CAPÍTULO 8 Paisagens em sons e imagens

Fotograma. No centro da imagem, um homem de chapéu, vestindo camisa xadrez e calças. Ele segura um cavalete e outros utensílios de pintura. Está de perfil, com a cabeça voltada para cima, percorrendo um caminho de terra avermelhada que passa em meio a uma plantação dourada. Sobrevoando a plantação, um bando de pássaros pretos. No fundo, céu azul com alguns pássaros pretos.
SONHOS. Direção: Akira Curossáua e Ichíru Ronda. Japão: Warner Bros, 1990. Fotograma.

Antes de encerrar o percurso por este livro, convidamos você a conhecer artistas que utilizam a linguagem audiovisual e, principalmente, a modalidade artística do cinema para explorar novas relações com as paisagens, tanto as reais quanto as criadas pela imaginação. Linguagem audiovisual é aquela que integra elementos sonoros e imagens em movimento. Um terceiro elemento, a linguagem verbal, é comum hoje nas obras audiovisuais e se manifesta, por exemplo, nas falas dos filmes.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo. Em que ela faz você pensar?

Versão adaptada acessível

1. Retome a imagem de abertura do capítulo. Em que ela faz você pensar?

Essa imagem foi extraída do filme Sonhos (1990), do cineasta japonês Akira Curossáua (1910-1998), que era um grande admirador do pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890).

Em “Corvos”, um dos episódios do filme, o cineasta faz uma homenagem a Van Gogh, situando a ação em cenários que remetem a algumas das paisagens mais famosas pintadas por esse artista. Desse modo, Curossáua estabelece um diálogo entre sua arte, o cinema, e a pintura.

Neste capítulo, veremos exemplos de obras e filmes que apresentam paisagens reais e imaginárias do nosso mundo e de mundos que poderiam ser inventados.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais são seus filmes favoritos? Quais são as paisagens e os espaços retratados neles?
  2. O que mais chama a sua atenção quando você assiste a filmes, vídeos ou videoclipes?
  3. Se você fosse fazer um filme, como ele seria?

SOBREVOO

As paisagens sonhadas e concretas do cinema

Fotograma. Paisagem de cores intensas e variadas, toda texturizada com pinceladas. À direita, uma grande casa de teto alto pintado com pinceladas coloridas em tons de azul, cinza, verde e laranja. A frente tem uma porta azul e tons terrosos e azuis na parede. À esquerda da casa, há uma encosta com vegetação colorida, pintada com movimentos sinuosos. No alto, há uma cerca e depois dela figuras coloridas indefinidas em tons de vermelho, verde, azul e amarelo. Na parte inferior, de um lado a outro, uma cerca delimita a paisagem pintada. Do lado externo à cerca, na parte inferior da imagem, há um homem de chapéu, vestindo camisa xadrez e calças. marrons. Ele segura um cavalete e outros utensílios de pintura. Está de costas, com a cabeça voltada para a paisagem pintada.
SONHOS. Direção: Akira Curossáua e Ichíru Ronda. Japão: Warner Bros, 1990. Fotograma.

Faça no caderno.

  1. Observe a imagem de mais uma cena do episódio “Corvos”, do filme Sonhos. Ela parece uma paisagem real? O que você identifica na imagem que o faz pensar assim? Em que essa imagem difere da cena apresentada na abertura deste capítulo?
  2. Você se lembra de algum som ou silêncio marcante em algum filme ao qual tenha assistido? E de uma música?
Ilustração. Ícone do Para assistir.

Se possível, assista com os colegas e o professor ao filme Sonhos. Direção: Akira Curossáua e Ichíru Ronda. Japão: Warner Bros, 1990. (119 minutos).

O filme é um conjunto de oito curtas-metragens – oito sonhos diferentes que dialogam entre si.

No cinema, para criar ou representar paisagens e contar histórias, tão importantes quanto a sequência de imagens e suas cores são também todos os sons que compõem cada cena.

Na produção de um filme, os sons se dividem em pelo menos três categorias diferentes, que interagem entre si e podem ser denominadas: glossário ruídosglossário , diálogosglossário e músicasglossário . Nos filmes, o silêncio também é um recurso usado para estimular sensações e reflexões.

As músicas no filme Sonhos, entre outros aspectos, explicitam o encontro de elementos das culturas oriental e ocidental, algo que foi marcante na vida do diretor e, de modo geral, em todo o Japão após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Elementos da cultura japonesa são evocados, por exemplo, pelos sons de tambores e flautas tradicionais que soam na cena da floresta no episódio “A raposa”, retratado na imagem a seguir. Elementos ocidentais ganham destaque no episódio “Corvos”, em que o personagem passeia pelos quadros do pintor víncent van gógui ao som de um piano.

Para pensar em todos os detalhes e elaborar todos os efeitos sonoros de um filme, ou seja, para compor sua trilha sonora, geralmente o diretor trabalha em parceria com um músico. Em Sonhos, foi o músico japonês Cocorô Itíro Iquebé (1943-).

Fotograma. No centro da imagem, pessoas mascaradas, de chapéus redondos e uniformizadas, vestindo quimonos pretos, e uma que usa quimono branco, alinhadas em duas filas. À frente de cada fila há uma pessoa com traje em cor diferente, quimono azul-escuro sobre vestes pretas, com calças compridas, usando meias pretas e sandálias de tiras claras. Cada uma delas segura uma espécie de estandarte suspenso em uma das mãos, com um símbolo igual ao que está nas duas abas de todos os quimonos. Elas estão percorrendo um caminho enevoado através de uma floresta. A luz do sol atravessa as árvores e aparece sobre o chão de terra. À margem desse caminho há pequenos monumentos ou marcos.
SONHOS. Direção: Akira Curossáua e Ichíru Ronda. Japão: Warner Bros, 1990. Fotograma.

Os ruídos ganham destaque no filme de Curossáua em momentos de contemplação da natureza, nos quais o diálogo e a música silenciam para então, após alguns instantes, ressurgirem repentinamente. Esse efeito tem a função de direcionar a atenção do espectador até que ele seja rompido por um diálogo ou uma música.

O cinema visita a Lua

Desde seu surgimento, no final do século dezenove, a modalidade artística do cinema possibilitou “viagens” para lugares inusitados. Em 1902, o diretor Jórge Meliés (1861-1938) convidou os espectadores de cinema para uma viagem nunca antes realizada: rumo à Lua.

Viagem à Lua (1902) é um filme mudo considerado o primeiro filme de ficção científica a representar seres alienígenas e utilizar uma mescla de imagens reais com técnicas de animação, além de efeitos especiais.

Fotograma. Imagem em preto e branco de filme cinematográfico antigo em que a Lua apresenta um rosto humano com expressão aborrecida porque está com uma cápsula espacial entalada dentro de um dos olhos.
VIAGEM à Lua. Direção: Jórge Meliés. França: Star Film, 1902. Fotograma.

3. Essa imagem se tornou um ícone do cinema. Você já a conhecia? O que parece acontecer nessa cena? Quais elementos você identifica nela?

Fotograma. À esquerda, duas pessoas de trajes longos estão juntas; uma delas com um dos braços flexionado e a mão na cintura, e a outra com um dos braços estendido para o alto, tocando um globo terrestre transparente sobreposto a uma estrela de seis pontas. Ao lado delas, uma mulher usando vestido claro está sentada em uma figura de lua crescente, com um dos braços estendidos e a mão tocando esse globo terrestre. À direita delas, um homem de cabelos e barbas longos, com uma espécie de tiara alada, está recurvado dentro de um círculo semelhante a um planeta circundado por anéis. Abaixo dessas personagens há cinco pessoas deitadas, com as cabeças inclinadas, uma delas de boca aberta. O cenário é coberto por diversos buracos semelhantes a crateras lunares e vegetação.
VIAGEM à Lua. Direção: Jórge Meliés. França: Star Film, 1902. Fotograma.

Atualmente, representar extraterrestres, planetas e galáxias é algo comum no cinema. Contudo, no começo do século vinte, a ideia de que era possível viajar pelo espaço sideral ainda era muito nova. Jórge Meliés realizou, portanto, uma grande inovação.

O filme conta a história de alguns cientistas que decidem criar uma nave espacial e realizar o impossível: visitar a Lua e trazer as suas descobertas de volta para o planeta Terra. Na superfície da paisagem lunar, eles acabam se envolvendo em uma série de problemas e são capturados em um confronto com os habitantes da Lua. Entretanto, os cientistas conseguem se libertar e voltar à Terra, trazendo consigo um dos alienígenas, que acaba se habituando aos costumes da sociedade da época.

Ilustração. Ícone do Para assistir.

Se possível, assista com os colegas e o professor ao filme Viagem à Lua. Direção: Jórge Meliés. França, 1902. (14 minutos).

O filme mostra os acontecimentos inusitados que ocorrem em uma viagem de exploração à Lua feita pelo professor Barbanfulí (Jórge Meliés) e seus colegas.

Foco na História

Os primeiros anos do cinema

As primeiras experiências com imagens em movimento datam do final do século dezenove. Em dezembro de 1895, os irmãos Luí Limiérr (1864-1948) e Oguíst Limiérr (1862-1954) exibiram um filme em uma sessão paga no Le Grand Café, em Paris (França), para um público de cêrca de 20 pessoas. Embora outros pesquisadores também estivessem experimentando meios de colocar fotografias em sequência, resultando em imagens em movimento, os irmãos Limiér patentearam a descoberta e ficaram mais conhecidos porque o equipamento que desenvolveram era mais leve e fácil de ser usado, pois funcionava a manivela e não dependia de luz elétrica.

Nos primeiros anos de existência do cinema, os filmes eram curtos e o foco principal não estava na história contada. O objetivo dos cineastas era distrair o público com cenas que encantavam ou provocavam espanto por terem movimento.

Algumas das primeiras produções eram apenas registros de cenas reais, como um bebê comendo, a chegada de um trem a uma estação ou a saída de funcionários de uma fábrica.

Ainda no início da história do cinema, quando as cenas eram gravadas em estúdios, os cenários geralmente eram simples, feitos com painéis pintados. As câmeras muitas vezes ficavam paradas, e o cenário e os atores é que se movimentavam. Também havia pouca variação nos enquadramentos.

Jórge Meliés foi um dos primeiros a explorar a ficção no cinema, com suas histórias fantásticas. Como ele também era mágico, usava recursos de ilusionismo para produzir os efeitos visuais especiais em seus filmes. Sua produtora cinematográfica, a Star Film, esteve ativa entre 1896 e 1912.

No final dos anos 1910, já se faziam filmes com narrativa; e, nessa mesma década, Hollywood, nos Estados Unidos, já despontava como um grande polo cinematográfico, pois seus estúdios já contavam com recursos para produzir filmes de longa duração.

No início, os filmes eram mudos (os sons não eram incluídos nos rolos de gravação), mas o público podia acompanhar a exibição de muitos filmes com músicas que eram tocadas ao vivo.

Desde então, o cinema foi se desenvolvendo, ganhando estilos diferentes, e os efeitos visuais e sonoros foram ficando cada vez mais elaborados. O que começou com a fotografia em movimento passou a integrar as inovações trazidas pela computação gráfica, chegando aos resultados que vemos nos filmes atuais.

Fotografia. Reprodução de pôster colorido. À esquerda, no fundo, um homem  uniformizado usando chapéu e casaco com ombreiras. Ele está de pé. No centro da imagem, várias pessoas sentadas de costas olhando para uma tela de cinema. Elas usam trajes antiquados e têm expressão de admiração. Ao fundo, atrás de uma cortina, uma grande tela projetando um filme em preto e branco. Abaixo da cena, as palavras em francês, CINÉMATOGRAPHE LUMIÈRE.
Pôster criado por Marcelân Uzóle para a primeira apresentação pública do Cinematógrafo Limiér no Le Grand Café, em 28 de dezembro de 1895. Museu da Publicidade, Paris, França.

Para experimentar

Criação de um roteiro

Que tal experimentar ser roteiristaglossário de cinema?

Utilize seu diário de bordo para as anotações e para o planejamento desta atividade.

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de três integrantes.
  2. Escolham um filme de que todos gostem para criar um novo roteiro baseado nele.
  3. Se não se lembrarem de todos os detalhes, e houver possibilidade, revejam o filme fazendo anotações.
  4. Selecionem um elemento desse filme (pode ser um personagem, o cenário, o enredo, o tema ou a trilha sonora). Essa escolha norteará a criação de um novo roteiro. O elemento escolhido será mantido como no filme, e os demais elementos serão alterados. Por exemplo, se o grupo escolher o cenário, deverá criar uma nova história, com novos personagens, mas que se passará no mesmo cenário do filme escolhido.
  5. Decidam o Gêneroglossário de seu filme e o tempo de duração.
  6. Primeiro, definam os personagens, o conflito principal, o local e a época onde se passa a história. Soltem a imaginação!
  7. Quando a ideia geral do filme estiver clara para todos, desenvolvam os detalhes do roteiro. As perguntas a seguir podem orientar esse processo:
    1. Quais são as características físicas de cada personagem? Como eles se vestem e se comportam?
    2. Como é a interação entre os personagens?
    3. Quem é o protagonistaglossário ? Existe um antagonistaglossário ?
    4. Onde se passa cada cena do filme? Como são os cenários?
    5. Quais ações acontecem nesse filme?
  8. Escrevam as ações e os diálogos, pensando sempre na continuidade da história, que deve ter começo, meio e fim.
  9. Compartilhem com a turma os resultados do seu trio e, em seguida, debatam sobre as questões a seguir.
    1. Quais foram os roteiros mais inusitados?
    2. Como cada grupo se apropriou do filme de inspiração?
    3. Quais propostas de soluções visuais cada grupo apresentou?

Para pesquisar

Escuta atenta a trilhas sonoras

Trilha sonora é um termo técnico que originalmente se refere a todos os sons presentes em um filme, mas esse termo é comumente usado para referir-se apenas ao conjunto de músicas que tocam em um filme. Os sons e as músicas influenciam decisivamente na maneira como as cenas são percebidas, mas nem sempre os espectadores estão cientes disso.

Você já assistiu a cenas de um filme conhecido sem as músicas? E com as músicas trocadas? Isso pode ser muito interessante para perceber quanto a música e os ruídos interferem no modo como a cena cinematográfica nos afeta.

Com o auxílio do professor, você pode encontrar facilmente filmes sem as músicas realizando buscas na internet. Assistindo a cenas sem a música, mantendo todos os ruídos, os sons que compõem as paisagens e as ações ficam mais perceptíveis.

Também é possível encontrar trechos de filmes conhecidos com diferentes opções de músicas na trilha sonora.

Experimente! Ao assistir a cenas com as músicas diferentes das originais, repare se mudam as sensações ou os sentimentos que as cenas provocam em cada caso e comente com os colegas e com o professor.

Ilustração. Um pedaço de película cinematográfica com diversos quadros. Em cada quadro há uma figura: uma nota musical, um alto-falante, outra nota musical, uma caixa sonora  e mais uma nota musical. Em cada lado da película há diversos quadradinhos brancos.
Fotograma. À esquerda há um tucano de bico laranja, com a cara coberta por diversas faixas coloridas, como um arco-íris, e corpo verde-musgo, empoleirado sobre um galho de árvore. No centro, um menino com uma grande cabeça redonda, camiseta listrada e calção. Ele se pendura com a mão esquerda agarrando um ramo de planta preso a um círculo amarelo enorme no alto da cena. À direita, um macaco de longa cauda com a ponta encurvada está em um galho de árvore, com a cabeça voltada para o menino. Ao fundo, floresta em tons de verde e um rio azul.
O MENINO e o mundo. Direção: Alê Abreu. Brasil: Filme de Papel, 2013. Fotograma.

4. Observe essa imagem e a da página seguinte e preste atenção nas paisagens representadas. Que espaços você consegue reconhecer nelas? Quais elementos presentes nas imagens o levaram a essas conclusões?

Fotograma. À direita, casas com janelas retangulares amarelas,  representando luzes acesas em seu interior, e postes de iluminação com fios estendidos entre eles. No centro, silhuetas de duas pessoas de perfil, um adulto com uma criança pequena no colo, em um cenário noturno. Acima das pessoas, duas luas cheias no céu e uma pipa. Ao fundo há muitas casas iluminadas, distribuídas até a linha do horizonte.
O MENINO e o mundo. Direção: Alê Abreu. Brasil: Filme de Papel, 2013. Fotograma.

As imagens são do filme de animaçãoglossário glossário brasileiro O menino e o mundo (2013), dirigido por Alê Abreu (1971-), que conta a história do jovem Cuca, um garoto que vive em um pequeno povoado.

Acostumado a uma paisagem repleta de belezas naturais e simplicidade, o menino conhece diversas outras paisagens que diferem, em muito, daquelas às quais es­tava habituado quando decide partir em uma viagem em busca de seu pai, que foi procurar emprego na capital.

Ao longo do trajeto, Cuca passa por um campo, onde vê diversos trabalhadores sendo explorados por grandes fazendeiros; conhece enormes estradas que levam mercadorias e pessoas para diferentes cidades e estados; e, por fim, conhece uma grande cidade, marcada pela desigualdade social e cheia de obstáculos impostos pelo mundo do trabalho. Ainda na cidade, Cuca também conhece o Carnaval, um momento festivo, alegre e colorido de reunião das pessoas.

Nesse filme de animação, todas as paisagens pelas quais Cuca transita são compostas de muitas cores. Os fotogramas do filme O menino e o mundo foram elaborados com giz de cera, caneta hidrográfica, lápis de cor ou colagem, entre outras técnicas artísticas que contribuíram para criar uma atmosfera visual viva e intensa, em um processo diferente das animações desenvolvidas em grandes estúdios, que, em geral, apelam para um uso excessivo de computação gráfica e de técnicas pouco artesanais para criação das imagens.

Ilustração. Ícone do Para assistir.

Se possível, assista com os colegas e o professor ao filme O menino e o mundo. Direção: Alê Abreu. Brasil: Filme de Papel, 2013. (85 minutos).

A animação conta a história de Cuca, um menino do interior que decide viajar para procurar o pai, que partiu em busca de trabalho na desconhecida capital.

Para experimentar

Criando uma animação

Que tal experimentar criar uma sequência de animação?

  1. Reúna-se com seus colegas em um grupo de quatro integrantes.
  2. Cada grupo vai precisar de: 20 folhas de papel sulfite, tesoura escolar e material para desenhar e colorir (lápis, canetas hidrográficas, giz de cera, lápis de cor etcétera).
  3. Para criar cinco segundos de animação, será necessário desenhar 80 fotogramas diferentes.
  4. Converse com seus colegas de grupo e definam uma história para ser contada nesses cinco segundos.
  5. Com base nos elementos vistos ao longo deste capítulo, reflitam:
    1. Como será desenhada a sequência dessa história?
    2. Quais cores serão utilizadas nesses desenhos de maneira a deixá-los mais atraentes?
  6. Depois de definida a história e os elementos do desenho, vocês podem dividir cada uma das folhas de papel sulfite em quatro partes iguais e, em seguida, destacar essas partes.
  7. Quando tiverem os 80 quadros de papel em branco, que serão seus fotogramas, dividam-se e componham nos quadros uma sequência de desenhos com o material disponível.
  8. Ao final, os fotogramas podem ser animados tanto pelo movimento manual, ao folhear rapidamente os quadros, quanto pela montagem em algum programa de computador usando fotos tiradas de cada um dos quadros. Se vocês seguirem a primeira opção, experimentem prender as folhas por um dos lados, como se fosse um livreto, para facilitar a passagem de uma para outra.
  9. Se tiverem a possibilidade de registrar a animação em vídeo, com o auxílio do professor, acrescentem as animações feitas pelos grupos ao acervo digital da turma, para que todos possam assistir aos trabalhos dos colegas.
  10. Depois de apresentar a sua animação à turma e de assistir ao trabalho dos outros grupos, converse com os colegas e com o professor a respeito da realização desta atividade. Compartilhe as suas impressões sobre os elementos, as cores e as fórmas de contar as histórias que mais chamaram a sua atenção.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Qual das modalidades de produção de vídeos e filmes que você conheceu neste capítulo mais chamou a sua atenção? O que despertou seu interesse?
  2. Como os sons (músicas, ruídos e diálogos) contribuem para configurar as paisagens e contar as histórias?

Processos de criação

Uma das técnicas cinematográficas mais desafiadoras é a do plano-sequência. Ela consiste em gravar uma cena em vídeo, de um filme ou videoclipe, usando um único plano cinematográficoglossário .

Com essa técnica, não há nenhum tipo de corte ou truque de montagem.

No cinema, o corte e a mudança de plano permitem que uma mesma cena possa ser filmada diversas vezes e, no trabalho de edição final, ser composta de partes de distintas versões registradas, dando a ilusão de uma continuidade.

Em um plano-sequência, por mais que se filme diversas vezes o mesmo plano, deve-se, ao final, escolher apenas uma versão filmada para a finalização da obra.

O que torna esse trabalho tão desafiador é justamente o fato de que, para ser gravado, um plano-sequência necessita de muito preparo e elaboração.

Que tal criar uma obra audiovisual utilizando a técnica do plano-sequência?

  1. Planejamento
    1. Com o auxílio do professor, pesquise na internet algumas obras que utilizam a técnica do plano-sequência e converse a respeito delas com seus colegas antes de começar a sua criação.
    2. Reúna-se com seus colegas em um grupo de quatro integrantes.
    3. Planejem uma ideia para uma cena/videoclipe/coreografia que possa ser gravada e registrada em um plano-sequência e realizada em um ou mais espaços de sua escola.
    4. Organizem em seus diários de bordo, ou em folhas de papel, por meio de desenhos e mapas, toda a movimentação e os elementos necessários para concretizar o projeto. Vocês podem criar storyboardglossário dos movimentos que vão gravar.
    5. Com o auxílio do professor, planejem as condições para que a gravação do vídeo possa acontecer na escola.
Fotografia. Destaque das pontas dos dedos de uma pessoa segurando um lápis preto sobre um quadrinho com ilustrações a traço.
Criação de um storyboard.
  1. Ensaio
    1. Antes de gravar, ensaiem a criação do grupo no(s) espaço(s) escolhido(s). Lembrem-se de que o plano-sequência não permite a possibilidade de edições nem cortes. Assim, a gravação deve ser feita de uma única vez.
  2. Registro
    1. Quando o grupo ficar satisfeito com os ensaios, é o momento de gravar.
    2. Com equipamentos de registro de imagem, organizem-se para gravar algumas versões do plano-sequência inteiro.
  3. Finalização e compartilhamento
    1. Quando o processo de gravação for concluído, assistam às versões registradas e elejam uma delas para ser finalizada e compartilhada com o restante da turma.
    2. Escolhida a versão, finalizem os detalhes: A criação terá música ou trilha sonora? Ela precisa começar em algum ponto específico e terminar em qual momento?
    3. Após todos os grupos terem concluído, assistam às criações dos colegas e compartilhem a sua com a turma.
    4. Com o auxílio do professor, os trabalhos podem ser acrescentados ao acervo digital da turma.
Ilustração. Câmera filmadora apoiada sobre um tripé. Ao lado, desenho de uma claquete.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais foram as dificuldades encontradas na elaboração do plano-sequência?
  2. Quais mudanças apareceram nos planejamentos dos trabalhos quando eles foram ensaiados ou filmados? Por quê?
  3. Qual foi, para você, o momento mais prazeroso de criação? Por quê?
  4. Quais são os elementos mais interessantes dos trabalhos apresentados pela turma?
  5. Quais sensações a técnica do plano-sequência desperta em você quando comparada à de um filme constituído por cortes?

Organizando as ideias

Fotografias. Painel formado por quatro faixas verticais de imagens, nas quais não aparece a cena completa. Da esquerda para a direita: homem caminhando entre plantação e pássaros pretos sobrevoando a plantação; mulher usando vestido sentada em uma forma de lua crescente; pessoas com roupas antiquadas sentadas de costas; e menino com grande cabeça branca pendurado em um ramo de planta preso em um círculo amarelo.

Neste capítulo, foram apresentados filmes produzidos com diferentes técnicas, além de maneiras como diretores e roteiristas se relacionam com lugares e paisagens por meio da linguagem audiovisual.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Quais foram as maneiras de ler, interagir e representar a paisagem que você passou a conhecer?
  2. Após ter realizado as atividades de criação de um roteiro, de uma animação e do plano-sequência, quais são as suas ideias sobre a produção de vídeos e filmes?
  3. O que mais despertou a sua curiosidade em relação à linguagem audiovisual? Quais serão suas estratégias para continuar pesquisando e conhecendo essa linguagem?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?

Glossário

Ruídos
Todos os sons que caracterizam as paisagens ou que fazem parte das ações de uma produção cinematográfica. Por exemplo, o som dos passos de um personagem ou o som de carros trafegando por uma rua.
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Diálogos
Falas dos personagens, que podem ser gravadas no momento da filmagem das cenas (som direto) ou posteriormente pelo processo de dublagem – também utilizado em versões de filmes em outros idiomas.
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Músicas
Canções ou músicas instrumentais que podem fazer parte da paisagem sonora de uma cena ou que são acrescentadas às cenas posteriormente, no processo de edição, para auxiliar a conduzir a narrativa ou estimular diferentes emoções e reflexões no espectador.
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Roteirista
Escreve o roteiro de filmes, programas de televisão ou histórias em quadrinhos. O roteirista pode escrever uma história completamente nova ou se inspirar em uma que já existe, de outra autoria. Nesse caso, dizemos que é um roteiro adaptado.
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Gênero cinematográfico
Categoria para classificação dos filmes. A categorização mais conhecida (mas não a única) tem origem no cinema estadunidense, com os seguintes gêneros: ação, comédia, ficção científica, drama, terror, suspense, musical, fantástico, film noir, western, documentário e animação. Atualmente, há muitos filmes que podem ser enquadrados em mais de um gênero ao mesmo tempo.
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Protagonista
Personagem central de um filme, um livro, uma novela ou uma peça teatral. O protagonista conduz a história e, em geral, tem um conflito a ser resolvido na trama.
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Antagonista
Personagem que se opõe ao protagonista. Ele também tem importância na história e faz com que o protagonista tenha dificuldades em resolver seu conflito.
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Animação
Técnica cinematográfica criada por meio da montagem de fotogramas individuais que, quando postos em sequência e na velocidade de 16 ou mais imagens por segundo, geram a ilusão de movimento para o espectador. Atualmente, observa-se o crescimento da técnica de animação digital, que, entre outras possibilidades, agiliza o processo de montagem dos fotogramas.
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Plano cinematográfico
Sequência de quadros (ou fotogramas) que formam um conjunto de imagens em movimento construído sem interrupção. No trabalho com cinema ou edição de vídeos, uma cena, ou seja, uma série de acontecimentos, pode ser constituída por um ou vários planos. A partir do momento em que se opta por um corte no processo de montagem do filme, passa-se para outro plano de imagens e, assim, sucessivamente.
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Storyboard
Desenhos, ilustrações e rascunhos cuja finalidade é organizar o processo de filmagem a fim de contribuir para o planejamento e a compreensão da história que está sendo contada. O storyboard assemelha-se a uma história em quadrinhos e pontua os movimentos e acontecimentos mais importantes do que será registrado futuramente.
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