CAPÍTULO 2 Escutando a Vida

Fotografia em preto e branco, destacando o busto de um menino com cabelos curtos. Ele está com os olhos fechados e com as mãos segura uma concha encostada ao  ouvido direito.
bubá, éduard. rémi écoutant la mer [rémi escutando o mar, em tradução livre]. 1995. Fotografia.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Escutando a vida”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Música; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.

3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.

4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sobre a imagem

Explore a leitura dessa imagem com a turma. Que sensações ou pensamentos ela desperta em cada um? Você pode sugerir a observação partindo da atividade 1, na página 29. Comente que a concha funciona como uma caixa de ressonância, captando e amplificando os sons do ambiente que o ouvido humano não consegue captar sozinho. Pode parecer o som das ondas do mar, mas, na verdade, são sons do ambiente que nossas orelhas normalmente não conseguem captar devido ao modo de propagação, mas, quando reverberados pela concha, podem ser ouvidos.

Pode ser interessante levar conchas para a sala de aula, a fim de que todos possam escutá-las. Se isso não for possível, você pode usar tigelas, cuias ou até mesmo copos, pois esses objetos produzem um efeito semelhante ao das conchas.

1. Você já tentou ouvir o som que parece vir de dentro de uma concha? Observe a imagem da abertura do capítulo. O que será que esse menino está ouvindo?

Versão adaptada acessível

1 Você já tentou ouvir o som que parece vir de dentro de uma concha?

Com base na descrição da imagem da abertura do capítulo, responda: o que será que esse menino está ouvindo?

2. Agora feche os olhos, fique em silêncio e preste atenção em tudo o que você consegue escutar. Os sons vêm de dentro ou de fóra da sala de aula? Mais perto ou mais longe? É algo que parece estar parado ou em movimento? Compartilhe o que captou. Os seus colegas perceberam ruídos iguais ou diferentes?

Fechar os olhos e se concentrar nos sons que escutamos pode mudar a nossa percepção, levando-nos a notar sons que já estavam presentes, mas aos quais não dávamos atenção.

Esse simples exercício pode mostrar que muitas vezes, sem estar consciente disso, você ouve muitas coisas ao mesmo tempo: o som da própria respiração ou das suas mãos tocando o cabelo, alguém falando próximo a você, o som de um cachorro latindo ao longe, o som de alguém mexendo no caderno ou na mochila, alguém andando pela sala ou escrevendo no quadro ou, ainda, o vento balançando as folhas de uma árvore lá fóra.

E o silêncio? Você reparou também nele? Em relação à escuta, considerando som tudo o que é captado pela audição, não podemos deixar de falar sobre o silêncio, que prepara a escuta e ajuda os diferentes sons a se destacarem.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que a imagem do menino ouvindo a concha e o primeiro exercício de escuta fizeram você perceber ou imaginar?
  2. Você acha que os sons e o silêncio dos ambientes interferem na sua concentração, no seu humor e nos seus sentimentos? Como?
  3. Quais são os sons mais marcantes que você escuta em sua vida cotidiana?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Depois de tratarmos, no capítulo 1, sobre como a arte está presente em nossas vidas, destacaremos aqui a escuta dos sons ao nosso redor. Que sons são esses? Quais deles são do nosso próprio corpo? Como percebemos e nos relacionamos com eles? Como eles podem ser usados em produções musicais?

Neste início de capítulo, e nele como um todo, foi colocada em evidência a relação com os sons, especialmente através da escuta. Caso haja alguma pessoa surda ou com deficiência auditiva na turma, será importante dar destaque ao conteúdo tratado no Para pesquisar, da página 38, e questionar: “De que outras maneiras as vibrações sonoras podem ser percebidas?”.

Assim, damos início ao estudo da linguagem musical analisando usos e funções da música em diferentes contextos de produção. Também relacionamos a prática musical à escuta, a diferentes dimensões da vida e à exploração de diversificadas fontes e materiais sonoros, tais como o corpo humano, brinquedos sonoros e utensílios domésticos. Associados a isso, apresentaremos diferentes artistas e estilos musicais, além de conteúdos referentes às noções de silêncio, ruído e poluição sonora.

Neste capítulo os elementos da linguagem musical são abordados priorizando-se a percepção, a estesia, sem trazer ainda maiores definições ou explicações de conceitos da área de Música – o que será feito em outros capítulos ao longo da coleção.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Orientação

Antes de iniciar o capítulo, proponha uma breve conversa sobre escuta. Comece perguntando: “Vocês costumam prestar atenção nos sons ao redor?”; “Qual foi o primeiro som de que você se lembra, ou imagina, ter ouvido na sua vida?”; “Qual foi o último som que você ouviu ontem?”.

Sobre as atividades

As atividades 1 e 2 e as perguntas da seção Para refletir visam estimular a ampliação de percepções e reflexões relacionadas à escuta. São esperadas respostas pessoais, portanto não há preocupação quanto a respostas certas ou erradas. A proposta é desenvolver conversas a partir das respostas de cada um, estimulando trocas e reflexões, com o objetivo de envolver inicialmente os estudantes no assunto com base nas próprias percepções e pensamentos.

A atividade 2 procura estimular os estudantes a refletir sobre suas percepções e suas reações aos sons que os rodeiam – o que será desenvolvido adiante neste capítulo, ao tratarmos sobre poluição sonora.

SOBREVOO

Sons da vida

Nesta seção, convidamos você a mapear diferentes sons da vida cotidiana e a conhecer artistas que experimentam e exploram sonoridades pouco convencionais em seus processos criativos, como percussão corporal, variados sons vocais, sons de brinquedos, de utensílios domésticos e até sons feitos com água.

Sons do corpo

Que tal começar por nós mesmos? Afinal, nosso corpo pode, além de ouvir, produzir muitos sons. Como é o som da sua respiração? E de quando você esfrega uma mão na outra? Que outros sons você produz? Será que tudo isso pode virar música?

Fotografia. Um grupo de artistas, homens e mulheres, usando roupas coloridas. Eles estão em um palco, com as mãos espalmadas sobre o peito e a boca aberta. Na frente deles, microfones.
Integrantes do grupo Barbatuques durante apresentação do álbum Ayú. Fotografia de 2015.
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, está prevista a escuta de um áudio de percussão corporal na atividade do livro e a realização de atividades em roda. Para um bom aproveitamento, procure adequar o espaço para as atividades e providencie pelo menos um aparelho celular para a reprodução do áudio.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Música.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois zero) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois um) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(ê éfe seis nove á érre dois três) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Orientações

Nas primeiras páginas desta seção, a fonte sonora destacada é o corpo humano, ou seja, tratamos do corpo como um instrumento musical e das músicas feitas com seus sons. Destacamos o papel do grupo brasileiro Barbatuques nesse tipo de produção musical, de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre um oito) da Bê êne cê cê.

A partir das perguntas iniciais, você pode investigar quais sons corporais cada estudante já conhece. Isso funcionará como aquecimento e preparação para a atividade prática apresentada a seguir.

Faça no caderno.

1. Você já tinha ouvido falar dos Barbatuques? A imagem anterior é de uma apresen­tação desse grupo. O que esses artistas parecem estar fazendo? Já brincou de fazer algo parecido? Consegue imitar esses gestos ou outros semelhantes e produzir sons?

O grupo foi fundado em São Paulo São Paulo, em 1995, por Fernando Barboza (1971-2021), mais conhecido como Fernando Barba, cujo apelido deu origem ao nome Barbatuques. Atualmente conta com 13 integrantes que utilizam o corpo para fazer música, explorando diversos sons e ritmos. Eles percorrem o mundo levando essa proposta musical que mistura percussão corporal, vocais e sapateado, além de envolver muita improvisação.

2. Escute a música “Barbapapa’s groove”, do grupo Barbatuques. Após a escuta, compartilhe suas impressões com os colegas e com o professor.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Para experimentar

Vamos fazer uma roda de sons corporais?

  1. Forme uma roda com seus colegas de turma.
  2. Para iniciar a brincadeira, todos devem estar em silêncio.
  3. O primeiro participante vai fazer um som, usando apenas o corpo (pode ser com voz, dedos, mãos, pés, peito, sopros etcétera, e todos devem escutar atentamente.
  4. Seguindo a sequência da roda, cada participante tentará imitar o som que o colega fez.
  5. Depois da primeira rodada, o segundo participante faz outro som e, assim, a brincadeira deve continuar.
  6. Para concluir, converse com os colegas e com o professor sobre os sons mais inusitados e os mais desafiadores para imitar.

Além de produzir sons com as mãos, com os pés e com a voz, os músicos do grupo fazem outros sons com a boca, que não necessariamente envolvem a voz.

3. Você já experimentou produzir sons só com os lábios? E estalando a língua? E com os dentes? Experimente!

Imagine esses sons de lábios, língua e dentes sendo usados ao mesmo tempo com a voz, pela mesma pessoa, ao cantar uma música.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Os trabalhos musicais do grupo Barbatuques, incluindo o áudio da atividade 2, e dos outros artistas apresentados no capítulo, bem como as atividades práticas sugeridas, permitem perceber e explorar diversos elementos constitutivos da música – como ritmo, timbre, altura, intensidade, melodia –, ainda que não sejam abordados conceitualmente. Fique atento a esses elementos, que correspondem aos desdobramentos iniciais das habilidades (ê éfe seis nove á érre dois zero) e (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê. Atente também à possibilidade de estabelecer diálogos, retomando alguns desses exemplos quando esses elementos e conceitos musicais forem abordados de modo mais explicativo adiante – neste ou em outros livros desta coleção. Na atividade 3, incentive os estudantes a produzir alguns dos sons sugeridos.

Orientações para a apreciação musical

Após escutarem juntos a música “Barbapapa’s groove”, do grupo Barbatuques, conversem sobre as impressões e percepções. Pergunte à turma: “Que sons corporais vocês reconheceram?”; “Conseguem reproduzir algum?”; “O que chamou mais a atenção nessa música?”.

O nome da música faz referência à família Barbapapa, personagens de livros infantis e de uma série de tê vê dos anos 1970, criada em Paris (França) por Annette Tison (1942-) e Talus têilor (1933-2015). Assim como esses personagens, que podiam se transformar em qualquer coisa, inclusive em instrumentos musicais, a música apresenta o corpo humano transformado em uma bateria.

Orientações: Para experimentar

A roda de sons corporais propicia a investigação sonora do próprio corpo e a apreciação das propostas sonoras dos colegas. A intenção é que, improvisando sons e imitando invenções sonoras dos colegas, os estudantes expressem ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três) da Bê êne cê cê. Chame a atenção da turma para o fato de que a voz humana é um dos sons corporais mais usados musicalmente, e que ela também poderá ser explorada nesta atividade.

Comente também que cada pessoa tem características corporais diferentes, que devem ser respeitadas e podem resultar em diferentes modos de expressão sonoro-corporal; assim, estimule que se estabeleça um ambiente onde todos se sintam à vontade, visando evitar qualquer tipo de constrangimento ou bullying; procure promover entre todos uma cultura de paz nas relações interpessoais dentro da escola e na comunidade em geral.

Em suas apresentações, a cantora e violonista brasileira Badi Assad (1966-) explora em seu canto alguns sons muito sutis feitos com os dentes. Como ela usa um microfone muito próximo à boca, é possível ouvir claramente todos esses sons.

Outro de seus recursos é cantar uma música entoando uma única sílaba, sem articular palavras, usando os lábios e a língua para fazer um acompanhamento rítmico, como um instrumento de percussãoglossário . Assim, ela chama a atenção para esses sons sutis que produzimos e para outros detalhes e particularidades que geralmente passam despercebidos.

4. Como você imagina que seria um canto que mistura diferentes sons feitos com a boca? Que tal escolher uma música que você já conhece para cantar e brincar? Tente acrescentar alguns sons de lábios ou estalos de língua a esse canto. Compartilhe suas sensações com os colegas e com o professor.

Sons do cotidiano

Entre outros trabalhos, Badi Assad produziu o álbum Cantos de casa (2014), em que as músicas tratam do cotidiano de uma criança, desde a hora de acordar até a hora de dormir. E não são apenas as letras das músicas que se referem a esse cotidiano: os sons usados nos acompanhamentos são sons de objetos que compõem vários ambientes de uma casa, como pratos, panelas, talheres e copos.

5. Observe a imagem com a artista tocando: você percebeu que cada copo tem uma quantidade diferente de líquido? Sabe por quê? Experimente: pegue alguns copos iguais, despeje em cada um uma quantidade diferente de água e depois bata levemente na borda deles com uma colher de pau. Você perceberá que cada um produzirá um som diferente do outro.

Versão adaptada acessível

5 Com base na descrição da imagem com a artista tocando: você percebeu que cada copo tem uma quantidade diferente de líquido? Sabe por quê? Experimente: pegue alguns copos iguais, despeje em cada um uma quantidade diferente de água e depois bata levemente na borda deles com uma colher de pau. Você perceberá que cada um produzirá um som diferente do outro.

6. Além dos utensílios domésticos, quais outros objetos sonoros há em sua casa?

Fotografia.  A artista Badi Assad, uma mulher com cabelos pretos presos e enfeitados com  colheres coloridas, usando uma blusa colorida. Ela está de pé segurando um prato e uma colher com as mãos. Na frente dela, uma mesa  com uma chaleira, 5 copos enfileirados com líquidos de cores diferentes, em diversos níveis, frutas e panelas. Ao fundo, uma bancada com um violão e panelas.
Badi Assad produzindo sons com utensílios domésticos. Fotografia de 2014.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Proponha uma investigação sobre sons e instrumentos de percussão. Você pode perguntar à turma: “Que sons percussivos é possível fazer com o corpo?”; “Que instrumentos de percussão vocês conhecem?”; “Há instrumentos de percussão na escola?”; “Alguém tem instrumentos de percussão em casa?”.

Sobre as atividades

4. Você também pode estimular uma interação com a atividade da roda de sons corporais, proposta anteriormente, indagando: “Que sons feitos com a boca foram explorados na roda de sons?”; “É possível usar algum deles entremeando-os entre as frases de uma música cantada?”.

Repare e comente que isso pode funcionar melhor com músicas que tenham espaços de silêncio (pausas) entre suas frases. Considerando isso, você pode ajudar nas escolhas. Depois, cada estudante ou grupo pode compartilhar com a turma os trechos musicais que, a partir de suas experimentações, achou mais interessantes.

5. Prepare-se previamente para este momento, levando para a sala alguns copos com líquido e uma colher de pau. Incentive os estudantes a realizar experimentações com os objetos. Você também pode sugerir que façam isso em casa e anotem suas impressões no diário de bordo para compartilhá-las com a turma.

O que está sendo trabalhado, além da exploração de fontes e materiais sonoros, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê, é a percepção da propriedade do som chamada altura, de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero) da Bê êne cê cê, e a experimentação de diferentes afinações do mesmo material – exercitada, neste caso, pela variação da quantidade de água nos copos.

Partindo da abordagem do álbum Cantos de Casa, sobre os sons que fazem parte do cotidiano de uma casa, os estudantes podem compartilhar com a turma os sons presentes em seu cotidiano, as pessoas com as quais convivem em casa, enquanto trabalham o tê cê tê Cidadania e civismo – Vida familiar e social.

Atividade complementar

Se você tiver conhecimentos musicais ou se houver um professor de Música na escola, você pode ampliar a atividade 5, afinando os copos em uma escala de notas musicais, usando-os para tocar alguma melodia. A propriedade do som altura, juntamente com a propriedade intensidade, será abordada de modo conceitual no capítulo 4 (página 66), quando poderá rememorar ou até mesmo refazer essa experimentação com copos e água.

Sons com brinquedos

Fotografia. Um músico, usando um chapéu e um casaco preto. Ele está sentado em uma cadeira segurando um violão infantil com as mãos, a boca aberta na direção de um microfone. Ao lado dele, há brinquedos de borracha. Fotografia. Uma mulher com cabelos pretos, usando uma camisa branca e um colete. Ela está com os olhos fechados, a boca na direção do microfone e  segura uma corneta infantil com a mão esquerda.
Banda Pato Fu durante apresentação do show Música de brinquedo 2, em Belo Horizonte Minas Gerais, 2018.

7. Observe as fotografias. Liste no seu diário de bordo os objetos que você identifica nelas. Algo chama a sua atenção?

Versão adaptada acessível

7 Ouça a descrição das fotografias. Liste no seu diário de bordo os objetos que você identifica nelas. Algo chama a sua atenção?

Brincar é algo que não depende de idade. Você já reparou que os adultos, quando têm a oportunidade de brincar ou participar de um jogo de que gostam, ficam muito felizes? Inclusive, há adultos que usam brinquedos sonoros para fazer música, como a banda Pato Fu.

Originária de Belo Horizonte Minas Gerais, a banda é composta dos músicos Fernanda Takai, Djón Ulhoa, Ricardo Koctus, Ríchard Neves e Glauco Mendes.

As imagens registram uma apresentação do álbum Música de brinquedo 2 (2018), que dá continuidade ao trabalho anterior, Música de brinquedo (2010). Em ambos, a banda usa sons de diversos brinquedos na execução de todas as músicas.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

7. Chame a atenção dos estudantes para os brinquedos sonoros e instrumentos musicais de brinquedo que podem ser vistos nas fotografias e foram usados pelos artistas durante o show na execução das músicas. Eles são usados pela banda nos arranjos das músicas, junto com instrumentos profissionais, microfones e amplificadores.

Incentive os estudantes a levar para a aula os brinquedos e instrumentos musicais que tiverem em casa, para compartilhar com a turma a experimentação dos sons emitidos por eles e que possam ser usados como parte do acompanhamento de uma música que escolham para cantar juntos. Esse pode ser um bom exercício de experimentação sonora, resultando em arranjos musicais bem simples, mas que poderão se tornar mais elaborados ao longo dos estudos. Esta atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três) da Bê êne cê cê.

Orientações

Nos shows Música de Brinquedo 1 e 2, nota-se também um grande cuidado com a parte visual e cênica. O cenário é rico em cores e há interações com bonecos manipulados por atores entre algumas músicas. Se houver possibilidade, assista com a turma a algumas partes desses shows. Você pode conversar e destacar esses aspectos, observando que as linguagens artísticas podem se integrar e interagir em uma mesma apresentação.

Nas apresentações de Música de Brinquedo 2, há a participação do grupo Giramundo, de Belo Horizonte-Minas Gerais, um dos mais antigos grupos de teatro de bonecos do país e que atua também no ensino dessa prática. Para conhecer mais os trabalhos desse grupo, acesse: https://oeds.link/P7AdGo. Acesso em: 28 março 2022.

Sugestão para o professor

Se possível, assista com os estudantes aos videoclipes do show Música de brinquedo, no dêvedê de mesmo nome. Nele, é possível observar mais detalhes dos arranjos musicais (como os brinquedos utilizados em cada música) e também detalhes dos elementos cênicos e visuais utilizados no show (como os bonecos manipulados que interagem com os músicos). Esses detalhes podem impulsionar diálogos com conteúdos das outras linguagens artísticas, como Teatro e Artes visuais.

Para experimentar

Engrenagem de sons

Vamos imitar o som e os movimentos de diferentes máquinas e aparelhos eletrônicos?

  1. Forme uma roda com seus colegas de turma, de maneira que haja bastante espaço no centro dela.
  2. Para iniciar a brincadeira, todos devem estar em silêncio.
  3. O primeiro participante vai até o centro da roda e, imaginando-se parte de uma engrenagem, faz um movimento acompanhado de um som, repetindo-os constantemente.
  4. O segundo participante vai até o centro da roda e encaixa outro movimento e som naquele do primeiro participante, dando início assim à engrenagem.
  5. Quando todos os participantes estiverem na engrenagem, repare no som e no movimento coletivo que é possível produzir.
  6. Para concluir a atividade, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Que sensações a atividade despertou em você?
    2. A que sons, ambientes ou momentos da vida seria possível associar essa engrenagem produzida na atividade?

FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. Música e meio ambiente: a ecologia sonora. São Paulo: Irmãos Vitale, 2004. página 79. (Coleção Conexões musicais). (Adaptado).

Sons da água

Pense agora em um elemento presente tanto em ambientes naturais como nas cidades, e até mesmo dentro de nossas casas: a água.

  1. Você já brincou de fazer sons com a água (no mar, na piscina, na banheirareticências)?
  2. Você já ouviu alguém usar sons de água em uma música?

O músico brasileiro Naná Vasconcelos (1944-2016) fez isso em sua música “Batuque nas águas: aquela do Milton”. Além de instrumentos musicais como flauta e violoncelo, o artista utilizou alguns sons que produziu batucando na água. O nome da canção faz referência a outro músico brasileiro, o cantor Milton Nascimento (1942-), já apresentado no capítulo anterior e com quem Naná Vasconcelos tocou no início de sua carreira.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Esta atividade une a criação de sons com movimentos corporais. No que se refere ao tema deste capítulo, ela possibilita, em consonância com a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê, a exploração do próprio corpo como fonte sonora e a percepção de diferentes timbres associados aos sons possíveis de serem realizados e às diversidades dos corpos e vozes de cada estudante. Além disso, propicia uma vivência elementar de improvisação sonoro-musical, na medida em que cada um, à sua vez, tem de encaixar um som no entremeado de outros sons que os colegas já estiverem fazendo – expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três) da Bê êne cê cê.

Como já apontado anteriormente, cuide sempre para que as diversidades, no que se refere às características corporais e vocais dos estudantes, sejam tratadas de modo acolhedor pela turma.

10. Na imagem a seguir, que faz parte do videoclipe da música, Naná Vasconcelos está tocando nas águas de uma praia do litoral pernambucano. Como serão os sons que ele produziu? Experimente fazer sons assim na água e preste atenção à variedade que é possível obter.

Fotografia. Detalhe do busto de um homem negro, de barba,  dentro do mar. Ele está com a mão direita espalmada na direção da superfície da água, que espira formando gotículas.
BATUQUE nas águas: aquela do Milton. sem local. Intérprete: Naná Vasconcelos. 2010. Fotograma.

Essa música faz parte do álbum Sinfonia e batuques (2010). Naná Vasconcelos pesquisou e gravou sons, tocando na água da piscina de sua casa, e depois usou essas gravações em um estúdio de música, mesclando-as aos sons de outros instrumentos.

11. Quais podem ter sido as fontes de inspiração do artista para criar sua música?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Das obras musicais apresentadas neste Sobrevoo, há alguma que você achou mais interessante ou alguma de que você não gostou? Comente.
  2. Você sentiu vontade de reproduzir alguma das sonoridades apresentadas por esses músicos? Qual?
  3. Se você decidisse fazer uma música sobre algum lugar ou som que faz parte da sua vida, quais seriam as suas escolhas?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

11. Esta questão visa estimular os estudantes a pensar a respeito dos aspectos subjetivos envolvidos na criação musical, com ênfase na ideia de inspiração. Você pode ampliar esse estímulo fazendo algumas indagações, como: “O que vocês entendem por inspiração?”; “Vocês já se sentiram inspirados a criar algo artístico? Como foi?”.

Atividades complementares

Como atividade associada às questões desta página e da anterior (atividades 8, 9, 10 e 11), você pode sugerir aos estudantes que experimentem fazer diferentes sons com água e anotem suas impressões no diário de bordo. Se for possível, eles poderão também gravar esses sons, compartilhar as gravações e, juntos, comentar e analisar as diferentes possibilidades sonoras encontradas em cada caso.

Depois de realizar a atividade 11, você pode sugerir uma pesquisa, que poderá ser feita buscando-se entrevistas em que músicos falem sobre seus processos de criação. Incentive os estudantes a imaginar quais podem ser os estímulos e pontos de partida para a criação de uma música. As possibilidades são infinitas, mas, durante a conversa, você pode dar alguns exemplos, como: o compositor pode se inspirar em uma história, em um sentimento, em um som, em um texto que já exista e ele resolva musicar, em um acontecimento de sua vida etcétera Ele também pode criar uma música semelhante a outra que já conheça ou pensar em algum fato marcante e, a partir disso, fazer uma composição.

Foco em…

Naná Vasconcelos

Fotografia destacando o busto do artista,  um homem negro com cabelos curtos, pretos, barba e bigode. Ele usa uma camisa banca e um lenço azul. Está de olhos fechados segurando  um berimbau com as mãos.
Naná Vasconcelos durante show no Parque do Ibirapuera, em São PauloSão Paulo. Fotografia de 2010.

Naná Vasconcelos nasceu em Recife Pernambuco. Seu nome era Juvenal de Holanda Vasconcelos, e ele ganhou o apelido de Naná de sua avó, ainda na infância.

Analisando sua obra, pode-se dizer que ele “passeou” por diferentes sons do mundo. Ele também esteve sempre muito atento aos sons do seu entorno e foi com a escuta, a curiosidade e a experimentação que desenvolveu grande parte de sua musicalidade.

Na obra do artista pernambucano, destacam-se os sons feitos com a voz, as imitações de sons de instrumentos e o uso do berimbauglossário . Ele foi um dos primeiros músicos a utilizá-lo fóra do contexto da capoeira, levando-o ao diéz e à música com orquestra.

Ilustração. Um berimbau, um arco com uma cabaça, uma baqueta e um caxixi.

1. Escute os sons de diferentes tipos de berimbau.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

As sonoridades e os títulos das músicas de seus discos revelam influências da música africana, de cantos indígenas, da música de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), do jazz, da música eletrônica, das músicas do Nordeste brasileiro, entre outras.

Naná Vasconcelos, como outros artistas brasileiros, é mais conhecido no exterior do que em nosso país. Se você achou seu trabalho interessante, pesquise mais sobre ele e ouça as suas músicas, que fazem parte da riqueza musical do Brasil.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção traz informações sobre a vida e a obra do artista Naná Vasconcelos.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre um nove) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(ê éfe seis nove á érre dois um) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Sobre o berimbau

A definição de berimbau e a escuta do áudio na atividade 1 contribuem para a exploração e análise de fontes e materiais sonoros, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê. O berimbau foi muito utilizado pelo músico Naná Vasconcelos, que influenciou na divulgação internacional desse instrumento e da cultura musical brasileira de modo geral.

Orientações

A abordagem do conteúdo sobre o berimbau pode ser ampliada pela escuta do áudio com os sons produzidos pelos diversos tipos de berimbau. Pergunte aos estudantes se já conhecem esse instrumento; se algum deles pratica capoeira; ou se alguém possui um berimbau em casa que possa trazer e mostrar aos colegas. Se houver prática de capoeira na escola, agende uma conversa e demonstração sobre a musicalidade dessa prática afro-brasileira com o mestre ou professor que coordena as atividades, contemplando, assim, a habilidade (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Para experimentar

Vamos fazer chuva com as mãos?

Como são os sons da chuva? Você já reparou? O que você escuta quando começam as primeiras gotas? Imagine que ela vai ficando, gradativamente, mais forte e depois vai diminuindo, até parar.

No álbum Rain Dance [Dança da chuva, em tradução livre] (1989), de Naná Vasconcelos, há um trecho de uma música chamada “Anarriê / Rain Dance” em que se ouvem sons que parecem ser de aplausos, mas que vão se transformando em sons de chuva e, aos poucos, se diluem em um acompanhamento rítmico.

  1. Que tal agora usar as mãos para reproduzir o som da chuva?
    1. Una os dedos indicador e médio de suas mãos e bata os dedos da mão direita contra os dedos da mão esquerda.
    2. Em seguida, bata três dedos de uma mão contra três dedos da outra.
    3. Então, bata quatro dedos de uma mão contra quatro dedos da outra.
    4. Passe, em seguida, para quatro dedos de uma mão contra a palma da outra mão.
    5. Enfim, com as duas mãos em formato de concha, bata uma contra a outra. Esse será o momento mais forte da sua chuva.
    6. Faça todos esses sons nessa ordem e, depois, faça-os na ordem inversa.
    7. O ideal é que todos os participantes toquem juntos, mas tentem fazer com que as palmas de um não coincidam com as dos outros. Isso vale para todas as mudanças de som e também para quando a chuva for acabando, pois não devem parar todos de uma vez.
    8. Se for possível, gravem em vídeo e/ou áudio essa roda de sons corporais para posterior escuta de toda a turma.
  2. Você notou alguma semelhança entre os sons produzidos pela turma e o som da chuva? Que sensações foram despertadas em você durante a atividade?
Ilustração A: duas mãos com as faces para dentro. Os dedos indicadores e médios de uma mão estão contra os da outra.
Ilustração B: uma mão voltada para cima e outra para baixo, deslizando entre si.
Ilustração C: uma mão aberta voltada para cima e uma mão batendo com quatro dedos nos dedos da mão aberta.
Ilustração D:  uma mão voltada para baixo,  com os dedos no meio da palma da mão oposta.
Ilustração E: duas mãos em formato de concha, uma contra a outra .
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Depois que os estudantes entenderem bem a dinâmica dessa produção sonora coletiva, você pode propor que experimentem realizá-la de olhos fechados. Assim, a percepção e a ativação da escuta podem ficar ainda mais intensas, explorando, por meio de improvisações, a criação coletiva e colaborativa, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três) da Bê êne cê cê. Você pode também sugerir que acrescentem novos sons, por exemplo, para fazer trovões e vento, e tornar essa chuva uma tempestade.

Será interessante fazer essa experimentação várias vezes e, conforme indicado, gravar os resultados sonoros para ouvir posteriormente. Nessa escuta será possível perceber variedades nas características das “chuvas” produzidas e, o que é ainda mais importante, ela poderá estimular maior atenção aos detalhes sonoros, o que pode potencializar as próximas realizações da atividade.

Atividade complementar

A partir das informações sobre a obra de Naná Vasconcelos, você pode estimular os estudantes a pesquisar gravações de músicas desse artista e, então, desenvolver atividades de apreciação musical, identificando também os estilos musicais que influenciaram as criações desse artista, desdobrando elementos propostos pela habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove) da Bê êne cê cê.

Sugerimos para apreciação o álbum:

CONTANDO Estórias (Storytelling). Intérprete: Naná Vasconcelos. São Paulo: Velas, 1995. 1 cedê.

Para saber mais sobre o artista e sua obra, você pode consultar também:

DEMENECK, Ben-Hur. Naná Vasconcelos – o berimbau global. rifi, Ponta Grossa, Paraná, volume 11, número 22, página160-172, janeiro a abril 2013. Disponível em: https://oeds.link/r8TiyY. Acesso em: 8 março 2022.

Sugestão para o estudante

Para conhecer mais sobre Naná Vasconcelos, acesse o site do artista. Disponível em: https://oeds.link/xPthwQ. Acesso em: 30 março 2022.

Para pesquisar

O que é o som?

Fotografia. Seis músicos em  um palco, homens e mulheres, vestindo jeans e camisetas azuis e amarelas. Eles seguram tambores e baquetas.
Grupo Batuqueiros do Silêncio durante apresentação em Recife Pernambuco, em 2015.

O grupo que aparece tocando os instrumentos de percussão nessa imagem chama-se Batuqueiros do Silêncio. Todos os seus integrantes têm algum tipo de deficiência auditiva. Eles tocam maracatu, ciranda, frevo e samba, e mostram que a deficiência não é um empecilho para sentir e tocar música.

Mas como eles conseguem estudar música e tocar juntos?

  1. Pesquise em livros e na internet e converse com os professores de Ciências e de Música (se houver algum em sua escola).
  2. Utilize o roteiro de perguntas a seguir para orientar a sua pesquisa. Anote em seu diário de bordo as informações que coletar e, em uma aula posterior, compartilhe-as com os colegas e com o professor.
    1. O que é o som e como ele chega ao nosso corpo?
    2. Como funciona o sistema auditivo?
    3. De que fórma os sons podem ser percebidos por deficientes auditivos? Quais outros sentidos, além da audição, podem ajudar nisso?
    4. Quem não tem deficiência auditiva consegue ouvir todos os sons do mundo?

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Pensando no modo como Naná Vasconcelos usou sons para contar histórias e falar de lugares, que acontecimento da sua vida você narraria usando apenas sons, sem usar palavras?
  2. Para falar de si mesmo e representar características de povos e culturas com as quais se identificava, Naná escolheu, entre outros, o som do berimbau. Que sons você escolheria para falar de você?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

Optamos por abordar a natureza do som – elemento central no que se refere à escuta e à prática musical – de modo a já considerar também as pessoas com deficiência auditiva. A pergunta implícita é: “Como estas pessoas podem também se relacionar com o universo sonoro e musical?”. Assim, conforme proposto pela habilidade (ê éfe seis nove á érre um seis) da Bê êne cê cê, trazemos a abordagem dos usos e funções da música, em seus contextos de produção e circulação, para o âmbito da vida social, que prevê a convivência entre pessoas com diferentes aptidões e capacidades motoras, cognitivas ou sensitivas.

Se possível, organize previamente uma conversa da turma com professores de Ciências e Música (se houver), para esclarecimentos e ampliações relacionados à natureza e às características do som, explorando os elementos constitutivos da música, de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero) da Bê êne cê cê.

Sugestões para o estudante

Sobre o grupo Batuqueiros do Silêncio, tomado como exemplo nesta seção Para pesquisar, e sobre cultura surda de modo geral, assista ao vídeo “Os Batuqueiros do Silêncio”. Disponível em: https://oeds.link/9NNpJh. Acesso em: 28 marçoponto 2022.

Assista também a outras gravações sobre o grupo Batuqueiros do Silêncio, como a que está disponível em https://oeds.link/Hq9Qa7. Acesso em: 21 abril 2023.

Atividade complementar

Esteja atento para a possibilidade de essa pesquisa trazer à tona mais assuntos e perguntas, que podem se desdobrar em novas pesquisas ou atividades interdisciplinares. Possíveis assuntos: vibração de corpos e objetos para a produção das ondas sonoras; funcionamento das cordas vocais e de instrumentos musicais; ressonância; acústica.

Como demonstração de ressonância, você pode levar para a sala de aula um diapasão de garfo e demonstrar aos estudantes como ele funciona. Mostre que seu som pode ser ouvido encostando-o na orelha ou encostando-o, enquanto vibra, em um objeto maior que ressoe, ampliando seu som (por exemplo, a porta ou a mesa da sala de aula, ou, ainda, o bojo de um violão).

Foco no conhecimento

Ruído e poluição sonora

Tirinha. Urbano, O Aposentado em 3 cenas. Cena 1. À esquerda, um homem com macacão azul, capacete e luvas perfurando uma calçada com uma britadeira e  fazendo o som de TRRRR! Na mesma calçada,  sentados tranquilos em um banco: Urbano, um homem idoso, calvo e de bigode, usando camisa verde, short azul e sapatos pretos e, ao lado dele, outro homem idoso com cabelos brancos e bigode, usando blusa regata preta, short amarelo e chapéu preto. À direita, um cachorro fazendo o som  AU! AU! AUR! AU! Cena 2. Destaque para o rosto de perfil de Urbano e os sons: BIIIIIIIII! BI-BI-BI! FOOOM! Cena 3. À esquerda, um rapaz em uma bicicleta fazendo o som de TRIIIM, TRIIM. Atrás, Urbano  sentado no banco diz: ADORO CURTIR ESSES MOMENTOS DE SILÊNCIO... Ao lado, o idoso de chapéu preto, olha para Urbano pelo  canto dos olhos. Ao fundo, uma ambulância fazendo o som de UÓ! UÓ!

A. SILVÉRIO. Urbano, o aposentado. 2016.

Faça no caderno.

1. Leia a tirinha. Você já viveu ou presenciou uma situação semelhante? O que chama a sua atenção? Por quê?

Até aqui, você já ativou as orelhas e a memória, descobrindo e rememorando a multiplicidade de sons que nos rodeiam; viu possibilidades de relações musicais entre eles, explorando sons corporais e conhecendo escolhas sonoras de alguns artistas na elaboração de suas músicas. Mas falta olhar para um outro lado: na relação com os sons do mundo pode haver também conflitos e desprazeres.

2. Como você lida com sons indesejados no seu dia a dia?

Quando você pensa em poluição, o que vem primeiro à sua mente? Talvez você tenha se lembrado da sujeira nas águas dos rios, lagos e mares, ou da fumaça dos carros e das indústrias, que poluem o ar, mas o conceito de poluição também vale para elementos visuais e sonoros.

Podemos falar em poluição visual quando um ambiente ou uma imagem têm informações visuais em excesso, ou seja, quando a quantidade de elementos atrapalha a comunicação, chegando a cansar nossa percepção.

De modo semelhante, em situações como a da tirinha, em que um excesso de sons pode incomodar ou atrapalhar as pessoas ou outros seres vivos, podemos dizer que há poluição sonora.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a imagem

Incentive a leitura e a interpretação da tirinha começando pela atividade 1. A tirinha sugere a existência de poluição sonora, causada pelo som das buzinas somado aos sons da britadeira, do cachorro e da bicicleta. Outro aspecto que pode ser notado são as expressões apáticas dos personagens sentados no banco e na fala de um deles, que contribui para dar um tom irônico e sarcástico à tirinha.

Orientações

O conteúdo desta seção abre uma possibilidade de ampliar a abordagem da escuta dos sons do mundo para além do contexto estritamente musical, podendo contribuir para a melhoria da relação dos indivíduos com seu meio, estimulando, portanto, a análise crítica de usos e funções da música, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre um seis) e (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Notação e registro musical.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre um nove) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(ê éfe seis nove á érre dois dois) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Imagine que os dois personagens da tirinha queiram conversar, mas não consigam por causa do ambiente barulhento. Nessa situação, suas vozes são os únicos sons que eles realmente desejam e tentam ouvir. Sendo assim, todos os outros sons ali, na percepção deles, representam ruídos.

  • Ruído: som que, em dado contexto, atrapalha a escuta do que se deseja ou precisa ouvir.
  • Poluição sonora: efeito perturbador causado pela intensidade ou pelo excesso de ruídos em um ambiente.

Note que a percepção desses elementos está relacionada à elaboração, execução e apreciação de músicas. Afinal, para fazer música, há sempre escolhas pessoais de que som usar, que sons evitar ou excluir. E, na hora de tocá-las, há também o cuidado com a preparação do ambiente onde elas serão apresentadas, para que os artistas possam executá-las da melhor maneira possível e para que todos possam ouvi-las bem.

Saúde.

Para pesquisar

Representações de sons e ruídos

  1. Anote em seu diário de bordo as palavras que você associa a ruído.
  2. Leia novamente a tirinha para responder às questões a seguir.
    1. O que indica que há ruídos na situação apresentada?
    2. Qual é o nome do recurso linguístico usado pelo autor para nos transmitir a sensação de ruído?
  3. Pesquise outros exemplos de utilização desse recurso em livros, histórias em quadrinhos, cartazes de propaganda, jornais, rótulos de produtos etcétera
  4. Quando tiver reunido material suficiente, compartilhe com a turma o que encontrou na pesquisa e converse com os colegas e com o professor sobre as diferentes fórmas desse recurso.
  5. Em seguida, em um grupo de até quatro integrantes, desenhe e escreva com os colegas uma tirinha ou uma pequena história em quadrinhos na qual devem usar esse recurso para representar diferentes tipos de som e ruído.
  6. Compartilhe a história criada por seu grupo e comente com os colegas sobre a realização da atividade.
  7. Componham um painel com as histórias criadas pela turma.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

O objetivo desta proposta é estabelecer um estudo que envolve Música e Língua Portuguesa, no qual está contemplada a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois dois) da Bê êne cê cê, referente a formas de registro e notação musical. Isso aparece de modo implícito, pela possibilidade de representar ou notar diferentes sons em palavras sem carga semântica, ou seja, fazendo uso de onomatopeias. Esse recurso é bastante utilizado em processos de ensino-aprendizagem musical – especialmente de percussão – e também por alguns compositores de música contemporânea.

Procure chamar a atenção dos estudantes para as onomatopeias presentes na tirinha da página anterior antes de iniciar a pesquisa e a atividade de utilização de onomatopeias. Não é necessário apresentar esse termo antes da realização da atividade. Incentive os estudantes a buscar informações sobre o assunto e a descobrir mais detalhes em suas pesquisas. Se possível, organize uma conversa do professor de Língua Portuguesa com a turma, para aprofundar a abordagem sobre essa figura de linguagem.

Reforce que o excesso de poluição sonora pode gerar danos ao sistema auditivo e à vida saudável de diferentes seres vivos, portanto, tratar desse assunto é também uma forma de abordar o tê cê tê Saúde.

Foco na História

Novos sons na música do século vinte

   No século vinte, as composições musicais se abriram de modo novo para diferentes sonoridades. Entre muitos estilos e tendências, alguns compositores se empenharam em tratar como elementos musicais alguns sons que antes eram considerados apenas ruídos. Com o desenvolvimento do rádio, da televisão e de outras invenções industriais e tecnológicas surgidas nesse século, os ruídos do mundo, a poluição sonora e as crises ambientais também se intensificaram. E ampliaram-se também as possibilidades de registro de áudio e vídeo, com novas tecnologias de gravação e manipulação do som e da imagem.

   Nesse contexto, destaca-se o trabalho de dois músicos:

ralím ul dabá (1921-2017) nasceu no Egito. Foi compositor, pesquisador de músicas africanas e educador. Em suas experimentações musicais, utilizava tanto antigos gravadores de fio – nos quais os sons eram gravados em um fino fio de aço – como os de fitas magnéticas. Em 1944, criou uma composição que pode ser considerada a primeira obra de música eletrônica, gravando sons de uma cerimônia espiritual pública de cura. Fez alterações nessa gravação e reorganizou os sons com os equipamentos de áudio disponíveis nas instalações de uma rádio local, resultando na obra “tá abir al izár (A expressão do zaár, em tradução livre), de aproximadamente 20 minutos. A palavra zaár se refere à cerimônia gravada.

piér chéfer (1910-1995), compositor francês, desenvolveu, também a partir da manipulação de sons gravados em fitas magnéticas, o que chamou de música concreta. Gravava sons do cotidiano, como os de uma porta batendo, de um trem, de brinquedos e de outros objetos, e passava esses sons para outra fita magnética, misturando-os ou modificando-os, rodando de trás para a frente, mudando a velocidade da rotação, entre outros procedimentos.

   Os recursos tecnológicos utilizados por esses dois compositores podem ser considerados precursores dos efeitos utilizados atualmente na execução de músicas eletrônicas.

Fotografia. Um homem com cabelos brancos e bigode, usando uma túnica e calça amarelas com estampas africanas. Ele está sentado segurando um instrumento de corda.
O músico e educador ralím ul dabá.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

Enfocando os trabalhos de alím ul dabá e piér chéfer, o conteúdo apresentado nesta seção propicia um olhar para ações musicais do século vinte que também davam destaque a diferentes sons do mundo, abordando produções musicais de modo a contextualizá-las no tempo e no espaço, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove) da Bê êne cê cê. ul dabá e Schaeffer lidavam com gravações e com diversificados procedimentos de alteração do som que, de certo modo, são precursores dos procedimentos de gravação e manipulação sonora em estúdios realizadas atualmente – tanto na produção especificamente musical como no campo de som e música para cinema e televisão. Você pode promover comparações entre este e os outros trabalhos apresentados na seção Sobrevoo, no que se refere às possibilidades tecnológicas e aos procedimentos musicais, estimulando a percepção de características semelhantes ou diferentes nos contextos de produção musical de cada um.

Sugestão para o professor

É possível encontrar gravações de obras de ralím ul dabá e de piér chéfer na internet; basta procurar pelo nome dos compositores. Com o auxílio dessas gravações, você pode desenvolver atividades de apreciação musical que ilustrem e ampliem a abordagem desenvolvida, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um seis) da Bê êne cê cê.

Para pesquisar

Há poluição sonora ao seu redor?

1. Durante uma semana, observe atentamente o cotidiano de sua casa, prestando bastante atenção aos sons que escuta.

Versão adaptada acessível

1 Durante uma semana, atente-se ao cotidiano de sua casa, prestando bastante atenção aos sons que escuta.

  1. Ao final de cada dia, lembre-se, reflita e analise se identificou a presença de ruídos e de poluição sonora em algum momento e, então, anote em seu diário de bordo.
  2. Em uma aula posterior, leve as suas anotações para a escola.
  3. Reúna-se com os colegas em um grupo de até quatro participantes.
  4. Então, compartilhe o resultado de sua pesquisa com os colegas e conversem sobre as seguintes questões:
    1. Que ruídos e exemplos de poluição sonora foram identificados?
    2. O que poderia ser feito para diminuir esses ruídos e, assim, tentar solucionar o problema da poluição sonora, se necessário?
  5. Em seguida, um representante do grupo deve apresentar as conclusões para a turma, para que todos comentem e façam uma lista única de soluções (se necessárias) no quadro da sala de aula.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Lembre-se das músicas que foram apresentadas no Sobrevoo deste capítulo. Naquelas músicas, os sons do corpo ou sons do ambiente são utilizados como sons musicais, mas há situações em que esses mesmos sons podem ser considerados ruídos? Quais?
  2. Você se lembra de alguma situação na qual ficou incomodado com a poluição sonora? Se sim, quais eram os ruídos nessa ocasião?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para pesquisar

O tema da poluição sonora e as atividades sugeridas podem ser tomados como ponto de partida para ações e estudos que envolvam também outras disciplinas e áreas de conhecimento. Os saberes produzidos nas áreas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas certamente podem ampliar os pontos de vista e as reflexões a respeito da poluição sonora, além de possibilitarem a abordagem de outras formas de poluição. Sendo assim, a partir dessa temática, você pode tentar estabelecer diálogos com os professores de Ciências, História e Geografia, atento à possibilidade de construir projetos em parceria ou combinar aulas com esses colegas para ampliar ou esclarecer assuntos e questões surgidos nas aulas de Arte.

Note que esta atividade trabalha também noções elementares de práticas de pesquisa e a análise e síntese coletivas dos registros e soluções resultantes das pesquisas. Essas soluções identificadas, caso possível, podem também se desdobrar em planos de ações efetivas de interferência no ambiente observado.

Sobre a atividade: Para refletir

1. Incentive a turma a comentar as diversas situações que imaginarem ou lembrarem; isso ajudará a estruturar a compreensão do conceito de ruído.

Processos de criação

Que tal colocar em prática um pouco do que foi visto ao longo deste capítulo?

  1. Expedição sonora
    1. Formem duplas.
    2. Vocês farão uma caminhada na qual um dos integrantes da dupla estará com os olhos fechados ou vendados e com os ouvidos bem atentos.
    3. O outro componente da dupla vai guiar o colega e deverá estimular diferentes possibilidades de escuta, aproximando ou afastando a pessoa de diferentes ambientes e fontes sonoras.
    4. Após a realização da expedição, anote em seu diário de bordo os sons, as situações e as impressões da dupla sobre a caminhada.
    5. Compartilhe suas anotações sobre essa experiência com a turma, para que todos comentem e façam uma lista única no quadro da sala de aula.
    6. Monte um painel com os colegas, representando com imagens ou palavras os sons, as situações de poluição sonora identificadas (caso existam) e as propostas para solucioná-las ou amenizá-las.

  1. Vamos escolher sons para acompanhar uma música?
    1. Em grupos de até dez participantes, escolham uma música para cantar juntos.
    2. Se tiverem uma gravação da música disponível, escutem atentamente e cantem algumas vezes com ela, prestando atenção a todos os detalhes da gravação. Caso seja uma música inventada ou que todos conheçam, vocês podem cantar sem a gravação.
    3. Converse com os colegas de grupo sobre o significado da letra da música e sobre as sensações despertadas ao cantá-la juntos.
    4. Cante algumas vezes também sozinho.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Antes de iniciar a atividade de Expedição sonora, enfatize com os estudantes a atenção e o cuidado que cada integrante das duplas deve ter, consigo mesmo e com o colega. Fique atento às ações de cada dupla. Se possível, convide outros professores para ajudar a supervisionar a atividade. Ela pode ser realizada inicialmente dentro da escola e, depois que conquistarem mais confiança, em espaços maiores mas que também não apresentem grandes riscos, como parques ou praças amplas.

A atividade 1 (Expedição sonora) pode ser realizada mais de uma vez, a fim de que os estudantes possam ganhar mais segurança para andar de olhos fechados guiados por um colega e mais autonomia para desenvolver as demais ações envolvidas. Se houver algum estudante com deficiência visual na turma, incentive sua participação das duas maneiras possíveis, como quem é guiado e como guia.

Estimule a reflexão entre eles, perguntando: “Como foi caminhar de olhos fechados? Isso mudou sua atenção aos sons do ambiente ou a outros detalhes?”; “Há algum som ao qual você não dava muita atenção antes da atividade ou que você nem tinha percebido que existia?”; “Você reconheceu que estava em algum lugar específico, por causa dos sons?”.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Música.

Objetos de conhecimento

Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois zero) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois um) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(ê éfe seis nove á érre dois três) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

  1. Em seguida, discutam ideias de sons que podem fazer para acompanhar o canto. Vocês podem se inspirar nos sons apresentados no Sobrevoo: palmas, estalos, sons corporais, sons feitos com água, copos com diferentes quantidades de líquido, brinquedos sonoros etcétera Soltem a criatividade e experimentem.
  2. Então, cada grupo deve se dividir em duas partes. Os membros de uma parte deverão cantar a música enquanto os outros tocarão os sons de acompanhamento.
  3. Em seguida, troquem as funções: quem participou cantando agora toca os sons de acompanhamento, e vice-versa. Conversem sobre os sons de que gostaram e de que não gostaram. Façam escolhas e definições para tentar repetir os sons de que gostaram.

Algumas dicas:

  • Definam as partes em que será tocado cada som: no começo, no fim ou em alguma parte específica da letra.
  • Busquem também fórmas de demarcar momentos de silêncio e de mudanças de sons no acompanhamento.
  • Estejam atentos também aos ruídos que podem atrapalhar.
  • Repitam até chegar a um resultado de que gostem e apresentem para a turma.
  • Se possível, gravem e/ou filmem as apresentações. Com isso, além de terem um registro dessa produção da turma, vocês poderão ouvir várias vezes para avaliar e fazer melhoras.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Dentre os sons anotados, quais você considerou agradáveis?
  2. Quais considerou desagradáveis ou mesmo angustiantes? Por quê?
  3. Algum desses sons desagradáveis atrapalhou a apreciação de outros que você queria ouvir? Quais?
  4. Com base nesses sons, é possível dizer que há poluição sonora em algum dos lugares por onde você passou? Se a resposta for sim, o que poderia ser feito para diminuir essa poluição sonora?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

2. A música a ser usada nesta atividade pode ser uma das já comentadas aqui ou outra que você ou os estudantes já saibam ou queiram cantar. Se for uma música inédita, será importante ter uma gravação como referência; nesse caso, providencie um aparelho de som ou use o celular buscando na internet. Os sons para acompanhar a música podem ser definidos também de acordo com ambientes ou sonoridades aos quais a letra da música faça referência.

No caso de ter uma gravação como referência, os estudantes podem também tentar imitar instrumentos existentes na gravação original, semelhante ao que Naná Vasconcelos fazia com a voz em algumas de suas composições. Estimule-os a perceber essas possibilidades.

A atividade 2 (Vamos escolher sons para acompanhar uma música?) também pode ser repetida visando amadurecer tanto a dinâmica de trabalho em grupo como a percepção e o uso dos sons nas apresentações, explorando e criando, em consonância com a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois três) da Bê êne cê cê. Além disso, aos poucos, você pode sugerir variações de intensidade (mais forte ou mais fraco), de andamento (mais rápido ou mais lento), entre outras, mesmo sem termos ainda tratado teoricamente desses conceitos. Se for possível gravar as apresentações, use esses registros para posteriores escutas críticas, com a intenção de estimular a escuta atenta, aprender com possíveis erros e otimizar cada vez mais a elaboração musical de atividades desse tipo.

Organizando as ideias

Recortes de 4 imagens lado a lado. Imagem 1:   fotografia em preto e branco,  destacando o busto de um menino com cabelos curtos. Ele está com os olhos fechados.   Imagem 2: fotografia de um grupo de artistas com roupas coloridas. Elas estão com as mãos espalmadas sobre o peito e com a boca aberta. À frente delas, microfones. Imagem 3: fotografia da artista Badi Assad, uma mulher com cabelos pretos presos e enfeitados com  colheres coloridas. Ela segura um prato com a mão esquerda e uma colher com a direita. Diante dela, há uma chaleira,  copos enfileirados com líquidos de cores diferentes, em diversos níveis, frutas e panelas. Imagem 3: fotografia de um homem segurando um tambor e baquetas.

Ao longo deste capítulo, você conheceu artistas que exploram os sons do cotidiano em suas músicas. Também viu como os ruídos e a poluição sonora estão presentes em sua vida, e explorou diferentes sonoridades.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. O que você achou de usar o corpo como um instrumento musical que pode produzir diversos sons?
  2. Há diversidade de características corporais entre as pessoas da turma? Se sim, como essas diferenças foram percebidas e tratadas ao longo do desenvolvimento das atividades?
  3. O que você estudou neste capítulo mudou de alguma fórma seu modo de ouvir os sons ao seu redor? Justifique sua resposta.
  4. Quando um som pode ser considerado poluidor para você?
  5. O que podemos fazer para diminuir a poluição sonora?
  6. Neste capítulo, você viu que é possível fazer música com o corpo, com a água, com os brinquedos, e que, portanto, não é o instrumento que define a música. Para você, o que pode ser definido como música?
  7. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Música.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre as atividades

  1. A intenção é estimular os estudantes a refletir sobre o modo como lidam com as diferenças corporais do grupo e o que pode ser melhorado quanto a isso, se for o caso, no sentido de combater qualquer possibilidade de bullying relacionado às características corporais de todos e incentivar o respeito às diferenças, promovendo uma cultura de paz na convivência social.
  1. Um som pode ser considerado poluidor quando atrapalha a escuta ou a comunicação de qualquer ser vivo. Converse com os estudantes, identificando pontos semelhantes e diferentes de cada resposta.
  2. Proponha uma discussão em que seja possível pensar coletivamente sobre pequenas e grandes atitudes que possam ajudar a diminuir as diversas formas de poluição do ambiente e, especificamente, a poluição sonora.
  3. Esta pergunta tem como objetivo incentivar os estudantes a pensar, a partir do que viram e ouviram até aqui, sobre o que é música.

Glossário

Instrumento de percussão
Instrumento musical com o qual se produz som a partir de técnicas de golpes ou fricção. Isso pode ser feito diretamente com as mãos ou com um acessório, como a baqueta. Também é possível produzir som com alguns desses instrumentos ao colidir uma parte na outra, como no caso dos pratos de metal ou das matracas de madeira, ou, ainda, balançando-os, como no caso dos chocalhos.
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Berimbau
Instrumento musical de origem afro-brasileira, composto de uma corda acoplada a um objeto que ressoa e amplia seu som. A tensão na corda é produzida por uma vara feita com a madeira biriba. O que amplia o som do berimbau é uma cabaça, que pode ser de vários tamanhos. Para tocá-lo, utilizam-se uma baqueta de madeira e uma pedra ou dobrão (objeto de metal semelhante a uma moeda bem grande); alguns usam também o caxixi, um pequeno chocalho feito com um pedaço de cabaça, palha de junco trançada e sementes que é segurado na mesma mão que a baqueta.
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