CAPÍTULO 2 Paisagem construída

Pintura. Em tons suaves de azul, violeta e verde, sugere um aspecto sombrio e melancólico à obra. O quadro retrata a paisagem panorâmica de uma cidade nas encostas de um vale delimitado por montanhas. Os elementos, distantes um do outro, apresentam-se como miniaturas, salientando a amplidão da vista. Na parte inferior esquerda, uma igreja branca com duas torres e telhado vermelho. Ao lado, diversas pessoas caminhando. Na parte inferior direita, no topo de um morro, a bandeira do Brasil hasteada e algumas pessoas em pé. Atrás aparecem diversos elementos espaçados: um trem antigo em que a locomotiva solta vapor pela chaminé, alguns cavaleiros, uma ponte sobre um rio, aves brancas voando em bando, diversas pequenas casas de telhado avermelhado distribuídas pelo terreno, alguns coqueiros e diversas pessoas, muitas de trajes brancos. Mais atrás, diversos edifícios de paredes brancas, com uma ou duas torres altas, e alguns outros edifícios menores ao redor estão distribuídos em diversas faixas coloridas, representando riachos e montanhas. Ao fundo, céu azul com nuvens brancas e em tons de rosa, lilás e amarelo. Um Sol avermelhado no horizonte, montanhas e névoa.
Guinhár, Alberto da Veiga. Paisagem imaginante. 1955. Óleo sobre madeira, 96,5 centímetros por 80 centímetros. Coleção particular.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Paisagem construída”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Artes integradas.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  1. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  2. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sobre Alberto da Veiga Guinhár

Nasceu em 1896, no Rio de Janeiro. Iniciou os estudos de Arte na Europa, onde viveu por muitos anos. De volta ao Brasil, em 1944, mudou-se para Minas Gerais, onde registrou em suas pinturas as paisagens e as montanhas das cidades históricas.

Sugestão para o estudante

Assista com os estudantes a alguns trechos do programa De lá pra cá, da tê vê Brasil, sobre Guinhár.

Disponível em: https://oeds.link/gOLaZF. Acesso em: 3 maio 2022. Trata-se de um documentário sobre o artista com duração de 25 minutos, aproximadamente.

  1. O que o título do capítulo sugere para você? Algo nele chama a sua atenção? As paisagens podem ser construídas?
  2. Quando falamos em “pintura de paisagem”, quais imagens vêm à sua mente?
  3. Observe a pintura da abertura do capítulo. Quais elementos presentes nessa obra você relaciona com a sua ideia de pintura de paisagem?

Essa pintura é de autoria do artista plástico brasileiro Alberto da Veiga Guinhár (1896-1962); nela, realidade e fantasia parecem se integrar à paisagem, e até o limite entre céu e terra parece estar diluído.

Mesmo que a pintura tenha sido inspirada nas paisagens de Minas Gerais, o artista representa no quadro a sua percepção imaginária da paisagem. Guinhár organiza os elementos da pintura de fórma a despertar em quem a observa uma visão que pode remeter a um sonho ou uma fantasia.

Nas páginas seguintes, você vai descobrir e experimentar diferentes fórmas de representar as paisagens. Incentivamos você a expandir os seus horizontes e a conhecer também artistas que alteraram ou construíram paisagens com seus projetos arquitetônicos.

Ao longo do capítulo, você será convidado a refletir sobre como vê as paisagens ao seu redor e se relaciona com elas.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como é a paisagem do local onde você vive? Você a conhece bem?
  2. Você mudaria algo nessa paisagem? O quê? Por quê?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para refletir

Incentive os estudantes a descrever as paisagens de onde vivem, detalhando suas particularidades. Você pode partir das seguintes questões:

  • É uma paisagem de natureza ou uma paisagem urbana?
  • Se é de natureza: como você percebe a ação humana nesse ambiente?
  • Se é urbana: como você percebe a natureza inserida nesse ambiente?
  • Quais cores você vê nessa paisagem?
  • Quais você percebe?
  • Há algum elemento que se destaca?
  • Como é o céu dessa paisagem?

Justificativa

Este capítulo aborda o tema paisagem. Ao trazer referências de paisagens naturais e também construídas pela ação humana, esperamos que os estudantes percebam que podem transformar o entorno onde vivem e sejam estimulados a olhar, reconhecer, perceber e se conectar com o ambiente que frequentam.

Com algumas técnicas utilizadas por artistas para representar as paisagens, propomos exercícios práticos de experimentação inspirados nesses exemplos, para que eles se motivem, superando assim o mito de “não sei desenhar”, que costuma surgir à medida que eles crescem.

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre as atividades

  1. Essas questões visam investigar o entendimento do conceito de paisagem que os estudantes já possuem, comumente associado à representação da natureza, tal como a vemos. O intuito é ampliar ou problematizar esse repertório prévio, estimulando-os a refletir sobre o modo como a representação da natureza é uma construção do artista.
  2. É possível que os estudantes se recordem tanto de pinturas conhecidas como de um quadro que viram na parede da sala de um familiar ou amigo.
  3. Convide os estudantes a analisar a imagem com atenção. Solicite a eles que localizem os elementos da pintura. A imagem representa uma paisagem sem linha do horizonte definida, que é uma característica recorrente em pinturas de paisagem tradicionais. Para ampliar a discussão, você pode mostrar à turma uma fotografia da paisagem de Ouro Preto (Minas Gerais) – fonte de inspiração para diversas pinturas de Guignard –, cuja paisagem é conhecida pela presença de inúmeras igrejas em topos de montanhas.

SOBREVOO

A paisagem

Faça no caderno.

1. Descreva a última paisagem que você observou ou fotografou.

Versão adaptada acessível

1. Descreva uma paisagem que você aprecie.

No campo da Arte, a paisagem é um gênero de pinturaglossário tradicionalmente reproduzido entre os artistas visuais. Na arte europeia, até o século dezessete, a paisagem servia de cenário para retratos e cenas religiosas ou históricas. Mais tarde, ganhou destaque, tornando-se ela mesma o tema central de pinturas. Na arte moderna, destacou-se também a pintura de paisagem urbana.

Atualmente, as diversas maneiras de representar uma paisagem, além da pintura, incluem o vídeo, a fotografia, o desenho e a gravura, entre outros.

A pintura de paisagem como registro de um lugar

Pintura. Paisagem em meio a uma área rural. Em primeiro plano, pequenos animais e vegetação tropical exuberante à frente e à esquerda. No centro, no alto de uma colina, há uma construção com colunas de pedra laterais, e alguns telhados inclinados, sem torre nem campanário. Na entrada há um portal alto, encimado por um arco arredondado, abaixo do qual se agrupam várias pessoas que vão entrando no edifício, para onde se dirigem algumas outras que vão chegando. Atrás da colina, à frente das montanhas, há algumas casas de telhados vermelhos e paredes brancas. No topo da colina, atrás da construção central também há outra casa, de fachada amarelada. No fundo, montanhas e céu azul com nuvens esbranquiçadas acima.
Pôst, Frens. Vista da Sé de Olinda (detalhe). 1662. Óleo sobre tela, 107,5 centímetros por 172,5 centímetros. Museu Nacional dos Países Baixos, Amsterdã, Países Baixos.
Orientações e sugestões didáticas

Nesta seção, construímos um percurso sobre as múltiplas fórmas de se representar a paisagem em diversas modalidades de artes visuais.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação; Matrizes estéticas e culturais.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

2. Observe a pintura de pôst. O que se vê na cena? Descreva as cores que você identifica (incluindo seus  tonsglossário ). Identifique os detalhes presentes no quadro, incluindo pessoas, animais e ve­getação. A pintura se parece com uma cena real? Por quê?

Versão adaptada acessível

2. Com base na pintura de Post, identifique que elementos compõem a cena. Cite as cores e detalhes presentes no quadro, incluindo pessoas, animais e vegetação. A pintura se parece com uma cena real? Por quê?

Ao observar uma pintura, tente perceber linhas horizontais, verticais e diagonais imaginárias no quadro, pois isso ajuda a compreender como ele está organizado. Fáiga Ostrôver (1920-2001), uma importante pesquisadora sobre composição na arte, apontou que: “a horizontal é percebida, antes de mais nada, como posição deitada, dando ideia de sono, repouso, morte, calma...”.

Fonte: , Perla. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1991. página 38.

As linhas verticais também indicam algo estável, mas que está em pé, enquanto linhas diagonais e curvas sugerem movimento.

3. Aponte as linhas imaginárias na pintura de frãns pôst. Há elementos no quadro que comprovam ou que invalidam as afirmações do texto sobre as linhas? Quais?

Versão adaptada acessível

3. Retome a obra de Post e procure identificar  linhas imaginárias na pintura. Há no quadro elementos que comprovam ou que invalidam as afirmações do texto sobre as linhas? Quais?

Essa e muitas outras pinturas fazem parte de uma série de registros feitos por uma expedição de artistas e cientistas estrangeiros que vieram ao Brasil em 1637, convidados pelo conde Maurício de Nassau (1604-1679), com o objetivo de documentar a vida no Brasil holandêsglossário .

Como não existia fotografia nessa época, a pintura, o desenho, a gravura e a literatura eram os recursos utilizados para documentar o que era visto e vivido aqui. Na expedição que veio ao Brasil, frãns pôst tinha a função de registrar o mais fielmente possível o que via.

frãns pôst chegou ao Brasil em 1637, aos 24 anos, e permaneceu até 1644, quando regressou para a Holanda. Repare na data em que foi pintado o quadro. Quando ele o produziu, em 1662, não estava mais em terras brasileiras já havia muito tempo; suas pinturas eram feitas com base em desenhos, Esboçoglossário e na memória que ele guardava de seus dias por aqui.

4. As informações do texto fazem você repensar sua resposta à questão da atividade 2: A pintura se parece com uma cena real?

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Incentive os estudantes a refletir sobre o tempo que dedicaram a essa ação, onde ocorreu e em que circunstância. Foi observando da janela de casa, em um trajeto cotidiano, em um passeio ou em uma viagem?
  2. Oriente-os a perceber os planos da pintura e como os elementos diminuem de tamanho, em perspectiva:
    • A vegetação e os animais na parte inferior do quadro.
    • A cena do casarão principal e as pessoas próximas a ele.
    • As demais casas e outro grupo de pessoas.
    • As colinas e o rio. Essa escala é o que provoca a ilusão de profundidade. Analise os múltiplos tons reproduzidos e a incidência de luz representada na imagem.
  3. A pintura sugere duas linhas de fôrça imaginárias: uma linha horizontal, delimitando o céu, e outra vertical, demarcada pelas árvores na lateral esquerda. Adicionam-se a elas linhas diagonais e sinuosas de menor peso, que delimitam os planos da pintura: a mata, que se apresenta em primeiro plano; as construções e o vale, em segundo; e as colinas e o rio, ao fundo. Essa análise sugere que as diretrizes propostas por se aplicam a essa pintura. Você pode solicitar aos estudantes que utilizem papel vegetal sobre as imagens para traçar suas linhas de fôrça.
  4. Evidencie o caráter documental da pintura de pôst. Traga exemplos de artistas viajantes que integraram expedições artísticas pelo Brasil, como álbertéquirráut (1610-1666), (1802-1858) e Jãn Batiste Dêbret (1768-1848). Ao analisar essas imagens, é fundamental considerar o fato de que eram artistas estrangeiros que pintavam de acordo com as expectativas de quem encomendava tais obras e que, portanto, não correspondiam necessariamente à realidade da natureza ou da sociedade encontradas no Brasil.

Orientações

Destacamos imagens de paisagens representadas por artistas, mas contamos com sua parceria para levar para a sala de aula representações das paisagens próprias de sua região.

As mediações propostas no texto e nas questões exploram a análise da materialidade das obras e dos elementos da linguagem que as constituem, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero quatro) e (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê.

Para experimentar

Exercitar o olhar

Que tal buscar paisagens ao seu redor e exercitar o olhar como um pintor?

  1. Você vai precisar de uma folha de papel-cartão tamanho A4, um lápis, uma régua e uma tesoura escolar.
  2. Faça uma margem de três centímetros nas laterais e nas partes superior e inferior do papel e recorte o retângulo que se formará. Desse modo, você terá uma “janela”, como a moldura de um quadro.
  3. Use essa moldura para escolher uma paisagem. Reflita sobre o que você gostaria de enquadrar. Ao escolher uma paisagem, experimente observá-la de pontos e distâncias diferentes, verificando qual seria o melhor ângulo para representá-la em uma pintura.
  4. Após a caminhada e a escolha, apresente para a turma a paisagem, os ângulos e os enquadramentos que você escolheu.
Versão adaptada acessível

Que tal buscar paisagens ao seu redor e apreciá-las como se fosse  um pintor?

3. Use essa moldura para escolher o que você gostaria de enquadrar em uma paisagem. Ao escolher a paisagem, procure definir qual seria o melhor ângulo para representá-la em uma pintura.

4. Descreva para a turma a paisagem, os ângulos e os enquadramentos que você escolheu para representá-la.

Um modo particular de representar a paisagem

Pintura. Paisagem em tons de sépia. À esquerda, árvore de copa ampla sob a qual aparece uma pessoa em pé, de costas à beira de um precipício. Ao fundo, montanhas de encostas verticais, com alguma vegetação no topo, e um despenhadeiro que se confunde com o céu.
Má Yuân. Paisagem ao luar. cêrca de 1200. Rolo suspenso, pintura em seda, 149,7 centímetros por 78,2 centímetros. Museu do Palácio Nacional, Taipé, taiuã.

5. Observe a pintura. Quais são as cores utilizadas pelo artista? Repare nas pessoas representadas. O que podem estar fazendo? Qual é a escala humana em relação à natureza?

Versão adaptada acessível

5. Que tons de cores são utilizados pelo artista na pintura? Considere a figura humana representada. Qual é a escala humana em relação à natureza?"

6. Que sensações essa pintura provoca em você? Como parece ser o clima nesse local?

Em algumas culturas orientais tradicionais, o entendimento da natureza e a interação com ela acontecem de um modo particular, o que se reflete na maneira como as paisagens são percebidas e representadas. Os pintores buscam se integrar ao espírito da natureza para então representá-la, ou seja, a relação humana com a natureza se dá por meio da espiritualidade. Eles desenvolvem a habilidade de retratar suas paisagens com os elementos que consideram importantes, como rochas e pinheiros, e os dispõem na pintura seguindo as normas estabelecidas por sua cultura visual. A maneira de ver e a maneira de representar o que se vê, portanto, obedecem a convenções culturais tradicionais.

7. Como você representa uma paisagem? Como representa as árvores? E as casas?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

É importante que os estudantes possam circular por uma área da escola para realizar a atividade. Se possível – e se for seguro –, essa atividade pode ser feita também no entorno da escola, desde que você obtenha autorização dos responsáveis pelos estudantes e da direção da escola. O objetivo principal dessa atividade é desenvolver o olhar e pesquisar o melhor ângulo de enquadramento das paisagens, mas, se achar pertinente, amplie a proposta pedindo aos estudantes que representem as paisagens escolhidas por meio da pintura, que tanto pode ser realista quanto estilizada, desde que destaquem os planos, as linhas de fôrça e as principais cores.

Atividade complementar

Para contemplar os estudantes com deficiência visual, sugerimos formar pequenos grupos para fazer coletivamente uma versão tridimensional de uma paisagem, similar a uma maquete – que possa ser tocada. A paisagem pode ser tanto a de frãns pôst como outra de sua escolha. Para isso, é possível utilizar primeiramente um papel vegetal para demarcar os planos contidos na pintura. Cada plano é formado pelo contorno da paisagem a que se refere e pela base da pintura; assim, eles vão se sobrepondo e criando um volume. Ao tocar essa versão tridimensional, será possível perceber como a profundidade se apresenta na pintura.

Sobre as atividades

  1. e 6. As cores utilizadas pelo artista seguem um mesmo tom, sem grandes variações. Tanto as cores como os tons podem sugerir a hora do dia em que a paisagem foi observada. A figura humana está pequena diante da natureza grandiosa, e isso pode sugerir uma reflexão sobre a fôrça da natureza. Procure identificar quanto o uso das cores e das fórmas influencia as sensações que a pintura pode provocar.

7. Converse com a turma sobre o padrão de desenhar paisagens que é geralmente aprendido na infância (por exemplo, o caule da árvore é marrom, a copa é verde e arredondada tal como uma laranjeira, o céu é azul-claro, e assim por diante): “Esse modo de desenhar pode ser desconstruído?”; “Quais outras fórmas de desenhar a paisagem (casas, árvores, céu, mar etcétera) são possíveis?”; “Como tornar essa representação pessoal?”.

Má Yuân (cêrca de 1160-1225) viveu no período da dinastia Song, que durou de 960 a 1279. Ele se tornou uma referência na pintura de paisagem e influenciou muitos artistas dessa época. Uma das marcas de sua pintura é concentrar muitos elementos em um dos lados do quadro, deixando o outro lado com menos elementos e aparência mais leve. Outro aspecto que também se destaca nessa pintura é a orientação vertical.

8. É possível visualizar linhas horizontais, verticais e diagonais organizando o quadro de Má Yuân? Quais outras linhas imaginárias estão presentes? Lembrando das definições de linhas de Fáiga Ostrôver, podemos dizer que essa pintura tem “movimento”?

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8. Retome o quadro de Ma Yüan. É possível identificar linhas horizontais, verticais e diagonais organizando a pintura?

E outras linhas imaginárias além dessas? Lembrando das definições de linhas de podemos dizer que essa pintura tem “movimento”?

Linhas que desenham a paisagem

9. Observe a imagem. O que você vê nesse desenho? Que tipo de paisagem é essa? Como parece estar o clima na cena? Que elementos da imagem conduzem a essas respostas?

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9. Com base na imagem, responda: o que há nesse desenho? Que tipo de paisagem é essa? Como parece estar o clima na cena? Que elementos da imagem conduzem a essas respostas?

Desenho. Paisagem urbana. À esquerda, uma pessoa segurando um guarda-chuva em uma rua. Ela está inclinada. Ao fundo, uma rua vazia e um prédio com janelas.
Guêldi, osvaldo. [Sem título]. cêrca de 1945. Desenho, carvão sobre papel, 32 centímetros por 48 centímetros.

O desenho do artista brasileiro (1895-1961) nos ajuda a entender como é possível representar uma paisagem por meio de linhas, de um modo mais simplificado do que em uma pintura elaborada ou em uma fotografia, registrando apenas as informações essenciais do ambiente ou da cena.

Na obra, Guêldi desenha uma paisagem urbana, ao mesmo tempo que registra um fenômeno natural: a ventania. Não é possível distinguir quem é a pessoa, o que está se passando através das janelas ou como é essa rua, porque ele se preocupou em representar apenas o essencial, dando destaque às janelas e ao guarda-chuva. Repare como cada traço da imagem parece ter sido feito com rapidez e intensamente, até mesmo os traços que delineiam o prédio. Desse modo, as linhas do desenho conseguem expressar o clima do ambiente. Essa fórma de representar uma imagem, valorizando o gesto e o sentimento do artista, são possibilidades do que, em Artes Visuais, é chamado de Expressionismo.

Além de desenhos, Guêldi também produziu muitas xilogravurasglossário , cuja técnica tem relação próxima com o desenho, uma vez que, em ambos os casos, a imagem é trabalhada com linhas. As áreas com sombra, por exemplo, podem ser obtidas com um condensado de pontos ou por concentração ou cruzamentos de linhas – chamadas hachuras – criando diferentes texturas.

Hachuras. Um quadrado preenchido com linhas oblíquas paralelas a uma das diagonais, inclinadas de modo ascendente da esquerda para a direita.Hachuras. Um quadrado preenchido com linhas horizontais, paralelas às bases. Hachuras. Um quadrado preenchido com linhas horizontais paralelas às bases e linhas verticais paralelas aos lados, formando uma malha quadriculada.
Exemplos de hachuras.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre as imagens

Você pode conduzir a mediação da imagem propondo uma leitura comparativa entre a pintura de Má Yuân, da página 30, e a de frãns pôst, da página 28. Essa comparação pode ajudar a compreender – em relação à obra de Má Yuân – o efeito provocado pelo fato de um dos lados do quadro ter mais elementos do que o outro, o que é bem diferente da organização dos elementos realizada por frãns pôst.

Analisar e perceber os elementos constituintes das pinturas contribuem para o desenvolvimento da habilidade (ê éfe seis nove á érre zero quatro) da Bê êne cê cê.

Sobre a atividade

  1. Encontramos um eixo vertical forte na lateral esquerda da imagem, definida pela encosta rochosa. Mas a composição com as árvores e rochas do primeiro plano se organiza horizontal e sinuosamente na parte inferior do quadro, fazendo com que o ôlho percorra a imagem como um todo. O ponto de luz no centro da pintura também traz equilíbrio para a composição.
  2. Conduza a mediação da obra, considerando a análise formal, identificando com os estudantes que a pessoa com o guarda-chuva está em primeiro plano, assim como o edifício que está mais escuro na lateral direita do desenho. Há um indício de perspectiva, representada sutilmente pelas linhas diagonais que delineiam a rua, o que nos leva a perceber que a construção central está no segundo plano da imagem. Neste momento é fundamental desconstruir a ideia de que um bom desenho deve ser verossímil e, portanto, de que poucos artistas são capazes de se expressar utilizando essa técnica. Evidencie no diálogo que uma imagem pode ser representada por linhas principais – sem detalhamento – e que o traço do desenhista também é um meio de expressão. Para conhecer mais sobre osvaldo Guêldi, acesse o site do Projeto Guêldi, disponível em: https://oeds.link/JkbQd4. Acesso em: 20 abril2022.

Atividade complementar

Para compreender essa simplificação na prática, o estudante desenhará um objeto que esteja carregando: chave, óculos, casaco etcétera Serão feitos três desenhos do mesmo objeto: o primeiro com detalhes, o segundo retirando os detalhes e o último, se possível, apenas com uma linha. Ao final da atividade, analise com a turma as três produções e conversem sobre os desafios de cada etapa. Essa atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê.

otografia. À esquerda, uma matriz em relevo gravada com as figuras de um homem usando armadura e de uma mulher de cabelos longos. Eles se abraçam, com os rostos encostados um no outro. Abaixo deles há a figura um leão. Na lateral há um texto com letras invertidas, ou espelhadas. Ao lado, papel branco com a impressão da imagem do molde feita em tinta preta. No texto da lateral, está escrito: ROLDÃO NO LEÃO DE OURO.
Exemplo de calcogravura (matriz em metal) feita em uma gráfica localizada em Juazeiro do Norte Ceará , em janeiro de 2020.

Além do desenho e da xilogravura, a linha também está presente em outras fórmas de comunicação. Quando escrevemos, por exemplo, as letras e as palavras são compostas de uma linha. Você provavelmente já reparou na diversidade de traços na caligrafia dos colegas. Cada pessoa tem uma letra diferente, assim como cada pessoa tem um traço diferente para desenhar. Enquanto um tem um traço contínuo e forte, outro desenha a linha com pequenos traços e há ainda aquele que faz a linha com suavidade, entre outras possibilidades.

10. E o seu traço, você já observou como é?

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10. Você tem um traço próprio? Como é ele?

Para experimentar

Paisagem na janela

Que tal desenhar a paisagem que você vê com mais frequência: a da janela da sua casa?

  1. Você vai precisar de um envelope plástico transparente (usado em pasta catálogo), fita-crepe e caneta permanente.
  2. Corte o envelope para abri--lo. Você usará apenas uma face dele.
  3. Escolha uma janela de vidro da sua casa – e a paisagem – e cole o plástico aberto sobre a janela com a fita-crepe.
  4. Com a caneta permanente, desenhe no plástico a paisagem que você está observando. Cuidado para não ultrapassar os limites do plástico.
  5. Em grupo, conversem sobre a experiência. Qual é a diferença entre desenhar uma paisagem olhando diretamente para ela e desenhar com base na memória?
Ilustração. Paisagem em uma janela retangular, onde há uma árvore em frente a dois edifícios e um céu azul. Há uma figura quadrada formada por faixas de fita crepe, representando um plástico transparente colado sobre a figura da árvore vista pela janela. Ao lado há o desenho de um braço com a mão direita traçando o contorno dessa árvore com um marcador permanente com tinta preta, sobre o plástico transparente.
Versão adaptada acessível

Que tal representar a paisagem que você vivencia com mais frequência: a da janela favorita da sua casa? Depois, em grupo, converse com os colegas de sala sobre sua experiência. Qual é a diferença entre desenhar uma paisagem olhando diretamente para ela e representá-la com base na memória ou em outros meios de percepção?

Orientações e sugestões didáticas

Atividade complementar

Até este momento, buscamos, por meio das comparações entre as obras de frãns pôst, Ma e osvaldo Guêldi, incentivar a pesquisa e a análise de diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê. Sugerimos agora expandir os estudos para produções de outros artistas brasileiros, de épocas e estilos diferentes.

Organize a turma em grupos. Cada equipe poderá escolher algum destes artistas para pesquisar: Antônio Parreiras (1860-1937); Benedito Calixto (1853-1927); Enri Vitor (1939-); José Antônio da Silva (1909-1996); José Pancetti (1902-1958); Patricia Leite (1955-); Paulo Pasta (1959-).

Após terem visto um panorama da produção do artista, escolherão uma pintura a ser analisada com base nas seguintes diretrizes:

  • Por que escolheram essa pintura para analisar?
  • O que está representado na paisagem?
  • O que mais chamou a sua atenção?
  • Como os elementos se organizam na composição? Há uma linha do horizonte? Existem planos na pintura? Como a cena está distribuída pela tela? Há linhas de fôrça imaginárias?
  • Quais cores e tons podem ser percebidos nela?
  • Suas cores e fórmas poderiam ser encontradas em um cenário real?

Para concluir, solicite aos estudantes que compartilhem as análises em sala de aula e reflitam sobre as particularidades de cada obra.

Sobre a atividade

10. Sugira aos estudantes que busquem desenhos feitos em seus diários de bordo para incentivá-los a tomar consciência do tipo de traço que possuem. Outra opção é utilizar os desenhos de síntese da atividade complementar sugerida na página anterior. Se possível, proponha que façam uma exposição com ao menos um desenho de cada estudante e analisem a diversidade de traços existentes na turma. Evite comparações que atribuam valor de beleza entre as produções.

Orientações: Para experimentar

Dando prosseguimento à atividade iniciada na seção Para experimentar: “Exercitar o olhar”, da página 30, esta proposta, “Paisagem na janela”, traz novos procedimentos práticos relativos ao tema paisagem, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero seis) e (ê éfe seis nove á érre zero sete) da Bê êne cê cê.

Arquitetura: paisagem organizada

Vamos conhecer agora como algumas paisagens são construídas com base em projetos de profissionais da arquiteturaglossário , do urbanismo glossário e do paisagismoglossário .

Você já deve ter ouvido falar de um importante arquiteto brasileiro, referência no mundo todo: Oscar Niemáier (1907-2012).

11. Você conhece algum projeto de Oscar Niemáier?

Entre os projetos executados por esse arquiteto e sua equipe estão o Memorial da América Latina, o edifício Copan e os pavilhões do Parque do Ibirapuera, em São Paulo São Paulo; o Museu de Arte Moderna, em Niterói Rio de Janeiro; o Sambódromo no Rio de Janeiro Rio de Janeiro; o complexo da Pampulha, em Belo Horizonte Minas Gerais; e os palácios do Governo em Brasília Distrito Federal .

12. Observe o esboço de Niemáier para o projeto da Catedral de Brasília e o resultado do projeto concretizado na página seguinte. Como a linha está representada em cada uma das imagens? E como são as fórmas em ambos os casos?

Versão adaptada acessível

12. Considere o esboço de Niemeyer para o projeto da Catedral de Brasília e o resultado do projeto concretizado, apresentado na fotografia da página seguinte. Como a linha está representada em cada uma das imagens? E como são as formas em ambos os casos?

Fotografia. Croqui com quatro desenhos da catedral de Brasília. Na parte superior, linhas em zigue-zague na vertical, entre duas linhas curvas laterais. Na faixa central, o desenho de linhas em zigue-zague na vertical, entre duas linhas curvas laterais, com diversos traços acima que formam uma estrela, e ao lado de cada linha curva, linhas que formam bicos triangulares. Na faixa inferior, o desenho de linhas em zigue-zague na vertical, entre duas linhas curvas laterais, com diversos traços acima que formam uma estrela, e ao lado de cada linha curva, linhas que formam bicos triangulares. À frente da estrutura, na linha inferior, há um objeto com três rabiscos irradiados para cada um dos lados, abaixo dele, uma linha circular fechada em forma de elipse alongada com uma ponta vertical no centro, representando um lago. À direita, um edifício com duas torres.
Niemáier, Oscar. Croqui da Catedral de Brasília. cêrca de1960. Fundação Oscar Niemáier, BrasíliaDistrito Federal .

Niemáier tinha um estilo muito peculiar de elaborar os seus projetos e uma de suas grandes marcas era o uso de concreto armado com fórmas arredondadas e linhas curvas. Esse foi um recurso muito usado nos edifícios que ele projetou, como a Catedral de Brasília (Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida), que começou a ser erguida em 1959.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre Oscar Niemáier

Nascido no Rio de Janeiro em 1907, também foi nessa cidade que Niemáier cresceu e cursou Arquitetura na Escola de Belas Artes. No final do curso, começou a frequentar o escritório do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, com quem faria muitas parcerias no futuro. também desenvolveu projetos com o importante arquiteto franco-suíço él í (1887-1965).

Em 1940, a convite de Juscelino cubishéqui, então prefeito de Belo Horizonte Minas Gerais, Niemáier projetou o Conjunto Moderno da Pampulha em parceria com o paisagista Burle márks, com quem faria diversos trabalhos posteriormente, incluindo os projetos da construção de Brasília.

Sua carreira também se desenvolveu internacionalmente, especialmente em seus anos de exílio na Europa durante o período da ditadura militar no Brasil. Além dos projetos criados por Niemáier para locais em diversas cidades brasileiras, há obras desenhadas por ele na França, na Itália, na Inglaterra, na Argélia, nos Estados Unidos, entre outros países.

Sobre a atividade

12. Ao observar os esboços de Niemáier, peça aos estudantes que se atentem para a simplicidade de linhas nos desenhos e para como eles vão se tornando mais complexos. Dando andamento ao estudo das linhas, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero quatro) da Bê êne cê cê, incentive-os a perceber os desenhos constituídos de linhas mais delicadas e outros de linhas mais vigorosas. Esses desenhos mostram o processo de criação em arquitetura: esboços das ideias; desenho técnico; e, por fim, a concretização com a construção do projeto.

13. Observe a seguir a imagem da catedral. Se você já não soubesse a função desse edifício, você o identificaria como um templo religioso? Sua fórma faz lembrar algo? Em que ele se assemelha a outras construções religiosas que você conhece e em que difere delas?

Versão adaptada acessível

13. Retome a imagem da catedral. Se você já não soubesse a função desse edifício, você o identificaria como um templo religioso? Sua forma faz lembrar algo? Em que ele se assemelha a outras construções religiosas que você conhece e em que difere delas?

Fotografia. Construção em formato de cúpula hiperbólica, com colunas brancas, de extremidades afiladas, recurvadas e que se tocam. No topo há uma cobertura em forma circular encimada por uma estrutura metálica em formato de estrela. À frente, em uma esplanada cinza entremeada por vegetação, há um espelho de água retangular circundado por uma faixa branca. Ao fundo há árvores e outros edifícios, sob um céu azul com nuvens brancas.
Catedral de Brasília, no Distrito Federal. Fotografia de 2020.

Quando idealizou o projeto para essa igreja, o arquiteto optou por uma construção modernista em formato redondo, o que permite que ela seja vista sempre da mesma maneira, independentemente do ponto de vista do qual for observada.

Entre os pilares que sustentam a catedral, Niemáier utilizou vidro, para que a luz do sol pudesse entrar no prédio.

A iluminação, seja natural, seja artificial, deve ser um ponto de atenção desde o início da concepção de um projeto arquitetônico, pois ela é parte integrante dele. Pense nos templos que você conhece, especialmente na fórma como a iluminação natural se propaga dentro do espaço. Essa também é uma maneira de relacionar a arquitetura com a paisagem.

14. Se possível, fotografe as igrejas e os templos de sua região. Com o auxílio do professor, adicione essas imagens ao acervo digital. Observe as fotografias coletadas pela turma e converse com os colegas e com o professor sobre como essas construções estão integradas à paisagem.

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, verifique se eles têm em seus dispositivos algum aplicativo de acessibilidade que lhes permita o uso da câmera. Se necessário, oriente-os sobre a instalação de um desses aplicativos, buscando previamente opções gratuitas compatíveis.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a iluminação na arquitetura

A iluminação tem um papel importante na arquitetura. A luz delimita ambientes e cria a atmosfera projetada pelo arquiteto. No caso da arquitetura religiosa, a iluminação pode influenciar na maneira como os frequentadores se relacionam com o espaço, como se portam e como se sentem no ambiente.

Atividade complementar

Atualmente, muitos arquitetos têm se preocupado com a sustentabilidade em seus projetos; portanto, tentam aproveitar o máximo de luz natural nas construções.

Sugira aos estudantes que visitem, em pequenos grupos e acompanhados por um responsável, alguns edifícios como escolas, instituições culturais, museus, shoppings e façam anotações a respeito das seguintes questões:

  • Como a luz natural entra no edifício? Descreva os artifícios utilizados (uso de janelas, paredes de vidro, elementos vazados, claraboias etcétera).
  • Como a luz artificial foi planejada?
  • A luz artificial é necessária mesmo durante o dia? Você teria alguma sugestão para o melhor aproveitamento da luz natural nessa construção?

Posteriormente, em sala de aula, peça a eles que relatem e conversem sobre as descobertas com essa pesquisa.

Sugestão para o professor

Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Oscar , visite o site da Fundação Oscar Niemáier. Disponível em: https://oeds.link/OrCskD. Acesso em: 3 maio 2022.

Sobre as atividades

  1. Há interpretações que associam a fórma da catedral com uma coroa ou como mãos em prece, ou seja, para cada pessoa, essa fórma pode remeter a algo subjetivo. Na busca de valorizar a subjetividade e também a diversidade de leituras, sugira aos estudantes fazerem a própria leitura.
  2. Com base no exemplo de Niemáier, o foco do estudo está exclusivamente nos elementos arquitetônicos e artísticos, e não nos religiosos. Portanto, estimule os estudantes a pesquisar por edifícios de função religiosa, independentemente de suas crenças. A proposta pode se concentrar em fotografias externas dos edifícios, mas, se considerar viável obter registros internos – que possam ampliar a noção da arquitetura do local –, oriente os estudantes sobre a necessidade de terem autorização do responsável pelo prédio para acessá-lo.

Foco na História

Arquitetura religiosa

As crenças religiosas motivaram muitas construções arquitetônicas nas mais diversas culturas, como ocorreu em Lalibela, na Etiópia. No final do século doze, iniciou-se ali a construção de onze templos esculpidos em blocos monolíticos abaixo do nível do solo, como pode ser observado na fotografia. Todo o entorno das igrejas é cercado por valas, corredores e passagens, que precisaram de um sistema de drenagem devido a essa arquitetura atípica.

Fotografia. Construção em forma retangular composta de dois prédios conectados formando uma cruz, no interior de uma abertura escavada na pedra. Dentro da abertura, na base da construção, há algumas pessoas. Ao fundo, vegetação e algumas montanhas.
Igreja de São Jorge, Lalibela, Etiópia. Fotografia de 2019.

No Peru, está situado o Santuário Histórico de mátchu pítchu, que, além do aspecto religioso, foi uma cidade construída por representantes da civilização inca em uma montanha a mais de 2 400 metros acima do nível do mar. A construção é do século quinze, mas foi abandonada um século depois por causa da conquista espanhola. mátchu pítchu ficou perdida por um longo tempo, sendo redescoberta no século vinte. A organização da cidade separava a parte residencial da agrícola e contava com centro religioso, cerimonial e astronômico. E tudo era integrado à natureza com o relevo característico das montanhas.

Fotografia. Paisagem montanhosa com vegetação e céu azul sem nuvens. Próximo de um pico montanhoso há construções de pedra em ruínas; alguns edifícios semelhantes a casas e outros em forma de pirâmide, e em torno deles há estruturas que formam degraus.
Santuário Histórico de Machu Picchu, Peru. Fotografia de 2019.

No Brasil, há o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas Minas Gerais, construído no século dezoito, no estilo barroco. Além da igreja central, o complexo possui um pátio com doze esculturas em pedra-sabão feitas pelo mestre Aleijadinho (1738-1814) e seis capelas, que trazem outro conjunto escultórico, em madeira, representando a Paixão de Cristo.

Fotografia. Fachada de uma igreja com colunas de pedra avermelhada e paredes brancas, com duas torres. Na parte superior, entre as torres, há uma estrutura arredondada, decorada com ornamentos e, no centro dela, uma cruz. À frente há uma escadaria de cada lado. Em torno do edifício, sobre um terreno com vegetação rasteira, há um muro com diversas esculturas de pedra. Ao fundo há um céu nublado cinzento.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas Fotografia de 2021.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

1. Qual paisagem você considera natural e qual foi construída em seu entorno? Como você também constrói a sua paisagem?

Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

A apresentação de construções arquitetônicas com função religiosa possibilita trabalhar diversos conteúdos relacionados ao patrimônio cultural, bem como os aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre três três) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Para ampliar o trabalho com a seção Foco na História, proponha aos estudantes que façam uma pesquisa sobre construções de locais sagrados que se tornaram referências artísticas. Eles deverão analisar as edificações e responder às seguintes questões:

  • Onde fica a construção e qual é a data de sua fundação?
  • Existe algum padrão arquitetônico nessa construção que possibilita reconhecê-la como um espaço religioso?
  • Como essa construção se integra à paisagem natural e/ou urbana de seu entorno?
  • Quais elementos artísticos podem ser percebidos nessa construção (arquitetura, elementos decorativos, pinturas e esculturas, tapeçaria etcétera)? Os estudantes podem pesquisar livremente ou você pode direcionar a pesquisa com base nas seguintes sugestões:
  • Catedral de São Basílio, Rússia.
  • Mesquita Azul, Turquia.
  • Mesquita Nassír al Málc, Irã.
  • Templo Ankó Uót, Camboja.
  • Templo da Sagrada Família, Espanha.

Caso prefira, adapte as questões e proponha uma pesquisa sobre edificações de espaços culturais brasileiros, como:

  • Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Ceará).
  • Instituto Inhotim (Minas Gerais).
  • Instituto Ricardo Brennand (Pernambuco).
  • Museu de Arte Contemporânea de Niterói () (Rio de Janeiro).
  • Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (maspi) (São Paulo).
  • Museu Oscar Niemáier (mon) (Paraná).

Inclua outros espaços culturais de sua região.

Foco em...

Brasília: paisagem planejada

Como seria planejar uma cidade desde o início? Pensar nas edificações, na relação com a natureza, nas moradias, no transporte das pessoas, nos pontos de comércio e locais de trabalho, no lazer etcétera? Diversos aspectos precisam ser considerados para se chegar ao resultado de uma paisagem pensada e planejada pelo homem.

Assim nasceu o projeto arquitetônico de Brasília, por meio de um concurso para escolher o melhor planejamento urbanístico para abrigar a séde do Governo brasileiro.

Já existia um plano havia muito tempo para transferir a capital do Rio de Janeiro para a região Centro-Oeste, visando potencializar o desenvolvimento na região central do país.

No entanto, esse plano começou a se concretizar apenas em 1956, quando o então presidente Juscelino cubishéqui (1902-1976) lançou o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, que teve a participação de mais de 20 candidatos. O arquiteto e urbanista Lúcio Costa (1902-1998) foi o vencedor. Começava então o período de construção da cidade, que levaria quatro anos para ficar pronta e contava com Oscar Niemáier como arquiteto responsável por uma série de edifícios e com Burle márks (1909-1994) como responsável pelo paisagismo. Em 21 de abril de 1960, foi inaugurada a nova capital brasileira.

Faça no caderno.

Para pesquisar

Capitais brasileiras

Brasília Distrito Federal é a terceira cidade a abrigar a séde do Governo do Brasil. Antes disso, tiveram essa função a cidade de SalvadorBahia (de 1549 a 1763) e o Rio de Janeiro Rio de Janeiro (de 1763 a 1960).

Converse com o professor de História sobre o assunto e responda às seguintes perguntas.

  1. Quais patrimônios artísticos foram construídos em cada uma dessas cidades?
  2. Que elementos predominam na paisagem de cada uma delas?
Ilustração. Mapa do território do Brasil contornado de preto e preenchido em cor amarelada, com o Oceano Atlântico em azul. Algumas capitais estão indicadas com pontos verdes, com os nomes "Brasília", "Salvador" e "Rio de Janeiro". Uma linha tracejada indica o trajeto entre essas capitais.
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção traz mais elementos para a discussão sobre paisagens criadas pela ação humana.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Processos de criação; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Orientações

Complementando as reflexões sobre a arquitetura de Brasília, é importante trazer à luz que as visões sobre esse projeto não são unânimes. Embora haja grande valorização do projeto, que foi reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade, tombado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco), também há críticas quanto à sua funcionalidade e, especialmente, em relação à segregação socioespacial da cidade. A população de baixa renda não foi contemplada pelo projeto, ficando à margem da cidade planejada desde a época de sua construção. Problematize com os estudantes o surgimento das periferias em Brasília e relacione com a fórma como tem ocorrido o crescimento e desenvolvimento urbano de sua cidade.

Fotografia. Um croqui, desenho esquemático, da planta de uma cidade em formato que lembra uma grande ave, uma libélula ou um avião, com as asas abertas, estendidas para os lados, em uma linha ligeiramente encurvada. As asas estão divididas em pequenos quadrantes. Ao redor, traçados que representam pequenos rios, vias, prédios e áreas livres. No canto inferior esquerdo, legenda e a sigla P.P.B
Projeto original de Lúcio Costa apresentado no Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, em 1957.

Faça no caderno.

1. Observe a imagem. Que fórma você identifica no desenho?

Versão adaptada acessível

1. Que forma está representada no desenho?

2. Analisando o projeto, como você imagina que seria o funcionamento dessa cidade? Onde a natureza e o ambiente urbano parecem se integrar?

A imagem é do plano piloto de Brasília, apresentado por Lúcio Costa.

O projeto mostra como a cidade deveria se organizar e como se integraria à natureza. Ele conta com áreas de moradia, compostas de prédios baixos, organizados em blocos e com vãos no térreo, o que permite a convivência e a circulação de pessoas. A administração pública concentra-se nos prédios monumentais projetados por Niemáier, como o Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes, o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios e o Supremo Tribunal Federal. Em outro setor se localizam os serviços necessários para a cidade funcionar, como rodoviária, bancos, comércios, escritórios, consultórios, hotéis, teatros etcétera E, espalhadas pela cidade, ficam as áreas verdes reservadas ao lazer e à preservação ambiental.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre Burle márks

Um importante parceiro de projetos de Oscar Niemáier e de Lúcio Costa foi o artista Roberto Burle márks (1909-1994). Conhecido por seu trabalho como paisagista, ele estudou Belas Artes e explorou diversas fórmas de expressão em sua trajetória artística (pintura, escultura, gravura, tapeçaria etcétera).

Filho de alemães, nasceu em São Paulo, mas cresceu no Rio de Janeiro, onde, desde criança, já mostrava interesse pela botânica.

Burle márks também morou em Pernambuco, onde pesquisou plantas tradicionais do Brasil. Seu interesse pela flora brasileira também o tornou um estudioso no assunto e um colecionador de espécies.

Unindo sua formação artística com a botânica, ele compunha seus projetos paisagísticos como se fossem pinturas: usava o material e as espécies de plantas – nativas do Brasil – para explorar fórmas, texturas e áreas de cores.

Assim como Niemáier, Burle márks explorava as fórmas curvas em seus projetos, que, em geral, se integravam ou dialogavam com o cenário natural onde estavam inseridos.

É de Burle márks o projeto de paisagismo do Eixo Monumental do Plano Piloto de Brasília.

Apresente o artista e alguns de seus projetos aos estudantes, refletindo sobre o modo como Burle márks construiu paisagens com base em elementos naturais.

Sobre as atividades

  1. O desenho do projeto da cidade de Brasília é comumente associado à fórma de um avião, de um pássaro ou de uma libélula. Antes de compartilhar essas informações, sugira aos estudantes que observem a imagem e digam o que a fórma desse projeto os faz lembrar.
  2. O objetivo não é ler o mapa tal e qual suas funções no projeto original. É um exercício – que pode até ser subjetivo – para que a turma comece a entender o que é uma planificação. Cada estudante pode indicar o que acha que é prédio, o que é água, onde estão os locais de deslocamento e de convivência.

Esta imagem foi registrada por satélite em 2022 e mostra como o projeto se materializou.

3. Como parece ter sido o crescimento da cidade?

Fotografia feita por satélite. No centro, cidade em formato que lembra um avião, com as asas estendidas para os lados e formadas por pequenos quadrantes, com rios e vegetação ao redor. Ocupando o entorno e além da área central, até a margem opostas dos rios, espalham-se aleatoriamente inúmeras construções.
Imagem de satélite da cidade de Brasília Distrito Federal , captada em 8 de fevereiro de 2022.

Para experimentar

Planejando uma cidade ideal

O que você considera importante em uma cidade? Se pudesse transformar a sua cidade, considerando as funções de um urbanista, o que você proporia?

  1. Em pequenos grupos, escolham um desafio urbanístico de sua cidade (mobilidade, acessibilidade, moradia ou outro).
  2. Façam um esboço em papel com uma proposta de solução para esse desafio.
  3. Vocês podem usar a linguagem escrita como complemento, mas insiram também um desenho do projeto, indicando as alterações na planta ou no mapa da cidade.
  4. Compartilhem com a turma os problemas identificados e as soluções apresentadas.
  5. Cada grupo pode dar ideias para aprimorar os projetos uns dos outros.
  6. Se mais de um grupo apontou o mesmo problema, comparem as soluções sugeridas.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. O que você conhece sobre o processo de formação de sua cidade?
  2. Como é a organização dela atualmente? Há regiões de lazer, de comércio, de moradia? Como é a mobilidade?
  3. Como a cidade se integra com a natureza?
Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

3. Solicite aos estudantes que analisem a fotografia e localizem o que se refere ao projeto original e o que surgiu posteriormente.

Orientações: Para experimentar

Verifique com o professor de Geografia a possibilidade de um projeto conjunto para essa atividade. Oriente os estudantes a pensar em soluções criativas e a expressar suas ideias por meio de desenho, pintura ou projetos tridimensionais, como maquetes.

Analise os projetos e considere a possibilidade de levar o material para a prefeitura como fórma de contribuição e participação popular. Procure se informar se há essa possibilidade em sua cidade.

Atividade complementar

Sugerimos uma pesquisa sobre imagens feitas pelos fotógrafos Thomaz Farkas (1924-2011), Píter Cháia (1908-1979) e Marcel Gútirô (1910-1996), que documentaram o processo de construção de Brasília. Além da arquitetura, há registros artísticos que compõem o projeto e fotografias dos trabalhadores e dos locais onde eles viviam. Valorizar o patrimônio cultural contempla as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê.

Recomendamos consultar o site do Instituto Moreira Salles para a pesquisa desses registros fotográficos. Disponível em: https://oeds.link/mo1fhN. Acesso em: 3 maio 2022.

É interessante destacar as escalas dos elementos fotografados, como as construções em relação ao ambiente natural e os homens em relação às construções. Para ampliar essa pesquisa, incentive a turma a conhecer o surgimento da própria cidade.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Você e os estudantes podem trazer histórias dos familiares contando como era a cidade em outras épocas. Essa cidade foi planejada? Como eram as construções no passado? O que mudou com o tempo?
  2. Além das referências que os estudantes trazem de seus bairros, incentive-os a pesquisar sobre o assunto, analisando sites institucionais da prefeitura, de secretarias oficiais e os jornais locais.
  3. Conversem sobre a percepção que os estudantes têm a respeito dessa questão e busquem também na internet imagens da cidade captadas por satélites, que dão uma dimensão da distribuição de áreas verdes, rios e lagos da região.

Foco no conhecimento

Desenho é linha

Vamos nos aprofundar agora em uma das técnicas artísticas apresentadas ao longo deste capítulo: o desenho.

O desenho é uma ideia representada por linhas, que podem ser retas, curvas, fortes, suaves, contínuas, tracejadas, recortadas, sobrepostas etcétera As fórmas que essas linhas delineiam constitui o desenho, que também pode ter cor e textura, ou seja, as fórmas po­dem ser preenchidas por outras linhas, assim como você pode ver no desenho de víncent (1853-1890).

Ele pode ser feito à mão livre com lápis, caneta, carvão, pena, giz e até com pincel, usando ou não instrumentos técnicos (régua, compasso, esquadro etcétera), ou digitalmente (usando o compu­tador como ferramenta). Qualquer objeto que permita fazer uma linha pode ser usado para desenhar, como um pedaço de galho para desenhar na terra ou areia. Além disso, desenhos também podem se formar no espaço, como em uma dança, quando podemos enxergar linhas.

O desenho não é usado só no campo da arte. Desenhos são também amplamente utilizados em áreas como a da ciência, para documentar espécies de animais e plantas; na indústria, para projetar produtos antes de iniciar sua fabricação; no cinema, para indicar os quadros a serem filmados, entre muitas outras funções.

Desenho. Linhas pretas e cinza sobre papel amarelado forma uma paisagem com diversas árvores ligeiramente inclinadas; sobre o fundo que representa o céu há algumas linhas onduladas, indicando que há vento. O solo ao redor é coberto por vegetação rasteira, e ao fundo há uma cerca.
, víncent. Six pines near the enclosure wall [Seis pinheiros perto da cêrca, em tradução livre]. 1889. Carvão e lápis sobre papel, 25 centímetros por 32,5 centímetros. Coleção particular.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você mantém a prática do desenho em seu cotidiano? Como?
  2. Se não mantém, em que momento você deixou de desenhar? Por quê?
Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, procure dar-lhes a oportunidade de compartilhar com a turma como é sua experiência de registros e que recursos utilizam para isso.

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção aborda a expressão artística do desenho.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Materialidades.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

Orientações: Para refletir

O desenho é muito praticado na infância e, em razão da maneira como a maioria dos currículos escolares ainda é organizada, gradualmente vai sendo substituído por modos de comunicação que podem ser considerados mais racionais, como a escrita. O desenho parece perder espaço na vida adulta, mas basta pensar na comunicação visual para perceber que ele continua presente e faz parte da vida contemporânea. Os símbolos (desenhos que sintetizam uma ideia ou representam algo) funcionam como uma espécie de comunicação (quase) universal. Os mapas também sempre fizeram e continuam a fazer uso dessa modalidade artística. Liste com os estudantes os locais onde eles encontram o desenho em suas vidas.

Atividade complementar

Para ampliar os estudos sobre desenho, vale a pena ampliar o repertório visual da turma, apresentando outros artistas que tenham explorado essa fórma de expressão artística.

Listamos aqui alguns artistas de diversas épocas, estilos e origens que fazem uso de técnicas e material diversos que se mantêm tradicionalmente no suporte bidimensional; outros exploram linhas no espaço. Pesquise imagens para compor uma aula ou sugira como pesquisa para os estudantes: Alberto da Veiga Guinhár (1896-1962); Albrechi Durrár (1471-1528); Anita Malfatti (1889-1964); Di Cavalcanti (1897-1976); Djanira (1914-1979); Edith Derdyk (1955-); écher (1898-1972); Filippo Brunelêsqui (1377-1446); Flávio de Carvalho (1899-1973); Iole de Freitas (1945-); José Leonilson (1957-1993); Lasar Segall (1891-1957); Leonardo da vinti (1452-1519); Miquelângelo Buonarroti (1475-1564); Mira Chêndel (1919-1988); Pablo Picasso (1881-1973); Paulo Climachauska (1962-); brent (1606-1669); Roy Líctenstáin (1923-1997); Sandra Cinto (1968-); Waltercio Caldas (1946-); uíl áisner (1917-2005).

Processos de criação

Desenhar requer certo grau de planejamento e observação na hora de representar uma ideia por meio de linhas. Convidamos você a exercitar seu traço com esta proposta, que tem como tema a paisagem que é observada.

1. Para dar sequência à prática já iniciada nas atividades anteriores, você vai precisar do seu diário de bordo ou de algumas folhas de papel e um lápis de grafite, de preferência 4B ou 6B, mais apropriados para desenhar.

Versão adaptada acessível

1. Para dar sequência à prática já iniciada nas atividades anteriores, você vai precisar do seu diário de bordo ou de folhas de papel ou outro suporte e lápis grafite apropriado para desenhar.

2. Retome a paisagem que você tinha escolhido com a sua moldura (na atividade Para experimentar - Exercitar o olhar) e o desenho que fez no envelope transparente (na atividade Para experimentar - Paisagem na janela). Caso não tenha realizado as atividades anteriores, escolha uma paisagem para ser representada aqui.

Versão adaptada acessível

2. Retome a paisagem que você tinha escolhido com a sua moldura (na atividade Para experimentar - Exercitar o olhar) e o desenho que fez para a atividade Para experimentar - Paisagem na janela. Caso não tenha realizado as atividades anteriores, escolha uma paisagem para ser representada aqui.

3. Observe a paisagem e faça alguns esboços dela. Esses desenhos são só seus, então arrisque-se, faça e refaça, busque fórmas diferentes de desenhar e de olhar.

Versão adaptada acessível

3. Faça alguns esboços da sua paisagem. Esses desenhos são só seus, então arrisque-se, faça e refaça, busque formas diferentes de desenhar e de perceber.

  1. Escolha o caminho que for mais confortável para você: pode ser uma imagem mais detalhada ou mais simplificada. Você pode focar apenas nas partes principais da paisagem ou até inserir algum elemento que imaginou e que não está lá. É o seu ponto de vista.
  2. Para concluir, escolha um ou mais desenhos para compartilhar com os colegas. Se possível, com o auxílio do professor e oesteésseao acervo digital da turma.

Faça no caderno.

Para refletir

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Como foi a experiência de desenhar?
  2. Quais foram as expectativas em relação às dificuldades e facilidades de realizar a atividade?
  3. Ter desenhado uma paisagem fez você perceber elementos novos na paisagem escolhida? Quais?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Processos de criação.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Orientações

É importante incentivar os estudantes a desenhar diversas vezes a mesma paisagem, buscando investigar o próprio traço e alguns diferentes pontos de vista. Para deixá-los mais confortáveis em trocar os resultados dessa experiência, realize também as atividades e exponha seus desenhos para a turma.

Orientações: Para refletir

O desenho, como modalidade artística, envolve não apenas uma dimensão criativa – valorizada no desenho de caráter artístico –, mas também a questão da prática. O desenho é acessível a qualquer pessoa, independentemente do desejo e/ou da escolha de ser artista. Isso é fundamental para desmistificar a ideia do desenho como um “dom” ou um “talento”. Essa reflexão é importante para desenvolver uma avaliação reflexiva com os estudantes sobre a experiência do desenho.

Atividade complementar

Alguns artistas costumam fazer um desenho preliminar antes de iniciar uma pintura. Ao longo do capítulo, tratamos de algumas questões técnicas como composição, sombra, luz, cor e tons. Por isso, proponha aos estudantes a criação de uma pintura utilizando, se possível, o seguinte material:

  • Papel canson de gramatura 180 gramas ou tela para pintura no tamanho A três.
  • Tinta acrílica nas cores magenta, ciano, amarela, preta e branca (outras cores podem ser obtidas com a mistura delas).
  • Pincéis de três tamanhos diferentes para a pintura de grandes e pequenas áreas e também dos detalhes, sendo dois pincéis menores no formato redondo e outro maior no formato achatado.

Oriente os estudantes na execução do trabalho passo a passo, começando pelo desenho. Eles deverão traçar suavemente as principais linhas no papel ou na tela. Em seguida, pintarão primeiramente o fundo da imagem. Depois, passarão para a pintura dos primeiros planos, aguardando que cada cor seque antes de iniciar uma nova cor. Por fim, pintarão os detalhes da paisagem.

Organize uma exposição apresentando os trabalhos de pintura, desenho e esboços da mesma paisagem feitos pela turma.

Organizando as ideias

Fotografia. Painel formado por quatro faixas verticais de parte de imagens, nas quais não aparece a cena completa. Da esquerda para a direita: pintura panorâmica com casas e montanhas, em tons de azul, violeta e verde. Pintura com vegetação tropical exuberante. Pintura de paisagem com uma árvore sob a qual há uma pessoa em pé diante de um desfiladeiro. E fotografia de uma estrutura formada por diversos arcos brancos elípticos que se tocam.

Neste capítulo, a paisagem foi abordada sob o ponto de vista de quem a representa e de quem a constrói. Vimos exemplos de paisagens artísticas com desenhos e pinturas, e outros mais funcionais, como os projetos arquitetônicos. Você também foi convidado a pensar nas paisagens ao seu redor.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Quais fórmas de representar a paisagem mais chamaram a sua atenção? Por quê?
  2. O que foi vivenciado neste capítulo fez você pensar no modo como registra as paisagens quando viaja ou mesmo no seu dia a dia? De que maneira? O que mudou em sua prática?
  3. De que fórma você se relaciona com a prática do desenho ao chegar ao final deste capítulo?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

Orientações

Converta este momento de retomada de conteúdos em uma oportunidade de vivenciar um exercício de curadoria, no qual os estudantes poderão pensar em como agrupariam suas produções de modo a criar uma exposição.

Reveja com a turma todas as paisagens que foram registradas ao longo deste capítulo, analisem essa produção e identifiquem quais delas seguiram um mesmo padrão de composição: agrupe as que mantiveram a linha do horizonte delimitada ou as que desconstruíram essa ideia; as que exploraram as texturas da paisagem e as que deram destaque para as cores; as que trabalharam com paisagens urbanas; e as que evidenciaram a natureza.

Trazendo à vista todo esse panorama, os estudantes poderão responder às questões das atividades de modo mais consciente e aprofundado.

Glossário

Gênero de pintura
No século XVII, a Academia Real de Pintura e Escultura da França, que era a principal instituição artística da época, dividiu a produção artística em cinco categorias (gêneros) autônomas, relacionadas aos temas pintados e ordenadas pelo grau de importância na sociedade europeia daquele tempo: a pintura histórica (que tratava dos grandes temas: históricos, míticos e religiosos); o retrato (em geral reservado às autoridades e aos endinheirados); a pintura “de gênero” (que apresentava cenas cotidianas); a paisagem; e a natureza-morta (que apresentava objetos e seres inanimados, como flores e frutos). Desde a metade do século XIX, as divisões entre os gêneros foram se tornando menos rígidas, porque os artistas modernos e contemporâneos exploram novas formas de produzir arte, que não se encaixam em tais categorias.
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Tom
Variação ou gradação de uma cor. Os tons de uma cor podem variar em intensidade (do mais claro ao mais escuro) e na relação com as outras cores. Assim, há muitos tons de cinza: do mais claro, próximo do branco, ao mais escuro, próximo do preto. Já o azul, por exemplo, pode ser marinho (mais escuro e próximo do violeta) ou turquesa (mais claro e próximo do verde). O uso de tons diversos serve para criar efeitos de volume e profundidade, ou seja, gerar uma ilusão: para que um objeto representado em uma tela pareça real.
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Brasil holandês
No século dezessete, o Brasil foi invadido pelos holandeses, em busca de açúcar e visando expandir seu território. Em 1630 eles conseguiram invadir Pernambuco e dominar grande parte do litoral brasileiro. Para comandar esse território invadido, foi enviado para o Brasil o conde Maurício de Nassau, que governou toda a região que ia de Sergipe ao Maranhão, entre 1637 e 1644. Em 1654, os holandeses foram expulsos do Brasil por portugueses e ingleses.
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Esboço
Primeiros traços que apresentam a ideia geral de um projeto ou de uma obra, e que depois será aprimorado.
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Xilogravura
Técnica de impressão que tem como matriz uma placa de madeira. A imagem é gravada na placa com instrumentos afiados (chamados de goivas) que retiram as linhas do desenho, formando sulcos. Uma fina camada de tinta é passada sobre ela, porém onde existem sulcos, a tinta não penetra. A impressão é feita sobrepondo papel ou tecido sobre a madeira entintada e fazendo pressão com uma prensa própria para isso, ou outro instrumento para que a tinta fique registrada, como em um carimbo. Na xilogravura, a imagem sai invertida em relação à matriz.
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Arquitetura
Técnica de projeção de ambientes e edifícios que une aspectos da engenharia – uma vez que envolve cálculos e planejamentos para garantir a funcionalidade dos espaços – e das artes visuais, considerando a organização espacial e o impacto estético dos projetos.
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Urbanismo
Estudo sobre o planejamento das cidades. O urbanista pesquisa as relações entre o ser humano e o ambiente em que ele vive, para, assim, planejar cidades melhores e mais eficientes.
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Paisagismo
Estudo que visa à construção de ambientes em que haja equilíbrio entre a natureza e o meio urbano. O paisagista precisa conhecer aspectos geográficos, botânicos, hidrográficos e ecológicos para elaborar projetos que, preferencialmente, valorizem e preservem as espécies nativas das regiões onde atua.
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