CAPÍTULO 1 Onde está a arte na vida?

Fotografia. Detalhe de parte da encosta de um morro ocupada por casas aglomeradas. Há pinturas de rostos humanos em preto e branco nas paredes de algumas casas. O conjunto dessas pinturas compõe a intervenção artística.
Detalhe da ação artística 28 millimeters – Women Are Heroes [28 milímetros – Mulheres são heroínas, em tradução livre], realizada em 2008 pelo fotógrafo jota érre na favela do Morro da Providência, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, Onde está a arte na vida?, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Dança; Música; Teatro; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
  1. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  2. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sobre a imagem

A imagem disparadora do capítulo é um registro da ação artística 28 millimeters – Women Are Heroes, do artista francês jota érre. Para realizar esse projeto, jota érre visitou espaços urbanos de alguns países reconhecidos como cenários de violência e vulnerabilidade social (Brasil, Camboja, Índia, Libéria, Quênia e Serra Leoa). Ele fotografou mulheres habitantes desses lugares, buscando conhecer suas histórias. Por meio do registro imagético, jota érre possibilitou que suas histórias fossem vistas em diferentes lugares do mundo. Em 2010, o projeto se tornou um documentário cinematográfico, apresentando tanto o resultado das instalações fotográficas quanto as entrevistas realizadas com as mulheres fotografadas ao longo das viagens.

Ao fazer essa pergunta no título deste capítulo, confiamos em que a arte esteja, sim, inserida em seu cotidiano, despertando diferentes sensações, percepções, sonoridades e movimentos, explorando e incentivando novas e diversas possibilidades de reflexão e atuação ao seu redor.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. De que modo a realidade pode ser transformada pelo ser humano? Por que temos a necessidade de intervir no ambiente em que vivemos?

Versão adaptada acessível

1 Com base na descrição da imagem da abertura do capítulo, responda: de que modo a realidade pode ser transformada pelo ser humano? Por que temos a necessidade de intervir no ambiente em que vivemos?

A imagem de abertura do capítulo mostra uma intervenção artística do fotógrafo francês jota érre (1983-). Para realizar esse projeto, ele visitou uma série de bairros periféricos de várias cidades. Entre eles, a favela do Morro da Providência, na cidade do Rio de Janeiro Rio de Janeiro. Lá, ele entrevistou e fotografou algumas moradoras; ampliou as imagens de seus rostos e olhos e estampou algumas fachadas das casas dessa comunidade com elas. Por meio dessa proposta artística, pode-se refletir até que ponto a arte é criada com base nas nossas experiências e como está muito mais próxima de nós do que pensamos.

A arte é parte da vida, ela nos identifica, nos ajuda a dizer quem somos e de onde somos, e, por essa mesma razão, nos ajuda a ver os outros, com suas semelhanças e diferenças.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. A arte está presente em sua escola?
  2. Há imagens artísticas ao seu redor? Por quem foram produzidas?
  3. Na escola, há espaços para se movimentar e dançar? Há palcos ou outros espaços para apresentações de teatro e dança?
  4. Há música na escola? E instrumentos musicais?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Poder tomar consciência de que a arte pode estar próxima de suas vidas torna mais significativo e instigante para os estudantes o estudo desse componente curricular, uma vez que eles podem se ver não apenas como atores, mas também como protagonistas de seus processos de aprendizado, dentro do próprio cenário cultural. Por isso, a pergunta no título deste capítulo pressupõe a ideia de que a arte está presente em diversos momentos da história de vida de cada um e, principalmente, que isso se manifesta de várias formas em seu cotidiano.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre as atividades: Para refletir

As questões levam o estudante a refletir e a observar a presença (ou ausência) de arte na escola. Instigue-o a ver possibilidades de agir artisticamente dentro do espaço escolar, de modo a estimular os processos criativos que serão propostos nas aulas.

Atividade complementar

Você pode organizar, junto à direção e com a autorização dos responsáveis pelos estudantes, uma caminhada com a turma pelo entorno da escola. Sugira que levem consigo papéis para anotação ou câmeras fotográficas. Nesse percurso, incentive-os a notar a presença das linguagens artísticas: Artes visuais (manifestações que fazem uso de imagem), Teatro e Dança (que fazem uso do gesto, do movimento e da palavra) e Música (os muitos sons que compõem o ambiente). De volta à sala de aula, conversem sobre a experiência.

SOBREVOO

Arte no cotidiano

Pintura. Uma sala de estar, com piso quadriculado e avermelhado, quatro poltronas de madeira e tecido rosa estampado com flores, uma mesa de centro com xícaras e bule. À esquerda, sobre uma poltrona, um gato. Atrás dele, em pé, uma mulher idosa com cabelos grisalhos; ela usa uma blusa amarela florida e saia verde; sua mão esquerda está sobre uma poltrona vazia. Ao centro, sentada, outra mulher idosa de cabelos brancos; ela usa um vestido azul e toca um violino. À direita, uma mesa com um abajur e outras duas mulheres idosas sentadas. Uma delas tem cabelos grisalhos e usa um vestido branco com estampas azuis; suas mãos estão unidas; ela olha na direção do violino. A outra tem cabelos claros e usa um vestido rosa; ela toca uma sanfona. Ao fundo, um telefone preto com fio, um gato descendo a escada, uma mesa com porta-retratos, um vaso azul com flores e um quadro na parede.
COELHO, Helena. As quatro amigas. 2002. Óleo sobre tela, 33 centímetros por 41 centímetros. Coleção particular.

Faça no caderno.

1. Observe a imagem. O que chama a sua atenção nela?

Versão adaptada acessível

1 Com base na descrição da imagem, responda: o que chama a sua atenção nela?

Trata-se de uma pintura naïfglossário  glossário de Helena Coelho (1949-), artista carioca que começou a pintar aos 40 anos e que retrata o cotidiano em muitas de suas obras.

2. Agora feche os olhos e tente se recordar dos objetos de sua casa; procure se lembrar de cada detalhe. Como são as paredes, o piso, os móveis etcétera? Você sempre morou nela?

Versão adaptada acessível

2 Agora tente se recordar dos objetos de sua casa; procure se lembrar de cada detalhe. Como são as paredes, o piso, os móveis etc.? Você sempre morou nela?

Desde muito cedo, nossa visão começa a ser construída no lugar onde nascemos e crescemos, o que contribui para a formação de nossas referências visuais. São exatamente essas referências que nos influenciam na hora de escolher uma cor em vez de outra, a preferir um tipo de organização a outro, a nos identificarmos com uma imagem ou outra, e assim por diante. E isso continua em constante transformação, uma vez que convivemos com muitas imagens: da nossa casa, do nosso bairro, da cidade ou da natureza ao redor.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção oferece uma introdução às linguagens artísticas e à reflexão sobre a presença da arte na vida e no mundo.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Dança; Música; Teatro; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

(ê éfe seis nove á érre um zero) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea.

(ê éfe seis nove á érre um três) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.

(ê éfe seis nove á érre um cinco) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre um nove) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(ê éfe seis nove á érre dois zero) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo ê tê cê ponto), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

O mesmo acontece com os sons da casa, que estão presentes em nossas vidas há tanto tempo que nem sabemos de onde surgiram.

3. Você consegue lembrar quais foram as primeiras músicas que ouviu? Talvez alguma canção cantada por pessoas da família ou tocada em um aparelho de som, na televisão ou em uma brincadeira? Comente com seus colegas.

Acontecimentos, imagens, sentimentos e aprendizados da infância nos acompanham ao longo da vida. Leia a letra da canção a seguir.

Bola de meia, bola de gude

Há um menino há um moleque morando sempre no meu coração toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente um sol bem quente lá no meu quintal toda vez que a bruxa me assombra o menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor […]

Ilustração. Três bolinhas de gude com detalhes metalizados do tipo glitter. Uma prateada, outra dourada e outra azulada.

BOLA de meia, bola de gude. Intérprete: Milton Nascimento. Compositores: Fernando Brant e Milton Nascimento. ín MILTONS. Intérprete: Milton Nascimento. sem local: CBS, 1988. 1 cedê, faixa 9.

Esse é um trecho da canção “Bola de meia, bola de gude”, de Milton Nascimento (1942-) e Fernando Brant (1946-2015). Na letra, os compositores sugerem que, mesmo sendo um adulto, há um menino morando em seu coração, e que há momentos do passado que acompanham o seu presente. O que você acha disso? Há algo de sua infância que você deseja que, de alguma maneira, fique para sempre com você?

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Cidadania e Civismo.

Faça no caderno.

Para pesquisar

A longevidade e a arte

Você reparou que as amigas retratadas na pintura de Helena Coelho são pessoas idosas? A letra da canção “Bola de meia, bola de gude”, ao tratar de maneiras pelas quais a infância permanece sempre com a gente, também pode remeter ao nosso processo de envelhecimento. Pesquise com pessoas idosas histórias sobre como a presença da arte se deu na vida delas, envolvendo a família, a escola, o bairro.

  1. Com que pessoas idosas você convive?
  2. Escolha uma dessas pessoas idosas e faça uma entrevista sobre a presença da arte ao longo da vida dela. Mas antes reflita sobre:

a. Que perguntas você considera que podem estimular a pessoa a lembrar de vivências artísticas? Faça previamente uma lista com essas perguntas.

Orientações e sugestões didáticas

Observação

São apresentadas no capítulo diferentes músicas e compositores brasileiros, de modo a estimular análises de usos e funções da música, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre um seis) da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades abre parênteses página 12-13)

  1. Espera-se que os estudantes observem os detalhes do cotidiano na pintura de Helena Coelho. A cena lembra um chá da tarde em que as idosas estão envolvidas em práticas artísticas tocando seus instrumentos. Aborde a vida ativa dos idosos que se dedicam a inúmeras tarefas, inclusive artísticas, focando no respeito e valorização dessa faixa etária, contemplando o tê cê tê Cidadania e Civismo – Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso.
  2. Sugerimos mais algumas perguntas: “Há fotografias em sua casa? De que época?”; “Que outros elementos decorativos estão presentes?”. Conversem sobre quanto esses elementos formam suas referências estéticas, contemplando, dessa forma, a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um).
  3. Esta atividade proporciona aos estudantes refletir sobre suas referências musicais. A letra da canção apresentada em seguida remete à ideia de que, mesmo estando longe da infância, existe uma criança dentro de cada um. Proponha uma discussão sobre a passagem do tempo na vida de cada pessoa até atingir a velhice, retomando o tê cê tê Cidadania e civismo – Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso.

Sugestão para o estudante

Há uma versão do videoclipe da música “Bola de meia, bola de gude” com audiodescrição. Disponível em: https://oeds.link/VCUdgE. Acesso em: 25 março 2022.

Esta versão é direcionada a pessoas com deficiências visuais, mas pode ser apreciada por todos.

b. Essa lista poderá servir como uma referência para a entrevista. Mas não precisa se prender apenas a ela. A conversa com a pessoa também pode indicar novas perguntas e caminhos para a entrevista.

3. Providencie previamente algum aparelho para gravar a entrevista. Pode ser o gravador de áudio do celular. Ou a câmera, se a pessoa se sentir à vontade para ser filmada.

Versão adaptada acessível

3. Providencie previamente algum aparelho para gravar a entrevista. Pode ser o gravador de áudio do celular.

4. Antes de começar a entrevista, explique para a pessoa que se trata de uma pesquisa da escola e pergunte se pode gravar, filmar ou fotografar. Se a pessoa preferir não gravar, tenha em mãos um caderno para anotar as informações que quiser registrar.

Versão adaptada acessível

4. Antes de começar a entrevista, explique para a pessoa que se trata de uma pesquisa da escola e pergunte se pode gravar. Se a pessoa preferir não gravar, tenha em mãos um caderno para anotar as informações que quiser registrar.

5. Depois da entrevista, reveja ou escute os registros; selecione as informações que compartilhará com a turma e faça uma lista com elas. Identifique o entrevistado.

Versão adaptada acessível

5. Depois da entrevista, escute os registros; selecione as informações que compartilhará com a turma e faça uma lista com elas. Identifique o entrevistado.

6. Você pode escolher também imagens ou trechos dos registros de áudio.

Versão adaptada acessível

6. Você pode escolher também trechos dos registros de áudio.

7. Organize todo esse material pensando na ordem em que será apresentado.

8. Apresente para a turma e assista às apresentações dos colegas. Conversem sobre os resultados de cada pesquisa, sempre respeitando as diferenças de formatos que cada pessoa encontrou para desenvolver e apresentar sua pesquisa.

9. Nessa conversa, retomem coletivamente a questão inicial: como as pessoas idosas contribuem com suas histórias para a presença da arte na vida da comunidade?

Fotografia. Uma instalação artística. Sobre um piso de madeira, onze filtros  filtros de cerâmica sobre bancos de madeira de alturas variadas.
MAREPE. Os filtros. 1999. Instalação de filtros de cerâmica e bancos de madeira, dimensões variáveis. Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo São Paulo.

4. Você tem filtro de barro em sua casa ou já viu algum em casas de conhecidos? Já imaginou encontrar vários deles em uma exposição de arte? O que esses filtros têm de especial para serem apresentados desse modo?

Muitos artistas, em algum momento da carreira, produzem obras que remetem à infância. Um artista de Santo Antônio de Jesus Bahia , conhecido como Marepe (1970-), fez de sua infância e de sua cidade natal inspirações para toda a sua obra. Bacias de metal, potes de plástico, barracas de feira, algodão-doce, filtros de barro etcétera, tudo isso já esteve em alguma criação artística dele.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade: Para pesquisar

Esta atividade, além de contemplar o tê cê tê Cidadania e Civismo – Processo de envelhecimento, respeito e valorização do Idoso, trabalha noções elementares de práticas de pesquisa, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre três um) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê. Oriente os estudantes a estar atentos a cada procedimento, como a elaboração inicial de perguntas e a revisão posterior dos registros. Nos momentos de apresentação dos trabalhos, cuide sempre para que cada estudante seja acolhido e se sinta à vontade para demonstrar o que conseguiu fazer, de modo a evitar ou erradicar qualquer tipo de bullying ou constrangimento.

Sobre a atividade

4. Analise a imagem da obra junto com a turma, iniciando pela identificação de suas características materiais. O artista brinca com a altura dos objetos e todos são acompanhados de um copo tradicional. Ambos são apresentados sobre bancos, nesse caso, o mobiliário popular ganha a função de pedestal, elevando o status dos filtros a obras de arte.

Converse também sobre a referência imagética dos objetos que acionam a memória do público, especialmente dos que convivem (ou conviveram) com filtros de barro em seu cotidiano. Simbolicamente, o objeto também pode remeter à ideia de purificação, à transformação lenta do estado impuro para a pureza, à paciência necessária para a filtragem, à importância dos elementos naturais nesse processo, entre outras ideias.

Aproveite a oportunidade para desmistificar a ideia de Belas Artes, mostrando que objetos do cotidiano, quando transformados ou acrescidos de um conceito, também obtêm espaço em museus de arte.

Atividade complementar

Assim como Marepe, outros artistas contemporâneos também exploraram o universo do lúdico, usando objetos cotidianos associados à ideia de brincadeira ou jogo em suas produções artísticas.

Convide os estudantes a pesquisar algumas dessas obras e analisá-las, procurando responder às questões: “Você reconhece os objetos utilizados na obra?”; “As obras remetem ao universo infantil? Por quê?”; “Por que será que o artista usou essas peças nas obras?”. Esse exercício reflexivo contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê.

Alguns artistas brasileiros para essa pesquisa, como Felipe Barbosa (1978-), Guilherme Teixeira (1977-), José Patrício (1960-), Nelson Leirner (1932-2020) e uálton rófiman (1955-), poderão ser encontrados no sáite da Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: https://oeds.link/jTlxI6. Acesso em: 25 março2022.

Brincadeiras que viram dança

Muita gente pensa que dançar, ao ouvir uma música, é saber executar passos elaborados de uma coreografia. Porém, para dançar é suficiente girar, pular e inventar brincadeiras com movimentos e ritmos, sozinho ou com outras pessoas.

Na performance Breves partituras para muitas calçadas, de 2018, as bailarinas do grupo paulista Lagartixa na Janela caminharam por parques, praças e calçadas das cidades onde se apresentaram inventando danças que começaram como brincadeiras. Por exemplo, pisar sobre as faixas brancas da faixa de pedestres ao atravessar a rua; caminhar se equilibrando sobre as muretas baixas dos jardins; fazer uma luneta com as mãos e observar particularidades da cidade, encontrando detalhes escondidos, que apenas um olhar bem focado poderia revelar.

Se a dança começa com uma brincadeira, quais das suas brincadeiras podem se transformar em danças?

Fotografia. Em um jardim com degraus, gramado, plantas e uma fonte, um grupo de crianças uniformizadas, espalhadas pelo jardim, executam diferentes movimentos: algumas estão de mãos dadas, outras com os braços estendidos e outras com as palmas das mãos encostadas nas palmas dos colegas. Entre as crianças, mulheres com os braços estendidos.
Grupo de dança Lagartixa na Janela executando a performance Breves partituras para muitas calçadas, em Santo André São Paulo, 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Sugestão para o professor

O grupo paulista Lagartixa na Janela, dirigido pela professora, bailarina e coreógrafa Uxa Xavier, atua nas ruas, parques e demais espaços públicos desde 2010, criando performances voltadas à infância. O foco principal nas criações do grupo é a ocupação do espaço urbano pela criança. Durante as performances, as intérpretes-criadoras convidam as crianças e as pessoas presentes no espaço a atuar e dançar. Desse modo, elas oferecem ao público novas e diferentes possibilidades de experimentação do cotidiano, enquanto se relacionam com parques, calçadas e praças do espaço urbano.

Como aprofundamento do assunto tratado nesta página, você pode levar para a aula diversos jogos e brincadeiras que envolvam o movimento dançado.

Além dos já citados no texto, você pode pesquisar muitos outros. Existem e-books disponíveis na internet que podem ajudar na pesquisa de jogos e brincadeiras. Por exemplo: CUNHA, Débora Alfaia. Brincadeiras africanas para a educação cultural. Castanhal Pará: Edição do Autor, 2016. Disponível em: https://oeds.link/Pf6lSu. Acesso em: 25 março2022.

Essa sugestão contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Busque brincadeiras comuns em sua região ou comunidade que associem o movimento dançado e a música. Incentive os estudantes a descobrir se essas brincadeiras têm nomes diferentes nas diversas regiões do país, ou, ainda, se há variações regionais para praticá-las. Você pode fazer essas brincadeiras em qualquer espaço da escola com recursos bastante simples, a fim de sensibilizar a turma para o movimento dançado e para as variações de ritmo, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade. Esta atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre um três) da Bê êne cê cê.

As brincadeiras também são tema desta canção da rapper MC Soffia (2004-), que se apresenta desde os seis anos e manifesta seu pensamento sobre diversos assuntos.

5. Leia a letra de “Brincadeira de menina”, de MC Soffia, e, com ajuda do professor, busque a música na internet, para escutá-la.

Versão adaptada acessível

5 Ouça a leitura da letra de “Brincadeira de menina”, de MC Soffia, e, com ajuda do professor, busque a música na internet, para escutá-la.

Brincadeira de menina

Dizem que menina não empina pipa no sol

Quem criou a regra que ela não joga futebol?

Que negócio é esse, brincadeira de menina?

As minas fazem tudo, até mandar umas rimas

De menino, de menina, ah

Vamos brincar

Somos crianças, temos que aproveitar

Bom, bom, bom, bom, bom

Ser criança é muito bom

Pra guardar no coração

Bom, bom, bom, bom, bom

Ser criança é muito bom

Pra guardar no coração

Bom, bom, bom, bom, bom

Ser criança é muito bom

Pra guardar no coração

Bom, bom, bom, bom, bom

Ser criança é muito bom

Esconde-esconde, peteca, bolinha de gude e pega-pega

Menino e menina podem brincar de boneca

Hey, hey, hey, ho, ho, ho

Olha lá, a menininha fazendo um monte de gol

Quanta brincadeira, quem diria, sem preocupação

O negócio é alegria e diversão

Vamos aproveitar esse lindo momento

Depois que você cresce

Não volta mais o tempo, é

[…]

BRINCADEIRA de menina. Intérprete: MC Soffia. Compositora: MC Soffia. ín: BRINCADEIRA de menina. Intérprete: MC Soffia. [sem local]: rapibóx, 2015. 1 faixa digital.

Fotografia. Mulher jovem negra com cabelos com dreads vermelhos, presos no alto da cabeça. Ela veste um top preto, casaco e calça vermelhos.
MC Soffia em 2019, com 15 anos.

6. Quando compôs essa música, MC Soffia tinha idade semelhante à sua idade atual. Quais dessas brincadeiras você conhece e fazem parte da sua vida? Quais são suas outras opções de diversão? Além da brincadeira, sobre o que mais fala a canção?

Atualmente, MC Soffia continua compondo e realizando clipes. As letras de suas canções tratam de questões sociais e falam da fôrça e da beleza das meninas negras.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações para a apreciação musical

Escute a música previamente e, se possível, ouça-a com os estudantes para que possam perceber as outras vozes, a marcação rítmica, os fraseados da guitarra e os detalhes do arranjo musical em interação com a melodia principal, cantada por MC Soffia.

Você pode perguntar: “Além da batida rítmica básica e da voz, sempre presentes nas músicas de rap, que outros elementos complementam essa base e deixam a música mais interessante?”.

É provável que, na primeira escuta, os estudantes foquem na voz principal e não nos detalhes. Proponha que escutem mais de uma vez para que, aos poucos, percebam outros elementos. Esta atividade, além de promover o reconhecimento e a apreciação do trabalho de uma artista brasileira, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um oito) da Bê êne cê cê, possibilita a exploração de elementos constitutivos da música (pela escuta atenta do arranjo), conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero), e a análise de um estilo musical específico, de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove).

Sobre a atividade

6. Além de enaltecer a infância e o ato de brincar, MC Soffia defende o direito de meninas e meninos brincarem do que quiserem. Perceba a identificação dos estudantes com a rapper e suas músicas, que tratam de temas relacionados à infância e à juventude, e converse sobre os direitos das crianças e adolescentes previstos na Constituição brasileira, abordando assim tanto o tê cê têCidadania e civismo – Vida familiar e social como Direitos da criança e do adolescente. Para obter mais referências, consulte o Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://oeds.link/fGd074. Acesso em: 20 abril 2022.

Sugestões para o estudante

Consulte textos sobre MC Soffia no site do Instituto Geledés. Disponível em: https://oeds.link/3rdN1o. Acesso em: 20 abril 2022.

Videoclipes de outras músicas no canal on-line de vídeos da artista. Disponível em: https://oeds.link/gN1kKt. Acesso em: 20 abril 2022.

Um espaço para a imaginação

7. Você já imaginou ser diferente de quem você é? Do que você gostaria de brincar de ser? Feche os olhos e experimente! Para onde sua imaginação leva você? Que ideias vêm à sua mente?

Ilustração. Um quarto com uma janela aberta ao fundo. À esquerda, uma porta e no centro da imagem um menino vestido de lobo. À direita, uma cama com um dossel feito de troncos de árvores. No chão há um tapete e, no teto, as folhas das árvores.
SENDAK, Maurice. [Sem título]. 1 ilustração. 1963. ín: SENDAK, Maurice. Onde vivem os monstros. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

8. Observe a imagem: quais elementos fazem parte da realidade do quarto e quais parecem ter saído da imaginação?

Versão adaptada acessível

8 Com base na descrição da imagem, responda quais elementos fazem parte da realidade do quarto e quais parecem ter saído da imaginação?

No livro Onde vivem os monstros, do escritor e ilustrador estadunidense Maurice Sendak (1928-2012), publicado originalmente em 1963 nos Estados Unidos, o personagem Max, vestido com uma fantasia de lobo, dá livre curso à imaginação. De repente, em seu quarto nasce uma floresta e, logo depois, ele passa a ser visitado por criaturas gigantes e peludas que habitam a sua imaginação e com as quais brinca ao longo da noite.

Ele se torna o rei dos monstros e ordena a seus súditos que façam bagunça. Quando as criaturas, cansadas, tiram um cochilo, Max, sentindo-se sozinho, percebe um cheiro delicioso: é a comida preparada por sua mãe. Então, sem nem ao menos se despedir, o garoto viaja de volta ao seu quarto para jantar.

Ícone Para Ler.

Conheça a história do personagem Max no livro:

SENDAK, Maurice. Onde vivem os monstros. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

O livro acompanha a aventura de Max pelo mundo da imaginação, após ele fazer uma malcriação e ter de ficar de castigo em seu quarto.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A partir deste momento do Sobrevoo, inicia-se a exploração de alguns elementos constituintes da linguagem teatral, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê. Como acontecerá no capítulo 5 deste livro, propomos ao estudante que se aproxime dos fundamentos teatrais por meio da ideia de “brincar de ser”. Trabalhar com o livro Onde vivem os monstros, de môrris sandak, é uma maneira de levar o estudante a pensar alguns elementos da linguagem do teatro: o personagem Max brinca de ser um monstro, usa uma fantasia (uma indumentária), e o espaço de seu quarto se torna um híbrido entre elementos reais e outros ficcionais. Além disso, é sua imaginação que permite que ele acesse outro mundo.

Sobre as atividades

  1. Converse com a turma e instigue os estudantes a lembrar das brincadeiras de faz de conta das quais já participaram, ou das vezes em que se fantasiaram etcétera
  2. Podem ser apontados como elementos da realidade: a porta, o tapete, a cama, a janela com a paisagem noturna e o vaso com a planta sobre uma mesa. Max e sua fantasia também fazem parte dos elementos da realidade, porém já estabelecem a transição para o mundo da imaginação, este composto, por sua vez, das árvores, seus galhos e folhagens.

Atividade complementar

Se possível, faça uma parceria com o professor de Língua Portuguesa e organize uma leitura coletiva do livro Onde vivem os monstros, de Maurice Sendak. Para os estudantes com deficiência visual, pode-se tentar disponibilizar versões em braile. Além da leitura, os estudantes podem assistir ao filme produzido com base no livro e refletir juntos sobre as brincadeiras de faz de conta e o fértil imaginário infantil.

Sugestão para o estudante

ONDE vivem os monstros. Direção: ispáiqui Jonze. Estados Unidos, 2009. (101 minutos). Adaptado do livro de Maurice Sendak, o filme é fiel ao livro e conta a história de Max, um menino cheio de imaginação.

Imaginar e cantar

Fotografia. Uma cena teatral com quatro atores. No palco,  à  esquerda, uma mulher com fantasia de gato está com as mãos e os pés no chão. Ao lado dela, há um homem de pé usando fantasia de burro e pintura facial. Á esquerda dele há  uma mulher fantasiada de galinha. Ela está de pé com as mãos na cintura e a boca aberta. À direita, há um homem com fantasia de cachorro. Ele está abaixado com a mão esquerda e os pés no chão.
Cena do espetáculo musical Os Saltimbancos, estreado pela Odeon Companhia Teatral em 2011, em Belo Horizonte Minas Gerais. Encenação e argumento: Carlos Gradim.

Brincar de ser outra coisa e inventar lugares imaginários também pode ser um recurso na criação de diversos tipos de música. As que são apresentadas neste capítulo são todas canções, ou seja, são músicas que têm uma letra, um texto para ser cantado. Nelas, as palavras podem contar histórias, falar de sentimentos e possibilitar que a gente se imagine em diferentes situações de vida.

A fotografia mostra a cena de uma montagem brasileira da obra teatral I Musicanti. Os atores em cena costumam interagir com as crianças do público, que podem brincar de ser diferentes personagens. Essa obra, em que as canções ajudam a contar a história, foi traduzida e adaptada para a língua portuguesa pelo músico e escritor brasileiro Chico Buarque de Holanda (1944-). A versão brasileira ganhou novas canções e o título foi modificado para Os Saltimbancosglossário . Em uma das canções, os animais imaginam como seria a cidade ideal de cada um. Leia a seguir alguns trechos.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Todas as músicas apresentadas neste capítulo são canções. Repare que esse termo não define um gênero musical, mas refere-se apenas ao fato de que são músicas entoadas pela voz humana. Canções podem ser de diferentes gêneros musicais e geralmente têm como partes constituintes uma melodia e uma letra para ser cantada. Neste capítulo focamos nas canções de música popular, ótimos exemplos para abordar as relações entre texto e música.

Entre os elementos que podem ser destacados estão: a divisão da letra em estrofes; a existência ou não de um refrão que se repete; e a localização das rimas. Buscamos construir, assim, referências para atividades de criação de canções; para o reconhecimento da contribuição dos músicos ao desenvolvimento de formas ou gêneros musicais, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre um oito) da Bê êne cê cê; e para o aprimoramento da capacidade de apreciação da estética musical, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove). Ao abordar esse assunto, você pode relembrar as músicas apresentadas anteriormente no capítulo, observando nelas os aspectos apontados aqui.

Sugestão para o estudante

Além de cantor e compositor, Chico Buarque é autor de importantes peças do repertório teatral brasileiro, como Roda-viva (1968), Calabar: o elogio da traição (1973), A ópera do malandro (1978) e Gota d´Água (1975). Além disso, é autor de vários romances.

Atividade complementar

Organize a turma em cinco grupos. Cada grupo pesquisará a vida e a obra de um dos músicos ou letristas citados neste capítulo: Milton Nascimento; Fernando Brant; MC Soffia; Chico Buarque e Lô Borges (página 24). Em seguida, os grupos apresentarão o resultado das pesquisas. Para essa apresentação, uma possibilidade é identificar a que momento da vida e da obra do artista faz parte a respectiva canção mencionada no capítulo.

A cidade ideal

Cachorro:

A cidade ideal dum cachorro

Tem um poste por metro quadrado

Não tem carro, não corro, não morro

E também nunca fico apertado

Galinha:

A cidade ideal da galinha

Tem as ruas cheias de minhoca

A barriga fica tão quentinha

Que transforma o milho em pipoca

reticências

Gata:

A cidade ideal de uma gata

É um prato de tripa fresquinha

Tem sardinha num bonde de lata

Tem alcatra no final da linha

Jumento:

Jumento é velho, velho e sabido

E por isso já está prevenido

A cidade é uma estranha senhora

Que hoje sorri e amanhã te devora

reticências

Todos:

reticências

Deve ter alamedas verdes

A cidade dos meus amores

E, quem dera, os moradores

E o prefeito e os varredores

E os pintores e os vendedores

As senhoras e os senhores

E os guardas e os inspetores

Fossem somente crianças

A CIDADE ideal. Intérpretes: Magro, Miúcha, Nara Leão, Ruy. Compositores: Chico Buarque, Luiz Henriquez e Sérgio Bardotti. ín: OS Saltimbancos. Compositores: Luiz Henriquez, Sérgio Bardotti e Chico Buarque. Rio de Janeiro: Universal Music/cópiráiti Marola Edições Musicais, 1977. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 6.

Capa de LP. Na parte superior o título do álbum: Os Saltimbancos. Abaixo, os nomes dos compositores: música de Luiz Henriquez, texto original de Sérgio Bardotti e Tradução e adaptação de Chico Buarque. Na parte inferior, ilustração de um burro com uma gata na cabeça. Do lado direito um cachorro. Atrás, um galo.
OS Saltimbancos. Compositores: Chico Buarque, Luiz Henriquez e Sérgio Bardotti. Rio de Janeiro: Philips Records, 1977. 1 disco sonoro. Capa de éle pê.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o álbum Os Saltimbancos

Versão de Chico Buarque para a obra I Musicanti, que tem textos do italiano Sergio Bardotti (1939-2007) e músicas do argentino Luiz Henríquez Bacalov (1933-2017). Eles adaptaram o conto Os músicos de Bremen, dos irmãos Grimm, reforçando seu conteúdo político: os animais apresentados na peça são metáforas dos trabalhadores, que vislumbram uma nova possibilidade comunitária.

O éle pê foi lançado em 1977, junto com a produção, no Rio de Janeiro, da peça de teatro musical. Em 1993, foi publicada a versão em cedê. O disco e a montagem teatral contaram com a participação de outros artistas brasileiros, como Nara Leão (1942-1989), Marieta Severo (1946-) e Grande Otelo (1915-1993). Você pode propor pesquisas sobre essa montagem e os artistas participantes, e também montar cenas da peça com os estudantes.

Sugestão para o estudante

Uma referência para trabalhar a peça é o livro com o texto dramático ilustrado, reeditado em 2017, em formato impresso e digital: BUARQUE, Chico (êti ól). Os Saltimbancos. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

Atividade complementar

A música “Minha canção”, do mesmo disco, pode ser usada para apresentar as notas musicais. O texto e a melodia seguem exatamente a sequência das notas naturais (dó – ré – mi – fá – sol – lá – si), de modo ascendente e descendente. Cada palavra da letra começa com a sílaba de uma nota. Se tiver a oportunidade, ouça, aprenda a letra e cante junto com os estudantes, comentando essas características.

Atividade complementar

Após os estudantes terem conhecido a letra da música “A cidade ideal”, estimule-os a imaginar coisas e situações ideais. Como seria para cada um uma cidade ideal, uma escola ideal, uma vida ideal, um amigo ideal, ou outra coisa que queiram idealizar na imaginação? Então, sugira que criem, individualmente ou em grupo, letras de música com esse tema. Incentive-os a brincar com o ritmo e com as rimas, de modo que seja uma experimentação lúdica. Faça uma roda para compartilhar as composições.

Teatro: brincar de ser

A arte do teatro surge do encontro entre duas possibilidades: a de poder brincar de ser algo diferente e a de sentir prazer ao ver outras pessoas fazendo o mesmo.

9. Observe esta imagem. Como você descreveria esta cena?

Versão adaptada acessível

9 Com base na descrição da imagem, como você imaginaria esta cena?

Fotografia. Cena de espetáculo teatral a céu aberto. À esquerda, no centro do palco, há um carro e um palanque. Sobre o palanque, há uma escada, um guarda-sol e um homem e uma mulher de costas, vestidos com roupas antigas. Ela segura um guarda-chuva com a mão direita. À direita da imagem, na plateia, diversas pessoas sentadas. Ao fundo, montanhas e casas.
Cena do espetáculo Romeu e Julieta, encenado pelo Grupo Galpão em Minas Gerais, em 2012. Concepção e direção: Gabriel Villela.

O teatro pode começar com alguém interpretando uma situação e alguém vendo, ou seja, surge da interação entre um ator e um espectador. Geralmente, pensamos que um espetáculo teatral só pode acontecer com atores profissionais, cortinas vermelhas, palco, muitas roupas e cenários. Na realidade, o teatro está mais próximo de nós do que imaginamos: basta que duas pessoas estejam dispostas a brincar e a despertar a sua imaginação.

Até aqui, já falamos das referências artísticas que vêm de dentro das nossas casas, das histórias de nossa infância, das brincadeiras e das situações cotidianas que temos prazer em ver e compartilhar. Mas a arte não se limita a esses âmbitos.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Assim como em outros momentos ao longo do capítulo, comece perguntando sobre a relação dos estudantes com a linguagem teatral. Você pode perguntar a eles se já assistiram a uma peça de teatro ou se já experimentaram montar uma peça; o que eles pensam que é a arte teatral; quais são as suas finalidades; quais são as suas possibilidades etcétera

Converse com a turma sobre a relação entre cena e espectador que fundamenta a arte teatral. Provavelmente os estudantes já assistiram a um filme no cinema, a um programa na televisão, a um jogo esportivo em um estádio etcétera Investigue com a turma as diferenças entre ser espectador de uma obra audiovisual e de uma obra teatral. Se no cinema ou na televisão quem assiste se relaciona com uma imagem, no teatro o espectador está presente ao mesmo tempo que os artistas. Desse modo, há uma troca entre cena e público que, muitas vezes, pode até mesmo transformar os rumos de um espetáculo.

As discussões propostas no texto e a atividade 9 exploram diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade

A imagem mostra um espaço cênico instaurado ao ar livre com a separação entre a cena e o público. Esclareça que nem todo espetáculo teatral é constituído com base nessa relação de separação.

Os atores do grupo Galpão vestem indumentárias e mobilizam objetos de cena. No palco, não há exatamente um cenário, mas objetos que fazem alusão a espaços a partir do trabalho de imaginação dos artistas e do público.

A íntegra dessa montagem teatral pode ser assistida pela internet.

Disponível em: https://oeds.link/E31bGg. Acesso em: 21 janeiro 2022.

Arte ao redor

A arte pode também estar inspirada na paisagem do lugar onde crescemos. Quem foi criado longe das cidades reconhecerá mais facilmente as fórmas e texturas da natureza, os sons dos animais, do mar ou do vento.

Quem cresceu no meio urbano talvez esteja familiarizado com uma variedade mais ampla de construções, além de outras referências, como o grande número de pessoas e veículos, o ritmo acelerado do dia a dia ou os grafites que dão seu colorido característico à arquitetura das cidades.

10. Observe esta imagem. Você já viu pessoas dançando assim?

Versão adaptada acessível

10 Com base na descrição da imagem, responda: Você já presenciou pessoas dançando assim?

Fotografia. Um jovem fazendo um passo de dança na rua,  de cabeça para baixo, apoiado no braço direito e com a perna direita estendida para cima. Ao fundo, pessoas andando na rua, edifícios, um deles com um  grafite na fachada, composto por desenho de um homem em preto e branco com um coração vermelho. Em torno dele,  diversas criaturas e formas coloridas.
Guilherme Nobre, que faz parte do grupo de dança urbana Zumb.boys, dançando na Avenida Paulista, em São Paulo São Paulo, 2013.

A natureza e a arquitetura são alguns dos elementos com os quais as pessoas interagem. Assim como a natureza, a arquitetura influencia os modos de olhar e os pontos de vista sobre o mundo, e também a amplitude e o alcance dos gestos e movimentos. É por isso que em cada lugar (povoado, cidade, estado, país) as pessoas criam suas danças segundo seus hábitos e costumes, e em interação com as características físicas do lugar onde vivem.

Temos danças de rua, danças de salão, danças que as pessoas fazem descalças em ruas de terra, danças étnicas, teatrais, entre muitas outras. Seja como for, todo povo e lugar sempre têm a própria fórma de dançar.

Na rua, dançarinos de Breakingglossário , como o da fotografia, desafiam a nossa percepção do espaço e fazem com que todos esses saltos, paradas de mão e giros lançando as pernas para o ar pareçam um jogo, uma brincadeira.

11. E você, como vivencia e transforma o espaço ao seu redor? Como interage com o local em que mora?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A dança está por toda parte no cotidiano dos estudantes: nos videoclipes, nas rodas de capoeira ou de Breaking, nas danças das festas de tradição, de família, no imaginário do balé, no Carnaval, nas festas juninas etcétera Como os estudantes se relacionam com a dança? Dançar desperta a capacidade de perceber a si mesmo e o espaço, de brincar com as velocidades, ritmos e com as qualidades do movimento dos corpos e dos objetos. Esse conteúdo introduz e explora elementos constitutivos dos movimentos cotidianos em relação às práticas da dança, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um zero) da Bê êne cê cê.

Forme uma roda com os estudantes e proponha a realização de uma dança livre. Em seguida, mostre cenas de pessoas dançando nos mais variados contextos.

Sobre as atividades

Nas atividades 10 e 11, serão acessados os conhecimentos prévios dos estudantes relativos à dança.

A fotografia do dançarino de Breaking dançando na calçada nos faz pensar sobre o tê cê tê Cidadania e civismo – Educação para o trânsito. A partir desta imagem, podemos pensar sobre a organização dos pedestres no cotidiano das grandes cidades; na dificuldade de caminhar em centros urbanos com muitos ou poucos carros; nos instrumentos de sinalização que orientam o trânsito, como faixas de segurança, semáforos, placas de orientação; na situação das calçadas sem acessibilidade ou sinalização disponível que atenda pessoas com diferentes deficiências. Chame a atenção dos estudantes para os diversos modos de dançar que podem estar presentes na vida deles.

Sugestões para o professor

Você pode conhecer artistas que pensam dança para criança por meio de jogos e brincadeiras que despertam diferentes sensações. Os grupos de artistas que sugerimos a seguir pensaram a dança para pessoas com deficiência e desenvolveram estratégias que podem ser adaptadas para diferentes contextos.

Visite a exposição virtual A poética dos encontros, do grupo Lagartixa na janela.

Disponível em: https://oeds.link/R07qEu. Acesso em: 20 abril. 2022.

Conheça a pesquisa CORPO LÚDICO: O fazer-dizer da dança no universo infantil, da Companhia etcétera, que disponibiliza um livro digital com reflexões sobre a criação do espetáculo TANDAN!. Disponível em: https://oeds.link/Ydkyc6. Acesso em: 20 abril 2022.

Fotografia. Destaque de uma escadaria com mosaicos amarelos, verdes e azuis nos espelhos dos degraus. Nas paredes, mosaicos  vermelhos com detalhes coloridos.
Escadaria Selarón, obra arquitetônica que se tornou um famoso ponto turístico na cidade do Rio de Janeiro Rio de Janeiro. Leva o sobrenome de seu idealizador, o artista Jorge Selarón, que trabalhou nela de 1994 a 2013. Fotografia de 2020.
  1. Como é o caminho que você faz para ir à escola? Como são as ruas? Converse com um colega sobre o que cada um de vocês encontra de diferente em seu percurso. Onde a arte está presente?
  2. Observe a fotografia. Agora imagine passar por um cenário como esse diariamente. Será que você sempre prestaria atenção em como cada degrau foi feito? Ou, ao contrário, passar todo dia pelo mesmo lugar faz a gente deixar de perceber os detalhes? E se, de repente, esses mosaicos fossem retirados?
Versão adaptada acessível

13 Atente à descrição da fotografia. Agora imagine passar por um cenário como esse diariamente. Será que você sempre prestaria atenção? Ou, ao contrário, passar todo dia pelo mesmo lugar faz a gente deixar de perceber os detalhes?

Essa escadaria liga dois bairros da cidade do Rio de Janeiro Rio de Janeiro: Lapa e Santa Teresa. Jorge Selarón (1947-2013), artista chileno, trabalhou por 19 anos no revestimento dos 215 degraus. As peças do mosaicoglossário vieram de diversas partes do mundo e foram obtidas por meio de doação, recolhidas em demolições ou adquiridas pelo próprio artista.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a escadaria Selarón

O artista chileno Jorge Selarón (1947-2013) foi influenciado pelo trabalho que o arquiteto espanhol Antoni Gaudí (1852-1926) desenvolveu no Parque guél, em Barcelona (Espanha).

Algumas peças da escadaria levam pinturas de Selarón. Seu processo de criação consistia também em modificar o que já estava feito. A obra, que no início causava estranhamento, passou a ser adotada pelo público, que começou a contribuir para sua produção. Conhecer a história desse patrimônio cultural, que faz parte da história recente da cidade do Rio de Janeiro, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê. Além disso, ampliar o repertório do estudante acerca de um artista visual contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero um) da Bê êne cê cê.

Sugestão para o estudante

Para conhecer melhor o trabalho de Selarón e assistir a diversos vídeos sobre o artista, acesse o site do projeto. Disponível em: https://oeds.link/drrZOO. Acesso em: 20 abril 2022.

Atividade complementar

Aproveite a atividade 12 e solicite aos estudantes que escrevam o que pode ser visto no trajeto de casa para a escola, destacando os elementos artísticos de que se recordam. Peça que façam o mesmo caminho no dia seguinte, buscando por referências artísticas. Ao final, peça a eles que analisem o que não era percebido antes e foi “descoberto” depois.

Sobre a atividade

13. Para aproximar a questão do universo dos estudantes, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê, incentive-os a refletir sobre a ideia de pertencimento. Eles sentem que pertencem ao local em que vivem? Eles se identificam com esse espaço? O que mudariam? Como deixariam a sua própria marca no local?

Paisagem na janela

  1. Até a paisagem que você vê da janela do seu quarto constitui uma referência visual. O que você observa por ela? Vê a cidade ou a natureza? E a janela também nos traz outras informações: quais sons você escuta de seu quarto? Como é a luz que entra por ela? O que o mundo de fóra traz para você?
  2. A janela pode ser também uma abertura para a imaginação. Observe a imagem a seguir. O que se vê através das janelas escuras deste ambiente? O que você imagina que poderia ser observado pelas janelas brancas?
Versão adaptada acessível

15 A janela pode ser também uma abertura para a imaginação. Com base na descrição da imagem, diga o que se vê através das janelas escuras deste ambiente. O que você imagina que poderia ser observado pelas janelas brancas?

Fotografia. Na parte superior, janelas de vidro em uma parede escura, com vista para carros. Abaixo, papel de parede com desenhos de janelas em  preto sobre fundo branco enfileiradas.  No centro, a artista, mulher branca de cabelos castanhos usando blusa roxa e macacão preto. Ela está com a mão esquerda sob o queixo.
SILVEIRA, Regina. Abyssal. 2010. Vinil adesivo, paredes pintadas e filtros de luz. 10,41 métros por 13,57 métros. Atlas istúki, lódz, Polônia.

As obras da artista brasileira Regina Silveira (1939-) confundem o olhar do espectador por meio de sombras e projeções irreais. Assim, ela estimula a imaginação do público, como acontece na obra Abyssal, em que as janelas brancas não são reais.

Na letra de canção transcrita na próxima página, a janela também delimita um cenário e nos faz fantasiar sobre o que é descrito. Os compositores dessa canção são Lô Borges (1952-) e Fernando Brant (1946-2015), ambos nascidos em Minas Gerais.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

15. Incentive a turma a reparar que pelas janelas escuras, reais, é possível ver carros estacionados e uma pequena área, possivelmente um jardim. Pergunte aos estudantes como eles imaginam que as paredes brancas foram feitas e como é possível a artista estar sobre elas. Em outro momento, se possível, apresente o projeto da obra que se encontra no sáite da artista, em que é possível ver os desenhos técnicos. Conduza a mediação de modo a abordar questões como ludicidade e ilusão de ótica. Pergunte: “Como deve ser a sensação de pisar sobre janelas?”; “Se pudessem desenhar o lado exterior dessas janelas, como ele seria?”.

Sobre Regina Silveira

A poética dessa artista e professora está ligada à ideia da ilusão de ótica. Suas instalações integram arte conceitual com conhecimento técnico e matemático para resultar em perspectivas distorcidas. Ela explora os limites entre realidade e fantasia, produzindo obras lúdicas, que, muitas vezes, saem do papel para preencher museus ou mesmo espaços públicos. Vale a pena acessar o sáite da artista e conhecer outros trabalhos com os estudantes. Disponível em: https://oeds.link/VkR62w. Acesso em: 20 abril 2022.

Atividade complementar

Sugerimos uma atividade prática inspirada nas diversas “janelas” dos artistas jota érre e Regina Silveira. Para o primeiro, as janelas se tornam olhos direcionados para o mundo externo; para a segunda, as janelas podem ser entendidas como os olhos voltados para o mundo interior. Considerando as duas possibilidades, convide os estudantes a criar uma pintura ou um desenho a partir de uma reflexão sobre o que cada um vê da janela da sala de aula.

É possível que alguns estudantes façam uma representação objetiva, enquanto outros partirão para o campo simbólico. Deixe que cada um faça sua escolha, dialogando com os princípios conceituais e temáticos propostos pela questão, que contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero sete) da BNCC.

Paisagem da janela

Da janela lateral do quarto de dormir

Vejo uma igreja, um sinal de glória

Vejo um muro branco e num voo um pássaro

Vejo uma grade e um velho sinal


Mensageiro natural de coisas naturais

Quando eu falava dessas cores mórbidas

Quando eu falava desses homens sórdidos

Quando eu falava desse temporal

Você não escutou


Você não quer acreditar, mas isso é tão normal

Você não quer acreditar, e eu apenas era


Cavaleiro marginal lavado em ribeirão

Cavaleiro negro que viveu mistérios

Cavaleiro e senhor de casa e árvores

Sem querer descanso nem dominical


Cavaleiro marginal banhado em ribeirão

Conheci as torres e os cemitérios

Conheci os homens e os seus velórios

Quando olhava da janela lateral

Do quarto de dormir


Você não quer acreditar, mas isso é tão normal

Você não quer acreditar, mas isso é tão normal

Um cavaleiro marginal banhado em ribeirão

Você não quer acreditar…

PAISAGEM da janela. Intérprete: Lô Borges. Compositores: Fernando Brant e Lô Borges. ín: CLUBE DA ESQUINA. Intérprete: Clube da esquina. abre colchetesem local.]: EMI Music, 1972. 2 discos sonoros. Disco 2, lado A, faixa 1.

Ilustração. Uma janela laranja aberta. Ao fundo, silhueta de um homem montado em um cavalo, nas margens de um rio com vegetação ao redor. No céu, lua cheia com muitas estrelas.

16. A primeira estrofe deixa claro o que é visto da janela do quarto de dormir? O que mais se vê além disso? Qual é a diferença entre o que você “vê”, o que você “percebe” e o que você “imagina”, observando da janela de seu quarto de dormir?

Versão adaptada acessível

16 A primeira estrofe deixa claro o que é visto da janela do quarto de dormir? O que mais se vê além disso? Qual é a diferença entre o que você “percebe” e o que você “imagina” da janela de seu quarto de dormir?

A música sugere que da janela do quarto de dormir vemos o mundo! Ela é uma passagem e representa uma abertura para o novo. A janela de casa pode servir como nossos olhos e ouvidos: precisamos estar atentos para perceber o entorno.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você se considera uma pessoa atenta e aberta para perceber a arte em seu cotidiano? Por quê?
  2. Reconhecer as referências artísticas que estão no seu cotidiano e parar um pouco para conhecê-las melhor aproxima você da arte? Será que essa aproximação pode tornar sua vida mais alegre e prazerosa? Justifique sua resposta.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

16. A letra da música “Paisagem na janela” deve estimular reflexões sobre as relações entre ver, perceber e imaginar, resultando em produções artísticas. A partir disso, você pode perguntar aos estudantes quais sentidos da percepção os versos dessa canção evocam, investigando seus possíveis aspectos simbólicos.

Atividade complementar

Você pode sugerir aos estudantes que pesquisem sobre o movimento cultural Clube da Esquina, do qual participaram Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant e outros músicos. As trajetórias artísticas que compuseram esse movimento podem ajudar a ampliar reflexões sobre a relação entre arte e vida; a reconhecer e apreciar o papel de músicos brasileiros no desenvolvimento de formas e gêneros musicais; e a identificar e analisar diferentes estilos musicais, conforme as habilidades (ê éfe seis nove á érre um oito) e (ê éfe seis nove á érre um nove) da Bê êne cê cê.

A turma pode se dividir em grupos e cada um pesquisar a vida e obra de um artista, ou suas trajetórias coletivas, tentando responder às perguntas: “Quais são as principais características desse movimento?”; “Como a música esteve presente na vida dos artistas?”; “As letras fazem referência a algum aspecto de suas vidas?”; “Quando seus caminhos se separaram, como cada um continuou envolvido com arte?”.

Sugestões para o estudante

Site do artista Lô Borges.

Disponível em: https://oeds.link/Avu6Qc. Acesso em: 20 abril 2022.

BORGES, Márcio. Os sonhos não envelhecem: histórias do Clube da Esquina. São Paulo: Geração Editorial, 2010. Primeiro parceiro de Milton Nascimento, Márcio Borges conta nesse livro as histórias dos amigos adolescentes que formaram o Clube da Esquina e criaram canções que viriam a se tornar grandes clássicos da ême pê bê.

FERREIRA, Laudo. Histórias do Clube da Esquina. São Paulo: Devir, 2015. O ilustrador e autor Laudo Ferreira conta como surgiu o Clube da Esquina, em uma história em forma de quadrinhos. Nela, os próprios músicos, entre eles, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, são os personagens e revelam fatos e acontecimentos vividos por eles entre os anos 1960 e 1990, e também como foram criadas algumas músicas desse período.

Sobre as atividades: Para refletir

Com essas questões, chama-se a atenção especialmente para a relação entre percepção sensorial e arte, que pode levar a reflexões sobre si mesmo e sobre o mundo. Essa linha de abordagem seguirá sendo desenvolvida no capítulo 2, que tratará da escuta atenta e da diversidade de sons do mundo e sua possível utilização em trabalhos musicais.

Para pesquisar

Referências artísticas – Estado da arte

Todos temos nossas preferências artísticas e sabemos que elas podem mudar ao longo da vida. Quando somos atraídos por alguma música, alguma imagem, dança ou filme, é porque, provavelmente, essa obra estimulou nossos sentidos e, por algum tempo, permaneceu em nossos pensamentos.

  1. Pesquise algumas obras de arte e artistas com base nas seguintes orientações.
    1. Quais são as obras de arte mais significativas para você?
    2. Após fazer o levantamento de todas as referências que atraem você, escolha a obra de um artista.
    3. A partir da escolha da obra, você deverá realizar uma pesquisa a respeito do estado da arte dessa obra. O estado da arte consiste em levantar o máximo de fontes confiáveis que digam respeito à obra escolhida. Assim, faça uma pesquisa em livros, catálogos, revistas, podcasts, jornais ou na internet e recolha o máximo de informações que você puder a respeito dessa obra. Ao pesquisar na internet, dê preferência para sites de museus e de instituições oficiais, se possível.
    4. Faça um painel com imagens e informações citando as referências de sua pesquisa.
Versão adaptada acessível

1 Pesquise algumas obras de arte e artistas com base nas seguintes orientações.

a) Quais são as obras de arte mais significativas para você?

b) Após fazer o levantamento de todas as referências que atraem você, escolha a obra de um artista.

c) A partir da escolha da obra, você deverá realizar uma pesquisa a respeito do estado da arte dessa obra. O estado da arte consiste em levantar o máximo de fontes confiáveis que digam respeito à obra escolhida. Assim, faça uma pesquisa em livros, catálogos, revistas, podcasts, jornais ou na internet e recolha o máximo de informações que você puder a respeito dessa obra. Ao pesquisar na internet, dê preferência para sites de museus e de instituições oficiais, se possível.

d) Faça uma descrição ou representação citando as referências de sua pesquisa.

  1. Algumas perguntas podem orientar a montagem do painel:
    1. Qual é o título da obra?
    2. Quem é o artista (fale de onde ele é, o ano em que nasceu, conte sobre a trajetória dele, sobre suas inspirações e referências, se pertence a alguma escola ou movimento artístico etcétera)?
    3. Qual é a linguagem artística da obra (artes visuais, dança, música, teatro etcétera)?
    4. Fale sobre a sua identificação com essa obra. Por que você a escolheu?
    5. Onde a obra se encontra? Ela está em sua cidade ou em outra região? Se a obra é de sua cidade, conte como ela expressa as particularidades do lugar e de que fórma ela tem relação com você.
    6. Se a obra pertence a um contexto diferente, conte por que ela atraiu você.
    7. Após a confecção do painel, leve-o para a sala de aula, exponha sua pesquisa para a turma e conte sobre a obra e sobre o artista que a produziu.
  2. Após apresentar a sua pesquisa e conhecer a dos colegas, reflita sobre as seguin­tes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Há pontos em comum entre as obras escolhidas? Os artistas são de seu entorno ou de outros lugares?
    2. Quais foram as obras mais próximas de seu entorno? O que elas representam para você?
    3. Quais foram as obras mais distantes de seu entorno? O que elas representam para você?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Esta proposta de pesquisa pretende instigar os estudantes a identificar as suas preferências artísticas e as razões que os levam a escolher determinadas referências em lugar de outras, assim como incentivá-los a tomar consciência de sua formação estética. Além disso, ela é um primeiro convite para que eles comecem a compreender como organizar uma pesquisa de estado da arte. É importante que, nesse momento, eles entendam que um estado da arte se faz com o máximo de referências possível a respeito de um objeto e que estas devem ser diversificadas. Nesse caso, o objeto escolhido é uma obra de arte. Oriente-os a fazer um levantamento de materiais diferenciados e provenientes de fontes confiáveis a respeito da obra escolhida.

Estimule os estudantes a perceber se existem trabalhos de artistas conhecidos ou desconhecidos da grande mídia e artistas que criam no entorno de onde eles vivem. Incentive-os a se questionarem para descobrir o que lhes interessa e por quê. Aproveite a oportunidade e traga uma de suas referências pessoais para compartilhar; dessa maneira, você pode adentrar na discussão como um pesquisador.

Após a apresentação da pesquisa, avalie com a turma se há algo que prevalece na seleção. As obras pertencem mais a um contexto nacional ou internacional? São contemporâneas ou antigas? Há alguma linguagem artística que predomina? Há alguma linguagem artística que não foi explorada? Caso existam poucas obras relacionadas ao contexto próximo dos estudantes, instigue-os a pesquisar o que se produz de arte ao seu redor. Caso existam poucas obras relacionadas ao contexto mais distante dos estudantes, instigue-os a pesquisar o que se produz de arte em outros lugares.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes Visuais; Música; Dança; Teatro e Artes Integradas.

Objetos de conhecimento

Materialidades; Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Processos de criação

Diário de bordo

Convidamos você a criar um diário de bordo que o acompanhará ao longo do ano. Nesse diário, você pode registrar as pesquisas, descobertas, interesses e ideias que surgirão das experiências no contato com o material presente neste livro.

Esse diário é pessoal e conterá seu caminho investigativo.

Como você não realizará o percurso por este livro sozinho, sugerimos que partilhe com seus colegas, periodicamente, as pesquisas e as ideias registradas nesse diário. Esteja sempre com ele à mão nas aulas de Arte.

Você pode usar um caderno ou reunir papéis com texturas e cores das quais você goste e encadernar para montar o próprio diário.

Pense em um tamanho que seja prático para você transportar. Recomendamos que não seja um papel muito fino e que não tenha pauta, para que você possa, além de escrever, desenhar, colar, usar canetas variadas e até tinta, se desejar.

Tente dar a ele um aspecto que agrade você.

Para concluir, escreva, desenhe e cole imagens ou frases pensando nas perguntas a seguir.

Versão adaptada acessível

Convidamos você a criar um diário de bordo que o acompanhará ao longo do ano. Nesse diário, você pode registrar as pesquisas, descobertas, interesses e ideias que surgirão das experiências no contato com o material presente neste livro.

Esse diário é pessoal e conterá seu caminho investigativo.

Como você não realizará o percurso por este livro sozinho, sugerimos que partilhe com seus colegas, periodicamente, as pesquisas e as ideias registradas nesse diário. Esteja sempre com ele à mão nas aulas de Arte.

Você pode usar um caderno ou algum outro suporte de sua preferência para montar o próprio diário.

Pense em um tamanho que seja prático para você transportar. Recomendamos que não seja um papel muito fino, para que você possa, além de escrever, fazer representações, descrições e criações, se desejar.

Tente dar a ele um aspecto que agrade você.

Para concluir, escreva frases ou faça representações pensando nas perguntas a seguir.

  1. Onde está a arte em minha vida?
  2. Onde está a arte em minha casa?
  3. Onde está a arte em meu trajeto até a escola?
  4. Onde está a arte em meu bairro e em minha cidade?
  5. Onde está a arte na vida dos meus colegas?
  6. Com base nas conversas e pesquisas apresentadas pelo restante da turma, registre em seu diário de bordo as suas reflexões e escreva sobre artistas que você conheceu.
Orientações e sugestões didáticas

Esta proposta visa à criação de um objeto que registre o percurso do estudante, um objeto pessoal que o estimule a fazer perguntas, a refletir, a identificar seu modo de pensar. Sugere-se que o conteúdo do diário seja desenvolvido no decorrer do ano. Ele estará presente nas aulas como suporte para as descobertas pessoais, tornando-se um importante aliado no processo de autoavaliação dos estudantes.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Orientações

Oriente os estudantes a fazer uma revisão sobre o que foi estudado e sobre o que foi conversado em sala de aula em relação à pergunta que guia este capítulo: Onde está a arte na vida?. O registro no diário de bordo pode ser trabalhado de maneira artística, dando ênfase ao tratamento visual das anotações e informações nele registradas.

Organizando as ideias

Recortes de quatro imagens lado a lado: Imagem 1:  fotografia da rapper MC. Sofia, uma jovem negra com cabelos com dread vermelhos, presos em um rabo de cavalo. Ela está usando um top preto, calça e casaco vermelhos. Imagem 2: detalhe de ilustração de um menino vestido de lobo. Ao fundo, uma mesa com um vaso e uma janela aberta. Imagem 3: fotografia de um jovem dançando na rua, com a mão direita no chão, de cabeça para baixo. Ao fundo, um prédio com grafite na fachada. Imagem 4:  detalhe de fotografia; na parte superior, janelas de vidro em uma parede escura. Abaixo, papel de parede com desenho de janelas em  preto sobre fundo branco enfileiradas . No centro, a artista, uma mulher usando blusa roxa e macacão preto.

Agora que você já refletiu a respeito dos lugares que a arte ocupa em sua vida, experimente revisitar imagens, referências e passagens que mais instigaram você ao longo deste capítulo.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Quais descobertas a respeito da arte você fez neste capítulo?
  2. Quais novos artistas e obras você conheceu?
  3. Quais lugares você revisitou?
  4. Quais práticas artísticas você aprendeu?
  5. O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

Este é o momento de fazer um balanço do que foi visto no capítulo.

Avalie quanto cada estudante esteve envolvido nas propostas, participando ativa e criticamente, compartilhando suas experiências individuais e contribuindo para as reflexões coletivas.

É sempre importante chamar a atenção da turma para os conhecimentos obtidos ao longo de cada capítulo. Além das questões apresentadas nesta seção, você pode perguntar também: “Quais artistas e obras foram vistos pela primeira vez?”; “Quais conceitos foram descobertos?”; “Quais novas ideias surgiram?”; “Quais novos horizontes se abriram?”.

Além disso, é importante alertar o estudante de que, a partir do momento em que se interessar por determinado artista, obra, conceito, técnica, ele pode prosseguir sua investigação a respeito desses novos objetos cotidiana e continuamente, sem a necessidade de relacioná-los diretamente com a disciplina escolar.

Glossário

naïf
Estilo de arte produzido, geralmente, por artistas autodidatas, ou seja, pessoas que não cursaram estudos formais em Arte. É comum encontrarmos em produções naïfs temas ligados à vida, à cultura e ao cotidiano de seus autores, assim como fatos da atualidade.
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Os Saltimbancos
Obra teatral baseada no conto Os músicos de Bremen, dos Irmãos Grimm. Fala de quatro bichos (o Jumento, a Galinha, a Gata e o Cachorro) que, sentindo-se explorados por seus donos, resolvem fugir. Nessa fuga, encontram-se e formam uma banda. Juntos, libertam-se da opressão dos donos e seguem para a cidade, para tentar a sorte como músicos.
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Breaking
No ano de 2020, o Comitê Olímpico Internacional (cói) incluiu o Breaking como modalidade de Dança Esportiva nas Olimpíadas de 2024. Essa entrada ocorreu devido à participação do Breaking nos Jogos da Juventude que aconteceram na Argentina, em 2018. Atualmente as danças desportivas são as modalidades Danças Latinas (Paso doble, Rumba), Standard (Slow fox, valsa vienense) e Breaking.
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Mosaico
Obra artística feita a partir de fragmentos de materiais, que podem ser pedaços de cerâmica, papel, vidro, entre outros. Cada pedacinho deve se “encaixar” em outro para assim formar o todo de uma superfície. A técnica do mosaico é muito antiga; ela é usada especialmente na decoração e é praticada há pelo menos 5 mil anos.
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