CAPÍTULO 4 Arte e natureza

Fotografia. Imagem panorâmica de uma obra de arte feita com elementos naturais em meio à paisagem natural. À esquerda, vegetação baixa, à direita, terreno arenoso bege com uma grande espiral marcada no solo. Ao fundo, montanhas cinza sobre a linha do horizonte. Acima, céu cinza-azulado.
Ismítsan, Robert. Spiral Jetty [Quebra-mar em espiral, em tradução livre]. 1970. Lama, cristais de sal precipitados, rochas e bobina de água, 427,2 métros por 4,57 métros Rozel Point, Great Salt Lake, Utah, Estados Unidos. Coleção: Dia Art Foundation. Fotografia de 2018.
Orientações e sugestões didáticas

Sobre o capítulo

Este capítulo, “Arte e natureza”, relaciona-se às Unidades temáticas da Bê êne cê cê: Artes visuais; Música.

Objetivos

De acordo com as Competências específicas do Componente Curricular Arte, os conteúdos trabalhados neste capítulo buscam levar os estudantes a:

  1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
  2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
  3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
  4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fóra dela no âmbito da Arte.
  1. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
  2. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
  3. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

Sugestão para o professor

Para conhecer mais sobre a produção de Robert Smithson, acesse o site da fundação Holt Smithson (em inglês). Disponível em: https://oeds.link/r2aWGH. Acesso em: 3 maio 2022.

1. Observe a imagem da abertura do capítulo e faça uma análise com um colega sobre o que vocês apreciam nela.

Versão adaptada acessível

1. Com base na imagem da abertura do capítulo, faça uma análise com um colega sobre o que vocês apreciam nela.

Essa é uma obra do artista estadunidense Robert Ismítsan (1938-1973). Ela foi construída em um lago nos Estados Unidos em 1970, com cêrca de 6 500 toneladas de rochas e lama. Ela ainda pode ser visitada quando está visível, dependendo dos níveis de água do lago.

róbert Ismítsan produziu obras de arte diretamente em espaços naturais, ora interferindo nos locais com a inserção de objetos, ora modificando as características da paisagem. Ele também criou obras com fórmas geométricas que eram inseridas em ambientes da natureza onde não existiriam originalmente. Ao mesmo tempo que levou a arte para fóra das galerias, ele também levou a natureza para dentro delas, com obras que ele chamava de non-sites [não locais, em tradução livre], quando transportava materiais encontrados em locais despovoados ou abandonados para construir obras para serem expostas em museus e galerias.

2. O que leva alguns artistas a escolherem a paisagem natural como suporte e elementos da natureza como matéria-prima de seus trabalhos?

Até o momento, você já viu arte em muitos espaços (urbanos, rurais e naturais) e conheceu paisagens e diferentes fórmas de construí-las e de ouvi-las.

Ao longo deste capítulo, você conhecerá artistas que têm a natureza como o foco de seu trabalho. O engajamento em causas ambientais, as abordagens provocativas sobre a relação dos humanos com a natureza e o uso consciente de elementos naturais como matéria-prima são alguns dos aspectos que caracterizam as obras que você vai conhecer, e cada um dos exemplos o convidará a pensar sobre a relação dos seres humanos com a natureza.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Onde é possível encontrar arte na natureza?
  2. Na sua opinião, o que é ser ecológico fazendo arte? O que é ser artístico fazendo ecologia?
Orientações e sugestões didáticas

Justificativa

Embora a Arte sempre tenha se relacionado com a realidade da época e do local, especialmente desde o século vinte, diversos artistas buscaram criar obras mais explicitamente próximas da vida das pessoas. Nesse sentido, a arte deixou os ateliês, museus, palcos ou estúdios e passou a ocupar outros lugares, inclusive interagindo com ambientes naturais. Neste capítulo o foco está na relação entre a arte e a natureza, nas produções artísticas que usam elementos naturais como matéria-prima e que apresentam preocupação com questões ambientais, ou nas que sejam realizadas diretamente em ambientes naturais.

Sobre a imagem

Esta imagem foi escolhida por exemplificar possíveis relações entre arte e natureza. Ao passo que os elementos naturais se tornam a própria obra, ela também altera permanentemente esse ambiente, incorporando elementos artísticos ou estéticos ao espaço.

Conduza a leitura da imagem perguntando aos estudantes:

  • Que paisagem é essa?
  • Qual é sua percepção sobre as dimensões da obra? (Busque algum detalhe na imagem que possa servir de referência para a noção de escala.)
  • Você identifica o material que o artista usou para fazer a obra?
  • Como você imagina que ela foi feita?

Para todas as questões propostas no capítulo serão dadas “Respostas pessoais.”.

Sobre as atividades: Para refletir

  1. Incentive os estudantes a pensar em elementos como sons, cores, ritmos, texturas e movimentos presentes na natureza. É possível também relembrar exemplos de artistas, apresentados anteriormente nesta coleção, que usam tais elementos como parte integrante de suas obras, como Múri Chêifer em A princesa das estrelas, apresentada no capítulo 1.
  2. Estimule os estudantes a elaborar respostas com base nas impressões e ideias que já tenham sobre as possíveis relações entre arte e ecologia. As respostas poderão ser revistas e ampliadas depois da apresentação do conteúdo da seção Sobrevoo.

SOBREVOO

A natureza como arte

Fotografia. Imagem de uma obra de arte feita com elementos naturais em meio à paisagem natural. À esquerda há um pequeno lago em um terreno totalmente coberto de grama. Atrás dele há duas árvores pequenas lado a lado, em frente a uma construção ondulada coberta de grama. Atrás da ondulação, diversas árvores com copas rasas alinhadas. Ao fundo, montanhas com vegetação, e acima, céu com muitas nuvens brancas espessas e algumas faixas azuis.
LIN, Maya. A Fold in the Field [Uma dobra no campo, em tradução livre]. 2013. 105 mil métros3 de preenchimento de terra em cêrca de 30 mil métros2. Gibbs Farm, Kaipara Harbour, Nova Zelândia. Fotografia de Dan Chappe.

Faça no caderno.

1. Observe a imagem. O que se destaca nessa paisagem? O relevo nesse campo provoca alguma impressão em seu olhar? Qual?

Versão adaptada acessível

1. O que se destaca na paisagem apresentada? O relevo nesse campo provoca alguma impressão em você? Qual?

O movimento artístico no qual os artistas trabalham diretamente na natureza é chamado de Land Art, e é dentro dele que se integra a obra Spiral Jetty, do artista estadunidense Robert Ismítsan, que você conheceu na abertura deste capítulo.

Os artistas ligados a esse movimento não limitam a natureza a um simples cenário: eles criam a partir de elementos naturais e de paisagens, modificando-os e transformando-os.

As primeiras produções consideradas Land Art são do final da década de 1960. São dessa época alguns dos trabalhos mais conhecidos do movimento, embora até hoje sejam realizados projetos que dialogam com ele, como evidencia a obra A Fold in the Field, da artista estadunidense Maya Lin (1959-).

Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta referências de produções artísticas que se integram à natureza ou fazem uso de recursos naturais.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Materialidades; Processos de criação; Patrimônio cultural.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre zero quatro) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, fórma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etcétera) na apreciação de diferentes produções artísticas.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois zero) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e platafórmas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois um) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Sobre a atividade

1. Na leitura da imagem, os estudantes analisarão quanto do relevo do campo gramado se integra à paisagem local, como se fosse um eco das montanhas ao fundo. De certo modo, a artista “brinca” de camuflar a obra ao restringir-se à mesma matéria na qual ela está inserida (a grama). Incentive-os a analisar a fotografia considerando as linhas de fôrça, a linha do horizonte, os planos e os tons das cores. Embora não seja uma pintura, a fotografia apresenta-se como uma composição de paisagem, o que possibilita analisar a imagem de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

Essa obra está no Gibbs Farm, um grande museu de esculturas a céu aberto na Nova Zelândia, onde existem outras produções de Land Art. Em um campo de aproximadamente 30 mil metros quadrados, Maya Lin manipulou o relevo natural, criando elevações que chegam a 11,5 metros de altura.

Maya Lin é arquiteta de formação e pesquisa as relações entre arquitetura, ambiente e ciência em seus projetos. Arte e arquitetura caminham juntas em sua vida profissional, mas seu interesse está no meio ambiente, e seu objetivo é que as pessoas prestem atenção ao seu entorno.

Uma das características da Land Art é a sua realização diretamente no espaço natural e, justamente por isso, as obras nem sempre são acessíveis presencialmente ao grande público, dependendo de registros em vídeo ou fotografia para serem divulgadas.

Os registros são importantes porque permitem a visualização integral das obras, cujas dimensões são grandiosas.

Para realizar a manipulação da natureza e da paisagem em obras de grandes dimensões se faz necessário o uso de equipamentos e de muita estrutura material. Por causa disso, elas partem inicialmente de projetos – e algumas vezes nem saem do papel. A criação do artista começa no planejamento das intervenções que pretende fazer no ambiente, um processo semelhante ao dos arquitetos, que conhecemos no capítulo 2.

Para experimentar

Projeto de Land Art

O trabalho de criação dos artistas de Land Art se inicia muito antes de ir a campo. Pensando em uma situação hipotética, qual projeto de Land Art você faria?

Você só vai precisar de lápis e papel para esboçar a ideia. Utilize seu diário de bordo.

  1. Escolha um local onde seria produzida a sua obra (mar, rio, lago, campo, floresta, céu, montanha, planície, rocha etcétera).
  2. Qual transformação você faria na paisagem escolhida?
  3. Com quais recursos materiais e humanos você contaria?
  4. Como você imagina a interação do ser humano ou de animais com essa obra?
  5. Como você faria o registro dela?
  6. Anote todas as ideias e, se possível, esboce-as para ficar mais claro para quem vai ouvir.
  7. Para concluir, compartilhe as suas criações com os colegas.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar

Esta seção propõe um processo de criação com base em interesses artísticos, de acordo com a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero seis) da Bê êne cê cê.

Para que os estudantes tenham conhecimento dos elementos que constituem o espaço escolhido, peça que descrevam em detalhes o local para dimensionar todas as transformações no ambiente: os animais, a presença do vento, a vegetação. Instigue-os a soltar a imaginação. Embora se trate de uma situação hipotética, o ideal é que considerem todos os aspectos práticos e conceituais, como se fossem executar o projeto.

Sugestão para o estudante

O Gibbs Farm tem uma coleção de obras de importantes artistas contemporâneos, e conhecer seu acervo pode ser um modo de ampliar o repertório dos estudantes, incluindo produções de Land Art, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero um) da Bê êne cê cê.

Site oficial do Gibbs Farm. Disponível em: https://oeds.link/fzILtn. Acesso em: 31 janeiro 2022.

fórmas que a natureza oferece

Fotografia. Pedaço de um tronco de árvore com galhos esculpido em forma de uma ave de asas curtas abertas e pescoço e bico longos.
BEZERRA, José. Pinguim. 2008. Escultura em madeira, 49 centímetros por 47 centímetros por 23 cm. Galeria Estação, São Paulo São Paulo.

2. Observando o material de que a escultura Pinguim é composta, como você imagina que ela foi produzida?

José Bezerra (1952-) é um escultor pernambucano. Ele utiliza elementos naturais como matéria-prima para confeccionar esculturas e também revela, com seu trabalho, uma preocupação com o meio ambiente. Ele retira da mata troncos e raízes que, em suas mãos, se transformam em esculturas de pessoas, objetos ou animais.

No filme-documentário José Bezerra: aulazinha com a madeira (2009), o artista conta que foi muito pobre e por muitos anos precisou matar animais para comer, o que despertava nele a sensação de estar prejudicando a natureza.

Com o tempo, próximo ao sítio em que mora, no Vale do Catimbau, ele começou a perceber, nos galhos secos e nas árvores sinuosas, as fórmas de tatus, corujas, tamanduás, diversas aves e outras figuras de animais que acabou esculpindo. Assim, segundo o próprio artista, ele passou a usar a arte como uma fórma de se redimir pelos males que acredita ter causado ao meio ambiente anteriormente.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

2. O artista entalha ou esculpe a madeira, ou seja, vai tirando lascas de madeira do tronco para chegar à fórma desejada. No documentário referido no texto, o artista diz que as fórmas que esculpe já estão nos troncos que colhe, que seu papel é perceber ou reconhecer as fórmas no ambiente, criando apenas alguns detalhes e a colorização das peças.

Atividade complementar

Além da escultura em madeira, a cerâmica é outra técnica muito praticada por artistas populares. Ela se relaciona com este capítulo, uma vez que sua produção faz uso de elementos da natureza, como o barro, a água e o ar.

Além disso, partes do processo da cerâmica podem ser vivenciadas no ambiente escolar, pois não dependem de fôrça, do manuseio de instrumentos específicos ou objetos cortantes. Por isso, sugerimos que você desenvolva uma atividade em sala de aula explorando essa técnica.

Cada estudante precisará de:

  • cêrca de 1 quilograma de argila (pode ser adquirida em papelarias ou lojas de artigos para artesanato).
  • Estecas ou palitos de diferentes espessuras e formatos, como palito de sorvete, de churrasco, de manicure etcétera
  • Um pedaço de cabo de vassoura de no mínimo 30 centímetros de comprimento.
  • Pote com água.
  • Panos de limpeza.

Peça aos estudantes que iniciem a atividade amassando a argila, percebendo a textura do material. Em seguida, convide-os a produzir uma peça. Esta atividade contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero cinco) da Bê êne cê cê.

Você também pode propor a eles algo mais desafiador: inspirados por José Bezerra, incentive-os a produzir uma peça que, de algum modo, expresse sua relação com a natureza. Dessa fórma, a atividade contemplará também a habilidade (ê éfe seis nove á érre zero seis).

Mais do que o produto final, o objetivo da atividade é o envolvimento dos estudantes no processo de experimentação da técnica da cerâmica como meio de expressão.

3. Observe na imagem as muitas fórmas que o artista José Bezerra percebeu na natureza. Há semelhanças entre elas? É possível perceber um “jeito próprio” de esse artista esculpir?

Orientação para acessibilidade

Caso haja estudantes cegos na turma, proponha que realizem a atividade em duplas com outros colegas.

Fotografia. Em primeiro plano, centralizadas, duas esculturas de madeira, uma grande e a outra pequena. Ao fundo, esculturas de madeira com figuras que lembram pessoas e animais distribuídas sobre um terreno arenoso, sem vegetação. As peças têm vincos e marcas e acabamento rústico. Ao fundo, arbustos e à esquerda uma casa de taipa coberta de palha com uma antena parabólica e um poste de eletricidade. Acima há um céu azul com algumas nuvens brancas.
Obras de madeira do artista José Bezerra, Buíque Pernambuco. Fotografia de 2015.

Faça no caderno.

Para pesquisar

Frans krachbérg

Outro artista que ficou conhecido por integrar arte e natureza foi o polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg (1921-2017). Ao utilizar como matéria-prima para suas obras troncos e raízes de árvores obtidos em regiões desmatadas ou queimadas, especialmente na região amazônica, ele denuncia com esculturas a exploração da natureza pelos seres humanos.

Com o auxílio do professor, busque imagens de suas obras na internet e aproveite para fazer uma análise conjunta com as obras de José Bezerra, identificando o estilo particular de cada artista.

Veja no final do livro algumas sugestões de sites de pesquisa sobre o artista Frans Krajcberg.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

3. Ele deixa as marcas da ferramenta na madeira, compõe as peças utilizando as fórmas naturais (sem muitas alterações) e deixa o acabamento rústico, com poucos detalhes em cores.

Atividade complementar

Para perceber o “jeito próprio” de esculpir de José Bezerra, a turma pode comparar suas esculturas com as de outros artistas, identificando as fórmas recorrentes, as temáticas e como cada artista faz o acabamento das peças, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre zero dois) da Bê êne cê cê.

Sugerimos alguns nomes de artistas para essa leitura comparativa: G.T.O. – Geraldo Teles Oliveira, Antônio Julião, Maurino Araújo, Nino e Cícero Alves dos Santos (Véio).

Se possível, inclua na lista nomes de artistas de sua região.

Orientações: Para pesquisar

Na busca por imagens das obras de Frans Krajcberg, oriente os estudantes a montar um panorama de sua produção, com obras de diferentes fases da vida desse artista. Recomende que analisem a maneira como ele trabalha os aspectos técnicos em suas obras, tais como: dimensão, cor e fórma, contemplando as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero um) e (ê éfe seis nove á érre zero quatro) da Bê êne cê cê. Oriente-os a identificar as características que são derivadas da matéria-prima natural e as que são provenientes das mãos do artista.

A pesquisa pode ser ampliada com o documentário krachbérg: o grito da natureza. Disponível em: https://oeds.link/2WvmIC. Acesso em: 25 janeiro 2022.

Pesquisando as ondas do mar

Uma criação musical pode surgir de um processo de pesquisa sobre sons da natureza e trazer à tona algumas questões ambientais. Um exemplo é a música “Quarteto norteº 2”, também intitulada “Waves” [Ondas], de Múri Chêifer (1933-2021).

Para essa criação, xáfer gravou, escutou e analisou sons de ondas do mar. Ouvindo esses registros, ele pôde perceber e anotar diversas características desses sons, como a duração e o tempo entre a formação de uma onda e a onda seguinte. Ele usou essas características como referência para a composição de sua música para um quarteto de cordasglossário .

Ilustração. Fone de ouvido azul em fundo azul-claro, que corresponde ao ícone de sugestão de áudio.

Para ouvir a música “Waves” (“Quarteto nº 2”), se possível, faça uma pesquisa na internet com o auxílio do professor.

Busque pelo título da música seguido pelo sinal de positivo e pelo nome do compositor. Se conseguir escutá-la, pense nas relações que consegue perceber entre as características musicais e os sons de ondas do mar que você já ouviu.

  1. Levando em consideração elementos como timbre, intensidade, duração e altura, que características você consegue imaginar em sons de ondas no mar? Será que essas características serão diferentes ao variar o ponto de escuta; por exemplo, em um barco em alto-mar e na beira de uma praia?
  2. Você acha que trabalhos musicais como esse podem estimular atitudes ecológicas? Por quê?

Outro exemplo de trabalho que usa o mar na criação artística é o projeto do arquiteto croata Nikola Bašaić (1946-), que criou o Órgão do mar, uma obra arquitetônica musical à beira-mar. Ao longo de um trecho de 70 metros, 35 tubos plásticos, parcialmente submersos e fixados abaixo de uma escadaria do mar Adriático, emitem sons que são produzidos pelo movimento das ondas e podem ser ouvidos por quem está na orla. Observe a imagem.

Fotografia. Paisagem com parte de uma cidade à beira do mar. À esquerda,  há uma faixa larga e extensa revestida de calçamento claro com diversos degraus, construídos à beira do mar. Sobre o calçadão,  um edifício grande e outros menores. Ao lado do edifício maior, árvores. Sobre os degraus,  há dezenas de pessoas, algumas em pé e outras sentadas. As ondas quebram em alguns desses degraus. Do lado direito, o mar. Ao fundo, há uma faixa distante de terra firme e um céu azul e sem nuvens.
BAŠIĆ, Nikola. Órgão do mar. 2005. Zadar, Croácia. Com 70 métros ao longo da costa, ocupa uma área de 1 700 métros2. Fotografia de 2020.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Com este exemplo de Murray Schafer, apresentamos a exploração de um elemento natural como fonte sonora, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê. Um detalhe que vale ser destacado é a possibilidade de associação da criação musical com um processo de pesquisa. Isso amplia referências sobre processos de criação artística. Além disso, a apreciação desse exemplo pode levar a reflexões a respeito de elementos constitutivos da música, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero), o que pode ser ampliado pela escuta sugerida no boxe da página.

Atividade complementar

Se for possível realizar a pesquisa sugerida no boxe e ouvir a música, recomende aos estudantes que anotem em seus diários de bordo as suas impressões e as características musicais que conseguem perceber. Você pode estimulá-los com perguntas como: “Que instrumentos são utilizados?”; “É possível diferenciar o som de cada um?”; “Quais são as semelhanças e diferenças entre eles?”; “A música desperta em você algum tipo de sensação ou traz imagens a sua mente?”; “Você vê alguma relação entre aspectos da música e as ondas do mar?”.

Sobre a atividade

4. O objetivo é estimular a imaginação sonoro-musical do estudante. Esse tipo de exercício pode ser feito com referência a qualquer outra paisagem, real ou fictícia, semelhante ao que foi sugerido no capítulo 3.

Sobre a atividade

5. Você pode citar mais obras artísticas que trabalham com elementos da natureza (apresentadas neste capítulo ou em outras fontes) e incentivar os estudantes a avaliar quanto conhecer cada uma pode nos levar a pensar na maneira como nos relacionamos com o meio natural de fórma a tornar essa convivência mais ecológica – fazendo analogia da prática musical com as diferentes dimensões da vida social, conforme a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê. No caso de trabalhos musicais, de modo geral, pode-se citar o fato de darem destaque aos aspectos sonoros da natureza, que às vezes são esquecidos em discussões sobre Ecologia.

O arquiteto foi responsável pelo projeto do porto da cidade de Zadar (Croácia), onde fica o órgãoglossário , e teve a ideia de aproveitar a energia das ondas para produzir sons. Para isso, contou com o apoio de profissionais da área de música e, para lidar com a fôrça das águas, foi necessário o trabalho de um especialista em sistemas hidráulicos.

O projeto foi desenvolvido em seis meses e inaugurado em abril de 2005. Esse projeto do Órgão do mar foi também uma maneira de revitalizar a orla, pouco frequentada até então.

Ilustração. Órgão, instrumento musical com três teclados dispostos em níveis diferentes, uns em frente aos outros, e com uma estrutura retangular na parte posterior, na qual existem diversos tubos sonoros brancos, dispostos lado a lado na posição vertical, em ordem crescente de tamanho das extremidades para o centro. Abaixo das teclas, na parte inferior do instrumento, há uma estrutura na qual há diversas válvulas e abaixo desta, uma outra estrutura com diversos pedais dispostos lado a lado.

6. Após conhecer o Órgão do mar, escute o som desse instrumento.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.


7. Que memórias ou sensações o som desse instrumento causa em você? Como você descreveria as qualidades desse som? Como essa obra se integra à paisagem?

No Brasil também há um exemplo de instrumento criado especialmente para produzir sons por meio da ação da natureza e, novamente, movido a água. Trata-se da Usina hidro sonora, uma instalação musical criada por Leandro César em 2011, em Minas Gerais.

Fotografia. Uma instalação musical em uma área de floresta. Centralizada, uma estrutura retangular de madeira apoiada sobre dois troncos de árvore cobertos de musgo. Do lado direito dela, há uma queda de água canalizada por uma calha. A água cai em uma roda-d'água em movimento, conectada a um eixo, que vai girando junto com ela. O eixo também está conectado a diversas peças de madeira na estrutura de madeira. Ao redor, vegetação.
CÉSAR, Leandro. Usina hidro sonora. 2011. Programa de Residência Artística na Ecovila Terra Úna. Liberdade, Minas Gerais.

Instalado diretamente na natureza, o instrumento produz um som constante que se integra aos demais sons do ambiente, algo próximo do que você conheceu com as obras de Múri Chêifer.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre a atividade

7. Além de dar espaço para aspectos subjetivos, abre-se com estas questões a possibilidade de perceber quanto os estudantes já se apropriaram de conteúdos estudados e conseguem comentar as propriedades de um som. Se considerar necessário, retome com a turma as propriedades sonoras como timbre, altura, intensidade e duração – contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero) da Bê êne cê cê.

Quanto à integração da obra com a paisagem, por meio da observação da imagem, das informações no texto e da escuta do áudio, é possível citar aspectos como o fato de os sons se misturarem àqueles já produzidos pelo mar, pelo vento, pelas vozes, pelos passos dos visitantes, entre outros que podem ocorrer no ambiente, ou seja, eles são parte da paisagem sonora do local. Além disso, instalada no chão da orla, à beira-mar, possibilita que as pessoas se sentem ou caminhem por ela contemplando o mar. Assim, integra-se também à paisagem visual, fazendo interagir aspectos de Arquitetura e Música e, portanto, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades (ê éfe seis nove á érre três um) e (ê éfe seis nove á érre três dois).

Sobre o Órgão do mar

Nesta obra, as ondas do mar são usadas para acionar um instrumento sonoro de grandes proporções. Esse instrumento utiliza mais um elemento natural para a produção do som: o ar. Com isso, enfatizamos mais uma opção de interação entre música e paisagem, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois um) da Bê êne cê cê, referente à materialidade das fontes e materiais sonoros.

Foco na História

Hydraulos, o órgão hidráulico grego

O Órgão do mar, de Nikola Bašić, tem aspectos muito inovadores em sua fórma de construção e interação com elementos naturais. Entretanto, ele também nos remete aos primeiros órgãos construídos na Grécia, que, apesar de diferentes, também tinham a água como um dos elementos fundamentais de seu funcionamento. Eles foram inventados no século três antes de Cristo, provavelmente por meio de uma fusão de aulos (instrumentos de sopro comuns naquela época, ancestrais das flautas e de outros instrumentos atuais) com um mecanismo que, por meio de um recipiente com água e uma bomba de água, comprimia o ar, que, assim pressionado, era então direcionado a tubos semelhantes aos dos instrumentos de sopro.

Os primeiros órgãos hidráulicos tinham apenas sete tubos e, portanto, sete notas. Observe nas imagens a seguir uma representação de um desses instrumentos em uma escultura do século um antes de Cristo e em uma reconstituição mais recente, feita com base em pesquisas em fontes históricas.

Esses órgãos continuaram a ser adaptados e aperfeiçoados ao longo do tempo. De modo geral, suas partes básicas são os tubos que produzem as diferentes notas, uma câmara para armazenamento do ar, um mecanismo de comprimir o ar e o teclado que abre a passagem de ar para cada tubo. Atualmente, os mais conhecidos são aqueles presentes em algumas igrejas cristãs, que já não utilizam água. Há também os órgãos eletrônicos, que não têm tubos nem utilizam o ar; seus sons, que imitam os dos anteriores, são produzidos eletronicamente.

Fotografia. Reconstituição de um hydraulos, instrumento musical da Grécia antiga composto por vários tubos alinhados em ordem decrescente de tamanho da esquerda para a direita. Os tubos estão dispostos na posição vertical na parte superior do instrumento. Na base dos tubos, há uma estrutura retangular, sobre a qual há um teclado. No lado direito há uma estrutura de madeira acoplada. Na parte inferior, caixa de ressonância feita de ferro instalada dentro de um suporte de madeira. Na parte inferior da estrutura, há dois roletes.
Versão reconstruída do hydraulos, um ancestral do órgão moderno de igreja, inventado no século três antes de Cristo, em Atenas. Um fabricante de instrumentos grego dedicou-se por quatro anos para reconstruir o instrumento, trabalhando nos restos de um antigo modelo descoberto perto do Monte Olimpo, na Grécia central, em 1992. Fotografia de 2006.
Fotografia. Escultura de duas figuras humanas tocando instrumentos musicais. À esquerda, um homem com cabeça e braços desproporcionais em relação ao corpo toca um instrumento de sopro constituído de um tubo estreito e longo, segurando-o com as duas mãos; uma está próxima da embocadura, e a outra próxima do centro do tubo. Ao lado, outra pessoa da qual só aparecem o rosto e a cabeça coberta por um turbante toca um instrumento com diversos tubos semelhante a um órgão.
MÚSICOS tocando órgão e trompete. Século um antes de Cristo 13 centímetros de altura. Proveniência e fabricação: Alexandria, Egito. Museu do Louvre, Paris, França. Fotografia de 2008.
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Foco na História

Esta seção discorre sobre a construção e funcionamento de um instrumento do século três antes de Cristo, além de possibilitar um diálogo com o componente curricular História, contempla as habilidades (ê éfe seis nove á érre dois um) e (ê éfe seis nove á érre três quatro) da Bê êne cê cê. Estimule comparações da descrição desse instrumento com outros instrumentos modernos que os estudantes conheçam. Pergunte a eles: “Quem já viu ou tocou um órgão eletrônico? E um órgão de igreja?”; “Que outro exemplo visto nas aulas também utilizava uma bomba-d’água?”. Com essa última pergunta, é possível relembrar a instalação clinamen – apresentada no capítulo 3, página 42 –, na qual a bomba-d’água tinha uma função diferente da que se observa aqui, mas também influenciava a produção de sons.

Sugestão para o estudante

Assista ao vídeo em que a música “Toccata e fuga em ré menor”, de Iôrrân Sebástian Bác (1685-1750), é tocada pelo organista Leo van Doeselaar (1954-) em um órgão de tubos.

Disponível em: https://oeds.link/s3JpWC. Acesso em: 25 janeiro 2022.

Ao ouvirem essa música e assistirem à performance do organista, fale também sobre , importante compositor alemão que influenciou amplamente a produção musical no Brasil e em vários outros locais do mundo. Note, por exemplo, que o título “Bachianas”, da série de composições de Villa-Lobos em destaque no capítulo 3, é uma referência a .

Atividade complementar

Organize um repertório em alguma mídia física, ou em uma playlist on-line, com músicas tocadas com diferentes tipos de órgão, de diferentes épocas e estilos. Promova sessões de apreciação musical para ampliação do repertório dos estudantes e comparação dos timbres desses diferentes instrumentos, contemplando a habilidade (EF69AR21) da BNCC. Uma comparação entre os diferentes tipos de órgão, desde o hydraulos até os órgãos eletrônicos e o órgão do mar, proporciona uma reflexão sobre a interação entre a tecnologia e o meio ambiente, contemplando o tê cê tê Ciência e Tecnologia.

A arte que vai à mesa

Fotografia. Em primeiro plano, centralizado, um pote de vidro transparente com diversos tipos de de alimentos cortados no seu interior: folhas e vegetais coloridos (amarelo, branco e vermelho), dispostos em camadas. O vidro está sobre uma mesa. Ao fundo, diversos alimentos desfocados.
BARRETO, Jorge Menna. Pote paisagem. 2016. Prato integrante da obra Restauroglossário . Espaço do restaurante da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva.
  1. Observe a imagem e leia o título da obra na legenda. Por que você acha que ela tem esse nome? O que pode ser restaurado em uma obra que envolve uma ação com alimentos?
  2. Quando monta o seu prato em uma refeição, você pensa na procedência dos alimentos?

Na 32ª Bienal de São Paulo, realizada em 2016, o artista Jorge Menna Barreto (1970-) apresentou a obra Restauro, que acontecia no restaurante do pavilhão da Bienal.

Todo o sistema de produção adotado na obra foi executado levando em conta questões ecológicas: potes reciclados, copos reutilizáveis, alimentos adquiridos de produtores agroflorestais locais que não usavam agrotóxicos, cobrança de valores justos e restos de comida que iam para a compostagem. Tudo com o menor impacto ambiental possível.

10. Quanto tempo você leva para fazer suas refeições? Como você costuma almoçar e jantar: sozinho, em grupo, em família, em frente à tê vê?

Todas essas questões são pertinentes em um trabalho como esse, que nos faz refletir sobre a fórma como nos alimentamos, como lidamos com nossa saúde e nosso corpo e também sobre a nossa relação com o tempo.

Orientações e sugestões didáticas

Sobre as atividades

  1. Analise o pote de comida como uma composição artística que conta com cores e texturas variadas. Considere também as questões simbólicas do restauro, ampliando os significados do termo. A obra pode sugerir uma “reparação” no público, para que repense suas atitudes diante da arte ou diante da vida.
  2. Instigue os estudantes a refletir sobre suas escolhas partindo do que gostam ou não de comer, indo além disso, em um processo mais consciente sobre o ato de se alimentar. Perceba a realidade da sua comunidade escolar e avalie a possibilidade de focar as reflexões na alimentação escolar, analisando o modo como a merenda é servida e como é produzida.
  3. O objetivo de refletir sobre a qualidade do ato de se alimentar (a fórma, o modo, o local e o tempo de comer) é considerar esse ato uma “experiência”, que também pode ser comparada à experiência estética, vivenciada com obras de arte.

A obra de Menna Barreto se relaciona com as diversas dimensões da vida real e contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê.

Atividade complementar

Proponha aos estudantes uma pesquisa sobre artistas que se preocupam com questões ambientais em suas produções. Há os que utilizam material reciclado em suas obras e outros que usam o trabalho para chamar a atenção do público para problemas ambientais. Sugira uma busca na internet, sob sua supervisão, ou nomes de artistas a serem pesquisados.

Indicação de artistas para pesquisa: Agnes Denes (1931-), Eduardo isrur (1974-), Henrique Oliveira (1973-), Néle Azevedo (1950-), Sayaka Ganz (1976-) e Vik Muniz (1961-).

Peça aos estudantes que analisem a fórma como arte e natureza se articulam nas produções desses artistas, seja conceitualmente, seja materialmente.

Menna Barreto contou com diversos parceiros para materializar sua ideia: uma chef de cozinha e uma escola de ecogastronomiaglossário criaram os cardápios, enquanto outros profissionais cuidaram da ambientação do espaço e dos trechos em áudio que podiam ser ouvidos pelo público em fones de ouvido.

Os trechos em áudio continham registros sonoros da pesquisa de campo de Menna Barreto para compor a obra: entrevistas com pessoas que trabalham no plantio dos alimentos, composições feitas com sons da natureza, gravações de leituras de poemas sobre a ocupação da terra, entre outros temas correlatos.

Fotografia. À esquerda, uma lousa  com moldura de madeira de cor clara natural. Abaixo dela, no chão, há dois caixotes com a parte frontal verde-clara contendo laranjas. Acima da lousa, algumas frutas dentro de redes estão penduradas em uma estrutura de madeira clara que delimita o espaço. Apoiada na estrutura há uma tábua azul com um pequeno vaso de planta. Abaixo do vaso há duas caixas azuis com uma face oblíqua; dentro de uma delas há uma planta de pequenos ramos com folhas verdes.  Do lado direito, está sentado um homem usando camisa preta e calça laranja, com os dois braços flexionados e as mãos próximas da cabeça. Ele segura com a mão esquerda um celular ao ouvido. Ao lado dele, outras frutas.
BARRETO, Jorge Menna. Restauro. 2016. Espaço do restaurante da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Saúde.

Para experimentar

Despertando os sentidos

As obras de Jorge Menna Barreto provocam reflexões e aguçam os sentidos do público com uma produção artística que se integra à ideia de educação alimentar e consumo consciente.

Para vivenciar essa experiência, com a ajuda de um adulto, faça uma visita a um local de comércio ou produção de alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, e escolha quatro alimentos dessa fórma: o que você considera mais bonito; o que se destaca pelo aroma; o que tem uma fórma ou textura diferenciada; e o que tenha despertado sua curiosidade. Fotografe ou desenhe esses alimentos e entreviste o vendedor/produtor, anotando o nome, onde ele é cultivado, quais seus principais nutrientes, que benefícios ele traz à saúde e como é tradicionalmente consumido em sua cidade. Se o produtor/vendedor não tiver essas informações, você pode pesquisar em livros ou na internet. Se possível, prove o alimento escolhido.

Compartilhe os registros e as informações com a turma e, em pequenos grupos, criem composições visuais com esses registros usando a técnica de colagem.

Por fim, compartilhe sua reflexão: que descobertas você fez com essa experiência? Você se interessou mais pelos alimentos pesquisados pelo grupo depois de saber mais sobre eles? De que maneira? Por quê?

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. De que fórma os artistas que discutem a relação entre arte e natureza ajudaram você a refletir sobre essa questão?
  2. Como o potencial da arte contribui com as discussões sobre meio ambiente e sustentabilidade?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações: Para experimentar 

Essa atividade contempla o tê cê tê Saúde – Educação alimentar e nutricional. Amplie a experiência com a seguinte proposta: quais teriam sido os resultados se o foco estivesse em comidas ultraprocessadas? Com uma análise comparativa dos resultados, os estudantes conhecerão os benefícios do consumo de alimentos naturais, em detrimento dos malefícios do consumo de alimentos ultraprocessados. Consulte o Guia alimentar para a população brasileira, disponibilizado pelo Ministério da Saúde para orientar os cidadãos sobre hábitos alimentares saudáveis. Disponível em: https://oeds.link/raop1k. Acesso em: 21 abril 2022.

Atividade complementar

Inspirados pelas obras pesquisadas na atividade complementar, sugerida na página anterior, incentive os estudantes a criar uma obra tridimensional usando material reciclado. Uma das principais dificuldades em propostas como esta é a qualidade estética dos resultados; por isso, é fundamental que você acompanhe e oriente a produção dos estudantes:

  • Comente com a turma sobre as características que definem uma escultura: a obra tem volume (altura, largura e profundidade) e, por isso, pode ser vista de todos os ângulos (pela frente, por trás, por cima e, dependendo da maneira como é exposta, até por baixo).
  • Peça-lhes que escolham o tema da escultura (exemplos: animais, paisagem, retrato, abstração etcétera).
  • Peça a cada estudante que escolha o material que vai utilizar para criar sua obra tridimensional.
  • Providencie material para unir, colar, prender, recortar ou manipular os objetos. Auxilie-os a escolher os recursos para sua construção.
  • Ao final, o estudante deve dar um título à sua produção, que pode ser literal ou conceitual.
  • Com as peças prontas, organize uma exposição e peça-lhes que façam leituras das esculturas uns dos outros, analisando como cada um trabalhou seus elementos constitutivos (volume, escala, cor, movimento etcétera). Registrem a exposição e, após uma curadoria, acrescente as fotografias ao acervo digital da turma.

Com essa atividade, os estudantes serão estimulados a desenvolver as habilidades (ê éfe seis nove á érre zero quatro), (ê éfe seis nove á érre zero cinco) e (ê éfe seis nove á érre zero seis) da Bê êne cê cê.

Sobre as atividades: Para refletir

As respostas esperadas para as perguntas são de cunho subjetivo e visam a contribuir para que você e os estudantes possam avaliar quanto e como a turma elaborou os assuntos abordados no Sobrevoo. Com base nisso, você pode estimular novas reflexões, fazer elucidações ou planejar novas ações de continuidade ou aprofundamento da temática explorada. Sugerimos que retomem as obras vistas ao longo do capítulo, analisem quanto elas foram produzidas de modo ecologicamente responsável, reflitam e discutam se essas preocupações ambientais podem ser percebidas pelo público que não conhece seu contexto de produção.

Foco emreticências

Murray Schafer

Fotografia em preto e branco. Homem idoso de cabelos e barba brancos, usando um agasalho de tricô com listras largas e calças compridas. Ele está sorrindo, sentado em uma cadeira com as pernas cruzadas; a esquerda dobrada e apoiada sobre a direita. O braço esquerdo está flexionado, com o cotovelo apoiado sobre o joelho da perna dobrada, e com a cabeça apoiada na mão esquerda em concha, com a palma e os dedos cobrindo a face esquerda. Seu braço direito está estendido ao longo do corpo, apoiado sobre o tornozelo da perna dobrada. Está com a mão direita entreaberta.
Múri Chêifer em Toronto, Canadá. Fotografia de 1992.

O músico e compositor canadense Múri Chêifer (1933-2021) é o autor da obra A princesa das estrelas, apresentada no capítulo 1, e da música para quarteto de cordas “Quarteto no 2”, apresentada no Sobrevoo deste capítulo.

Orientações e sugestões didáticas

Apresenta-se nesta seção um pouco sobre a vida e a formação artística de Múri Chêifer, e também sobre seu projeto de abrangência internacional intitulado Paisagem sonora mundial.

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Música; Artes integradas.

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas; Elementos da linguagem; Notação e registro musical.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmas e gêneros musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois zero) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etcétera), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

(ê éfe seis nove á érre dois dois) Explorar e identificar diferentes fórmas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

Múri Chêifer, compositor e educador musical, foi brevemente apresentado no capítulo 1, na abordagem de sua obra cênico-musical A princesa das estrelas. Escolhemos dedicar mais espaço para comentar sua vida e obra por reconhecer que ele é um dos educadores musicais contemporâneos que mais estabelecem diálogo com outras linguagens artísticas e que mais aproximam o pensamento musical de reflexões sobre ecologia e sustentabilidade e, portanto, um dos que mais estimulam reflexões sobre a relação entre a arte e as paisagens.

xáfer aprendeu a tocar piano com a mãe. Além dos estudos musicais, ele se envolveu com literatura – o que pode ser percebido pelo cuidado que ele mostra com o texto em suas composições e também com a sonoridade das palavras escolhidas, muitas vezes provenientes de fontes literárias diversas.

Outra área artística com a qual xáfer também se envolveu desde a infância foi a de artes visuais. Ele utiliza fórmas e desenhos em suas partituras para ajudar a descrever características de trechos das músicas, como no seguinte exemplo.

Fotografia em preto e branco. Partitura com ilustrações e textos. Na parte superior, pentagrama com notações musicais. No centro, desenho de um dragão com uma longa cauda ondulada e a boca aberta cuspindo fogo. Na parte inferior, texto emoldurado por uma linha geométrica e pentagrama com notações musicais.
Ischéfer, Mãrrei. Trecho da partitura da composição “The black theatre of Hermes Trismegisto” [O teatro negro de Hermes Trismegisto, em tradução livre].

Faça no caderno.

1. Observando o desenho que xáfer incluiu na partitura, como você imagina que seja essa parte da música?

Versão adaptada acessível

1. Considerando o desenho que Schafer incluiu na partitura, como você imagina que seja essa parte da música?

Múri Chêifer foi um dos primeiros artistas a desenvolver pesquisas sobre sons ambientais. Ele organizou um grupo de pesquisa para medir níveis de ruído e analisar aspectos da legislação de alguns países sobre isso, tentando identificar também possíveis consequências desses ruídos para a saúde humana. O projeto iniciou-se na década de 1960 na Universidade Sáimon Frêiser, no Canadá. A pesquisa e o grupo envolvido nesse trabalho se expandiram internacionalmente, dando origem ao projeto Paisagem sonora mundial.

Os resultados das pesquisas, além de fornecerem material para a produção de músicas como a que você ouviu no Sobrevoo, têm sido publicados em livros e compartilhados em conferências e fóruns internacionais.

Os trabalhos e as propostas desse grupo de artistas e pesquisadores liderados por Múri Chêifer desenvolveram o que tem sido chamado de Ecologia Acústica. Essa expressão remete ao campo de estudo que propõe uma relação mais consciente com a sonoridade para que possamos interagir com os sons dos ambientes onde vivemos e cuidar deles, pois, do mesmo modo que podem ser prazerosos, também podem se tornar nocivos à saúde de diferentes seres vivos.

Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Além do que foi exposto anteriormente, os trabalhos de xáfer também estimulam reflexões sobre a interferência dos sons na vida dos seres vivos, possibilitando diálogos e ampliações do que foi abordado no capítulo 2 do livro do 6º ano. Além disso, sua obra apresenta propostas diversas no que se refere à notação de sons e músicas e à utilização dessas diferentes fórmas de notação na educação e na prática musical, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois dois) da Bê êne cê cê.

Sugestões para o professor

Um dos participantes dos eventos promovidos pelo projeto Paisagem sonora mundial, o estadunidense Bêrni Kráusa (1938-), músico, naturalista e doutor em Bioacústica, gravou paisagens sonoras naturais em diferentes locais do mundo. Em uma de suas pesquisas, na Califórnia, constatou que algumas espécies de sapos, vivendo em um local sobre o qual frequentemente passavam aviões, apresentavam alterações no seu som característico. Esse som funciona normalmente como uma espécie de disfarce sonoro, com a função de dificultar a localização dos indivíduos daquelas espécies, diminuindo a chance de ataques de predadores. O som forte do avião atrapalhava a produção daquela sonoridade, e os sapos só conseguiam voltar a ela aproximadamente quarenta minutos depois. Assim, durante esse tempo, ficavam mais vulneráveis. Pode-se ver mais sobre isso em:

FONTERRADA, Marisa T. O. Música e o meio ambiente: a ecologia sonora. São Paulo: Irmãos Vitale, 2004.

É possível ouvir on-line alguns dos registros de sons de animais realizados por Bêrni Kráusa. Procure na internet pelo título do trabalho: The Great Animal Orchestra.

Sobre a atividade

1. Os desenhos nas partituras de xáfer não são meramente ilustrativos, eles funcionam como referências para a interpretação musical. Nesse exemplo, além do dragão que se destaca ao centro, podem-se notar também, na parte superior, traçados que partem de uma notação musical mais convencional e seguem representando as características do som a partir dali. Elementos assim são comuns nas partituras de xáfer e também de outros compositores contemporâneos – sua apresentação contempla a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois dois) da Bê êne cê cê.

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Meio ambiente.
Ícone. Tema contemporâneo transversal: Saúde.

Faça no caderno.

Para pesquisar

Pesquisa sonora de uma paisagem

Que tal conhecer melhor os ambientes dos arredores da escola gravando e escutando os sons presenciados neles? Vamos experimentar fazendo uma pesquisa sonora?

  1. Com o auxílio do professor, providencie um aparelho de gravação.
  2. Escolha um local para gravar a paisagem sonora.
  3. Deixe o gravador ligado o maior tempo possível para, assim, captar o máximo de variedades sonoras do local.
  4. Ouça com os colegas as gravações que cada um registrou. Em seguida, respondam às questões a seguir.
    1. Quais sons é possível ouvir e identificar?
    2. Há variações entre esses sons? De que tipo?
    3. Alguma variação é provocada por um som que se sobrepõe aos demais?
    4. Quais sons são de seres vivos e quais não são?
    5. É possível aprender algo novo sobre o local ao ouvir sua paisagem sonora?
  5. Você também pode formular outras perguntas de referência para a escuta ou outras formas de analisar a gravação. Por exemplo, pode pedir a alguém que não saiba onde foi feita a gravação que ouça e responda a algumas das perguntas. Ou, ainda, assim como Murray Schafer fez com sons dos oceanos, tentar fazer uma criação musical com base nas características sonoras de uma das gravações.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Você já tinha refletido antes sobre o papel dos sons na vida dos seres vivos? O que pensa sobre isso?
  2. Nos locais que você frequenta, de que maneira os sons interferem na vida das pessoas e de outros seres vivos?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

Ao tratar de questões ambientais relacionadas à saúde de diferentes seres vivos, esta seção a respeito dos trabalhos de ême xáfer contribui também para o desenvolvimento dos tê cê tê Saúde e Meio ambiente – Educação ambiental.

Orientações: Para pesquisar

Essa proposta coloca em evidência procedimentos que podem ser fundamentais em pesquisas da área de Música: a gravação e a análise de dados sonoros, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de noções e práticas de pesquisa com foco em Artes.

    1. Vale aplicar neste momento os conhecimentos já adquiridos, lembrando as propriedades sonoras que os estudantes já conheceram e que podem contribuir para identificar e nomear variações que, por exemplo, podem ser de altura (mais grave ou mais agudo), de intensidade (forte ou fraco), de andamento (mais lento ou mais rápido) ou ainda de densidade, de timbre ou de padrão rítmico. Ajude-os a averiguar essas possibilidades, contemplando a habilidade (ê éfe seis nove á érre dois zero) da Bê êne cê cê.

Sugestões para o professor

Outras músicas e imagens de partituras de Múri Chêifer podem ser encontradas na internet, basta procurar pelo nome do compositor. Sugerimos que você pesquise previamente algumas para mostrar aos estudantes, ampliando a exemplificação do que é apresentado nesta seção.

Se possível, organize um encontro com o professor de Ciências para esclarecer e ampliar a noção de Ecologia. Com base na expressão “Ecologia Acústica” é possível também retomar o conceito de acústica, visto no capítulo 1. A noção de “Ecologia Acústica”, citada no texto, possibilita uma ampliação da noção geral de Ecologia, além de um aprofundamento do tê cê tê Meio ambiente – Educação ambiental, evocado em diversos momentos deste livro.

Foco no conhecimento

Intervenção artística

A maioria das obras que você viu neste capítulo trabalha com uma modalidade artística chamada intervenção.

A principal característica de uma intervenção no campo da arte é que ela parte de uma realidade que já existe e propõe algum tipo de transformação, cujo objetivo pode ser:

  1. Mudar as características físicas de determinado ambiente.
  1. Promover uma nova função para um local.
  2. Revitalizar um espaço deteriorado.
  3. Problematizar e/ou mudar a perspectiva social ou funcional de um ambiente.
  4. Chamar a atenção de quem convive em um ambiente para alguma causa específica.
  5. Despertar a reflexão ou provocar uma alteração no comportamento das pessoas que vivenciam a intervenção.

Uma intervenção artística pode ser concebida na fórma de grafite, instalação, Land Art, oficinas, performance e site specificglossário .

Elas podem ser feitas para permanecer no local por muito tempo, como acontece com algumas instalações, ou podem ser passageiras, como no caso de uma performance. As ações podem ser produções de artes visuais, teatro, música, dança ou literatura.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Quais locais em sua cidade mereceriam receber uma intervenção? Por quê?
  2. O que levaria você a criar uma intervenção?
Orientações e sugestões didáticas

Esta seção apresenta o conceito de intervenção artística e algumas características dessa modalidade artística.

Unidade temática da Bê êne cê cê

Artes visuais.

Objeto de conhecimento

Materialidades.

Habilidade em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera).

Sobre intervenções artísticas

As intervenções artísticas em locais públicos tornam a arte mais acessível e não precisam seguir padrões exigidos ou esperados em instituições de arte como museus e galerias, embora atualmente elas aconteçam também nesses espaços. Muitas intervenções são realizadas em locais públicos e sem autorização – especialmente as que têm um objetivo de contestação política, e nesse caso o artista conhece os riscos –, mas algumas contam com a aprovação dos órgãos públicos. As intervenções artísticas vêm sendo realizadas no Brasil há mais de cinco décadas. Além dos artistas vistos no Sobrevoo, alguns outros nomes se destacam nessa produção: Artur Barrio (1945-), Cildo Meireles (1948-), Flávio de Carvalho (1899-1973), Hélio Oiticica (1937-1980) e Paulo Brúsqui (1949-). No cenário internacional, destacam-se o inglês Êntoni Górmlei (1950-); os estadunidenses Gordon Matta-Clark (1943-1978) e Ríchard Serra (1939-), entre outros.

Além das intervenções espaciais, há também a intervenção que um artista pode fazer sobre uma obra de arte ou sobre um objeto, alterando-os e recriando-os.

Sobre as atividades: Para refletir

Você pode retomar propostas do capítulo 1, quando os estudantes foram convidados a refletir sobre o espaço no entorno de suas casas e escola. Peça-lhes também que revejam seu diário de bordo e o acervo digital da turma. O foco neste momento é pensar no que move uma criação; portanto, a reflexão é sobre o processo de criação de cada estudante.

Processos de criação

Ícone. Tema contemporâneo transversal: Meio ambiente.

Convidamos você a criar uma intervenção artística.

Como você viu na seção Foco no conhecimento, as intervenções podem ter vários objetivos e diversos formatos.

Para aumentar o desafio, vamos adotar duas regras principais:

A atividade deve ser realizada em um local previamente combinado com o professor.

O objetivo da atividade é promover uma reflexão sobre questões ambientais.

Fornecemos o roteiro a seguir para orientar o processo:

  1. Reúna-se com os colegas em um grupo de até quatro integrantes.
  2. O grupo deve definir uma questão ambiental que possa ser problematizada em sua região. Algumas possíveis questões são:
    1. Consumo consciente.
    2. Racionamento de água ou eletricidade.
    3. Incentivo ao uso de meio de transporte não poluente.
    4. Poluição sonora.
    5. Desmatamento.
    6. Revitalização de um local poluído.
  3. Escolham uma linguagem para desenvolver a intervenção artística. A equipe pode escolher a linguagem artística com a qual se sinta mais à vontade (artes visuais, música, teatro ou dança), ou utilizar mais de uma.
Orientações e sugestões didáticas

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Música; Artes integradas; Arte e tecnologia.

Objetos de conhecimento

Materialidades; Processos de criação; Contextos e práticas; Arte e tecnologia.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera);

(ê éfe seis nove á érre zero seis) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.

(ê éfe seis nove á érre zero sete) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

(ê éfe seis nove á érre dois três) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, djingôus, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

(ê éfe seis nove á érre três cinco) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Orientações

Pode-se realizar a atividade nas dependências da escola. Contudo, se surgir alguma proposta que ultrapasse os muros da unidade escolar, solicite autorização à direção, aos responsáveis pelos estudantes e à instituição dirigente do local escolhido. Alguns artistas costumam realizar intervenções sem autorização prévia, mas há risco de algum tipo de advertência ou a impossibilidade de o projeto acontecer. Por isso, recomendamos que você seja cuidadoso nas intervenções que forem acontecer em locais externos.

Em relação à realização da atividade, sugerimos que não haja compartilhamento das ideias entre os diferentes grupos, pois uns serão espectadores dos outros, e é interessante manter a surpresa. Se possível, faça registros audiovisuais e incorpore-os ao acervo digital da turma.

  1. Elaborem um projeto descrevendo detalhadamente:
    1. Quando acontecerá: data e horário de início e término. Atentem para as intervenções que permanecerão montadas por algum tempo no espaço, pois podem exigir manutenção e precisam resistir à possível interação do público.
    2. Local exato: descreva a região e o que há nesse ambiente.
    3. Medidas e materiais necessários para a pré-produção (preparação da ação), a produção (o que será usado durante a ação) e a pós-produção (se contará com desmontagem ou limpeza).
    4. A quem se destina a ação.
    5. Objetivo específico: apontem a escolha da questão ambiental que fizeram e o que esperam que a intervenção provoque.
    6. Plano de ação: detalhamento de como a ação será realizada. Se for visual, como uma alteração no ambiente, descreva a mudança e como ela será feita. Se for uma intervenção que envolva atuação, como teatro, dança ou música, descreva onde ela ocorrerá e como ela se relacionará com o ambiente escolhido.
    7. Ação do público: decidam se o público participará da ação de alguma fórma ou se será apenas observador. Em todo caso, pensem em como será a reação das pessoas e se é necessário ter algum cuidado específico. Por exemplo, podem prever uma intervenção com tinta que será usada apenas por vocês; mas que medidas tomar para garantir que o público não se aproprie dos pincéis?
  2. Quando os projetos estiverem prontos, conversem com o professor e definam uma agenda em comum, para que todos consigam realizar as intervenções.
  3. Realizem as intervenções. Enquanto um grupo realiza, os outros podem participar e registrar o que foi feito com vídeos e fotografias para, com o auxílio do professor, alimentar o acervo digital da turma.

Faça no caderno.

PARA REFLETIR

Reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

  1. Qual parte foi mais difícil: o projeto/planejamento ou a produção da intervenção?
  2. Vocês tinham um objetivo a cumprir com a intervenção. Ele foi atingido? Como o público reagiu à proposta?
Orientações e sugestões didáticas

Orientações

As habilidades específicas de Artes visuais (ê éfe seis nove á érre zero cinco) e de Música (ê éfe seis nove á érre dois três) são trabalhadas à medida que os estudantes desenvolvem a proposta de intervenção, visto que se trata de uma dinâmica que envolve uma mo­dalidade artística que integra várias linguagens. Os estudantes podem contemplar também Dança e Teatro se desejarem. Intervenções artísticas integram e problematizam os diversos contextos nos quais se inserem, sendo eles sociais, culturais, históricos etcétera Por esse motivo, conceber e produzir uma intervenção artística contribui para que os estudantes desenvolvam a habilidade (ê éfe seis nove á érre três um) da Bê êne cê cê. O desenvolvimento da habilidade (ê éfe seis nove á érre zero sete) também é favorecido pela proposta, uma vez que a ação deve envolver os assuntos em foco neste capítulo, que explora a articulação entre arte e natureza e o consumo consciente.

As questões ecológicas em destaque no item 2 da seção Processo de criação contemplam o tê cê tê Meio ambiente, abarcando tanto a Educação ambiental como a Educação para o consumo.

Sobre as atividades: Para refletir

As questões visam a estimular reflexões que, além de contemplar assuntos relacionados às linguagens artísticas utilizadas na intervenção, favorecem também o desenvolvimento do aprendizado no que se refere à consciência socioambiental; à disposição e à capacidade de criar trabalhos coletivamente e se relacionar socialmente, articulando interesses e ideias individuais e coletivas.

Organizando as ideias

Fotografia. Painel formado por algumas quatro faixas de imagens, nas quais não aparece a cena completa. Da esquerda para a direita: Obra de arte com formas onduladas cobertas de grama; esculturas de madeira em forma de pessoas e de animais; homem com as mãos na cabeça em frente a uma barraca de frutas; e homem idoso sorrindo sentado com as pernas cruzadas.

Neste capítulo, você viu artistas que trabalham com a arte para chamar a atenção para as questões ambientais, conheceu alguns que usam a natureza como matéria-prima, outros que transformam ambientes naturais, aqueles que chamam a atenção para o que a natureza oferece e os que mostram que as escolhas das pessoas fazem parte de um grande sistema que tem impacto direto na natureza. Viu também intervenções em espaços naturais e urbanos, esculturas em madeira e sonoras, instrumentos musicais, espetáculos de música e até arte feita com alimentos.

Para concluir, reflita sobre as seguintes questões e compartilhe suas respostas com os colegas e com o professor.

Faça no caderno.

  1. Com qual das obras apresentadas você mais se identificou? Por quê?
  2. Quais provocações abordadas nas obras você considera mais relevantes para a sua cidade? E para a atualidade? Por quê?
  3. Volte ao início e reveja sua resposta para uma das primeiras perguntas deste capítulo: onde é possível encontrar arte na natureza? O que mudou ou ampliou sua reflexão?
  4. Quais descobertas você fez ao longo deste capítulo? O que você gostaria de continuar aprofundando?
Orientações e sugestões didáticas

Unidades temáticas da Bê êne cê cê

Artes visuais; Música.

Objeto de conhecimento

Contextos e práticas.

Habilidades em foco nesta seção

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Orientações

Esse momento final tem o objetivo de rememorar com a turma os conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo. É um momento coletivo de trocas e que você pode usar para propor aos estudantes uma autoavaliação.

Ao fazer a retomada dos conteúdos estudados, articule sempre com o contexto em que vivem. Considere os artistas locais, das quatro linguagens artísticas (Artes visuais, Dança, Música e Teatro), e investiguem se algum deles explora a questão ecológica em sua produção. Analisem também os problemas ambientais da região. Proponha à turma uma reflexão sobre quanto esse contexto local esteve presente nos estudos do capítulo.

Oriente os estudantes a rever o acervo digital da turma para, posteriormente, em uma roda de conversa, poderem analisar suas trajetórias.

Glossário

Quarteto de cordas
Grupo musical formado por quatro instrumentos de cordas. A formação mais comum é: dois violinos, uma viola de arco e um violoncelo.
Voltar para o texto
Órgão
Instrumento musical no qual o som é produzido por meio da passagem de ar por tubos de diferentes tamanhos, que geralmente são feitos de metal ou madeira. O órgão tem cêrca de 2 métros de altura e possui um sistema de retenção e compressão do ar. A emissão desse ar comprimido para cada tubo é, em geral, acionada por meio de um teclado e de pedais tocados pelo músico, que, nesse caso, é chamado de organista. Repare que no Órgão do mar, de modo diferente, o instrumento é acionado pelo movimento das ondas.
Voltar para o texto
Restauro
Ação de restaurar, recuperar, regenerar ou reparar algo que estava danificado ou envelhecido, precisando ser consertado, ajustado ou renovado.
Voltar para o texto
Ecogastronomia
Movimento que busca uma fórma consciente de lidar com o processo de elaboração da comida. Isso inclui busca pela diversidade dos produtos consumidos, respeitando os ciclos naturais, além do uso consciente dos recursos naturais, sem desperdícios e agrotóxicos.
Voltar para o texto
Site specific
Obra de arte criada especificamente para determinado local, levando em consideração suas dimensões, suas características particulares e seu contexto.
Voltar para o texto