CAPÍTULO 7 O corpo no espaço, o espaço no corpo
1. Como o corpo interfere no espaço e, ao contrário, como o espaço interfere no nosso corpo e o molda?
Tanto nas linguagens artísticas do teatro e da dança como na modalidade artística da performance, o espaço é fundamental, podendo afetar e/ou ser afetado pelos movimentos dos corpos que atuam em relação a ele.
2. Observe a imagem da abertura do capítulo. Que situação essas pessoas parecem vivenciar? Quais são os movimentos corporais que essa situação exige delas? Você associa esses movimentos a situações da sua vida? Quais?
Versão adaptada acessível
2. Volte à imagem da abertura do capítulo. Que situação essas pessoas parecem vivenciar? Quais são os movimentos corporais que essa situação exige delas? Você associa esses movimentos a situações da sua vida? Quais?
A ação acontece em um teatro. A plataforma suspensa sobre os bailarinos é a protagonista do trabalho – ela mede 6 métros por 6 métros, é inclinada por cabos e gira quando é suspensa pelo centro. Sua movimentação é controlada pelo computador.
No espetáculo, a movimentação da plataforma provoca os movimentos dos bailarinos. Seus gestos e deslocamentos são respostas aos desequilíbrios e às dificuldades impostos pelo espaço em que se encontram.
Neste capítulo, você vai explorar as relações entre espaço e corpo e as possibilidades artísticas nascidas dessa relação.
Faça no caderno.
PARA REFLETIR
Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
- Você já passou por situações em que sentiu o chão desaparecer sob seus pés?
- Você já esteve em algum lugar ou situação em que se sentiu como os artistas do espetáculo Celui qui tombe? Em quais situações de sua vida o espaço onde você estava parecia conduzir seus movimentos? Nessas situações e lugares, você podia escolher quais movimentos fazer?
SOBREVOO
O corpo nas paisagens
Faça no caderno.
- Observe a imagem. Os bailarinos estão dançando em um palco coberto por terra e há manchas em seus figurinos. Você já brincou ou se movimentou em um terreno com terra ou lama?
- Como você imagina que sejam os movimentos dessa dança?
A coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009) criou, em 1975, o espetáculo de dança A sagração da primavera, sua versão para a peça musical de mesmo nome do compositor russo Igor Istravínsqui (1882-1971).
Ao explorar a modalidade artística da dança-teatro, Pina Bausch optou por compor uma coreografia realizada em um espaço cênico coberto por uma grande quantidade de terra. Ao longo das apresentações, o espaço se transformava, a terra se misturava ao suor dos bailarinos e, ao se tornar lama, grudava e criava marcas em seus pés, roupas e peles, dificultando sua movimentação. Dançar sobre a terra criava uma intensidade de movimento que amplificava a agressividade da música de Stravinsky e dialogava com a história que a composição musical e o espetáculo queriam contar.
Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.
Foco na História
A dança-teatro
O termo Tanztheater [dança-teatro] foi criado pelo bailarino e professor alemão Kârt Iôs (1901-1979), que foi aluno e colaborador de rúdolf Laban (1879-1958). Em seu balé A mesa verde (1932), Jooss apresentou a encenação de uma guerra em que políticos discutem e se hostilizam, enquanto a população é atormentada pela figura da morte e sofre em meio a batalhas.
A história da dança-teatro no século vinte está ligada aos eventos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) na Alemanha. A destruição das cidades, causada pelos bombardeios, e sua posterior reconstrução, foram acontecimentos vividos por Kârt Iôs e por muitos artistas que estudaram com ele. Por essa razão, suas obras traziam, de modo peculiar, as questões sociais, políticas e psicológicas da época.
A continuidade do movimento da Tanztheater na Alemanha aconteceu graças ao trabalho de muitos artistas, entre eles Pina Bausch, que, entre os anos 1960 e 1970, passou a abordar em suas danças questões políticas, sociais e psicológicas relacionadas ao momento que vivia.
Chão de areia na dança
3. Observe as imagens. Qual é a diferença entre pisar e dançar em um chão de areia e em um tablado de madeira? Como diferentes tipos de piso podem alterar a atenção, a fôrça e a concentração de quem dança?
Na École des Sables, em Tubáb Dialáu, uma vila de pescadores no Senegal, uma das salas tem o chão de areia. Ao dançar nessa sala, os bailarinos afundam os pés no chão, ação que provoca ao mesmo tempo equilíbrio e desequilíbrio constantes. Outra sala da escola é aberta à paisagem natural e seu piso é um tablado; nesse caso, os pés mantêm a estabilidade e a sensação de equilíbrio muda devido à firmeza do chão.
A escola, especializada em dança tradicional e contemporânea africana, foi fundada pela bailarina e coreógrafa Germâni Aconí (1944-). Nas danças criadas por ela, a relação com a natureza e com o espaço é o fio condutor do trabalho.
A École des Sables conta com duas companhias de dança: a Jant-Bi, composta somente de homens, e a Jant-Bi Diguín, com um elenco de nove bailarinas formadas na própria escola.
A criação de uma companhia feminina tinha como objetivo refletir sobre a condição das mulheres na sociedade senegalesa e dar suporte e formação para que mais coreógrafas e bailarinas pudessem se tornar profissionais da dança no país.
A experiência de vida nas cidades e o trabalho de dança desenvolvido em diferentes tipos de piso constroem o gesto, o movimento de cada bailarina, e estão presentes nos trabalhos da companhia.
No espetáculo Afro-Dites/Kaddu Diguín! (2012) – criado por Germâni Aconí e seu filho Patríc Aconí, também coreógrafo e bailarino –, as dançarinas contam e mostram a vida de mulheres no Senegal.
Ao expor aspectos da cultura senegalesa urbana atual, o trabalho aborda temas comuns a todas as sociedades – como o amor, a diversão e o senso de humor – e apresenta um olhar crítico sobre as contradições entre os costumes tradicionais e a vida moderna.
Ao conhecer espetáculos como A mesa verde, A sagração da primavera e Afro-Dites/Kaddu Diguín!, é possível identificar temas que formam parte dos contextos em que foram criados.
4. Quais temas do universo em que você vive estariam presentes em um espetáculo de dança de sua autoria?
Ampliando corpos no espaço
Na obra de alguns artistas, a paisagem é um elemento fundamental para a expressão de suas ideias. Há ainda aqueles que optam por deixar suas marcas realizando intervenções artísticas nessas paisagens, como fizeram a cineasta belga radicada na França Agnès Varda (1928-2019) e o fotógrafo francês jota érre (1983-) nas situações retratadas no filme-documentário Visages Villages (2017).
Essa produção cinematográfica apresenta a viagem dos dois artistas rumo ao interior da França, dentro de um caminhão que se assemelha a uma máquina fotográfica.
5. Observe a imagem. Qual é a relação entre o tamanho da mulher em pé à frente da casa e as proporções de seu retrato ampliado na fachada? Como você imagina o impacto dessa intervenção no cotidiano das pessoas que vivem e transitam pela área próxima a essa casa?
Em cada um dos vilarejos visitados, os artistas retrataram momentos das vidas de seus habitantes e, a partir desses registros fotográficos, realizaram intervenções nos locais, ampliando os retratos em grandes proporções e colando-os em fachadas de edifícios e muros.
Varda e jota érre consideraram seu filme uma colagem cinematográfica, com jogos de palavras e de imagens de rostos e lugares.
• Se possível, assista com o professor e a turma ao filme Visages Villages. Direção: Agnès Varda e jota érre. França: Fênix Filmes, 2017. (89 minutos).
O documentário retrata a experiência da cineasta Agnès Varda e do fotógrafo jota érre em viagens por regiões da França, capturando imagens e expondo-as ao ar livre.
Para experimentar
Mural de retratos
Com base no que você conheceu sobre o documentário Visages Villages, que tal criar uma intervenção artística e realizar uma colagem de imagens em algum espaço de sua escola?
A proposta é que a turma crie um mural de grandes dimensões com retratos de indivíduos que transitam pelos espaços da escola. Para isso, todos deverão recolher fotografias de pessoas que trabalhem no local ou o frequentem. Preferencialmente, devem ser escolhidas imagens de rostos.
Também é possível recolher histórias de experiências importantes que essas pessoas tiveram no espaço escolar. Essas histórias, transcritas em folhas de papel ou nas próprias imagens, podem contribuir para a composição do mural.
- Com o auxílio do professor, reúna-se com os colegas em grupos de até seis integrantes.
- Os membros do grupo deverão coletar fotografias de quem convive no espaço escolar: professores, funcionários de diferentes setores, estudantes de outras turmas etcétera
- Converse com os colegas de outros grupos e organizem os materiais coletados. As seguintes perguntas podem orientar essa etapa: Que relação se pode estabelecer entre os diferentes itens coletados? O que a junção desses materiais pode expressar? Como eles serão colados? Qual é a relação entre as imagens e o espaço escolhido da escola onde será realizada a intervenção?
- Com o auxílio do professor, você e seus colegas devem montar a colagem e afixar o mural em algum espaço da escola.
- Uma vez realizada a intervenção, tente conversar com as pessoas que contribuíram com a obra e perguntar a elas quais foram suas impressões. Você pode elaborar questões como: O que você tem a dizer sobre o trabalho? Qual é a sensação de ter uma foto sua como parte de uma obra instalada na escola? Em que essa obra o faz pensar?
- Após a realização de todas as etapas da intervenção artística, converse com os colegas e com professor a respeito das seguintes questões.
- Qual foi o impacto da intervenção na comunidade escolar?
- Quais foram as suas principais descobertas ao longo da realização dessa intervenção artística?
- Como você pensa a relação entre espaço e corpo com base na criação desenvolvida por você e seus colegas?
A travessia da Grande Muralha da China
Os artistas se relacionam diretamente com o lugar onde realizam sua obra, podendo interferir em suas paisagens e modificá-lo fisicamente, assim como fizeram Agnès Varda e jota érre, ou usá-lo como fio condutor de seus temas de trabalho, como fazem as companhias da École des Sables. O local ainda pode impor um desafio a ser superado, como aconteceu na performance The Lovers: The Great Wall Walk [Os amantes: a caminhada da Grande Muralha, em tradução livre] (1988), realizada pela sérvia Marina (1946-) e pelo alemão Úlai (1943-2020).
As imagens que você vê nesta página e na seguinte são registros da caminhada dos dois artistas ao longo da Grande Muralha da China. Foram 2,5 mil quilômetros percorridos a pé em 90 dias. Marina saiu da extremidade leste da muralha, às margens do mar Amarelo, e iniciou sua caminhada em direção ao oeste; Ulay saiu da extremidade oeste, no deserto de Gobi, e caminhou em direção ao leste. O encontro entre eles se deu na província chinesa de Chaancí.
Nessa performance, que envolvia caminhada e meditação, os artistas enfrentaram dificuldades com o clima, com o relevo das regiões atravessadas, com os desvios em trechos onde a muralha estava em ruínas e com a comitiva de guias e seguranças locais que controlavam o trabalho – eles dependiam de autorizações a cada etapa do percurso.
6. Você já caminhou ou passou por algum lugar em que fossem impostas condições específicas para atravessá-lo? Como você lidou com essas condições? O que o motivou a completar o percurso?
A proposta inicial dos dois artistas, quando planejaram a performance em 1981, era de se casarem no encontro após a caminhada ao longo da muralha. Entretanto, do início do planejamento até a liberação do governo chinês para a concretização da ação passaram-se sete anos, e a relação do casal já não era a mesma. The Lovers acabou significando o final do relacionamento amoroso de 12 anos e da parceria artística entre Marina e Úlai, e o encontro representou o momento de despedida da dupla. A performance exigiu de ambos muita resistência para enfrentar a caminhada e persistência para finalizar a ação.
Para Marina , a caminhada marcou o começo de uma nova etapa de trabalho. Uma das histórias e lendas que escutou pelos vilarejos por onde passou era a de que a grande muralha de pedra é um imenso dragão e que esse ser, na cultura chinesa, representa a unificação dos elementos terra e ar. As lendas e as histórias despertaram seu interesse em conhecer práticas corporais envolvendo o uso de pedras e cristais. Em suas anotações, ela registrou que sentia a energia que vinha do chão e que isso a ajudava a caminhar. Desde então, entre os trabalhos que tem desenvolvido, muitos incluem pedras.
Para pesquisar
Mapeando histórias
As obras apresentadas neste Sobrevoo tratam do encontro entre pessoas e lugares; então, convidamos você a ter um encontro com sua cidade, buscando ouvir e recriar histórias sobre ela.
- Procure alguém mais velho, a quem você possa fazer perguntas e que possa contar alguma história de sua cidade.
- Ouça as histórias com atenção e tire suas dúvidas.
- Faça anotações sobre o que ouviu em seu diário de bordo.
- Em seguida, escreva uma história com base no que ouviu.
- Posteriormente, selecione imagens antigas e atuais do local sobre o qual conversaram e também um ou mais retratos de você e da pessoa que contou a história.
- Leve seu texto e as imagens para a sala de aula para compor um mural com todo o material coletado e produzido pela turma. Possivelmente, o painel formará um mapa de uma parte da sua cidade.
- Para concluir, conversem sobre a atividade com base no roteiro de perguntas a seguir.
- O que você conheceu sobre a sua cidade?
- Qual é a diferença entre pesquisar um assunto em um livro e ouvir alguém relatar sobre ele a você?
- Como você recriou a cidade ao escrever a história?
- Você considera a cidade do mural real?
- Como você a descreveria?
Faça no caderno.
PARA REFLETIR
Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
- De acordo com suas observações, em quais das obras apresentadas no Sobrevoo a relação entre espaço e corpo é mais intensa?
- Qual dos trabalhos apresentados mais despertou seu interesse? Por quê?
- Como você pensa, agora, a relação entre seu movimento corporal e os espaços que o cercam?
Foco em...
Pina Bausch
A alemã Filipína Bausch, conhecida como Pina Bausch, começou a estudar dança aos 15 anos, na escola Folkwang, dirigida na época por Kârt Iôs. Em 1960, ela recebeu uma bolsa para estudar na Juilliard School of Music, em Nova York. De volta ao seu país, Pina Bausch tornou-se professora de sua antiga escola e, mais tarde, diretora.
Em 1973, Pina Bausch se tornou coreógrafa residente do balé do Teatro da Ópera da cidade alemã de Wuppertal. À frente desse grupo, Pina colocou em prática as suas ideias artísticas, fruto de sua formação, e passou a chamar o grupo de Tanztheater Wuppertal [Dança-teatro de Wuppertal, em tradução livre].
A coreógrafa tinha interesse em criar, com seus bailarinos, fórmas de dança que abrissem o caminho para novas movimentações. Essas novas fórmas partiam de aprendizados do balé clássico e da dança moderna. Para isso, Pina e os seus bailarinos-criadores começaram a investigar possibilidades da dança-teatro, sempre tendo em vista o objetivo de não separar aquilo que caberia à dança ou ao teatro particularmente, mas sim de fazer com que as duas linguagens se complementassem.
Portanto, ao assistir a um espetáculo do Tanztheater, por mais que os elementos teatrais (palavras, jogos de cena, diálogos etcétera) estejam presentes, há uma mistura de gestos e de movimentações próprios da dança.
Nos espetáculos criados pela coreógrafa e pelos bailarinos do Tanztheater Wuppertal também se destaca a interação com elementos naturais nos cenários.
Como você viu no Sobrevoo deste capítulo, Pina Bausch utilizou terra no espetáculo A sagração da primavera (1975). Outros exemplos são a água em Vollmond (2006) e as flores sobre o palco em Nelken (1982) – que podem ser vistas nas imagens a seguir.
Esses elementos criavam imagens atraentes e serviam para modificar os movimentos dos bailarinos, influenciando seus corpos, suas roupas e, às vezes, até mesmo alterando seu equilíbrio.
Ao lidar com esses materiais sobre o palco durante as apresentações, os esforços físicos dos bailarinos se tornavam visíveis para o público. Pina Bausch utilizava esses elementos para que os bailarinos tivessem de lidar com limites físicos concretos. Em suas peças, há duas características muito importantes: como o bailarino vive aquela situação e a reação provocada no espectador.
• Se possível, assista com os colegas e o professor ao filme-documentário Pina. Direção: Vim Venders. Alemanha; França; Reino Unido: Imovision, 2011. (106 minutos).
O filme-documentário apresenta um espetáculo de dança e teatro inspirado no trabalho da coreógrafa alemã Pina Bausch, utilizando a tecnologia três dê.
Faça no caderno.
PARA REFLETIR
Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
- Tente se lembrar de momentos de sua vida em que você tenha se comunicado utilizando o corpo, sem usar palavras. Que estratégias empregou para estabelecer essa comunicação?
- Se você teve oportunidade de assistir a alguns trechos dos espetáculos citados da companhia de Pina Bausch que fazem uso de elementos da natureza, o que percebeu nos movimentos dos bailarinos na relação com esses materiais?
Foco no conhecimento
Construção da dramaturgia
A dramaturgia é um importante elemento das artes cênicas. É ela que possibilita estabelecer a organização de uma peça, uma performance, uma instalação, uma coreografia, relacionando entre si uma série de elementos como a narrativa, os movimentos, as palavras e os espaços.
É, portanto, o trabalho da dramaturgia que concebe as fórmas pelas quais o processo criativo dos artistas pode se comunicar com os espectadores.
A seguir, você vai conhecer três tipos de organização dramatúrgica e em que consistem:
1 Dramaturgia do corpo
Consiste em organizar as fórmas como os corpos dos intérpretes se movimentam e se relacionam entre si.
2 Dramaturgia do espaço
Busca compreender o espaço no qual a obra será criada para organizar as relações entre os corpos dos intérpretes e esse espaço.
3 Dramaturgia ficcional
É o encontro entre a organização do corpo e do espaço, com a intenção de estabelecer uma narrativa, histórias, representações etcétera
Faça no caderno.
PARA REFLETIR
Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
- Como se organiza a dramaturgia do corpo em Afro-Dites/Kaddu Diguín!, da companhia Jant-Bi Diguín?
- Como se organiza a dramaturgia do espaço no espetáculo A sagração da primavera?
- Quais relações entre espaço e corpo você observa em sua sala de aula? E em outros espaços que frequenta?
Processos de criação
Após você ter visto diversos exemplos e possibilidades de relação entre corpo e espaço, propomos que você e sua turma criem ações cênicas e dançadas pela escola.
Essa criação será composta de duas etapas: uma individual, na qual você deve elaborar uma dramaturgia corporal em resposta a uma pergunta coletiva, e uma ação coletiva, na qual você e seu grupo criarão uma pequena obra em algum espaço da escola.
- Criação individual de uma dramaturgia corporal
- Reflita sobre a pergunta a seguir e dê a resposta utilizando o corpo.
• Qual foi o momento ou episódio mais marcante que já aconteceu com você na escola?
- Experimente diferentes maneiras de contar esse episódio por meio de gestos e movimentações com seu corpo.
- Aos poucos, eleja alguns movimentos específicos e organize a sua dramaturgia corporal.
- Demarque o começo, o desenvolvimento e o fim de sua ação.
- Quando tiver decidido todos os movimentos (a ordem, a velocidade, o peso, a fórma, os ritmos etcétera), apresente-os aos colegas e assista aos deles.
- Criação coletiva de uma dramaturgia espacial
- Agora, com base nas criações individuais elaboradas na etapa anterior, reúna-se com os colegas que tenham pontos em comum com o episódio que você escolheu.
- Em grupo, pensem em uma fórma de combinar os movimentos individuais em uma composição coletiva. Uma possibilidade é usar o procedimento da colagem, isto é, justapor e encadear as movimentações individuais em uma mesma movimentação.
- Enquanto você e seu grupo pensam na elaboração coletiva dos movimentos, pensem também em um espaço da escola que dialogue com os episódios lembrados por vocês. Com o auxílio do professor, escolham um espaço para apresentar a criação do grupo.
- Fornecemos a seguir alguns exemplos que podem auxiliar na escolha do espaço e no tipo de relação que se pode estabelecer:
- Percepção da textura, dos sons, da iluminação e da temperatura.
- Dimensões do espaço.
- Funções do espaço (para aulas, para refeições, para descanso, para leituras etcétera).
- Materiais projetados ou sonoros formando uma paisagem com a qual o grupo se relaciona.
- Definam uma dramaturgia espacial considerando as seguintes questões:
- Como cada um dos movimentos individuais e coletivos interfere no espaço?
- Como o espaço interfere nos movimentos individuais e coletivos do grupo?
- Após a escolha e os ensaios, apresentem a criação para a turma e assistam às criações dos outros grupos.
- Se possível, gravem a ação coletiva em vídeo e acrescentem-na ao acervo digital da turma. Esse material pode ser útil para que os grupos avaliem as suas apresentações posteriormente.
Faça no caderno.
PARA REFLETIR
Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
- Como foi para você vivenciar essa experiência? O que você identificou no trabalho dos colegas?
- Os trabalhos de seu grupo e os dos demais apresentaram ideias fechadas ou havia um convite para que o espectador pensasse sobre o assunto e o olhasse de um novo ponto de vista?
- Que relações entre espaço e ação ficaram mais claras?
Organizando as ideias
Com base no que foi apresentado neste capítulo, a respeito das relações entre o corpo e o espaço interferindo-se mutuamente, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.
Faça no caderno.
- Como você vê, agora, a relação entre corpo e espaço?
- Quais experimentações corporais e espaciais vistas no capítulo mais interessaram a você? Por quê?
- Quais experimentações corporais e espaciais criadas por você foram mais surpreendentes?
- Quais são os espaços da escola e de seu bairro nos quais você teria interesse em propor intervenções artísticas?
- Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?