CAPÍTULO 5 Brincar de ser

Fotografia. Pintura a óleo sobre madeira. Cena com diversas pessoas realizando jogos infantis: à esquerda, pessoas brincando em um cercado. Ao lado, duas pessoas de mãos dadas e uma pessoa sentada sobre as mãos delas, como em um balanço. Em primeiro plano, um homem e uma mulher girando grandes arcos no chão com o auxílio de um graveto. No plano intermediário da pintura, dois homens brincando de gangorra em um barril. Ao lado, um grupo de pessoas segurando os braços e as pernas de um homem. Mais ao fundo, dois homens montados nas costas de pessoas inclinadas para frente; dois homens pulando as costas de pessoas abaixadas. No plano de fundo, uma casa com pessoas na janela, dois homens pendurados em um suporte de madeira fixo ao chão. Um homem andando em uma perna de pau. Um grupo de pessoas jogando bolinhas. Um grupo de pessoas em roda, em uma rua de terra. Mais ao fundo, à direita, pessoas andando em fila, segurando nas costas de quem está na frente.
brúguel, Pieter. Kinderspiele [Jogos infantis] (detalhe). 1560. Óleo sobre madeira, 118 centímetros por 161 centímetros. Museu de História da Arte, Viena, Áustria.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Brincar de ser”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Teatro; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  1. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  2. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Sobre a imagem

Por que iniciar o capítulo sobre teatro com uma pintura que mostra brincadeiras infantis e não com a imagem de uma peça teatral? Optamos por aproximar a linguagem teatral da vida do estudante por meio da ideia do jogo, que é um dos eixos dessa prática. Incentive-os a observar atentamente os detalhes da pintura, identificando as brincadeiras que aparecem nela. Liste-as no quadro à medida que forem enumeradas pela turma. Entre as brincadeiras retratadas pelo artista, há crianças se equilibrando, correndo, girando, pulando, andando com pernas de pau, dando cambalhota, tocando instrumentos musicais, arremessando chapéus, rodando o arco, brincando com bolinhas de gude e de esconde-esconde etcétera

  1. Que brincadeiras e jogos você conhece?
  2. Observe com atenção a imagem da abertura do capítulo. Nessa pintura, o artista retratou diversos personagens envolvidos em brincadeiras diferentes. Quantas dessas brincadeiras você consegue identificar?

As brincadeiras e os jogos nos ajudam a expandir a nossa capacidade de imaginação. Usando a imaginação, podemos transformar um pedaço de lençol em uma capa de super-herói, um cabo de vassoura pode ser uma espada ou varinha mágica e uma caixa de papelão pode virar uma astronave que nos levará ao espaço sideral.

O teatro é uma arte que possibilita explorar os sentidos das mais diversas fórmas, pois dialoga com a percepção e as sensações. Ele lida também com o brincar de ver: nele, pessoas se reúnem para assistir a outras pessoas que contam histórias e propõem pensamentos e ideias sobre a vida e o mundo ao redor. Dessa maneira, no teatro, também é possível brincar de ser: ele abre a possibilidade de nos transformarmos em outras pessoas, animais, ideias, e, com isso, podemos agir e pensar de maneiras diferentes daquelas às quais estamos acostumados.

A partir de agora, você vai estudar alguns elementos da linguagem teatral, bem como as obras e os artistas que as criaram se utilizando dessa linguagem. Além disso, você e seus colegas serão convidados a jogar e a usar juntos a imaginação.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você já brincou de faz de conta ou de ser o que não é? Como foi essa experiência para você?
  2. Pensando na ideia de brincar de ver, ao que você assiste? Em que momentos de seu cotidiano isso acontece?
  3. Você já foi ao teatro? Caso a resposta seja afirmativa, conte aos colegas e ao professor o que viu e o que achou do que viu.
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Neste capítulo, o estudante será solicitado a compreender a linguagem teatral como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-a e valorizando-a como forma de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais. Com base nos conceitos de jogo teatral e de teatro de animação, propomos a todos que se aventurem em um terreno de rememoração e experimentação de brincadeiras e jogos em sala de aula.

Experimente vincular os conteúdos do capítulo aos seus aspectos lúdicos e estabelecer pontes com assuntos já vistos previamente, como o conceito de improviso. Procure referências próximas à vida dos estudantes. Comece perguntando: “É possível estabelecer pontes entre os jogos que conhecemos e a arte teatral?”; “Onde está o faz de conta em sua vida?”. Incentive os estudantes a refletir sobre alguns dos benefícios que a linguagem teatral pode oferecer na relação deles consigo mesmos e com os outros. Verifique se eles já foram ao teatro e, caso não tenham familiaridade com essa linguagem, proponha uma visita ao edifício de um teatro da sua cidade ou a algum espaço que seja destinado a um grupo teatral.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Atividade complementar

Experimente fazer uma lista das brincadeiras conhecidas pela turma e proponha uma pesquisa sobre brincadeiras de outros países e culturas, de modo a ampliar o repertório de jogos dos estudantes. Estimule-os a pensar em jogos e brincadeiras nas quais assumam papéis ficcionais, aproximando-os dos fundamentos da linguagem teatral.

SOBREVOO

Teatro: espaço de jogo e de imaginação

Você consegue imaginar por que as pessoas fazem teatro?

Alguns dizem que o motivo é a busca por autoconhecimento; outros, que é a necessidade de expressar emoções e pensamentos. Há pessoas que gostam de vivenciar experiências diferentes ou que adoram se apresentar diante de um público. Muitas buscam o teatro como um meio de criticar a sociedade e há, ainda, as que são apaixonadas pelas possibilidades de jogo e de brincadeira que o teatro apresenta.

Faça no caderno.

1. Você conhece este jogo apresentado na imagem? Em quais espaços brincadeiras como esta podem acontecer? Quais são os espaços em que você gosta de brincar?

Gravura. Cena de crianças brincando, nos tons rosa, verde, preto e bege. À esquerda, uma menina com cabelos presos em duas tranças, usando um vestido bege e preto. Ela está de costas com as mãos para cima. No meio, um grupo de crianças formado por quatro crianças de cada lado, em filas, com as mãos na cintura de quem está à frente, puxando em posições opostas, como em um cabo de guerra. Ao lado, três meninas observam a cena.
SPOWERS, Ethel. Tug of War [Cabo de guerra, em tradução livre]. 1933. Linoleogravura, 20,2 centímetros por 28,4 centímetros. Galeria Nacional da Austrália, Camberra, Austrália.

No teatro, assim como em muitos dos espaços que podem ter sido pensados por você, também se brinca. Na língua inglesa, por exemplo, a palavra play é usada para dar nome ao que, no Brasil, chamamos de peça de teatro. Além disso, play também significa “jogar” e “brincar”.

Em geral, ao pensar em teatro, imaginamos um palco iluminado com uma cortina vermelha, uma plateia que permanece em silêncio, luzes, músicas etcétera Entretanto, como teatro também é jogo e brincadeira, há muitos outros espaços além do palco onde se pode fazer uma peça.

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, são apresentados alguns artistas e grupos de teatro brasileiros que aproximam a linguagem teatral das brincadeiras.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Teatro; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Processos de criação; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(ê éfe seis nove á érre dois cinco) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(ê éfe seis nove á érre dois nove) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(ê éfe seis nove á érre três zero) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etcétera), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Orientações

Inicie a seção com a questão: “Você consegue imaginar por que as pessoas fazem teatro?”. Peça aos estudantes que registrem as respostas e, no final do capítulo, retome esse questionamento comparando as respostas.

Comente que o termo inglês play também contém o significado de “jogo”, e convide os estudantes a refletir sobre o fato de que, em uma brincadeira, independentemente de suas regras serem objetivas e conhecidas por todos, há sempre um espaço aberto e indeterminado: nunca se sabe como ela será conduzida pelos participantes. Faça uma conexão entre essa indeterminação e a ideia de improviso.

Teatro no quintal

Fotografia. À esquerda, cinco palhaços de costas com uniforme de futebol azul. À direita, cinco palhaços de costas com uniforme amarelo. Eles estão em um palco, sobre um tecido verde, olhando na direção de muitas pessoas que estão sentadas na plateia.
JOGANDO no quintal – jogo de improvisação de palhaços. Concepção: Márcio Ballas e César Gouvêa. Direção Geral: César Gouvêa. Intérpretes: Companhia do Quintal. São Paulo (São Paulo), 2001.

2. Observe a imagem. Quais elementos você reconhece na cena? O que chama a sua atenção?

No ano de 2001, dois amigos, César Gouvêa (1972-) e Márcio Ballas (1971-), decidiram usar o quintal da casa de César para treinar duas de suas paixões: a arte do palhaço e os jogos teatrais. Eles perceberam que poderiam realizar os exercícios de improvisação adaptando o espaço para usá-lo como um campo de futebol.

O quintal da casa de César era montado com elementos de uma partida de futebol: placar, arquibancada para torcidas, bandeiras, juiz e jogadores. Os palhaços/atletas/jogadores eram divididos em dois times rivais no início do espetáculo, e competiam entre si. Havia um juiz, também palhaço, e uma banda composta de músicos-palhaços que criava os sons e a ambientação musical ao vivo durante as apresentações.

Todas as cenas do espetáculo eram improvisadas, e é por isso que cada apresentação do Jogando no quintal – jogo de improvisação de palhaços era única. A participação da torcida na arquibancada também era muito importante, já que era ela quem escolhia os temas para os jogadores improvisarem as cenas e também quem decidia qual time ganhava no placar.

Quando tudo começou no quintal de César, só havia espaço para 20 pessoas participarem como torcida/espectadores. Aos poucos, mais pessoas se interessaram em participar e assistir aos espetáculos; com isso, a Companhia do Quintal começou a se apresentar em outros espaços.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades (página 80-81)

  1. Faça, com os estudantes, uma lista de todos os espaços onde eles brincam ou já brincaram e também daqueles espaços nos quais eles consideram haver regras que impedem ou limitam as brincadeiras. Pergunte a eles os motivos de existirem espaços mais propícios ao jogo, e outros menos favoráveis.
  2. Proponha à turma que observe a indumentária dos atores (análoga aos trajes dos jogadores de futebol); o espaço cênico revestido com tapete verde (imitando o gramado de um campo de futebol); e a plateia sentada em arquibancadas, em uma altura superior à dos atores (como em um estádio). Esta atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê.

Orientações

Faça conexões entre os exemplos abordados e as experiências vividas pelos estudantes. Aproxime a ideia de brincadeira do conceito de jogo e, mais especificamente, de jogo teatral – pois esse elemento articula todo o capítulo.

Conversar com a turma sobre o jogo de futebol pode ser uma boa maneira de reconhecer e apreciar melhor o trabalho da Cia. do Quintal. Por meio dessa conversa, é possível identificar e analisar o estilo cênico do grupo, de modo a ampliar a capacidade de apreciação estética do estudante, conforme proposto pela habilidade (ê éfe seis nove á érre dois cinco) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Por ser um jogo, o futebol possui regras claras e, como veremos mais adiante, as regras são fundamentais para que uma relação lúdica aconteça. Em parceria com o professor de Educação Física, realize uma atividade complementar em cuja proposta o estudante reconheça as diferenças entre o jogo esportivo e o jogo teatral. Liste, junto com a turma, as regras do futebol. Além disso, você pode fazer uma série de perguntas, tais como: “O que causa o interesse das torcidas ou de qualquer espectador no jogo de futebol?”; “Como as regras são observadas ao longo da partida?”; “Qual é a função do juiz?”.

Você pode ressaltar que no futebol, graças ao fato de as regras serem conhecidas tanto pelos jogadores como pelo público, a atenção coletiva recai principalmente sobre a forma como a partida é jogada. No caso do exemplo teatral da Companhia do Quintal, mais do que vencedores ou perdedores, o que é material de interesse artístico é a forma como os artistas jogam. Esse é um dos elementos que diferencia o jogo esportivo do teatral: no jogo teatral, não há competição.

Para experimentar

Jogo da careta

A careta é uma fórma de expressão facial que pode ter várias finalidades, assim como a arte do teatro: fazer rir, assustar, zombar, imitar, contar uma história etcétera

Tente se lembrar de momentos em que você imitou alguém ou algo, experimentou falar com outra voz ou brincou de fazer careta. Você já deve ter brincado de se transformar em outros “eus” várias vezes.

Que tal brincar de fazer careta com a sua turma?

  1. Faça uma careta e experimente falar sem mudar a expressão do rosto. Que tipo de som e de voz nasce dessa careta?
  2. Após experimentar algumas caretas, uma dupla de estudantes inicia o jogo diante da turma.
    1. Sentados um de frente para o outro, façam as caretas.
    2. O estudante que rir primeiro dará seu lugar para outro colega brincar, e assim sucessivamente.
  3. Em seguida, crie um coro de caretas.
    1. Reúna-se com os colegas e elejam um tipo de expressão facial para imitar.
    2. Agrupem-se para que o restante da turma possa assistir a vários colegas brincando com as caretas ao mesmo tempo.
  4. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Que emoções as caretas podem expressar?
    2. É fácil manter a careta enquanto você fala ou se movimenta? Por quê?
    3. Como o restante do corpo pode interferir nas suas caretas?
Ilustração. À esquerda, uma menina de perfil, com roupas coloridas, sentada em uma cadeira. Ela está gesticulando, com as sobrancelhas franzidas e a boca aberta. À direita, de perfil, sentado de frente para a menina, um menino com roupas coloridas. Ele está sentado em uma cadeira, com os olhos fechados e a boca aberta. Ao fundo, outras crianças com roupas coloridas assistem aos dois.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

O “Jogo da careta” tem como objetivo fazer com que o estudante experimente a gestualidade e a corporeidade de maneira imaginativa, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois nove) da Bê êne cê cê. Por ser divertido e inusitado, o jogo pode gerar alguma dispersão. Assim, cabe a você fazer a mediação entre os estudantes e as regras do jogo. Ao estabelecer as regras, quanto maior a precisão, maiores as chances de a experiência render bons resultados.

  1. Peça aos estudantes que experimentem falar sem mudar a expressão facial, para descobrir, aos poucos, o som emitido por sua voz. Se possível, disponibilize espelhos para que eles possam ver suas expressões.
  2. Tenha cuidado para que esta atividade não se torne uma competição. A ideia é ter a maior troca possível de pessoas em ambas as cadeiras, para que o jogo seja ágil e todos possam participar. Caso algum estudante tenha deficiência visual, você pode formar um trio, no qual um estudante com visão total pode narrar, com o máximo de detalhes possível, o que o colega que está à sua frente está fazendo com o rosto. Essa sugestão pode ser seguida por toda a turma: basta vendar os olhos de dois participantes, enquanto outros dois narram aos primeiros o que se passa no jogo.
  3. Expandir as práticas individuais para a coletividade é sempre uma possibilidade. O coro de caretas deve entrar em acordo sobre o tipo de careta que seus membros devem fazer. Não se trata de todos fazerem exatamente a mesma coisa: o mais importante é a sensação de que todos colaboram para criar uma mesma atmosfera.
  4. Chame a atenção da turma para o importante papel que o corpo (e não somente a face) assume nesse jogo. Uma alteração facial pode engajar as outras partes do corpo em direção à construção de uma figura. Nesse sentido, incentive os estudantes a reparar em quais momentos seus corpos se moveram de maneira diferente do modo como geralmente se comportam.

Objetos e histórias com vida

Fotografia. Cena de espetáculo com diversos atores fantasiados. À esquerda, uma pessoa com fantasia de pássaro colorido. Ao lado, uma pessoa com fantasia de gavião. Atrás, uma pessoa com fantasia de coruja. Seguindo para direita, uma mulher com roupas pretas segurando com as mãos uma boneca de marionete com fantasia de Alice. Ao lado, uma pessoa fantasiada de rato, ajoelhado no chão e uma pessoa fantasiada de papagaio. À direita, um homem de terno com a cabeça coberta com um tecido preto com as mãos em uma máquina fotográfica antiga, feita de madeira sobre um tripé de madeira.
ALICE no País das Maravilhas. Direção geral e adaptação: Marcos Malafaia. Dramaturgia: líuis quéról. Interpretação: Grupo Giramundo. 2013.

3. Observe a imagem. O que você identifica nessa cena?

Se no teatro muitas vezes nos reunimos para ouvir histórias e ver pessoas brincando de ser outras coisas, uma das possibilidades da linguagem teatral é dar vida a objetos que, a princípio, são inanimados. glossário

4. No capítulo 2, você viu como objetos do cotidiano podem ser usados para produzir sons ou músicas. Alguma vez você já usou, por exemplo, almofadas, panelas, baldes, garrafas vazias ou pedaços de madeira para inventar uma história? Como seria contar histórias com brinquedos e objetos?

No teatro, o trabalho artístico desenvolvido com objetos e bonecos operados por atores é chamado de teatro de animação.

No Brasil, um dos mais importantes grupos de teatro de animação é o Giramundo, de Belo Horizonte Minas Gerais. O grupo foi criado na década de 1970 pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse (1937-2003), Tereza Veloso (1936-2003) e Maria do Carmo Vivacqua Martins (1945-).

Ao longo de sua trajetória, o Giramundo já apresentou mais de 30 espetáculos teatrais e possui um acervo de 1 500 bonecos e objetos de cena.

Desde a sua criação, o Giramundo é influenciado pelas artes plásticas e visuais. Assim, a criação dos elementos de cena – bonecos e objetos – é guiada pelos princípios da escultura e da pintura. Além disso, o trabalho envolve a artesania, como a que se pode reconhecer no ofício de marionetistaglossário .

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Incentive inicialmente os estudantes a realizar uma leitura da imagem, explorando os diferentes elementos envolvidos na cena, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê. Proponha que observem a iluminação, a disposição dos bonecos e atores no palco, a diferença entre os bonecos, os tipos de figurino, a expressão dos personagens etcétera

Convoque os estudantes a lembrar dos bonecos que possuíram ou que ainda possuem. Pergunte: “Que bonecos são esses?”; “Eles foram comprados? Fabricados? Foram confeccionados com materiais que havia em casa?”. Procure estabelecer, desde o princípio, uma neutralização de gênero. Não são somente meninas que brincam de boneca. Todos, na infância, experimentam dar vida a objetos, independentemente de quais sejam. Investigue a máxima pluralidade de elementos utilizados pela turma em suas brincadeiras.

Atividades complementares

Convide os estudantes a reconhecer e apreciar o trabalho do grupo Giramundo por meio de uma pesquisa na internet, na qual possam observar os modos de criação e produção do grupo, buscando contemplar a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois quatro) da Bê êne cê cê. Incentive-os a buscar outras fotografias e vídeos do grupo, a partir dos quais poderão identificar os diferentes estilos cênicos utilizados, aprimorando sua capacidade de leitura estética, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois cinco) da Bê êne cê cê.

Como parte da investigação, você pode perguntar à turma se eles conhecem a história de Alice no país das maravilhas, de líuis quéról. Se eles tiverem familiaridade com pontos dessa narrativa, você pode pedir a eles que narrem a história. Ela também pode ser utilizada na seção Para experimentar da página 84.

Para experimentar

Contando uma história com objetos

  1. Com o auxílio do professor, reúna-se com os colegas em grupos de três a quatro integrantes.
  2. Em seu grupo, compartilhem algumas histórias que todos os integrantes conheçam.
  3. Escolham uma dessas narrativas para apresentar para a turma.
  4. O grupo deve eleger uma fórma de representação cênica para contar a história selecionada.
  5. O grupo deverá trabalhar com dois elementos diferentes: alguns dos personagens da história serão representados pelos próprios estudantes, e os demais personagens devem ser objetos manipulados pelos participantes.
  6. Anote em seu diário de bordo as suas impressões sobre a apresentação de seu grupo e as dos demais e, ao final, compartilhe-as com os colegas e com o professor.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Foco na História

O teatro de sombras

Considerado uma das fórmas teatrais mais antigas do mundo, o teatro de sombras apareceu primeiro no Oriente, sendo praticado em países como China, Tailândia e Síri Lanca. Por isso, durante muitos anos, no Ocidente, essa fórma teatral foi chamada de sombras chinesas.

Como o próprio nome diz, nessa encenação teatral os espectadores assistem ao movimento de sombras projetadas em algum anteparo, animadas por artistas que ficam atrás de uma tela, manipulando silhuetas.

Desse modo, podemos dizer que são três os principais elementos do teatro de sombras:

1. a tela onde se projetam as imagens;

2. o foco de luz (lanterna, vela, lâmpada etcétera);

3. as silhuetas (confeccionadas de cartão, tecido, diversos tipos de papel e transparências) que são manipuladas pelos artistas para serem projetadas na encenação que será vista pelo público.

Atualmente, o teatro de sombras é considerado uma das fórmas do teatro de animação. No Brasil, diversos coletivos, como a Companhia Lumiato, criam seus espetáculos usando essa linguagem.

Fotografia. Em um ambiente escuro, dois artistas (um homem e uma mulher) manipulam silhuetas que estão sobre uma mesa entre eles. Um foco de luz incide nas silhuetas. Ao fundo, projetada em uma tela, sombra de uma mulher segurando uma lança. De frente para ela, um homem segurando uma de suas mãos.
Apresentação de uma cena do espetáculo Iara: o encanto das águas, da Companhia Lumiato.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Os estudantes poderão compartilhar histórias da cultura tradicional da região em que vivem e podem trabalhar com contos de fadas ou outras histórias conhecidas por todos. Veja como eles querem compartilhar o trabalho com a turma.

Pergunte: “Como vocês gostariam de se relacionar com o público?”; “Como vocês imaginam o espaço de jogo que está sendo criado?”; “Como o grupo irá se relacionar entre si durante a improvisação?”.

Incentive os estudantes a eleger de cinco a dez objetos de seu material escolar para serem manipulados e animados ao longo da atividade.

Estabeleça um limite de tempo para o planejamento dos grupos e organize com eles a ordem das apresentações. O ideal é que esta atividade seja realizada de forma breve em uma única aula.

Uma das variações dessa proposta é a possibilidade de os estudantes utilizarem apenas expressões físicas, faciais e o jogo com os objetos. Evite que estabeleçam comparações entre as apresentações. Experimente propor uma leitura dos improvisos que tenha como eixo de análise o reconhecimento dos elementos teatrais elaborados pelos grupos, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois cinco) da Bê êne cê cê.

Orientações: Foco na História

A fotografia do espetáculo Iara: o encanto das águas, da Companhia. Lumiato (Buenos Aires/Brasília), apresenta a imagem que representa o trabalho de artesania dos artistas na criação da imagem. Atrás de um anteparo que é visto pelo público, dois artistas projetam a sombra das personagens através de um foco de luz e das pequenas silhuetas iluminadas. Essa imagem pode ajudar na compreensão da turma sobre algumas particularidades da linguagem teatral, como as diferenças da posição dos fazedores de teatro (os que estão atrás do anteparo) e do público (os que estão assistindo apenas à projeção da sombra).

Para saber mais sobre o trabalho da Companhia Lumiato, assista com a turma ao programa com a entrevista dos membros da companhia, realizada por uma equipe da tê vê Brasil, que traz informações complementares sobre seu histórico e sua produção artística.

Disponível em: https://oeds.link/f9WqVg. Acesso em: 31 janeiro 2022.

Sugestão para o estudante

Site do grupo teatral Sobrevento. Disponível em: https://oeds.link/LP4x7D. Acesso em: 8 abril 2022.

Teatro na janela

Fotografia. Em primeiro plano, pessoas sentadas em uma mureta, de costas, assistem a um espetáculo. Ao fundo, prédios com janelas. Em uma das janelas abertas, um homem e uma mulher com fantasias se comunicam com os espectadores.
ESPARRAMA pela janela. Direção: Iarlei Rangel. Interpretação: Grupo Esparrama. São Paulo São Paulo, 2013.

5. Observe a imagem de uma cena do espetáculo Esparrama pela janela. Como seria encenar uma peça de teatro dentro da própria casa, assim como fazem os artistas desse grupo?

Da mesma maneira que o palco é um espaço onde bonecos e objetos ganham vida pelas mãos e pela imaginação dos atores e do público, alguns espaços inusitados podem servir como lugares de apresentação teatral. É assim que os artistas do Grupo Esparrama pensam e fazem seu teatro: nas janelas de um apartamento.

As pessoas que assistem ao espetáculo estão sobre um viaduto na cidade de São Paulo São Paulo, o Elevado Presidente João gulár, popularmente conhecido como Minhocão. Esse espaço é fechado para os carros e aberto a passeio aos fins de semana. Como o apartamento dos artistas fica na altura do viaduto, eles decidiram abrir as suas janelas, da mesma maneira como se abrem as cortinas de alguns teatros, e apresentar a sua peça para o público passante.

No enredo, o morador de um apartamento localizado próximo ao Minhocão, cansado da poluição sonora, dá asas à sua imaginação e transforma em música o caos do ambiente em que vive. Personagens mágicos aparecem em seu apartamento, como um casal de monstros, uma princesa, um anão dançarino ou vizinhos fofoqueiros, entre outros.

Para criar esse universo imaginário, os atores ora se fantasiam e representam os personagens, ora manipulam bonecos gigantes que aparecem na janela.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Como modo de reconhecer e apreciar o grupo apresentado, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois quatro) da Bê êne cê cê, converse com a turma sobre o motivo de o espetáculo do Grupo Esparrama se chamar Esparrama pela janela. A presença dessa obra neste Sobrevoo tem como objetivo evidenciar a aproximação entre o teatro, as casas e a vida das pessoas. Instigue o estudante a pensar que é possível realizar uma peça de teatro na própria casa, associando este conteúdo ao que foi apresentado na seção Foco na História, na página anterior.

Atividades complementares

A partir do enredo do espetáculo Esparrama pela janela, pode-se retomar com os estudantes a noção de poluição sonora, abordada no capítulo 2 deste livro. Estimule os estudantes a pesquisar imagens do Minhocão e pensar com eles nas questões que a existência desse viaduto levanta para a cidade de São Paulo, como poluição sonora e visual e facilitação na circulação de veículos. Além disso, pontue o fato de que em alguns horários da semana e do fim de semana o viaduto fecha para a passagem de carros e permite que pedestres caminhem por toda a sua extensão. Esse é um dos motivos pelos quais o público pode assistir a esse espetáculo.

Foco na História

Mamulengo: Um teatro de bonecos brasileiro e popular

Uma importante manifestação cultural brasileira é o teatro popular de bonecos da região Nordeste. Conhecido como Mamulengo em Pernambuco, Cassimiro Coco no Ceará e no Maranhão, João Redondo no Rio Grande do Norte e Babau na Paraíba, esse tipo de teatro apresenta em cena brincantes que manipulam bonecos feitos de madeira que representam elementos marcantes da cultura de sua região.

Embora sua origem histórica não seja totalmente documentada, algumas pesquisas indicam que esse teatro de bonecos surgiu no período da colonização do país. Segundo esses estudos, o teatro de bonecos era extremamente popular na Europa no século dezenove e os colonizadores instalados no Brasil teriam trazido essa manifestação cultural consigo, a princípio vinculada a temas religiosos. Há relatos de que no estado de Pernambuco, em 1816, já se podia assistir a espetáculos de bonecos nas ruas de Recife.

Entretanto, alguns bonequeiros, manipuladores e brincantes atribuem outra origem a esse teatro: o período da escravidão. Segundo alguns desses artistas, o Mamulengo teria surgido como resposta aos abusos impostos aos negros escravizados pelos senhores, uma vez que esse teatro, em geral, utiliza o humor para fazer críticas sociais. Outros ainda afirmam que o teatro de bonecos se desenvolveu nas noites que sucediam períodos de intenso trabalho dos escravizados, tornando-se uma fórma de diversão para eles.

Atualmente, o teatro popular de bonecos constitui uma tradição cultural passada de geração em geração. Permeada por personagens cativantes, bom humor e músicas tocadas ao vivo, o Mamulengo desperta a alegria dos espectadores, apresentando temas como o amor, a relação entre o humano e o divino e críticas à sociedade.

Fotografia. Apresentação de um teatro de bonecos. À esquerda, um boneco com cabeça de madeira, chapéu de vaqueiro, sorrindo, e corpo de tecido vermelho; ao lado, outro boneco com cabeça de madeira, cabelos brancos e corpo com tecido branco e bolinhas vermelhas. Ao fundo, cenário com desenho de casas.
Apresentação do grupo Mamulengo Risada no Festival de Inverno de Garanhuns Pernambuco. Fotografia de 2013.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Parte fundamental da cultura popular nordestina, esse tipo de teatro popular de bonecos foi reconhecido em 2015 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn) como um patrimônio cultural brasileiro. Se possível, assista com os estudantes a alguns vídeos na internet que trazem trechos de apresentações de mamulengo, identificando e analisando esse importante fenômeno cultural do país, de modo a contemplar as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois cinco) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê. Investigue se há grupos teatrais em sua cidade que se inspiram nessa forma cênica e proponha aos estudantes que pesquisem ou assistam aos espetáculos.

Realize com a turma a leitura da imagem na página. Incentive os estudantes a descrever as características dos bonecos de mamulengo – observando a indumentária feita de pano, os adereços de cabeça (chapéu e cabelo branco) e as características e expressões dos rostos dos bonecos. Chame a atenção deles também para a cenografia: atrás dos bonecos, pode-se observar um painel que retrata um espaço público, onde se veem raios do Sol, casas e uma igreja. Essa experiência de leitura da imagem permite explorar os diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê.

Sugestão para o estudante

Minidocumentário divulgado pelo ifãn: BRINCADEIRA de boneco. Direção: Adriana xinaidêr Alcure. Brasil, 2014. (24 minutos). Disponível em: https://oeds.link/7kEHd1. Acesso em: 26 abril2022.

O minidocumentário mostra o Teatro popular do Nordeste com seus manipuladores e mamulengos, assim como alguns de seus personagens, como Babau, João Redondo e Cassimiro Coco, entre outros.

Vimos que há muitos motivos que podem instigar as pessoas a fazer teatro: a vontade de divertir a si mesmo e aos outros, de inventar histórias, de dar vida a objetos e também de realizar intervenções em espaços públicos. O teatro é, portanto, uma arte em que o “eu” pode se expandir em muitos outros “eus” e oferecer criações e reflexões sobre a nossa vida e a nossa condição no mundo.

Faça no caderno.

Para pesquisar

Entrevista com grupos teatrais e artistas ao redor

  1. Reúna-se com seus colegas em um grupo.
  2. Ao longo de alguns dias, cada grupo deverá entrevistar artistas pertencentes a coletivos de teatro que estão em atividade na sua cidade ou perto dela.
  3. Cada grupo elegerá um coletivo teatral ou um artista para aprofundar sua pesquisa e realizará uma entrevista com o coletivo ou artista pessoalmente, por telefone ou por e-mail.
  4. Algumas perguntas que podem orientar a entrevista são:
    1. Qual é a história/trajetória do coletivo ou artista?
    2. Por quais motivos esse coletivo ou artista começou a fazer teatro?
    3. Qual é o objetivo desse coletivo ou artista ao fazer teatro?
  5. Após a realização da entrevista, o grupo deve se organizar para transcrever integralmente o material coletado.
  6. Após a transcrição, monte uma apresentação para compartilhar o material coletado com o restante da turma e, com o auxílio do professor, disponibilize a íntegra da transcrição em algum suporte virtual.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais espaços e fórmas de contar histórias escolhidos pelos grupos e artistas apresentados neste Sobrevoo mais despertaram o seu interesse? Por quê?
  2. De acordo com seu ponto de vista, qual é a importância do teatro para a vida das pessoas?
  3. De que fórma você identifica a presença do teatro em sua vida?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Após a imersão no Sobrevoo, retome com os estudantes o questionamento inicial da seção: “Você consegue imaginar por que as pessoas fazem teatro?”. Aproveite para discutir novas possibilidades que tenham sido descobertas.

Orientações: Para pesquisar

O foco dessa atividade é contribuir para que o estudante compreenda como realizar uma pesquisa utilizando a metodologia da entrevista. No momento inicial, faça uma pesquisa prévia sobre alguns coletivos e artistas de teatro que atuam em seu entorno e traga referências para apresentar aos estudantes. Caso não existam coletivos teatrais acessíveis em regiões próximas, sugerimos que você organize uma pesquisa virtual sobre alguns coletivos do estado em que vivem e proponha aos estudantes que realizem o trabalho por meio de trocas de e-mail com artistas desses coletivos.

Após a definição dos coletivos e do primeiro contato entre a turma e os artistas, oriente os estudantes a criarem as principais perguntas que servirão como base da entrevista. Chame a atenção deles para o fato de que é importante ter de 5 a 10 questões objetivas para que o grupo consiga dados consistentes para serem apresentados. Além disso, oriente-os a ficar atentos a possíveis perguntas que surjam ao longo do bate-papo, fruto do interesse pelo trabalho dos artistas.

Por fim, oriente o grupo a transcrever os dados coletados, caso a entrevista tenha sido realizada presencialmente. A turma poderá apresentar o material coletado por meio de painéis ou seminários. Caso julgue conveniente, organize uma visita desses artistas ou coletivos de teatro à escola, para uma conversa com os estudantes.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Retome com a turma a ideia de que um dos elementos fundamentais no jogo e na arte teatral é o modo como os improvisos são realizados. Assim, incentive os estudantes a atentarem mais para a fórma do que necessariamente para os assuntos que foram apresentados, tendo em vista os elementos de linguagem envolvidos na habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê.
  2. Essa pergunta pode ser desdobrada a partir do relato de artistas que os estudantes recolheram ao longo de sua investigação na seção Para pesquisar.
  3. Caso o estudante ainda se mostre indiferente à presença do teatro em sua vida, retome com ele a conexão estabelecida no começo do capítulo entre teatro, jogo e brincadeira, de modo que fique claro que, vez ou outra, todos improvisamos e brincamos de faz de conta.

Foco em...

Teatro de animação

Fotografia. Uma boneca gigante com cabeça de uma mulher com cabelos longos e uma saia rodada colorida. No corpo, composto por uma estrutura de madeira, há  uma pessoa dentro, que é o bonequeiro - quem manipula a boneca. Em segundo plano, há pessoas caminhando e prédios.
A boneca Amal, que representa uma criança refugiada síria, faz parte do projeto artístico Walk With Amal (Caminhem com Amal, em tradução livre), tendo sido vista em várias cidades pelo mundo. Nesta fotografia, Amal caminha com Alice, em Oxford, Inglaterra, 2021.

O teatro de animação, também conhecido como teatro de fórmas animadas, é uma modalidade que tem como principal característica a possibilidade de dar vida a objetos inanimados.

Essa manifestação artísti­ca permite que diversos materiais sirvam ao jogo teatral, além das máscaras e dos bonecos. O limite depende da imaginação e criatividade dos artistas envolvidos. Assim, o ser humano e seus movimentos são fundamentais para que esse tipo de teatro aconteça: por exemplo, os manipuladores podem usar uma máscara, ou se vestir de preto, ou se esconder debaixo de uma mesa para animar os bonecos ou até mesmo dar vida a pedras, livros, panos e sacolas de plástico.

Nesse teatro, o movimento é a base da animação. Por isso, o ator (manipulador, bonequeiro, brincante etcétera) é o principal responsável pela qualidade da animação dos objetos. Quanto mais os movimentos dele se aproximarem das características do objeto a ser animado, melhor será a ilusão criada. Afinal, um dos objetivos desse teatro é que o manipulador se torne invisível aos olhos do público, o que intensifica a ilusão de que um objeto realmente ganhou vida.

Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Teatro.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois cinco) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(ê éfe seis nove á érre dois nove) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

Orientações

A imagem de abertura da seção é da performance do coletivo inglês Good Chance. Em seu trabalho artístico junto a refugiados e imigrantes, o coletivo criou a performance Walk with Amal (Caminhem com Amal, em tradução livre) circulando por diversas cidades do mundo. Nessa performance, os participantes do grupo manipulam uma boneca gigante: Amal, que representa uma menina refugiada síria de 9 anos. Detalhes e vídeos desse trabalho podem ser vistos no site do coletivo na internet.

Disponível em: https://oeds.link/BCihXO. Acesso em: 31 janeiro 2022.

Como modo de identificar e analisar o estilo cênico do teatro de animação, e contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois cinco) da Bê êne cê cê, experimente fazer com os estudantes uma leitura da imagem apresentada. Chame a atenção para o tamanho da boneca, o modo como está vestida, o local onde está circulando e para o fato de o manipulador ficar instalado dentro dela. Desse modo, o público percebe o gigantismo da personagem e o que ela representa.

Para seguir contextualizando a ideia de teatro de animação, e contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois cinco) e (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê, converse com a turma sobre a ideia da invisibilidade do manipulador de bonecos. Por que é importante que o manipulador fique invisível durante a apresentação? Trata-se de intensificar a ilusão de movimento autônomo dos objetos. Experimente fazer conexões com exemplos em que a ilusão foi perdida ao longo das criações da turma e retome as experiências dos estudantes com bonecos e brinquedos listadas no começo do capítulo para que fique claro que quase todos os objetos podem ser animados, criando interesse cênico.

A história desse tipo de teatro é longa. Há, por exemplo, as artes ancestrais do bunrraku, no Japão, e o kânragôz, na Turquia. A animação teatral também pode remeter às práticas artísticas vinculadas a ritos religiosos nas quais se usavam máscaras para que as pessoas entrassem em comunhão com divindades e forças da natureza.

Como vimos ao longo do Sobrevoo, atualmente o teatro de animação está presente em espetáculos destinados principalmente ao público jovem, em peças compostas de jogos de bonecos e também em outros experimentos cênicos que propõem uma intensa exploração de linguagem, aproximando atores, objetos, máscaras e bonecos.

Fotografia. Seis bonecos de tecidos coloridos e cabeça de madeira.
Mamulengos do acervo do Museu do Mamulengo, Olinda (Pernambuco)ponto Fotografia de 2009.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. momentos do seu cotidiano em que você experimenta dar vida aos objetos? Quais?
  2. Como aprimorar os efeitos de ilusão ao longo da animação de uma máscara, boneco ou objeto?
  3. Quais ideias de objetos você tem para experimentar animar?
Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Para que a ideia de animação ganhe mais nitidez, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois nove) da Bê êne cê cê, você pode propor um experimento com balões infláveis na sala de aula.

Proponha aos estudantes que encham balões e brinquem com eles. A regra geral é manter os balões sempre no ar, sem que eles toquem o chão. Proponha inicialmente que haja um número reduzido de balões na sala, para evitar que essa ação de mantê-los no ar seja realizada de maneira rápida e desesperada pela turma. Ao contrário, estabeleça como regra que os estudantes devem se mover acompanhando a velocidade e densidade do movimento dos balões.

A seguinte pergunta deve guiar a atividade: “Como os estudantes agem para conseguir se movimentar na mesma velocidade dos balões, de maneira a não impor seus movimentos aos balões, mas para se moverem como eles?”. Organize a turma em dois grupos e proponha aos estudantes que observem as diferenças entre um movimento imposto ao objeto e um movimento que se aproxima e entra em confluência com o objeto.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Pergunte aos estudantes se eles brincam com bonecos em casa, ou se transformam, usando a imaginação, canudos em espadas ou garrafas plásticas em lunetas. Investigue como materializam a imaginação em seu dia a dia com os objetos em jogos e brincadeiras.
  2. Trata-se de entrar em confluência com o objeto, de maneira que o animador/manipulador se torne invisível ao olhar do público. Assim, se a ideia é fazer a animação de um boneco que apresenta uma feição raivosa, os movimentos devem dialogar com esse aspecto do boneco. Uma situação diferente seria manipular um boneco de feições e vestimentas mais suaves. Da mesma maneira, fazer a animação de uma pedra exige um tipo de movimento diferente, provavelmente mais intenso do que o gesto exigido para animar uma sacola plástica.

Foco no conhecimento

Os jogos teatrais

Fotografia em preto e branco. Um grupo de pessoas sentadas uma no colo da outra, formando uma roda.
Um grupo de participantes de uma oficina de teatro coordenada por Augusto Boal em Paris, França. Fotografia de 1975.

Jogo teatral é o nome dado a uma estrutura de jogo de improvisação feito com pessoas dispostas a criar e a se divertir e que pode servir de base para compor uma peça, embora esse não seja o único objetivo dos jogos.

De acordo com a estadunidense Viola Ispólin (1906-1994), uma das principais estudiosas do assunto, no jogo teatral podemos interagir com outras pessoas de maneira mais livre, sem tantos julgamentos. Assim, conseguimos nos envolver mais ao longo do processo criativo.

Observe a fotografia. Trata-se de uma oficina do Teatro do Oprimidoglossário organizada por Augusto Boal (1931-2009), um importante artista do teatro brasileiro. O público, geralmente formado por pessoas não habituadas com a arte teatral, era convidado a experimentar diversos tipos de brincadeiras conduzidas por ele. Boal usava os jogos teatrais para criar seus espetáculos e chegou até a compilar mais de 200 jogos em um livro.

Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Teatro.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Orientações

Nesta seção, o estudante poderá investigar modos de criação e explorar elementos da linguagem teatral, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois quatro) e (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê, retomando aqui as brincadeiras listadas pela turma no início do capítulo e analisando as regras de algumas delas. Faça também a leitura da imagem: “Que tipo de jogo é este proposto por Boal?”; “Como estão as pessoas na roda?”; “O que elas parecem expressar?”; “Como os espectadores estão assistindo?”; “Por que há espectadores?”. Nesse jogo de integração, as pessoas são colocadas em roda e convocadas pelo condutor a sentar umas nos colos das outras de modo a manter o equilíbrio da roda. Um jogo como este lida com a confiança ao mesmo tempo que propõe uma dinâmica coletiva de reorganização corporal.

Atividade complementar

Se houver um espaço propício na escola, proponha à turma esse mesmo exercício visto na imagem. Caso não se sintam confortáveis em realizar a proposta, há outros exercícios de confiança e integração coletiva: em duplas, um estudante coloca uma venda para caminhar pelo espaço e o outro, sem contato físico, zela por sua integridade física, impedindo que o colega esbarre em objetos ou tropece. Solicite aos estudantes que alternem as posições e converse com eles sobre essa prática: quem cuida precisa estar muito atento ao corpo do outro e quem caminha vendado deve exercitar a confiança no parceiro.

Veja a seguir algumas características do jogo teatral:

  1. Possibilita ao jogador trabalhar tanto a si mesmo como a sua relação com o outro.
  2. Envolve todo o nosso “eu”: corpo, pensamentos e emoções precisam estar disponíveis.
  3. Qualquer pessoa que desejar é capaz de atuar no palco e de improvisar.
  4. O jogo deve ser pensado como um espaço de descoberta e de experimentação, e não como uma prova. É preciso estar atento para não cair na armadilha do que é certo e do que é errado, ou da aprovação e desaprovação por parte do público.
  5. Um relacionamento de grupo saudável pressupõe a participação individual e a contribuição de todos. Se um indivíduo predomina no grupo, os outros têm pouco crescimento e prazer no jogo.
  6. O jogador não deve apenas jogar: assistir aos outros jogarem faz com que ele aprenda. As observações da plateia ao final de cada jogo são muito importantes para o aprendizado do jogador e também do coletivo.

Para pesquisar

Jogos teatrais

  1. Faça uma pesquisa sobre jogos teatrais na internet ou em livros e anote em seu diário de bordo as regras e os objetivos de cada um desses jogos.
  2. Em uma aula posterior, compartilhe as suas anotações com os colegas e com o professor e conversem a respeito das seguintes questões:
    1. Qual é a importância das regras para o jogo teatral?
    2. Dos jogos que você descobriu, quais tem vontade de experimentar?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como você lida com a aprovação e a desaprovação nas atividades que realiza?
  2. Você já havia pensado a respeito da ideia de que qualquer pessoa pode fazer teatro? Qual é a sua percepção a respeito disso?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Durante o estudo das características do jogo teatral, você pode lançar as seguintes perguntas aos estudantes: “Em que momentos do trabalho coletivo você se sentiu confortável?”; “Em quais momentos se sentiu desconfortável?”.

Com base nas respostas, você pode convidá-los a uma reflexão sobre a generosidade e a empatia necessárias para o trabalho em grupo. Você pode, inclusive, convidar professores que propõem trabalhos coletivos (como o de Educação Física, por exemplo) para pensar alguma atividade relacionada a uma vivência saudável em grupo. No caso do jogo teatral, deve ser sempre lembrada a importância da plateia e de sua devolutiva ao final do jogo, pois o olhar do outro é fundamental para o desenvolvimento de um grupo.

Orientações: Para pesquisar

Tendo como referência o levantamento de jogos realizado pelos estudantes, você e a turma podem selecionar alguns deles para explorar ao longo do ano. Observe que repetir um jogo teatral diversas vezes, e com variações ao longo de um tempo, pode aprimorar a relação coletiva, além de poder gerar experimentalmente materiais estéticos variados.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. A reflexão sobre a aprovação ou desaprovação é um dos pontos fundamentais nas conversas com a turma. Tanto o julgamento alheio como o julgamento próprio tendem a ser empecilhos em um momento de jogo.
  2. É importante pensar na ideia de avaliação de um jogo teatral, de maneira que ela exista e seja produtiva para a transformação da qualidade do jogo, mas sem ter como base normas ou preconceitos sobre o que é considerado certo ou errado e/ou a lógica da aprovação/desaprovação.

Processos de criação

Vamos contar uma história com animação de objetos e realizar um jogo de improvisação coletiva?

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de seis integrantes.
  2. Cada grupo deve escolher uma história para improvisar diante da turma. Nesse jogo, devem ser alternados momentos em que os atores improvisam a história e outros momentos em que animam objetos.
  3. A história pode ser inventada, pode ser uma história já existente e conhecida por todos, ou então um fato que tenha sido vivenciado por algum dos integrantes do grupo.
  4. Escolhida a história, o grupo deve definir como ela começa, o que acontece enquanto vai sendo contada e como ela termina.
  5. Assim que a sequência estiver definida, o grupo pode iniciar a improvisação.
  6. Após a realização do primeiro improviso, o grupo pode repetir o jogo lidando com todas ou com algumas das seguintes proposições:
    1. Como vocês improvisariam se a plateia fosse composta de pessoas que não podem ouvir o que vocês dizem, seja porque possuem deficiência auditiva, seja porque não compreendem a sua língua?
    2. Como vocês improvisariam se a plateia fosse composta de crianças muito pequenas?
    3. Como vocês improvisariam se a plateia fosse composta de pessoas cujos olhos estão vendados?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais estratégias você usou para superar as dificuldades vividas durante o jogo?
  2. Quando você assiste aos jogos dos colegas, em que momentos esses jogos se tornam interessantes? Por quê?
  3. Em qual momento você sentiu mais prazer em jogar? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Teatro.

Objeto de conhecimento

Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois sete) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.

(ê éfe seis nove á érre dois nove) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico.

(ê éfe seis nove á érre três zero) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etcétera.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Orientações

Esta proposta visa engajar o corpo do estudante em experimentações práticas e de improviso, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois sete), (ê éfe seis nove á érre dois nove) e (ê éfe seis nove á érre três zero) da Bê êne cê cê. Determine o tempo de realização da atividade, para que todos os grupos tenham a oportunidade de se apresentar.

Durante o processo de criação, oriente os grupos para que roteirizem previamente as histórias que irão apresentar. É importante que definam os pontos e acontecimentos principais, listando-os em seus diários de bordo. Lembre os grupos de que o conhecimento coletivo da totalidade da história é muito importante para que o jogo tenha êxito.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Crie conexões com os assuntos debatidos ao longo do capítulo sobre trabalho em grupo e em coletividades.
  2. Incentive a turma a refletir sobre o que faz com que um jogo teatral obtenha êxito. Pergunte aos estudantes se eles tinham vontade de se exibir para o público (ou se esconder dele) ou se tinham vontade de jogar.
  3. Alguns estudantes têm dificuldades de se expor diante de outras pessoas. Não apresse seu processo individual. Proponha a eles que assumam diferentes papéis no processo criativo, tais como roteirização, sonorização etcéteraUm bom modo de convidá-los a participar é pedir seu auxílio para comentar cada um dos improvisos após sua execução.

Organizando as ideias

Quadro com recortes de 4 imagens. À esquerda, recorte de uma pintura em que as pessoas brincam de jogos infantis: dois homens brincando de gangorra em um barril. Ao lado deles, um grupo de pessoas segurando os braços e as pernas de um homem. No plano intermediário da pintura, um homem pulando as costas de uma pessoa abaixada. No plano de fundo, um grupo de pessoas jogando bolinhas. Ao lado desse recorte, fotografia de dois palhaços de costas com uniforme de futebol azul. Eles estão em um palco, sobre um tecido verde, olhando na direção de muitas pessoas que estão sentadas na plateia.  
Seguindo para direita, fotografia de uma boneca gigante com cabeça de uma mulher com cabelos longos e uma saia rodada colorida. No corpo, composto por uma estrutura de madeira, há  uma pessoa dentro, que é o bonequeiro - quem manipula a boneca. À direita, fotografia em preto e branco de um grupo de pessoas em círculo, sentadas uma no colo da outra.

Neste capítulo, você foi convidado a pensar que um “eu” pode brincar de ser muitos outros seres e inclusive de ser outros “eus”. Para que possamos vivenciar a experiência de ser um “eu” diferente de nós mesmos, vimos que duas ferramentas possíveis são: os jogos teatrais e o teatro de animação. Esses jogos e essa modalidade de teatro permitem dar vazão à imaginação e estimulam a interação com outras pessoas.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. De todas as obras e artistas vistos ao longo deste capítulo, qual despertou mais o seu interesse?
  2. Quais brincadeiras e jogos de seu cotidiano mais dialogam com os temas expostos neste capítulo?
  3. Que relação você faz entre os assuntos estudados neste e nos capítulos anteriores?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes integradas.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

É o momento de finalizar a trajetória de aprendizagem deste capítulo. Faça uma revisão dos conteúdos abordados e das práticas realizadas pelos estudantes de modo a contemplar as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois quatro) e (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê. Convide-os a se lembrar dos momentos de maior prazer e maior dificuldade ao longo dessa travessia. Pode-se também indagar a turma sobre quais mudanças de perspectiva cada estudante teve em relação à linguagem teatral e aos conceitos de jogo e de improviso.

Sobre as atividades

  1. Com base na resposta dos estudantes, você pode levar novas obras e artistas para a sala de aula, além de propor novos jogos para serem experimentados ao longo do ano.
  2. Retome as brincadeiras e os jogos experimentados pelos estudantes em seu cotidiano e faça relações diretas com exemplos de obras apresentadas ao longo do capítulo. Auxilie-os a notar a quantidade de regras que existem em cada jogo, assim como as relações que se estabelecem entre os jogadores.

Glossário

Marionetista
Pessoa responsável por dar vida a um tipo específico de boneco, chamado marionete, por meio de sua manipulação. O marionetista dá movimento e voz ao boneco, além de criar possibilidades de jogo com ele.
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Teatro do Oprimido
Metodologia de trabalho desenvolvida por Augusto Boal, na qual são utilizados diversos exercícios e jogos teatrais criados por ele. Com isso, Boal buscava democratizar a produção teatral, ou seja, aproximar o teatro do cotidiano de todos. Uma das propostas desse método é questionar as pessoas a respeito de situações nas quais elas se sentem oprimidas e convidá-las a criar histórias para resolver esses problemas de maneira lúdica e inventiva.
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