CAPÍTULO 6 O que vejo quando me vejo

Fotografia em preto e branco. Em primeiro plano, uma mulher com cabelos castanhos e curtos, na altura da orelha, usando chapéu e vestido, segurando com as mãos uma câmera fotográfica preta antiga, na altura do peito. Em segundo plano,  carros e prédios. Pode-se ver um reflexo acima dos ombros dela.
mér, Vivian. Autorretrato (detalhe). 1954. Fotografia.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “O que vejo quando me vejo”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
  5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.

8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.

Orientações

Conduza a leitura de imagem fazendo uma mediação entre os estudantes acerca do que eles observam na fotografia.

Peça aos estudantes que observem a imagem atentamente; depois, questione-os sobre o que despertou mais sua atenção, pedindo que se manifestem oral e individualmente. Se desejar, proponha as questões sugeridas, incentivando-os a reparar também no local onde a fotógrafa se encontra, em como ela está vestida e nos objetos retratados na imagem, pois esses detalhes fornecem indícios da época em que a fotografia foi captada.

Neste capítulo você será convidado a olhar para si mesmo e pensar em como registrar a própria imagem, além de fazer um breve passeio pela história da arte e descobrir como alguns artistas se retrataram.

O autorretrato é um reflexo de nós mesmos, em que mostramos como nos vemos. E existem muitas maneiras de fazer isso.

Vivian mér (1926-2009), a fotógrafa da imagem da abertura do capítulo, fez inúmeros autorretratos. Ela parecia estar sempre atenta aos reflexos da própria imagem enquanto caminhava pelas ruas.

  1. Observe a imagem. Repare no objeto que a artista está segurando. Você o reconhece? Em que superfície parece estar refletida a imagem dela?
  2. É possível perceber em que época a fotografia foi feita? Como você chegou a essa conclusão? Com quais imagens do seu dia a dia você relaciona essa imagem?
  3. E você, costuma registrar sua imagem? De que fórma?

Produzir um autorretrato pode ser uma oportunidade para pensar sobre quem somos, como nos vemos e nos reconhecemos. Neste capítulo, você também descobrirá que um autorretrato pode ir muito além do registro da própria imagem como a vemos no espelho. Prepare-se para essa jornada e vamos lá!

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que você vê quando se olha no espelho?
  2. E como você se vê quando se olha no espelho?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Neste capítulo, será explorada a autorrepresentacão por meio da linguagem visual. A partir da fruição e análise crítica de obras com essa temática, os estudantes poderão desenvolver a habilidade de refletir sobre as muitas camadas que constituem o modo como uma pessoa se apresenta para o mundo através de sua imagem. Tal capacidade mostra-se especialmente importante no cenário atual em que vivemos, repleto de céufis e autoexposição. Por meio de atividades práticas, os estudantes serão incentivados a refletir sobre como eles se veem, se reconhecem, se apresentam e se representam. Assim, esperamos contribuir com seu processo de autoconhecimento, algo fundamental na faixa etária em que se encontram.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Orientações sobre a leitura das imagens do capítulo

Encaminhe as leituras das imagens a partir de descrições detalhadas da obra, visando incluir os deficientes visuais. Tal prática pode ser feita com todos os estudantes, incentivando uma verdadeira integração. Você também pode tentar recriar as imagens figurativas como em uma cena teatral, envolvendo toda a turma; desse modo, o estudante cego ou com baixa visão pode compreender melhor a obra a partir do uso dos outros sentidos.

Sobre as atividades: Para refletir

Conversem sobre o que pode estar refletido no espelho além da imagem da própria pessoa que se olha: local, objetos, luz, elementos que compõem a imagem como um todo, assim como expressões faciais e posturas corporais que podem demonstrar sentimentos, sensações ou estados de humor.

Atividades complementares

Você pode distribuir aos estudantes imagens de vestimentas de diferentes décadas do século vinte. Depois de analisar esse conjunto de imagens, eles terão mais subsídios para refletir sobre a data da fotografia. Aproveite para conversar sobre como a moda pode ser usada para nos mostrar como somos, pois nossas escolhas de vestimentas também nos representam. Conversem sobre as diferenças entre a moda do século vinte e a atual.

Para envolver estudantes com deficiência visual, se possível, providencie vestimentas que se assemelham às da década de 1950 – assim como de outras épocas – para que todos possam vestir e tocar.

SOBREVOO

Autorrepresentações

Fotografia. Pintura rupestre. Diversas mãos, algumas claras e outras escuras, impressas em uma rocha.
Pinturas rupestres na caverna Cueva de las Manos, na província de Santa Cruz, Patagônia argentina. Fotografia de 2017.

Faça no caderno.

  1. Observe a fotografia. Você tem alguma ideia de como essas imagens de mãos podem ter sido produzidas?
  2. O que a imagem de uma mão pode exprimir sobre uma pessoa? Se tivesse que escolher uma parte de seu corpo para representar você, que parte seria essa? Por quê?

Algumas das primeiras autorrepresentações de que se tem notícia foram realizadas há mais de 30 mil anos, quando mulheres, homens e crianças registraram suas mãos e, portanto, sua presença, em paredes de cavernas.

Um desses registros, que tem entre 9 mil e 13 mil anos, encontra-se na província de Santa Cruz, na Patagônia argentina, e mostra contornos de mãos de diferentes tamanhos.

Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, apresentamos diversas possibilidades de autorrepresentação: o autorretrato convencional; a representação de apenas uma parte do corpo; a opção de esconder o rosto mais do que mostrá-lo; uma distorção da própria imagem; entre outros.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Matrizes estéticas e culturais.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.).

Sobre as atividades

  1. Após os estudantes observarem e descreverem a imagem, chame a atenção para os contornos das mãos e para a técnica de impressão utilizada: com a mão apoiada na parede da caverna, soprava-se um pó de pigmento sobre ela e, ao retirá-la, ficava apenas seu contorno.
  2. Reflitam sobre o que as mãos podem simbolizar: identidade, trabalho, união etcétera Deixe que os estudantes deem suas opiniões e as justifiquem.

A partir disso, proponha uma conversa sobre o que outras partes do corpo podem simbolizar, antes de perguntar sobre qual delas eles usariam para fazer um autorretrato e por quê.

Fotografia. Busto de um homem com cabelos curtos, segurando com as mãos um buquê de flores de cor-de-rosa, cobrindo o rosto. Atrás dele, um mural com diversas flores em cores rosa e amarela.
CAIS, Nino. Décor. 2009. Fotografia, 110 centímetros por 90 centímetros.

3. Observe a imagem. Reflita sobre o gesto, os objetos, a postura e a ação realizada pelo artista. O que isso pode representar?

O artista contemporâneo brasileiro Nino Cais (1969-) faz uma escolha não convencional em seus autorretratos: ele não mostra o rosto.

Em muitos de seus autorretratos, o artista mantém a face oculta por algum objeto do cotidiano ou por uma máscara, que ele usa na composição da sua imagem.

Ícone Para Ler.

Conheça mais sobre autorretratos nas artes visuais no livro:

CANTON, Katia. Espelho de artista [autorretrato]. São Paulo: Sesi Editora, 2017.

Nessa obra, a autora apresenta diversas fórmas de um artista criar seu autorretrato, seja desenhando, pintando, fazendo esculturas, seja realizando performances.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

A partir da observação das imagens da Cueva de las Manos e de Décor, de Nino Cais, o estudante terá condições de apreciar e analisar duas formas distintas de representação, ampliando sua experiência com diferentes práticas artístico-visuais e sua capacidade de contextualização – de acordo com as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê. Aproveite a leitura das imagens para dialogar com a turma sobre as diferentes necessidades de as pessoas se expressarem, de deixarem registros de sua presença no mundo e sua capacidade de produzir símbolos.

Atividade complementar

Para trabalhar com grupos com deficiência visual, você pode “montar” a cena da obra, com a ajuda de um estudante que representará o artista, e providenciar flores para que o autorretrato fique completo. Procure recompor a fotografia de modo próximo ao que se apresenta na imagem, para que os estudantes cegos ou com baixa visão possam tocar e perceber o enquadramento da cena retratada pelo artista. É uma oportunidade para que todos percebam as escolhas de enquadramento do artista.

Sobre a atividade

3. Solicite aos estudantes que observem a fotografia e reflitam sobre o que está oculto na imagem. Você também pode perguntar a eles o que pode ter levado o artista a esconder o próprio rosto. O rosto coberto pode instigar a curiosidade de quem o observa, despersonalizar o retratado, personalizá-lo por meio de um objeto, entre outras leituras possíveis. Chame a atenção para as flores, em forma de buquê. O que elas podem simbolizar? Essas são apenas algumas possibilidades de reflexão para iniciar a mediação. Com um diálogo aprofundado, estimulando a curiosidade da turma, você provavelmente verá muitas interpretações surgirem.

Autorretratos na pintura

4. Observe os autorretratos desta página e da seguinte. Quais são as principais diferenças e semelhanças que você percebe entre eles?

Pintura. Busto de um homem com cabelos cacheados, na altura dos ombros, usando um chapéu de pano, blusa branca e, sobreposta, uma blusa em tom mais escuro. Ele está de perfil, com as mãos juntas sobre uma mesa. Ao fundo, parte de uma janela.
durrár, álbréchi. Autorretrato. 1498. Óleo sobre painel, 52 centímetros por 41 centímetros. Museu do Prado, Madri, Espanha.
Pintura. Óleo sobre tela. Figura de um homem com cabelos enrolados, na altura da orelha, barba e bigode, usando uma espécie de turbante claro na cabeça e um casaco escuro. À sua volta, na parte inferior e no lado direito da tela, predominam sombras; sobre seu rosto há um foco de luz.
rím, Rêmbrânt van. Autorretrato como o apóstolo Paulo. 1661. Óleo sobre tela, 91 centímetros por 77 centímetros. Rijksmuseum, Amsterdã, Países Baixos.

5. O que você diria sobre a expressão dos artistas em cada um dos autorretratos? E sobre a postura deles?

Ao longo da história da arte, muitos artistas registraram a própria imagem das mais variadas fórmas e com diferentes técnicas. O retrato, e por consequência o autorretrato, é uma das mais antigas fórmas de representação. Nesta página e na seguinte, você pode apreciar trabalhos de quatro artistas de épocas diferentes que se tornaram referência para muitos que surgiram depois: o alemão Albrechi Durrár (1471-1528), os holandeses rembrã van rin (1606-1669) e víncent van Gogh (1853-1890) e o espanhol Pablo Picasso (1881-1973).

Ajudado pela sua formação matemática, Albrechi Durrár era muito cuidadoso com aspectos técnicos de suas composições, como a proporção, a simetria e a perspectiva. O primeiro autorretrato ficou famoso pela precisão com que o artista fez a reprodução de si mesmo, com grande riqueza de detalhes. Observe como são pintados os cabelos e a barba, as dobras de tecido e até mesmo as unhas sob as luvas. Alguns pesquisadores acreditam que ele quis se retratar como uma pessoa nobre nessa pintura.

  1. Analisando detalhadamente o autorretrato de durrár, você diria que ele era nobre? Quais recursos o artista usou para indicar essa condição?
  2. Você consegue perceber, no autorretrato de Rêmbrânt, as áreas de luz e de sombra?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as imagens

Esta série de retratos proporciona a oportunidade de pesquisar, apreciar e analisar produções artísticas de diferentes épocas e estilos, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

Os quatro artistas apresentados nesta página e na página seguinte (durrár, Rêmbrânt, Van Gogh e Picasso) são importantes representantes da história da arte ocidental. Muito da história da arte brasileira, tanto a acadêmica como a moderna e a contemporânea, teve influência ou dialogou com esses padrões. Você pode aproveitar a oportunidade para problematizar a questão da grande difusão de padrões europeus em detrimento de referências de outras matrizes culturais – prática tradicionalmente adotada no ensino de Arte no Brasil –, contemplando adicionalmente a habilidade (ê éfe seis nove á érre três três) da Bê êne cê cê.

Proponha aos estudantes uma reflexão sobre outras referências artísticas que eles têm, tanto de arte brasileira de matrizes europeias (acadêmica, moderna ou contemporânea) quanto de outras matrizes estéticas e culturais, como as produções dos povos indígenas, as afro-brasileiras, as da cultura popular, entre outras.

Sobre as atividades

  1. e 5. Você pode conduzir uma leitura comparativa entre as imagens. Chame a atenção dos estudantes também para o modo como a luz está representada em cada uma das pinturas: a iluminação e as cores mais próximas da realidade nas pinturas de durrár e Rêmbrânt; as cores mais expressivas e pinceladas mais marcadas nas pinturas de Van Gogh e Picasso.

6. Além da vestimenta de durrár, em especial as luvas, chame a atenção da turma para a postura austera com que ele se retrata. Incentive os estudantes a refletir sobre quanto uma imagem de si mesmo pode ser construída intencionalmente, como um modo de se autovalorizar. Aproveite a oportunidade para conversar com a turma sobre a exposição pública das pessoas nas mídias, nas redes sociais, em reality shows. Devemos analisar criticamente essa postura, mostrando que é importante desconstruir a ideia de que existem corpos perfeitos ou vidas perfeitas, como a maioria das pessoas busca transmitir em suas imagens, já que elas escolhem uma versão idealizada do que é exposto. Trata-se de uma falácia a ser problematizada junto aos estudantes.

O holandês Rêmbrânt pintou mais de 90 autorretratos ao longo da vida. Ele se representou em diferentes idades, com diversas expressões faciais e apoiando-se em técnicas variadas. O autorretrato era um recurso de que ele – assim como tantos outros artistas – dispunha para desenvolver seu trabalho, sem necessitar de outra pessoa para posar como modelo. Por meio dos autorretratos, ele estudava como pintar as sombras de modo intenso (técnica do claro-escuro), característica comum em pinturas de sua época e que ele dominava como poucos.

É provável que você já tenha ouvido falar do também holandês víncent van Gogh. Ele fez muitos autorretratos usando cores e tons contrastantes por meio de fortes pinceladas. Quando observadas no conjunto, essas pinceladas geram uma intensa vibração visual. O que sabemos sobre a história de vida de Van Gogh é que ele era um homem de poucos amigos, teve amores não correspondidos e tinha uma forte relação de afeto com seu irmão, Theo, que muito o ajudou financeiramente, uma vez que sua obra só foi reconhecida após sua morte.

8. Observe o autorretrato de Van Gogh. Você consegue perceber o modo como ele usa o pincel para pintar seu autorretrato?

Pintura. Busto de um homem com cabelos e barba ruivos, usando um chapéu e terno azul, composto por pequenas e fortes pinceladas em que predomina a tonalidade azul.
GOGH, víncent van. Autorretrato com chapéu de feltro. 1887. Óleo sobre tela, 44,5 centímetros por 37,2 centímetros. Museu Van Gogh, Amsterdã, Países Baixos.

Por fim, o espanhol Pablo Picasso foi um artista cuja produção englobou diversas linguagens artísticas: pinturas, esculturas, desenhos, cenários, além de peças teatrais e poemas. Há muitas histórias sobre sua vida, mas destacamos aqui o fato de que ele era apaixonado por seu trabalho, pois seu processo de criação era intenso e acontecia de fórma constante. Com uma produção tão abundante e extensa, ele passou por diversas fases, sempre buscando novas fórmas de expressão, como nesse autorretrato, em que apresenta um estilo artístico praticado no início do século vinte, do qual foi um dos criadores: o Cubismo.

9. Nessa pintura de Picasso, que partes do rosto você consegue identificar? O que há de diferente nesse modo de construir a imagem?

Pintura. Óleo sobre tela com imagem do busto de um homem escrevendo. Ele está pintado em formas geometrizadas e cores pálidas; metade de seu rosto está de perfil para a direita, composta pelo olho direito, nariz e boca, e metade para a frente, composta pelo olho esquerdo e cabelos. Ele está com o braço direito sobre a mesa, segurando um lápis sobre um livro, e a mão direita na bochecha, com o cotovelo apoiado na mesa.
PICASSO, Pablo. Buste d’homme écrivant (Autoportrait) [Busto de homem escrevendo (Autorretrato), em tradução livre]. 1971. Óleo sobre tela, 115,5 centímetros por 88,9 centímetros. Coleção particular.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades (página 98-99)

  1. Na época do Barroco holandês em que Rêmbrânt pintou esse autorretrato, não havia energia elétrica e o contraste entre claro e escuro era explorado ao extremo. Nessa pintura, a luz parece vir do canto superior esquerdo, atravessando em diagonal o quadro, iluminando o rosto até incindir no objeto que o retratado tem nas mãos.
  2. Van Gogh se inspirou nos impressionistas e desenvolveu um estilo próprio de pintar. Incentive os estudantes a refletir sobre os resultados expressivos desse tipo de pintura, que não busca representar fielmente o real e intensifica as cores da obra.
  3. O Cubismo consiste em representar o mundo por meio de formas geometrizadas, pintando várias faces de um objeto ou de um rosto em um único plano.

10. Observe a pintura da artista mexicana Frida cálo (1907-1954). O que mais chama a sua atenção nesse autorretrato? Você já tinha visto um traje parecido com esse? Onde?

Pintura. Busto de uma mulher usando um manto ao redor da cabeça. Ela tem cabelos pretos e sobrancelhas grossas. No alto da cabeça há um arranjo de flores e, em sua testa, há a imagem do busto de um homem com camisa.
cálo, Frida. Autorretrato como Tehuana ou Diego em meu pensamento. 1943. Óleo sobre fibra dura (masonita), 76 centímetros por 61 centímetros. Coleção particular.

11. Em sua opinião, por que a artista escolheu retratar-se desse modo?

Titulo do carrossel
Imagem meramente ilustrativa

Gire o seu dispositivo para a posição vertical

Frida cálo pintou diversos autorretratos ao longo da vida – sozinha, com seus pais, com seus bichos, com Diego Rivera (seu esposo), entre outros. Por intermédio da arte, Frida pôde expressar o que sentia e o que pensava, revelando em suas pinturas sua vida, suas angústias, seus amores, suas dores e opiniões. Em uma época em que não era permitido às mulheres ter voz, ela se posicionava de fórma independente, buscando liberdade de pensamento e de atitudes.

Além das referências às histórias pessoais, Frida exaltava em seus autorretratos a cultura mexicana, o que ajudou a mostrar para o mundo um pouco das tradições latino-americanas.

O traje tehuana, típico de um grupo de mulheres indígenas independentes, foi usado por ela em diversos autorretratos, simbolizando sua ligação com suas raízes e seus ideais.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Após as considerações dos estudantes, que podem relacionar o traje da imagem a algum evento celebrativo, um vestido de noiva, por exemplo, contextualize a vestimenta como sendo característica de um grupo de mulheres da etnia zapoteca do México.
  2. A roupa escolhida para um autorretrato também mostra quem é essa pessoa, podendo simbolizar sua história ou suas ideologias. Nesse caso, Frida usa um traje tehuana. O homem retratado em sua cabeça, sobre as sobrancelhas, é Diego Rivera, que foi seu tutor e com quem Frida teve um relacionamento longo e conturbado.

Atividade complementar

A maior parte dos exemplos apresentados neste livro são autorretratos individuais, porém alguns artistas, assim como Frida Kahlo, produzem autorretratos ao lado de pessoas, animais ou objetos que, de algum modo, são importantes em suas vidas e também representam quem eles são. Primeiramente, solicite aos estudantes que pesquisem outras composições de Frida com essa característica, pedindo que identifiquem quem são e qual foi o papel dessas pessoas/animais/objetos na vida da artista.

Na sequência, proponha uma atividade análoga em que os estudantes criarão autorretratos – utilizando-se de fotografias ou desenhos – acompanhados por seres ou objetos que lhes são caros. Por fim, compartilhe o resultado e as experiências de todos entre a turma.

Para pesquisar

Pintores além de seus autorretratos

Você conheceu importantes nomes da história da arte que produziram muito mais do que autorretratos. Que tal conhecer outros trabalhos desses artistas, suas histórias de vida e sua época?

1. Reúna-se com os colegas em um grupo de quatro a seis integrantes e escolham um destes artistas para pesquisar:

Albrechi Durrár

Frida cálo

Pablo Picasso

Rêmbrânt van rím

víncent van Gogh

  1. Pesquise obras desses artistas em livros de arte ou na internet, em especial em sites oficiais de museus, citando as referências bibliográficas de sua pesquisa. No final do livro, você encontrará indicações de sites confiáveis para consulta.
  2. Observe as características marcantes no estilo de cada um deles: os temas escolhidos, as cores e as fórmas, o modo como retratavam as pessoas. Pense na época em que foram produzidas e pesquise a vida desses artistas. Anote suas impressões e as informações em seu diário de bordo.
  3. Cada grupo selecionará um conjunto das obras mais importantes do artista escolhido para apresentar à turma. É importante que todos possam vê-las durante a apresentação. Verifique com o professor a possibilidade de projeção ou impressão das imagens em tamanhos grandes.
  4. Após a apresentação de todos, a turma poderá comparar as imagens selecionadas e identificar as semelhanças e as diferenças entre elas. Reflitam sobre os motivos que tornaram esses artistas tão importantes.

Para pesquisar

Autorretratos na arte brasileira

Muitos artistas brasileiros também incluíram o autorretrato em suas produções, dentre os quais podemos destacar Alberto da Veiga Guinhár (1896-1962), Djanira Motta e Silva (1914-1979), Ismael Nery (1900-1934), Tarsila do Amaral (1886-1973), Eliseu Visconti (1866-1944), Arthur Timótheo da Costa (1882-1922) e José Pancetti (1902-1958).

Complementando a pesquisa anterior, reúnam-se em pequenos grupos para pesquisar um desses artistas. O objetivo principal é que vocês descubram quem foram eles, como eram e como se representaram. Busquem os autorretratos e as informações biográficas mais relevantes, citando suas fontes de pesquisa. A partir deste roteiro de questões, observem as imagens e conversem em grupo para responder por escrito.

  1. Quando foram pintados os autorretratos e que técnica foi utilizada?
  2. Os autorretratos apresentam imagens estilizadas ou realistas? Além do rosto, há outros elementos compondo a pintura?
  3. Em qual posição o artista se retrata? Como são suas expressões?
  4. O que mais chama a atenção na pintura?
  5. As informações que vocês encontraram sobre o artista, de algum modo, parecem estar refletidas nos autorretratos?

Troquem os trabalhos entre os grupos para que todos possam conhecer os artistas pesquisados pela turma.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Na leitura comparativa das imagens (etapa 5 da atividade), o objetivo é estimular a percepção dos estudantes para o fato de que existem particularidades em cada estilo de produção. Não cabe aqui a ideia de “melhor” e “pior”, dado que os critérios de valoração são sempre relativos, em função de contextos específicos.

A atividade propõe ao estudante que investigue de forma autônoma algumas produções artísticas de estilos distintos que abordam a temática da autorrepresentação, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

Oriente os estudantes sobre a escolha de suas fontes de pesquisa, que podem incluir livros, revistas científicas ou sites oficiais dos artistas ou de museus.

Como complementação sobre Van Gogh, você pode também exibir trechos da animação Com Amor, Van Gogh e discutir com os estudantes a respeito das soluções encontradas para transpassar para a linguagem audiovisual os efeitos obtidos na pintura do artista, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero três) da Bê êne cê cê:

COM AMOR, Van Gogh. Direção: Dorota Kobiela e Ríu Uéltimen. Reino Unido; Polônia: Breakthru Films e Trademark Films, 2017. (94 minutos).

O filme investiga a vida e os episódios que levaram à morte de Van Gogh. O seu enredo é baseado em cartas escritas pelo artista e a produção é considerada o primeiro longa-metragem feito totalmente em óleo sobre tela.

Em busca de si mesmo

Cartaz. Na parte superior, o texto: PROCURO-ME. Abaixo, fotografias em preto e branco de uma mesma mulher com diversos cabelos diferentes  e a mesma expressão perplexa/assustada.
BARROS, Lenora de. Procuro-me. 2001. Papel-jornal. Quatro cartazes lambe-lambe, 28,5 centímetros por 24 centímetros cada um. Edição ilimitada.

Desde o século dezenove, a preocupação com a realidade é tema central na obra de muitos artistas. Provocar reflexões é um modo que vários deles encontraram para explorar essa questão.

Observe a imagem com o trabalho da artista visual e poeta Lenora de Barros (1953-). Nessa obra, Lenora brinca com a ideia de procurar a si mesma manipulando a sua imagem para obter diferentes autorre­tratos.

  1. Você já sentiu necessidade de procurar a si mesmo? Por que motivo?
  2. O que muda em cada um dos autorretratos? No seu ponto de vista, por que a artista escolheu retratar-se assim e se representar tantas vezes em um mesmo cartaz?
  3. A que tipo de cartaz essa obra remete?

Lenora também faz uma performanceglossário com essa obra: ela vai a locais públicos com uma mala cheia de cartazes e cola-os em muros, portas e em locais de passagem. Enquanto procura a si mes­ma, ela desperta a curiosidade do público.

15. O que você imagina que seria possível encontrar em uma busca de si mesmo?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Incentive uma comparação entre a obra de Lenora de Barros e a pintura de Frida cálo. Problematize com a turma os estereótipos comumente associados à representação (e à autorrepresentação) das mulheres.

Amplie as referências sobre o tema da mulher no cenário artístico apresentando obras da pintora italiana Sofonisba Anguissola (1532-1625), que também produziu autorretratos em uma época em que as mulheres não tinham espaço no campo de produção artística.

Promova uma conversa sobre a imagem da mulher na atualidade: como a identidade feminina dialoga com a influência da mídia e quanto ela tem se transformado com os movimentos contemporâneos de empoderamento feminino.

Tanto os posicionamentos de Frida cálo quanto a abordagem de Lenora de Barros sobre a representação da mulher convidam o estudante a um diálogo crítico e aprofundado sobre o assunto, relacionando a prática artística às diferentes dimensões da vida social, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê.

Aproveite para descrever e analisar a integração, na obra da artista, entre as artes visuais e a linguagem gráfica, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero três) da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades

  1. Aproveite para dialogar com a turma sobre questões relacionadas à identidade que podem surgir nessa faixa etária.
  2. A expressão dos retratos é a mesma, mas a caracterização muda. A mudança pode ser mais que estética, simbolizando estados de espírito de uma pessoa. Ou, então, trata-se de um modo de representar muitas mulheres, através da própria imagem da artista. Incentive os estudantes a seguir caminhos diversos de interpretação.
  3. Remete ao estereótipo de cartazes policiais em filmes e desenhos animados.

Representar a si para representar as outras

Pintura. Uma mulher retratada em um fundo azul. Ela está usando uma blusa estampada com flores e um chapéu alto, estampado em azul, marrom e bege. Do topo do chapéu sai um véu azulado que cobre suas costas. Os olhos da mulher  estão pintados com sombra azul e delineador preto, e dos cílios do olho esquerdo saem ramificações com flores. Ao lado, um vaso, sobreposto, o texto: OTROSMANO.
FELINTO, Renata. Noiva turca. 2012. Guache, acrílica, apliques, lápis de cor e pastel oleoso sobre papel, 100 centímetros por 73 centímetros. Pintura da série Afro Retratos.

16. Observe a pintura. Que objetos ou cores podem remeter a imagens ou características de outras culturas?

Grande parte das produções da artista visual paulista Renata Felinto (1978-) é inspirada por suas raízes culturais e por sua história de vida. Assim, ela nos instiga a pensar como somos influenciados por nossas origens, pelo local onde crescemos e pelas pessoas com as quais convivemos.

Na série “Afro Retratos – fase europeia”, Renata Felinto parte de selfies e faz uma junção de sua imagem com elementos de culturas diversas. Desse modo, ela questiona como se fórma a identidade da mulher negra brasileira, que é influenciada por muitas outras culturas além das raízes de origem africana.

17. A artista diz que, em seus autorretratos, ela se representa também como mulheres de diferentes povos. Você considera que esse autorretrato pode representar outras mulheres? Por quê?

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as imagens

O autorretrato – por ser uma representação que um ou uma artista faz de si mesmo ou mesma – pode ser interpretado, de modo reducionista, apenas como uma abordagem individualista ou mesmo egocêntrica por parte de seu produtor. Porém, uma abordagem menos restrita deve propor uma reflexão sobre o quanto de um coletivo pode ser representado por um ou uma artista a partir do uso da própria imagem.

Esse aspecto aproxima as obras abordadas, de Lenora de Barros e Renata Felinto. A reflexão proposta pela comparação entre os diversos autorretratos apresentados neste Sobrevoo, ao apreciar e analisar formas distintas das artes visuais, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero um) da Bê êne cê cê.

Em relação à obra de Lenora de Barros – junto ao uso bem-humorado de uma expressão facial bastante caricata –, a mudança de caracterização pode remeter à diversidade de mulheres representadas nas mutações da imagem da artista. Por sua parte, Renata Felinto, ao autorretratar-se, busca abordar aspectos estéticos e étnicos – e também éticos – de mulheres de culturas diversas.

Sobre a atividade

16. Cores intensas e um ornamento típico na cabeça correspondem à “noiva turca” que nomeia a obra. Já a palavra escrita Otrosmano pode remeter à história da Turquia, região que séculos atrás constituía o Império Otomano. Felinto soma as referências à cultura turca às próprias referências, como a estética do grafite, presente na história da artista, que cresceu em um bairro da periferia de São Paulo (São Paulo). Isso também dá margem a uma interpretação da palavra escrita como uma adaptação de “outros manos”, que são termos comuns na gíria local. Pergunte aos estudantes se a obra condiz com as ideias que eles têm da imagem de uma noiva. Proponha uma conversa sobre a existência de diferentes padrões culturais.

Recriando a própria imagem

18. Você já reparou no efeito que é produzido quando colocamos um espelho diante do outro?

Fotografia em preto e branco. Busto de uma mulher com cabelos lisos, presos em um coque, com as mãos nos ouvidos. No seu rosto, há sobreposições da mesma imagem em tamanhos diferentes, refletindo, de forma decrescente,  o recorte da imagem com suas mãos, pescoço e testa, como em um espelho infinito.
URTIGA, Luciana. ad infinitumrréchitégui (cerquilha, sustenido)4. 2013. Fotografia.

19. Observe o autorretrato de Luciana Urtiga. Que sensações são despertadas em você ao observar essa imagem, que leva ao infinito?

As novas tecnologias trouxeram diferentes fórmas de distorcer e fazer intervenções em imagens. Existem aplicativos que permitem brincar das mais variadas maneiras com as selfies: transformá-las, incorporar elementos a elas e alterá-las visualmente. Há também softwares que possibilitam montagens arrojadas. A tecnologia faz hoje o que muitos artistas já faziam utilizando colagens de imagens impressas.

Luciana Urtiga (1987-), fotógrafa de João Pessoa Paraíba, produz muitos autorretratos usando manipulação de fotografias, o que resulta em imagens que parecem irreais ou retiradas de sonhos e que provocam o olhar do espectador.

No autorretrato ad infinitumrréchitégui (cerquilha, sustenido)4, a artista utiliza o recurso da repetição e brinca com o olhar de quem vê a imagem, que parece não ter fim.

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

O autorretrato de Luciana Urtiga aborda a questão das novas tecnologias, que permitem fazer uso de recursos visuais para produzir colagens que, no passado, eram produzidas artesanalmente. Esse trabalho contempla o tê cê tê Ciência e Tecnologia, inclusive problematizando o conceito de tecnologias inovadoras que variam com o passar dos anos.

A artista manipula as imagens digitalmente, mas há outras formas de distorcer imagens, que não dependem dos recursos tecnológicos. Solicite aos estudantes que levem para a aula objetos cujo material lhes possibilite ver imagens refletidas.

Pode ser um objeto cromado, colheres, travessas, papel laminado, um cedê, entre outros. Peça que interajam com esses objetos de modo a buscar diferentes resultados de reflexo e, se possível, que registrem o reflexo, produzindo um autorretrato.

Em seguida, conversem sobre a experiência: “Houve dificuldade em encontrar tal superfície?”; “Como foi a interação com os objetos?”; “Como esses autorretratos poderiam ser produzidos através da manipulação digital?”.

Para experimentar

Intervenção sobre um autorretrato

  1. Com o auxílio do professor, imprima um autorretrato fotográfico feito por você em uma folha de papel formato a quatro ou desenhe seu autorretrato em uma folha desse tamanho.
  2. Faça intervenções na imagem. Você pode utilizar, por exemplo, tintas e canetas coloridas. Também pode fazer recortes ou colar papéis e aplicar objetos sobre a imagem.
  3. Sinta-se livre para fazer muitas alterações ou simplesmente aplicar algum detalhe.
  4. Durante o processo, reflita sobre o que representa você, do que gosta e o que quer mostrar aos outros.
  5. Para concluir, exponha seu autorretrato para a turma e converse com os colegas e com o professor sobre o que motivou as suas escolhas.
  6. Observe cuidadosa e respeitosamente as produções de seus colegas, acolhendo suas escolhas e procurando entender suas motivações para se representarem assim.
Ilustração. Um retrato do rosto de um menino. Acima, tinta, lápis de cor azul, pincel e cola. Sobreposto, uma mão sobre o rosto do menino. Abaixo, uma tesoura.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você identificou algo em comum nos diversos autorretratos apresentados neste Sobrevoo?
  2. Com qual dos autorretratos você mais se identificou? Por quê?
  3. Se você tivesse de escolher objetos para compor um autorretrato, quais seriam? Justifique sua escolha.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Auxilie na execução da atividade orientando os estudantes na escolha dos diferentes materiais e formas de expressão artística a serem experimentados (tinta, pedaços de tecidos, pequenos objetos), contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê. Avalie com eles a melhor maneira de desenvolver seus processos de criação, fazendo uso de recursos convencionais e alternativos, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero seis) da Bê êne cê cê. Estudantes com deficiência visual podem realizar a atividade auxiliados por você ou pelos colegas para a fixação dos objetos.

No momento de analisar os autorretratos produzidos, atente-se a possíveis reações sensíveis que possam surgir em decorrência de algum indivíduo que já tenha sofrido (ou esteja sofrendo) algum tipo de discriminação na escola. Converse com a turma sobre a importância de respeitar a diversidade de perfis entre os estudantes, conscientizando-os sobre a necessidade de combate ao bullying.

Sobre as atividades: Para refletir

As respostas para essa seção são pessoais e é o momento de retomar o que foi estudado ao longo do Sobrevoo.

Para isso, procure dispor no centro da sala todas as produções artísticas que foram analisadas. Você pode usar os livros de vários estudantes ou reproduzir as imagens em escala ampliada e expor nas paredes ou outra superfície em que seja permitido.

Com o auxílio dos estudantes, escreva no quadro algumas possibilidades de agrupamento das imagens e peça a eles que escolham as obras. Por exemplo: “Quais trabalham a mesma técnica?”; “Quais são brasileiras?”; “Quais são produzidas por mulheres?”; “Quais mostram o rosto?” etcétera

Foco em...

Vivian mér

Fotografia em preto e branco. Um homem usando, casaco, boné e luvas. Ele está segurando um espelho com as mãos. Refletida no espelho, imagem de uma mulher usando chapéu e casaco, segurando com as mãos uma máquina fotográfica antiga.
mér, Vivian. Autorretrato. 1955. Fotografia.

Faça no caderno.

1. Observe a imagem. O que estava acontecendo no momento em que Vivian mér fez a fotografia? Teria sido uma surpresa para ela? E para as outras pessoas retratadas? O que se vê no espelho, além do reflexo da fotógrafa?

Faça no caderno.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção traz alguns aprofundamentos e ampliações dos assuntos debatidos no Sobrevoo, partindo da obra da fotógrafa Vivian mér, que foi apresentada na abertura deste capítulo.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre a atividade

1. Solicite aos estudantes que apreciem a fotografia, analisando todos os elementos presentes nela: objetos, uma mulher subindo as escadas, um homem segurando um espelho, os prédios ao fundo. Conduza a mediação convidando-os a imaginar o contexto dessa cena. Chame a atenção para o fato de ser uma situação cotidiana sobre a qual, todavia, a fotógrafa teve um olhar suficientemente atento para encontrar a sua imagem refletida.

A pintura está entre as técnicas artísticas mais usadas na produção de autorretratos ao longo da história da arte, mas a fotografia é também uma técnica frequentemente explorada para esse fim. Muito antes das selfies feitas com câmeras fotográficas digitais e com celulares, as câmeras com filme fotográfico já cumpriam esse papel.

2. Você já viu alguém fotografando, ou já fotografou, com uma câmera que utilize filme?

Versão adaptada acessível

2 Você já entrou em contato com uma câmera que utiliza filme?

Vivian mér começou a fazer seus registros fotográficos na década de 1950, muito antes do surgimento da fotografia digital.

Ela é conhecida pelos registros urbanos em que captava cenas do cotidiano nas cidades onde morou e de outras cidades do mundo.

Seu olhar cuidadoso, atento ao que acontecia à sua volta, possibilitou que a artista captasse cenas inesperadas, em alguns casos com um único clique.

Hoje, a fotografia digital nos possibilita fazer muitas fotografias de uma vez e sem o custo de fotografar em filme. Entretanto, na época em que Vivian mér mais fotografou, entre as décadas de 1950 e 1980, só se via o resultado das fotografias quando o filme fotográfico era revelado.

Um fato curioso de sua história é que ela registrava as imagens para si mesma, não mostrava para outras pessoas.

Seu trabalho como fotógrafa só foi conhecido e reconhecido como arte após a sua morte. Ela fez tantas fotografias (aproximadamente 100 mil negativos) que é praticamente como se tivesse feito um diário de sua vida com imagens. Muitos rolos de filme não tinham nem sequer sido revelados durante a vida dela.

3. O que pode levar alguém a fazer tantos registros se não tem a intenção de mostrá-los? Quando você fotografa, tem a intenção de mostrar a alguém? O que motiva sua escolha entre mostrar uma imagem ou guardá-la para si?

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

2. Caso alguém já tenha passado por essa experiência, peça que faça um relato para a turma. Como será improvável existir algum caso entre os estudantes, proponha que eles investiguem com seus pais ou avós se costumavam fotografar utilizando película fotográfica. Peça aos estudantes que criem o próprio questionário, movidos pela curiosidade sobre o assunto. Esse questionário deve ser registrado por escrito em uma entrevista com a pessoa escolhida. Algumas questões que podem surgir são sobre as dificuldades técnicas que os fotógrafos encontravam e as soluções que criavam para resolvê-las. Eles também podem apresentar fotografias ou negativos durante a conversa no momento de compartilhar o resultado das entrevistas.

Foco na História

Filme fotográfico

Antes de se tornar digital, a fotografia passou por diversos processos que possibilitaram a captação de imagens. Os primeiros experimentos fotográficos surgiram no início do século dezenove, na Europa e no Brasil. Muitos materiais, como chapas de metal, vidro e papel, foram usados para captar imagens. Foi o estadunidense djórj ístiman (1854-1932) que, na década de 1880, inventou o filme fotográfico em rolo. Nessa técnica, um filme plástico recebe uma fina camada de um componente químico gelatinoso que contém sais de prata sensíveis à luz. O filme é inserido na câmera fotográfica, e a imagem só fica registrada quando o fotógrafo aperta o botão disparador, deixando a luz entrar através da lente. Para ver a imagem, é necessário que o filme passe por um processo químico de revelação. O filme também é conhecido como “negativo”, uma vez que registra a imagem invertida, e só deixa de ser sensível à luz depois de revelado, quando a imagem é fixada nele. As imagens podem então passar para o positivo, em um processo de ampliação em papel, ou ser digitalizadas.

Essa técnica de fotografia em filme foi a mais utilizada por fotógrafos amadores e profissionais por quase 200 anos, quando, no início do século vinte e um, a fotografia digital se popularizou. Hoje, embora as câmeras digitais e os celulares sejam os meios mais populares de se fotografar, ainda há pessoas que preferem a técnica do filme fotográfico.

Fotografia. Negativo, um rolo de filme com quatro cenas.
Negativo de 35 milímetros.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Ciência e Tecnologia.

Para pesquisar

A evolução da fotografia

A técnica da fotografia se desenvolveu bastante ao longo dos anos, contando com tecnologias cada vez mais arrojadas e inovadoras. Além do campo da arte, ela tem sido muito utilizada no campo das ciências. Que tal fazer uma pesquisa sobre esse encontro entre arte, ciência e tecnologia?

  1. Em pequenos grupos, com a ajuda do professor, pesquisem na internet ou em livros de Ciências ou Geografia da biblioteca da escola imagens relacionadas ao corpo humano, à astronomia e aos fenômenos meteorológicos. Se possível, convide os professores de Ciências e Geografia para contribuir com a pesquisa.
  2. Ao final, apresentem as imagens e informações encontradas para a turma, em uma grande roda. Atentem-se à data do registro, à tecnologia utilizada (fotografia por meio de microscópio, telescópio, satéliteetcétera) e dados relevantes que ajudem a entender a imagem. Não esqueçam de citar as referências bibliográficas da pesquisa. Reflitam sobre a composição das fotografias, ainda que o seu objetivo seja a pesquisa científica e não artística.
Orientações e sugestões didáticas

Atividades complementares

O conteúdo apresentado nesta seção fará mais sentido se os estudantes puderem conhecer a materialidade dos recursos citados, principalmente se houver na turma estudantes com deficiência visual.

Se possível, peça aos estudantes que coletem junto a familiares os registros fotográficos de retratos impressos que possuírem ou mesmo os negativos revelados. Caso alguns estudantes não tenham esse material, sugira que se unam em duplas ou trios para observar as fotografias. Solicite que as analisem. Você pode propor que respondam às seguintes perguntas: “Como é o material das fotografias (papel fotográfico)?”; “As imagens são nítidas ou estão borradas?”; “Quando elas foram captadas?”; “Elas permanecem visíveis?”; “As cores estão alteradas?”; “Nos retratos, todas as pessoas estão ’enquadradas’ na fotografia?”.

Essa atividade dialoga com a sugestão apresentada na página anterior, com relatos dos familiares em forma de entrevista sobre a prática da fotografia analógica.

O modo como a técnica da fotografia é apresentada nesta seção, ainda que contemple aspectos históricos, também pode ser entendido como um modo de abordar o tê cê tê Ciência e Tecnologia, uma vez que descreve como se dá o processo de captação da imagem por meio de reações químicas.

Orientações: Para pesquisar

Oriente os estudantes no sentido de que as imagens escolhidas devem representar o que o olho humano não consegue captar a olho nu, ou por ser muito pequeno, ou por ser muito grande ou estar distante. A ideia de que registros científicos podem ter concomitantemente um caráter estético também pode ser problematizada.

Auxilie os estudantes quanto à organização da pesquisa. Eles podem criar sistemas de registro das informações, sempre buscando dados científicos das imagens e citando as fontes, de modo a compreender especialmente por que a fotografia foi feita, quem a produziu, e como ela tem sido utilizada (por exemplo, se foram imagens de satélite de uma mesma região ao longo de anos, se tinham o intuito de acompanhar uma modificação climática; se foi uma imagem obtida por um microscópio como parte de uma pesquisa biológica).

Essa atividade contempla o tê cê tê Ciência e Tecnologia, bem como estabelece um diálogo com outras competências curriculares, conforme sugere a Bê êne cê cê, incluindo as habilidades (ê éfe seis nove á érre três um) e (ê éfe seis nove á érre três cinco).

Para experimentar

Buscando meu reflexo em diferentes superfícies

  1. Por uma semana, registre o próprio reflexo toda vez que encontrá-lo. No caminho para a escola, em casa, na casa de amigos e em seus locais de lazer, olhe ao redor e repare em todas as superfícies nas quais é possível ver a sua imagem refletida. Nem sempre o reflexo estará nítido; por vezes, sua imagem poderá se confundir com outros elementos da paisagem e as fórmas podem se distorcer, mas o encanto está justamente aí! Brinque de encontrar a própria imagem em locais diferentes.
  2. Você pode usar uma câmera fotográfica para essa ação, mas também pode simplesmente descrever ou desenhar seus reflexos em seu diário de bordo.
  3. Em sala de aula, compartilhe com os colegas e com o professor os reflexos que conseguir captar. Quanto mais inusitados, mais divertidos! Peça aos colegas que tentem adivinhar como e onde as imagens podem ter sido feitas.
  4. Em seguida, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Você encontrou alguma dificuldade na realização da tarefa?
    2. O exercício ajudou você a prestar mais atenção em seu entorno?
Ilustração. Silhueta de um menino de costas com o braço direito estendido. Atrás, parede de vidro refletindo o reflexo do menino. Ao fundo, silhueta de uma cidade.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. A fotografia está presente em sua vida e na de pessoas próximas a você? De que fórma?
  2. Você costuma fazer registros fotográficos de seu cotidiano? Você considera essa prática importante? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Se você desenvolveu com a turma a atividade complementar proposta na página 104, sobre buscar reflexos em superfícies distorcidas, a atividade desta seção Para experimentar pode servir de aprofundamento, de modo a desenvolver um processo de criação baseado em interesses artísticos, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero seis) da Bê êne cê cê. A experimentação com a linguagem fotográfica, proposta nas duas atividades, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê.

Na proposta anterior, os reflexos estavam em objetos e, nesse momento, os estudantes buscarão seus reflexos em seu meio social.

A princípio, a atividade deve ser desenvolvida pelos estudantes de forma autônoma, fora da escola. No entanto, se você achar conveniente que a atividade seja supervisionada enquanto estiver sendo realizada, organize uma “saída fotográfica” com a turma, escolhendo um único local para ser fotografado por todos. Lembre-se de escolher um local onde haja superfícies “espelhadas”, ou seja, onde seja possível ver reflexos de imagens.

Observação

Antes que os estudantes saiam às ruas para fotografar, ainda que para se autorretratarem, é muito importante abrir uma discussão sobre direitos de uso de imagem, por conta da possibilidade de outras pessoas serem retratadas. Para além de questões legais – sobre as quais vale uma pesquisa –, há uma questão fundamentalmente ética presente, sobre o direito das pessoas de escolher a divulgação ou não da própria imagem. Recursos como fotografar pessoas de costas ou simplesmente sem que o rosto apareça nitidamente são muito utilizados por fotógrafos profissionais, inclusive no fotojornalismo.

Foco no conhecimento

Técnicas fotográficas

Você viu em diversos momentos deste capítulo que uma das técnicas mais utilizadas para produzir autorretratos é a fotografia. Nino Cais compõe suas imagens fotográficas incluindo objetos junto ao próprio corpo; Lenora de Barros e Luciana Urtiga as manipulam; e Vivian mér captou suas imagens refletidas nas mais variadas superfícies.

Alguns pontos devem ser observados no momento de fotografar.

1. Enquadramento

É como os objetos, as pessoas e o cenário são organizados em uma fotografia. Imagine o visor de sua câmera como um quadro, que tem uma moldura para orientar você. Tome cuidado para não cortar o assunto principal da imagem. Nem sempre a melhor organização significa que esse objeto ou pessoa fique no centro da imagem. Por exemplo, em uma fotografia na qual há alguém com uma paisagem ao fundo, experimente deslocar a pessoa para a lateral para que a paisagem também apareça e seja valorizada. Pense nos planos, ou seja, o que aparece à frente e o que aparece ao fundo da imagem.

Fotografia destacando uma mão segurando uma câmera. Na tela da câmera, paisagem com gramado, uma árvore e céu azul com nuvens.
Tudo o que estiver visível no espaço limitado do visor de sua câmera será fotografado.

2. Iluminação

Para fazer um retrato, algumas fontes de luz possíveis são o sol em uma área externa, a luz que entra por uma janela ou a luz de uma lâmpada em um ambiente fechado.

Se a fonte de luz estiver acima do retratado, vai criar uma sombra no queixo; se vier de uma das laterais, vai provocar uma sombra na lateral oposta; se vier de baixo, pode deixar a região dos olhos mais sombreada. Se a fonte de luz estiver atrás da pessoa retratada, vai criar um efeito que chamamos de contraluz, ou seja, o rosto da pessoa ficará no escuro e o que veremos será o seu contorno.

Se necessário, o flash da câmera fotográfica pode ser usado, ou uma segunda fonte de luz. Não existe uma iluminação única ou correta para uma fotografia, pois tudo depende do efeito que se quer produzir.

Fotografia em preto e branco. Uma menina com os olhos fechados; sobre o seu rosto, faixas horizontais da sombra de uma persiana. Atrás da menina, na parede, a sombra de seu perfil.
Atente-se para a maneira como a luz incide no assunto prin­cipal de sua fotografia e para as sombras que podem se formar.
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta alguns dos elementos básicos de técnicas fotográficas.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

Atividade complementar

Como complemento à seção e também como aquecimento para a atividade proposta na seção Para experimentar na próxima página, você pode fazer exercícios de enquadramento e luz com a turma.

Providencie algumas lanternas e material para escurecer a sala de aula.

A atividade pode ser realizada em duplas.

Peça aos estudantes que escolham um objeto e que “brinquem” com a lanterna, de modo a perceber como a luz incide sobre o objeto se vier da lateral, de trás, de frente ou de cima. Faça a mesma atividade com o ambiente claro e com o ambiente escurecido. O objetivo é observar, na prática, os efeitos da iluminação, mas ainda não é necessário fotografar.

3. Nitidez e foco

Para que a imagem fique nítida, a câmera deve permanecer estável no momento do registro. O ideal é o uso de um tripé para que a fotografia não fique tremida, mas nem sempre isso é possível. Nesses casos, deixe os pés paralelos ao chão e mantenha uma postura confortável, de modo que consiga segurar a câmera com firmeza, sem tremer. Alguns equipamentos fotográficos permitem manter o foco do objeto principal e desfocar o entorno.

Fotografia. Em primeiro plano, uma mesa com tintas e um pote com pincéis. Em segundo plano, desfocado, o perfil de uma menina com cabelos longos, usando camiseta branca e calça jeans. Ela está sentada segurando uma paleta com a mão esquerda e um pincel na direção de um quadro com a mão direita.
Desfocar um dos planos pode valorizar o objeto principal da fotografia.

Para experimentar

Exercitando o olhar de fotógrafo

  1. Escolha uma pessoa para fotografar.
  2. Encontre um local que possibilite posicionar o retratado em diferentes ângulos em relação à luz. Fotografe com a luz incidindo de cima, de um dos lados, na diagonal e na contraluz.
  3. Em seguida, brinque com o enquadramento e veja como fica a imagem se a pessoa estiver no centro ou nas laterais do quadro. Posicione-a também à frente ou ao fundo de algum outro elemento ou um objeto.
  4. Se possível, experimente variar o foco.
  5. Além de posicionar a pessoa que vai fotografar em diferentes locais, você pode se movimentar, a fim de buscar um melhor ângulo para a fotografia.
  6. Para concluir, compartilhe as imagens do experimento com os colegas e com o professor e conversem sobre os desafios que surgiram ao longo da tarefa.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você costuma observar o que acontece ao seu redor?
  2. Quando você fotografa, escolhe paisagens, faz retratos de pessoas ou selfies, que ângulos você busca? Qual seu objetivo ao fotografar?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

A atividade, que contempla as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero quatro), (ê éfe seis nove á érre zero cinco) e (ê éfe seis nove á érre zero seis) da Bê êne cê cê, pode ser feita dentro da escola, assim você pode auxiliar os estudantes na identificação das fontes de luz e também a perceber e propor novas formas de enquadramento.

Oriente os estudantes sobre o objetivo principal da atividade, que é experimentar na prática o que aprenderam sobre as técnicas da fotografia (enquadramento, iluminação, nitidez e foco). Cabe também retomar a questão sobre o quanto um retrato pode contar sobre a pessoa por outros elementos além de seu rosto ou corpo. Por exemplo, a escolha do local onde será feito o registro, os elementos que comporão a imagem, a expressão de quem está sendo retratado, tudo isso é importante. E, naturalmente, tenha o cuidado de sempre alertar sobre o modo respeitoso com que os estudantes devem tratar uns aos outros, especialmente neste tipo de atividade em que um indivíduo expõe características do outro, evitando assim qualquer tipo de bullying.

Caso não haja recursos técnicos para a realização da atividade, você pode propor aos estudantes que usem uma moldura de papel para substituir o visor da câmera. Para construir a moldura, use um papel tamanho A6 (10,5 por 14,8 centímetros) com gramatura 120 gramas por métro quadrado ou maior, faça uma margem de 3 centímetros e recorte a parte interna, formando uma “janela”. Dessa forma, os estudantes poderão explorar possibilidades de enquadramento mesmo sem ter o equipamento fotográfico.

Processos de criação

Vamos produzir um autorretrato a partir de um ensaio fotográfico?

O desafio para esta atividade será fazer um autorretrato sem mostrar o seu rosto.

  1. Para realizar a atividade, você vai precisar de uma câmera fotográfica.
  2. Reflita sobre o que poderia representar você e o que você gostaria de representar sobre si mesmo e anote em seu diário de bordo.
  3. Observe os resultados obtidos nas atividades realizadas ao longo deste capítulo; eles podem ajudar a escolher os efeitos de iluminação e os enquadramentos que você utilizará na criação do autorretrato.
  4. Faça um ensaio fotográfico, ou seja, experimente produzir diversas imagens, buscando diferentes possibilidades e soluções variadas.
  5. Você pode retratar apenas uma ou mais partes do corpo – reflita sobre como o corpo pode comunicar as nossas emoções.
  6. Você também pode utilizar objetos para compor o autorretrato.
  7. Se possível, imprima de três a cinco imagens e leve-as para a sala de aula para compartilhar com os colegas e com o professor.
  8. A turma poderá organizar uma exposição na sala de aula com, ao menos, um autorretrato de cada estudante.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como você se sentiu ao fazer um autorretrato?
  2. De quais autorretratos da turma você mais gostou e por quê?
  3. Qual é a avaliação que você faz da sua produção fotográfica até o momento? Você conseguiu captar a luz e enquadrar todos os elementos como planejou? Optou por uma imagem nítida ou distorcida? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

A proposta apresentada nesta seção deve permitir aos estudantes aprofundar, de modo prático e experimental, as questões e os conteúdos desenvolvidos ao longo do capítulo.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objetos de conhecimento

Materialidades; Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Orientações: Processos de criação

Organize a atividade de acordo com seu contexto. Se os estudantes possuírem câmera fotográfica, eles podem realizar a atividade fora da escola. Se essa não for a sua realidade, organize a turma em grupos para que compartilhem os equipamentos disponíveis. Nesse caso, talvez seja mais indicado que a atividade seja realizada na escola, explorando locais não frequentados cotidianamente em suas aulas. Planeje a ação previamente e incentive os estudantes a conceber a ideia para os seus autorretratos com antecedência: caso queiram incorporar alguns objetos na ação, poderão trazê-los de casa. Se julgar conveniente, sugira a eles que façam, em seus diários de bordo, alguns estudos prévios, esboços à mão, não detalhados, do que desejam fotografar.

Sobre as atividades: Para refletir

1. e 2. Você pode conduzir essas conversas com a turma incentivando cada estudante a refletir se o modo como ele se representa visualmente condiz com a visão que os outros têm dele. O autorretrato não diz respeito apenas à aparência física do indivíduo: ele pode representar a personalidade, questões internas, estados de espírito, entre outras possibilidades.

Organizando as ideias

Quadro com recortes de 4 imagens. À esquerda, fotografia do busto de um homem com cabelos curtos, segurando com as mãos um buquê de flores de cor rosa, cobrindo o rosto. Atrás dele, um mural com diversas flores em cores rosa e amarela. Ao lado, pintura do busto de uma mulher, de cabelos pretos e sobrancelhas grossas, usando um manto ao redor da cabeça. Em sua testa há a imagem do busto de um homem com camisa. Seguindo à direita, pintura de uma mulher retratada em um fundo azul. Ela está usando uma blusa estampada com flores e um chapéu alto, estampado em azul, marrom e bege. Do topo do chapéu sai um véu azulado que cobre suas costas. Os olhos dela estão pintados com sombra azul e delineador preto, e dos cílios do olho esquerdo saem ramificações com flores. À direita, fotografia em preto e branco destacando um homem usando casaco, boné e luvas. Ele está segurando um espelho com as mãos. Refletida no espelho, imagem de uma mulher usando chapéu e casaco, segurando com as mãos uma máquina fotográfica antiga.

Ao longo deste capítulo, você conheceu autorretratos de diferentes artistas, feitos com diversas técnicas artísticas; exercitou seu olhar com práticas que envolvem fotografia e foi apresentado a alguns fundamentos da técnica da fotografia.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

Faça no caderno.

  1. Como os assuntos abordados neste capítulo o ajudaram a pensar sobre si mesmo?
  2. Quais fórmas de se autorrepresentar você experimentou ao longo deste capítulo?
  3. Que descobertas você fez durante a pesquisa dos autorretratos de importantes artistas da história da arte?
  4. Quais outras descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Orientações

Ao final deste capítulo, retome com os estudantes os conteúdos práticos vivenciados. Exponha todos os resultados artísticos obtidos e depois liste as ações realizadas no quadro. Destaque com a turma os pontos altos das atividades. Conversem coletivamente sobre como as propostas contribuíram para que eles pudessem conhecer melhor a si e aos outros.

Retome o título do capítulo e pergunte: “Após a trajetória do capítulo, o que você vê quando se vê?”.

Glossário

Performance
Modalidade artística na qual o principal meio expressivo é o próprio corpo do artista. O performer, como é chamado o artista, se comunica pela ação corporal, mas, diferentemente do que acontece no teatro, não ensaia nem representa um personagem, ele segue um plano. A performance pode misturar música, dança, artes visuais e ação teatral, tudo isso em uma mesma situação.
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