CAPÍTULO 8 Arte e juventude

Fotografia. Imagem colorida, formato retrato. Em primeiro plano, uma jovem com cabelos de dread. Ela está de perfil, com a boca aberta, o braço direito estendido para trás e a mão esquerda sobre o peito. Em segundo plano, diversas pessoas sentadas assistem a apresentação da jovem.
A poeta Thaís Aguiar participando do Slam Resistência na praça Roosevelt, em São Paulo São Paulo. Fotografia de 2017.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Arte e juventude”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Dança; Música; Teatro; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
  1. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  2. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sugestão para o estudante

Programa Manos e minas, da tê vê Cultura, para ver e ouvir alguns poetas de slam. Disponível em: https://oeds.link/h8nHLB. Acesso em: 11abril 2022.

Como a arte faz referência à juventude? Como os jovens se expressam por meio da arte?

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. O que você imagina que essa jovem está fazendo? Que motivos levam jovens a se reunir para ver e ouvir a expressão artística uns dos outros?

Em 2014, alguns poetas e performers de poetry slam reuniram-se em uma praça na cidade de São Paulo (SP) e deram início a um evento mensal chamado Slam Resistência. A poetry slam é uma manifestação artística e performática, uma espécie de esporte de poesia falada e performada. Os jovens performers reúnem-se para partilhar seus textos e competir entre si. Eles declamam poemas sobre os mais diversos assuntos e o público julga o desempenho de cada um, dando notas para que um performer saia vencedor. Mesmo tratando-se de jogos competitivos, os slams se tornaram famosos por serem eventos comunitários em que jovens se encontram e manifestam seus pensamentos e sentimentos sobre sua posição no mundo, etnia, gênero, questões sociais, políticas etcétera

Neste capítulo, você conhecerá alguns exemplos da relação entre a arte e a juventude e será convidado a refletir a respeito de nossa maneira de estar no mundo com base em nossas referências e identificações artísticas.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você já viu ou participou de algum evento como os slams, ou seja, encontros em que as pessoas compartilham artisticamente suas ideias sobre a vida e o mundo?
  2. Quais são os espaços de sua cidade, frequentados por jovens, nos quais você se sente à vontade para se manifestar?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Para o encerramento da trajetória percorrida neste livro, propomos o estudo e a reflexão a partir de obras e artistas que relacionam a arte às questões da juventude ou de obras realizadas por jovens. O estudante poderá criar linhas de aproximação entre os exemplos apresentados aqui e o seu próprio universo.

Assegure que, nas atividades propostas e suas ampliações, o estudante seja o protagonista das criações artísticas, o que estimula também a sua autonomia nos processos de criação.

O capítulo ainda propõe uma revisitação às questões de abertura do volume e, ao final, também às atividades desenvolvidas no livro.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Espaços de encontro, performance e poesia como o Slam Resistência vêm se multiplicando em diversas cidades do país. Você pode convidar a turma a mapear alguns saraus que acontecem nos locais onde vivem. Alguns exemplos de saraus são: Sarau do Binho, Sarau da Cooperifa (ambos em São Paulo), Mano a mano (Rio de Janeiro), A noite é uma palavra (Pará) e Prosa e Poesia (Bahia).
  2. A partir das respostas dos estudantes, você pode propor a elaboração de um mapa dos espaços citados por eles e sugerir alguns outros.

SOBREVOO

Juventude na arte

Fotografia. Imagem em formato paisagem. Uma panela com água fervendo sobre uma grelha velha de ferro, apoiada entre pedras. Embaixo dela, há lenhas e uma fogueira com chamas altas.
Esta imagem foi apresentada na mostra fotográfica Explorando um novo lar, organizada pelo Instituto Pirilampos, de Roraima, em parceria com o Unicef. Participaram adolescentes de 12 a 17 anos, brasileiros e refugiados e migrantes da Venezuela. A fotografia é de autoria de Johandri cúper, de 13 anos (Abrigo Pintolândia).

Não existe idade certa para uma pessoa começar a produzir arte. Há pessoas que desde muito jovens já se empenham em se expressar por meio de pinturas, fotografias, músicas, dança, desenhos, entre outras fórmas de arte. Você se considera desse grupo? Se sim, conte aos colegas um pouco sobre o que você faz. Se não, o que impede você de fazê-lo?

Agora, observe a fotografia. Com seus colegas, descreva para o professor tudo o que pode ser visto na imagem. Faça de conta que ele não pode ver a fotografia e que depende da descrição de vocês para imaginar a cena. Lembre-se do que foi estudado sobre fotografia no capítulo 6, como enquadramento, luz e foco. Concentre-se em cada detalhe. Depois conversem sobre:

Faça no caderno.

  1. O que essa fotografia pode representar? O que pode estar acontecendo nessa cena?
  2. O que essa imagem traz à sua memória?
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, apresentamos alguns artistas jovens ou artistas que trabalham com adolescentes, de modo a aproximar o conteúdo exposto das possíveis referências prévias e do cotidiano do estudante.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Dança; Música; Teatro; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Materialidades; Processos de criação; Sistemas da linguagem; Elementos da linguagem; Notação e registro musical; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero oito) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.

(ê éfe seis nove á érre um um) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

(ê éfe seis nove á érre um dois) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

(ê éfe seis nove á érre um três) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um nove) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

(ê éfe seis nove á érre dois dois) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, dizáin etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Sobre as atividades (página 134-136)

1. e 2. Além da análise formal da fotografia da página 134, estimule os estudantes a refletir sobre a representação simbólica da panela que ainda está vazia de alimentos, possivelmente à espera do que será cozinhado. Investigue quais estudantes já vivenciaram – ou têm vivenciado – a realidade de cozinhar em fogo a lenha, seja em sua família, seja entre conhecidos. Converse com eles sobre o contexto dessa experiência (se faz parte do cotidiano, se foi em uma viagem de férias ou em alguma circunstância específica). Encaminhe a conversa de maneira natural, respeitando a realidade de cada jovem.

A imagem a seguir foi captada por uma adolescente venezuelana refugiada em Boa Vista, capital de Roraima. Ela e dezenas de outros jovens integram um projeto realizado pelo unicéfi em parceria com o Instituto Pirilampos, que acolhe crianças e adolescentes que precisaram sair do seu país e vir para o Brasil em busca de uma vida mais segura. Muitas famílias que passam por essa situação precisam morar em abrigos provisórios, organizados por entidades sociais ou governamentais, e por elas são acolhidas até que consigam se estruturar no novo país. O projeto também inclui estudantes brasileiros que vivem na mesma região.

Fotografia. Imagem retratada em perspectiva, em formato paisagem. Sob árvores e sobre chão de terra e folhas secas, há uma estrutura de metal, semelhante a uma gaiola, em formato de túnel, que parece se afunilar. No centro inferior, há um cano de metal em toda a sua extensão.
Essa fotografia também faz parte da mostra Explorando um novo lar. A autora é a venezuelana Carolyne Stefane, de 17 anos (Escola Estadual Ana Libória).
  1. Ao observar essa fotografia, para onde seu olhar é conduzido em um primeiro momento? Por que isso acontece?
  2. O que há em comum entre as imagens? E em que elas diferem?

Nesse projeto, adolescentes entre 12 e 17 anos assumem um importante papel no mundo da arte: o de produzir – nesse caso, uma fotografia. Depois de passar por breve formação técnica, esses jovens se voltam para o local onde estão vivendo e buscam registrar a sua relação com esse espaço e com tudo o que existe nele: as pessoas que vivem ali, as paisagens naturais ou urbanas, os animais e a vegetação típica, os objetos e outros elementos.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre exposições de arte

Pergunte aos estudantes se eles têm conhecimento sobre como se faz uma exposição de arte e também se sabem quais são os profissionais envolvidos. Em geral, há as equipes de:

  • Curadoria: determina o conceito da exposição e escolhe as obras. Pensa a quem se destina a mostra e seus objetivos. Coordena o trabalho das demais equipes.
  • Museografia: desenvolve o projeto museográfico, ou seja, planeja o espaço, busca soluções para expor as peças, considerando também a interação do público.
  • Produção: viabiliza a exposição e gerencia os recursos financeiros. É responsável por contatar artistas e colecionadores, bem como por providenciar o transporte e o seguro das obras.
  • Iluminação: cuida da iluminação cenográfica do espaço expositivo.
  • Montagem e desmontagem: executa, na prática, o projeto museográfico, manuseando as obras e dispondo-as no espaço expositivo.
  • Comunicação: cuida da sinalização da mostra e dos materiais impressos.
  • Ação educativa: desenvolve as atividades educativas da exposição junto ao público.
  • Exposições virtuais: uma equipe técnica de programadores ou designers trata as imagens para que sejam apresentadas com qualidade na web.

Entender como se monta uma exposição é importante para que a turma tenha autonomia para organizar as próprias mostras.

As relações entre os profissionais do sistema artístico descritas anteriormente contemplam a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero oito) da Bê êne cê cê.

A descrição detalhada das imagens é um aquecimento para a atividade da seção Para experimentar, bem como um exercício interessante para o trabalho de inclusão de estudantes com deficiência visual. Você pode variar a proposta escolhendo algumas imagens no site da exposição e pedindo a um grupo que descreva uma fotografia diferente para o outro, sem ter visto previamente a imagem (disponível em: https://oeds.link/jywhyf. Acesso em: 27 abril 2022.).

  1. O olhar tende a ser conduzido ao fundo do túnel ou ao caminho do cano em direção ao fundo. Isso é decorrente do efeito causado pela perspectiva, pois existem várias linhas que parecem convergir para um ponto comum, recurso bastante utilizado em movimentos artísticos, como o Renascimento, por exemplo.
  2. Além de terem sido registradas por adolescentes, os estudantes podem identificar em comum o cenário natural, a luz da fotografia, a ausência de pessoas etcétera Uma das diferenças que podem ser apontadas é que a fotografia da panela evidencia dois elementos naturais – o fogo e a água – enquanto a fotografia do túnel destaca elementos geométricos, como as linhas dos metais e do cano.
  1. De que modo essas imagens representam a vida desses adolescentes?
  2. Com base na observação das fotografias, como você acredita que seja a vida nesses locais?

Foram muitos registros fotográficos, e, ao final, 50 imagens foram escolhidas para compor a exposição Explorando um novo lar, que foi apresentada presencialmente em um shopping em Boa Vista e virtualmente pela internet.

Para experimentar

Representando o local onde você vive

Os adolescentes venezuelanos e brasileiros utilizaram a fotografia para se conectar com o local onde estavam vivendo. Eles aprenderam a técnica da fotografia, assim como você, que estudou essa linguagem no capítulo 6. Mas o que mais chama a atenção nas fotografias desses jovens são suas escolhas sobre o que fotografar.

Por isso, convidamos você a também pensar sobre o que escolheria fotografar para representar o local onde mora ou o modo como você vive. O tema pode ser uma paisagem, um objeto, uma pessoa, um animal, ou até mesmo uma brincadeira ou uma comida.

  1. Em casa, faça sua escolha e o registro por meio de fotografia ou desenho e guarde sua produção.
  2. Na sala de aula, descreva para a turma a cena que você registrou. Apresente oralmente cada detalhe da imagem, sem mostrá-la. Escute também as descrições dos colegas, fechando os olhos para imaginar como é a cena registrada por eles.
  3. Para concluir, em uma grande roda, reflita sobre as questões e compartilhe com os colegas suas escolhas.
    1. Por que escolheu registrar essa cena? De que modo ela representa o local onde você vive? Por que ela é importante para você?
    2. Depois de ouvir o relato dos colegas, responda: alguém fez uma escolha parecida com a sua? Os motivos da escolha foram os mesmos?
Orientações e sugestões didáticas
  1. Converse com a turma ressaltando a temática do cotidiano, explorada na fotografia da panela, e as questões simbólicas que podem ser observadas na imagem do túnel, já que ele pode ser uma alusão a um caminho desconhecido.
  2. Aproveite a oportunidade para contextualizar a situação de vida de refugiados, que deixam para trás suas famílias, suas casas e empregos por estarem correndo algum tipo de risco em seus países de origem, especialmente devido às guerras. Comente também que existem casos em que famílias precisam deixar a terra natal por não terem condições de viver com dignidade, mesmo não se tratando de guerras. Com isso, tornam-se migrantes em outros países ou em outros locais ou estados de um mesmo país, precisando de auxílio para começar uma nova vida.

Orientações: Para experimentar

O objetivo principal da atividade é exercitar o olhar, por isso o registro pode se dar por meio de linguagens variadas, incluindo o uso de equipamentos como smartphones ou, na impossibilidade de utilizar algum, por meio de desenhos. O diálogo com a turma pode iniciar com a ideia de pertencimento ao local onde vivem. Faça uso dessa atividade para problematizar a questão da xenofobia, explicando aos estudantes a importância do respeito à diversidade cultural que possa existir entre pessoas de um mesmo grupo.

Brincando e dançando

Durante as diferentes etapas de nosso crescimento, passamos por mudanças físicas e de comportamento, e isso se reflete nos hábitos e nas escolhas de cada um. Mudar a fórma de brincar e de se relacionar com brinquedos ou brincadeiras marca algumas etapas da infância.

7. O que você pensa sobre brinquedos? Eles fazem parte do passado ou você ainda brinca com eles? De que fórma os brinquedos podem despertar a criatividade?

Brincar também é uma maneira de recriar o mundo por meio da imaginação, assim como dançar é uma fórma de recriá-lo por meio de movimentos. Por isso, a combinação entre a brincadeira e a dança costuma funcionar muito bem.

No espetáculo Amanhã é depois! Hoje é brinquedo, o elenco de dança, formado por 15 jovens com idades entre 11 e 20 anos, dançava com diversos brinquedos, rolando sobre grandes bolas, desviando de bolhas de sabão, escondendo-se entre almofadas e abraçando nuvens de algodão.

8. O que você pensa ao ler o nome do espetáculo: Amanhã é depois! Hoje é brinquedo? Anote em seu diário de bordo e, em seguida, compartilhe sua resposta com os colegas e com o professor.

Fotografia. Imagem em formato paisagem de um espetáculo de dança. O elenco veste roupas coloridas infantis e realiza performances que remetem a brincadeiras da infância. À esquerda, uma menina com cabelos castanhos longos, camiseta amarela e jardineira laranja está sentada em uma bola grande. Seus braços estão para trás, em volta de outra menina, com saia e blusa verdes, em pé sobre a bola. No centro, um pouco à frente, um homem com camiseta rosa, bermuda listrada, suspensórios e boné segura uma baqueta. Na frente dele, há um megafone no chão. Atrás dele, uma menina em pé, dentro de uma piscina inflável rasa, sem água, segura um guarda-chuva rosa aberto. Ao lado dela, outra menina, de perfil, com vestido laranja e braços estendidos à frente, segura uma corda que sustenta, pelo quadril, outra menina, de costas para ela, com blusa azul, calça rosa e braços levantados. À direita, há uma menina com roupas coloridas, joelho direito apoiado no chão e braços flexionados na lateral do corpo e outra menina com macacão azul com listras coloridas sinuosas e babado em volta da cintura sobre um patinete. Ao fundo, o cenário é composto de um quebra-cabeça. No alto, há nuvens de feltro em cor branca, de diversos formatos, algumas semelhantes a brinquedos, presas ao teto.
AMANHÃ é depois! Hoje é brinquedo. Direção: Jorge de Paula. Coreografia: miéja chan e Valéria Medeiros. Interpretação: Em Cena Arte e Cidadania. Recife Pernambuco, 2009.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Após ler o exemplo desta página, você pode apresentar outros grupos de dança cujos elencos são compostos de jovens.

Há também o documentário sobre o espetáculo Heurói, do Núcleo Luz, no qual os jovens falam sobre a criação em dança e o que eles aprendem durante o processo e com o trabalho em grupo. Disponível em: https://oeds.link/aehzAd. Acesso em: 11 abril 2022.

Com base na apreciação do exemplo do livro e desse documentário, você pode destacar as questões relacionadas ao crescimento e às transformações que ocorrem da infância para a adolescência, que são assuntos dos dois espetáculos. Chame a atenção da turma para a fórma como os jovens organizam suas ideias por meio da dança: com movimentos, ritmos e objetos no palco – a combinação dos elementos apresentados no capítulo 3.

O balé e a dança contemporânea foram as modalidades combinadas nesse espetáculo, em que ora apareciam os passos de balé, ora cambalhotas e outros movimentos surgidos de improvisações nas aulas de dança. Os jovens intérpretes participaram da criação das coreografias. Eles contribuíram com as suas experiências com os brinquedos e as brincadeiras de que gostavam. Os integrantes do elenco frequentavam as aulas de dança da organização não governamental (ôngui) Em Cena Arte e Cidadania, que atua na cidade de Recife Pernambuco desde 1998.

Para experimentar

Movendo-se entre bolhas de sabão

Pensando no espetáculo Amanhã é depois! Hoje é brinquedo, que tal realizar uma atividade com bolhas de sabão?

  1. Com o auxílio do professor, a turma formará três grupos. 
  2. Assim que a música começar, o primeiro grupo vai soprar as bolhas na área indicada. Elas poderão ser sopradas em diversas direções.
  3. O segundo grupo vai se mover entre as bolhas. Comece na mesma velocidade da música, depois experimente variar a velocidade, acelerando e desacelerando, contrapondo-se à música. Cuidado para que as bolhas não estourem! 
  4. O terceiro grupo vai observar a movimentação dos colegas.
  5. Ao sinal do professor, os grupos trocarão de função. O ideal é que todos participem das três ações durante a atividade. 
  6. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Como você se sentiu em cada uma das funções?
    2. Quais movimentos foram mais interessantes de observar? Por quê?
    3. A sua fórma de se movimentar entre as bolhas foi diferente da fórma de se movimentar de seus colegas? Como?
    4. A velocidade dos seus movimentos entre as bolhas é igual à dos seus movimentos do dia a dia? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Nesta atividade, os estudantes são convidados a improvisar suas danças interagindo com bolhas de sabão, experimentando os fatores do movimento e investigando procedimentos de improvisação, de acordo com as habilidades (ê éfe seis nove á érre um um) e (ê éfe seis nove á érre um dois) da Bê êne cê cê. Antes de realizar a atividade, relembre a turma dos conteúdos apresentados nos capítulos 3 e 4 (os objetos coreográficos de uílliam forsáite e as improvisações).

Nesta atividade, três grupos diferentes atuam: os dançarinos, os que sopram as bolhas e o grupo que formará a plateia. Quem dança deve estar atento ao próprio corpo, às suas intenções e ações, à amplitude e velocidade dos movimentos e ao espaço que será delimitado com a produção das bolhas. Quem sopra as bolhas produz o espaço para a improvisação, então deve variar os tamanhos das bolhas, a altitude delas, e a altura de onde podem ser sopradas. A plateia observa como cada dançarino atua para depois poder comentar. O conjunto dessas observações pode dar base para a avaliação, ou seja, pode ser seu parâmetro para verificar como e o que os estudantes compreenderam sobre os conteúdos apresentados.

Sugira aos dançarinos que percebam: as ações corporais, a amplitude (cinesfera), os ritmos e as velocidades do movimento etcétera Oriente a observação da plateia: “Como os estudantes que dançam exploram os conteúdos?”; “É possível perceber as diversas qualidades de movimento que aparecem nessa improvisação?”. Aprender a observar a dança e identificar o que está acontecendo é tão importante quanto dançar de forma consciente. Essas duas habilidades se desenvolvem concomitantemente.

O ideal é que a atividade seja conduzida em uma área externa da escola, que possa ser molhada e que tenha espaço para que todos se movam de forma livre. Providencie previamente copos com detergente diluído em água e alguns canudos ou varas para fazer as bolhas de sabão. Selecione também uma ou mais músicas para reproduzir durante a atividade. Combine com a turma um sinal que você dará no momento da troca de funções. Restrinja uma área para a realização das ações, a fim de que as bolhas não se dispersem e os estudantes possam se mover entre elas. Experimente fazer a atividade em espaços cobertos e em espaços a céu aberto.

Respeitável público!

À medida que vamos crescendo, abandonamos alguns medos e brinquedos e inventamos novas brincadeiras e espaços de criação, assim como fez Jonas Laborda, o protagonista do filme-documentárioglossário Jonas e o circo sem lona (2015).

O filme, da cineasta e documentarista Paula Gomes (1979-), apresenta o garoto aos 13 anos vivendo com a mãe e a avó em um bairro da periferia de Salvador Bahia . No quintal da casa da família reside a maior alegria de Jonas: um circo criado por ele.

9.  Você já foi ao circo ou já viu imagens e números circenses como os representados nesta pintura?O que achou deles? 

Pintura. A tela retrata o interior de um circo com lona listrada em tons de verde e azul, plateia e apresentações circenses. Sobre chão de terra, à esquerda, artistas tocam instrumentos musicais. Ao lado deles, palhaços equilibram pratos e um deles está em uma perna de pau. No centro, dois equilibristas com chapéu preto, camisa bege, calça verde e sapatos brancos se equilibram em bicicletas. Acima deles, duas equilibristas com faixa na cabeça e top brancos, saia curta listrada em verde e azul com babado branco, meias longas e sapatilhas se equilibram em cordas bambas. No alto, trapezistas usam faixa na cabeça, sapatilha  e biquíni brancos. Nas laterais do picadeiro, pessoas sentadas assistem às apresentações.
ANDRADE, Aécio de. Circo do povo. 2009. Tinta acrílica sobre tela, 60 centímetros por 80 centímetros. Coleção particular.

Geralmente realizadas em uma tenda, as apresentações de circo reúnem artistas de especialidades diversas, como malabaristas, acrobatas, trapezistas, contorcionistas, equilibristas, mágicos e palhaços. Essa modalidade artística integra diversas linguagens, como a música, a dança e suas expressividades corporais, o jogo, o teatro e a mágica.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre o circo

O circo é uma modalidade artística muito antiga e extremamente popular, tendo existido em diversas civilizações do passado. Geralmente realizadas em uma tenda, as apresentações de circo reúnem artistas de especialidades bastante diferentes, como malabaristas, acrobatas, trapezistas, contorcionistas, equilibristas, mágicos, palhaços etcétera Uma apresentação de circo é composta de números que, muitas vezes, não têm ligação entre si, sendo bastante diferente de uma peça de teatro. Esses números, também chamados de rotinas, são apresentados em uma ordem previamente combinada pelos artistas. Assim, há a rotina dos malabares, dos trapezistas, dos palhaços etcétera

O circo no Brasil foi constituído por famílias circenses vindas em sua maioria da Europa. Como essas famílias viajavam bastante com suas lonas, logo foram incorporando artistas e elementos culturais brasileiros advindos das regiões por onde passavam. Atualmente, as formas circenses se dão em dois âmbitos: podem ser organizadas por empresas internacionais e lidar com grande circulação financeira ou se manter afastadas das grandes empresas de circo.

Orientações

A partir da observação da imagem da obra Circo do povo, de Aécio de Andrade, converse com os estudantes sobre os elementos que compõem o espaço do circo. Na imagem, podem ser observadas: a lona (pintada de azul e verde ao fundo); a plateia sentada nas laterais; os trapézios, nos quais os trapezistas se penduram e desempenham sua função; o picadeiro, onde se apresentam os palhaços, os equilibristas, os músicos e outros artistas.

Pergunte aos estudantes se já visitaram algum circo e quais diferenças eles podem estabelecer entre a arte do teatro e a do circo.

A discussão proposta valoriza um elemento importante do patrimônio cultural brasileiro – o circo – e, desse modo, contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

A paixão de Jonas pelo circo vem de longe: sua avó e sua mãe foram artistas circenses. Elas não trabalham mais no picadeiro, mas vivem contando histórias de suas experiências e mostrando fotografias antigas.

No espaço criado por Jonas no quintal de sua casa, há diversos elementos que podem ser encontrados em qualquer circo: a bilheteria, onde o público compra o ingresso; o trapézio, pregado em uma árvore do quintal, onde Jonas, como trapezista, pode executar sua rotina; o picadeiro, montado com caixas no chão de terra batida; escadas e cordas para os números dos palhaços; e microfones e megafones para que os artistas possam anunciar o espetáculo com as frases clássicas do circo, como “Respeitável público!” e “Senhoras e senhores!”.

Fotografia. Imagem em formato quadrado de um menino com cabelo curto, castanho, e rosto pintado de palhaço. Ele usa uma blusa listrada colorida e segura um microfone com a mão esquerda.
Fotografia. Imagem em formato paisagem. No quintal de uma casa, à direita da imagem, um menino com uma peruca loira, chapéu preto, calça de cetim listrada em preto e branco e blusa com babado vermelho está agachado sobre um banco comprido de madeira, com o rosto inclinado para cima, sendo maquiado por outro menino que, em pé e de costas, segura um pequeno frasco com a mão esquerda e com a mão direita maquia a pálpebra esquerda do menino.
À esquerda da imagem, uma mesa comprida com várias peças de roupas em diversas cores. Ao fundo, uma casa simples com uma pequena janela de vidro, parede esverdeada com pintura desbotada, máquina de lavar, algumas cadeiras velhas de madeira e uma geladeira.
JONAS e o circo sem lona. Direção: Paula Gomes. Brasil: Vitrine Filmes, 2015. Fotogramas.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre Jonas e o circo sem lona

Tanto no caso do filme Jonas e o circo sem lona como nos exemplos apresentados no capítulo 5 – Companhia Quintal e Grupo Esparrama –, existe um diálogo entre a linguagem do teatro e o jogo de palhaços. O termo palhaço vem do italiano pagliaccio, que denominava um tipo de artista que se vestia com um tecido remendado de estopa e cuja função principal era guardar palha. Sendo um tipo cômico por excelência, o palhaço está presente nas artes do teatro e do circo e lida com ações grotescas e satíricas. Apresentando um humor essencialmente físico, o jogo do palhaço existe justamente em função dos problemas que encontra e é por isso que a palhaçaria se vale da confusão para seus improvisos. Um dos palhaços mais importantes do Brasil foi Abelardo Piolin (1897-1973).

Sugestões para o professor

Documentário sobre Abelardo Piolin. Disponível em: https://oeds.link/kRZeJq. Acesso em: 11 abril 2022.

Para saber mais sobre a história do circo, visite o site do Centro de Memórias do Circo. Disponível em: https://oeds.link/UFesIy. Acesso em: 11 abril 2022.

Compilação de circos e artistas circenses brasileiros em: Bolonhézi, Mario Fernando. Circos e palhaços brasileiros. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Esse material, organizado em forma de catálogo, apresenta imagens e textos sobre palhaços e circos brasileiros. O objetivo da publicação é documentar o universo do circo e resgatar o papel do palhaço nos espetáculos circenses espalhados pelas regiões do Brasil.

Atividade complementar

Apresente aos estudantes um dos importantes circos brasileiros: o Circo Zanni. Sugira que realizem uma pesquisa na internet sobre ele. Esse circo nasceu do trabalho da dupla de palhaços formada por Fernando Sampaio e Domingos montanhér, em 1997. A ideia dos dois era pesquisar o repertório clássico dos números de palhaçaria e experimentar a relação com o público nas ruas e nas feiras da cidade. Com música tocada ao vivo, o Circo Zanni apresenta números clássicos (equilíbrio no arame, coreografias, rotinas de palhaços etcétera) reelaborados de acordo com novas criações dos artistas que o compõem.

Sugestão para o estudante

Documentário sobre o Circo Zanni: PAGLIACCI. Direção: Chico Gomes êti ól Brasil: Pandora Filmes, 2018. (73 minutos). O filme apresenta a trajetória da arte circence e propõe uma reflexão sobre o riso por meio de entrevistas com artistas e público.

O documentário mostra os ensaios dos números realizados por Jonas e seus amigos, a divulgação da apresentação pelo bairro onde moram, cenas da sessão para o público (composto em geral de crianças e jovens), discussões e desentendimentos entre os jovens artistas e reflexões do menino sobre sua aventura no universo da arte.

Por meio dessa sucessão de cenas, conflitos e números circenses no quintal, o filme-documentário mostra que a aventura de criação de um projeto artístico pode passar por diversos momentos, alguns de crise e outros de imensa alegria.

10. Ao longo das atividades propostas neste livro, você deve ter participado de ensaios com seus colegas. Você se lembra de como foram? Comente os detalhes dos processos de ensaio. Quais foram as experiências mais e menos prazerosas de que você se lembra? Compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Para experimentar

Número circense

Um espetáculo de circo é composto de diversos números. São apresentações curtas que têm como objetivo divertir, fazer rir e refletir, demonstrar habilidades dos artistas etcétera Alguns clássicos são os números de palhaço, de malabarismo, de corda bamba, de mágica e de trapézio. Muitos números também podem ser inventados de acordo com a especialidade de cada artista envolvido no processo de criação.

Que tal organizar um número circense para ser apresentado à turma?

  1. Reúna-se com os colegas em grupos de seis participantes. 
  2. Veja a seguir algumas perguntas que podem ajudar a orientar o planejamento da apresentação. Anote as respostas em seu diário de bordo.
    1. Qual é o objetivo do número circense que o grupo deseja montar?
    2. O número será mais físico ou verbal? Quais habilidades serão trabalhadas pela equipe?
    3. Qual será a duração da apresentação?
    4. Como será o começo, qual será o seu desenvolvimento e como terminará?
    5. Qual é a relação que o grupo deseja estabelecer entre quem apresentará o número e o público?
  3. Ao final das apresentações da turma, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. Quais foram as dificuldades encontradas ao longo da elaboração do número circense?
    2. Em quais momentos os números prenderam a atenção do público e em quais o interesse diminuiu?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

10. Relembre com os estudantes as criações coletivas elaboradas ao longo dos capítulos anteriores. Você pode perguntar a eles: “Como foram os processos de criação?”; “Quais foram as dificuldades encontradas ao trabalhar juntos?”. Conecte essas reflexões ao que foi estudado no capítulo 7 a respeito da obra de Flávio de Carvalho. Estimule o estudante a estudar o modo como organiza o próprio processo de criação, em vez de focalizar suas energias apenas nos resultados dessas investigações. Nesse sentido, o documentário Jonas e o circo sem lona pode disparar uma boa conversa, pois a diretora se concentra em expor os processos de criação de Jonas (e as dificuldades enfrentadas) mais do que as apresentações públicas do circo.

Orientações: Para experimentar

Antes de começar o trabalho de criação, sugerimos assistir com os estudantes a números clássicos de circo disponíveis nas sugestões dadas anteriormente.

Converse com cada um dos grupos durante o planejamento e fique atento para que os estudantes não se engajem em propostas que envolvam risco físico. Oriente-os a serem cuidadosos com o próprio corpo e com os corpos dos colegas.

Incentive-os a cuidar da relação entre cena e público, brincando com as pessoas que assistem ou convidando-as a participar dos jogos, como nos casos dos números de palhaço e de mágica.

A atividade explora os diferentes elementos envolvidos na produção da cena circense, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois seis) da Bê êne cê cê.

Rap e expressão jovem

Para concluir o percurso deste capítulo, vamos falar sobre um gênero musical que, desde seu nascimento, tem sido um importante meio de expressão para os jovens que querem falar de sua realidade e mandar alguma mensagem em fórma de versos: o rap.

O gênero musical rap consiste, basicamente, em versos cantados sobre bases musicais tocadas com equipamentos de som. Quem canta os versos, que dependendo da situação podem ser improvisados, é chamado de MC, cuja origem vem da expressão master of ceremonies (mestre de cerimônias). Quem opera os equipamentos sonoros, criando bases musicais que podem ser bastante elaboradas, é o DJ, sigla de disk-jockey.

Fotografia. Imagem em formato paisagem. DJ Niely, uma jovem com cabelos cacheados, presos em um coque, no alto da cabeça, com duas mechas em dread atrás das orelhas. Ela usa uma camiseta preta com a silhueta do busto de uma mulher estampada em dourado. Ela está em pé, segura um fone no ouvido esquerdo e, com a mão direita, toca uma mesa de som com vários botões. Ao fundo, há um palco com uma placa em que está escrito SONHAR, um quadro com fotografias de guitarras e um retrato de perfil do cantor Elvis Presley.
DJ Niely atuando em live em São Paulo (São Paulo), 2020.

Observe a moça da fotografia. Essa artista é Niely Rabetti (2002-), conhecida como DJ Niely, uma jovem brasileira que atua como DJ desde os 12 anos de idade. No momento, ela desenvolve também ações de formação sobre a prática de DJ e sobre a presença feminina no rap.

Um recurso musical frequentemente utilizado pelos DJs é aproveitar trechos de áudio do arranjo de uma música já existente como base sonora para outra música ou para improvisações. Essas células recortadas de uma música e usadas em outras são chamadas samples [amostras].

O rap teve origem na atuação de artistas jamaicanos que, ao imigrarem para os Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970, continuaram desenvolvendo esse gênero musical lá, sobretudo nas cidades de Nova iórque e de Chicago. Atualmente, o rap está espalhado pelo mundo todo.

  1. E você, se fosse dizer algo ao mundo em fórma de música, que temas abordaria?
  2. Você considera que falar de si mesmo também pode ser uma maneira de interferir na realidade? Por quê? Escute o áudio “Por dentro do rap” e entenda como o rap interferiu na vida da DJ Niely.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre o rap e o Hip-Hop

O gênero musical rap é um dos pilares do movimento Hip-Hop, que inclui também expressões em Artes visuais e Dança. Para contextualizar o rap como gênero musical e, principalmente, o movimento Hip-Hop como um todo, explicite que esse movimento surge especialmente a partir de ações e criações desenvolvidas por pessoas pretas em periferias urbanas, em um contexto de conflitos e lutas por sobrevivência e combate ao racismo e à violência em suas diferentes formas. Nesse sentido, o Hip-Hop pode ser considerado também um movimento em prol de uma cultura de paz e de minimização de desigualdades econômicas, políticas e sociais. Nesta seção, tratamos apenas dos elementos musicais – contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove) da Bê êne cê cê. O movimento será abordado em outros volumes desta coleção. MC e DJ são funções específicas na performance de rap. Como exemplos, é possível citar MC Soffia, apresentada no capítulo 1, e a DJ Niely.

A atuação dos DJs envolve o uso de diversos recursos eletrônicos, incluindo tecnologias digitais. Sugira pesquisas sobre esse tema e, se possível, convide um DJ local para demonstrar os recursos utilizados nas apresentações. Ampliar a percepção dos estudantes sobre as relações entre tecnologia e produções artísticas permite contemplar o tê cê tê Ciência e Tecnologia em diálogo com o componente curricular Arte. Apresente à turma o videoclipe da música “Nunca desistir”, cantada por MC Kunumi, jovem indígena Guarani. Disponível em: https://oeds.link/lZ3Tnt. Acesso em: 11 abril. 2022.

Com isso, é possível ampliar a noção do que é o rap na atualidade, mostrando que, além de seus cantos rituais, os jovens indígenas utilizam outras formas musicais, como o rap, para se expressar no mundo de hoje, possibilitando assim análises críticas de usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando práticas musicais com diferentes dimensões da vida social, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre um seis) da Bê êne cê cê.

Sugestões para o professor

Se aparecerem questões sobre o movimento Hip-Hop, você pode encontrar mais informações no site do Instituto da Mulher Negra Geledés. Disponível em: https://oeds.link/DxmtgA. Acesso em: 27abril 2022.

GOMES, Renan Lélis. Território usado e movimento Hip-Hop: cada canto um rap, cada rap um canto. 2012. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012. Disponível em: https://oeds.link/QjPetT. Acesso em: 27 abril 2022.

Sobre as atividades

11. e 12. Ouça com a turma o áudio “Por dentro do rap”, com o depoimento da DJ Niely, antes de iniciar as atividades, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre um nove) da Bê êne cê cê. A intenção dessas perguntas é estimular cada estudante a refletir sobre sua realidade e sobre suas possibilidades de expressão e interferência nessa realidade.

Para experimentar

Percussão corporal para acompanhar um rap

Agora vamos aprender um padrão rítmico feito com sons corporais que você pode usar para acompanhar músicas de rap:

1. Escute o áudio de um padrão rítmico com voz e percussão corporal que você poderá aprender aqui.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

2. Para reproduzir o padrão rítmico, utilize os seguintes sons:

batida no peito com uma mão, representada pelo ícone

Ilustração. Mão direita em cor azul aberta.

batida no peito com a outra mão, representada pelo ícone

Ilustração. Mão esquerda em cor rosa aberta.

estalo com os dedos polegar e médio, representado pelo ícone

Ilustração. Mão em cor verde estalando os dedos, médio e polegar.

batida de palmas, representada pelo ícone

Ilustração. Mãos em cor amarela batendo palmas.

3. Memorize a sequência ilustrada a seguir e, usando o áudio como referência para entender e seguir o ritmo, treine e experimente tocar o padrão rítmico completo. Depois que você e seus colegas aprenderem, experimentem tocar todos juntos.

Ilustração. Sequência de mãos em diferentes cores e ações: mão direita azul aberta, espaço, mão verde estalando os dedos, mão azul aberta, mãos amarelas batendo palmas, espaço, mão verde estalando os dedos, mão azul aberta, espaço, mão rosa aberta, mão azul aberta, espaço, mãos amarelas batendo palmas.
Versão adaptada acessível

3. Memorize a seguinte sequência: 1. batida no peito com uma mão; 2.estalo com os dedos polegar e médio, batida no peito com uma mão, batida de palmas; 3. estalo com os dedos polegar e médio, batida no peito com uma mão; 4. batida no peito com uma mão e em seguida com a outra; 5. batida de palmas. Agora, usando o áudio como referência para entender e seguir o ritmo, treine e experimente tocar o padrão rítmico completo.

Depois que você e seus colegas aprenderem, experimentem tocar todos juntos.

  1. Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
    1. O que você achou mais interessante nesse processo?
    2. Houve dificuldades? Quais?
    3. O que poderia ser melhorado em uma próxima experiência?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Que semelhanças e diferenças você identificou na relação que crianças e jovens estabelecem com a arte nos exemplos apresentados?
  2. O que o incentivou a pensar em novas possibilidades para você mesmo fazer algum tipo de arte? Por quê?
  3. Apresentamos exemplos de crianças e jovens que falam de si por meio da arte. E você, para falar de si, que gestos, palavras, objetos ou músicas usaria?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Ouça o áudio indicado com a turma. O objetivo é que, seguindo as orientações e o áudio, os estudantes aprendam um padrão rítmico com sons corporais, que poderá ser usado para acompanhar músicas de rap. É provável que alguns aprendam mais rápido que outros. Nesse caso, monte grupos para que os que aprenderam mais rápido ajudem os demais. Esteja aberto a sugestões, suas e dos estudantes, que possam levar à criação de variações para o padrão rítmico. Isso pode ser feito, por exemplo, substituindo algum dos sons corporais por outro, ou acrescentando novos sons entre eles. Essa atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois dois) da Bê êne cê cê.

Observação

Os elementos visuais apresentados para representar o ritmo permitem que você converse com os estudantes sobre diferentes formas de notação musical (partituras criativas) e podem servir como referência para notações de outros ritmos que vocês venham a estudar – contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois dois) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Depois que os estudantes tiverem aprendido a executar o ritmo com sons corporais, coloque alguns raps para tocar em um aparelho de som ou no celular, a fim de que eles treinem acompanhando a gravação. Depois disso, poderão ser formados dois grupos: um acompanhará a gravação com percussão corporal, o outro com canto.

Processos de criação

Mostra de trabalhos de arte

Ao longo do percurso por este livro, foram apresentados e produzidos trabalhos artísticos que também o incentivaram a pensar sobre si mesmo. Algumas das obras apresentadas e das atividades realizadas este ano podem tê-lo emocionado, despertado ideias ou motivado reflexões. Pensando nisso, propomos que você refaça alguma das atividades e escolha uma ou mais linguagens artísticas para compor uma música, uma cena, um objeto de arte ou uma dança.

No final, organize com a turma uma mostra de trabalhos de arte. Você pode trabalhar em grupo ou individualmente. Fornecemos a seguir um roteiro para o planejamento.

  1. Para começar, revisite a sua memória e o seu diário de bordo e folheie o seu livro.
  2. Das experimentações artísticas realizadas durante o ano, quais você teria vontade de repetir?
  3. Escolha uma e volte ao capítulo no qual ela é apresentada, leia novamente as orientações e prepare o material necessário.
  4. Organize suas ideias: quais são as suas inquietações e o que você tem vontade de dizer ao mundo neste momento? Esteja atento a isso quando revisitar a atividade.
  5. Com o auxílio do professor e dos colegas, organize as apresentações e exposições da turma.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. As suas inquietações ficaram evidentes no novo trabalho apresentado?
  2. Você se sentiu representado em alguma experimentação apresentada por outros colegas?
Orientações e sugestões didáticas

A proposta apresentada nesta seção marca o momento de encerramento e balanço anual. A atividade tem como objetivo criar um espaço para relembrar momentos que foram vivenciados ao longo do ano. Contemple as atividades sugeridas, assim como as atividades complementares do livro. A intenção é propor aos estudantes que atualizem a sua relação com os processos criativos que desejem retomar e não apenas se dediquem a uma exibição de seus resultados.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processo de criação; Matrizes estéticas e culturais; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Orientações: Processos de criação

Sugerimos que você determine o dia da apresentação e estabeleça um cronograma para a conclusão da atividade, reservando o tempo necessário para ensaio, montagem dos trabalhos e organização do espaço e dos materiais.

Para as apresentações, estimule os estudantes a reverem as atividades desenvolvidas nas seções Processos de criação e Para experimentar de cada capítulo estudado para que façam suas escolhas.

Organizando as ideias

Quadro com recortes de 4 fotografias. À esquerda, em primeiro plano, a poeta Thaís Aguiar, uma jovem com cabelos de dread. Ela está de perfil, com a boca aberta e a mão esquerda sobre o peito. Em segundo plano, diversas pessoas sentadas assistem à apresentação da jovem. Ao lado, fotografia parcial de panela com água fervendo sobre uma grelha velha de ferro. Embaixo dela, há lenhas e uma fogueira com chamas altas. Na sequência, fotografia com o recorte de um espetáculo de dança. Em primeiro plano, um homem com camiseta rosa, bermuda listrada, suspensórios e boné. Ele segura uma baqueta. Na frente dele, há um megafone no chão. Em segundo plano, uma menina em pé, dentro de uma piscina inflável rasa, sem água, segura um guarda-chuva rosa aberto. Ao fundo, cenário de quebra-cabeça. No alto, nuvem feita de feltro em cor branca. À direita, fotografia de um menino com uma peruca loira, chapéu preto, calça de cetim listrada em preto e branco e blusa com babado vermelho. Ele está agachado sobre um banco comprido de madeira, com o rosto inclinado para cima, sendo maquiado por outro menino que, em pé e de costas, segura um pequeno frasco com a mão esquerda e com a mão direita maquia a pálpebra esquerda do menino.

Neste capítulo, você explorou obras realizadas por jovens e crianças e conheceu artistas que relacionam a arte às questões da infância e juventude.

Para finalizar este capítulo e a sua trajetória por este livro, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Depois de tudo o que foi vivenciado nas aulas ao longo deste ano, algo mudou em sua relação com a arte presente em sua vida?
  2. As criações artísticas produzidas por você e por seus colegas ao longo deste livro influenciaram a sua fórma de lidar com situações em seu cotidiano? Por quê?
  3. As linguagens artísticas o ajudam a falar sobre si e sobre o que você vive? Como?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes integradas.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Sobre as atividades

  1. Incentive a turma a pensar se algo da percepção cotidiana se alterou ao longo do ano. Algum sentido se ampliou? As maneiras de se relacionar com o mundo ao redor e consigo mesmo se modificaram?
  2. Proponha aos estudantes que relembrem as vivências e as reflexões propostas nas atividades realizadas ao longo do ano.

Glossário

Filme-documentário
Filme que lida com a exploração de determinados fatos, personagens ou contextos da realidade. Assim, diferentemente dos filmes de ficção, em que, em geral, as histórias são inventadas e então encenadas, no documentário parte-se do registro de uma situação real para a construção da narrativa. Entretanto, um documentário é um recorte da realidade a partir do ponto de vista de quem realiza o filme.
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