabeça, boca, olhos e barriga funcionam em um conjunto. E esse conjunto é você!

Na imagem da abertura do capítulo, as pessoas estão brincando com suas sombras e se conectaram ao ambiente com o movimento de expansão do corpo, de inspirar e de expirar o ar, de sentir os cheiros presentes e a temperatura do vento tocando a pele. Dessa mesma maneira, com a dança, o corpo toca o mundo, e, assim, é possível conhecer a si e ao mundo.

A dança, arte do movimento, é um modo de organizar e de revelar sensações por meio da consciência do corpo, dos movimentos, dos ritmos e das fórmas de ocupar o espaço.

4. Escute com atenção o áudio “A dança das sombras” e siga as orientações do professor.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que você conhece sobre dança?
  2. O que você gosta de dançar?
  3. Em que situações ou momentos da vida você dança ou vê pessoas dançarem?

SOBREVOO

Corpo, espaço e tempo

Fotografia em preto e branco. Colchonetes sobre um gramado. No centro, um menino de cabeça para baixo e de costas, apoiando as mãos sobre um  colchonete em um salto; a perna direita dele  está estendida para cima e a esquerda está flexionada para trás. Ao fundo, uma mulher de cabelo comprido, camiseta regata, calça e tênis  olha na direção do menino. Ao lado dela, há um grupo de meninos. Atrás deles, uma cerca de arbustos e árvores.
Aula de dança com a professora Renata Macedo Soares no Centro de Convivência e Cooperativa do Parque Ibirapuera (cêco), em São Paulo São Paulo, 1994.

Para entender a arte da dança, é preciso ter consciência corporal e saber que o movimento também é um modo de pensar. Somos corpo e estamos situados em determinado lugar no espaço e em um momento no tempo. Estes são os principais elementos da dança: corpo/você, tempo e espaço.

Por isso, é importante conhecer o próprio corpo e perceber os movimentos que você faz (com suas variações de fórma e de velocidade), o espaço onde você está e como o ocupa.

Para experimentar

Vamos dançar e sentir o corpo?

  1. Escolha um lugar na sala para realizar a atividade.
  2. Comece se espreguiçando e fazendo movimentos para soltar as articulações.
  3. Quando a música começar a tocar, dance. Se sentir vontade, modifique o seu modo de dançar experimentando movimentos inabituais com o corpo e também deslocando-se pelo espaço.
  4. Ao primeiro sinal do professor, forme dupla com um colega.
  5. Ao segundo sinal, um dos integrantes da dupla vai dançar enquanto o outro fica parado, como uma estátua.
  6. A cada novo sinal do professor, as funções se invertem.
  7. Para concluir, converse com os colegas e com o professor sobre as seguintes questões:
    1. Que modos de dançar apareceram na turma? Eram muito diferentes?
    2. Ao ver os colegas dançando, o que lhe interessou?
    3. Depois de dançar, você experimentou alguma sensação nova?
Ilustração. À esquerda, um quadro com recados, uma mesa com um aparelho de som. Notas musicais saem do aparelho.  Ao lado, um menino de cabelos castanhos, blusa verde, calça azul e sapatos pretos. Ele está saltando com os joelhos flexionados, com as pernas para trás e os braços estendidos na altura da cabeça. À direita, um menino de cabelos enrolados, usando óculos, uma blusa azul, short verde e tênis. Ele está com os braços para cima, o joelho direito flexionado, com a perna dobrada para trás, o pé esquerdo no chão.

Dança coral

Fotografia em preto e branco. Um parque, com bancos  em círculos concêntricos e gramado. Sobre os bancos, pessoas usando roupas brancas. Algumas estão encolhidas e outras deitadas sobre os bancos.  Ao fundo, há pessoas sentadas e outras de pé assistindo à performance.
Origens dois. Dança coral. Coreografia: Maria Duchênis. Interpretação: Grupo labân Arte/Dança. São Paulo São Paulo, 1991.

Faça no caderno.

1. Observe essa imagem e a da página seguinte. Repare no espaço onde a dança acontece. O que você faria nesse espaço?

Versão adaptada acessível

1 Com base na descrição desta imagem e da página seguinte, atente ao espaço onde a dança acontece. O que você faria nesse espaço?

A coreógrafa Maria Duchênis (1922-2014) compôs uma dança para ser apresentada durante o pôr do sol. Nessa ocasião, ela reuniu crianças, adolescentes e adultos para criar a dança coral Origens dois (1991).

A dança coral é um modo de unir as pessoas e fazer com que seus participantes se sintam parte de um coletivo, valorizan­do o sentido de comunidade, partilha e festa.

Observe novamente as imagens e repare nas ações que as pessoas fazem. Na primeira, elas estão encolhidas e, na segunda, a pessoa em destaque faz um movimento de expansão. Também é possível ver que, na primeira imagem, a disposição do grupo segue o desenho da escultura, o que nos leva a poder apreciar o formato dela.

Os participantes foram convidados a dançar livremente nesse espaço para criar a dança, enquanto a diretora e as suas assistentes organizaram as ações, determinando o que todos poderiam fazer juntos e o que cada participante faria individualmente. Mesmo quando um grupo de pessoas dança em conjunto, as ações individuais não deixam de fazer parte do grupo nem de se relacionar com o entorno.

Quem começou a compor essas danças corais foi o dançarino e coreógrafo húngaro rúdôlfi labán (1879-1958).

Algumas coreografias desenvolvidas por labân nasceram com trabalhadores de fábricas na Inglaterra, no início do século vinte. A operação das máquinas nas linhas de montagem das indústrias exigia muita fórça física e concentração. Além disso, os operários passavam muito tempo repetindo os mesmos movimentos. Para eles, labân propunha danças com movimentos diferentes dos que realizavam em sua rotina no trabalho. Por exemplo, se eles faziam movimentos com o braço direito, ele os incentivava a repetir as mesmas ações com o braço esquerdo; se moviam apenas os braços, ele acrescentava à dança alguns movimentos com o tronco, as pernas etcétera O coreógrafo também propunha caminhadas rápidas ou lentas.

Sua intenção era fazer com que as pessoas pudessem se recuperar do cansaço causado pelas ações repetitivas e, ao mesmo tempo, se expressar e revitalizar suas forças.

Fotografia em preto e branco. Em primeiro plano, uma mulher usando um vestido branco. Ela tem cabelos longos e está de pé com os braços abertos. Atrás dela, algumas mulheres com vestido branco em fila. Ao fundo, pessoas em pé olham para elas. Ao redor, grama e árvores.
Origens dois. Dança coral. Coreografia: Maria Duchênis. Interpretação: Grupo labân Arte/Dança. São Paulo São Paulo, 1991.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Saúde.

Para experimentar

Movimentar o corpo faz bem à saúde

Uma vida ativa com exercícios físicos moderados previne doenças e nos ajuda a ter mais disposição.

  1. Escolha, com seu professor, um lugar na sala para realizar a atividade.
  2. Ao som da música, experimente diversos modos de dobrar, esticar e torcer o corpo inteiro. Preste atenção ao bem-estar que você sente ao se alongar, esticando, torcendo ou dobrando.
  3. Ao aviso do professor, comece a dobrar, a esticar e a torcer cada parte do seu corpo uma a uma. Por exemplo, faça essas ações somente com os cotovelos, depois só com os joelhos, os quadris, a coluna, os tornozelos, os punhos etcétera Fique atento para ver se descobre novas fórmas de realizar essas ações.
  4. Ao novo aviso, varie entre executar as ações com o corpo inteiro ou só com uma parte do corpo. Perceba como uma ação se transforma em outra.
  5. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Quantos modos diferentes de dobrar, esticar e torcer você experimentou?
    2. Que diferenças você identificou entre fazer as ações com uma parte do corpo de cada vez e com o corpo todo engajado em uma mesma ação?
    3. Como você se sente depois de se mexer tanto? Com base nessa exploração, converse com os colegas e com o professor sobre a importância dos exercícios físicos para a saúde.

Contato improvisação

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma dançarina de perfil com o tronco inclinado e as mãos apoiadas nos joelhos. Em cima dela, um dançarino apoia as pernas sobre o tronco flexionado da mulher e mantém as mãos e a cabeça apoiadas no chão. À direita, outro dançarino está deitado de lado no chão. Atrás dele, uma dançarina apoia a cabeça em seu ombro. Ela está com os joelhos flexionados e a mão direita sobre o tornozelo.
Steve Paxton, píter Bingham, píter Riân e Helen Clárque em uma demonstração de contato improvisação em vancúver, no Canadá. Fotografia de 1983.

2. Observe essa imagem e a da página seguinte. Você já participou de algum jogo ou brin­cadeira em que realizou ações semelhantes às desses dançarinos?

Fotografia em preto e branco. À esquerda, há um dançarino com os joelhos no chão e o tronco inclinado para trás; as mãos apoiadas no chão. Ao lado dele, há outro dançarino com roupas escuras. Ele está com as mãos no chão, as pernas para cima e a coluna flexionada.
Encostado nele, um dançarino de joelhos, com as costas do dançarino de roupas pretas apoiadas sobre suas pernas. À direita, uma dançarina, com as pernas apoiadas nos ombros do dançarino de joelhos, erguendo o quadril, com parte das costas e os braços encostados no chão.
Istívi Péquistan, píter bingam, píter ráian e Rélen Clárque em uma demonstração de contato improvisação em Vancouver, no Canadá. Fotografia de 1983.

Esse modo de dançar, característico da dança contato improvisação, depende do encontro entre duas pessoas e de elas estarem em contato uma com a outra, sempre unidas e dividindo o peso dos corpos. O que importa nessa dança é o improviso, que possibilita a descoberta de modos de estar com o outro e em movimento.

O contato improvisação acontece tradicionalmente em uma jam, que é uma ocasião em que diversas pessoas se reúnem para dançar. Nesses encontros, são bem-vindos adultos, idosos, crianças, pessoas com ou sem experiência.

Os praticantes de contato improvisação aprendem a cair, levantar, rolar no chão etcéteraAlém disso, é preciso estar disponível para tocar o outro e ser tocado por outras pessoas.

Essa prática foi criada no início dos anos 1970 pelo dançarino istív péquistan (1939-). Ele iniciou a pesquisa, que, ao longo dos anos, conquistou muitos adeptos e colaboradores ao redor do mundo.

Faça no caderno.

Para pesquisar

Contato improvisação

  1. Com o auxílio do professor, pesquise se existem pessoas que praticam contato improvisação na sua cidade.
  2. Se encontrar algum grupo, peça ajuda a um adulto para entrar em contato com os participantes. Elabore uma entrevista com um deles a fim de conhecer mais sobre esse modo de dançar.
  3. Se não encontrar nenhum grupo na sua cidade, peça ajuda a um adulto para pesquisar na internet pessoas que pratiquem essa dança. Se possível, entre em contato com um integrante do grupo pesquisado e faça a entrevista por escrito, via imêiou, por exemplo. Caso nenhum contato seja possível, busque entrevistas com pessoas que praticam o contato improvisação e anote tudo o que você descobrir sobre essa dança.
  4. Apresente sua pesquisa para a turma.

Objetos coreográficos

Fotografia. Um menino usando blusa azul e calça bege saltando de ponta-cabeça em um castelo inflável branco. Atrás, há pessoas se equilibrando.
CASPERSEN, Dana; forsáite, Uilian. White bouncy castle [Castelo branco pulante, em tradução livre]. Instalação com um castelo inflável e som. Trilha sonora: Djoél Riân. Dresden, Alemanha, 2011.

3. Observe a imagem. O que essas pessoas estão fazendo? Você já esteve em algum lugar parecido com esse?

Versão adaptada acessível

3 Com base na descrição da imagem, responda: o que essas pessoas estão fazendo? Você já esteve em algum lugar parecido com esse?

A obra retratada na imagem foi concebida pela artista Dana Caspersen e por Uilian forsáite (1949-), coreógrafo estadunidense que vive e trabalha na Alemanha. Ele monta espaços com objetos cotidianos dispostos de fórma a convidar o público a interagir, mover-se e criar danças.

4. O que você faria em um lugar onde os objetos o convidassem a se movimentar e a dançar?

Os choreographic objects [objetos coreográficos], como são chamados esses objetos pensados por Caspersen e forsáite, podem ser pêndulos dos quais é preciso desviar, balões pelos quais é preciso passar abaixando o tronco, erguendo as pernas ou se encolhendo entre eles, um castelo pula-pula como o da imagem, entre outros. Alguns deles são movidos por um maquinário eletrônico, e a música sempre está presente.

Para o coreógrafo, a interação e a brincadeira de cada participante com os objetos viram dança e, nesses espaços, não há espectadores: todos são participantes.

Ele também tem interesse em ver como a dança acontece quando muitas pessoas dividem um mesmo espaço ao mesmo tempo, já que coincidências e encontros de movimento podem surgir, formando danças em grupo ao acaso.

Brincadeiras e danças

5. Imagine se a televisão estragasse, acabasse a energia elétrica e os telefones celulares não funcionassem. Que brincadeiras você inventaria?

Uma situação semelhante acontece no espetáculo Brincos e Folias, da companhia de dança contemporânea para crianças Balangandança Companhia, em que um grupo de amigos tem de descobrir novos jeitos de brincar, uma vez que a televisão deles explodiu. E, assim, eles criam brincadeiras, dançam e inventam movimentos.

A Balangandança Companhia pesquisa modos de explorar e de inventar movimentos, bem como diferentes maneiras de compor as suas danças. Nos espetáculos, há sempre espaço para os momentos de improviso, que acontecem de diversas maneiras e em medidas diferentes em cada trabalho.

Fotografia. À esquerda, um dançarino com roupas coloridas e os braços abertos. Sentada em seus ombros, uma dançarina com roupas coloridas e os braços abertos. À direita, um homem com roupas coloridas e os braços abertos. Sentada em seus ombros, uma dançarina com roupas coloridas e os braços abertos. Eles estão sorrindo. Ao fundo, cenário com bexigas  gigantes e coloridas.
BRINCOS e Folias. Concepção e direção: Georgia Lengos. Interpretação: Balangandança Companhia, 1997.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você identificou algo em comum entre os trabalhos que foram apresentados neste Sobrevoo?
  2. Qual dos trabalhos mais despertou o seu interesse? Por quê?
  3. As atividades práticas o ajudaram a entender melhor essas danças? De que fórma?

Foco em...

Steve péquistan

Fotografia. Sobre um palco e na direção de um holofote, um homem branco, de cabelos e barba castanhos usando blusa preta de mangas compridas  e calça marrom. Ele está sentado  no chão do palco, com a mão direita apoiada no chão,  a mão esquerda sobre a perna direita e a perna esquerda dobrada, com o pé apoiado no chão.
Istívi Péquistan em 2008.

istív péquistan nasceu nos Estados Unidos, em 1939. Foi ginasta, praticou aiquidô, dançou balé e teve uma trajetória reconhecida na dança moderna. Todas essas experiências contribuíram para a pesquisa e o desenvolvimento do que viria a ser o contato improvisação.

Ele pretendia que os padrões de beleza para o movimento deixassem de ser os de um corpo treinado tradicionalmente e também desejava ir além da figura de um mestre que tem de ser copiado pelos aprendizes. Istívi Péquistan se interessava pelo movimento cotidiano, como o dos pedestres nas ruas, e queria desenvolver uma fórma de dança que qualquer pessoa pudesse praticar e, com isso, mostrar que todos podem dançar.

Faça no caderno.

1. Como você percebe seus movimentos na sua vida cotidiana? E como você percebe seus movimentos ao dançar?

Na infância, Istívi Péquistan teve espaço para correr, subir em árvores e se balançar em cordas. Essas experiências despertaram a sua curiosidade e lhe trouxeram questionamentos como: onde nasce o movimento no corpo? Como o movimento acontece? Como o corpo funciona? Para ele, estudar dança foi o modo de responder a essas perguntas, e foi assim que escolheu a dança como profissão.

No contato improvisação, a dança nasce espontaneamente do encontro entre as pessoas, e, como não há palavras, os envolvidos precisam ter paciência para que a comunicação se estabeleça por meio de toques e apoios. E, quando o encontro parece uma grande confusão para os praticantes, torna-se, na verdade, uma oportunidade de testar os reflexos e de encontrar uma possibilidade de voltar ao equilíbrio.

Para Istívi Péquistan, a dança acontece por meio da percepção do próprio corpo. O treino envolve perceber primeiro os ossos, as contrações dos músculos e as outras estruturas que nos constituem, para depois começarmos a nos mover.

Fotografia. Steve Paxton, homem de cabelos e barba castanhos usando blusa preta de mangas compridas  e calça marrom. Ele está com o braço direito para cima, semi flexionado.  Ao lado dele, uma mulher, usando  blusa listrada e calça marrom. Ela está de costas com a mão direita atrás na cabeça do homem.
náit stand [mesa de cabeceira ou encontro de uma noite, em tradução livre]. Concepção e interpretação: Istívi Péquistan e lissa nélson. cêla, Espanha, 2008.

2. Experimente: fique em pé, feche os olhos e pense na sua coluna. Inicie movimentos muito pequenos e esteja atento a como esses movimentos da coluna se desenrolam até chegarem à cabeça, aos braços e às pernas. Depois pare. Quais foram as sensações e percepções que essa dança estimulou em você?

Para pesquisar

Brincadeiras de infância

Como você viu, dispor de tempo livre e de espaço para explorar seus movimentos na infância contribuiu para o trabalho de Istívi Péquistan com dança. Também viu no espetáculo Brincos e Folias, da Balangandança Companhia, pessoas que inventam brincadeiras.

1. A partir da reflexão sobre a relação entre movimento e brincadeira, entreviste quatro pessoas mais velhas que você.

Use o roteiro de perguntas a seguir para auxiliar em sua entrevista. Anote as respostas dos entrevistados em seu diário de bordo. Em seguida, responda-as você também. Você pode acrescentar outras questões, se desejar.

  1. Do que você costumava brincar em sua infância?
  2. Que movimentos você se lembra de fazer com o corpo durante as brincadeiras?
  3. Você inventava brincadeiras? Se sim, quais?
  4. Descreva a sua brincadeira favorita nessa época.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Para você, o que há de interessante na proposta de Istívi Péquistan?
  2. Com base na lista de movimentos executados em seu cotidiano, crie uma dança. Quais são seus movimentos?

Para pesquisar

  1. Após realizar as entrevistas e responder às perguntas, leve as suas anotações para a sala de aula.
  2. Para concluir, organize seus registros das entrevistas para apresentar sua pesquisa. Prepare sua argumentação utilizando as questões a seguir.
    1. elementos em comum entre as respostas dos entrevistados?
    2. O que há de diferente entre as respostas dos entrevistados e as suas?

Foco na História

A dança e o sentido do movimento

Muitas pessoas dançam para expressar seus sentimentos e emoções. Essa possibilidade que o movimento nos dá, de transformar em ações corporais o que é difícil de explicar em palavras, foi o que levou muitas bailarinas a deixar de lado as sapatilhas de ponta e os palcos dos teatros para criar escolas de dança com passos muito diferentes do balé.

A partir de 1910, na Europa e nos Estados Unidos, essas artistas começaram a observar os movimentos das forças da natureza, passaram a estudar a anatomia do próprio corpo e a se interessar pelas danças de seus antepassados, pelos rituais esquecidos nas pequenas aldeias no interior de países da Europa e por práticas e cerimônias realizadas pelos povos originários da Índia.

Todas essas observações geraram danças inovadoras, que incluíram as ações de deixar o corpo cair no chão e de fechá-lo totalmente de fórma a se aproximar do umbigo, contraindo todos os músculos, e, em seguida, relaxá-lo, fazendo-o crescer até o máximo possível.

Esses movimentos – a queda, a recuperação, a contração e o relaxamento – proporcionaram as possibilidades de dançar que estão presentes nas obras deste capítulo.

As escolas de dança do início do século vinte foram chamadas de Dança Moderna. A bailarina e coreógrafa estadunidense Martha greém (1894-1991) foi um dos expoentes desse movimento. Em sua obra lémentêixan (1930), é expressado o sentimento de luto, como pode ser visto na fotografia.

Fotografia em preto e branco. Bailarina Martha Graham, mulher branca envolta desde a cabeça até os pés por um tecido escuro.  Ela está sentada  com as mãos entrelaçadas, os braços estendidos à direita, cabeça inclinada à esquerda, a perna direita, com o joelho flexionado, o pé estendido no ar, o pé esquerdo apoiado no chão. A dançarina se move e as tensões formadas pelo corpo dela se movendo, limitado pelo tecido, criam uma espécie de escultura em movimento.
Martha greém em Lamentation nº 4, sem local, 1930.

Foco no conhecimento

Ações corporais e cinesfera

Neste capítulo, apresentamos conceitos relacionados ao corpo e ao espaço. Vamos dar destaque agora às ações corporais e à cinesfera.

1. Tudo o que o corpo pode fazer quando o foco da atenção está no próprio movimento é conhecido como ação corporal.

Na atividade Movimentar o corpo faz bem à saude, você experimentou dobrar, esticar e torcer. Você realiza essas mesmas ações em sua vida cotidiana, mas de modo funcional e automático; por exemplo, se dobra para amarrar os tênis, se estica para alcançar alguma coisa e se torce para olhar para a pessoa atrás de você. Porém, durante a atividade, sua atenção esteve focada nas próprias ações, e você estava consciente delas.

De acordo com os estudos sobre labân realizados pela pesquisadora, professora e bailarina Lenira Rengel (1956-), dançando podemos investigar diferentes fórmas e velocidades para executar essas ações, com a atenção dedicada a esse fazer, e assim encontramos novas possibilidades de ações corporais.

2. O espaço que você ocupa no lugar onde se encontra é chamado cinesfera.

Se você ficar em pé e abrir braços e pernas, vai chegar ao limite do alcance de seu corpo em seu entorno. Imagine que ao redor desse limite existe uma esfera invisível: essa é sua cinesfera. No sistema criado por labân, você transporta a sua cinesfera na direção e no sentido do movimento quando se move. Ela também se expande e se recolhe de acordo com o que você fizer e com o lugar onde estiver.

Ilustração. Uma menina com cabelos pretos curtos, de blusa verde e calça azul. Ela está com o braço esquerdo estendido para o alto na diagonal, o pé esquerdo apoiado no chão e o direito no alto, na diagonal. Sobrepondo-se à figura da menina há um círculo, dividido por linhas diagnonais em 8 partes.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quando você realiza ações funcionais e quando você faz ações corporais?
  2. No seu cotidiano, em quais momentos você expande ou contrai ao máximo sua cinesfera?

Processos de criação

Convidamos você a realizar uma dança a partir de elementos do seu dia a dia. Agora é o momento de combinar tudo o que você viu até aqui e escolher o que achou mais interessante. Siga as orientações a seguir.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro a cinco integrantes.
  2. Lembrem-se das ações que fazem no dia a dia: saltar, girar, sentar-se, equilibrar-se, espreguiçar-se, entre outras.
  3. Escolham oito dessas ações e definam uma ordem para que elas aconteçam (por exemplo: girar, parar, saltar e equilibrar-se, espreguiçar-se, e assim por diante). Definam também a amplitude no espaço pessoal.
  4. Vocês podem selecionar uma música e utilizar um minuto dela para realizar a dança. Combinem com um colega de outro grupo para que ele abaixe o volume ao final do tempo.
  5. Com o auxílio do professor, definam uma ordem para as apresentações dos grupos.
  6. Faça um relato em seu diário de bordo sobre a apresentação do seu grupo e as dos outros. Você pode descrever as danças dos outros grupos registrando as ações, o espaço e as dinâmicas a que assistiu.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais foram as estratégias adotadas para trabalhar em grupo? Comente as que funcionaram e as que não funcionaram para o desenvolvimento da atividade.
  2. Você identificou as ações e as amplitudes no espaço apresentadas nas danças dos outros grupos?
  3. O que você achou mais interessante nas apresentações dos colegas?

Organizando as ideias

Recortes de 4 imagens distribuídos lado a lado. Imagem 1: fotografia em preto e branco de um menino saltando de cabeça para baixo sobre um colchonete.  Imagem 2: fotografia de um menino usando blusa azul e calça saltando, de cabeça para baixo em um castelo inflável branco. Imagem 3: fotografia de um homem de barba e cabelos castanhos  usando blusa preta de mangas compridas e calça marrom. Ele está com o braço direito para o alto, semiflexionado e olha para o chão.  A mão esquerda apoiada na perna esquerda. Imagem 4: Fotografia em preto e branco. Bailarina Martha Graham, mulher branca envolta desde a cabeça até os pés por um tecido escuro.  Ela está sentada  com as mãos entrelaçadas, os braços estendidos à direita, cabeça inclinada à esquerda, a perna direita, com o joelho flexionado, o pé estendido no ar, o pé esquerdo apoiado no chão. A dançarina se move limitada pelo tecido.

Ao longo deste capítulo, você foi convidado a perceber o seu corpo; viu que pode explorar as ações corporais e os espaços para dançar, bem como os objetos, que podem estimular movimentos.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Que artista ou dança mais chamou a sua atenção neste capítulo?
  2. O que você sabia sobre dança se modificou após a leitura e as experimentações propostas? Como?
  3. Nas propostas de atividade que foram apresentadas, você dançou ou apenas observou? Qual é a diferença entre essas duas fórmas de participação?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?